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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PAR CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS E EDUCAO
(CCSE) CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CINCIAS DA RELIGIO
PLANO NACIONAL DE FORMAO DOCENTE
Disciplina:
Histria das crenas religiosas antigas: frica, Europa e AmricaJos
Antonio Mangoni (org.)
Belm PA Julho/2010
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Histria das crenas religiosas antigas: frica, Europa e
AmricaEmenta:
2. Incas 3. Maias 4. Indgenas brasileiros
BibliografiaA questo histrica das fontes. O surgimento das
religies: fatores sociais, histricos, polticos e culturais. A relao
entre magia e religio. O problema da classificao das religies. A
religio dos povos antigos (religies mortas) da frica, Europa e
Amrica e seus ritos.-
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Objetivos:Distinguir os diferentes fatores que deram origem s
religies Localizar geograficamente as diferentes religies
Diferenciar as fontes que conservaram a memria das religies antigas
Verificar o esqueleto comum das religies antigas
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Contedo:Unidade I A religio 1. Principais concepes da origem da
religio 2. Religio: afirmao e negao 3. Mito e religio 4. Religio e
magia 5. O esqueleto comum das religies 6. Classificao das religies
Unidade II A religiosidade dos primeiros povos 1. caadores 2.
agricultores Unidade III Os indo-europeus e seus traos religiosos
1. Religio grega 2. Religio dos celtas 3. Religio dos germanos 4.
Religio dos romanos Unidade IV A religio dos povos americanos 1.
Astecas-
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ALVES, Rubes. O que religio. 13 ed. So Paulo: Brasiliense, 1990
ARMSTRONG, Karen. Uma histria de Deus. So Paulo: Companhia das
Letras, 1995 BAZN, Francisco Garca. Aspectos incomuns do sagrado.
So Paulo: Paulus, 2002 BRANDO, Junito de Souza. Mitologia grega.
Petrpolis: Vozes, 1986 BRUNNER-TAUT, Emma. Os fundadores das
grandes religies. Petrpolis: Vozes, 2000 CLASTRES, Hlne. Terra sem
mal. So Paulo: Brasiliense, 1978 DESROCHE, Henri. O homem e suas
religies. So Paulo: Paulinas, 1985 ELIADE, Mircea. Histria das
crenas e idias religiosas. (3 volumes). Rio de Janeiro: Zahar, 1979
________ Dicionrio das religies. Lisboa: Dom Quixote, 1993 ________
Mito do eterno retorno. So Paulo: Mercuryio, 1992 ________ O
sagrado e o profano. So Paulo: Martins Fontes, 1997 _______
Tratados de histria das religies. So Paulo: Martins Fontes, 1998
FARRINGTON, Karen. Histria ilustrada da religio. So Paulo: Manole,
1999 GUERRIERO, Silas. A magia existe? So Paulo: Paulus, 2003
MALINOWSKI, Bronislaw. Magia, cincia e religio. Lisboa: edies 70,
1984 MARTELLI, Stefano. A religio na sociedade ps-moderna. So
Paulo: Paulinas, 1995 OTTO, Rudolf. O Sagrado. So Paulo: Vozes,
2007.
3-
PIAZZA, Waldomiro. Religies da humanidade. So Paulo: Loyola,
1989
-
SMITH, Huston. As religies do mundo. So Paulo: Cultrix, 1997
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Consideraes iniciais:A religio a mais alta e atraente das
manifestaes da natureza humana. (Ernest Renan, 1823 - 1892, filsofo
e historiador francs) Podereis encontrar uma cidade sem muralhas,
sem edifcio, sem ginsios, sem leis, sem uso de moedas como
dinheiro, sem culturas das letras. Mas um povo sem Deus, sem orao,
sem juramento, ritos religiosos, sem sacrifcio, tal nunca se viu.
(Plutarco, 46-126 d.C., filsofo grego) "No h povo to primitivo, to
brbaro, que no admita a existncia de deuses, ainda que se engane
sobre a tua natureza. (Ccero, 106-46 a.C., filsofo e poltico
romano) H uma lei essencial: todo esprito finito cr em um Deus ou
em um dolo. (Max Scheler, 1874 - 1928 filsofo alemo) Entre todos os
meus pacientes de mais de trinta e cinco anos no h nenhum cujo
problema no fosse o da religao religiosa. A raiz da enfermidade de
todas estas em terem perdido o que a religio deu a seus crentes ,em
todos os tempos; e ningum est realmente curado enquanto no tiver
atingido, de novo , o seu enfoque religioso. (Jung, 1875 1961,
psiquiatra suo) Pavlov pergunta: Cr o senhor que a f no
desenvolvimento do mundo concilivel com a f num Criador? Ele
respondeu que no. Mas ele teve a fineza de acrescentar, como anotao
pessoal: Minha resposta, tomada em geral, no quer dizer que minha
atitude frente religio seja negativa. Pelo contrrio. No considero
minha falta de f como uma vantagem, em comparao com os que tm f.
(Pavlov, 1849 1936, fsico russo) Quando deixamos o sino da
liberdade soar em toda a casa e aldeia, em todo Estado e toda
cidade, poderemos acelerar o dia em todos, crianas, negros e
brancos, judeus e gentios, protestantes e catlicos, ho de unir as
mos e cantas: livres, finalmente... (Martin Luther King, 1929 1968,
pastor e ativista poltico americano) A rede das palavras (Rubem
Alves O suspiro dos oprimidos) Sabia que a religio uma linguagem?
Um jeito de falar sobre o mundo... Em tudo, a presena da esperana e
do sentido... Religio tapearia que a esperana constri com as
palavras, e sobre estas redes as pessoas se deitam. . Deitam-se
sobre palavras amarradas umas nas outras. Como que as palavras se
amarram? simples. Com o desejo. S que, s vezes, as redes do amor
viram mortalhas de medo. Redes que podem falar de vida e podem
falar de morte. E tudo se faz com as palavras e o desejo. Por isso,
para se entender a religio, necessrio entender o caminho da
linguagem. No princpio era a Palavra. O Guru e o gato (Jan Val
Ellam) Conta a tradio que, na ndia antiga, existia um Guru que
costumava se reunir com seus seguidores para orar e tambm para
ajudar os mais necessitados que os procuravam. Assim procediam em
todas as suas reunies. Ocorre que o Guru tinha um gato. Assim,
sempre que todos se reuniam, o gato comeava a se enroscar nas
pernas dos que ali estavam presentes, perturbando a
5concentrao. Diante do problema, o Guru decidiu amarrar o gato
numa rvore. Dessa maneira, sempre que se reuniam para as meditaes,
amarravam o gato na rvore. Passou-se o tempo. Morreu o Guru. Assume
um outro em seu lugar, e continuava o gato amarrado na rvore.
Morreu o gato. Como j estavam acostumados a se concentrar com o
gato amarrado na rvore, preocuparam-se em arranjar outro. Passouse
o tempo. Morreu o gato. Arranjaram outro gato. Morreu o Guru, mas l
continuava o gato. Muitos anos depois, essa seita estava discutindo
somente os temas referentes ao tipo de gato sagrado que deveria
estar amarrado na rvore; qual a corda sagrada com qual deveriam
amarrar o gato? A raa do gato sagrado. Em qual tipo de rvore
sagrada se deveria amarrar o gato sagrado etc. Ou seja, tinham
confundido completamente o essencial com o acessrio. No tinham
tempo para receber os pobres, os miserveis, para orar e meditar,
porque o importante era discutir a cor do gato, tipo de corda etc.
Nos tempos atuais, o que fazem as religies e o que discutem os seus
aspectos? Etimologia: A religio aparece como algo estranho ao dia a
dia: templos, pessoas investidas de autoridade, ritos, uma estranha
atividade sem utilidade, mas universal. De onde deriva a palavra
RELIGIO? - religio: Ccero e ulio Glio = verbo relego(ere) = reunir
de novo, reler, voltar a passar sobre algo com o pensamento, a
leitura ou a palavra. O essencial da religio apia-se na repetio
solcita de uma ordem original respeitosa e submissa repetio (rito)
a imitao reverente do modelo original, onde descobre o que
verdadeiramente existe e tem a capacidade da auto-conservao em si
mesma. Entre os romanos h o reconhecimento de praticar livremente a
religio ou no (lcita x ilcita). Religio: sistema coerente de crenas
e prticas enraizadas na cultura de um povo. - religiones: = ns de
palha com os quais o sacerdote da hierarquia superior atava as
vigas das pontes para firm-las e segur-las entre si (no latim:
pontfice). A ponte uma transgresso da ordem natural, e apenas algum
capacitado pode transformar a transgresso em tabu, como algo
extraordinrio dentro da ordem da normalidade os especialistas do
sagrado esto preparados para executar aes rituais e tm a capacidade
para executar cerimnias e proteger dos poderes divinos ou demonacos
a experincia csmica do sagrado, no separada do homem, da sociedade
e do ambiente natural, mas abarca todos os domnios (assim os
especialistas tambm esto presentes em todos os domnios). O mito
(palavra autorizada) e o rito (poder conservador dos gestos e
utenslios mimticos) preserva o que valioso e afasta o caos; e o
interdito (tabu que no permite aproximar-se do mito no to distante
para no ser esquecido, no to prximo para no ser confundido) (Marcel
Mauss). - religatio: a- conjunto de atos rituais ensinamentos e
normas que so meio de salvao; b- cultos de mistrio, corrente de
idias. - religare: Lactncio (303-313): Deus se liga ao homem e o
ata pela piedade. No judasmo e no cristianismo aparece nossa
religio e vossa religio a tendncia para a exclusividade religiosa,
a verdadeira e a falsa religio. Pelo domnio do cristianismo esse
conceito se firmar. Agostinho dir a religio nos religa ao Deus nico
e onipotente. Cristianismo como a nica religio verdadeira
(oficial). No mais o exerccio escrupuloso de prticas tradicionais,
mas um lao pessoal que liga o homem ao seu criador. Religio vira
sinnimo de Cristianismo.
6- reelegere = reeleger escolher, optar Alguns conceitos: A
origem da palavra Deus Qual o significado original da palavra Deus?
O termo, usado em portugus, tem equivalentes nas outras lnguas
neolatinas, como o espanhol Dios e o francs Dieu, e todos remontam
ao latim deus. Esta palavra, reconstruda como Deiwos, teria o
significado original de luminoso, brilhante. Heresia: (do grego,
"escolha" ou "opo") a doutrina ou linha de pensamento contrria ou
diferente de um credo ou sistema de um ou mais credos religiosos
que pressuponha(m) um sistema doutrinal organizado ou ortodoxo. A
palavra pode referir-se tambm a qualquer "deturpao" de sistemas
filosficos institudos, ideologias polticas, paradigmas cientficos,
movimentos artsticos, ou outros. A quem funda uma heresia dse o
nome de heresiarca. O calendrio: A palavra deriva do latim
calendarium ou livro de registro, que por sua vez derivou de
calendae, que indicava o primeiro dia de um ms romano. O conceito
de ms vem da lua (divisor de meses). Muitas culturas usaram meses
com 29 ou 30 dias (ou alguma alterao) para dividir um ano em
partes. O principal problema com esse tipo de sistema que os ciclos
da Lua, com 29,5 dias, no se dividem igualmente nos 365,25 dias do
ano. O ano medido pelo sol, os meses so medidos pela lua. O ms
lunar corresponde ao perodo de tempo entre duas lunaes, cujo valor
aproximado de 29,5 Ano csmico - o tempo gasto pelo Sol para dar uma
dias.volta ao redor do centro da Via Lctea. Tem a durao aproximada
de 225 milhes de anos.
O ano solar o perodo de tempo decorrido para completar um ciclo
de estaes (primavera, vero, outono e inverno). O ano solar mdio tem
a durao de aproximadamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46
segundos (365,2422 dias). Ao olharmos para o calendrio moderno, os
meses parecem extremamente confusos. Um tem 28 ou 29 dias, alguns
tm 30 e o restante tm 31. Histria do calendrio: - Os romanos
comearam com um calendrio de 10 meses em 738 a.C., copiando a idia
dos gregos. Os meses no calendrio romano original eram Martius,
Aprilis, Maius, Junius, Quintilis, Sextilis, September, October,
November e December. Os nomes Quintilis at December vm dos(World
Book Encyclopedia)
Ms - o tempo que a Lua leva para dar uma volta ao redor da
Terra, contado em nmeros inteiros. Como a lunao no tem um nmero
inteiro de dias, o ms lunar foi definido como tendo 29 ou 30 dias,
para se aproximar da lunao, que de 29,5 dias. Dia - Perodo de tempo
(24 horas) equivalente ao que a Terra leva para dar uma volta em
torno de seu prprio eixo (movimento de rotaoUma das conseqncias da
rotao a sucesso dos dias e das noites. A noo de dia nasce do
contraste entre luz solar e noite. o elemento mais antigo e
fundamental do calendrio. Estaes do ano - Em razo dos movimentos de
rotao e translao, a Terra recebe quantidade diferente de luz
decorrer do ano. Entre setembro e maro, quando a inclinao do
hemisfrio norte a distncia do Sol, acontecem as estaes do outono e
inverno nesse hemisfrio, nas quais h menos de 12 horas dirias de
luz solar. Durante o resto do ano, o hemisfrio norte est mais
inclinado para o Sol. Tm-se, ento, as estaes da primavera e vero,
nas quais a luz solar dura mais de 12 horas dirias. No hemisfrio
sul ocorre o contrrio. As estaes s se produzem nas zonas de
latitude mdia e temperada. Na zona equatorial, os raios solares
caem quase perpendicularmente por todo o ano, e os dias tm a mesma
durao que as noites. J nas zonas polares, os raios solares so quase
tangentes e, por isso, h baixa temperatura o ano todo. Equincio - A
palavra equincio significa "noite igual", ou seja, quando a durao
do dia a mesma da noite. H uma interseco da trajetria do Sol com a
linha do Equador. Acontece aproximadamente nos dias 21 de maro
(equincio de outono no hemisfrio sul) e 23 de setembro (equincio da
primavera no hemisfrio sul).
7nomes romanos para cinco, seis, sete, oito, nove e dez. Esse
calendrio deixou mais ou menos 60 dias sem explicao. - Os meses
Januarius e Februarius foram mais tarde acrescentados ao final do
ano para prestar contas dos 60 dias extras. - Em 46 a.C., Jlio Csar
mudou o calendrio. Ignorando a lua, mas deixando os nomes dos 12
meses existentes, o ano foi dividido em 12 meses com 30 ou 31 dias,
exceto Februarius com 29 dias. A cada perodo de quatro anos,
Februarius ganhava um dia a mais. Mais tarde, ele decidiu fazer de
Januarius o primeiro ms, em vez de Martius, colocando Februarius em
segundo lugar, o que explica porque o dia bissexto fica numa poca
to estranha. - Aps a morte prematura de Jlio Csar, os romanos
renomearam Quintilis em sua homenagem: Julius ou julho. - Da mesma
forma, Sextilis foi renomeado para homenagear Augustus: Augustus ou
agosto. Augustus tambm mudou um dia de Februarius para Augustus,
para que tivesse o mesmo nmero de dias que Julius. - 24/2/1582:
Papa Gregrio XIII, com a bula Inter Gravssimas, baseado em novos
clculos, altera novamente o calendrio, suprimindo 10 dias do ms de
outubro de 1582 (5-14 inclusive). o calendrio Gregoriano Assim
temos: - Janeiro: homenagem ao Deus Janus, protetor dos lares; -
Fevereiro: ms do festival de Februlia (purificao dos pecados), em
Roma; - Maro: em homenagem a Marte, Deus guerreiro; - Abril:
derivado do latim Aperire (o que abre). Possvel referncia primavera
no Hemisfrio Norte; - Maio: acredita-se que se origine de Maia,
deusa do crescimento das plantas; - Junho: ms que homenageia Juno,
protetora das mulheres; - Julho: no primeiro calendrio romano, que
era de 10 meses, era chamado de quintilis (5 ms). Foi rebatizado
por Jlio Csar; - Agosto: inicialmente nomeado de sextilis (6 ms),
mudou em homenagem a Csar Augusto; - Setembro: era o stimo ms no
primeiro calendrio romano. Vem do latim septem; - Outubro: na
contagem dos romanos, era o oitavo ms; - Novembro: vem do latim
novem (nove); - Dezembro: era o dcimo ms do primeiro calendrio
romano. Dias da semana:Latim Solis dies Lunae dies Martis dies
Mercuri dies dies Jovis Veneris dies Saturni dies Deus romano Sol
Lua Marte Mercrio Jpiter Vnus Saturno Deus saxo Sol Lua Tyr Odin
Thor Freya Saturno ideograma chins Sol Lua Fogo gua rvore Metal
Terra Cristianismo Dominus (Domingo), do feira 2 Senhor 3 feira 4
feira 5 feira 6 feira Sbado (judaico)
dia
O dia: Hoje o medimos a partir da meia-noite, mas nem sempre foi
assim. At 1.700, iniciava depois do cair do sol (Ave-Maria). Os
hebreus e gregos antigos fixavam a partir do por do sol; os
Babilnios iniciavam o dia com a aurora; os Calendrio Gregoriano
Judaico Chins Muulmano Budista Ano 2010 5770 4647 1431 2570 Incio
Janeiro Setemb ro Feverei ro Julho Dez/jan
8umbrios iniciavam o dia ao meio-dia. Os romanos fixaram o incio
meia-noite, definio artificial. Concepes religiosas: - Pantesmo uma
crena que identifica o universo (em grego: pan,tudo) com Deus (em
grego: theos), sustentando a idia da crena em um Deus que est em
tudo, ou a de muitos deuses representados pelos mltiplos elementos
divinizados da natureza e do universo. - Panentesmo (pan-en-tesmo),
ou krausismo, uma doutrina que diz que o universo est contido em
Deus (ou nos deuses), mas Deus (ou os deuses) maior do que o
universo. No panentesmo, todas as coisas esto na divindade, so
abarcadas por ela, identificam-se (ponto em comum com o pantesmo),
mas a divindade algo alm de todas as coisas, transcendente a elas,
sem necessariamente perder sua unidade (ou seja, a mesma divindade
todas as coisas e algo a mais). - Animismo: a manifestao religiosa
imanente a todos os elementos do cosmos (Sol, Lua, estrelas...), a
todos os elementos da natureza (rio, oceano, montanha, floresta,
rocha), a todos os seres vivos (animais, rvores, plantas) e a todos
os fenmenos naturais (chuva, vento, dia, noite); um princpio vital
e pessoal, chamado de "nima" (ou energia, esprito, alma). - Tesmo
(do grego Thos, "Deus") uma crena na existncia de deuses, seja um
ou mais de um, no caso de mais de um, pode existir um supremo.
Tesmo no religio, pois no se trata de um sistema de costumes,
rituais e no possui sacerdotes ou uma instituio. Podemos dividir o
Tesmo em: - Monotesmo: crena em um s Deus. - Politesmo: crena em
vrios deuses. - Henotesmo: crena em vrios deuses, mas com um
supremo a todos. - Desmo uma postura filosfico-religiosa que admite
a existncia de um Deus criador, mas questiona a idia de revelao
divina. uma doutrina que considera a razo como uma via capaz de nos
assegurar da existncia de Deus, desconsiderando, para tal fim, a
prtica de alguma religio denominacional. Aceita a criao mas no o
envolvimento histrico: Deus cria e se retira, no influencia a
histria. - Atesmo: a no crena na existncia de Deus ou deuses.
Disponvel em: http://www.xr.pro.br/Religiao.html, acesso em
12/02/2008
TIPOS DE RELIGIO POCAS DE SURGIMEN TO E PREDOMNI O As mais
antigas, remontando a prhistria onde tinham
RELIGIO: PANTESM O:
BASE LITERRIAPrprias de culturas grafas, no possuem em geral
qualquer forma de base escrita, sendo transmitidas por
MITOLOGIADeus o prprio mundo, tudo est interligado num equilbrio
ecossistmico e mstico. Crse em espritos
SMBOLO SUtilizam no mximo totens e alguns outros fetiches, comum
o uso de vegetais, ossos, ou
RITUAISGeralment e ligados a natureza e ocorrendo em contato com
esta. comum o uso de
EXEMPL OSReligies silvcolas, xamanismo , religies clticas,
druidismo, amaznica s,
9 predominnc ia absoluta, e tambm presentes em muitos dos povos
silvcolas das Amricas, frica e Oceania.e geralmente em reencarnao,
comum tambm o culto aos antepassados. Procura-se manter a harmonia
com a natureza, e o mundo comumente tido como eterno.
tradio oral.
animais vivos ou mortos.
infuses de ervas, danas, orculos e cerimnias ao ar livre.
indgenas norte americana s, africanas
Passam a surgir os templos, embora Surgem os em geral dolos zoo
no ou Diversos abandon antropom deuses em Surgem num rficos na
criaram, regem totalmen estgio Nas sociedades e destroem o forma de
posterior de te os Religio letradas mundo. Se pinturas e
desenvolvimen rituais ao Grega, possuem relacionam de esculturas to
social, tendo freqentemente forma tensa ar livre. Egpcia, sido em
larga registros com os seres Em Xintosm predominantes escala. A
POLITESM na Idade Antiga literrios sobre humanos, no muitos o, seus
mitos, e raro hostil. As simbologia em todo o O: casos Mitologia
mesmo nas lendas dos icnica se velho mundo, e ocorrem Nrdica,
grafas deuses se torna mesmo nas possuem assemelham a os Religio
civilizaes complexa tradies dramas sacrifcio Asteca, mais em alguns
icnicas mais humanos, s Maia avanadas das elaboradas. havendo casos
Amricas prhumanos contos dos resultando colombianas. , mais
diversos em formas tipos. orculos de escrita e as ideogrfica
feitiaria . s de controle ambienta l. Um Ser Mais recentes, MONOTES
Possuem O Deus Geralme Bhramani transcendente surgindo a MO: Livros
supremo nte smo, criou o mundo e partir do ltimo Sagrados
geralmente restritas Zoroastri o ser humano, milnio a.C. e h uma
relao definidos e no possui ao smo, predominando paternal entre que
representa templos, Judasmo da Idade Mdia criador e at a padronizam
o visual, as , criaturas. Na atualidade. as formas de mas os
hierarqui Cristianis maioria dos casos um semicrena, secundrio as
mo, deus se rebela servindo s sim. ritualista Islamism contra o
criador como Utilizam s so o, trazendo males referncia smbolos mais
Sikhismo sobre todos os
10 rgidas, no h orculos pessoais mas sim profecias generaliz
adas com base no livro sagrado. No h rituais de controle ambienta
l. Embora ainda comuns nos templos so tambm freqent es fora destes.
Desenvol vem-se tcnicas de concentr ao, medita oe purifica o mais
especfic as, baseadas antes de tudo no controle dos impulsos e
emoes. Em geral baseados no uso de "energias
obrigatria e trazendo cdigos de leis. So tidos como detentores
de verdades absolutas.
seres. Messias so enviados para conduzir os povos, profetiza-se
um evento renovador violento no final dos tempos, onde a ordem ser
restaurada pela divindade.
mais abstratos e de significado s complexos.
ATESMO:
O Universo uma emanao Possuem de um textos princpio O No-Ser
bsicos de primordial supremo contedo "vazio", um no pode
predominant No-Ser. ser Surgem a partir emente Cr-se na representa
do sculo V filosfico, possibilidade do, mas h a.C, tendo vingado no
de evoluo muitas somente no possuindo, espiritual retrataes Oriente
e no entretanto atravs de dos seres Ocidente fora um trabalho
iluminados. ressurgindo dogmtica ntimo, crH vrios somente aps a
renascena arbitrria se em smbolos numa forma ainda que diversos
representa mais filosfica sendo seres tivos da que religiosa. tambm
conscientes natureza e revelados por dos mais metafsica sbios ou
variados do seres nveis, e Universo. iluminados. geralmente em
reencarna o.Embora possuam representantes em todos os perodos
histricos, popularizam-se
Orientai s: Taosmo, Confucio nismo, Budismo, Jainismo. Ocident
ais: Filosofias NeoPlatnica s, Atesmo Filosfico (No Religioso )
NEO PANTESM O
Seus textos so em geral filosficos, embora possuam
Acredita-se em geral no Monismo, uma substncia
Diversos smbolos e mitos de diversas outras
Espiritis mo Kardecist a, Racionali
11 nica que permeia todo o Universo num Ser nico. So em geral
reencarnaci onistas e evolutivas. A desatribui o de qualidades do
Ser supremo por vezes as confunde com o Atesmo. religies so
resgatados e reinterpret ados, tambm no h representa o especfica do
Ser Supremo mas pode haver de outros seres elevados. " da natureza.
No mais tm influnci a nos processo s civis, sendo restritos a
curas, proteo contra ameaas fsicas e extrafsic as.
ou surgem a partir do sculo XVIII.
mais fora doutrinria, no incorrendo, porm em dogmas
arbitrrios.
smo Cristo, NeoGnosticis mo, Teosofia, Wicca, "Esotric as",
1 As cincias e a religio- Religio experincia religiosa e
significativa para quem a vive. O sagrado experincia primordial,
autntica, que no cabe totalmente dentro de outras experincias e da
qual necessrio extrair uma teoria abrangente do homo religiosus.
(Otto Maduro) - Mircea Eliade: Para o historiador das religies,
toda manifestao do sagrado conseqente; cada rito, cada mito, cada
crena ou figura divina reflete a experincia do sagrado e,
conseqentemente, implica noes de ser, significao e verdade. - H uma
explicao intra-religiosa que no pode ser absolutamente negada -
Sociologicamente: uma estrutura de discursos e prticas comuns a um
grupo social referentes a algumas foras (personificadas ou no,
mltiplas ou unificadas) tidas pelos crentes como anteriores e
superiores ao seu ambiente cultural e social, frente s quais os
crentes expressam certa dependncia (criados, governados,
protegidos, ameaados, etc.) e diante das quais se consideram
obrigados a um certo comportamento em sociedade com seus
semelhantes. (Otto Maduro) - afirmao do indiano Sankara (sc VIII
dC): Senhor, de 3 pecados te peo perdo: contemplando-te, te dei
forma, Tu que no tens forma; louvando-te, Te descrevi a ti que sois
inefvel; e visitando os templos ignorei a tua onipresena. - O
estudo das religies ser sempre mediado, mesmo reconhecendo sua
autonomia (sociologia, psicologia, geografia, ecologia, filosofia,
teologia, antropologia, histria, fenomenologia, etnografia...
ultimamente a fsica, a matemtica, astronomia...). A histria sempre
interpretao. Dificuldades:
12- no h religio pura, ou morta; sobrevivem em outras: nenhuma
religio opera no vcuo: carter histrico de toda experincia
religiosa; - verdade x convenincia; julgamento? Histria das
religies
Histria das religies aborda o fenmeno religioso a partir de uma
postura no-denominacional, em uma perspectiva histrica,
antropolgica, mas tambm, no tempo e no espao. neste contexto,
estreitamente ligado a outras disciplinas das cincias sociais, a
comear com a etnologia, histria e filologia. Disciplinas como irms,
a histria das religies uma cincia de observao baseada na anlise dos
dados, bem como a comparao. Esta disciplina tambm possui outros
nomes, como Cincias da Religio, primeiro um conceito cunhado por
Friedrich Max Mller, um famoso orientalista, mitologista e
estudioso das tradies indo-europeias do sculo XIX. O exerccio da
histria das religies tem sido sempre comparativo. Em tempos
antigos, j desde Herdoto, os gregos observaram os curiosos costumes
e tradies dos outros povos os egpcios, persas, judeus) para a posio
de si. Plutarco, no primeiro sculo de nossa era, nos deu uma srie
de obras que poderiam ser chamados mitologia comparativa.
Posteriormente, os Padres da Igreja, que iro comparar as diferentes
religies (e para forjar o conceito de paganismo) para explicar o
surgimento e a superioridade do cristianismo. Tratase dos conceitos
descritos neste quadro feito pelos Padres da Igreja, que servir
para explicar, aps a descoberta do novo mundo, o estranho hbito
destes ndios se reunirem a e que se assemelham aos dos pagos antes
do cristianismo: o Velho, e os selvagens. Assim, a "Histria
apologtica" do dominicano Bartolomeu de las Casas (sculo XVI) e "As
formas hbitos silvestres dos americanos, em comparao com os
primeiros dias", do jesuta Joseph Franois Lafitau (sculo XVIII).
Estamos ainda em uma apologtica. A histria das religies est
crescendo a partir do lado do cristianismo em relao a outras
religies. No sculo XIX, no final do processo lanado pela
deconfessionalizao dos filsofos do Iluminismo, a histria da religio
vai lentamente se tornar uma verdadeira disciplina cientfica, livre
do jugo da religio, justamente, a fim de melhorar seu objeto de
estudo. A histria das religies diferente, em primeiro lugar, das
disciplinas teolgicas, mesmo que cresa tambm uma profunda reviso
das suas tradies. Ser marcada pela Estudos Orientais, questes,
incluindo a descoberta do snscrito, crtica bblica (Ernest Renan),
mas tambm e sobretudo pela antropologia anglo-saxnica (Robertson
Smith, Edward Tylor, James George Frazer) e da escola sociolgica
francesa (Emile Durkheim, Marcel Mauss, Henri Hubert).
No sculo XX, a histria das religies ser influenciada por
abordagens psicolgicas (Sigmund Freud, Carl Gustav Jung, Karol
Krny), fenomenolgica (Rudolf Otto, Mircea Eliade), ou a figura da
mitologia comparativa (Georges Dumezil) ou em antropologia social
(Claude Lvi-Strauss). (cf.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_das_religi%C3%B5es)
2 - Origem da Religio e os problemas fundamentais:As descobertas
feitas nos ltimos 20 anos na frica deslocaram os horizontes da
paleoantropologia. Essa acelerao sbita no conhecimento
13do passado antigo da humanidade permite-nos compreender a
emergncia do ser humano, sua evoluo, sua histria e especificidade.
Esclarece de modo novo e inesperado a antropologia religiosa. A
evidncia da unidade de origem e da semelhana de comportamentos dos
seres humanos mostra-nos que desde o seu aparecimento ser humano
assumiu um modo de existncia especfico. Com efeito, o homo
religiosus reconhecvel em cada etapa do seu percurso [...] Nas
perspectivas das descobertas recentes, a histria das religies obtm,
confirma e explicita os resultados da paleoantropologia a respeito
da unidade do gnero humano e no hesita em falar de uma unidade
espiritual. De fato, constatamos que, nas culturas mais diversas em
que se desenrolou a vida, o homo religiosus fez uma experincia
semelhante [...] O homo religiosus tem o sentimento da presena de
um poder invisvel e eficaz que se manifesta por meio de um objeto,
de um ser, de uma pessoa, revestidos de uma dimenso nova, a
sacralidade. (Ries, Tratado de antropologia do sagrado.1992, p.
333s) - Qual a origem da religio? Se pudssemos responder a esta
pergunta, dizem alguns, conseguiramos tambm prever o ltimo grau do
seu desenvolvimento. - O que podemos fazer levantar hipteses a
cerca do passado a partir dos resultados da arqueologia e dos traos
que permaneceram das raas primitivas, na idade da pedra. - Os
problemas que as crenas e prticas religiosas procuram resolver no
foram criados pelas mesmas prticas, mas so a matria prima da
religio. - Afirmar que a religio iluso ou um erro dos sentidos
questionvel, pois todos DEVEM responder s questes que estes
problemas levantam: - O que sou eu? - O que este eu mesmo do qual
tenho conscincia? - O que o mundo que me circunda? Qual o seu
significado? - Qual o fim ltimo? - Qual a relao entre o que sou e
os demais seres? - O que a morte? - Qual a natureza daquilo que est
alm da possibilidade de controle meu e de todos os demais? -
possvel que exista Alguma Coisa ou algum estvel e duradouro entre
as coisas que perecem e a morte? - Nos indivduos com que convivo no
possvel discernir sombras e smbolos de uma realidade mais profunda?
Isto no me faz pensar num imperativo sobrenatural? - Por que tudo
tem um valor? Por que algumas coisas valem mais que outras? H uma
hierarquia ascendente desses valores? Os valores pelos quais me
disponho a dar a vida me do garantia de haver uma realidade
auto-existente ou so um engano, ou que so indiferentes ao que
valorizo ou no? - verdade ou no que dentro de ns h uma Realidade
que nos faz pensar e buscar coisas intangveis? - O que significa o
mal estar, a insatisfao, a contrariedade que me perseguem? s vezes
no me acho bobo de acreditar em tudo isso? - Por que nossos
ancestrais, mesmo diante de uma vida to dura, acreditavam cegamente
que a vida vale a pena ser vivida (sem isso no teramos nascido!)?
Instinto? - Diria algum: no sei para onde estou indo, mas tenho
certeza de que estou no caminho certo! - As respostas dadas no
decorrer da histria talvez no foram as melhores... (olhando de onde
estamos), e as de nosso presente? O que a verdade? - Criao,
evoluo... Nos animais h sentimentos religiosos? Alguns manifestam
medo da morte, outros manifestam profundo sofrimento quando
separados dos seus, outros reagem com violncia quando atacados...
Os primeiros exemplos de cerimnias fnebres, ritos... so do homem de
Neanderthal, que viveu h 50-100 mil anos. - Os problemas
fundamentais so:
14O eu O mundo que nos circunda, com os demais indivduos Aquilo
que existe por si: temido, concebido, intudo... muito antes da
conscincia Valores, mesmo com diversas concepes
O que a arqueologia e a antropologia revelam sobre os 4
problemas fundamentais: - O Eu: Sonhos, morte e espritos desafiam a
respostas. O ocidente considera o ser humano composto de corpo e
alma, mas os mais antigos acreditavam em uma pluralidade de almas
(5 no Egito, 7 entre os Melansios..), como tambm acreditavam em
homens sem alma; para alguns povos a imortalidade era questo
aristocrtica e s estes tinham alma imortal... A f num prolongamento
da vida do esprito era crena comum: a alma, separada do corpo,
vagava livremente, gozando de vida prpria. A crena na sobrevivncia
era tal que havia tmulos onde permanecia um espao para nele
depositar alimentos. A f na sobrevivncia derivava do fenmeno dos
sonhos, e induziram a pensar na alma separada do corpo. Goethe dir:
Vocs pensam que um tmulo seja mais forte do que eu? - O mundo e os
indivduos: Os povos mais antigos tm uma estreita relao com os
humanos e os no humanos. Uns acham-se descendentes de aves, de
lombrigas, de crocodilos homens e animais faziam parte de uma nica
famlia. Para a mentalidade hebraica o homem o rei da criao e tudo
foi dado para seu domnio. O respeito pela alma dos mortos (animais
e humanos) tem parte importantssima na formao da idia do
sobrenatural bem como a idia da transmigrao das almas e do culto
aos antepassados: respeito ou adorao? Nasce tambm o aspecto social:
os ritos de passagem so religiosos e do solenidade e robustecem
aquele que passa a tornar-se membro de uma tribo aps o rito,
recebendo a transmisso da tradio: a divindade presente nesta
passagem, a sociedade como divina (a tribo seria a primeira
divindade?). Na iniciao inicia uma nova relao entre o jovem e a
tribo e a divindade (totem, corpo celeste, ancestral) - Aquilo que
existe por si mesmo: A experincia relativa de um ser incriado d
origem no ser humano um estado de nimo particular, ao qual ele se
relaciona como um Tu, seja este uma fora vaga (animismo), o
universo inteiro (pantesmo), a personificao de um corpo celeste, um
elemento natural divinizado, ou um Deus superior nico (monotesmo).
Animismo, pantesmo, tesmo politesta depois monotesta, desmo e
atesmo: seria o caminho evolucionista da religio. Para os no
evolucionistas da religio, o ser humano mais antigo tinha condies
de intuir a existncia de um Deus nico e bom; as demais formas de
religio foi uma desagregao do sistema original, que foi depois
recomposto. Haveria evoluo na vida espiritual como na fsica? Isto
aparece com toda clareza no sacrifcio, um dos fatos/ritos mais
antigos que existe e na intuio da existncia de coisas que se devem
ou no fazer. Para com essa personalidade divina nascem duas
atitudes: - Sacrifcio (sacrum + facere = fazer/tornar sagrado=
separado): Oferta de algo divindade e destruio desta oferta pelo
fogo ou pela morte (crentos), ou oferta de bens naturais
(alimentos, frutas, incenso, flores...), os incruentos. Por que o
sacrifcio: agradecimento, adorao, mercado o mais comum), propiciao
ou oferta de paz, expiao ou reparao. Isto mantm viva a divindade
(os deuses morrem de fome) sacrifcio para nutrir a divindade para
que possa presidir os destinos humanos. O sacrifcio o mais nobre
dos atos religiosos: o abandono do homem vontade do Ser Superior e
a incessante penitncia para adequar-se sua vontade. Dependendo da
viso da divindade, o sacrifcio negado (Miquias 6 no
15quero sacrifcios, mas misericrdia...), apesar de que mesmo a
religio oficial condena, o ser humano prefere sempre pecar por
prudncia. - O que se deve ou no fazer: Tabu = marcado/proibido. a
base que estabelece uma diviso entre o bem e o mal. - Valores: O
alimento foi o primeiro valor que homem reconheceu. Descobriu que
atrs da caa ou da agricultura h algo mais, nem tudo est em suas
mos. H um poder que ele deve obedecer e aproximar-se para poder
obter o que quer. Os valores (sagrados ou no) vo nascendo com a
evoluo/progresso do ser humano: conservar alimentos, domesticao dos
animais, manipulao das sementes, sedentarismo, descoberta do fogo,
aparecimento dos metais favorecem o crescimento populacional e
fazem aparecer novos valores: famlia, sociedade, datas sagradas,
calendrio, repouso (a lua como elemento que obriga ao repouso),
pessoas sagradas (profetas e sacerdotes), lugares sagrados (um
santurio nada mais do que o lugar (substituto artificial) onde
aconteceu uma experincia sobrenatural, imagens, ritos, liturgias
como memria da origem e o reviver esta memria a partir dos ritos,
ritos de matrimnio, funerrios... de onde nascem as instituies
religiosas. Ritos de alimentao muito comuns nas religies, onde se
alimentam da divindade: do animal totem, do chefe da tribo, a
eucaristia, as cinzas do chefe que foi cremado (p. 52). Uso de
imagens nos cultos: imagem depois que foi vivificada, ou seja
consagrada (que a divindade aceita aquela imagem como parte de si).
Surgimento de livros sagrados: onde a leitura faz o homem reviver
em si sentimentos religiosos. H os livros a servio da religio
(adquirir estado mental e sentimental correto para com a divindade)
e os livros mgicos (que querem dobrar a divindade vontade humana,
onde as palavras tem que ser exatas, pois qualquer erro induz ao no
alcanar o que se quer). Hinos, poesias, cantos so a expresso mais
natural do ser humano (Talvez Deus mantenha alguns poetas sua
disposio para que o falar sobre ele preserve a sacra
irredutibilidade que sacerdotes e telogos deixaram escapar de suas
mos Kurt Marti): literatura proftica, apocalptica, histrica,
didtica... letras com sentido ou sem, ritmo, melodia (sons com
significado!) que geram na pessoa algo mais
3 - Interpretao da ReligioIncio do Sc XIX h mudana na sociedade:
- sociedade tradicional para sociedade individual, burguesa,
capitalista, moderna - renovao cientfica e tecnolgica, conflito nas
relaes de produo, diviso social do trabalho, processo de
racionalizao. 3 Vertentes de interpretao: Funcionalista
(organicismo positivista): Durkheim (1858-1917) - distingue
contedos das doutrinas e sentimentos religiosos - natureza da
sociedade intrinsecamente religiosa; o sentimento religioso venera,
na divindade, o todo social - funo da religio: integradora da
sociedade: haver sempre religio enquanto houver sociedade - a
dicotomia sagrado/profano assegura slida ligao entre os homens e
torna possvel a ordem social
16Augusto Comte (1798-1857) - contraposio da sociologia com a
teologia e a metafsica - sociologia cincia oniabrangente (=
teologia, metafsica) - sociologia substituir a religio - 3 estgios
da humanidade - teolgico ou fictcio (infncia): explica os fenmenos
naturais atribuindo-os a seres divinizados, imaginados sua
semelhana - metafsico ou abstrato (juventude): explica os fenmenos
naturais a partir de conceitos (ex.: natureza...) - positivo ou
cientfico (adulto): o homem abandona o conhecimento anterior porque
foi superado por ser suprfluo ou danoso. A cincia domina o ambiente
natural ou social (cincia como conhecimento superior religiosa?). o
plasmar a conscincia humana por princpios diferentes dos
religiosos. Conflitual ou dialtica Engels (1770-1831) - indivduo a
sociedade = conjunto de relaes fundadas em necessidades materiais e
interesses concretos, lugar de conflitos e contradies - o Estado
deve compor e elevar a uma unidade superior - religio conhecimento
imperfeito de Deus; filosofia o conhecimento perfeito - Deus no
transcendente, mas realiza-se no devir da histria = divinizao do
mundo e da histria Marx (1818-1883) - superao da religio na
sociedade sem classes (Ideologia ponto de partida e viso de mundo a
classe operria no momento da industrializao) - anlise da
estratificao social e do conflito social - os contedos da religio
esto superados e tambm sua funo integradora da sociedade - a
religio mistificadora e alienante, porque oculta as reais foras que
conduzem mudana e escamoteia os conflitos que se verificam na
esfera da produo, impedindo a autodeterminao do homem - a religio
reflexo da condio alienada do homem na sociedade capitalista e
exerce a funo de pio, mediante esperanas no alm, emperra os esforos
para construir a sociedade justa - conservadora e resistente ao
progresso, tem que ser combatida Feuerbach (1804-1872) - virada
antropocntrica: a verdadeira teologia a antropologia - gnese da
religio a projeo ilusria da essncia da humanidade na idia de Deus
Freud (1856-1939) - fundador da psicanlise (diagnose e terapia de
indivduos, libertar o homem de doenas psquicas) - seguidor de
Feuerbach, ateu - deus uma iluso infantil - religio processo
psicolgico, doena, neurose, deve ser abandonada - homem = ser
insatisfeito, desafios felicidade, distncia entre desejo e
realidade - infinito = produto do desejo e da fantasia = iluso -
religio = perpetuao do infantilismo da vida o homem desamparado
busca pai benvolo (criana teme o pai mas sabe que lhe favorvel) -
neurose = no superao de conflitos ou superao aparente ou artificial
(questo sexual como centro) fuga do adulto para o mundo infantil
Nietzsche (1844-1900)
17- Cristianismo s gerou conformismo e mediocridade - Vida o
valor supremo. Religio destruidora da vida - Cristianismo =
platonismo para o povo - Declarou pecado a dvida e envenenou o
Eros, pervertendo-o a ponto de tornar-se vcio - S existiu um cristo
e esse morreu na cruz. - Condenou o cristianismo porque corrompeu o
centro, a vida, e colocou o centro no alm - Matar Deus para que o
homem se emancipe - Deus est morto Simblico-cultural Max Weber
(1854-1920) - autonomia da religio (ela diferente dos ventos das
transformaes); mataram sua autonomia em meio aos processos sociais
- cristianismo, no puritanismo e nas seitas reformadas favoreceu a
afirmao do capitalismo (em tica protestante e o esprito do
capitalismo) -Ocidente: racionalismo deixou marcas em todos os
campos x agir tradicional e afetivo - Imagens religiosas do mundo
tinham papel fundamental na formao das sociedades - O
desencantamento do mundo = eliminao dos elementos mgicos como
tcnica de salvao - A racionalizao = gaiola de ao que aprisiona a
sociedade - o esprito religioso desapareceu, talvez, para sempre -
Tempos dos especialistas sem inteligncia, satisfeitos sem corao -
Desmagicizao deu origem racionalizao que se tornou racionalismo -
Concepo utilitria do homem - Concepo manipuladora da natureza - F
no valor intrnseco do acmulo -do teocentrismo se foi ao
racionalismo - cincia = confiana na razo, conhecimento dos meios,
mas no pode escolher os fins - o racionalismo gera uma infinitude
sem sentido - somente as imagens do mundo (religiosas, simblicas)
podem dar significado ao homem e ao mundo - o processo de
racionalizao chega ao ponto de abertura a pergunta pelo sentido e
transcendncia (Admirvel mundo novo, Huxley)
4 Tremendum, MysteriumRobertson, Ten Sermons, III: A luta de
Jacob, 2o ponto: A revelao do mistrio - (concluso do livro Otto, R.
O Sagrado)
O terror foi revelador. O que muito significativo: aprendemos
que o antagonista divino parecia desejoso de partir ao erguer da
aurora e que Jacob o segurava mais estreitamente apertado, como se
pressentisse que a claridade do dia lhe fosse frustrar a bno com
que j contava. Este relato encerra uma verdade profunda.
Aproximamonos mais de Deus atravs do indefinido do que atravs do
definido e do distinto. Pressentiu mais no terror, no espanto, na
adorao dos que numa concepo. H um sentido para o qual a obscuridade
est mais cheia de Deus do que a luz. Ele habita nas espessas
trevas. H momento de ligeiro e vago mistrio que, muitas vezes, do
distintamente o sentimento de sua presena. Quando surge o dia e se
faz claro, o divino evapora-se da alma como o orvalho da manh. No
sentimento, visitados por pressentimentos incertos, sentimos o
infinito nossa volta. Mas as trevas dissipam-se, a alegria do mundo
regressa e parece que Deus nos deixou o ser que nos tocara com a
mo, que se endurecera e lutara conosco, cuja presena, no preciso
momento em que
18mais nos aterrorizava, era mais benigna que a sua ausncia. bem
verdade, literalmente verdade, que a obscuridade revela Deus. Todas
as manhs, Deus puxa a cortina da luz diante da sua eternidade e
perdemos o infinito. Olhamos para baixo, para a terra, em vez de
olharmos para cima, para o cu; o nosso horizonte aproxima-se e
afasta-se; pondo de lado o telescpio observamos ao microscpio; em
vez da imensidade, examinamos a pequenez. O homem sai para a sua
obra e entrega-se ao trabalho at noite; e no p e nas ninharias da
vida, parece que deixamos de O contemplar. Mas quando a noite cai,
retira a cortina, e vemos tudo o que a luminosa claridade do dia
nos tinha escondido de Deus e da eternidade. Sim, na obscuridade
solitria, silenciosa e vaga, o terrvel nico est prximo... Os nomes
tm o estranho poder de esconder Deus. Quem no sabe que suficiente
conhecermos o nome de algumas aves ou de algumas plantas exticas ou
o nome de alguma nova lei da natureza? um mistrio desconcertante
que est perante ns. Encontramos um nome e imaginamos que
compreendemos algo mais que anteriormente; na realidade, a nossa
ignorncia de todo incurvel: antes sentamos que havia algo que nos
escapava, explorvamos e procurvamos; agora temos a iluso de possuir
isso, porque encontramos um nome com que conhecido; tal palavra
cobre o abismo de nossa ignorncia. Se Jacob tivesse encontrado uma
palavra, talvez esta lhe tivesse sido insuficiente... O plano de
Deus no foi dar nomes e palavras, mas verdades de sentimento. Esta
noite, nesta estranha cena, inspirou a Jacob um terror religioso
que depois deveria desenvolver-se, e no lhe sugeriu um srie de
expresses formais, superficialidades que teriam apaziguado os
desejos da inteligncia e fechado a alma. Jacob sentiu o infinito,
que tanto melhor experimentado quanto menos nomeado for.
5- O SAGRADO E O FENMENO RELIGIOSO NA PRHISTRIANelcina Cairo do
Amparohttp://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=religi%C3%A3o+dos+povos+pr%C3%A9-hist
%C3%B3ricos&start=30&sa=N
1. Introduo Todo aquele que tenha interesse em entender crenas e
religies, deve reconhecer que um estudo das diversas idias e
prticas religiosas dos povos primitivos, pode nos ajudar a
estabelecer certas concluses sobre a natureza da religio de uma
forma geral e, conseqentemente, sobre as chamadas grandes religies
ou religies histricas e positivas, ou ainda, de revelaes. Em outras
palavras, para compreendermos plenamente a natureza da religio
revelada, temos que compreender a natureza da chamada religio
natural, posto que nada poderia ser revelado sobre algo se os
homens no tivessem tido previamente uma idia deste ou sobre este
algo (Evans-Prichard, 1991). Alm disto, de acordo com Mircea Eliade
(1967), para conhecer o universo mental do homo religiosus
necessrio levar em conta essencialmente os homens das sociedades
primitivas, mesmo que ao homem moderno seu comportamento parea
excntrico ou at mesmo aberrante. Mas, exatamente onde esto
aportados todos os valores que regem o homem religioso.
Inicialmente faz-se necessrio chamar ateno que o que chamamos de
religio tem se manifestado, no decorrer da histria e em todas as
partes do mundo, em diversificaes e diferenas mltiplas. So vrios os
significados, definies e funes a que se tem atribudo este termo
que, como nos diz Ken Wilber (1998), tem sido aplicado a tudo que
vo desde crenas dogmticas a experincias msticas, de mitologia a
fundamentalismo, de idias mantidas com firmeza a f apaixonada. Alm
do mais, existe uma tendncia dos estudiosos em separarem o seu
contedo - como, por
19exemplo, crena em anjos, espritos, etc. - da funo da mesma
como, por exemplo, manuteno da coeso social, etc. -, para chegar
embaraosa concluso de que, ainda que o contedo seja dbio, a funo
benfica. Embora muitos estudiosos tenham j se debruado sobre o
fenmeno religioso, especialmente no que se refere aos povos
primitivos, h que se considerar que no fcil dar uma definio exata
sobre o que entendemos por religio. Para alguns o fato religioso
abarca temas como magia, o totemismo, o tabu e inclusive a
bruxaria, ou seja, tudo o que pode ser englobado dentro do que se
considera mentalidade primitiva ou que resulta irracional ou
supersticioso. No fazem diferena entre magia e religio, falam do
mgico-religioso ou as consideram geneticamente aparentadas; outros,
quando distinguem, as explicam de forma quase similar. Enfim, sobre
este tema muito j se investigou e muitos livros j foram publicados,
mas no se chega a consenso (E.Evans-Pritchard,1991). Por outro
lado, h que considerar, por exemplo, que para chineses, indus,
muulmanos, no existem sinnimos em suas lnguas que correspondam
exatamente ao significado formal dado ao nosso termo religio.
Considerando todas estas complexidades inadequado se apresentar
aqui uma definio fechada de religio. Por esta razo, buscamos o
conceito apresentado por Frank Usarski (2002), que em sua opinio,
busca superar um entendimento pr-terico que generaliza fenmenos
religiosos, sobretudo os de origem crist, com os quais ns estamos
culturalmente acostumados. Assim, o seu conceito contm quatro
elementos: Primeiro, religies constituem sistemas simblicos com
plausibilidades prprias; Segundo, do ponto de vista de um indivduo
religioso, a religio se caracteriza como a afirmao subjetiva da
proposta de que existe algo transcendental, algo extraemprico, algo
maior, mais fundamental ou mais poderoso do que a esfera que nos
imediatamente acessvel atravs do instrumentrio sensorial humano;
Terceiro, religies se compem de vrias dimenses: particularmente
temos que pensar na dimenso da f, na dimenso institucional, na
dimenso ritualista, na dimenso da experincia religiosa e na dimenso
tica; Quarto, religies cumprem funes individuais e sociais. Elas do
sentido para a vida, elas alimentam esperanas para o futuro prximo
ou remoto, sentido esse que algumas vezes transcende o da vida
atual, e com isso tem a potencialidade de compensar sofrimentos
imediatos. Religies podem ter funes polticas, no sentido de
legitimar e estabilizar um governo ou de estimular atividades
revolucionrias. Alm disso, religies integram socialmente, uma vez
que membros de uma comunidade religiosa compartilham a mesma
cosmoviso, seguem valores comuns e praticam sua f em grupos. Desta
forma, o estudo de religies ou do fenmeno religioso remetido s
origens do ser humano neste planeta, se reveste de um nvel de
complexidade ainda maior. H que se conceber que a religio
geralmente se nos aparece edificada base de conceitos, de prticas e
de um material que, s vezes, pode ser bastante annimo. E, conceitos
e prticas, no se fossilizam; portanto sua recuperao direta para
estudo pode ser algo ilusrio, deduzido. Apenas os vestgios dos
ritos podem ser vislumbrados mediante uma disposio anormal no
espao. Por mais fortuitos que estes sejam, temos que buscar ali as
pistas para nos assegurarmos de que algo ocorreu (Loroi-Gourhan,
1983). Considere-se ainda que, tendo em vista ser a religio algo
humano, no h ento um fenmeno religioso puro, ou seja, nico e
exclusivamente religioso. Todo ele possui ao mesmo tempo algo de
social, de lingstico e econmico, pois que, no contexto humano,
difcil se abstrair a linguagem e a vida social. No obstante, a vida
religiosa de qualquer grupo humano em sua fase etnogrfica contenha
sempre um certo nmero de elementos tericos de caractersticas
religiosas tais como smbolos, ideogramas, mitos, entre outros, que
so consideradas verdades. No caso dos homens das culturas arcaicas,
estas verdades so chamadas hierofanias, ou seja, algo sagrado que
se nos mostra. Isto porque tais verdades no somente revelam uma
modalidade do sagrado, mas principalmente porque, atravs delas, o
homem se defende contra o insignificante, contra o nada. Sai da
esfera do profano (Eliade, 1974a).
202. O sagrado e o profano Considerando o que nos diz Mircea
Eliade (1967), as definies dadas ao fenmeno religioso evidenciam, a
sua maneira, uma caracterstica comum: apresentam uma oposio entre o
sagrado e a vida religiosa; o profano e a vida secular. Buscar
estabelecer limites da esfera da noo do sagrado exatamente o ponto
onde comeam as dificuldades, tanto de ordem terico como prticas.
Isto porque ao se pretender dar uma definio do fenmeno religioso,
importante saber onde se deve buscar os fatos religiosos, em
especial, aqueles que podem estar relacionados aos estados mais
simples ou mais prximos s origens. Infelizmente, esta uma tarefa
extremamente difcil, porquanto, quase sempre, nos encontramos
diante de fenmenos religiosos complexos, cuja histria supe uma
longa trajetria evolutiva e, conseqentemente, tais fatos no se
apresentam acessveis em nenhuma parte, nem entre os chamados
primitivos e nem mesmo, entre as sociedades cuja histria se pode
seguir. Certas experincias religiosas superiores, certos msticos,
identificam o sagrado com o universo inteiro, o que significa que
todo o Cosmos constitui uma hierofania. Na ontologia arcaica, o
real se identifica essencialmente com uma fora, uma vida, uma
opulncia, com tudo que existe plenamente ou manifesta um modo de
existncia excepcional; pelo fato de tambm se identificar com o
estranho, o singular, etc. Quanto mais religioso o homem mais se
separa da irrealidade, de um vir a ser sem significao, razo porque
tende sempre a consagrar sua vida inteira. Neste aspecto, todo ato
possvel de se converter em um ato religioso, da mesma forma que um
objeto csmico pode se converter em uma hierofania (Eliade,1974b).
Assim a tarefa mais difcil est em compreender e, sobretudo, em
tornar compreensvel a modalidade ou manifestao do sagrado revelada
atravs de uma determinada hierofania. Mas, conhecer as diferentes
modalidades do sagrado precisamente uma das maiores capacidades que
apresentam os povos das sociedades primitivas porquanto para estas,
o sagrado o que se ope ao profano. O homem entra em conhecimento
com o sagrado porque este se manifesta, se mostra como algo
completamente diferente do profano. Todavia, os modos de ser
sagrado e profano dependem das diferentes posies que o homem tem
conquistado no Cosmos, uma vez que sagrado e profano constituem
duas situaes ou modalidades de estar no mundo, duas situaes
existenciais que o homem elege assumir ao largo de sua histria.
(Eliade, 1967,1974b). Ao longo da histria, sempre se tem encontrado
objetos ou seres considerados sagrados ao lado daqueles
considerados profanos, uma vez que o que converte um objeto em
sagrado a revelao ou incorporao deste de algo distinto dele mesmo;
a nova dimenso de sacralidade que adquire no marco de qualquer
religio. A dialtica da sacralidade de um objeto supe uma separao
clara deste em relao aos demais objetos que lhe rodeiam, em razo de
uma singularizao mais ou menos manifestada. Desta maneira, quando
algo se manifesta sagrado, (Eliade, 1967:19) passa a ser visto
completamente diferente de uma realidade que no pertence a nosso
mundo, materializado em objetos que formam parte integrante do
nosso mundo natural, profano, como por exemplo, uma pedra sagrada
ou uma rvore sagrada. Estas, em verdade, no so sagradas em si
mesmas; sua sacralizao se define pelo fato de conter e ao mesmo
tempo mostrar algo que j no se constitui apenas no que lhe
caracteriza essencialmente como pedra ou rvore, mas pela
sacralidade que lhes foi incorporada. Ao manifestar o sagrado, um
objeto qualquer se converte em algo diferente, sem, contudo deixar
de ser ele mesmo pelo fato de continuar participando do meio csmico
circundante. Uma pedra sagrada segue sendo uma pedra: Nada a
distingue das demais a no ser a relao que estabelecida com aquela
pedra. O sagrado pode se manifestar de qualquer forma, mesmo quelas
que dentro do nosso ponto de vista, poderiam ser consideradas
aberrantes, vez que o paradoxo, o ininteligvel, no o fato do
sagrado se manifestar em rvores ou plantas, e sim, o fato mesmo da
manifestao que, por conseguinte, o limita e o torna relativo frente
aos demais. Alm disto, a ambivalncia do sagrado no se apresenta
somente no aspecto
21psicolgico, atuando como algo que atrai ou repele, mas, tambm
de ordem axiolgica, porquanto o sagrado ao mesmo tempo sagrado e
imaculado. O que se torna imaculado e, portanto, consagrado, ainda
que mantenha suas caractersticas essenciais, se distingue de tudo
que pertence a esfera do profano e acaba por se tornar praticamente
proibido existncia profana. Ningum pode se acercar impunemente de
um objeto imaculado ou consagrado quando est em condio profana, ou
seja, sem que tenha sido ritualmente preparado para tal (Eliade,
1974a). Na verdade, para um homem religioso, o que caracteriza que
um objeto ou algo passe a pertencer a esfera do sagrado o fato de
haver sido criado pelos deuses. Assim, tudo que os mitos referem
atividade criadora, pertence esfera do sagrado, e, por conseguinte,
participa do Ser. Pelo contrrio, tudo o que os homens fazem por sua
prpria iniciativa, e que no tem um referencial mtico, pertence
esfera do profano e , portanto, uma atividade v e ilusria, na
verdade irreal. Poder-se-ia dizer que, quanto mais religioso o
homem, maior o acervo de modelos exemplares que dispe para
referenciar seus modos de conduta e suas aes. Ou, dito de outra
forma, quanto mais religioso o homem, mais se insere no real e
menor o risco que corre de se perder em aes no exemplares,
subjetivas, em sntese, aberrantes. (Eliade,1967). Para os povos
primitivos, a fora e vida no so mais que manifestaes da realidade
ltima. Os atos que o homem das culturas arcaicas executam, so
apenas repeties de um gesto primordial que foi executado no incio e
formao dos tempos por um ser divino ou por uma figura mstica.
Adquirem sentido a partir da repetio de um modelo transcendente,
repetio esta que lhe assegura a normalidade do ato e lhe concede um
status ontolgico, uma vez que apenas se torna real pelo fato de
repetir um arqutipo. Conseqentemente, os atos elementares se
convertem em um ritual que o ajudam a aproximar-se da realidade, a
inserir-se no ser, libertando-se assim dos automatismos do vir a
ser, do profano, do nada, que no possuem contedo ou sentido. Por
outro lado, no desejo do homem religioso se perder neste mundo,
sentir-se esvaziado de sua substncia ontolgica e se dissolver no
Caos que o levar a extinguirse. Por esta razo procura viver o
sagrado com a mesma intensidade com que busca se situar na
realidade objetiva, no se deixar paralisar pela realidade sem fim
das experincias puramente subjetivas e, sobretudo, viver em um
mundo real e eficiente e no em uma iluso. Ele est vido de ser, de
viver num mundo que exista realmente, para fugir ao terror ante o
Caos que rodeia o mundo habitado ou o mundo do nada. A forma de
configurar isto para o homem primitivo realizar sempre os ritos que
se caracterizam pela repetio de um gesto arquetpico realizado no
comeo da histria pelos antepassados ou pelos deuses. Com isto
tendem a transformar os atos mais triviais e mais insignificantes,
at mesmo aqueles fisiolgicos, em cerimnias, conseguindo atravs da
sacralizao, ontific-los e com isto faz-los transpor e se projetar
para mais alm do tempo at a eternidade (Eliade, 1967). 3. A fundao
do mundo: mitos e ritos A experincia do sagrado ento o artifcio
utilizado para que se torne possvel o que Mircea Eliade (1967:59)
chama a fundao do mundo. Ou seja, ali no espao onde o sagrado se
manifesta, o real se revela e o mundo adquire existncia. No h que
se entender, no entanto, que a irrupo do sagrado se limite apenas a
projetar um ponto fixo no meio da fluidez amorfa do espao profano;
constituir um centro em meio ao caos. Ao contrrio, esta irrupo,
permite uma abertura muito mais ampla, na medida em que efetua
tambm uma ruptura de nvel, pois que permite que se abra uma
comunicao entre os nveis csmicos, Cu e Terra e, assim, tornar
possvel o trnsito de ordem ontolgica de um modo de ser a outro. No
importa o contexto histrico em que esteja inserido o homem
religioso, este sempre ir acreditar que existe uma realidade
absoluta que o sagrado, o que, ainda que tenha o atributo de poder
transcender este mundo, se manifesta nele e por isto o santifica e
o torna real. Se os deuses criaram o homem e o Mundo, os heris
civilizadores terminaram a Criao; e a histria de todas estas obras
divinas e semidivinas se conservam nos mitos, ento h que crer que a
vida tem uma origem sagrada
22e que a existncia humana atualiza todas as suas
potencialidades na medida em que religiosa, ou seja, no momento que
participa da realidade. Isto explica porque o pensamento arcaico
utiliza sobretudo smbolos cuidadosamente manejados por uma lgica
simblica que caracteriza um modo de pensar prprio e que mesmo nos
grupos considerados menos evoludos do ponto de vista etnogrfico,
podemos identificar um conjunto de verdades integradas de maneira
coerente em um sistema, uma teoria. Evidentemente, distinta da
lgica moderna fundada no racional. Os mitos adquirem nestas
sociedades a nobre funo de consolidar os modelos de todos os ritos
e de todas as atividades humanas significativas, tais como
alimentao, sexualidade, trabalho, educao, etc. Pois que, tudo que o
homem tem manipulado, sentido, encontrado ou amado, dentro da
perspectiva do espiritual do primitivo, pode se converter em
manifestao do sagrado. Na medida em que cada grupo humano em algum
momento histrico, consubstanciou como sagrado certo nmero de
objetos, animais, plantas ou gestos, muito provvel que durante
dezenas de milnios da vida religiosa definitivamente nada escapou
de ser, em algum momento ou local, configurado como sagrado. Do
ponto de vista Mircea Eliade (1974a:55) a vida religiosa dos
primitivos realmente complexa e considerando isto estabelece alguns
princpios: o sagrado qualitativamente distinto do profano, ainda
que possa se manifestar de qualquer forma e em qualquer lugar
dentro do mundo profano, uma vez que tem a capacidade de dotar de
singularidade todo objeto csmico mediante a hierofania. esta
dialtica do sagrado vlida para todas as religies, no se
restringindo apenas quelas supostas formas primitivas, pois que se
apresenta comprovada tanto em um culto s pedras ou rvores como na
concepo erudita dos avatares ndios ou mesmo no mistrio capital da
comunho. Em nenhuma parte se encontram unicamente hierofanias
elementares, h sempre vestgios de formas religiosas que, pela
perspectiva das concepes evolucionistas, se consideram como
superiores. Porm, ainda que se possa prescindir destes vestgios de
formas religiosas superiores, nos deparamos com um sistema em que
se integram as hierofanias elementares. Sistema este que no se
esgota nelas, pois que est constitudo por todas as experincias
religiosas de uma determinada tribo e compreende ainda um corpo de
tradies tericas que no podem ser reduzidas a hierofanias
elementares, como por exemplo, os mitos referentes origem do mundo
ou a justificao mtica da condio humana atual. No obstante, cada
documento que se estuda no mbito religioso tem um valor em si e nos
permite entender um pouco mais da complexidade deste fenmeno, ao
fazer uma dupla revelao: do ponto de vista da hierofania, revela
uma modalidade do sagrado e do ponto de vista histrico, revela uma
situao do homem com respeito ao sagrado. Desta maneira pode-se
dizer ento que o homem religioso primitivo (Eliade, 1967) somente
pode viver em um mundo que lhe permita situar-se num centro
miticamente definido por ele, onde exista a possibilidade de se
abrir e poder experimentar uma comunicao que lhe faa se sentir em
permanente comunho com os deuses. Toda situao legal e permanente
prescinde a insero em um Cosmos, ou seja, em um universo
perfeitamente organizado que possa representar um modelo exemplar
da criao. E, tanto sua casa como seu corpo, passam a ser
microcosmos, pois simbolicamente se habita neles da mesma forma que
se habita no Cosmos. E, evidentemente, onde quer que se habite h
que ter uma comunicao com o alto, com o outro nvel que
transcendente, pois que esta abertura que torna possvel a passagem
de um modo de ser a outro, de uma situao existencial a outra. Toda
existncia esta predestinada ao trnsito: o homem passa de uma
pr-vida vida e desta morte, reproduzindo assim o que passou o
antepassado mtico que foi da prexistncia existncia e o Sol que vai
das trevas luz. Por outro lado, no pensamento do primitivo, o homem
ao nascer ainda no est acabado, completo. Para que possa se
transformar em um ser completo, passando do estado imperfeito,
embrionrio ao estado perfeito de adulto, deve morrer desta vida
primeira, para renascer pela segunda vez em uma vida superior,
espiritual. Para isto
23necessita dos rituais e simbolismos de trnsito e iniciao,
presentes nas sociedades primitivas, os quais tm a funo de
expressar a concepo especfica da existncia humana, reproduzindo o
momento de criao efetivado pelos deuses quando da fundao. Este
nascimento inicitico significa ento a morte da existncia profana; e
a srie de ritos de trnsitos, de iniciaes sucessivas e o que permite
a existncia humana chegar sua plenitude. Desde os estados arcaicos
de cultura, a iniciao desempenha um papel capital na formao
religiosa do homem. 4. A sacralidade do tempo e do espao Para
Mircea Eliade (1967), um dos aspectos que caracterizam as
sociedades arcaicas o fato de no conceber o espao como homogneo,
estabelecendo que: de um lado existe o espao habitado e do outro,
opondo-se tacitamente, est o espao desconhecido e indeterminado que
lhes circunda. As rupturas e cises existentes fazem com que um seja
qualitativamente diferente do outro. O espao habitado corresponde
ao Mundo, ao Cosmos, ou ainda, ao mundo onde vivemos; o resto j no
um Cosmos, mas apenas uma espcie estranha de outro mundo, extenso
disforme que o rodeia, espaos no consagrados, sem estrutura nem
consistncia, amorfos, caticos, povoado de larvas, de demnios, de
estrangeiros. Tem-se, por um lado, um Cosmos e, por outro, um Caos.
Tudo que no o que se poderia chamar de nosso mundo no ainda mundo e
ningum pode assumir um determinado territrio se no o cria
novamente, ou seja, se no o consagra como espao sagrado que o nico
que real, por conseguinte, forte e significativo. Um territrio
desconhecido sem ser ocupado por ns, se mantm participando da
modalidade fludica do Cosmos, at o momento em que o homem se
instale nele para transform-lo, simbolicamente, em Cosmos pela
repetio ritual da cosmogonia. A cosmizao de territrios
desconhecidos representa sempre uma consagrao que pressupe
organizar um espao e consagr-lo reiteram ao modelo de obra
exemplar: a Criao do Universo pelos deuses. Deste ponto de vista, o
homem no se apropria do territrio desconhecido e sim o sacraliza
para que seja integrado ao mundo real e sagrado. A sacralizao
restabelece uma comunicao permanente com o Cu e com os deuses, o
que torna possvel a existncia humana. Na extenso homognea e
infinita do espao no h possibilidade de se estabelecer nenhuma
demarcao, que somente possvel a partir de uma hierofania que
permita ser revelado um ponto fixo, absoluto, um Centro. Se, para
viver no mundo, necessrio fund-lo e se nada pode comear sem
orientao prvia, um sinal qualquer basta para indicar a sacralidade
do lugar. Esta significa o estabelecimento de um ponto fixo, que se
constitui o espao sagrado e tem um valor existencial para o homem
religioso primitivo equivalendo para ele a Criao do Mundo. Em
sntese, poder-se-ia dizer que a revelao de um espao sagrado
permite: obter um ponto fixo, orientar-se na homogeneidade catica,
fundar o Mundo e viver realmente (Eliade,1967:21). O ponto onde se
d a ruptura de nvel, onde se estabelece a comunicao entre as duas
zonas csmicas, se encontra sempre num espao concebido como sendo o
meio, um Centro e resulta no verdadeiro mundo. Este sempre ser um
Cosmos perfeito, tenha ele a extenso que tiver, seja ele um pas
inteiro, uma cidade, um santurio que representa indiferentemente
uma imagem do mundo. O acesso ao centro equivale a uma consagrao,
uma iniciao: o caminho rduo e cheio de perigos porque na verdade se
trata de um rito pelo qual se passa do profano ao sagrado, do
efmero e ilusrio realidade e eternidade, da morte vida, do homem
divindade (Eliade, 1974b). Importa ressaltar que o simbolismo do
Centro do Mundo no somente indicam pases, cidades, templos e
palcios, como tambm, a mais modesta habitao humana, a tenda do
caador, nmade, etc. Para as sociedades arcaicas todos os santurios
e cada um destes espaos se apresentam tambm consagrados por
representarem simultaneamente a imagem do universo e o Centro do
Mundo. A estas sociedades no bastava viver em um espao onde fosse
possvel uma abertura para o alto, o inalcanvel, onde a ruptura de
nvel era assegurada simbolicamente e onde a
24comunicao com o outro mundo transcendente era possvel; era
necessrio viver o mais prximo do Centro do Mundo. H que se situar
ao mesmo tempo no Centro do Mundo e na fonte mesma da realidade
absoluta onde lhe assegurada a comunicao com os deuses. O
estabelecimento deste ponto central, do centro do Mundo, ocorre
atravs de um sinal, manifesto ou provocado, atravs de um ritual
onde se reproduz a obra de criao dos deuses. No momento, por
exemplo, que se ergue um altar a um deus, se faz a reproduo em
escala micro csmica da Criao e se d validez a uma tomada de posse
de um territrio. Toda construo ou fabricao tem um modelo de exemplo
na cosmologia que faz com que a criao do mundo se transforme ento
no arqutipo de todo gesto humano criador qualquer que seja o plano
de referncia. Independente da sociedade, o que caracteriza a
santificao da morada o fato de constituir uma imagem do mundo, e de
ser o mundo, uma criao divina. Resulta ento que se instalar em
qualquer parte, edificar uma moradia, construir uma casa ou um
povoado, representa uma deciso de carter vital e religioso tanto
para o indivduo como para a comunidade inteira, porquanto a
existncia mesma do homem se compromete com o ato de criar seu
prprio mundo e de assumir a responsabilidade de mant-lo e renov-lo.
Trata-se de evocar a criao do mundo que se escolheu para habitar.
E, neste ato solene, o homem no somente transforma o caos em
Cosmos, como tambm santifica seu pequeno universo, fazendo-o a
imagem e semelhana do mundo dos deuses. Da mesma forma que a cidade
ou o santurio, tambm a casa est santificada, em parte ou na
totalidade, por um simbolismo ou um ritual cosmognico. Deste ponto
de vista, a sua casa, o lugar onde habita no um objeto, uma mquina
de residir: o universo que o homem constri para si, imitando a
Criao exemplar dos deuses, a cosmogonia (Eliade,1967:54). Ao se
repetir o momento primordial em que o Universo viu luz pela
primeira vez, toda construo e toda inaugurao de uma nova morada
equivale de certo modo a um recomeo, a uma nova vida, habitar o
mundo divino. Ter uma casa equivalente dos deuses a mais profunda
nostalgia que alimenta o homem religioso e o que o impele a
configurar isto mais tarde em templos e santurios. Evidentemente
que esta concepo acaba por criar uma multiplicidade ou infinidade
de Centros de Mundo, que, no entanto, no configura nenhuma
dificuldade ao pensamento religioso, pois que o homem primitivo no
o v como espao geomtrico e sim como espao existencial e sagrado,
com uma estrutura radicalmente distinta, que est aberta a uma
infinidade de rupturas e, evidentemente, de comunicaes com o
transcendente. Na verdade, esta experincia que o permitir
reencontrar periodicamente o Cosmos tal como era no instante mtico
em que saiu das mos da Criao. No se pode esquecer o fato de que o
nosso mundo um Cosmos, que se fundou imitao da obra exemplar dos
deuses e todo ataque exterior ameaa ali-lo, ou seja, transform-lo
de novo em Caos. Os adversrios (Eliade,1967) que o atacam se
assemelham aos inimigos dos deuses, aos demnios e necessitam ser
vencidos como no comeo dos tempos. Os inimigos se aliam entre as
potncias do Caos. Toda destruio de uma cidade equivale a uma
regresso ao Caos, enquanto toda vitria reitera a vitria exemplar do
deus contra o Caos Da mesma forma que o espao, tambm o tempo, para
o homem primitivo, no homogneo e contnuo. O conceito de tempo
bastante complexo em relao percepo atual. Existe o tempo profano
com durao ordinria e onde se inscrevem os atos despojados de
significao religiosa; e o tempo sagrado, que se constitui de uma
srie de eternidades recuperveis periodicamente durante as festas
que constituem o calendrio sagrado. H, todavia, uma diferena
substancial entre estes dois tempos posto que o tempo sagrado, por
ser verdadeiramente o tempo mtico primordial que se faz presente,
reversvel por sua prpria natureza. O que no impede que se possa
efetivar uma comunicao entre eles atravs dos ritos, permitindo ao
homem religioso passar da durao ordinria ao tempo sagrado, sem
perigo. (Eliade,1967).
25H que entender ainda que o tempo hierofnico - onde se
manifesta o sagrado -, pode envolver realidades distintas: a) ser
considerado sagrado, quando designa um tempo em que se situa a
celebrao de um ritual; b) significar um tempo mtico, quando so
recobradas vrias vezes por um ritual e realizado outras pela pura e
simples repetio de uma ao que tem um arqutipo mtico; c) designar os
ritmos csmicos quando estes so considerados como revelaes,
manifestaes ou aes de uma realidade fundamental subjacente ao
Cosmos. Visto desta maneira, qualquer momento ou lapso pode vir a
ser, em qualquer instante, um tempo hierofnico, bastando para isto
que seja consagrado como tal, que haja comemorao pela sua repetio
at o infinito. Os segundos sagrados se repetem todos os anos, ou
seja, se perpetuam ao longo dos anos e dos sculos formando assim um
nico tempo. Todo tempo pode revelar o sobrenatural, o sobre-humano
e o suprafsico (Eliade, 1974b:172). Como parte deste, est o tempo
litrgico do calendrio que se desenvolve em um circuito fechado: o
tempo csmico do Ano, santificado pelas obras dos deuses e
constitudo pelas festas religiosas, que consistem em uma
reatualizao de um acontecimento sagrado que aconteceu num passado
mtico, cujos protagonistas so os deuses ou os seres semi-divinos.
E, uma vez que a Criao do Mundo a obra divina mais grandiosa, a
comemorao de sua cosmogonia desempenha um papel importante, pois
permite uma homologao do Cosmos ao Tempo csmico (o Ano), onde ambas
so realidades sagradas. Existe assim uma solidariedade
csmico-temporal de natureza religiosa, sendo que o Tempo cosmognico
que se refere origem ou formao do mundo -, serve de modelo para
todos os Tempos sagrados, por ser resultado da manifestao e criao
de todos os deuses. Temos ento que o tempo sagrado , sobretudo, um
Tempo mtico, um tempo primordial, um Tempo original no sentido de
que no foi precedido por nenhum outro Tempo: antes do aparecimento
da realidade relatada pelo mito no podia existir Tempo algum. Mas,
sendo este tempo obra e criao dos deuses, no momento que o
recupera, o reatualiza, fazendo-se contemporneo dos deuses.
Qualquer que seja a complexidade de uma festa religiosa, se trata
sempre de um acontecimento sagrado que teve lugar no momento da
criao e que se faz presente ritualmente (Eliade, 1967). O homem
religioso vive ento em duas classes de tempo, onde o mais
importante que conhece so intervalos sagrados que no participam da
durao temporal que lhes precede e lhes segue, pois sendo um tempo
primordial, santificado pelos deuses um Tempo circular, reversvel,
recupervel como uma espcie de eterno presente mtico que reintegra
periodicamente mediante o artifcio dos mitos. Uma vez que os mitos
constituem sua histria santificada, o homem das sociedades
primitivas faz todo esforo para no os esquecer, pois a reatualizao
dos mitos leva-o a se manter prximo dos deuses e a partilhar com
eles sua santidade. Na religio como na magia (Eliade,1974b), a
periodicidade significa antes de tudo, toda a utilizao indefinida
de um tempo mtico que se faz presente, atravs dos rituais que tm a
propriedade de fazer com que o tempo que presenciou um
acontecimento que se comemora ou se repete, possa ser recuperado,
reapresentado e feito presente no momento atual, ainda que tenha se
passado em um tempo muito remoto. Na mentalidade do homem
primitivo, a histria coincide com o mito porquanto todo
acontecimento significativo pelo simples fato haver ocorrido no
tempo, representa uma ruptura da durao profana e uma incurso no
grande tempo e , por conseguinte, uma revelao. As aes comuns
humanas no possuem significado ou interesse em si mesmas, mas
adquirem significao pelo fato de repetirem gestos revelados pelas
divindades, heris ou antepassados. O que se constituiria histria
das sociedades primitivas (Eliade, 1974b), se reduz assim a
acontecimentos mticos que tiveram lugar em um tempo primordial e
que no deixaram de se repetir em qualquer momento pela fora
reveladora de um gesto arquetpico, mtico presente nos mitos e
ritos. Para o homem das sociedades primitivas e arcaicas, a eterna
repetio de gestos exemplares e o eterno reencontro com o mesmo
Tempo mtico de origem, santificado pelos deuses, no implica em
absoluto em uma viso pessimista da vida; ao contrrio, constitui sua
maior esperana, pois graas ao eterno retorno, as fontes do sagrado
e do
26real salvam-no do nada e da morte. O desejo e a esperana de
regenerao peridica do tempo e da histria esto presentes nas crenas
em um tempo cclico, no eterno retorno, na destruio peridica do
universo e em uma nova humanidade regenerada. Vale dizer que,
quando o Templo cclico deixa de ser um veculo para reintegrar uma
situao primordial e para reencontrar a presena misteriosa dos
deuses, ou seja, quando se dessacraliza, se torna terrvel: se torna
um mero crculo que gira sobre si mesmo repetindo-se at o infinito.
E, acaba por gerar, enfim, uma viso pessimista da existncia (Mircea
Eliade,1967,1974,1994). Estes no rejeitam por princpio o que se
considera modernamente progresso, seja social, cultural, tcnico,
etc., mas que o aceita como sendo dado a ele por uma fonte de
revelao e dimenso divina. E a responsabilidade que assume neste
contexto enorme, pois tem uma dimenso csmica na medida em que
significa colaborar com a criao, criar seu prprio mundo e a
assegurar a vida das plantas e animais. Por tudo isto, o homem
religioso no acredita mais que no Ser, que sua participao no Ser
garante a revelao primordial da qual responsvel. A soma das
revelaes primordiais est constituda pelos seus mitos. Concluindo,
tem-se ento que o homem primitivo necessitando sempre viver em
estreito contato com seus deuses, cria a simbologia do centro do
mundo onde representa um espao, um canal de comunicao com o divino.
O sagrado o real por excelncia, e ao mesmo tempo potncia,
eficincia, fonte de vida e de fecundidade e tudo pode tornar-se
sagrado, pois tudo foi criado pelos deuses. Da mesma forma, os
rituais, festas, templos e outros locais lhes permitem
simbolicamente retornar permanentemente s origens: o que significa
concretamente fazer-se contemporneo dos deuses, estar em suas
presenas divinas ainda que estes possam no estar visveis, mas que o
foram, simbolicamente, em algum momento. 5. Consideraes finais
Considerando o ponto de vista de Mircea Eliade, chega-se concluso
que, na viso do homem primitivo, o aspecto que define e que
referencial para seu modo de vida e sua relao entre si, com o
universo e com a natureza o fato de que Tudo esta revestido de
sacralidade. Tudo que existia no universo possua o potencial para
em algum momento e por alguma razo, adquirir os atributos sagrados
e serem assim considerados por todos os membros de uma determinada
comunidade. Tanto um objeto qualquer poderia se converter em algo
sagrado, como todo ato seria possvel de ser convertido em um ato
religioso, posto que o que confere a algo a potencialidade de ser
sacralizado o fato de haver sido criado pelos deuses. Realizar um
ato, um ritual, uma cerimnia religiosa significa reviver o ato de
criao inicial dos deuses e adquirir sempre de volta a sua razo de
ser e estar neste mundo, neste universo que por esta razo inteiro
sagrado Os deuses criaram o homem e o Mundo, os heris civilizadores
terminaram a Criao; e a histria de todas estas obras divinas e
semidivinas se conservam e se revive nos mitos, rituais e
simbologias, que adquirem nestas sociedades a nobre funo de
consolidar os modelos de todos os ritos e de todas as atividades
humanas significativas, tais como, alimentao, sexualidades,
trabalho, educao, etc. Cr que a vida tem uma origem sagrada e que a
existncia humana atualiza todas as suas potencialidades na medida
em que religiosa, ou seja, na medida em que participa da realidade.
A forma de participao e de contato permanente com os deuses do
homem primitivo atravs da simbologia do centro do mundo que
representa um espao, um canal de comunicao com o divino. O sagrado
o real por excelncia, e ao mesmo tempo potncia, eficincia, fonte de
vida e de fecundidade e tudo pode tornar-se sagrado, pois que tudo
foi criado pelos deuses. Como o tempo e o espao no tm o mesmo
significado, pois esto sempre relacionados aos deuses e sua obra de
criao, os rituais, festas, templos e outros locais lhes permitem
simbolicamente retornar permanentemente s origens: o que significa
concretamente fazer-se contemporneo dos deuses, estar em suas
presenas
27divinas ainda que estes possam no estar visveis, mas que o
foram, simbolicamente em algum momento. O Cosmos visto, pois como
um organismo que vive e se expressa, e sua prpria existncia a
configurao de sua santidade, j que tendo sido criado pelos deuses,
por estes utilizado como forma concreta de se manifestarem
continuamente aos homens atravs da vida csmica. A partir de certo
estgio de cultura, o homem reencontra em si mesmo a santidade que
reconhece no Cosmos. A Natureza, assim como a vida em sua
totalidade, susceptvel de ser santificada, ou seja, de se revelar
como sacralidade csmica, pois que ao se converter em uma
hierofania, se manifesta como sagrado. Ainda concordando com a
posio de Mircea Eliade, a sacralizao parcial, e conseqentemente
dessacralizao da totalidade, associada a outros tantos processos
anlogos, deu incio a uma marcha progressiva que resultou no
esvaziamento de qualquer contedo religioso ao Cosmos. Da mesma
forma, muito mais que os descobrimentos empricos efetivados, o modo
do homem se perceber em relao ao universo determinado pela dialtica
das formas de manifestao do sagrado, acaba por desencadear a
chamada conquista da natureza pelo homem. Na verdade, o trabalho
com metais, a agricultura, o calendrio lunar, entre outros, surgem
com a mudana de percepo do homem em relao ao Cosmos. Na medida em
que j no mais percebe o Cosmos como totalidade sagrada, que comea a
perder o sentido de unidade e totalidade, que esvazia o Cosmos de
qualquer contedo religioso, e passa a interferir e provocar as
mudanas no contexto ambiental, o homem d os primeiros passos em
direo crise ambiental ou planetria, - como a denominou Nicols Sosa,
com a qual convivemos atualmente. Fica apenas uma certeza: ainda
nos falta muito para conseguir reconstituir as origens da vida, da
religio, bem como, uma histria dos passos, idias, crenas, concepes
que permearam o imaginrio dos primeiros seres humanos que habitaram
o nosso planeta e plantaram as sementes da nossa civilizao. E ser
que teremos condio de um dia nos desnudarmos dos nossos valores, to
fortemente arraigados, para conseguir chegar a isto? Finalmente,
caberia considerar que h muitos anos, especialmente no ocidente, a
antiga f no progresso, to fundamental para a cultura moderna,
costuma estar subordinada ao desenvolvimento industrial e
tecnolgico e, em conseqncia, associada condio de perecimento
absoluto da religio ou de qualquer atividade relacionada dimenso
espiritual do ser humano. Resultou da que a religio ou qualquer
fenmeno religioso passou a ser entendido como ferramenta de domnio,
de pio popular, ou mais ainda, como um montante de supersties de
pessoas temerosas e de poucas luzes ou conhecimentos. Muitos
estudiosos (Taylor, Fraser, Levy-Bruhl, Freud, Marx, Durkheim,
entre outros) a viam como uma mera iluso, mais ou menos rica em
imagens e metforas, com um futuro problemtico. No mximo se lhe
concedia certa profundidade esttica e uma vaga nobreza histrica, no
lhe retirando, no entanto, o status de fantasia criada pela
infantilidade da humanidade (Prates 1998). No obstante, a religio
acabou por se transformar, mas no morreu jamais. E cada vez mais,
em especial as cincias humanas e sociais, transformam-na em objeto
de ateno e destacam a necessidade no somente de estud-la, como a
necessidade de reconstituir a sistemtica dos velhos pressupostos
mais progressistas, por sentir a necessidade de incluir o
componente religioso em toda interpretao ampla e complexa da vida
social. A questo no pode se limitar a um simples processo de
modernizao, mas, ao contrrio, tem que passar a considerar tambm o
mbito em que se produzem novas formas e expresses de religiosidade.
Torna-se cada vez mais claro que o destino da humanidade depende da
capacidade que tenhamos de assumir o desafio frente aos novos modos
de ser, de sentir, de pensar, de valorar, de atuar, at mesmo de
rezar ou de estabelecer nossa relao com a nossa dimenso espiritual
ou divina, o que nos permitir a estabelecer uma relao de amor para
com todos os seres deste planeta.
28Faz-se ento necessrio entender e explicar a produo
contempornea da religiosidade, assim como, os modos especificamente
modernos da experincia e criao religiosa e, para se chegar a isto,
tem-se que superar a dicotomia que apresenta como antagnicas a
racionalidade e a f, a razo e o carisma e, enfim, a religio e
cincia. Significa abandonarmos a anlise secular e racional do
comportamento humano e nos voltarmos para a considerao de elementos
credenciais, rituais simblicos e sagrados, que so parte integrante
da natureza humana, pois interessa agora entender a recomposio da
religio na modernidade a partir dela mesma, o que poderia nos
ajudar a uma melhor recuperao da noo de natureza humana,
reconhecendo-a como composta no somente por uma dimenso econmica e
poltica, mas tambm, e fundamentalmente, emocional e religiosa. Em
resumo, nas condies em que nos encontramos na modernidade, faz-se
necessrio estudar no somente a sacralizao da vida e do mundo
profano, incluindo a o que se poderia chamar de profanaes a que
costumam se entregar as pessoas em seus conflitos e intolerncias
mtuas, mas tambm o processo de sacralizao e consagrao do profano
que se configura atualmente condicionado ao processo de imediatismo
a que se encontra subjugada a nossa civilizao (Prates, 1998).
Processo este que fomenta e alimenta a crise existencial sem
limites, que hoje parte de nossas vidas.
6- Os Mistrios do MitoHEINBERG, Richard. Memrias e vises do
paraso (cap. 1). Porto Alegre: Campus, 1991. Era uma vez uma poca
em que todos os Mitos so histrias de nossa busca seres humanos
viviam em amizade e paz, no da verdade, de sentido, de apenas entre
eles mesmos, como tambm com significao, atravs dos tempos. todos os
outros seres vivos. A gente daquela Todos ns precisamos contar
Idade da Inocncia original era sbia, brilhante, nossa histria,
compreender capaz de voar vontade pelo ar, e estava em nossa
histria. Todos ns contnua comunho com as foras e precisamos
compreender a morte inteligncias csmicas. e enfrentar a morte, e
todos ns Entretanto, um trgico rompimento dos precisamos de ajuda
em nossa padres acabou com a Primeira Idade, e a passagem do
nascimento vida e depois morte. Precisamos que a humanidade viu-se
alheada do Cu e da vida tenha significao, Natureza. Desde ento
temos vivido de modo fragmentrio, nunca nos compreendendo realmente
a ns mesmos, nem o nosso lugar no Universo. De vez em quando, porm,
olhamos para trs, com saudade e pesar, e sonhamos com uma volta ao
Paraso que outrora conhecemos. O Paraso talvez tenha sido a idia
mais popular e intensamente significativa que alguma vez j se
apoderou da imaginao humana. Encontramo-Ia em toda a parte. "Em
formas mais ou menos complexas, o mito paradisaco ocorre aqui e
ali, no mundo inteiro!, escreveu a grande autoridade moderna sobre
religies comparadas Mircea Eliade. O Jardim do den hebraico, a
Idade de Ouro grega, o Tempo de Sonho dos aborgines australianos e
a Idade da Virtude Perfeita do taosmo chins so apenas variantes
locais do universalmente relembrado Tempo dos Primrdios, cuja
lembrana coloriu toda a histria subseqente. O impacto da imagem
paradisaca sobre a conscincia coletiva humana to profundo quanto
vasto. Em nenhuma tradio o tema recente ou perifrico; existe,
antes, no prprio cerne do impulso espiritual perene, que reemerge
na literatura, na arte e nos ideais sociais de cada gerao. Com
efeito, se estivssemos buscando um motivo que servisse de base a um
esboo sumrio de cultura humana, poderamos comear perfeitamente com
nossas lembranas coletivas de uma Idade de Ouro perdida e com
nossos anseios pela sua volta.
29Os grandes empreendimentos da histria - as Cruzadas, as
revoltas milenrias da Idade Mdia, a demanda do Graal, o
descobrimento e a colonizao do Novo Mundo, os movimentos utpicos na
literatura e na poltica, o marxismo e o culto do progresso todos de
certo modo, esto enraizados no solo do Jardim mtico original.
Quanto mais nos familiarizamos com a essncia da histria, tanto mais
freqentemente lhe reconhecemos o reflexo nos devaneios nostlgicos e
nas fervorosas aspiraes de todas as culturas em todas as idades. Ao
passo que a imagem do Paraso, em determinados sentidos, intemporal,
suas expresses se encontram nas tradies orais e nas antigas
escrituras religiosas isto , em mitos. Para o Ocidente, o den
hebraico e a Idade de Ouro grega serviram de prottipos a todas as
vises subseqentes do Paraso na arte e na literatura. A situao
semelhante em outros lugares. Em toda tradio, a imagem do Paraso
deriva de um mito que remonta aos primrdios da cultura humana. A
natureza do Paraso est ligada natureza do mito. Portanto, para
chegarmos a qualquer nova viso a respeito do anseio universal do
Paraso, talvez fosse til ter primeiro uma compreenso bsica da
natureza e do sentido do mito em geral. Mas o assunto no simples: a
questo do sentido do mito atormentou estudiosos durante milnios, e
continua a atorment-los. So os mitos lembranas deformadas de
acontecimentos histricos? Ou so alegorias de vises morais ou
psicolgicas? Estas so as duas primeiras direes que os eruditos
exploraram na busca da origem da panplia desconcertante da
mitologia do mundo. E podemos reenquadrar as duas perguntas em funo
da histria universal do Paraso: existiu uma verdadeira Idade de
Ouro? Se no existiu, que verdade psicolgica estavam procurando os
antigos ao tran