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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
ODONTOLOGIA
AVALIAO DA PERMEABILIDADE, RUGOSIDADE E MICRODUREZA
SUPERFICIAL DE ESMALTE HUMANO APS TRATAMENTO COM AGENTES
CLAREADORES CONTENDO CLCIO OU FLOR NA COMPOSIO
Charles Alex Rauen
Jlio Cezar Chidoski Filho
Orientadora: Profa. Dra. Osnara Maria Mongruel Gomes
PONTA GROSSA
2014
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CHARLES ALEX RAUEN
JLIO CEZAR CHIDOSKI FILHO
AVALIAO DA PERMEABILIDADE, RUGOSIDADE E MICRODUREZA
SUPERFICIAL DE ESMALTE HUMANO APS TRATAMENTO COM AGENTES
CLAREADORES CONTENDO CLCIO OU FLOR NA COMPOSIO
PONTA GROSSA
2014
Artigo cientfico apresentado como trabalho
de concluso de curso, como requisito
parcial para graduao em Odontologia pela
Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG
Orientadora: Profa. Dra. Osnara Maria
Mongruel Gomes.
Co-orientadores: doutoranda Bruna
Fortes Bittencourt, Profa. Dra Giovana
Mongruel Gomes e Prof Dr. Joo Carlos
Gomes.
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AVALIAO DA PERMEABILIDADE, RUGOSIDADE E MICRODUREZA
SUPERFICIAL DE ESMALTE HUMANO APS TRATAMENTO COM AGENTES
CLAREADORES CONTENDO CLCIO OU FLOR NA COMPOSIO
EFFECT OF BLEACHING AGENTS CONTAINING FLUORIDE OR CALCIUM ON
HUMAN ENAMEL MICROHARDNESS, ROUGHNESS AND PERMEABILITY
SHORT TITLE: Bleaching with F or Ca on enamel properties
Charles Alex Rauen1, Jlio Cezar Chidoski Filho1, Bruna Fortes
Bittencourt2,
Giovana Mongruel Gomes3, Joo Carlos Gomes3, Osnara Maria
Mongruel Gomes3.
1Alunos de Graduao em Odontologia Universidade Estadual de Ponta
Grossa,
Paran, Brasil.
2Doutoranda em Odontologia Universidade Estadual de Ponta
Grossa, Paran,
Brasil.
3Professores Doutores do Curso de Odontologia Universidade
Estadual de Ponta
Grossa, Paran, Brasil.
Resumo:
Avaliou-se o efeito de agentes clareadores com clcio e flor na
rugosidade, microdureza e permeabilidade do esmalte humano. Foram
utilizados 52 pr-molares. Para a rugosidade e microdureza, 20
coroas foram seccionadas no sentido msio-distal, para obteno de 40
espcimes (hemi-faces), as quais sofreram avaliaes iniciais (padro
Ra e dureza Vickers, respectivamente). Os espcimes foram
aleatoriamente divididos em 4 grupos (n=10 para microdureza e
rugosidade, e n=8 para permeabilidade): G1-sem
clareamento(controle); G2- clareamento com perxido de hidrognio
(PH) 35%; G3-PH 38%+flor e G4-PH 35%+clcio. Aps os procedimentos
clareadores, foram feitas as medidas de rugosidade e microdureza
finais, e os 32 espcimes restantes foram imersos em hipoclorito de
sdio 1% (20min) e soluo de nitrato de prata 50% (2h).
Posteriormente, foram revelados e submetidos ao de luz fluorescente
(16h). Realizaram-se trs cortes longitudinais
- e obtiveram-se imagens analisadas em Fotomicroscpio (100x), de
acordo com os escores: 0: sem penetrao do agente traador; 1: Menos
da metade da espessura do esmalte atingida pelo agente traador; 2:
Agente traador atingindo metade da espessura do esmalte; 3: Todo o
esmalte atingido pelo agente traador, sem atingir dentina; 4:
Agente traador atingindo dentina. Os dados de microdureza e
rugosidade foram analisados por ANOVA um fator e ps-teste de
Dunnet, e teste t, e permeabilidade por Kruskall Wallis e Dunn.
Observou-se rugosidade e permeabilidade significativamente maiores
e microdureza diminuda nos grupos 2, 3 e 4 em relao ao G1 (p
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microhardness of human enamel; thus, the addition of fluoride or
calcium was not
beneficial.
Key-words: dental bleaching, hydrogen peroxide, dental enamel
permeability,
surface properties.
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Introduo
A tcnica de clareamento dental utilizando perxido de hidrognio
ou perxido
de carbamida tem se tornado um procedimento popularizado,
principalmente pelos
benefcios caracterizados pela capacidade de promover alterao de
cor dando
tonalidades mais claras aos dentes (1). As modalidades de
tratamentos so
basicamente duas: tcnica caseira e tcnica em consultrio. Alguns
pacientes
preferem a tcnica de consultrio, por no se habituarem a usar a
moldeira ou no
desejarem esperar semanas para perceber a mudana e preferirem
resultados mais
imediatos, comparado tcnica caseira (2).
O mecanismo de ao dos agentes clareadores base de perxido de
hidrognio e carbamida se baseia na degradao dessas substncias e
liberao de
espcies reativas de oxignio, que se difundem pela superfcie do
esmalte agindo
principalmente na dentina, onde agem fazendo a quebra de anis de
carbono de alto
peso molecular das molculas cromforas, tornando-as molculas cada
vez
menores; estas por sua vez, difundem-se para fora da superfcie,
proporcionando a
alterao de cor desejada (3).
de conhecimento geral e comprovado que os agentes clareadores
(perxido
de hidrognio e de carbamida) trazem alguns danos superfcie do
esmalte dental,
como aumento da rugosidade (4,5) e da permeabilidade (6,7). Esse
efeito foi
demonstrado num estudo (8) que realizou a penetrao de nitrato de
prata pelas
estruturas dentais, aps clareamento, sendo possvel verificar que
esses agentes
abrem canais de difuso na estrutura do dente, atravs dos quais
as molculas so
transportadas para a dentina. Provavelmente, uma perda mineral
pode ser verificada
aps utilizao dos agentes clareadores (9,10), a qual apontada
como causa da
diminuio da microdureza superficial (11,12).
Uma das provveis causas desses efeitos adversos seria a liberao
de
radicais livres de oxignio durante a reao, os quais no agem de
forma especfica,
podendo agir sobre a matriz orgnica das estruturas dentais (13),
rompendo os
lipdios e protenas que so componentes orgnicos dos tecidos
dentrios duros
(14). Fisiologicamente qualquer terapia clareadora tem a
capacidade de aumentar os
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nveis de radicais livres no complexo dentino-pulpar, o que pode
induzir estresse
oxidativo nos odontoblastos depositando dentina terciria,
geralmente mais
mineralizada e com maior croma. Isso poderia explicar a recidiva
de cor ocorrida
aps o clareamento, bem como os constantes relatos de
sensibilidade verificados
durante as sesses (15). tambm caracterstica dessas alteraes a
diminuio
das matrizes de clcio e fosfato (9,16).Essas alteraes so
prejudiciais sade dos
tecidos dentais, pois concomitante a este processo
caracteriza-se a susceptibilidade
formao de leses de crie devido maior facilidade de adeso de
placa
bacteriana, devido alterao morfolgica, como tambm pela estrutura
mineral
apresentar-se comprometida e previamente desmineralizada
(10,17).
O flor tem eficcia comprovada em promover remineralizao e inibir
a
desmineralizao do esmalte (18). E no s o flor a nica forma de se
garantir
essa remineralizao, compostos com clcio tambm apresentam eficcia
em
devolver a estrutura mineral perdida (19). Com esse objetivo,
flor e clcio tm sido
adicionados aos gis clareadores como alternativa para diminuir
esses efeitos
adversos causados no esmalte pelo clareamento (20). Porm,
existem controvrsias
entre estudos, pois autores relatam que adio de flor aos gis
clareadores no
apresenta resultados benficos em termos de diminuio da
desmineralizao do
esmalte aps o clareamento(21,22).
Portanto, diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar
in vitro as alteraes
na rugosidade, microdureza e permeabilidade do esmalte humano
quando exposto a
agentes clareadores de uso em consultrio contendo flor ou clcio
na sua
formulao.
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Material e Mtodos
Preparo das amostras
Para a realizao deste estudo, foram utilizados 52 coroas de
dentes pr-
molares humanos (COEP-UEPG, parecer no 25/2011, protocolado sob
o no
18741/10). As coroas dos dentes selecionados foram removidas na
altura da juno
cemento-esmalte (JCE) com o auxlio de um disco de diamante
montado em uma
mquina de corte Isomet 1000 (Buehler, Lake Bluff, IL, EUA) a uma
velocidade de
300 rpm (rotaes por minuto) sob irrigao constante em gua.
Para o teste de rugosidade superficial e microdureza, foram
utilizados 20
coroas. Para permeabilidade, 32 coroas foram vedadas na JCE com
sistema
adesivo (Adper Single Bond, 3M ESPE, St. Paul, MN, EUA) e resina
composta
(Z100, 3M ESPE, St. Paul, MN, EUA), para impedir a posterior
penetrao do agente
traador (nitrato de prata, Vetec Qumica Fina, Xerm, RJ, Brasil)
por esta regio.
Para realizao dos testes de microdureza e rugosidade
superficial, as coroas
foram divididas em hemi-faces. Com o auxlio de um disco de
diamante montado em
uma mquina de corte Isomet 1000 (Buehler, Lake Bluff) a uma
velocidade de 300
rpm sob irrigao constante em gua foi realizado outro corte no
sentido msio-distal
para separao das 20 coroas, em pores vestibulares e palatinas.
Foram
confeccionados 40 fragmentos de esmalte nas dimenses 2 mm x 2 mm
x 2 mm. O
delineamento do estudo pode ser observado no Fluxograma 1.
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Fluxograma 1 Delineamento do estudo.
Teste de Rugosidade Superficial
A anlise de rugosidade superficial inicial (RI) foi realizada em
Rugosmetro
Digital Mitutoyo Surftest-301 (Mitutoyo-Kawasaki, Kanagawa,
Japo), nos 40
espcimes (hemi-faces). Foram mensuradas 4 leituras de rugosidade
para cada
espcime, das quais se obteve a mdia aritmtica, a qual foi
considerada como valor
da RI (Rugosidade Inicial), utilizando-se o parmetro Ra,
cutt-off de 0,25 mm e
comprimento de leitura 1,25 mm.
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Teste de microdureza superficial
O teste de microdureza Vickers (VHN) foi realizado em
microdurmetro
(Shimadzu, Kyoto, Japo), nos mesmos espcimes utilizados para o
teste de
rugosidade. A superfcie do espcime foi dividida em 4 quadrantes,
onde foram
realizadas 5 indentaes com uma carga de 50 g por 15 s cada, das
quais se obteve
a mdia aritmtica, a qual foi considerada como valor da MI
(microdureza inicial).
Grupos experimentais tratamento clareador
Os 72 espcimes foram divididos para os testes de
permeabilidade,
rugosidade e microdureza superficial; para o primeiro foram
utilizadas 32 coroas
divididas aleatoriamente em 4 grupos (n=8) e para os testes de
rugosidade e
microdureza, 40 espcimes (n=10) foram divididos aleatoriamente
em 4 grupos
(n=10): Grupo 1 sem clareamento (controle); Grupo 2 clareamento
com perxido
de hidrognio 35% (WhitenessHPMaxx, FGM, Joinville, SC, Brasil);
Grupo 3
clareamento com perxido de hidrognio 38% com flor na
composio
(OpalescenceBoost PF, Ultradent, South Jordan, UT, EUA) e Grupo
4 clareamento
com perxido de hidrognio 35% com clcio na composio (HP Blue,
FGM,
Joinville, SC, Brasil). Os tratamentos foram realizados de
acordo com as instrues
dos respectivos fabricantes (Tabela 1).
O grupo controle (G1) permaneceu em saliva artificial e no
recebeu nenhum
tratamento clareador. Todos os grupos foram mantidos em saliva
artificial durante
todo o experimento.
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Tabela 1 Materiais utilizados, fabricante, modo de aplicao e
composio.
Material Fabricante Modo de
aplicao
Composio
WhitenessHPMaxx
FGM; Joinville-
Santa Catarina
Brasil
3 aplicaes X 15
min cada
Aps mistura das fases:
Perxido de Hidrognio a 30%
- 35%, espessantes, mistura de
corantes, glicol, carga
inorgnica e gua
deionizada.
Opalescence
Boost PF
Ultradent
Products Inc.,
Salt Lake City,
Utah, EUA
3 aplicaes X 15
min cada
Perxido de hidrognio 38%
com fluoreto de sdio 1,1% e
hidrxido potssico 2,6%
HPBlue
FGM; Joinville-
Santa Catarina
Brasil
Aplicao nica de
45 min
Ingredientes Ativos: Perxido
de Hidrognio a 20% ou 35%
Ingredientes Inativos:
Espessantes, pigmento violeta
(HP
Blue 35%), agentes
neutralizantes, Gluconato de
Clcio, Glicol e gua
Deionizada
Saliva Artificial
Farmcia
Eficcia, Ponta
Grossa, Paran,
Brasil
-------
Cloreto de sdio 0,084%,
cloreto de clcio 0,015%,
potssio quelado 0,034%,
cloreto de potssio 0,12%,
cloreto de magnsio 0,005%,
benzoato de sdio 0,2%, CMC
1%, gua destilada 500mL
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Avaliao da rugosidade final e microdureza final
Aps 48 horas dos procedimentos clareadores, os espcimes
foram
submetidos novamente leitura da rugosidade e microdureza
superficial, sendo
realizada como descrita para a leitura inicial (RI e MI); porm,
obtendo-se os valores
da rugosidade final (RF) e microdureza final (MF).
Teste de Permeabilidade
Depois de realizado o procedimento clareador, os 32 espcimes
(coroas),
inclusive os de G1, foram armazenados em recipientes prova de
luz e imersas em
saliva artificial por 48 horas em estufa a 37o C. Decorrido esse
perodo, foram
imersos em hipoclorito de sdio 1% (Soluo de Milton, Asfer
Indstria Qumica
Ltda, So Caetano do Sul, SP, Brasil), durante 20 min. Aps, foram
deixados secar
temperatura ambiente por 12 h.
Em seguida, em todas as coroas procedeu-se a impermeabilizao
das
pores palatinas e da JCE aplicando-se uma camada de cola de
secagem rpida
base de cianocrilato (SuperbonderLoctite, Henkel Ltda, So Paulo,
SP, Brasil),
seguida de uma camada de esmalte para unhas, sendo delimitada
uma mscara na
regio mediana da coroa. Aps, as coroas foram imersas em soluo de
nitrato de
prata 50% (Vetec Qumica Fina, Xerm, RJ, Brasil) por 2 h em
ambiente escuro e
fechado. Posteriormente, foram removidas do corante e colocadas
em soluo
reveladora (Kodak, Eastman Kodak Company, Rochester, NY, EUA) e
submetidas
ao de luz fluorescente por 16 h. Decorrido esse perodo, as
coroas foram lavadas
em gua corrente e a camada de esmalte para unhas foi removida
com o auxlio de
instrumentos cortantes manuais.
Em seguida, as coroas foram includas em tubos de policloreto de
vinila (PVC)
com resina acrlica (Duralay, Reliance, Dental Mfg. Co., Worth,
IL, EUA), sendo,
posteriormente, obtidos trs cortes no sentido longitudinal das
coroas (sentido
vestbulo/lingual) com auxlio de um disco de diamante montado em
uma mquina
de corte Isomet 1000 (Buehler) sob irrigao constante em gua.
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12
As amostras obtidas foram ento fotografadas em um
Fotomicroscpio
Leica (Olympus BX41-U-CA, Tokyo, Japo) com aumento de 100 vezes,
obtendo-
se imagens com o auxlio de uma mquina digital com resoluo de 5.1
Megapixels
e captura de imagem em tempo real (Olympus CCD DP-71, Tokyo,
Japo) e
software DP controller (Olympus, Tokyo, Japo).
Posteriormente, a anlise das imagens quanto permeabilidade foi
realizada
por trs avaliadores previamente calibrados por meio do sistema
de escores, no
seguinte padro: Escore 0 - sem penetrao do agente traador;
Escore 1 - menos
da metade da espessura do esmalte atingida pelo agente traador;
Escore 2 -
agente traador atingindo metade da espessura do esmalte; Escore
3 - toda a
extenso do esmalte atingida pelo agente traador, sem atingir a
dentina; Escore 4 -
agente traador atingindo a dentina (Figura 1). Para essa avaliao
do grau de
penetrao do corante, a mesma foi determinada a partir da
visualizao do tero
mdio da coroa dentria. Caso os avaliadores discordassem em
alguma avaliao,
um consenso entre os mesmos deveria ser obtido e esse novo
escore foi aceito.
Figura 1 Esquema ilustrativo dos diferentes escores para avaliao
do grau de penetrao do
agente traador (D: dentina; E: esmalte).
Anlise estatstica
Os dados obtidos de rugosidade e microdureza foram analisados
por ANOVA
1 fator e ps-teste de Dunnet (=0,05) para amostras
independentes, e teste t para
amostras pareadas (valores iniciais e finais de cada grupo).
Para permeabilidade, os
dados qualitativos obtidos foram analisados pelo teste no
paramtrico Kruskall
Wallis e ps-teste de Dunn (=0,05).
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13
Resultados
Os valores mdios e desvio-padro da rugosidade superficial
inicial (RI) e final
(RF), em m, para os diferentes grupos experimentais esto
demonstrados na
Tabela 2.O teste ANOVA demonstrou no haver diferenas
significativas entre RI de
todos os grupos (p=0,9312). Em relao RF, foram detectadas
diferenas
significativas (Dunnet, p=0,0383) entre o G1 e demais grupos. O
teste t verificou
que, com exceo do G1, todos os grupos experimentais foram
diferentes
estatisticamente entre si, quando comparadas a RI
(pr-clareamento) e RF (ps-
clareamento) de cada grupo independente.
Tabela 2 Valores mdios (m) e desvio-padro da rugosidade
superficial inicial (RI) e final
(RF), para os diferentes grupos experimentais*
Grupos RI RF
G1 0,31 0,08 Aa 0,31 0,08 Aa
G2 0,29 0,12 Aa 0,40 0,09 Bb
G3 0,29 0,08 Aa 0,41 0,05 Bb
G4 0,31 0,09 Aa 0,40 0,08 Bb
* Letras maisculas indicam comparaes apenas entre colunas.
Letras minsculas indicam comparaes entre
linhas. Letras iguais representam semelhanas estatisticamente
significativas (p > 0,05).
Valores mdios e desvio-padro da microdureza superficial inicial
(MI) e final
(MF) obtidos para cada grupo encontram-se na Tabela 3. O teste
ANOVA 1 fator
mostrou no haver diferenas estatsticas entre a MI dos grupos
experimentais
(p=0,2849), porm a MF de G1 e G2 foram estatisticamente
diferentes de G3 e G4
(p
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14
Tabela 3 - Valores mdios (KHN) e desvio-padro da microdureza
superficial inicial (MI) e final
(MF), para os diferentes grupos experimentais*
Grupos MI MF
G1 376,1 78,6 A,a 370,2 78,6 B,a
G2 413,1 74,6 A,a 369,7 47,1 B,b)
G3 406,1 80,3 A,a 284,4 22,2 C,b
G4 342,1 34,1 A,a 258,1 34,6 C,b
* Letras maisculas indicam comparaes apenas entre colunas.
Letras minsculas indicam comparaes entre
linhas. Letras iguais representam semelhanas estatisticamente
significativas (p > 0,05).
As medianas ( 1o/3o interquartis) para a varivel dependente
permeabilidade
obtidos para cada grupo esto demonstrados na Tabela 4.
Observou-se que G1 foi
estatisticamente inferior aos demais grupos (p < 0,05), os
quais no diferiram
estatisticamente entre si.
Tabela 4 Medianas (1o/3o interquartis) para o grau de
permeabilidade e significncia dos
diferentes grupos experimentais.
GRUPOS MEDIANAS (1/3interquartis) SIGNIFICNCIA*
G1 1 (1/1) A
G2 3 (2/3) B
G3 2 (1.75/2.25) B
G4 1.5 (1/3) B
* Letras iguais representam semelhanas estatisticamente
significativas (p > 0,05).
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15
Discusso
O foco principal do estudo foi avaliar o efeito da adio de clcio
e flor na
composio dos agentes clareadores como alternativa para diminuir
os efeitos
adversos sobre o esmalte humano. As alteraes tanto de
rugosidade,
permeabilidade e microdureza ocorreram de forma semelhante,
ocorrendo variaes
entre as amostras clareadas e os grupos controle (sem
clareamento). Portanto, foi
demonstrado que existe alteraes dessas propriedades aps
tratamento com gis
clareadores,independentemente da presena de clcio ou de flor na
sua
composio.
Resultados semelhantes ao presente estudo foram encontrados por
Horning
et al. 2013(6) que compararam a permeabilidade do esmalte humano
aps
exposio de agentes clareadores de uso caseiro (perxido de
hidrognio 6% com
clcio) e de uso em consultrio (perxido de hidrognio 35%). No
foram
observadas diferenas significativas entre os grupos clareados,
mas todos estes
grupos apresentaram aumento significativo na permeabilidade, no
encontrando
benefcio da adio de clcio ao agente clareador. Contrrio aos
resultados do
presente estudo, bons resultados utilizando de Ca e F para
agentes clareadores
caseiros experimentais de perxido de carbamida foram encontrados
em outro
estudo (20) que mostrou que esses gis promoveram minimizao da
perda mineral.
Uma hiptese que poderia explica este resultado est relacionada s
menores
concentraes do perxido de carbamida em relao ao perxido de
hidrognio.
Sabe-se que fatores como concentrao (10), tempo de aplicao(23)
e
pH(24) do agente clareador podem predizer a influncia dessas
substncias sobre
as estruturas dentais. Segundo Bistey et al. 2007(23),a
concentrao mais elevada e
um maior tempo de tratamento resultam em alteraes mais severas
no esmalte
dental humano. Outro estudo(10) demonstrou que esta relao
diretamente
proporcional entre a perda de estrutura mineral e a concentrao
do agente
clareador, apontando que agentes clareadores base de perxido de
hidrognio a
35 e 38% mostraram valores de perda de clcio significantemente
maiores em
relao a agentes de uso caseiro (perxido de carbamida 10%).
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16
Os motivos dessas discrepncias entre os resultados do presente
estudo com
aqueles j publicados sobre o tema pode estar nestas variantes.
No s a
concentrao e tempo de aplicao assim como o pH dos agentes tambm
pode ser
um fator determinante para a quantidade de perda mineral. Em
estudo semelhante,
os autores (24) investigaram o efeito dos valores de pH de
agentes clareadores
sobre as propriedades da superfcie do esmalte. No houve nenhuma
alterao
morfolgica e qumica da superfcie do esmalte nas solues neutras
ou alcalinasde
branqueamento. No presente estudo, tomou-se o cuidado de
selecionar produtos
que se apresentavam em concentraes semelhantes (35 e 38%), e o
tempo em
que os gis permaneceram em contato com o esmalte foi o mesmo no
total (45 min),
variando- apenas a posologia proposta por cada fabricante, como
demonstra-se na
Tabela 1. O pH de cada agente clareador mostrou uma variao
(HPMaxx ~ 6;
OpalescenceBoost PF ~ 7; HPBlue ~ 8), a qual no se mostrou
significativa no que
diz respeito aos resultados.
Os resultados desta pesquisa comprovam que todos os agentes
clareadores
diminuram a microdureza, e aumentaram a permeabilidade e a
rugosidade
superficial do esmalte humano. Entretanto, por se tratar de um
estudo laboratorial,
extrapolaes clnicas no so possveis. Mais estudos in vivo so
necessrios para
comprovar tal hiptese, pois se sabe que na cavidade oral existe
o movimento do
fluido dentinrio provindo da cmara pulpar dos dentes, podendo
tornar o esmalte
menos permevel que em condies in vitro (25), alm da
capacidade
remineralizante da saliva.
Concluso
Pode-se concluir que todos os agentes clareadores analisados
aumentaram a
permeabilidade e a rugosidade, e diminuram a microdureza
superficial do esmalte
humano. E, a adio de clcio ou flor no foi efetiva na reverso
destes efeitos
adversos.
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17
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ANEXOS
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CARTA DE SUBMISSO DO ARTIGO
Ponta Grossa PR-Brasil, July 21, 2014.
Dr.
Jesus Djalma Pcora and Editors,
We are sending the article entitled: Effect of bleaching agents
containing fluoride or calcium
on enamel microhardness, roughness and permeability.
We would highly appreciate if this paper could be published in
Brazilian Dental Journal.
Thank you in advance and we are looking forward to hearing from
you soon.
Sincerely yours,
Giovana Mongruel Gomes and authors
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