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AVALIAÇÃO NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
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AVALIAÇÃO NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO · tendo como principio a vinculação escola-trabalho-cidadania. Buscava ... educação de melhor qualidade àqueles que freqüentavam os cursos

Jan 20, 2019

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AVALIAÇÃO NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

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ANA LUZIA RODRIGUES

AVALIAÇÃO NO ESTÀGIO SUPERVISIONADO – CURSO TÉCNICO EM

ENFERMAGEM

Material Didático elaborado como suporte pedagógico ao projeto de intervenção a ser desenvolvido no curso Técnico em Enfermagem do Colégio Estadual Profª Elzira Correia de Sá, de acordo com as diretrizes estabelecidas no Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

Orientador: Profª MSc Maria Dagmar da Rocha.

PONTA GROSSA

2008

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APRESENTAÇÃO

Embora tenha evoluído nos últimos tempos, a qualidade da avaliação

educacional no Brasil ainda deixa a desejar. Por mais que a avaliação seja

uma responsabilidade dos professores é importante o empenho dos alunos

e comunidade escolar para resolver esta questão tão discutida por

pesquisadores da educação.

Como educador seu papel é muito importante para consolidar

mudanças nas formas de avaliar o educando. Por isso resolvemos organizar

este caderno temático que tem por objetivo discutir sobre avaliação,

enfatizando a avaliação do aluno estagiário do curso técnico em

enfermagem no desenvolvimento de suas atividades pertinentes ao estágio.

Esta iniciativa justifica-se, pois ao longo dos anos desenvolvendo

minhas atividades como professora em cursos de auxiliar de enfermagem e

recentemente enquanto coordenadora do curso técnico em enfermagem do

Colégio Estadual Professora Elzira Correia de Sá, em Ponta Grossa PR,

convivo com a dificuldade dos professores supervisores de estágio em

avaliar os alunos nos diversos campos de estágios; observei que cada um

estabelecia critérios avaliativos diferenciados e assistemáticos gerando

algumas vezes conflitos entre professor e aluno. Assim despertei-me para a

necessidade de estudar sobre o tema, com a finalidade de organizar este

caderno, que dará suporte aos professores nos vários momentos da

avaliação. Este material será apresentado em três unidades.

Na unidade 1 - Refletir sobre a educação profissional, seu histórico no

Brasil e no Paraná.

Na unidade 2 - Discutir sobre o ensino de enfermagem e importância do

estágio supervisionado.

Na unidade 3 - Repensar a avaliação dos processos educativos dando

ênfase ao processo avaliativo nos estágios supervisionados do curso técnico

em enfermagem.

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SUMÁRIO

UNIDADE- 1

1- Educação

profissional......................................................................

.......

1.1 No

Brasil..............................................................................

.....................

1.2 No

Paraná.............................................................................

....................

01

02

04

UNIDADE 2

2.1 Ensino da

Enfermagem.........................................................................

2.2 Estágios

supervisionados......................................................................

06

07

Unidade 3

3.1 Avaliações dos processos

educativos................................................

3.2 Processo avaliativo nos estágios

supervisionados...........................

09

12

Referências

Bibliográficas...........................................................................

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UNIDADE 1

A escola profissional não deve se tornar uma incubadora de pequenos monstros aridamente instruídos num ofício, sem idéias gerais, sem cultura geral, sem alma, mas apenas com olhos infalíveis e mão firme... É também através da cultura profissional que se pode fazer com que do menino brote o homem, desde que essa seja uma cultura educativa e não apenas informativa.

Antonio Gramsci

1 - EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Quando pensamos em “escola” vem em nossa mente um prédio

grande, que geralmente serve de referência para localização de outros

endereços, culturalmente é o lugar ao qual nos dirigimos para aprender

“coisas” que dizem serem importantes para a vida. Os primeiros contatos

com esta instituição acontecem na infância de quase todos os cidadãos,

porém muitos não conseguem permanecer na escola.

Não faz muito tempo, a escola destinava-se ás crianças das classes

ricas; aos pobres, era destinado o trabalho manual, aprendido desde cedo

com a prática, isto é fazendo.

O acesso a escola para as classes trabalhadoras ocorre por uma

combinação de fatores, de um lado, a especialização do trabalho produtivo,

com o desenvolvimento tecnológico exigindo dos trabalhadores o

conhecimento de técnicas e processos para os quais ele precisa estar

preparado desde pequeno, além da alfabetização propriamente dita,

necessitam de uma alfabetização técnica.

No mundo capitalista em que vivemos se valoriza muito o ter em

detrimento do ser é preciso fazer com que os trabalhadores se conformem

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com seu papel social e trabalhem arduamente beneficiando os

empregadores. Até a idade média, era a religião que exercia tal

conformação, justificando como desígnio divino, que motivava os homens

ao trabalho repetitivo sem cientificidade.

Atualmente, com idéias cientificas, sabemos que não basta formar

apenas técnicos para suprir as necessidades do mercado de trabalho,

precisamos sim formar cidadãos preparados para o mundo do trabalho, e

cabe a escola este papel.

Na seqüência faremos uma abordagem histórica da educação

profissional no Brasil e no Paraná na busca de subsídios para o

entendimento da realidade atual desta modalidade de ensino.

1.1 NO BRASIL

O ensino das profissões começa efetivamente, em nosso país, no

século XX com as transformações na economia brasileira a partir de 1930,

que passa de um modelo agrário-exportador para o modelo de substituição

de importações, refletindo também na formação profissional de nível

elementar. A rede de escolas é ampliada e, em 1942, o ensino técnico

torna-se de nível médio, embora não tenha equivalência ao ensino médio

propedêutico para continuidade dos estudos.

Na década de 50, a industrialização do país sofre novo impulso e no

inicio da década seguinte nossa economia entra na fase denominada

internacionalização, quando passamos a receber uma influência crescente

dos Estados Unidos, até de forma direta, com as imposições advindas dos

programas de cooperação e financiamentos.

Neste período, a formação profissional de nível médio é valorizada, o

que é caracterizado na própria legislação, isto pode ser visto como sendo a

identificação de nosso país, pelos organismos internacionais de

financiamento e pelos países que os controlam como produtor de matérias

primas e produtos industrializados, cujo projeto vem de fora. Para tal

modelo, a formação profissional não precisaria ser predominantemente de

nível superior.

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A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº

4.024, de 1961, concede equivalência plena entre cursos técnicos e ensino

médio, permitindo a continuidade para o ensino superior aos egressos

destas modalidades, o que leva mais jovens a procura do ensino superior,

praticamente todo ele concentrado em instituições públicas, que não tem

condições suficientes para ampliar a oferta de vagas. Neste momento inicia-

se uma manifestação por parte de estudantes que não conseguem

ingressar no ensino superior, exigindo mais vagas, e também, a

redemocratização do país que vivia sob o regime militar.

Em 1968 o governo Federal promove, além de medidas repressivas, a

reformulação das leis do ensino superior, facilitando a expansão das

instituições privadas, depois em 1971, é promovida a expansão da

educação básica, estabelecendo a formação profissional compulsória no

ensino médio, visando com esta medida direcionar os jovens mais

rapidamente para o mundo do trabalho. Explicitamente se dizia que

este modelo de ensino atendia a industrialização do país, que necessitava

de técnicos, mas na verdade a intenção era diminuir a pressão por vagas

nas universidades públicas.

A Lei 5692/71, instituiu a profissionalização obrigatória no ensino

médio (2° grau), foi modificada parcialmente em 1982, pela Lei nº 7.044

terminando com a obrigatoriedade de qualificação para o trabalho neste

nível de ensino; a educação profissional, porém, ficara desarticulada com

essas sucessivas transformações.

Em 1985, o Brasil se redemocratiza, com um governo civil, no ano

seguinte é aprovada a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem nº 7498

enfatizando a necessidade de formar profissionais nesta área. Neste mesmo

ano uma nova Constituição Federal começa a ser elaborada e é promulgada

em 1988. Segue-se um processo de reordenamento legal, que na esfera da

educação, resulta numa nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, a lei nº 6394, de 20 de dezembro de 1996.

A formação profissional de nível médio sofreu grandes transformações

em sua constituição formal, desde 1996, “quando a educação profissional

assumiu a condição de mercadoria negociada entre governo e entidades da

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sociedade civil na busca por recursos públicos formando um verdadeiro

“balcão de negócios”. (KUENZER, 2003 p.8). O governo federal buscou,

através de programas oficiais e de mudanças na legislação, adequar esta

formação ao modelo econômico em vigor, de características neoliberais,

deixando ao trabalhador a responsabilidade de ser, ou não, empregável.

Essas transformações sofridas pela educação profissional em nosso

país têm merecido análise crítica de vários estudiosos na área educacional.

Acredita-se que a formação deste novo trabalhador deve estar voltada para

o mundo do trabalho, sem perder de vista a concretude do atendimento as

determinações legais.

1.2 NO PARANÁ

Na década de 90, partindo de ação do Departamento de ensino de

2°grau, inicia-se a avaliação das propostas curriculares dos cursos técnicos,

tendo como principio a vinculação escola-trabalho-cidadania. Buscava

através desta revisão curricular oferecer uma educação de melhor

qualidade àqueles que freqüentavam os cursos de 2°grau, possibilitando o

acesso ao conhecimento cientifico capaz de formar o cidadão moderno.

Segmentos significativos das camadas majoritárias da população

procuravam este grau de ensino na tentativa de inserção no mercado de

trabalho.

Neste momento a questão central residia em repensar este grau de

ensino como condição para ampliar as oportunidades de acesso ao

conhecimento e, portanto a participação social mais ampla do cidadão. Este

repensar passa, necessariamente pela análise das relações entre escola,

trabalho e cidadania.

Porém, as políticas educacionais no país nada favoreciam a formação

de trabalhadores que freqüentavam a escola pública e , neste período, de

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1995 a 2003 que a oferta de cursos profissionalizantes foi drasticamente

reduzida sendo desativados 1080 cursos existentes até 1996,

permanecendo apenas esta modalidade de ensino em alguns colégios que

ofereceram resistência entre eles os Colégios Agrícolas e alguns cursos de

formação de professores então chamado de magistério.

Neste período foram extintos os cursos de Auxiliar de Enfermagem

ofertados pela escola pública do Paraná. Na seqüência foi implantado o

Programa de Expansão, Melhoria e Inovação do Ensino Médio do Paraná

(PROEM) que como conseqüência remeteu a iniciativa privada a formação

profissional e técnica de nível médio.

Em 2002 o Paraná apresentava quantitativamente um quadro precário de

oferta de educação profissional que vinha sendo gerenciado pela Agência

para o Desenvolvimento da Educação Profissional - PARANATEC a qual foi

desativada em 2003.

A Secretaria de Estado da Educação do Paraná assumiu como política

pública para a educação a retomada da oferta da educação profissional. No

ano de 2004, o estado tornou-se o primeiro a implantar o ensino médio

integrado a educação profissional.

O curso Técnico de enfermagem e alguns outros cursos devido as suas

especificidades e exigências legais não devem ser ofertados na forma

integrada, permanecendo no módulo subseqüente.

Já em 2005, a rede de educação profissional do estado estava

presente em 128 municípios e 223 estabelecimentos de ensino contando

com 51.462 alunos matriculados.

No ano de 2006, ampliou-se o número de municípios para 147,

distribuídos em 266 estabelecimentos de ensino que ofertavam cursos

técnicos com 62.040 alunos matriculados nessa modalidade de ensino. Em

2007, foram matriculados 72.201 em 282 escolas de 163 municípios do

estado. Atualmente, a rede pública estadual apresenta 75.291 alunos

matriculados em 285 estabelecimentos em 167 municípios do Estado.

Recentemente foi anunciado que o Paraná já tem pré aprovado a

construção de 13 centros de Educação Profissional e nove ampliações para

o início de 2009 e segundo a secretária da Educação Yvelise Arco-Verde “A

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ampliação dos cursos profissionalizantes sempre foi uma política muito clara

para nós que sempre acreditamos no avanço e no crescimento da educação

profissional, por isso investimos e valorizamos essa modalidade de ensino”.

“Sem dúvida que com as construções desses centros nossos jovens

terão ainda mais acesso aos cursos técnicos o que possibilitará mais

oportunidades de trabalho a esses jovens, afinal serão cerca de 300 mil

técnicos formados por ano, o que ajudará e muito a nossa sociedade,

relatou a secretária Yvelise.”

Para completar esta discussão, na próxima unidade abordaremos o ensino

de enfermagem e a importância do estágio supervisionado nesta área de

formação.

UNIDADE 2

A Enfermagem é gente que cuida de gente.

Wanda

Horta

2.1 ENSINO DA ENFERMAGEM

No Brasil o ensino de enfermagem foi oficialmente instituído a

partir de 1890 com a criação da Escola Profissional de Enfermeiros e

Enfermeiras no Rio de Janeiro; até então a prática da enfermagem

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fundamentava-se em conhecimentos empíricos e nenhuma exigência se

fazia quanto ao nível de escolarização, bastava abnegação, dedicação e

obediência para cumprir as prescrições médicas e realizar cuidados

elementares aos pacientes.

Mais tarde, a criação da associação nacional de enfermeiras

diplomadas, atual associação brasileira de enfermagem (ABEn) fez emergir

a preocupação com a organização do ensino de enfermagem no país(SILVA,

MEDEIROS, OLIVEIRA 2007).

No Paraná, em 1954, criou-se a primeira escola de formação de

auxiliares de enfermagem “Dr. Caetano Munhoz da Rocha” que hoje

pertence à secretaria de saúde e tem o nome de Centro Formador de

Recursos Humanos Caetano Munhoz da Rocha.

Em 1955, as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo criaram a

escola de auxiliares de enfermagem Catarina Labouré que deveria funcionar

dentro do hospital Nossa Senhora da Graças, efetivamente autorizada pelo

MEC a funcionar em 1956.

Na década de 80 foi implantado no SENAC de Ponta Grossa o curso

de Atendente de Enfermagem dando novas perspectivas para o

atendimento de enfermagem nas instituições de saúde. Na rede pública

estadual, o município ganhou seu primeiro curso de Auxiliar de Enfermagem

no Instituto Estadual de Educação César Prieto Martinez, que foi

reconhecido em 28/01/82. (PIRES, 2007p. 44). A aprovação da Lei do

Exercício Profissional de Enfermagem nº 7.498, de 25/06/86 reforça a

necessidade de qualificar os trabalhadores de enfermagem, pois apresenta

em seu art. 2º que a enfermagem e suas atividades auxiliares somente

podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas.

No ano de 1995 os cursos de Auxiliar de enfermagem juntamente com

outros cursos profissionalizantes deixaram de ser ofertados devido à política

de governo da época.

A lei Federal nº 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB) garante que:

(...) A educação profissional assim concebida não se confunde com a educação básica ou superior. Destina-se àqueles que necessitam se preparar para seu desempenho profissional, num sistema de produção de

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bens e de prestação de serviços, onde não basta somente o domínio da informação, por mais atualizada que seja. Deve, no entanto, assentar-se em sólida educação básica, ferramenta essencial para que o cidadão trabalhador tenha efetivo acesso à conquista tecnológica da sociedade, pela apropriação do saber que alicerça a pratica profissional, isto é, o domínio da inteligência do trabalho.

Com a mudança de governo em 2004 e a retomada da educação

profissional Ponta Grossa e outros municípios voltam a ofertar curso na área

de enfermagem, tendo o Colégio Estadual Professora Elzira Correia de Sá,

autorização para ofertar curso Técnico em Enfermagem que atualmente da

opção ao aluno de ingressar no mercado de trabalho também como auxiliar

de enfermagem.

Na área de ensino da educação profissional em enfermagem,

estão ocorrendo mudanças no processo educacional, decorrentes das

prescrições da legislação vigente, entre outros motivos (OKANE,

TAKAHASCHI, 2006).

Dentre os desafios do processo ensino-aprendizagem na

enfermagem nos deparamos com o desenvolvimento do estágio

supervisionado, neste momento professor supervisor de estágio deve ser

visto como aquele que conhece o aluno observa seu crescimento e interfere

quando necessário, portanto a avaliação desenvolvida no estágio deve ser

realizada por meio de observação critica sistematizada, criteriosa e

processual. (FERRARI, 2002)

2.2 ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS

O estágio é componente obrigatório, podendo ser entendido como o

eixo articulador entre teoria e prática. É a oportunidade em que o aluno

entra em contato direto com a realidade profissional (problemas e desafios)

em que irá atuar.

O estagio supervisionado faz parte da matriz curricular de vários

cursos da educação profissional, sendo este uma oportunidade de exercício

da síntese dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso. É uma

atividade teórica de conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção

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na realidade, esta sim objeto da práxis, ou seja, é no contexto da sala de

aula, da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se dá.

(PIMENTA e LIMA, 2008 p.45)

De acordo com o que consta do Boletim IOB-Informações Objetivas-

40/93, “A finalidade do estágio é proporcionar a complementação do ensino

e da aprendizagem a serem planejados, executados, acompanhados e

avaliados segundo os currículos, programas, calendários escolares, a fim de

se constituírem um instrumento de integração, em termos de treinamento

pratico, aperfeiçoamento técnico cultural, cientifico e relacionamento

humano.”

Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) 299/2005

considera o estágio curricular supervisionado, como ato educativo, deve

visar complementação do ensino e da aprendizagem a serem planejados,

executados, supervisionados e avaliados por enfermeiro, em conformidade

com a proposta pedagógica do curso, a fim de assegurar o desenvolvimento

das competências e habilidades gerais e específicas para o exercício

profissional.

O trabalho coletivo exige a capacidade comunicativa entre os

membros da equipe e também entre esses e os clientes de seus serviços.

Assim a formação deste novo trabalhador da enfermagem requer o saber

fazer o por quê fazer e o saber relacionar-se, é importante também

desenvolver a capacidade de analisar as situações e compreende-las

corretamente a fim de alcançar os resultados esperados. Todas estas

questões devem ser trabalhadas nas aulas teóricas e nos estágios

supervisionados.

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UNIDADE 3

A avaliação é o ato crítico que nos

subsidia na verificação de como

estamos construindo nosso projeto.

Luckesi

1. AVALIAÇÕES DOS PROCESSOS EDUCATIVOS

A avaliação educacional, como atividade cientifica, surge na

década de 40 com os trabalhos de Ralph Tyler com uma abordagem

centrada na cuidadosa formulação de objetivos definidos a partir de três

variáveis: o estudante, a sociedade e a área de conteúdo. (VIANA, 1989

p.19 e 39)

Embora tenhamos significativos avanços propostos pela

pedagogia histórica - critica a prática avaliativa, continua quase que

engessada e algumas vezes com um enfoque arcaico, e que por certo

contribui para as dificuldades que o professor encontra ao avaliar seus

alunos.

Vianna (1989, p.19) cita alguns aspectos que ainda representam

dificuldades para avaliar, entre eles: ausência de uma teoria perfeitamente

estruturada e que traduzam consenso entre os educadores, inexistência de

uma tipologia de informações fundamentais para o processo decisório;

insuficiência de instrumentos e planejamentos adequados para avaliação

dos diversos fenômenos educacionais; ausência de um sistema que

possibilite a organização, processamento e relatório de informações

necessárias à avaliação, e finalmente carência de elementos qualificados

para a realização das complexas atividades que o processo de avaliação

exige.

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Para discutir o tema, necessitamos iniciar por uma definição que

de conta de compreender o que é avaliação e, a partir de então, tentar um

entendimento do significado latente dessas modificações da pratica da

avaliação na aprendizagem escolar. (LUCKESI, 1995 p.67.)

Avaliação é uma palavra que faz parte de nosso cotidiano, seja de maneira

espontânea, seja de modo formal (DIAS SOBRINHO, 2003 p.1).

Originária do latim a palavra avaliar significa “dar valor a...” o conceito de

avaliação é expresso como sendo a “atribuição de um valor ou qualidade a

alguma coisa, ato ou curso de ação”. (LUCKESI, 2000 p86)

No dicionário Aurélio, avaliar significa: determinar a valia ou valor

de; apreciar ou estimar o merecimento de; fazer apreciação; ajuizar.

Basicamente podemos representar as diversas definições sobre avaliação

em um continuun, no qual de um lado situa-se o juízo, o julgamento de

valores, e do outro, a tomada de decisões (RABELO, 2004 p.69)

Para alguns autores como Hoffmann (2000) Libâneo (1994 p198)

avaliar é:

[...] Dinamizar oportunidades de ação-reflexão, num acompanhamento permanente do professor e este deve propiciar ao aluno em seu processo se aprendencia, reflexões acerca do mundo, formando seres críticos, libertários e participativos na construção de verdades formuladas e reformuladas.[...] Um juízo de qualidade sobre dados relevantes tendo em vista uma tomada de decisão.

Segundo Libâneo (1994, p.198) tem-se verificado na prática

escolar alguns equívocos em relação aos objetivos, função e papel da

avaliação na melhoria das atividades escolares e educativas, de acordo com

o mesmo autor os professores têm dificuldades em avaliar resultados mais

importantes do processo de ensino como a compreensão, originalidade,

capacidade de resolver problemas e de fazer relação entre fatos e idéias.

A literatura sobre avaliação deixa clara a inexistência de um

modelo único e ideal de avaliação do desempenho escolar, porém

percebemos a preocupação por parte das pessoas envolvidas com o tema

em agregar diversas formas de avaliação na perspectiva de encontrar a que

melhor sirva para sua realidade. Para Hadji (2001 p.27) “a idéia de que a

avaliação é uma medida dos desempenhos dos alunos esta, como já vimos,

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solidamente enraizada na mente dos professores... e, freqüentemente, na

dos alunos”

Sousa (1991 p.143) defende que “a avaliação visa à verificação

dos objetivos propostos em um programa escolar”. Durante o processo

ensino e aprendizagem é importante prever os objetivos a serem

alcançados e escolher os meios adequados para atingi-los e verificar os

resultados são atividades que sempre ficam sob responsabilidade do

buscamos a literatura.De acordo com Méndez (2005) a avaliação é um

processo natural que nos permite ter consciência do que fazemos e das

conseqüências que acarretam nossas ações, mas percebemos que nas

escolas os processos de avaliação tem sido alvo de muitas criticas e os

professores têm encontrado dificuldade no momento de avaliar seu aluno.

O professor no instante de construção e utilização dos

instrumentos devera definir os dados relevantes e sua utilização na

avaliação evitando o arbítrio momentâneo, pois, como se pode ver, a

pratica da avaliação não pode ser efetivada arbitrariamente. (LUCKESI,

1995 p.68)

Ao avaliar um aluno de educação profissional, o que se pretende é

que ele demonstre domínio dos conteúdos que o tornam competente

técnica e socialmente. Os conteúdos das disciplinas são constituídos por

conhecimentos, idéias, processos, teorias científicas, métodos e técnicas,

habilidades cognitivas, atitudes entre outros. Diante destas inquietações,

buscamos a literatura e percebemos que o tema avaliação apesar de

bastante explorado continua sendo motivo de preocupação dos educadores

nas varias áreas de atuação.

Para Esteban (2003) a avaliação como prática de investigação

pressupõe a interrogação constante e se revela um instrumento importante

para professores e professoras comprometidos com uma escola

democrática.

Entretanto, sabemos que, à medida que a ciência e a tecnologia

avançam e o saber acumulado cresce, a tarefa de selecionar conteúdos das

disciplinas e dos cursos torna-se mais difícil. Atualmente percebe-se que,

entre o momento em que o profissional recebe seu diploma e aquele que

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inicia suas atividades profissionais, novas teorias são divulgadas e nova

tecnologia é lançada no mercado.

Diante deste fato, a escola deve reconhecer que, ao lado da

construção de conhecimentos e das habilidades técnicas, é preciso

desenvolver no aluno habilidades de pensamento: ele precisa aprender a

pensar, a refletir, a analisar, a desenvolver capacidade de “aprender a

aprender”, ou seja, a capacidade de auto-aprendizagem. É necessário que o

aluno tenha condições de emitir julgamento critico, de argumentar,

defendendo suas idéias e de criar novas idéias e situações.

Conseqüentemente, a avaliação do desempenho do aluno deve

recair sobre dados relativos ao domínio dos conteúdos e das competências

profissionais e ao desenvolvimento das habilidades do pensamento.

3.2 PROCESSOS AVALIATIVOS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA

ENFERMAGEM

No momento da avaliação em estágio nos surpreendemos com

questionamentos que nos levam a refletir, o que é realmente avaliar as

atividades do outro? Será que este estagiário não tem mais potencial do

que o avaliado? Fui justo?

Percebemos com freqüência que a separação do avaliar teórico e

prático é uma realidade vivenciada por grande parte dos professores do

curso técnico em enfermagem, principalmente tratando-se de estágios

supervisionados.

No curso Técnico em Enfermagem, a supervisão do aluno

estagiário é feita diretamente, em cada um dos procedimentos que ele

venha desenvolver. Tal fato se justifica uma vez que se trabalha com

indivíduos que procuram os serviços de saúde, na perspectiva de cura de

alguma afecção ou na manutenção do seu estado de saúde. Os

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procedimentos realizados pelos alunos são desde os mais simples até os

mais complexos, de acordo com as atividades previstas para o técnico em

enfermagem na Lei do Exercício Profissional. Desta forma, toda atividade

executada pelo aluno é acompanhada pelo professor supervisor.

É importante proporcionar ao aluno um campo de estágio

acolhedor e com possibilidade de autonomia para o aluno e professor

contribuindo na aprendizagem significativa favorecendo o entendimento do

processo de trabalho. Supervisionar o estágio do curso técnico em

enfermagem leva o professor a pensar , pois o aluno fica próximo do ser

humano que é cuidado, ouve, toca, realiza procedimentos (curativos,

injeções...) que ensinar alguém a cuidar do outro envolve além das técnicas

aspectos emocionais dos que participam do processo, todas estas questões

devem ser consideradas no momento da avaliação, portanto, esse processo

deve acontecer de maneira justa, dialogada, objetiva, participativa,

continua, transmitindo segurança.

Diante de uma supervisão de prática, o professor tem

oportunidade de observar atentamente seus alunos, de obter inúmeras

informações que muito contribuirão para o conhecimento do educando,

individualmente e do grupo. A avaliação da aprendizagem requerem do

professor o domínio da observação que é uma técnica valiosa no

acompanhamento e na avaliação, porém é necessário, clareza de objetivos,

seleção de métodos e técnicas adequadas, o uso racional do tempo e

finalmente um instrumento de avaliação

Diante desta necessidade e das dificuldades encontradas pelos

professores supervisores de estágio no exercício da avaliação do aluno

estagiário do curso técnico em enfermagem verificou-se a necessidade de

propor este tema como projeto de intervenção a ser aplicado no Colégio

Estadual Professora Elzira Correia de Sá no primeiro período do ano letivo de

2009 a construção conjunta de um instrumento que venha subsidiar os

professores na pratica avaliativa em estágio.

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Para Pensar.....

“Assim como é constitutivo do diagnóstico médico estar

preocupado com a melhoria da saúde do cliente,

também é constitutivo da avaliação da aprendizagem

estar atentamente preocupada com o crescimento do

educando”. Caso contrário, ela nunca será

diagnosticada.

Luchesi

(1990)

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