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AVALIAÇÃO DE SINERGIAS DE
PORTFÓLIO DE PROJETOS DE
TECNOLOGIA E SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO - UMA ABORDAGEM
MULTICRITÉRIO
Josilene Alves Monteiro (UFPE )
[email protected]
Ana Paula Henriques de Gusmao (UFPE )
[email protected]
Plinio Marcio da Silva Ramos (UFPE )
[email protected]
Isabela Espindola Nanes (UFPE )
[email protected]
Um aspecto relevante a ser considerado na gestão de portfólios de
projetos de tecnologia da informação (TI) e sistemas de informação
(SI) e que tem recebido atenção na literatura nos últimos anos é a
sinergia entre os projetos. Dessa forma,, se faz necessário avaliar
mecanismos que possibilitem mensurar a sinergia entre os projetos e,
por conseguinte, permitir uma decisão mais precisa com relação aos
investimentos em TI/SI. Nesse sentido, este artigo desenvolve um
modelo para a gestão de portfólios de projetos de TI/SI que considera
a avaliação de três tipos de sinergias de TI/SI entre os projetos e
utiliza o método de Apoio Multicritério a Decisão PROMETHEE II
para propor um ranking de portfólios, facilitando a tomada de decisão.
Este modelo foi aplicado para auxiliar um problema de investimentos
em TI/SI de uma indústria do ramo têxtil localizada no interior
pernambucano.
Palavras-chave: Tecnologia e Sistemas de Informação, Portfólio de
Projetos, Sinergias, Multicritério
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
No ambiente competitivo torna-se imprescindível que as organizações busquem gerenciar
bem as informações que permeiam seus negócios. Assim, a Tecnologia da Informação (TI) e
os Sistemas de Informação (SI) têm conferido às organizações a possibilidade de desenvolver
novas ferramentas que proporcionam vantagens no mercado (MCFARLAN, 1984;
MEDEIROS; SOUZA, 2014).
A TI e SI vem, ao longo das décadas, se adaptando de forma rápida às mudanças (WARD,
2012). Segundo de Watanuki et al. (2015), esse fato favorece o aumento do uso de TI/SI e do
desafio de como gerenciar melhor os projetos na área, para ampliar seus benefícios com
alcance dos objetivos organizacionais, através do alinhamento estratégico entre a estratégia de
investimentos em TI/SI e a estratégia empresarial (BAETS, 1992).
Com o objetivo de prover o alinhamento estratégico, a gestão de portfólio de projetos de TI/SI
tem sido apontada como os processos que permitem a coordenação dos projetos em toda a
organização para atender seus objetivos (DANIEL et al., 2014).
A gestão de portfólio de projetos de TI/SI ajuda a determinar a exata combinação de projetos
e o correto nível de investimento em TI/SI para cada projeto (GLEISBERG et al., 2008).
Contudo, é sabido que investimentos nessas áreas não se dão de forma individualizada, mas
sim, considerando um conjunto de tecnologias e/ou sistemas. Nesse sentido, conforme Cho et
al. (2013), ganha destaque o uso da sinergia pelas empresas na avaliação do portfólio de
TI/SI, já que a sinergia refere-se à capacidade de duas ou mais unidades gerar maior retorno,
quando trabalhado em conjunto do que trabalhado isoladamente (GOOLD; CAMPBELL,
1998).
Segundo Cho e Shaw (2009), no portfólio de TI/SI a sinergia entre os projetos permite que a
empresa obtenha retorno adicional de seus investimentos entre os vários recursos de TI/SI,
visto que as tecnologias e os sistemas de informação, comparativamente com outras áreas,
têm um maior potencial de valorização da sinergia. Mesmo com tal importância, na literatura
é apresentada uma lacuna de estudos sobre portfólios de projetos de TI/SI considerando a
sinergia, foco principal deste trabalho, no domínio sobre as decisões de investimento em
TI/SI.
Lopes e de Almeida (2015a) afirmam que na tomada de decisão, as sinergias vêm sendo
considerado um tema de interesse para profissionais, organizações e partes interessadas na
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gestão dos projetos para um portfólio. Além disso, segundo Gleisberg et al. (2008), as
decisões sobre os portfólios de projetos de TI/SI estão relacionadas com variáveis que visam
um melhor desempenho. Nesse contexto, os autores consideram como alternativa plausível,
na tomada de decisão, as metodologias de Apoio Multicritério a Decisão (AMD) devido sua
característica de auxiliar na decisão onde existem múltiplos objetivos (GOMES et al., 2006;
DE ALMEIDA, 2013).
Diante do exposto, o artigo tem por objetivo desenvolver um modelo para gestão de portfólio
de projetos de TI/SI considerando a avaliação de sinergias entre os diferentes projetos, bem
como usar um método de AMD para ordenação dos portfólios. Para tanto, o modelo propõe a
avaliação das sinergias nos portfólios de projetos de TI/SI utilizando três tipos de sinergias de
TI/SI apresentadas por Cho e Shaw (2009) e, posteriormente, o método múlticritério
PROMETHEE II é aplicado para ordenar os portfólios de forma a auxiliar o decisor na
priorização das suas alternativas.
Este artigo está dividido em cinco seções, incluindo a introdução. A seção 2 contém o
referencial sobre os aspectos teóricos que sustentam a pesquisa, a seção 3 apresenta à proposta
do modelo, a seção 4 mostra uma aplicação do modelo proposto e os resultados, e, para
finalizar, a seção 5 traz as conclusões da pesquisa.
2. Referencial Teórico
2.1. Avaliação de sinergias na gestão de portfólio de projetos de TI/SI
Conforme Lopes e de Almeida (2015b), o uso de sinergias colabora positivamente como uma
dimensão de sucesso do portfólio e do negócio. Para os autores, as sinergias são aspectos
relevantes que devem ser avaliados no processo de gestão de portfólio em diferentes
contextos, pois beneficiam os resultados atingidos pelo portfólio.
As aplicações que consideram a sinergia entre os portfólios de projetos estão presentes em
vários contextos, como: pesquisa e desenvolvimento (CHIEN, 2002; DE ALMEIDA;
DUARTE, 2011), exploração e produção de óleo e gás (LOPES; DE ALMEIDA, 2015a;
LOPES; DE ALMEIDA, 2015b), produção verde (LI, et al., 2010) e tecnologia e sistemas de
informação (TANRIVERDI, 2006; CHO; SHAW, 2009; CHO et al., 2013).
No tocante ao contexto da TI e SI, destaca-se a sinergia de TI/SI (TANRIVERDI, 2006;
CHO; SHAW, 2009; CHO et al., 2013). Conforme Cho et al. (2013), sinergia de TI/SI pode
ser compreendida como o retorno adicional que uma empresa pode conseguir a partir de
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unidades conjuntas de investimento em TI/SI, que não podem ser obtidos a partir de unidades
individuais.
No que diz respeito ao impacto da sinergia de TI/SI na gestão de portfólio de projetos de
TI/SI, Cho e Shaw (2009) propuseram três tipos de sinergias dependendo da interação entre os
projetos. São eles: sinergia de TI custo sub-aditivo (Tipo 1), sinergia de TI valor super-aditivo
de uma via (Tipo 2) e sinergia de TI valor super-aditivo de duas vias (Tipo 3).
Considerando duas unidades de investimentos em TI/SI (A e B), a sinergia de TI/SI do Tipo 1
refere-se à interseção entre as unidades A e B, ponto esse que remete a economia de custo
adicional criado quando há partilha de recursos comuns entre as duas unidades. Já a sinergia
de TI/SI do Tipo 2 ocorre pela relação de complementaridade entre as duas unidades, quando
o valor intrínseco da unidade A afeta o valor da unidade B, mas não é afetado pela unidade B.
Por fim, a sinergia de TI/SI do Tipo 3 ocorre quando as unidades A e B são mutuamente
beneficiada, ou seja, uma unidade contribui com a outra (CHO; SHAW, 2009; CHO et al.,
2013). Na Figura 1 estão representados os três tipos de sinergia de TI/SI em um portfólio.
Figura 1 – Três tipos de sinergias de TI/SI em um portfólio com unidades A e B
Fonte: Adaptado de Cho e Shaw (2009)
Quando uma organização considera entre os projetos de TI/SI nos portfólios os diferentes
tipos de sinergias está ampliando suas condições de retornos, pois os retornos conjuntos de
A+B são maiores que a soma dos retornos de A e B isoladamente. Além disso, segundo Cho
et al. (2013), esses três tipos de sinergias de TI/SI podem ter diferentes efeitos sobre a gestão
e seleção de portfólio de projetos de TI/SI de uma empresa.
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Assim, modelos de decisão que consideram, além da sinergia, os tipos de sinergias de TI/SI,
podem ajudar as organizações no processo de tomada de decisão sobre os investimentos em
TI/SI, de forma a atingir seus objetivos estratégicos através de portfólios eficazes.
2.2. Apoio Multicritério a Decisão: PROMETHEE
As metodologias de Apoio Multicritério a Decisão (AMD) são métodos para análise de
problemas de decisão, em que há pelo menos duas alternativas para se escolher com intuito de
atender vários objetivos, muitas vezes conflitantes entre si (DE ALMEIDA, 2013).
Para a construção de um modelo de decisão, o método multicritério a ser empregado depende
do tipo de problema em análise, do contexto, da estrutura de preferência do(s) decisor(es) e do
tipo de problemática, que são caracterizadas como: escolha, classificação, ordenação,
descrição ou portfólio (GOMES et al., 2006; ROY, 1996; DE ALMEIDA, 2013).
Visto que o decisor, no problema em análise, procura uma alternativa que apresenta um
desempenho médio em todos os critérios, desta forma, caracterizando-se uma abordagem não
compensatória, e, além disso, aborda-se a problemática de ordenação, uma vez que se deseja
ordenar os portfólios para auxiliar no processo de decisão, optou-se por um método de
sobreclassificação. Dentre eles se destaca a família PROMETHEE, trata-se de métodos
relativamente simples ao entendimento do tomar de decisão e que simplifica a estrutura de
preferência do decisor (DE ALMEIDA, 2013; MEDEIROS; SOUZA, 2014). A consideração
de todos esses aspectos levou a escolha do método PROMETHEE II para o modelo proposto
neste estudo.
Segundo Brans et al. (1986), os métodos PROMETHEE produzem uma relação de
sobreclassificação valorada e se baseiam em duas fases: construção de uma relação de
sobreclassificação e exploração da relação de sobreclassificação para a decisão.
Na primeira fase, tendo como ponto de partida a avaliação da matriz de decisão das
alternativas com relação aos critérios, o decisor deve estabelecer um peso (pi) que reflita ao
grau de importância de cada critério, tal como expressar a intensidade de preferência usando
uma das seis funções de preferência apresentadas por esses métodos (maiores informações
sobre funções de preferência, vise BRANS; MARESCHAL, 2005). A partir dessas
informações é determinado o grau de sobreclassificação de a sobre b, para cada par de
alternativas (a,b), conforme equação (1):
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n
i
ii (a,b) Fpπ(a,b)1
(1)
onde:
n
i
i p1
(2) 1
Ainda, de acordo com Brans e Mareschal (2005), são utilizados indicadores para exploração
da relação de sobreclassificação das alternativas. Para tanto, são definidos dois indicadores:
fluxo de sobreclassificação de saída Φ+(a) e entrada Φ
–(a), conforme equações (3) e (4),
respectivamente. Além desses, pode ser empregado o fluxo de sobreclassificação líquido
Φ(a), que exprime a diferença entre os dois primeiros fluxos, conforme equação (5):
Ab
π(a,b) (a)Φ (3)
Ab
_ π(b,a) (a)Φ (4)
(5) (a)Φ(a)ΦΦ(a) _
Com base no indicador do fluxo líquido, o método PROMETHEE II consegue determinar o
ranking das alternativas examinadas. De Almeida (2013) afirma que, a partir do Φ(a), as
alternativas são ordenadas em ordem decrescente, criando uma pré-ordem completa, ou seja,
assumi-se entre os pares de alternativas (a,b) as relações de preferência [aPb se Φ(a) > Φ(b)]
e indiferença [aIb se Φ(a) = Φ(b)]. Assim, quanto maior esse fluxo, melhor é a alternativa.
3. Modelo proposto
Os portfólios de projetos de TI/SI podem ser definidos de forma a obter maiores benefícios
com o uso de sinergias entre os projetos (CHO; SHAW, 2009). Nesse sentido, torna-se
relevante considerar as sinergias de TI/SI na tomada de decisão sobre a gestão do portfólio de
projetos de TI/SI e para tanto se faz necessário ter mecanismos que possibilitem a avaliação
nesse contexto proporcionando uma decisão mais precisa sobre os portfólios para maximizar
os retornos e minimizar os riscos sobre os investimentos em TI/SI.
Pensando nisso, este trabalho tem por objetivo desenvolver um modelo que permita auxiliar
um decisor, responsável pela área de TI/SI de uma organização, na tomada de decisão sobre o
gerenciamento de portfólio de projetos de TI/SI, englobando três fases subdivididas em etapas
(Figura 2). Vale ressaltar que essas fases e etapas são interativas, podendo, assim, retornar se
necessário a qualquer momento para melhorar os resultados (DE ALMEIDA, 2013).
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Figura 2 – Fases e etapas do modelo proposto
Fonte: Este trabalho (2016)
Primeiramente, seguindo as etapas listadas na Figura 2, na fase 1 torna-se necessário
selecionar entre os projetos de TI/SI da organização, aqueles que poderão ser adicionados aos
portfólios. Em seguida, a partir desses potenciais projetos, o decisor deverá construir os
portfólios de acordo com os recursos considerados e disponíveis, esses representarão as
alternativas a serem avaliadas e ordenadas. Posteriormente, será necessário identificar quais
os critérios que serão julgados para decidir sobre as alternativas. Neste modelo as sinergias de
TI/SI serão utilizadas como critérios de avaliação dos portfólios.
Na fase 2, serão avaliados os três tipos de sinergias de TI/SI entre os diferentes projetos que
foram selecionados na construção de cada portfólio. Para tanto, as avaliações de cada tipo de
sinergia será através de uma escala Likert de cinco pontos, conforme seu grau de intensidade
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que varia entre “Muito Baixo” (1) a “Muito Alto” (5). Além disso, podem existir portfólios
com projetos que não apresentem sinergias, sendo assim, atribuído “Não se Aplica” (0). Desta
forma, por tratar-se de uma avaliação subjetiva feita pelo decisor ou especialista não se
restringe o número de projetos presente nos portfólios. É relevante entender que as sinergias
do Tipo 2 e do Tipo 3, conforme representado na Figura 1, estão relacionadas as saídas
geradas pelo portfólio podendo assumir apenas um dos dois tipos, pois são mutuamente
excludentes (CHO et al., 2013). Neste caso, assumi-se também o uso de “Não se Aplica” (0).
Posteriormente, na fase 3, com as informações obtidas nas fases anteriores, tem-se a base para
a avaliação da matriz de decisão. Para a aplicação do método PROMETHEE II, inicialmente é
atribuído os pesos, as funções de preferência para cada critério e, se necessário, os parâmetros
tocante às funções: limite de preferência (p) e limite de indiferença (q). Após, serão
alcançados os fluxos líquidos para a ordenação dos portfólios de projetos de TI/SI. Por fim,
obtido o resultado, realiza-se uma análise de sensibilidade para validar a robustez do
resultado. Na seção a seguir, para testar a viabilidade do modelo proposto, é apresentada uma
aplicação.
4. Aplicação do modelo proposto
Para a aplicação do modelo proposto numa situação real, foram utilizados os dados
apresentados no estudo de caso de Nanes (2014), no qual foi usado outro método de ADM
para tratar a problemática de classificação dos investimentos em TI/SI. Entretanto, o presente
estudo aborda os dados dentro de uma nova perspectiva e também apresenta a possibilidade
de avaliar os portfólios de acordo com os três tipos de sinergias de TI/SI.
A organização estudada é uma indústria de médio porte do ramo têxtil, voltada à fabricação
de etiquetas, localizada no interior pernambucano. O decisor é o coordenador da área de TI da
organização, dentro do seu orçamento tem autonomia para tomar decisões na área de TI e SI
sem precisar de autorização da alta gerência.
Considerando a divisão das três fases proposta pelo modelo na seção 3, os resultados dessa
aplicação são descritos a seguir:
– Fase 1 - Identificação das alternativas e critérios: Dentre os potenciais projetos de TI/SI
da organização o decisor selecionou cinco projetos, conforme Quadro 1.
Quadro 1 – Projetos de TI/SI
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Fonte: Adaptado de Nanes (2014)
Após a seleção dos projetos, é possível construir os portfólios que formam as alternativas para
o modelo, baseado em Nanes (2014). Para tanto, por ter um orçamento restrito e os projetos
terem custos de investimentos equivalentes, o decisor estruturou os portfólios sempre com
duas alternativas de projetos (Tabela 1), visto que passando de determinado valor, teria que
solicitar a autorização da alta gerência e, nesse caso, seria necessário a mudança de decisor.
Tabela 1 – Portfólios de projetos de TI/SI (Alternativas)
Fonte: Adaptado de Nanes (2014)
Em seguida, os critérios adotados foram identificados com base no estudo de Nanes (2014),
no qual o decisor definiu oito critérios levados em consideração na tomada de decisão de
acordo com embasamento da literatura feita pela autora. Neste estudo, além desses critérios o
decisor considerou mais três critérios que representam os três tipos de sinergias de TI/SI
apresentados por Cho e Shaw (2009). O Quadro 2 mostra os critérios trabalhados e suas
respectivas formas de medidas.
Quadro 2 – Critérios analisados
Portfólios Siglas
P1+P2 A1
P1+P3 A2
P1+P4 A3
P1+P5 A4
P2+P3 A5
P2+P4 A6
P2+P5 A7
P3+P4 A8
P3+P5 A9
P4+P5 A10
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Fonte: Adaptado de Nanes (2014) e Cho e Shaw (2009)
– Fase 2 - Avaliação das sinergias de TI/SI: Ocorreram reuniões com o decisor, onde foi
explicado cada um dos tipos de sinergias estudados e sua medida de avaliação. Como
proposto no modelo, o decisor avaliou cada tipo de sinergia em cada uma das dez alternativas
de portfólios (A1 até A10), atribuindo os graus de intensidade das sinergias existentes nos
portfólios e o “Não se Aplica”, neste caso zero (0), quando a sinergia era inexistente ou
excludente.
Na Tabela 2 são apresentados os dados dessa avaliação. Vale destacar que o software do
método considerado neste estudo, Visual PROMETHEE, aceita a opção “Não se Aplica” (0),
além dos cincos pontos da escala de Likert.
Tabela 2 – Avaliação dos três tipos de sinergia de TI/SI
Portfólios Sinergia de TI/SI
– TIPO 1
Sinergia de TI/SI
– TIPO 2
Sinergia de TI/SI
– TIPO 3
A1 2 4 0
A2 4 0 5
A3 0 0 3
A4 5 0 5
A5 2 0 4
A6 0 0 3
A7 5 0 3
A8 3 0 3
A9 5 0 5
A10 2 0 3
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Fonte: Este trabalho (2016)
Analisando os dados, é perceptível que todos os portfólios contêm algum grau de intensidade
de sinergia entre os projetos, ao menos em um dos três tipos. Bem como, entre as sinergias de
TI/SI do Tipo 2 e do Tipo 3 que são mutuamente excludentes, em maioria, 90% das
alternativas são classificadas como do Tipo 3, tendo apenas o portfólio A1 (P1+P2) na
categoria do Tipo 2, desta forma, a sinergia que, segundo Cho e Shaw (2009), representa o
benefício recíproco entre os projetos no portfólio, está mais presente na organização.
– Fase 3 - Aplicação do método multicritério: Primeiramente, com base na preferência do
decisor foi obtida a avaliação da matriz de decisão, no qual, neste estudo, considerou-se a
matriz de avaliação exposta em Nanes (2014) em conjunto com as avaliações dos três tipos de
sinergias apresentadas na Tabela 2.
Posteriormente, o decisor atribui aos critérios os pesos, conforme o grau de importância, e a
função critério usual, que foi a mais apropriada à suas escolhas (Tabela 3). A função critério
usual representa a situação básica do método PROMETHEE e assim não é necessária a
definição dos parâmetros p e/ou q, ou seja, qualquer diferença no desempenho aponta
preferência (DE ALMEIDA, 2013).
Tabela 3 – Pesos e função de preferência dos critérios
Fonte: Este trabalho (2016)
Entre os pesos atribuídos aos critérios de sinergias, o C9, que corresponde a sinergia do Tipo
1 relacionada a economia de custos com as partilhas de recursos, recebeu a menor
importância, visto que nos portfólios os custos são equivalentes, o C11, por sua vez, que
remete a sinergia do Tipo 3, tem a maior importância entre os três tipos de sinergias, estando
mais presente entre os portfólios analisados.
Para a aplicação do método foi usado o software Visual PHOMETHEE onde foram inseridos
os dados e assim, conforme os fluxos líquidos (Φ), foi obtida a ordenação dos portfólios de
projetos de TI/SI, visualizada na Tabela 4.
Tabela 4 – Resultado da ordenação dos portfólios
Critérios C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11
Pesos 0,05 0,13 0,23 0,08 0,08 0,05 0,18 0,08 0,02 0,04 0,06
Função de
Preferência Critério Usual: não há parâmetro a ser definido
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Fonte: Este trabalho (2016)
Segundo o ranking de alternativas recomendado pelo PHOMETHEE II, que segue uma ordem
decrescente, é possível observar que o portfólio A1 (P1+P2) tem o maior fluxo líquido
(0,3733), tendo assim prioridade sobre os demais portfólios no tocante a maiores retornos e a
menores riscos sobre os investimentos em TI/SI na organização. Em seguida, vieram os
portfólios A10 (P4+P5) e A8 (P3+P4) que apresentaram, respectivamente, fluxos líquidos de
0,2022 e 0,0600. Entre as alternativas examinadas, o portfólio com o pior ranking foi o A7
(P2+P5) com fluxo líquido de -0,3978, representando aquele com o conjunto de projetos
menos relevante de acordo com os critérios considerados.
Por fim, após a aplicação do método, foi realizada uma análise de sensibilidade, na qual foram
selecionados os critérios C2, C3 e C7 que apresentaram maior grau de importância e, em
seguida, realizou-se novas análises no software alterando seus pesos em +/–5% e
redistribuindo para os demais critérios (Tabela 5).
Tabela 5 – Resultados da análise de sensibilidade
Fonte: Este trabalho (2016)
Os resultados mostraram uma variação no critério C3 quando elevado o peso em +5% e no
critério C7 quando reduzido o peso em –5%, em ambos os casos o ranking da 6ª, 7ª e 8ª
posição, inicialmente composto pelos portfólios A2, A6 e A3, respectivamente, passa a ser
Ranking Portfólios Φ
1º A1 0,3733
2º A10 0,2022
3º A8 0,0600
4º A9 0,0356
5º A4 0,0189
6º A2 -0,0400
7º A6 -0,0422
8º A3 -0,0467
9º A5 -0,1633
10º A7 -0,3978
Ranking
Inicial
Critérios
Automação dos processos – C2
(0,13)
Segurança da informação – C3
(0,23)
Aumento da capacidade
tecnológica – C7 (0,18)
-5% +5% -5% +5% -5% +5%
A1 0,3733 A1 0,3712 A1 0,3755 A1 0,3667 A1 0,3798 A1 0,3681 A1 0,3785
A10 0,2022 A10 0,1998 A10 0,2047 A10 0,1951 A10 0,2093 A10 0,2076 A10 0,1968
A8 0,0600 A8 0,0573 A8 0,0627 A8 0,0665 A8 0,0535 A8 0,0541 A8 0,0659
A9 0,0356 A9 0,0338 A9 0,0373 A9 0,0437 A9 0,0275 A9 0,0420 A9 0,0292
A4 0,0189 A4 0,0128 A4 0,0250 A4 0,0264 A4 0,0114 A4 0,0248 A4 0,0130
A2 -0,0400 A6 -0,0367 A2 -0,0432 A2 -0,0343 A6 -0,0332 A6 -0,0383 A2 -0,0335
A6 -0,0422 A2 -0,0394 A6 -0,0450 A6 -0,0513 A3 -0,0367 A3 -0,0436 A6 -0,0461
A3 -0,0467 A3 -0,0444 A3 -0,0489 A3 -0,0568 A2 -0,0457 A2 -0,0465 A3 -0,0498
A5 -0,1633 A5 -0,1576 A5 -0,1691 A5 -0,1601 A5 -0,1665 A5 -0,1718 A5 -0,1548
A7 -0,3978 A7 -0,3968 A7 -0,3988 A7 -0,3960 A7 -0,3995 A7 -0,3964 A7 -0,3992
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formado pelos portfólios A6, A3 e A2 após as novas análises. No entanto, os portfólios que
compõem as primeiras cinco posições e duas últimas não sofreram alterações. Além disso, nas
demais situações analisadas, não houve nenhuma mudança do ranking inicial. Assim,
percebe-se uma consistência nos resultados obtidos.
5. Conclusões
Na tomada de decisão sobre a gestão de portfólio de projetos de TI/SI, as sinergias vêm sendo
considerada um tema de interesse para as organizações e seus atores, visto que neste contexto
a sinergia de TI/SI pode beneficiar os resultados atingidos pelo portfólio com o retorno
adicional das unidades conjuntas de investimento em TI/SI. Assim, este estudo apresentou um
modelo para gerenciamento de portfólio de projetos de TI/SI que avalia três tipos de sinergias
de TI/SI entre os diferentes projetos bem como aplica o método multicritério PROMETHEE
II para ordenar os portfólios de forma a auxiliar na priorização das decisões.
O modelo proposto possibilita que o decisor considere a sinergia dos tipos: 1, 2 e 3 como
critérios que podem beneficiar e influenciar em suas decisões. E com auxílio da ferramenta de
AMD verifica as preferências do decisor sobre sua escolha e aplica o método PROMETHEE
II para facilitar a visualização das relações de sobreclassificação entre as alternativas,
possibilitando que o decisor tenha um ranking dos portfólios para a priorização dos
investimentos em TI/SI. Dessa forma, este trabalho oferece às organizações um mecanismo
útil para a tomada de decisão mais consistente nesse contexto.
Visto que neste estudo a avaliação das sinergias parte dos portfólios já formados, para
trabalhos futuros, sugere-se que as sinergias de TI/SI sejam usadas também como parâmetro
para construção das alternativas de portfólios de projetos.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco
(FACEPE) pelo apoio fornecido para o desenvolvimento da pesquisa.
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