Atos Encobertos Registro 185.539 – FBN – 28/10/1999 Não mais é possível continuarmos tratando a terra como propriedade somente nossa. Todos os seres vivos na terra também merecem nosso carinho e respeito, pois são parte da obra de Deus. Do autor, Mourão Lobato
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Atos Encobertos - rl.art.br · supermães, tais qual “galinha choca” cuidando dos pintinhos. Com o passar dos anos os “pintinhos” aprendem os truques para arvorarem-se da
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Atos Encobertos
Registro 185.539 – FBN – 28/10/1999
Não mais é possível continuarmos tratando a terra como
propriedade somente nossa. Todos os seres vivos na terra também
merecem nosso carinho e respeito, pois são parte da obra de Deus.
Do autor,
Mourão Lobato
MATA-PAUS, MATA-RIOS...
- José! Acorda homem! Estão pondo fogo na casa!
- Meu Deus! Oras, Noé, não é na casa, é no mundo! A terra está em chamas! O
fogo consome toda espécie de árvore, deixando apenas rastro de carvão na terra e
poeira e fumaça no ar. Né, nestes tempos secos, em certas regiões a umidade do ar
chega a dez, doze por cento; as árvores sofrem o pão que o demo amassou – coitadas
delas! Sofrem com a secura da terra e do ar e para completar, o destino fez aparecer
piromaníacos e exterminadores de todos os tipos e intenções.
- Piromaníacos! Que nome difícil, Zé!
- A professora ensinou que são pessoas que usam o fogo para queimar tudo que
veem na frente. Ela contou que a um desses queimadores de matas e florestas, o
escritor Monteiro Lobato identificou-o como sendo o caboclo, eternizando-o na figura do
Jeca Tatu.
- Jeca Tatu!
- Sim, Né. Todo caboclo é antes de tudo um Jeca, um da roça, que não tem cultura,
não tem nada, não deseja nada, só viver o quanto a vida permitir-lhe; sua virtude é
queimar uma reserva de mata aqui, outra acolá e aos poucos eliminar, por onde
passam, ele e sua família, a fauna e flora silvestres.
- Mas, Zé, quanto tempo mais veremos esses maníacos incansáveis incendiarem
as matas!?
- Não sei, Né. Mas os matutos continuarão por muito tempo com seus ofícios em
destruir a fauna e flora silvestres. Alguns de seus descendentes foram para as cidades;
aprenderam ofícios outros, mas quando veem uma mata, lançam tocos de cigarro nos
capins que beiram as estradas, fazem fogueira à beira dos rios e esperam, com sorriso
de escárnio, a mata virar fogo para delírio de seus olhos – muda-se o habitat, mas o
instinto de matuto continua. Mas há outros incendiários.
- Então, Zé, é por isso que a terra arde em fogo e o céu esconde-se em fumaça!
Quem são esses outros incendiários!?
- Segundo a professora Marilda, são das cidades: o empreendedor imobiliário e o
criador de gado.
- Mas nós criamos gados e não fazemos mal à mata!
- Mas nós amamos a mata e sabemos que podemos criar o gado sem eliminá-la.
Aqueles, não têm amor às árvores, aos pássaros..., à fauna e flora silvestres. Os
empreendedores imobiliários (pessoas que vendem lotes de terra nas cidades) fazem
qualquer tipo de negócio para destruir as matas próximas à cidade e lotear a área em
pequenos lotes – a cada área roubada da mata, para esse fim, é uma parte acrescida à
cidade. Os criadores de gado não podem ver um terreno plano que logo criam na
imaginação milhares de cifras de dinheiro traduzidas em cabeças de gado; tomam
posse de matas, colocam fogo nas imóveis árvores, matam a flora e fauna existentes
na área e com suas máquinas pesadas limpam-na para plantação de capins destinados
ao alimento do gado – nem árvores ribeirinhas respeitam, limpam tudo! Mas isso não é
tudo. As matas e florestas também sofrem com a presença de outro tipo de
exterminador de árvores: os mata-paus (pessoas que sobrevivem à custa de corte de
árvores para empresários que fazem comércio com madeiras – os madeireiros). O pior
de tudo é que quem os alimentam são os moradores urbanos e o próprio governo, que
consomem móveis feitos de madeira e construtores de prédios, pontes, vias públicas,
pela utilização da madeira como estacas e armações. Esses mata-paus cortadores de
belas árvores provocam o mesmo dano à natureza que os caboclos, os
empreendedores imobiliários e os criadores de gados. No fundo, são todos mata-paus.
Lamentavelmente, a cada ano todos esses mata-paus deixam rastros de destruição
incomensuráveis na vida terrestre. Não isolam a área que queimam e esquecem-se
das centelhas que incendeiam outras áreas; não fazem florestamento para retirarem a
madeira que necessitam; e ao verem a mata ardente em fogo ou deitada na terra, não
enxergam fogo e morte. Uma espécie enxerga um acre de milho, de mandioca, de
cana...; outras, cifras de dinheiro constituídas de lotes urbanos, de gados em pé ou de
imensos lotes de madeira.
- Zé, o governo não pode acabar com essa matança? Não podem fazer leis que
punam esses loucos assassinos?
- Acho que podem, mas não adianta somente leis. É preciso ensinar aos adultos
amarem a natureza e ensiná-los é difícil. Mais fácil é ensinar as crianças a amarem as
árvores e animais silvestres; amarem a natureza. Talvez, se todas as crianças
amassem a natureza, os futuros adultos teriam mais respeito ao eliminarem parte da
natureza e os governos poderiam gastar menos no combate a muitas queimadas. Os
governos bem que poderiam premiar os industriais que fabricassem móveis de resina
de vidro ou sintéticos, beneficiando-os com isenção de impostos. Talvez inibisse a
matança de árvores sob o risco de extinção. As queimadas e o desmate de matas e
florestas são os primeiros agentes a destruir o solo. Com a terra exposta, o sol a seca;
em seguida as chuvas varrem seus minerais e provocam erosões – esses buracos que
vemos em áreas de terras sem árvores. As áreas ribeirinhas, com as enchentes, ficam
desprotegidas e desbarrancam-se dentro dos rios, fazendo com que esses saiam de
seus cursos naturais e inundem, permanentemente, as áreas próximas, matando a
fauna, riquezas dos transgressores e eliminando uma artéria fluvial que alimentava
outras nascentes, outros rios, quebrando uma sequência na cadeia dos ecossistemas
naturais dessas áreas afetadas.
- Né, mas a matança dessas árvores não fica somente nisso. Há outros, os mata-
rios (caçadores de metais preciosos e exploradores de areia para construção), que
levam suas máquinas para dentro dos rios e começam a cavar seus leitos; depois
destroem as margens; as chuvas completam a destruição, arrancando as árvores
ribeirinhas e deixando o rio largo, raso, quase sem vida. O dano maior ocorre nas
regiões rio abaixo, pela diminuição do fluxo d’água - e terra sem água é planta que
morre, é mata que desaparece. O que desanima qualquer amante da natureza é a falta
de punição a esses predadores ambientais da terra. O Jequitinhonha, por exemplo,
sofre com esses mata-rios, mata-matas, mata-tudo.
- Né, uma vez vi escrito em um jornal da escola, sobre as consequências da
retirada de árvores das terras. Não foi invenção; coisa verdadeira mesmo - com foto da
fazenda e da fazendeira. Um repórter escreveu o desabafo de uma fazendeira no
pantanal – terra muito longe daqui: “Isso tudo era pastagem, uma beleza de terra;
coberta por capim e gado em pé. Hoje apenas vejo água e o pasto nela imerso. O gado
morreu afogado”. O melhor foi o que o repórter falou a ela. Quer saber?
- Sim.
- “Minha senhora, porque não deixou as árvores florescerem às margens do rio?
Não sabias que era uma proteção natural contra a erosão e entupimento do rio?” Zé, foi
bom esse chamamento à memória dessa avarenta. Mas, meu deus, com todos esses
assassinos ambientais, o que será das árvores, das flores, dos animais, indefesos
diante de tanta maldade!? Será que esse mundo sobreviverá a tanta destruição das
sombras e irrigadores da terra?
GRILO
É designação de inseto da ordem dos saltatórios, tais como os gafanhotos, que, não
havendo predadores naturais como o pássaro anu para controlar sua propagação,
quando em grande quantidade formam nuvens, provocando devastação em lavouras
por onde passam.
Mas as nuvens de gafanhotos que devastam plantações inteiras, apesar de causarem
muito prejuízo, com certeza causam menos danos que os “grilos” que se arvoram nas
entranhas dos poderes públicos e consomem recursos da saúde, da educação, dos
campos, da pesquisa...; e são saltadores, pois sempre estão na posição, independente
de facções partidárias e ideologias políticas; são mutáveis ao longo dos tempos.
Mas há outras designações, caracterizando substantivos e expressões de sentido
figurado:
- “grilo”, designando terreno cujo título de propriedade é falso, dando origem ao
substantivo grileiro. Este, nas grandes cidades, é também conhecido como “empresário
de favelas”, pois, ao tomar posse ilegal de determinado terreno, constrói nele barracos,
alugando-os aos cidadãos mais humildes da população e quando as melhorias urbanas
acontecem no local, com a posse do terreno usucapto, os vendem à incorporação de
empreendimentos imobiliários, levando os antigos moradores, sem teto, a outra posse
invadida, com certeza bem mais distante da anterior e do centro da cidade;
- “grilo”, designando som estridente no automóvel e em aparelhos eletromecânicos,
provenientes de contato de duas partes que friccionam uma à outra pela ação do
movimento. Ouve-se o “grilo” nos assentos, nos painéis, no compartimento de
bagagem, e na parte mecânica. Pode ser, aos ouvidos do usuário um som que
incomoda ou um alerta mecânico de que algo não está funcionando bem no motor e
demais partes mecânicas;
- “grilo”, designando problema não solucionado e não precisamente identificado:
“estou com um grilo para ser resolvido”;
- “Grilo”, designando apelido de pessoa...
CASA NÃO É GALINHEIRO
O substantivo galinha designa várias espécies de aves ciscadeiras: as carijós, muito
conhecidas em fazendas; as de granja, geralmente brancas, conhecidas como
poedeiras, máquinas de produzir ovos, que ao esgotarem suas capacidades
produtivas, são abatidas e servidas como proteína em nossos cardápios diários; a
galinha d’angola, originária da África, e outras. Geralmente vivem em cercados
denominados galinheiros ou galpões de criação, ou soltas no quintal de casas ou
fazendas.
Mas, o mais interessante é uma pequena semelhança existente entre esse tipo de ave
e a mulher.
É bastante comum alguns casais, após o nascimento do filho, começarem a travar uma
insana guerra na educação dos “pintinhos”. É que muitas mães adotam a postura de
supermães, tais qual “galinha choca” cuidando dos pintinhos.
Com o passar dos anos os “pintinhos” aprendem os truques para arvorarem-se da
proteção da mãe contra as interferências do pai, o “galo”, sempre inconveniente.
A mãe, sempre ou quase sempre protetora, cobre os “pintinhos” de amores e os tornam
desde cedo irreverentes, impacientes, dependentes... – aos “galos” lhes é permitido
ceder... e doar o suor, o sangue, mas muitas vezes calado, subalterno.
Mas, por felicidade, alguns “galos” ainda cantam, não permitindo aos “pintinhos” o
domínio da situação e da casa.
LIDERANÇA
Quando o inverno chega ao Norte, milhares de aves voam sob a direção de alguns
líderes, para acasalamento em regiões quentes do Sul e preservação de suas
espécies.
Entre os mamíferos, podemos detectar comportamentos de “líderes” entre os humanos,
quadrúpedes de todas as espécies, aquáticos...
A liderança parece nascer no ser, pela firmeza de comportamento, pelo faro ou sentido
mais aguçado que os demais de sua espécie, que atenda a todos os anseios e
necessidades de determinada população ou grupo de animais.
Aparecendo ou manifestando o líder, os demais tentam imitá-lo, pois sentem,
instintivamente, que alcançarão a satisfação de seus desejos.
Há vários conceitos de liderança, mas destaco, no contexto do comportamento
humano, a capacidade salutar das pessoas, dentro e fora das organizações, para:
- influenciar pessoas;
- criar situações novas de prosperidade;
- derrubar barreiras contra o progresso da humanidade;
- frear a degradação da natureza e destruição do Planeta Terra;
- conduzir as pessoas ao propósito de obtenção de organizações mais sadias, sem
antagonismos pessoais exacerbados;
- utilizar a técnica da informalidade para alcançar bons resultados e ganhos de
produtividade e não para cobiçar posições hierárquicas;
- usar a criatividade para o bem-estar da coletividade, das organizações, das
famílias e das espécies vivas;
- conduzir as organizações com harmonia e respeito aos subordinados, aos
clientes, aos fornecedores, ao meio ambiente...;
- criar soluções para problemas pequenos e complexos;
- treinar e receber treinamento contínuo;
- não tratar o próximo com falta de respeito e desacato;
- saber dialogar e criar situações de respeito e de harmonia nas posições com
subordinados, clientes e fornecedores;
- saber fazer e fazer fazer os trabalhos com dedicação e direcionados a objetivos
factíveis, evitando-se desperdícios desnecessários e desgaste emocional das equipes;
- influenciar as decisões políticas para a melhoria das condições de vida dos seres
humanos, do meio ambiente e proteção da terra e de seus recursos;
- saber utilizar o tempo;
- não antecipar soluções sem conhecer os objetivos propostos;
- ser útil e solícito;
- lidar com situações de conflito, procurando soluções em harmonia com os
objetivos organizacionais;
- saber reivindicar recursos necessários ao bom andamento dos trabalhos, quando
não houver possibilidade de utilizar os recursos existentes;
- saber transmitir por escrito, por discurso ou atitudes, inovações comportamentais,
visando ao bem-estar coletivo;
- liderar quando não houver liderança formal;
- tratar todos os subordinados sem distinções e preferências;
- criar o hábito de reuniões diárias para administrar conflitos, verificar o grau de
relacionamento e de integração das equipes de trabalho, os ajustes necessários ao
bom relacionamento;
- não permitir intrigas no seio das equipes, uns contra os outros;
- ter transparência quanto ao relacionamento com os subordinados e equipes de
trabalho;
- saber ouvir;
- aperfeiçoar-se continuamente, através de leitura e verificação de suas
incoerências.
Às vezes necessitamos, nas organizações, questionar o direcionamento de suas
relações interpessoais e de sua interação com a produtividade.
Contemporaneamente, as empresas induzem seus empregados a um comportamento
de competitividade interna tão exacerbada que permitem confundir a hierarquia formal
nos níveis operacionais; e agregada a pressões de maior produtividade, maior salário,
maior preocupação derivada de fatores econômicos interno e externo, menos convívio
social e familiar e excessivas intrigas internas informais com objetivos de suprir
deficiências técnicas ou para angariar postos mais elevados na organização, fazem
com que o nível de adrenalina no corpo dos empregados chegue a ser tão elevado que
a ação dessa toxina no organismo acaba por acelerar o processo de debilitação
orgânica dos mesmos. Nesse ambiente, somos obrigados a tomar decisões até mesmo