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7/23/2019 Barbara Bialley - o Segredo Da Mansao http://slidepdf.com/reader/full/barbara-bialley-o-segredo-da-mansao 1/45  O SEGREDO DA MANSÃO  (BARBARA BIALLEY) Capítulo 1 Marcada Pela Ader!"dade  — Não adianta se esconder, Kitty! Onde foi que você se meteu, bichinha? Levantando a colcha, Pamela tornou a esiar a escuridão debaio da cama" #eois, voltou $ sala, eaminou os oss%veis esconderi&os ara uma 'atinha de estima(ão e entrou novamente na co)inha" O ratinho rosa, decorado com flores e o nome Kitty, continuava sobre o chão ladrilhado, erto da ia, transbordando de leite, como o deiara ouco antes"  — *ou acabar me atrasando or causa de você, sua danadinha! — +urmurou, irritada"  — Kitty! Kitty! — hamou baiinho" -obressaltada, ensou que a 'ata odia ter fu'ido ara a rua" Não, imoss%vel" .inha certe)a de que a orta ficara trancada o temo todo, desde que che'ara do escrit/rio, na v0sera" 1stava eausta e não sa%ra $ noite, dese&ando estar bem disosta ara a via'em" 1 a'ora, não odia via&ar, deiando o animal)inho reso no aartamento"  — *ou acabar as malas" 1la terminar2 aarecendo" *oltou ao quarto, onde deiara as malas sobre a cama, uma delas &2 cheia, e outra or arrumar" Pe'ou um vestido no cabide, com 'esto maquinai, dobrou3o e er'ueu a tama da mala" 4uase saltou assustada, quando um vulto cin)a3latinado voou or ela como um b/lido, com um miado aterrador"  — Kitty! — 1clamou a &ovem" — 5onito esconderi&o arran&ou! *amos, venha c2, queridinha! +amãe vai via&ar, mas você ficar2 bem" 6 senhora -and'round ficar2 feli) em cuid23la""" Kitty ronronou, esfre'ando3se nas ernas da dona" 1ra uma bela siamesa, de olhos a)uis forte" .omando3a no colo, Pamela caminhou ara a sa%da do aartamento" 1s'uia, sem ser ma'ra em ecesso, Pamela tinha um coro bem roorcionado, uma  ele alva e seus cabelos, de um dourado cor3de3mel, combinavam erfeitamente com os olhos a)ul3esverdeados" #eiando a orta do aartamento encostada, desceu ara o andar de baio, onde residia 6'atha -and'round, vi7va de um militar de -ua +a&estade, que servira na %ndia" -o)inha em Londres, sem filhos nem arentes, ela raticamente adotara Pamela, desde que esta viera residir naquele aartamento de 5romton 8oad, em -helsea, um ano e  ouco antes" 6 convivência tamb0m fora ben0fica ara a &ovem que, na velha vi)inha, encontrara um ombro ami'o, onde chorar, quando a fatalidade batera $ sua orta, al'uns meses antes" 1nquanto dobrava o atamar da escada, Pamela não 9de deiar de ensar em 6lan" 6li, naquele cantinho, em uma noite chuvosa de &aneiro, ele dissera que a amava" 1 mais tarde, &2 aaionados, muitas ve)es ocuavam aquele de'rau, semre que o calor sufocante do aartamento os imelia ara a escada, onde o vento encanado da rua subia em esiral at0 o alto" 6'ora, tudo estava acabado" 6lan desaarecera de sua via, e tamb0m do mundo" -em uma seultura decente""" sem um t7mulo ara receber as flores e l2'rimas dos entes queridos, o coro erdido nas rofunde)as insond2veis e a'itadas do +ar do Norte, desaarecido ara semre"
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Barbara Bialley - o Segredo Da Mansao

Feb 14, 2018

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  O SEGREDO DA MANSÃO  (BARBARA BIALLEY)

Capítulo 1

Marcada Pela Ader!"dade

 — Não adianta se esconder, Kitty! Onde foi que você se meteu, bichinha?Levantando a colcha, Pamela tornou a esiar a escuridão debaio da cama" #eois,voltou $ sala, eaminou os oss%veis esconderi&os ara uma 'atinha de estima(ão eentrou novamente na co)inha"O ratinho rosa, decorado com flores e o nome Kitty, continuava sobre o chãoladrilhado, erto da ia, transbordando de leite, como o deiara ouco antes"

 — *ou acabar me atrasando or causa de você, sua danadinha! — +urmurou, irritada" — Kitty! Kitty! — hamou baiinho"-obressaltada, ensou que a 'ata odia ter fu'ido ara a rua" Não, imoss%vel" .inhacerte)a de que a orta ficara trancada o temo todo, desde que che'ara do escrit/rio, nav0sera" 1stava eausta e não sa%ra $ noite, dese&ando estar bem disosta ara a via'em"1 a'ora, não odia via&ar, deiando o animal)inho reso no aartamento"

 — *ou acabar as malas" 1la terminar2 aarecendo"*oltou ao quarto, onde deiara as malas sobre a cama, uma delas &2 cheia, e outra orarrumar" Pe'ou um vestido no cabide, com 'esto maquinai, dobrou3o e er'ueu a tamada mala"4uase saltou assustada, quando um vulto cin)a3latinado voou or ela como um b/lido,com um miado aterrador"

 — Kitty! — 1clamou a &ovem" — 5onito esconderi&o arran&ou! *amos, venha c2,

queridinha! +amãe vai via&ar, mas você ficar2 bem" 6 senhora -and'round ficar2 feli)em cuid23la"""Kitty ronronou, esfre'ando3se nas ernas da dona" 1ra uma bela siamesa, de olhos a)uisforte" .omando3a no colo, Pamela caminhou ara a sa%da do aartamento"1s'uia, sem ser ma'ra em ecesso, Pamela tinha um coro bem roorcionado, uma

 ele alva e seus cabelos, de um dourado cor3de3mel, combinavam erfeitamente com osolhos a)ul3esverdeados"#eiando a orta do aartamento encostada, desceu ara o andar de baio, onde residia6'atha -and'round, vi7va de um militar de -ua +a&estade, que servira na %ndia"-o)inha em Londres, sem filhos nem arentes, ela raticamente adotara Pamela, desdeque esta viera residir naquele aartamento de 5romton 8oad, em -helsea, um ano e

 ouco antes" 6 convivência tamb0m fora ben0fica ara a &ovem que, na velha vi)inha,encontrara um ombro ami'o, onde chorar, quando a fatalidade batera $ sua orta, al'unsmeses antes"1nquanto dobrava o atamar da escada, Pamela não 9de deiar de ensar em 6lan" 6li,naquele cantinho, em uma noite chuvosa de &aneiro, ele dissera que a amava" 1 maistarde, &2 aaionados, muitas ve)es ocuavam aquele de'rau, semre que o calorsufocante do aartamento os imelia ara a escada, onde o vento encanado da rua subiaem esiral at0 o alto"6'ora, tudo estava acabado" 6lan desaarecera de sua via, e tamb0m do mundo" -emuma seultura decente""" sem um t7mulo ara receber as flores e l2'rimas dos entesqueridos, o coro erdido nas rofunde)as insond2veis e a'itadas do +ar do Norte,

desaarecido ara semre"

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-acudiu a cabe(a ara afastar aqueles ensamentos" #esceu o outro lance da escada, e a brisa fria que subia ela escada terminou de secar seus olhos 7midos"Parou diante da orta da senhora -and'round e aertou a camainha" Não eseroumuito" Ouviu o arrastar li'eiro dos 0s da velha senhora e, lo'o deois, os dois olhosmuito a)uis sur'iam no visor"

 — -ou eu, senhora -and'round, Pamela""" Ouviu a fechadura sendo destrancada" — : você minha querida, entre, entre! — onvidou 6'atha" — Não a eserava tãocedo" +adru'ou muito ho&e"""Pamela entrou na acolhedora sala de estar da senhora -and'round" Os m/veis eramanti'os e austeros, de cor escura, mas os bibel9s e souvenirs, recorda(;es de uma vidade muitas andan(as ao lado do marido militar, davam uma nota ale're ao tom escuro domobili2rio, alternando3se com os muitos quadros e foto'rafias endurados nas

 rateleiras" — <ui ara a cama assim que che'uei do trabalho — sorriu a mo(a" — 4ueria estar bem disosta ara a via'em ho&e" 6final, daqui a <lamborou'h h2 um bocado de chão"""Kitty miou an'ustiadamente em seu colo"

 — Não sei o que h2 com ela — disse Pamela, alisando o lombo sedoso do animal" —Parece adivinhar que vou ficar uma temorada fora tie Londres""" Procurei3a eloaartamento inteiro, che'uei a ensar que fu'ira, mas, finalmente ela aareceu, ima'ineonde! #entro da minha mala! omo se dissesse que quer ir tamb0m"""6 senhora -and'round er'ueu os olhos bondosos ara a mo(a"

 — #i)em que os siameses são a ra(a de 'atos mais inteli'entes que eiste — comentou" — -em d7vida, ressentiu que ficaria sem você al'um temo"Pamela assou os olhos lentamente ela sala"

 — Kitty ficar2 bem aqui — disse" — 1u 0 que vou ter saudades, senhora -and'round"6inda não arti e &2 estou ensando em voltar"""6 senhora e'ou a 'ata no colo e foi caminhando ara a co)inha, se'uida or Pamela"

 — 6cho que a via'em lhe far2 bem, minha querida — disse" — -emre 0 bom mudarde ares quando temos o cora(ão oresso" #i'o or eeriência r/ria""" — susiroufundo" — 1mbora, 'ostasse muito da %ndia, não ude continuar mais l2 deois que meumarido morreu" .udo ficara estranho de reente, comreende? Nada mais fa)ia sentido

 ara mim, e então, voltei, mesmo sabendo que não teria nin'u0m a eserar3me emminha terra"""6briu a 'eladeira de modelo anti'o, tirou a 'arrafa de leite e encheu um ires, quedeois colocou no chão" Kitty saltou de seu colo, concentrando3se inteiramente emencher o est9ma'o"-em di)er mais nada a senhora -and'round abriu um arm2rio e foi tirando as e(as de

um servi(o de ch2, que colocou sobre a mesa"-entada $ mesa, com o rosto entre as mãos, Pamela contemlava a mulher" 6'atha-and'round bem oderia ser sua mãe, ensou" .amb0m ela sentia a falta de umafam%lia, ansiava or finalmente ter al'o de seu, marido, filhos, tudo aquilo que

 reencheria o va)io de tantos anos, a solidão afetiva em que vivia, desde a morte dos ais em um desastre, quando tinha de) anos"1stava com a av/, em <lamborou'h, quando che'ara o tele'rama com a not%cia"Lembrava3se erfeitamente da cena".obby, o &ardineiro, acabara de lev23la ara ver um 9nei rec0m3nascido, e ela ainda

 ermanecia etasiada ao ensar que um dia oderia mont23lo, 'aloar or toda a imensa roriedade do av9, senhora de seu destino e daquele animal)inho"

.obby ouvia seus lanos acientemente, soltando baforadas do cachimbo, $ orta docotta'e em que vivia, no fundo mais recuado do arque"

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 — 4uando 0 que você vai me deiar montar nele, .obby? — *ocê 0 uma menina, mas ele ainda 0 um bebê, Pam" .er2 de eserar at0 que ele fiquecom as atas bem firmes"

 — 1 quantos dias reciso eserar, .obby? Nunca che'ou a ouvir a resosta de .obby, orque nesse momento, um emre'ado

che'ou aressadamente, di)endo que o av9 queria ver a menina"Pamela o se'uia, saltitando de ale'ria, o ensamento reso no maravilhoso 9nei queseria seu" Nem notou a fisionomia s0ria do av9, os olhos tristes que a fitavam com uma

 ena imensa" =ritou, ainda da orta> — *ov9, o meu 9nei nasceu esta noite! 1 .obby disse"""O av9 abra(ou3a com tanta for(a, que ela erdeu o f9le'o" #eois, disse, em vo)enrouquecida, alisando3lhe os cabelos>

 — 1sque(a .obby e o 9nei, querida" *amos voltar ara Londres ainda ho&e" — +as eu não quero ir ara l2, vov/! *ocê me rometeu""" — <ica ara outra ve), Pam" -ua mamãe e seu ai sofreram um acidente" 1stão nohosital e querem vê3la"

Os ais de Pamela tinham via&ado ara o continente um mês antes e s/ deviam voltar bem mais tarde, a/s uma demorada turnê elas rinciais cidades da 1uroa"lya .obac@, de ascendência olonesa, famoso concertista de violino, tinha contratos acumrir na temorada, e a mulher o acomanhara, deiando a filha com os av/s, em+anor Aaversham, a vasta roriedade no ondado de Bor@, que h2 muitas 'era(;es

 ertencia $ fam%lia"6s rimeiras not%cias tinham che'ado $ n'laterra, lo'o a/s a artida do casal,relatando os êitos de .obac@ e a felicidade do casal, ois, finalmente reali)avam umsonho ansiosamente acalentado" 6quela turnê seria o caminho da 'l/ria ara oconcertista, o renuncio de muitas outras, em v2rios recantos do 'lobo"<ora uma curta felicidade" .obac@ cobrira o itiner2rio das cidades francesas e artiam deParis ara 5erlim quando aconteceu o terr%vel acidente ferrovi2rio, no qual in7merasv%timas haviam erdido a vida" 1ntre outros, o casal escaara or mila're, mas seuestado insirava cuidados"#ou'las Aarversham, o av9 de Pamela, retendia artir ara Londres e, de l2, se'uir or via a0rea ara a caital francesa, em comanhia da neta" 6cabara de receber umtele'rama com a not%cia do acidente e <elicity .obac@ queria ver a filha"""Partiram ainda nessa noite" 4uando che'aram $ Londres, outro tele'rama eseravaAaversham> sua filha e o 'enro não tinham resistido $ 'ravidade dos ferimentos ehaviam falecido"+ary Aaversham, av/ de Pamela, tinha o cora(ão fraco e não udera acomanh23los na

via'em, uma ve) que a not%cia a deiara acamada" <elicity semre fora a filha redileta,desertando, assim, os ci7mes de <iona e <loyd, os outros dois filhos" 6 rimeira viviana 6m0rica, &2 casada e mãe de três filhos" O raa) estudava em Oford"

 — 5eba, minha querida" -eu ch2 vai esfriar"""Pamela areceu desertar subitamente" 1ra incr%vel que estivesse ali, na co)inhaacolhedora da senhora -and'round, com uma %cara de ch2 $ sua frente"

 — Oh, erdão, senhora -and'round, estava ensando""" — 4uem ensa não casa, filha — sorriu docemente a mulher" — 1 você recisaenfrentar a vida de novo, esquecer o que aconteceu" *isitar outros ambientes, entende?Pamela meneou a cabe(a" 1stendeu a mão ara uma torrada e a encheu de 'el0ia,

 ensativa"

 — Não era em 6lan que ensava, senhora -and'round"6'atha tomou um 'olinho de ch2 e eserou que ela falasse"

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 — Pensava em meus ais, no meu av9""" — Procure encher essa cabecinha com coisas mais ale'res, filha" 6final, você tem seutrabalho, 0 uma mo(a bem sucedida, e ir2 lon'e, 'aranto,Pamela trabalhava como secret2ria em uma editora em -haftesbury 6venue, quaseesquina de Picca3dilly ircus, mas retendia um dia ter sua r/ria emresa em um dia

não muito distante" 1stava estudando decora(ão e at0 &2 vinha conse'uindo al'unsclientes" 1ra uma questão de temo" — 6 senhora tem toda ra)ão — sorriu, for(ando uma ale'ria que estava lon'e de sentir" — Não sei o que seria de mim sem a senhora"""Os olhos de 6'atha -and'round enterneceram3se" 1la a&eitou maquinalmente oscabelos, que eram como uma aur0ola rateada em seu rosto de fei(;es aristocr2ticas"

 — =ostaria de ter tido uma filha como você, querida" +as #eus não quis" Precisa tercora'em, orque, a deseito de tudo, a vida continua"Pamela encarou a velha senhora com os olhos brilhantes"

 — 6contece que eu não me conformo, senhora -and'round! Não osso me conformar!4uando enso naquela noite em que 6lan artiu, rometendo voltar dentro de quin)e

dias ara nos casarmos""" 0 dif%cil conformar3me! -er2 que tamb0m não tenho um oucode direito $ felicidade? Primeiro meus ais, deois minha av/, a'ora 6lan""" : dif%cilaceitar todas estas adversidades!6fastou maquinalmente a %cara e, enterrando a cabe(a nos bra(os, come(ou a solu(ar"6'atha -and'round a deiou desabafar"C2 resenciara crises semelhantes naqueles meses, e ela r/ria assara or eeriênciaidêntica, quando erdera o marido"-im, era dif%cil conformar3se com a erda do homem amado, rincialmente se, deoisdisso, a vida fosse um va)io ermanente, a solidão mais deseserante"Os solu(os de Pamela foram diminuindo e ela er'ueu o rosto lavado de l2'rimas"1nu'ou3os com raiva, nas costas da mão"

 — -ei que reciso encarar a vida com outros olhos, mas, or enquanto, ainda 0 muitodif%cil, minha ami'a — murmurou, como que se desculando" — 1 eu edi tanto a 6lanque não fosse ara l2, que arran&asse outra coloca(ão menos arriscada"""6lan 6dler, no entanto, &amais dera ouvidos $ noiva" 1n'enheiro rec0m3formadorecebera uma roosta ara trabalhar nas sonda'ens etrol%feras do +ar do Norte, a DEFmilhas da costa de 6berdeen, na 1sc/cia"1m sua rimeira fol'a não odia mostrar maior entusiasmo" .rouera montes defoto'rafias, documentando as fases do trabalho, e as esalhara ali mesmo, na mesa daco)inha da senhora -and'round, diante das duas atentas esectadoras"+ostravam as enormes lataformas montadas sobre a torre de erfura(ão do leito

mecGnico, terminados os trabalhos de rosec(ão" — O leito do mar fica a cento e cinqHenta metros de rofundidade, onde se assenta atorre" #ali ara baio 0 que come(a a erfura(ão, at0 a sonda encontrar o len(ol

 etrol%fero, ima'inem, a dois quil9metros e ouco! 1 eu estou entre os ioneiros nessaaventura in0dita! <icarei famoso, Pam! 6s roostas ara trabalho choverão em minhacabe(a! -erei rico, teremos o que quisermos, eu você, nossos filhos!"""-eu entusiasmo era conta'iante, mas Pamela não se deiava en'anar" 6s condi(;es

 eculiares do +ar do Norte tinham levado a tecnolo'ia etrol%fera a seus n%veis maissofisticados, mas, em de) anos, isso &2 havia custado a vida de IF homens" *entos dequase du)entos quil9metros hor2rios e va'alh;es de vinte metros de altura unham emrisco a vida dos oer2rios nas lataformas"

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1, or ve)es, a temeratura do mar odia matar um homem em cinco minutos, se eleca%sse nas 2'uas" Aavia medidas severas de se'uran(a, $s quais se tornavam ainda maisr%'idas no inverno" No entanto, nada disso valeu ara 6lan 6dler"Jm cabo se soltou quando encerravam o eediente de mais uma dia de trabalho"O fo' era intenso, havia vento forte e uma chuva 'elada, imedindo a che'ada do

helic/tero, que era a via de comunica(ão entre a lataforma e a terra firme, três ve)es or semana" Aouvera um erro humano, nada mais"""1stavam todos atentos $ che'ada do helic/tero, que não aarecia" 6'u(avam osouvidos, rocurando ouvir a ru%do dos motores acima do uivo da ventania""" e umoer2rio manobrou erradamente um cabo de a(o" 1mbora de metal, o vento o sacudiucomo um barbante, &o'ando3o sem rumo sobre os homens mais abaio" 6lan estava emsua tra&et/ria"-eu coro caiu ao mar, &2 artido ela metade"6 not%cia do acidente fora um 'ole terr%vel ara Pamela, que sonhava com o re'ressodo raa) ara se casarem" 1la recebera o tele'rama quando re'ressava do trabalho esubira a escada correndo, sem arar ara uma alavrinha com a senhora -and'round,

como era seu h2bito de todos os dias" 4ueria ler a boa not%cia — orque s/ odia seruma boa not%cia — na intimidade de seu aartamento, saboreando cada alavra mil euma ve)es" Na certa, 6lan conse'uira anteciar sua licen(a ara o casamento e lo'oestaria em Londres"""0us, tinha que rovidenciar as cortinas! 1 trocar o taete da entrada, &2 com as bordasesfiaando" 1 o vestido ara a cerim9nia! 1nquanto subia os 7ltimos de'raus, decidiuque odia ermitir3se uma etrava'Gncia nesse sentido"#ias antes, vira umas três e(as maravilhosas do Aarrods, em Kni'htsbrid'e"onsumiria seu sal2rio de uma semana, mas valia a ena" -etenta e duas libras""" 5ola,afinal, era ara o seu casamento" *iu3se tra&ando aquela maravilha, cria(ão de *alerieLonthan, coisa muito esecial"""1nfiou a chave na fechadura, quase sem f9le'o" Não deu aten(ão a Kitty, com os

 bi'odes lambu)ados de leite limitou3se a aertar o interrutor erto da orta, e abriu otele'rama, com 'estos nervosos, febris"1stranhando a sua ausência, a senhora -and'round subira ara saber o que havia"1ncontrou3a sentada na oltrona ao lado da lareira, a orta de entrada aberta, otele'rama amarrotado, ca%do ao chão, a seus 0s Kitty miava lamentosamente,

 arecendo artilhar do sofrimento de sua dona, mas esta não lhe dava a menor aten(ão"Pamela estava muito r%'ida, emerti'ada na oltrona, os olhos muito arre'alados e fiosnum onto va'o" 6enas seu coro arecia estar ali, im/vel, como que hinoti)ado"<oi levada ara o hosital em estado de choque"

Jm mês mais tarde, come(ou a emer'ir ara a vida, mas era como se al'o tivessemorrido dentro dela" 6os oucos, o calor humano da bondosa 6'atha, sua comanhiaconstante, uma dedica(ão de verdadeira mãe, finalmente conse'uiram tra)er Pamela.obac@ ao mundo de coisas comuns, no qual ela teria de viver" *iver e continuarlutando"

Capítulo #$%a &"a'e% ao Pa!!ado

E silêncio dentro do carro era total, enquanto Pamela ercorria os sub7rbios tristonhosde Londres, enfrentando a neblina baia, que lhe dificultava a visão"

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6 densa cerra(ão, embora fosse ouco mais de meio3dia, dava a imressão de ser lenocre7sculo" 6 n0voa acin)entada arecia enetrar na alma, derimindo seu cora(ãoainda mais"

 No fundo, achava que fora bom ter aquela elosão de nervos em casa da senhora-and'round"

 — 6cho que estou ficando com comleo de v%tima — quase sorriu, falando ara simesma"-im, devia ser isso" #entro de mais al'uns dias, faria um ano que 6lan falecera, mas elacontinuava curtindo a triste)a, como se sentisse ra)er em acalentar essa m2'oa"6nalisando3se detidamente, che'ou $ conclusão de que, nos 7ltimos temos, tinhachorado bem menos, e semre que estava em comanhia da senhora -and'round, estalo'o tinha uma alavra ami'a, ois comreendia a sua dor"

 Naqueles 7ltimos do)e meses levara uma eistência de reclusa, sem o menor interesseem um ro'rama qualquer, deois das horas de trabalho"6 rinc%io, -ally 5enedict, sua cole'a de escrit/rio, insistia ara que continuassemsaindo como antes, embora, &2 sem a resen(a de 6lan" -ally tinha um caso com .om

Aoard, tamb0m en'enheiro, de maneira que, quando os quatro enveredavam orPiccadilly nas noites de seta3feira e s2bado, os dois homens semre encontravaminteresses comuns ara discutir, embrenhando3se durante temos nas min7cias de seusresectivos trabalhos"

 — Parecemos duas matronas com os maridos a/s vinte anos casadas — ria -ally" — Por que di) isso? — Olhe s/ ara eles" ada um com sua caneca de =uiness na frente, esquecidos de queestamos aqui"

 — 4ualquer raa) saud2vel esqueceria tudo com um bom ao e al'umas rodadas decerve&a"-ally iscara um olho, maliciosamente"

 — sso 0 com você, minha cara" omi'o 0 diferente"Cuntando a(ão $ alavra, a insinuante moreninha intrometeu3se na conversa dos doishomens e, de ve) em quando, sua l%n'ua rosada fa)ia uma incursão eri'osa no l/buloda orelha de .om" #e um modo 'eral, ouco deois dessas investidas, eles desistiam deassuntos s0rios e voltavam3se ara as mo(as"-ally e .om eram do tio avan(ado, não se deiavam tolher elos reconceitos dePamela" +oravam em aartamentos searados, mas era rara a noite que não assavam

 &untos" — Por que não se casam de uma ve)? — Per'untou Pamela" — Para quê? — 8ia -ally" — +inha filha, abra os olhos ara o mundo! laro, eu e .om

temos interesses semelhantes, mas o casamento cria a rotina, e a rotina 0 a seultura doamor"Jm dia ela arriscou, maliciosa>

 — Não me di'a que você e 6lan nunca dormiram &untos"1mbora, sendo uma mo(a moderna, Pamela enrubesceu fortemente quando confessou>

 — laro que &2, mas nosso ob&etivo 0 o casamento> nunca viver &untos" — ma'ino""" vov9 Aaversham ficaria enver'onhado com a ovelha ne'ra da fam%lia?.alve) a deserdasse"""Pamela nunca ensara nessa ossibilidade" O casamento era realmente a sua meta

 orque sonhava ter seu lar, um marido e al'uns filhos, dois ou três" 6lan era da mesma

oinião" riado sem fam%lia, mal mantinha contato com al'uns arentes distantes,situa(ão que o fa)ia dese&ar encher de calor sua vida solit2ria"

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-ally, ao contr2rio, vinha de uma fam%lia de muitos irmãos, era de temeramentoeuberante, adorava uma festa e odia dan(ar a noite inteira, sem mostrar o menor sinalde cansa(o" 1m seu aartamento tinha um custoso equiamento de som, e costumavachamar Pamela e 6lan ara ouvirem o 7ltimo sucesso das 'ravadoras, 'eralmente umroc@ alucinante e o mais barulhento oss%vel"

 — *ocês não sabem curtir um som — di)ia, contemlando a eressão melanc/lica dePamela" — Para sentir a m7sica 0 reciso que ela se eresse em movimentos or todoo coro" *e&a!om a testa brilhante de suor, uava .om ara que a acomanhasse no ritmo selva'em"Os dois contorciam3se e 'esticulavam, quase sem sair do lu'ar, se'uindo o comasso deolhos fechados, entre'ues ao que ara eles devia ser uma del%cia sem ar" Osinstrumentos de ercussão retumbavam, enchendo de vibra(;es as aredes e o iso, comuma cadência furiosa, entremeadas de 'ritos ininteli'%veis, em uma cacofonia que

 arecia vir do cora(ão misterioso da Mfrica"1m uma dessas noites 6lan dava a imressão de estar articularmente irritado com oque costumava chamar de sess;es infernais"

.om e -ally retorciam3se, um diante do outro, as rouas coladas ao coro suado, quandoele bateu reentinamente o cachimbo no cin)eiro, enfiou3o no bolso e, tomando Pamela

 ela mão, disse, carrancudo> — *amos embora daqui" Ao&e reciso de coisa menos infernal que o inferno"""-a%ram, sem que .om e -ally ercebessem, tão entre'ues estavam $ hinose da m7sica"

 No carro, Pamela aertou3se contra 6lan" -em saber or que, sentia3se como quedesli'ada do noivo, arecia estar a quil9metros de distGncia do homem que amava"1le lhe fe) uma car%cia distra%da na coa"

 — 6lan""" — O que foi? — Per'untou o raa), de olhos fios no asfalto diante deles" — *ocê tem mesmo que ir amanhã? — laro que 'ostaria de ficar, querida" +as trabalho 0 trabalho, recisa comreender"4uando nos casarmos e eu tiver mudado de emre'o, teremos mais temo ara n/s1la aninhou a cabe(a em seu ombro e ficou contemlando a neblina, que mal deiavacinco metros de visibilidade diante do carro" Os far/is ro&etavam uma manchaamarelada no fo', e 6lan diri'ia deva'ar, rocurando não errar o caminho"

 — C2 dev%amos ter che'ado — murmurou Pamela" — -im" C2 dev%amos ter che'ado, mas ao seu aartamento" O meu fica bem maisdistante, Pam"O cora(ão de Pamela bateu mais forte" 4uisera edir a ele que assassem &untos aquelanoite, mas, at0 então, não houvera oortunidade"

 No escuro, suas mãos tatearam o fecho da bolsa e a abriram" Os dedos ercorreramtodos os escaninhos, mas não encontrou o que ela rocurava" 1ntão, lembrou de reente"-uas %lulas tinham acabado! Procurou recordar se estava em seu er%odo f0rtil, mas6lan cortou seus ensamentos"

 — O que acha da id0ia, querida? -obressaltou3se" — 4uê? Oh, sim, ser2 maravilhoso, meu amor"laro, seria maravilhoso de qualquer maneira, com ou sem as malditas %lulas"1squeceu o assunto, &2 que não havia rem0dio" Nem or um instante ensou em voltaratr2s, deiando3se levar ela ma'ia embria'adora de uma noite, a 7ltima noite de 6lanem Londres, antes de artir ara o +ar do Norte".inha sido realmente uma noite inesquec%vel" +ais inesquec%vel ainda orque 6lan

morreria na semana se'uinte"

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#eois, al0m da dor sofrida ela erda, Pamela enfrentou ainda o avor de en'ravidar"4uase não viveu aquele rimeiro mês, eserando, eserando, eserando" -eu cora(ãolutava com o c0rebro, mas a sensate) terminava concedendo" 6'ora, que 6lan estavamorto, como seria maravilhoso ter um filho dele! -eria uma continua(ão, a lembran(aviva do homem que fora o rimeiro em sua vida" 6o mesmo temo havia outras

considera(;es" O que fa)er com um filho, so)inha e em Londres, recisando trabalhar?Pensou em -ally, tão desreocuada diante da vida, dese&ando aenas amar e divertir3se, ouco li'ando ara o dia de amanhã" 1ra dif%cil acreditar que fossem ami'as, sendo detemeramentos tão diferentes talve) fosse isso, o caso dos oostos que se atraem"""#ecidiu que aquelas f0rias marcariam al'o decisivo em sua vida" 4uando se desedirada senhora -and'round, a bondosa senhora tornara a dar3lhe conselhos"

 — *2 em a), filha, e ale're esse cora(ão" -eu av9 tem muita idade e não 'ostaria devê3la triste" Pense na satisfa(ão que lhe dar2 assando esses dias em sua comanhia" —#eois, sorriu" — 4uem sabe não arran&ar2 um namorado or l2?Pamela abra(ou3a mais uma ve)"

 — :, quem sabe? — 8eetiu, aenas ara a'rad23la" — .alve) al'um r%ncie

encantado, dono de um castelo erdido""" — Os r%ncies encantados de ho&e, estão em qualquer esquina, minha querida" 6'ora,são advo'ados, &ornalistas, comerciantes""" afinal, 2vida continua e você ainda 0 muitonova ara essa triste)a" +ais tarde ode arreender3se do temo erdido"5ei&aram3se uma 7ltima ve)"

 — .ome — disse a senhora -and'round, enfiando3lhe um equeno embrulho na mão" — : ara você se a'asalhar" 1nrole3o no esco(o ao assar ela )ona dos Gntanos" 1umesma fi) ara você quando me disse que ia assar essas f0rias em <lamborou'h"Os olhos de Pamela encheram3se de l2'rimas, e aressou as desedidas, ara não ouvirnovos serm;es"-uas malas &2 estavam no carro" 1ra um Censen Aealy, modelo de dois anos atr2s"1li)abeth, outra cole'a do escrit/rio, o vendera a re(o acess%vel" 1stava ara casar,

 recisava de dinheiro e ia morar em .nbrid'e ells, a Q milhas de Londres" -eu futuromarido diri'ia um hotel na cidade balne2ria de Kent e morariam nas r/riasdeendências do r0dio, o que disensa a necessidade de um carro"+ais tarde, Pamela comrara um r2dio e um 'ravador ara o autom/vel, etrava'Gnciaque lhe comera al'umas boas libras"6s lembran(as vieram novamente a seu ensamento, enquanto diri'ia, &2 fora deLondres, encaminhando3se ara a rodovia 63D, que se'uia ara o Norte"Prometera a 1li)abeth que sua lua3de3mel seria no hotel que ela e o marido diri'iam em.unbrid'e ells" 8ecebera uma carta entusi2stica da cole'a, descrevendo as maravilhas

daquela terra verde&ante" Kent, o condado das r%mulas e camGnulas florescentes, comsuas 2'uas ferru'inosas e clima ameno""" e ficava lo'o ali, tão erto" 6lan e Pamelatinham feito tantos lanos ara a lua3de3mel"""Li'ou o r2dio ara afastar as recorda(;es" omortava3se como uma idiota, quando

 ouco antes decidira deiar o assado ara tr2s"6lan estava morto" +orto! Não odia chor23lo elo resto da vida, como uma vi7vadesconsolada" 6ssim era a vida" 1 a vida deve continuar, a deseito de tudo"

 Na estrada, a n0voa dissiou3se, airando aenas ao lon'e, muito baia, nas mar'ens docaminho" 6cima da cortina brumosa, Pamela divisou as 2rvores que emer'iam daneblina"6'ora odia correr mais, a estrada estava raticamente desemedida" 6ertou o

acelerador, e o onteiro no veloc%metro subiu ara sessenta milhas"

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ontinuou naquela marcha elas duas horas se'uintes, quando entrou em -tamford"Parou aenas o temo indisens2vel ara comer em um bar)inho, um sandu%che re'adoa refri'erante"

 — Por favor — ediu ao emre'ado — embrulhe mais dois sandu%ches ara via'em" — *ai ara lon'e? — Per'untou ele, sorridente"

 — Para <lamborou'h" — 1 bom mesmo ir revenida — disse ele" — 6inda tem um bocado de chão elafrente" Jmas três horas, no m%nimo"1la a'ou, a'radeceu e saiu"1ntrou novamente no carro, bateu a orta e ia dar a artida ao motor, quando ouviu umru%do vindo do banco traseiro, como de al'o arranhando o couro"Olhou ara tr2s e não 9de conter um sorriso"

 — Kitty! — 1clamou" — =atinha danada, então, você estava a% o temo todo!6s duas malas estavam emilhadas do lado direito do banco e, no esquerdo Robraralu'ar ara a sacola de via'em" O focinho e as orelhas retas de Kitty emer'iam elaabertura, e ela force&ava com as unhas, rocurando sair"

 — +enina desobediente! O que não vai ensar a senhora -and'round, quando a rocurar e não a encontrar?#ebru(ou3se ara o banco traseiro e libertou a 'atinha, ima'inando a reocua(ão da

 boa senhora em rocurar Kitty" 6ssim que che'asse li'aria ara a senhora -and'round,a fim de tranqHili)23la"Kitty emitiu um lo'o miado e deois, armando o salto, encaraitou3se no encosto do

 banco da frente, de onde ulou ara &unto de Pamela" — 5em, elo menos 0 uma comanhia — susirou a mo(a, alisando o dorso arqueadodo animal)inho"6 'atinha ronronou suavemente, enquanto se es'ueirava ara o colo da dona" 6ninhou3se ali, inteiramente $ vontade, e lo'o deois fechava os olhos, confortada elo calor dePamela"Pamela consultou o rel/'io de ulso" #uas e meia da tarde" om sorte, $s seis horasestaria che'ando em <lamborou'h, &2 bastante escuro, $quela altura do outono"

 Novamente na estrada, ela manteve uma velocidade constante de sessenta e setentamilhas" O /di'o de 8odovias 0 bastante severo na n'laterra, e elicaminuciosamente o que se esera do motorista nas estradas" 1m )onas constru%das avelocidade 0 restrin'ida a E milhas, muitas ve)es"DF, mas em camo aberto, não h2limite" 1 ali, o trGnsito era m%nimo, ermitindo que ela afundasse o 0 no acelerador"Pouco deois de -tamford, assou $ mar'em de <en ontry, a re'ião dos Gntanos"Olhou ara a direita"

6li, o lu'ar se estendia a erder de vista, com urna baiada ronunciada" 6 erder devista, era maneira de di)er, orque lo'o a neblina en'lobava tudo, emanando das 2'uasesta'nadas daquelas ara'ens"Jm arreio ercorreu3lhe o coro e ela estremeceu"

 — 4ue lu'ar mais sinistro — murmurou ara si mesma" — 1st2 na hora de usar o resente da senhora -and'round"6brira o embrulho ao entrar no carro" 1ra um cachecol de lã 'rossa, tricotado em tirashori)ontais verdes e acin)entadas" .irando uma das mãos do volante, enrolou o cachecolno esco(o"

 — 6ssim est2 melhor — sorriu"6ertou novamente o acelerador, e o Censen Aealy saltou ara diante" No r2dio, al'u0m

discutia a escasse) de combust%vel" #eois, ouviu uma entrevista com um su&eito queadmitia ter feito um carro andar movido $ 2'ua"

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Pamela mudou de esta(ão, at0 ouvir a m7sica encher o carro" 1stava a'ora rio meio dotra&eto" Jma hora mais tarde, deveria e'ar uma estrada secund2ria ara a direita, at0Aull, &2 no Bor@shire" #eois, assaria or 5everly e, com mais uns quarenta minutosde via'em, estaria em <lamborou'h"1m crian(a, quando ia assar as f0rias com os av/s, aquele barulho, amliando elo

silêncio noturno, muitas ve)es a deiava aterrori)ada, tremendo no escuro, sem oderdormir"5etsy, uma emre'ada da casa, lhe dissera que eram as almas dos escadores mortos,cu&as embarca(;es tinham sido destru%das contra os rochedos"

 — 1 o que elas fa)em nos rochedos, 5etsy? — Per'untara, de olhos arre'alados" — Procuram destru%3los, orque eles foram a sua destrui(ão — afirmava 5etsy,a&eitando3lhe os cobertores em volta do coro" — 1 a'ora, se&a uma boa menina edurma, Pam"

 No inverno era muito ior, orque o barulho das ondas &untava3se ao da chuva batendonas vidra(as, a'itando as cortinas"erta manhã, esquecida dos terrores noturnos, ouviu uma conversa entre 5etsy e a

co)inheira" — O barco de Petey esatifou3se ontem nos rochedos" 6t0 a'ora não encontraram ocoro"

 — Pobre Cennie! — 1clamou a co)inheira, enali)ada" — O que ir2 fa)er com tantosfilhos?5etsy come(ara a rir"

 — live Aart'round não a deiar2 sem o que fa)er or muito temo — disse" —#i)em, na aldeia, que ele semre andou de olhos nela"

 — om aquela filharada? #uvido muito""" — -abe muito bem do que estou falando, criatura! Ou nunca rearou melhor na cara dosfilhos de Cennie? Para mim, são tão arecidos com live, como duas moedas de seis

 ence" — *ocê 0 uma lin'uaruda, 5etsy" <ica reetindo tudo o que ouve dessas vendedoras de eie" #evia tomar &u%)o"Pamela não quis ouvir mais" O eis/dio da semelhan(a dos filhos de Cennie — os quaisconhecia — com aquele tal live não lhe causara a menor imressão" -ua mentere'istrara aenas o detalhe da morte de Petey, esatifado nos rochedos" ma'inou que,nessa noite, o barulho seria maior, acrescentado de mais um es%rito furioso"Passou o dia de maneira estranha" -ua cabe(a do%a, de tanto ensar em como fu'ir aoterror que a eserava" S medida que as horas assavam, o Gnico ia 'anhando coro e,

 or fim, at0 sua av/ desconfiou"

1stavam sentados $ mesa do &antar e Pamela não conse'uia comer uma 'arfada decomida" — Não est2 achando essa crian(a muito estranha, #ou'las? — Per'untou sua av/ +ary" — .em os olhos brilhando de maneira esquisita, não? — mressão sua, +ary" Não 0 verdade que se sente bem, queridinha? *amos, di'a arao vov9"6 custo, Pamela assentiu com a cabe(a" -e o av9 achava que tudo ia bem""" era dif%cildes'ost23lo, não tinha o direito de reocu23lo" -emre lhe fi)era todas as vontades,abertamente ou $s escondidas da av/, que rocurava trat23la como se &2 fosse uma

 &oven)inha" — *enha c2, Pamela — disse +ary!

 Nunca a chamava de Pam, como o av9, e seu orte aristocr2tico, a cabe(a semrelavada, coroada de uma cabeleira castanho3clara, fa)iam a neta sentir3se insi'nificante"

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 — Não tenho nada, vov/ — balbuciou" — rian(as que não sentem nada costumam comer tudo que est2 no rato, Pamela" 1não a vi comer uma s/ 'arfada" *amos, che'ue aqui!Pamela obedeceu" 6 av/ estendeu a mão de dedos muito lon'os e alvos, aalou3lhe atesta e a 'ar'anta" <ran)iu a testa"

 — 1st2 crian(a tem febre! — 1clamou, reocuada" — Por onde andou ho&e, Pamela?#o outro lado da mesa, o av9 diri'iu3lhe um sorriso encora&ador" — *amos, querida, di'a ara sua av/ que fe) tudo quanto faria uma menina eserta desua idade!Pamela contemlou a face rosada de #ou'las Aaversham, com os cabelos come(ando aficar 'risalhos, o bi'ode farto de ontas ca%das" Por que o av9 não a chamava, não a

 unha no colo, não a fa)ia sentir3se rote'ida contra todos os males do mundo?6cima da mesa, seus olhos enviaram uma dilacerante mensa'em, mas ele nada catou"Pamela sentiu3se tomada elo desesero, e a solidão lhe esou como nunca" 1 então,abrindo a boca, não se conteve mais e come(ou a chorar"

 — Oh, c0us! — 1clamou a av/" — 6 coitadinha est2 mesmo doente! Leve3a ara o

quarto, 5etsy" rei em se'uida"Pouco deois, a av/ subia tamb0m" 1, enquanto +ary se afastava, em busca derem0dios, Pamela teve temo de, entre solu(os, contar3lhe tudo"omo resultado, e 'ra(as $ insistência de seu av9, ela assou a noite no quarto deles,vi'iada e rote'ida, como nunca se sentira antes em sua curta vida"

 No dia se'uinte ele a levara ara uma lon'a caminhada elos camos" he'aram at0 osrochedosque dominavam o mar, com as ondas casti'ando a base dos barrancos"5astou uma elica(ão l/'ica, e os temores da menina desaareceram ara semre"

 — Olhe bem, querida — disse ele, aontando ara baio" — 6credita mesmo queaquelas ondas se&am almas de escadores?Pamela concluiu que era aenas 2'ua ura" Jma 2'ua bem semelhante $ da raia de#over, onde estivera com seus ais" -/, que mais a'itada, furiosa, casti'ando osrochedos"aiu em si ao ver as rimeiras casas de Aull, que aareciam nas mar'ens da estrada,ainda esarsas" -emi3sonolenta, olhou ara o rel/'io" inco e quarenta da tarde" omoo temo arecia voar no outono!Passou de lar'o ela cidade" omeu um dos sandu%ches, e deois acendeu um ci'arro,

 ara esantar o toror" Kitty aroveitou 'ulosamente as mi'alhas que lhe ca%ram nocolo"*inte minutos deois, che'ava a 5everly"

Pamela boce&ou" -entia3se cansada" 6s ernas estavam entorecidas, mas não arou"+eia hora mais tarde, ouviu o ru%do familiar das ondas contra os rochedos"1stava che'ando em casa"

Capítulo A! Marca! do e%po

1ra raticamente noite quando o carro enveredou ela comrida alameda que levava$mansão, mar'inada de 2rvores seculares" #eois de dobrar ara a esquerda, Pameladearou com a vetusta moradia de 'era(;es dos Aaversham"O r0dio alon'ado, com a fachada ara o -ul, tinha dois avimentos, com acr0scimos

que os v2rios donos haviam constru%do, no correr dos anos" Jm arque enorme cercavaa constru(ão, artindo da frente ara a ala direita, at0 os fundos" S esquerda, e mais ara

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tr2s, ficava a estufa de lantas, que fora um caricho da av/ de Pamela, conservado ecuidado or seu av9, em sua mem/ria"6tr2s da estufa sur'ia a massa imortante dos bosques da roriedade, esraiando3se

 or v2rios acres, at0 $s bordas dos rochedos sobre o mar"Pamela estacionou diante da equena escadaria e tocou a bu)ina, anunciando sua

che'ada"1sre'ui(ou3se, estirando os bra(os"6ntes de saltar, e'ou Kitty do colo e tornou a enfi23la na sacola de via'em" #eois,a&eitou o casaco e o cachecol"

 — <ique quietinha a%, antes que al'um cachorro a estranhe"ome(ou a tirar as malas do assento traseiro, e nesse momento, a orta da mansão seabriu"Par@er, o anti'o mordomo da casa, que a conhecia desde menina, veio ao seu encontro"Pamela notou que ele estava mais curvado e que tamb0m não arecia muito bom das

 ernas" — -e&a bem3vinda, senhorita .obac@! — 1clamou ale'remente" — C2 ens2vamos que

não che'aria ho&e, e seu av9 estava reocuado"Pamela abra(ou afetuosamente o velho servidor"

 — omo vai, Par@er? : um ra)er revê3lo" 1 o meu av9? — Não anda nada bem com o reumatismo, senhorita" — Piscou o olhosi'nificativamente" — 4ueria vir c2 fora recebê3la, mas eu não deiei" om este frio,não seria aconselh2vel"

 — 1stou ansiosa or abra(23lo, Par@er" -entia muita saudade daqui"O velho abanou a cabe(a branca e sorriu com triste)a"

 — Não arece, senhorita, descule que lhe di'a" A2 mais de anos que não nos visita""" — #eois, aontou ara as malas> — <oi s/ o que troue? — 6inda tenho uma sacola, mas eu mesma levo, Par@er"O velho e'ou as malas e come(ou a subir os de'raus"

 — 1sero que não fique conosco tão ouco temo, como da outra ve), senhorita" — #esta ve) levaremos uma temorada, Par@er" 6s minhas f0rias inteiras, de fio a avio" -atisfeito?O encanecido Par@er olhou ara ela, surreso"

 — Levaremos? — 1stranhou" — .roue mais al'u0m, senhorita?Pamela riu"

 — -im, troue, Par@er" 1st2 aqui, em minha sacola de via'em e 0 tamb0m senhorita"hama3se Kitty e não quis ficar em Londres sem mim" : uma 'atinha muito educada"1ntraram"

6 rimeira coisa que Pamela viu foi o av9, com os olhos re'ados ansiosamente naentrada" #eois, o letrato da av/ sobre a lareira" #ou'las Aaversham estava sentado emuma oltrona, diante da lareira acesa, com uma manta de lã quadriculada sobre as

 ernas" — *ov9! omo vai?orreu ara o velho e o abra(ou com carinho, encostando o rosto $ face enru'ada"

 — Pam, minha querida, h2 quanto temo""" — murmurou ele, emocionado" — Por quedemorou tanto?

 — C2 sa% de Londres um ouco tarde, vov9" Pretendia vir mais cedo, mas ainda fuiarrumar as malas, tomar rovidências de 7ltima hora""" sabe como são essas coisas,vov9"

O velho virou3se ara Par@er, que arado a certa distGncia, os contemlava, com amesma reverência quando se vê, num museu, uma intura de al'um mestre"

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 — .ra'a uma bebida ara ela, Par@er! #eve estar com muito frio, não?Pamela estirou as mãos ara o fo'o da lareira"

 — C2 tinha esquecido o frio que fa)ia em <lamborou'h, vov9" 1, or falar nisso, &2consultou o m0dico ara reumatismo?

 — Para quê? 1les s/ sabem me encher de omadas e %lulas, sem falar no não coma

isso, não coma aquilo" 1stou che'ando ao final da linha, Pam" <oi bom você ter vindoantes do fim"Pamela a&oelhou3se diante dele e colocou a cabe(a em seus &oelhos"Por favor, vov9, não fale assim! *ocê ainda tem muitos anos ela frente" 1 a'ora queestou aqui, or que ficar triste? *amos, não se ale'ra com a minha che'ada?

 — Par@er che'ou nesse momento com uma bande&a e um c2lice"#ou'las Aaversham trove&ou>

 — 1 eu, Par@er? Não sou mais 'ente? — O senhor não ode" O m0dico roibiu" Pamela sorveu um 'olinho do vinho e sorriu" — omo ode ser assim rabu'ento — disse ara o av9" — C2 andou consultando om0dico e não queria me contar, eh?

O velho fitou Par@er de soslaio" — <oi ele, Pam" 1u não queria, mas Par@er a'ora acha que deve ser a minha ama3seca,quando ele est2 recisando mais do que eu!

 — Par@er fe) muito bem, vov9" #evia ser3lhe 'rato or sua dedica(ão"O velho não resondeu" -eus olhos muito a)uis fiaram3se nas chamas da lareira, comose tivesse o ensamento lon'e dali" Pamela o ouviu balbuciar qualquer coisa, mas ele

 arecia falar consi'o mesmo" — Levo as malas ara seu quarto, senhorita? — Per'untou Par@er, a/s um i'arrodiscreto"

 — laro, Par@er, claro""" eu irei daqui a ouco" Preciso, antes, ir at0 a co)inha, rovidenciar o &antar da senhorita"Pe'ou a sacola de via'em que deiara no chão e Kitty miou, estirando a cabe(a elaabertura" #evia estar estudando o ambiente, antes de arriscar um ulo ara o lu'arestranho"Pamela olhou ara o av9" O velho continuava fiando as chamas, como se não a visse"Par@er disse>

 — #e uns temos ara c2, ele fica assim, senhorita" Perdido em seus ensamentos"Pamela come(ou a caminhar ara o corredor que levava $ co)inha" 8esondeu>

 — 1 ele deve ter muito em que ensar, Par@er" <icou muito isolado deois da morte davov/"6shley, a co)inheira, estava de costas ara entrada, atarefada diante do fo'ão" Jm

cheiro a'rad2vel evolava3se das anelas, e o est9ma'o de Pamela contraiu3se"aminhando 0 ante 0, ela aroimou3se da mulher" — 6shley, minha boa 6shley! — eclamou, abra(ando3a or tr2s" — omo 0 bom vê3laoutra ve)!6 'orda matrona virou3se ara ela, com o rosto afo'ueado"

 — Oh, senhorita! 4uer di)er que &2 che'ou? — 1aminou3a de alto a baio" — omoest2 ma'rinha!Oh, mas isso tem &eito" 6 velha 6shley vai dei23la cheinha de carnes outra ve),Lembra3se?Pamela riu" laro que se lembrava" 1m sua vinda anterior $ casa do av9, 6shley teimaraem emanturr23la de 'ulodices e quitutes, a onto de, voltando a Londres, ter que

renovar o 'uarda3roua ara um n7mero a mais de manequim" — .roue uma coisa ara dar trabalho a você, 6shley — disse Pamela"

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#eositou a sacola de via'em sobre a mesa da co)inha, alar'ou a abertura e retirouKitty"

 — Ora,, mas 0 uma bele)inha! — eclamou 6shley" — 1 deve estar morto de fome,coitadinho"""

 — : uma senhorita, 6shley — riu Pamela" — 4uanto a estar morta de fome, somos

duas"""6shley rontamente desencavou um boti&ão de leite das rofunde)as da 'eladeira eencheu um ratinho ara a 'ata" Kitty saltou dos bra(os da dona e, sem a maiorcerim9nia, concentrou3se em esva)iar o ratinho"

 — -anto #eus! — eclamou 6shley, virando3se novamente ara Pamela" — 1st2 cadave) mais arecida com sua av/, que #eus a tenha, senhorita!

 — -/ que minha av/ não era a ma'ricela como eu sou — disse Pamela, 'irando sobreos calcanhares, ara comrovar suas alavras"

 arou no meio da voltaT quando seus olhos ousaram na outra essoa que estava naco)inha"

 No etremo oosto do enorme aosento, sentado diante de uma mesa menor, havia um

homem" .eria uns cinqHenta anos, e arecia ter esquecido a ma(ã que se'urava, /s olhosfios na mo(a, muito arre'alados, como que fascinado"

 — 5oa noite — cumrimentou, um tanto desconcertada"1le não disse nada" +ordeu a ma(ã automaticamente, mas seus olhos continuavamcomo que re'ados na mo(a"

 — Não li'ue — disse 6shley, em vo) baia" — 1le não 0 muito certo da bola" — 4uem 0? — 6arece de ve) em quando ara a&udar .obby com as lantas" +ora na aldeia, mas,nos dias que vem trabalhar, semre &anta aqui" — 6shley mudou o tom> — Não quer umcoo de leite antes do &antar?

 — Não, 6shley" Prefiro eserar seus quitutes, *ou at0 o quarto tirar a oeira davia'em""" 1stou rodando desde o meio3dia raticamente"*oltou $ sala rincial" 1ra um salão com mobili2rio esado, em estilo .udor, &anel;esenormes que davam ara o arque, com os reosteiros corridos ara melhoraquecimento interno"-eu av9 continuava na mesma oltrona, e a'ora tinha aarência tranqHila, su'ando ocachimbo"

 — -ente3se aqui e conte3me o que tem feito, 6P+ — disse, aontando ara a oltronado outro lado da lareira" — -uas cartas não di)em muita coisa, mas ude ler nasentrelinhas"Pamela sentou3se, e baiou os olhos ara as mãos sobre o colo" 5albuciou>

 — Não h2 muito ara contar, al0m do que &2 sabe, vov9" — Pobre 6lan""" ma'ino o que tem sofrido, minha querida" — Olhou ara o retrato de+ary Aaversham, uma tela de ecelente intor, retratando a dona da casa em tra&e de'ala, com um fio de 0rolas no esco(o, brincos idênticos, um vestido li'eiramentedecetado e um fundo que su'eria uma camina verde&ante, erdendo3se no infinito" —4uando ela desaareceu, tamb0m senti muito, sabe? Mvida deiou de ter si'nificado

 ara mim" 1u queria muito a sua av/""" 6 minha +ary"""Pamela susirou" -eus olhos ficaram 7midos, artilhando da emo(ão com que o av9falava na esosa"

 — nunca vi um casal mais unido que vocês dois 3 disse"alou3se, sem saber o que acrescentar" 8ealmente, nunca vira um casal tão bem

adatado, aesar das diferen(as de temeramento" +ary Aaversham era a fi'ura dadama aristocr2tica, se'uidora fiel de tradi(;es, uritana at0 a medula, &amais erdoando

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al'o que considerasse censur2vel" #ou'las Aaversham, elo contr2rio, era do tio acato e bonachão, adorava aesosa, talve) or &ul'23la eternamente inacess%vel, em sua aarente arro'Gncia demulher fina"

 No entanto, durante o forte bombardeio a que Londres fora submetida elos alemães,

+ary Aaversham mostrava outras facetas de sua ersonalidade, revelando3se at0 mesmoaos olhos do marido" <ora incans2vel, abandonando a se'uran(a de +anor Aaversham ara aceitar os riscos da caital casti'ada, trabalhando dia e noite em um hosital" Nãosatisfeita, a/s os bombardeios, ercorria as ruas a rocura de feridos ou mortos araserem seultados"#ou'las Aaversham tamb0m dera a sua contribui(ão, no esfor(o de 'uerra comum"Cul'ado incaa) ara o servi(o ativo — &2 assara da idade re'ulamentar — &untara3se$s turmas de socorro e, ao mesmo temo, fa)ia turnos nos servi(o administrativo do10rcito" .erminada a 'uerra, o casal re'ressou a sua acata vida em +anorAaversham"<elicity, a filha redileta de +ary Aaversham, casara lo'o a/s cessarem as

hostilidades, não sem antes enfrentar as censuras 2seras da mãe, or não ter escolhido ara esoso um in'lês de boa cea, com um nome erdido em anos de tradi(ão" 6 mãetivera de caitular ante a teimosia da filha, e terminara aceitando o 'enro, dedicando3lhea mesma afei(ão que ao filho <loyd"<iona, a filha mais velha, tamb0m romera a tradi(ão, ao esosar um rico industrialamericano" *ivia na 6m0rica, com o marido e três filhos, estes tamb0m

 &2 casados" *inham esoradicamente $ n'laterra, e a distGncia esfriara as rela(;es entreav/s e netos"Pamela tornara3se dona absoluta do cora(ão dos av/s, rincialmente do av9" .alve)tudo aquilo se devesse $ morte rematura de seus ais, que a deiaram como le'ado

 ara os Aaversham" O r/rio #ou'las incumbira3se de diri'ir a educa(ão da neta,internando3a em um ecelente col0'io ara mo(as em Londres" he'ara a 0oca dasf0rias, tamb0m era ele quem vinha busc23la ara o Norte"+ary Aaversham era muito e'ada a <lamborou'h, e ali assava o m2imo de temo

 oss%vel, quando #ou'las ainda ermanecia ativo no com0rcio, como dono de uma'rande firma de imorta(;es e eorta(;es"1ntão, um dia, +ary faleceu" Pamela acabara de receber seu diloma de secretariado efa)ia um curso de letras, rearando3se ara in'ressar na editora em que trabalhavaa'ora"he'ando em casa, &2 $ noite, recebeu o tele'rama que havia sido entre'ue ela manhã,

 ouco a/s sua sa%da" .omou o rimeiro trem que encontrou, mas ao che'ar a

<lamborou'h, sua av/ &2 fora seultada"#esde então, #ou'las Aaversham tornou3se uma sombra do homem ativo que tinhasido" 6 erda da isosa fora um 'ole duro demais ara ele, que abandonou osne'/cios ara levar uma eistência de eremita"onse'uira amealhar uma boa fortuna, 'ra(as a seu tino de comerciante e, aesar dosimostos que esavam fortemente sobre a roriedade, levava uma vida sem maiores

 reocua(;es" Pelo menos, ainda não se vira for(ado a a'ir como muitos conhecidosque, remidos or dificuldades financeiras, abriram suas roriedades $ visita(ão

 7blica, em esecial aos turistas que enameavam or toda a n'laterra, em troca deuma taa esecial, destinada $ manuten(ão"

 — *ocê 0 a viva ima'em de sua av/, Pam — murmurou o av9 de reente" — 6t0 arece

que a minha +ary saiu do retrato e a'ora est2 aqui, diante de mim"""

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 — 6shley tamb0m acha, vov9 — concordou" #eois disse, rocurando mudar deassunto> — -e me ermite, vou subir a meu quarto ara me a&eitar um ouco e lavar3me"6 via'em me cansou bastante" *im de Londres at0 aqui num s/ estirão"

 — -e ainda não esqueceu, o &antar 0 $s oito, como semre"1la &2 subia as escadas"

 — Não, não esqueci, como tamb0m não esqueci a deliciosa comida que s/ 6shley sabefa)er!Co'ou3lhe um bei&o na onta dos dedos e desaareceu no atamar suerior"

Capítulo *Al'u+% &"'"a da! rea!,

6s duas malas estavam colocadas simetricamente, uma ao lado da outra, sobre a cama"Pamela arou $ orta e, antes de entrar, relanceou o olhos or aquele recanto queconhecia tão bem" Ocuava o mesmo quarto, na ala norte da mansão, desde que seconhecia or 'ente" Nada fora mudado ali dentro"

6 cama era a mesma, com um dossel encimado or cortinas de voai transarente eembabadado" Par@er &2 acendera a lareira, e um calor)inho a'rad2vel esalhava3se eloambiente"Jm arm2rio imenso, ocuava a arede fronteira $ cama" #o lado direito de quementrava, ficava a lareira, com rebordos carichosamente trabalhados a rateleiraenfeitada com ob&etos que ela r/ria acumulara no correr dos anos> uma caiinha dem7sica, nitratos de seus ais, outro dela, com chaelão $ cabe(a, montando um 9neimalhado, uma boneca anti'a de celul/ide cor3de3rosa, com as rouas &2 desbotadas"1ntre os dois &anel;es que davam ara uma sacada ficava uma secret2ria com umacadeira, no mesmo estilo esado do arm2rio e da cama"1ntrou, tirando o casaco" O cachecol, resente da senhora -and'round, escorre'ou arao chão, e ela o &o'ou sobre uma oltrona, ao lado da lareira"

 — Par@er""" o bom Par@er — sorriu" — Preocuou3se tanto com meu bem3estar, que issoaqui a'ora arece uma estufa"6a'ou a lu) do teto e acendeu a do aba&ur sobre a mesinha de cabeceira" 6 eletricidadeera o 7nico toque de modernismo que os Aaversham se tinham ermitido, em sua

 roriedade" — : bom estar de volta""" — susirou ela, abrindo a rimeira mala" — -into3me bemaqui, eis a verdade!Pamela sentia ela roriedade o mesmo amor que sua av/" Por v2rias ve)es" #ou'lasAaversham lhe dera a entender que seria ela a maior benefici2ria a/s sua morte,

embora esse detalhe não fosse tão imortante ara uma &ovem de vinte e três anos" Poroutro lado, havia <iona e <loyd, os herdeiros diretos do ai"6briu o arm2rio e retirou al'uns cabides, que foi enchendo com a roua das malas"1stava entretida nessa oera(ão, quando al'o macio ro(ou em suas ernas, assustando3a"Olhou ara baio"

 — Kitty, sua andarilha! Não ode mesmo ficar lon'e de mim, hein? Por falar nissoamanhã assarei um tele'rama $ senhora -and'round" 6 coitada deve estar reocuada

 or sua causa!O tele'rama era a 7nica forma que encontrada ara avisar a boa senhora, uma ve) quese esquecera que o av9 não ermitia a entrada do invento de =ran 5ell na sua mansão"

Kitty er'ueu lan'uidamente o focinho de onta reta, como se estivesse restandoaten(ão, com as orelhas muito eminadas" #eois, arqueando3se sensualmente, tornou a

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esfre'ar3se nas ernas da dona, com um ronronar satisfeito" -altando com a'ilidade,encaraitou3se na oltrona, e ali se enroscou, a cabe(a aoiada nas atas, contemlandoas idas e vindas de Pamela, or entre os olhos semicerrados" -eu elo cin)a, de refleos

 rateados, fa)ia um curioso mimetismo com o cachecol de listras verdes e cin)entas,sobre o qual se aninhara"

#esfeitas as malas, Pamela encaminhou3se ara o banheiro> <ora uma surresa de seuav9, anos antes, durante sua ermanência em Londres" 6quele aosento tinha sido umaes0cie de sala de brinquedos, quando ela era crian(a, mas a'ora estava irreconhec%vel"Os ladrilhos das aredes continuavam os mesmos de outrora, com desenhos coloridos,em alto3relevo" O chão recebera iso combinado na cor, e a banheira era um verdadeiroconvite"antarolando baiinho, Pamela abriu as torneiras e deiou a 2'ua morna correr" 4uandoa banheira encheu at0 a metade, ela deiou3se escorre'ar ara o conforto do l%quidot0ido, a/s render os cabelos no alto da cabe(a"1stirou as ernas na 2'ua e, aoiando o coro nas costas, come(ou a esfre'ar3seva'arosamente"

#ecidida que odia dar3se ao luo de um banho de quin)e minutos, antes de descer arao &antar"O cansa(o do dia, a/s a lon'a via'em, a 'ostosura da 2'ua morna, a quietude, tudocontribuiu ara que um delicioso toror lo'o a invadisse" -emicerrou os olhos eafundou o coro um ouco mais na 2'ua branca de esuma" Os bra(os ficaramflutuando na tona, como que desli'ados do torso"om a torneira aberta, a 2'ua foi subindo, delineou a curvatura do busto, &o'ou flocosde esuma que aderiram ao bico dos seios" 1stirando o 0, Pamela arrancou o tamãodo ralo, deiou a 2'ua escoar um ouco e tomou a tamar, quando o n%vel lhe che'ou $cintura".ornou a ficar quieta, olhando sem ver a 2'ua, que escorria farta da torneira, entre'ueaenas $ delicia daquele momento"-emicerrou os olhos novamente, embalada elo borbulhar" mon/tono da 2'ua, tornandoa encher a banheira"1ra tudo quietude e a) em torno dela"1ntão, de reente, abriu os olhos, sob3ressalta" Ouvira um ru%do surdo, que nãoconse'uia identificar, mas que não se adatava ao quadro"-entou3se ereta na banheira e cobriu os seios com as mãos"

 — 4uem est2 a%? — er'untou" Não ouviu o menor som vindo do quarto" — Kitty! Psss""" Psss""" Psss""" — chamou" — O que est2 fa)endo a%, menina travessa?

Ouviu o ru%do abafado da 'ata saltando ara o chão ataetado do quarto" Lo'o deois, oanimal)inho sur'ia $ orta do banheiro, com um miado fraco"+ais tranqHila — e certa de que trancara a orta do quarto — Pamela tornou aescorre'ar ara o fundo da banheira" No entanto, sentia uma certa inquietude, al'o quenão conse'uia definir"-eus olhos ercorreram maquinalmente a fileira de ladrilhos trabalhados e araram nade cima, que corria hori)ontalmente em toda a arede, fa)endo a termina(ão das filasinferiores" 6li o motivo dos demais ladrilhos era reetido em tamanho maior" 4uandocrian(a, muitas ve)es ela tentara desenh23los, coiando em seus cadernos os dois &uncosverde3escuros, com os bast;es castanhos e aveludados, emer'indo de uma o(a a)ul de2'ua"

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6'ora, no entanto, em seu devaneio sonolento, os dois bast;es eretos assemelhavam3sea dois olhos multilicados or todos os demais ladrilhos do arremate suerior""" doisolhos, de), vinte que a esiavam, contemlavam seu coro nu"""-entou3se bruscamente" 6 estranha sensa(ão voltou a domin23la, e um calafrio ercorreusua esinha"

1ra como se ali dentro houvesse outra resen(a, al'u0m mais a quem não via, mas odia sentir"<icou tensa, contendo o f9le'o ara catar qualquer coisa que não odia ima'inar o quefosse, al'o que dissiasse aquela curiosa imressão"

 — .olices — murmurou, rocurando acalmar3se" — #evo ter ficado cansada com avia'em" 1 che'a de banho!4uando isou no chão, viu Kitty que, arada $ orta do banheiro, arecia um filhote deti're, com os êlos eri(ados, as orelhas em 0 e a boca arre'anhada, mostrando osdentinhos a'udos"

 — O que foi, Kitty?#eois se'uiu a dire(ão em que a 'ata olhava" Kitty tamb0m tinha as uilas fias na

fileira suerior dos ladrilhos, como se visse al'o estranho naquele lu'ar"Pamela sentiu um Gnico s7bito"1mbrulhou3se raidamente na toalha e, descal(a, foi ara o quarto" *estiu a toda ressauma roua qualquer, mel assou o ente elos cabelos e então desceu ara &antar"O av9 &2 a eserava, sentado $ cabeceira da mesa enorme" Pamela vinha descendo aescada velo)mente, mas rocurou controlar3se, antes de che'ar ao fim dos de'raus"

 — 1stou a'indo como uma erfeita idiota — disse ara si mesma" — Jma noite desono e a barri'a cheia me deiarão calma novamente"6shley esmerara3se no &antar, rearando ratos que sabia serem de maior a'rado dePamela"1la e o av9 conversaram sobre assuntos triviais durante a refei(ão" he'ada asobremesa, ele disse>

 — =ostaria que fosse em meu lu'ar levar flores $ seultura de sua av/" Pam" om essetemo horr%vel, h2 três dias que não iso fora de cada"

 — laro que irei, vov9"#ou'las Aaversham tomou um 'ole de vinho e deois sorriu>

 — #eois que você subiu, sua 'atinha assou or mim em disarada, escada acima"6" cena estranha do banheiro voltou $ mente de Pamela, mas rocurou disfar(ar"

 — Kitty me se'ue or todo canto como um cachorrinho" Ouvi di)er que os 'atossiameses são os mais inteli'entes da es0cie"

 — C2 foram os favoritos da reali)a do -ião — comentou o velho — tendo sido

considerados sa'rados" 1ram os 'uardi;es dos temlos e alertavam a aroima(ão dosinimi'os com seus miados estranhos" Parecem vo)es humanas" U — -im — disse Pamela" — Kitty d2 a imressão de falar comi'o, quando mia" 1 euconverso com ela, como se fosse uma essoa"

 — -ua av/ tamb0m teve um 'ato siamês" 1ra muito nova ainda" O animal)inho não alar'ava um instante" Lembro3me de que, certo dia, su'eri a ela que trocasse or umcachorro"

 — 1 vov/ aceitou a su'estão? — 4uase ficou de mal comi'o — riu #ou'las" — #i)ia que aquele 'ato lhe dava sorte,que a revenia de eri'os"

 — omo assim? — estranhou Pamela"

 — Nunca ouviu falar que os siameses são muito sensitivos e inteli'entes? erto dia,+ary ia subir em uma escada ort2til, ara aanhar al'uma coisa no alto de um arm2rio"

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O 'ato come(ou a miar, tão lastimosa3mente, que ela desistiu" #ias deois, umaemre'ada foi usar a mesma escada e levou um belo tombo" Jm dos de'raus do altoestava todo ro%do de cuim"Pamela interessou3se elo assunto"

 — 6cha que o 'ato teria ressentido o acidente, vov9? Ou seria coincidência?

1le deu de ombros" — 6 'ente nunca sabe" 6contecem coisas estranhas que nunca odemos elicar" Osouvidos dos animais catam freqHências inaud%veis aos humanos" Por que não teriamoutros sentidos tamb0m altamente desenvolvidos?6 se'uir, #ou'las Aaversham come(ou a relatar casos vividos or conhecidos e ele

 r/rio, relacionados $ estranha sensibilidade dos cavalos" — Lembro3me de uma ve) quando me erdi na cerra(ão" sso foi h2 muitos e muitosanos""" sua mãe ainda era crian(a" 1u sa%ra ara um 'aloe e, de reente, vi que estava

 erdido" 1sorei animal e ele artiu a toda velocidade, sem rumo certo" 1stacou dereente e, or mais que eu insistisse, não deu um s/ asso" <icou cravado no mesmolu'ar como uma est2tua"

 — 1 o que havia? — rritado, eu desmontei e caminhei al'uns metros, rocurando orientar3me so)inho"Ouvi o relincho do cavalo, um relincho an'ustiante, como se quisesse revenir3me"1ntão, de reente, a cerra(ão dissiou3se de mim e fiquei de cabelos em 0"

 — O que aconteceu? — 1u estava arado erto de um barranco, com uns vinte metros de altura" ncr%vel,não?

 — -im, 0 incr%vel — reetiu Pamela, ensando em Kitty, arreiada e de dentes $ mostrano banheiro"#ou'las Aaversham fe) sinal ara Par@er"

 — 6&ude3me a ir ara erto da lareira, Par@er" +inhas ernas estão falhando novamente"O mordomo amarou3o or baio dos bra(os e> deiou3o em sua oltrona redileta,diante da lareira" #eois colocou a manta sobre suas ernas"

 — 1st2 bem assim, senhor? — 1st2 /timo, obri'ado, Par@er"Pamela acomodou3se na outra oltrona, diante do av9"

 — *oltando ao assunto, acredita que os animais tamb0m tenham a mesma sensibilidade,relacionada ao sobrenatural, vov9?

 — 1st2 er'untando se eles ressentem fantasmas?Pamela riu, mais descontra%da" — Não me refiro a esses fantasmas embrulhados emlen(/is" Per'unto se os animais catariam resen(a de al'o estranho, um ser, alma,

es%rito, qualquer coisa invis%vel, o que fosse que estivesse a nosso lado sem sabermos"O velho encheu seu cachimbo lentamente, como que meditando na resosta a dar" — 6 l/'ica diria que tudo isso 0 mentira, querida"! Ob&etivamente, s/ tem eistênciareal al'o que se&a concreto, al2vel" No entanto, a quarta dimensão"""

 — 4uarta dimensão? Ou(o falar nisso e nunca entendi bem o que se&a, vov9"O velho tirou uma baforada do cachimbo" ontemlou o retrato de +ary Aaversham,

 endurado sobre a lareira, durante tanto temo, que Pamela o &ul'ou mer'ulhadonovamente em uma de suas crises de obstru(ão"

 — -im, a quarta dimensão""" — murmurou ele" — Para os que querem ver, nadaeiste de mais al2vel, minha querida" 6s três rimeiras dimens;es e isso 'aranto quevocê, sabe, são comrimento, lar'ura e altura" Podem ser eressas em n7meros,

inteiros, fracion2rios ou decimais" No entanto, qual a nature)a de um ob&eto, cu&as três rimeiras dimens;es &2 tenham sido esecificadas em n7meros? +etal, madeira, edra,

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tecido? 1 qual o eso, consistência etc? .amb0m são dados que odem ser tradu)idosmatematicamente, e então ter%amos a nature)a do tal ob&eto, o que ele 0"

 — : isso a quarta dimensão? — 4uarta dimensão, Pam, 0 simlesmente a freqHência de uma vibra(ão eletr9nica"1ssa freqHência determinar2 o que 0 esse tal ob&etivo" 1 qualquer ab&eto ercebido elos

sentidos ob&etivos 0 tamb0m uma resultante da freqHência vibrat/ria" — : muito comlicado — sorriu Pamela" — Nem tanto, querida" 6 união dos el0trons, formando 2tomos os 2tomos se &untando ara formar mol0culas constituem a rimeira fase criativa, no mundo da ob&etividade"#eois, a limita(ão de forma 0 dada elo trabalho manual do homem, causas naturaisetc" 1ntão, sur'e al'o que odemos ver, cheirar, aalar""" trata3se de al'uma coisa real,

 ara nossos sentidos rudimentares, ara nossa consciência ob&etiva" — Podemos ter sentidos rudimentares, mas nossa inteli'ência 0 maior do que a dequalquer animal — relicou ela"#ou'las riu"

 — *ocê acha? O que me di) do cavalo que me alertou na beira do barranco? 1 do 'ato

de sua av/? Nossos sentidos s/ ercebem uma faia determinada de vibra(;esmoleculares" -e a freqHência vibrat/ria 0 mais alta ou mais baia, não sendo ressentida

 or n/s, si'nifica que não eiste? — 5em, a audi(ão dos cachorros, or eemlo""" — lembrou ela, come(ando a ver ondeo av9 queria che'ar"

 — 5em lembrando, Pam" O faro canino""" -ão animais suer3dotados, com olfato eaudi(ão" ontam3se casos fant2sticos sobre cães" Por que eles não oderiam catar aeistência de al'o que não vimos, s/ orque esse al'o vibra em uma escalada que nãoconse'uimos erceber?

 — omo elica o caso do 'ato de vov/ +ary? V — 5em""" — sorriu o velho" — ma'ino que ele oderia ter ouvido o trabalho doscuins na madeira do de'rau" Poderia ainda catar a eistência de lacunas entre asmol0culas daquela madeira"

 — sso não elica o racioc%nio iml%cito, vov9" Por que ele teria então de ensar emvov/ subindo a escada, no risco da queda""" : fant2stico demais, não?#ou'las assentiu silenciosamente"

 — -im, fant2stico, minha querida" No entanto, a no(ão de fant2stico 0 muito va'a" Jmce'o acharia fant2stico odermos contemlar uma lanta, uma flor, uma aisa'em" 6s

 essoas s/ acreditam no que vêem, saboreiam, ouvem, cheiram, rovam""" : como ano(ão de temo" #urante os bombardeios de Londres, cada incursão a0rea dos alemães,

 arecia durar uma eternidade" No entanto, quando enso nos anos feli)es que tive com

sua av/, tenho a imressão de que foram minutes"""Pamela riu" — C2 est2 entrando elo terreno da 8elatividade, vov9" 1 isso 0 um assunto muitoindi'esto, ara ser tratado deois do ecelente &antar de 6shley"Os olhos a)uis do velho suavi)aram3se"

 — .em ra)ão, minha querida" 1 eu, e'o%sta que sou, rendendo3a a meu lado com essaconversa enfadonha, esquecido de que deve estar fati'ada da via'em"Pamela ocultou um boce&o" #eois se levantou"

 — 1stou mesmo cansada, vov9" 1 recisando de uma boa noite de sono"6baiou3se diante dele e o bei&ou na testa, com ternura"

 — #urma bem, querida — dese&ou ele"

 — *ocê tamb0m, vov9" 1 a'asalhe3se, hein? 1st2 ventando muito l2 fora, e o frio odefa)er seu reumatismo iorar"

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-ubiu a'ilmente as escadas e tomou o corredor do andar de cima" 6s aredes, de ambosos lados, estavam cobertas de retratos dos anti'os moradoresV da mansão" Pamela sorriu,

 ensando que, quando era crian(a, que aquelas caras solenes lhe metiam medo ao assar  or ali, a caminho do quarto" #eois de al'um temo, as fi'uras foram tornando3se tãofamiliares, que nem as via"

1murrou a orta do quarto, e então arou".inha certe)a de que deiara a lu) acesa, antes de descer ara &antar, devido $ ressa quea imelia" No entanto, aenas al'uns troncos na lareira soltavam al'umas f2bulas, &2quase aa'ados, esar'indo uma estranha claridade no aosento"#ivisou a forma arredondada de Kitty, enroscada no oltrona, e aquilo a tranqHili)ou"6cendeu a lu) do teto"

 — #evo ter aa'ado a lu) automaticamente e não me lembro — murmurou" — 6choque estou 0 um ouco nervosa" 6manhã, com a lu) do dia, tudo ser2 diferente".irou a roua e vestiu um i&ama de flanela" #eois, no eselho do banheiro, escovouos cabelos at0 ficarem relu)entes como fios de ouro"#e soslaio, tornou a fitar a fileira de ladrilhos com os &uncos coloridos" Nada" .udo

normal".omando cora'em, caminhou at0 eles, assou a mão sobre a suerf%cie em alto relevo,sem saber ao certo o que retendia constatar"

 — 5olas! — resmun'ou" — 1u, Pamela .obac@, cidadã in'lesa residente em umacidade modern%ssima, a'indo corno uma alerma suersticiosa" Na era doscomutadores e dos translantes!<oi ara cama e aninhou3se entre os edredons, a/s aa'ar a lu)"1stava certa de que dormiria em oucos minutos, mas o sono custou a vir" 1mbora nãoquisesse, ficou ensando na conversa com seu av9" *ov/ +ary tamb0m tivera um 'atosiamês e fora avisada sobre um eri'o iminente" 1staria Kitty i'ualmente tentandoalert23la? .eria ressentido al'o? 6 misteriosa quarta dimensão"""? 1 quem estaria dolado de l2? -eus ais? -ua av/? Ou 6lan?

Capítulo -./ Al'o de E!tra0o222

6briu os olhos, sobressaltada" 0us, como dormira? O av9 &2 devia ter tomado o caf0so)inho, cansado de eser23la" #evia ter mandado Par@er bater $ sua orta"""Olhou ara o rel/'io de ulso, sobre a mesinha" 4uase de) horas da manhã!6fastou os edredons e então se encolheu, arre iada de frio" *estiu um robe e foi ao

 banheiro" Kitty &2 satisfi)era suas necessidades, no cantinho mais afastado do aosento,

deiando como lembran(a um cheiro insuort2vel" 1nquanto escovava os dentes,Pamela decidiu que rovidenciaria um caiotinho de terra naquele mesmo dia"*oltando ao quarto, afastou as cortinas da &anela e olhou ara fora" <ran)iu a testa,contrariada"

 — 4ue dia anti2tico ara ir at0 a aldeia! — murmurou" — No entanto, reciso assar otele'rama ara a senhora -and'round"*estiu aressadamente um con&unto de teed e cal(ou saatos baios, de sola de

 borracha"Kitty miava &unto da orta, ansiosa or sair"

 — alma, senhorita! — eclamou Pamela, ale'remente" — 4uem mandou quererdormir comi'o?

#e assa'em, aanhou o cachecol que 'anhara e o assou elo esco(o"

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5ateu $ orta do quarto do av9, que a/s a vi7ves, viera ocuar o quarto rincialdaquela ala, bem no fundo do comrido corredor" omo nin'u0m resondesse, torceu ama(aneta e olhou a ma(aneta e olhou ara dentro"

 — *ov9! — chamou" — *ocê est2 a%?8einava a mais erfeita ordem ali dentro" Jm sol esmaecido entrava elas vidra(as,

mostrando a cama &2 arrumada".ornou a fechar a orta"1ncontrou 6shley na sala de refei(;es"

 —3 #ormiu bem, senhorita? — er'untou a co)inheira sorridente" — -im, muito bem, obri'ada, 6shley" Por onde anda meu av9? — Par@er o levou ara dar uma volta l2 fora" #isse que ele ficara muito temoenfurnado dentro de casa e recisava de ar uro"

 — 6ndando? — estranhou Pamela" — #o &eito que ele estava ontem, não creio que udesse ir muito lon'e"6 co)inheira sorriu"

 — Oh, não! — disse" — Par@er convenceu seu av9 a comrar uma cadeira de rodas" <oi

uma trabalheira, mas ele terminou aceitando" 6'ora, ele mesmo a ede, quando quer dar uma volta maior" — #eois mudou de tom" — 4uer que a sirva a'ora? #eve estarmorrendo de fome, não?1nquanto se sentava $ mesa, er'untou>

 — *iu Kitty or a%? — 4uem, sua 'atinha? C2 est2 na co)inha, esva)iando seu ires de leite"+asti'ando um biscoito, Pamela disse>

 — *ou dar um ulo na aldeia, 6shley" #i'a ao vov9 que estarei de volta antes doalmo(o" sso, se eu não o encontrar antes elo arque"6shley retornou $ co)inha"Pamela terminou o substancial caf0 da manhã, sem dar cabo de todo o creme, leite,

 biscoitos e torradas"6ntes de sair da casa, Pamela ficou indecisa entre ir andando at0 a aldeia, ou tirar seucarro da 'ara'em, onde Par@er o deiara" 1ntão, ensou no edido que seu av9 fi)era nav0sera e saiu caminhando elo arque, $ rocura de .obby, o &ardineiro".alve) fosse melhor deiar o tele'rama ara a tarde" Não haveria temo de visitar aseultura da av/ e ir $ aldeia, tudo durante a manhã"1ncontrou o velho .obby em uma alameda afastada" 1stava de &oelhos fincados no chãoe arrancava as ervas daninhas de um canteiro" Levantou3se reseitosamente, quando aviu che'ar"

 — 5oa dia, senhorita .obac@! — eclamou, fran)indo o rosto envelhecido em um

sorriso de boas3vindas" — : bom tê3la novamente em casa" Num 'esto instintivo, Pamela aertou a mão estendida do velho e deois o abra(ou" — 1u que o di'a, .obby! omo nos velhos temos, não? — -enhorita, or favor""" *ai terminar deiando este velho com os olhos molhados" 1não ficaria bem""" sou o &ardineiro"""

 — Para mim, vocês todos são a minha fam%lia,.obby"

 — : uma honra ara este obre velho, senhorita" *eio visitar o arque? — 1stou a caminho da seultura de vov/" Poderia me conse'uir um ramo bonito deflores?O velho entrou em atividade rontamente"

 — omo não, senhorita, como não! 4ue flores refere? 8osas, crisGntemos"""?Pamela riu"

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 — om este temo horr%vel, .obby? — 1squeceu a estufa da senhora? .emos l2 uma boa 'alhada de Pr%ncie Ne'ro" 6srosas que ela areciava"

 — 1st2 bem, .obby" *amos l2"Pouco deois estava na estufa, um 'alão imenso, obri'ando uma infinita variedade de

 lantas e flores" 1ra uma constru(ão alon'ada, o etremo oosto quase tocando a alaoeste da mansão" Os corredores se'uiam entre canteiros e rateleiras cobertos dases0cies mais erfumadas de flores rimaveris"

 — L2 adiante, ve&a, senhorita!6s roseiras, ben adubadas e odadas, quase ver'avam elo eso das maravilhosasPr%ncie Ne'ro, as rediletas de +ary Aaversham"Pamela saiu da estufa com uma bra(ada de rosas e tomou a dire(ão da seultura da av/"<icava a uns du)entos metros, erdida entre maci(os de cirestes" #ou'las Aavershamfi)era construir um mausol0u em estilo '/tico e ali comarecia todos os dias, desde queo reumatismo o ermitisse"Pamela emurrou o ortão 'radeado e entrou na crita" Na arede do fundo, embutido,

ficava o ata7de em que sua av/ fora seultada" WAavia uma inscri(ão no cimento> 1lafoi a mais di'na das mulheres e a mais amada das esosasX"

 — Pobre vov9 — susirou Pamela, deositando as flores em um vaso, mais abaio dal2ide" — omo deve ter sofrido""" 1 como sofre ainda ho&e!"""Procurou concentrar3se, como fa)ia, nas ve)es em que o av9 a trouera ali, or0m suamente se recusava, 8e)ou um Pai Nosso, mas a ora(ão saiu automaticamente de seusl2bios, decorada a mon/tona, sem si'nificado"rritada consi'o mesma, ela sentou3se em um banco que corria ao lon'o da aredelateral"

 — O que h2 comi'o? — disse ara si mesma" — 6 morte de 6lan me deiou tãoendurecida que não consi'o re)ar?Procurou ensar na av/, que não vira deois de morta" 8efletiu que fora umseultamento bastante estranho" Por que o av9 aressara o enterro, sabendo que ela viriade Londres e queria estar resente ara um 7ltimo adeus $ morta?.inha de)oito anos, naquela ocasião" <i)era uma via'em aressada de trem, mas, aoche'ar, encontrara aenas o av9, enfurnado na biblioteca, como que ausente do mundodos vivos"*oltara ara Londres no dia se'uinte, ara não faltar $s aulas da <aculdade" nterro'araos criados, mas eles haviam se mostrado evasivos".obby, na ocasião" — 6 senhora sofreu um ataque card%aco, foi o que nos disse o atrão"

 Na co)inha, ela rocurava esclarecimentos com 6shley"

 — +as, ela não vinha se sentindo bem? 8ecebi carta de vov/ +ary semana assada,tudo arecia $s mil maravilhas"6shley enu'ara os olhos com a onta do avental"

 — 1la nunca se sentiu melhor, coitadinha" 6inda dias antes tinha combinado comi'oque come(ar%amos a faina da rimavera na r/ima semana"Par@er tamb0m não sabia elicar al0m disso"Pamela evitou incomodar o av9 com mais er'untas" Limitou3se a ficar &unto dele, na

 biblioteca, se'urando3lhe a mão, como consolo do 7nico membro da fam%lia resente" — Por que a seultou antes da minha che'ada, vov9? — quis saber, de reente" — 1u'ostaria de vê3la uma 7ltima ve)"1le a fitara com eressão ausente, alheada"

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 — *ocê a ver2, querida" +ary voltar2""" um dia""" #esistiu de er'untar mais,acreditando que a dor transtornara amante do av9" Aoras mais tarde, retornava aLondres, sufocando as l2'rimas"

 No mês se'uinte, seu av9 viera a Londres, mas aenas ara liquidar os ne'/cios de suafirma" Pretendia ficar definitivamente em +anor Aaversham, assim dissera $ neta"

 — L2 estarei erto de sua av/, querida" <icarei eserando você nas f0rias" — Oh, vov9""" — +anor Aaversham 0 o seu lar, Pam" -e resolver ficar comi'o""" #e qualquer maneira,não osso ei'ir tanto" *ocê 0 &ovem, não acostumaria $ solidão de <lamborou'h" 1aqui tem ami'os""" -eus estudos, trabalho""" Não, 0 edir demais"

 — rei semre que uder, 3 vov9 rometera" <ora uma romessa dif%cil de cumrir" 6morte da esosa modificara inteiramente o car2ter de #ou'las Aaversham, e ele assaraa viver em um mundo todo seu, reso $s recorda(;es" 6 rinc%io, Pamela aroveitavaqualquer feriado ou fim3de3semana, mas o temo foi criando um distanciamento dif%cilde transor, entre ela e o av9"1stivera l2 h2 cerca de um ano, levando 6lan ara conhecer o av9" #eois, falecido o

noivo, ela 0 quem assara a viver como reclusa,, entre'ue ao seu desesero"Jm ru%do no lado de fora do mausol0u a assustou" Levantou e desceu os de'raus que alevavam ao eterior"Parado a oucos metros de distGncia, estava o homem estranho que vira na co)inha".inha aquele olhar est2tico, e a fitava de olhos esbu'alhados, fascinado"

 — Ol2, Culian" — cumrimentou" — omo vai? 1le riu, mostrando uma dentaduraamarelada".inha na mão um ancinho de &ardim, e seu avental estava su&o de terra"

 — *ocê 0 a rincesa — disse, com a vo) ineressiva dos retardados" — *ocê voltou"""1le disse que você ao voltar"

 — 4uem disse que eu ia voltar, Culian? — Per'untou intri'ada"-emre rindo, o etrava'ante indiv%duo deiou cair o ancinho e avan(ou ara ela, demãos estendidas" Pamela recuou um asso"

 — 1le disse que você ia voltar""" — o homem areceu cantarolar" — 1 você voltou, est2aqui""" 6 rincesa"""

 — 1u sou Pamela, neta do seu atrão, Culian" -eu nome 0 Culian, não?6shley lhe dissera qualquer coisa arecida, quando ela vira o homem na co)inha"

 — Culian e a rincesa""" Por que você não queria falar comi'o? — <alar com você, onde Culian?6 mão su&a do homem a se'urou ela man'a, mas Pamela libertou3se com um uão"

 — L2, na casa""" Nas sombras""" 6'ora você não vai mais embora""" Culian vai lev23la

com ele" *amos, rincesa"Os olhos do homem relu)iam, com um brilho lun2tico" Pamela tornou a recuar,troe(ou, equilibrou3se e então come(ou a correr" Ouvia mais atr2s os assos de Culian,as botas esadas batendo com for(a no solo"#e reente, não ouviu mais nada" -em arar de correr, olhou ara tr2s" Culiandesaarecera"

 — .obby! .obby! — 'ritou, ofe'ante"O &ardineiro aareceu em uma curva da alameda se'uinte"

 — O que foi, senhorita? — assustou3se" — Por que est2 tão a'itada"Pamela rocurou recuerar o f9le'o" #isse, entrecortadamente>

 — 6quele homem""" tentou me a'arrar""" Culian""" .obby abanou a cabe(a branca"

 — Não tenha medo, senhorita" Culian 0 inofensivo" Não faria mal a nin'u0m"

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 — 1stou di)endo que ele queria levar3me não sei ara onde, .obby! hamou3me de rincesa" #isse uma or(ão de coisas que não entendi! — O coitado não re'ula bem, mas 0 comletamente inofensivo, acredite"A2 quanto temo ele trabalha aqui? .obby cocou a cabe(a, enquanto rocurava lembrar"

 — #eie3me ver""" 5em, sua av/ ainda era viva""" 1le a&udava com as lantas de estufa"

=osta muito de flores, sabe? #eois que ela morreu, seu av9 ermitiu que elecontinuasse trabalhando no &ardim" C2 estou velho, e foi uma boa a&uda ara mim" — Nunca o vi antes or aqui — falou Pamela, desconfiada" — 6shley falou3me que elemora na aldeia"

 — :" +ora em <lamborou'h" 6arece de ve) em quando" Não tem muita no(ão de dias,nem de hor2rios" 4uando não volta ara casa, costuma dormir na estufa"

 — 1le correu atr2s de mim, .obby" #ava a imressão de &2 me conhecer! — Culian adorava sua av/, senhorita" ostumava se'ui3la or toda arte, quando ela sa%ade casa" omo um cachorrinho""" .alve) a tenha confundido com ela" 1u &2 disse, acabe(a dele não re'ula bem"Pamela conformou3se com as elica(;es de .obby, mas decidiu ter mais cuidado ara

o futuro, semre que avistasse o retardado elas roimidades" Não comentou o incidente $ hora do almo(o" -eu av9 arecia revi'orado com a volta elo arque, e conversou ale'remente durante a refei(ão"#eois do almo(o, Pamela decidiu ir at0 a aldeia, tele'rafar ara a senhora -and'round"+andou a escasse) de 'asolina $s favas e foi mesmo de carro, temendo um novoencontro com Culian"<lamborou'h era um centro esqueiro, mas nunca fora muito al0m disso" .udo alicontinuava como da 7ltima visita de Pamela, como as casas seculares de edra, al'umascom hera cobrindo as aredes, em um ramerrão que a assa'em dos anos não conse'uiamodificar"Parou o carro diante do r0dio dos correios, que funcionava ao mesmo temo comofarm2cia e banca de &ornais"1ntrou e foi direta ao 'uichê"

 — 4uero assar um tele'rama ara Londres — disse ao emre'ado que, de costas,arrumava al'umas cartas em um escaninho"O homem virou3se" .eria uns cinqHenta e oucos anos, e usavam um ince3ne)encalcado sobre o nari)"

 — Oh, bom dia, senhor +orley" Lembra3se de mim? -ou Pamela .obac@, de +anorAaversham"O homem a&eitou o ince3ne)"

 — omo não haveria de lembrar3me, senhorita? : um ra)er sabê3la de volta""" 1st2

cada dia mais arecida com sua av/, a senhora +ary" No temo em que ela era maisnova, claro — acrescentou, com uma risadinha" — <ico satisfeita, senhor +orley" 1 quanto ao tele'rama"""8edi'iu o tele'rama, e ele disse o re(o" Pamela remeeu os tra(ados na bolsa"

 — Não tem dinheiro menor, Pamela? — Pediu +orley" — 1stou sem troco nomomento"Pamela tornou a remeer na bolsa e abanou a cabe(a"

 — nfeli)mente, senhor +orley, tamb0m não disonho de troco"Jma vo) masculina, de timbre a'rad2vel e li'eiramente autorit2rio, soou atr2s dela>

 — Não se&a or isso, -enhorita" .amb0m quero & assar um tele'rama e tenho dinheirotrocado suficiente ara os dois"

1nquanto falava, ele emurrou uma ilha de moedas ara +orley" Pamela virou3se arafit23lo, al'o Y corada"

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 — Por favor, senhor""" não 0 reciso osso trocar uma libra aqui erto"""#e maneira al'uma! — eclamou ele" .eria uns vinte e oito a trinta anos, de cabeloslouros e ondulados, olhos claros e ombros lar'os" — -er2 um ra)er restar um favor $-rta" Pamela .obac@, de +anor Aaversham"

 — Z, como sabe"""?

 — Ouvi quando se identificava — sorriu o raa), mostrando duas fileiras de dentes erfeitos" — 6lec 8obinson, ao seu disor — aresentou3se" — Cornalista em Londres,e andarilho nas horas va'as" nfeli)mente, não fa(o a cr9nica social, caso em que

 oderia inclu%3la em uma reorta'em sobre a aristocracia rural" — acrescentou, fin'indo3se comun'ido" [ mas minhas reorta'ens di)em reseito aassuntos sensacionalistas"Pamela riu, desconcertada, como a vontade com o raa)"Londres e asso as f0rias com meu av9" *im assar um tele'rama ara uma ami'a"+inha 'atinha fu'iu e""""

 — Oh, mais isso seria um furo de reorta'em" Jma 'afa fu&ona! Poderia mais tarde mecontar como foi essa cat2strofe?

Pamela aceitando a oferta do re/rter" Passando os tele'ramas, ambos sa%ram ara a rua,conversando como velhos ami'os"

Capítulo 3$% 4a0ta!%a 0o Par5ue,

.rês dias deois, Pamela ainda não tivera oortunidade de rever o euberante 6lec8obinson" Jm temoral se abatera sobre Lamborou'h e seria temeridade sair de casacom semelhante temo" Por outro lado, que reteto arran&ar ara sair $ aldeia, debaioda chuvarada?-eu av9 iorara do reumatismo, e ela não conse'uia enetrar no mundo que o velhocriara ara si mesmo" 6s crises de alheamento tinham aumentado muito nos 7ltimosanos, dissera3lhe 6shley, a 7nica essoa com quem ela levava mais temo conversando"Passou as duas rimeiras tardes na biblioteca, esquisando anti'as obras, com vistas anovas edi(;es, mas terminou enfarada" 6final, viera ali ara distrair as id0ias,esquecendo o trabalho"

 — 5olas! — eclamou irritada, enfiando um 'rosso volume na rateleira" — omo osso me distrair nesta casa? -e ao menos o temo melhorasse""" Não queria confessar, mas torcia ara que aarecesse elos menos um ro&eto de sol dolado de fora" -eus dese&os foram satisfeitos no quarto dia, e ela susirou aliviada"

 No dia em que fora ao correio, dera uma volta elos camos com 6lec, e ele lhe contara

como viera arar naquele fim de mundo" .amb0m estava de f0rias e aroveitava otemo ecursionando elo a%s, em busca de assunto ara suas reorta'ens" — -eria interessante um arti'o sobre +anor Aaversham — su'eriu ele" — <alam muitacoisa a reseito na aldeia"

 — O que, or eemlo? — er'untou Pamela" 1le riu, um tanto embara(ado" — Por favor, não me leve a mal, mas di)em que seu av9 0 um tio estranho" sto 0, queficou estranho, deois que enviuvou" 5em, não 0 qualquer um que abandona tudo e serefu'ia na solidão, s/ orque erdeu a esosa"""

 — +eus av/s formavam o casal mais unido que conheci — interromeu Pamela,aborrecida com o tom do di2lo'o" — 6cho natural que ele erdesse o interesse elavida, como a morte de minha av/" Não h2 nada de estranho e nem de sensacionalista

nisso"

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 — Não ne'o, Pam" Posso cham23la assim, não? #e qualquer maneira, acho que dariauma hist/ria e tanto" *e&amos> Jma dama, querida e reseitada or todos, falecereentinamente, sendo seultada sem qualquer oma, aesar do 'rande amor que omarido lhe dedica" Jm seultamento um tanto r2ido, di'amos" 1m se'uida, o vi7volar'a os ne'/cios, abandona tudo e se encerra neste lu'ar, orque aqui foi seultada a

esosa"6cha que al'u0m ossa amar a esse onto? ela voltou3se vivamente e o encarou" — 6cho — resondeu" — Por eeriência r/ria" — Não me di'a que 0 vi7va! — eclamou ele, surreso" — <ui meu noivo quem morreu" -emanas antes do casamento — afirmou, contendo asl2'rimas que lhe subiam dos olhos" — -ei que far%amos um casal tão feli) quanto meusav/s"6lec ficou s0rio"

 — -into muito" 1 quando foi que isso aconteceu? — A2 um ano"1le a fitou com esanto"

 — Jm ano? — eclamou" — 1 você ainda fica assim, toda sufocada, quase chorando,quando fala dele? 6credito a'ora que a emotividade deve ser de fam%lia" #o contr2rio,não haveria outra elica(ão"#eram al'uns assos em silêncio"

 — 4ue idade tem você, Pamela? — Per'untou ele, de reente, virando o rosto ara fit23la" — Per'untou, orque você não deve ser tão idosa ara querer ne'23la, ou sentirofendida"

 — <i) vinte e três neste verão — resondeu ela" — *inte e três anos! — susirou 6lec" Parou e se'urou3a elos ombros" — 4uer di)erque levou um ano, tre)entos e sessenta e cinco dias, curtindo a m2'oa? -em ver a vida

 assar or você? Ora, mas 0 inacredit2vel! — ada um tem sua maneira essoal de sentir as coisas, ima'ino" -er2 muito dif%cil euesquecer, 6lec" 1u e 6lan t%nhamos muito em comum e sinto imensamente a sua falta"

 — reseito seus sentimentos, mas enso que você não est2 a'indo sensatamente,Pamela" *ocê 0 &ovem — sorriu — bonita, fina""" Precisa aroveitar a vida, sentir3se'ente outra ve)! #eie de ve'etar, criatura! *iva! ada dia que vivemos ele &amaisvoltar2, ense bem nisso"

 — C2 me disseram isso muitas ve)es — e ela sorriu" — .antas, que ao vir ara c2, rometi a mim mesma que tentaria esquecer o que houve" Pelo menos, não me sentir tão resa ao assado" — 6ssim 0 que se fala! — eclamou 6lec" Pararam $ sombra de uma 2rvore frondosa,

embora o sol t%mido do dia outonal não os tivesse incitado a isso" 6lec acendeu umci'arro e estendeu outro ara a &ovem" — 1stou na estala'em do =alo de Ouro — disse ele — -em querer, ouvir certoscoment2rios sobre os Aaversham"""

 — 4ue tio de coment2rios? — estranhou a mo(a" — -abe como 0""" O ovo do interior 0 muito suersticioso, leva uma vida de oucasdivers;es, e or isso recisa de al'o ara encher o temo" 1 eu, como re/rter, fiqueilo'o curioso"

 — 6final, o que disseram? 1le riu, meio sem &eito" — #isseram que a alma de sua av/ costuma andar elo arque em noites de lua" 4ue s/voltar2 $ seultura quando tiver a)" 1, na n'laterra, os fantasmas são raticamente

uma institui(ão nacional" 1m minha rofissão, &amais duvido de al'uma coisa, 'osto deir at0 o fundo do assunto, entende?

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 — 6 'ente da aldeia fala demais — relicou Pamela secamente"6lec tra'ou al'umas baforadas em silêncio"

 — : verdade, Pamela? — er'untou, de reente" — O quê? — sso das aari(;es"

1la vacilou um ouco, antes de resonder"1u nunca vi nada, mas 6shley — 0 a nossa co)inheira — afirma que a viu certa noite,tudo isso 0 mentira"

 — .emos muitos castelos com fantasmas na n'laterra — sorriu ele,desreocuadamente" — Por que +anor Aaversham não teria esse rivil0'io?

 — 6cho que o 7nico fantasma l2 0 o meu av9 — susirou ela" — <icou tão diferente"ome(aram a caminhar, de volta $ aldeia"-em saber orque, Pamela contou detalhes de sua infGncia, a solidão de filha 7nica,a/s a morte dos ais, a vida mon/tona de estudante, deois a morte dram2tica donoivo"6lec ouvia atentamente, sem interromê3la" #eois disse>

 — -ua vida daria uma novela, Pam" 1la riu" — 6cho que sim — disse" — 1 quanto $ sua, 6lec? — Nada tem de anormal — resondeu ele" — *enho de uma fam%lia numerosa, luteimuito ara atin'ir o osto que ocuo, e a'ora levo a vida como semre dese&ei, andandode um lado ara outro" +eu carro sofreu uma avaria, quando entrava em <lamborou'h"6 oficina local não tem a e(a e estou eserando que a recebam de Londres, ara deois

 rosse'uir via'em" 1sero que não demore muito" 1sta monotonia me ataca os nervos"#esediram3se ouco deois, e 6lec mostrou3se interessado em revê3la novamente,Pamela combinou que voltaria $ aldeia no dia se'uinte, ara saber se che'ara a resostaa seu tele'rama, embora soubesse que o carteiro a levaria em sua casa"#eois foram os três dias de a'uaceiro sem fim, como se o mundo fosse sofrer um novodil7vio"<inalmente a manhã mostrava temo firme no quarto dia, com o sol querendo aarecer"

 — 5om dia, vov9! — eclamou ale'remente, ao descer ara o caf0" — 4ue diamaravilhoso, não?O av9 olhou ara ela intri'ado"

 — 4uando eu era &ovem, os dias maravilhosos semre eram ensolarados, Pam" O quefoi que mudou?1la aenas riu" Não odia di)er3lhe que tudo continuava na mesma, que aenas seus

 ontos de vista estavam mudando" .inha vontade de estar novamente com 6lec, deouvi3lo falar, sentir3se conta'iada com sua ale'ria de viver"

Pouco deois, artira ara a aldeia em seu carro"Percorreu o lu'ar em oucos instantes, de onta a onta, mas não viu sinal de 6lec, ormais que o rocurasse" 8eceou que ele &2 estivesse voltado ara Londres" +as, como,debaio do temoral?

 No correio, onde entrou o reteto de saber se havia tele'rama de Londres ara ela,aroveitou e er'untou or 6lec ao -r" +orley"

 — 6quele raa), o &ornalista, ainda est2 na aldeia, -r" +orley? Per'untou, orque ele rometeu visitar +anor Aaversham, e vim ara busc23lo" Não o vi em arte al'uma"nventara aquilo na hora, ao erceber o olhar curioso do -r" +orley"

 — : um raa) bastante a'itado, esse -r" 8obinson — comentou +orley" — +alconsertou o carro, artiu não sei ara onde, di)endo que descobrira um bom assunto

 ara seu &ornal"Pamela ficou desaontada"

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*oltou ara +anor Aaversham aborrecida consi'o mesma, or dar tanta imortGncia auma essoa com quem conversara aenas uma ve)"

 — 6lec 8obinson que v2 ara o diabo! — resmun'ou, um tanto emburrada"Passou uma tarde mon/tona, lendo as revistas que comrara antes de ir ara casa"

 No entanto, era dif%cil concentrar3se no que di)iam, orque seu ensamento voltava3se

 ara 6lec a todo instante" *oltaria a <lamborou'h, ou iria direto ara Londres?-eu av9 não desceu ara &antar" O reumatismo iorara e Par@er o serviu no quarto"6ntes de se recolher, Pamela foi ao quarto do av9"

 — .eve cora'em de me deiar &antando so)inha, hem? — sorriu" — 1squece que vimde Londres ara ficar com o senhor O velho tomou3lhe a mão carinhosamente"

 — *ocê 0 a melhor coisa que me sobrou na vida, Pam — murmurou" — 4uando a ve&o,0 como se estivesse vendo sua av/, lo'o que nos casamos" Nunca ensei que estes cincoanos fossem tão lon'os, eserando, eserando"""

 — 1serando, o que vov9? — 1serando que ela volte"

Pamela o fitou atentamente" 1ra dif%cil acreditar que seu av9, um homem ainda forte,estivesse caducando" 4uis continuar conversando, mas ele tinha os olhos fios em um

 onto va'o, arecendo esquecer que não estava so)inho"Pamela o bei&ou na testa"

 — #urma bem, meu querido"a sair, mas o velho aferrou3lhe o ulso comfor(a"

 — 1la vai voltar, não vai, Pam? — -im, vov9, vai" Lo'o estar2 com você"""" ontendo as l2'rimas, ela foi ara seuquarto"Kitty &2 se aroriara da oltrona e ronronava ritmada3mente, antes que Pamela seenfiasse nas cobertas"6s ondas batendo nos rochedos de <lamborou'h, como um trovão distante ecadenciado, terminaram fa)endo3a adormecer"6cordou de reente, sobressaltada, horas mais tarde" C2 inteiramente deserta, ouviu as

 batidas fortes, ancadas sem ritmo que tinham invadido seu sono"Aavia al'uma orta ou &anela aberta no andar de baio, mal fechada, que o vento moviacom for(a"6cendeu o aba&ur da mesinha, mas não havia ener'ia"

 — 6inda essa a'ora — murmurou" — O vento deve ter derrubado os fios da lu)"Pe'ou um casti(al que ficava sobre a lareira, &2 ara essas emer'ências, tão comuns em

uma )ona casti'ada elo vento que vinha do mar lato" .ascou um f/sforo e acendeu avela"1nveredou elo corredor $s escuras e rocurou ouvir"O barulho reetiu3se, mais violento" 1ra no salão fronteiro"Jma das &anelas batia contra os caiilhos, e a cortina esvoa(ava, iluminada eternamente

 elo luar"Pamela desceu as escadas, rote'endo a lu) da vela com a alma da mão"

 Não havia nenhum outro ru%do na casa, e arecia que nin'u0m ouvira as ancadas da &anela"#eois, soltando o casti(al sobre um m/vel, ela tateou a &anela, rocurando o ferrolho"Lutou ara desembara(ar as cortinas e &2 emurrava as vidra(as com for(a, quando viu

al'o que se movia no arque"

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1ra uma mancha branca que se deslocava, mas lo'o desaareceu nas sombras, quandoas nuvens cobriam a lua3cheia"+omentos deois, a mancha branca desaarecia mais adiante, movendo3se deva'ar orentre as alamedas"Pamela terminou de trancar a &anela e ficou esiando, com o rosto colado na vidra(a,

tomada de curiosidade"4ueria descobrir quem, entre o essoal da casa, sentiria tal atra(ão or um asseio comuma noite fria e cheia de vento"Por fim, sua curiosidade venceu qualquer temor"6briu a orta e saiu ara o arque" 6 mancha branca distanciava3se a'ora, as vesteslevando3se alto como o vento"1scondendo3se atr2s dos maci(os de lantas, Pamela come(ou a se'uir o estranho vulto,que, de ve) em quando, arava, como se rocurasse recordar qual o caminho a se'uir"1stava indo ara o lado do oeste do r0dio, a/s uma lon'a volta ara contornar aesquina da fachada"Pamela aressou o asso, ois a mancha desaareceu em um recanto mais escuro do

 orque" Olhou ara cima" Nuvens esfiaadas corriam elo c0u, imelidasaressadamente ela ventania, tinha que se aressar, antes que a lu) fosse novamenteencoberta"Parou, ois não ener'ava mais a mancha branca em lu'ar al'um" .omou a alameda dadireita e ercorreu al'uns metros, mas nada viu" *oltando atr2s, se'uiu em dire(ãocontr2ria, a'ora correndo, com o robe sacudido elo vento".ornou a arar e olhou em torno" Nada"6s aredes envidra(adas da estufa relu)iam a uns de) metros de distGncias" 6os ouvidosde Pamela che'ou o som de dobradi(as ran'endo, e vinham daquela dire(ão"-em vacilar, ela correu ara l2"Parou diante do enorme 'alão envidra(ado, sentindo o cora(ão em disarada dentro do

 eito"6 orta rincial da estufa estava sendo fechada lentamente or dentro, sinal de que ovulto esbranqui(ado fora arar ali"#e reente, veio3lhe $ mente a lenda que corria sobre +anor Aaversham" 6 lenda deque sua v/, morta cinco anos antes, asseava elo arque, em noites enluaradas"Pamela nunca fora dada a crendice, mas um s7bito temor a deiou como que re'ada nosolo, durante al'uns se'undos" 1 se os fantasmas eistissem? Lembrou da conversa como av9, no dia de sua che'ada" -eria dotada de oderes etra3sensoriais? 6l'o em suanature)a a caacitara a ver o que invis%vel ara o mortal comum?

 — O melhor 0 dar meia voltar e ir ara cama — murmurou"

4ueria correr ara a rote(ão da casa, refu'iar3se na se'uran(a de seu quarto, mas as ernas não lhe obedeciam"Jm 'alho de 2rvore 'emeu lastimosamente, arrastando3se contra outro, quando recebeuuma ra&ada de vento" O barulho a sobressaltou, devolvendo3lhe os movimentos"1ntão, a curiosidade foi mais forte que qualquer medo"om o cora(ão quase saltando do eito, torceu a ma(aneta da orta da estufa" #eoisemurrou de mansinho, e entrou"O teto envidra(ado da estufa filtrava uma claridade enumbrosa, ermitindo3lhedistin'uir va'amente os ob&etos"Aavia muito não entrava naquele lu'ar e, a rinc%io, não reconheceu a disosi(ão doscateiros e rateleiras de lantas troicais" Parou ara orientar3se"

O cheiro forte das flores, mais concentrado durante a noite, naquele recinto fechado, adeiou estonteada" 8esirando fundo"

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ome(ou a andar a esmo, elo rimeiro corredor que entrou" Os 'alhos batiam em seurosto, os esinhos das roseiras rendiam sua roua, mas ela soltou3se automaticamente,continuando a caminhar"Ouviu então um ru%do que vinha dos fundos, a uns vinte metros dali" Parecia queal'u0m arrastava al'o esado, vasos de lantas, talve)" Ou sacos de adubo"

-eus 0s moviam3se maciamente, rocurando não fa)er barulho" 6l'o balan(ou acimade sua cabe(a ela encolheu3se, assustada"1ram aenas as orqu%deas susensas, oscilando ao vento que entrava ela orta"O ru%do dos fundos che'ou at0 ela mau distintos e ercebeu o som ininteli'%vel de umavo), como que cantando em surdina"he'ava ao fim daquele corredor, encoberto or um maci(o de samambaias3choronas"#obrou a esquina, ara entrar no corredor transversal, quando divisou o vultoesbranqui(ado, a'acha3do no etremo oosto"O san'ue late&ou com for(a em suas têmoras" <icou arada, com a testa banhada desuor frio" -eus olhos dilatados rocuravam varar a enumbra"

 — *ov/! : vov""""! — murmurou, transida de terror"

6 ouca claridade reinante transformou3se em trevas, quando a Lua encoberta or umanuvem" 6 escuridão deiou Pamela em Gnico, tinha as ernas bambas e recisouaoiar3se a uma rateleira ara não cair"

 — Oh, #eus, fa)ei com que ela não venha ara c2!6 claridade voltou de reente, iluminando aquele canto aos oucos" Pamela arre'alou osolhos"O vulto não estava mais l2, desaarecera naqueles oucos se'undos, como se houvesseevaorado!Pamela sentiu as ernas bambas, queria correr, fu'ir dali, mas não conse'uia"""

Capítulo 6O M"!t+r"o e% Ma0or .aer!a%

Pamela nunca soube como foi arar em seu quarto" 4uando abriu os olhos de manhã,estava ca%da no taete, ao lado da cama" Os miados quase humanos de Kitty adesertaram, e ela se sentou no chão, ainda sem recordar o que acontecera"Levantou3se, sentindo o coro dolorido da mesma osi(ão"6briu a orta ara a 'atinha e Kitty es'ueirou3se a'ilmente elo corredor, em busca desue leite matinal"-entando3se na oltrona, Pamela foi recordando o que sucedera naquela noite"1stava trêmula e confusa, recordava o momento em que a claridade difusa da lua

 enetrara elo teto da estufa, iluminando o recanto onde estava o vulto que erse'uira"<ora uma escuridão momentGnea devia ter durado meio minuto no m2imo, não haviatemo suficiente ara que a coisa se afastasse sem ser ressentida"6 7nica sa%da era o corredor em que ela estava, e tinha certe)a de que nada assara aoseu lado"

 No entanto, aquilo sumira naquele r2ido esa(o de temo" omo? #esmateriali)ando3se? *oltando ao lu'ar de onde viera?<oi ao banheiro lavar3se" -eu coro do%a, como se tivesse levado uma surra" .amb0mseu moral não era dos melhores"1scovava os dentes e, de s7bito ensou em6lan"

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 — 6t0 arece que vivo em um mundo de mortos — murmurou ara si mesma" — 1stoucercada de seulturas""" 5reve terei mais uma a acrescentar> vov9" 1 ensar que vim

 ara c2 ima'inando livrar3se do assado!Passou elo quarto do av9, antes de descer" #ou'las Aaversham era uma fi'ura at0tica,sob uma montanha de cobertores, atendido elo fiel Par@er"

8esolveu tomar seu caf0 na co)inha" 6shley, sorridente, recebeu3a com uma ratada de bolinhos, cremes e 'el0ias" — Parece não estar se sentindo bem, senhorita — disse a co)inheira, com ar ersica)" — 6 ventania não a deiou dormir? — 6cho que tive esadelos, 6shley — sorriu ela, sem vontade" — Não ouviu uma &anela batendo no salão, esta madru'ada?om o servi(o redu)ido na mansão, todo o movimento se concentrava naquela arte do

 r0dio, e o quarto de 6shley não ficava muito distante do salão" — 4uando vou ara a cama 0 ara dormir como uma edra, senhorita" O mundo odeacabar, que nem tomo conhecimento"

 — *ocê 0 uma feli)arda, 6shley"

6 co)inheira colocou um bule de leite fume'ante na mesa" — 1st2 muito 2lida, senhorita" 4uando voltar a Londres, vão ensar que foi maltratada na casa de seu av9"Pamela resolveu fa)er uma investi'a(ão discreta"

 — #i'a3me uma coisa, 6shley> você &2 viu o fantasma de vov/ va'ando elo arque?6 'orda 6shley ben)eu3se aressadamente" #eois disse>

 — -/ uma ve), senhorita, e esero que isso nunca mais torne a acontecer" — omo foi? — 5em, eu vinha da aldeia" .inha ido ficar com uma ami'a que dera $ lu) e esqueci ashoras" C2 era bem tarde quando desedi" O marido dela acomanhou3me at0 a entrada do

 arque e insistiu em tra)er3me, mas eu achei que &2 lhe tomara muito temo" 1ntrei elo ortão lateral e vim andando deressa, orque era uma noite muito fria" <oi então que avi"""

 — omo era? — er'untou Pamela, interessada" — Ora, i'ual a qualquer fantasma" #e roua branca, nem arecia andar, era como sedesli)asse elo chão""" #eus me erdoe eu 'ostava muito da dona +ary, or0m nuncamais quero ver aquilo" 1 arecia cantar"""Pamela sobressaltou3se"

 — 1ra uma canti'a de es%rito, sabe como 0? 6 'ente não entende, mas sabe que estãocantando"

 — 1 deois?

 — 1u corri" — 6shley não 9de conter o riso" — Não sabia que tinha ernas tão voas ara correr, senhorita"Pamela bebeu o 7ltimo de leite e deois acendeu um ci'arro" Kitty saltou l0ida araseu colo, ronronando, de barri'a cheia" 6 mo(a acariciou3lhe o dorso, distraidamente"

 — *ocê acredita mesmo em aari(;es 6shley? — er'untou" — omo não vou acreditar, se &2 vi uma, senhorita? — foi resosta ronta daco)inheira"Pamela nada disse" <icou al'uns instantes ensativa, contemlando a fuma(a do ci'arro"

 — Não consi'o entender meu av9, 6shley — disse, de reente" — No dia em queche'uei conversamos como nos velhos temos, e ele arecia estar com a mente viva,che'ou a elicar3me coisas incr%veis""" No entanto, de reente, ele muda e arece nem

saber que est2 vivo" <ica meio aalermado" 6cha que ele est2 caducando?

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6shley sentara3se no outra lado da mesa descascando batatas" <alou, como que acontra'osto>

 — 6 idade conta mais que qualquer doen(a, senhorita" 1 se acontece al'um des'osto, 0 ior ainda" -eu av9 nunca mais foi o mesmo, deois que ficou vi7vo" A2 dias em que ocoitadinho mais arece uma alma enada, s/ eserando a hora de se &untar com ela"

 — Por que ele acha que vov/ vai voltar? #eve saber que ela est2 morta, que os mortosnão votam"6shely er'ueu os olhos ara a mo(a"

 — ele tamb0m lhe disse isso, hem? Não dê muita imortGncia, senhorita" 4uando eletem essas crises, fica ensando que sua av/ deve ter ido a al'um lu'ar, e que lo'o vem

 ara casa" — :, ode ser""" — <e) uma ausa, amassou o ci'arro no cin)eiro e então er'untou> — *ocê estava aqui quando ela morreu?6shely arou de descascar as batatas e disse, em vo) triste>

 — nfeli)mente, não — .inha edido uma licen(a de quatro dias ara ir a 5lac@oll,assistir ao casamento de uma sobrinha" 4uando voltei, &2 havia sido seultada" O

cora(ão mata sem avisar, menina" Nin'u0m diria que ela""" 5em, o caso 0 que areciacom /tima sa7de, quando via&ei"

 — 4uem ficou em seu lu'ar, 6shley? — <oi Culian" 6quele boboca que a senhorita viu aqui na co)inha" 1le não 0 bom dacabe(a, mas sabe fa)er um assado de lamber os bei(os" 1, na falta de outro, deva araquebrar o 'alho"

 — 1ra muito ami'o da minha av/, não? 6shley sorriu" — 1le era mais um escravo dela, senhorita" 1 quando a atroa inventou aquele ne'/ciode estufa ele não sa%a de l2, semre a&eitando tudo ao 'osto dela"

 — 1sse Culian arece ser &eitoso em muita coisa — comentou Pamela, li'eiramenteirritada" — Pois eu acho um indiv%duo eri'oso" #evia estar internado em al'umainstitui(ão"6shley olhou ara ela com esanto"

 — Culian, eri'oso? — eclamou" — 4ue nada senhorita" 1le 0 como uma crian(a'rande, nunca faria mal a nin'u0m"

 — Pois ontem ele tentou a'arrar3me, quando fui levar flores $ seultura de vov/"#eois correu atr2s de mim"6 co)inheira riu, abanando a cabe(a"

 — .alve) ele a achasse arecida com sua av/ e quisesse a'rad23la" Olhe ara o retratodela no salão e deois me di'a se não 0 verdade" 6 senhorita est2 i'ual)inha $ intura"

 — Parece quem aqui, todos se emenham em defender esse retardado — comentou

Pamela, ainda mais irritada" — -e eu fosse vov9, &2 o teria mandado embora h2 muitotemo! — -eu av9 tem um cora(ão de ouro, senhorita — declarou 6shley, muito s0ria" — 1nin'u0m serviu melhor $ atroa do que ele" O atrão nunca o mandaria embora"Pamela nada disse" 6shley acrescentou>

 — Culian s/ tem tamanho, senhorita" Não crescer or dentro" Ss ve)es a'e como umacrian(a""" mas lo'o eu o onho na linha" 1le me reseita muito"

 — 1st2 bem, 6shley" #eve ter sido mesmo imressão minha"-aiu da co)inha, des'ostosa consi'o mesma, or ter aborrecido 6shley"Pouco deois, artia em seu carro ara a aldeia" +al tinha ercorrido um quarteirão,quando o avistou"

6lec estava arado diante de uma taberna, conversando com dois homens" .amb0m avira e acenou ara ela"

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 — Ol2, Pam! — eclamou, aroimando3se" — <a) um s0culo que não a ve&o! Por ondese escondeu?1la sorriu, um tanto desa&eitada"

 — C2 estive na aldeia" -oube que a e(a de seu carro havia che'ado e que você &2fare&ava uma boa reorta'em"

1le riu, debru(ado na &anela do carro" 1stava muito atraente, com uma camisa a)ulmarinho de lã e cal(as brancas de flanela" Parecia ter feito a barba ouco antes, orque orosto relu)ia, desrendendo um cheiro a'rad2vel de lo(ão"

 — Não consi'o ficar arado muito temo em um lu'ar"6chei que a vida dos escadores daria um bom arti'o ara o meu &ornal" -abe? 1stavamesmo ara bater $ sua orta"Os olhos do raa) fiaram3se nos dela"

 — Não vou ne'ar, Pam" 1stava mesmo com saudades suas" — 1ssa, não! 6osto que"""1le ousou um dedo em seus l2bios"

 — Jm momento, menina" C2 sei o que di)er> aosto que di) isso a todas as mo(as que

encontra" Não 0?Pamela enrubesceu"

 — +ais ou menos — disse" — 1scute, or que não tomamos uma cerve&a? 6cho que aqui não h2 nenhuma roibi(ão a entrada de uma &ovem de boa fam%lia nas tabernas" +ilady""" — falou, abrindo a orta do carro e estendendo o bra(o 'alantemente"

 — Oh, +ilord""" — sorriu ela" — -er2 um ra)er"<oram ara a taberna diante da qual ele estivera arado"6l'uns olhares se'uiram os dois, mas ambos sentiam3se muito londrinos, ara darimortGncia aos rovincianos"1scolheram uma mesa erto de um enorme &a3nelão envidra(ado"

 — 4uando vai ara Londres? — er'untou Pamela" — 6'ora, como o carro emcondi(;es, nada mais o ret0m aqui"

 — *ocê acha? — sorriu ele" #eois disse> — *ocê 0 muito bonita, Pam" Não s/ derosto, mas irradia al'o que vem de dentro" : a mo(a mais inocente e ura que &2conheci"Pamela bebericou a cerve&a, fitando3o sobre a borda do coo"

 — Não tenha tanta certe)a, 6lec, — disse" — Por que &2 teve um noivo? O fato de ter dormido com ele""" 5em, não me leve a mal, or favor" -ou um homem vivido, Pamela" mune contra todos os reconceitosvitorianos"

 — 1u nunca lhe disse que dormi com ele" — Nem era reciso, Pam" 1u sei" — -abe? — -eu noivo era um homem i'ual aos outros" 1 como disse, você 0 uma mulher Pam"1m todos os sentidos"

 — .odos di)em que sou muito arecida com minha av/" 1la era uma mulher bonita,inteli'ente""" 4uem sai aos seus não de'enera, sabe? — riu, rocurando 'race&ar"#eois da cerve&a, tornaram a dar uma volta a 0, ercorrendo o mesmo tra&eto da ve)anterior" 4uando voltaram, Pamela convidara 6lec ara visit23la, embora sem rometerque ele teria a ansiada entrevista com seu av9"

 — onheci o m0dico que de ve) em quando o eamina — disse 6lec" — 5ebemos

umas cerve&as e ele me falou sobre a morte horr%vel do seu antecessor"

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 — Pobre #r" Aumhrey! — eclamou Pamela" — -im, foi uma morte horr%vel" .inhasido m0dico da fam%lia or muitos anos" uidava tamb0m de vov/, foi quem assou oatestado de /bito, e nos 7ltimos temos visitava meu av9 re'ularmente"

 — Os rochedos de <lamborou'h &2 deram cabo de muitas vidas" Parece que ele ia a+anor Aaversham quando morreu, não?

 — -im" *ov9 não assa bem, e Par@er veio buscar o #r" Aumhrey ara vê3lo" Ocoitado nunca che'ou $ mansão""" encontraram seu coro no dia se'uinte, deseda(adonos rochedos"1 tamb0m sua cabe(a com o cavalo" ma'ino que o animal tenha se assustado comal'um trovão, ois chovia muito naquela noite"4uando voltou ara +anor Aaversham, Pamela sentia3se nas nuvens" 1ra como se a

 resen(a de 6lec lhe infundisse uma nova ale'ria de viver, tra)endo uma onda derenova(ão, dando3lhe uma se'uran(a que nunca sentira" Nem mesmo ao lado de 6lan"#eois do almo(o, as horas areciam demorar s0culos e, ara matar o temo, elaresolveu dar uma caminhada at0 os rochedos" No entanto, temendo um novo encontrocom Culian, decidiu ir acomanhada de um dos 'al'os que .obby mantinha no canil,

 erto de sua casinhola" — Por que estão resos, .obby? — er'untou ao &ardineiro"O velho consternado" 5albuciou>

 — 6'ora s/ temos dois, dos cinco anteriores, senhorita" .rês morreram h2 temos atr2s" — +orreram ao mesmo temo? — estranhou ela" — Não entendi como isso aconteceu" #eve ter sido al'uma doen(a estranha" 1ncontrei3os ca%dos erto da escadaria, com esuma na boca" <i) o oss%vel ara salv23los, masnão conse'ui"

 — 1 os outros dois? — 8esolvi dei23los no canil, ara observ23los melhor"Parecem com boa sa7de, escolha o que quiser" — Não, obri'ada, .obby" -endo assim,

 refiro ir so)inha"-e'uiu or uma trilha no bosque, sua conhecida desde a infGncia" 1nrolara o cachecolda -ra" -and'round no esco(o e vestia um casacão com 'ola de ele, ara rote'er3se

 bem do frio".eria caminhado uns tre)entos metros, quando teve a imressão de que era se'uida"Parou, a'u(ou os ouvidos, mas nada escutou" ontinuou caminhando, certa de que foraaenas ima'ina(ão"O ru'ido das ondas, deseda(ando3se contra os ared;es aumentou de intensidade,quando deiou o bosque ara tr2s, e come(ou a caminhar or um descamado, queche'ava at0 os barrancos" L2 da borda, havia 2rvores novamente, deendurando3se no

abismo"Lembrou3se do dia em que fi)era aquela mesma caminhada com o av9, ara ter certe)ade que não havia nenhuma alma enada destruindo os rochedos" A2 quanto temo foraisso"he'ou $s 2rvores acima dos enhascos e contemlou a vastidão do mar, o hori)onte

 erdido na neblina, as ondas de um a)ul acerado, saltando como feras contra as rochas,muito abaio"aminhou ara a borda, at0 onde a rudência ermitia"om as mãos enluvadas enfiadas nos bolsos do casacão, ficou contemlando a massa de2'ua que se desdobrava em esuma alvacenta, lo'o substitu%da or outra, mais outra eoutra"""

#eois sentou3se em um tronco ca%do, os 0s mer'ulhados na relva farta que crescia nolu'ar" 6cendeu um ci'arro, o vento lhe desenteava os cabelos e ela sentia o san'ue

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correr erto do rosto" Pensou com ale'ria em 6lec, na visita que ele rometer ara o diase'uinte"O frio come(ou a enetrar entre a roua, e ela levantou3se"#eu dois assos e estacou, aavorada"Culian estava ali, a oucos metros, fitando3o embevecido" Pensou raidamente que não

 odia erder a calma, se ele tentasse a'arr23la de novo" Para onde correr, se tinha oabismo a oucos assos?O retardado arre'anhou os l2bios, em um sorriso medonho" #eois avan(ou ara ela"

 — 6 minha rincesa voltou""" Culian não a deiar2 mais ir embora""" *enha""" *enha""""-e'urou3a ela man'a do casaco" om firme)a"

 — Lar'ue3me, Culian! — 'ritou" — *2 embora daqui! — Não osso lar'ar — 'runhiu ele, em vo) roufenha" — você ir2 embora novamente ara as sombras""" e eu a erderei!1m desesero, Pamela tentou libertar3se com um uão"Perdeu o equil%brio, caiu e rolou sobre si mesma, rocurando afastar3se do d0bil mental"Culian saltou ara ela"

 — Não, você não vai embora outra ve)! Pamela en'atinhou ara diante, mas ele a e'ou ela erna" — Lar'ue3me! — tornou a 'ritar, trêmula" 6s l2'rimas saltaram de seus olhos" —-ocorro! -ocorro!6avorada, ela raste&ou ara diante, sem que ele a lar'asse", -uas mãos tocaram a ter2solta da borda do abismo, esborondo3a" Oh, c0us, ia cair l2 embaio, e aquele louco nãoa soltava! .ornou a 'ritar, at0 erder as for(as".inha o rosto assomado na borda dos enhascos e via as ondas enormes que batiam na

 base, atirando montanhas de esumas ara o ar" 1 a terra ia cedendo aos oucos"-entiu o coro de Culian esma'ar3se contra o seu e abriu a boca ara 'ritar novamente,as mãos che'aram a emitir qualquer som" Aavia erdido os sentidos"

Capítulo 7Gr"to! Na No"te

4uando abriu os olhos, admirou3se de ainda est2 viva"a cair no abismo, che'ou a quase sentir a queda no v2cuo"""#eois, o eso do coro de Culian sobre o dela"""Culian! Onde estaria ele?O terror tomou conta dela novamente e tornou a fechar os olhos, fin'indo ainda est2inconsciente" .inha a imressão de estar so)inha, orque não ouviu nenhum barulho

suseito"1ntreabriu um olho e investi'ou em torno"1le continuava ali! -entado de costas contra o tronco de uma 2rvore, arecendo feli) emconteml23la"Pamela decidiu que não odia continuar ali definitivamente" =irou deva'ar a cabe(a

 ara o outro lado" 1stava bem distante do abismo, a uns cinco metros mais ou manos"Culian não deiara cair, uara3a ara tr2s"-entou3se no chão e olhou ara ele" O retardadosorriu"

 — 6cordou, rincesa? 6'ora ode ir com Culian"""Levantou3se e deu al'uns assos ara ela" Pamela ficou de 0 raidamente e o

enfrentou" — #eie3me em a)! — 'ritou" — *2 embora!

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 — *ocê tem que vir comi'o""" *amos, rincesa""" .entou a'arr23la, mas Pamela saltou ara um lado" 6anhou um 'alho artido que vira no chão, e decidiu us23lo como arma" — -aia! — 'ritou, es'rimindo o 'alho no ar" Culian continuou a aroimar3se, sem arar de sorrir"1m Gnico, Pamela teve uma insira(ão"

 — *2 embora ou conto tudo a 6shley! — 5radou enrouquecida"Culian arou de reente" 1la tornou a 'ritar> — 6shley o casti'ar2, ouviu? *2 embora! *ou chamar 6shley!Culian areceu encolher3se subitamente" Parou de rir"

 — Por favor, rincesa, não! Não conte a ela! 6shley 0 m2, não me dar2 mais ma(ãs!""" 1eu 'osto muito de ma(ãs!

 — 1st2 bem — disse" — -e for embora, eu lhe darei muitas ma(ãs! +uitas, ouviu bem?Olhe, 6shely &2 vem a%!O c0rebro infantil de Culian arecia comreender que fi)era uma travessura ela qual6shley o casti'aria, rivando3o das ma(ãs"1ncolheu3se ainda mais, como um cão casti'ado, e come(ou a recuar" #eois, dando

meia volta, correu a toda velocidade, lo'o desaarecendo nas rofunde)as do bosque"Pamela susirou, aliviada" -ua cabe(a do%a, mas as ernas estavam formes e tamb0mcome(ou a correr" -/ afrouou a marcha quando divisou as aredes de edra de +anorAaversham"#ecidiu não relatar mais aquele incidente com Culian"

 Nin'u0m acreditaria que ele fosse caa) da fa(anha"Cantou so)inha mais uma ve), sentido a solidão esar como nunca" Par@er descia doandar de cima, quando ela o chamou"

 — *ov9 não melhorou do reumatismo, Par@er? — 6 tria'em 0 um veneno ara ele, senhorita — resondeu o velho servidor da casa" —1 ele se sentia fati'a"

 — rei ao quarto dele antes de dormir" 1stou muito reocuada como vov9, Par@er"6final, ele não tem tanta idade assim" 8earei que assa or fases de ouca ou nenhumalucide)"Par@er sorriu com triste)a" #eu de ombros"

 — : a vida, senhorita — murmurou" — #eois da morte da senhora, ele nunca mais foio mesmo"Pamela decidiu arriscar uma er'unta>

 — *ocê esteve no arque a noite assada, Par@er? Pareceu3me ver al'u0m andando nasalamedas"

 — Nin'u0m iria l2 fora com a ventania desta noite, senhorita" C2 estou velho demais

 ara essas travessuras" — Pois havia al'u0m l2, Par@er" Jma essoa vestida de branco , va'ando entre as2rvores"Par@er nada disse, mas ficou olhando fiando ara ela"

 — #i)em que a alma de vov/ +ary ve'ueia elo arque nas noites de lua cheia, Par@er — falou" —6cha que teria sido ela? — Nunca dou ouvidos a falat/rios, senhorita" #eve ter sido imressão sua" Os mortosnão voltam"""omo Pamela não resondesse, ele acrescentou aternal>

 — Por que não dorme com a lu) acesa? +uita 'ente não se d2 bem no escuro, senhorita" — : um bom conselho, Par@er — sorriu ela" <oi ao quarto do av9 antes de se deitar,

mas ele &2 dormia" 1ra um sono a'itado, e o velho murmurava qualquer coisa

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ininteli'%vel" Pamela ensou na dedica(ão de Par@er e concluiu que seria bom se eletivesse al'u0m ara a&ud23lo naquela tarefa"

 — rei $ aldeia amanhã, falar com o novo m0dico — decidiu" — Preciso saber ao certoo que h2 com vov9"1m seu quarto, enfiou3se raidamente nas cobertas, esquecendo de deiar a lu) acesa,

conforme dissera Par@er" .eve um sono entrecortado de esadelos, e via3se $ beira dos enhascos, lutando ara não cair no abismo, mas seu coro desencava""" e l2 estavaCulian, de bra(os estirados nos rochedos, tentando aanh23la""" =ritou, deseserada"6cordou bruscamente, elo imacto do esadelo" <icou quieta al'uns momentos,arfado, com atesta banhada de suor, aesar do frio da noite"1ntão, sentiu cheiro estranho no quarto"1ra como se tivesse enetrado em al'um subterrGneo 7mido, e o bafo carre'ado domofo lhe enchesse os ulm;es" Jma atmosfera esada, carre'ada daquele cheiroabafado" Jm cheiro de catacumba, rarefeito, viciado elo confinamento da atmosfera"Olhou ara os lados, amedrontada"

 Na oltrona, banhada or um raio de luar que enetrava atrav0s do vidro da &anela, Kitty

estava de 0, inteiramente arqueada, com os êlos arreiados, os dentinhos brancos $mostra, arre'anhados o focinho" 6 cauda estava estirada em todo o comrimento, ara oalto, como se estivesse restes a atacar al'u0m"Jm medo intenso a invadiu e ela ficou r%'ida, debaio das cobertas, sentindo o suorinundar3lhe o coro" #eois, foi aos oucos rocurando raciocinar, tentando acalmar3se"

 — 1stou a'indo como uma crian(a — murmurou" — O temo do medo de escuro &2acabou h2 muito"+esmo assim, acendeu um dos aba&ures e chamou Kitty ara fa)er3lhe comanhia nacama" #e qualquer modo, semre era um ser vivo, quente e macio, ami'o"

 — -/ falta arran&ar um ursinho de el7cia — sorriu, afa'ando a 'ata"6 lu) acesa e a quentura de Kitty a reconfortaram" Pouco deois tornava a dormir e,desta ve), sem esadelos"4uando acordou, na manhã se'uinte, seu rimeiro ensamento foi de que 6lec viria $tarde, tomar ch2"+al viveu aquelas horas que faltavam ara recebê3lo" ontou a Par@er e 6shley queteria uma visita essa tarde, e che'ou a cantarolar de ale'ria"-urreendentemente, seu av9 desceu ara o almo(o" onversou com coerência, emboramostrasse tra(os de fadi'a no rosto"

 — : bom que conviva com 'ente de sua idade, Pam — comentou, quando ela falou em6lec" — 1sta casa 0 muito triste ara uma &ovem como você"Par@er achou que o velho #ou'las se distrairia com a visita do raa), e não o levou

novamente ara o quarto"Pamela não se continha, e volta e meia esiava or um dos &anel;es do salão" — Não acha que ele est2 demorando, vov9? — -/ acho que você arece muito interessada nessa visita, querida" : um bom sinal""".amb0m estou ansioso ara conhecer esse raa)" -e tiver metade das virtudes que vocêfalou, dar2 um neto ecelente"

 — 1st2 ondo o carro diante dos bois, vov9" 6lec não mostrou o menor entusiasmonesse sentido" : aenas um ami'o"O velho sorriu maliciosamente, mas nada disse"6lec 8obinson foi ontual" Ss cinco da tarde, Par@er o recebia $ orta, e o introdu)ia nosalão em que estavam o av9 e neta"

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6 simatia entre os dois homens foi imediata, e a conversa rolon'ou3se at0 $s oito danoite" 6lec terminou ficando ara o &antar e, a/s um esa(o de temo ra)o2vel,

 rearava3se ara sair, quando desabou o temoral" — Os Aaversham semre rimaram ela hositalidade, meu raa) — declarou o velho#ou'las" — 

-emre temos um quarto rearado ara os h/sedes ineserados"Pamela tamb0m insistiu ara que ele ficasse" — -eria descortês recusar um convite tão am2vel — sorriu o raa)" — 6ceito,encantado, -r" Aaversham"Par@er ouco deois levava #ou'las ara o quarto"6lec e Pamela ficaram entretidos at0 $s on)e horas, conversando e, cada ve) mais,achando que se entendiam $s mil maravilhas" Por fim, retiraram3se ara seus quartos"

 — #urma nem, Pamela — dese&ou 6lec" — *ocê tamb0m, 6lec"<icaram arados $ orta do quarto dele, olhando3se fiamente, como se lhes custassemuito aquela equena seara(ão de al'umas horas"

 — Pam""" — murmurou ele, em vo) tensa"Pamela che'ou mais erto, e 6lec assou as mãos or seus ombros, uando3a ara si"6s bocas de ambos se encontraram em um rolon'amento bei&os, cheio de ternura"#eois ele disse>

 — *2 dormir, Pam" *2, antes que eu a rate s/ ara mim" — #urma bem, 6lec" 6t0 amanhã"-aiu andando elo corredor, como em transe" 1ntrou em seu quarto, vestiu o i&amaautomaticamente e, da mesma maneira foi ao banheiro escovar os dentes"

 — 6 -ra" -and'round tinha ra)ão, ao rever que eu odia arran&ar um namorado —murmurou ensativa"4uando retornou ao quarto, num 'esto s7bito, decidiu enrolar no esco(o o cachecolque recebera da boa mulher" 1ra como se a tivesse resente, artilhando de suafelicidade"1la, seu av9 e Kitty, os 7nicos seres queridos de sua vida atual" 1 a'ora, tamb0m 6lec"Pouco imortante que o temoral ru'isse l2 fora, que os va'alh;es casti'assem os

 enhascos, que Culian a erse'uisse, em sua insanidade mental" 1stava feli), como h2muito não se sentia"6ninhou3se entre as cobertas, rontas ara um sono rearador" *eria 6lec novamente

 ela manhã" — 5oa noite, Kitty — ela disse risonha"

\ \ \6cordou inquieta no meio da noite" -entia novamente aquele cheiro sufocante de mofo,enchendo o quarto de uma atmosfera irresir2vel" <icou quieta, de olhos abertos noescuro, rocurando definir o que seria aquilo, de onde vinha o cheiro"Ouviu um ran'ido leve erto da cabeceira da cama, na arede aainelada que fa)iaquina com a lareira" *irou a cabe(a"-eus olhos se arre'alaram de terror, ao ver o vulto indistinto que se inclinava ara ela"4uis 'ritar, chamar or 6lec, mas uma mão esada caiu sobre sua boca, quase asufocando" #eois foi uada ara fora da cama e arrastada sobre o taete, eserneando,tentando libertar3se"

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-uas mãos enroscaram3se no cachecol, aertando ainda mais" -entiu que o cheiro esado de mofo, enetrava mais forte em suas narinas, que era arrastada ara a maisne'ra escuridão".entou aferrar3se a tudo que encontrava elo caminho" #errubou o aba&ur da mesinha, ocasti(al teve a mesma sorte, mas não encontrou um onto de aoio s/lido a que se'urar3

se"O terror deu3lhe for(as ara arrancar a mão que a amorda(ava, mas continuou resa elos cabelos" — 6lec"""! — 'ritou"-entiu que era arrastada com mais for(as e reciita(ão"6briu a boca ara 'ritar novamente, mas então tornou a ouvir o mesmo ran'ido de antese a escuridão mais rofunda a envolveu"

  \\\

1m seu quarto, tamb0m 6lec estava acordado #e lu) acesa, lia um livro que encontrara

na mesinha de cabeceira, mas o sono não che'ava" -ua mentestava cheia dos acontecimentos das 7ltimas horas, e ele rocurara analisar seussentimentos a reseitos de Pamela" Não estaria sendo v%tima de uma falsa imressão, s/

 orque ela era uma mo(a de fam%lia, com s0culos de tradi(ão, diferente de todas as queconhecera em sua vida aventureira? Ou seria a mera eorta(ão do encontro de ambos,em lu'ar tão diversos do que costumavam freqHentar, influenciado elo ambienteaconche'ante de <lamborou'h?.ivera a imressão de que #ou'las Aaversham o tratara como a um membro da fam%lia,considerando3o um seu i'ual"#eois, quando subira ara o quarto e tivera Pamela nos bra(os, sentira o tremor que a

 ercorria durante o medo" 1la tamb0m ficara emocionada, tomado de uma s7bitaternura" -eria amor aquilo?6s letras do livro embaralhavam3se diante de seus olhos"#ecidiu que recisava dormir" Aavia temo ara tudo no dia se'uinte" -e a temestadecontinuasse, daria um &eito de ser novamente convidado ara ficar em +anorAaversham"a aa'ar a lu), quando ouviu o 'rito"-entou3se vivamente na cama, rocurando certificar3se de que ouvira a vo) de Pamela,'ritando or ele"

 Não odia haver d7vidas" 6 7nica mulher ali era Pamela, e o 'rito a'udo, cheio deterror, s/ odia ser dela"

82ido, vestiu um robe colocado sobre uma cadeira e correu ara fora" #isarou elocorredor at0 o quarto de Pamela e, sem bater, torceu a ma(aneta"1stava comletamente escuro"

 — Pamela! — chamou" — Pam, você est2 bem? Nin'u0m resondeu"6ertou o interrutor erto da orta" 6 claridade inundou o quarto, mostrando3lhe acama va)ia, o aba&ur e o casti(al derrubados no chão, o taete amarrotado"6 'atinha siamesa focali)ou nele as uilas de a)ul3intenso, emitindo um chiado

 rolon'ado, com tonalidade humana"-em ensar duas ve)es, 6lec desceu a escada ara o andar de baio, ulando os de'rausde dois em dois" a acendendo as lu)es elo caminho, certo de que acontecera al'o

terr%vel $ mo(a"

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1stranhou que nin'u0m aarecesse" 1le ouvira o 'rito a'oniado de Pamela, aesar das ortas trancadas"Jma mulher 'orda e madura, de camisolão na cabe(a, sur'iu em uma orta que levavaao salão, ainda sonolenta"

 — O que est2 acontecendo aqui? — er'untou ela" — #eois viu o raa)" — #ese&a

al'uma coisa, -r" 8obinson? -ou 6shley, a co)inheira" — 6 -rta" Pamela não est2 em seu quarto — disse aressadamente" — 6onde acha queela teria ido?

 — #eus do c0u! 1la andou fa)endo muitas er'untas sobre fantasma da av/" -er2que"""?

 — 1la tem que estar na casa, 6shley" om a temestade, nin'u0m se atreveria a sair" 1'ritou or mim, h2 oucos" Parecia em auros" Onde 0 o quarto de Par@er?6shley arecia atarantada"

 — L2 em cima, erto do quarto do -r" Aaversham" Para o caso de o atrão recisar deal'uma coisa $ noite"

 — : imoss%vel que ele não tivesse ouvido o 'rito — disse 6lec" — 1u o ouvi

distintamente" — Par@er não houve muito bem e"""6lec não a escutava mais" .ornava a subir as escadas aressadamente" No alto,encontrou Par@er, que rocurava saber a ra)ão de todo aquele movimento"

 — 6 -rta" Par@er não est2 em seu quarto, Par@er! — Não est2"""? — er'untou Par@er, com vo) de sono" — Precisamos rocur23la" 1u ia dormir quando a ouvi 'ritar meu nome, #ava aimressão de estar em dificuldades"aminhava elo corredor e escancarou a orta do quarto de Pamela"

 — #eus do c0u! — murmurou Par@er" — O que ter2 acontecido? — sso 0 o que vamos descobrir" Procure nos aosentos do outro lado do corredor" 1ueaminarei os deste lado" 1 não recisa a%ertar o -r" Aaversham" -ei que não est2 bemde sa7de"Os dois homens searam3se" 6lec foi abrindo ortas e acendendo as lu)es de todos osaosentos que encontrou em seu em seu caminho, enquanto Par@er fa)ia o mesmo, dolado oosto" 1m se'uida, assaram ao andar de baio"6shley fun'ava, contendo as l2'rimas" Pare ela, a alma de +ary Aaversham viera

 buscar a neta" Não odia ser outra coisa"6 busca foi in7til" Pamela não aareceu em lu'ar al'um, embora vasculhassem at0 osaosentos da finada +ary Aaversham"

Capítulo 84a0ta!%a! 09o De":a% Ra!to!

Jma frialdade intensa enetrava em sua carne, atravessando a flanela do i&ama"1sticou os bra(os ara uar as cometas, mas nada encontrou" 1 o colchão estava durodemais, não havia travesseiro""" O que teria acontecido?O nome de 6lec lhe veio $ mente" 1staria com ele dentro em ouco""" *irou3se ara olado, mas suas mãos encontraram uma arede fria e ru'osa"1ntão, ercebeu que resirava a mesma atmosfera oressa que &2 conhecia, esada demofo e umidade" 0us, estaria vivendo um esadelo?6briu os olhos lentamente" 6 claridade difusa do amanhecer enchia o enorme aosento

de uma luminosidade acin)entada"4ue lu'ar seria aquele?

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-entou3se, deva'ar" 1stivera deitada no cimento"""#e reente, todo o horror de ouco antes elodiu em seu c0rebro" 6l'u0m a uara dacama e a trouera ara aquele lu'ar horr%vel" Por quê? 1 ara quê?Olhou em torno"6quilo arecia uma ade'a abandonada" 6 oeira acumulara sobre tudo e suas mãos

estavam cobertas da massa su&a de anos e anos, que cobria o lu'ar" .eias de aranhaestendiam3se ossessivas, endendo das trevas que sustinham o teto abandonado dorecinto, havia rateleiras ao lon'o das aredes, as quais deveriam ter estado entulhadasde 'arrafas, durante muitos e muitos anos antes"6 claridade aumentou aulatinamente, filtrando3se or &anelinha de 'rades carichadas,muito alto no in%cio do teto" Aavia uma escada tosca no lado direito, levando ara cima"-ubiu os de'raus aressadamente, e viu3se diante de uma orta de carvalho maci(a" Nãohavia ma(aneta no interior"

 — 6shley! — 'ritou, esmurrando a orta" — Par@er!-ocorro! .irem3me daqui"""! 6lec"""!

 Não soube recisar quanto temo ermaneceu ali esmurrando aquela orta" -eus unhos

do%am, as l2'rimas escorriam3lhe elo rosto" =ritou, 'ritou at0 ficar sem for(as"#eois, come(ou a raciocinar com frie)a" -/ odia ter vindo ara ali tra)ida or Culian"1la rometera lev23la ara al'um lu'ar, invadira seu quarto e a trouera"""#esceu a escada" Aavia uma assa'em no fundo da ade'a, ela qual se embrenhou semvacilar" #esembocou em outro recinto, tão 'rande quanto o anterior"<icou indecisa, rocurando distin'uir os ob&etos" Jma mesa r7stica, encostada na aredeoosto, chamou sua aten(ão" Aavia uma caia oblon'a e lon'a sobre ela"aminhou at0 l2 e olhou ara o interior da caia" -eus olhos dilataram3se de terror, aoidentificar o conte7do" Jma essoa, ou o que restava dela, &a)ia ali"Pamela identificou o vestido da av/, as manchas de cabelos 'risalhos em torno dacabe(a descarnada, o cora(ão que ela semre usara, a alian(a ca%da no fundo do ata7de"aiu de &oelhos, solu(ando" 1ntão, era ali que +ary Aaversham estava, or isso foraseultada tão aressadamente, sem que nin'u0m lhe visse o coro no caião!omo udera seu av9 ser caa) de semelhante monstruosidade? Oh, não, não odia tersido ele, que a amava como idolatria" #ou'las Aaversham &amais cometeria talsacril0'io"1ntão""" quem fora? Culian, que tamb0m o idolatrava?Levantou3se" Não odia entre'ar3se ao desesero naquele momento" .inha de sair dali"1, do lado direito, uma escada de edras levava ara cima"-ubiu dois lances dos de'raus, terminavam abrutamente, dando in%cio a um corredorestreito e escuro, que mal cabia uma essoa"

aminhou or ele afora e, então, divisou uma d0bil claridade, na altura de seus olhos"olou o rosto naquele lu'ar"O banheiro de seu quarto sur'ia do outro lado" 1 as equeninas aberturas deviamcorresonder $s flores dos ladrinhos na arede"1ntão, al'u0m estivera ali realmente, esiando3a quando tomava banho! 5ateu na

 arede, esmurrou3a, eserando que al'u0m ouvisse do outro lado, mas foi tudo in7til"-e'uiu em frente" O corredor desmembrava3se em v2rios outros e havia semre uma

 equena fresta, es0cie de visor, ermitindo a visão interna dos aosentos da mansão"O quart de seu av9, mer'ulhado na enumbra, com o velho dormindo""" Os aosentosque haviam ertencido a sua av/, quartos va)ios"""

 — Oh, #eus, acabo ficando louca!

8ecuou elo caminho em que viera e, momentos deois, ara o subterrGneo em que &a)ia sua av/" horou durante lon'o temo, sem saber a que atribuir aquele esadelo"

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4uem oderia dese&ar3lhe tanto mal? Jma coisa era certa, seu rator era o mesmo desua av/"

\ \ \

6lec tornou a entrar no quarto de Pamela" Parado no meio do aosento, cocou a cabe(a,sem saber o que fa)er" 1stava realmente diante de um eni'ma> ouviram distintamentePamela 'ritar seu nome, num momento de afli(ão" 1 de reente, desaarece"""Kitty miava an'ustiosamente, no canto do quarto" 6lec não lhe deu aten(ão a rinc%io,mas deois rearou que ela arranhava a arede no canto da lareira, como se a escavasse"

 — O que h2, 'atinha? .amb0m sente a falta da dona?.entou acarici23la" e Kitty voltou3se contra ele, arre'anhando os dentes, com o êloeri(ado" 6lec viu então al'uns fios acin)entados, escaando na &un(ão de dois ain0is da

 arede" 1ra &ustamente naquele onto que Kitty escavava nervosamente" — O que ser2 isto? — +urmurou, uando um dos fios"O fio encomridou3se, e deois romeu3se em sua mão" 6lec eaminou os outros mais

de erto" <icou 2lido" — Parece o cachecol que Pan usava, auando a conheci" +as, como isso veio arar aqui?Kitty cessara de miar e o fitava, como que eserando rovidências de sua arte" Jmasuseita atravessou a mente de 6lec,

 — 1stes casar;es seculares são cheios de assa'ens secretas" 1 Pamela não sumiu orvontade r/ria" 6l'u0m a ratou!#ominado elo nervosismo, come(ou a tatear naquele onto" 5ateu com os n/s dedos,em toda a etensão do ainel" Ouviu o som oco e surdo, revelando a eistência de uma

 arte va)ia do outro lado" 1smurrou com for(a, mas foi in7til" — #iabo, foi or aqui, sei que foi or aqui que a levaram! — 1clamou, enraivecido" — 1 vou encontr23la, nem que recise derrubar a arede"8ecuou al'uns assos e deois arremeteu contra o ainel" hutou com todas asener'ias, mas ele continuou firme"

 — #escobriu al'uma coisa, -r" 8obinson?1ra Par@er , arado $ orta do quarto, com ar reocuado"6lec voltou3se ara ele con'estionado,

 — 6l'u0m a arrastou or aqui, Par@er! *i a 'ata uando os fios do cachecol dePamela, que ficaram resos no ainel! #eve haver uma assa'em do outro lado!#eressa, arran&e3me uma alavanca, martelo, qualquer coisa ara botar isto abaio!Par@er retirou3se aressadamente, e 6lec voltou $ car'a" -eus onta0s de nadavaleram" -entou3se na cama, suado"

 — #eve haver al'um fecho oculto ou coisa assim"""6roimou3se novamente" -eus dedos tatearam com cuidado, sondando todos os cantosdo ainel" Levou cinco minutos no eame, e &2 se deseserava, quando ouviu umestalido leve, e lo'o deois o chiado de al'o que se arrastava"#iante de seus olhos estuefatos, o ainel come(ou a desli)ar ara um lado" Jm cheirocarre'ado de mofo bateu em suas narinas" O cachecol verde e cin)a de Pamela estavaali, a'arrado em um re'o"Kitty saltou a'ilmente ara a abertura, e 6lec a se'uiu sem vacilar" 6 assa'em teria unssessenta cent%metros de lar'ura, com as laterais ro(ando em seus ombros, enquanto elecaminhava aressadamente"

 Não recisou orientar3se naquela enumbra" 5astava se'uir a 'ata" que corria em frente,

como que sabendo ara onde ir"

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#obrou or uma infinidade de corredores, e deois come(ou a descer al'uns de'raus,semre na esteira de Kitty" Por fim, desembocou em um vasto recinto abobadado, va)io,$ ece(ão de uma mesa comrida em um canto, com uma caia alon'ada sobre ela"Kitty miava enquanto corria" 1 seus miados assemelhavam3se a um 'emido an'ustiadoe lon'o, como o de uma crian(a desolada"

#esembocaram em outro recinto, que 6lec dedu)iu ter sido usado como ade'a, muitosanos antes" Jma caa esessa de oeira cobria tudo, e as teias de aranha endiam doalto"Kitty deu um salto acrob2tico, quase voando ara tr2s de uma das rateleiras" Ouviu um'emido sufocado, deois uma vo) 'rossa de homem, amea(adora, di)endo al'o que nãoentendeu"orreu ara l2" 6 rateleira movia3se lentamente, restes a fechar uma nova assa'em"

 No entanto, o coro de um homem imedia que se fechasse inteiramente" 1 ele lutava ara livrar3se de Kitty, incrustada em suas costas com unhas e dentes" 1m seudesesero lar'ara no chão uma car'a inanimada"Pamela!

 — +iser2vel! — 8u'iu 6lec, uando3o ara fora"O indiv%duo caiu a seus 0s, ofe'ante"

 — Par@er! — 1clamou 6lec, incr0dulo"Os olhos do velho relu)iram de /dio" 4uase 'ritou>

 — -im, eu mesmo! 4uem diria, não? O fiel servidor dos Aaversham! O escravo de#ou'las Aaversham!Pamela caminhou em assos tr9e'os ara 6lec, e ele a recebeu nos bra(os" 1la chorava

 baiinho" 6 camisola totalmente su&a e emoeirada" — Oh, 6lec, que medo senti!""" =ritei tanto or você!""" — alma, querida — disse ele, afa'ando3lhe os cabelos ternamente" — .udo acabou"remos embora ara Londres" N/s dois, Pamela" Ouviu, querida?1la assentiu com a cabe(a" #eois balbuciou>

 — +as""" Par@er? Por quê? Pensei que fosse Culian"""

\ \ \

+ais tarde, interro'ado, Par@er confessou tudo" #ou'las Aaversham fi)era testamentoainda em vida da esosa, e ele receberia um oludo le'ado, em a'amento aos muitosanos de trabalho e dedica(ão ara os Aaversham" No entanto, o temo ia assando, ePar@er envelhecendo, semre na condi(ão de criado""" 1 se morresse antes do atrão,sem nunca desfrutar da heran(a?

O lano come(ou a 'erminar em seu c0rebro, e foi assim que encerrou +ary Aavershamna ade'a, onde ela terminou falecendo" #ou'las Aaversham não odia conceber que aesosa o tivesse abandonado, mas tamouco descobria seu aradeiro" 1ncenou a hist/riado seultamento, colocando no mausol0u um ata7de sem cad2ver" O #r" Aummhrey,seu ami'o de anos, for&ara o atestado de /bito" 1ram aenas três essoas que sabiam detudo> Par@er, Aaversham e o m0dico" 1 este falecera acidentalmente, quando sua cale(adesencara nos rochedos"Par@er come(ara então a envenenar o atrão lentamente, da% a sa7de incerta de #ou'lasAaversham" O r/rio #ou'las lhe revelara que fi)era novo testamento, nomeando aneta sua herdeira universal" 1ntão, tamb0m ela devia desaarecer e, livre da mo(a, eledestruiria o se'undo testamento que sabia estar no cofre, cu&o se'redo conhecia"

Culian fora aenas um access/rio 7til" omo 'ostava de erambular $ noite elo arque,Par@er esalhava a lenda do fantasma de +ary Aaversham" 4uando Pamela o se'uira

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7/23/2019 Barbara Bialley - o Segredo Da Mansao

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at0 a estufa, &ul'ando3o uma aari(ão da av/, ao vê3lo desaarecer subitamente, não odia ima'inar que ele aenas se escondera ara dormir ali, atr2s das rateleiras de lantas" Par@er tamb0m envenenara os cachorros, ao encontr23los certo dia fare&andouma orta que levava $ ade'a abandonada"#ou'las Aaversham ficou chocado, ao saber da trai(ão do seu fiel Par@er" -em di)er

 alavra, trancou3se com ele em seu quarto, durante al'um temo" #eois, desceu ara osalão"Jma detona(ão abafada soou no andar de cima"

 — 1u não odia entre'23lo $ &usti(a — murmurou Aaversham muito 2lido, ara 6lec ePamela" — No fundo era um bom homem""" aenas deseserado com a r/ria velhice"<alei3lhe que &amais iria deserd23lo, a arte dele estava intacta tamb0m no se'undotestamento, isto a&udou a aumentar seu desesero, uma ve) que seu rato, Pamela foraal'o in7til"

 — -/ não entendo uma coisa — comentou Pamela olhando ara 6lec" — Por que elefoi ratar3me eatamente no dia em que você estava na casa, 6lec?

 — .alve) ara que seu desaarecimento fosse mais um mist0rio de +anor Aaversham,

uma ve) que ele fora resenciado or al'u0m de fora""" — Jma es0cie de maldi(ão — concluiu a 'arota" — +ais ou menos isso"#ou'las olhou fiamente ara 6lec>

 — 1sero que tudo fique entre n/s, filho" Par@er suicidou3se, sem deiar umaelica(ão""" onsidero3o caa) de 'uardar mais este se'redo dos Aaversham""".amb0m quero que me a&ude a levar a obre +ary ara onde deve ficar"""6lec e Pamela estavam sentados muito &untos em um sof2, diante do av9" Kittyronronava no colo da dona, arecendo distante de toda aquela tra'0dia"

 — Na verdade, se não fosse or Kitty e elo chal0 de sua ami'a, a -ra" -and'round,talve) eu &amais a encontrasse"Pamela, sorriu comovida"

 — 6 -ra" -and'round vai saber disso, seu chal0 ser2 o camafeu que usaria enquantoviver"""

 — 1 certamente, viver2, muitos e muitos anos" 6lec assou o bra(o elos ombros damo(a"ma'inava que iria mesmo cumrir a romessa ao -r" Aaversham — embora ele dariauma ecelente reorta'em, talve) a mulher de toda a sua vida de &ornalista — quantoaos se'redos dos Aaversham""" 6'ora havia muita coisa a li'23lo $queles dois serres"1stranhamento Culian desaarecera, nunca mais teve3se not%cia do obre demente""" 1steseria mais um dos mist0rios de +anor Aaversham"""

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