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GeologiaUSPSrie Cientfica
Revista do Instituto de Geocincias - USP
- 11 -Disponvel on-line no endereo
www.igc.usp.br/geologiausp
Geol. USP Sr. Cient., So Paulo, v. 8, n. 2, p. 11-27, outubro
2008
Diamictitos e Cap Dolomites Sturtianos Sobre o GrupoJacobina -
Araras, Norte de Campo Formoso - Bahia
Diamictites and Sturtian Cap Dolomites Covering the Jacobina
Group - Araras,North of Campo Formoso - Bahia
Benjamim Bley de Brito Neves1 ([email protected]) e Augusto Jos de
Cerqueira Lima Pedreira da Silva2
([email protected])1Departamento de Mineralogia e
Geotectnica - Instituto de Geocincias - USP
R. do Lago 562, CEP 05508-080, So Paulo, SP, BR2CPRM - Servio
Geolgico do Brasil - SUREG/SA, Salvador, BA, BR
Recebido em 03 de janeiro de 2008; aceito em 16 de junho de
2008
Palavras-chave: Craton So Francisco, diamictitos, sturtianos,
dolomitos de capa, Neoproterozico, Grupo Bambu.
RESUMO
A ocorrncia de diamictitos provavelmente glaciais , sotopostos a
calcrios no norte de Campo Formoso-BA, adjacnciasda vila de Araras,
j havia sido observado en passant por alguns autores nas dcadas de
60 e 70, e inclusive chega a fazer partede alguns mapas geolgicos
de escala 1/100.000 e inferiores. A importncia destas ocorrncias,
agora examinadas com maisdetalhes, amplia-se com as similaridades
lito-estruturais identificadas e a provvel correlao com outras
ocorrncias conhecidasde Itua, Amrica Dourada, Morro do Chapu (estas
sobre o Grupo Chapada Diamantina) e do nordeste do Craton do
SoFrancisco (Bendeg, Serra da Borracha, Patamut), neste caso sobre
o embasamento TTG deste craton. Em todos os casos, atectnica de
foreland associada com a vergncia centripetal das faixas mveis
neoproterozicas marginais do norte e sul-sudeste do craton
(respectivamente) se faz ostensivamente presente. Componente
adicional de importncia desta ocorrnciaaqui descrita : a presena
dessas unidades em cotas da superfcie Sul-americana (a demonstrar
nveis de dissecao erosivaconsidervel), que no a nica responsvel
pela atual separao dos contextos acima mencionados. Fica claro que
esses registroslito-estratigrficos acima mencionados foram
esparsados espacialmente j no Criogeniano, o que constitui
argumento expressivo,que pode vir a ser usado para contestar a
hiptese do Snow Ball Earth. Seces geolgicas foram realizadas nas
adjacncias deAraras, discriminando-se quatro diferentes tipos de
seces lito-estruturais da discordncia (erosiva e angular) entre os
(meta-)sedimentos do Supergrupo So Francisco (F. Bebedouro,
Criogeniano) sobre o Grupo Jacobina (Orosiriano).
Keywords: So Francisco Craton, diamictites, sturtian, cap
dolomites, Neoproterozoic, Bambu Group.
ABSTRACT
Occurrences of diamictites with a probable glacial origin
underlying limestones north of Campo Formoso BA aroundAraras
village, had already been described by some authors during the 60s
and 70s. Some of these occurrences have beenrecorded in some
geological maps of 1/100,000 scales and even in others of smaller
scales. The importance of these occurrenceswhich have been studied
in greater detail is increased because of the now identified
litho-structural similarities (and probablestratigraphic
correlation) with those of Ituau, Amrica Dourada, Morro do Chapu
(all of which overlie the ChapadaDiamantina Group), as well as with
those in the northern part of the So Francisco Craton (Patamut,
Bendeg etc. overlyingTTG rock units of the basement). For all these
cases there is evidence of foreland tectonics associated to the
centripetalvergence of the Neoproterozoic fold belts, marginal to
the craton. There are some additional observations of these rock
unitsoccurring in the level of the Sul-americana Surface, thus
demonstrating deep levels of erosion, which may be
partiallyresponsible for the present geographic separation of the
whole original litho-stratigraphic context. Nevertheless it seems
veryclear that these records have somehow been sparsely distributed
in the Cryogenian paleogeographic scenery, which may bean
additional argument to contest the Snow Ball Earth theory. Some
selected geological sections were undertaken in thesurroundings of
Araras which made it possible to discriminate 4 types of
litho-structural relationships between the JacobinaGroup
(Orosirian) and the overlying diamictites of the So Francisco
(Bebedouro Fm. Cryogenian).
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Benjamim Bley de Brito Neves e Augusto Jos de Cerqueira Lima
Pedreira da Silva
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INTRODUO
A regio foco deste trabalho fica na parte norte da fo-lha
planimtrica de Senhor do Bonfim, escala 1/100.000,imediatamente ao
norte da regio fisiogrfica da ChapadaDiamantina (do ponto de vista
geogrfico) e paralela aosul dos cintures de nappes e empurres dos
externidesdo sistema de Dobramentos Neoproterozicos do Riachodo
Pontal, ou seja, na periferia norte do Craton do SoFrancisco (do
ponto de vista geotectnico). A rodovia queliga Juazeiro para Sento
S atravessa todo o contexto dosistema de nappes e klipes (todos
fortemente dissecadospela eroso) que caracterizam e avanam sobre o
bloco/macio marginal de Sobradinho (na verdade uma
salin-cia/promontrio tipo apuliano, original do Arqueano
ePaleoproterozico do embasamento do Craton), o qual seestende para
o norte (promontrio de forma triangular) ato interior de
Pernambuco.
Enquanto as partes mais internas do desenvolvimentodo sistema
Riacho do Pontal (Unidade Casa Nova pla-taforma terrgena e
vulcano-sedimentares e unidade Mon-te Orebe sedimentos e vulcnicas
submarinas) esto hojedistribudas mais para o norte (Bahia e
sudoeste dePernambuco), as seqncias de plataforma, glcio-marinhase
carbonticas esto preservadas mais para a parte centralda Bahia
(Bacias de Irec, Rio Salitre, Rio Paragua,Itua e outros nomes
locais), onde a designao lito-estratigrfica usual costuma ser Grupo
Una (Formao Be-bedouro na base e Formao Salitre no topo) e onde
osregistros da tectnica de foreland, epidermal (thin
skin,idiomrfica) so ostensivos, principalmente na periferia
cen-tro-norte do Craton.
Em diferentes oportunidades os autores deste trabalhoestiveram
estudando as reas ora consideradas, reas ou-tras similares e mesmo
provveis correlatas, com diamictitossotopostos a carbonatos, do
nordeste e sudeste (Brito Ne-ves, 1967, 1968, 1970; Brito Neves e
Pedreira, 1992; Pedreira,1994; Trindade et al., 2006; Rocha Campos
et al., 2006, 2007)do pas. Destes levantamentos e conhecimento
emergiu anecessidade de re-exame na rea de Araras, que veio a
serfeito nesta oportunidade.
A rea em apreo faz parte (e os seus litotipos forammapeados) nas
folhas do Projeto Jacobina (Folha Senhordo Bonfim), Projeto Bahia.
A dissertao de mestrado deGuimares (1986) a ser detalhada cobriu de
certo modo area aqui mencionada. A poro nordeste da Bahia,
inicial-mente mapeada no Projeto Vaza-Barris, e a poro do
sudestemencionada (Itua e adjacncias) esto ambas
devidamenteintegradas nos mapas geolgicos 1/1.000.000 da Bahia,
emsuas edies de 1978 e 1995. Estes mapas, dentro das limi-taes de
escala, podem ser consultados para a viso regio-nal das ocorrncias
e do problema.
O primeiro objetivo deste trabalho reiterar a presenade
paraconglomerados polimcticos na rea de Araras eadjacncias, pouco
ao sul do paralelo 1000 S, no extremonorte da chamada Bacia
Salitre-Jacar, na regio centralda Bahia, abrindo caminho para
futuros estudos de detalhe.Esta ocorrncia em Araras (distrito de
Campo Formoso BA) est situada no mesmo paralelo de outras
ocorrncias,no baixo vale do Rio Salitre (poro norte do Sinclinal
deCampinas), as quais sendo consideradas em conjunto comoo registro
mais setentrional destes conglomerados poli-mcticos (subjacentes
aos calcrios), que so de registroamplo consignado em vrias partes
do domnio cratnicosanfranciscano e adjacncias. Estas ocorrncias vm
com-pletar o registro da presena destes conglomerados poli-mcticos,
em todo os entornos do Craton, toda vez que asua cobertura
peltico-carbontica, mediante sua exumaoerosiva eventual, permite
exposies adicionais do emba-samento. Embasamento este que sempre
apresenta depres-ses preenchidas por tais paraconglomerados. Em
particu-lar e de destaque, no caso das ocorrncias de Araras
eadjacncias sul, onde estas rochas se encontram ocorrendode forma
discordante sobre rochas do Complexo Itapicuru,componente da Serra
de Jacobina (e mais antigo que o gru-po topnimo).
A idia inicial dos autores era que estes conglomeradospolimctos
tivessem tido continuidade para leste da Bahia,na rea norte
noroeste de Euclides da Cunha (de Bendeg/Novo Canudos para Cura),
onde novamente ocorrnciasde conglomerados polimcticos subjacentes a
carbonatosso conhecidos (dos presentes autores) e que
forammapeados, entre outros pela SUDENE-DRN/Misso Geol-gica Alem
(a, b, c) (Serra da Borracha, Serra de Acau, Serrada Umidade
etc.).
O trabalho na rea de Araras (e adjacncias) aqui apre-sentado foi
feito nas metodologias convencionais demapeamento geolgico bsico
(bases cartogrficas dispo-nveis 1/100.000 e 1/50.000), com os
suportes valiosos demapeamentos anteriores como o Projeto
Jacobina/FolhaSenhor do Bonfim, 1/50.000, Folha Petrolina do
PLGB1/100.000, Folha Aracaj 1/500.000 e ainda do Mapa Geol-gico da
Bahia (1978), escala 1/1.000.000. Aos autores cabedescrever
aspectos adicionais eventualmente no devida-mente explicitados e
exaltados nesse excelente acervo biblio-grfico disponvel.
Como ser discutido, a posio geolgica e a disposi-o estrutural,
juntos com o cenrio geogrfico-geomrficoso indicativos que estes
conglomerados terminavam emcunhas em altos do embasamento, tanto em
pequena escalacomo em grande escala.
Estas ocorrncias, observadas pela primeira vez peloautor snior
nos anos 70, foram revisitadas por vrios moti-vos. Para verificar,
em distintos cortes estruturais, as rela-
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Diamictitos e Cap Dolomites Sturtianos Sobre o Grupo
Jacobina...
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GeologiaUSPSrie Cientfica
es de contato (Salitre-Bebedouro-embasamento),descrio dos
conglomerados, anlise da importncia dosquadros geomorfolgicos
(atual e pr-Criogeno Superior) epara trazer estes registros
lito-estruturais significativos (degrande valia neles mesmos) para
o mais prximo do acervode dados do Supergrupo So Francisco como um
todo. Mas,tambm e modestamente, para a cena (reconhecidamenteup to
date) das discusses da hiptese do SnowballEarth no contexto da
Amrica do Sul.
O suporte financeiro foi dado pelo CNPq (Grant depesquisador IA,
do autor snior) e pela CPRM-SUREG deSalvador. Vrios colegas de
diferentes instituies (CPRM,UFBA,USP) colaboraram com inside
information, discus-ses e apoio informal, e a todos ficam
registrados os agra-decimentos dos autores.
PRINCIPAIS REFERNCIAS
A bibliografia pertinente aos paraconglomerados daFormao
Bebedouro foi iniciada no final do sculo XIX,quando Allen (1870)
discriminou rochas polimcticas (dife-rentes composies, cores e
dimenses) no trecho entre ascidades de Andarai e Itait. No incio do
sculo passadocoube a Derby (1905) descrever os referidos
conglomera-dos na localidade de Bebedouro (entre Itait e
MarcionlioSouza), ao longo dos rios Paragua e Utinga e
situ-lossotopostos aos calcrios do Rio Una.
O termo Formao Bebedouro apareceu e grassou infor-malmente s a
partir do clssico livro de Geologia do Brasilde Oliveira e
Leonardos (1943) que se basearam em informa-es adicionais de Mello
Jr. (1938) e Moraes Rego (1930), ej nessa oportunidade falaram de
equivalncia com a S-rie Jequita, em Minas Gerais.
As referncias bibliogrficas seguintes, mais diretas so-bre
rochas conglomerticas com possvel origem glacial na regio central
da Bahia, couberam a Kegel (1959, 1969),ainda que de forma muito
passageira (os conglomeradosde Lages do Batata), em Lages do
Batata, que na poca eraum pequeno povoado e hoje uma cidade, e que
da seestendiam em exposio at Caatinga do Moura. Alm dedesignar esta
unidade como Conglomerado de Lages doBatata, colocou-a como
discordante sobre o Bambu eo Tombador, o que no so fatos. Mas
possvel enten-der o equvoco de Kegel, pela natureza das exposies
narodovia (chamada de Estrada de Remanso) e para a po-ca. A
bibliografia sobre esta unidade sofreu uma explosoque escapa a
quaisquer tentativas de sntese. Seja devido atrabalhos individuais,
seja devido aos muitos mapeamentossistemticos do sistema CPRM/DNPM
e da SUDENE, es-tando j presente como unidade formal na edio de
1981do Mapa Geolgico do Brasil. No Congresso Brasileiro deGeologia
de 1966, em Vitria do Esprito Santo, esta unidade
j fora longamente discutida, em foros nacionais, nosimpsio
especfico sobre o Eopaleozico.
Compete destacar aqui os trabalhos de Brito Neves (1967,1970),
para a SUDENE e as dissertaes de mestrados deMontes (1977) e
Guimares (1996), a tese de doutoramentode Pedreira da Silva (1994),
onde ficaram conhecidas as prin-cipais reas de ocorrncias, as
descries mais completas,discusses sobre a origem e outros problemas
afins e atmesmo quando surgiram os mapas geolgicos de
integraodestas ocorrncias.
Brito Neves (1968, 1970) descreveu e mapeou sistemati-camente
esta unidade e fez aluso a possvel correlaoestratigrfica com
depsitos similares da Bacia do So Fran-cisco em Minas Gerais, a que
Octvio Barbosa chamaraindevidamente de Formao Sambur. Na verdade,
estaunidade Sambur deve ser excluda como parte do
sistemaMacabas-Jequita (glaciais e afins) consoante Castro
eDardenne (1995). A designao de Bebedouro aqui reite-rada em
respeito s prioridade e propriedade da designao(outorgada ao Derby,
1905).
As dissertaes de mestrado de Montes (1977a), Mon-tes (1977b) e
de Guimares (1996) trouxeram contribuiessedimentolgicas e
estratigrficas muito importantes. So-bretudo o trabalho de Guimares
que mapeou esta unidadeem toda regio central da Bahia nas chamadas
bacias deIrec (mais a oeste), Salitre, Una-Utinga (ao sul) e
Ituau(extremo sul da Chapada Diamantina Oriental), que so
de-signaes informais locais (ao nosso ver, no apropriadas)para as
reas de preservao do Supergrupo So Franciscona regio central da
Bahia, aps os ciclos ferrenhos dedesnudao do Neoproterozico e
Fanerozico, consoanteinjunes estruturais e morfolgicas muito
especiais.
O trabalho de Guimares traz completo inventrio des-tas
ocorrncias na Bahia Central, com descries litolgicas,faciolgicas,
estratigrficas, discutindo em cada caso am-bientes provveis de
sedimentao (glaciais e conexos), oque permite os autores deste
texto se resguardarem aosperfis realizados em Araras e adjacncias,
e a outros tam-bm j suficientemente conhecidos pelos autores nos
arre-dores (norte e oeste) de Lages do Batata e de Morro doChapu
(ao norte deste municpio). Este trabalho de Guima-res e todos os
demais precedentes foram incorporados nomapa da Folha de Jacobina,
1/250.000, conduzida pela CPRM(Sampaio et al., 1997), que d
excelente panorama da geolo-gia regional desta poro bahiana e da
bacia do Salitre,em particular. A rea de ocorrncia da unidade aqui
tratadaocorre no extremo norte da aba leste do chamado sinclinalde
Campinas (Brito Neves, 1967, 1970, tambm conhecidacomo Bacia do
Salitre), que pequeno abaulamento parabaixo do Grupo Chapada
Diamantina (unidade mais supe-rior do Supergrupo Espinhao), e que
nesta regio assentasobre o embasamento
Arqueano-paleoproterozico.
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Benjamim Bley de Brito Neves e Augusto Jos de Cerqueira Lima
Pedreira da Silva
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Os diamictitos e rochas afins (Bebedouro) e a
coberturapeltico-carbontica do Grupo Bambu progradaram toman-do
proveito desta depresso estrutural (sinclinal de Cam-pinas) e de
outras erosionais pr-existentes, e pelos mes-mo motivos foram a
melhor preservados de todos os mui-tos processos de desnudao
subseqentes, do Neoprote-rozico, do Fanerozico, e neste,
principalmente do Ceno-zico, quando foram esculpidas as superfcies
Sul-ameri-cana (que tangencia o topo das ocorrncias mais eleva-das)
e Velhas (plat pouco menos elevado, a leste, ondepredominam rochas
do embasamento, mais a leste), ambascom farta bibliografia
pr-existente, e j mencionadas.
Afora os trabalhos j citados (nfase para os mestradose
doutoramentos) merecem ser destacados os mapas deintegrao geolgica
regional da CPRM, como aquele deRabelo et al. (1998, Jacobina), os
trabalhos de paleomag-netismo de Trindade et al. (2004) e aqueles
de cunhogeocronolgico de Babinski et al. (2006, 2007). Sobre o
de-bate do Snowball Earth, o contingente bibliogrfico ines-gotvel e
crescente, cabendo referir aqui os trabalhos maisrecentes de
Hofmann (2005), francamente favorvel teoria,e o de Eyles e
Janusczak (2007), tomando posio contrria.
A Formao Bebedouro (considerada como parte infe-rior do Grupo
Una, subjacente Formao Salitre, estaformada pelos calcrios) foi
devidamente j destacada noMapa Geolgico da Bahia, edies de 1978
(Inda e Barbo-sa) e 1992 (Barbosa e Landim). Em 1998, dentro do
ProjetoJacobina da CPRM, foi feito o mapeamento 1/100 000 daFolha
Serra da Vargem, que incluiu a rea de Araras (distri-to de, ca. 50
km NW da sede Campo Formoso), que ficapouco abaixo do paralelo 10o
S. Nesta rea de Araras, ostrabalhos de Brito Neves (1970) e
Guimares (1996) forampioneiros na identificao dos diamictitos. Cabe
destacaraqui o trabalho de Misi e Veizer (1998) como pioneiros
naobteno e apreciao de dados quimio-estratigrficos doGrupo Una na
regio de Irec e adjacncias.
Em andamento h alguns outros trabalhos que devemser mencionados
e somados a estes, especialmente aquelesda poro sul e sudoeste do
Craton (reas de Ona doPitangui, Bom Despacho e Formiga, em Minas
Gerais (Ro-cha-Campos et al., 2006, 2007), com os quais se completa
oregistro da presena destes paraconglomerados polimcticosem
praticamente todo o entorno das bacias do So Fran-cisco e
Salitre-Jacar, quando nas proximidades dos res-pectivos
embasamentos cratnicos.
Ao lado dos mapeamentos sistemticos mencionados, aregio central
da Bahia (Bacias de Irec e Salitre, prin-cipalmente) tem sido alvo
de vrios outros trabalhos sobrerecursos hdricos e minerais,
problemas de meio ambiente,mas a rea de Araras (norte do municpio
de Bonfim, emgeral) permaneceu margem, tendo sido este o motivo
adi-cional para revisit-la.
GEOLOGIA LOCAL
Feies geomorfolgicas
Na rea de Araras, h dois conjuntos de feies geo-morfolgicas a
considerar no tempo: a primeira aquela dostempos Criogenianos
(pr-740 Ma) e a outra a configura-o atual, esculpida a partir do
final do Cretceo.
No quadro atual notvel o desenvolvimento da Super-fcie Velhas
(provavelmente do Negeno) por toda extensocentro-oriental da Bahia,
com sua peneplanizao rigorosa,situada em cotas de 600 - 500 m, e
apresentando suave incli-nao para leste (cotas de 300 - 200 m).
Esto presentes co-berturas de depsitos correlativos (Formaes Capim
Gros-so, arenosos e Caatinga, arenitos, conglomerados,
calcretes).Apenas alguns testemunhos isolados das superfcies
ante-riores e mais antigas esto preservados em plutes granticose
sienticos, diques de quartzo e pegmatticos, cristas quart-zticas
locais (de unidades mais resistentes de idades paleo-proterozica).
Este cenrio antolgico de superfcie de aplai-namento, seguido desde
o meridiano de Feira de Santana, barrado altura do meridiano 40o S
pelas elevaes da Serrade Jacobina e/ou da Chapada Diamantina mais
oriental, nadireo geral norte-sul. Trata-se do confronto da
SuperfcieVelhas (para o leste) com a Sul-americana (para
oeste).
A Serra de Jacobina, pouco mais a leste possui cotas
maiselevadas em torno de 1.000 m (de 1.000 a 1.075 m) na
FolhaSenhor do Bonfim. Pouco mais a oeste dela se desenvolve oplat
formado pelos calcrios (com diamictitos e arenitossotopostos)
balizando cotas de 850 - 800 m. Ou seja, porconta de constituio e
resistncia aos processos erosionais,nesta rea de Folha do Senhor do
Bonfim, a Superfcie Sul-americana apresenta dois patamares ntidos,
e nesta configu-rao j h heranas da paleogeografia
Neoproterozica.
A unidade Bebedouro (basal do Supergrupo So Francis-co ou Bambu,
ou Una, como localmente designado) se apre-senta barrada pela
elevao orogentica de Jacobina (muitoprovavelmente edificada j no
final do Orosiriano). Isto fato, mesmo que os termos
peltico-carbonticos mais supe-riores possam ter ultrapassado em
algum momento e espa-o esta barreira morfolgica prvia. Mais claro
isto ficar daobservao dos cortes geolgicos, a serem discutidos.
Na folha de Senhor do Bonfim, na rea de Araras eadjacncias, o
contraste de superfcies de aplainamento, deleste para oeste, da
Superfcie Velhas (600 - 550 m) e daSuperfcie Sul-americana (1.000 -
1.050 m / 850 - 800 m ) notvel, e pode ser, de certa forma
transportado para gran-de parte da Bahia Central (vide Figuras 1 e
5).
No quadro pr-Criogeniano, se pode deduzir desde Ara-ras (e de
muitas outras observaes pessoais dos autores,alhures na Chapada
Diamantina Oriental) que o relevo daChapada Diamantina no foi
obstculo para a progradao/
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Diamictitos e Cap Dolomites Sturtianos Sobre o Grupo
Jacobina...
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invaso da sedimentao marinha peltico-carbontica doSupergrupo So
Francisco/Bambu. Na verdade, esta sedi-mentao aproveitou-se dos
baixos estuturais (amplossinclinais, provavelmente do Esteniano) e
depresseserosionais (baixadas, baixios de eroso diferencial, ps
deescarpas arenticas etc., de idades pr-Criogeniano, indefi-nidas
ainda), mas em algumas oportunidades, esta sedimen-tao avanou sobre
reas mais altas.
O processo de deformao do Grupo Chapada Diamantinae equivalentes
um fato inconteste, pelos dados geolgi-cos elementares observados e
fotografveis em superfcie
(vrios autores) e agora confirmado pelos levantamentosssmicos da
Petrobrs, no Brasil Central. A sedimentao doSupergrupo So Francisco
foi feita sobre discordncia an-gular (de menor ou maior monta) e
erosiva (de centenas demilhes de anos). A natureza geodinmica desta
deforma-o (tafrognese??, regmagnese??) do Espinhao e Cha-pada
Diamantina, assim como as idades destes eventos (doEsteniano?) so
questes em aberto ainda. Dificilmente foiuma deformao de natureza
orognica (ou seja, de interaode placas) e certamente foi
parcialmente retomada pela de-formao do Brasiliano.
Figura 1. Mapa de localizao da Vila de Araras (a oeste de
Flamengo e noroeste de Jaguarari - BA). Em destaque as trsseces
lito-estratigrficas e estuturais relatadas: A-A, B-B, C-C. No
fundo, esquema da geologia regional, compiladode Mascarenhas et al.
(1975). A BR-130 a rodovia que liga Salvador a Juazeiro - BA (via
Campo Formoso).
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Benjamim Bley de Brito Neves e Augusto Jos de Cerqueira Lima
Pedreira da Silva
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Algumas ilhas no inundadas pela transgressoBambu esto muito bem
documentadas nos altos quart-zticos (e.g., Serra do Mimoso, Serra
de So Maurcio, Serrada Babilnia) da resistncia da Chapada
Diamantina que-les processos erosionais.
Nesta rea e por toda Chapada Diamantina orientalparece muito
claro que, entre a deformao do grupo lito-estratigrfico topnimo e a
deposio dos paraconglome-rados Bebedouro, houve um amplo intervalo
de tempo.Primeiro com a deformao franca (Tafrognica? Regma-tognica?
Eventos do Mesoproterozico Superior ou doEoneoproterozico?) e
posterior eroso, com a remoovigorosa de materiais/blocos da Serra
de Jacobina (quart-zitos, quartzitos verdes, metamficas,
granitides) e daChapada Diamantina (quartzitos, calcrios) para
viremparticipar do contexto dos blocos do
paraconglomeradoBebedouro. Em praticamente todas as reas de
ocorrnciado paraconglomerado do conhecimento dos autores,
soidentificveis com certa facilidade os blocos derivados doGrupo
Jacobina e da Chapada Diamantina. O perodo detempo para deformao e
soerguimento da ChapadaDiamantina e sua posterior eroso (com produo
de blo-cos) para contribuir com a formao dos paraconglomeradosno
conhecido, mas pode ser estimado em centenas demilhes de anos
(Guimares, 1996).
A idia de uma conexo franca prvia entre os paracon-glomerados de
Araras e adjacncias e aqueles mapeadosdescontinuamente no nordeste
da Bahia (sobre o embasa-mento do Craton), pela SUDENE-DRN/Misso
GeolgicaAlem (a, b, c), de Bendeg, ao sul, para Cura, ao
norte,havia sido a primeira a vir tona. Mas, com as
observaesgeomrficas associadas com observaes
lito-estratigrficasassinaladas nos cortes geolgicos ora levados a
termo (Fi-guras 2 a 4), afastam esta possibilidade de forma cabal.
Emoutras palavras, possvel at fraes de contemporanei-dade nos
tempos e nos processos, mas uma continuidade(correlao) fica
praticamente impossvel, assim como maisuma vez se caracteriza a
presena descontnua dos corposde paraconglomerados (atribudos em
geral origem gla-cial, vide Montes et al., 1985; Guimares, 1996,
entre outros).De sorte que algumas premissas da hiptese do
SnowballEarth encontram obstculos de superao difcil (nas ob-servaes
da Bahia), quando no uma negativa franca.
LITO-ESTRATIGRAFIA E NATUREZADAS SECES
A ocorrncia de Araras e sua equivalente mais a oesteno baixo
curso do Rio Salitre altura do paralelo 10o S soas mais
setentrionais destes depsitos subjacentes aoscalcrios. Mais para o
norte deste paralelo, no Craton doSo Francisco e na faixa de
dobramentos marginais do
Riacho do Pontal (em parte contextos lito-estruturaisalctones
jogados sobre a borda do craton) no se conhe-cem registros
semelhantes concretos. Mais para o norteainda, no domnio da Zona
Transversal da ProvnciaBorborema (e at mesmo no domnio da
subprovnciasetentrional, na regio do Serid), h alguns registros
deunidades litolgicas semelhantes (e, em parte, cronologi-camente
comparveis), mas h um longo caminho de estu-dos geolgicos
especficos e dirigidos, antes de se aludirqualquer correlao.
Formao Bebedouro
Na regio de Araras, os paraconglomerados ocorrem,claramente
descontnuos lateralmente, com espessuras de0 a 25 m,
excepcionalmente atingindo espessuras da ordemde 80 m (a leste da
Vila de Araras, por exemplo), preenchen-do paleorelevos do
embasamento. Assim sendo, formamlitossomas descontnuos muito
semelhantes queles j co-nhecidos dos autores e verificados na Bacia
de Irec (bordamais oriental) e no sinclinal de Campinas (Ic, Lages
doBarata, Caatinga do Moura). Os paraconglomerados sosuportados por
matriz arenosa e arcoseana, oxidada, e osclastos variam de alguns
centmetros at meio metro (videFiguras 6 a 8), em geral so pouco
rolados e at mesmofacetados. Composicionalmente, por ordem de
importncia,destacamos clastos de quartzitos brancos, quartzitos
ver-des, gnaisses, quartzo de veio, pegmatitos, granitides,
eexcepcionalmente fragmentos de xistos e metabasitos. Emalgumas das
ocorrncias foram encontradas camadas dearenitos arcoseanos
intercalados, de 30 a 40 cm de espessu-ra, de forma similar queles
das ocorrncias supracitadas(mais ao sul, Irec, Campinas) que do
nfase local aoacamadamento plano-paralelo.
A estratificao predominante macia e plano-paralela(mal
desenvolvida, melhor ressaltada com as intercalaestabulares de
arenitos arcoseanos). Como ser explicitado,em termos de estruturas
tectognicas s feies de tectnicarptil (juntas, basculamentos) so
observados nestes para-conglomerados basais, que apresentam
mergulhos (So) bai-xos, de 10o a 15o para oeste, melhor expostos no
vale doRiacho das Negras, pouco a leste da Vila de Araras. E esta a
caracterstica estrutural que os destacam das
rochaspeltico-carbonticas sobrepostas, onde a deformao idiomrfica e
extremamente varivel, a ser discutido.
No h evidncias incontestveis de origem glacial (pou-cas estrias
conspcuas, seixos pouco facetados), o que no estranho, tendo em
conta as dimenses modestas dasreas de afloramento neste contexto de
Araras e adjacncias.A assuno de origem glacial feita baseado no
contextoregional e nas concluses incontestes das dissertaes eteses
dirigidas j mencionadas.
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Diamictitos e Cap Dolomites Sturtianos Sobre o Grupo
Jacobina...
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GeologiaUSPSrie Cientfica
Formao Salitre (peltico-carbonticosdo Grupo Bambu)
Os calcrios se apresentam geralmente centimetricamentebandados,
com alternncia de cores cinza, verde e rosa,localmente com pores
macias absolutamente de cor rosa(recristalizados e explorados
comercialmente) (vide Figuras9 e 10). Predominam calcilutitos e
calcarenitos, com camadase nveis francamente dolomitizados, e mais
raramente uni-dades ardosianas (que ressaltam as estruturas
dcteis), re-fletindo ambientes marinhos (ou de mar) rasos.
Calcilutitospretos foram observados muito esporadicamente. Por
taisfeies gerais litolgicas, possvel traar uma comparao(no uma
correlao) com aqueles contextos mapeados maisao sul, no Projeto
Bacia de Irec da CPRM como UnidadeNova Amrica (Psna, que a
ocorrncia mais prxima derochas similares, na borda oriental dessa
bacia).
Do ponto de vista estrutural, estes sedimentos
calcrios(metamorfismo baixo a muito baixo) se distinguem dos
para-conglomerados sotopostos de forma flagrante. O dobramento
conspcuo e caracteristicamente muito descontnuo, de
estiloidiomrfico, desde suaves e abertas ondulaes
(orientaonorte-sul, noroeste-sudeste) at extremos dobramentos
iso-clinais anispacos (plano axial mergulhando para oeste) e deL-
tectonitos, desenvolvidos no azimute 350 (vide Figuras 10a 12). A
desarmonia do dobramento, descolado sobre a rigi-dez dos
paraconglomerados um fato notrio, e que s po-deria ser palmilhado e
interpretado em escalas de 1/10.000 ousuperiores, ainda assim com
as dificuldades decorrentes dadistribuio esparsa dos afloramentos.
De uma maneira geral,a deformao parece conduzida por esforos de
N-NW paraS-SE (ao longo dos azimutes 350 - 340), que corresponde
aomesmo trende dos empurres da Faixa Riacho do Pontal nosentido do
Craton, na sua borda norte. Isto est inclusiveclaramente exposto
nas lineaes observadas nos metamor-fitos das nappes (tanto nas
imediaes da Barragem de Sobra-dinho BA, como na rea Barra
Bonita-Lagoa Grande PE),onde os autores foram confirmar,
ratificando vrios autoresque trabalharam nesta periferia norte do
antepas cratnico.
De maneira geral, este um quadro tpico da chamadatectnica de
foreland ou thin skin (vide Hancock, 1994,entre outros), similar
aos muitos j detectados na periferiado Craton, na Bahia e (e.g.,
Brito Neves e Pedreira da Silva1992, em Itua) e fora dela (em ambas
as margens do Craton,em Minas Gerais).
Seces estruturais e lito-estratigrficas
A geologia local ficar melhor delineada, assim como
ageomorfologia regional, com a apresentao das secesgeolgicas
realizadas em paralelo, do norte ao sul da Vila deAraras, onde
diferentes tipos de contatos foram observados.
Perfil Estao Flamengo-Fazenda Boa Vista-Oeste (A-A, Figura
2)
Nesta seco, o embasamento pr-Neoproterozico(Complexo Itapicur e
granitos e pegmatitos paleoprotero-zicos) aflora muito pouco (s
mais para leste) acobertadospela Formao Caatinga, esta constituda
de conglomerados(Conglomerados Riacho Touro) e calcretes que
constituemdepsitos correlativos da Superfcie Velhas. Esta
cobertura,provavelmente do Negeno, est afetada pelo ciclo
erosivoatual (afinando-a) e por reativaes de falhas do embasamen-to
(que a recortam francamente). Os paraconglomerados Be-bedouro no
afloram e um abrupto paredo (< 50 m) servede frente dos depsitos
de calcrios que se encontram dire-tamente sobre o embasamento, em
contato de falha, quecorta inclusive a Formao Caatinga.
Perfil Oeste da Vila de Araras-Leste daVila de Araras-Baixa do
Nego(B-B, Figura 3)
Nesta seco s se observou uma das maiores possan-as dos
paraconglomerados, preenchendo claramente umapaleodepresso e o seu
mergulho suave e decrescente deleste (sobre o embasamento) para
oeste (sob os calcrios).Nesta seco se pode configurar claramente os
dois degrausda Superfcie Sul-americana, j mencionados
anteriormente:o primeiro, os topos quartzticos (do Complexo
Itapicuru)ca. 1.000 m) e o segundo, tangenciando o plat dos
calcrios,mais para oeste, ca. 800 m. Assim como tambm se
procurouconfigurar seco deformao idiomrfica e desarmnicados
calcrios sobrepostos aos diamictitos. Fica claro nestaseco que o
relevo pr-existente do embasamento barrou/barraria a progradao para
leste dos conglomerados.
Perfil Plat Calcrios-Fazenda Joo Gomes-Rio Quebra Tudo-Serra do
Mucambo(C-C, Figura 4)
Nesta seco os paraconglomerados apresentam pos-sanas muito
pequenas de ordem inferior a 10 m e at mes-mo descontinuidades
laterais. Estas descontinuidadeslaterais j foram vistas mais ao
norte desta seco e ao sulda seco anterior (na estrada carrovel de
Araras paraJoo Gomes), onde so observados facilmente contatos
doscalcrios diretamente sobre o embasamento (a 2 km ao sulde
Araras, por exemplo), sem a presena dos paraconglo-merados. O
interessante nesta seco, que alm de mostraros dois patamares da
Superfcie Sul-americana j menciona-dos, mostra tambm que o relevo
pr-Neoproterozico, quebarrou a progradao para leste dos
paraconglomerados,no foi impeditivo da progradao dos carbonatos.
Uma
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Pedreira da Silva
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Figura 3. Seco geolgica B-B, do oeste de Araras ao Riacho Baixa
do Nego. Verifica-se francamente a sedimentaodos paraconglomerados
sendo barrada pelo relevo da Serra da Gameleira (remanescente do
relevo pr-Criogeniano).
Figura 2. Seco geolgica A-A, do oeste da Estao de Flamengo para
oeste, mostrando os depsitos peltico-carbonticosem contato
(discordncia paralela) direto sobre o embasamento (Complexo
Itapicuru). Uma srie de falhas modernascortam a Formao Caatinga e
so coadjuvantes da escarpa dos calcrios.
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GeologiaUSPSrie Cientfica
ilha de rochas peltico-carbonticas foi encontrada
numapaleodepresso do embasamento, a oeste da Zona deCisalhamento de
Araras (vide esquema da Figura 4).
CONTEXTUALIZAO GEOTECTNICA
Independendo das designaes informais de bacia, estarea de
ocorrncia aqui discutida apenas um apndicenorte-oriental da grande
Bacia Neoproterozica do So Fran-cisco (Bahia, Minas Gerais, Gois).
Melhor caracterizando,trata-se de resqucio preservado desse apndice
que fazia aligao entre os mares epicontinentais do oeste (ligado
aopaleo-oceano Goianides) com aqueles do nordeste daPennsula/Craton
do So Francisco (ligado ao paleoceanoSergipano-Oubanguides,
consoante Brito Neves (2006).
Os processos glaciais e afins da parte mdia do Neo-proterozico
(Criogeniano) processaram notvel disseca-o morfolgica nos altos
serranos da Chapada Diaman-tina, soerguida no final do
Mesoproterozico (Esteniano?)por processos deformacionais de origem
ainda desconhe-cida em sua essncia e repetidamente polmica (Ta-
frognese? Regmagnese?). A sedimentao peltico-carbontica
ps-glaciao tomou proveito notrio dosbaixos estruturais e erosionais
(Sinclinal de Irec e deCampinas, sinclinal do Paragua, sinclinal de
Itua, de-presso do norte de Lages do Batata etc.)
pr-existentes.Este aproveitamento evidente em funo da maior
preser-vao destes sedimentos peltico-carbonticos da eroso.Isto
afirmado porque h muitas evidncias que os proces-sos de sedimentao
a partir do final do Criogeniano (por-o peltico carbontica)
cobriram grande parte da ChapadaDiamantina e at mesmo partes da
Serrania de Jacobina.Portanto, a histria de bacia, no sentido
tectnico da pa-lavra, requer uma observao mais regional ao nvel
doscontinentes (e/ou supercontinentes) e oceanos que prece-deram a
Plataforma Sul-americana.
As deformaes brasilianas, advindas da periferia doCraton,
atingem diversamente estas supracrustais assenta-das no seu
interior. Nas sinclinais de Campinas, AltoParagua (Utinga) e Itua,
a deformao de grau muitobaixo, havendo mais acomodao ao substrato
que defor-mao orognica propriamente dita.
Figura 4. Seco geolgica C-C, transversal Faz. Joo Gomes.
Verificar a pequena espessura deparaconglomerados (sedimentao
altamente descontnua) e o remanescente de depsitos
pelito-carbonticosalocado sobre a serrania Jacobina-Itapicuru. Fica
claro que este relevo pr-Criogeniano no impediu aprogradao destas
rochas para leste.
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Figura 6. Viso lateraldos paraconglome-rados
polimcticos,evidenciando a estra-tificao plano-pa-ralela (mal
desenvolvi-da) e o mergulho bai-xo (5o a 8o para oes-te). A leste
de Araras.
Figura 5. O contrasteda Superfcie Velhas(parte abaixo do ma-pa,
peneplanizada) edos dois patamareselevados da
SuperfcieSul-americana: o maisalto (1.000 - 1.075 m), esquerda (sul
e su-deste) s custas doComplexo Itapicuru; omenos elevado e me-lhor
formado (800 -850 m), direita (nor-te e noroeste) esculpi-do s
custas dos car-bonatos do GrupoBambu.
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GeologiaUSPSrie Cientfica
Figura 7. Viso zenitaldos conglomerados,destacando a supre-macia
da matriz are-nosa-arcoseana oxi-dada e a grande va-riedade de
clastos(gnaisses, granitides,quarzo de veio, mig-matitos, quatzitos
etc.),sub-rolados (no caso,a maioria) e angulo-sos. A leste de
Araras.
Figura 8. Close daviso zenital dos con-glomerados, onde
sedestaca um bloco dequartzito verde (ori-ginado do Grupo
Ja-cobina?) de cerca de45 cm de dimetro. Asupremacia da matrizsobre
os clastos estbem exposta, assimcomo o aspecto maci-o geral da
unidade.
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Figura 9. Exposiodos caliclutitos e car-bonatos do GrupoBambu,
cerca de 10 macima dos conglo-merados (separadosentre si por
materiaiselvio-coluvionares),perfil a leste da Vila deAraras. O
bandamen-to intenso e caracte-rstico e a deformaoa suave.
Figura 10. Na localida-de de Araras, cerca de50 m acima do
aflora-mento da Figura 9, fla-grante local de dobra-mento
isoclinal, anis-paco do Grupo Bam-bu, que uma feiorelativamente
rara. Ob-servar que os conglo-merados (situados cer-ca de 60 m
abaixo des-te ponto, no mesmoperfil) no apresentamnenhum sinal de
defor-mao dctil.
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GeologiaUSPSrie Cientfica
Figura 11. Dobramen-to bastante assimtri-co, apertado, do Gru-po
Bambu, no interiorda Vila de Araras (a200 m do afloramentoda figura
anterior, la-teralmente). Observara foliao plano-axialpenetrativa
(nas partesmais pelticas) e a de-sarmonia relativa dostipos de
dobras. O eixodo dobramento emposio oblqua em re-lao ao plano da
fi-gura mergulha parao canto direito da figu-ra (direo de mergu-lho
norte-noroeste).
Figura 12. L-tectonito formado scustas dos calcrios doGrupo
Bambu, com oLx mergulhando paranoroeste entre 15o e45o (devido
soliflu-xo, a medida de in-tensidade do mergu-lho fica
prejudicada).Afloramento localiza-do a 4 km sul de Ara-ras, onde os
calcriosesto diretamente so-brepostos ao emba-samento (no
ocorremconglomerados).
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Na Chapada Diamantina Oriental, as deformaes pr-brasilianas (do
Esteniano?) so muito suaves, em geral, con-signando amplos
anticlinais em caixa (box-like) e depres-ses sinclinais (como Bacia
do Salitre/sinclinal de Campi-nas). Para a Chapada Diamantina
Ocidental e para a Serrado Espinhao, mais a oeste, o vigor desta
deformao gradativamente mais intenso. Nos casos da Chapada
Dia-mantina Ocidental e do Espinhao Setentrional (ca. 500 kmpara
sudoeste de Araras) o metamorfismo moderado aforte (fcies
anfibolito varivel) e as deformaes atingemnveis crustais profundos
(thick skin).
A rea de estudo, uma ampla sinclinal, est balizada aoeste pelo
amplo anticlinal da Serra da Babilnia (suporta-do pelo Grupo
Chapada Diamantina como um todo) e a lestepela monoclinal da Serra
do Tombador (terrao estruturalsuportado principalmente pela Formaes
Tombador eCaboclo pr-parte). A sinclinal mostra certa assimetria,
poisno seu flanco leste as unidades da Formao Bebedouroafloram
expressivamente com largura de rea aflorante su-perior a 10 km, e
isto se estende longitudinalmente por maisde 60 km (abundam os
termos mais grosseiros de diamictitose arenitos arcoseanos, com
pouca seleo primria). Noflanco ocidental, h ocorrncia de depsitos
relativamentemais maduros, mas so exposies mais estreitas e
muitodescontnuas (capeadas por carbonatos), repousando so-bre a
Formao Morro do Chapu (topo do Grupo ChapadaDiamantina), e merc do
trabalho erosivo maior ou menorda Vereda da Tbua (afluente do Rio
Salitre).
Os dados de campo mostram discordncia angular (pe-quena) e
erosiva importante entre os sedimentos do GrupoChapada Diamantina
(como j comentado, em termos deprocessos vigentes e tempos),
deformao certamente deidade pr-Brasiliano/pr-Criogeniana, e aqueles
sedimen-tos da Formao Bebedouro (sem deformao rptil obser-vada). No
nordeste da Chapada, estes psefitos muito gros-seiros do Bebedouro
(contendo clastos originados na ero-so daquela chapada) progradam
sobre a Serra de Jacobinae sobre o embasamento arqueano (rea de
Campo Formo-so). Os clastos encontrados no interior dos diamictitos
po-dem ser relacionados com certa facilidade com vrias
unida-des/litotipos mais conhecidos do embasamento sotoposto,da
seqncia paleoproterozica do Grupo Jacobina e doGrupo Chapada
Diamantina. De forma que estas observa-es preliminares da geologia
local aqui dissertados casamcom suficincia com os da geologia
regional e dos poucosdados geocronolgicos confiveis disponveis.
No bojo desta contextualizao regional importante co-mentar e
cotejar a variao de penetrao da deformao cra-ton adentro, observada
nos diferentes segmentos da coberturadobrada, pelos vetores
deformacionais tangenciais advindosdos sistemas colisionais
Sergipano-Riacho do Pontal-RioPreto. As observaes estruturais acima
e outras auferidas
no conhecimento regional (levantamentos precedentes dosautores
e/ou da bibliografia) permitem e requerem a apresen-tao do
confronto da extensividade da tectnica de antepas(forma e grau de
penetrao), especialmente nesta periferia/domnios setentrionais do
Craton e de sua cobertura, a saber:
1. NE da Bahia (Sistema Sergipano) deformao fraca,idiomrfica e
limitada (< 20 km).
2. Araras (Sistema Riacho Pontal, oriental) deformaoforte,
desarmnica, at 1030 S (> 50 km).
3. Bacia Irec (Sistema Riacho Pontal, central) defor-mao forte,
holomrfica, vergncia estutural para sul cons-pcua, at 1145 S
(largura dobrada < 200 km), que o para-lelo de Canarana BA.
4. Bacia do So Francisco p.d. (Sistema Rio Preto) deformao
forte, holomrfica, at 12 45 S (> 250 km emlargura), paralelo de
Cerro Dourado (Riacho So Gonalo),com muitas irregularidades. Vide
mapa de Beurlen (1970).
5. Corredor Paramirim entre a serrania do Espinhao e aChapada
Diamantina mais ocidental deformao irregular,varivel em forma,
indeterminada em rea. Tudo indica quehouve coalescncia dos vetores
deformacionais dos siste-mas Riacho do Pontal (advindos do norte) e
Araua (advindosdo sul). Centenas de quilmetros de rejuvenescimento
estru-tural e isotpico, foram foco de vrios trabalhos
especficos.
IDADE
No existem dados geocronolgicos diretos para a reaem apreo, e de
certa maneira no existem dados geocronol-gicos insofismveis para o
Supergrupo So Francisco nes-ta poro centro-norte do Craton e da
Bahia. Muitos dadosde istopos de Sr e Pb pr-existem sobre o
Supergrupo SoFrancisco, mas eles ou so inconclusivos ou se referem
eventos sobrepostos do Ediacarano e mesmo do Cambriano.
evocada aqui a datao publicada por Babinski et al.(2007) de 740
22 Ma, obtida nas unidades peltico-carbonticas, em Minas Gerais,
por se tratar da boa qualifi-cao do dado e porque este valor o
resultado de umprograma de estudo de algumas dezenas de anos. Por
outrolado, nos internides da Faixa Riacho do Pontal, equivalen-tes
distais vulcano-sedimentares do Supergrupo So Fran-cisco (imediaes
da cidade de Afrnio, tufos vulcano-sedimentares) apresentaram
idades SHRIMP (W. R. VanSchmus e Brito Neves, indito) absolutamente
idnticas.
A aliana do significado destes dois dados pontuais no suficiente
para uma opo por idade. Mas, isto feito pro-visoriamente, pois so
os melhores resultados at ento ob-tidos, tendo em vista as
dificuldades inerentes obteno dedataes das unidades
lito-estratigrficas em cena e dosprocessos de rejuvenescimento
isotpico e paleomagnticoa que estas rochas foram submetidas
(Trindade et al., 2004).
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GeologiaUSPSrie Cientfica
EXCERTOS CONCLUSIVOS
As ocorrncias de paraconglomerados (F. Bebedouro) emAraras,
distrito de Campo Formoso BA, situado altura doparalelo 10 S uma
das mais setentrionais de todas aquelassobre o Craton So Francisco.
As ocorrncias da Serra daBorracha (nordeste do craton) esto pouco
mais a norte disto(entre 915 e 930 S). Assemelhados e
correlacionveis (in-discutveis) jamais foram encontrados ao norte
deste limite.Os calcrios sobrepostos so centimetricamente bandados
esimilares queles da unidade Nova Amrica da Bacia deIrec, mais ao
sul.
Estas ocorrncias dispostas discordantemente sobre oComplexo
Itapicuru e o Grupo Jacobina esto fomentando umasubdiviso conspcua
da Superfcie Sul-americana em doispatamares, escalonados e bem
ntidos curta e longa distncia:
a. a dos topos das serras quartzticas (ca. 1.000 - 1.050 m);b. a
dos topos do plat consubstanciado pelos carbona-
tos (800 - 850 m).
Os conglomerados so clasto-suportados e francamentepolimcticos,
mas no foi detectada nenhuma evidnciairrebatvel de origem glacial.
Esta origem foi assumida pelafora das similaridades regionais
(principalmente com rela-o queles paraconglomerados situados mais
ao sul, emLages do Batata e em todos recantos da periferia da
amplasinclinal da Bacia de Irec.
O relevo pr-Criogeniano da Chapada Diamantina noconstituiu
obstculo para a progradao do SupergrupoSo Francisco como um todo
(os paraconglomerados dabase inclusive). Este supergrupo ocupou
preferencialmen-te os baixos estruturais (sinclinais, grbens) e
erosionais(depresses, zonas arrasadas) pr-existentes.
Por seu turno, e de forma diferente, o relevo pr-Crioge-niano do
edifcio orognico orosiriano do que atualmente a Serra de Jacobina
provvel remanescente (a feioserrana do presente de arquitetura
cenozica) foi obst-culo importante, impeditivo da progradao para
leste dosconglomerados. As correlaes com os paraconglomera-dos do
Nordeste da Bahia, das serras da Umidade, Canabra-va e da Borracha,
no podem ser imediatas, como se supunha.So deposies afins,
provavelmente crono-correlatas, masdefinitivamente sem continuidade
fsica. Para correlao eranecessrio, alm das litologias semelhantes,
a mesma posi-o na seqncia/tempo (o que muito improvvel).
Trs tipos de contatos cobertura-embasamento foramidentificados
na rea de Araras, que constituem uma snte-se que se encontra
regionalmente:
a. Calcrios-falhas modernas embasamento de gnaissesdiversos
(metabsicas inclusive).
b. Calcrios/discordncia angular e
erosiva/embasamentopr-Mesoproterozico (quartzitos, gnaisses).
c. Calcrios/paraconglomerados espessos
(paleode-presses)/discordncia angular e erosiva/embasamento.
c. Calcrios/paraconglomerados delgados e
descont-nuos/discordncia angular e erosiva/embasamento
(pr-Mesoproterozico em geral).
Enquanto os paraconglomerados apresentam apenasfeies estruturais
de tectnica rgida e moderadas, oscalcrios mostram notveis feies e
evidencias de tectnicadctil, do tipo thin skin, variando desde
simples ondula-es at mesmo dobramentos isoclinais e formao de
L-tectonitos (feies locais). Esta deformao de antepas(foreland
tectonics) se estende at o paralelo de Senhor doBonfim, mais ao
sul, ca. paralelo 1030 S.
As observaes estruturais acumuladas (levantamen-tos precedentes
dos autores e/ou da bibliografia) mostramintensidade de penetrao
muito distintas em termos deforma e extensividade , ao longo da
periferia setentrionaldo Craton e de sua cobertura. possvel
distinguir os com-partimentos ou setores distintos: Nordeste da
Bahia(Bendeg-Cura), Araras, Bacia de Irec Central (entreos vales do
Rio Verde e Rio Jacar), Bacia do So Franciscop.d. (oeste da
serrania do Espinhao) e no corredor doParamirim (entre o Espinhao e
a Chapada Diamantina Oci-dental). Neste ltimo a deformao prossegue
at se con-fundir com aquela advinda das faixas de dobramentos
meri-dionais (Araua).
As observaes do registro sedimentar dos paracon-glomerados e das
unidades peltico-carbonticas sobrepos-tas, na rea de Araras, em
Campo Formoso - BA e as obser-vaes associadas, aqui evocadas das
demais ocorrnciasregionais (poro centro-norte do Craton do So
Francis-co), esto em franco desacordo com as hipteses de
glaciaocontnua (irrestrita em rea, a nvel global) que tecem a
teo-ria do Snowball Earth.
H muitos pontos ainda em aberto para estudar e inves-tigar na
cobertura cratnica da Pennsula do So Francisco.Dos pontos de vista
lito-estratigrfico, estrutural e isotpicoas questes ainda em aberto
suplantam os pontos j assen-tados, como estes acima propostos.
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