UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL AVALIAÇÃO DE RISCO DE INCÊNCIO: MÉTODO DE GRETENER APLICADO AO CENTRO DE TECNOLOGIA (UFSM) TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Amanda Laura Pires Santa Maria, RS, Brasil 2015
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
AVALIAÇÃO DE RISCO DE INCÊNCIO: MÉTODO DE
GRETENER APLICADO AO CENTRO DE
TECNOLOGIA (UFSM)
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Amanda Laura Pires
Santa Maria, RS, Brasil
2015
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AVALIAÇÃO DE RISCO DE INCÊNCIO: MÉTODO DE
GRETENER APLICADO AO CENTRO DE TECNOLOGIA
(UFSM)
Amanda Laura Pires
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil,
Área de Concentração em Segurança contra Incêndio, da Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Engenheiro Civil.
Orientadora: Prof. Dra. Larissa Degliuomini Kirchhof
Santa Maria, RS, Brasil
2015
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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Departamento de Construção Civil
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de
Curso
AVALIAÇÃO DE RISCO DE INCÊNCIO: MÉTODO DE GRETENER
APLICADO AO CENTRO DE TECNOLOGIA (UFSM)
elaborada por
Amanda Laura Pires
Como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil
COMISSÃO EXAMINADORA:
Larissa Degliuomini Kirchhof, Dra. (UFSM)
(Presidente/Orientadora)
Rogerio Cattelan Antocheves de Lima, Dr.(UFSM)
Rutinéia Tassi, Dra. (UFSM)
Santa Maria, 10 de Julho de 2015.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida e por iluminar meus caminhos, por fechar as portas nas horas certas,
e me oferecer diversas janelas de oportunidades as quais eu nem esperava.
A minha avó, Delsi, por me mostrar o valor da família, e me fazer crer que a união é a
maior fonte de força que eu poderia encontrar.
Aos meus pais, Gilmar e Loni, pelo amor, dedicação e confiança depositados em todos
os momentos.
Ao meu namorado, Marco, por me mostrar o quão a distância pode ser pequena diante
de grandes sentimentos.
A minha família santa-mariense, o "ap magia 122", por me ajudarem a construírem um
lar fora de casa.
As minhas colegas de faculdade, em especial a Jéssica, por me mostrarem que a
engenharia é muito mais do que madrugadas de estudo, pelo companheirismo e amizade
dedicados.
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pelo ensino de qualidade e pelos
grandes mestres que me oportunizou conhecer.
A professora Larissa Degliuomini Kirchhof, orientadora deste trabalho, pelo
conhecimento, amizade e paciência depositados durante esses meses.
Ao professor Tales Augusto Araujo, por acreditar no meu potencial e sempre me
incentivar a correr atrás do melhor.
A Renata Lucena, pela disponibilidade e atenção.
A todos que de alguma forma contribuíram para o sucesso desta caminhada.
Muito Obrigada! Vocês foram fundamentais para esta conquista!
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RESUMO
Trabalho de Conclusão de Curso
Curso de Engenharia Civil
AVALIAÇÃO DE RISCO DE INCÊNCIO: MÉTODO GRETENER
APLICADO AO CENTRO DE TECNOLOGIA (UFSM)
ALUNO: AMANDA LAURA PIRES
ORIENTADORA: PROF. DRa. LARISSA DEGLIUOMINI KIRCHHOF
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 10 de Julho de 2015.
A incidência cada vez mais frequente de incêndios têm mostrado o quanto as
edificações são vulneráveis frente a estas ocorrências. A partir disso, dominar os requisitos
necessários à proteção contra incêndio, tem sido objeto de estudo em muitos âmbitos da
sociedade. As legislações vigentes, embora tenham se desenvolvido muito, ainda apresentam
caráter prescritivo. Em contrapartida, existem métodos internacionais que valorizam a
particularidade de cada edificação, oferecendo soluções alternativas sem diminuir a segurança
resultante. Dentre estes métodos, o trabalho propôs a aplicação do Método de Gretener. O
objetivo geral dessa pesquisa é fazer um levantamento dos fatores que representam o risco
efetivo de incêndio prédios que compõem ao CT/UFSM e comparar ao risco aceitável, por
meio do método proposto. Para tal, foi necessária uma análise detalhada da estrutura,
ocupação e medidas de proteção das edificações em estudo. Os resultados da pesquisa
mostraram que todos os prédios estão com a segurança abaixo do esperado. Os laboratórios
apresentaram um risco de incêndio maior devido ao material armazenado e as características
geométricas, sendo necessária uma intervenção com medidas especiais. Em todos os demais
casos, a melhoria nos extintores, hidrantes e pessoal treinado já seria suficiente para que
atingissem um coeficiente de segurança aceitável. Quanto ao método, percebeu-se que a
proteção à edificação e ao conteúdo muitas vezes se sobrepõe à segurança dos ocupantes.
Logo, sua aplicação não seria suficiente para prevalecer sobre a legislação brasileira, mas sim,
poderiam ser complementares.
Palavras-chaves: Método de Gretener. Mapeamento de risco de incêndio. Análise de risco.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Medidas passivas e ativas de proteção contra incêndio ......................................... 18
Informações da PROINFRA do início de 2014 indicam que, com um investimento de
aproximadamente R$ 30 milhões de reais, a UFSM irá demorar três anos para adequar todos
os prédios da instituição, de acordo com as novas exigências de prevenção e proteção contra
incêndio.
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3 GERENCIAMENTO E MÉTODOS DE ANÁLISE DE RISCO DE
INÊNDIO
3.1 Gerenciamento de Riscos
Um incêndio, quando iniciado, pode atingir diversas magnitudes, mas em qualquer
uma delas o resultado sempre será negativo. O fogo só deixa de queimar quando não tem mais
condições de sustentação, e isso ocorre na ausência de um dos quatro elementos essenciais a
ocorrência do fenômeno: combustível, comburente (oxigênio), calor e a reação em
cadeia.Segundo a Instrução Técnica nº 02/2011 da Polícia Militar do Estado de São Paulo, um
incêndio só tende a cessar quando a quantidade de oxigênio no ambiente cai para valores
inferiores a 14%, logo, a duração do incêndio depende da quantidade de comburente e de
combustível do local.
Enquanto queima, o fogo consome com bens materiais, prejudica o meio ambiente, e
põem em risco a vida humana. Por este motivo, conforme Melo et al (2002), o homem tem
usado o gerenciamento de riscos como forma de identificar, analisar e avaliar os riscos
existentes e então elaborar um planejamento a fim de evitar ou minimizar os danos causados
pelo sinistro.
Ao se desenvolver um plano de gerenciamento de risco de incêndio é essencial
identificar os riscos existentes, verificar sobre o que é mais importante a ser protegido e o que
será considerado como risco admissível.Duarte et al (s.d.) ressalta que o plano deve abranger
a proteção às pessoas de acordo com suas características e atividades, conservação da
propriedade, e a garantia de continuidade das atividades após o incidente.
A NBR 13860 (ABNT, 1997, p.9) define risco de incêndio como a “probabilidade de
ocorrência de incêndio”. Tal probabilidade pode ser avaliada em função da altura e área
construída, do tipo de atividade desenvolvida, do material armazenado e do número de
ocupantes.
Duarte et al (s.d.) enumera a probabilidade do risco de incêndio em três etapas:
a) A probabilidade de que ocorra ignição;
b) A probabilidade de que uma quantidade suficiente de combustível esteja presente;
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c) A probabilidade de que o calor e os produtos da combustão interfiram na
estabilidade da estrutura.
No entanto, Lopes (2008) determina dois parâmetros como diretamente ligados ao
risco: a probabilidade de ocorrência e a gravidade, logo, em uma análise de risco, para
alcançar um limite aceitável, deve-se minimizar uma das variáveis.
O risco é um fator presente em diversas atividades cotidianas, envolto a incertezas e
consequências adversas. Desta forma, como enfatiza Lucena (2014), o risco de incêndio
nunca pode ser considerado nulo visto que envolve a segurança dos ocupantes de um
determinado local assim como perdas sociais, econômicas e ambientais.
Nesse contexto, a análise de risco de incêndio surgiu a fim de criar um limite mínimo
de segurança a ser atendido. O objetivo principal é evitar o início do sinistro, mas, se a
ocorrência for inevitável, deve-se garantir que as medidas de proteção adotadas serão
suficientes para que o risco máximo aceitável não seja ultrapassado.
Conforme Santana (2007), a análise de risco consiste em identificar as causas e fontes
de risco, analisar a sequência do fluxo de um incêndio, avaliar o comportamento dos
ocupantes, as características estruturais e as medidas de proteção adotadas, e assim, ponderar
sobre as consequências do evento.
Desse modo, a análise de risco de incêndio auxilia diretamente na escolha das medidas
preventivas e protetivas a serem implantadas em cada projeto, fazendo com que cada
edificação mereça um estudo diferenciado considerando suas particularidades.
Zaguini (2012) analisa que, ainda que seja difícil prever todos os riscos a que se está
exposto, estes métodos colaboram diretamente com a prevenção de acidentes.
Na literatura, são encontradas diversas metodologias para a análise de risco de
incêndio, cada qual com suas características e aplicabilidades. Representam uma forma de
avaliar a segurança à vida e aos bens. A seguir, serão apresentando os principais métodos
utilizados, bem como a metodologia escolhida para avaliar o risco de incêndio do estudo de
caso proposto.
3.2 Métodos de avaliação
Conforme Venezia (2011), os métodos de avaliação de risco de incêndio podem ser
enquadrados em três diferentes técnicas de abordagem: qualitativa, quantitativa e
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semiquantitativa. Dentre elas, há um nível matemático diferenciado, devendo ser escolhida
aquela que melhor atender os objetivos e o grau de exigência esperado.
Os métodos qualitativos são enquadrados como métodos mais baratos e de fácil
aplicação, no entanto são pouco abrangentes quando se trata de análise de risco de incêndio.
Lopes (2004 apud BARANOSKI, 2008) explica que esta metodologia se baseia nas normas e
regulamentos contra incêndio em vigor. As edificações são classificadas de acordo com sua
ocupação, sendo então escolhidos quais e quantos serão os tipos de proteção adotados.
Lucena (2014) ainda esclarece que, embora possibilitem a identificação dos perigos e
a escolha das formas de prevenção e proteção, os métodos qualitativos não quantificam a
probabilidade de ocorrência do sinistro.
Classificados nessa categoria, pode-se citar os métodos descritivos, o "checklist" e a
análise histórica de eventos.
Já os métodos quantitativos tendem a produzir ótimos resultados, em contra partida,
são caros e demorados devido ao nível de exigência, tornando-os muitas vezes inviáveis de
serem aplicados.
Segundo Santana (2007) esses métodos são os mais eficazes quando se trata de análise
de risco de incêndio, visto que possuem valores mensuráveis que identificam os riscos e as
consequências de um incêndio. Além disso, possíveis erros são de fácil localização, embora
um novo processamento de dados possa levar tempo devido a quantidade de detalhes
considerados.
O autor ainda afirma que uma análise quantitativa completa usa o método da árvore de
eventos para fins do método principal, onde se parte de uma análise indutiva para
primeiramente identificar os possíveis eventos iniciais (geradores de risco), o comportamento
das pessoas e os sistemas de segurança que minimizariam esses eventos. Após isso, é montada
uma sequência de acontecimentos, e finalmente os efeitos resultantes do evento
inicial.Construída a árvore, cada ramo representa um evento final, e a soma da probabilidade
de ocorrência de cada um destes eventos representa o risco total a que está sujeito tal cenário.
Dentre os métodos quantitativos de análise de risco de incêndio, pode-se citar o
método "Computation of Risk Indices by Simultion Procedures" (CRISP), o Modelo de
Avaliação de Custo de Risco (FIRECAM) e o "Building Fire Safety Engineering Method"
(BFSEM).
Da necessidade de encontrar uma técnica menos rigorosa sem abrir mão de resultados
satisfatórios, surgiram os métodos semiquantitativos de análise de risco.
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Como explica Santana (2007), cabe ao aplicador do método unicamente inserir os
dados solicitados. O peso de cada dado para o resultado final é estipulado pelo próprio
método por meio de parâmetros bem definidos desde o desenvolvimento metodológico. Para
formulação do processo, os especialistas identificam os fatores que influenciam durante a
ocorrência de um incêndio, tanto os perigos quanto as medidas de proteção, e atribuem pesos
de acordo com o grau de capacidade que cada fator pode afetar na segurança de um edifício.
A combinação matemática desses parâmetros resultantes, conforme é instruída para cada
método, resulta em um índice de risco.
O maior trabalho em aplicar esses métodos está na coleta de dados, pois, após
recolhidos, o processo consiste em ponderar as características em tabelas prontas retirando
parâmetros numéricos de fácil compreensão. Embora o trabalho do aplicador seja simples,
não necessitando de grandes conhecimentos, a capacidade de julgar tais fatores depende da
visão do mesmo, podendo interferir na qualidade final do resultado.
Em situações de projeto, podem-se criar várias soluções distintas em um mesmo local,
ou seja, aplicar diferentes medidas de proteção e verificar o nível de segurança conferido,
facilitando a análise de custo benefício obtido em cada uma delas.
Como exemplo da metodologia semiquantitativa, destacam-se métodos como o
Método de Gretener, "Fire Risk Assessment Method for Engineering" (FRAME) e Método de
Purt.
O presente trabalho irá se limitar a descrever detalhadamente o Método de Gretener,
utilizado posteriormente no Capítulo 4 para análise de risco em um estudo de caso
previamente escolhido.
3.3 Método de Greneter
Diretor da Associação de Proteção Contra Incêndio da Suíça, o engenheiro Max
Gretener iniciou em 1960 os estudos para quantificar matematicamente os riscos de incêndio
em indústrias e grandes edifícios. Publicado em 1965, como a maioria dos métodos de
avaliação de riscos,foi concebido inicialmente visando o interesse de empresas seguradoras.
Em 1968, o método foi regulamentado pelo Corpo de Bombeiros Suíço afim de ser aplicado
para avaliar as medidas de proteção contra incêndio das edificações. Já em 1984, sofreu
algumas alterações por um grupo de especialistas da SIA (Societé Suisse des Ingénieurset des
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Architectes) e de outras companhias de seguro, quando então foi publicado um documento
chamado de SIA-81 “Método de avaliação de risco de incêndio” (SIA, 2004).
Um dos métodos de avaliação de risco de incêndio mais difundido, serviu de base para
métodos como o FRAME, o Método de Purt, o "Évaluation du Risque Incendie Calculé"
(ERIC), o FIRECAM e normas em diversas partes do mundo. Em 1987, por exemplo, foi
referência para as normas austríacas TRVB A-100 e TRVB A-126, ambas publicadas pela
Liga Federal de Combate a Incêndio da Áustria. A Nova Zelândia faz uso dos valores de
carga de incêndio expostos nesse método. A última atualização e revisão do SIA-81 é datada
de 1996(SILVA e COELHO FILHO, 2007).
No Brasil, a NBR 14432 (ABNT,2001) admite a utilização de métodos internacionais
reconhecidos e aceitos pela comunidade tecnocientifica para atendimento das exigências de
resistência ao fogo dos elementos estruturais, desde que, adotadas as devidas considerações
para adaptar o procedimento à realidade brasileira. Para a NBR 14432 (ABNT,2001, p.4)
5.5 Admite-se a utilização de métodos tendo por base a contraposição de medidas de
proteção contra incêndio para a determinação dos tempos requeridos de resistência
ao fogo dos elementos construtivos. Estes tempos podem variar em função da
quantificação do risco e da adoção de medidas complementares de proteção ativa e de proteção passiva. Em particular, entre esses métodos, pode ser adotado o método
de Gretener ou seus sucedâneos.
De simples aplicação, Lopes (2008) resume o Método de Gretener como fórmulas
matemáticas simples a serem utilizadas concomitantemente com várias tabelas de dados,
desenvolvidas com fundamentação estatística. O nível de segurança é medido pela
determinação do fator γ (coeficiente de segurança contra incêndio) para cada compartimento
de incêndio da edificação. A resposta será satisfatória se todos γ forem maiores ou iguais a
um.
Além da avaliação quantitativa do risco de incêndio através do coeficiente “γ”
resultante, é possível identificar quais as melhores medidas a serem adotadas para garantir o
desempenho do edifício. Dessa forma, pode ser aplicado tanto em edificações que estão sendo
projetadas como para averiguar a segurança em já existentes.
Nos próximos tópicos que seguem, o método será descrito de forma sistemática em 9
passos, facilitando a compreensão e aplicação do mesmo. As fórmulas, tabelas e parâmetros
para aplicação do método foram retiradas e adaptadas da publicação "Avaliação do Risco de
Incêndio - Método de Cálculo", tradução pelo instituto superior técnico de Lisboa, da
publicação, em alemão, mesmo nome da SIA.
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3.3.1 Considerações iniciais
Como definições iniciais, é importante conhecer os conceitos de compartimento de
incêndio e células corta-fogo segundo o Método de Gretener.
Um compartimento de incêndio é uma parte da edificação separada do conjunto por
meio de fachadas e paredes internas resistentes ao fogo, de maneira que na ocorrência de um
incêndio, o fogo se limite a este compartimento e não venha a atingir outros ambientes ou
andares.
Uma célula corta-fogo é um ambiente de área inferior a 200m² que atenda as
exigências de resistência ao fogo F30/T30 (resistência ao fogo de 30min para paredes e
portas, respectivamente).
Além disso, o Método de Gretener considera que algumas regras gerais de segurança
estão implicitamente sendo atendidas. São elas: as distâncias de segurança entre edifícios
vizinhos, saídas de evacuação, iluminação e sinalização de emergência, assim como
instalações técnicas de acordo com as normas.
3.3.2 Classificação quanto ao tipo de construção
O método é usualmente aplicado para avaliar o nível de segurança contra incêndio em
estabelecimentos públicos com grande densidade de pessoas (hotéis, hospitais, museus,
escolas, etc), em edifícios industriais e comerciais, e também para edifícios de usos múltiplos.
De acordo com o tipo de construção, o Método de Gretener classifica as edificações
em tipo Z, G ou V, de acordo com a facilidade de propagação do fogo.
O tipo Z representa uma construção fracionada em células corta-fogo, em que a
propagação do incêndio é dificultada em ambos os sentidos, horizontal e vertical. Os
elementos resistentes e de compartimentação devem apresentar resistência ao fogo suficiente
para manter o desempenho estrutural do edifício. As ligações verticais devem ser separadas
do restante da edificação por estruturas corta-fogo.
O tipo G representa uma construção em grande superfície, onde um compartimento de
incêndio corresponde a um andar inteiro. A propagação do incêndio é dificultada apenas no
sentido vertical da construção. Os elementos resistentes e de compartimentação devem
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apresentar resistência ao fogo suficiente para manter o desempenho estrutural do edifício. As
ligações verticais devem ser separadas do restante da edificação por estruturas corta-fogo.
Finalmente, o tipo V representa uma construção em grande volume, onde um
compartimento de incêndio corresponde ao conjunto da edificação como um todo. Devido à
inexistência de separação entre os andares, a propagação do incêndio é facilitada em ambos os
sentidos, horizontal e vertical. As ligações verticais são abertas, as instalações de climatização
podem contribuir para propagação do fogo ou ainda a estrutura não apresenta resistência
suficiente.
3.3.3 Definição dos Perigos Potenciais (P)
Os perigos potenciais são aqueles fatores que, de uma forma ou de outra tendem a
favorecer o desenvolvimento de um incêndio. Dividem-se em perigo inerente ao conteúdo e
perigo inerente ao edifício.
Os perigos inerentes ao conteúdo afetam diretamente na propagação de um incêndio.
São os equipamentos mobiliários e produtos que trazem as características de carga de
incêndio mobiliária (q), combustibilidade (c), formação de fumaça (r) e perigo de
corrosão/toxidade (k).
Os perigos inerentes ao edifício são relacionados aos elementos estruturais, de
compartimentação e características arquitetônicas. Nesse ponto serão analisados três fatores: a
carga de incêndio imobiliária (i), a altura útil do local (e) e a amplitude da superfície (g).
O produto destes sete fatores resulta no valor do perigo potencial (P).
(1)
A carga de incêndio mobiliária ( , fator q) é quociente entre quantidade de calor
liberada na queima dos materiais combustíveis presentes pela superfície do compartimento de
incêndio (AB) analisado (MJ/m²). Para um compartimento de uso específico, o valor de e
o fator q podem ser retirados do Anexo C, no entanto, quando o uso for indeterminado,
pode ainda ser extraído do mesmo anexo, mas o valor do fator q é obtido pela Tabela 2.
A carga mobiliária pode ser calculada por andar (edifícios tipo Z e G), ou pela soma
do conjunto de andares referindo-se ao andar de maior área (edifício tipo V).
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Tabela 2 - Carga mobiliária de incêndio Qm, fator q
Qm (MJ/m²) q Qm (MJ/m²) q Qm (MJ/m²) q
Até 50 0,60 401-600 1,30 5001-7000 2,00
51-75 0,70 601-800 1,40 7001-10000 2,10
76-100 0,80 801-1200 1,50 10001-14000 2,20
101-150 0,90 1201-1700 1,60 14001-20000 2,30
151-200 1,00 1701-2500 1,70 20001-28000 2,40
201-300 1,10 2501-3500 1,80 mais de 28000 2,50
301-400 1,20 3501-5000 1,90
A combustibilidade (fator c) depende do grau de perigo em que os materiais
combustíveis se enquadram quanto à inflamabilidade e à velocidade de combustão. Para
definição desse fator é considerado o material com maior fator c, desde que ele corresponda a,
pelo menos, 10% da carga de incêndio mobiliária. Para uso específico, o fator pode ser obtido
no Anexo C, para usos múltiplos, retira-lo da Tabela 3.
Tabela 3 - Combustibilidade Fe, fator c
Combustibilidade Grau de Perigo c
Altamente inflamável 1 1,60
Facilmente inflamável 2 1,40
Inflámável, facilmente combustível 3 1,20
Normalmente combustível 4 1,00
Dificilmente combustível 5 1,00
Incombustível 6 1,00
O perigo de fumo (fator r) define os materiais que produzem fumaça intensa
durante a combustão. Da mesma forma que a combustibilidade, é considerado o material com
maior fator r, desde que ele corresponda a, pelo menos, 10% da carga de incêndio mobiliária.
Pode ser obtido no Anexo C em caso de uso especifico do compartimento, ou através da
Tabela 4 para múltiplos usos. Caso existirem materiais que, mesmo em quantidade inferior,
exalarem fumaça intensa, deverá ser adotado r =1,1.
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Tabela 4 - Perigo ao fumo Fu, fator r
Perigo devido ao fugo r
normal 1,0
médio 1,1
grande 1,2
O perigo de corrosão ou toxidade ( fator k) representa os materiais que em
combustão produzem gases venenosos prejudiciais à saúde. Será considerado o material com
valor de k mais expressivo, desde que ele represente pelo menos 10% da carga mobiliária, ou
ainda materiais de grande perigo de corrosão e toxidade, mesmo que representem um valor
inferior. Pode ser obtido no Anexo C em caso de uso especifico do compartimento, ou através
da Tabela 5 para múltiplos usos.
Tabela 5 - Perigo de corrosão/toxidade Co, fator k
Grau de toxidade/corrosão k
normal 1
médio 1,1
grande 1,2
A carga de incêndio imobiliária ( , fator i) é relacionada ao material combustível
inserido aos elementos de fachada, pavimentos e coberturas, assim como da estrutura
resistente, e pode ser definida pela Tabela 6.
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Tabela 6 - Carga de incêndio imobiliária Qi, fator i.
* Betão, tijolo, metal, concreto e outros materiais incombustíveis.
** Fcb 30 (resistência ao fogo de 30min para estruturas de madeira).
*** Madeira e material sintético.
A altura útil do local ( fator e) para um edifício de múltiplosandares analisa a
dificuldade de fuga e a intervenção dos bombeiros em uma situação de incêndio. Quando o pé
direto for até 3m, é o número de andares que define o fator e. Para valores superiores, o fator
é encontrado a partir da cota E (altura a partir do nível da rua até a face superior do
pavimento).O fator e pode ser encontrado conforme Tabela 7.
Tabela 7 - Nível do andar ou altura útil do local E, fator e
Para múltiplos andares
Andar Altura útil E Fator e
desde o 11º andar ≤ 34 m 2,00
desde o 8º andar ≤ 25 m 1,90
desde o 7º andar ≤ 22 m 1,85
desde o 6º andar ≤ 19 m 1,80
desde o 5º andar ≤ 16 m 1,75
desde o 4º andar ≤ 13 m 1,65
desde o 3º andar ≤ 10 m 1,50
desde o 2º andar ≤ 7 m 1,30
desde o 1º andar ˂ 4 m 1,00
Térreo 1,00
A amplitude da superfície (fator g) pondera quanto à propagação horizontal de um
incêndio. Quanto maiores às dimensões da superfície AB, mais desfavorável para a ação de
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combate ao sinistro. Além disso, quanto maior a relação comprimento/largura (l/b), mais
dificultado é o acesso dos bombeiros. O fator g pode ser retirado da Tabela 8.
Para edifícios tipo V, considerar o andar de maior superfície.
Tabela 8 - Amplitude de superfície, fator g
l/b fator g
8:1 7:1 6:1 5:1 4:1 3:1 2:1 1:1
Su
per
fíci
e A
B (
m²)
800 770 730 680 630 580 500 400 0,40
1200 1150 1090 1030 950 870 760 600 0,50
1600 1530 1450 1370 1270 1150 1010 800 0,60
2000 1900 1450 1700 1600 1450 1250 1000 0,80
2400 2300 1450 2050 1900 1750 1500 1200 1,00
4000 3800 1450 3400 3200 2900 2500 2000 1,20
6000 5700 1450 5100 4800 4300 3800 3000 1,40
8000 7700 1450 6800 6300 5800 5000 4000 1,60
10000 9600 1450 8500 7900 7200 6300 5000 1,80
Obs.: A tabela completa pode ser encontrada no texto original do método, constam aqui apenas os valores de
interesse.
3.3.4 Definição das medidas de proteção (M)
As medidas de proteção tem fundamental importância, pois são responsáveis por
dificultar a propagação e o crescimento de um incêndio. Estas medidas podem ser divididas
em medidas normais (N), especiais (S) e construtivas (F), sendo que o produto destas três
categorias resulta no valor de M.
(2)
As medidas normais de proteção (N) decorrem da análise de cinco fatores de proteção,
representadas pelos parâmetros a
(3)
41
a) : refere-se aos extintores portáteis, sendo válidos apenas aqueles que estejam de
acordo com as normas vigentes.
b) : analisa a existência de hidrantes internos.
c) : avalia a fiabilidade do sistema de abastecimento de água quanto à vazão,
pressão, e à reserva de incêndio, devendo atender as características conforme o grau de perigo
enquadrado. Os graus de perigo podem ser classificados como de risco grande (edifícios
antigos, grandes lojas, locais de trabalho com madeira, pintura ou sintéticos), médio (edifícios
administrativos, empresas artesanais) ou pequeno (edificações de um só andar com pequena
carga de incêndio), dependendo da quantidade de pessoas e/ou da concentração de bens.
d) : analisa a conduta de alimentação. Depende do comprimento de tubulação
necessário entre o hidrante de urbano e a entrada do edifício mais próxima.
e) considera a existência de pessoal instruído para agir em situações de incêndio,
com treinamento adequado para manuseio dos equipamentos de segurança contra incêndio.
Todos os parâmetros necessários para definição das medidas acima citadas estão
agrupados na Tabela 9.
Tabela 9 - Medidas Normais de Proteção (N)
(continua)
Medias Normas de Proteção (N)
Extintores
portáteis n1
Suficiente n1 = 1,00
Insuficiente/Inexistente n1 = 0,90
Hidrantes
internos n2
Suficiente n2 = 1,00
Insuficiente/Inexistente n2 = 0,80
Fiabilidade do
sistema de
abastecimento de
água - n3
Condições mínimas de vazão
grande risco - mais de 3600 l/min reserva de incêndio 480m³
médio risco - mais de 1800 l/min reserva de incêndio 240m³
pequeno risco - mais de 900 l/min reserva de incêndio 120m³
Não atendendo as condições acima os
fatores n3 devem ser reduzidos 0,05 a
cada 300l/min
Não atendendo as condições
acima os fatores n3 devem ser
reduzidos 0,05 a cada 36m³ a
menos
42
Tabela 9 - Medidas Normais de Proteção (N)
(conclusão)
Medias Normas de Proteção (N)
Fiabilidade do sistema de
abastecimento de água - n3
Pressão saída do hidrante
˂ 2 bar ˃ 2 bar ˃ 4 bar
Reservatório elevado com
reserva de água 0,70 0,85 1
Reservatório elevado sem
reserva de água 0,65 0,75 0,9
Bomba de nível freático
independente da rede 0,60 0,7 0,85
Bomba de nível freático
dependente da rede 0,50 0,6 0,7
Águas naturais 0,50 0,55 0,6
Conduta de Alimentação
menor que 70 m n4 = 1,00
entre 70 - 100 m n4 = 0,95
maior que 100 m n4 = 0,90
Pessoal Instruído Disponível e treinado n5 = 1,00
Insuficiente/Inexistente n5 = 0,80
As medidas especiais de proteção (S) são medidas complementares de segurança
contra incêndio. Quando para algum grupo não houver informações, adotar O valor
final de (S) é resultando de seis fatores, abaixo descritos.
(4)
a) : parâmetro definido pela forma de detecção ao fogo. A detecção pode ser feita
por meio da instalação de sprinklers, alarme automático ou serviço de vigilantes. Os vigilantes
podem ser guardas da empresa ou serviços terceirizados competentes, as rondas devem ser
controladas por relógio ponto e o acionamento do alarme deve estar a no máximo 100m de
qualquer ponto que o vigia possa se encontrar na edificação.
b) : analisa o modo de transmissão do alerta.
c) : avalia a atuação dos bombeiros da empresa (BE) e dos bombeiros oficiais (BO).
43
c.1) BE1: brigada de incêndio que possa ser alertada ao mesmo tempo durante as horas
de trabalho, formada pelo mínimo de 10 homens treinados, preferencialmente pertencentes ao
CB local.
c.2) BE2: corpo de bombeiros da empresa, com o mínimo de 20 homens treinados e
com comando próprio, podendo ser alertados ao mesmo tempo durante as horas de trabalho.
c.3) BE3: corpo de bombeiros da empresa, com o mínimo de 20 homens treinados e
com comando próprio, podendo ser alertados ao mesmo tempo a qualquer horário.
c.4) BE4: difere do escalão BE3 por considerar ainda 4 homens em prontidão nos dias
inativos.
c.5) BO1: quando não se enquadra em BO2.
c.6) BO2: corpo oficial de bombeiros contando com 20 pessoas treinadas e chamadas
via alerta telefônico de grupos que avisa simultaneamente todos os elementos do Corpo de
Bombeiros não profissionais. Entende-se por Corpo de Bombeiros não profissionais os
chamados Sapadores Bombeiros, grupo de profissionais e voluntários que atuam em conjunto
com o Corpo de Bombeiros nas ações de prevenção e combate a incêndio, muito comum em
países mais desenvolvidos.
c.7) BO3: considera as características do B02, mas que, além disso, a equipe dispõe de
um caminhão auto-tanque.
c.8) B04: corpo oficial de bombeiros com no mínimo 20 homens treinados e alertados
por via telefônica. O caminhão auto-tanque deve possuir capacidade mínima de 1200l, e em
dias inativos devem permanecer de plantão 3 homens, prontos para partir em um intervalo de
5min.
c.9) B05: difere do escalão B04 por exigir um caminhão auto-tanque com a capacidade
mínima de 2400l e 5 homens de plantão em dias inativos.
c.10) BO6: difere do escalão BO5, pois considera o serviço permanente de no mínimo
4 homens treinados em serviços de incêndio e proteção contra gases.
c.11) BO7: corpo de bombeiros profissional cujas equipes estão distribuídas em vários
pontos da cidade. Treinados e equipados adequadamente, sejam quaisquer os riscos
existentes.
d) : considera o tempo desde o disparo do alarme até a chegada do grupo de
intervenção adequado a atender o sinistro.
e) qualifica as instalações de extinção.
f) refere-se as instalações de evacuação de calor e de fumo, caso existam.
44
Todos os parâmetros necessários para definição das medidas anteriormente citados
estão agrupados na Tabela 10.
Tabela 10 - Medidas Especiais de Proteção (S)
Medidas Especiais de Proteção (S)
Det
ecçã
o a
o
fogo -
s1 Vigilância: ao menos duas rondas noturnas e em dias em inativos. 1,05
Vigilância: noturna e em dias inativos em intervalos de duas
horas. 1,10
Alarme automático. 1,45
Instalação de sprinklers. 1,20
Tra
nsm
issã
o d
o a
lert
a -
s2
Posto de controle funcionando permanentemente, ocupado
durante a noite por uma só pessoa junto a aparelho telefônico. Ex.
guarita.
1,05
Posto de controle funcionando permanentemente, ocupado por
pelo menos duas pessoas junto a aparelho telefônico. Ex: guarita. 1,1
Transmissão automática do alerta por via telefônica que se efetua
automaticamente a partir da central de detecção ou sprinkler para
um posto de alarme de incêndio.
1,10
Transmissão automática do alerta por via telefônica controlada
permanentemente (linha alugada ou constantemente controlada)
que se efetua a partir da central de detecção ou sprinkler para um
posto de alarme de incêndio.
1,20
Bom
bei
ros
ofi
ciais
(B
O)e
Bom
bei
ros
de
emp
resa
(BE
) -
s3
BE1 BE2 BE3 BE4 SEM BE
BO1 1,20 1,30 1,40 1,50 1,00
BO2 1,30 1,40 1,50 1,60 1,15
BO3 1,40 1,50 1,60 1,70 1,30
BO4 1,45 1,55 1,65 1,75 1,35
BO5 1,50 1,60 1,70 1,80 1,40
BO6 1,55 1,65 1,75 1,85 1,45
BO7 1,70 1,75 1,80 1,90 1,60
Tem
po d
e
inte
rven
ção
do B
E -
s4
Tempo Sprinkler BE1 e BE2 BE3 BE4 SEM BE
≤ 15min 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
≤30min 1,00 0,90 0,95 1,00 0,80
≥30min 0,95 0,75 0,90 0,95 0,60
Inst
ala
çõ
es d
e
exti
nçã
o
- s5
Instalação de sprinklers 2,00
Proteção de local com instalação dilúvio 1,70
Proteção de local com instalação automática, extinção a gás 1,35
s6
Instalação de evacuação de calor e de fumo 1,20
45
As medidas construtivas de proteção (F) são relacionadas a resistência ao fogo de uma
estrutura. O valor final de (F) é resultando de quatro fatores, abaixo descritos.
(5)
a) : refere-se à estrutura resistente (pilares, vigas e alvenaria) quanto à resistência ao
fogo do compartimento de incêndio analisado.
b) : quantifica a resistência ao fogo das fachadas do compartimento analisado. O
valor do parâmetro depende da porcentagem de superfície das janelas (AF) em relação à
superfície da fachada, assim como o gênero de construção da fachada, com as juntas e demais
elementos de ligação. Considerar sempre a parte que apresentar menor resistência.
c) : quantifica a resistência ao fogo dos pavimentos (elementos horizontais de
separação), o gênero das ligações verticais e o número de pisos.As ligações verticais são
consideradas protegidas quando forem enclausuradas por alvenaria F60*, ou, se abertas,
possuírem instalação de extinção automática ao fogo (sprinkler, instalação dilúvio ou cortina
cota-fogo).
d) : considera a resistência dos elementos de compartimentação e a relação entre a
área das janelas (AF) e a área da superfície da célula corta fogo (AZ).
Todos os parâmetros necessários para definição das medidas acima citadas estão
agrupados na Tabela 11.
Tabela 11 - Medidas Construtivas de Proteção (F)
(continua)
Estrutura
Resistente
- f1
≥ F 60* 1,30
≥ F 30** 1,20
˂ 30 1,00
Fachadas
- f2
≥ F 60 1,15
≥ F 30 1,10
˂ 30 1,00
46
Tabela 11 - Medidas Construtivas de Proteção (F)
(conclusão) P
avim
enos
- f3
Separação
entre pisos
Nº
Pisos
Ligações Verticais
Z+G V V
Nenhuma ou
isolada Protegidas Sem proteção
≥ F 60 2 1,20 1,10 1,00
˃2 1,30 1,15 1,00
F30 2 1,15 1,05 1,00
˃2 1,20 1,10 1,00
F30cb*** 2 1,10 1,05 1,00
˃2 1,15 1,10 1,00
˂ F30cb 2 1,05 1,00 1,00
˃2 1,10 1,05 1,00
Células
corta-fogo
- f4
Relação AF/AZ
≥ 10% ˂ 10% ˂ 5%
AZ ˂ 50 m² F 30 1,4 1,30 1,20
F 30 cb 1,3 1,20 1,10
AZ ˂ 100 m² F 30 1,3 1,20 1,10
F 30 cb 1,2 1,20 1,00
AZ ≤ 200 m² F 30 1,2 1,20 1,00
F 30 cb 1,1 1,00 1,00 * Resistência ao fogo de 60min.
** Resistência ao fogo de 30min.
*** Resistência ao fogo de 30min de uma estrutura de madeira.
3.3.5 Fator de exposição ao perigo (B)
A razão entre os perigos potencias (P) e as medidas de proteção (M) resultam em um
fator de exposição ao perigo (B).
(6)
47
3.3.6 Definição do perigo de ativação (A)
O perigo de ativação (A) pode também ser definido como o grau de probabilidade de
ocorrência do sinistro. Seu valor é determinado conforme Tabela 12 ou ainda pelo Anexo A,
em que o fator A é relacionado ao uso do edifício. No caso de múltiplos usos, considerar o
maior valor.
Tabela 12 - Perigo de ativação, fator A
Fator A Ocupação do edifício
0,85 Museus
1,00 Residenciais, hotéis, fábricas de papel
1,20 Fabrica de maquinas e equipamentos
1,45 Laboratórios químicos, oficinas de pintura
1,80 Fabrica de fogos de artificio, vernizes ou pinturas
3.3.7 Cálculo do Risco Efetivo (R)
A multiplicação do fator de exposição ao perigo (B) pelo perigo de ativação (A)
resulta no risco efetivo de incêndio (R).
(7)
O risco de incêndio efetivo é calculado para o maior compartimento de incêndio ou
aquele que for considerado o mais perigoso. O compartimento de incêndio é definido
conforme o tipo de construção (item 3.3.2).
48
3.3.8 Risco admissível de incêndio (
O risco admissível de incêndio é calculado pelo produto entre o risco normal de
incêndio ( e o fator de correção O fator de correção pode ser retirado da
tabela 13, segundo a categoria de exposição ao perigo p, o nível do andar e o número de
pessoas no compartimento de incêndio analisado.
(8)
Tabela 13 - Fator de correção Phe segundo a categoria de exposição ao perigo p
1 2
Phe r/c + 1º
andar
2º - 4º
andar
5º - 7º
andar
8º
andar
r/c + 1º
andar
2º - 4º
andar
5º - 7º
andar
8º
andar
N°
de
pes
soas
˃1000 ≤ 30 ˃1000 1,00
≤ 100 ≤ 30 0,95
≤ 300 ≤ 100 0,90
≤ 1000 ≤ 30
≤ 300
0,85
˃1000 ≤ 100 ≤ 1000 ≤ 30 0,80
≤ 300 ˃1000 ≤ 100 0,75
≤ 1000 ≤ 30 ≤ 300 0,70
Obs.: A tabela completa pode ser encontrada no texto original do método, constam aqui apenas os valores de interesse.
A categoria de exposição ao perigo p é classificada conforme a ocupação do edifício.
A classe 1 inclui museus, salas de reunião, escolas, restaurantes e grandes lojas. A classe 2
inclui hotéis, pensões e albergues, enquanto que a classe 3 é formada por hospitais e asilos.
Para os usos não mencionados, consultar o Anexo C. Caso não haja indicação, considerar
igual a 1.
49
3.3.9 Conclusão do Método
Conhecidos os valores que indicam o risco efetivo (R) e o risco admissível ( , é
possível inferir sobre a segurança de determinado local. Logo, uma edificação protegida
contra incêndio deve satisfazer a seguinte equação, em que “γ” representa o coeficiente de
segurança contra incêndio:
(9)
Se o coeficiente “γ” for inferior a 1, indica que o edifício não esta atendendo a
segurança contra incêndio mínima. Neste caso, serão necessárias novas medidas de prevenção
e proteção ao sinistro, além de fortalecer as já existentes.
Os resultados podem ser resumidos conforme a planilha do Anexo A "Planilha de
Cálculo Método de Gretener", onde estão expostos os conceitos acima descritos e os
parâmetros escolhidos, gerando, por fim, o valor resultante para o coeficiente de SCI.
50
4 ESTUDO DE CASO: CENTRO DE TECNOLOGIA (CT/UFSM)
Neste capítulo é apresentada a aplicação do Método de Gretener no Centro de
Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria (CT/UFSM).
4.1 A Universidade Federal de Santa Maria
A UFSM tem sua sede localizada na cidade de Santa Maria, região central do Rio
Grande do Sul e está situada a 290km da capital gaúcha, Porto Alegre (Figura 10). Além
disso, possui mais quatro unidades acadêmicas nas cidades de Cachoeira do Sul, Frederico
Westphalen, Palmeira das Missões e Silveira Martins, todas no situadas no interior do estado.
Atualmente, oferece 89 cursos de graduação, 72 de pós-graduação, o colégio Politécnico, o
colégio Técnico Industrial, a Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo, além de cursos de
ensino à distância.
Figura 10 - Localização de Santa Maria no Rio Grande do Sul.
A UFSM/Santa Maria abrange uma área de 1.837,36 hectares, sendo que 273.150,92
m² correspondem à área construída do campus localizado no bairro Camobi, e 22.259,41 m²
51
no centro da cidade3. Inclui toda a infraestrutura necessária ao dia-a-dia dos estudantes como
uma pequena cidade universitária, contando com posto de gasolina, farmácia, bancos, correio,
livraria, papelaria, moradia e restaurantes.
Conhecida como uma das universidades brasileiras mais bem conceituadas, a UFSM
conta atualmente com 28.000 estudantes, 1.800 professores e 2.822 servidores técnico-
administrativos4. Logo, além de sua importância acadêmica, é responsável pelo grande
desenvolvimento socioeconômico da região, visto que centenas de estudantes todos os anos
migram para a cidade em busca de melhores oportunidades de ensino.
O campus sede se divide em 8 centros acadêmicos, conforme a área de interesse,
dentre eles o Centro de Tecnologia (CT), apresentando na figura 11. O CT é formando pelo
prédio 7 (principal), pelos prédios 9A, 9B e 9C (Anexos) e pelo prédio 10, ocupado pelos
laboratórios e grupos de pesquisa.
Figura 11 - Imagem área da UFSM, delimitando o Centro de Tecnologia.
(FONTE: Software GoogleEarth)
Um dos centros mais antigos, guarda parte essencial da história da UFSM. São
diversos documentos, imagens e livros que devem ser preservados e valorizados. A grande
importância para a comunidade vem da vasta produção acadêmica e do comprometimento
3 Fonte: http://sucuri.cpd.ufsm.br/historico_index.php. Acesso em 15 de Maio de 2015. 4 Fonte: http://portal.ufsm.br/indicadores/index. Acesso em 15 de Maio de 2015.
52
com a formação profissional que o Centro de Tecnologia desenvolve todos os anos. Nos
laboratórios, são inúmeros equipamentos, e principalmente, uma série de dados que são
resultado de muita pesquisa e esforço por parte dos universitários e professores.
Os tópicos seguintes trazem passo a passo o histórico do edificado assim como todas
as características consideradas relevantes para fins de aplicabilidade do Método de Gretener.
4.2 Características da área de estudo
Inicialmente chamado de Instituto Politécnico, a construção e inauguração do CT está
datada de 1960, meses antes da própria criação da UFSM. Em 1961 passou a ser chamado de
Faculdade Politécnica, e em 1962 foi realizado o primeiro vestibular, ofertando os cursos de
Engenharia Elétrica e Engenharia Civil. Apenas em 1970 ganhou o nome de Centro de
Tecnologia, e atualmente, após ampliações, é estrutura física de 12 cursos de graduação
(Arquitetura e Urbanismo, Ciência da Computação, Engenharia Acústica, Engenharia
Aeroespacial, Engenharia Civil, Engenharia da Computação, Engenharia de Controle e
Automação, Engenharia de Produção, Engenharia de Telecomunicações, Engenharia Elétrica,
Engenharia Mecânica, Engenharia Química, Engenharia Sanitária e Ambiental e Sistemas de
Informação)5, além de pós-graduação e grupos de pesquisa.
Afim de ampliar a unidade e atender o que hoje são 3.460 universitários, 196 docentes
e 94 técnico-administrativos6, em 1979 foi construído um prédio de laboratórios, sendo que
parte deste foi posteriormente destinado às aulas da pós-graduação, e mais três anexos,
totalizando 24.560 m² construídos.
Embora levantados em anos distintos, a unidade, como um todo, apresenta um estilo
bastante homogêneo. Construídos em terreno plano, os prédios contam com salas de aula
amplas, pé direito alto, e em bom estado de conservação, diferindo-se o prédio de laboratórios
(prédio 10) devido às particularidades em sua ocupação. São ainda todos ligados entre si, seja
por acesso externo coberto e/ou passarela.
O Centro de Tecnologia contém toda infraestrutura necessária: rede de abastecimento
de água, drenagem pluvial, saneamento básico, rede elétrica, internet e rede telefônica. Além
5 Fonte: http://coral.ufsm.br/ct/index.php/sobre-o-ct. Acesso em 20 de Maio de 2015. 6 Fonte: http://portal.ufsm.br/indicadores/index. Acesso em 20 de Maio de 2015.
53
disso, grande parte das salas são dotadas de ar condicionado e instalação para uso de
retroprojetor.
Figura 12 - Registro da parte frontal do Centro de Tecnologia.
(Fonte: http://coral.ufsm.br/ct/)
As plantas arquitetônicas das edificações foram fornecidas pela Pró Reitoria de
Infraestrutura (PROINFRA) da Universidade, em Software AutoCad, incluindo planta baixa,
cortes e fachadas.
Na ideia inicial da pesquisa, foram também requeridas as plantas de Prevenção e
Proteção Contra Incêndio (PPCI) para aplicar o método em um estudo comparativo entre o
que é existente no local e aquilo que consta em projeto, considerando que muitas vezes a
realidade não corresponde ao projetado. A informação foi que, anteriormente ao incidente da
Boate Kiss em 27 de Janeiro de 2013, os PPCI's eram feitos apenas para prédios mais altos,
logo, a situação do Centro de Tecnologia não consta em projeto. Circunstância válida
inclusive para os anexos, que são construções mais recentes. A segurança durante todos esses
anos foi garantida apenas com a distribuição de extintores, conforme se imaginasse a
necessidade e, atualmente, após a tragédia que abalou a cidade e reavaliou todas as normas de
SCI, a Universidade planeja recursos com o Governo Federal para adequar a situação de todos
os prédios.
Para a coleta de dados foi elaborada uma ficha técnica denominada de "Avaliação de
risco de incêndio no Centro de Tecnologia", na qual estão organizados os parâmetros
54
vistoriados em cada um dos prédios (medidas de proteção, materiais armazenados,
informações construtivas). A ficha pode ser encontrada no Apêndice A deste trabalho.
Para a realização do estudo de campo, foi realizado levantamento fotográfico para fins
de melhor avaliar o ambiente em questão.
Por fim, e de fundamental importância, foi necessário o contato com o Corpo de
Bombeiros da cidade para informações tais como: pessoal disponível em caso de ocorrência
de um sinistro, equipamentos convenientes de uso no local, distância e tempo para atender ao
socorro. O questionário base pode ser encontrado no Apêndice B e foi denominado de
"Recursos e Atuação do Corpo de Bombeiros de Santa Maria frente a uma situação de
incêndio no Centro de Tecnologia".
Conforme numeração indicada na Figura 13, segue a descrição sintetizada de cada um
dos prédios da unidade CT de acordo com sua ocupação.
Figura 13 - Esboço dos prédios da unidade do Centro de Tecnologia em planta.
Os prédios 7, 9A e 9C são muito semelhantes em sua ocupação. São basicamente salas
de aula, salas de professores, coordenação de cursos e departamentos. Enquanto o prédio 7
conta com um restaurante que atende a toda a unidade, o anexo 9C se difere das demais
edificações por incluir a Biblioteca Setorial do Centro de Tecnologia (BSTC). Ambos os
prédios possuem auditório.
55
O Anexo 9B é destinado à microeletrônica, os ambientes são utilizados basicamente
como laboratórios de circuitos elétricos e salas informatizadas para pesquisa.
Todos os anexos são ligados ao edifício principal por meio de passarelas de acesso no
segundo pavimento.
O Prédio 10, que abrange os laboratórios, é o que representa a maior variabilidade nas
atividades desenvolvidas, além de uma diversidade de materiais armazenados no local. Conta
com várias linhas de pesquisa, incluindo materiais de construção civil, pavimentação, solos,
conforto acústico, análises físico-químicas, recursos hídricos, eficiência energética e
desenvolvimento de protótipos.
Na Tabela 14 são apresentadas as áreas do Centro de Tecnologia, medidas conforme
conjunto de plantas disponibilizado pela PROINFRA.
Tabela 14 - Planilha resumo de áreas dos prédios por pavimento
Local Térreo 2° Pav 3° Pav 4° Pav TOTAL POR
PRÉDIO (m²)
Prédio 7 1977,16 2130,42 2155,29 253,15 6516,02
Prédio 9A 1072,77 1072,77 1072,77 - 3218,31
Prédio 9B 850,45 850,45 850,45 - 2551,35
Prédio 9C 1200,97 1200,97 793,83 - 3195,77
Prédio 10 6119,96 2252,35 - - 8372,31
Acessos 497,9 207,5 - - 705,4
ÁREA TOTAL 24559,16
Considerando a complexidade da unidade, especialmente na área dos laboratórios, o
Centro de Tecnologia acaba por ser um desafio à análise de risco de incêndio. Dessa forma,
para um melhor entendimento, todas as plantas estarão disponíveis no Anexo B. Durante o
levantamento foi possível observar mudanças em vários ambientes em relação à planta
original. Então, conforme foi possível, as plantas foram alteradas para melhor explicitarem a
realidade atual.
Os tópicos que se seguem trazem a descrição dos ambientes conforme os materiais
armazenados, os meios de combate existentes e as características construtivas.
56
4.3 Materiais armazenados.
Uma das etapas essenciais a analise de risco de incêndio é a identificação dos perigos
ligados ao conteúdo do edifício, ou seja, o tipo de material armazenado e a forma como este é
estocado.
Como a maioria dos cômodos são utilizados como salas de aula, salas de professores,
coordenação de cursos, departamentos e secretárias, o material predominantemente
armazenado são as mobílias escolares e de escritório, conforme ilustra a figura 14.
Figura 14 - Sala de aula do Anexo 9C.
Em um ambiente diferenciado, a Biblioteca Setorial do Centro de Tecnologia (BSCT)
dispõe de um total de 28.076 acervos entre livros, folhetos, teses, periódicos, dissertações,
artigos, normas e demais materiais (Figura 15). Ao entorno das prateleiras metálicas ficam
mesas de estudo individuais e algumas de estudo coletivo.
57
Figura 15 - Biblioteca Setorial do Centro de Tecnologia.
O local que mais se destaca pela variedade de insumos que armazena é o prédio de
laboratórios (prédio 10). Este apresenta grandes quantidades das mais diversas matérias-
primas para ensaios, além de uma variedade de equipamentos, tais como simples fogareiros,
prensas, estufas, muflas, autoclaves, etc.
Especificamente, nos laboratórios que seguem a linha de pesquisa de elétrica e
eletrônica, foram localizados transformadores, compressores, motores, fontes de energia e
reatores eletrônicos (Figura 16a). Além disso, grandes quantidades de material energizado e
fios condutores sem uso (Figura 16b).
Figura 16 -a) Motores. Figura 16 - b) Fios energizados.
58
Entre os insumos inflamáveis, os combustíveis, acetonas, solventes, tintas, alcoóis e
óleos foram os mais encontrados, estocados muitas vezes sem nenhum tipo de cuidado.
Ademais, são utilizados uma série de produtos químicos como ácido sulfúrico, ácido nítrico,
nitrito e amônia (Figura 17).
Na maioria dos laboratórios em que há trabalho com a construção de protótipos e o
desenvolvimento de peças, foram localizadas mesas de solda com uso de gás acetileno e
oxigênio. A mistura desses dois gases produz uma mistura demasiadamente explosiva, e por
isso se deve ter cuidado nas concentrações de acetileno impostos à queima (Figura 18).
Figura 18 - Cilindros de acetileno e oxigênio para soldagem de peças.
Figura 17 - a) Substâncias químicas. Figura 17 - b) Armazenagem de
combustível.
59
Em menores quantidades, pois são usadas para linhas de pesquisa mais especificas,
foram encontradas matérias-primas diferenciadas como: lã de pet, lã de vidro e poliuretano
(Figura 19a), materiais de construção civil no geral, betumes e ligantes asfálticos (Figura
19b).
Conhecidos os riscos existentes perante aos materiais armazenados nas edificações,
pode-se analisar quais os meios de combate adotados, a fim de inibir os riscos gerados.
4.4 Meios de combate existentes
Os meios de combate ao incêndio disponíveis em determinado ambiente envolvem
muito além de extintores e hidrantes. Representam um conjunto de medidas que consideram a
atitude dos ocupantes, os sistemas de prevenção e proteção contra incêndio, os meios de
detecção e as medidas construtivas. Este último item será tratado separadamente no próximo
tópico do capítulo.
Figura 19 - a)Espuma de Poliuretano. Figura 19 - b)Ligantes asfálticos.
60
4.4.1 Extintores e Hidrantes internos
Tanto os extintores como os hidrantes de incêndio, levando em conta que não há
projeto de PPCI instaurado atualmente, foram contabilizados in loco durante visita às
unidades do CT. As plantas baixas do Anexo B mostram a distribuição dos mesmos,
conforme levantamento.
Os extintores foram averiguados segundo sua validade e capacidade extintora. Os
cilindros instalados de forma irregular foram desconsiderados (Figura 20). A avaliação da
carga extintora foi realizada segundo a Resolução Técnica CBMRS n°14 (2014).
Para tal, o primeiro passo foi classificar as edificações quanto ao uso e ocupação
conforme a Lei Complementar nº 14.376, Anexo A, p.21. Os edifícios 7, 9A e 9C foram
classificados comode risco baixo. Para os edifícios 9C e 10, o risco foi considerado como
mediano, visto que todas as categorias de uso e ocupação possuem carga de incêndio (q)
superior.
Por fim, a Resolução Técnica CBMRS n°14 (2014) define que para as edificações de
risco baixo, as capacidades mínimas extintoras estabelecidas são de 2A e 20B, com uma
distância máxima a ser percorrida de 25m. Para as edificações de risco médio, a exigência
passa a ser de 2A e 40 B, com uma distância máxima a ser percorrida de 20m. Os extintores
classe C devem ser distribuídos juntamente com os de classe A e B.
As informações quanto à carga e validade foram reunidas no Apêndice C.
Figura 20 - Instalação irregular de extintor de incêndio.
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Mais rígida do que a NBR 13714 (ABNT,2000) quando se trata de proteção por
hidrantes, a Lei Municipal n° 3301/91 de Santa Maria, artigo 36°, exige que, mesmo para
edificações de baixo risco, os abrigos de incêndio devem ser distribuídos de forma que
qualquer indício de fogo possa ser alcançado por dois jatos simultâneos, considerando um
comprimento máximo de 30m, para a mangueira, e um jato mínimo de 10m. Isso pode ser
obtido tanto com dois abrigos de incêndio com uma única tomada d'água (Figura 21b) como
por um único abrigo dotado de duas tomadas d'água (Figura 21a). Ademais, segundo artigo
32°, a pressão no hidrante mais desfavorável deve ser de 5m.c.a. para as edificações de
pequeno risco e 10 m.c.a. para as demais. O artigo 43° define como 250l/min a vazão mínima
para risco baixo.
Mesmo considerando que as instalações hidráulicas estejam atendendo a todos
critérios de vazão e pressão exigidos pela legislação, o que não pode ser confirmado visto que
nunca foram utilizadas ou testadas e os projetos são pouco informativos, após o levantamento
se percebeu que vários abrigos, especialmente no prédio 10, estavam vazios ou emperrados.
Ademais, o esguicho, essencial para o funcionamento dos hidrantes, não foi encontrado em
nenhum dos casos verificados.
É importante analisar que a Resolução Técnica CBMRS nº 5 - Parte 7 (2014) orienta
que, segundo item 5.2.2, edificações construídas antes de 1997 ficam liberadas das medidas
Figura 21 - a) Hidrante com
duas tomadas d'água
Figura 21 - b)Hidrante com uma
tomada d'água
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de proteção que trazem algum tipo de alteração na estrutura, como hidrantes, sprinklers e
escadas enclausuradas. Porém, se já estiverem instaladas, como é o caso dos edifícios 7 e 10,
construídos em 1960 e 1979, respectivamente, devem estar em pleno funcionamento.
4.4.2 Sistemas de detecção e alarme
O serviço de vigilância dos prédios é assegurado por guardas da empresa Vigillare,
responsável pela segurança de toda a universidade.
Os vigias trabalham em turnos de 12h, logo, diariamente 2 homens são responsáveis
pelas rondas ao entorno da unidade, independente de o período ser noturno ou dias inativos.
Considerando que o perímetro entre os prédios não é tão extenso, é possível que apenas um
vigia faça várias rondas durante seu turno.
O trabalho dos guardas é regulamentando por uma pessoa responsável da empresa,
que, durante o dia permanece no posto de vigilância, e, em algumas noites aleatórias no mês,
vai ao local para averiguar o andamento dos serviços.
Atentando a alguma alteração no ambiente, seja por questões de incêndio, furto, ou
outra atividade irregular, o comunicado por ser feito aos bombeiros pelo celular pessoal, ou
então pelo rádio comunicador, que leva o alerta a todos os postos de vigilância da
Universidade e a central de monitoramento, localizada na reitoria.
O Anexo C é o único dos prédios protegido por alarme de incêndio. Logo na entrada
do edifício, é possível encontrar uma Central de Incêndio Microprocessada (Figura 22a). Ao
longo dos corredores, é possível ver vários acionadores (Figura 22b). Ao detectar um
incêndio, a pessoa deve quebrar o vidro que protege o acionador e então um alarme sonoro
será disparado e na central irá acusar o ponto violado. Salienta-se que, nenhum dos prédios
conta com detecção automática de fogo ou instalação de chuveiros automáticos.
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4.4.3 Sistema de abastecimento de água
Conforme o Plano Diretor de Redes fornecido pela PROINFRA, a rede de água da
UFSM é abastecida por poços artesianos. Um reservatório central de 500m³, alimentado por
três dos dezessete poços ativos atualmente, e distante aproximadamente de 300m do prédio
principal do CT, fornece água aos reservatórios individuas dos prédios 7, 9A, 9B e 9C.
Ademais, o reservatório alimenta, através de uma tubulação de 200mm, um hidrante
de passeio para uso exclusivo do Corpo de Bombeiros.
Exceto pelo prédio 10, que não possui um reservatório próprio e é alimentado pela
mesma rede do prédio 7, as dimensões e volumes dos reservatórios podem ser encontrados na
Tabela 15.
Tabela 15 - Volume útil dos reservatórios individuais do Centro de Tecnologia