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Hegemonias e emancipaes
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128
Raul Ornelas*
A AUTONOMIA COMO ELXODA RESISTNCIA ZAPATISTA
DO LEVANTE ARMADOAO NASCIMENTO DOS CARACOLES**
.. ., unhamos um territrio controlado efoi para organiz-lo que
te criaram os Muni-cipios Autnomos. 0 L7.LN tem muitas idias sobre
como um povo organizado e livre.
Oproblema cijuc no h um governo tjue obedea; h um governo mando
que naute escuta, que no terespeita, que pensa que os povos
indgenas no sabem pensar, que
quer nos tratar como ndiosps-de-chinelo, mas a histria j lha
respondeu edemonstrouque sabemos, sim. pensar, eque sabemos nos
organizar. Ainjustia eapobreza te fazem
pensar, produzir idias, tefazem pensar comofazdo, ainda que
ogoverno no te escute.Major Insurgente de Infantaria Moiss,
EZLN
Muitas foram as leituras suscitadas pela luta das comunidades
zapatistas deChiapas. As questes formuladas por este inovador
sujeito social propiciaramreaes que vo da desquaJificao apologia.
Eno foram poucos os analistase os atores polticos e sociais,
particularmente entre o que podemos chamarcomo a esquerda
comunista, que ofereceram concluses cticas a respeito daluta
zapatista.
* Pesquisador do Instituto de Pesquisas Econmicas da UNAM."
Agradeo a Francisco Pineda, Ana Esther Ccccfia, Rebeca Alfonso,
Adriana e Rebeca Ornelas, EvaRami eMarc Tomsin, que realizaram
comentrios ecrticas sumamente pertinentes que espero teracolhido
nesta verso do texto. Agradeo tambm acolaborao de Mayla Nemesio
edeRebeca Alfonso.A elas eeles meusincero agradecimento.
129
-
Hegemonias e emancipaes
Ao revisar tais anlises, constatamos que ex.stem importantes
deficinciasno conhecimento das propostas edas realidades que
constituem oessencial daluta zapatista. Neste trabalho nos propomos
aresgatar os aspectos que considramos mais importantes da construo
da autonomia entre as comunidadesrebeldes de Chiapas. De nosso
ponto de vista, aautonomia oprocesso queexplica afora eovigor da
luta que h vinte anos se desenvolve nos valesda Selva Lacandona eda
qual o Exrcito Zapatista de Liberao Nacional(EZLN) euma expresso
fundamental, ainda que no anica
Oobjetivo central do texto estabelecer as linhas gerais do
discurso edapratica zapatistas em torno da autonomia, abordando
duas questes- aevoluao da autonomia desde olevante zapatista at
onascimento dos (aracolcs earelaao entre autonomia epoder. Sobre
esta base esboamos algumas concluses preliminares arespeito do
desenvolvimento do projeto autonmico dascomunidades zapatistas.
Nossa reflexo inscreve-se no estudo da obra construtiva das
revoluesem partcula, das revolues camponesas. En.bora no texto
apenas faamosagumas breves menes de outras experincias histricas,
nosso trabalho foialimentado pela reviso das lutas dos camponeses
ucnmianos (1918-1921) edos camponeses aragoneses ecatales
(1936-1939), cujas tentativas de construo da amogesto e do
autogoverno tm importantes similitudes com ,experincia
zapatista.
Diante dos avanos da autonomia, os quais significam nove anos
deautogoverno e a criao dos Caracoles, consideramos que no basta
nosaprofundarmos nos intensos debates suscitados n domnio da teoria
po-l.nca, sendo fundamental adentrarmos na anlise da prtica
concreta dascomunidades zapatistas, em resistncia desde 1994. O
aniversrio "20 e10 do EZLN um motivo a mais para esta tentativa'.
Cabe mencionarque este trabalho uma primeira aproximao ao tema,
motivo pelo qualacentuamos os aspectos construtivos da experincia
autonmica; os limitesecontradies deste processo so apenas esboados,
eseu estudo detalhadoe objeto de uma pesquisa em curso.
OS CAMINHOS DA AUTONOMIA
Aps olevante armado de 1 de janeiro de 1994 edos doze dias de
guerraaberta, os zapatistas empreenderam iniciativas direcionadas
atecer redes de re-
1Em 17 de novembro de 1983 fundado oEZLN, ede, anos depo.s, em
1= de janeiro de 1994, elese levanta em armas. Olivro de Glria
Muno, (2003) oferece informao de primeira mo sobre aconstruo e a
evoluo do EZLN.
130
Raul Ornelas
Desde pne.ro de 1994 at onascimento dos Caracoles em acosto de
20fH
Embora as exprincia, dl autogowl t BaMmMa
-
Hegemonias e emancipaes
Quadro 1Municpios Autnomos Rebeldes Zapatistas (dezembro de
1994)
MAREZ Municpio Oficial1. Libertad de los PueblosMayas Ocosingo2.
San Pedro de Michoacn Las Matgaritas3. Tierta y Libertad Las
Matgaritas, Independncia yTrinitaria4. 17 de Noviembre Altamirano y
Chanal5. Miguel Hidalgo y Costilla Las Matgaritas yComitn de
Dominguez6. Ernesto Che Guevata Ocosingo7. 1 de Enero Ocosingo8.
Cabanas Oxchuc y Huixtan9. Maya Ocosingo10. Francisco Gmez
Ocosingo11. FloresMagn Ocosingo12 San Manuel Ocosingo13 San
Salvadot Ocosingo14. Huichapan Huichapan15. Simojovel Simojovel16
Sabanilla Sabanilla
17. Vicente Guetrero Palenque18 Trahajo Palenque y Chiln19.
Francisco Villa Salto dei gua20. Independncia Tila y Salto
deigua21. Benito Jurez Tila,Yajaln yTumbal22 La Paz Tumbaly Chiln23
Jos Maria Motelos y Pavn Ocosingo24. San Andrs Sakamchn de los
Pobtes San Andrs Larrinzar25. San Juan de Ia Libertad El Bosque26
San Pedro Chenalh Chenalh y Mitontic27. Santa Catarina Pantelhy
Sital28. Bochil Bochil
29. Zinacantn Zinacantn
30. Magdalenade La Paz Chenalh
Fonte: EZLN (1994-2004: 179-182) Tomo 2.
132
OAXACA
Raiji Oknelas
Mapa 1
Municpios e territrios rebeldes zapatistasjk^\ tabasco
GtS-:-\
3-^
-w. r c_. ? k A fci^ Vai
, , c r y7.
/ f>-^>' ^ras man n
145
ricardo.padulaRealce
-
Hegemonias e emancipaes
comrcio; a informao eacultura; o trnsito local" continuaro
sendopetncia dos municpios rebeldes.
Quadro 4Objetivos, tarefas e primeiras medidas
das Juntas de Bom Governo (agosto, 2003)
com-
Tentar neutralizar odesequilbrio no desenvolvimento dosmunicpios
autnomos e das comunidades.
Mediar os conflitos entre municpios autnomos.governamentais
e entre municpios autnomos e municpios
Pincn T'7f 'JenU"CiaK Cmra S Conselhos Autnomos por violaes dos
direitos humanos ptote^oT:sscEssrverac,dade'ordenar aos conse,hos
Au,nomos a^ d=s
-Vigiar arealizao de projetos etarefas comunitrias nos Municpios
Autnomos Rebeldes Zaoatis;;77:: ' " '
:!lque^mC-^^-t-P-eformas,abe,ecidos:m^S "H;77 '' '" :"mWer apmo
a"ro'c,os comunitrios nos Municpios Autnomos Rebeldes
pmsfiSSSl**""""' 3COrd Cm 3S em nos Munic-nmJ '^6"^,0 9Ua"
SCeda
-
Hegemonias e emancipaes
o da privatizao do setor energtico mexicano c da reivindicao de
urnareorientao da poltica social.
E muito importante assinalar que tudo o que foi dito antes no
significaque o desenvolvimento da autonomia esteja livte de limites
ou contradies.Quisemos, num primeiro momento, descrever as formas
que o processo autonomico tomou no perodo 1994-2003, mas, como os
prprios zapatistas afirmam, a construo do "mundo onde caibam muitos
mundos" um processoincipiente, marcado por grandes dificuldades e
obstculos. Uma das principais limitaes foram as presses e agresses
dos governos local c federal, acontinuidade das polticas
contra-insurgentes (apesar de, em 2000. o PR! u-rperdido o governo
de Chiapas), assim cimo os encontros e desencontros comas
organizaes sociais e polticas; isto constituiu fones freios ao
desenvolvimento da autonomia.
A guerra contra as comunidades em resistncia destruiu em inmeras
ocasies o que tanto custou construir; porm, a.s autonomias
chiapanecas mustraram uma tenacidade sem paralelo na histria
recente do Mxico, lemoscomo exemplos a construo de vinco
Aguascalteiues (Oventik, l.a Realidad,I.a Garrucha, Roberto Harrios
c Mordia) como resposta ocupao milhai ..destruio do primeiro
Aguascalicmcs. ode Cuadalupe Tepevac; ou arectlpcrao do Palcio tio
Governo de San Andrs, aps unia tentativa dos prisiasde se apoderar
desse lugar altamente simblico pata aluta zapatista; e
inclusiveonde as ameaas de represso obrigam , mobilidade
permanente, como in>municpio rebelde Ricardo Flores Magn, as
autoridades autnomas cominuam realizando suas tarefas e construindo
.1 autonomia.
A relao tio EZLN tom as foras polticas (em particular com o
Partidoda Revoluo Democrtica, PRI), formao sociat-democrtica que
governa acapital do pas) ecom as organizaes sociais tambm teve
impacto na construo da autonomia. Enquanto a.s estratgias
zapatistas concentraram-se naconsttuo de uma sada poltica para ,1
guerra, grande parte da energia dascomunidades foi dedicada a
tarefas no relacionadas diretamente com a vidainterna:
desenvolveram-se repetidas tentativas de criar instncias de dilogo
ede luta unitrias em escala nacional, as quais no conseguiram
avanar alemde seus primeiros passos. Por isso, a partir de
1997-1998 a consolidao dasautonomias situa-se no centro da
resistncia zapatista, e o dilogo para foratem as "sociedades civis"
como interlocutor prioritrio.
Podemos resumir esta apresentao dos aspectos que
consideramosessenciais do processo autonomico entre as comunidades
zapatistas deChiapas dizendo que a importncia da autonomia radica
em ser o complemento do pensamento zapatista, cujo carter inovador
tem dificultadosua compteenso. Com efeito, os questionamentos mais
freqentes luta
148
Rai Orni:laszapatista enfocam a necessidade A lesdo poder,
comide^oT ^ '^ " m^f^Diante desse ceticismo constatam ^ "P"' ^
"irr^veis".- bases para esse Cr omdo 7 ' T* Cda Planamente-ura
adominao est en^^damTn ^ ^^ A,Udos autogovernos. Odesenvolvimemol^
1!"^" '""^ ^ COnstruopostas zapanstas no so idia Cf ^ nmias most"
que as pro--udado; so propostas I" ' T"^ *^^ *t'ongos. mas c,a
realiza Z^Z^T ^ T* " *"*"* das comumdades em resist a ? ""' "* "**
C,u" ^
Autonomia 1. poder
7?:77;::::*. ., .,... poder. ' " S d,,eraas '
-
Hegemonias e emancipaes
Desde o incio da rebelio, estabelece-se claramente aindependncia
entre as funes de governo, concebidas como um assunto que concerne
emprimeiro lugar s comunidades, ealuta poltica earmada qual se
entregao EZLN. Este um aspecto crucial que a luta zapatista
compartilha comasrevolues camponesas do sculo XX: tanto na Ucrnia
como em Arago ena Catalunha, os exrcitos insurgentes deixaram nas
mos dos civis aconstruo dos autogovernos'\ Aesse respeito,
esclarecedora a proclamaoque acompanhava a entrada do exrcito
makhnovista nos povoados e cidades da Ucrnia:
Atodos os trabalhadores da cidade ede seus arredores:
Trabalhadores! Vn . dadc ocupada, momentaneamente, pelo Exrcito
insurrecional revolucionario \matnovista). Este exrcito no esta a
servio de nenhum partido poltico, de nenhumpoder, de nenhuma
ditadura. Pelo contrrio, busca libertara regio de todo
podeipoltico, de toda ditadura. Trata de proteger a liberdade de
ao, a rida livr, .,-.trabalhadores contra ioda dominao e explorao.
Portanto, o exrcito makhmivista no representa nenhuma autoridade.
No submeter ningum .1 nenhumaobrigao. Seu papel se limita adefender
.1 liberdade dos trabalhadores,.. ( abea-,>camponeses e aos
trabalhadores atuar, organizar-se, entrar em acordo cm todos
o>domnios de sua vida, tal como eles os concebem ccomo
desejem... ()s makhnu-visias so podem ajud-los, oferecendo-lhes
opinies ou consel/w, colo, ando suadisposio a.s toras intelectuais,
militares ou outras de que necessitem. M.ls n.-,podem nem querem,
em nenhum caso. govern-los:ouprescrever lhes nada iV,,i .,.1969:
598-599).
Nos trs casos, as comunidades camponesas possuem prticas c
tradies .111togesiadas ancestrais, que constituem uma base frtil
para a construo degovernos prprios. Alm destas semelhanas, tambm
interessante destacaique nas experincias de Arago, Catalunha e
Ucrnia influram fortemente asorganizaes anarquistas, implantadas
anteriormente aos momentos revolucionrios; estas organizaes
realizaram uma intensa tarefa educativa concentrada em estabelecer
que o autogoverno era a nica soluo para a situaode misria eopresso,
assim como em marcar os limites dos regimes polticosimperantes (o
czarismo, a monarquia, as repblicas). Por seu lado, a consttu-o do
EZLN est marcada em seus incios pela presena de uma
organizaomarxista-leninista com um projeto de carter
poltico-militar (luta armada, atomada do poder), o qual foi
transformado radicalmente na intetao com ospovos indgenas.
15A respeito da experincia na Ucrnia ver Archinof(1975: 161-170)
e Makhno (1970: 187-194): csobre Arago e Catalunha, Levai (1971)
eCarrasquer (1985).
150
Raul Ornelas
oregime poltico" condeno ematerial ar
'7z:7l7z"?' ""-Irque' p""' -*i*^pane das nHt """o'?'8"
"dla,"""'>
-
Hegemonias e emancipaes
alternativas (estatizao, partido nico, organizaes sociais
corporativiza-das, coexistncia pacfica) nunca romperam com os
limites da sociedadebaseada na competio1.
A multiplicao do sujeito da transformao social (que aqui
restringimosao extremo ao falar do "bom governo", dos rebeldes e
das "sociedades civis"), a alternativa que os zapatistasopem aos
mecanismos de poder que caracterizam o sistema capitalista18.
lano para a sociedade capitalista como para o paradigma
"lenrnsta" darevoluo, o F.stado, o partido, a "conscincia
nacional", etc, so os meiosinevitveis para conduzir a sociedade
para a transformao social. O caracterstico desta consmio de sentido
que se realiza mediante "especializaes1que rompem a unidade tia
vida social, criando papis que se reproduzem asi mesmos: os
polticos, os empresrios, os trabalhadores, os burocratas,
osintelectuais, etcetera1'.
Os /.apatistas, em compensao, buscam mediaes para uma
reconstruodo social com base em novas relaes. Partindo do que
chamam "uma nova
; \ --*.. respeito, a c\perh*iii o do perodo ps-revolucionrio
n.i Rssia muito interessante. Podemos mencionai que ,i adoo tl.iv
formas capitalistas de organizar > trabalho (os "soviets mais a
eletri-lii .i>,.i" i " >' tj.itn\isiiHi, par.f na... I.il.n
(.i colciivizao forada) constituram experincias frustradasi'
stlpo.n ao io ! ,i jui.il i.mu (1 p< i.vtmouo de !rotski e
e\rionaniOiR" instrutivo neste Ter rolo. pois
.onstnu! iinu it.tr; irni.tnva,s mais desenvolvidas de
"organizar" a transformao social. Alm disso.lioiski fevt- utn
p>ipel ..enii-il n.i pmiita.io do pais' {enremamenio da reao e
d.cs invases, es-n;.iL',aiiHnio d.i ala iMiik.il il.i revoluo) e
nas primeiras orientaes tia economia aps o munfo do; irrdn hnli
hevnjueou outubro de TM 7 ( >miu\a "profetaarmado"afirmou em
vrias oportunidadesque o -... Lilivmo s .-Mi.01,1 o ...ipiulisino
quando conseguisse super-loem seu rerreno. o bem-estardas in.is
..is Ns . ,ui,tipo, Podc
-
Hegemoniase emancipaes
Autonomia e revoluo
Alem de oferecer uma postura inovadora diante do poder, a
autonomiaconstruda pelas comunidades zapatistas contm dois
argumentos centraisno domnio da luta revolucionria: "a revoluo que
torne possvel aRe.voluo", eono lutar pela tomada do poder. Do mesmo
modo, aconstruo dos autogovernos sustenta a proposta emancipadora
contida no"mandar obedecendo".
Enquanto as esquerdas tradicionais estabeleciam uma perspectiva
de trans-go prazo, a luta zapa-formao (gradual ou revolucionria)
dasociedade a loi
tisia prope unia tarefa especfica para o EZLN:trs indicaes que
contm toda uma concepo sobre a revoluo (com minsculas, para evitar
polmicas com mltiplas vanguardas esalvaguardas da
"RFVOLUO"):Aprimeira refere-se ao carter da mudana revolucionria,
desta mudana revolucionria, irata-se de um carter que incorpora
mtodos diferentes, frentes diversas, formas variadas edistintos
graus de compromisso eparticipao. Uni sitmi ..que todos os mtodos
tm seu lugar, que todas as frentes de luta so neccssnas.eque todos
os graus de participao so importantes. Trata-se, portanto, de
uniaconcepo includente, antivaguardista ecoletiva O problema da
revoluo (aun.io com as minsculas), deixa de ser um problema DA
organizao, DO meto,].,eIX) caudilho (ateno com a.s maisculas),
econverte-se num problema que d,/respeito a todos os que vem essa
revoluo como necessria epossvel, eem ctij.!realizao todos so
importantes.Asegunda refere-se ao objetivo e ao resultado dessa
revoluo. No se trata d.iconquista do Poder ou da implantao (por
vias pacficas ou violentas) de umnovo sistema social, mas de algo
anterior a ambas. Trata-se de conseguir construir a ante-sala do
mundo novo, um espao onde, com igualdade de direitos eobrigaes, as
diferentes foras polticas "disputem entre si" oapoio da maioriada
sociedade.A terceira trata das caractersticas no j da revoluo, mas
de seu resultado. Oespao resultante, as novas relaes polticas,
devero cumprir trs condies: .1democracia, a liberdade e a
justia.
. Em suma, no estamos propondo uma revoluo ortodoxa, mas algo
muito mais| difcil: uma revoluo que torne possvel aRevoluo
(Subcomandante Insurgente. Marcos, 1995).
Sem nunca perder de vista que foi "adotado" inicialmente pelas
comunidades como um grupo de autodefesa, o EZLN teve a viso para se
colocar inserido nas relaes de poder ("somos parte do velho mundo",
dizem)e, nessa medida, conceber-se como um ator limitado em seus
alcances ena temporalidade de sua existncia. A riqueza da
experincia zapatista est
154
I
-
Hrcf.monias f. emancipaes
grupo de regies), o EZLN viu que, de forma natural, aqueles que
no cumpriam com os trabalhos eram substitudos por outros. Embora
aqui, comose tratava de uma organizao poltico-militar, o comando
tomava a decisofinal. Com isto quero dizer que a estrutura militar
do EZLN "contaminava'de alguma forma uma tradio de democracia e
autogoverno. O EZLN era,pot assim dizer, um dos elementos
"antidemocrticos" numa relao de democracia direta comunitria...
(Subcomandante Insurgente Marcos, 2003:5a parte).
Assim, aprogressiva independncia do EZLN com respeito s tarefas
de governo busca tambm reduzir as influncias prejudiciais que
derivam das relaesde poder no interior da prpria organizao armada,
embora isto se realize deforma gradual: atualmente o ('omite
Clandestino Revolucionrio Indgenadireo do EZLN, mamem ainda tuna
prerrogativa de "vigilncia sobre as[tintas de Bom Governo. Por
isso, a perspectiva colocada para o EZLN a
I , autodissoluo: "Ns decidimos uni belo dia nos tornai soldados
para que uni>) dia no sejam necessrios os soldados .
Estabelecer-se a si mesmo como parte e apenas uma pane- da
translormaco social o que explica a postura do L/.l N de no buscai
< pode:, vo horizonte e o "mundo onde caibam muitos mundos . nao
possvel queum nico ator -nem um pequeno nmero de atores- encarne o
conjunto datransformas.io social. Os desenlaces trgicos das
experincias revolucionriasaumentam a pertinncia A.i necessidade de
que os "rebeldes' se mantenhamem seu papel de contrapeso do
poder
Aconstruo dos amogovei nos e as reiteradas tentativas para
alcanaiuma itiiet locuo respeitosa e frutfera som os poderes
federais desmentem as interpretaes superficiais que convertem a
postura de nao tomaro poder em uma absurda negao do poder e de suas
expresses estatais.Com eleito, a luta zapatista tem sido conseqente
em manter uma total
>? Durante a Marcha da Cor da Terra, em 2001, talvez o
momento de maior protagonismo poliuso nacional da luta zapatista,
oSubcomaiidanu- Insurgente Maros Imm i posio dos
r.ap.H>f.i*enquanto rebeldes sociais: "Nos nos colocamos mais
somo um rebelde que quer mudanas '> ivIsto, a definio de
revolucionrio clssico no seaplicaa ns. No contexto onde surgimos,
nascomunidades indgenas, no existia essa expectativa. Porque o
sujeito coletivo tambm o noprocesso revolucionrio, e c ele que
estipula aspautas... O revolucionrio tende a se converter emum
poltico eo rebelde social no deixa de ser um rebelde social. No
momento cm que Marcosou o zapatismo se converterem num projeto
revolucionrio, isto , em algo que se torne um atorpoltico dentro
daclasse poltica, o zapatismo ir fracassar como proposta
alternativa... um revolucionrio se prope fundamentalmente a
transformar as coisas a partir de cima, no de baixo,ao contrrio do
rebelde social. O revolucionrio prope: Vamos fazer um movimento,
tomo npoder c a partir de- cima transformo as coisas. Eo rebelde
social, no. O rebelde social organizaas massas eapartir de baixo
vai transformando, sem ter que se colocar aquesto da tomada
dopoder" (Scherer, 2001).
156
Rai Ornelas
independncia com respeito ao regime poltico mexicano, mas
realizoudtversas tentativas para obter acordos que beneficiem as
comunidades emresistncia. Longe de dar as costas para as realidades
do poder, os zapatistas apoiaram uma candidatura presidencial (a de
Cuahutmoc Crdenasem U;4), ade Um candidato agovernador sem partido
(Amado Aven-dano, em .995), dialogaram com os representantes do
Poder Executivo(especialmente em an Andts, em 1996) ecom
oParlamento (2001)sempre mostrando disposio para alcanar acordos
esadas pacficasguerra declarada em 1994. Tudo isso no impediu que
aconstruo das- avance, nem implicou que o EZLN se integre ao
sistemapoltico imperante. h
Autonomia e bom governo
Amultiplicao dos sujeitos da transformao social implica, por
l-nmo, as relaes entre representantes ecomunidades, as instncias
da,a,a,nV PP
-
1IliCEMONIAS li EMANCIPAESNesse contexto, os representantes esto
investidos de autoridade en
quanto contam com uma deciso discutida e adotada diretamente
porsuas comunidades". Esta autoridade tem como contrapesos a
vigilncia) Ipermanente dos membros da comunidade, ano-remunerao
eocarterj I revogavel do cargo.
,/ | A^ssim, o"mandar obedecendo" aresposta zapatista que busca
superar| a profissionalizao da poltica, que, no demais repetir,
desembocou risternaticamente na separao entre governantes e
governados, e na perda desentido das formas de governo.
Dez anos de resistncia cde construo de autogovernos significam
uniacontribuio para aidia de que as hierarquias estatais nao so
ani, anem ,melhor manetra de relacionamento na arena publica. As
autonomias cnfrentaram com xito os obstculos que aguerra
eacontra-insurgncia colocarampara aextenso eodesenvolvimento da
luta zapatista. Embora as realizaesmatenais -e seus alcances-
tenham sido modestas, oessencial desta experienaa autonmica que
permitiu s comunidades resistir c fortaleceu-as emtodos os
mbitos.
Com relao aos atores polticos esoc.a.s do Mx.co. atualmente ,
lu, ,zapatista constitui um pomo de referncia muito importante.
AexperinC,a autonmi ^ '-- centativas de desenvolve, uma nova
cultura 0|tk ,mtroduz.iram elementos inovadores para as lutas
sociais do pas 1'el-, ,-;'meua vez desde a Revoluo de 1910
configuram-se atores cuja perspe,va nao ganhar postos polticos, mas
criar novas relaes sociais Domesmo modo, ochamado para construi, as
autonomias em todo opas ,a formulao da autogesto como alternativa
frente auma gesto estatalcompletamente ineficiente constituem
avanos substanciais nos meios enas orientaes da mudana social. Na
conjuntura atual, afora organizada do h/.LN e sua interlocuo com
amplos setores socia.s so elementosque podem coadjuvar na construo
de redes de resistncia e de aesunitrias com as foras que se
mobilizam contra a"ltima onda de privatizaes . 1, nessa direo que
parecem se encaminhar as estratgias lanadaspelos zapatistas em
agosto de 2003.
Amaneira como os zapatistas abordam o poder explica a
amplitudedas sohdanedades que sua luta suscitou, as quais tm sido
determinantespata resistir aquase dez anos de guerra contra si.
Eigualmente importantee que as postutas zapatistas frente aos
dilemas do podet impulsionaram o
23 Talvez omelhor exemplo seja aDeclarao de Guerra contra
ogoverno mexicano, discutida, adotada eassinada por dezenas de
milhares de indgenas zapatistas, cuja concretizao foi aentrega
docomando ao Comtre Clandestino Revolucionrio Indgena,
encarregando-o da conduo da guerra.
158
R*l Ornelas
sstzs^rr^7 iod -do ew- aeaum exrcito popula fo um fT ^^ ^^ ^a do
levanre zapatta. Co tudo I .TT d ^^ mPac
-
Hegemonias e emancipaes
Algumas perguntas sobre a autonomia
As caractersticas da maneira zapatista de lutar nos colocam
diante de umasrie de perguntas e de esboos de respostas. Para
tetminar este trabalho,colocaremos quatro questes ligadas construo
da autonomia.
Em primeiro lugar, podemos perguntar sobre os cenrios possveis
parao desenvolvimento da autonomia. Atualmente, este processo
enfrenta novosdesafios. A partit do momento em que se constitui,
junto com outras instncias da vida social, uma instncia de governo
regional, as comunidades emresistncia entram numa dialtica
complexa.
Por um lado, produz-se um avano radicai enquanto o autogoverno
continua .1111.nulo no sentido de dissolver as relaes de dominao
que pesarams"bn as comunidades desde muito tempo atrs: tanto o
caciquismo eo papeldos parados polticos como a sujeio econmica e a
marginalizao socialretrocedem diante do impulso das autonomias.
Assim, o controle e a autodeterminao sobre os aspectos essenciais
da vida social, como o so a terra e.portanto, a alimentao, a sade,
a educao ea cultura, ampliam e fortalecem:is capacidades da
resistncia.
1''' outro lado, dcseneadea-se um processo de institucionalizao
quepode, sob cenas condies, levar ao fracasso a experincia
autonmica, deten-do os processos de emancipao. Nisso desempenha um
papel decisivo a poli-ma deconira-iusurgncia dos governos federal e
local, c por certo a vigilnciae as presses pie os grandes poderes
mundiais exercem contra as comunidadesem resistncia. As presses
cotidianas de uma guerra declarada c que se trav.iem todos os
terrenos pode lazer surgir tendncias autoritrias nos
governosautnomos, que comeariam dessa maneira a se desligar da
vigilncia das comunidades e a impor sua autoridade.
Mas esta ameaa que nasce do enfrentamento direto com o poder no
anica. Ao escalar os nveis de governo, cria-se a possibilidade das
separaes.
Seguindo o raciocnio zapatista, podemos dizer que as juntas
provaroque so de "bom governo" nos fatos, enquanto os homens e as
mulheres queparticipam da experincia autonmica (representantes e
comunidades) foremcapazes de aplicar e desenvolver os mtodos que at
agora tm permitido a resistncia. Do mesmo modo, ser na prpria
experincia que a tutela do EZLNsobre as Juntas de Bom Governo
tender a desaparecer ouase acentuar, fortalecendo ou desvirtuando
essas instncias das autonomias.
Igualmente importante earriscada a representao de "rgo de
governo"que as juntas tm ftente s comunidades no-zapatistas com as
quais dividemo tetrittio. Apartit deagora, haver um enfrentamento
cotidiano no qual ospoderes locais e governamentais tentato
confrontar as instncias autnomas
160
Raul Ornelas .
de modo que estas "reprimam" membros dessas comunidades.
Confrontaodiante da qual estaro aprova os mtodos consensuais
eacapacidade de ,,-,st ncia emobdrzaco dos zapatistas.
Oreconhecimento nas realizaes Ljuntas de Bom Governo por parte das
comunidades no-zapatistas ser mu toimportante enquanto aConstituio
no incorporar os direitos indgenasem especial, as autonomias24.
"'g
-
Hegemonias e emancipaes
so enormes no contexto das sociedades altamente estratificadas
ondediviso do trabalho, as especializaes, as separaes ea
individiialwJ-"vem ha sculos se produzindo e deixando sua marca
sobre indivduocoletivos. i e
Uma primeira questo que se pode avanar neste terreno ade
reconheas dificuldades enfrentadas pela construo de espaos autnomos
nas grandescidades. Tomando como referncia aexperincia zapatista,
podemos dizer qessas dificuldades referem-se principalmente adois
fatores: otipo de comunidades que existem nas cidades e, derivado
disso, a"incapacidade" aparente drecuperar as bases imediatas da
reproduo social.
Como resultado caracterstico do capitalismo, grande parte dos
agr,,pamentos nas cidades se constituem em torno de um sentido
externo-em vez de serem oespao da livre determinao de seus
integrantes estaspseudocomunidades respondem aos diferentes modos
de organizao social capitalista, especialmente no que tange
organizao da passividade Ioconsumismo, os espetculos) e s
instituies sociais (comunidades .-,,miais, religiosas, educativas).
Todas estas comunidades "ficr ias"-' u*)npartilham uma estrutura
fortemente hterarquizada, onde os mecanismo,de deciso esto em umas
poucas mos (geralmente alheias comunidadeem questo, como no caso
dos espetculos) e onde o dilogo autnticoest ausente.
Pensamos que aconstruo de comunidades entre os habitantes das
ciei ides ter formas mltiplas: algumas nascero somente na presena
de rupturas sociais (pensamos nos trabalhadores industriais),
outras se,ao' produiod,uma maturao lenta em um meio desorganizado
(por exemplo, os bairrosque no Mxico mantm uma forte unidade
cultural, mas cujas expressesno terreno da luta social so poucas);
tambm a busca de modos de vida alternativos dar lugar anovas
comunidades (processo que podemos observarentre alguns grupos de
jovens).
Um aspecto essencial desta possibilidade merece ser destacado:
as comi,nidades nas sociedades altamente estratificadas teto
caractersticas diferentes
26 Marx formula aidia das comunidades "fictcias" ou "ilusrias"
como parte de sua crtica ao pensa-mento de Hegel: em textos como
Asagrada famlia, Acritica filosofia do d,m,o de HegA eAUUo^i,alana,
Marx argumenta que, como resultado da progressiva diviso do
trabalho eda propriedade,produz-se uma separao crescente entre
ointeresse comum eointeresse particular de cada indivduo,processo
que mina as bases de existncia das comunidades. Eisso no s em
termos da conrraposiodos interesses individuais, mas, em essncia,
no rocante maneira como se relacionam os indivduo,com as potncias
produtivas e com os resultados de sua arividade. As comunidades do
capitalismosao ficrcias" enquanto aparecem como relaes entre
coisas, entre indivduos despersonalizados. eenquanto so governados
por foras alheias aos indivduos que as formam.
162
Rai. Ornelas
das comunidades que agora sustentam as lutas sociais indgenas
ecamponesas,em tomo de dois grandes eixos da atividade social.
Em primeiro lugar, as solues para areproduo do indivduo edo
coletivo devero passar por um refinamento dos modos de produzir
ariqueza socaiAautomao, ouso de tecnologias que respeitem omeio
ambiente, as mudanas nos padres de consumo eem particular nos
padres alimentares, so trsexemplos das mudanas que hoje j se
perfilam como bases de comunidadesurbanas, obviamente harmonizadas
com aquelas que habitam ocampo
Em segundo |ugar, aconstruo de comunidades nestes meios
necessitada ruptura tios mecanismos da dominao ctpalisra sobre o
mal chamadotemP" llVR' ' e ' "f1"^0 das Pecializacs d., esfera
"poltica". Uma das
contribuies mais importantes da experincia zapatista arecuperao
do dialogo como elemento bsico da comunidade. Km espaos
caracterizados pelomonoplio da comunicao (por parte dos tnetos) eda
poltica (por parte doEstado), emdispensvel encontrar modos de
comunicao transparente ecole-UVa- !enSamS *',!C Uma Parrc d-sso est
transcorrendo mediante os encontrosnnediatos (os encontros
Mpalistas, :ls assemblias de banro eas organizaesPiqueteiras sao
exemplo disso) eatravs da cons.ruo de novos modelos decomunicao
horizontal, no hierrquica.
Nesta perspecriva, necessrio tambm reconhece, uma limitao
central- ,expropnaao no meio urbano tem uma qua|idatk. ,n1IO
J|fc.R.mc d |;) emque se baseiam os autogovernos zapatistas
(existncia de um territrio que. porpequeno ou pobre que seja,
assegura um mnimo de meios de satisfao que pode,,, se,
atitoget-Klos). Nas cidades estamos desligados dos meios para
satisfazernossas necessidades ned,atas: ser assalanados ou ter
trabalhos precrios faz comque parea imprescindvel o recurso ao
dinheiro. As experincias das fbricasocupadas edos circuitos de
troca na Argentina oferecem esboos dos modoscomo podemos recuperar
ocontrole sobre as bases de nossa existncia. Contudo, pensamos que
aquesto de fundo continua de p, visto que estes modosde autogesro
no so capazes (ainda) de substituir odinheiro eaproduo
demercadorias como mecanismos de distribuio ede gerao da riqueza
social".
25'No obstante, importante considerar oexemplo das coletividades
aragonesas durante anierraovil espanhola, que alcanaram importan.es
desenvolvimentos no autogoverno de sociedad Z heZ^:P^'^ ReSPndCnd
**"* d* P*^*Irnplanr au" soTolul C""" maS CmplcX15' Cams^Mr Pn"--
"Em nossa projeo libe triaccXT11"3 " a6mPar ' PPUla50 dS ba,rrS U d
Cm colerivXes quantaconstderem convenientes, eque, vinculadas entre
si pelos rgos de coordenao que constLn"Tmb eTde tet 'TZT** '^^
*H**"^~^assemWeu.s, de todos aqueles cdadaos comprometidos com
aconstruo dessa sociedade libertria
163
-
Iv !
Hegemonias v. emancipaes
Isso nos conduz aoutra diferena com respeito situao das
comunidades zapatistas: nas cidades alcanou-se um nvel muito mais
alto de acessoessa riqueza social, e, o que mais importante,
sabemos que esse acesso estligado s relaes de poder (salarial, mas
no s), de tal modo que uma prticaautonmica requer, seja uma ruptura
frontal com essas relaes de poder (quecoloca em situao de
vulnerabilidade diante do mercado, do Estado edoscapitalistas),
seja uma enorme emuitas vezes insupervel quantidade de meSdiaes
(que acabam quase sempre por afogar os esforos de autonomia e/ouque
os faz degenerar em empresas capitalistas "eficientes"')28.
Esta euma questo aberta sobre aqual opensamento critico ealuta
socialdevero trabalha, arduamente para oferecer alternativas.
Uma terceira questo refere-se aum exerccio comparativo com
outras revolues ,amponesas do passado, linha que acreditamos ser
fundamental patafazer avana, a reflexo sobre o mundo onde caibam
muitos mundos. Aon,apenas evocaremos dois traos que nos parecem
essenciais.
Primeiro, como mencionamos, tanto oexrciro insurrecional da
Ucrnia(entre 1918 e192]), como a.s milcias anarquistas durante
aguerra civil esmboja (1932-D37) compartilham com oIfZLN oprojeto
de autodissober-*?' de ,U" st a>nverrcr cm um novo poder que
opr,,,,., opovo, eem separaiclaramente as tarefas da guerra das
tarefas do autogoverno.
Segundo, eeste eum indcio particularmente alentador, constatamos
queos zapati.stas, ,e agora, conseguiram res,s,,r tentao
"militarista" que desempenhou un, papel desastroso nas revolues
camponesas do sculo XXEnraizados numa viso de muito longo prazo, os
zapatistas mostram que oimportante no derrotar' o inimigo, mas
construi, algo novo, para que aotermino da guerra a.s relaes entre
os seres humanos tenham mudado Tanto"a Ucrnia, pela ao nefasta do
Exrcito Vermelho, como na Espanha, emrazo dos desacordos entre as
organizaes anarquistas edo seu papel centralna luta contra branco,
os exrcitos camponeses acabaram por se converter emguerreiros e
foram aniquilados ao serem privados de sua arma fundamental:
ovinculo com os povos29.
28 Ver Holloway (2003).
29 Certamente trara-se de um processo de aprendizagem no qual os
erros efracassos so quase tonumerosos quamo os acertos eos xitos.
Oque se destaca que os zapatistas mostraram uma capacidade de mudar
que no ecomum entre as organizaes sociais (e menos ainda entre as
organizaespolitico-mihtares). ocaso da "polcia zapatista", que foi
mobilizada para controlar aordem duranteum dos grandes encontros
zapatistas. Ainiciativa causou mal-estar, em especial entre os
jovens que participavam do encontro. Desde ento, esse corpo,
identificado com uma das instituies mais odiadasdo sistema
capitalista, no voltou a aparecer.
164
Rai. Ornrijss Existem outros temas, como o planejamento A,
alianas eaevoluo de outras luta' S^^otS? I^ ^entre essas trs
experincias revolucionrias parece pe.inem n"""^Tcomo uma linha de
trabalho aberta. Poente, permanecendo
Finalmente aconfigurao de cenrios de alternncia no governo do
Mxico errou desafios at certo ponto alheios ao projeto
zapatista1Znomias em todo opas. Diante das dificuldades para aXco d
"^que superem acultura poltica do corporativismo"me ams p25^7de uma
mobilizao popular em apoio auma mudana de que Ja aconteceu em 2000,
quando Vicente Fox ganho, aprestdem . agora, depois das eleies
parlamentares de ?0(H ocenrio o fode retorno do PR1 Presidncia. ' '
q ""^ ]
Nessa perspectiva, a relao das autonomias com os poderes Io
sobretudo com os poderes federais, pode voltar ase con^Z^,
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^r^tb^r^;6 de fev-r env,aram asnoma (ensayo de nterpretac.o" ,
r^ JT" ^ ^ "*"***Hernndez Navarro, X ""f*^"-* ) 26 de
setembro(Mxico: ERA) rCra' Ramn (o,*> '"8^-^ ^ & Andrs