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BOLETIM INFORMATIVO SOBRE A COVID-19 EDIÇÃO 08 SEMANA 08– ANO 2021 Mais de 300 mil vidas perdidas no Brasil
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Aug 22, 2021

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BOLETIM INFORMATIVO

SOBRE A COVID-19 EDIÇÃO 08 – SEMANA 08– ANO 2021

Mais de 300 mil vidas perdidas no Brasil

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UEL PELA VIDA CONTRA O CORONAVIRUS PROJETO SAFETY: ESTUDO DAS RECOMENDAÇÕES DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA

DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19

BOLETIM INFORMATIVO SOBRE A COVID-19

EDIÇÃO 08 – SEMANA 08 – ANO 2021

FICHA TÉCNICA

Coordenação editorial

Gutemberg Medeiros

Docente do Departamento de Jornalismo – UEL

Seção situação epidemiológica

Marselle Nobre de Carvalho

Docente do Departamento de Saúde Coletiva – UEL

Adiermison Pereira da Silva

Estudante do Curso de Medicina - UEL

João Guilherme Aldegueri Marques

Estudante do Curso de Ciências Sociais - UEL

Seção notícias da semana

Blenda Hyedra de Campos

Doutoranda em Ciências FIsiológicas - UEL

Stephanye Vithória Martins da Silva

Estudante do Curso de Enfermagem - UEL

Leticia Rodrigues Terkelli

Estudante do Curso de Medicina Veterinária – UEL

Julia B. Casteletti

Estudante do Curso de Farmácia – UEL

Adiermison Pereira da Silva

Estudante do Curso de Medicina – UEL

Karina Oliveira

Estudante do Curso de Jornalismo - UEL

Seção Papo Jurídico

Guilherme Silvério Domingues

GT Jurídico

Seção dica safety

Marselle Nobre de Carvalho

Docente do Departamento de Saúde Coletiva - UEL

Revisão de texto

Kawane Isabely

Estudante do Curso de Letras – UEL

Elaborado em 28/03/2021 Publicado em 15/03/2021

Londrina – PR 2021

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EDITORIAL: “MAIS VIDAS, MENOS MORTES”

O Brasil passou das 310 mil mortes por Covid-19. Na sexta-feira (dia 26), o país registrou mais um

recorde macabro: 3.650 óbitos em 24 horas. Desde 20 de fevereiro, o Brasil registra aumento diário

no número de mortes pela doença, que pode ser evitada. E, para isso, é preciso vontade política,

preocupação sanitária e articulação das três esferas de governo.

Do total de mortes de brasileiros nessa pandemia, quantas poderiam ter sido evitadas? Apresentar

um número exato é mera especulação, mas certamente é possível afirmar que milhares de vidas

teriam sido preservadas com duas medidas: investimento em vacinas (produção e compra) e

adoção de lockdown em todo o território nacional.

Reportagem da revista Piauí, de fevereiro último, revela que o Instituto Butantan ofereceu - ao

governo federal - 60 milhões de doses para o último semestre de 2020. Conforme documentos da

reportagem, a oferta foi feita em três datas: 30 de julho, 18 de agosto e 7 de outubro. Segundo a

reportagem, o ministério comandado pelo então general Eduardo Pazuello nunca respondeu ao

Butantan.

O Governo de Jair Bolsonaro também rejeitou a oferta de vacinas da Pfizer. A indústria fez proposta

para destinar 70 milhões de doses até dezembro do ano passado. Segundo o jornal Folha de Sõ

Paulo, a Pfizer ofereceu as vacinas, pela primeira vez, em 14 de agosto de 2020. Hoje, o país

poderia ter um grande contingente de pessoas vacinadas, o que diminuiria a circulação do vírus,

portanto, de contaminação, de infeção e, assim, de mortes, inclusive pelo colapso do sistema de

saúde.

Na primeira semana de março, quando a pandemia no Brasil completava quase um ano, Jair

Bolsonaro deu a declaração. “Tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, [dizendo]

'vai comprar vacina'. Só se for na casa da tua mãe. Não tem [vacina] para vender no mundo.”

Quando foi ofertada ao seu governo, ele ignorou. Agora, que há escassez, ele terceiriza a

responsabilidade para o mercado. Ou seja, seu comportamento vai da irresponsabilidade à

omissão. Sem vacinas, o presidente lava as mãos. Nesse caso, com o sangue de vidas que

poderiam ter sido preservadas.

Outra medida que poderia salvar vidas é o lockdown, cujos negacionistas confundem

propositadamente (ou não) com medidas restritivas. A maioria dos estados e municípios adotou

medidas de restrição a setores não essenciais, à circulação de pessoas, à realização de eventos.

Um dos únicos exemplos de lockdown brasileiro é o município paulista de Araraquara. Em

português, a medida pode ser explicada como o bloqueio total ou confinamento. Isso significa

isolamento que impede a circulação de gente e de cargas.

Com 240 mil habitantes, Araraquara teve – no mês de fevereiro – 10 dias de lockdown, de

confinamento, e na sexta-feira (26 de março) registrou nenhuma morte por Covid-19, em 24 horas.

Essa foi a primeira vez sem registro de óbitos em 44 dias. Portanto, o lockdown é eficiente para

preservar vidas. Quem é contra diz que as pessoas precisam trabalhar e os comerciantes

venderem. Isso é verdade. E o governo federal poderia – se quisesse – providenciar recursos

necessários para que as pessoas não morram de fome. Recursos existem.

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Em 2020, do orçamento executado da União, 39,08% foram para pagar juros da dívida pública.

Esse percentual equivale a 1 trilhão, 381 bilhões de reais. Isso somente em juros da dívida. O auxílio

emergencial pago em 2020, até dezembro conforme o Portal UOL, foi de R$ 275 bilhões de reais,

beneficiando quase 68 milhões de pessoas. Para pagar o auxílio emergencial, o governo retirou

recursos de outras áreas, mas não mexeu no pagamento dos juros da dívida pública.

Milhares de vidas poderiam ter sido preservadas se o governo federal tivesse articulado ações com

estados e municípios, investido na produção e na compra de vacina, adotado lockdown para

reduzir a circulação do novo coronavírus. Na semana que passou, o presidente trocou o ministro

da Saúde. Saiu o general Pazuello e entrou o médico Marcelo Queiroga que, na primeira entrevista

coletiva, usava máscara com o nariz de fora. Queiroga é o quarto ministro da Saúde em plena

pandemia. E não vai conseguir vencer o coronavírus se o presidente da República não tiver

vontade política, preocupação sanitária e articulação das três esferas de governo.

Londrina, 28 de março de 2021

Reinaldo Zanardi

Jornalista e colaborador do projeto

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SUMÁRIO

SEÇÃO 1. SITUAÇAO EPIDEMIOLÓGICA.................................................................................................4

MUNDO E AMÉRICAS ...............................................................................................................................4

BRASIL ...........................................................................................................................................................5

ESTADOS.......................................................................................................................................................6

PARANÁ .................................................................................................................................................... 10

LONDRINA ................................................................................................................................................ 13

SEÇÃO 2. NOTÍCIAS DA SEMANA .......................................................................................................... 15

2.1 BUTANTAN DESENVOLVE A PRIMEIRA VACINA 100% NACIONAL CONTRA COVID-19 15

2.2 A IMPORTÂNCIA DE UM CALENDÁRIO EFICIENTE DE VACINAÇÃO .................................. 17

2.3 COM AUMENTO CONTÍNUO NOS NÚMEROS, BRASIL ULTRAPASSA 300.000 MORTES ... 19

2.4 MORTES POR COVID-19 PODEM SE POTENCIALIZAR NO SEGUNDO SEMESTRE E 150 MIL

ÓBITOS PODEM SER EVITADOS............................................................................................................ 20

2.5 IDOSOS A PARTIR DE 70 ANOS E QUILOMBOLAS VACINADOS NO PARANÁ ................. 22

2.6 ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA MUDA DE OPINIÃO E AGORA AFIRMA QUE O “KIT

COVID” DEVE SER BANIDO .................................................................................................................. 23

SEÇÃO 3. PAPO JURÍDICO ...................................................................................................................... 26

A LEI 14.125/21 E A POSSIBILIDADE DA COMPRA DE VACINAS POR PARTE DO SETOR

PRIVADO ................................................................................................................................................... 26

SEÇÃO 4. DICA SAFETY ............................................................................................................................. 28

OS ERROS NA VACINAÇÃO E A SEGURANÇA DO PACIENTE .................................................... 28

SEÇÃO 5. ENTREVISTA SAFETY ................................................................................................................. 29

TRABALHADORES INVISÍVEIS DA LINHA DE FRENTE ........................................................................ 30

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APRESENTAÇÃO

O Projeto SAFETY apresenta o oitavo boletim informativo semanal do ano de 2021, que

tem como finalidade reunir informações atualizadas sobre a pandemia no mundo,

especialmente no Paraná e Londrina, bem como ofertar alertas e evidências científicas

atuais traduzidas e analisadas.

Este boletim está dividido em cinco seções: 1) situação epidemiológica, 2) notícias da

semana, 3) papo jurídico, 4) dica safety e 5) entrevista safety. A seção 1 traz o compilado

da situação epidemiológica no mundo e américas, bem como a situação no Brasil por

unidades da federação. Também tem informações detalhadas da situação da COVID-19

no estado do Paraná, por regionais de saúde, e a cidade de Londrina.

A seção 2 se refere a seis notícias da semana. A primeira é sobre a vacina 100% brasileira

do Instituto Butantan. A segunda trata do novo cronograma de vacinação e a

importância de um calendário eficiente. A terceira é sobre a escalada de mortes diárias

por Covid-19 no Brasil. A quarta fala de uma projeção acerca do aumento do número de

mortes no segundo semestre. A quinta é sobre a vacinação de idosos a partir de 70 anos

e quilombolas no Estado do Paraná. A sexta trata da mudança de opinião da AMB sobre

o chamado “kit Covid”.

Na seção 3, está de volta o Papo Jurídico traz uma discussão sobre a Lei 14.125/21 e a

possibilidade de compra de vacinas pelo setor privado.

Na seção 4 temos uma Dica Safety sobre erros de vacinação e a segurança do paciente.

E pra fechar este número, uma Entrevista Safety imperdível!

Boa leitura!

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4

SEÇÃO 1. SITUAÇAO EPIDEMIOLÓGICA

MUNDO E AMÉRICAS

127.785.103

Casos confirmados

2.796.225

Mortes

552.000.000*

Vacinação

Em 28/03/2021. Fonte: https://www.worldometers.info/coronavirus/.

*Doses administradas. https://ourworldindata.org/

56.470.122

Casos confirmados

1.356.001

Mortes

182.138.235**

Vacinação

Em 28/03/2021. Fonte: https://www.worldometers.info/coronavirus/.

**Doses administradas. Dados de 26/03/2021. Fonte: https://ais.paho.org/imm/IM_DosisAdmin-

Vacunacion.asp

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5

BRASIL

12.542.262 Casos confirmados

312.444 Mortes

15.513.391 Pessoas vacinadas*

Em 28/03/2021. Fonte: https://painel.redecovida.org/ .

EVOLUÇÃO DIÁRIA DOS CASOS

Figura 2. Evolução do número de casos confirmados no Brasil desde o primeiro caso até o dia 28/03/2021 Fonte dos dados: https://painel.redecovida.org/

MÉDIA MÓVEL DE CASOS NOVOS: 77.117 por dia (últimos 7 dias)

Figura 2. Média móvel (7 dias) de casos novos no Brasil de 08/03/2020 a 28/03/2021 Fonte dos dados:

https://painel.redecovida.org/* Os dias 05,06 e 07 foram baseados no painel CONASS, o que pode causar divergência nos números.

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6

MÉDIA MÓVEL DE NOVAS MORTES: 2.554 por dia (últimos 7 dias)

Figura 2. Média móvel (7 dias) de mortes diárias no Brasil de 23/03/2020 a 28/03/2021 Fonte dos dados:

https://painel.redecovida.org/. Os dias 05,06 e 07 foram baseados no painel CONASS, o que pode causar divergência nos números.

ESTADOS

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL

Mapa 1. Casos confirmados e óbitos até 28/03/2021, por estado da federação. Fonte dos dados:

https://covid19br.wcota.me/

Mapa 2. Vacinados (uma dose) até 28/03/2021, por estado da federação. Fonte dos dados:

https://covid19br.wcota.me/

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7

DETALHAMENTO POR ESTADO

Tabela 1. Casos confirmados, mortes, casos suspeitos, pessoas recuperadas, testes realizados e

pessoas vacinadas, por unidade da federação. Brasil, 28/03/2021.

Estado Casos Mortes Recuperados Suspeitos Testes Vacinados

1ª dose

Vacinados

2ª Dose

AC 68742 1234 53940 42505 181661 45066 11583

AL 151824 3489 143777 10071 368206 222154 56003

AM 345810 11952 294147 425 852071 415456 124411

AP 95649 1268 71718 2990 166052 48557 16015

BA 794437 14960 763504 182663 1978117 1372529 307581

CE 527185 13596 369351 84821 1647799 653713 206634

DF 340166 5757 315384 1665 782118 279059 75871

ES 374215 7278 345112 230771 1105177 262743 82940

GO 475463 11160 451592 396472 953708 429612 120055

MA 239953 5949 218424 2423 581562 335459 104211

MG 1100575 23687 981052 2675975 3605959 1182035 454441

MS 211282 4123 192696 4480 667622 281887 91033

MT 302211 7370 277420 42808 1005943 158343 61982

PA 412742 10313 384112 893 980727 406869 104249

PB 255502 5552 182680 68474 763570 352366 83721

PE 344177 12006 291303 7504 1390131 717391 215593

PI 202230 4028 196853 5829 600770 213377 48298

PR 836936 16190 586488 13393 2709962 792734 209949

RJ 640467 36109 593593 52017 2313502 1002369 331700

RN 193228 4413 142776 67408 668447 235500 64531

RO 183642 3990 158818 246125 478596 81066 31349

RR 89116 1320 82300 39517 203960 37418 17902

RS 830630 18823 787065 18930 3220172 1020451 293308

SC 795391 10482 748892 141866 1827719 508899 130324

SE 171701 3432 156175 4807 362189 150071 41819

SP 2420100 71991 2062273 1084681 12035827 4227745 1381815

TO 138840 1972 120435 598 423787 80522 33825

TOTAL 12.542.214 312.444 10.971.880 5.430.111 41.875.354 15.513.391 4.701.143

Fonte dos dados: https://covid19br.wcota.me/

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8

RANKING DOS 10 ESTADOS

Figura 3. Maior número acumulado de casos confirmados. Data: 28/03/2021. Fonte dos dados:

https://painel.redecovida.org/

Figura 4. Maior número acumulado de mortes. Data: 28/03/2021. Fonte dos dados:

https://painel.redecovida.org/

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9

Figura 5. Maior número de pessoas vacinadas. Data: 28/03/2021. Fonte dos dados:

https://painel.redecovida.org/

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10

PARANÁ

831.556 Casos confirmados

16.076 Mortes

750.655 Pessoas vacinadas

*Em 28/03/2021. Fonte dos dados: Fonte: Informe Epidemiológico COVID-19 SESA PR

EVOLUÇÃO DIÁRIA DOS CASOS

Figura 6. Evolução dos casos conf irmados no Paraná até 28/03/2021. Fonte: https://painel.redecovida.org/

MÉDIA MÓVEL DE CASOS NOVOS: 5.764 casos por dia (últimos 7 dias)

Figura 7. Média móvel (7 dias) de casos novos no Paraná de 18/03/2020 a 28/03/2021. Fonte:

https://painel.redecovida.org/. Os dias 05,06 e 07 foram baseados no Boletim SESA, o que pode causar divergência nos números.

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11

MÉDIA MÓVEL DE NOVAS MORTES: 185 mortes por dia (últimos 7 dias)

Figura 8. Média móvel (7 dias) de casos novos no Paraná de 06/04/2020 a 28/03/2021. Fonte:

https://painel.redecovida.org/. Os dias 05,06 e 07 foram baseados no Boletim SESA, o que pode causar divergência nos números.

REGIONAIS DE SAÚDE

A 2ª RS (regional de saúde) responde por 32% dos casos confirmados e 37% das mortes por Covid-

19 registrados no Estado do Paraná, seguida da 17ª RS e 15ª RS, com 9% (casos e óbitos) e 8% (casos

e óbitos).

Figura 9. Número de total de casos confirmados (linha amarela) e total de mortes (linha marrom) até

28/03/2021, por regional de saúde do Estado do Paraná. Fonte: Informe Epidemiológico COVID-19 SESA PR.

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12

RANKING DOS 20 MUNICÍPIOS

Figura 10. Maior número acumulado de casos confirmados em 28/03/2021. Fonte: Informe Epidemiológico

COVID-19 SESA PR.

Figura 11. Maior número acumulado de mortes em 28/03/2021. Fonte: Informe Epidemiológico COVID-19

SESA PR.

Os 20 municípios do Estado do Paraná com os maiores números absolutos de casos confirmados e

mortes representam, respectivamente, 58% e 60% de todos os casos e mortes do estado. Do total

de 399 municípios, o município de Curitiba, sede da 2ª RS, contribui com 17% dos casos confirmados

e 20% das mortes de todo o estado. O segundo colocado, Londrina, representa 6% dos casos e 5%

dos óbitos do estado, acumulados desde o início da pandemia.

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13

LONDRINA

45.038 Casos confirmados

944 Mortes

51.687* Pessoas vacinadas

Em 28/03/2021. Fonte: Prefeitura Municipal de Londrina, PR. *28/03. Fonte: Facebook da prefeitura de

Londrina

EVOLUÇÃO DIÁRIA DOS CASOS

Figura 11. Evolução dos casos confirmados no município de Londrina até 28/03/2021 no Paraná. Fonte: Informe

Epidemiológico COVID-19 SESA PR.

MÉDIA MÓVEL DE CASOS NOVOS: 277 casos por dia (últimos 7 dias)

Figura 12. Média móvel (7 dias) de casos novos confirmados de 01/12/2021 a 28/03/2021 no município de

Londrina no Paraná. Fonte: Prefeitura Municipal de Londrina, PR.

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14

MÉDIA MÓVEL DE NOVAS MORTES: 12 mortes por dia (últimos 7 dias)

Figura 13. Média móvel (7 dias) de óbitos de 01/12/2021 a 28/03/2021 no município de Londrina no Paraná.

Fonte: Prefeitura Municipal de Londrina, PR.

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15

SEÇÃO 2. NOTÍCIAS DA SEMANA

2.1 BUTANTAN DESENVOLVE A PRIMEIRA VACINA 100% NACIONAL CONTRA

COVID-19

Blenda Hyedra de Campos

No dia 26 de março, o governador de São Paulo,

João Dória, anunciou que o Instituto Butantan, ligado

ao governo de São Paulo, iniciou o desenvolvimento

e a produção-piloto da primeira vacina brasileira

contra o novo coronavírus. A expectativa é que os

ensaios clínicos de fases 1 e 2 em humanos com o

novo imunizante, batizado “ButanVac”, comecem

em abril, após a autorização da Anvisa. A notícia foi

publicada no site do Governo de São Paulo.

“Este é um anúncio histórico para o Brasil e para o

mundo. A ButanVac é a primeira vacina 100%

nacional, integralmente desenvolvida e produzida

no Brasil pelo Instituto Butantan, que é um orgulho do Brasil. São 120 anos de existência, o maior

produtor de vacinas do Hemisfério Sul, do Brasil e da América Latina e agora se colocando

internacionalmente como um produtor de vacina contra COVID-19”, disse Dória.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse à Folha de São Paulo que é possível encerrar

todos os testes da vacina e ter 40 milhões de doses prontas antes do fim de 2021, afirmando que

“é uma vacina de segunda geração de vacina contra a COVID-19, pode haver uma análise mais

rápida”.

De acordo com Covas, o desenvolvimento da vacina começou há um ano e os resultados dos

testes pré-clínicos se mostraram extremamente promissores. Para a produção da ButanVac, será

utilizada a mesma técnica empregada na produção da vacina da gripe, feita no Butantan, a

partir do cultivo de cepas em ovos de galinha. A tecnologia em questão utiliza um vetor viral que

contém a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra. A proteína é responsável pela ligação

entre o vírus e as células humanas, e ao ser inserida no organismo, estimula a resposta imune. O

diretor também diz que a vacina já utilizará a proteína da variante amazônica, a P1, que é mais

transmissível e possivelmente mais letal.

O vetor utilizado é o vírus da doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves, e por isso se

desenvolve bem em ovos embrionados. O vírus da doença de Newcastle não causa sintomas em

seres humanos, sendo uma alternativa segura. O vírus é inativado na formulação da vacina,

facilitando a estabilidade e deixando o imunizante ainda mais seguro. Com esta tecnologia, não

há necessidade de importação do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo), uma das principais vantagens

da nova vacina.

A vacina será testada nos dois outros países participantes do consórcio, Vietnã e Tailândia – neste

último, a fase 1 já começou. A prioridade é o fornecimento de imunizantes para o Brasil e para

Embalagem da vacina ButanVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan

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países mais pobres. “Nós queremos que essa vacina chegue a países de renda baixa e média,

porque é lá que nós precisamos combater a pandemia”, disse o presidente do Instituto Butantan.

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2.2 A IMPORTÂNCIA DE UM CALENDÁRIO EFICIENTE DE VACINAÇÃO

Blenda Hyedra de Campos

Apesar do discurso pró-vacinação adotado

recentemente pelo governo federal, o calendário

brasileiro de imunização da população anda a

passos lentos. Nesse cenário, fica a dúvida de

quando cada brasileiro vai tomar a vacina contra

Covid-19.

No dia 23 de março, o cronograma de vacinação

foi alterado pela sexta vez. Com isso, serão quase 10

milhões de doses a menos em abril do que o

prometido inicialmente. Conforme a CNN Brasil, o

Ministério da Saúde esclareceu em nota que não é o responsável pela redução do cronograma

de recebimento de vacinas, pois este pode sofrer alterações de acordo com o fluxo de produção

pelos fabricantes.

De acordo com notícia publicada em 24 de março de 2021 pela BBC News Brasil, o governo

federal brasileiro já contabiliza no papel mais de 500 milhões de vacinas, quantidade suficiente

para imunizar toda a população. Entretanto, a realidade atual do país é marcada por falta de

vacinas, lentidão na aplicação das doses disponíveis, atrasos em entregas previstas e

consequências decorrentes da demora do governo em comprar os imunizantes.

Um estudo recente da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em parceria com o

departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ),

apontou simulações em diferentes cenários para a vacinação no Brasil.

A Nota Técnica do estudo, intitulada “Como um esquema sólido de vacinação pode controlar a

pandemia de COVID-19 no Brasil?”, apresenta simulações da propagação da Covid-19 em uma

população homogênea ao incorporar a imunização de uma parcela da população em função

de Tempo. Foram testados diferentes valores para a taxa de vacinação diária e eficácia da vacina

para avaliar os efeitos da pandemia no Brasil em 365 dias. Foi investigado o conjunto de

parâmetros que melhor controlaria a pandemia e quanto tempo levaria para a redução

significativa do número de mortes variando estes valores. Este estudo tem como conclusão que

vacinar o maior número de pessoas o mais rápido possível é mais importante do que a eficácia

da vacina para controlar a pandemia, e um esquema de vacinação sólido poderia salvar milhares

de vidas.

De acordo com as simulações realizadas, a taxa de vacinação de 100.000 pessoas por dia não

seria suficiente para controlar a pandemia dentro de 365 dias, independente da eficácia da

vacina. Adotando o esquema vacinal mais assertivo, considerando a vacinação de 2 milhões de

pessoas por dia, aproveitando o potencial de imunização do sistema de saúde brasileiro, teríamos

a redução de 191.110 óbitos utilizando uma vacina com eficácia de 50%, e a redução de 226.473

vidas utilizando uma vacina 90% eficaz, de acordo com as simulações numéricas, que estão

apontadas nos gráficos a seguir:

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No entanto, segundo a reportagem já mencionada da BBC News Brasil, a taxa de vacinação

diária tem variado entre 22 mil e 500 mil doses durante o mês de março. Até o momento, foram

distribuídas 30 milhões de doses para Estados e municípios, sendo que 14,1 milhões já foram

aplicadas.

Até atingir o patamar necessário para conter mortes e infecções, há diversos obstáculos citados

pelo então Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Entre os obstáculos estão as vacinas ainda não

aprovadas pela Anvisa, a dependência das duas opções atuais (AstraZeneca-Oxford e

Coronavac) e as recusas do governo federal às sucessivas ofertas da Pfizer para comprar milhões

de doses.

De acordo com o estudo da UFJF, neste ritmo lento de vacinação, o Brasil só deve atingir 70% da

população vacinada no fim de 2022, condição necessária para conter consideravelmente o

espalhamento da doença.

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2.3 COM AUMENTO CONTÍNUO NOS NÚMEROS, BRASIL ULTRAPASSA 300.000

MORTES

Leticia Rodrigues Terkelli

No dia 23 de março, segundo matéria publicada no G1 Bem Estar, o Brasil registrou mais de 3.000

mortes em um dia pela primeira vez, com um total de 3.158 mortes em 24 horas. A média móvel

de mortes no país nos em 7 dias chegou a 2.349 (figura abaixo).

São 62 dias seguidos com a média móvel de mortes acima da marca de 1 mil, dezesseis dias a

acima de 1,5 mil e o país completa agora uma semana com essa média acima da marca dos 2

mil mortos por dia.

Situação da média de mortes nos estados

• 19 estados em alta: PR, RS, SC, ES, MG, RJ, SP, DF, GO, MS, MT, AP, TO, AL, BA, PB, PE, PI,

RN e SE

• 05 estados em estabilidade: AC, PA, RO, CE e MA

• Apenas dois estados em queda: AM e RR

Na reportagem do site Noticias UOL,

com o título “A conta chega: 300 mil

vidas”, publicada no dia 24 de março,

a pergunta central é de quem é a

culpa do Brasil atingir esse patamar

assustador de mortes?

Os governos de diversos estados e,

especialmente, o governo federal se

negam a adotar as medidas de

restrições rígidas para controle da

circulação do novo coronavírus,

altamente recomendadas e adotadas

por inúmeros países nos momentos

mais dramáticos da pandemia.

Muitos especialistas apontam que o lockdown é a medida mais eficaz nesses casos, para evitar

colapsos no sistema de saúde, que já são uma realidade em grande parte do país.

Quarta(17): 2.031

Quinta(18): 2.096

Sexta(19): 2.178

Sábado(20): 2.234

Domingo(21): 2.255

Segunda(22): 2.298

Terça(23): 2.349

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2.4 MORTES POR COVID-19 PODEM SE POTENCIALIZAR NO SEGUNDO SEMESTRE

E 150 MIL ÓBITOS PODEM SER EVITADOS

Stephanye Vithória Martins da Silva

No dia 23 de março foi publicada no site da

Confederação Nacional dos Trabalhadores na

Saúde, uma reportagem intitulada “Mortes por

Covid-19 podem mais do que dobrar no

segundo semestre no Brasil devido à vacinação

lenta” alertando que o número de mortes

decorrentes da Covid-19 poderá dobrar no

segundo semestre no Brasil, caso a vacinação

continue no ritmo atual.

Se metade da população brasileira fosse vacinada até o mês de junho, poderiam ser evitadas 150

mil mortes, assim como uma terceira onda. Esses dados são referentes a uma projeção realizada

através de um modelo matemático, desenvolvido pelo grupo do matemático Osmar Pinto Neto,

da Universidade Anhembi Morumbi.

Esse modelo matemático é semelhante a ferramentas de avaliação e projeção de flutuações

econômicas, ele foi testado com sucesso na primeira onda em São Paulo, o modelo projeta

cenários de como a pandemia vai evoluir nos próximos meses.

Simulando mais de 40 mil possíveis cenários que foram calculados por combinação de 29 variáveis,

como por exemplo: taxa de transmissão, ritmo de vacinação e taxa de distanciamento social,

indicadores de mobilidade, além de dados oficiais que incluem número de mortos e infectados.

Levando em consideração os resultados, a propagação da variante P1 do Sars-CoV-2, é

considerada mais transmissível, comparada a vacinação no país. Esse modelo teve sua

metodologia publicada na revista Nature Communications, com ampla repercussão.

Até o momento, apenas 2,6% da população foram vacinadas com as duas doses da vacina,

segundo o MonitoraCovid-19/Fiocruz. Seguindo essa velocidade, há projeções que em torno de

quatro anos e meio ou 1.732 dias toda a população será vacinada com as duas doses.

De acordo com esse estudo, os 50% da população serão vacinados em 2024 e o coronavírus irá

continuar provocando novos casos e mortes. No cenário atual, o país terá uma média móvel de

2.900 mortes diárias no fim de abril, sendo assim, atingirá a marca de 640 mil brasileiros mortos até

o fim do outubro.

Porém, seguindo a perspectiva da promessa feita pelo Ministério da Saúde, caso os 50% dos

brasileiros fossem vacinados até junho, 150 mil vidas poderiam ser poupadas.

O matemático Neto destaca que a terceira onda poderá ser evitada. Mas, com um volume de

vacinação inferior ao previsto, logo em outubro terá uma média móvel de 2.750 mortes por dia,

mais do que o registrado nas últimas semanas.

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Neto defende que somente com um lockdown nacional e rígido o avanço da pandemia poderá

ser detido. Contudo, destaca que no presente momento medidas de distanciamento social, uso

de máscara e a testagem são essenciais para conter o avanço da pandemia, mas apenas a

vacina poderá evitar novas ondas.

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2.5 IDOSOS A PARTIR DE 70 ANOS E QUILOMBOLAS VACINADOS NO PARANÁ

Stephanye Vithória Martins da Silva

No dia 22 de março, foi publicado na Agência de Notícias do Paraná, detalhes sobre a chegada

das 369.650 novas doses de vacina contra o coronavírus às 22 Regionais do Paraná, através da

notícia intitulada “Paraná distribui 369,6 mil novas doses e começa a vacinar idosos acima de 70

anos”.

O lote recebido no sábado, dia 20 de março, foi composto por 234.200 doses da vacina produzida

pelo Instituto Butantan, a Coronavac, e 6.250 desenvolvidas pela Universidade de

Oxford/Astrazeneca. Sendo parte do primeiro lote produzido no Brasil pela Fundação Oswaldo

Cruz (Fiocruz).

As vacinas foram enviadas por via aérea em parceria com a Casa Militar e a Secretaria de Estado

da Saúde, do Aeroporto do Bacacheri com destino as 15 regionais, sendo elas, Jacarezinho,

Cornélio Procópio, Londrina, Apucarana, Ivaiporã, Paranavaí, Umuarama, Cianorte, Campo

Mourão, Maringá, Pato Branco, Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo.

As seguintes regionais: Paranaguá, Metropolitana, Ponta Grossa, Irati, Guarapuava, União da

Vitória e Telêmaco Borba retiraram as doses presencialmente no Centro de Medicamentos do

Paraná (Cemepar).

Dessa forma, foi possível o estado iniciar a vacinação de mais dois grupos prioritários, sendo eles:

idosos de 70 a 74 anos e comunidades quilombolas. O total de doses da vacina destinadas ao

novo grupo são 264.910, correspondendo a 78,87% da população do grupo no Paraná e 6.250

destinadas às comunidades quilombolas, representando 63,1% do total do grupo.

Sendo assim, o estado do Paraná prossegue imunizando os grupos de profissionais da saúde, os

quais receberam mais 11.850 doses e idosos de 75 a 79 anos, com 86.640 doses, representando

47,11% da população desta faixa etária.

A ampliação da vacinação para os novos grupos faz parte de uma nova estratégia de vacinação

do Ministério da Saúde, que preconiza aumentar a população vacinada pela primeira dose. A

expectativa se refere ao aumento da produção de doses das vacinas no Brasil, para que o

Ministério envie novas remessas referentes às segundas doses dentro do prazo recomendado pelas

fabricantes.

“Nós queremos que as vacinas cheguem nos braços dos paranaenses para

aumentar a imunização no Estado. A primeira dose já consegue dar, depois de

alguns dias, condições para que o paciente se porventura for infectado tenha um

quadro muito mais leve, não permitindo a necessidade de uma internação

hospitalar”, explicou o secretário.

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2.6 ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA MUDA DE OPINIÃO E AGORA AFIRMA

QUE O “KIT COVID” DEVE SER BANIDO

Adiermison Pereira da Silva, Júlia Brambilla Casteletti e Karina Oliveira

Segundo matéria publicada no dia 25 de

março de 2021, no portal de notícias G1, a

Associação Médica Brasileira (AMB) mudou

o seu posicionamento sobre os

medicamentos do chamado “kit Covid”. No

ano passado, a associação defendia a

autonomia do médico na prescrição da

hidroxicloroquina, mas agora afirma que o

medicamento, assim como os outros que

fazem parte do “kit”, não devem ser usados

no tratamento da Covid-19.

Mas por que houve essa mudança?

A AMB criou um comitê que revisou estudos sobre a eficácia da hidroxicloroquina e de outros

remédios do “kit Covid” no tratamento da Covid-19. A partir da análise dos estudos disponíveis

(veja o quadro abaixo), o comitê concluiu que os remédios não funcionavam, e por isso, a AMB

divulgou uma nota em que dizia que o uso dos medicamentos do “kit deveria ser banido no

tratamento para a Covid-19, não devendo ser usados em nenhuma fase da doença - nem na

prevenção, nem na fase inicial e nem na fase avançada da doença.

A CLOROQUINA OU A HIDROXICLOROQUINA SÃO ÚTEIS PARA TRATAR PESSOAS COM COVID-19, OU

PARA PREVENIR A INFECÇÃO EM PESSOAS QUE FORAM EXPOSTAS AO VÍRUS? – REVISAO DISPONIVEL

NO SITE DA COLABORAÇÃO COCHRANE

Conclusão dos autores:

Para pessoas infectadas com COVID-19, a hidroxicloroquina tem pouco ou nenhum efeito sobre o

risco de morte, e provavelmente nenhum efeito sobre a progressão para ventilação mecânica. O

uso da hidroxicloroquina, comparado ao placebo, triplica o risco de eventos adversos, porém

houve poucos eventos adversos graves. Não devem ser realizados mais ensaios clínicos com

hidroxicloroquina ou cloroquina para o tratamento da COVID-19.

Os resultados desta revisão sistemática tornam menos provável que esses medicamentos sejam

eficazes na proteção das pessoas contra a COVID-19, porém isto não está totalmente excluído. É

provavelmente sensato concluir os estudos sobre o efeito destes medicamentos para prevenir a

infecção, e assegurar que estes estudos sejam de alto padrão para que forneçam resultados

inequívocos.

Para ler a revisão na íntegra, acesse:

https://www.cochrane.org/pt/CD013587/INFECTN_cloroquina-ou-hidroxicloroquina-sao-uteis-

para-tratar-pessoas-com-covid-19-ou-para-prevenir-infeccao

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Medicamentos do “kit Covid”

O chamado “kit Covid” pode variar, mas em geral tem cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina,

azitromicina, nitazoxanida e colchicina.

De acordo com matéria publicada pela BBC News Brasil, a hidroxicloroquina é um medicamento

normalmente utilizado em pacientes com lúpus, artrite reumatoide, doenças fotossensíveis e

malária. A ivermectina é um vermífugo usado para combater vermes, piolhos e carrapatos. A

azitromicina é um antibiótico, que só deveria ser usada em caso de infecção bacteriana, não

para prevenir um vírus.

Além de não serem eficazes no tratamento da doença, médicos de hospitais de referência

ouvidos pela BBC News Brasil afirmaram que a defesa e o uso do “kit Covid” contribuem para

aumentar as mortes no país.

Segundo o médico intensivista Ederlon Rezende, coordenador da UTI do Hospital do Servidor

Público do Estado, em São Paulo, 80-85% das pessoas infectadas pelo novo coronavírus não vão

desenvolver a forma grave da Covid-19, de forma que para esses pacientes o “kit Covid” não vai

ajudar em nada. Também pode não prejudicar, caso a pessoa não tome doses excessivas, não

desenvolva efeitos colaterais e nem tenha outras doenças que possam se agravar com esses

medicamentos.

A matéria da BBC News Brasil ainda cita que o “kit Covid” também pode causar mortes de forma

indireta, ao absorver dinheiro público que poderia ir para a compra de medicamentos para

intubação, ao dominar a mensagem de combate à pandemia e ao retardar a procura pelo

atendimento de saúde. Entre os efeitos da procura tardia por atendimento, por exemplo, está a

intubação. Pacientes que recebem máscara de oxigênio ou ventilação mecânica invasiva antes

de chegar à insuficiência respiratória aguda têm maiores chances de sobreviver.

Possíveis efeitos colaterais

Na matéria da BBC News Brasil, o médico intensivista Ederlon Rezende chama atenção ao fato de

que existe o risco da hidroxicloroquina causar arritmia cardíaca. Para um paciente que evolui para

o quadro grave da Covid-19, isso pode ser um efeito adverso crítico, porque a doença causada

pelo coronavírus também afeta o coração, ao promover inflamação do músculo cardíaco e

trombose nos vasos e tecidos.

O uso de ivermectina também pode trazer problemas aos pacientes sedados para a intubação,

que podem acordar da sedação com confusão mental mais acentuada por causa do uso

abusivo do remédio antes de chegar ao hospital. Isso ocorreria porque o vírus da Covid-19

atravessa a barreira hematoencefálica e afeta o cérebro, principalmente na região frontal,

causando inflamação.

A inclusão dos corticoides no “kit Covid” também é um problema. Segundo a matéria da BBC

News Brasil, algumas pesquisas mostram que os corticoides ajudam a reduzir a mortalidade entre

os pacientes graves, que precisam de ventilação mecânica ou intubação. Mas no restante da

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população, o uso pode provocar problemas graves. Isso porque nos pacientes sintomáticos ou

assintomáticos o corticoide pode até baixar a imunidade e provocar outras doenças.

Hepatite medicamentosa

O Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) confirmou, de acordo

com matéria publicada dia 24 de março pela UOL, que identificou um caso de hepatite

medicamentosa relacionada ao uso do “kit covid”. O paciente tem cerca de 50 anos , sem

histórico de outras doenças, testou positivo para a Covid-19 há cerca de três meses e por

recomendação médica tomou ivermectina, hidroxicloroquina, azitromicina, zinco e vitamina D.

Um mês após o uso dos medicamentos percebeu pele e olhos amarelados.

Dra Ilka Boin, professora e médica da unidade de transplante hepático do HC da Unicamp,

explicou para o G1 Campinas e Região, em reportagem publicada dia 25 de março, que a equipe

achava que o paciente tinha uma síndrome de doença hepática pós-Covid. Mas perceberam

que o paciente não se encaixava muito bem na síndrome. Tinha alterações específicas e partiram

para a análise da biópsia, onde analisou-se que era na verdade uma hepatite medicamentosa

que causou a destruição dos ductos biliares. A médica informou que o paciente terá que fazer

transplante de fígado e quase foi operado com emergência.

Para saber mais sobre a ivermectina, acesse:

INFORME SEMANAL DE EVIDÊNCIAS | COVID-19 N°005: https://www.gov.br/saude/pt-

br/media/pdf/2020/novembro/20/n005_informesemanal_10_07_20.pdf

BLOG UNICAMP. Não existe tratamento precoce para Covid-19 [capítulo de hoje: ivermectina]:

https://www.blogs.unicamp.br/covid-19/nao-existe-tratamento-precoce-para-covid-19-capitulo-

de-hoje-ivermectina/

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SEÇÃO 3. PAPO JURÍDICO

A LEI 14.125/21 E A POSSIBILIDADE DA COMPRA DE VACINAS POR PARTE DO

SETOR PRIVADO1 Guilherme Silvério Domingues – GT Jurídico

Após os avanços científicos para a criação e produção em larga escala de uma vacina eficiente

contra o novo SARS-CoV-2, as atenções se voltam para a forma de aquisição e distribuição destas

doses.

A Lei 14.125/21, sancionada no dia 10 de março de 2021 é um novo capítulo para essa história. Em

breves quatro artigos, o texto legal dispõe acerca da possibilidade de compra dos imunizantes por

parte da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal e de Pessoas Jurídicas de Direito

Privado. Além do mais, a Lei também autoriza os entes da Federação a se responsabilizarem em

casos de efeitos colaterais causados pelas vacinas.

Em relação à compra de imunizantes por parte das Pessoas Jurídicas de Direito Privado, o art. 2º

da referida Lei deixa clara a possibilidade de aquisição daquelas vacinas que possuem

autorização, ainda que temporária ou excepcional, concedida pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA). Além disso, o texto legal também impõe que todas as doses

adquiridas pelo setor privado sejam doadas para o Sistema Único de Saúde (SUS), para a utilização

no Programa Nacional de Imunização (BRASIL, 2021).

Neste sentido, o art. 2, §1ª prevê que, após o término da vacinação dos grupos prioritários, ao

menos 50% das doses adquiridas deverão ser encaminhadas ao SUS. O percentual remanescente

ficará sob a administração da propriedade privada, desde que seja ministrada de forma gratuita

e em local apropriado (BRASIL, 2021).

No tocante à responsabilidade dos Entes Federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios),

perante os efeitos colaterais decorrentes da vacinação, com previsão legal no art. 1º, tem-se a

tomada de posição a respeito de um assunto que há muito tempo era ventilado no poder

Executivo. Além do mais, em decorrência da assunção de responsabilidade, é permitida a

contratação de seguros privados para a cobertura de riscos.

1 BRASIL. Lei nº14.125, de 10 de março de 2021. Dispõe sobre a responsabilidade civil relativa a eventos adversos pós -

vacinação contra a Covid-19 e sobre a aquisição e distribuição de vacinas por pessoas jurídicas de direito privado.

Disponível em: http:legis.senado.gov.br/legislacao/DetalhaDocumento.action?id=132863. Acesso em: 18 de março de.

2021.

JÚNIOR, Janary. Entra em vigor lei que permite que estados, municípios e empresas comprem vacinas contra Covid-19.

Câmara dos Deputados, Brasília, 11/03/2021. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/735023-entra-em-vigor-

lei-que-permite-que-estados-municipios-e-empresas-comprem-vacinas-contra-covid19/. Acesso em: 18 de março de

2021.

ABCVAC. Nota oficial ABCVAC – Lei 14.125/2021. Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas , 2021. Disponível em:

https://abcvac.org.br/2021/03/11/nota-oficial-abcvac-lei-14-125-2021/. Acesso em: 18 de março de 2021.

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A Lei é resultado de um debate que perdura desde o último semestre de 2020, em relação à

possibilidade de compra de imunizantes por parte da iniciativa privada. Entretanto, a Lei foi alvo

de críticas, como, por exemplo, a declaração da Associação Brasileira de Clínicas de Vacina

(ABCV), que contesta o uso do termo “pessoas jurídicas de direito privado”, alegando que as

clínicas serão afetadas, prejudicando o acesso da população a vacina.

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SEÇÃO 4. DICA SAFETY

OS ERROS NA VACINAÇÃO E A SEGURANÇA DO PACIENTE

Marselle Nobre de Carvalho

Inúmeros vídeos mostrando falhas no procedimento de vacinação contra a Covid-19 – aplicação

de seringas vazias, suposta administração da vacina sem o profissional apertar o êmbolo e

desperdício de dose – têm circulado nas redes sociais.

Diante da situação, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) tem reforçado os protocolos a

fim de deixá-los mais claros à população, como mostrar a seringa cheia antes da aplicação e

vazia logo após a vacinação.

O que nos ensina a segurança do paciente?

Todo procedimento realizado por seres humanos está sujeito a ocorrência de falhas e erros. Por

isso, é necessário implementar medidas que funcionem como barreiras entre o ato e o acidente

ou dano.

O que são os erros de vacinação?

Quaisquer eventos evitáveis decorrentes do uso inadequado de vacinas, podendo estar

relacionados à prática profissional e ao uso imprudente de imunobiológicos, os quais, fora das

normas e de técnicas adequadas, podem levar a impactos negativos, tais como proteção

imunológica inadequada, aumento dos custos para os serviços de saúde, redução da confiança

e potenciais lesões dos usuários dos sistemas de saúde (BARBOZA et al, 2020).

Como evitar os erros de vacinação?

Existe um modelo bastante conhecido para a redução dos riscos de acidentes e ou danos nos

processos assistenciais conhecido como modelo do queijo suíço, elaborado pelo professor James

Reason da Universidade de Manchester, Reino Unido.

Para reduzir a probabilidade de ocorrência de erros durante a vacinação, é importante realizar

as seguintes etapas (barreiras):

1) Tire o frasco com a dose de vacina do isopor que o mantém refrigerado

2) Coloque a agulha da seringa no vidrinho, aspire 0,5 ml de vacina e se dirija até o paciente

que vai tomar a dose

3) Cheque a seringa com a dose

4) Mostre a seringa com o conteúdo líquido dentro

5) Verifique o braço que receberá a vacina

6) Aplique a vacina, informando todo o procedimento

7) Mostre a seringa vazia para o paciente e ou seu acompanhante

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Tudo deve ser feito na frente da pessoa vacinada e de seus acompanhantes e narrado passo a

passo pelos profissionais para que todos compreendam o processo e tenham certeza de que a

vacina foi aplicada.

Os profissionais também são orientados a responder a todos os questionamentos. A pergunta mais

feita é qual a vacina que será aplicada. Trabalhadores da imunização nos postos de saúde da

capital ouvidos pela reportagem relatam que algumas pessoas chegam a ir embora após ouvir

que receberão vacina de determinado laboratório.

Para Barboza et al (2020), os usuários do sistema precisam ser envolvidos no processo de

vacinação, para que sejam capazes não apenas de servir de barreira para um possível erro, mas

também para detectar e reportar sinais de eventos adversos.

Referência:

BARBOZA, Tânia Cristina et al . Estudo retrospectivo dos erros de imunização notificados em um Sistema de

Informação on-line. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto , v. 28, e3303, 2020 . Disponível em

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692020000100352&lng=pt&nrm=iso .

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SEÇÃO 5. ENTREVISTA SAFETY

TRABALHADORES INVISÍVEIS DA LINHA DE FRENTE2

Existem milhares de profissionais e trabalhadores de saúde na linha de frente do combate a

pandemia, exercendo atividades de todo o tipo e em diversos locais. Há um grupo de

trabalhadores invisíveis aos olhos da grande mídia.

A FIOCRUZ lançou em janeiro a pesquisa intitulada Os trabalhadores invisíveis da Saúde: condições

de trabalho e saúde mental no contexto da Covid-19 no Brasil com o objetivo de conhecer e

analisar as condições de trabalho, de vida e saúde mental dos denominados “trabalhadores

invisíveis da saúde” (profissionais de nível técnico e médio diretamente envolvidos na assistência),

como maqueiros, motoristas de ambulância, recepcionistas, técnicos de radiologia, pessoal de

segurança, limpeza, alimentação e outros. Os dados começam a ser divulgados em abril deste

ano, para saber mais sobre a pesquisa, clique aqui.

Iniciativas como esta são importantíssimas pois, além de reconhecer que a linha de frente tem

várias faces, dá visibilidade aos riscos que todos os envolvidos estão sendo expostos neste

momento e nos proporciona um olhar ampliado acerca do impacto da pandemia em diferentes

postos de trabalho.

Um grupo que está diariamente em risco, mas pouco aparece quando se discutem os riscos dessa

exposição nos profissionais que estão na linha de frente, são os que atuam na preparação de

corpos das vítimas da COVID-19.

Nesse sentido, conversamos com dois profissionais formados em enfermagem que trabalham em

uma funerária, fora dos holofotes dos hospitais e centros médicos. As duas pessoas estão na faixa

dos 30 anos, uma delas casada, as duas com filhos pequenos.

Na conversa, feita respeitando todas as normas de segurança sanitária, os profissionais

compartilharam conosco algumas percepções sobre este momento.

LEIA TRECHOS DA ENTREVISTA

SAFETY: Conte-nos um pouco como é sua rotina de trabalho? O que mudou durante a pandemia?

Convidado(a) 1: Trabalho em plantões de 12 horas com 60 horas de descanso. Após a pandemia,

a demanda de trabalho tem aumentado, pois vários funcionários estão em readaptação e

afastados por atestado, portanto tenho trabalhado mais plantões, em média 5 ou 6 a mais que o

comum.

Convidado(a) 2: Trabalho em dois empregos, hospital e funerária, não parei nem 1 dia desde o

começo da pandemia. Não mudei em nada a minha rotina de trabalho, apenas aumentou a

demanda de trabalho com o passar dos dias.

2 Autores: Emilly Pennas Marciano Marques, fisioterapeuta, egressa da Residência Multiprofissional em Saúde da Família

(RMSF) da UEL; Tainara Marina da Silva Borges, assistente social, cursa a RMSF/UEL ; Profa. Sarah Beatriz Coceiro Meirelles Félix,

docente do Departamento de Saúde Coletiva - CCS/UEL.

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SAFETY: Poderia nos dizer o que está sendo mais desafiador na sua atuação profissional durante a

pandemia?

Convidado(a) 1: O desafio maior tem sido a demanda que tem aumentado, pois os falecimentos

praticamente dobraram, sobrecarregando fisicamente e emocionalmente, pois lidar com famílias

enlutadas por conta do covid é mais complicado (o luto quando não é possível velório e

despedida conforme nossa cultura deixará uma lacuna sem precedentes na saúde mental dos

familiares)

Convidado(a) 2: Acredito que o mais desafiador é manter o equilíbrio mental.

São muitas mudanças, muitas incertezas, muitas perdas....

SAFETY: Como sua família se sente com você atuando na linha de frente da pandemia?

Convidado(a) 1: Ficam preocupados considerando o risco que se corre com o contato constante

com pessoas infectadas ( tanto o falecido, quanto os familiares que vêm tratar do funeral ). Não

comento muito a respeito do que se passa no trabalho, para evitar pais preocupações

Convidado(a) 2: Alguns têm medo da proximidade, outros temem pela minha saúde.

SAFETY: Aconteceu alguma situação que te marcou que você poderia nos relatar?

Convidado(a) 1: Uma família que atendi comentou o quanto foi difícil não poder visitar o ente

querido durante o internamento. Ao realizar o reconhecimento, ( pois se tratava de um caso de

covid recuperado ) não reconheceram o corpo, pois estava muito diferente de como era. Tivemos

que chamar mais dois familiares para confirmarem a identidade do cadáver. Quando

identificaram que era ele mesmo, ficaram bastante comovidos

Convidado(a) 2: Acho que o mais marcante é que no início existia o medo, mas tudo parecia

longe. Agora é muita gente próxima morrendo. Muitas famílias em luto, perdidas, além da crise

financeira.... Muitos suicídios.

SAFETY: Na sua opinião, o que poderia ser feito diferente?

Convidado(a) 1: Poderiam contratar mais funcionários para formarem a equipe de plantão, pois

a demanda aumentou drasticamente e o número de pessoas na equipe continua o mesmo.

Convidado(a) 2: Não sei o que poderia ter sido feito de diferente, pois acho que ninguém sabia e

ainda não sabe de nada. São todos achando. Eu mesma tudo o que achei que era exagero hoje

repenso, mas ao mesmo tempo vemos que não foi suficiente.

***

Estas falas nos trazem apenas uma parte da realidade vivida pelos profissionais que entram em

cena quando o desfecho da infecção pelo Sars-CoV-2 resulta em morte. Eles apontam como o

aumento da demanda têm afetado os processos de trabalho; relatam que há um crescente

número de colaboradores afastados ou em readaptação; que houveram impactos na saúde

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mental dos trabalhadores, seus familiares e da população em geral (pelos relatos de suicídio), e

apontaram como é desafiador lidar com o luto quando não podemos nos despedir de familiares,

uma vez que existem restrições e regras rígidas no preparo destes corpos e na participação de

familiares nos velórios

Por fim, cabe a todos nós refletirmos que esta pandemia alcança inúmeras pessoas, sendo que

sua dimensão e impactos vão muito além do que é visível e mensurável.

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