ESPECIAL DIA INTERNACIONAL DA MULHER- MARÇO DE 2016 As mulheres na História da APLB-Sindicato L á se vão 63 anos (quase 64) desde aquela noite em que onze educadores assinaram a ata de sessão da fundação da Associação dos Professores Licenciados do Brasil – Secção da Bahia (APLB-BA). Graças ao livro (Movimento dos Professores da Rede Pública na Bahia -1952- 1989), de autoria de Nilda Moreira Santos, Professora Mestra da Universidade Católica do Salvador (UCSal) feito como trabalho de Mestrado, é que tomamos conhecimento dos feitos da enti- dade e dos principais passos de sua fundação. Desde a década de 1940 fomentava-se no País a ideia de criação de associações em defesa do monopólio do ensino secundário para os licenciados, informa Ramakrishna Bagavan dos Santos, professor de matemática formado na primeira turma da Faculda- de de Filosofia em 1945 (de acordo com o trabalho de disserta- ção de Mestrado de André Luís Mattedi Dias “Profissionalização dos Professores de Matemática na Bahia: as Contribuições de Isaías Alves e de Martha Dantas”). A APLB percorreu os anos 50 com suas reivindicações, dificulda- des várias, devido à falta de sede própria, mas manteve-se firme. Vieram os anos 60 e a entidade não se dobrou à ditadura militar. As lutas prosseguiram e são vários os fatos relatados no livro da professora Nilda Moreira Santos. Nos anos 70, as manifestações e lutas se intensificaram. Nos anos 80 a entidade toma novo im- pulso, há uma grande renovação de quadros que, juntos aos an- tigos e bravos militantes, dão uma verdadeira injeção de ânimo no sindicato, principalmente em 88 e 89 após a promulgação da Constituição Federal. É nesse contexto que os professores discutem nova formação estrutural para transformar a associação em sindicato. Associação – Sindicato A APLB esteve presente em todas as mudanças estatutárias e legais em nível nacional e promoveu sua própria transformação de associação em sindicato em 9 de junho de 1989. “Era uma necessidade histórica a entidade se transformar em sindicato. A transformação em sindicato, ela vem assim num rastro de espe- rança de que a institucionalização, com a democratização brasi- leira, as instituições de fato que a servissem fossem democratiza- das. A gente pensava assim: ‘Puxa, sendo sindicato pode-se instalar dissídio na Justiça e mesmo que os governantes, politicamente, não negociem, mas a Justiça julgará e prova- velmente obteremos vitórias na Justiça”, disse Maria José Lima, que foi secretária de Imprensa da entidade de 1981 a 1983, e presidente de 1985 a 1990. Inicialmente, a ideia foi criar o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (Sinteba). Em 28 de maio de 1989, foi man- chete no Jornal da Bahia: “Professores criam mais um sindica- to: Sinteba”. E explicava em seu texto que o sindicato teria um funcionamento jurídico diferente da Associação (APLB) e que os professores poderiam requerer, através do sindicato, o dissídio coletivo na Justiça do Trabalho, após impasse nas negociações. De acordo com Maria José Lima, desde abril daquele ano os as- sociados já viviam a mudança do nome da APLB, com alterações no painel e camisetas prontas para divulgação da nova entida- de. Existia em todos uma grande disposição para a mudança do nome, mas o debate era intenso quanto à nova grafia. Os professores reagiram à retirada da sigla APLB. Muitos diziam “Sinteba não diz nada”, “Que nome feio!”, “Parece fórmula de remédio”. A reação foi forte, principalmente dos professores mais antigos. A maioria entendeu que seria uma bobagem jogar fora uma sigla que já estava fortalecida há décadas, conhecida em todo o Esta- do não só pelos professores, como por toda a população. Em meio a esse debate, surgem informações de que o gover- no estadual que brigava naquele momento acirradamente com a Associação, decidira não repassar os recursos para os filiados a partir da mudança do nome. A diretoria da APLB checou com ou- tros Estados o que ocorrera em situações semelhantes e verificou que os problemas eram os mesmos da Bahia. Comprovou-se que em alguns lugares a alteração da sigla fazia com que o governo deixasse de repassar os descontos dos filiados à entidade. Assim, cinco dias antes de fundar o sindicato, houve uma reunião e veio a decisão: manter a sigla APLB como marca, como nome fantasia e pela tradição, acompanhado de Sindicato dos Traba- lhadores em Educação. Houve muitas divergências internas, mas categoria ficou satisfei- ta tanto com a substituição na SEC quanto com a manutenção da sigla APLB no recém-criado sindicato.
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
ESPECIAL DIA INTERNACIONAL DA MULHER- MARÇO DE 2016
As mulheres na Históriada APLB-Sindicato
Lá se vão 63 anos (quase 64) desde aquela noite em que onze educadores assinaram a ata de sessão da fundação da Associação dos Professores Licenciados do Brasil – Secção da Bahia (APLB-BA). Graças ao livro
(Movimento dos Professores da Rede Pública na Bahia -1952-1989), de autoria de Nilda Moreira Santos, Professora Mestra da Universidade Católica do Salvador (UCSal) feito como trabalho de Mestrado, é que tomamos conhecimento dos feitos da enti-dade e dos principais passos de sua fundação.
Desde a década de 1940 fomentava-se no País a ideia de criação de associações em defesa do monopólio do ensino secundário para os licenciados, informa Ramakrishna Bagavan dos Santos, professor de matemática formado na primeira turma da Faculda-de de Filosofi a em 1945 (de acordo com o trabalho de disserta-
ção de Mestrado de André Luís Mattedi Dias “Profi ssionalização dos Professores de Matemática na Bahia: as Contribuições de Isaías Alves e de Martha Dantas”).
A APLB percorreu os anos 50 com suas reivindicações, difi culda-des várias, devido à falta de sede própria, mas manteve-se fi rme. Vieram os anos 60 e a entidade não se dobrou à ditadura militar. As lutas prosseguiram e são vários os fatos relatados no livro da professora Nilda Moreira Santos. Nos anos 70, as manifestações e lutas se intensifi caram. Nos anos 80 a entidade toma novo im-
pulso, há uma grande renovação de quadros que, juntos aos an-tigos e bravos militantes, dão uma verdadeira injeção de ânimo no sindicato, principalmente em 88 e 89 após a promulgação da Constituição Federal. É nesse contexto que os professores discutem nova formação estrutural para transformar a associação em sindicato.
Associação – Sindicato
A APLB esteve presente em todas as mudanças estatutárias e legais em nível nacional e promoveu sua própria transformação de associação em sindicato em 9 de junho de 1989. “Era uma necessidade histórica a entidade se transformar em sindicato. A transformação em sindicato, ela vem assim num rastro de espe-rança de que a institucionalização, com a democratização brasi-leira, as instituições de fato que a servissem fossem democratiza-das. A gente pensava assim: ‘Puxa, sendo sindicato pode-se instalar dissídio na Justiça e mesmo que os governantes, politicamente, não negociem, mas a Justiça julgará e prova-velmente obteremos vitórias na Justiça”, disse Maria José Lima, que foi secretária de Imprensa da entidade de 1981 a 1983, e presidente de 1985 a 1990.
Inicialmente, a ideia foi criar o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (Sinteba). Em 28 de maio de 1989, foi man-chete no Jornal da Bahia: “Professores criam mais um sindica-to: Sinteba”. E explicava em seu texto que o sindicato teria um funcionamento jurídico diferente da Associação (APLB) e que os professores poderiam requerer, através do sindicato, o dissídio coletivo na Justiça do Trabalho, após impasse nas negociações.
De acordo com Maria José Lima, desde abril daquele ano os as-sociados já viviam a mudança do nome da APLB, com alterações no painel e camisetas prontas para divulgação da nova entida-de. Existia em todos uma grande disposição para a mudança do nome, mas o debate era intenso quanto à nova grafi a.Os professores reagiram à retirada da sigla APLB. Muitos diziam
“Sinteba não diz nada”, “Que nome feio!”, “Parece fórmula de remédio”. A reação foi forte, principalmente dos professores mais antigos.
A maioria entendeu que seria uma bobagem jogar fora uma sigla que já estava fortalecida há décadas, conhecida em todo o Esta-do não só pelos professores, como por toda a população.
Em meio a esse debate, surgem informações de que o gover-no estadual que brigava naquele momento acirradamente com a Associação, decidira não repassar os recursos para os fi liados a partir da mudança do nome. A diretoria da APLB checou com ou-tros Estados o que ocorrera em situações semelhantes e verifi cou que os problemas eram os mesmos da Bahia. Comprovou-se que em alguns lugares a alteração da sigla fazia com que o governo deixasse de repassar os descontos dos fi liados à entidade.
Assim, cinco dias antes de fundar o sindicato, houve uma reunião e veio a decisão: manter a sigla APLB como marca, como nome fantasia e pela tradição, acompanhado de Sindicato dos Traba-lhadores em Educação.
Houve muitas divergências internas, mas categoria fi cou satisfei-ta tanto com a substituição na SEC quanto com a manutenção da sigla APLB no recém-criado sindicato.
“Coisa de Mulher”“Coisa de A expressão “coisa de mulher”
se tornou usual em conteúdos pejorativos contra a fi gura fe-minina. Cansada disso, a artis-
ta Raquel Vitorelo decidiu criar o proje-to Coisa de Mulher com o objetivo de fazer exatamente o contrário do termo.
Ela quis resgatar a presença da mulher na história, na política e na sociedade em geral.
“Eu queria que existisse um traba-lho que contra-argumentasse a quem quer que dissesse que uma mulher não poderia fazer isso ou aquilo. A minha resposta é que ela não só pode, como já tiveram mulheres que contribuíram com a humanidade nessa mesma área. Coisa de mulher é o que ela bem qui-ser, afi nal”. Você pode ler mais sobre o assunto no endereço eletrônico: http://www.revistaforum.com.br/questaode-genero/2014/09/22/coisa-de-mulher--mulheres-historicas-nas-ilustracoes--de-raquel-vitorelo/
Assim surgiu há um ano o trabalho de ilustrações que vem sendo divulgado nas redes sociais de Raquel, no perfi l @rvitorelo no Facebook. Os desenhos feitos pela artista paulista trazem sem-pre o termo “coisa de mulher” sempre acompanhado dos feitos de fi guras fe-mininas importantes. Algumas são mais conhecidas do grande público como a escritora Simone de Beauvoir, a ganha-dora do Prêmio Nobel Malala e a joga-dora de futebol Marta.
Mas Raquel faz questão de trazer à tona mulheres que não têm seu tra-balho tão reconhecido, como Ada Lo-velace, a programadora inglesa que desenvolveu o primeiro algoritmo feito para uma máquina, e Bell Hoks, pensadora e escritora estadunidense que estuda a interconectividade de gênero, raça e classe.
Para você ter uma ideia do trabalho pu-blicamos parte da divulgação original (inclusive com imagem artística de Ra-quel Vitorelo) e acrescentamos outras mulheres marcantes na História. E se fôssemos incluir todas não haveria pa-pel no mundo para a divulgação.
COISA DE MULHER É...
Maria Quitéria (1792 - 1853) - Apeli-dada de “Joana d’Arc brasileira”, Ma-ria Quitéria pediu ao seu pai permissão para se alistar no exército para a luta da independência brasileira. Seu pai dis-se não e, é claro, ela foi mesmo assim: cortou os cabelos, vestiu as roupas do cunhado, e fi cou conhecida como Sol-dado Medeiros. Seu pai descobriu isso poucas semanas depois, mas o coman-dante do batalhão de Maria não dei-xou que ela fosse embora por ser uma excelente soldada. Lutou em diversas batalhas e sua bravura foi reconhecida ainda em sua época. Depois da vida militar, casou-se com um amigo de in-fância e teve uma fi lha.
Maria Felipa de Oliveira, a “Heroína Negra da Independência”, é assim que é conhecida pela população da Ilha de Itaparica. Sua história fi cou preservada na memória da população insular. É descrita como uma negra alta e forte, que vestia saias rodadas, bata, torso e chinelas. Liderando um grupo de mu-lheres e homens de diferentes classes e etnias, fortifi cou as praias com a cons-trução de trincheiras, organizou o envio de mantimentos para o Recôncavo e as chamadas “vedetas” que eram vigias nas praias, feitas dia e noite, a fi m de prevenir o desembarque de tropas ini-migas além de participar ativamente de vários confl itos.
Joana Angélica - Nos primeiros dias de insegurança e medo que tomaram con-ta da cidade da Bahia, em fevereiro de
1822, a abadessa Joana Angélica se tornou a primeira heroína e mártir da independência. O general português Madeira de Melo enfrentava a oposi-ção do comando dos militares brasi-leiros com violência. Durante o ataque ao quartel da Mouraria, os soldados
portugueses tentavam invadir o Con-vento da Lapa em busca de armas e inimigos supostamente escondidos. Já com 60 anos e pela segunda vez na direção do Convento, a religiosa ten-tou impedir a entrada de soldados no ambiente feminino. Recebeu golpes de baioneta como resposta e faleceu no dia seguinte, em 20 de fevereiro de 1822. Na época, seu assassinato serviu como um dos estopins para o início da revolta dos brasileiros. Joana Angélica dá nome à avenida principal do bairro de Nazaré, onde fi ca o Con-vento da Lapa, em Salvador, na Bahia.
Aqualtune, uma princesa guerreira que, derrotada na Batalha de Mbwila, foi transformada em escrava e trazi-da ao Brasil. Fugiu para o Reino dos Palmares, onde havia uma resistência. Lá, tornou-se líder. Deu à luz a Ganga Zumba e Ganga Zona, guerreiros da resistência africana, e a Sabina, mãe de Zumbi dos Palmares.
Dandara dos Palmares, guerreira da resistência negra do século XVII. Sua origem é desconhecida e acredita-se que tenha chegado ao Quilombo dos Palmares ainda menina. Foi uma lide-rança importante, tendo participado de ataques e defesas de Palmares. Esposa de Zumbi.
Loreta Valadares (1943-2004) - Mi-litante do Movimento Estudantil da Ação Popular (AP), nos anos de 1960, participou bravamente da luta contra a ditadura militar. Sequelas da prisão e da tortura comprometeram profun-damente sua saúde, mas não a im-
pediram de prosseguir na aguerrida militância comunista. Em plena clandes-tinidade, atuou junto a Diógenes Arru-da e outros camaradas na organização de cursos de marxismo-leninismo. Nos anos de 1980, foi professora de Ciência Política da Faculdade de Filosofi a e Ci-
ências Humanas da Universidade Fede-ral da Bahia. Também foi professora da escola do PCdoB, em cursos nacionais e na Bahia. Escreveu importantes textos sobre os fundamentos do Partido de tipo leninista e sobre o PCdoB, os quais têm sido bibliografi a dos diversos cur-sos partidários. Líder emancipacionista, além do testemunho de vida, deixa uma enorme contribuição ao movimento de mulheres e de luta para a conquista e garantia dos direitos humanos no país. Desde 2005, empresta seu nome ao Centro de Referência Loreta Valadares - Prevenção e Atenção a Mulheres em Situação de Violência (CRLV), em Salva-dor-BA. Também em sua homenagem foi constituída a Escola de Formação Loreta Valadares, a seção estadual/BA da Escola Nacional do PCdoB.
Ana Montenegro (Quixeramobim, CE, 13 de abril de 1915 - Salvador, em 2006) estudou Letras e Direito na UFRJ e depois se radicou na Bahia. Participou desde muito jovem de iniciativas pro-movidas pelo movimento de esquerda. Filiou-se ao Partido Comunista Brasilei-ro (PCB) em 1944. Grande ativista do Movimento de Mulheres foi fundado-ra da União Democrática de Mulheres da Bahia (1945), onde atuou até 1964, quando se exilou. Também participou da fundação da Federação Brasileira de Mulheres – organização ligada ao PCB; da Liga Feminina da Guanabara, criada em 1959; e do Comitê Feminino Pró--Democracia. De 1964 a 1979 fez parte da Comissão da América Latina pela Fe-deração Democrática Internacional das Mulheres. Com a anistia brasileira em 1979, Ana retorna ao Brasil e se instala
tica, e Lord Byron, o poeta. Ada desde cedo começou a demonstrar interesse pela matemática e pela literatura. De-senvolveu o primeiro algoritmo feito para uma máquina.
Simone Lucie-Ernestine-Marie Ber-
trand de Beauvoir, mais conhecida como Simone de Beauvoir (Paris, 9 de janeiro de 1908 — Paris, 14 de abril de 1986), foi uma escritora, intelectu-al, fi lósofa existencialista, ativista polí-tica, feminista e teórica social france-sa. Embora não se considerasse uma fi lósofa, De Beauvoir teve uma infl u-ência signifi cativa tanto no existencia-lismo feminista quanto na teoria fe-minista. Escreveu romances, ensaios, biografi as, autobiografi a e monogra-fi as sobre fi losofi a, política e questões sociais. Ela é conhecida por seu tra-tado O Segundo Sexo, de 1949, uma análise detalhada da opressão das mulheres e um tratado fundamental do feminismo contemporâneo, além de seus romances A Convidada e Os Mandarins.
Malala Yousafza, mais jovem ga-nhadora do prêmio Nobel da Paz. Nasceu em 1997 no Paquistão, onde atualmente há grande infl u-ência do talibã. Aos 11 anos, por convite de um jornalista, começou a escrever um blog chamado “Diário de uma Estudante Paquistanesa”. Aos 15 anos foi alvo de um ataque do talibã, sendo baleada na cabe-ça. Recuperada, hoje mora e estuda na Inglaterra. Apesar de continuar recebendo ameaças, Malala se po-siciona publicamente contra a guer-ra e a favor do direito à educação e dos direitos das mulheres.
Harriet Tubman (1822 - 1913), abo-licionista que libertou centenas de escravos durante a Guerra de Se-
3
“Coisa de Mulher”Mulher”em Salvador, integrando a direção do PCB e lutando pelos direitos humanos e da mulher. Mesmo com o fi m da an-tiga União Soviética, Ana não se aba-lou e manteve seus conceitos.
Maria da Penha nasceu em 1945, em
Fortaleza. Diante da impunidade do seu ex-marido, que lhe deu um tiro nas costas, publicou um livro em 1994 chamado “Sobrevivi... Posso contar”. Assim, o Brasil foi denunciado e con-denado internacionalmente, e por fi m obrigado a tomar algumas medidas em favor da proteção e apoio à mu-lher. Criada em 2006 a Lei Maria da Penha dispõe de mecanismos para punir o agressor e proteger a vítima.
Coisa de mulher é futebol!
Marta Vieira da Silva nasceu em 1986, em Dois Riachos, Alagoas. Foi por cinco vezes consecutivas pre-miada como a melhor jogadora de futebol do mundo. Recentemente se tornou a maior goleadora das Copas femininas com 15 gols, e está perto de alcançar o alemão Miroslav Klose que alcançou 16 gols na última Copa masculina.
Mercedes Baptista é tida como a principal responsável pela identida-de negra na dança brasileira. Nas-ceu em 1921 e se mudou para o Rio
de Janeiro ainda jovem. Trabalhou em diversos lugares antes de se de-dicar à dança, seu sonho. Em 1940 ingressou na Escola de Danças do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e em 1947 foi selecionada como baila-rina profi ssional. Teve de lidar com o
preconceito e a discriminação. Nesse mesmo período conheceu o Teatro Experimental do Negro. Em 1950, foi para os Estados Unidos estudar dan-ça com Katherine Dunham, onde teve contato com diversos tipos de dança e com a militância pela valorização ra-cial. Ao voltar para o Brasil, fundou o Ballet Folclórico Mercedes Baptista.
Anita Garibaldi (1821 - 1849) casou-se aos 15 anos por insistência de sua mãe. Em 1837, com a Revolução Farroupi-lha, conheceu Giuseppe Garibaldi, um dos principais líderes do movimento, e acabou se apaixonando pelos ideais democráticos e pelo próprio revolucio-nário. Abandonou o casamento infeliz para acompanhar Garibaldi nos comba-tes, aprendendo a usar espadas e ar-mas de fogo. Participou da Batalha de Curitibanos, na qual foi capturada e fu-giu; depois, em Montevidéu, apoiou a revolta contra o ditador Fructuoso Rive-ra; na Itália, lutou pela independência.
Ada Lovelace (1815 - 1852) nasceu na Inglaterra, fi lha de Annabella Byron, uma intelectual e destaque na matemá-
cessão nos EUA, e depois partici-pou do movimento sufragista em Nova York.
Marie Curie (1867 - 1934), cientista francopolonesa, recebeu o Prêmio Nobel duas vezes: primeiro um de
Física, junto de Pierre Curie e Antoi-ne Becquerel, por descobertas no campo da radioatividade, e depois de Química, com as descobertas do Rádio e do Polônio.
Nina Simone (1933 - 2003), cantora, compositora, pianista e ativista esta-dunidense. Desde a infância Nina Si-mone treinava para ser uma pianista clássica, mas foi rejeitada pelo presti-giado conservatório Curtis Institute - já engajada com o movimento negro, Nina logo entendeu que a rejeição se dava pela sua cor. Mas Nina não de-sistiu da música e, anos depois, teria o merecido reconhecimento do seu talento musical. Em 1964, Nina es-creveu Mississipi Goddam, uma mú-sica que se tornaria um hino simbóli-co do movimento pelos direitos civis nos EUA. A música era a resposta de Nina diante do atentado à 16th Stre-et Baptist Church.
EXPEDIENTE - Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia - Rua Francisco Ferraro, 45, Nazaré - CEP 40040-465 Salvador - Bahia. Telefone (71) 4009-8350 - Fax: 4009-8379 www.aplbsindicato.org.br - [email protected] Diretores Responsáveis: Coordenador-geral: Rui Oliveira - Diretores de Imprensa: Nivaldino Félix de Menezes, Luciano de Souza Cerqueira e Rose Assis Amorim Aleluia. Jornalistas: José Bomfim - Reg.1023 DRT-BA - Adriana Roque - Reg.4555 DRT-BA - Lêda Albernaz - Reg.907 DRT-BA. Fotos: Getúlio Lefundes. Projeto Gráfico e Editoração: Jachson Jose dos Santos e Jéssica Menezes de Araújo dos Santos - Estagiária
Violência doméstica contra a mulher no Brasil
A violência doméstica contra a mulher não é um fato novo, desde muito tempo no Brasil.
O que é novo e muito recente é a pre-ocupação com a superação dessa vio-lência como condição necessária para a construção da nossa humanidade.
Antigamente, as mulheres eram tratadas como propriedade dos homens, perden-do assim, a autonomia, a liberdade e até mesmo a disposição sobre seu próprio corpo. Há registros na história de ven-da e troca de mulheres, como se fossem mercadorias. Eram escravizadas e leva-das à prostituição pelos seus senhores e maridos.
A violência doméstica é um tema bastan-te atualizado que atinge milhares de mu-lheres em todo o mundo, normalmente é decorrente da desigualdade nas rela-ções de poder entre homens e mulheres. É uma violência baseada no gênero, pois apresenta como alicerce a tradição do patrimonialismo, a qual abarca o históri-co e discriminatório pensamento da sub-missão da mulher ao homem.
É possível verifi car que a violência do-
mestica e familiar contra a mulher, exerce um grande impacto sobre o número de homicídio contra as mulheres no mun-do. Numa pesquisa feita em 84 países, tendo como base a taxa de homicídios femininos, o Brasil ocupa a sétima posi-ção, fi cando em pior classifi cação que os vizinhos da América do Sul à exceção da Colômbia. E em se tratando de países europeus ele só se encontra em melhor situação que a Rússia.
Foi necessário muitas vítimas sofrerem e pagarem com a própria vida, para que o Estado percebesse a gravidade da vio-lência doméstica e apresentasse uma atitude positiva para amparar as vítimas.
Com o advento da entrada em vigor da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, Conhecida como “Lei Maria da Penha”, denominação em homenagem à mulher que se tornou símbolo de resistência feminina às diversas agressões do seu ex-esposo. O fato relevante para a cria-ção desta lei foi do marido contra ela, deixando-a paraplégica, contudo ele só foi punido dezenove anos depois, fi can-do apenas dois anos na cadeia. Este caso foi abordado pela Comissão Interameri-cana dos Direitos Humanos da Organiza-
ção dos Estados Americanos, a qual veio a responsabilizar o Brasil pela omissão diante da pratica deste ato.
Este tema ganhou maior relevância, en-corajando as vitimas a fazerem denún-cias contra os seus agressores, o que de certo modo tem infl uenciado na estabili-zação deste índice desde o ano de 2010. A lei ampliou as formas de manifestação da violência doméstica e familiar contra a mulher, além das mais conhecidas e praticadas que são a violência física, psí-quica, moral, sexual e patrimonial.
A Lei Maria da Penha signifi ca no comba-te à violência contra a mulher, um passo importante em todos os sentidos, mas há ainda grandes desafi os a ser enfren-tados.Em uma pesquisa da Secretaria de As-suntos Legislativos do Ministério da Jus-tiça foi revelado que 80% das mulheres agredidas não querem que o autor da violência seja punido com prisão. Os pesquisadores também apuraram que 9% das mulheres acreditam que te-nham feito alguma coisa para ‘merecer’ a agressão. “9% este número parece que é um número signifi cativo e mere-ce atenção do poder público”, Cristiane
Brandão, professora de Direito Penal da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenadora da pesquisa. Ela explica que o número é um sintoma da socieda-de brasileira, “machista e patriarcal”.
No século XXI, infelizmente, ainda ve-mos atos de violência que afeta a vida de milhares de mulheres em seus vários es-tágios de desenvolvimento, acarretando prejuízos, por vezes, irreversíveis à saúde física e mental.
Uma sociedade em silêncio é fundamen-tal para o êxito da violência. Quem pre-fere não se envolver, porque acha que vai fi car a margem do problema contri-bui com o aumento da violência.
Mulheres em MovimentoPrecisamos de mais mulheres
no poder.
Há mais de 84 anos as mu-lheres conquistavam o direito ao voto e a concorrerem a cargo eletivo no Brasil, através do Código Eleitoral Provisório de 1932, consolidado na Constituição de 1934.
Neste processo contextual histórico iden-tifi camos as contribuições do movimen-
to feminista através dos seus legados, de muitas conquistas ao longo de um árduo caminho percorrido. Isso demons-tra através da subrepresentatividade das mulheres. Por isso a importância da Lei 12.034/09, que estabelece um mínimo de 30% de mulheres candidatas em coliga-ções eleitorais na promoção de candida-turas femininas. A divisão sexual no tra-balho, na família, historicamente e ainda hoje, se traduz em maior vulnerabilidade social, disparidade salarial e dependência
de políticas públicas, o que representa um grande desafi o para a maioria das mu-lheres ascenderem à vida pública.
Precisamos assumir o nosso protagonis-mo, desconstruir o machismo e termos os homens como parceiros em nossas vidas.
VIVA AO DESAFIO E AVANÇO!VIVA O DIA 8 DE MARÇO
DIA DAS MULHERESDEPARTAMENTO DE APOSENTADA (O)
Rose Assis Amorim Aleluia é professora e diretora de imprensa da APLB-Sindicato
Luzia Gomes de Frei-tas é professora apo-sentada e diretora da APLB-Sindicato