Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1066 Dezembro/2013 Araçuaí Nascido na comunidade Calhauzinho, próximo à Araçuaí, Mauro Ivan Santos, conhecido como Louro, é casado com Vera Gomes Filho há 17 anos. O casal tem três filhas. Cassilda, de 17 anos, Talya Tâmara, de 13 anos, Evangelina, de 12 anos. Uma criança e a devoção pela terra! Aos 14 anos, ele foi para uma fazenda onde ajudava os pais no trabalho da roça. Quando fez 18 anos, foi para a comunidade de Aguada Nova e, em pouco tempo, nasceu a filha mais velha Cassilda. Logo após o nascimento da filha, ele foi para São Paulo Trabalhar na Lavoura de cana-de-açúcar. Em 1998 ele e família migraram para Belo Horizonte para trabalhar como auxiliar de serviços gerais. Louro conta que a vida era difícil, filho pequeno, salário apertado e pensamento sempre no campo. “Foram anos difíceis... Quando não estava aguentando mais surgiu a oportunidade pra eu trabalhar em uma fazenda próxima a Belo Horizonte. Lá trabalhei por 08 anos e tudo foi uma bela aprendizagem”, relata Louro. Mas Louro ainda não estava feliz, pois estava distante das suas raízes e, em 2007, voltou para o lugar onde tinha saído com sua família. Começo de vida nova “No início não foi muito fácil, comecei trabalhando em fazendas vizinhas, plantando, capinando e colhendo, pois não tinha lugar pra plantar só pra mim. Foi quando o meu ex- patrão, dono da fazenda onde trabalhei em Belo Horizonte, me fez um pequeno empréstimo, para eu pagar de muitas vezes, para comprar um pedaço de terra. Foi assim que tudo começou”, conta Louro. Sendo assim, começou a procurar um pedaço de chão, onde daria início ao seu novo começo de vida. Em 2011, ele conseguiu, com muita insistência, comprar uma propriedade de 01 hectare, que fica a 01 km da sua casa. A terra era usada para pastagem de gado e o dono não queria vendê-la. No final, Louro conseguiu comprar o terreno, porém o local não tinha água para fazer nada. A água mais próxima era a de uma represa que fazia parte de outro vizinho. Barreiro-trincheira traz esperança para família de Mauro Ivan Santos Louro na sua plantação. Barreiro de trincheira que deu em água
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Barreiro-trincheira traz esperança para família de Mauro Ivan Santos
Mario Ivan conhecido como "louro", conta como foi sua luta por um pedaço de chão, e o acesso a água para plantar. Ele conta como o Barreiro de trincheira trouxe esperança para sua vida, e da sua família.
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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1066
Dezembro/2013
Araçuaí
Nascido na comunidade Calhauzinho, próximo à Araçuaí, Mauro Ivan Santos, conhecido como Louro, é casado com Vera Gomes Filho há 17 anos. O casal tem três filhas. Cassilda, de 17 anos, Talya Tâmara, de 13 anos, Evangelina, de 12 anos.
Uma criança e a devoção pela terra!
Aos 14 anos, ele foi para uma fazenda onde ajudava os pais no trabalho da roça. Quando fez 18 anos, foi para a comunidade de Aguada Nova e, em pouco tempo, nasceu a
filha mais velha Cassilda. Logo após o nascimento da filha, ele foi para São Paulo Trabalhar na Lavoura de cana-de-açúcar.
Em 1998 ele e família migraram para Belo Horizonte para trabalhar como auxiliar de serviços gerais. Louro conta que a vida era difícil, filho pequeno, salário apertado e pensamento sempre no campo.
“Foram anos difíceis... Quando não estava aguentando mais surgiu a oportunidade pra eu trabalhar em uma fazenda próxima a Belo Horizonte. Lá trabalhei por 08 anos e tudo foi uma bela aprendizagem”, relata Louro.
Mas Louro ainda não estava feliz, pois estava distante das suas raízes e, em 2007, voltou para o lugar onde tinha saído com sua família.
Começo de vida nova
“No início não foi muito fácil, comecei trabalhando em fazendas vizinhas, plantando, capinando e colhendo, pois não tinha lugar pra plantar só pra mim. Foi quando o meu ex-patrão, dono da fazenda onde trabalhei em Belo Horizonte, me fez um pequeno empréstimo, para eu pagar de muitas vezes, para comprar um pedaço de terra. Foi assim que tudo começou”, conta Louro.
Sendo assim, começou a procurar um pedaço de chão, onde daria início ao seu novo começo de vida.
Em 2011, ele conseguiu, com muita insistência, comprar uma propriedade de 01 hectare, que fica a 01 km da sua casa. A terra era usada para pastagem de gado e o dono não queria vendê-la. No final, Louro conseguiu comprar o terreno, porém o local não tinha água para fazer nada. A água mais próxima era a de uma represa que fazia parte de outro vizinho.
Barreiro-trincheira traz esperança parafamília de Mauro Ivan Santos
Louro na sua plantação.
Barreiro de trincheira que deu em água
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais
Mas Louro não desistiu, foi com a cara e a coragem e pediu
ao vizinho permissão para usar a água para plantar. E
assim foi. Ele fez uma pequena irrigação da represa até seu
terreno e começou a fazer as primeiras plantações.
“Comecei plantar frutas: mangas, banana, coco e limão. As
hortaliças gastavam mais água, então a produção não era
muito grande, era mais para o consumo da casa mesmo,
mas já ajudava muito”, conta Louro.
“Quando ouvi falar das construções das tecnologias que a
Cáritas Diocesana de Araçuaí, em parceria com a ASA (Articulação Semiárido Brasileiro)
estava implantando na minha comunidade, tratei logo de saber como fazer parte dos
processos, e assim foi, participei de reuniões, Capacitações (Gestão de Água para Produção
de Alimentos (GAPA), Sistema Simplificado de Manejo de Água pra Produção (SISMA), que
fortaleceu muito meu conhecimento, aprendi muito e sou grato por isso”, conta Louro.
No início de 2013, Louro foi contemplado com um barreiro-trincheira, que no início das
cavações deu em água.
“Fiquei tão feliz que nem acreditei que agora teria minha própria água para plantar o que eu
quisesse. Logo em seguida já aumentei a produção. Plantei pés de quiabo, couve, alface,
cebolinha, beterraba, cenoura e tudo que eu achava que produzia naquela terra e, graças a
Deus, produziu muito. O pés de quiabo deram com tanta fartura que eu e minha família
comemos, demos para a vizinhança e ainda comercializamos o excedente na feira livre de
Araçuaí, melhorando assim a renda e, consequentemente, a qualidade de vida da minha
família”, relata Louro.
Hoje, Louro conseguiu dar início a uma nova caminhada em sua vida. Ele e sua produção
cresceu muito. Ele já ousa fazer plantações de tomate, milho, abóbora e feijão. Seu pedaço de
terra não é muito grande mas é suficiente para dar bons frutos.
Além de tudo, ele usa inseticidas naturais como urina de gado para combater pragas e
pulgões que ataca sua produção e outros meios de prevenção e controle. Usa, na sua
propriedade, a técnica de canteiros econômicos e curvas de nível para economizar água.
Essas técnicas que ele colocou em prática, em sua
propriedade, foram ensinadas nos cursos de
capacitação.
“Acho muito importante o trabalho que a Cáritas
Diocesana de Araçuaí vem fazendo junto com ASA na
nossa região e em todo Semiárido brasileiro, pois nós
“homens do campo”, temos a esperança de
permanecer no nosso pedaço de chão, ser feliz e fazer
o que gosta. Hoje tenho certeza que é aqui que vou