Avaliação da desadaptação das selas de próteses parciais removíveis após 1 a 5 anos de uso Luana Maria Martins de Aquino Natal/RN 2009 Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências da Saúde Departamento de Odontologia Programa de Pós- Graduação em Odontologia Área de concentração em Periodontia e Prótese dentária
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Avaliação da desadaptação das selas de próteses parciais ... · como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Odontologia, área de concentração em Periodontia
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Avaliação da desadaptação das selas de
próteses parciais removíveis
após 1 a 5 anos de uso
Luana Maria Martins de Aquino
Natal/RN
2009
Universidade Federal do Rio Grande do NorteCentro de Ciências da Saúde
Departamento de Odontologia Programa de Pós- Graduação em Odontologia
Área de concentração em Periodontia e Prótese dentária
Luana Maria Martins de Aquino
Avaliação da desadaptação das selas de
próteses parciais removíveis
após 1 a 5 anos de uso
Dissertação apresentada ao programa de
pós-graduação em Odontologia da UFRN
como requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre em Odontologia, área de
concentração em Periodontia e Prótese
Dentária.
Orientadora:Profa. Dra. Adriana da Fonte Porto Carreiro
Natal/RN
2009
Aquino, Luana Maria Martins de. Avaliação da desadaptação das selas de próteses parciais removíveis após 1 a 5 anos de uso / Luana Maria Martins de Aquino . – Natal, RN, 2009.
56p. : il.
Orientador: Prof. Dra. Adriana da Fonte Porto Carreiro. Dissertação (Mestrado) – Departamento de Odontologia, Centro de Ciências da
Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Quantitativa Categórica Mais de 2 grupos ANOVA (pós-teste
TUKEY)
Quantitativa Quantitativa ----- Correlação de Pearson
e regressão linear
4.7 - Variáveis Estudadas:
Quadro 2. Elenco de variável dependente que foi analisada no estudo. Natal/RN, 2009.
Nome da Variável Definição Classificação
Desadaptação da
sela sobre o
rebordo residual
Espaço presente entre
a base das selas da
PPR e o rebordo
residual.
Quantitativa
contínua
Valor em mm
Quadro 3. Elenco de variáveis independentes que foram analisadas no estudo. Natal/RN,
2009.
Nome da Variável Definição Classificação
Tempo de uso da
prótese
Quantidade de anos
que o paciente instalou
a PPR avaliada no
estudo
Categórica mutualmente exclusiva
1 ano
2 anos
3 anos
4 anos
5 anos
Via de transmissão
de força
Transmissão de força
mastigatórias ao osso
alveolar
Categórica
mutualmente
exclusiva
Dentossuportada
Dentomucossuportada
Pontos Mesial,
Central e Distal
Local dos pontos
encontrados em uma
sela em extremidade
livre
Categórica
mutualmente
exclusiva
Mesial
Central
Distal
Local da área
desdentada
Região desdentada,
ocupada pela sela da
prótese
Categórica
mutualmente
exclusiva
Anterior
Posterior
Arcada Arco em que se
encontra a sela
estudada.
Categórica
mutualmente
exclusiva
Superior
Inferior
Arco antagonista Com o que a prótese
oclui
Categórica
mutualmente
exclusiva
Dente natural
Prótese Fixa
PPR
PT
Tipo de mucosa Tecido fibromucoso
que reveste o osso
Categórica
mutualmente
exclusiva
Resiliente
Flácida
Rígida
Adaptação dos
apoios aos nichos
Relação nicho/apoio Categórica
mutualmente
exclusiva
Boa
Regular
Ruim
Extensão da sela Número de dentes
ausentes onde a sela
estava presente
Quantitativa
discreta
Número
Uso noturno da
PPR
Paciente usuário de
PPR enquanto dorme
Categórica
mutualmente
exclusiva
Sim
Não
Gênero
Conjunto de
características que
distinguem os seres
vivos pela sua função
reprodutora.
Categórica
mutualmente
exclusiva
Masculino
Feminino
Idade
Número de anos de
alguém; duração
ordinária da vida.
Categórica
mutualmente
exclusiva
49 anos ou menos
50 anos ou mais
Alterações ósseas Alteração do
metaboslismo ósseo –
osteoporose ou
osteopenia
Categórica
mutualmente
exclusiva
Sim
Não
5. RESULTADOS
A amostra total deste estudo foi de 81 pacientes nos quais foram instaladas PPR no
período de 2003 a 2007. Dessa amostra, obteve-se 573 pontos referente à 191 películas de
ImpregumTM Soft® 3M ESPE Alemanha, ou seja, 191 espaços protéticos que receberam selas
de PPR, que foram medidos com paquímetro manua,.
Para avaliar a desadaptação da sela com as variáveis independentes, a análise
estatística foi dividida em duas etapas. Por isso, os resultados foram subdivididos em 2 partes:
amostra de indivíduos e amostra de pontos.
Na primeira etapa (amostra de indivíduos), as variáveis estudadas foram aquelas que
representavam o indivíduo, sendo única para todos os pontos. Por exemplo: a idade do
paciente, que não variava independentemente da localização do ponto. Para esta análise, foi
realizada uma média das medidas de todos os pontos do paciente. Portanto, cada paciente
neste momento apresentou apenas um valor referente à desadaptação da sela em mm. O
número dessa amostra foi de 81 medidas, referente a 81 pacientes.
Na segunda etapa, as variáveis estudadas foram aquelas que tiveram influência de
aspectos locais sobre os pontos, como: localização do espaço protético na boca e na arcada,
extensão da sela, arco antagonista, tipo de via de transmissão de força, tipo de mucosa,
adaptação dos apoios. Para esta análise, as variáveis foram analisadas com todos os pontos
medidos. O N total desta amostra foi de 573 pontos. Cada paciente possuiu um número
diferente de pontos, pois a cada espaço protético, em que a sela substituía no mínimo 2 dentes,
3 pontos foram demarcados para leitura. Portanto, houve no mínimo 3 pontos para um
paciente, e no máximo 15 pontos, referente a 5 espaços protéticos.
5.1 – RESULTADOS PARA AMOSTRA DE INDIVÍDUOS
Nesta primeira etapa, foram realizados os testes estatísticos paramétricos: teste T e
ANOVA (Tabela 1). O teste T foi realizado quando a variável dependente, que se trata de
uma variável quantitativa contínua (desadaptação da sela em mm), foi associada com uma
variável independente categórica que possuíam 2 grupos. O teste ANOVA foi realizado
quando a variável dependente foi associada com uma variável independente categórica que
possuíam mais de 2 grupos. O teste ANOVA apenas revelou se existe diferença estatística
entre os grupos estudados. Para saber onde se encontrava a diferença estatística entre os
grupos, foi aplicado o pós-teste de Tukey.
A idade variou de 27 a 80 anos e foi categorizada a partir da média (50 anos).
Tabela 1. Avaliação da associação da desadaptação da sela em mm e as variáveis independentes por indivíduos. Natal/RN, 2009.
Teste T e ANOVA
VARIÁVEIS N MÉDIA DESVIO PADRÃO P
TEMPO DE USO 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos
21 10 28 9 13
0,1776a
0,2182a,b,c 0,1997a,b 0,3592b,c 0,3597c
0,12849 0,15045 0,12684 0,20381 0,26148
0,005* (A)
IDADE 49 anos ou menos 50 anos ou mais
41 40
0,1753 0,3056
0,10244 0,21507
<0,001* (T)
USO NOTURNO DA PPR Não Sim
46 35
0,2686 0,2016
0,18673 0,16350
0,090 (T)
ALTERAÇÃO ÓSSEA Não Sim
69 12
0,2289 0,3014
0,16864 0,22956
0,198 (T)
GÊNERO Masculino Feminino
28 53
0,2377 0,2407
0,19908 0,16968
0,945 (T)
Intervalo de confiança de 95%. *Diferença estatisticamente significante. (T) Teste T (A) ANOVA – seguido do pós-teste de Tukey= letras iguais sem diferença significativa e letras diferentes com diferença significativa.
A variável independente tempo de uso apresentou diferença estatisticamente
significante entre os grupos (p=0,005), sendo então necessário o pós-teste de Tukey. Os
resultados do pós-teste mostraram que o grupo de 1 ano de uso, obteve uma diferença
estatisticamente significante quando comparada aos grupo de 4 e 5 anos de uso. O grupo de 3
anos de uso, obteve uma diferença estatisticamente significante quando comparada ao grupo
de 5 anos de uso. O grupo de 2 anos de uso não apresentou diferença significante com
nenhum dos demais grupos.
Após a realização do teste T, observou-se que dentro das variáveis independentes por
indivíduo, a única que obteve diferença estatisticamente significante foi a variável idade
(p<0,001), onde os indivíduos que apresentaram 50 anos ou mais apresentaram maior média
de desadaptação da sela em mm. As demais variáveis avaliadas pelo teste T, não apresentaram
resultado estatisticamente significante.
5.2 – RESULTADOS PARA AMOSTRA DE PONTOS
Da mesma forma, foram realizados os testes estatísticos para dados com distribuição
normal: teste T (Tabela 2), ANOVA (Tabela 2) e Correlação de Pearson (Tabela 3). O teste T
foi utilizado para associação da variável dependente (quantitativa) com uma variável
independente categórica com dois grupos. O teste ANOVA foi utilizado para associação entre
a variável dependente e uma variável independente categórica com mais de dois grupos,
seguido do pós-teste de Tukey. O teste estatístico Correlação de Pearson foi utilizado quando
a associação era entre duas variáveis quantitativas: variável dependente (desadaptação em
mm= quantitativa contínua) e variável independente (extensão da sela= quantitativa discreta).
Observado diferença estatística com o teste Correlação de Pearson, foi realizado a regressão
linear simples (Figura 14).
Tabela 2. Avaliação da associação da desadaptação da sela em mm e as variáveis independentes por pontos. Natal/RN, 2009.
Teste T e ANOVA.
VARIÁVEIS N MÉDIA DESVIO PADRÃO
P
VIA DE TRANSMISSÃO DE FORÇA Dentossuportada Dentomucossuportada
315 258
0,1757 0,3810
0,17861 0,31346
<0,001*(T)
LOCAL DA ÁREA DESDENTADA Anterior Posterior
99
474
0,2237 0,2774
0,19409 0,28089
0,023*(T)
ARCADA Superior Inferior
303 270
0,2637 0,2731
0,26383 0,27412
0,674(T)
ARCO ANTAGONISTA Dente natural PPR PT
105 369 99
0,1457a 0,2824b 0,3449b
0,13887 0,27599 0,30267
<0,001*(A)
TIPO DE MUCOSA Resiliente Flácida Rígida
229 308 36
0,1959a 0,3203b
0,2819a,b
0,19107 0,30214 0,28565
<0,001*(A)
ADAPTAÇÃO DO APOIO NO NICHO
Boa Regular Ruim
414 111 48
0,2428a 0,2982a 0,4177b
0,25435 0,21898 0,40770
<0,001*(A)
PONTOS EM EXTREMIDADE LIVRE Mesial Central Distal
86 86 86
0,2337a 0,4593b 0,4500b
0,16511 0,31329 0,37243
<0,001*(A)
Intervalo de confiança de 95%. *Diferença estatisticamente significante. (T) Teste T (A) ANOVA - seguido do pós-teste de Tukey = letras iguais sem diferença significativa e letras diferentes com diferença significativa.
Observou-se que no teste T, o valor de p foi significativo para as variáveis
independentes: via de transmissão de força (p<0,001), onde a dentomucossuportada
apresentou maior desadaptação da sela comparada a dentossuportada; local da área
desdentada (p=0,023), onde a região posterior apresentou maior média de desadaptação em
relação à região anterior. A variável independente arcada, não apresentou diferença
estatisticamente significante (p=0,674).
No resultado do teste ANOVA observou-se que todas as variáveis estudadas
apresentaram diferenças estatisticamente significantes (p<0,001). Na variável arco
antagonista, o grupo dente natural apresentou uma média menor do que os grupos PPR e PT.
A mucosa do tipo resiliente obteve a menor média de desadaptação, sendo a diferença
estatisticamente significante quando comparada ao tipo flácida, que obteve a maior média de
desadaptação. A adaptação do apoio no nicho do tipo ruim apresentou a pior média de
desadaptação da sela com diferença estatisticamente significante quando comparada com a
adaptação boa e regular. O ponto mesial localizado em extremidade livre obteve a menor
média desta categoria e apresentou diferença significante em relação aos pontos central e
distal.
O teste estatístico Correlação de Pearson entre a desadaptação da sela em mm e a
extensão da sela apresentou resultado estatisticamente significante (p<0,001), e coeficiente de
correlação foi igual a 0,436 (Tabela 3).
Tabela 3. Correlação de Pearson entre a desadaptação da sela em mm e a extensão da sela. Natal/RN, 2009.
N r
p
DESADAPTAÇÃO EM MM x EXTENSÃO DA SELA 573 0,436 <0,001**
** A correlação é significante em nível de 0,01.
Observado que a correlação foi estatisticamente significante, foi realizada a regressão
linear simples (Figura 14), onde obteve-se a equação Y= 0,080X-0,033. Sendo o X
correspondente ao número de dentes ausentes, quando o número em questão for igual a 1,
tem-se: Y= 0,080 x 1 – 0,033. Y= 0,047. A cada 1 dente ausente, aumenta-se 0,047mm de
desadaptação da sela da PPR ao rebordo residual.
Fig. 14. Gráfico da dispersão de desadaptação em mm x extensão da sela da
PPR com respectivas reta e equação de regressão. Natal/RN, 2008.
6. DISCUSSÃO
A reabsorção do rebordo residual é uma condição fisiológica, crônica, progressiva e
irreversível que ocorre sempre após a extração de um elemento dentário e continua por toda a
vida3,4,39. Esta reabsorção contínua gera uma desadaptação das selas de PPR, que
consequentemente causa uma maior perda óssea devido a movimentação e compressão nos
tecidos de sustentação31.
No presente estudo, questionou-se a atuação da PPR na manutenção do rebordo
residual, e avaliou-se a influência dos seguintes fatores: anos de uso da prótese, a via de
transmissão de força da PPR para o osso, o local e arcada da área desdentada, arco
antagonista, tipo de mucosa, adaptação dos apoios nos nichos, extensão da sela, uso noturno
da PPR, idade, gênero e alteração óssea.
Realizou-se, portanto, um estudo seccional para avaliar a reabsorção dos rebordos
residuais através da desadaptação da base da sela de PPR, visto que a perda óssea ao longo
dos anos vai gerando uma menor adaptação entre a sela da PPR e o tecido fibromucoso que
reveste este rebordo.
Avaliando a influência do tempo de uso da PPR, observou-se no presente estudo que
quanto maior os anos de uso, maior a desadaptação da sela sobre o rebordo residual. A média
encontrada após 1 ano de uso (0,18mm) foi significativamente menor do que a média
encontrada após 5 anos de uso (0,36mm). Na literatura encontram-se, em diferentes estudos,
maiores valores para reabsorção óssea nos casos em que o tempo de uso de uma PPR foi
maior: 0,5mm em 9 meses36; 0,51mm35 e 0,9 mm27 em 1 ano; 1,63mm em 5 anos25. Outros
estudos4,39,40observaram que ocorre uma taxa de reabsorção do rebordo residual (RRR) por
ano após a exodontia dos elementos dentários, o que leva a perda óssea cada vez maior ao
longo dos anos.
Outra característica do indivíduo que foi observada e apresentou diferença
estatisticamente significante foi a idade do paciente. Os indivíduos acima dos 50 anos
apresentaram maiores médias de desadaptação em relação a indivíduos mais jovens. Os
resultados corroboram com os estudos de Von Wowern & Stoltze45 e de Gordan & Genant19,
onde relataram que com o aumento da idade tem-se uma diminuição da densidade óssea
alveolar, aumentando o trabeculado ósseo. Porém, outros estudos4,13,21 não acharam
associação entre idade e RRR. Carlsson11 relatou que a maior reabsorção do rebordo pode
estar relacionada ao longo período de edentulismo do individuo e não pela idade, pois o
paciente mais idoso pode apresentar um período de edentulismo maior que um individuo mais
jovem.
Já a variável gênero, não apresentou resultado significativo. Achados da literatura
revelam que a influencia do sexo não é conclusiva3,4,11,45.
De acordo com os estudos de Bulgarelli e colaboradores6, Guercio Monaco18 e Von
Wowern e Kollerup44, a osteoporose afeta os ossos maxilares, e é fator predisponente para
reabsorção acelerada do rebordo residual da mandíbula. Entretanto, Klemetti23 acredita que as
forças oclusais são o principal fator de RRR e não a osteoporose.
No presente estudo, pôde-se observar que a média de desadaptação em mm nos
pacientes que possuíam alterações ósseas (osteoporose e osteopenia) foi maior do que os
pacientes que não possuíam. A presença dessas alterações ósseas gera uma tendência para
uma maior reabsorção óssea e consequentemente, maior desadaptação da base da sela no
rebordo residual. Porém, os dados não apresentaram diferença estatisticamente significante
entre os grupos. Provavelmente, se o N dos indivíduos portadores dessa alteração fosse maior,
os resultados poderiam apresentar diferença estatisticamente significante.
Em relação ao uso noturno da PPR, os resultados não apresentaram diferença
estatisticamente significante entre os grupos que faziam uso e os que não faziam uso da PPR
durante a noite. Este resultado também foi encontrado em outros estudos5,21. Porém, vai de
confronto a estudos10,26,28,36 encontrados na literatura que relataram que o uso noturno de
próteses influencia numa maior reabsorção no tecido ósseo alveolar.
Estes resultados também podem ser justificados pelo fato de que os pacientes que
dormem com as próteses são usuários de próteses bem adaptadas. Já os pacientes que
possuem próteses desadaptadas não utilizam as próteses para dormir. E como se pode
observar nos resultados, as próteses desadaptadas apresentaram uma desadaptação maior da
sela comparadas às próteses bem adaptadas.
Com relação às características intra-orais, a via de transmissão de força da prótese
influenciou na desadaptação da base da sela sobre o rebordo residual, com diferença
estatisticamente significante maior para o tipo dentomucossuportada, representada pelas
classes I e II de Kennedy. Dado justificado pelo fato de que as próteses dentossuportadas não
atuam no rebordo residual, apresentando-se, apenas, justaposta em relação à superfície interna
da sela, enquanto que as dentomucossuportadas têm participação ativa na crista do rebordo
residual14,43.
O maior problema dessas próteses dentomucossuportadas é a diferença de resiliência
entre os dois sistemas de suporte, sendo os dentes com 0,1mm e a fibromucosa com 0,4 a
3,0mm quando submetidos a cargas mastigatórias de mesma intensidade42. Esta diferença
pode permitir a ocorrência de rotação da prótese sendo este movimento capaz de induzir
forças deletérias no rebordo, gerando reabsorção2,8.
Nos casos de extremidade livre o ponto localizado na mesial apresentou resultado
estatisticamente significante quando comparada aos pontos central e distal. Rodrigues e
colaboradores36 explicaram este fato pela alavanca formada neste tipo de PPR, que deixa claro
que há uma tendência para um desequilíbrio em virtude de o braço da potência, representado
pela base ser, geralmente, muito maior que o braço de resistência, representado pelo segmento
dentário do arco. Conseqüentemente, por mais estável que seja este tipo de aparelho, haverá
sempre uma compressão maior no seu extremo distal e menor na mesial, devendo a
reabsorção ocorrer de modo crescente da mesial para distal.
Outra característica intra-oral que pode ter influência no rebordo residual é o arco
antagonista à PPR, de acordo com Garcia e colaboradores16, Rocha e colaboradores35 e
Rodrigues e colaboradores36. Os resultados do presente estudo mostraram que o arco
antagonista prótese total e prótese parcial removível apresentaram maior média de
desadaptação em comparação ao arco antagonista dente natural, sendo estatisticamente
significante. Este resultado vai de acordo com o estudo de Plotnick, Beresin e Simkins34 e
colaboradores, onde observaram maior reabsorção óssea em usuário de PPR classe I
mandibular quando oposta a PPR e PT. Porém este fato confronta com a teoria de que a força
mastigatória de uma pessoa cai gradativamente à medida em que perde dentes naturais, passa
por uma prótese fixa, depois a parcial removível e finalmente uma prótese total35.
Pode-se justificar este achado pelo fato de que os ligamentos periodontais de um dente
possuem proprioceptores que podem controlar as forças oclusais. Entretanto, quando o
paciente perde seus dentes e passa para uma prótese total ou uma PPR, perde também os
proprioceptores e consequentemente esses pacientes possuem maior risco de exercerem
maiores forças oclusais devido a ausência dos ligamentos periodontais e seus proprioceptores.
Além disso, quando o arco antagonista era a PT, 13 pacientes apresentaram extremidade
livre bilateral inferior, o que poderia ser considerado como síndrome da combinação de Kelly.
De acordo com Kelly22, a síndrome da combinação tem como uma das características a
reabsorção mandibular posterior.
A região posterior obteve maior média de desadaptação da sela sobre o rebordo residual.
Winter, Woelfel, e Igarashi46, afirmaram que a região posterior apresenta maior reabsorção
devido a maior força requerida para a trituração dos alimentos.
Avaliando-se a extensão da sela observou-se que quanto maior o número de dentes
ausentes, maior a desadaptação da sela (Tabela 3). Este resultado corrobora com a afirmação
de que quanto mais mucossuportada, ou seja, quanto maior a sela, maior é a sua
movimentação e consequentemente, maior a reabsorção óssea16,35,36.
Em relação a característica intra-oral tipo de mucosa, observou-se que a mucosa flácida
apresentou maior média de desadaptação, sendo estatisticamente significantes quando
comparada ao tipo resiliente. De Fiori14 explicou este fato devido a mucosa tipo flácida
possuir um grau de resiliência muito diferente do encontrado nos dentes pilares, criando
inevitavelmente uma situação desfavorável para a realização de PPR com extremidade livre.
Já a mucosa resiliente apresenta um bom prognóstico. Os resultados do nosso estudo
corroboram com o estudo de Xie e colaboradores48 que observaram que a mucosa do tipo
flácida estava associada a maior reabsorção óssea.
No que concerne a influencia da adaptação da prótese na boca, Misch31 relatou que o
uso de próteses com adaptação inadequada aumenta a perda óssea devido a maior pressão nos
tecidos de suporte. Os apoios têm função de estabilizar a prótese no sentido ocluso-gengival
transferindo a força mastigatória. Quando não estão bem adaptados aos nichos, pode gerar
uma situação traumática do tecido gengival, causando perda óssea14. Os resultados desta
pesquisa corroboram com esta afirmação, pois a adaptação dos apoios do tipo ruim apresentou
pior média, quando comparada a adaptação boa e regular, sendo estatisticamente significante
(Tabela 2).
Dentro das características intra-orais examinadas, apenas a característica referente a
arcada em que a sela se encontrava (maxila ou mandíbula) não obteve diferença
estatisticamente significante entre as arcadas. Esse resultado vai de confronto a vários estudos
encontrado na literatura4,21,39,40, onde afirmaram que a reabsorção do rebordo residual ocorre
em menor proporção na maxila e maior na mandíbula, geralmente quatro vezes maior. O
resultado da presente pesquisa (Tabela 2) encontrou uma média de desadaptação menor no
arco superior (0,26mm) e um pouco maior no arco inferior (0,27mm), porém essas médias não
foram estatisticamente diferentes.
Esse resultado pode ser justificado pelo fato de que na maxila a reabsorção óssea
ocorre em maior proporção na região anterior. Já na mandíbula, a maior reabsorção ocorre na
região posterior. Na análise estatística do presente estudo para avaliação da associação entre a
desadaptação da sela e a arcada em que a sela se encontrava, não houve distinção entre as
regiões anterior e posterior. Talvez se comparássemos a região posterior da maxila com a
região posterior da mandíbula os resultados podiam apresentar diferença estatisticamente
significante.
De acordo com Atwood e Coy4 a reabsorção óssea anual na maxila foi em média de
0,1mm por ano, enquanto na mandíbula foi em média de 0,4mm por ano. Essa taxa de
reabsorção por ano, pode representar uma perda média de 0,5mm na maxila e de 2mm na
mandíbula em 5 anos. O presente estudo encontrou uma média de desadaptação da sela para
o rebordo residual de 0,36mm após 5 anos de uso de PPR. Comparando esse resultado com a
reabsorção óssea anual relatada na literatura, podemos concluir que a desadaptação da sela da
PPR após 5 anos de uso foi menor do que a perda óssea anual. Com este achado, observou-se
que a prótese parcial removível é um tratamento que pode ser indicado para pacientes
parcialmente desdentados sem causar danos excessivos ao rebordo residual.
Porém, após a extração de um elemento dentário a perda óssea ocorre em maior
proporção no primeiro ano após a exodontia4,39,40. No presente estudo o dado da extração
dentária não foi coletado. Portanto surgiu uma dúvida: será que o uso de uma PPR logo após a
extração dentária pode acelerar o processo de reabsorção óssea? Por isso, há necessidade de
estudos longitudinais para avaliar as conseqüências que o uso da prótese parcial removível
causa ao rebordo residual se instalada logo após a exodontia.
7. CONCLUSÕES
Dentro das limitações desse estudo, pode-se concluir que:
• A média de desadaptação da base da sela de próteses parciais removíveis sobre os
rebordos residuais foi de 0,27mm, podendo-se concluir que mesmo com o uso da PPR
a redução da altura óssea foi pequena dentro do período de 1 a 5 anos de uso.
• Os seguintes fatores influenciaram na desadaptação da base da sela de PPR: tempo de
uso da prótese, idade, via de transmissão de força para o osso alveolar, local da área
desdentada, arco antagonista, tipo de mucosa, adaptação dos apoios nos nichos e
extensão da sela.
REFERÊNCIAS
1. Alves-Rezende MCR, Lorenzato F. Efeito da desinfecção por aerossóis sobre a
capacidade de umedecimento de moldes de poliéter por gesso tipo IV. Rev Odontol