FUNDAÇÃO DE ESTUDOS AGRÁRIOS LUIZ DE QUEIROZ – FEALQ FUNDAÇÃO AGRISUS ATRIBUTOS QUÍMICOS, FÍSICOS E BIOLÓGICOS COMO INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE EM SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO NA REGIÃO OESTE CATARINENSE (Projeto Fundação Agrisus nº 741/10) BOLSISTA: IVANDRO ANTONIO FACHINI COORDENADOR DO PROJETO: DILMAR BARETTA CHAPECÓ, NOVEMBRO DE 2011
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ATRIBUTOS QUÍMICOS, FÍSICOS E BIOLÓGICOS COMO ... os indicadores que mais contribuem para separar os sistemas de preparo e cultivo do solo. Para este estudo, além do município
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FUNDAÇÃO DE ESTUDOS AGRÁRIOS LUIZ DE QUEIROZ – FEALQ
FUNDAÇÃO AGRISUS
ATRIBUTOS QUÍMICOS, FÍSICOS E BIOLÓGICOS COMO
INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE EM SISTEMAS DE
MANEJO DO SOLO NA REGIÃO OESTE CATARINENSE
(Projeto Fundação Agrisus nº 741/10)
BOLSISTA: IVANDRO ANTONIO FACHINI
COORDENADOR DO PROJETO: DILMAR BARETTA
CHAPECÓ, NOVEMBRO DE 2011
FUNDAÇÃO DE ESTUDOS AGRÁRIOS LUIZ DE QUEIROZ – FEALQ
FUNDAÇÃO AGRISUS
ATRIBUTOS QUÍMICOS, FÍSICOS E BIOLÓGICOS COMO
INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE EM SISTEMAS DE
MANEJO DO SOLO NA REGIÃO OESTE CATARINENSE
BOLSISTA DA FUNDAÇÃO AGRISUS: IVANDRO ANTONIO FACHINI
CHAPECÓ, OUTUBRO DE 2011
Relatório final do projeto de
pesquisa n° 741/10 apresentado a
Fundação Agrisus, sob coordenação
do professor Dr. Dilmar Baretta.
1. TÍTULO DO PROJETO: Atributos químicos, físicos e biológicos como
indicadores de sustentabilidade em sistema de manejo do solo na região Oeste
Catarinense.
2. PARTICIPANTES:
2.1 Nome: Ivandro Antonio Fachini
Tipo de Participante: 01
2.2 Nome: Prof. Dr. Dilmar Baretta
Tipo de participante: 02
2.3 Nome: Dra. Carolina Riviera Duarte Maluche
Tipo de participante: 03
2.4 Nome: Eng. Agr. Célio Haverroth
Tipo de participante: 04
2.5 Nome: Marcos Locateli
Tipo de participante: 05
Tipo de participantes
1. Bolsista da Fundação Agrisus,
graduando em Zootecnia (UDESC/CEO).
2. Coordenador do projeto Agrisus,
Professor Efetivo na área de Solos e
Sustentabilidade (UDESC/CEO).
3. Pesquisadora colaboradora, professora
adjunta (UDESC/CEO).
4. Diretor Regional Adjunto (EPAGRI -
CETREC)
5. Bolsista CNPq
3. GRUPO DE PESQUISA CNPq: Solos e Sustentabilidade (UDESC/CEO).
3.1 Linha de Pesquisa: Indicadores de Qualidade do Solo e Ecotoxicologia.
4. DURAÇÃO: Início: 09/09/2010
Término: 01/11/2011
5. RESUMO
O presente estudo teve o objetivo de gerar conhecimento sobre atributos
químicos, físicos e biológicos em diferentes sistemas de manejo do solo, a fim de
selecionar os indicadores que mais contribuem para separar os sistemas de preparo e
cultivo do solo. Para este estudo, além do município de Chapecó, foram escolhidos mais
dois municípios (Xanxerê e Ouro Verde) da região Oeste de Santa Catarina, englobando
14 parcelas com seis sistemas de manejo diferenciados, sendo eles: 1) Plantio
convencional com rotação de culturas (PCRC1); 2) Plantio direto com rotação de
culturas (PDRC2); 3) Plantio convencional com sucessão de cultura (PCSC3); 4)
Plantio direto com sucessão de culturas (PDSC4); 5) Cultivo mínimo com sucessão de
culturas (CMSC5); 6) Floresta nativa (FN). Foram garantidos áreas de plantio direto e
cultivo mínimo também nos municípios de Xanxerê e Ouro Verde. Os locais foram
considerados como repetições verdadeiras dos sistemas de manejo avaliados (n: 3 x 3 =
9), sendo avaliados em cada local três áreas. Nos mesmos pontos de avaliação da fauna
edáfica pelo método das armadilhas do tipo “trampas de Tretzel”, foram analisados os
atributos químicos e físicos do solo (resistência á penetração), sendo uma coleta
realizada nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2011. Adicionalmente, nos municípios de
Chapecó e Xanxerê avaliou-se em outubro de 2011, a macrofauna do solo por meio de
um quadrado de 25 cm comprimento por 25 cm largura por 20 cm de profundidade.
Com base nos resultados obtidos, notou-se que a freqüência relativa da fauna edáfica,
diversidade de espécies de minhocas, teor de umidade, compactação do solo e
quantidade de palhada na superfície do solo foi diferenciada entre os sistemas de
manejo estudados. Nos sistemas com PDRC obteve-se maior índice de umidade relativa
e também de palhada sendo um fator importante no combate da erosão e na retenção de
umidade. As ordens mais freqüentes encontradas nos diferentes sistemas de manejo do
solo, independente do tratamento, foram Collembola, Hymenoptera, Isopoda,
Coleoptera, Díptera, Larvas, Acarina e Outros (Somatórios de grupos menos
freqüentes). Quando considerarmos todos os atributos edáficos estudados, o PDRC
ficou mais afastado dos outros sistemas de manejo com melhores condições físico-
químicas e biológicas do solo, em comparação aos sistemas de PCSC, CMSC e PDSC.
Os atributos considerados melhores indicadores químicos foram Potássio, pH, Matéria
Orgânica, Fósforo, H+Al e os biológicos o grupo Collembola, diversidade de espécies
de minhocas e CBM, respectivamente. Recomenda-se continuar esse estudo na região
Oeste de Santa Catarina por mais um ano, visando conclusões mais precisas e na
seleção dos melhores indicadores de sustentabilidade dos sistemas de preparo e cultivo
do solo, especialmente quanto á diversidade de minhocas, visando servir de suporte para
a criação de políticas públicas para valorização dos produtores que mantêm a
biodiversidade do solo.
6. PALAVRAS CHAVE:
1. Sustentabilidade 4. Plantio convencional
2. Fauna edáfica 5. Indicadores de qualidade.
3. Plantio direto
7. INTRODUÇÃO
O plantio convencional foi utilizando largamente durante muitos anos, no
entanto trouxe conseqüências drásticas como por exemplo a perda de nutrientes,
redução na produção obrigando os produtores a investir mais em adubação química e
orgânica, aumento considerável de ervas daninhas e conseguinte aumento no uso de
herbicidas. Além disso, ainda é possível citar problemas relacionados à compactação do
solo devido à intensa remoção e uso de máquinas pesadas para o manejo do solo que
antecede os plantios, estes fatores aliados à falta de cobertura favorecem um dos
maiores problemas no que diz respeito à produção agrícola, a erosão, que além de
diminuir a diversidade da fauna edáfica.
Entretanto, a agricultura brasileira vem sofrendo modificações nas últimas
décadas e passa por um processo de crescimento, devido à grande demanda na produção
e exportação de produtos (especialmente grãos) para outros países. Aliado a isso,
técnicas e sistemas novos de produção vem sendo implantado a fim de acompanhar esse
crescimento.
Até a década de 70 havia uma predominância na utilização do método de plantio
convencional, no entanto, com os avanços das pesquisas na área agrícola e com o
surgimento do plantio direto, técnicas menos agressivas e mais sustentáveis abriram
novas perspectivas nos sistemas de produção.
Com o passar dos anos, a técnica foi ganhando espaço e demonstrou resultados,
antes não obtidos, melhorando com isso, os parâmetros físicos, químicos e biológicos
do solo. Neste sistema é possível observar um aumento significativo nos índices de
biodiversidade no que tange a macro e meso fauna do solo, além disso, é possível
observar menores problemas com compactação, uma vez que, o revolvimento é menos
freqüente e consequentemente a erosão é menor, bem como a umidade tende a
permanecer mais estável, uma vez que a cobertura exerce um papel no controle da
evaporação da água existente no solo.
A problemática ambiental é uma constante e todos os setores são afetados, na
agricultura isto não é diferente, fazendo com que o sistema de plantio direto expandisse
para outras regiões do país que tem substituído o antigo e agressivo sistema
convencional, objetivando maior produção e menos impacto, tornando os sistemas de
plantio economicamente viável e o mais socialmente justo possível, no entanto os
estudos conduzidos na região Sul do Brasil ainda são escassos.
8. OBJETIVOS
8.1 Geral
O estudo tem o objetivo de gerar conhecimento sobre atributos químicos, físicos
e biológicos em diferentes sistemas de manejo do solo na região Oeste de Santa
Catarina, a fim de selecionar os indicadores para separar os sistemas de manejo do solo.
8.2 Especifico
a) Conhecer o efeito do preparo e do cultivo do solo sobre os principais grupos
da fauna edáfica em sistemas de plantio direto e convencional;
b) Verificar se existe correlação entre a atividade e a diversidade da fauna
edáfica com os outros atributos físico-químicos do solo analisados;
c) Possibilitar o treinamento de iniciação científica e a capacitação profissional
de alunos de graduação do CEO/UDESC;
d) Divulgar os resultados na região por meio de reuniões ao nível regional e/ou
apresentar os resultados em simpósios e congressos.
9. REVISÃO DE LITERATURA
Observa-se que, com o aumento do conhecimento dos sistemas
conservacionistas há necessidade da utilização de um conjunto de indicadores e,
eventualmente, a inclusão deles em um modelo de avaliação da qualidade do solo
(NICOLODI, 2006). Neste âmbito o plantio direto (PD), diferente de outros tipos de
manejo como cultivo mínimo (CM) e convencional (PC), apresenta-se como uma opção
para a manutenção e melhoria dos atributos edáficos.
No solo, existem diversas inter-relações entre os atributos físicos, químicos e
biológicos que controlam os processos e os aspectos relacionados à sua variação no
tempo e no espaço (BROOKES, 1995). Diante disso, a variação desses atributos,
determinada pelo manejo e uso do solo e sua avaliação são importantes para o melhor
manejo visando à sustentabilidade do sistema (CARNEIRO et al., 2009). Essa avaliação
é complexa e já se tem verificado que indicadores isolados não são suficientes para
explicar a perda ou o ganho potencial dos cultivos de determinado solo.
Atualmente muito se comenta sobre diferenças entre os sistemas de manejo do
solo e seus impactos sobre os atributos de qualidade do solo. O PD é uma premissa
básica para se obter uma superfície com cobertura vegetal permanente no solo
(MARASCA, 2010), está sendo largamente utilizado na região Oeste do Estado de
Santa Catarina e caracteriza se por ser um sistema que preconiza um menor
revolvimento do solo, além de manter o solo protegido e menos susceptível a erosão
(BARETTA et al., 2003).
Os diferentes tipos de cobertura podem influenciar os atributos de qualidade do
solo, pois há diferenças quanto a sua relação C:N, que influencia a velocidade de
degradação da palhada e pode alterar a diversidade da fauna edáfica (BARETTA et al.,
2003). O tipo de preparo do solo associado à rotação de culturas pode modificar as
características físicas, químicas e biológicas do solo, promovendo modificações
diversas nas populações de organismos que nele habitam, através de seus efeitos diretos
e indiretos sobre os fatores relacionados ao solo e às plantas (ALVES et al., 2006).
O tráfego contínuo de equipamentos pesados e o preparo dos solos tem sido
motivo de preocupação e traz à tona a necessidade de avaliar o comportamento da
estrutura do solo, a fim de evitar os efeitos indesejáveis da compactação (CARDOSO et
al., 2008). A compactação do solo passa a ser uma causa de prejuízo na produção,
limitando o crescimento das raízes e, conseqüentemente, a adsorção dos nutrientes e
água, o que leva a planta a um desenvolvimento aéreo inadequado, abaixando a
produtividade das culturas (MARASCA, 2010).
Os diferentes manejos do solo e das culturas afetam o equilíbrio existente entre o
solo e os organismos que nele habitam, mas o sistema PD tem-se mostrado uma das
melhores alternativas conservacionista para os solos brasileiros. Em 1971, a
FUNDACEP/FECOTRIGO no RS, e o IAPAR no PR, iniciaram os primeiros ensaios
de avaliação da tecnologia do PD (FEBRAPDP, 2006), onde foram reunidas evidências
de que esse sistema resulta em incrementos na retenção de umidade, decréscimo nas
temperaturas do solo, controle da erosão do solo e no aumento dos teores de matéria
orgânica, resultando em maiores rendimentos das culturas em comparação com o
plantio convencional (PC) (AMADO et al., 2001; CASTRO et al., 2002).
Alterações nas práticas agrícolas podem modificar a composição e a diversidade
dos organismos edáficos, em diferentes graus de intensidade, em função de mudanças
de hábitat, fornecimento de alimento, criação de micro ambientes e competição intra e
interespecífica (HONEK et al., 1988). Ações de impacto negativo levam à degradação
do ambiente edáfico e, conseqüentemente, ao comprometimento de suas funções dentro
dos sistemas biológicos (ROVEDDER et al., 2009) apresentando resposta
aparentemente mais rápida do que outros atributos do solo, servindo, portanto, como
indicadores biológicos sensíveis às alterações ecológicas nos diferentes sistemas de
preparo e cultivo do solo (BROWN et al., 2003; BARETTA et al., 2006).
O uso continuado do solo pelo homem, com repetição de práticas agrícolas na
mesma área, principalmente através da agricultura, pode alterar o equilíbrio e a
diversidade da fauna edáfica (PANDOLFO et al., 2004). Desse modo, o conhecimento
da fauna e suas relações ecológicas são importantes, tanto para a avaliação da qualidade
do solo, como para o entendimento da dinâmica dos sistemas de produção (PAOLETTI
& BRESSAN, 1996).
No sistema PD há uma maior diversidade da fauna edáfica do que no sistema de
(PC) (ALVES et al., 2006; BARETTA et al., 2006). O tipo de preparo e cultivo do solo
associado à rotação de culturas pode modificar as características físicas (BEARE et al.,
1994; KRABBE et al., 1994), químicas (ALVES et al., 2006) e biológicas do solo
(BARETTA et al., 2006), promovendo alterações nas populações de organismos que
nele habitam. Vários estudos destacam o efeito das práticas agrícolas e do manejo do
solo sobre a biota do solo (BROWN et al., 2003; ALVES et al., 2008; BARETTA et al.,
2008).
A diversidade da fauna edáfica tem sido considerada como “atributo chave” para
a manutenção da estrutura e fertilidade dos solos tropicais (BROWN et al., 2003;
LAVELLE e al., 1993), apresentando resposta mais rápida do que outros atributos do
solo, servindo, portanto, como indicadores biológicos sensíveis das alterações
ecológicas nos diferentes sistemas de preparo e cultivo do solo (BARETTA et al.,
2006).
A adoção de sistemas conservacionistas de manejo do solo como plantio direto
tem-se apresentado como uma alternativa para contribuir com a sustentabilidade
econômica e ambiental do agro ecossistema (SILVA et al., 2000) o que, em termos de
biota do solo e resposta das culturas agrícolas, colaboram no aumento da diversidade e
abundância de inimigos naturais e na redução do número de insetos fitófagos
(ANDERSEN, 1999).
Em conduzido na Austrália com Vertissolos, em condição de clima semi-árido,
notaram-se que a permanência de palhada na superfície do solo no sistema de plantio
direto aumentou a densidade de predadores e decompositores, pertencentes à
macrofauna, em relação ao preparo convencional (ROBERTSON et al., 1994). Assim
sendo, o sistema PD influencia na dinâmica populacional de pragas através do
desenvolvimento e sobrevivência de algumas pragas ou no controle de outras, mas deve
ser associado à rotação de culturas visando manter a população de pragas a níveis de
dano aceitáveis (MARODIM et al., 1998).
Um dos aspectos mais importantes para se alcançar sucesso no PD é a formação
de uma contínua cobertura vegetal, viva ou morta, que seja capaz de minimizar o
processo erosivo, que leve a uma maior retenção de água no solo e que promova uma
maior disponibilização de nutrientes (LOPES et al., 2003). Essas metas são atingidas
mediante a adoção de um sistema de rotação de culturas que não siga apenas uma
alternância aleatória de espécies, mas de uma seqüência racional de culturas,
considerando suas exigências edafo-climáticas, seus efeitos benéficos ao solo e
eficiência no controle de doenças e pragas. Além de apropriada, essa seqüência de
culturas deve oferecer praticidade à sua adoção e promover efeitos benéficos às culturas
subseqüentes, bem como ganhos econômicos. Ainda, que dentre as diversas
características desejáveis para seleção de plantas de cobertura do solo, destacam-se a
produção de fitomassa e a quantidade de nitrogênio acumulada, seja pela fixação de N2
atmosférico, seja pela reciclagem de N no sistema (OLIVEIRA et al., 2002).
Estudos indicam que o tipo de cobertura, teor de umidade do solo, práticas
agrícolas e os sistemas de rotações de culturas, afetam as populações de minhocas no
Meio Oeste dos EUA (HUBBARD et al., 1999). No PD, os resíduos permanecem na
superfície, enquanto no PC são incorporados no solo, acelerando a atividade microbiana
e, conseqüentemente, sua decomposição (BALOTA, 1998).
O sistema de plantio adotado e o tipo de cobertura influenciam no teor de
matéria orgânica do solo, acidez e teor de alumínio, resposta a aplicação de calcário,
aporte de fósforo e nitrogênio (LOPES et al., 2003), além disso, melhora a temperatura
e estrutura do solo, ocasionando uma conservação e proteção do solo (MARASCA,
2010). Estudos mostram que o teor de matéria orgânica no PD é superior ao PC,
concentrando-se na camada superficial do solo (BAYER et al., 2002). Além disso,
(CALEGARI, 2002), observaram um aumento de 34% no rendimento da soja em solo
sob PD, comparada com o rendimento no PC.
O sistema de PD pode beneficiar algumas das populações da fauna do solo
(BARETTA et al., 2006), melhorar o ambiente edáfico pela presença da palhada na
superfície do solo (KLADIVKO, 2001), aumentar a diversidade de espécies da fauna,
principalmente, nos primeiros 5 cm de profundidade (WINTER et al., 1990). Esse
aumento na diversidade da fauna na camada superficial do solo no PD em relação ao PC
se deve, principalmente, pelo aumento de matéria orgânica ao longo do tempo, menor
revolvimento do solo e pela maior proteção da degradação pelo impacto da gota da
chuva (MELLO et al., 2003). A redução da densidade de uma população e/ou mudança
na sua estrutura representa um indicativo da perda da sustentabilidade e degradação do
solo (VARGAS & HUNGRIA, 1997).
Entretanto, a diversidade da fauna edáfica depende de uma série de fatores,
sendo sensível ao manejo do solo, tipo de preparo e cultivo do solo, condições
edáfoclimáticas, espécie de planta (vegetação/alimentação) e teor de matéria orgânica.
Desse modo, o conhecimento da fauna e suas relações ecológicas são importantes, tanto
para a avaliação da qualidade do solo, como para o entendimento da dinâmica dos
sistemas de produção (PAOLETTI & BRESSAN, 1996). Esses aspectos têm sido
considerados aspectos chave para a manutenção da estrutura e a qualidade dos solos
tropicais (LAVELLE et al., 1993).
Já o Carbono da Biomassa Microbiana (CBM) constitui-se na maior parte da
fração ativa da matéria orgânica, representa o parâmetro mais sensível de detecção das
mudanças iniciais no conteúdo total de matéria orgânica do solo, podendo ser utilizada
para indicar o seu nível de degradação, em função do sistema de manejo utilizado
(CARTER et al., 1986; BENDING et al., 2000). Em situações com maior deposição de
resíduos orgânicos no solo e grande quantidade de raízes, há um estímulo da biomassa
microbiana, acarretando no aumento populacional e de sua atividade (CATTELAN &
VIDOR, 1990). Assim, além dos fatores de ambiente, a quantidade e a qualidade dos
resíduos vegetais depositados sobre o solo em PD podem alterar consideravelmente a
atividade e a quantidade de CBM. Por este motivo, a biomassa microbiana pode ser
utilizada como indicador de qualidade do solo, pois é grandemente influenciada pelo
seu manejo e uso, em que, qualquer estresse no sistema afetará a densidade, diversidade
e a atividade das populações microbianas do solo (MOREIRA & SIQUEIRA, 2006).
Contudo, no Brasil, as pesquisas relacionadas com diferentes sistemas de manejo
do solo, aprofundaram-se no estudo de parâmetros físicos e químicos separadamente,
existindo um número reduzido de trabalhos analisando, conjuntamente, atributos
químicos, físicos e biológicos do solo (incluindo microbiológicos). Assim, o presente
procura contribuir com maiores informações sobre a relação entre os atributos químicos,
físicos e biológicos do solo, pois são praticamente inexistentes os estudos sobre esse
assunto nos diferentes sistemas de manejo do Oeste de Santa Catarina.
10. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na região Oeste de Santa Catarina, no Centro de
Treinamento da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
(CETREC/EPAGRI) localizado em Chapecó e nos municípios vizinhos de Xanxerê e
Ouro Verde, todas no estado de Santa Catarina. As coordenadas geográficas e altitude
referente às áreas de Chapecó, Xanxerê e Ouro Verde são apresentadas na Tabela 1. O
clima da região é caracterizado como mesotérmico úmido com verão quente, Cfa,
segundo a classificação de Köppen, com precipitação média anual de 2.039 mm, bem
distribuídos ao longo do ano e temperatura média anual em torno de 18ºC, variando
mensalmente de 14,1 a 23 ºC. Os dados climatológicos referentes ao período de estudo
(Figura 1) foram obtidos pela Estação Experimental da EPAGRI de Chapecó, SC.
Tabela 1. Coordenadas geográficas médias (centrais) de cada tratamento estudado na
região de Chapecó (CETREC), Xanxerê e Ouro Verde, SC.
Coordenada central média de cada tratamento (CETREC)
Tratamento S W Altitude (m)
CHAPCRC1¹ 27º 11’ 36.6” 052º 39’ 33.6” 660
CHAPDRC2 27º 11’ 36.3” 052º 39’ 32.9” 661
CHAPCSC3 27º 11’ 34.5” 052º 39’ 32.0” 668
CHAPDSC4 27º 11’ 34.3” 052º 39’ 31.7” 670
CHACMSC5 27º 11’ 38.6” 052º 39’ 48,3” 654
CHAF 27º 11’ 40,1” 052º 39’ 34,1 675
Coordenada central média de cada tratamento (Xanxerê)
Tratamento S W
XAN1PDSC 26º 49 43’ 83’’ 52º 28 17’ 87’’
XAN1PDRC 26º 49 41 82’’ 52º 28 19’ 09’’
XANCMSC 26º 20 49 54’’ 52º 27 35’ 94’’
XAN2PDRC 26º49 51’ 08’’ 52º 27 30’ 77’’
XANF 26º 49 05’ 23’’ 52º 28 11’ 68’’
Coordenada central média de cada tratamento (Ouro Verde)
Tratamento S W
OUVPDRC 26º 43’ 09,2’’ 052º 37’ 48,0’’
OUVPDSC 26º 43’ 04,3’’ 052º 18’ 04,6’’
OUVCMSC 26º 43’ 05,8’’ 052º 18’ 07,1’’
OUVF 26º 43’ 09,9’’ 052º 18’ 09,2’’ ¹Abreviação de cada tratamento e outras informações das áreas podem ser visualizadas no item 10 e nos Quadros 1, 2 e 3.
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
Meses do ano
Te
mp
era
tura
(ºC
)
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
400,0
450,0
Pre
cip
ita
çã
o (
mm
)
Temperatura (ºC)) Precipitação (mm)
Figura 1. Valores de temperatura média mensal (Temperatura,
oC) e precipitação (mm),
registrados pela Estação Metereológica da Empresa de Pesquisa Agropecuária de
Santa Catarina (EPAGRI), em Chapecó, SC, no período de outubro de 2010 a
setembro de 2011.
10.1 Tratamentos
Para o presente estudo, foram escolhidos três municípios da região Oeste de
Santa Catarina envolvendo 17 parcelas com no mínimo cinco diferentes sistemas de
preparo e cultivo do solo (tratamentos) e três áreas de floresta nativa, tomadas como
referência, localizadas em altitudes, relevo, condições de solo (tipo de solo) semelhantes
(Tabela 1) abrangendo as seguintes condições de uso e manejo do solo (tratamentos):
1) Plantio convencional com rotação de culturas (PCRC);
2) Plantio direto com rotação de culturas (PDRC)
3) Plantio convencional com sucessão de cultura (PCSC)
4) Plantio direto com sucessão de cultura (PDSC)
5) Cultivo mínimo com sucessão de cultura (CMSC)
6) Floresta Nativa (F).
A relação de culturas implantadas em cada tratamento estudado no município de
Chapecó, Xanxerê e Ouro Verde encontra-se nos Quadros 1, 2 e 3 respectivamente. Floresta
nativa (FN) encontra-se em climax, com pouca intervenção antrópica. A abreviação
antecedente a sigla dos tratamentos encontrados em algumas figuras referem-se ao
município coletado, sendo CHA para Chapecó, XAN para Xanxerê e OUV para Ouro
Verde.
Quadro 1. Culturas implantadas em cada tratamento nos últimos sete anos nas áreas do