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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ANO VIII N° 04- NOVEMBRO - DEZEMBRO 2015 FALA DO PRESIDENTE Adilson do Nascimento Se consultarmos qualquer dicionário, verificaremos que tra- gédia é sinônimo de calamidade, catástrofe, fatalidade, flagelo, infortúnio. Já no caso de acidente veremos tratar-se de aca- so, batida, desastre. Portanto, são duas ocorrências distin- tas! O mundo se mostra assombrado, estarrecido e triste, com a tragédia ocorrida em Mariana – MG, no dia 5 e em Paris, no dia 13 de novembro, mas dá pouca importância à queda do avião russo, abatido criminosamente, o que ocasi- onou quase o dobro das mortes de Paris. Se retroagirmos no tempo perceberemos que as tragédias mundiais se repe- tem e se sucedem em situações de consequências nefastas para a humanidade. Eis algumas: a Peste Negra entre 1734 e 1751 matou 50 milhões de pessoas na Europa e na Ásia. Em 1755 um terremoto em Lisboa alcançou 9.0 graus na escala Richter e vitimou entre 10 e 90 mil pessoas. Em abril de 1912, o Titanic, gigante da engenharia náutica britânica, com 269 metros de comprimento e 46 mil toneladas, considera- do inexpugnável, naufragou em sua viagem inaugural, após colidir com um iceberg, nas águas geladas do Atlântico Nor- te, ceifando a vida de 1517 pessoas, de mais de 40 naciona- lidades. Em 1918 o vírus Influenza, mundialmente conhecido como “Gripe Espanhola”, fez desaparecer entre 20 a 100 milhões de pessoas. Entre 1939 e 1945, a segunda guerra mundial, a maior catástrofe provocada pelo homem em toda a sua história, dizimou mais de 70 milhões de pessoas, dei- xando, ainda, perto de 28 milhões de mutilados. Em 27 de março de 1977, um choque entre dois aviões de passagei- ros, um da KLM, outro da Pan Am, na Ilha Tenerife, no Arquipélago das Canárias, na Espanha, causou a morte de 583 pessoas. Em 24 de abril de 1986 a explosão de um reator da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, provocou a morte de 25 mil pessoas, deixando 70 mil com sequelas graves. Em 29 de setembro de 2006 o desaparecimento de um Boeing 737-800, da GOL, no Mato Grosso, matou 154 passageiros. Em 17 de julho de 2007 um avião da TAM, vindo de Porto Alegre, deslizou na pista de Congonhas e explodiu ao chocar-se com um depósito de cargas, da pró- pria empresa, matando 199 pessoas. Em 1° de junho de 2009 a queda no mar de um Airbus A330 da AirFrance que fazia o voo 447 entre o Rio de Janeiro e Paris também eliminou a vida de 228 passageiros. Em 12 de janeiro de 2010 um ter- remoto de 7.0 na escala Richter atingindo o Haiti, arrasou Porto Príncipe, causando mais de 200 mil mortos, dentre os quais 21 brasileiros, da força tarefa da ONU. Em ja- neiro de 2011, chuvas torrenciais castigaram Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Arraial, Bom Jardim, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto, desabrigando 17 mil famílias e causando a morte de 900 pessoas. Em 11 de março de 2011 o terremoto mais violento da história do Japão, seguido de tsunami, arrasou cidades, causando a morte de mais de 15 mil pessoas. Em 11 de setembro de 2011 19 terroristas da organização fundamentalista islâmica al-Qaeda fizeram colidir intencionalmente dois jatos co- merciais contra as Torres Gêmeas, em Nova York, pro- vocando a morte de 2753 pessoas, de mais de 70 nacio- nalidades. Em janeiro de 2013 o incêndio na boate KISS, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, matou 247 pes- soas e feriu outras 116. Em 24 de abril de 2013 um prédio de oito andares, em Bangladesh desabou matando 1127 pessoas. A tragédia ocorrida em Bento Ribeiro, distrito de Mariana, em Minas Gerais, causada pelo rompimento de duas barragens que acumulavam 62 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos, originários da mineração de ferro, dizimou uma vila existente há 317 anos, com 600 habitantes. Toda a avalanche de lama alcançou o Rio Doce, prejudicando o abastecimento de água potável em várias cidades mineiras e capixabas e já encontrou o mar na altu- ra de Linhares, no Espírito Santo. Essa tragédia ambiental, a maior de Minas e do Brasil, poderia ser evitada, se hou- vesse melhor atenção dos órgãos reguladores e responsá- veis pela preservação do meio ambiente. Paris, que já so- frera em janeiro, atentado, embora brutal, mas em menor proporção, contabiliza, até agora, nestes atentados suici- das, com fuzilamento em massa, explosões de bombas e uso de reféns, que atingiram pessoas no Stade de France, no bar Le Carillon, no restaurante Le Petit Cambodge, no Café Bière, no restaurante Boulevard Voltaire e no teatro Le Bataclan, 129 mortos e 350 feridos, sendo que 99 es- tão em estado grave. Esse ato criminoso e covarde foi reivindicado pelo Estado Islâmico do Iraque e de Levan- te, em retaliação ao papel da França na intervenção militar à Síria e ao Iraque.
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Jul 24, 2020

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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA -

ANO VIII N° 04- NOVEMBRO - DEZEMBRO 2015

FALA DO PRESIDENTE

Adilson do Nascimento

Se consultarmos qualquer dicionário, verificaremos que tra-gédia é sinônimo de calamidade, catástrofe, fatalidade, flagelo,infortúnio. Já no caso de acidente veremos tratar-se de aca-so, batida, desastre. Portanto, são duas ocorrências distin-tas! O mundo se mostra assombrado, estarrecido e triste,com a tragédia ocorrida em Mariana – MG, no dia 5 e emParis, no dia 13 de novembro, mas dá pouca importância àqueda do avião russo, abatido criminosamente, o que ocasi-onou quase o dobro das mortes de Paris. Se retroagirmosno tempo perceberemos que as tragédias mundiais se repe-tem e se sucedem em situações de consequências nefastaspara a humanidade. Eis algumas: a Peste Negra entre 1734 e1751 matou 50 milhões de pessoas na Europa e na Ásia. Em1755 um terremoto em Lisboa alcançou 9.0 graus na escalaRichter e vitimou entre 10 e 90 mil pessoas. Em abril de1912, o Titanic, gigante da engenharia náutica britânica, com269 metros de comprimento e 46 mil toneladas, considera-do inexpugnável, naufragou em sua viagem inaugural, apóscolidir com um iceberg, nas águas geladas do Atlântico Nor-te, ceifando a vida de 1517 pessoas, de mais de 40 naciona-lidades. Em 1918 o vírus Influenza, mundialmente conhecidocomo “Gripe Espanhola”, fez desaparecer entre 20 a 100milhões de pessoas. Entre 1939 e 1945, a segunda guerramundial, a maior catástrofe provocada pelo homem em todaa sua história, dizimou mais de 70 milhões de pessoas, dei-xando, ainda, perto de 28 milhões de mutilados. Em 27 demarço de 1977, um choque entre dois aviões de passagei-ros, um da KLM, outro da Pan Am, na Ilha Tenerife, noArquipélago das Canárias, na Espanha, causou a morte de583 pessoas. Em 24 de abril de 1986 a explosão de umreator da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, provocoua morte de 25 mil pessoas, deixando 70 mil com sequelasgraves. Em 29 de setembro de 2006 o desaparecimento deum Boeing 737-800, da GOL, no Mato Grosso, matou 154passageiros. Em 17 de julho de 2007 um avião da TAM,vindo de Porto Alegre, deslizou na pista de Congonhas eexplodiu ao chocar-se com um depósito de cargas, da pró-pria empresa, matando 199 pessoas. Em 1° de junho de 2009a queda no mar de um Airbus A330 da AirFrance que fazia ovoo 447 entre o Rio de Janeiro e Paris também eliminou avida de 228 passageiros. Em 12 de janeiro de 2010 um ter-remoto de 7.0 na escala Richter atingindo o Haiti, arrasou

Porto Príncipe, causando mais de 200 mil mortos, dentreos quais 21 brasileiros, da força tarefa da ONU. Em ja-neiro de 2011, chuvas torrenciais castigaram NovaFriburgo, Petrópolis, Teresópolis, Arraial, Bom Jardim,Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto, desabrigando17 mil famílias e causando a morte de 900 pessoas. Em 11de março de 2011 o terremoto mais violento da históriado Japão, seguido de tsunami, arrasou cidades, causandoa morte de mais de 15 mil pessoas. Em 11 de setembro de2011 19 terroristas da organização fundamentalista islâmicaal-Qaeda fizeram colidir intencionalmente dois jatos co-merciais contra as Torres Gêmeas, em Nova York, pro-vocando a morte de 2753 pessoas, de mais de 70 nacio-nalidades. Em janeiro de 2013 o incêndio na boate KISS,em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, matou 247 pes-soas e feriu outras 116. Em 24 de abril de 2013 um prédiode oito andares, em Bangladesh desabou matando 1127pessoas. A tragédia ocorrida em Bento Ribeiro, distrito deMariana, em Minas Gerais, causada pelo rompimento deduas barragens que acumulavam 62 milhões de metroscúbicos de lama de rejeitos, originários da mineração deferro, dizimou uma vila existente há 317 anos, com 600habitantes. Toda a avalanche de lama alcançou o Rio Doce,prejudicando o abastecimento de água potável em váriascidades mineiras e capixabas e já encontrou o mar na altu-ra de Linhares, no Espírito Santo. Essa tragédia ambiental,a maior de Minas e do Brasil, poderia ser evitada, se hou-vesse melhor atenção dos órgãos reguladores e responsá-veis pela preservação do meio ambiente. Paris, que já so-frera em janeiro, atentado, embora brutal, mas em menorproporção, contabiliza, até agora, nestes atentados suici-das, com fuzilamento em massa, explosões de bombas euso de reféns, que atingiram pessoas no Stade de France,no bar Le Carillon, no restaurante Le Petit Cambodge, noCafé Bière, no restaurante Boulevard Voltaire e no teatroLe Bataclan, 129 mortos e 350 feridos, sendo que 99 es-tão em estado grave. Esse ato criminoso e covarde foireivindicado pelo Estado Islâmico do Iraque e de Levan-te, em retaliação ao papel da França na intervenção militarà Síria e ao Iraque.

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Notícias & comentários

Aconteceu, acontecendovai acontecer...

De que se trata?Estamos na rua Laurindo Ferreira. Até o ano de 1949, elaera conhecida como “Rua do Cruzeiro”. Recebeu nome eplaca de “Rua Doutor Laurindo Ferreira” nessa época. Ohomenageado residia em Sabará e foi contemplado complaca de nome de rua em reconhecimento pelo “CentroGouveano de Belo Horizonte” em razão do apoio à causapela emancipação de Gouveia. No mesmo dia em que aRua do Cruzeiro passou a se chamar “Laurindo Ferreira”,os entusiasmados gouveianos residentes em Belo Horizon-te, inauguraram outra placa na rua situada entre a PensãoBrasil e o Grupo Escolar Aurélio Pires. Deram a essa ruaestreita – quase um beco – o pomposo nome de “AvenidaBarão São Roberto”. O entusiasta maior desse movimen-to, Dr. Ragosino Alves subiu em um tamborete e proferiuinflamado discurso. O primeiro, junto à casa de “Chica doMestre” – Francisca Gomes Pereira -, e o segundo, junto àPensão Brasil – posteriormente, Loja Ribas & Brasil.Mas não é este o motivo de minha conversa. Retorno àRua do Cruzeiro, agora, Laurindo Ferreira. O mês é junho.Noite do dia 24 para 25. Fogueiras iluminam a noite nasportas de casa. Um mastro se levanta em louvor a São João.O costume de levantar mastros de São João ou de SãoPedro é antigo em Gouveia. Talvez, tenha surgido logo noinício do arraial. Ao se aproximar o mês de junho, Joãos ePedros, eles mesmos ou seus pais, percorrem os matos àprocura de alguma árvore. Nos anos de 1890, aventurasdesse tipo resultaram em tragédia. Um grupo de jovens,

nos matos da fábrica de São Roberto, ao cortar uma árvo-re adequada para o mastro de São Pedro, se assustou quan-do viram São Pedro em pessoa recebê-los na porta docéu. A árvore tombou sobre eles e não houve outro jeito, anão ser de comprarem passagem para outra vida.Disse dos mastros de São João e de São Pedro. Essasfestas eram domésticas. Em toda família onde houvesse umJoão ou um Pedro, a festa estava pronta. Havia tambémdevotos sem esse nome, como Rosalvo fogueteiro o qualchegou a construir uma capela em honra a São João. E quemeu leitor pensa dos Antônio? Ninguém levantava mastrosonde houvesse um Antônio?Resposta: Não. Porque levantar mastro para Santo Antô-nio era obrigação de toda a Gouveia. Gouveia é de SantoAntônio, inteirinha de Santo Antônio. Por isso, o levanta-mento do mastro de Santo Antônio, acontecia no dia 12 dejunho após a conclusão da Trezena de Santo Antônio. Apósesse solene ritual na velha matriz, em que se exibia o coro ea orquestra em grande pompa, o mastro era carregado daporta da matriz por uma dezena de homens fortes e levadorua abaixo até as proximidades da casa de Antônio Mirandae Augusto Tayoba, acompanhado pela banda de música, esuspenso lentamente com ajuda de turquesa até finalmente,reinar por mais treze dias, para insistir: Gouveia é de SantoAntônio. Suspenso o mastro, uma fileira de girândolas ele-vava fogos ao ar e bombas à terra, acompanhadas de ro-queiras que estrondavam deslocando ar por toda parte.Se Santo Antônio era de todos, São João era de quempodia. Os João e seus devotos particulares. Havia na Ruado Cruzeiro um João que chamava nossa atenção. Chama-se João Martins de Oliveira, filho de Isaltina Tameirão eJason Martins de Oliveira. Era para essa casa que conver-giam nossos olhares.Passados os anos, descubro que o mastro em louvor a SãoJoão, celebrava também a mãe que não se chamava Izabel,mas Isaltina. O aniversário do filho e da mãe quase coinci-diam. E eu, Zé de Chica, não posso deixar passar em liso adata que se há se celebrar no dia 26 de junho do ano de2016. Ela marca o centenário de nascimento de nossa mãeIsaltina. Meu leitor verá a importância dessa mãe para omundo. Ao se mudar para o bairro JK em Contagem, naRegião Metropolitana de Belo Horizonte, tornou-se refe-rência e modelo do saber viver, tendo seu nome reconheci-do pela Câmara Municipal e pela Prefeitura do município.Certamente, isso dificilmente aconteceria em Gouveia, ondeela seria apenas a mãe de Dé – José Antônio -, João, Jai-me, Gil, Rita, Romeu, Aprígio, Raul, Osmar e Dodô – Ma-ria das Dores - e do anjinho, Carlos Augusto.Convoco toda a Afago para dedicar uma edição especialde nosso Boletim do mês de junho para trazer à memóriade Gouveia as aventuras dessa mãe exemplar, pessoa ca-paz de se tornar referência para as pessoas saberem convi-ver em espaço em que os moradores procedem dos luga-

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Boletim Informativo da AFAGO página 3

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res mais desconhecidos e que sabe promover o reconhecimen-to desse novo lugar como bons vizinhos.É claro, que cada filho, neto, bisneto, noras, e amigos terãooportunidade de testemunhar o que aprenderam dessa convi-vência.

Apenas um depoimento: no dia em que nosso cardeal,Dom Serafim Fernandes de Araújo, celebrou a missa emação de graças pelos noventa anos completos de DonaIsaltina, afirmou a elegria do momento e completou “Seráque eu chego lá?”

Isaltina e Gilu, netos ebisnetos

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É preciso melhorarJosé Moreira de Souza

São sempre bem vindos comentários sobre nossaspublicações. Uma das coisas que entristece quem escrevee publica é não ter certeza de que, do outro lado, há umleitor disposto a comentar. Exatamente por isso, alegrei-meao abrir minha caixa de mensagens no facebook e medeparar com um comentário sobre uma publicação doBoletim da Afago divulgado no ano de 2010. É prazerososaber que nosso Boletim é apreciado pelos leitores mesmopassados tantos anos. Isto confere certeza de que, mais doque ser um veículo para consumo de notícias passageiras,ele cumpre a função de registrar e comentar fatos e situaçõesduradouras para nossa Gouveia.

Ainda não era meio dia, do dia 31 de outubro de 2015,quando me deparei com uma mensagem postada às 11:04h. O registro automático do facebook identificou o remetentecomo “Demétrius Machado, - Sócio administrativo ecorporativo na empresa Ipsis Perfumes Mora em Feira deSantana”.Após a leitura da mensagem, entendi ser meu dever divulgá-la para todos os leitores do sítio WWW.afagouveia.org.brposto ser um comentário de publicação da Afago comoimediatamente sublinhou seu autor no parágrafo de abertura:“Venho indignado com os comentarios desse link:http://www.afagouveia.org.br/Afago06_10.pdf”Os comentários dirigidos à publicação são poucos, serásomente a eles que me refiro e transcrevo sem alterar asregras de redação do autor: “Como diz na reportagem de um pessímo escritorcujo nâo tem nem cunho pra checar suas fontescolocando [ a pessoa X] como grande exemplo deum comercio da cidade.”...“ta bom que reporter era ruim”

...“OU SEJA PESSIMO EXEMPLO, PÉSSIMAPESSOA E PESSIMA PUBLICAÇAO SOLAMENTO”O que restou é “roupa suja”. Porém, dado já ser deconhecimento público, como declarei, é meu dever ouvirnovamente a pessoa à qual Demétrius se refere para queessa pessoa possa comentar cada afirmação atribuída a ela.Há mais do que afirmações na correspondência do autor,há explicitação de sentimentos. Acredito que somente apósisso, poderei desenvolver também a análise do textoconstruído.Levado ao conhecimento de todos, o conteúdo damensagem, em seguida, houve manifestações que analisaramou reprovaram a publicação. Cabe, porém, a mim, JoséMoreira de Souza – Zé de Flora ou Zé de Chica –, toda aresponsabilidade pela divulgação e pelas consequências daíadvindas e, ressalvada a menção a pessoas que não levammeu nome, agradeço ao Demétrius por inaugurarcomentários críticos ao nosso Boletim. A gente não vive deelogios, mas são as contestações que nos alertam para apossibilidade de sermos melhores a cada dia que passa.Prometo me esforçar para ser um escritor melhor emcondições de me comunicar com pessoas do porte doempresário Demétrius Machado. Não sei se irei conseguir,mas cuidarei de me esforçar. Não posso prometer me tornarum “repórter”, nunca o fui, nem sei bem o que é isto, mascuidarei de aperfeiçoar minha prática como pesquisador parame aprofundar melhor na questão que interessa a todos nós“empreendedorismo em Gouveia”. Não prometo, contudo,escolher abordar os assuntos para serem do agrado de talou tal leitor, mas de colocar para conversa temas que possamresultar em estudo para engrandecimento de nossa Gouveia.

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Adilson do Nascimento: Dois recadosimportantes

Estive no final de semana em Gouveia para as comemoraçõesdos 91 anos de D. Madalena, minha mãe! Todos os seus 9filhos, vindos de Belo Horizonte, Sete Lagoas, Pará deMinas, Nova Serrana, Congonhas do Norte, além das duasde Gouveia, se fizeram presentes, em uma demonstraçãode amizade e solidariedade, comuns à gente de Gouveia.Aproveitei a oportunidade para fazer algumas fotos daquelemuro tri-centenário, à frente da ONG “Caminhos da Serra”,

para mostrar a alguns incrédulos que a arte centenária émuito mais bela e sólida que as atuais, apesar de todatecnologia. Na última foto um flash do aniversário, vendo-se em primeiro plano a minha irmã Edila (que cumpre amissão de cuidar da “velha”).

Mãe e filhos merecem todos nossosaplausos!

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Notícias & comentáriosGouveia no Carranca e na Revista Comissão Mineirade Folclore

Carranca é o nome do Boletim da Comissão Mineira deFolclore. Nesse Boletim já temos contado comcolaborações importantes de Gouveianos, especialmente doprofessor Doutor Raimundo Nonato de Miranda Chaves.Na Revista, a última edição contou com colaboraçõespreciosas de nosso presidente, Adilson do Nascimento, deGeraldo Augusto Silva, presidente do Coral Crescere, e denosso Diretor Secretário, Guido de Oliveira Araújo. Naedição do último boletim Carranca na página de capa sãocolocadas duas fotografias do acervo de nosso companheiroGeraldo Manoel Brandão Bittencourt, as quais lembram opau de sebo na celebração do sábado – agora, domingo –das aleluias. Fotos semelhantes serão apresentadas na capada Revista Comissão Mineira de Folclore, edição 28. Oobjetivo é mostrar a importância do trabalho cooperativo:ninguém vence sozinho, ninguém faz nada sozinho, é ocerne da mensagem.

Vejam também a página de abertura do sítio da ComissãoMineira de Folclore: www.folcloreminas.com.br. ela convidao leitor a conhecer o roteiro turístico histórico do DistritoDiamantino - Circuito dos Diamantes - a partir de Gouveia,

ORGÃO INFORMATIVO DA COMISSÃO MINEIRA DE FOLCLORE – CMFL – 04-2015– Outubro

- Dezembro-2015

CARRANCA

Comissão Mineira deComissão Mineira deComissão Mineira deComissão Mineira deComissão Mineira de

FFFFFolcloreolcloreolcloreolcloreolclore68 anos de doação68 anos de doação68 anos de doação68 anos de doação68 anos de doação

[Ou de mais valia?][Ou de mais valia?][Ou de mais valia?][Ou de mais valia?][Ou de mais valia?]

PPPPPelo Bem Comum!elo Bem Comum!elo Bem Comum!elo Bem Comum!elo Bem Comum!

340 estudos publicados. Média340 estudos publicados. Média340 estudos publicados. Média340 estudos publicados. Média340 estudos publicados. Média

de 5 estudos por ano sobre ode 5 estudos por ano sobre ode 5 estudos por ano sobre ode 5 estudos por ano sobre ode 5 estudos por ano sobre o

Saber Viver em Minas GeraisSaber Viver em Minas GeraisSaber Viver em Minas GeraisSaber Viver em Minas GeraisSaber Viver em Minas Gerais

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Vejam as proezas de nosso Diretor Tesoureiro, Professor Doutor Raimundo Nonato de Miranda Chaves.www.folcloreminas.com.br

mais precisamente, do Registro de Contagem. Esta sugestãojá havia sido feita à Prefeitura de Gouveia, mas não foiatendida. Nosso doutor Raimundo que sabe das coisasentendeu direitinho a importância dessa mensagem.

Vejam que bela lembrança de Ma-ria José, filha de Terezinha de

Alencar, ou Terezinha de TianoMiranda. Haja mensagem vigoro-sa, tanto na contemplação dessa

fotografia, quanto na poesia criadapela filha.

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Escola Municipal João Baiano encerraatividades de 2015

Raimundo Nonato de Miranda Chaves

Às oito horas de sexta feira, quatro de dezembro, aEscola Municipal João Baiano (EEJB), reunida comas famílias, comemora a colheita, celebra a rica safrade 2015. A Escola apresenta à comunidade os produ-tos de trabalho realizado durante um ano de intensaatividade. Ali estavam os concluintes do Ensino Funda-mental II, que ela havia preparado, durante nove anos,com dedicação, com carinho e com eficiência, desdeo bê-á-bá; agora, recebendo o certificado de conclu-são da senhora Secretária Municipal de Educação.Alí estava a concluinte Érica Guedes apresentando aprimeira edição do jornal João Baiano Informa; re-digido pelos formandos sob a eficiente coordenaçãoda professora Geralda Eunice Moreira. Ali estavamos estudantes que, recebendo os ensinamentos duranteo ano, haviam galgado importante degrau, passandodo primeiro ao segundo do segundo ao terceiro até onono, constituindo assim as safras de 2016 e dos anosseguintes. Ali apresentou-se o coral dos estudantesdo Ensino Fundamental I, ensaiado pela professoraRejiane, supervisora de ensino.Não foi só isto, a Escola realizou intensa atividadeextracurricular: participou de desfile cívico, emGouveia, no dia sete de setembro, ocasião em quehomenageou a esportista gouveiana Yara Ribas; de-senvolveu atividades em Gouveia e em Camilinho du-rante a Semana Literária; realizou o projeto Horta, oprojeto Água, o projeto Lixo, o projeto Plantar Árvo-res e ainda assistiu palestras, na sede da ONG Cami-nhos da Serra, ministradas por Adriano Carvalho, téc-nico da Emater.Eu estava presente, aplaudindo e, emocionado, recor-dando meu tempo de aluno naquela escola, inicio dadécada de quarenta, papel era material escasso, usá-vamos a lousa, pequena e portátil pedra-de-escrever.A celebração aconteceu no hall do prédio da E.E.J.B.que apresentava, nas paredes, cartazes com colagensrelativas às festas natalinas, às boas vindas à comuni-dade e, em especial, referências à família: “Acreditarna Família é Construir o Futuro” , “Escola e FamíliaUnião Perfeita” era o que se podia ler em dois carta-zes. Este tema orientou o meu pronunciamento na-

quela solenidade. A Escola e os pais são duas instituições com omesmo objetivo: educar a infância e a juventude, preparar cidadãosdignos para servir à família, à comunidade e ao país. Embora te-nham o mesmo objetivo, as duas instituições têm métodos diferen-tes: a escola cuida, prioritariamente, da educação formal, enquanto

os pais cuidam de ensinar os hábitos, os costumes, as tradições, os“saberes” e os “fazeres”, enfim a cultura da comunidade. Os paisnão usam giz nem quadro-negro, não usam lápis nem papel, elessimplesmente falam, eles simplesmente agem e suas ações, suasatitudes, seu comportamento são observados e seguidos pelos filhos.Transmitem o que aprenderam com os avós que por sua vez recebe-ram os ensinamentos dos bisavós. Os pais ensinam as virtudes e nãoensinam os vícios se não os praticam. Os pais são os primeiros inte-ressados na formação dos filhos e, por isso, na parceria com a esco-la deveriam assumir posição mais proativa, mais ousada, mais exi-gente, mais fiscalizadora. Acredito que nas comunidades cultural-mente mais avançadas os pais são mais participativos e assumemposição mais forte na parceria com a escola. Nas pequenas comuni-dades rurais, nível cultural baixo, quando os pais ainda consideramque a administração pública está lhes prestando favores, a participa-ção dos pais na parceria com a escola é muito submissa. É reco-mendável, portanto, que a escola reconheça e assuma a posição deestimular, orientar e promover a maior integração das famílias àsatividades da escola. A Escola Municipal João Baiano faz isto, daímeus aplausos.A Mestra de Cerimônia senhorita Rejiane, Supervisora de Ensino,com desenvoltura e elegância, coordenou a solenidade assim:Bom dia!Neste momento solene, agradecemos a presença dos professores,dos familiares, dos amigos e, é claro, da turma de concluintes do 9ºano de 2015! Agradecemos também a presença da Secretaria Mu-nicipal de Educação, Maísa, e também, e ao nosso padrinhoRaimundo Nonato, que tanto nos auxiliaram ao longo deste ano leti-vo.É com muita honra que, em nome da Escola Municipal João Baiano,venho saudar e parabenizar vocês, nossos caros concluintes do 9ºano.Apesar da crise que enfrentamos em nosso país, não poderíamosdeixar de fazer essa simples, mas calorosa homenagem, nós da se-cretaria da escola João Baiano organizamos este momento com muitocarinho para vocês.Pensei em falar isoladamente de cada um, enaltecendo suas quali-dades e características principais, porém deduzi que isso não seriapossível. Tomaria muito tempo. E hoje a festa é de vocês, não noscabendo forçá-los à mais uma longa explanação de mais uma pro-fessora.

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Hoje vocês são os protagonistas de uma data que deverá serlembrada com a alegria do dever cumprido e de agradeci-mento. Agradecimento aos seus professores: pela sua apren-dizagem; aos seus pais: pelo apoio e, sobretudo, a Deus, pelodom da vida e pela permissão de estarmos hoje aqui.FALA DA SECRETÁRIAENTREGA DE CERTIFICADOSConvidamos agora os pais para a entrega de certificados deconclusão aos nossos queridos e já saudosos alunos do 9ºano.Adhrian dos Santos AlmeidaCleber Junior Silva MoreiraErica Guedes Pereira de OliveiraFrederico Gilcimar da Paixão MendesGleiciane MendesHelcinaria Cristina dos Santos AlmeidaOtávio Jhonathan da Silva SantosPaulo Henrique de Oliveira LimaRafaele Cristina Santos de OliveiraTamara Aparecida SouzaWeslei Pereira PintoEsperamos que vocês, agora concluintes, busquem sempreser pessoas melhores e que lutem para alcançar seus objeti-vos e seus sonhos, buscando superar qualquer obstáculo quefor preciso com garra, esforço e vontade, porque se não forassim, que graça tem viver?Continuem estudando. Muitas conclusões e formaturas ain-da estão por vir, boa sorte e muita coragem e dedicação aosnovos estudos!Obrigado a todos por fazerem parte de nossa escola. Vãonos deixar muitas saudades.ENTREGA DO JORNALDentre os magníficos trabalhos realizados em nossa escolaestá a 1º edição do jornal dos alunos do 9º ano. E neste mo-mento convidamos as alunas Érica e Gleiciane para falar umpouco sobre o jornal: “João Baiano Informa”, sobre coorde-nação da professora Geralda Eunice.CORAL DA FAMÍLIAA família é uma árvore de amorExistem no mundo diferentes famílias. Família grande, famí-lia pequena… família com pai, mãe e filhos, família com ca-sal e um cachorro, família com pai e filhos, família com mãee filhos, família em que os avós são os pais, família de san-gue, e família de coração.A família é o amor que plantamos em solo fértil, com raizforte e que cultivamos e cuidamos constantemente, para quebrotem belas flores e bons frutos. Não é à toa que se com-para a família a uma árvore. Afinal, o que é a família senãovários galhos unidos pela mesma raiz, e sustentados por umtronco comum, que precisa ser forte para suportar as intem-péries da vida.

A família é feita de laços para durar. Não importa se é famíliade sangue ou de coração. O importante é que exista amor. Asfamílias de verdade são formadas por pessoas unidas, que seapoiam incondicionalmente, que querem o bem do outro, quese sacrificam reciprocamente sem pedir nada em troca, quecelebram as conquistas e alegrias da vida juntas, e que ofere-cem os ombros como suporte para a dor e para o choro.Há famílias que são planejadas, plantadas desde a primeirasemente. Há famílias que brotam por acaso, em um solopouco fértil. Mas as famílias realmente felizes são aquelasque nutrem a vida de amor!Para celebrar a importância das famílias em nossas vidas asturmas dos prés aos 5º anos de nossa escola preparou commuito carinho um coral a fim de tocar o coração de cadaum de vocês nesta manhã de sexta-feira.ENTREGA DE RESULTADOS

Neste momento convidamos aos pais para dirigir as salaspara o momento de entrega de resultado de seus filhos.

ALMOÇO

Agradecemos a presença de todos e convidamos para umdelicioso almoço.Boas festas e um próspero ano novo.Observação: O jornal João Baiano Informa e fotos dasolenidade estão disponíveis no website

www.afagouveia.org.br

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ArtigosUm encontro com Messias de Castro

Raimundo Nonato de Miranda ChavesHá muitos e muitos anos eu estudava no ColégioDiamantinense e residia em Diamantina, durante os perío-dos letivos. Períodos de férias? Sempre em Camilinho.Camilinho era o pivô, eu viajava muito com meu pai. Co-nhecido como João Baiano, pecuarista e comerciante degado bovino, constantemente, viajando pelo Sertão.Sertão é toda a área de cerrado a oeste do Espinhaço,próximo de Camilinho, coisa de vinte quilômetros, é descera Serra do Pequizeiro, atingindo Riacho dos Ventos, já éSertão. Durantes as viagens, meu pai comprava, vendia,avaliava gado criado em sociedade por outros produtoresrurais e, também, transportava rebanhos de uma proprie-dade para outra – ele tinha quatro propriedades. Os traje-tos habituais não desenvolviam para oeste, localizavam, podese dizer, paralelos às montanhas, afloramentos do Espinhaço.No sentido sul eu fui até a comunidade de Fechados, ondemeu pai mantinha sociedade de gado com João Dumont.Ao norte nosso limite era a região de Rodeador, ali, eletinha uma grande propriedade. Também, Monjolos, rara-mente, Nossa Senhora da Glória e Santa Bárbara. O cos-tume de férias em Camilinho continuou durante o períodode universidade, a rotina das viagens pelo sertão: muitasfazendas, muitas localidades, algumas vilas, muita conver-sa, muito regateio nos negócios, sertanejas saudáveis, quei-madas de sol e bonitas, o transporte de gado naquelecerradão sem fim, córregos com leito rochoso e águas trans-parentes, mas perigosas. Muita história para contar!Hoje, no entanto, me concentro no Paraúna, melhor, Pontedo Paraúna ou São Sebastião do Paraúna. hoje emancipa-da, com o nome de Presidente Juscelino. Alguém já falouque, atualmente, apenas o rio continua mantendo o nomeParaúna. São Francisco do Paraúna ou Parauninha, hoje, éCosta Sena; Paraúna de Cima ou Crime, hoje, é Vila Ale-xandre Mascarenhas; importante avenida em Belo Hori-zonte, que recebeu o nome de Avenida Paraúna como ho-menagem à localidade que fora, no final do século XIX,candidata à construção da nova capital do estado, hoje, éAvenida Getúlio Vargas.Serei, ainda, mais especifico. Escreverei sobre umparaunense, dos mais nobres que conheci: Senhor Messiasde Castro Machado, patriarca da poderosa família Castro.Seu Messias, aí beirando os sessenta anos, cabelos bran-cos e raspados com máquina número um, muito forte, a

gente sentia o aperto de mãos quando o cumprimentava.Era um tipo sanguíneo, pele rosada queimada de sol. Calçade brim cáqui e botina amarela com elástico nas laterais,era uma espécie de uniforme de seu Messias. Residênciaconfortável, sem luxo, mobiliada no estilo espartano, isto é,nada além do essencial. Casa de um pavimento, alta emrelação ao nível da rua, adaptada ao declive do terreno. Asala de estar, pequena, piso de cimento queimado, comcadeiras individuais muito simples, uma janela de onde sepodia ver, depois da rua sem calçamento, o curral com pe-quena área coberta onde se fazia a ordenha de poucas va-cas que ele mantinha na vila. À esquerda do curral, poder-se-ia ver majestoso o Rio Paraúna, na margem, abaixo donível da rua, uma prainha onde era costume apanhar água.Normalmente, mulheres, com latas de vinte litros, destasque vinham com querosene, uma rodilha de pano sobre acabeça e a lata cheia de água sobre ela. Acompanhando,com os olhos, a correnteza do rio, lá estava a beleza deponte, toda construída em madeira, das vigas aoengradamento lateral e na parte superior ligando ambos oslados. A Ponte do Paraúna, a única, àquela época, construídasobre o grande rio, era uma obra de arte. Não existe mais!Lá estão os pilares para nos lembrar da bela ponte de ma-deira. Imagino a “saia justa” do guia de turismo mostrandoos pilares e exclamando: Aqui tinha uma ponte!Nós, meu pai, eu e um vaqueiro, que sempre o acompa-nhava, éramos hospedes de seu Messias, desde a noiteanterior. Logo que nos levantamos, tomamos cafezinho,servido por Dona Maria, ali na sala e passamos à venda desecos e molhados, a convite de seu Messias, a venda admi-nistrada pelo filho Eloy era o local preferido dele. Amplosalão retangular, no centro um longo balcão de madeira res-tringia a área da freguesia. Vendiam-se gêneros alimentíci-os, tecidos e ferragens.Seu Messias e seu João Baiano assentaram-se sobre doisdesconfortáveis tamboretes. João Baiano franzino, magro,assentado com as pernas, literalmente, enroladas uma emvolta da outra – era a posição mais confortável depois deter uma perna fraturada, em consequência da queda de umcavalo sobre ela. Messias forte, troncudo, socado, não cru-zava as pernas, mantinha o apoio sobre os dois pés. A cons-tituição física era a única diferença entre aquela dupla. Ti-rante disto, como se dizia na época, eram iguais. Aço damesma têmpera. Lídimos representantes da classe de ho-mens que se fizeram por si mesmos. Começaram do zero e

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Artigosconstruíram, cada um a seu modo, importantes patrimôni-os. Fizeram-se ricos, mas mantendo a humildade; Fizeram-se poderosos, mas sem arrogância. Conhecidos, admira-dos e respeitados conversavam amenidades e eram, cons-tantemente, interrompidos pelos fregueses da venda quefaziam questão de cumprimenta-los.Meu pai relatou a Messias que havia me levado para colé-gio em Diamantina, que eu estava indo bem nos estudos –aquela conversa de pai que vê seu reflexo no filho. SeuMessias aprovou a decisão dele e, dirigindo-se a mim, de-sabafou:— Eu não frequentei escolas, não sei escrever, não sei ler,mas as contas eu aprendi e sabia até a conta de companhia.Admirei aquela atitude: franqueza, humildade e, também,vaidade por conhecer uma fórmula de cálculo que poucosconheciam. Conta de companhia é apenas divisão propor-cional que se resolve com simples regra de três. Mas, nãoseria eu, simples estudante secundarista, a diminuir a im-portância que seu Messias dava àquele conhecimento.Pouco depois de oito horas seu Messias entrou em casa eeu, atraído pelo movimento, fui até a porta observar. Pe-quena praça, à direita da venda, ao fundo grande depósitoe, para lá estavam sendo transportada a carga da tropa queacabara de chegar à praça. O produto era algodão em ramaque seria transportado para indústrias de beneficiamentodos Pereira Diniz, em Curvelo. A região, principalmente,nas proximidades do Rio Cipó, era grande produtora dealgodão do tipo arbóreo, cultivado em consorciação commilho. Seu Messias comprava toda a produção e vendiapara Curvelo.Seu Messias voltou da Cozinha e anunciou o almoço. So-bre a mesa, tudo muito simples, travessas contendo feijão,arroz e um refogado que só poderia ser quiabo ou abóbora– eram os únicos legumes que usavam naquelas paragens –, o prato principal: dobradinhas. Prato feito, com capri-cho, por Dona Maria, agradável à vista naquela coloraçãode urucum. Meu pai, ruim de garfo, olhava aquele pratocom cor e nome bonitos, mas via apenas bucho de boi.Serviu três pedaços, misturou com arroz, pensou num bifesuculento e comeu o primeiro pedaço. Ele não podia rejei-tar aquele prato que lhe era servido com zelo. Além disso,iriamos viajar e não se sabia a que horas voltaríamos a co-mer. Com dificuldade, fazendo o cérebro sobrepor aoestomago, comeu o segundo e terceiro pedaços, quando,então seu Messias se levantou, tomou a travessa dedobradinhas e, com uma grande colher, literalmente, ia des-

pejar metade do conteúdo no prato do meu pai que, rapi-damente, tampou o prato com as mãos. Seu Messias, comvozeirão característico, insistiu:— Come Mais!— Não Seu Messias! Já comi três pedaços, respondeumeu pai.— Eu comi trinta! Retrucou Messias.— Não! o senhor comeu quatro, eu estava observando!— Já tinha comido na cozinha!

Assim era Seu Messias simples, franco e direto quandogostava, mas se não gostava a reação era do mesmo tama-nho. Se lhe oferecessem leite ou derivados podia se prepa-rar porque a resposta era rude.Pouco depois de nove horas saímos em comitiva para umadas propriedades rurais de meu pai, conhecida como Li-meira. Propriedade adquirida, na década de trinta, de JoãoAlves Dumbá, desdobramento da Fazenda do Barreiro.Terreno calcário de grande fertilidade, lembro-me de meupai, totalmente absorto, observando aquela pastagem deJaraguá quando ele afirmava, brincando, que estava vendoo capim crescer. Apenas para registro, meu professor demineralogia e de solos na Universidade de Viçosa, AlexisDoroffeef – russo branco – comparava a fertilidade dasterras calcarias do Paraúna às terras da famosa FlorestaNegra da Mãe Russia.Compunham a comitiva meu pai João Baiano, eu e um va-queiro – a sombra do meu pai –, seu Messias, um vaqueiroe Zeca. Zeca é um caso à parte, neto de seu Messias, filhode Dona Cota, por isso chamado Zeca de Cota. Excelentevaqueiro, criado com o avo Messias aprendeu todas asmanhas do negócio de gado. Fala solta, conversa agradá-vel, era uma sorte ter o Zeca como companheiro naquelaempreitada. As histórias de seu Messias eu ouvia de Zecaadmirador incondicional do avo.A Limeira distava dez a doze quilômetros do Paraúna, acomitiva montava bons animais e logo chegamos lá. seuMessias se ajeitou à sombra de uma árvore próxima aoscurrais e nós cuidamos de reunir a boiada. Vaqueiros dosertão, acostumados a correr pelos tabuleiros e pelas caa-tingas, fugindo aqui e ali dos espinhos de agulha e do res-peitado escuta-aqui – trata-se de uma leguminosa cujosacúleos são na forma de anzol e todos puxando juntos lá sevai a camisa. De outro lado, vaqueiros do espinhaço acos-tumados a correr por campos limpos desviando decupinzeiros e de buracos de tatu – se o cavalo pisa no bu-

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raco, pouco visível, a cambalhota é certa. Naquele encon-tro dava para perceber: uns observando e aprendendo comos outros. A turma boa de serviços o pasto limpo, resulta-do: a boiada presa no curral em pouco tempo. Boiadaazebuada com idade variando entre três e quatro anos, ex-citada com a movimentação estava desinquieta; seu Messi-as não se intimidou, entrou no curral, acompanhado de Zecaque fazia o papel de protetor e conselheiro. À medida quecaminhavam, os bois se afastavam formando um corredore, assim, os dois percorreram os quatro cantos do curral,observando cada animal, era algo entre cem e duzentos bois.Em seguida voltaram para junto de meu pai e seu Messiascom seu jeito característico exclamou:— O gado me serve! Qual é o preço?Meu pai não respondeu e fez apenas um chamado:— Raimundo!Eu entendi, coloquei-me junto dele e começamos a obser-var cada boi, exatamente como fizeram Messias e Zeca.Ele conhecia o rebanho e podia ter dado o preço do gadoquando foi solicitado, mas queria me ensinar e identificavacada boi, de quem ele o adquirira, quando e a que preço –memória invejável –, no final, querendo me valorizar eledisse:— Vou pedir tanto, o que você acha?Frustrou-se quem esperava um embate entre os dois gigan-tes: Messias e João Baiano. Ambos conheciam o comerciode gado, avaliaram a qualidade da boiada e logo concor-daram com o preço para satisfação minha e de Zeca. Afinalíamos, juntos, tocar mais uma boiada. A coisa não me pa-recia difícil, mas também não seria fácil. A boiada estavamuito excitada, no inicio da jornada poderíamos beirar oaramado da Limeira, seguindo pela antiga rodoviaDiamantina-Curvelo, mas o lado direito era totalmente aber-to, com vegetação de tabuleiro, difícil voltar o boi que arri-basse. Deveríamos desembocar na comunidade do Crime,passando junto da residência de Joaquim Barbosa e ali sem-pre havia daqueles cães desocupados cuja missão era latirpara toda criação que se aproximasse. Em seguida, a resi-dência de Henrique Moreira, mais cães. Tudo dando certo,ainda teríamos que atravessar o córrego do Crime, bem napassagem onde o padre quis atravessar o córrego cheio efoi levado pela correnteza. E o local ficou conhecido comoCrime. Superadas as dificuldades, seguiríamos pela terravermelha junto ao aramado da plantação de abacaxis deOzório. Ainda, não era hora de contar vitória, o maior obs-táculo estava por vir. A passagem da ponte do Rio Paraúna.

Quando não surgiam obstáculos, o gado, já acostumado àviagem, seguia tranquilo e modorrento pela estrada, Zecade Cota já arriscava o aboio: cântico lento, prolongado,choroso. Parece que o som tranquilizava a boiada. Muitasvezes, o vaqueiro mais jovem e mais ousado arriscava um eoutro verso:Menina loura bonitaTira a roupa da janelaAo ver a roupa sem a donaPenso na dona sem ela

Finalmente, a ponte do Paraúna. A entrada era como umtúnel devido ao engradamento nas laterais e na parte supe-rior. Não havia, no gado, um boi acostumado à travessia daponte. Um vaqueiro entra na frente, literalmente chamandoo gado, voz calma, tentando transmitir tranquilidade e con-fiança; os demais vaqueiros, cada um se fazendo de dois,volvendo o animal na rédea para cobrir à direita e à esquer-da; se um boi desgarrasse seria uma explosão, todos iamatrás. Um boi, dois, três entraram na ponte, os demais se-guiram o mesmo caminho. Depois de alguns metros os boisviam, através do engradamento, a agua do rio muito embai-xo de onde estavam e os da direita tentavam fugir da bordada ponte empurrando os bois à esquerda; os da esquerdareagiam de forma semelhante, resultando num “parir gato”de bois no meio da ponte. Alguns saltavam por sobre osoutros e por pouco não despencavam por sobre a murada.Os vaqueiros diminuíam a pressão e tentavam acalmar orebanho. Tudo deu certo. Agora era fazer a boiada desviarpara a direita e chegaríamos sem mais sobressaltos à Fa-zenda Saco dos Bois do Senhor Messias de Castro.

Finalmente, sombra, água fresca e um bom lanche. Os va-queiros de seu Messias cuidavam de marcar, com ferro embrasa, o gado adquirido e nós, meu pai e eu, ainda viajarí-amos para a fazenda do Barreiro do compadre João Dumbá.Apenas, estou devendo os causos do Senhor Messias, nar-rados pelo Zeca de Cota.

Estávamos vivendo a época do Zebu. Década de quarenta.Uberaba e Curvelo transformaram-se em importantes cen-tros de criação do gado indiano, conhecido como gadozebu. Eram três raças trazidas da India: Gir, Guzerat e Nelore.Do cruzamento entre estas três raças formou-se a raçaIndubrasil. Importantes criadores de Curvelo eram Evaristode Paula, criador de Gir, foi Secretário de Estado da Agri-cultura; a família Salvo, Antônio Ernesto o mais importantedeles, criador de Gruzerat, foi presidente da Confederação

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Nacional da Agricultura; Siquinha, filho do lendário coro-nel Sica, criador de Indubrasil. E, outros mais. Muita con-versa, muita publicidade, excesso de entusiasmo e ospecuaristas agindo como uma manada. Todos queriam, aomesmo tempo, touros e matrizes zebu para arraçoar seurebanho. Resultado, o preço do gado atingiu patamar fictí-cio. Os pecuaristas se endividaram e previa-se quebradeirageral. O Banco do Brasil, principal credor, houve por bemprorrogar o prazo para liquidação das dividas. seu Messi-as continuava com seus negócios e era um ponto fora dacurva; não se iludiu com a onda do zebu, mas em tendo umempréstimo correu a liquidá-lo no prazo certo. Já na pre-sença do gerente do banco, seu Messias depositou, sobrea mesa dele, o alforje abarrotado de dinheiro de ambos oslados e, no seu estilo rude, falou:— Estou pagando minha dívida!— Seu Messias, o senhor está me criando um problema.Eu não tenho como contabilizar este dinheiro. O prazo parapagamento foi prorrogado. Respondeu o aflito gerente.— Seu problema, você resolve. O meu problema era pa-gar o empréstimo. O dinheiro está ai. Conta e me devolvao alforje.Passaram-se os meses, os pecuaristas acreditavam queaquele adiamento de datas de pagamentos de empréstimopoderia se repetir ou mesmo, os mais otimistas acredita-vam, as dívidas perdoadas. O esperado não aconteceu, acobrança chegou com data certa. O patrimônio imobiliza-do em terras ou gado. A solução vender os bois e vacas, oque fosse possível. Aumenta a oferta, cai o preço é uma leiirrevogável. seu Messias analisa a situação e decide com-prar. Vai ao Banco do Brasil, a mesma agência, o mesmogerente, a mesma mesa, ele deposita sobre ela o alforjevazio e exclama:— Preciso de um empréstimo!— Seu Messias, como vai? Assente-se, por favor. Faloudelicadamente o gerente, e prosseguiu: Seu Messias, máhora! A carteira agrícola está fechada. Não tenho comoatendê-lo. Uma pausa e continuou: Mas, aguarde um ins-tante, por favor.Passando à sala ao lado ligou para a diretoria do banco,no Rio de Janeiro, e explicou que aquele senhor que pagoua dívida que havia sido prorrogada, agora, estava pedindoempréstimo. O diretor, nem tinha cidadania italiana, agiucom discernimento, autorizou o empréstimo e, ainda, co-mentou: O país precisa de homens deste padrão, atenda-ono que ele quiser. Seu Messias saiu da agência com o alforjeabarrotado de dinheiro sob o olhar espantado dos funcio-

nários que sabiam da Carteira Agrícola fechada. Comproumuitos bois, a preços relativamente baixos.Passaram-se os anos, grandes mudanças na Vila Ponte doParaúna, agora, cidade Presidente Juscelino; não se via maisruas de terra, todas asfaltadas; não se via montarias amarra-das às mangueiras, agora eram automóveis e caminhonetes,muitas delas; o curral de seu Messias? Desapareceu; ani-mais soltos pelas ruas? Sumiram; Mulheres com latas d’águana cabeça? Agora, água nas residências tratada e encanada;seu Messias, mais velho, mas cada vez mais poderoso: o clãdos Castros aumentava a cada dia pelos nascimentos e pe-los casamentos. Famílias tradicionais: os Dumbás, osMonteiros, os Mirandas, os Ribeiros, os Gonçalves entrela-çados aos Castros. Incluindo os Chaves de João Baiano:uma filha casada com neto de Messias e um neto casadocom a bisneta. Prefeito? O neto Zeca de Cota, nosso velhoconhecido; Delegado? O filho Messias – Messiinas –; Co-mércio: quando não era da família Castro era agregado aela.Seu Messias usava pequeno e velho canivete. Cortava asunhas, cortava um pedaço de fumo de rolo para freguês daVenda, cortava o cordão para amarrar o saco de mantimen-tos, enfim ele gostava de um canivete e tinha o seu. Recen-temente havia chegado à cidade, para reforçar o destaca-mento local, um policial jovem e inexperiente que, ao entrarna Venda, percebeu o canivete de seu Messias. Valha meDeus! Achou-se no direito de apreender o que julgava umaperigosa arma. A noticia se espalhou como rastilho de pól-vora – não é assim que falam? Melhor, a notícia se espalhoumais rápido do que comentários nas redes sociais. A multi-dão se formou junto a seu Messias e o empurrava para adelegacia gritando palavras de ordem: Queremos o Canive-te! Queremos o canivete! O jovem policial ao ver aquelamultidão e entendendo o propósito dela, saiu a correr, pa-rou em Curvelo a cinquenta quilômetros dali, tomou água econtinuou correndo.Messias de Castro Machado, casado com dona Maria, ocasal gerou os filhos: Deca, casado com Anita da famíliaMagalhães Miranda, de Camilinho; Henrique, casado comIracema, ainda lúcida e saudável celebrou recentemente oscem anos de vida, com direito a recepção no hotel-fazendaÁguas do Falcão, próximo da cidade; Eloy e Jonas, ambosserviram ao Exercito Brasileiro onde impressionaram pelaforça física; Messias filho e Dodo, os mais novos; Cota,mãe do prefeito Zeca; .Geralda, casada com Ozório de Melo;Rita.

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ArtigosHistória de Gouveia

Raimundo Nonato de Miranda Chaves

Conhece-se a história de Gouveia graças ao esforço e com-petência de professor José Moreira de Souza. Gouveia eseus mitos, autoria de Moreira, publicado pelo autor aconvite da Prefeitura Municipal ao tempo do prefeito Alvimare direitos da edição cedidos à Conferência de São Vicentede Paulo de Gouveia. Trata-se de edição pobre, em papelde qualidade inferior, esquecida na estante, aguardandoedição consistente com é digna do seu conteúdo. Aguar-dando, não somente, edição bem feita, em papel especial,mas aguardando também distribuição, principalmente, aosestudantes do município. É muito importante conhecer ahistória do município, tanto como conhecer as histórias doestado e do país.

Moreira foi cuidadoso, no desenvolvimento da história, ri-goroso, detalhista e, para completar, apresentou verdadei-ras pérolas. Dirimiu dúvidas: a fundadora é Maria e nãoFrancisca Gouveia, como argumentam alguns historiado-res. Os primeiros habitantes vieram pelos caminhos do Ser-tão. Não de Conceição, não de Congonhas, não do Serro.O célebre descobridor oficial dos diamantes: Bernardo daFonseca Lobo residiu em Gouveia, embora tivesse alterna-tivas de residências e, sepultado, com pompa ecircunstancias, na Matriz de Santo Antônio. O mesmo San-to Antônio que “vinha” durante a noite lá do Arraial Velhopara o local onde se ergue, hoje, a cidade. Produtores deGouveia vendiam queijos em Vila do Príncipe, no entanto,é o queijo de lá, conhecido como Queijo do Serro, quetem registro no livro dos saberes, como patrimônio imaterial,tombado pelo IEPHA – Instituto Estadual do PatrimônioHistórico e Artístico. Registrado como patrimônio imaterial,também, pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico eArtístico Nacional.

Moreira comenta os fatos e cita as datas da formação doArraial, da Paróquia, da Vila, relaciona as Sesmarias queforam doadas na região de Gouveia. Moreira relaciona aspropriedades rurais cadastradas por exigência da Lei deTerras de 1850 e discorre, com detalhes, sobre a luta deEfigênio e Juca de Mário liderando os gouveianos na buscapela emancipação da cidade.

Tem-se ai, o arcabouço, o esqueleto da história. Falta otecido mole, o recheio para que se possa ter a história com-pleta do passado remoto e do passado recente. Gouveiatem condições de fazê-lo e com relativa facilidade, apro-veitando a força do estudante gouveiano de 3º. Grau. Ora,em Diamantina e no Serro são ministrados cursos de níveluniversitário que exigem, para sua conclusão, a apresenta-

ção de Monografia sobre tema previamente selecionado.São muitos os estudantes de Gouveia que frequentam e quefrequentaram estes cursos e escreveram monografias sobrefatos e sobre personalidades gouveianos.

A ideia de envolver o estudante de 3º. grau nesta tarefa nãoé nova e nem é minha. José Moreira de Souza, seis anospassados, apresentou à Afago o projeto denominado: Prê-mio Afago de Monografia, exatamente, com este objetivo.O valor do prêmio foi definido, o edital foi lançado. Não seapresentaram candidatos. A Afago deu continuidade ao pro-jeto com o, hoje bem sucedido, Premio Afago de Literatu-ra voltado para estudantes do ensino básico. Não se tentouencontrar explicação para o desinteresse do estudante. Tal-vez pelo valor do prêmio; talvez porque a iniciativa da Afa-go tinha um que de novidade, de primeira vez, ninguém quisse expor; comissão avaliadora de Belo Horizonte, elemen-tos desconhecidos, enfim, ninguém quis se arriscar.

É uma boa hora para voltar à carga, uma boa hora parausar vantagens disponíveis: gente preparada a custos relati-vamente baixos. Assim, a Administração Municipal, cominteresse em coletar e disponibilizar informações sobre aHistória de Gouveia deverá, numa primeira etapa, recolhere disponibilizar através da Biblioteca Pública, todas asmonografias já produzidas por estudantes de Gouveia oude outras regiões, desde que o tema seja relacionado comGouveia. Ouso acrescentar que não só as monografias de-vem estar na Biblioteca Pública, mas todo material de inte-resse histórico da cidade. Pergunto: A coleção do BoletimInformativo da Afago, publicado bimestralmente desde2008, está disponível na Biblioteca Publica de Gouveia?Biblioteca Pública não pode ser passiva, ao invés de aguar-dar deve-se buscar, reivindicar coisas que interessam aosleitores.

Bruno Mendes, atuando sob contrato com a PrefeituraMunicipal, fez levantamento detalhado de aspectos cultu-rais do município, que sustentou a elaboração de projetosencaminhados a órgãos estaduais para fins de financiamen-to, além de proceder à criação do Conselho Municipal deCultura. Onde está este material?

A Fundação João Pinheiro – FJP, instituição de pesquisade primeira linha, elaborou os Planos Diretores da capital edas grandes cidades do estado. José Moreira de Souza,pesquisador sênior daquela instituição, participou efetiva-mente da elaboração destes Planos Diretores. Gouveianodedicado, competente e agora com larga experiência naelaboração de Plano Diretor, Moreira decidiu fazer o PlanoDiretor de Gouveia, mesmo sabendo que o município nãoestava obrigado, por lei, a implantar Plano Diretor. O muni-cípio tinha menos de 50 mil habitantes. Era um bônus que

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ArtigosMoreira oferecia à sua cidade, assim pensando arregaçouas mangas, coordenou diversas Audiências Públicas, cole-tou material, processou e elaborou o Plano Diretor deGouveia. Não foi aprovado, melhor não foi discutido pelaCâmara Municipal, mas os dados são história de uma épo-ca. Onde estão os dados? Onde está o Plano Diretor?

Certo dia muito claro, sol de primavera, jardins floridos nocentro de Gouveia alguém se lembrou da UNICEF, melhordo projeto conhecido como Selo UNICEF. Se o municípioconseguisse se inscrever, então, haveria verbas para muitosprojetos. Ai foi uma revolução em Gouveia: escolas, estu-dantes, professores, vereadores, autoridades, todos embusca de dados, todos preenchendo formulários. Otimis-mo geral. Uns torcendo, outros rezando. Não deu certo!Nem sempre dá certo! O projeto Gouveia não foi aprova-do! Sim, perdemos! Mas e os dados obtidos, com certoesforço? Desapareceram? Eles não contam a história deGouveia naquela época?

Voltando ao inicio, quando considerei a história escrita porMoreira como o arcabouço, e que, muito mais pode serescrito, não estou sugerindo que alguém o faça. Meu enfoqueé no sentido de envidar esforços para disponibilizar, em lo-cal acessível, toda a informação de interesse histórico dacidade. Paralelamente, à coleta de informações já disponí-veis e sua disponibilização na Biblioteca Pública, deve-seproduzir uma lista de temas de interesse histórico que pos-sam ser pesquisados pelos estudantes. Além disso, o estu-dante tem que estar motivado: bolsas de pesquisa, ajudasde custos, facilitação de viagens, facilitação de contatos paraacesso a arquivos históricos, em cartórios, em sede de pa-róquias, em arquivos públicos.

Parece-me que muitas das monografias produzidas refe-rem-se a personalidades gouveianas, mas fatos, lugares,costumes devem, também, ser explorados. Faço, a seguir,algumas sugestões:

Fazenda do Galheiro – A citada fazenda tem particulari-dades que merecem ser estudadas. A primeira delas é aamplitude: limitada a leste pelo córrego da Contagem des-de sua nascente, na várzea da contagem até sua foz no rioParaúna; dai segue pelo rio Paraúna abaixo até a foz do riodo Galheiro; segue Galheiro acima até sua nascente nosafloramentos do Espinhaço. Daí, pela cordilheira até o pontode partida. Na área da fazenda encontram-se as comuni-dades de Riacho dos Ventos, Usina, Cafundó, Catarina dosCoura, Vila Alexandre Mascarenhas e as grandes fazendasdo Barreiro, Capivara, Brejão, Galheiro e quantas outrasnos municípios de Gouveia e de Monjolos. Tudo isto alémdas campinas nas localidades de Lages, Barro Preto, Con-tagem, Crioulos, Cabeceira do Capivara e outras.

Na década de quarenta do século passado tentou-se divi-são judicial. Agrimensor de Curvelo, Pedro Mourthé pro-cedeu ao levantamento topográfico e esquematizou a divi-são. A divisão era muito complexa, criou-se o impasse:proprietários queriam as plantas de seus quinhões, refe-rendados pelo juiz; agrimensor queria o pagamento deparcela dos seus serviços antes de entregar a documenta-ção ao juiz. O juiz não podia julgar em cima do nada. As-sim, formou-se o círculo vicioso: proprietários esperandoa decisão do juiz; juiz esperando a documentação do agri-mensor; agrimensor esperando o pagamento do proprie-tário. Onde está toda a documentação?

Na década de setenta, a Rural Minas considerou as terrasda fazenda como devolutas e legalizou muitas posses.Grandes propriedades, no sertão, já haviam feito RegistroTorrens – registro especial de terras que gera presunçãoabsoluta sobre a titularidade da propriedade imóvel regis-trada. Naquela ocasião, um aventureiro, vindo provavel-mente de Mato Grosso, adquiriu uma posse e quis expan-dir, incorporando terras de domínio de minha família.Contatei, em Belo Horizonte, a presidência da Rural Mi-nas, mostrei que a fazenda do Galheiro não era terrasdevolutas e a legalização de terras foi paralisada.

Curioso é que a fazenda com toda sua amplitude não temseu nome na relação de sesmarias publicadas no livro deMoreira, e, não consta também na relação de proprieda-des rurais publicadas no mesmo livro.

Gouveianos desbravadores – Época: décadas de 30 e40 do século passado; região: terras localizadas entres oRio do Paraúna e o Rio das Velhas, margem esquerda daRodovia, hoje, BR 259, no sentido Presidente Juscelino aCurvelo; relação de propriedades rurais selecionadas: Fa-zenda das Duas Barras, próximo à foz do Rio Cipó, pro-priedade de Pedro Ivo de Miranda, natural de Gouveia,casado com Maria Amélia filha de Niquinho Miranda, deCamilinho. Nas terras altas, confrontando com a cidadede Presidente Juscelino, Fazenda Olhos d’Água, proprie-dade de Pedro Monteiro, natural de Ribeirão de Areia.Confrontando com a Olhos d’Água, a Fazenda Água Boa,propriedade de Manoel Pinto de Miranda Filho, naturalde Camilinho, genro de Pedro Monteiro e filho de NiquinhoMiranda. Em seguida a Fazenda do Jataí, propriedade deSica Filho - Siquinha, natural de Gouveia, possivelmente,São Roberto, filho de Juscelino Pio Fernandes – CoronelSica. Fazenda do Marinho, propriedade de Carlos RibasDornas, natural de Gouveia, casado com Elza de SantaCruz – Bilu, filha de Niquinho Miranda. Já nas margens doRio das Velhas: Fazenda de José Pedro Miranda, naturalde Gouveia, irmão de Pedro Ivo de Miranda.

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Boletim Informativo da AFAGO página 12

ArtigosPor que todos na mesma região? Coincidência? Em queépoca os gouveianos decidiram enfrentar o sertão inóspi-to? O que os encorajou? Sei que enfrentaram dificuldades.Meu pai – João Baiano –, na mesma época, adquiriu a Fa-zenda da Limeira – parte alta do Cafundó, e, mesmo crian-ça, sei das dificuldades que ele superou.

Saberes e Fazeres – Há que se registrarem os fazeres nascasas de rapadura e de farinha de mandioca. A casa derapadura, também, conhecida como Rebaixa – construídaem terreno com ligeira declividade, o engenho na parte maisalta, de tal forma que a garapa corria, por gravidade, até ostachos. O engenho, primitivo, todo construído em madeira,nenhum misero parafuso. Três cilindros verticais, as moendas,com três rodas dentadas na parte superior, as engrenagens,lubrificadas, se dizia untadas, com sebo e azeite de mamona.A moenda central, elemento ativo, movida pela força deuma junta de bois, e pelas engrenagens transmitia o movi-mento às duas moendas laterais. Um operador alimentavao engenho de um lado, entre as moendas: central e esquer-da; o segundo operador recebia o bagaço, do outro lado eo devolvia, numa segunda passagem, entre as moendas:central e direita. Corria uma bica da garapa e o bagaçoseco podia ir direto para o aquecimento dos tachos.

A casa de farinha, também, conhecida como casa da roda,primitiva, com a famosa prensa de madeira, nada de ferro.A prensagem da massa de mandioca era alcançada com opeso de uma imensa peça de madeira na posição horizontala dois metros, aproximadamente, de altura; uma extremi-dade encaixada, com folga suficiente para ser movimenta-da. A outra extremidade, móvel, quando elevada colocava-se o material na prensa, calços para completar a altura edescia a peça com todo o seu peso. O processo de elevare descer a pesada peça de madeira era alcançado com aforça de apenas um homem, que movia um parafuso demadeira, enroscado na peça.

Solução genial! O que dizer da habilidade do carpinteiro,trabalhando quase com canivete, fazer rosca interna comvinte centímetros de diâmetros, na peça de madeira de leicom profundidade de quarenta centímetros?

Do caldo escorrido da prensa, decantado, produzia-se agoma, o polvilho, do qual se fazia o biju com a rapadura e oqueijo trazidos, ao final do dia, pela família do fazendeiro, eproprietário da fabrica. Ali já se encontravam rapazes dosarredores, atraídos pela presença das moças farinheiras.Era uma festa a fabricação de farinha.

Valdir de Almeida Ribas, nosso doutor Valdir, sonhava coma casa do Gouveiano: um museu que contasse a história deGouveia. Este sonho fica cada dia mais distante, mesmoporque, o material: instrumentos, ferramentas e peças usa-

dos pelos artesãos desaparecem todos os dias. Mas, a his-tória, os usos e costumes, os saberes e fazeres nós temos aresponsabilidade de descrever, registrar e guardar para ospósteros.

Comentário: Nosso professor Doutor Raimundo foi maisdo que modesto neste artigo. Devemos a ele Obras impor-tantes e inéditas: Camilinho: a origem e a escola. E olevantamento da memória dos povoados do município deGouveia além dos inúmeros artigos publicados neste bole-tim. É importante registrar também que nossa poetisa,Dorinha de Dona Antônia, tem obra inédita sobre memóri-as de Gouveia e nosso presidente Adilson do Nascimento,guarda também escritos preciosos sobre Gouveia e SãoRoberto. Acrescento à mensagem do nosso doutor que de-vemos imitar Datas que publicou e lançou para todo o Bra-sil uma bela e caprichada monografia da História de Datas.

Vejam como a obra do Raimundo foi apresentada na 46Semana Mineira de Folclore.Camilinho, a origem e a escola de Raimundo Nonatode Miranda Chaves.Camilinho chamou a atenção dos mineiros no certame“Paisagens Mineiras” promovido pelo jornal Estado deMinas. O morro do “Camelinho” foi uma foto premiadaentre as finalistas do concurso. Inúmeras vezes esse morrose tornou símbolo para divulgação do Circuito dosDiamantes e da Estrada Real.Raimundo Nonato, o autor de Camilinho – notem: Camilinhoe não Camelinho – é descendente de uma ilustre famíliadessa paragem. Em sua obra, inédita, o auditório verá comouma realidade pode ser vista de um prisma diferente doscentros urbanos. Esta é a novidade. Enquanto, as históriaslocais, regra geral, privilegiam as sedes municipais, RaimundoNonato vê a Gouveia a partir de seu povoado. Cada famíliatem sua história, cada professora assume um lugar central.Como consequência, Raimundo cuida de registrar a históriade todos os povoados, incluindo a sede municipal.

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Boletim Informativo da AFAGO página 13

Numa oração maior do que a sua própria vida,além de seguir seus passos que vai num caminho a seguir o que semprevai existir. Pai, te guardo na minha lembrança, na canção que cantava para mim e mamãe na sala,pegava o violão, e eufalava: canta aquela música que eu gosto. “Ninguém ama sem sofrer,ninguém ama sem chorar,apesar disso ésaber,ninguém pode viver sem amar” recolho na minha saudade diária como se pudesse hoje repintar o novo na fontede um passado tão presente,que reluz dentro do meu coração.Fazer algo tornar especial na minha memória da pessoamais importante de minha vida, no desejo principal em poder realizar.Somente em homenagear os 100 anos de meu pai.Vavá de Madalena de Osório e Dodô de Maria Rita e Augusto Filomena, feitos em 10/02/15.Deus o fez em momentodiferente,mas a plenitude em contemplar o tempo e conhecer o poder e a arte de apenas olhar a única razão da imensasaudade. Perpetua no mais terno amor que torna num infinito.Sei onde o senhor está.Quem dera pai,se por umdescuido,Deus pudesse te trazer de volta,nem que fosse por um segundo,esses momentos na vida que pudéssemostrazer alguém do céu, um pouquinho que fosse,passar o dia, dar um beijo,sentir o cheiro,ver o sorriso ou escutar a voze dizer te amo e dizer que quanta falta faz. Enfim, recolho na minha saudade, na lembrança e ouço meu coração, nosegredo que está entre as flores.

Audrey (de Vavá / Dodô )

Acalanto(Somente para homenagear os 100 anos do meu pai)

Pai, te guardo na minha lembrança, na canção que cantava para mim e para mamãe na sala. Pegava oviolão, e eu falava: canta aquela música que eu gosto:

”Ninguém ama sem sofrer, ninguém ama sem chorar, apesar disso é saber, ninguém pode viver sem amar.”

Recolho, na minha saudade diária, como se pudesse hoje repintar o novo na fonte de um passado tãopresente, que reluz dentro do meu coração.

Fazer algo, tornar especial na minha memória a pessoa mais importante da minha vida, no desejo de poderrealizar um sonho.

Vavá de Madalena de Osório e Dodô de Maria Rita e Augusto Filomena, feitos em 10/02/15. Deus os fez emmomentos diferentes. Mas há plenitude em contemplar o tempo e conhecer o poder e a arte de apenasolhar a única razão da imensa saudade.

Perpetua no mais terno amor que se transforma no infinito. Sei onde o senhor está.

Quem dera pai, se por um descuido, Deus pudesse te trazer de volta, nem que fosse por um segundo, paraesses momentos de vida.

Quem dera pudéssemos trazer alguém do céu, um pouquinho que fosse. Passar o dia, dar um beijo, sentiro cheiro, ver o sorriso ou escutar a voz. E dizer: te amo. E dizer: quanta falta você me faz.

Enfim, me recolho na minha saudade, na lembrança. E ouço meu coração, no segredo que está entre asflores.

Me guardo numa oração maior do que a sua própria vida... além de seguir seus passos, que seguem numcaminho que sempre vai existir.

Audrey (de Vavá / Dodô )

Viva, Viva Vavá,

oro e canto,

canto e oro:

Viva Vavá!

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REMETENTEAFAGO - Associação dos Filhose Amigos de GouveiaAvenida Amazonas 115 - sala1709

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Boletim da AFAGOÓrgão Informativo da Associação do Filhos eAmigos de GouveiaAno VIII – N ° 4 - Novembro- Dezembro 2015.www.afagouveia.org.br

Diretor Responsável – Adilson do NascimentoEditoração Gráfica: José Moreira de SouzaCrédito das Fotos: Raimundo Nonato de MirandaChaves, José Moreira de Souza, Geraldo AugustoSilva, Acervo Geraldo Bittencourt.

Diretoria da AFAGOPresidente de Honra: Waldir de Almeida Ribas inMemoriamPresidente: Adilson NascimentoSecretário: Guido de Oliveira AraújoTesoureiro: Raimundo Nonato de Miranda ChavesPatrocinadores:Diretores da AFAGOComissão EditorialGuido de Oliveira Araújo.José Moreira de SouzaRaimundo Nonato de Miranda Chaves

O CORAL CRESCERE soprou velinhas no dia 15 de agostoúltimo (2015), comemorando suas Bodas de Prata emgrande estilo com Missa em Ação de Graças, oficiada peloPadre Marcelo, na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem,em Belo Horizonte, onde tudo começou nesse dia do anode 1990. Completou, então, 25 anos ininterruptos deexistência.

Essa trajetória não foi por acaso. Afinal, é formadosó por vozes masculinas, de ex-alunos dos Seminários deCaraça, Diamantina, Mariana e alguns convidados, e temno repertório litúrgico, quase todo em latim, o ponto dereferência. Isso faz com que seja um CORAL diferente,seja sui generis.

A escolha de seu nome teve sentido, também nãofoi por acaso. Afinal, o verbo CRESCERE, em latim, significaCRESCER, o que invoca o estado de êxtase em que semprese encontra quem canta música de louvor; é o estado deCRESCER EM DEUS, buscado no amor e dedicação aocanto litúrgico, pois as músicas litúrgicas renascentistasaté as atuais, aliadas à excelsa significação das letras,deixa de ser mero simbolismo, para significar a expressãomaravilhosa da ligação entre a Criatura e o CRIADOR. Emais, quando se canta em latim!...

A primeira apresentação pública do CORALCRESCERE, em agosto de 1990 foi cantando a Missa para3 vozes masculinas de Lorenzo Perosi, celebrada por DomSerafim Fernandes de Araújo, por ocasião da famosaprogramação arquidiocesana da época, em que, em um

domingo por mês, na Igreja da Boa Viagem, era celebrada “AMissa da Minha Cidade”.

Desde então seu canto ecoou pelos céus de enormequantidade de cidades mineiras, pontuando-se Gouveia,Diamantina e Serro, onde já cantou por repetidas vezes. Emtodas essas apresentações, o modelo clássico do canto litúrgicofoi o ponto alto, seja nos ofícios religiosos, seja em concertos,seja em festivais, seja em efemérides cívicas e acontecimentosacadêmicos. Enfim, são tantas as participações solenes doCRESCERE que se torna impossível enumerar.

Nas fileiras históricas do CORAL CRESCERE há gente devárias origens mineiras, destacando-se os gouveanos ilustres,Geraldo Augusto Silva (Dingo), José Moreira de Souza e Guidode Oliveira Araújo.

Para coroar seus 25 gloriosos anos de existência, oCORAL CRESCERE gravou um CD, com 15 faixas musicais, já àvenda, podendo ser adquirido através dos seguintes e-mails:[email protected] (Dingo), [email protected](Sena) e [email protected] (Maurício).

a. José Sena Reis, BH, 10/novembro/2015