AVALIAÇÃO NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
ANA LUZIA RODRIGUES
AVALIAÇÃO NO ESTÀGIO SUPERVISIONADO – CURSO TÉCNICO EM
ENFERMAGEM
Material Didático elaborado como suporte pedagógico ao projeto de intervenção a ser desenvolvido no curso Técnico em Enfermagem do Colégio Estadual Profª Elzira Correia de Sá, de acordo com as diretrizes estabelecidas no Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do Paraná.
Orientador: Profª MSc Maria Dagmar da Rocha.
PONTA GROSSA
2008
APRESENTAÇÃO
Embora tenha evoluído nos últimos tempos, a qualidade da avaliação
educacional no Brasil ainda deixa a desejar. Por mais que a avaliação seja
uma responsabilidade dos professores é importante o empenho dos alunos
e comunidade escolar para resolver esta questão tão discutida por
pesquisadores da educação.
Como educador seu papel é muito importante para consolidar
mudanças nas formas de avaliar o educando. Por isso resolvemos organizar
este caderno temático que tem por objetivo discutir sobre avaliação,
enfatizando a avaliação do aluno estagiário do curso técnico em
enfermagem no desenvolvimento de suas atividades pertinentes ao estágio.
Esta iniciativa justifica-se, pois ao longo dos anos desenvolvendo
minhas atividades como professora em cursos de auxiliar de enfermagem e
recentemente enquanto coordenadora do curso técnico em enfermagem do
Colégio Estadual Professora Elzira Correia de Sá, em Ponta Grossa PR,
convivo com a dificuldade dos professores supervisores de estágio em
avaliar os alunos nos diversos campos de estágios; observei que cada um
estabelecia critérios avaliativos diferenciados e assistemáticos gerando
algumas vezes conflitos entre professor e aluno. Assim despertei-me para a
necessidade de estudar sobre o tema, com a finalidade de organizar este
caderno, que dará suporte aos professores nos vários momentos da
avaliação. Este material será apresentado em três unidades.
Na unidade 1 - Refletir sobre a educação profissional, seu histórico no
Brasil e no Paraná.
Na unidade 2 - Discutir sobre o ensino de enfermagem e importância do
estágio supervisionado.
Na unidade 3 - Repensar a avaliação dos processos educativos dando
ênfase ao processo avaliativo nos estágios supervisionados do curso técnico
em enfermagem.
SUMÁRIO
UNIDADE- 1
1- Educação
profissional......................................................................
.......
1.1 No
Brasil..............................................................................
.....................
1.2 No
Paraná.............................................................................
....................
01
02
04
UNIDADE 2
2.1 Ensino da
Enfermagem.........................................................................
2.2 Estágios
supervisionados......................................................................
06
07
Unidade 3
3.1 Avaliações dos processos
educativos................................................
3.2 Processo avaliativo nos estágios
supervisionados...........................
09
12
Referências
Bibliográficas...........................................................................
15
UNIDADE 1
A escola profissional não deve se tornar uma incubadora de pequenos monstros aridamente instruídos num ofício, sem idéias gerais, sem cultura geral, sem alma, mas apenas com olhos infalíveis e mão firme... É também através da cultura profissional que se pode fazer com que do menino brote o homem, desde que essa seja uma cultura educativa e não apenas informativa.
Antonio Gramsci
1 - EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Quando pensamos em “escola” vem em nossa mente um prédio
grande, que geralmente serve de referência para localização de outros
endereços, culturalmente é o lugar ao qual nos dirigimos para aprender
“coisas” que dizem serem importantes para a vida. Os primeiros contatos
com esta instituição acontecem na infância de quase todos os cidadãos,
porém muitos não conseguem permanecer na escola.
Não faz muito tempo, a escola destinava-se ás crianças das classes
ricas; aos pobres, era destinado o trabalho manual, aprendido desde cedo
com a prática, isto é fazendo.
O acesso a escola para as classes trabalhadoras ocorre por uma
combinação de fatores, de um lado, a especialização do trabalho produtivo,
com o desenvolvimento tecnológico exigindo dos trabalhadores o
conhecimento de técnicas e processos para os quais ele precisa estar
preparado desde pequeno, além da alfabetização propriamente dita,
necessitam de uma alfabetização técnica.
No mundo capitalista em que vivemos se valoriza muito o ter em
detrimento do ser é preciso fazer com que os trabalhadores se conformem
1
com seu papel social e trabalhem arduamente beneficiando os
empregadores. Até a idade média, era a religião que exercia tal
conformação, justificando como desígnio divino, que motivava os homens
ao trabalho repetitivo sem cientificidade.
Atualmente, com idéias cientificas, sabemos que não basta formar
apenas técnicos para suprir as necessidades do mercado de trabalho,
precisamos sim formar cidadãos preparados para o mundo do trabalho, e
cabe a escola este papel.
Na seqüência faremos uma abordagem histórica da educação
profissional no Brasil e no Paraná na busca de subsídios para o
entendimento da realidade atual desta modalidade de ensino.
1.1 NO BRASIL
O ensino das profissões começa efetivamente, em nosso país, no
século XX com as transformações na economia brasileira a partir de 1930,
que passa de um modelo agrário-exportador para o modelo de substituição
de importações, refletindo também na formação profissional de nível
elementar. A rede de escolas é ampliada e, em 1942, o ensino técnico
torna-se de nível médio, embora não tenha equivalência ao ensino médio
propedêutico para continuidade dos estudos.
Na década de 50, a industrialização do país sofre novo impulso e no
inicio da década seguinte nossa economia entra na fase denominada
internacionalização, quando passamos a receber uma influência crescente
dos Estados Unidos, até de forma direta, com as imposições advindas dos
programas de cooperação e financiamentos.
Neste período, a formação profissional de nível médio é valorizada, o
que é caracterizado na própria legislação, isto pode ser visto como sendo a
identificação de nosso país, pelos organismos internacionais de
financiamento e pelos países que os controlam como produtor de matérias
primas e produtos industrializados, cujo projeto vem de fora. Para tal
modelo, a formação profissional não precisaria ser predominantemente de
nível superior.
2
A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº
4.024, de 1961, concede equivalência plena entre cursos técnicos e ensino
médio, permitindo a continuidade para o ensino superior aos egressos
destas modalidades, o que leva mais jovens a procura do ensino superior,
praticamente todo ele concentrado em instituições públicas, que não tem
condições suficientes para ampliar a oferta de vagas. Neste momento inicia-
se uma manifestação por parte de estudantes que não conseguem
ingressar no ensino superior, exigindo mais vagas, e também, a
redemocratização do país que vivia sob o regime militar.
Em 1968 o governo Federal promove, além de medidas repressivas, a
reformulação das leis do ensino superior, facilitando a expansão das
instituições privadas, depois em 1971, é promovida a expansão da
educação básica, estabelecendo a formação profissional compulsória no
ensino médio, visando com esta medida direcionar os jovens mais
rapidamente para o mundo do trabalho. Explicitamente se dizia que
este modelo de ensino atendia a industrialização do país, que necessitava
de técnicos, mas na verdade a intenção era diminuir a pressão por vagas
nas universidades públicas.
A Lei 5692/71, instituiu a profissionalização obrigatória no ensino
médio (2° grau), foi modificada parcialmente em 1982, pela Lei nº 7.044
terminando com a obrigatoriedade de qualificação para o trabalho neste
nível de ensino; a educação profissional, porém, ficara desarticulada com
essas sucessivas transformações.
Em 1985, o Brasil se redemocratiza, com um governo civil, no ano
seguinte é aprovada a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem nº 7498
enfatizando a necessidade de formar profissionais nesta área. Neste mesmo
ano uma nova Constituição Federal começa a ser elaborada e é promulgada
em 1988. Segue-se um processo de reordenamento legal, que na esfera da
educação, resulta numa nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, a lei nº 6394, de 20 de dezembro de 1996.
A formação profissional de nível médio sofreu grandes transformações
em sua constituição formal, desde 1996, “quando a educação profissional
assumiu a condição de mercadoria negociada entre governo e entidades da
3
sociedade civil na busca por recursos públicos formando um verdadeiro
“balcão de negócios”. (KUENZER, 2003 p.8). O governo federal buscou,
através de programas oficiais e de mudanças na legislação, adequar esta
formação ao modelo econômico em vigor, de características neoliberais,
deixando ao trabalhador a responsabilidade de ser, ou não, empregável.
Essas transformações sofridas pela educação profissional em nosso
país têm merecido análise crítica de vários estudiosos na área educacional.
Acredita-se que a formação deste novo trabalhador deve estar voltada para
o mundo do trabalho, sem perder de vista a concretude do atendimento as
determinações legais.
1.2 NO PARANÁ
Na década de 90, partindo de ação do Departamento de ensino de
2°grau, inicia-se a avaliação das propostas curriculares dos cursos técnicos,
tendo como principio a vinculação escola-trabalho-cidadania. Buscava
através desta revisão curricular oferecer uma educação de melhor
qualidade àqueles que freqüentavam os cursos de 2°grau, possibilitando o
acesso ao conhecimento cientifico capaz de formar o cidadão moderno.
Segmentos significativos das camadas majoritárias da população
procuravam este grau de ensino na tentativa de inserção no mercado de
trabalho.
Neste momento a questão central residia em repensar este grau de
ensino como condição para ampliar as oportunidades de acesso ao
conhecimento e, portanto a participação social mais ampla do cidadão. Este
repensar passa, necessariamente pela análise das relações entre escola,
trabalho e cidadania.
Porém, as políticas educacionais no país nada favoreciam a formação
de trabalhadores que freqüentavam a escola pública e , neste período, de
4
1995 a 2003 que a oferta de cursos profissionalizantes foi drasticamente
reduzida sendo desativados 1080 cursos existentes até 1996,
permanecendo apenas esta modalidade de ensino em alguns colégios que
ofereceram resistência entre eles os Colégios Agrícolas e alguns cursos de
formação de professores então chamado de magistério.
Neste período foram extintos os cursos de Auxiliar de Enfermagem
ofertados pela escola pública do Paraná. Na seqüência foi implantado o
Programa de Expansão, Melhoria e Inovação do Ensino Médio do Paraná
(PROEM) que como conseqüência remeteu a iniciativa privada a formação
profissional e técnica de nível médio.
Em 2002 o Paraná apresentava quantitativamente um quadro precário de
oferta de educação profissional que vinha sendo gerenciado pela Agência
para o Desenvolvimento da Educação Profissional - PARANATEC a qual foi
desativada em 2003.
A Secretaria de Estado da Educação do Paraná assumiu como política
pública para a educação a retomada da oferta da educação profissional. No
ano de 2004, o estado tornou-se o primeiro a implantar o ensino médio
integrado a educação profissional.
O curso Técnico de enfermagem e alguns outros cursos devido as suas
especificidades e exigências legais não devem ser ofertados na forma
integrada, permanecendo no módulo subseqüente.
Já em 2005, a rede de educação profissional do estado estava
presente em 128 municípios e 223 estabelecimentos de ensino contando
com 51.462 alunos matriculados.
No ano de 2006, ampliou-se o número de municípios para 147,
distribuídos em 266 estabelecimentos de ensino que ofertavam cursos
técnicos com 62.040 alunos matriculados nessa modalidade de ensino. Em
2007, foram matriculados 72.201 em 282 escolas de 163 municípios do
estado. Atualmente, a rede pública estadual apresenta 75.291 alunos
matriculados em 285 estabelecimentos em 167 municípios do Estado.
Recentemente foi anunciado que o Paraná já tem pré aprovado a
construção de 13 centros de Educação Profissional e nove ampliações para
o início de 2009 e segundo a secretária da Educação Yvelise Arco-Verde “A
5
ampliação dos cursos profissionalizantes sempre foi uma política muito clara
para nós que sempre acreditamos no avanço e no crescimento da educação
profissional, por isso investimos e valorizamos essa modalidade de ensino”.
“Sem dúvida que com as construções desses centros nossos jovens
terão ainda mais acesso aos cursos técnicos o que possibilitará mais
oportunidades de trabalho a esses jovens, afinal serão cerca de 300 mil
técnicos formados por ano, o que ajudará e muito a nossa sociedade,
relatou a secretária Yvelise.”
Para completar esta discussão, na próxima unidade abordaremos o ensino
de enfermagem e a importância do estágio supervisionado nesta área de
formação.
UNIDADE 2
A Enfermagem é gente que cuida de gente.
Wanda
Horta
2.1 ENSINO DA ENFERMAGEM
No Brasil o ensino de enfermagem foi oficialmente instituído a
partir de 1890 com a criação da Escola Profissional de Enfermeiros e
Enfermeiras no Rio de Janeiro; até então a prática da enfermagem
6
fundamentava-se em conhecimentos empíricos e nenhuma exigência se
fazia quanto ao nível de escolarização, bastava abnegação, dedicação e
obediência para cumprir as prescrições médicas e realizar cuidados
elementares aos pacientes.
Mais tarde, a criação da associação nacional de enfermeiras
diplomadas, atual associação brasileira de enfermagem (ABEn) fez emergir
a preocupação com a organização do ensino de enfermagem no país(SILVA,
MEDEIROS, OLIVEIRA 2007).
No Paraná, em 1954, criou-se a primeira escola de formação de
auxiliares de enfermagem “Dr. Caetano Munhoz da Rocha” que hoje
pertence à secretaria de saúde e tem o nome de Centro Formador de
Recursos Humanos Caetano Munhoz da Rocha.
Em 1955, as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo criaram a
escola de auxiliares de enfermagem Catarina Labouré que deveria funcionar
dentro do hospital Nossa Senhora da Graças, efetivamente autorizada pelo
MEC a funcionar em 1956.
Na década de 80 foi implantado no SENAC de Ponta Grossa o curso
de Atendente de Enfermagem dando novas perspectivas para o
atendimento de enfermagem nas instituições de saúde. Na rede pública
estadual, o município ganhou seu primeiro curso de Auxiliar de Enfermagem
no Instituto Estadual de Educação César Prieto Martinez, que foi
reconhecido em 28/01/82. (PIRES, 2007p. 44). A aprovação da Lei do
Exercício Profissional de Enfermagem nº 7.498, de 25/06/86 reforça a
necessidade de qualificar os trabalhadores de enfermagem, pois apresenta
em seu art. 2º que a enfermagem e suas atividades auxiliares somente
podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas.
No ano de 1995 os cursos de Auxiliar de enfermagem juntamente com
outros cursos profissionalizantes deixaram de ser ofertados devido à política
de governo da época.
A lei Federal nº 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) garante que:
(...) A educação profissional assim concebida não se confunde com a educação básica ou superior. Destina-se àqueles que necessitam se preparar para seu desempenho profissional, num sistema de produção de
7
bens e de prestação de serviços, onde não basta somente o domínio da informação, por mais atualizada que seja. Deve, no entanto, assentar-se em sólida educação básica, ferramenta essencial para que o cidadão trabalhador tenha efetivo acesso à conquista tecnológica da sociedade, pela apropriação do saber que alicerça a pratica profissional, isto é, o domínio da inteligência do trabalho.
Com a mudança de governo em 2004 e a retomada da educação
profissional Ponta Grossa e outros municípios voltam a ofertar curso na área
de enfermagem, tendo o Colégio Estadual Professora Elzira Correia de Sá,
autorização para ofertar curso Técnico em Enfermagem que atualmente da
opção ao aluno de ingressar no mercado de trabalho também como auxiliar
de enfermagem.
Na área de ensino da educação profissional em enfermagem,
estão ocorrendo mudanças no processo educacional, decorrentes das
prescrições da legislação vigente, entre outros motivos (OKANE,
TAKAHASCHI, 2006).
Dentre os desafios do processo ensino-aprendizagem na
enfermagem nos deparamos com o desenvolvimento do estágio
supervisionado, neste momento professor supervisor de estágio deve ser
visto como aquele que conhece o aluno observa seu crescimento e interfere
quando necessário, portanto a avaliação desenvolvida no estágio deve ser
realizada por meio de observação critica sistematizada, criteriosa e
processual. (FERRARI, 2002)
2.2 ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS
O estágio é componente obrigatório, podendo ser entendido como o
eixo articulador entre teoria e prática. É a oportunidade em que o aluno
entra em contato direto com a realidade profissional (problemas e desafios)
em que irá atuar.
O estagio supervisionado faz parte da matriz curricular de vários
cursos da educação profissional, sendo este uma oportunidade de exercício
da síntese dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso. É uma
atividade teórica de conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção
8
na realidade, esta sim objeto da práxis, ou seja, é no contexto da sala de
aula, da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se dá.
(PIMENTA e LIMA, 2008 p.45)
De acordo com o que consta do Boletim IOB-Informações Objetivas-
40/93, “A finalidade do estágio é proporcionar a complementação do ensino
e da aprendizagem a serem planejados, executados, acompanhados e
avaliados segundo os currículos, programas, calendários escolares, a fim de
se constituírem um instrumento de integração, em termos de treinamento
pratico, aperfeiçoamento técnico cultural, cientifico e relacionamento
humano.”
Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) 299/2005
considera o estágio curricular supervisionado, como ato educativo, deve
visar complementação do ensino e da aprendizagem a serem planejados,
executados, supervisionados e avaliados por enfermeiro, em conformidade
com a proposta pedagógica do curso, a fim de assegurar o desenvolvimento
das competências e habilidades gerais e específicas para o exercício
profissional.
O trabalho coletivo exige a capacidade comunicativa entre os
membros da equipe e também entre esses e os clientes de seus serviços.
Assim a formação deste novo trabalhador da enfermagem requer o saber
fazer o por quê fazer e o saber relacionar-se, é importante também
desenvolver a capacidade de analisar as situações e compreende-las
corretamente a fim de alcançar os resultados esperados. Todas estas
questões devem ser trabalhadas nas aulas teóricas e nos estágios
supervisionados.
9
UNIDADE 3
A avaliação é o ato crítico que nos
subsidia na verificação de como
estamos construindo nosso projeto.
Luckesi
1. AVALIAÇÕES DOS PROCESSOS EDUCATIVOS
A avaliação educacional, como atividade cientifica, surge na
década de 40 com os trabalhos de Ralph Tyler com uma abordagem
centrada na cuidadosa formulação de objetivos definidos a partir de três
variáveis: o estudante, a sociedade e a área de conteúdo. (VIANA, 1989
p.19 e 39)
Embora tenhamos significativos avanços propostos pela
pedagogia histórica - critica a prática avaliativa, continua quase que
engessada e algumas vezes com um enfoque arcaico, e que por certo
contribui para as dificuldades que o professor encontra ao avaliar seus
alunos.
Vianna (1989, p.19) cita alguns aspectos que ainda representam
dificuldades para avaliar, entre eles: ausência de uma teoria perfeitamente
estruturada e que traduzam consenso entre os educadores, inexistência de
uma tipologia de informações fundamentais para o processo decisório;
insuficiência de instrumentos e planejamentos adequados para avaliação
dos diversos fenômenos educacionais; ausência de um sistema que
possibilite a organização, processamento e relatório de informações
necessárias à avaliação, e finalmente carência de elementos qualificados
para a realização das complexas atividades que o processo de avaliação
exige.
1
Para discutir o tema, necessitamos iniciar por uma definição que
de conta de compreender o que é avaliação e, a partir de então, tentar um
entendimento do significado latente dessas modificações da pratica da
avaliação na aprendizagem escolar. (LUCKESI, 1995 p.67.)
Avaliação é uma palavra que faz parte de nosso cotidiano, seja de maneira
espontânea, seja de modo formal (DIAS SOBRINHO, 2003 p.1).
Originária do latim a palavra avaliar significa “dar valor a...” o conceito de
avaliação é expresso como sendo a “atribuição de um valor ou qualidade a
alguma coisa, ato ou curso de ação”. (LUCKESI, 2000 p86)
No dicionário Aurélio, avaliar significa: determinar a valia ou valor
de; apreciar ou estimar o merecimento de; fazer apreciação; ajuizar.
Basicamente podemos representar as diversas definições sobre avaliação
em um continuun, no qual de um lado situa-se o juízo, o julgamento de
valores, e do outro, a tomada de decisões (RABELO, 2004 p.69)
Para alguns autores como Hoffmann (2000) Libâneo (1994 p198)
avaliar é:
[...] Dinamizar oportunidades de ação-reflexão, num acompanhamento permanente do professor e este deve propiciar ao aluno em seu processo se aprendencia, reflexões acerca do mundo, formando seres críticos, libertários e participativos na construção de verdades formuladas e reformuladas.[...] Um juízo de qualidade sobre dados relevantes tendo em vista uma tomada de decisão.
Segundo Libâneo (1994, p.198) tem-se verificado na prática
escolar alguns equívocos em relação aos objetivos, função e papel da
avaliação na melhoria das atividades escolares e educativas, de acordo com
o mesmo autor os professores têm dificuldades em avaliar resultados mais
importantes do processo de ensino como a compreensão, originalidade,
capacidade de resolver problemas e de fazer relação entre fatos e idéias.
A literatura sobre avaliação deixa clara a inexistência de um
modelo único e ideal de avaliação do desempenho escolar, porém
percebemos a preocupação por parte das pessoas envolvidas com o tema
em agregar diversas formas de avaliação na perspectiva de encontrar a que
melhor sirva para sua realidade. Para Hadji (2001 p.27) “a idéia de que a
avaliação é uma medida dos desempenhos dos alunos esta, como já vimos,
1
solidamente enraizada na mente dos professores... e, freqüentemente, na
dos alunos”
Sousa (1991 p.143) defende que “a avaliação visa à verificação
dos objetivos propostos em um programa escolar”. Durante o processo
ensino e aprendizagem é importante prever os objetivos a serem
alcançados e escolher os meios adequados para atingi-los e verificar os
resultados são atividades que sempre ficam sob responsabilidade do
buscamos a literatura.De acordo com Méndez (2005) a avaliação é um
processo natural que nos permite ter consciência do que fazemos e das
conseqüências que acarretam nossas ações, mas percebemos que nas
escolas os processos de avaliação tem sido alvo de muitas criticas e os
professores têm encontrado dificuldade no momento de avaliar seu aluno.
O professor no instante de construção e utilização dos
instrumentos devera definir os dados relevantes e sua utilização na
avaliação evitando o arbítrio momentâneo, pois, como se pode ver, a
pratica da avaliação não pode ser efetivada arbitrariamente. (LUCKESI,
1995 p.68)
Ao avaliar um aluno de educação profissional, o que se pretende é
que ele demonstre domínio dos conteúdos que o tornam competente
técnica e socialmente. Os conteúdos das disciplinas são constituídos por
conhecimentos, idéias, processos, teorias científicas, métodos e técnicas,
habilidades cognitivas, atitudes entre outros. Diante destas inquietações,
buscamos a literatura e percebemos que o tema avaliação apesar de
bastante explorado continua sendo motivo de preocupação dos educadores
nas varias áreas de atuação.
Para Esteban (2003) a avaliação como prática de investigação
pressupõe a interrogação constante e se revela um instrumento importante
para professores e professoras comprometidos com uma escola
democrática.
Entretanto, sabemos que, à medida que a ciência e a tecnologia
avançam e o saber acumulado cresce, a tarefa de selecionar conteúdos das
disciplinas e dos cursos torna-se mais difícil. Atualmente percebe-se que,
entre o momento em que o profissional recebe seu diploma e aquele que
1
inicia suas atividades profissionais, novas teorias são divulgadas e nova
tecnologia é lançada no mercado.
Diante deste fato, a escola deve reconhecer que, ao lado da
construção de conhecimentos e das habilidades técnicas, é preciso
desenvolver no aluno habilidades de pensamento: ele precisa aprender a
pensar, a refletir, a analisar, a desenvolver capacidade de “aprender a
aprender”, ou seja, a capacidade de auto-aprendizagem. É necessário que o
aluno tenha condições de emitir julgamento critico, de argumentar,
defendendo suas idéias e de criar novas idéias e situações.
Conseqüentemente, a avaliação do desempenho do aluno deve
recair sobre dados relativos ao domínio dos conteúdos e das competências
profissionais e ao desenvolvimento das habilidades do pensamento.
3.2 PROCESSOS AVALIATIVOS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA
ENFERMAGEM
No momento da avaliação em estágio nos surpreendemos com
questionamentos que nos levam a refletir, o que é realmente avaliar as
atividades do outro? Será que este estagiário não tem mais potencial do
que o avaliado? Fui justo?
Percebemos com freqüência que a separação do avaliar teórico e
prático é uma realidade vivenciada por grande parte dos professores do
curso técnico em enfermagem, principalmente tratando-se de estágios
supervisionados.
No curso Técnico em Enfermagem, a supervisão do aluno
estagiário é feita diretamente, em cada um dos procedimentos que ele
venha desenvolver. Tal fato se justifica uma vez que se trabalha com
indivíduos que procuram os serviços de saúde, na perspectiva de cura de
alguma afecção ou na manutenção do seu estado de saúde. Os
1
procedimentos realizados pelos alunos são desde os mais simples até os
mais complexos, de acordo com as atividades previstas para o técnico em
enfermagem na Lei do Exercício Profissional. Desta forma, toda atividade
executada pelo aluno é acompanhada pelo professor supervisor.
É importante proporcionar ao aluno um campo de estágio
acolhedor e com possibilidade de autonomia para o aluno e professor
contribuindo na aprendizagem significativa favorecendo o entendimento do
processo de trabalho. Supervisionar o estágio do curso técnico em
enfermagem leva o professor a pensar , pois o aluno fica próximo do ser
humano que é cuidado, ouve, toca, realiza procedimentos (curativos,
injeções...) que ensinar alguém a cuidar do outro envolve além das técnicas
aspectos emocionais dos que participam do processo, todas estas questões
devem ser consideradas no momento da avaliação, portanto, esse processo
deve acontecer de maneira justa, dialogada, objetiva, participativa,
continua, transmitindo segurança.
Diante de uma supervisão de prática, o professor tem
oportunidade de observar atentamente seus alunos, de obter inúmeras
informações que muito contribuirão para o conhecimento do educando,
individualmente e do grupo. A avaliação da aprendizagem requerem do
professor o domínio da observação que é uma técnica valiosa no
acompanhamento e na avaliação, porém é necessário, clareza de objetivos,
seleção de métodos e técnicas adequadas, o uso racional do tempo e
finalmente um instrumento de avaliação
Diante desta necessidade e das dificuldades encontradas pelos
professores supervisores de estágio no exercício da avaliação do aluno
estagiário do curso técnico em enfermagem verificou-se a necessidade de
propor este tema como projeto de intervenção a ser aplicado no Colégio
Estadual Professora Elzira Correia de Sá no primeiro período do ano letivo de
2009 a construção conjunta de um instrumento que venha subsidiar os
professores na pratica avaliativa em estágio.
1
Para Pensar.....
“Assim como é constitutivo do diagnóstico médico estar
preocupado com a melhoria da saúde do cliente,
também é constitutivo da avaliação da aprendizagem
estar atentamente preocupada com o crescimento do
educando”. Caso contrário, ela nunca será
diagnosticada.
Luchesi
(1990)
1
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1