UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ SILVANA BARBOSA OBERG DA CRUZ AVALIAÇÃO DE SATISFAÇÃO COM PRÓTESE AUDITIVA APÓS TREINAMENTO FONOAUDIOLÓGICO CURITIBA 2016
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
SILVANA BARBOSA OBERG DA CRUZ
AVALIAÇÃO DE SATISFAÇÃO COM PRÓTESE AUDITIVA
APÓS TREINAMENTO FONOAUDIOLÓGICO
CURITIBA
2016
SILVANA BARBOSA OBERG DA CRUZ
AVALIAÇÃO DE SATISFAÇÃO COM PRÓTESE AUDITIVA
APÓS TREINAMENTO FONOAUDIOLÓGICO
Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Audiologia Clínica, da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientadora: Prof Dra. Angela Ribas
CURITIBA
2016
TERMO DE APROVAÇÃO
SILVANA BARBOSA OBERG DA CRUZ
AVALIAÇÃO DE SATISFAÇÃO COM PRÓTESE AUDITIVA
APÓS TREINAMENTO FONOAUDIOLÓGICO
Esta monografia foi julgada e aprovada para no Curso de Especialização em Audiologia Clínica na Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, ___ de ___________ de 2016.
Curso de Especialização em Audiologia Clínica Universidade Tuiuti do Paraná
Orientador: Prof. Dra. Angela Ribas Universidade Tuiuti do Paraná
Prof. (banca examinadora) Universidade Tuiuti do Paraná
Prof. (banca examinadora) Universidade Tuiuti do Paraná
Agradecimentos
Primeiro à Deus por ter me dado a oportunidade de conhecer pessoas especiais ao longo
desses dois anos, e de adquirir conhecimentos que servirão para toda a vida.
Á minha família que, nos momentos mais difíceis, sempre estiveram ao meu lado me acalmando e mostrando o caminho e encontrando
soluções para os mais variados problemas.
Meus agradecimentos, para meu marido Laurence, meus amados filhos Lara e Lorenzo.
Aos meus pais, Maria do Socorro e José Nicodemo, por terem me oferecido o dom da vida.
RESUMO Introdução: A perda auditiva é um dos problemas de saúde mais comum no mundo, acometendo também centenas de brasileiros. Uma vez instalada, a perda auditiva provoca sérios transtornos psicossociais, que afetam a qualidade de vida e a atividade profissional do indivíduo. Objetivo: Descrever os resultados auditivos alcançados por um grupo de indivíduos adultos, usuários de prótese auditiva, submetidos ao questionário QI-AASI. Material e método: O questionário QI-AASI foi aplicado em 30 pacientes de ambos os sexo, com idade variando entre 26 e 85 anos, todos alfabetizados, portadores de perda auditiva e usuários de prótese auditiva, em dois momentos: 1° - Na consulta subsequente à adaptação da prótese; 2° - Após um período de treinamento auditivo e aconselhamento fonoaudiológico. Aplicou-se o teste t de Student, sendo considerado o nível de significância de 0,05 (5%) para verificação do nível de satisfação dos participantes. Resultados: Verificou-se que existe diferença significativa entre os resultados do QIAASI 1 e QIAASI 2 na soma geral dos respondentes; não há predominância de gênero. Conclusão: O treinamento auditivo e o aconselhamento fonoaudiológico promoveram melhoria de percepção auditiva e de qualidade de vida dos usuários de prótese auditiva. Palavras chave: Fonoaudiologia. Perda Auditiva. Prótese Auditiva. Satisfação.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 8
2.1 INDICAÇÕES DA PRÓTESE AUDITIVA ............................................................. 8
2.2 A PERDA AUDITIVA ............................................................................................ 8
2.3 A PRÓTESE AUDITIVA ..................................................................................... 10
2.4 BENEFÍCIOS DA PRÓTESE AUDITIVA ............................................................ 11
3 MATERIAL E MÉTODO .................................................................................... 15
4 RESULTADOS .................................................................................................. 16
5 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 19
6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 21
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 22
ANEXOS .................................................................................................................. 24
ANEXO 1 – APROVAÇÃO PROJETO DE PESQUISA ............................................ 25
ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO QI-AASI .................................................................... 26
6
1 INTRODUÇÃO
A audição permite ao ser humano a comunicação e o aprendizado de uma
série de conceitos abstratos que o diferencia das outras espécies, sendo ela de
grande importância para que o indivíduo se integre à sociedade e estabeleça a
relação entre pessoas e o meio ambiente (RUSSO, 1999).
A perda auditiva é um dos problemas de saúde mais comum no mundo,
acometendo também centenas de brasileiros. Uma vez instalada, a perda auditiva
provoca sérios transtornos psicossociais, que afetam a qualidade de vida e a
atividade profissional do indivíduo (BRASIL, 2004).
A seleção da prótese requer uma sequência a ser cumprida: seleção do tipo
de prótese que cabe a cada paciente, seleção e confecção dos moldes auriculares,
decisão entre adaptação binaural ou monoaural, processamento do sinal a ser
utilizado, tipo de amplificação, características acústicas selecionadas
individualmente, condições estéticas, nível de expectativa e ansiedade do paciente
e, finalmente, processo de testes e adaptação (BUCUVIC e IÓRIO, 2004).
Os principais profissionais envolvidos no processo de seleção e adaptação de
uma prótese auditiva são os Otorrinolaringologistas e Fonoaudiólogos (ABA, 2010).
O Otorrinolaringologista deve ser consultado antes de o indivíduo ser submetido à
seleção do aparelho e reconsultado após a sua adaptação, pois é importante para o
prognóstico.
Já o Fonoaudiólogo possui papel principal na habilitação ou reabilitação do
indivíduo com deficiência auditiva, devendo o mesmo considerar as variáveis:
avaliação audiológica, grau de atenção dispensado ao processo de seleção e
adaptação do aparelho, treinamento auditivo, orientações quanto à audição e quanto
ao uso do dispositivo, avaliação periódica da audição, leitura orofacial e terapia da
fala – bem como transmitir essas informações aos familiares (IWAHASHI et al.,
2011).
Além disso, é importante ressaltar a importância de se sensibilizar o candidato
ao uso da prótese, o qual deve apresentar aspectos de conscientização do seu
handicap auditivo e o grau de perda de audição. Além disso, aspectos como
sofrimento experimentado pelo indivíduo surdo, seja ele no plano social, econômico,
financeiro, cultural ou psicológico, devem ser considerados sempre pelo
fonoaudiólogo que atende o caso (RUSSO, 1999).
7
Sabendo-se que o uso da prótese auditiva resultará em benefícios ao usuário,
o presente estudo promoveu a identificação do grau de satisfação de um grupo de
pacientes da cidade de Ponta Grossa/PR, após treinamento fonoaudiológico,
considerando que a indicação da prótese auditiva é uma das soluções encontradas
para sanar ou minimizar as dificuldades auditivas, quando não há opção de
tratamento medicamentoso ou cirúrgico.
8
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 INDICAÇÕES DA PRÓTESE AUDITIVA
O sentido da audição tem por finalidade garantir a comunicação entre as
pessoas e sua participação na sociedade em que vive. A audição é um dos cinco
sentidos e não menos importante, seja no ambiente familiar, estudantil ou
profissional. Segundo Braga (2003) o ambiente mais importante é o familiar, pois é
na família que começam os contatos e relacionamentos entre os indivíduos, além de
ser possível detectar algum problema ou falha deste órgão e propiciar um tratamento
adequado e o mais breve possível.
A audição é responsável para o desenvolvimento da linguagem oral e uma
forma de sentir o mundo. Pode-se perceber que sem a linguagem o indivíduo perde
parte do mundo real, podendo ter problemas emocionais e sociais. Sendo assim
havendo a deficiência auditiva, a maioria dos indivíduos são isolados pela própria
sociedade ou se isolam, porque são vistos como incapazes de desempenhar
determinadas funções devido à presença deste problema (RUSSO, 1999).
Médicos e fonoaudiólogos são responsáveis pelo diagnóstico da perda
auditiva. Através da avaliação auditiva e de exames auditivos, caso haja a
constatação da deficiência, o paciente é encaminhado para o tratamento eficaz
(ABA, 2010), que em geral é uma prótese auditiva.
2.2. A PERDA AUDITIVA
A perda auditiva pode ser classificada de acordo com vários fatores:
a) Momento que ocorre a instalação da perda:
• antes do nascimento
• durante o nascimento
• após o nascimento
b) Origem do problema:
• hereditária
• adquirida
9
c) Grau da deficiência auditiva (LLOYD e KAPLAN, 1978):
• Normal < 25dBNA
• Leve (26 a 40dBNA)
• Moderada (41 a 55dBNA)
• Moderadamente severa (56 a 70dBNA)
• Severa (71 a 90 dBNA)
• Profunda > 91 dBNA
d) Quanto ao local onde ocorre a perda auditiva (SANTOS e RUSSO, 2005):
• Perda auditiva condutiva: é causada por algum bloqueio que impede a
passagem correta do som até o ouvido interno. As perdas auditivas
condutivas não são necessariamente permanentes, podendo ser
reversíveis por meio de medicamentos e cirurgias.
• Perdas auditivas mistas: é resultante de doenças que acometem a
orelha externa e / ou a orelha média, o que diminui a transmissão de
energia sonora para a orelha interna. O tratamento da perda auditiva
mista pode ser por cirurgias assim como por aparelhos auditivos.
• Perda auditiva sensorioneural esta é a perda auditiva mais comum. É um
indicador de problemas no ouvido interno ou, ainda, no sistema auditivo
periférico, podendo também ser conhecida como patologia coclear e
retro coclear.
e) Lateralidade (atinge uma ou duas orelhas):
A indicação da prótese auditiva é uma das soluções encontrada para as
dificuldades auditivas, quando não há opção de tratamento medicamentoso ou
cirúrgico. A indicação da necessidade se dá pelo médico e cabe ao fonoaudiólogo o
papel de coordenação do processo de habilitação ou reabilitação do indivíduo.
Quanto mais cedo o diagnóstico for realizado melhores são as perspectivas
de reabilitação, tanto na criança quanto no adulto.
A família tem sempre papel fundamental, pois estimula o uso da prótese
auditiva, interage com o surdo e propicia experiências auditivas importantes para o
desenvolvimento e conservação da linguagem.
10
Com o paciente adulto, o trabalho principal refere-se ao resgate das
habilidades
comunicativas, por meio de orientação e aconselhamento. As soluções de maior
valor são: a participação ativa do paciente no processo de reabilitação, o uso efetivo
da prótese auditiva e de meios que facilitam o desempenho do indivíduo na
comunicação e a aceitação da deficiência (RUSSO, 1999; LOPES e RIBAS, 2009).
No idoso a presbiacusia tem como principal consequência um declínio na
capacidade comunicativa do indivíduo, o que tende a isolá-lo e privá-lo das fontes de
informação e comunicação, maximizando ainda mais as alterações causadas pelo
envelhecimento (LOPES e RIBAS, 2009). Os problemas acometidos pela privação
sensorial da audição podem ser minimizados com o uso do Aparelho de
Amplificação Sonora Individual (AASI), o qual permite o resgate da percepção dos
sons da fala e dos sons ambientais, promovendo a melhora da habilidade de
comunicação (ROSA et al., 2009).
2.3. A PRÓTESE AUDITIVA
A prótese é um instrumento individualizado, com tecnologia digital, que possui
controles que podem ser manipulados pelo próprio indivíduo (ALMEIDA e IORIO,
2003). Ela amplifica a onda sonora produzida no meio ambiente e encaminha este
som amplificado para a orelha do indivíduo. Existem diversos modelos de prótese
auditiva, e cada um se adapta a uma necessidade ou gosto do usuário:
a) Tipo Retroauricular, fica localizada atrás da orelha; é um tipo muito
usado (atende todos os tipos de perda, mas normalmente é indicado
desde a perda moderada até severa a profunda), maior que os demais,
fica posicionado atrás da orelha e transmite o som amplificado até o
tímpano através de um molde auricular acoplado por tubo, no aparelho.
Por ser o mais potente de todos, possui vários tipos de recurso, como
controle manual de volume e bobina para captação de som enviado por
sistema digital.
b) Mini Retroauricular versão menor e mais discreta do Retroauricular, que
também atende todos os tipos de perda.
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c) Microcanal (indicado para perdas auditivas de grau leve e moderado), que
fica alojado totalmente dentro do conduto auditivo. Esteticamente falando,
é praticamente invisível. Pode ou não ter minúsculos botões de controle.
d) Intracanal (indicado para perdas de grau leve até moderadamente severa),
que também fica alojado dentro do conduto auditivo, mas é um pouco
maior que o Microcanal e pode ficar um pouquinho mais aparente. Possui
controles externos.
e) Intra-auricular (indicado para perdas severas) preenche toda a concha da
orelha. Por ser mais potente que os de canal, possui controle manual de
volume.
2.4 BENEFÍCIOS DA PRÓTESE AUDITIVA
Um aparelho auditivo tem como finalidade ajudar as pessoas com uma perda
auditiva a perceberem os sons (RUSSO, 1999). Atualmente, graças ao
desenvolvimento da tecnologia digital e a um design bastante avançado, é possível
encontrar aparelhos auditivos tão pequenos que podem ser colocados no fundo do
canal auditivo sem prejuízo da reprodução sonora, a qual é tão clara e cristalina,
como a dos melhores reprodutores sonoros modernos.
Os aparelhos auditivos melhoram a compreensão da fala em várias situações
e dão suporte às muitas funções do sistema auditivo humano como localização
sonora, compreensão, etc. A decisão para utilizar um ou dois aparelhos auditivos
depende principalmente do tipo de perda auditiva. Entretanto, se existe perda
auditiva em ambos os ouvidos, utilizar dois aparelhos auditivos é recomendado, já
que isso ajuda na localização de sons e permite uma audição aprimorada,
especialmente em ambientes barulhentos (ALMEIDA e IORIO, 2003).
A prótese auditiva capta o som do meio ambiente, aumenta sua intensidade e
processa o sinal sonoro e o fornece amplificado ao usuário, portanto pode ser
adaptada em variados graus de perdas auditivas.
O benefício da adaptação precoce de próteses auditivas é bem descrito na
literatura. Para ilustramos nossa pesquisa abordaremos alguns achados em
diferentes populações.
Crianças:
12
A audição é importante tanto para o desenvolvimento da linguagem quanto de
aspectos cognitivo, afetivo e social. Portanto, entende-se que quanto antes a perda
de audição for detectada, melhor será a reabilitação da criança surda (OLIVEIRA et
al., 2002).
Assim o pensamento atual é que o bebê deve ser avaliado auditivamente no
momento do nascimento e caso algum problema seja detectado ele deve ser
encaminhado a outros exames. Com a confirmação do problema, a família é
orientada a procurar um acompanhamento específico do médico
Otorrinolaringologista e do Fonoaudiólogo, para que seja iniciado o processo de
protetização e terapia. É esperado que a criança com seis meses de idade já esteja
protetizada e recebendo orientação fonoaudiológica.
A prótese configura-se um importante aliado na estimulação da criança
deficiente auditiva, porém, a aparelho sozinho não fará milagres, ou transformará a
criança surda em ouvinte (OLIVEIRA et al., 2002). É importante "aprender a ouvir",
mesmo com o aparelho a criança vai continuar ouvindo diferente de nós, assim ela
precisará aprender a relacionar aquele som que está chegando a um significado,
mesmo que ela receba o estímulo auditivo "aua" para "água", com a repetição e a
ajuda da leitura orofacial ela assimilará o significado daquele estímulo, e usará
posteriormente a fala para informar que está com sede (PROFALA, 2016).
Idosos:
Estudos apontam que a perda auditiva acompanha o crescimento da
população idosa no mundo (TEIXEIRA, 2007), e pode estar relacionada ao
desenvolvimento de demências e do mal de Alzheimer. Quanto mais severo for o
déficit auditivo, maiores são as chances de ocorrer uma desordem cognitiva e o
declínio da função cerebral. Mas, até mesmo pessoas com perdas auditivas mais
leves, podem sofrer com atrofias mentais. Isso acontece porque a perda auditiva
pode criar tensões tão grandes que interferem na cognição normal. Como as
pessoas com déficit auditivo tendem a se isolar, a diminuição da interação social
pode agravar este problema, ampliando a estagnação mental (RUSSO, 1999). A boa
notícia é que o diagnóstico e o tratamento precoces da perda auditiva podem atrasar
a progressão das demências e do Alzheimer (KLAGENBERG et al., 2009).
Deixar de tratar a perda auditiva pode acarretar uma série de consequências
que estão muito além da simples incapacidade de escutar. O declínio da audição
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pode acelerar as atrofias da massa cinzenta e até interferir na taxa de mortalidade
dos pacientes. Estudos apontam, por exemplo, que idosos que usam aparelho tem
uma longevidade muito maior do que os que não fazem uso deste dispositivo
(GUARINELLO e CRUZ, 2006).
Se pararmos para pensar, os aparelhos auditivos não só melhoram a audição,
linguagem mas também contribuem para a preservação das funções cerebrais. Sem
falar na qualidade de vida das pessoas. Quem sofre de perda auditiva e não usa
aparelho auditivo tem cinco por cento mais chance de desenvolver depressão se
comparados a pessoas que fazem uso das próteses (DIREITO DE OUVIR, 2016a).
Adultos:
Com o paciente adulto, o trabalho é o resgate das habilidades comunicativas,
por meio de orientação e aconselhamento. O benefício da prótese pode ser
observado por meio da melhora do desempenho do indivíduo, envolvendo sempre a
comparação de duas mensurações que expressa a magnitude ou grau de diferença
entre essas duas condições (RIBAS et al., 2010). Diferentes procedimentos podem
auxiliar para quantificar o desempenho e benefício da amplificação sonora, como as
medidas por intermédio de mensurações como o ganho funcional, as respostas de
inserção, restauração da intensidade sonora, medidas de inteligibilidade da fala, e
julgamentos da qualidade de fala (SILMAN et al., 2004).
Portadores de zumbido:
Conhecido também como acúfeno, tinnitus ou tinido, o zumbido no ouvido é
um sintoma que frequentemente é associado a perda auditiva. Muitas vezes
confundindo com uma doença, este sintoma de que algo está errado pode ter som
semelhante de abelha, panela de pressão, cachoeira, chiado, apito, cigarra, motor,
sirene ou outros barulhos (SANCHEZ et al., 1999). O zumbido no ouvido atinge
milhares de pessoas ao redor do mundo. Segundo a American Public Health
Agency, ele pode ser considerado o terceiro sintoma que mais causa incômodo
perdendo apenas para dor e tontura intensas e intratáveis. Estima-se que
ele acometa até 24% da população em alguns países. No Brasil, especialistas
apontam que pelo menos 28 milhões de pessoas sofrem com este sintoma.
Normalmente, o zumbido se trata de uma sensação auditiva que não acontece por
estímulos externos ao organismo, ou seja, é um sintoma associado a várias formas
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de perda auditiva. As pessoas que são acometidas por esse problema ouvem um
som persistente. O tinido acontece quando o ouvido passa a enviar impulsos sem
que haja uma fonte sonora que os envie. Por ser constante, esse barulho pode
afetar o sono, a concentração e o equilíbrio emociona para diagnosticar o problema
com mais exatidão são feitos uma série de exames capazes de identificar a origem
do barulho. No entanto, são propostos alguns tratamentos como o uso de aparelhos
auditivos específicos para o tinido com tecnologia que proporcionam conforto e
estética em um só aparelho (DIREITO DE OUVIR, 2016b).
Uma forma de minimizar o zumbido de indivíduos com perda auditiva é
através de mascaramento. O mascaramento é realizado desde a década de 70 com
o objetivo de anular a percepção de zumbido através de um som mascarador,
colocado em intensidade igual ou discretamente maior que a do zumbido. Nos casos
de zumbido e perda auditiva com indicação de prótese auditiva convencional, a
simples entrada de sons amplificados na via auditiva do paciente é suficiente para
promover o mascaramento automático do zumbido, o que ocorre em cerca de 50%
dos casos (BRAGA, 2003).
Conectividade:
Para melhor atender o usuário de aparelhos auditivos, fabricantes de
aparelhos auditivos vem inovando na área da audição, disponibilizando diversas
tecnologias para facilitar o dia a dia de quem usa aparelho. Imagine assistir à TV
com o som sendo transmitido diretamente para o aparelho auditivo e um rádio ou
MP3 apertando apenas um botão? Se o celular tocar, é possível atender à ligação
sem tirar o telefone do bolso. Um acessório de comunicação entre o aparelho
auditivo e qualquer outro dispositivo de áudio via Bluetooth, possibilita tudo isso de
maneira simples e intuitiva.
Graças ainda à altíssima precisão do aparelho auditivo proporcionada pela
Produção Digital, que dispensa o sistema manual, os usuários se adaptam mais
rápido e ganham benefícios, como maior conforto, melhor estética e retenção na
orelha, além de uma menor microfonia.
Existe ainda o Sistema FM, formado por um transmissor (microfone) e um
receptor (acoplado ao aparelho auditivo), dá o suporte necessário. Basta posicionar
o transmissor próximo ao interlocutor e o som da fala será transmitido diretamente
ao aparelho auditivo (JACOB et al., 2012).
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3 MATERIAL E MÉTODO
O presente trabalho foi realizado em consultório de fonoaudiologia na cidade
de Ponta Grossa-Paraná, durante os meses de abril a agosto de 2016, com
pacientes provenientes de protetização auditiva.
Este estudo faz parte do projeto de pesquisa intitulado "Avaliação de
resultados em programa de saúde auditiva", aprovado pelo Comitê de Ética sob
número CEP-UTP0046/2009 (Anexo 1).
Foram analisados os resultados Questionário Internacional de Avaliação dos
Aparelhos de Amplificação Sonora Individual (QI-AASI) do em 30 pacientes de
ambos os sexo, com idade variando entre 26 e 85 anos, todos alfabetizados,
portadores de perda auditiva e usuários de prótese auditiva.
O QI-AASI (Anexo 2) é um instrumento largamente utilizado no Brasil, que
consta no anexo da Portaria de Saúde Auditiva (RIBAS et al., 2010). Este
instrumento verifica dados normativos referentes a deficientes auditivos em
situações de escuta na vida diária que permitem a comparação das respostas sem e
com ajuda do aparelho auditivo, possibilitando determinar o grau do benefício e a
satisfação do usuário.
O questionário foi aplicado em dois momentos, pelo fonoaudiólogo que
acompanhava o caso:
1° - Na consulta subsequente à adaptação da prótese;
2° - Após um período de três meses, durante a consulta de aconselhamento.
Entre as duas aplicações ocorreu o treinamento fonoaudiológico sugerido pelo
Programa de Acompanhamento da Telex Soluções Auditiva. O treinamento foi
dividido em três sessões: a primeira sessão foi com quinze dias de aquisição da
prótese, com trinta dias e a terceira com três meses. Em cada sessão foi realizado
ajuste da prótese, esclarecimento de dúvidas, orientações e análise de memória do
aparelho.
Os dados obtidos na aplicação do QI-AASI, nos dois momentos, foram
digitados em planilha eletrônicas, comparados e tratados estatisticamente. Aplicou-
se o teste t de Student, sendo considerado o nível de significância de 0,05 (5%).
16
4 RESULTADOS
O objetivo deste estudo foi descrever os resultados auditivos alcançados por
um grupo de indivíduos adultos, usuários de prótese auditiva, submetidos ao
questionário QI-AASI.
Foram estudados 30 indivíduos, sendo 15 homens (50%) e 15 mulheres
(50%). A idade mínima foi de 26 anos, a máxima de 94 e a média idade da amostra
foi de 69 anos.
Com relação ao grau da perda auditiva os dados encontram-se no Gráfico 1,
e com relação ao tipo da perda, os dados estão no Gráfico 2.
Gráfico 1 - Caracterização da amostra de acordo com o grau da perda auditiva
(N=30)
15
12
3
Leve
Moderada
Severa
17
Gráfico 2 - Caracterização da amostra de acordo com o tipo da perda auditiva
(N=30)
Todos os respondentes utilizam prótese auditiva digital Os tipos de aparelhos
utilizados pela amostra estudada estão apresentados no Gráfico 3.
Gráfico 3 - Caracterização da amostra de acordo com o tipo de prótese utilizada
(N=30)
O questionário QI-AASI foi aplicado em dois momentos: logo após a
adaptação da prótese auditiva, e mais tarde, no segundo retorno para orientações e
acompanhamento. As respostas foram tabuladas, podendo cada indivíduo avaliado
5
25
Mista
Sensorioneural
2
9
19
CIC
Retro
Miniretro
18
possuir uma pontuação que variou de 8 a 40, sendo 8 menos satisfeito com a
prótese, e 40 mais satisfeito.
Na primeira aplicação, o escore mínimo alcançado foi de 25, o máximo foi de
38 e a média foi de 32,6. Na segunda aplicação, o escore mínimo alcançado foi de
32, o máximo foi de 40 e a média foi de 37,7. A análise estatística está apresentada
na tabela 1.
Tabela 1 – Comparação entre o QIAASI 1 e QIAASI 2 para toda a amostra e por
sexo
GRUPO
QIAASI 1 QIAASI 2
P n Média
Desvio
padrão n Média
Desvio
padrão
Geral 30 32,7 2,7 30 37,7 1,6 0,0152*
Feminino 15 33,5 2,3 15 38,4 1,1 0,0000
Masculino 15 31,9 2,9 15 37,0 1,8 0,0000
Através do teste t de Student para dados pareados, ao nível de significância
de 0,05 (5%), verifica-se que existe diferença significativa entre os resultados do
QIAASI 1 e QIAASI 2 na soma geral dos respondentes; não há predominância de
gênero.
19
5 DISCUSSÃO
Os participantes desta pesquisa possuem média de idade de 69 anos, ou
seja, a amostra é predominantemente idosa para países considerados em
desenvolvimento, conforme o Brasil (ROSA et al., 2009). Nesta população a perda
auditiva característica é a da presbiacusia (RUSSO, 1999), fato corroborado por
estudos similares que afirmam ser este um dos grandes motivos pela procura de
próteses auditivas (LOPES e RIBAS, 2009).
Em nosso estudo houve prevalência de perda auditiva de grau leve. Como a
presbiacusia afeta principalmente as frequências altas, é comum o grau da
dificuldade para se compreender a fala não fique muito prejudicado, porém,
alterações de discriminação auditiva são bastante relatadas na literatura (ALMEIDA
e IORIO, 2003; ROSA et al., 2009; RUSSO, 1999;).
O tipo de perda auditiva prevalente na amostra estudada foi a sensorioneural
(83%), também característica da presbiacusia (RUSSO, 1999). Conforme a
Organização Mundial da Saúde (OMS, 2016), a deficiência auditiva é o mais
frequente déficit sensorial na população humana, afetando mais de 250 milhões de
pessoas no mundo.
A escolha do modelo da prótese auditiva é fundamental para uma boa
adaptação (ALMEIDA e IORIO, 2003). Em nosso estudo houve predomínio do tipo
minirretro, que fica atrás do pavilhão porém é pequeno e discreto, o que atende às
necessidades acústicas e estéticas (ROSA et al., 2009).
Atualmente é bastante comum o índice de satisfação com o uso de próteses
auditivas ser avaliado por meio de questionários (COX e ALEXANDRE, 2002;
LOPES e RIBAS, 2009; TEIXEIRA, 2007).
Os questionários são bons instrumentos de avaliação quando o foco é a
percepção, pois permitem análises fechadas de questões que muitas vezes são
amplas como: gostar ou não gostar, estar ou não satisfeito, querer ou não utilizar um
dispositivo (GÜNTHER, 2003).
Em nosso estudo o QI-AASI permitiu verificar que o grupo estudado ficou
satisfeito com o uso da prótese auditiva após as sessões de treinamento e
aconselhamento (tabela 1), independente do gênero.
Estudos apontam que é comum idosos não se adaptarem à próteses auditivas
em função das expectativas do próprio paciente (ROSA et al., 2009), de doenças
20
neurodegenerativas associadas (KLAGENBERG et al., 2009), por questões estéticas
(RUSSO, 1999) ou mesmo em função de dificuldades com o grupo familiar de apoio
(BUCUVIC e IÓRIO, 2004). Neste sentido as consultas de aconselhamento são um
excelente aliado do fonoaudiólogo, que poderá, além de orientar o usuário, orientar
também a família sobre o processo de adaptação ao aparelho e comunicação em
geral.
Este estudo permitiu verificar que as orientações constantes, o
aconselhamento fonoaudiológico e a avaliação com fins de monitoramento dos
benefícios da prótese auditiva são essenciais para uma boa adaptação.
21
6 CONCLUSÃO
O treinamento auditivo e o aconselhamento fonoaudiológico promoveram
melhoria de percepção auditiva e de qualidade de vida dos usuários de prótese
auditiva segundo o QI-AASI.
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ANEXOS
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ANEXO 1 – APROVAÇÃO PROJETO DE PESQUISA
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ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO QI-AASI
1 – Pense no tempo em que você usou o(s) aparelhos(s) nas últimas duas semanas. Durante quantas horas usou o aparelho auditivo num dia normal? ( ) Não Usou ( ) Menos que 1 hora por dia ( ) Entre 1 e 4 horas por dia ( ) Entre 4 e 7 horas por dia ( ) Mais que 8 horas por dia 2 – Pense em que situação gostaria de ouvir melhor, antes de obter o seu aparelho auditivo. Nas últimas duas semanas, como o(s) aparelho(s) auditivo ajudou nessa mesma situação? ( ) Não ajudou nada ( ) Ajudou pouco ( ) Ajudou ( ) Ajudou bastante ( ) Ajudou muito moderadamente 3 – Pense novamente na mesma situação em que gostaria de ouvir melhor, antes de obter o seu aparelho auditivo. Que grau de dificuldade AINDA encontra nessa mesma situação usando o aparelho de amplificação sonora individual? ( ) Muita dificuldade ( ) Bastante dificuldade ( ) Dificuldade moderada ( ) Pouca dificuldade ( ) Nenhuma dificuldade 4 – Considerando tudo, acha que vale a pena usar o aparelho auditivo? ( ) Não vale ( ) Vale pouco ( ) Vale moderadamente ( ) Vale bastante ( ) Vale muito
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5 – Pense nas últimas duas semanas, usando o aparelho auditivo. Quanto os seus problemas de ouvir o afetaram nas suas atividades? ( ) Afetaram muito ( ) Afetaram bastante ( ) Afetaram moderadamente ( ) Afetaram pouco ( ) Não afetaram 6 – Pense nas últimas duas semanas, usando o aparelho auditivo. Quanto os seus problemas de ouvir aborreceram (ou afetaram) outras pessoas? ( ) Aborreceu muito ( ) Aborreceu bastante ( ) Aborreceu moderadamente ( ) Aborreceu pouco ( ) Não aborreceu 7 – Considerando tudo, como acha que o seu aparelho auditivo mudou a sua alegria de viver ou gozo na vida? ( ) Pior ( ) Não houve alteração ( ) Pouco mais alegria ( ) bastante alegria ( ) Muito mais alegria 8 – Quanta dificuldade auditiva você tem quando não está usando a prótese auditiva? ( ) Severa ( ) Moderadamente severa ( ) Moderada ( ) Leve ( ) Nenhuma Tempo em minutos utilizado na auto-aplicação: ____________________ Tempo em minutos utilizado na entrevista: ________________________