31 AVALIAÇÃO DE RISCO GEOLÓGICO EM BARRAGENS HENRIETH VIVIANE BORGO DE OLIVEIRA Geóloga formada pelo Instituto de Geociências, Unicamp. Campinas, SP, Brasil E-mail: [email protected]LUIZ FERREIRA VAZ Themag Engenharia, São Paulo, SP. Ex-Prof. Vistante, Inst. Geociências, Unicamp. Campinas, SP, Brasil E-mail: [email protected]CELSO DAL Ré CARNEIRO Instituto de Geociências, Unicamp. Caixa Postal 6152, CEP 13083-970, Fax +55 (19) 3289 1562, Campinas, SP, Brasil E-mail: [email protected]RESUMO A segurança de barragens de concreto, terra ou enrocamento, é necessária para proteger a vida, o ambiente e as edificações; entretanto, a interferência antrópica pode desencadear riscos intensos e frequentes, na medida em que acelera ou altera o curso de processos geológicos. Para detectar e prevenir acidentes, é essencial a avaliação e análise de risco geológico. O artigo sintetiza conhecimentos e métodos práticos para avaliação e análise de risco geológico em barragens, a partir de levantamento bibliográfico e de relatos práticos de especialistas. Deve-se lembrar que os fenômenos geológicos não podem ser analisados por meras séries estatísticas, sendo necessário analisar e avaliar objetiva e subjetivamente as possíveis variáveis, empregando-se bom senso e a experiência dos tomadores de decisão. Além da escolha das melhores alternativas para prevenção do risco é necessário selecionar ferramentas objetivas para apresentar os resultados. Empregou- se a técnica de Análise por Árvore de Falhas e foi elaborada uma matriz de risco geológico, contendo classificação mais detalhada, baseada em três critérios de quantificação: possibilidade, periculosidade e gravidade. Os resultados parecem úteis, mas ainda dependem de aplicação prática para ser aprimorados. ABSTRACT The safety of concrete dams, earthfill dams or rockfill dams is necessary to protect life, the environment and buildings. However, anthropogenic interference con- tributes to trigger intense and more frequent risks, be- cause it speeds up or it changes the course of geological processes. In order to identify risks and prevent acci- dents, evaluation and analysis of geological risk are an essential procedure. This paper summarizes knowled- ge on the subject and practical methods for evaluation and analysis of geological risk in dams. As the geologi- cal phenomena can not be analyzed by mere statistics series, it is required to analyze and to evaluate all the possible variables, both objectively and subjectively, using common sense and the previous experience of decision makers. Not only a choice between the best alternatives for prevention of risk is needed, but it is necessary to select objective tools to present the results. In the analysis of geological risk we have used the technique of Fault Tree Analysis (FTA); evaluation has been produced using a geological risk matrix, which considers a detailed classification based on three quan- tification criteria: chance, dangerousness and severity. The results seem to be useful, but still rely on practical implementation to be improved.
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AVAliAÇÃO dE RiScO gEOlÓgicO Em bARRAgENS
HENRIETH VIVIANE BORGO DE OLIVEIRAGeóloga formada pelo Instituto de Geociências, Unicamp. Campinas, SP, Brasil
CELSO DAL Ré CARNEIROInstituto de Geociências, Unicamp.
Caixa Postal 6152, CEP 13083-970, Fax +55 (19) 3289 1562, Campinas, SP, Brasil E-mail: [email protected]
RESUMO
a segurança de barragens de concreto, terra ou enrocamento, é necessária para proteger a vida, o ambiente e as edificações; entretanto, a interferência antrópica pode desencadear riscos intensos e frequentes, na medida em que acelera ou altera o curso de processos geológicos. para detectar e prevenir acidentes, é essencial a avaliação e análise de risco geológico. o artigo sintetiza conhecimentos e métodos práticos para avaliação e análise de risco geológico em barragens, a partir de levantamento bibliográfico e de relatos práticos de especialistas. deve-se lembrar que os fenômenos geológicos não podem ser analisados por meras séries estatísticas, sendo necessário analisar e avaliar objetiva e subjetivamente as possíveis variáveis, empregando-se bom senso e a experiência dos tomadores de decisão. além da escolha das melhores alternativas para prevenção do risco é necessário selecionar ferramentas objetivas para apresentar os resultados. empregou-se a técnica de análise por árvore de falhas e foi elaborada uma matriz de risco geológico, contendo classificação mais detalhada, baseada em três critérios de quantificação: possibilidade, periculosidade e gravidade. os resultados parecem úteis, mas ainda dependem de aplicação prática para ser aprimorados.
ABSTRACT
The safety of concrete dams, earthfill dams or rockfill dams is necessary to protect life, the environment and buildings. However, anthropogenic interference con-tributes to trigger intense and more frequent risks, be-cause it speeds up or it changes the course of geological processes. in order to identify risks and prevent acci-dents, evaluation and analysis of geological risk are an essential procedure. this paper summarizes knowled-ge on the subject and practical methods for evaluation and analysis of geological risk in dams. as the geologi-cal phenomena can not be analyzed by mere statistics series, it is required to analyze and to evaluate all the possible variables, both objectively and subjectively, using common sense and the previous experience of decision makers. Not only a choice between the best alternatives for prevention of risk is needed, but it is necessary to select objective tools to present the results. in the analysis of geological risk we have used the technique of fault tree analysis (fta); evaluation has been produced using a geological risk matrix, which considers a detailed classification based on three quan-tification criteria: chance, dangerousness and severity. the results seem to be useful, but still rely on practical implementation to be improved.
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
1 iNTROduÇÃO
a retenção de grandes volumes de água em barragens proporcionou melhor qualidade de vida à humanidade e contribuiu para a evolução da Geologia de engenharia. Uma barragem preci-sa ser segura ao longo de toda a sua vida útil, uma vez que interfere nos processos geológicos e pode desencadear riscos, os quais podem se intensifi-car devido ao aumento das ações antrópicas. isso exige atenção dos responsáveis pelos empreendi-mentos, tanto nas etapas de construção como na fase de operação.
a construção de barragens impõe diversas solicitações aos maciços geológicos. a principal solicitação é o empuxo hidráulico, resistido pelo peso da barragem e pela fundação. a estanquei-dade do reservatório, a sismicidade natural ou induzida e a percolação de água são exemplos de solicitações, avaliadas pela Geologia de enge-nharia, que podem interferir na estabilidade da barragem. outros fatores que também podem comprometer uma barragem são a qualidade e o comportamento mecânico-hidráulico dos ma-teriais naturais: de acordo com a estrutura atingi-da, pode haver desde pequenos atrasos na cons-trução até a inviabilização da obra. as ações do intemperismo sobre os materiais naturais, asso-ciadas a falhas, fraturas, zonas de cisalhamento e ocorrência de sismos são fatores identificados como risco geológico.
acidentes em barragens têm origem em al-gum tipo de anormalidade, a qual, se detectada, pode ser diagnosticada como capaz de resultar em acidente, ou até mesmo provocar ruptura (medeiRos, 1999); consequentemente, a avalia-ção de riscos que podem ocorrer na construção depende de investimentos em melhoria estrutu-ral, monitoramento e manutenção. empreendi-mentos com custo de segurança baixo requerem nível aceitável de risco que é, em geral, definido pela seguradora da obra (iCold, 2001). o cum-primento das medidas necessárias para constru-ção do empreendimento com custo baixo não ga-rantirá redução do grau de incerteza.
os processos geológicos nem sempre se en-quadram nas condições propostas pelos modelos matemáticos, ou seja, os fenômenos naturais não atendem à objetividade requerida em abordagens
da engenharia, desse modo, é preciso utilizar a probabilidade subjetiva, ou seja, aplicar um méto-do no qual as informações possam conter “pistas” que permitam aferir condições de risco. os proce-dimentos muitas vezes se baseiam na sensibilida-de e na intuição do intérprete.
o presente artigo descreve procedimentos de avaliação de risco geológico em barragens e busca quantificá-los em função dos efeitos sobre o processo construtivo e a operação. a síntese de conhecimentos e métodos práticos originou-se da literatura e de relatos práticos de especialistas em avaliação de risco geológico. Utilizou-se matriz proveniente de organizações que fazem avaliação de risco, considerando dez fatores de risco geo-lógico que podem ocorrer em barragens, associa-dos a condicionantes, como: esforços atuantes, percolação de água e estabilidade das paredes de escavação. os fatores que podem desencadear os riscos ultrapassam as categorias alto, médio e bai-xo, tendo sido criada uma classificação detalhada, a partir da aplicação de três fatores de quantifi-cação: possibilidade, periculosidade e gravidade. para possibilidade e periculosidade foram estabe-lecidas cinco classes, divididas em notas; a multi-plicação das notas resulta no fator gravidade. os resultados da análise de gravidade permitem es-tabelecer três intervalos de risco: aceitável, preo-cupante e inaceitável.
o desenvolvimento da matriz de risco foi apoiado na realização de uma análise por árvo-re de Falhas (AAF), técnica que permite identifi-car causas potenciais de um acidente. a aaf foi criada a partir de causas básicas, tais como: vaza-mentos e instabilidade ou defeitos no tratamento do maciço, falha na avaliação da estanqueidade e sismos. são situações que interferem no quadro geral de condicionantes geológicos e podem levar até mesmo ao rompimento da barragem.
2 cARAcTERíSTicAS gERAiS dA cONSTRuÇÃO dE bARRAgENS
as primeiras barragens construídas tiveram a finalidade de armazenar água para garantir consumo durante períodos de seca. entretanto, o desenvolvimento da tecnologia e a demanda por mais intensa utilização dos recursos hídricos trouxeram novas aplicações; hoje a construção de
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Avaliação de Risco Geológico em Barragens
barragens é destinada principalmente ao abasteci-mento de água, à geração de energia, ao controle de cheias dos rios, à contenção de rejeitos de mi-neração ou industriais e à recreação.
Na avaliação de risco foram consideradas as barragens de concreto, terra ou enrocamento. Nas etapas de construção, os principais mecanis-mos associados a condições geológicas são des-lizamento de taludes, erosão tubular regressiva (piping) e fissuramento. Deslizamentos de taludes podem manifestar-se ao longo da obra tanto a ju-sante, devido a infiltrações, quanto a montante pelo rebaixamento do nível da água do reservató-rio. fenômenos de erosão tubular regressiva ini-ciam-se quando a água de percolação desencadeia um processo erosivo e cria, de jusante para mon-tante, um conduto sob a barragem, denominado piping ou entubamento.
2.1 fases de estudo
a construção de uma barragem obedece a uma sucessão de etapas consecutivas que acom-panham a pesquisa e desenvolvimento da obra: inventário, viabilidade, projeto básico, projeto executivo e operação.
Na etapa de Inventário aplicam-se técnicas de reconhecimento da área e formulam-se alternati-vas para estimar o potencial aproveitável, em um cenário de utilização múltipla da água na bacia em estudo. a fase de Viabilidade é marcada pelo detalhamento do meio físico e das características sócio-econômicas, com o objetivo de detalhar as avaliações da fase de inventário e definir os arran-jos mais adequados para obras civis, por meio do estudo de alternativas técnico-econômicas e sua comparação. os estudos na área de geologia vi-sam à identificação de possíveis problemas que inviabilizem a obra e consequentemente elimi-nam surpresas.
Resultam da etapa de viabilidade dois do-cumentos: estudo de impacto ambiental (eia) e Relatório de impacto ambiental (Rima), necessá-rios para o pedido de licença prévia (lp) e conti-nuação da obra.
a etapa seguinte é a do Projeto Básico. fato-res como o porte da obra e as dificuldades encon-tradas nas fases anteriores determinarão o grau de detalhamento que será aplicado nos estudos
geológico-geotécnicos a fim de produzir um estu-do minucioso do empreendimento, envolvendo:
■ mapeamento geológico detalhado de super-fície e de subsuperfície;
■ estudo detalhado dos tratamentos para me-lhorar as condições gerais no empreendi-mento e no reservatório;
■ Cubagem e caracterização detalhada das áre-as de empréstimo, correspondentes aos mate-riais granulares, pedreiras e jazidas de solos.durante o desenvolvimento do estudo geoló-
gico-geotécnico do projeto Básico, elabora-se um projeto Básico ambiental que é responsável pelo detalhamento das recomendações presentes no eia e necessário para a obtenção da licença de instalação (li).
No Projeto Executivo ocorre a construção da obra, mediante uso de métodos mais complexos de investigação, execução de ensaios especiais que, em muitos casos, permitem esclarecer deta-lhes construtivos, tais como a definição do trata-mento específico para determinada estrutura ou feição geológica. junto com a execução das obras, ocorre o trabalho de implementação do reservató-rio e de aplicação das medidas ambientais estuda-das nas fases anteriores, visando prevenir, reduzir e compensar possíveis danos ambientais desenca-deados pelo projeto.
o término dos trabalhos de construção do empreendimento é marcado pela obtenção da Li-cença de Operação (lo), que permite o enchimento do reservatório e a consequente operação.
2.2 condicionantes geológicos
os esforços aplicados pela obra de engenha-ria no substrato provocam respostas que depen-dem dos condicionantes geológicos. É preciso ter em mente que a obra não afeta somente a rocha, mas sim o maciço natural, que é constituído por: (a) solo, rocha ou intercalações desses materiais; (b) estruturas (internas ou externas) e (c) vazios como poros, descontinuidades ou cavidades que podem estar preenchidos por ar ou água. o ele-mento resistente do maciço natural é a rocha ma-triz. a alteração da rocha, as estruturas (fraturas, falhas, contatos, etc) e a presença da água podem
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reduzir a resistência mecânica do maciço, repre-sentada pela fórmula (vaZ, 1999):
Rm = R – (i + e + a)
sendo:Rm = resistência do maciçoR = resistência da rochai = grau de intemperismoe = estruturasa = água
a fórmula indica que é necessário estabe-lecer a influência de fatores como: intensidade de intemperismo, descontinuidades (estrutu-ras) e água subterrânea, que podem ser respon-sáveis pela mudança (redução, indicada pelo
sinal negativo na fórmula 1) das propriedades mecânicas da rocha. este trabalho aborda exclusi-vamente os condicionantes geológicos relaciona-dos a: (a) resistência de fundação; (b) percolação de água pela fundação e (c) estabilidade das pare-des das escavações.
2.3 Resistência de fundação
Na construção de barragens, o empuxo hi-dráulico e a permeabilidade são associados à re-sistência da fundação. outras solicitações que dependem de condicionantes geológicos são a sis-micidade natural ou induzida e a estanqueidade do reservatório. A figura 1 mostra o rompimento de uma barragem devido a evento sísmico.
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Figura 1 – Ruptura da barragem shinkan, taiwan (fonte: www.cee.engr.ucdavis.edu)
os aspectos geológicos, os materiais utiliza-dos na construção e o tamanho da barragem são fatores que, quando pouco estudados, podem oca-sionar movimentos, como deslizamentos ou tomba-mentos. deslizamentos acontecem sobre um plano determinado, o qual permite que a estrutura da
barragem escorregue em direção a jusante. tom-bamentos resultam do desequilíbrio entre os es-forços atuantes, o empuxo hidráulico e os esforços resistentes, sendo as principais o peso da barra-gem e a resistência da fundação.
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Avaliação de Risco Geológico em Barragens
2.4 Percolação de água
Uma vez que a barragem deve armaze-nar água, é indesejável a passagem de água por qualquer caminho diferente daquele previsto no projeto. entretanto, sabe-se que, independente do tipo de barragem, sempre haverá percolação na fundação, sendo necessário controle a fim não comprometer a obra. além de afetar diretamen-te a estabilidade da barragem devido ao efeito da subpressão, a percolação pode provocar proces-sos de piping, um tipo de ruptura que se dá nos casos em que grãos de solo são arrastados pela água subterrânea (vaRGas, 1977). Como resul-tado tem-se a formação de um tubo ao longo do filete d’água crítico.
2.5 Paredes de escavação
a ação da gravidade é a principal solicita-ção sobre a estabilidade das paredes de escava-ção. o processo de escavação provoca mudança no comportamento do esforço, alterando as ten-sões presentes, em decorrência da descompressão causada pela retirada do material. para garantir a estabilidade das paredes são necessários estudos detalhados sobre as descontinuidades do maciço rochoso e seus efeitos na estabilidade. alguns dos fatores que podem implicar riscos geológicos são: o grau de facilidade para escavação; a resistência mecânica da rocha à compressão; a tenacidade (re-sistência da rocha à fragmentação quando golpea-da por um martelo); a densidade; o empolamento (aumento do volume decorrente da descompacta-ção de solos e da fragmentação de rochas).
3 RiScO gEOlÓgicO: RElAÇÕES ENTRE RiScO E iNcERTEzA
São abordados neste item classificações de risco e fatores associados, visando apresentar o conceito de “risco geológico”, que deve ser consi-derado em qualquer obra de engenharia, uma vez que a prevenção é menos complicada e custosa do que a remediação. Define-se como risco geológico uma situação que envolve perigo, perda e dano ao homem ou às propriedades, devido à presença de determinado processo ou condicionante geológico.
processos geológicos, quando desencadeados, podem ou não gerar situações de perdas e danos. por isso, é necessário distinguir o conceito de risco em relação ao de susceptibilidade.
■ Risco: expressa a possibilidade de perdas materiais e sociais mediante a ocorrência de um acidente;
■ Susceptibilidade: é definida mediante a pos-sibilidade de ocorrer um fenômeno geológi-co, em determinada área, sem que haja per-das ou danos.a Geologia de engenharia passou a dar mais
atenção aos processos geológicos que podem de-sencadear riscos em razão da intensificação das atividades humanas. as ações antrópicas como, por exemplo, as ocupações irregulares, têm sido responsáveis por frequentes eventos de desliza-mentos de encostas.
em consequência da ruptura de barragens, após 1800, o número de perdas humanas já atin-giu valor da ordem de 17.000 vidas (lempÉRièRe, 1993). este dado mostra a importância dos trabalhos de avaliação dos condicionantes geológicos para a prevenção do risco, ressaltando que estes trabalhos devem estar presentes durante todo o desenvolvi-mento da obra e não apenas na fase de operação.
3.1 A incerteza na investigação geológica
Qualquer obra de engenharia provoca alte-rações no ambiente. o comportamento da alte-ração deve ser avaliado, em qualquer etapa do projeto, para evitar o desenvolvimento de um processo geológico. entretanto, prazos curtos e restrições financeiras proporcionam o aumento do grau de incerteza. É tratada como incerteza a parcela não-esclarecida após a realização das investigações geológicas. em geral, os processos geológicos são bem conhecidos, porém, quando há interação, ou seja, quando determinado pro-cesso interfere em outro, surgem dificuldades na interpretação que aumentam a incerteza.
sempre existirá algum grau de incerteza no conhecimento geológico em projetos de engenha-ria civil. por isso, é necessário aplicar diferentes métodos de investigação e possuir equipe devida-mente qualificada. Em muitos casos, a incerteza
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é reduzida quando se compreendem os proces-sos geológicos locais e a maneira como podem interferir no empreendimento. as características geológicas e geotécnicas do local não mudam no decorrer do tempo histórico e sempre estiveram presentes; o que ocorre em muitos casos é a es-cassez de investigações em relação ao tamanho da área, além de interpretações equivocadas, que podem ocasionar acidentes nas etapas seguintes e até após a conclusão obra (miNiCUCCi, 2008).
3.2 Análise da incerteza a partir de métodos estatísticos
andrade (2000) avalia a questão do risco e da incerteza pelo ponto de vista estatístico; define risco como uma estimativa do grau de incerteza existente com respeito à realização de resultados futuros desejados. vieira (1978) aborda em sepa-rado o risco e a incerteza, apresentando as seguin-tes definições:
1) Risco: corresponde à possibilidade de exce-dência ou não excedência da distribuição de probabilidade de variáveis aleatórias, quan-do relacionadas a sistemas de recursos hídri-cos na natureza, tanto naturais quanto artifi-ciais ou uma combinação de ambos;
2) incerteza: consiste na possibilidade da exis-tência de erro em uma mensuração ou em um cálculo. o erro pode surgir, por exemplo, na determinação de variáveis, no uso de méto-dos de resolução de problemas ou na tomada de decisão.a incerteza está presente em todas as obras
e, em geral, a tendência é minimizá-la no decor-rer das fases de implantação do empreendimento. ao construir uma barragem, por exemplo, fatores como o prazo disponível para detalhamento do projeto e investimento podem reduzi-la e conse-quentemente, diminuir o risco geológico.
a estimativa das probabilidades é a parte mais complicada, pois para fazer estimativas é necessário superar a questão da “tomada de de-cisão”, que consiste na escolha da alternativa mais apropriada, mediante critérios estabeleci-dos. entretanto, no mundo real aparece o fator da “multidimensionalidade”, diferente do mun-do matemático, no qual a incerteza corresponde
à probabilidade do resultado de um experimento aleatório (BelCHioR et al., 1997).
Aplicando a questão à Geologia de Enge-nharia, mais especificamente à construção de uma barragem, a tomada de decisão é mais difícil porque não há como calcular as probabilidades envolvidas no processo de decisão, além de não haver informações, ou seja, séries estatísticas com o reconhecimento de todos os fatores envolvidos. por exemplo, a presença de uma falha, que pode resultar em uma ruptura e comprometer a obra.
Devido às complicações, torna-se necessário utilizar a probabilidade subjetiva, método dire-cionado a assuntos inteiramente novos, sobre os quais existem apenas informações subjetivas. as informações precisam conter “pistas” para que seja possível aferir, basicamente por meio da sen-sibilidade, a probabilidade, ou seja, a medida de incerteza, correspondente a cada fator. para isto, o tomador de decisões deve superar outro obstá-culo, a escolha de alternativas; neste caso, pode ser utilizado um critério matemático, sempre com dois resultados:
Sucesso: quando o evento ocorrido é favorável;Falha ou fracasso: quando o evento ocorrido é desfavorável.
Há casos em que o tomador de decisões pode também recorrer à elaboração de modelo matemá-tico que simule situação do mundo real. o méto-do de monte Carlo gera modelos estatísticos para lidar experimentalmente com variáveis descritas por funções probabilísticas (aNdRade, 2000). É preciso, no entanto, que os fatores probabilísticos, ou seja, a série estatística esteja sob controle do to-mador de decisões; em situações do mundo real, em geral, isto não é possível.
para aplicar um modelo matemático que visa estimar a incerteza na construção de uma barra-gem, é necessário reconhecer todos os fatores en-volvidos, o que é muito difícil quando se trata de um ambiente geológico. mesmo que sejam reali-zadas muitas investigações, sempre existirá um condicionante não detectado, como uma falha ou um corpo de calcário, que impedirá ao tomador de decisões controlar os fatores probabilísticos.
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3.2.1 Riscos abrangentes e específicos
Na construção de uma barragem, podem aparecer problemas caso as etapas de estudo, in-ventário, viabilidade e projeto básico não sejam realizadas de maneira eficaz e conveniente. Dada uma determinada ocorrência e constatado o risco perante a obra, é essencial dimensioná-lo. a clas-sificação a seguir aborda parâmetros de dimen-são e divide o risco geológico entre abrangente e específico.
Riscos abrangentes são aqueles que podem comprometer totalmente a obra. fazem parte des-sa categoria os fenômenos de falta de estanquei-dade e colapso de estrutura.
para garantir a estanqueidade do reservatório, ou seja, para não haver fuga significativa de água, analisam-se as condições geológicas, geomorfoló-gicas, geotécnicas e hidrogeológicas, que possam levar a sucessivas percolações de água devidas à presença de falhas, ou de rochas permeáveis; ero-são tubular regressiva (piping); ou pela disposição do lençol freático, em relação ao relevo regional.
outro tipo de risco abrangente é o colapso de estrutura. a estrutura de uma barragem de con-creto, terra ou enrocamento pode ruir em função de condições geológicas não previstas. assim, por exemplo, uma falha sub-horizontal na fun-dação, dependendo de suas características de resistência, pode propiciar o deslizamento da es-trutura e sua ruptura.
Riscos específicos são os que não afetam o conjunto da estrutura e não necessariamente le-vam ao rompimento da barragem. entre eles, há condições geológicas desfavoráveis ou imprevis-tas, tais como sistemas de fraturas afetando a esta-bilidade das paredes de escavação, perda d’água elevada devido a fraturas em rocha, risco de pi-ping, nível d’água elevado provocando inundação das praças de trabalho, zonas afetadas de baixa resistência em maciços rochosos e muitos outros.
3.2.2 Quantificação do risco
dentre os autores que utilizam fórmulas para equacionar o risco, para varves (1985), o risco é dividido em total e específico, fórmula 2:
Rt = e x Rs
sendo:Rt = risco total. Corresponde à expectativa de perda de vidas humanas, de pessoas afetadas, de danos à proprie-dade ou a interrupção das atividades econômicas em decorrência de um acidente natural;e = elementos de risco. trata-se do número de pessoas e de todos os demais elementos que estão sob risco em um determinado local;Rs = risco específico. Refere-se ao grau de expectativa de perdas devido a um acidente natural em particular.
O risco específico também é apresentado me-diante a relação entre o risco natural e a vulnera-bilidade, fórmula 3:
Rs = H x v
sendo:H = risco natural. Qualquer processo que represente uma ameaça à vida humana ou à propriedade;v = vulnerabilidade. trata-se do nível de dano espera-do de acordo com a intensidade do acidente.
para avaliação do risco geológico, foi adota-da a fórmula adaptada de ayala Carcedo y olcina Cantos (2002), na qual o risco (R) é o resultado da interação do meio físico (geologia, geomorfologia, clima, hidrologia) com as atividades antrópicas. e desta interação, resulta a fórmula 4 que apresenta três conceitos: periculosidade (p), exposição (e) e vulnerabilidade (v):
R = p x e x v
a periculosidade indica a intensidade e a pro-babilidade de ocorrência, ou seja, a frequência de um acidente, enquanto a exposição, ou o grau de exposição, refere-se à quantidade de pessoas e bens materiais potencialmente submetidos a um risco natural. a vulnerabilidade, por sua vez, apresentada nas fórmulas 3 e 4, pode ser definida como a predisposição de um sistema, ou elemento a ser afetado na ocorrência de um acidente. Refle-te o grau de fragilidade de determinada região. por exemplo, a ocupação mal-planejada tende a instabilizar encostas em zonas de solos frágeis.
a fórmula 4 também permite estabelecer uma relação entre R, p, e e v e a capacidade de
(2)
(3)
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resposta e recuperação de uma área afetada. o ris-co é diretamente proporcional a p x e x v. o risco pode ser minimizado, por sua vez, na medida em que se intensificam estudos para conhecer melhor a área e realizar medidas preventivas que impe-çam ou ajudem a mitigar os efeitos de fenômenos geológicos. isso depende ainda da capacidade de resposta e recuperação de uma área afetada por um acidente.
4 ANáliSE E AVAliAÇÃO dE RiScO gEOlÓgicO
a análise de risco é atividade direcionada ao desenvolvimento de estimativas do risco. Baseada na engenharia de avaliação e em técnicas estrutu-radas, busca promover a combinação de frequên-cias e consequências de um acidente. para este trabalho, dentre as diversas técnicas existentes para análise de riscos, foi escolhida a análise de árvore de falhas (aaf), apresentando os meca-nismos que podem levar ao rompimento de uma barragem. a aaf é uma técnica dedutiva (Cetesb, 2002b) que permite identificar as causas potenciais de acidentes em um sistema, além de possibilitar
estimativa da frequência com que determinado acidente pode ocorrer. a aaf é construída do topo para base, ou seja, a partir de determinado evento indesejado, em direção às possíveis causas que o desencadearam. Para definir a relação entre causa e eventos, são utilizados portões de lógica, do tipo “e” ou “oU”, apresentados na figura 2.
geológicos. Isso depende ainda da capacidade de resposta e recuperação de uma área afetada por um
acidente.
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCO GEOLÓGICO
A análise de risco é atividade direcionada ao desenvolvimento de estimativas do risco.
Baseada na engenharia de avaliação e em técnicas estruturadas, busca promover a combinação de
frequências e consequências de um acidente. Para este trabalho, dentre as diversas técnicas existentes
para análise de riscos, foi escolhida a Análise de Árvore de Falhas (AAF), apresentando os mecanismos
que podem levar ao rompimento de uma barragem. A AAF é uma técnica dedutiva (Cetesb, 2002b) que
permite identificar as causas potenciais de acidentes em um sistema, além de possibilitar estimativa da
frequência com que determinado acidente pode ocorrer. A AAF é construída do topo para base, ou seja,
a partir de determinado evento indesejado, em direção às possíveis causas que o desencadearam. Para
definir a relação entre causa e eventos, são utilizados portões de lógica, do tipo “E” ou “OU”,
apresentados na figura 2.
Figura 2. Símbolos utilizados na AAF
A elaboração da árvore para análise do risco geológico (Fig. 3) contém alguns dos
riscos geológicos descritos na tabela 1.
Evento indesejado
Causa ou falha básica
Portões de lógica
Portão E
Portão OU
Figura 2 – símbolos utilizados na aaf
a elaboração da árvore para análise do risco geológico (fig. 3) contém alguns dos riscos geoló-gicos descritos na tabela 1.
Figura 3 – análise do risco geológico por meio de árvore de falhas
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
4.1 Avaliação de risco geológico
a avaliação utiliza os resultados da análise para determinar o controle e monitoramento de uma área afetada. os trabalhos são conduzidos mediante comparações entre critérios de tolerabi-lidade de riscos previamente estabelecidos. Neste trabalho, foi criada uma matriz de risco geológico (tab. 1), com os seguintes parâmetros:
■ Identificação. Na primeira coluna da matriz os riscos estão identificados pela letra R e são seguidos por números de 1 a 10, por exemplo, R01. Na segunda coluna estão caracterizados os riscos e, na terceira, os condicionantes ge-ológicos associados.
■ Localização. Corresponde às estruturas que podem ser afetadas pelo risco. observe-se que, de acordo com o risco descrito, mais do que uma estrutura pode sofrer interferência. por exemplo, a ocorrência de subpressões pode afetar ensecadeiras e a barragem.
■ Avaliação. este parâmetro é representado na matriz, com base no efeito e na dimensão que o risco pode causar à barragem. De acordo com as estruturas atingidas o risco poderá ser específico ou abrangente.
■ Quantificação. observando a fórmula (4), adotada para avaliação do risco geológico, optou-se pelo desmembramento do fator periculosidade. de acordo com a fórmula, a periculosidade indica a intensidade e a fre-quência de ocorrência do risco. entretanto, visando à quantificação do risco de maneira mais detalhada e objetiva, restringiu-se o fator
periculosidade como relativo à interferência do risco ao empreendimento e a frequência de ocorrência foi caracterizada pela análise da possibilidade. portanto, foram considerados três fatores de quantificação: possibilidade, periculosidade e gravidade. Nessa nova for-mulação, a gravidade (G) resulta da multipli-cação da periculosidade (pe) pela possibilida-de (po), conforme apresentado na fórmula 5.
G = pe x po
■ Possibilidade. a possibilidade foi avaliada com os critérios indicados na tabela 2, que os divide em cinco classes. a primeira coluna contém a referência, por exemplo, po1. em seguida aparece a descrição que varia entre improvável, até extremamente possível. a primeira categoria envolve riscos menos pro-pensos a ocorrer, enquanto a última volta-se a situações em que o fenômeno associado ao risco já se manifestou anteriormente. após a descrição, duas classificações estabelecem re-lação entre o evento que pode acontecer e a chance de uma futura ocorrência e, por últi-mo, para cada classe é dada uma nota, utili-zada para definir a gravidade.
■ Periculosidade. A tabela 3 refere-se à peri-culosidade e para este fator também foram definidas cinco classes. A primeira coluna apresenta a referência, por exemplo, pe1. em seguida aparece a descrição de cada classe, associada às interferências, como escopo, prazo, custo e qualidade do empreendimen-to. Na terceira coluna estão as notas atribuí-das às classes estabelecidas.
(5)
Tabela 2 – análise de possibilidade.
Referência Descrição Definição para evento único Definição para evento seguinte Nota
po1 improvável Não esperado, surpreendente ocorreria em menos de 1% das vezes 1
po2 provável Baixa possibilidade de ocorrer ocorreria em mais de 1% e menos de 10% das vezes 2
po3 possível média possibilidade de ocorrência ocorreria em mais de 10% e menos de 40% das vezes 4
po4 muito possível acontece em projetos semelhantes, forte possibilidade de ocorrer novamente
ocorreria em mais de 40% e menos de 75% das vezes 8
po5 extremamente possível
frequentemente acontece em projetos semelhantes e consequentemente,
há grande expectativa de ocorrência
ocorreria em mais de 75% das vezes 16
41
Avaliação de Risco Geológico em Barragens
Tabela 3 – análise de periculosidade.
Referência Descrição Notas
pe1 afeta muito pouco o custo, o escopo e o prazo do empreendimento. 3
pe2 afeta pouco o custo, o escopo e o prazo do empreendimento. 6
pe3 afeta medianamente o cuso, o escopo, o prazo e a qualidade do empreendimento 9
pe4 afeta consideravelmente o custo, o escopo, o prazo e a qualidade do empreendimento. 12
pe5 afeta muito o custo, o escopo e o prazo do empreendimento. 20
possíveis de acordo com as notas definidas para os fatores possibilidade e periculosida-de. a tabela 5 apresenta apenas os resultados referentes a risco geológico utilizados na ma-triz de risco da tabela 1.
■ Gravidade. a multiplicação das notas dos fatores possibilidade e periculosidade (fórmula 5), resulta nas tabelas 4 e 5 que apre-sentam a análise de gravidade do risco geo-lógico. a tabela 4 mostra todos os resultados
a análise de gravidade foi realizada com base em três intervalos, os quais definem o risco como aceitável, preocupante e inaceitável, con-forme a tabela 6. a tabela apresenta, na terceira coluna, um exemplo da ação que pode ser tomada
em decorrência da gravidade do risco geológico; entretanto, as ações não são descritas porque a gestão de risco envolve variáveis que não fazem parte da temática deste trabalho.
Tabela 6 – descrição das classes utilizadas para a análise de gravidade.
Gravidade Classe Ação ou Endereçamento
acima de 120 inaceitável tentar evitar por meio de um plano de eliminação ou transferência
25 - 120 preocupante tentativa de mitigação por meio de um plano de ação
1 - 25 aceitável monitoramento
42
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
■ Remediação. A coluna referente à remedia-ção mostra as possíveis soluções e tratamen-tos que devem ser aplicados a fim de reparar, quando possível, os danos provocados pela manifestação de um determinado risco.
■ Outras classificações. os riscos geológicos avaliados devem contemplar o levantamen-to de possíveis vítimas fatais, bem como os danos à saúde da comunidade presente nos
arredores do empreendimento, além dos impactos agudos causados ao ambiente (Cetesb, 2002b). E com relação à segurança de barragens, o Comitê Brasileiro de Barra-gens (CBDB, 1999) elaborou duas classifica-ções que englobam a dimensão, o potencial ao dano, a perda de vidas humanas e de ma-teriais e o impacto ambiental, como pode ser observado nas tabelas 7 e 8.
Tabela 7 – Classificação de barragens de acordo com a dimensão (CBDB, 1999).
Categoria Altura h (m) Armazenamento V (m3)
pequena 5 < h < 15 0,05x106 < v < 1,0x106
média 15 < h < 30 1,0x106 < v < 50x106
Grande h > 30 v > 50x106
Tabela 8 – Classificação de barragens quanto ao potencial de dano (CBDB, 1999).
mínima (região não desenvolvidae estruturas e cultivos ocasionais)
Significante
até cinco (nenhum desenvolvimentoUrbano e não mais do que um pequeno número de estruturas
habitáveis
apreciável (terras cultivadas,
indústrias e estruturas)
alto mais do que cinco excessiva (comunidades, indústriase agricultura extensas)
deve-se ter em mente que a matriz de risco (tab. 1) é um exemplo, já que nem sempre os ris-cos citados ocorrem em todas as obras e podem existir outros que não constam na matriz elabo-rada. Na prática, a presença de uma equipe de profissionais de Geologia de Engenharia é deter-minante para constatar quais os riscos presen-tes e verificar se a dimensão, bem como as notas atribuídas à quantificação do risco e medidas de remediação, estão ou não condizentes com os pro-blemas tratados.
5 cONSidERAÇÕES fiNAiS
o objetivo da pesquisa sobre avaliação de ris-co geológico em barragens foi estabelecer critérios que permitiram elaborar um método de preven-ção de acidentes. a partir da análise da incerteza,
foram testados métodos estatísticos, na tentativa de criar um modelo para análise de risco. para problemas de risco geológico, modelos matemá-ticos, como os operados pelo método de monte Carlo, não se enquadram nas condições propor-cionadas pelos processos geológicos. o método revela-se útil, por exemplo, em controle de chu-vas, previsão de custos de produção e estudos de viabilidade econômica.
Consequentemente, iniciou-se a seleção de uma técnica de análise de risco adequada. a aná-lise por árvore de falhas mostrou-se satisfatória para apresentação de causas básicas, ou seja, os riscos geológicos, que podem levar à ocorrência de um evento indesejado, neste caso, o rompi-mento de uma barragem. a análise facilitou o de-senvolvimento de uma matriz de risco geológico e tabelas associadas.
43
Avaliação de Risco Geológico em Barragens
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ESTudOS SObRE RiScOS gEOlÓgicOS E SuA iNcORPORAÇÃO NO PlANEJAmENTO TERRiTORiAl –
RElATO dA EXPERiêNciA dE fORmAÇÃO dE QuAdROS TÉcNicOS NO Abc PAuliSTA
FERNANDO ROCHA NOGUEIRAProfessor adjunto do Centro de Engenharia,
Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas – UFABC E-mail: [email protected]
RICARDO DE SOUSA MORETTIProfessor titular do Centro de Engenharia,
Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas – UFABC E-mail: [email protected]
CLÁUDIA F. ESCOBAR DE PAIVA Professora adjunto do Centro de Engenharia,
Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas – UFABC E-mail: [email protected]
RESUMO
o presente trabalho relata e analisa alguns resultados da experiência de formação de quadros técnicos muni-cipais da Região do aBC paulista e de estudantes da Universidade federal do aBC - UfaBC por meio do programa de extensão - pRoeXt denominado “Ges-tão de Riscos Geológicos em ambiente Urbano: escor-regamentos e processos Correlatos”, que foi desenvol-vido pela Universidade federal do aBC - UfaBC no ano de 2012. este pRoeXt teve por objetivo contri-buir para o mapeamento, caracterização e gestão de áreas de riscos geológicos nos municípios do Gran-de ABC, além de propiciar a qualificação de alunos da UFABC, de profissionais e dirigentes dos poderes públicos regionais, e demais envolvidos na gestão de riscos geológico-geotécnicos no espaço urbano, defi-niu como foco principal a geração de conhecimento científico e tecnológico sobre os desastres ambientais,
promovendo a articulação entre pesquisas científicas, tecnológicas e políticas públicas na região do Grande aBC paulista. suas atividades buscaram incentivar a incorporação dos estudos de risco no planejamento territorial. este artigo relata a metodologia empregada e os resultados das atividades realizadas pelo grupo gestor do PROEXT.: exercícios de cartografia geotéc-nica para áreas piloto em três diferentes escalas e fi-nalidades para aplicação no planejamento territorial e gestão de riscos; avaliação de aspectos legais e sociais envolvidos na remoção de famílias em áreas de risco; estudos de aderência entre características geotécnicas do terreno, processos geodinâmicos atuantes e obras de contenção implantadas na região, análise de estra-tégias para ação da defesa civil e comunicação de risco.
Palavras-chave: extensão universitária, gestão de ris-cos, planejamento territorial.