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TÍTULO: Grupo de Conviventes – Contadores de Histórias AUTOR: CARLOS AUGUSTO GUIMARÃES Professora: REJANE TEIXEIRA COELHO
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AUTOR: CARLOS AUGUSTO GUIMARÃESnewpsi.bvs-psi.org.br/tcc/CarlosAugustoGuimaraes.pdf · de formação. O estágio realizou-se numa instituição que possui parceria com a UPM. ...

Nov 30, 2018

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TÍTULO: Grupo de Conviventes – Contadores de Histórias

AUTOR: CARLOS AUGUSTO GUIMARÃES

Professora: REJANE TEIXEIRA COELHO

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GRUPO DE CONVIVENTES – CONTADORES DE HISTÓRIAS

RESUMO

O presente relatório é parte do estágio curricular do curso de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie - UPM, e está ligado à área institucional no âmbito da psicologia comunitária oferecida pelo curso. Tem como objetivo apresentar uma descrição e análise do processo de estágio realizado pelo aluno Carlos Augusto Guimarães, no período de agosto a novembro de 2006. O objetivo do estágio é possibilitar que o estagiário de Psicologia Comunitária possa conhecer e intervir numa instituição, para colocar em prática os conhecimentos adquiridos durante o período de formação. O estágio realizou-se numa instituição que possui parceria com a UPM. Trata-se de uma organização não governamental ligada à igreja católica, localizada na cidade de São Paulo que desenvolve ações assistenciais e presta serviços a uma parcela da população em situação de rua. Essa instituição desenvolve suas atividades desde fevereiro de 1990, e foi a primeira unidade de prestação de serviço à população em situação de rua conveniada com a prefeitura de São Paulo. Para a intervenção utilizou-se o referencial da psicologia social comunitária. Esta proposta busca ampliar o âmbito de intervenção da psicologia, compreendendo que a subjetividade, ou seja a forma de sentir, pensar e agir do homem no mundo, a forma como nos relacionamos e nos expressamos frente a este mundo se constrói na relação do homem com a sociedade, de acordo com as condições históricas e materiais de existência que atravessam a realidade vivida por esse homem. A atuação em campo foi desenvolvida em duas etapas: uma etapa teve como objetivo conhecer a instituição, seus serviços e usuários, e a outra etapa foi a implementação da intervenção O objetivo geral da intervenção visou a levar cada participante resgatar a sua história de vida, e como objetivos específicos: possibilitar cada usuário compartilhar suas experiências; resgatar a trajetória que o desembocou na situação de rua, e também, resgatar suas potencialidades visando a um processo de ressocialização. Verificou-se que através dessa intervenção a instituição começou a ampliar os serviços prestados aos seus usuários, criando um espaço que possibilita uma reflexão a partir de suas narrativas histórico-pessoal, e com esse resgate histórico, responsabiliza e estimula os conviventes a desejarem uma possível transformação de excluídos e invisíveis, a sujeitos que têm história e que querem viver, e assim continuarem a escrever suas histórias vividas. Palavras-chave: morador em situação de rua, psicologia social comunitária, exclusão social.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 5

1.1 CONCEPÇÃO ORIENTADORA DO ESTÁGIO NA ÁREA DE PSICOLOGIA

COMUNITÁRIA.............................................................................................................. 6

1.2 ETAPAS DA INTERVENÇÃO....................................................................................... 6

2 DESENVOLVIMENTO................................................................................................... 7

2.1 A INSTITUIÇÃO.............................................................................................................. 7

2.1.1 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO..................................................................................... 7

2.2 INSTALAÇÕES, ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E FORMAS DE

ATENDIMENTO.............................................................................................................. 7

2.2.1 Atendimento e Atividades realizadas................................................................................ 7

3 INSERÇÃO DO ESTAGIÁRIO NA INSTITUIÇÃO...................................................... 8

3.1 REFLEXÕES ACERCA DA INSTITUIÇÃO PARCEIRA E DA "INSTITUIÇÃO DE

MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA".................................................................... 10

3.2 AS RELAÇÕES DE COMUNICAÇÃO ENTRE OS ENVOLVIDOS............................ 12

4 O GRUPO COMO CONTADORES DE HISTÓRIA – A ESTRATÉGIA DE UM TRABALHO

COLETIVO PARA EMERGIR O CONVIVENTE, A SUA VOZ E A SUA HISTÓRIA.......... 13

4.1 QUEM SÃO ESSES SUJEITOS? COMO SÃO RECONHECIDOS OU

DESCONHECIDOS?...................................................................................................... 15

4.2 SOBRE COMO FORAM ORGANIZADOS OS ENCONTROS................................... 16

4.2.1 A importância do nome.................................................................................................... 16

4.2.2 O reconhecimento do nome do outro .............................................................................. 17

4.2.3 A identificação dos conviventes pela vivência da exclusão............................................ 18

4.2.4 Avaliação dos conviventes sobre a experiência do trabalho grupal................................ 20

5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 21

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................. 24

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1 INTRODUÇÃO

O presente relatório é parte do estágio curricular da área de psicologia comunitária, do curso1 de

psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie - UPM. O objetivo é o de apresentar uma

descrição e análise da experiência do estagiário Carlos Augusto Guimarães2, no período de

agosto a novembro de 2006.

O estágio realizou-se numa instituição que possui parceria com a UPM. Trata-se de uma

organização não governamental3 ligada à igreja católica, localizada na cidade de São Paulo que

desenvolve ações assistenciais e presta serviços a uma parcela da população em situação de rua.

1.1 CONCEPÇÃO ORIENTADORA DO ESTÁGIO NA ÁREA DE PSICOLOGIA

COMUNITÁRIA

Para o desenvolvimento do estágio de psicologia comunitária na UPM, trabalhamos com os

princípios da psicologia social comunitária, discutida por autores como: Sílvia Lane (1996),

Bader Sawaia (1996), Fátima Quintal (1996) e Wagner Góis (2004).

Refere-se de uma abordagem que começa a ser gestada na década de 80, por psicólogos que

defendiam a necessidade da construção de conhecimentos capazes de atender as necessidades da

realidade brasileira e latino-americana. Eles criticavam a adoção de conceitos e teorias

importadas de outros países que ignoravam as necessidades e realidades da população.

Para os referidos autores, a psicologia comunitária é uma área de intervenção da psicologia

social, que não pode atuar abstraindo os sujeitos dos contextos sociais e políticos nos quais estão

inseridos; que deve combater o individualismo e partir dos motivos e necessidades que são

construídos na relação dos homens em sociedade/comunidade.

O campo de atuação da psicologia comunitária compreende questões psicossociais decorrentes da

vida comunitária e de desenvolvimento comunitário como, por exemplo: trabalho e renda, saúde,

1 A área institucional do curso de psicologia congrega 4 áreas específicas: comunitária, jurídica, escolar e organizacional. 2 Também participaram do processo os estagiários Moses Song e Joana Barbosa, sendo que ambos darão continuidade a proposta interventiva durante o primeiro semestre de 2007. 3 Com o objetivo de manter o sigilo e o respeito às pessoas e a instituição participante, eventualmente os nomes aqui referidos são fictícios e para efeito deste trabalho a instituição será designada como “instituição parceira”.

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educação, assistência social, ação política, ação cultural, urbanização, meio ambiente, turismo,

orçamento participativo e outros.

São características dessa área de atuação:

• Ênfase nas forças e capacidades dos atores e não nas fragilidades e deficiências;

• O intuito é o de promover trocas sociais e de que as pessoas transformem a sua própria

realidade;

• Está preocupada em estudar as relações de poder nos grupos;

• Ênfase no caráter participativo;

• A intervenção deve ajudar a promover a tomada de consciência, a aquisição de novos

conhecimentos, a ressignificação de sentimentos e a possibilidade de compreensão por

parte dos sujeitos de sua história pessoal e social;

• O método utilizado deve considerar o contexto tal como ele se apresenta, os

procedimentos e as técnicas trabalhadas na intervenção devem responder as necessidades

apresentadas pelo contexto.

1.2 ETAPAS DA INTERVENÇÃO

A atuação em campo foi desenvolvida em duas etapas: a primeira etapa teve como objetivo

conhecer a instituição, seus serviços e usuários, e a outra a de propor um trabalho grupal.

Inicialmente a atividade consistiu em conhecer a instituição e sua história, desenvolver

observação acerca das relações existentes, da rotina e do funcionamento das atividades

realizadas. Neste momento adotou-se a estratégia da observação participante valorizando a

interação, a troca e a inserção do estagiário com os envolvidos, considerando que na perspectiva

da intervenção de psicologia comunitária os sujeitos envolvidos compreendem todos os atores

que estão relacionados ao âmbito institucional (funcionários e conviventes4). Esta estratégia é

importante, pois permite que a proposta de intervenção seja construída a partir do conhecimento

da realidade institucional, entendendo-a enquanto uma totalidade em relação à história dos

participantes, da instituição, problemas, necessidades, queixas, forma de comunicação

estabelecida e cotidiano. Na medida em que o estagiário foi interagindo com a instituição

enquanto totalidade, foi possível identificar possíveis necessidades e demandas de intervenção.

4 É uma convenção na instituição tratar os usuários por “convivente”, e não usuário ou morador de rua.

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No segundo momento, foram definidos objetivos para o trabalho, discutido com a direção da

instituição e proposto um trabalho de grupo com os usuários do serviço.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 A INSTITUIÇÃO

2.1.1 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO

A instituição parceira desenvolve suas atividades com a população em situação de rua desde

fevereiro de 1990. Foi a primeira unidade de prestação de serviço à população em situação de rua

conveniada com a prefeitura de São Paulo. Está subordinada a uma entidade mantenedora que

administra outras instituições voltadas ao trabalho social com crianças em creche e abrigos.

Os recursos financeiros da instituição provêm do convênio com a Prefeitura do município de São

Paulo, gerido pela mantenedora, e de doações de pessoas físicas e jurídicas.

2.2 INSTALAÇÕES, ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E FORMAS DE ATENDIMENTO

As instalações estão localizadas sob as estruturas de um viaduto na região Leste da cidade. A

área construída de suas dependências é composta de: espaço de convivência, banheiro masculino

e feminino, cozinha, sala de marcenaria, duas salas de artesanato, escritório, sala dos

funcionários, biblioteca, sala de enfermagem, salas de assistência social, sala para bazar, sala de

cabeleireiro.

No organograma estão previstos os cargos de coordenador, auxiliar administrativo, assistente

social, agente comunitário, agente operacional, cozinheiro, auxiliar de cozinha e auxiliar de

serviços gerais. A equipe é composta de 14 funcionários e 60 voluntários. O horário de

funcionamento da instituição é das 8h às 16 h, de segunda a sábado.

2.2.1 Atendimento e Atividades realizadas

A Instituição atende de 400 a 450 adultos em situação de rua, de ambos os sexos, oferecendo os

seguintes serviços ou atividades:

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• Higiene pessoal (banho e lavagem de roupas);

• Alimentação;

• Assistência Social: o convivente que necessita de algum serviço é atendido pelos

assistentes sociais. Neste tipo de intervenção são realizados encaminhamentos para

regularização de documentos, aquisição de vagas em albergues e serviço de triagem para

as frentes de trabalho;

• Atividades sócio-educativas-culturais: existe uma pequena biblioteca que comporta cerca

de quinze pessoas. Há poucos volumes de livros disponíveis, e o catálogo é de

enciclopédias, dicionário e outros livros de conhecimentos gerais. Além da biblioteca são

realizadas atividades de teatro (feito pelos próprios usuários), jogos, música, cinema e

artesanato;

• Farmácia para primeiros socorros (realizado pela equipe de enfermeiros que são

estagiários de uma outra universidade parceira da instituição), e produtos fitoterápicos

cultivados na horta comunitária;

• Espaço cidadão: um projeto que ocorre uma hora antes do almoço na área de convivência.

Em um palco é montado o equipamento de som para o uso de microfone, e um agente

comunitário coordena um debate sobre temas de interesse dos conviventes.

3 INSERÇÃO DO ESTAGIÁRIO NA INSTITUIÇÃO

A inserção do estagiário na instituição se deu no mês de agosto de 2006, tendo sido realizada uma

visita por semana com duração média de três horas, perfazendo um total de 16 visitas5.

A implementação dessa área de estágio está em consonância com as colocações de Freitas (1998,

p. 1) que afirma que em relação à inserção do psicólogo em comunidades no Brasil, nestas

últimas décadas, nossa profissão tem sido chamada a ocupar novos espaços e a desenvolver

trabalhos e/ou atividades que até então eram poucos freqüentes.

A população alvo foi a dos moradores em situação de rua que usufruem dos serviços

disponibilizados pela instituição parceira.

5 Embora o estágio curricular compreenda dois períodos letivos, o estagiário cumpriu o primeiro período numa outra instituição. O estágio foi encerrado obedecendo às exigências do período letivo do semestre e respondendo os critérios de horas exigidos pela grade curricular do curso.

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Essa articulação entre o fazer e o pensar da psicologia, no sentido de poder colaborar com uma

dada situação crítica que envolve a realidade de vida da população dos moradores em situação de

rua está espelhada nas reflexões de Guirado (2004, p. 112):

“... uma concepção de Psicologia que deriva, sobretudo, das práticas clínicas e que pressupõe

a não separação entre sujeito e objeto do conhecimento psicológico. Ou seja, é-se ao mesmo

tempo sujeito e objeto do conhecimento sobre si mesmo e sobre as relações com os outros

homens com o mundo. O conhecimento não visa tanto o controle e a previsão, mas a

explicitação, a compreensão e o entendimento do vivido”.

No mesmo sentido dessa articulação Freitas (1998, p. 2) diz que:

... de um lado está o profissional com sua formação e os conhecimentos adquiridos, com os

instrumentais que aprendeu e adotou em seus trabalhos, sua visão sobre o mundo e o homem,

e de outro, encontra-se a comunidade, os setores da população, com sua dinâmica e

características próprias, inserida em um contexto sócio-político-geográfico e vivendo um

tempo histórico determinado.

Esta proposta busca ampliar o âmbito de intervenção da psicologia, compreendendo que a

subjetividade, ou seja, a forma de sentir, pensar e agir do homem no mundo, a forma como nos

relacionamos e nos expressamos frente a este mundo se constrói na relação do homem com a

sociedade, de acordo com as condições históricas e materiais de existência que atravessam a

realidade vivida por ele.

Nesse mesmo sentido os autores Freitas, 1996a; Martín-Baró, 1989; Monteiro, 1994 (apud

FREITAS,1998, p. 2) colocam que: ... “uma intervenção deve estar orientada pelo compromisso

de que o trabalho deve possibilitar mudanças das condições vividas cotidianamente pela

população, ao mesmo tempo em que esta é que estabelece os caminhos e aponta as suas

necessidades prementes”.

As observações realizadas na instituição parceira permitiram algumas problematizações

realizadas no decorrer das supervisões de estágio, que orientaram o trabalho posterior com

grupos. Um primeiro ponto a destacar diz respeito aos objetivos da instituição que, segundo

documento disponibilizado se propõe a "resgatar o sentimento de auto-estima, cidadania,

autonomia e emancipação social; promover o direito e a dignidade da pessoa humana, através da

convivência humanizadora e educativa fundada no acolhimento e cuidado, sendo espaço de

acolhida, referência para a população em situação de rua", (mm, s.n.).

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Porém, no decorrer das visitas a campo percebia-se uma relação dos conviventes com a

instituição bastante distante do que era proposto enquanto objetivo do trabalho institucional.

Como tratar questões como auto-estima, cidadania e autonomia a partir da observação do

cotidiano institucional, na medida em que se percebia uma relação com o serviço ou dos

conviventes entre si, de passividade e de indiferenciação? Algumas questões chamavam atenção,

dentre as quais:

• A maior freqüência dos conviventes era verificada nos momentos da utilização dos

serviços como higiene e alimentação;

• A forma como os conviventes se relacionavam no espaço, era um outro aspecto a ser

considerado, caracterizado com pouco ou nenhum contato entre si e com a equipe, sem

relação de intimidade e de aproximação apesar de muitos serem freqüentadores diários da

instituição;

• Um outro aspecto observado e reafirmado pela equipe estava relacionado a pouca

participação dos conviventes em oficinas e no projeto Espaço Cidadão, que ocorria no

momento das refeições no intuito de justamente envolvê-los.

Em relação aos objetivos da intervenção da psicologia comunitária, eles foram delineados a partir

da observação, dos contatos e conversas com os conviventes e das entrevistas feitas com os

profissionais da instituição. A partir da análise e reflexão desses dados, foi proposta uma

intervenção que viesse ao encontro das necessidades e expectativas da instituição, bem como das

de seus usuários. Nesse sentido, essa forma de atuação em conjunto, com os objetivos sendo

estabelecidos a posteriori, vem ao encontro dos pressupostos estabelecidos por Montero, 1994 &

Serrano-Garcia, 1992 (apud FREITAS, 1998, p. 4):

...os objetivos são determinados dentro de um processo decisório participativo, em que

tanto profissional como comunidade, e seus representantes, estabelecem relações

horizontais de discussão, análise e definição sobre as problemáticas a serem

consideradas e as possibilidades de resolução e/ou enfrentamento para as mesmas.

3.1 REFLEXÕES ACERCA DA INSTITUIÇÃO PARCEIRA E DA "INSTITUIÇÃO DE

MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA"

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A partir das reflexões que foram surgindo ao longo do processo, algumas questões se colocaram:

Uma indagação inicial buscava entender com qual ou quais instituições estávamos dialogando?

Outro questionamento era o de conhecer mais os sujeitos com os quais estávamos fazendo a

intervenção. Segundo Castoriadis (1986, apud NASCIUTTI, 2003, p. 103), a instituição se

relaciona a “tudo aquilo que no social se estabelece, aquilo que é reconhecido por todos como

fazendo parte de um amplo sistema social.... tudo aquilo que se tornou instituído, reconhecido

como tendo existência materializada na vida social é instituição”.

De acordo com esta definição podemos destacar que nessa experiência há uma dupla

complexidade que envolveu este campo de intervenção.

A primeira delas, diz respeito à própria instituição parceira, já reconhecidamente instituída, e a

outra com a instituição dos moradores em situação de rua, que vem se constituindo pelos

marginalizados e excluídos da sociedade. A partir dessa compreensão, esse trabalho trouxe a

possibilidade de atender a demanda da instituição parceira e, ao mesmo tempo, atender as

demandas desses usuários, instituídos como moradores em situação de rua.

Com relação à instituição parceira, podemos destacar duas características importantes: a primeira

está relacionada ao fato de pertencer ao Terceiro Setor, e outro aspecto é o fato desta ser gerida

por uma mantenedora vinculada a igreja católica.

As instituições do Terceiro Setor multiplicaram-se a partir da década de 90, em virtude das

transformações advindas do papel do Estado na sociedade. A sociedade civil passou a assumir

diferentes atividades do campo social em lugar dos serviços públicos, através do trabalho das

organizações não-governamentais. O chamado Terceiro Setor refere-se a um conceito utilizado

para designar um “tipo de associativismo que atua no nível do poder local e suas organizações se

definem com fins públicos sem fins lucrativos”, GOHN (2000, p. 59).

Para a autora, o Terceiro Setor apresenta muitas contradições:

...pois inclui tanto entidades progressistas como conservadoras. Abrange programas e

projetos sociais que objetivam tanto a emancipação dos setores populares e a

construção de uma sociedade mais justa, igualitária, com justiça social, como

programas meramente assistenciais, compensatório, estruturados segundo ações

estratégico-racionais, pautadas pela lógica do mercado, GOHN (2000, p. 60).

Um outro aspecto da instituição importante de ser destacado é a sua natureza religiosa. Desta

forma, nos interessava refletir e analisar em que medida estas questões estavam relacionadas e

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influenciavam o trabalho com os conviventes em situação de rua. Em relação às possibilidades de

trabalho da psicologia frente a essa realidade, nos interessava perguntar pelos objetivos da

instituição e como estavam, de fato, atingindo os sujeitos conviventes.

3.2 AS RELAÇÕES DE COMUNICAÇÃO ENTRE OS ENVOLVIDOS

Um dos aspectos relevantes utilizados para referenciar as observações no primeiro momento de

trabalho foi refletir acerca do processo de comunicação entre os envolvidos no cotidiano

institucional.

Como uma possível tentativa de minimizar a discriminação em relação aos usuários, estes são

chamados pela instituição de “CONVIVENTES”.

Observou-se que no processo de comunicação da instituição, as relações dos conviventes com os

técnicos e com a direção são feitas no canal mais formal, uma vez que eles ficam numa posição

de receptores dos serviços. Os conviventes que demandam por algum outro tipo de serviço ou

ajuda, além dos ofertados pela instituição, são cadastrados pelos seus nomes e histórico familiar

quando possível6. Mas a grande maioria passa desapercebida pela instituição, como seres

invisíveis, como se fosse possível reconhecer neles, somente, as necessidades de banho, de

lavagem de roupa, um prato de comida e, mesmo nessa relação, eles são considerados um

número, dentre os 450 que, diariamente costumam freqüentar a instituição, não são reconhecidos

nem tratados pelos respectivos nomes. São vistos e controlados como um grande contingente

humano de maneira indiscriminada e homogênea, já instituídos como: "moradores em situação de

rua"; não se levando em conta a individualidade, a história e as condições e motivos que levaram

cada um a se depararem em situação de rua.

Entre os técnicos existe uma comunicação informal, e quando surge algum conflito na relação

com os conviventes, alguém de fora da situação é acionado para ajudar contornar o problema e

tentar solucionar o conflito.

A comunicação dos técnicos com a direção é realizada num canal informal. Há uma participação

nas decisões e liberdade de atuação, dentro das respectivas alçadas de atuação de cada técnico ou

voluntário.

6 É realizado uma pesquisa/anamnese sobre a história de vida no sentido de possíveis encaminhamentos para albergues, cursos, vaga de emprego em frente de trabalho, etc.

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Já a comunicação da Instituição com a comunidade e ou instituições externas, às vezes não é

eficiente, possivelmente devido à sobrecarga de atividades a que seus dirigentes estão submetidos

e, com isso os retornos às solicitações externas (telefonemas e e-mails) não são efetivados,

deixando um vazio nesse processo de comunicação, o que pode comprometer as soluções e

negociações à distância.

Pela análise dos dados coletados através das observações e das entrevistas realizadas com os

profissionais, observamos que havia uma intenção de voltar a oferecer algum tipo de serviço

psicológico à população assistida; tendo em vista que há dois anos havia esse tipo de serviço,

feito voluntariamente por uma psicóloga, que o interrompeu por motivos particulares.

Evidenciou-se também que a vontade desses administradores está vinculada ao desejo de ampliar

os serviços ofertados7, pois também manifestaram interesse de implantar um serviço psicológico.

A partir dessa compreensão e da possibilidade da existência de demandantes para este serviço,

elaboramos um projeto com vistas à tais necessidades, e o submetemos a apreciação e aprovação

da instituição parceira.

Embora tenha havido interesse mútuo por parte dos parceiros, inicialmente havia uma

divergência quanto à compreensão dos objetivos. De um lado, parecia que a instituição era

tomada por um sentimento de cunho religioso, ao querer oferecer algum tipo de serviço

psicológico, ou seja, tenta com isso disponibilizar, conforme salienta Freitas (1998, P. 2) ... “um

trabalho de caridade e voltado para os mais desfavorecidos... implantar serviços e estratégias

psicológicas para que a população melhore, que minimizem seus problemas e sofrimentos”. Por

outro lado o estagiário propunha uma intervenção utilizando um enquadre teórico da psicologia

social proposto por Freitas (1996, p. 73) que privilegiasse o trabalho com grupos, colaborando

assim para a formação da consciência crítica e para construção de uma identidade social e

individual orientadas por preceitos eticamente humanos.

4 O GRUPO COMO CONTADORES DE HISTÓRIA – A ESTRATÉGIA DE UM

TRABALHO COLETIVO PARA EMERGIR O CONVIVENTE, A SUA VOZ E A SUA

HISTÓRIA

7 higienização pessoal; lavagem de roupa; almoço; distribuição de roupas; serviço de farmácia; assistência social; oficinas com atividades ocupacionais, culto religioso, serviços do AAA, biblioteca;

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A segunda parte do processo interventivo foi a realização de um grupo de discussão de temas

levantados ou sugeridos pelos conviventes. O sentido era o de estimulá-los a ter voz, e

exercitarem escutar a si mesmo e aos outros, mobilizando-os para reflexão acerca da sua história

de vida e da que estavam vivendo na instituição. O objetivo também era criar um espaço de

reflexão para que os conviventes não ficassem como meros receptores passivos diante dos

serviços oferecidos pela casa, visto que o ambiente revelava uma indiferenciação e um anonimato

muito grande entre os participantes.

Por quê a opção por grupo?

Dada às características da população atendidas optou-se por realizar grupos abertos, utilizando-se

dos pressupostos teóricos de oficinas que, de acordo ao que afirma Afonso (2006, p. 9): "O

caráter da oficina é de usar a informação e reflexão, mas se distingue de um projeto apenas

pedagógico, porque trabalha também os significados afetivos e as vivências relacionadas ao tema

a ser discutido".

O diálogo se deu a partir da escuta da cotidianidade e da subjetividade dos conviventes, e da

característica de exclusão social que os une: a sobrevivência em situação de rua.

Dentro de um trabalho institucional: o grupo é espaço, é meio para aprendizagem, para construir

estratégias de tornar aquilo que é vivido como individual em comum e, portanto, favorecer a

construção de uma identidade coletiva entre os conviventes. Segundo o autor Guareschi (1996, p.

85) ... “o que constitui um grupo é a existência, ou não de relações. No momento que estabelecer

qualquer “relação” entre pessoas, começa aí o grupo. Elas têm que ter algo “em comum”, e esse

“comum” é exatamente o que pode estar tanto numa como noutra”.

A partir das discussões, tanto durante as supervisões, nas reuniões com a instituição, estabeleceu-

se os seguintes critérios como plano de trabalho:

• Grupo de 10 a 15 participantes, a princípio seria um grupo aberto, mas se pensou em

participantes que tinham presença contínua na instituição.

• Objetivo: trabalhar com os conviventes os aspectos de auto-estima, regaste da memória do

trabalho e da história de vida, identidade e projeto de vida

• Dia da semana: 4ª feiras, às 13 h.

• Divulgação: realizada pela equipe técnica da instituição. Pensou-se em chamar pelo

menos cinco conviventes que já trabalham como bolsistas na própria casa. Além disso,

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pensou-se em convidar aqueles que de alguma forma mantêm uma presença mais

constante na casa.

• Tempo de duração: duas horas.

• Primeiro encontro: 20/09/06.

• Último encontro: 22/11/06.

• Nome do grupo: acertou-se que o nome da oficina seria sugerido pelos próprios

participantes, sendo este, a princípio, a tarefa inicial do grupo. Porém, durante a

supervisão sugeriu-se o nome: “Grupo de Conviventes - Contadores de Histórias”, o que

foi aceito pelos conviventes por, de alguma forma, espelhar a realidade deles.

Inicialmente observamos que alguns conviventes demonstravam resistência ao trabalho proposto.

Porém, na medida em que fomos realizando os grupos, essa resistência diminuiu e houve

engajamento de todos à proposta.

Pelos dados obtidos e pelos contatos feitos com alguns dos conviventes durante o período de

observação, alguns temas foram idealizados como balizadores a serem abordados como: história

da criação do nome e de vida, desemprego, busca de trabalho, projeto de vida e exclusão social.

Ficando estabelecido que, a partir do primeiro encontro já se indagaria aos participantes sobre

outros possíveis assuntos ou temas que tivessem interesse de trazer para a discussão.

Nesse sentido, os temas definidos a priori foram norteadores, mas podiam ser abandonados no

momento em que fossem trazidos outros do interesse dos participantes. Essa flexibilidade está de

acordo com os pressupostos de Afonso (2006, p. 9):

... um trabalho estruturado com grupos, independentemente do número de encontros, sendo

focalizados em torno de uma questão central que o grupo propõe a elaborar, em um contexto

social. A elaboração que se buscava na Oficina não se restringe a uma reflexão racional, mas

envolve os sujeitos de uma maneira integral, estimulando novas formas de pensar, sentir e

agir.

4.1 QUEM SÃO ESSES SUJEITOS? COMO SÃO RECONHECIDOS OU

DESCONHECIDOS?

Estamos referindo-nos ao morador em situação de rua, sujeito despossuído de quase tudo: da

moradia, família na sua grande maioria; emprego; sociedade, muitas vezes da dignidade de se

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sentir gente, mas vão nos falar pelas narrativas de suas histórias, que possuem a posse do estatuto

de ser humano, condição que os faz sonhar o bem querer, e o bem dizer de suas mazelas,

sofrimentos, dores da alma, esperanças, desejos, devires. O processo vivido com eles e por eles,

possibilitou um refletir no pensar, no dizer, no se ver no dizer do outro, no ser reconhecido e

tratado pelo próprio nome, no querer-querer o que o outro elaborou e sintetizou e fez sentido para

seu devir, no se perceber a si mesmo como o convivente L. compartilhou: "nós só conseguimos ir

em direção de nós mesmos", ou no se perceber solidário como o convivente W "o grupo tá dando

certo, em grupo confortamos uns aos outros, ou ainda no poder partilhar como o convivente V

"vir aqui é muito bom, eu posso desabafar, a pior coisa que tem é segurar o que magôa. Esse

lugar é o meu pedestal, a minha rocha, a minha fortaleza, aqui eu me espelho no espelho dos

outros".

4.2 SOBRE COMO FORAM ORGANIZADOS OS ENCONTROS

No primeiro encontro, após uma dinâmica de aquecimento, os participantes contaram a história

da criação de seus nomes. Observou-se uma mobilização e interesse por parte dos participantes

em compartilhar com os demais a história de seu nome.

Ciampa (1998, p. 131) afirma:

Um nome nos identifica e nós com ele nos identificamos". ..."Nosso nome como que se funde

em nós. Identificamo-nos com nosso nome."... "O nome é mais que um rótulo ou etiqueta:

serve como uma espécie de sinete ou chancela, que confirma e autentica nossa identidade.

4.2.1 A importância do nome

Já no primeiro encontro observou-se que o processo de comunicação entre os conviventes era

marcado por um distanciamento e impessoalidade, principalmente quando eles se dirigiam a um

outro participante. Nessa situação eles utilizavam-se de pronomes: eu, ele, irmão, companheiro.

Os nomes não eram conhecidos e é freqüente o uso de apelido que traduz características físicas

ou o estado de origem: baixinho, Paraíba, mineiro, negão.

Para o autor Paugam (2002, p. 69) esse anonimato é caracterizado pela própria situação de

exclusão, pois para ele:

Os pobres são obrigados a viver numa situação de isolamento, procurando dissimular a

inferioridade de seu status no meio em que vivem e mantendo relações distantes com todos os

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que se encontram na mesma situação. A humilhação os impede de aprofundar, desse modo,

qualquer sentimento de pertinência a uma classe social.

Visando estimulá-los a se tratarem pelos respectivos nomes, uma vez que já tinham

compartilhado as histórias de seus nomes, a partir do segundo encontro estabeleceu-se a atividade

em que cada um repetiria o nome de todos os demais, com isso todos ouviam a pronúncia de seus

nomes e também diziam o nome dos demais através do exercício de memorização, o que os

estimulou a gravarem os nomes na tentativa de evitar o esquecimento durante o processo de

repetição, quando chegasse sua vez.

Para Ciampa (1998, p. 132): "Está claro, que o nome não é a identidade; é a representação dela.

Posso representá-la de outras formas, além de usar nomes próprios". ..."Ao dar nome a alguém,

ao chamar alguém de uma maneira, torno esse alguém determinado."

Percebeu-se que a cada encontro todos se ocupavam com essa tarefa e, se esforçavam para, não

só repetirem durante a atividade, como também aos poucos se dirigir ao outro o tratando pelo

nome.

Nesse sentido Ciampa (1998, p. 132) fala sobre o processo de conscientização do nome:

“Se inicialmente, como vimos, apenas somos chamados, é à medida que vamos adquirindo

consciência de nós mesmos que começamos a nos chamar. Quando ainda não nos vemos

como objeto para nós mesmos - quando nossa consciência ainda não se desenvolveu - o nome

(ou qualquer predicação) permanece como algo exterior, começamos a adquirir consciência de

nós mesmos e começamos a nos chamar; podemos falar conosco, podemos refletir.”

4.2.2 O reconhecimento do nome do outro

Ao se trabalhar, entre os participantes, a importância de saber e tratar o outro pelo nome, reforçou

o sentido de pertencimento e do reconhecimento, e isso se evidencia na fala do convivente W: "A

gente vive em sociedade, somos batizados pelos nomes. O ser humano convive com outros por

dias, semanas e não sabe o nome. O normal das pessoas é se tratarem pelo nome, não é normal

nem legal não chamar pelo nome. Faz mal para a gente mesmo. O outro dia o "M2" chegou para

mim e me deu "bom dia" pelo nome e apertou minha mão. O "C" também esses dias me

cumprimentou pelo nome”.

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4.2.3 A identificação dos conviventes pela vivência da exclusão

Um dos temas sugeridos pelos próprios conviventes foi a questão da exclusão e, pelos relatos,

podemos perceber sua implicação na situação: "M 1" "A gente pede para usar o banheiro e não

deixam, eles têm preconceito". "E" "O albergue não é só para mendigos, é também para as

pessoas que estão fora da sociedade". "M" complementa: "Eu tenho levado tanto currículo e

ninguém me chama para nada. Sei que não é pela idade, tem muita gente aí mais velha que eu

trabalhando de porteiro. Deve ser por causa do endereço do albergue".

Nessa reflexão, eles puderam avaliar o processo de mobilização de cada um. Na fala de "A" e de

outros conviventes é possível observar que estes percebem que muitos conviventes não se

movem, ficam como alienados, pois não lutam pela melhora de suas condições de vida.

O convivente "W" observa que: "A casa recebe todo dia 400 pessoas, para melhorar as nossas

condições poucos estão interessados em ajudar. Se a gente trabalha em grupo só temos a ganhar.

Poucos se interessam em lutar, pois já têm muitos traumas". O convivente "M1" diz: "A gente

quer dignidade, respeito, não só comida". O convivente "M" relata que: "As pessoas tem que

estudar, eu, por exemplo, ando preguiçoso, fico só nessa vida de ir pro albergue, sair de lá, vim

aqui, comer...".

Os conviventes relataram que muitos moradores de rua acabam por enganar assistentes sociais

para conseguirem bilhete único, ou até mesmo que alguns "achacam" (termo utilizado para

situações onde um morador de rua inventa uma história para conseguir dinheiro) pessoas nas

ruas.

Quanto à violência, o convivente "A" sintetiza sua opinião: "A própria exclusão, estar fora da

sociedade, fora de um trabalho, isso é uma violência".

Durante os encontros vão aparecendo os questionamentos dos participantes quando à realidade do

seu cotidiano, de se sentirem invisíveis e excluídos. Por outro lado eles manifestam suas

intenções e desejos de encontrar um trabalho, abrir conta em banco, ter acesso à saúde, à

educação, ao lazer, uma vida digna. Isso aparece nos relatos de "W": “São pequenos detalhes em

um dia que nos faz sofrer menos, temos que ser gentis, dar um "bom dia”. Tem pessoas que estão

dispostas a compartilhar alegrias, mas tem também o cara que está carregado, aí ele desconta nos

outros... Eu passei a ter dificuldade em saber o nome das pessoas quando caí em situação de rua.

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Nas filas de albergue afloramos a nossa defesa, a agressividade vai muito da onde a vida leva a

gente”.

O convivente "L" relata: “Eu não concordo com este termo excluído. Existem muitos programas

que beneficiam a gente. Exclusão mesmo eu não tô vendo. Não somos excluídos, a gente tá aqui,

é nosso espaço. É claro que temos que ser obedientes. Eu não posso `cagar´ no meio da rua, a rua

é minha e é de todos, até de quem tem um carrão. Eu acho tão chata essa palavra `exclusão´. A

minha família é essa aqui, o povo de rua, tenho que tratá-los bem”. O convivente "F" relata:

"Excluído é o pessoal que é jogado. Eu tenho personalidade, enquanto estamos vivos há

esperança".

Já o convivente "Ff", há 12 anos em situação de rua, alcoolista e com problemas de saúde, faz sua

crítica:

“Eu não tenho mais paciência com albergue. Eu provei por `a´ mais `b´ que sou doente. Eu

poderia passar o dia no albergue. Funcionário de albergue é mal educado, cretino, não é

adequado. Eles apontam o dedo para você como quem diz: Você depende de mim. O cara não

tá preocupado comigo. O Serviço Social é uma droga, um lixo. Ninguém pode morar na rua,

por que a prefeitura passa e pega nossas coisas, eu já não agüento mais falar em reuniões, eu

já ouvi tantos nomes: Sem-teto, Sem-terra, Sem-Trabalho, Excluídos, mas fica entre

parênteses os sem-vergonhas, as pessoas que estão em albergues são citadas como números.

Eu tenho comida, bebida e não preciso me preocupar com um emprego.”

O depoimento acima é evidenciado nos achados da pesquisa de Paugam (2002, p. 79): "os

indivíduos que estão na rua há mais de 3 anos tendem a desconfiar das instituições sociais". Na

p.75 o mesmo autor ressalta que os problemas de saúde começam a surgir, com o passar do

tempo em situação de rua, e quando essas pessoas passam a depender, quase que exclusivamente,

dos serviços sociais há uma acentuada degradação da saúde.

Notou-se que a maior parte dos conviventes, diante desse sofrimento, e como forma de manterem

a esperança de um futuro melhor, alimentam uma fé na religião, na crença em Deus. Na fala do

convivente "E" é possível identificar essa crença: "O cair é do homem, o levantar é de Deus".

Com isso parecem esperar uma solução vinda de Deus, de um poder sobrenatural, um salvador

dos oprimidos que os ajudará nessa travessia da situação de exclusão.

Os conviventes compartilharam de que os programas e, principalmente as novelas, da televisão os

discriminam, pois só passam naquelas cujos personagens são bem sucedidos e ricos, não havendo

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espaço para os excluídos. Segundo eles, isto sim exclui essa parte da realidade brasileira,

levando-os a se perguntarem: onde está a parte excluída da sociedade brasileira? Os miseráveis?

Os sem-tetos? Os sem emprego?

Essa percepção parece estar de acordo às reflexões sobre dominação da autora Lane (2002, p. 62)

em que afirma: "... no contexto da sociedade capitalista a ideologia dominante tem força de

obscurecer as contradições sociais, justificando a opressão e a exploração de seres humanos como

naturais e necessárias, visando à manutenção das relações de poder".

Durante os debates e reflexões, notou-se que seus discursos também apontam para a necessidade

de se ter ambição, de lutar para se conquistar uma vida com melhores condições. Mas eles

também percebem que muitos moradores, por não terem de se preocupar em pagar pela

alimentação e moradia, acabam se familiarizando com tal situação e se acomodando, o que os

impede de buscarem a autonomia. Essa constatação fica evidente na fala do convivente "W": "Eu

percebo que a gente, ao ficar nessa situação de rua, a gente começa a ter o instinto da reclamação,

fica só nisso, nessa mesmice, a gente começa a se acostumar com essa idéia de que o governo

tem que dar as coisas, fazer tudo pela gente".

Pudemos constatar a importância da intervenção, que essa prática capacita os novos psicólogos, e

também os já formados há mais tempo, amplia o campo de atuação, e com isso se vai ao encontro

das necessidades das diversas comunidades carentes ou não, inseridas no contexto econômico-

político-social brasileiro, num mundo globalizado onde o enigma a ser decifrado pelas nações é

como participar dessa aldeia não submergindo a competitividade dos mercados.

4.2.4 Avaliação dos conviventes sobre a experiência do trabalho grupal

Como fechamento dessa intervenção transcreveremos alguns trechos das falas dos conviventes

proferidas no último encontro:

• "V": “...vir aqui é muito bom, eu posso desabafar, a pior coisa que tem é segurar o que

magôa. Esse lugar é o meu pedestal, a minha rocha, a minha fortaleza, aqui eu me espelho

no espelho dos outros.”

• "L": "...meu passado vai de quinze dias para cá. Minha vida mudou depois desse grupo.

Tenho que me preparar para ter um emprego, para um futuro, vou ouvir meus colegas.

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Daquela quarta que começamos o grupo para cá eu comecei a ver as coisas de uma

maneira diferente."

• "W": "temos inimigos em comum, temos a exclusão social, não olham nos nossos olhos.

O objetivo nosso é esse, o grupo está dando certo, em grupo confortamos uns aos outros.

Temos que continuar lutando. Eu que pensava que os meus problemas eram os maiores do

mundo, e ouvindo a narrativa de "V": vi que o sofrimento dele é muito grande, vi que

temos problemas parecidos, o dele é a questão da droga e do álcool. Aliás, das drogas em

geral, o meu é a fome e o desemprego, o meu fundo do poço foi a fome, o dele é a droga,

mas a gente tá aqui para confortar uns aos outros, um é útil para o outro, a gente vem da

exclusão social, todo mundo julga a gente sem conhecer a gente, aqui não é ‘olho no

olho’, vocês tão conhecendo a gente sem retoque. Então aqui todos têm sofrimento

parecido, aqui somamos, complementamos, completamos, a gente se ajuda, nós

merecemos um destino melhor, aqui nós melhoramos nossa auto-estima. Agora eu tenho

consciência que eu tenho que ir atrás das coisas que eu quero, eu quero mais que tomar

banho, um prato de comida, eu quero ser gente, acho que a pessoa já sofreu tanto que é

mais fácil marginalizar o outro, eu nunca tinha conseguido uma coisa dessa, que

conseguimos aqui, as outras vezes parecia, tipo em hospício - a gente falava e voltava

como eco, a mesma coisa, ninguém ouvia, aqui não, cada um que fala é ouvido, aqui a

gente sente alegria, respeito, solidariedade, ouvir a história do outro ajuda a gente a

refletir sobre a nossa vida".

• "A": ouvir a história de cada um, eu aprendo, porque eu sei que um pedaço da história

dele, encaixa na minha vida, então eu aprendo muito, isso me ajuda a refletir.

5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

De como o estagiário foi afetado pela experiência:

Enquanto estagiário também vivi o meu processo de transformação, e o "encontro" com o

conceito de Sawaia (2002, p. 104) sobre o sofrimento ético-político que, segundo a autora

“abrange as múltiplas afecções do corpo e da alma que mutilam a vida em diferentes formas”,

foi um marco, e me possibilitou refletir sobre um preconceito latente que não me permitia

aproximar da realidade dos moradores em situação de rua. De alguma forma, eu também

comungava do olhar cristalizado do senso-comum que os considera como preguiçosos,

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acomodados, aproveitadores, sujos, que não querem trabalhar, que gostam de beber, de pedir

esmolas, e que não entenderiam e tão pouco colaborariam com o trabalho a ser realizado. Mas

a partir dos primeiros contatos, esse sentimento preconceituoso foi dando lugar a uma relação

significativa, construída a partir do vínculo interativo pessoa a pessoa. Com isso, cada

encontro se tornava mais enriquecedor, estimulante e desafiador no sentido de perceber que

cada um dos participantes tinha algo para trocar, partilhar, além do que, a cada encontro, eu

também saía inundado e mobilizado pela densidade e profundidade dos relatos e pela

capacidade reflexiva deles.

A partir do terceiro encontro começou haver um comprometimento mútuo que foi crescendo

entre todos os envolvidos, eles de alguma forma por estarem compartilhando seus sofrimentos

e esperanças, e eu por estar apreendendo com a experiência deles. Ao mesmo tempo, ia

revivendo a minha própria história de migrante e ex-trabalhador rural, caminhada essa que se

entrecruzava com a história de boa parte deles, também migrantes, e que como todos eles, eu

também, já tinha vivenciado a perda de um trabalho fixo e duradouro, e estava recomeçando

com uma nova profissão: a de psicólogo. Ao término do trabalho foi possível perceber as

transformações ocorridas na história de vida de cada um nós; eles porque estavam com as

esperanças renovadas, de um emprego e/ou do reencontro com seus familiares, e eu por estar

terminando o estágio e concluindo o curso de psicologia8.

Verificamos que através dessa intervenção a instituição começou a ampliar os serviços prestados

aos usuários, criando um espaço que possibilita uma reflexão a partir de suas narrativas histórico-

pessoal, e com esse resgate histórico, responsabiliza e estimula os conviventes a desejarem uma

possível transformação de excluídos e invisíveis, a sujeitos que têm história e que querem viver, e

assim continuarem a escrever suas histórias vividas.

Nesse sentido, dois dos conviventes se mobilizaram para irem ao encontro de seus familiares,

principalmente dos filhos, mas esse desejo estava vinculado a terem uma certa quantia de

dinheiro para levar e também comprar presentes, mesmo sabendo que os familiares estavam em

boas condições de vida.

Em relação a esse aspecto, o autor Paugam (2002, p. 78) apresenta a seguinte constatação:

“O morador de rua recusa todo o tipo de contato com os membros de sua família, pois não se

considera capaz de corresponder às expectativas de seus parentes, preferindo isolar-se, a se

8 Quero agradecer a Joana e o Moses pela intensa convivência e interação que tivemos durante esse estágio. Sem o comprometimento, paciência, ponderação e participação deles dois esse trabalho não teria sido possível.

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humilhar, indo ao seu encontro para pedir ajuda. No momento em que sua situação melhora e

consegue retomar a confiança em si mesmos, eles reatam os laços com sua família.”

Constatamos que foi possível colocar em prática os paradigmas da Psicologia Comunitária, que

visam a levar o sujeito refletir sobre a sua subjetividade no contexto coletivo, com isso quebra a

expectativa, entendida pelo senso comum, de que a psicologia só se aplica no atendimento

individual, e amplia-se o atendimento de vários sujeitos coletiva e simultaneamente.

Além de analisar a história de vida de cada um, foi importante também observar os fatores sócio-

históricos, o quê levou essas pessoas a estarem na situação de rua.

Através dos discursos que foram surgindo durante os encontros foi possível compreender, um

pouco mais, o funcionamento desses sujeitos, suas personalidades e funcionamentos psíquicos

marcados pela rigidez e pelo comportamento preconceituoso pelo qual são tratados socialmente.

Percebeu-se que, à medida que os participantes iam relatando suas histórias, o como chegaram à

situação de rua, ia transparecendo o quanto o passado deles causa dor e sofrimento. Percebemos o

quão difícil era para eles entrarem em contato com as situações que os levaram às ruas.

Percebemos ainda que, a intervenção colocada em curso foi importante para a instituição e para

os conviventes que freqüentaram o grupo, por resgatar o sentimento de "ser único" de cada um.

Buscou-se resgatar a história de vida desses sujeitos, que são constantemente excluídos pela

sociedade capitalista e de consumo.

E como corolário transcrevemos as palavras do convivente “W”:

... mas a gente tá aqui para confortar uns aos outros, um é útil para o outro, a gente vem da exclusão

social, todo mundo julga a gente sem conhecer a gente, aqui não, é ‘olho no olho’, vocês tão

conhecendo a gente sem retoque. Então aqui todos têm sofrimento parecido, aqui somamos,

complementamos, completamos, a gente se ajuda, nós merecemos um destino melhor, aqui nós

melhoramos nossa auto-estima. Agora eu tenho consciência que eu tenho que ir atrás das coisas que eu

quero, eu quero mais que tomar banho, um prato de comida, eu quero ser gente, acho que a pessoa já

sofreu tanto que é mais fácil marginalizar o outro, eu nunca tinha conseguido uma coisa dessa, que

conseguimos aqui, as outras vezes parecia, tipo em hospício - a gente falava e voltava como eco, a

mesma coisa, ninguém ouvia, aqui não, cada um que fala é ouvido, aqui a gente sente alegria, respeito,

solidariedade, ouvir a história do outro ajuda a gente a refletir sobre a nossa vida.

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