-
D
iretr
izes
Cl
nic
as
Pro
toco
los
Cl
nic
os
039 Atendimento ao Queimado
UNIDADE DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS UTQ -
PROFESSOR IVO PITANGUY
Hospital Joo XXIII/FHEMIG
Estabelecido em: 19/08/2013
Responsvel / Unidade
Carlos Eduardo Guimares Leo - Mdico | Chefe da UTQ Prof. Ivo
Pitanguy/HJXXIII
Cirurgia Plstica
Edgar Tom Back Jnior
Ilmeu Cosme Dias
Mrcio Soares Guzella
Marzo Bersan
Paulo Jorge Xavier
Rakel Gontijo
Rose Mary Ferreira Souto
Clnica Mdica do 8 andar
Carlos Henrique Soarez
Maria Perptua Campos
Slvio de Cesar Diniz Mandacaru
Colaboradores
Clnica Mdica do 9 andar
Augusto Silva Gonalves
Elisandro Vital Rodrigues
Jos Alberto Vieira Filho
Juliana Cabrera Garrido
Marco Aurlio Rocha
Thassa Oliveira de Almeida Coelho
Clnica Anestesiolgica
Carlos Csar Nunes
Lucas Rodrigues Motta
Sandra Maria Lima Pires
Pediatria
Antnio Tarcsio de Oliveira Perptuo
Marta Lcia Werneck Loche
Rosa Lima Nascimento Bertolin
-
Pg. 292 039 - Atendimento ao Queimado
Fisioterapia
Andra Afonso Mendes
Bruno Castelo Branco Pina
Daniela Cristina Fonseca Ferreira
Isabella de Souza Pereira
Marilene de Paula Massoli
Priscila Pierazoli de Arajo Batista
Renata Rosseti
Assistncia Social
Maria do Esprito Santo de Oliveira
Enfermagem
Abgail Assuno Madeira Pereira
Carolina Di Pietro Carvalho
Daniela Carreiro de Mello
Eva Cezario Mateus
Izabela Figueiredo de Souza Honorato
Juliana Aparecida Correa Nunes
Juliana Horta Cunha
Luciana Galdina de Matos
Roberta Souto Ramos
Rogria da Silva Viana
Selma de Paula Faria
Psicologia
Liza Maria de Oliveira Perptuo
Raquel Mieco Minini
Nutricionista
Rossi Maire de Freitas Ribeiro
Editores do Protocolo - 2013
Ana Elisa Dupin
Carlos Eduardo Guimares Leo
Patrcia Veloso Silva Ramos
Reviso e Formatao
Comisso Central de Protocolos Clnicos FHEMIG
Disponvel em www.fhemig.mg.gov.br
e intranet
-
039 - Atendimento ao Queimado 293
INTRODUO / RACIONAL
DADOS EPIDEMIOLGICOS
No Brasil, 50% das queimaduras ocorrem em ambiente domstico,
sendo que 80% destas na
cozinha.
Dados do servio de queimados do HJXXIII, de 2009 a 2010, indicam
que a maioria dos pacientes
com queimaduras era do sexo masculino (62,5%), com mdia de idade
de 29 anos, sendo 33%
crianas de zero a 15 anos (1). O lcool foi o agente etiolgico
mais freqente (34,4%), seguido por
lquidos superaquecidos (28%), chama direta e eletricidade (7%).
O lcool foi o causador das
queimaduras mais extensas e o maior responsvel pelos bitos.
Quanto intencionalidade, 79%
foram queimaduras acidentais, seguidas pelas tentativas de
auto-extermnio (12%) e agresso (9%),
com taxa de mortalidade de 16,3%. Conclui-se pela necessidade de
campanhas pblicas
abrangentes e peridicas, para a preveno de queimaduras. Mais
definitivo seria a incluso de
matria Preveno de acidentes na grade curricular das escolas
brasileiras (2).
DEFINIES
1. Queimadura: leso resultante da ao do calor direto ou indireto
(radiante) sobre o corpo.
Pode ser provocada por um agente aquecido, agentes qumicos
(leses custicas
semelhantes leso trmica) ou descarga eltrica.
2. Tabela1: Classificao da queimadura quanto profundidade das
leses
Grau da leso Definio Aspecto clnico
Primeiro grau Destruio apenas da epiderme. Eritema, branqueia
sob presso e
dolorosa.
Segundo grau Destruio total da epiderme e
parcial da derme.
Leso exudativa, eritematosa,
dolorosa, presena de bolhas
(flictenas).
Terceiro grau Destruio total da epiderme e da
derme.
Leso seca, dura, inelstica,
translcida, com vasos trombosados
visveis, indolor punctura local.
3. Tabela 2: Classificao da extenso corporal do queimado
(utilizar as tabelas 1 ou 2 do ANEXO I
para o clculo do percentual corporal queimado)
Classificao Adultos Crianas
Pequeno queimado
Queimaduras de segundo grau
abaixo de 10% ou terceiro grau
abaixo de 5 %.
Queimaduras de segundo
grau abaixo de 5%.
Mdio queimado
Queimaduras de segundo grau de
10 a 25% ou terceiro grau em torno
de 10%.
Queimaduras de segundo
grau entre 5 e 15%.
Grande queimado
Queimaduras de segundo grau
acima de 25% ou terceiro grau acima
de 10%.
Queimaduras de segundo
grau acima de 15%.
Obs.: Queimadura de terceiro grau acima de 3% so relevantes na
criana.
-
Pg. 294 039 - Atendimento ao Queimado
4. Tabela 3: Hierarquizao do atendimento
Atendimento ambulatorial Atendimento hospitalar
Pequenos queimados;
Mdios queimados com condio de
realizar cuidados e curativos no
domiclio.
Grandes queimados;
Mdios queimados sem condies de
cuidados domiciliares;
Idosos ou crianas em idade tenra;
Queimaduras da face e pescoo;
Queimaduras incapacitantes;
Queimaduras graves de perneo;
Leso por inalao.
5. Tabela 4: Alteraes sistmicas das queimaduras
Aparelho cardiovascular
Extravasamento vascular;
Hipovolemia;
Choque hipovolmico.
Aparelho respiratrio
Hiperventilao em grandes queimados;
Edema de mucosa traqueobrnquica em inalao de
produtos de combusto irritantes;
Restrio respiratria por queimaduras da parede torcica
com reteno de secrees e tosse ineficiente.
Aparelho digestivo lcera de estresse (de Curling).
Alteraes renais Necrose tubular aguda aps choque
hipovolmico;
Proteinria.
Alteraes
hematolgicas
Hemlise em grandes queimados;
Hipoproteinemia.
OBJETIVOS
Este protocolo se prope a padronizar as atividades
multiprofissionais no tratamento do paciente
queimado, organizado nos itens seguintes:
A. Abordagem Inicial;
B. Assistncia Clnica;
C. Assistncia Peditrica;
D. Assistncia Cirrgica;
E. Assistncia Anestesiolgica;
F. Assistncia e Cuidados de Enfermagem (9 andar);
G. Assistncia e Cuidados de Enfermagem (8 andar);
H. Assistncia Fisioterpica (9 andar);
I. Assistncia Fisioterpica (8 andar);
J. Assistncia Nutricional;
K. Assistncia Psicolgica;
L. Assistncia do Servio Social.
-
039 - Atendimento ao Queimado 295
SIGLAS
ABCDE: Airway, Breathing,
Circulation, Disability, Enviromment and
Exposure
ABD: gua Bidestilada
ADM: Amplitude de Movimento
AGE: cidos Graxos Essenciais
ATLS: Advanced Trauma Life Suport
AVD: Atividade de Vida Diria
BIPAP: Presso Positiva Intermitente
Bifsica
CAB: Circulation, Airway, Breathing
CK: Creatina Quinase
DPOC: Doena Pulmonar Obstrutiva
Crnica
ECG: Eletrocardiograma
EPAP: Presso Positiva Expiratria
EVA: Etil Vinil Acetato
FiO2: Frao inspirada de Oxignio
Hgb: Hemoglobina
Htc: Hematcrito;
ICC: Insuficincia Cardaca Congestiva
IRC: Insuficincia Renal Crnica
MMII: Membros Inferiores
MMSS: Membros Superiores
PAS: Presso Arterial Sistmica
PaCO2: Presso Arterial de Gs Carbnico
PaO2: Presso Arterial de Oxignio
PEER: Positive end expiratory pressure
PIA: Presso Intra Arterial
PCR: Parada Cardiorrespiratria
PO: Ps-Operatrio
PPI: Presso Positiva Inspiratria
PSV: Ventilao por Presso de Suporte
PTTa: Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada
PVC: Presso Venosa Central
RNI: Tempo de Protombina ou Razo Normatizada
Internacional
SARA: Sndrome da Angustia Respiratria Aguda
Sat: Saturao
SCQ: Superfcie Corporal Queimada
SNE: Sondagem Nasoentrica
SVD: Sondagem Vesical de Demora
TMB:Taxa de Metabolismo Basal
TFD: Tratamento Fora de Domiclio
UPF: Unidade Pequenos Ferimentos
UTQ: Unidade de Tratamento de Queimados
VC: Volume Corrente
VM: Ventilao Mecnica
ATIVIDADES ESSENCIAIS & MATERIAL / PESSOAL NECESSRIO
A. ABORDAGEM INICIAL
Os pacientes vtimas de queimaduras admitidos no Hospital Joo
XXIII so triados no andar
trreo (Ambulatrio de Pronto Atendimento/ Politrauma) conforme o
protocolo de
Manchester e encaminhados para o tratamento conforme a gravidade
do trauma, seguindo o
fluxograma abaixo:
-
Pg. 296 039 - Atendimento ao Queimado
Fluxograma 1: Atendimento do paciente vtima de queimadura
Sim
Sim
No
Sim
Compromisso
da via area?
Respirao ineficaz?
Criana no reativa?
Choque?
Dor severa?
Dispneia aguda?
Leso por inalao?
Alterao do estado de
conscincia?
Histria significativa de
incidente?
Dor moderada?
Inalao de fumos?
Leso elctrica?
Queimadura qumica?
Histria
inapropriada?
Dor?
Inflamao local?
Infeco local?
Problema recente?
Sim
No
No
No
Sim
VERMELHO
Sala 1 Emergncia/Trauma
LARANJA
Sala 1 Emergncia/Trauma
AMARELO
Sala 6 Clnicas Cirrgicas
Cirurgia Plstica
VERDE
Unidade de Pequenos
Ferimentos
No AZUL
Centro de Sade
-
039 - Atendimento ao Queimado 297
1. Queimaduras pequenas, pacientes estveis(encaminhados Unidade
de Pequenos
Ferimentos):
Analgesia venosa;
Limpeza das reas acometidas com clorexidine degermante 2% e soro
fisiolgico;
Desbridamento de tecidos desvitalizados, ruptura e desbridamento
de flictenas;
Curativo com sulfadiazina de prata a 1%, ocluindo com gaze
aberta e atadura de crepom;
Encaminhamento conforme impresso especfico para curativos e
acompanhamento com a
cirurgia plstica no Ambulatrio de Queimados.
Obs.: em casos de queimaduras de primeiro grau no esto indicados
curativos oclusivos ou
uso de pomadas especiais. Orientar hidratao da pele.
2. Mdios e Grandes queimados e/ou suspeita de leso por inalao
e/ou queimadura
eltrica: (encaminhados sala de atendimento aos
politraumatizados):
Abordagem inicial sistematizada pela equipe de Cirurgia do
Trauma como qualquer vtima
de politrauma, definindo e tratando as prioridades conforme o
ABCDE do ATLS (Advanced
Trauma Life Suport).
Solicitar avaliao da Clnica Mdica em caso de queimadura eltrica
para abordagem
propedutica e teraputica inicial de possveis comprometimentos
sistmicos.
2.1 Avaliar evidncias sugestivas de leso por inalao em pacientes
expostos a fumaa ou
vapor:
- Queimaduras cervicais ou faciais;
- Queimadura dos clios e vibrissas nasais;
- Escarro carbonceo;
- Rouquido;
- Histria de queimadura em ambientes fechados;
- Confuso mental;
- Nveis sanguneos de carboxihemoglobina maiores que 10%.
2.2 A intubao dever ser realizada diante de qualquer um dos
fatores a seguir:
- Estridor respiratrio;
- Rouquido progressiva;
- Uso de musculatura acessria;
- Queimaduras com edema acentuado em face ou pescoo;
- Diminuio do nvel de conscincia;
- Hipoxemia;
- Hipercabia.
2.3 Estabelecer acesso venoso com catter calibroso em veia
perifrica, de preferncia em
membros superiores:
- Na presena de grande superfcie acometida, a puno venosa em rea
queimada
permitida;
- Acesso venoso em membros inferiores em adultos tem maior
associao com flebites e
deve ser evitado;
- Considerar acesso venoso central em pacientes com superfcie
corporal queimada >
20%;
- Em grandes queimados, estabelecer monitorizao contnua
(cardioscopia, oximetria de
pulso, presso arterial no-invasiva, diurese por sondagem vesical
de demora - SVD).
-
Pg. 298 039 - Atendimento ao Queimado
2.4 Estimar a superfcie corporal queimada (SCQ) pela regra de
Lund e Browder (ANEXO I ), o
grau de profundidade das leses (ANEXO I) e registrar o agente
causador da queimadura, bem
como o tempo transcorrido desde o acidente e as medicaes/lquidos
administrados no pr-
hospitalar.
2.5 Reposio volmica em pacientes grandes queimados (> 20%)
conforme a frmula de
Parkland:
- 4 ml/kg/SCQ (para o clculo, considerar apenas leses de II e
III graus e no mximo 50 %
de SCQ);
- Administrar a metade do volume nas primeiras 8 horas do trauma
(considerar o que foi
administrado no pr-hospitalar) e o restante nas prximas 16
horas;
- Utilizar preferencialmente o Ringer Lactato, podendo ser
substitudo pela soluo
fisiolgica. No indicada a infuso de colides nas primeiras 24
horas da
queimadura;
- Avaliar dbito urinrio atravs da SVD espera-se que a diurese
seja > 1 ml/kg/hora em
crianas e entre 0,5 e 1 ml/kg/hora em adultos.
2.6 Analgesia venosa para todos os pacientes.
2.7 Realizar desbridamento da rea queimada sob analgesia ou
anestesia no bloco cirrgico
(momento ideal para recalcular SCQ e profundidade das
leses).
- A escarotomia deve ser realizada se houver queimaduras com
escaras rgidas (3 grau)
circunferenciais em membros ou placas em trax com restrio dos
movimentos
respiratrios;
- Realizar tricotomia nas reas queimadas;
- No indicado o uso de antibiticos sistmicos na fase inicial,
incluindo o momento da
induo anestsica no primeiro desbridamento. Utilizar medicamento
tpico (pomada de
sulfadiazina de prata 1%), seguido de curativo oclusivo;
- Evitar o uso de succinilcolina durante o ato anestsico devido
ao risco de
hiperpotassemia.
2.8 Critrios para indicao de internao hospitalar:
- Queimadura de II grau > 15% em adultos ou > 10% em
crianas;
- Queimadura de III grau > 5%;
- Queimaduras eltricas;
- Queimadura em reas especiais: vias areas, face, mos, ps e
perneo;
- Pacientes com risco adicional: desnutrio, diabetes,
drepanocitose, cardiopatias;
- Suspeita de maus-tratos;
Obs.: individualizar a conduta conforme o contexto de cada
paciente.
2.9 Se indicada a internao, transferir o paciente para a Unidade
de Tratamento de Queimados
(UTQ):
- 9 andar: unidade de tratamento intensivo (indicado para os
grandes queimados ou
queimaduras eltricas);
- 8 andar: enfermaria (mdios queimados e queimaduras especiais:
face, perneo,
incapacitantes, qumicas, idosos, crianas).
-
039 - Atendimento ao Queimado 299
B. ASSISTNCIA CLNICA
1. Histria clnica do paciente, salientando-se:
Agente causador e circunstncias do trauma;
Tempo entre a leso inicial e o primeiro tratamento institudo ao
paciente, inclusive com a
quantificao do volume de lquido infundido at o momento da
admisso na UTQ;
Idade e comorbidades associadas;
Vacinao antitetnica.
2. Exame fsico e monitorizao:
Observar as medidas de isolamento e de lavagem de mos no contato
com cada paciente;
Determinar a extenso e a profundidade das leses e observar
sinais de infeco da ferida
logo no primeiro curativo e todos os dias durante o banho do
paciente;
Verificar a hemodinmica com presso no-invasiva ou presso
intra-arterial em caso de
instabilidade hemodinmica;
Observar a funo pulmonar e cardaca: oximetria de pulso e
cardioscopia contnuos;
Verificar a presena, volume e caracterstica de diurese;
Verificar a funo do trato gastrointestinal e estado
nutricional;
Avaliar o estado mental e emocional do paciente;
Observar a presena de queimaduras circunferenciais e a
profundidade da leso,
reavaliando constantemente a necessidade de escarotomia.
3. Propedutica:
Hemograma completo e plaquetas;
Coagulograma;
Ionograma;
Uria, creatinina;
Glicemia;
Gasometria arterial;
Protenas (albumina);
Lactato;
Eletrocardiograma (ECG);
Urina rotina;
Radiografia de trax;
Gram e cultura de secreo de pele;
Creatina quinase (CK), em caso de queimadura eltrica.
Observaes:
- O ECG solicitado nas queimaduras eltricas, no paciente idoso e
naqueles com histria
de patologias cardiovasculares;
- A avaliao laboratorial solicitada diariamente. Os resultados
dos exames so anotados
em um impresso prprio, anexo ao pronturio de cada paciente;
- As culturas de pele identificam as floras colonizadoras do
paciente e da UTQ;
- As hemoculturas so pedidas na suspeita de infeco e antes de
iniciar tratamento
antimicrobiano.
-
Pg. 300 039 - Atendimento ao Queimado
4. Tratamento sistmico:
4.1 Ressuscitao volmica Terapia de infuso venosa:
O choque causado pela queimadura tem componentes hipovolmicos e
celulares. A
permeabilidade capilar um dos principais componentes do choque
da fase aguda
(hipovolemia), observando-se tambm queda da presso arterial, da
presso capilar
pulmonar e do dbito cardaco em decorrncia da liberao de fatores
depressores do
miocrdio e elevao da resistncia vascular sistmica
(vasoconstrio).
- Calcular a reposio volmica atravs da frmula de Parkland:
4ml/kg/SCQ (considerar
SCQ at 50 %);
- Administrar metade do volume calculado nas primeiras 8 horas
aps o trauma e o
restante nas prximas 16 horas;
- O Ringer lactado preferencialmente utilizado, podendo ser
substitudo pela soluo
fisiolgica a 0,9%.
Observaes:
- Toda frmula de reposio volmica fornece apenas uma estimativa
da necessidade de
lquidos, mas nenhuma frmula to importante quanto a observao
clnica com
reavaliaes seriadas, devendo-se evitar os extremos (hiper e
hipovolemia). Portanto, a
reposio deve ser individualizada para cada paciente;
- A infuso de colides no indicada nas primeiras 24 horas da
queimadura, mas pode
ser usada aps esse perodo em pacientes que no responderem
ressuscitao
volmica apenas com cristalides.
5. Preveno de complicaes:
5.1 Trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar:
Pacientes vtimas de queimaduras so considerados de alto risco
para o desenvolvimento
de fenmenos tromboemblicos. Portanto, fazer profilaxia para tais
eventos com a
utilizao de heparina no fracionada ou heparina de baixo peso
molecular. (ver PC 039-
Preveno de Tromboembolia Venosa).
5.2 Hemorragia digestiva:
- Realizar profilaxia com inibidor da bomba de prtons em
pacientes vtimas de grandes
queimaduras (> 20% SCQ) ou queimaduras de 3 grau;
- A manuteno do suporte nutricional (dieta oral e/ou enteral,
quando indicado) tambm
fator de proteo contra o desenvolvimento de tais complicaes
(exemplo: lcera de
Curling).
5.3 Queimadura eltrica:
- realizada hiperhidratao para conferir nefroproteo objetivando
dbito urinrio entre
1 a 2 ml/Kg/hora (em torno de 100 a 150 ml/hora para pacientes
de 70 Kg);
- Nos casos refratrios hiperhidratao (presena de mioglobinria,
oligria e elevao
de escrias renais), realizada a alcalinizao urinria com infuso
de bicarbonato de
sdio, medidas frequentes do pH urinrio (aumentar a solubilidade
da mioglobina) e
administrao de manitol.
-
039 - Atendimento ao Queimado 301
6. Hemotransfuso:
6.1 Concentrado de hemcias:
6.1.1 Indicaes clnicas:
- Hemorragias agudas com perda volmica superior a 30% (>1500
ml em um adulto de 70
Kg) requer transfuso de concentrado de hemcias juntamente com a
reposio de
cristalides;
- Nos pacientes com instabilidade hemodinmica, anemia
pr-existente e comorbidades
(doena cardiorrespiratria ou cerebrovascular), a transfuso est
indicada com perdas
volmicas superiores a 15% (> 750 ml em adulto de 70 Kg).
6.1.2 Indicaes cirrgicas (pr, per e ps-operatrio):
- Pacientes que sero submetidos a desbridamentos extensos (>
15% SCQ) e no preparo
para enxertia de pele se:
- Hgb < 8 g/dL ou Htc < 24% com perda sangunea prevista
> 250 ml/h ou > 1 litro (para
pacientes sem comorbidades, estveis);
- Hbg < 10 g/dL ou Htc 250 ml/h ou > 1 litro em
pacientes com comorbidades (doena cardiorrespiratria ou
cerebrovascular) ou
pacientes crticos (instabilidade hemodinmica, ventilao
mecnica);
- Em todos os outros casos indicar a transfuso apenas se Hg <
7 g/dL ou Ht 12 segundos);
- Transfuso profiltica: ausncia de sangramento ativo +
procedimento cirrgico
programado com plaquetopenia < 50.000;
- A dose recomendada de 1 unidade a cada 10 Kg de peso.
6.3 Plasma fresco congelado:
Indicaes para transfuso de plasma:
- Sangramento por coagulopatia;
- Proposta de procedimento cirrgico e coagulograma com as
seguintes alteraes:
o RNI > 1,5;
o Atividade de protrombina < 50%;
o Ptta > 55 segundos.
- A dose recomendada de 15 a 20 ml/Kg.
7. Tratamento da dor:
Utilizar preferencialmente os opiides, sendo a morfina a droga
mais utilizada na UTQ,
podendo ser administrada mais frequentemente de maneira
intermitente e em algumas
situaes de forma contnua em bomba de infuso;
Sedao e analgesia para banho e troca de curativos: utilizar
midazolam 1 a 3 mg cerca de 5
minutos antes da administrao de cetamina (0,5 a 1 mg/Kg) sendo a
dose titulada de
acordo com a tolerncia do paciente, podendo ser a mesma repetida
durante o
procedimento at a obteno de um nvel de analgesia confortvel:
- Em pacientes refratrios a esse esquema associar fentanil,
sendo o procedimento
assistido pelo mdico responsvel.
-
Pg. 302 039 - Atendimento ao Queimado
8. Antimocrobianos:
8.1 Antibioticoprofilaxia:
- O uso de antimicrobiano sistmico no indicado na fase inicial
da queimadura;
- Considerar a antibioticoprofilaxia para os procedimentos
cirrgicos nas seguintes
situaes:
- Grandes desbridamentos;
- Enxertia cutnea.
- A escolha do antimicrobiano baseada na flora colonizadora do
paciente e no perfil
epidemiolgico da UTQ;
- Bipsia tecidual com anlise microbiolgica em pacientes
especficos e swabs de pele
nos demais pacientes;
- Os antimicrobianos devem ser administrados no momento da induo
anestsica,
repetido caso necessrio durante o procedimento cirrgico
(conforme a durao da
cirurgia e o tempo de meia-vida da medicao) e podem ser mantidos
por mais 24 horas
aps o procedimento;
- Nos pacientes que j esto em uso de antimicrobianos
teraputicos, consideramos
tambm a flora de colonizao e se eventualmente no estiverem
cobertos (ex: paciente
em tratamento de pneumonia com aspirado traqueal e hemocultura
evidenciando
Pseudomonas sp, mas com swab de pele evidenciando Staphylococcus
aureus MRSA,
administrar Vancomicina como profilaxia), sendo o seu uso
posteriormente suspenso;
- Antimicrobiano tpico: so aplicados para reduzir a flora de
colonizao bacteriana nas
feridas. Utilizamos a sulfadiazina de prata 1% para a realizao
de curativos duas vezes
ao dia.
8.2 Antibioticoterapia:
- Iniciar antibitico sistmico na presena e/ou suspeita de infeco
sugerida pelos achados
clnicos, caractersticas das feridas e exames complementares
realizados;
- Achados clnicos e exames complementares:
- Taquipneia > 20 irpm ou PaCO2< 32;
- leo paraltico (estase gstrica, vmitos, distenso
abdominal);
- Hipertermia > 38oC e hipotermia < 36oC;
- Hipotenso arterial PAS < 90 mmHg, taquicardia > 100
bpm;
- Alterao do estado mental;
- Oligria;
- Desenvolvimento de insuficincia renal sem outra causa
provvel;
- Leucopenia 12000/mm ou mais de 10% de formas
imaturas (bastes);
- Hiperlactatemia > 2;
- Trombocitopenia < 100 000;
- Acidose metablica;
- Hipoxemia;
- Hiperglicemia;
- Alteraes sugestivas de consolidao pulmonar radiografia de
trax;
- Hemoculturas positivas.
- Quando disponvel, a bipsia tecidual dever ser feita, pois
mostra a invaso de
microorganismos em tecidos viveis adjacentes leso e a contagem
de bactrias que
excedem 10 por grama de tecido;
-
039 - Atendimento ao Queimado 303
- Os critrios clnicos de infeco so extremamente frequentes na
fase aguda da
queimadura como parte da resposta inflamatria sistmica, o que
torna o diagnstico de
infeco e/ou sepse no queimado ainda mais difcil;
- Manifestaes locais de infeco da ferida: escurecimento da leso,
abscesso, drenagem
de secreo purulenta, necrose, petquias, aprofundamento do grau
da leso;
- Na presena de infeco, escolher o antibitico empiricamente aps
a coleta dos exames,
enquanto os resultados no estiverem disponveis:
o Dentro das primeiras 72 horas da admisso, cobrir
microorganismos gram positivos;
o Aps o 3 dia de internao, iniciar cobertura para gram
negativos.
- Considerar na escolha do antibitico o perfil de sensibilidade
da flora colonizadora da
UTQ e outros resultados de culturas do paciente;
- Aps o uso de antibiticos de largo espectro e em casos de
internao prolongada, avaliar
cobertura para microorganismos multirresistentes e fungos.
C. ASSISTNCIA PEDITRICA
1. Sedao e analgesia:
Uso de midazolam (0,1mg/kg) + cetamina (1mg/kg) e 5 minutos aps
midazolan para a
troca de curativo e banho;
Monitorizao dos pacientes durante o banho (risco de depresso
respiratria);
Uso de analgsicos: dipirona, tramadol e, em casos de dor
intensa, morfina.
2. Terapia hdrica:
Pesar o paciente antes de iniciar a hidratao e, a seguir, uma
vez por semana;
Hidratao oral para os pacientes com SCQ < 15%;
Nos demais, usar soro endovenoso por puno venosa perifrica,
evitando a dissecao;
O cateter venoso central deve ser restrito aos pacientes com
maior risco hemodinmico;
Medir volume urinrio por diurese espontnea ou com coletor
externo (espera-se
diurese em torno de 1 ml/kg/hora);
Evitar sempre que possvel o uso de sondagem vesical devido ao
risco de infeco;
Primeiro dia: soro de manuteno + frmula de reposio (3ml/Kg/SCQ).
Considerar 50%
como valor mximo de SCQ. Usar soluo de ringer lactado ou soluo
cloreto de sdio
0,9% nas primeiras 24 horas a contar do momento do acidente.
Correr 50% do volume
da frmula + 1/3 manuteno nas primeiras 8 horas. O restante, nas
16 horas seguintes;
Segundo dia: 2ml/Kg/SCQ + manuteno, distribudos igualmente nas
24 horas: utilizar
soluo cloreto de sdio 0,9% com 5% de glicose.
- Iniciar cloreto de potssio (KCL) 3mEq/cada 100ml da
necessidade bsica;
- Gluconato de clcio 10%: 1ml/cada 100ml de soluo fisiolgica da
necessidade bsica;
- Se a criana estiver em uso de dieta, este volume deve ser
descontado da manuteno.
Terceiro dia: somar manuteno + % SCQ x Peso. O esquema proposto
no deve ser
rgido. O parmetro mais importante o controle clnico. Utilizar
soluo fisiolgica a
0,9% com 5% de glicose, com cloreto de potssio e gluconato de
clcio. O volume da
dieta oral ou por sonda nasogstrica deve ser levado em conta, no
clculo do aporte
lquido.
Observao: Soroterapia de manuteno:
- At 10kg : 100ml/kg;
- De 10 a 20kg: 50ml/kg acima de 10kg + 1000ml;
- Acima de 20kg: 20ml/kg acima de 20kg + 1500ml.
-
Pg. 304 039 - Atendimento ao Queimado
Albumina deve ser mantida pelo suporte nutricional, salvo em
casos de edema excessivo,
comprometendo extremidades, ou m resposta terapia hdrica na fase
de
ressuscitao, evitando-a antes das primeiras 18 horas. Dose
1g/kg/dia.
3. Hemoderivados:
A hemotransfuso est indicada nos pacientes com distrbios
hemodinmicos e no
preparo para enxertia. Se necessrio, utilizar concentrado de
hemcias 10ml/kg;
Nos pacientes portadores de queimaduras superficiais, ou que
necessitam de enxerto em
pequenas reas, evitar a hemotransfuso, sempre que possvel.
4. Nutrio:
A dieta deve ser iniciada precocemente. Suprir as necessidades
bsicas e os gastos
adicionais devido queimadura e ao hipercatabolismo (1300 cal/m2
SCQ);
Para os pacientes com SCQ superior a 20%, usar dieta padro por
sonda nasogstrica em
bomba de infuso contnua. Manter ingesto oral livre;
Necessidades bsicas:
- At 10kg: 100 Cal/kg;
- De 10 a 20kg: 1000 Cal + 50 Cal/kg acima de 10;
- >20kg: 1500 Cal + 20 Cal/kg acima de 20Kg.
5. Polivitamnicos:
Uso dirio. Sulfato ferroso a partir do segundo dia, 3mg/kg/dia,
dose que deve ser
aumentada se houver anemia, at 5mg/kg/dia;
Avaliar necessidade de vitamina K (fitomenadiona) nos pacientes
com antibioticoterapia
prolongada.
6. Antibioticoterapias:
Fazer profilaxia de rotina em procedimentos cirrgicos, para
pacientes com internao >
72h, baseando-se na cultura de secreo de pele, a qual deve ser
solicitada
semanalmente;
Banho dirio com aplicao tpica de pomada de sulfadiazina de prata
para prevenir a
colonizao/infeco da ferida e a septicemia;
Observar diariamente as leses para diagnstico precoce de infeco.
Havendo sinais
clnicos de infeco, requisitar avaliao laboratorial e instituir
prontamente a
antibioticoterapia;
importante o estudo epidemiolgico rotineiro da flora
predominante. Na UTQ
atualmente predominam: Pseudomonas aeruginosa, Acinetobcter
balmanni, Staphylococcus
aureus.
7. Exames complementares:
Hemograma, plaquetas, ionograma e protenas. CK para queimaduras
eltricas;
Gram, cultura e antibiograma da secreo de pele devem ser feitos
uma vez por semana,
para conhecimento da flora nosocomial prevalente;
Nos pacientes com sinais clnicos evidentes de infeco, fazer
hemocultura, hemograma e
plaquetas;
O exame de urina rotina e a urocultura so indicados, sobretudo,
nos pacientes
submetidos a sondagem vesical ou quando se impe o diagnstico
diferencial do
processo infeccioso;
Radiografia de trax nos pacientes com septicemia ou suspeita de
comprometimento
pulmonar;
Ureia e creatinina: importantes na avaliao de complicaes renais
com queimaduras
extensas e nos que fizeram uso de antibiticos ou outras drogas
nefrotxicas;
Protombina: acompanhada antes e durante a
antibioticoterapia.
-
039 - Atendimento ao Queimado 305
D. ASSISTNCIA CIRRGICA
1. Banho dirio e curativo duas vezes ao dia com pomada de
sulfadiazina de prata 1% na
enfermaria.
2. Desbridamentos cirrgicos sequenciais em bloco cirrgico sob
anestesia geral ou sedao
com inteno de remover a escara necrtica, com ou sem enxertia de
pele imediata autloga ou
homloga.
3. Enxertia de pele autloga em pacientes com escara necrtica
removida e leito receptor
eficaz.
Os enxertos obtidos so de pele parcial (dermo-epidrmicos) ou de
espessura total (enxerto
de pele total);
Os enxertos dermo-epidrmicos so em estampilha (pequenos
enxertos), em lminas
(obtidos com dermtomo eltrico) e em malha expandido (meshgraft)
aumentando sua
extenso em at 3 vezes;
Salienta-se a obrigatoriedade da enxertia de pele precoce aps
remoo tambm precoce
da escara necrtica, em queimaduras de face, regio cervical,
articulaes, dorso das mos
e ps, para evitar-se graves retraes cicatriciais;
Nas queimaduras profundas (2 e 3 graus) das plpebras impe-se a
enxertia de pele total;
Curativo oclusivo das reas enxertadas com gaze impregnada com
emulso de petrolato,
gaze aberta e atadura de crepom;
Imobilizao imediata com calhas gessadas ou talas moldveis
(barras, colar) das reas
enxertadas em regio cervical, MMSS, axilas e MMII.
4. Trocas de curativos:
Realiza-se no 3 dia ps-enxertia (1 curativo) e no 5 dia (2
curativo), sob sedao em
bloco cirrgico ou na sala de balneoterapia;
Em seguida, liberao para curativo dirio na enfermaria, 48 horas
aps a 2a troca, at a
integrao dos enxertos.
5. rea doadora:
Aps a retirada dos enxertos, cobrem-se as reas doadoras com
gazes impregnadas com
emulso de petrolato, gazes abertas e ataduras de crepom.
6. Curativos biolgicos:
Utilizar em pacientes grandes queimados (2 e 3 graus), com
escara necrtica removida,
rea doadora escassa para enxertia de pele autloga, com intuito
de promover a Virada
Metablica, combater a infeco, promover a cicatrizao e a
consequente enxertia de pele
definitiva (autloga);
Atualmente est instalado no 9 andar da UTQ um Banco de Pele, em
desenvolvimento,
para enxertos de pele humana (enxertos homlogos).
O mais importante na avaliao da criana queimada a observao diria
das leses,
alm do acompanhamento clnico e laboratorial.
-
Pg. 306 039 - Atendimento ao Queimado
7. Cuidados com as orelhas queimadas:
Limpeza rigorosa com soro fisiolgico 0,9% e clorexidine
degermante 2% e aplicao
de sulfadiazina de prata a 1% (pomada) duas vezes ao dia, como
medida preventiva da
condrite.
8. Retalhos:
Os retalhos so utilizados em casos de queimaduras com exposio de
estruturas profundas,
inclusive tecido sseo, quando a enxertia cutnea no possvel
devido ausncia de leito
adequado para sua integrao ou quando a cobertura oferecida pelo
enxerto no suficiente
para preservar a funo da rea acometida.
As leses que mais frequentemente requerem cobertura de retalhos
so aquelas localizadas em
extremidades, ou seja, couro cabeludo, membros superiores e
membros inferiores.
Para as leses em couro cabeludo, d-se preferncia ao retalho
local (de rotao), devido as suas
vantagens:
- Execuo mais simples quando comparado aos retalhos
distncia;
- Possibilidade de crescimento de plos com resultado esttico
final bem prximo do
normal;
- Reduz sequelas na rea doadora (que pode ser tratada com sutura
primria);
- Nos casos em que houver superfcie cruenta residual na rea
doadora, a mesma pode
ser coberta por enxerto cutneo cujas lminas podem ser retiradas
do prprio couro
cabeludo;
- Caso a cobertura com retalho local no seja possvel, recorrer
aos retalhos distncia,
sendo os retalhos miocutneos do msculo trapzio os de primeira
indicao na UTQ.
Em caso de leso em regio temporal, cervical ou face, utilizar
tambm o retalho
deltopeitoral ou do peitoral maior;
Para a cobertura das leses localizadas na regio distal do membro
superior optar ou pelo
retalho antebraquial (retalho chins) ou retalho inguinal;
Para leses do membro inferior, o retalho sural reverso o
indicado, podendo em alguns
casos utilizar-se o retalho do extensor longo do hlux;
Em casos de retalho pediculado, como o inguinal, opta-se pela
autonomizao aps 21
dias;
Nos casos de retalhos para os membros, optar sempre por
imobilizao com tala gessada
para evitar trao ou posicionamento inadequado do retalho;
O curativo do retalho feito com gaze aberta seca, salvo nos
casos de retalho coberto
com enxertia cutnea em que a gaze aberta umedecida em petrolato.
O curativo deve
ser bem acolchoado e envolto com atadura de crepom. fundamental
que o curativo
oclusivo seja frouxo para manter a nutrio sangunea do
retalho;
Nos retalhos musculares e miocutneos, o curativo dever ser
trocado diariamente, onde
a limpeza realizada com gua corrente e procede-se o curativo
seco;
A pele deve ser examinada diariamente, descrevendo as leses e as
mudanas observadas.
Monitorar possveis complicaes como infeco e necrose do retalho.
Orientar sobre o
posicionamento no leito e promover a deambulao assim que
possvel;
Manter a rea receptora imobilizada tanto quanto possvel. Manter
a extremidade elevada
j que as novas comunicaes capilares so frgeis e a presso venosa
excessiva pode
romp-las.
-
039 - Atendimento ao Queimado 307
E. ASSISTNCIA ANESTESIOLGICA
1. Medicaes pr-anestsicas:
- Benzodiazepnicos (midazolan, diazepan, lorazepan) associados a
analgsicos potentes
(morfina e seus derivados).
2. Monitorizao:
2.1 Monitorizao bsica:
- Presso arterial no-invasiva;
- Oximetria de pulso;
- ECG contnuo;
- Capnografia;
- Estetoscpio esofgico.
2.2 Monitorizao para os casos de maior complexidade:
- Kit para presso arterial invasiva (PIA) e presso venosa
central (PVC);
- Capnografia com aspirao lateral;
- Termmetro esofagiano;
- Cateter de Swan-Gans;
- Oximetria com sensor de conjuntiva;
- Intubao orotraqueal;
- Mscara larngea para os casos de intubao difcil;
- Kit para cricotireotomia.
2.3 Dificuldades encontradas na monitorizao em pacientes
queimados:
- Escassez de stio de pele ntegra para puno venosa e
arterial;
- Dificuldade de rea disponvel para posicionamento de eletrodos,
sensores de oxmetro
e de esfingnomanmetro;
- Dificuldade para colocao de sonda vesical devido a edema ou
leses;
- Vias areas de difcil acesso principalmente por edema;
- Posicionamento do paciente em decbitos menos favorveis ao ato
anestsico e
necessidade de manipulaes mltiplas durante a cirurgia e
curativos.
2.4 Monitorizao invasiva:
- Deve ser evitada sempre que possvel devido ao risco de
contaminao;
- A medida da PVC indicada em alguns casos:
o Pacientes que necessitem de maior reposio volmica;
o Pacientes que apresentem outras patologias concomitantes (IRC,
ICC, doena
heptica, leso inalatria severa, queimaduras eltricas
extensas).
- A medida da PIA indicada principalmente nos pacientes
hemodinamicamente instveis,
em uso de aminas vasoativas.
2.5 Acesso venoso:
- Acesso venoso perifrico com jelco de grosso calibre, variando
de 14 a 20 para pacientes
adultos e menores em crianas;
- O acesso central usado em casos de difcil acesso venoso
perifrico.
2.6 Sondagem vesical:
- Indicada nos pacientes instveis hemodinamicamente com
necessidade de reposio de
grandes volumes de lquidos endovenosos.
2.7 Lquidos de reposio:
-
Pg. 308 039 - Atendimento ao Queimado
- Solues cristalides isotnicas;
- Expansores plasmticos tipo amidas ou dextrans;
- Concentrados de hemcias e plasma fresco;
- Solues glicmicas iso ou hipertnicas.
3. Anestesia geral balanceada Drogas:
3.1 Agentes de induo:
- Propofol;
- Cetamina;
- Etomidato;
- Tiopental.
3.2 Relaxantes musculares:
- Rocurnio;
- Atracrio;
- Pancurnio.
Observao: a succinilcolina no est indicada devido ao risco de
hiperpotassemia.
3.3 Agentes venosos (analgsicos potentes):
- Fentanil (droga de 1a escolha);
- Alfentanil;
- Remifentanil.
4. Outros agentes venosos utilizados:
Anti-inflamatrios no-esterides (AINEs) cetoprofeno;
Opiides meperidina, morfina, metadona (ps-operatrio);
Atropina;
Prostigmina;
Naloxona;
Antiemticos metoclopramida.
5. Agentes halogenados (lquidos volteis):
Sevofluorane ou isofluorane;
Observao: devem ser usados nos sistemas e aparelhos de ventilao
fechados que
permitam a reabsoro de CO2 exalado para diminuio da poluio
ambiental, e com um
analisador de gases que permita menor consumo de anestsicos
trazendo economia e
segurana durante o ato anestsico.
6. Tcnicas anestsicas:
6.1 Anestesia loco-regional, bloqueios:
- Bloqueio de plexo braquial;
- Bloqueios perifricos dos membros inferiores (epidural ou
raqueanestesia).
So utilizados:
- Bupivacana a 0,5%;
- Bupivacana iso e hiperbrica;
- Neotutocana a 0,5%;
-
039 - Atendimento ao Queimado 309
- Ropivacana a 1% e 0,75%;
- Lidocana a 1% e 2%;
- Lidocana hiperbrica;
- Clonidina a 150 mcg.
6.2 Anestesia venosa total:
- Podem ser realizadas associaes para procedimentos cirrgicos
frequentes de pequena
e mdia durao, como na troca de curativos, nos desbridamentos e
enxertos;
- So utilizadas drogas de metabolismo rpido e de baixa
toxicidade;
- Geralmente os pacientes mantm a respirao espontnea e todos os
reflexos larngeos;
- A recuperao rpida;
- Existem vrias associaes que proporcionam boa qualidade
anestsica e analgsica.
Estas associaes entre benzodiazepnicos com um analgsico potente
tipo fentanil ou o
remifentanil e o hipnoanestsico cetamina tambm so utilizadas na
sedao no ps-
operatrio, CTI (tratamento da dor crnica) e nos banhos
(balnoterapia) e nas trocas de
curativos fora do bloco cirrgico (apartamentos e enfermarias) em
doses sub-clnicas em
relao quelas usadas nos procedimentos cirrgicos.
7. Clnica da dor:
Utilizar para controle da dor drogas hipnoanalgsicas no
ps-operatrio e durante
procedimentos no leito ou nos banhos.
Morfina e derivados;
As associaes de hipnoanalgsicos (cetamina) com analgsicos
potentes (fentanil) e
benzodiazepnicos.
8. Parada cardiorespiratria (PCR) no peroperatrio:
8.1 Causas primrias: relacionadas com doenas cardacas
(congnitas, valvulopatias,
miocoronariopatias, arritmias, etc).
8.2 Secundrias: fatores extrnsecos:
- Hipovolemia/hipotenso arterial;
- Anemia;
- Hipoxemia (sepse, pneumopatias, obstruo de vias areas,
anafilia);
- Depresso miocrdica (drogas, hipovolemia);
- Estmulo vagal.
8.3 Tratamento:
Suporte Bsico de Vida= CAB (Circulation Airway Breathin).
Uso de equipamentos, drogas e artefatos adequados:
- Usar oxignio a 100%;
- Massagem cardaca externa;
- Suspender as drogas anestsicas;
- Intubar o paciente;
- Utilizar drogas como a atropina, epinefrina, lidocana;
- Fazer a desfibrilao, se indicada.
-
Pg. 310 039 - Atendimento ao Queimado
F. ASSISTNCIA E CUIDADOS DE ENFERMAGEM - UTI
1. Atribuies da equipe de enfermagem:
Avaliao continuada e manuteno dos estados respiratrios e
circulatrios, equilbrio
hidroeletroltico, funo gastrointestinal, preveno de infeco e o
cuidado com a
queimadura;
Preveno de lcera por estresse;
Preveno do tromboembolismo;
Preveno de infeco:
- Realizao de culturas de pele regulares para monitorar a
colonizao da ferida (a coleta
de swab acontece s segundas feiras);
- Caso o paciente tenha procedimento agendado no bloco cirrgico,
realizada bipsia
de pele ao invs de swab de pele;
- Para visitantes e acompanhantes obrigatrio higienizao rigorosa
das mos, uso de
avental, toca e mscara;
- obrigatrio o uso de paramentao para todos os profissionais
envolvidos diretamente
no cuidado (mdicos, equipes de enfermagem, laboratrio,
fisioterapia, psicologia,
assistncia social, radiologia).
Sinais de Infeco da rea queimada:
- Mudana da colorao da leso;
- Edema de bordas das feridas;
- Aprofundamento das leses;
- Mudana do odor;
- Separao rpida da escara, escara mida;
- Colorao hemorrgica sob a escara;
- Celulite ao redor da leso e/ou vasculite no interior da leso
(pontos vermelhos);
- Aumento ou modificao da queixa dolorosa.
2. Limpeza da leso:
Materiais:
- gua corrente morna;
- Clorexidine degermante 2%;
- Gaze estril.
Explicar ao paciente sobre o procedimento realizado;
Administrar a analgesia;
Lavar as feridas exaustivamente com gua corrente para a remoo do
excesso de secreo
e tecidos desvitalizados no aderidos;
Aplicar soluo de clorexedine degermante 2% sobre a ferida;
Com a gaze, espalhar a soluo sobre toda a superfcie lesada com
movimentos rotatrios;
Aguardar o tempo mnimo de ao da clorexedine: 15 a 30
segundos.
Enxaguar com gua corrente morna.
3. Balneoterapia:
Consiste em banhos dirios com duchas de gua corrente, realizados
em mesas apropriadas
de ao inox ou fibra de vidro (tipo Morgani) com sistema de
drenagem descendente;
Objetivos:
Promover a limpeza da leso atravs da aplicao de gua corrente
e/ou desbridamento
mecnico do tecido desvitalizado;
-
039 - Atendimento ao Queimado 311
Desinfeco da rea queimada (atravs da aplicao de antispticos),
contribuindo para a
preveno da infeco no doente queimado, por reduo ou eliminao de
agentes
patognicos na ferida;
Utilizar a soluo de clorexidine a 2% como antissptica na
desinfeco da rea queimada,
com a finalidade de evitar a resistncia microbiana.
Balneoterapia sob analgesia:
Caracterizada pelo banho dirio do paciente seguido de
procedimentos de limpeza,
desbridamento dos tecidos desvitalizados, higienizao e curativos
sob analgesia;
Utiliza como analgsico para adultos a morfina, endovenosa, dose
de 10 mg diludos em 9
ml de ABD, 20 a 30 minutos antes do banho. Pode tambm ser
associado o uso de
cetoprofeno, endovenoso, dose de 100 mg diludos em 100 ml de
soluo fisiolgica a
0,9%, aps o procedimento;
A lavagem em jatos de gua corrente e uso de sabo neutro permite
uma limpeza
mecnica dos detritos e secrees assim como uma diminuio da
populao bacteriana.
Pode ser utilizada uma soluo antissptica;
Terminado o banho, realizado o curativo oclusivo aplicando
pomada de sulfadiazina de
prata 1% nas reas no enxertadas, e leo a base de cidos graxos
essenciais (AGE) em
reas ps-enxertos ou j cicatrizadas.
Balneoterapia sob anestesia:
So utilizadas drogas anestsicas, sendo imprescindvel o
acompanhamento mdico;
O objetivo promover hipnose, amnsia e analgesia para que a
balneoterapia tenha um
resultado eficaz;
As drogas utilizadas so: midazolan e cetamina;
- As vantagens do procedimento de balneoterapia sob anestesia
so:
- Alvio da dor;
- Melhor realizao do curativo;
- Permite uma melhor avaliao da superfcie corporal queimada
(SCQ);
- Interveno cirrgica como escaratomia ou fasciotomia;
- Procedimentos invasivos ou desconfortveis;
- Manobras fisioterpicas;
- Primeiro curativo aps a queimadura e o primeiro aps enxerto de
pele;
A cada banho, realizada a limpeza da banheira da sala de
balneoterapia com gua e
sabo e a desinfeco com lcool a 70% sob frico. Aps a limpeza e
desinfeco e antes
do uso, a banheira revestida com uma pelcula de filme plstico
protetor.
G. ASSISTNCIA E CUIDADOS DE ENFERMAGEM - ENFERMARIA
1. Atribuies do enfermeiro:
Gerenciar o setor, organizar, planejar as atividades de
enfermagem, coordenar a equipe de
enfermagem;
Prestar os cuidados de enfermagem aos usurios admitidos.
1.1 No ato da admisso:
- Observar a permeabilidade de vias areas;
- Avaliar o nvel de conscincia;
-
Pg. 312 039 - Atendimento ao Queimado
- Presena de leses associadas (coleta de dados e histria
pregressa);
- Identificar/investigar o agente causal;
- Avaliar as condies de puno venosa;
- Comunicar a admisso ao mdico plantonista;
- Encaminhar o paciente ao banho;
- Administrar os analgsicos prescritos;
- Verificar o grau de queimadura e sua evoluo diria;
- Avaliar a extenso da superfcie corporal queimada;
- Curativos;
- Prestar os cuidados de enfermagem ao paciente queimado,
atentando inicialmente
para reposio volmica e as demais complicaes ou intercorrncias
que podero
surgir principalmente nas primeiras 72 horas aps a
queimadura;
- Evoluo em pronturio.
2. Atribuies do Tcnico de Enfermagem:
Prestar cuidados de enfermagem, sob superviso do enfermeiro,
visando promoo,
proteo, recuperao e reabilitao da sade;
Auxiliar o enfermeiro nas unidades de internao, em suas
funes.
2.1 Curativos:
Tcnica de curativo dirio:
- Lavar as mos com gua e sabo;
- Prever e prover materiais necessrios;
- Explicar o procedimento a ser realizado ao paciente;
- Colocar luvas e encaminhar o paciente ao banho (chuveiro ou
sala de balneoterapia), de
acordo com a escala de enfermagem;
- O paciente auto- higieniza as reas no acometidas, sob
superviso, antes da sedao;
- Realizar tonsura se necessrio (nas queimaduras de face,
orelhas e regio cervical);
- Realizar tricotomia;
- Administrar medicao conforme prescrito;
- Retirar as ataduras de crepom;
- Lavar com gua abundante em jatos retirando as gazes aderidas
com cuidado;
- Lavar com clorexidine 2% ou sabo neutro, com movimentos leves,
firmes e circulares, as
reas queimadas com gazinha, retirando toda a pomada, secreo e
crostas;
- Rompimento de bolhas;
- Trocar as luvas, obedecendo a rotina de realizao de
curativo;
- Secar somente as bordas da leso;
- Realizar o curativo com tcnica assptica;
- Observar sinais de infeco, hiperemia, sangramento e comunicar
ao enfermeiro ou ao
mdico;
- Cobrir o primeiro curativo com gaze aberta;
- Realizar enfaixamento tranado (da regio distal para a proximal
quando se tratar de
MMSS e MMII, evitando garroteamento);
- Fixar com esparadrapo, mas ATENO: proibido o uso de
esparadrapo comum em
contato direto com a pele;
- Deixar dedos livres, proteger espaos interdigitais com
gazes;
- Aps a concluso do curativo, organizar a Unidade:
- Solicitar a limpeza do banheiro para a equipe de limpeza;
-
039 - Atendimento ao Queimado 313
- Fazer a desinfeco da banheira da sala de balneoterapia ao
final do procedimento;
- Fazer anotaes quanto ao aspecto e localizao das leses em
pronturio e no mapa de
atendimento de balneoterapia.
2.2 Rotina de troca de curativos:
- O curativo trocado a cada 12 horas;
- O primeiro curativo ps-enxerto trocado 72 horas aps o ato
cirrgico, pelo cirurgio.
At a troca, realizada apenas higiene ntima do paciente e troca
de roupa de cama;
- O curativo realizado aps o ato cirrgico deve ser mantido
fechado at a primeira troca;
- O segundo curativo ps-enxerto trocado 48 horas aps o primeiro,
sob superviso do
enfermeiro ou do cirurgio plstico. O paciente encaminhado ao
banho.
3. Queimaduras em reas especiais:
3.1 Orelhas:
- Utilizar curativos por exposio e evitar a presso excessiva
para prevenir a condrite;
- Curativos realizados at 3 vezes ao dia, dependendo da
gravidade.
3.2 Olhos:
- As queimaduras corneanas superficiais devem ser tratadas com
irrigao vigorosa,
pomada oftlmica antibitica e vedao ocular;
- Em todas as leses diagnosticadas e naquelas quando o teste
diagnstico no pode ser
feito ou dbio, solicitar avaliao do oftalmologista;
- No ocluir se o agente lesivo for lcali.
3.3 Mos:
- As mos devem ficar elevadas por 24h a 48h aps a queimadura,
para minimizar o
edema;
- Os exerccios para amplitude de movimento tero que comear logo
que possvel aps
o acidente.
3.4 Ps:
- As queimaduras dos ps so dolorosas, porm a marcha e os
exerccios para amplitude
de movimento tero que ser encorajados;
- Os ps queimados tero que ficar elevados quando o paciente no
estiver andando ou
exercitando-se.
3.5 Perneo:
- As queimaduras perineais costumam exigir hospitalizao, pelo
alto risco de
complicaes, como infeco ou obstruo urinria;
- Utilizar, preferencialmente, curativos por exposio.
H. ASSISTNCIA FISIOTERPICA - UTI
A queimadura traz complicaes respiratrias e motoras
significativas. Faz-se necessria a
atuao da fisioterapia desde a fase aguda (atuando na terapia
intensiva e na preveno,
tratamento e reabilitao de sequelas), no paciente crnico e aps a
alta, no controle da
cicatriz.
-
Pg. 314 039 - Atendimento ao Queimado
1. Material respiratrio:
Kit EPAP adulto e infantil;
Inspirmetro de incentivo a volume;
Shaker;
BIPAP Sistema de ventilao no invasiva com dois nveis de presso
positiva;
Ventilmetro de Wright;
Cufmetro.
2. Material funcional:
Termoplstico;
Gesso;
Colares espuma;
Talas em EVA;
Malha compressiva;
Placa de silicone;
Hidratante cicatricial;
AGE;
Protetor calcneo.
3. Atividades essenciais:
3.1 Assistncia respiratria em terapia intensiva e leitos;
3.2 Assistncia motora funcional:
- Prescrever e instituir o uso de rtese/imobilizao e
posicionamentos;
- Confeccionar imobilizaes termo moldveis/gessadas, inclusive no
peroperatrio;
- Orientar sobre o tipo de curativo mais funcional e o
posicionamento ps-operatrio;
- Buscar tcnicas e condutas que possam minimizar as
sequelas.
3.3 Controle de cicatrizes:
- Avaliao cicatricial;
- Orientao de cuidados ps-hospitalares, alm de preveno junto a
familiares e
populao;
- Prescrio de malha compressiva.
4. Itens de controle:
Ventilao mecnica;
Ausculta;
Padro respiratrio;
Expansibilidade/simetria torcica;
Amplitudes de movimento funcionais;
Presena de AVD;
Deambulao;
Uso da malha compressiva;
Maturao cicatricial.
-
039 - Atendimento ao Queimado 315
Fluxograma 2: Fisioterapia Respiratria
Admisso
Ventilao Espontnea Mecnica
O2 suplementar Ar ambiente
DPOC Trauma Pneumonia Sara Derrame pleural Pneumotrax
Atelectasia Leso inalatria
Padro
Respiratrio Frequncia
Respiratria
Sem esforo Esforo
Amplitude
normal ou
diminuda
Hipxia
Broncoespasmo
Falncia muscular
Febre
Hipxia
Reteno CO2
Dor/ansiedade
Emergncia
clnica
Dispneia Traquipneia Bradipneia
Secreo Tosse
produtiva Eficaz
Ineficaz
Observar aspecto
da secreo
Aspirao
-
Pg. 316 039 - Atendimento ao Queimado
Fluxograma 3: Ventilao No Invasiva
Indicaes Contra-indicaes
Esforo + Fr > 35
Pa O2 60
Pa CO2 55
Sat < 90 %
Avalio clnica
PO enxertia de face
Instabilidade hemodinmica
Arritmias
Pneumotrax no tratado
Distenso abdominal importante
Risco de vmito/aspirao
Paciente no colaborativo
Respirador PSV 10 a 20 cm H2O
PEEP 5 a 10 cm H2O
FiO2 < 60%
Sat > 92 %
Monitorizao contnua
Paciente no adaptado
Paciente adaptado
Avaliao intubao traqueal
(Critrio mdico)
Reavaliao constante
Uso intermitente at resoluo do quadro (20 30 min)
Reavaliar gasometria
PaCO2 interromper
Alteraes pressricas interromper
-
039 - Atendimento ao Queimado 317
Fluxograma 4: Ventilao Mecnica - Critrios de Indicao (a cargo do
mdico)
Modo Ventilatrio
Avaliar patologia
pulmonar prvia
PaO2 60
PaCO2 55
PaO2 > 35
+ esforo
Saturao
90
Drive
respiratrio
Falncia
Ventilao Protetora
VC: 6 mL / kg
Sara: 4 a 6 mL / kg
PPI < 35
Presso plat < 30
-
Pg. 318 039 - Atendimento ao Queimado
Desmame difcil
Fluxograma 5: Desmame da Ventilao Mecnica (Avaliao clnica)
Indicaes
Estabilidade clnica / hemodinmica
Gasometria sem alterao respiratria
PaO2 > 60 e FiO2 40 % e PEEP = 5
Boa tolerncia
ao desmame
Reduzir ou
retirar sedao
PSV = 20 e PEEP = 5
FiO2 40 %
Reduzir PS de 2 a 4 cm H2O
At PS 10
Sim No
Avaliar padro respiratrio
Dados vitais
Realizar higiene brnquica
PS
Observar
Reavaliar VM
Iniciar Y de 30 a 60 min
com O2 a 10 litros
Monitorizao contnua Boa
tolerncia No
Sim
Fr. 35 Sat < 90
Oscilao PA
Agitao / sodorese
Queda nvel de conscincia Posicionamento em Fowler
Orientao sobre procedimento
Extubao
Macronebulizao a 10 L / min
Retornar VM
Nova tentativa aps 24 horas
Desnutrio?
Fraqueza muscular?
Programar alternncia Y e VM
Na ventilao prolongada e
indicaes clnicas
-
039 - Atendimento ao Queimado 319
Fluxograma 6:Tratamento Motor Funcional
Posicionamento Cervical
Edema Facial
No Sim
Cabeceira elevada
Edema drenado
Leso ntero-lateral
2 ou 3 graus
No
Sim
Leso inalatria
Taquipneia
Dispneia
Posicionamento
Cervical livre
No Sim
Colar espuma
Cabeceira elevada
Sem travesseiro
Colar espuma
Cama reta
Sem travesseiro
Enxertia
Cicatrizao
2 inteno
Colar, tala mvel ou
gessada
Cama reta
Repouso
Colar espuma
ADM normal
Cicatriz clara sem hipertrofia
Sem colar
Hiperemia/Hipertrofia
ADM normal ou restrita
Colar compressivo
Observao
clnica
-
Pg. 320 039 - Atendimento ao Queimado
Fluxograma 7:Posicionamento / Imobilizao MMSS
Edema
Elevao at a drenagem
Leso axilar: abduo
Fossa cubital: extenso
cotovelos
Punhos/mos:
neutro
Posio antlgica
Perda funcional e/ou cordo fibroso
Enxertia
Ombro:
tala abdutora
Cotovelo:
Perda extenso: tala extensora
Perda flexo: cinesioterapia
Punho/dedos: Tala funcional
Extenso punho a 30
Flexo MCF a 60
Extenso IF
Polegar em oponncia ao
indicador
Recuperao da amplitude
de movimento Amplitude restrita
Presena de cordo fibroso
Postura de conforto
Tala noturna
Tala contnua
ADM normal
Sem cordo fibroso
Correo postura
Suspenso de rtese
-
039 - Atendimento ao Queimado 321
Fluxograma 8:Posicionamento / Imobilizao MMII
Edema
Elevao at a drenagem
Leso inguinal/face adutora
Quadril neutro/abduo
Joelho:
Face anterior: livre
Face posterior: extenso
Tornozelo:
90
Posio antlgica/conforto
Perda funcional e/ou cordo fibroso
Enxertia
Flexo quadril:
Tala extensora joelho +
decbito dorsal/ventral
Flexo joelho:
Tala extensora
Artelhos:
Extenso/luxao:
Tracionamento flexor
(esparadrapo/borracha)
Tornozelo: Tala 90
Recuperao da amplitude
de movimento Amplitude restrita
Presena de cordo fibroso
Postura de conforto
Tala noturna
6 meses
Tala contnua
3 meses
ADM normal
Sem cordo fibroso
Correo postura
Suspenso de rtese
-
Pg. 322 039 - Atendimento ao Queimado
I. ASSISTNCIA FISIOTERPICA - ENFERMARIA
O atendimento inicia-se no dia da internao. certo que o sucesso
do processo reabilitador
do grande queimado assenta-se sobre condies timas de trabalho,
que incluem:
Equipe multiprofissional alerta e integrada;
Existncia de infraestrutura material e fsica;
Adeso do paciente.
1. Compete fisioterapia na UTQ:
Avaliar, orientar e manter atividades que propiciem preveno,
manuteno e
recuperao da funo pulmonar e msculo-esqueltico-cutnea;
Prescrever e instituir o uso de rteses, imobilizaes e
posicionamentos;
Confeccionar imobilizaes termomoldveis/gessadas, inclusive em
ps-operatrio;
Discutir/opinar sobre o tipo de curativo ou ocluso mais
funcional;
Acompanhar as condies clnicas, sociais e psicolgicas do
paciente, avaliando,
discutindo e opinando;
Buscar, junto com a equipe, tcnicas e condutas que possam
minimizar as sequelas.
Orientar cuidados ps-hospitalares, bem como a Campanha de
Preveno junto famlia
e populao em geral;
Encaminhar para o tratamento ambulatorial ps-alta;
Avaliar e acompanhar o processo cicatricial, bem como indicar e
prescrever malhas
compressivas quando necessrio.
2. Fatores que influenciam no atendimento do queimado:
Extenso da leso;
Profundidade;
Localizao;
Edema;
Comprometimento pulmonar;
Alteraes metablicas;
Mutilaes;
Curativo.
3. Objetivos:
Prevenir sequelas funcionais e estticas atravs de:
- Melhora da cicatrizao;
- Manuteno da amplitude de movimento e fora muscular;
- Evitar longa permanncia no leito e suas consequncias.
Preservar funo;
Reduzir edema;
Evitar atitudes viciosas.
4. Rotina:
Avaliao diria;
Assistncia respiratria;
Posicionamentos;
Cinesioterapia:
- Alongamento/relaxamento;
- AVD precoce e deambulao;
- Exerccios.
Massoterapia em cicatrizes.
-
039 - Atendimento ao Queimado 323
5. Critrios para imobilizaes:
TODA leso cervical de 2 e 3 graus em regio anterior e/ou
lateral;
Limitao de origem antlgica, que acometa acima de 30% do arco do
movimento;
Posturas prolongadas de conforto;
Toda leso articular em face flexora nos pacientes menores de 01
ano;
Enxertia de pele em rea articular;
Perda de ADM (amplitude de movimento);
Presena de cordo fibroso, mesmo quando a ADM normal;
Queimadura de extremidades superior e inferior com leso de 2
e/ou 3 grau circulares.
6. Indicao de interrupo da rtese:
Enxertos de frgil integrao;
Perda/macerao de enxertos;
Cicatriz madura, elstica, macia, com ADM normal.
7. Indicao de interrupo/restrio da cinesioterapia:
Deambulao:
- Leses plantares agudas;
- De 5 a 7 dias ps-enxertia;
- Instabilidade hemodinmica.
Exerccios:
- PO imediato de desbridamento cirrgico;
- 5 a 7 dias ps-enxertia, nos segmentos corporais proximais a
rea enxertada.
8. Assistncia e cuidados da Fisioterapia no ambulatrio de
retorno:
Objetivos:
Dar continuidade ao tratamento na fase de amadurecimento das
cicatrizes;
Avaliar as incapacidades fsicas e orientar exerccios corretivos
ou posicionamento de
articulaes com talas:
- Posicionamento com talas gessadas ou ortopdicas das articulaes
que esto
perdendo amplitude de movimento.
Solicitar a malha compressiva quando indicada (encaminhar o
pedido ao Servio Social);
Orientar o paciente e familiares quanto ao uso de malha
compressiva, bem como sobre
sua conservao:
- Moldagem de elastmero (resina) nas regies onde a compresso
insuficiente,
como exemplo os espaos interdigitais e intermamrios.
Reavaliar mensalmente as cicatrizes e a compresso da malha;
Preencher o formulrio para tratamento fora de domiclio (T.F.D.)
para pacientes de
outros municpios.
J. ASSISTNCIA NUTRICIONAL
1. Indicao do tipo de alimentao:
Todos os pacientes admitidos so submetidos triagem nutricional
para deteco de
risco nutricional e indicao do tipo de terapia adequada;
Paciente sem risco nutricional: ser oferecida dieta
hiperprotica/ hipercalrica,
padronizada pelo hospital;
-
Pg. 324 039 - Atendimento ao Queimado
Paciente em risco nutricional com condies de se alimentar por
via oral: ser oferecida
dieta hiperprotica/hipercalrica mais suplemento oral, conforme
necessidade detectada
na quantificao de ingesta;
Paciente em risco nutricional sem condies de se alimentar por
via oral ser ofertada a
dieta por SNE.
2. Indicao de dieta enteral:
Queimadura de vias areas, com impossibilidade de alimentao por
via oral;
Ventilao mecnica;
Distrbios psiquitricos, dficit cognitivo e outros quadros que
impossibilitem a ingesto
oral adequada;
Incapacidade de assumir dieta via oral plena, diante da
necessidade de maior aporte
calrico e protico.
3. Avaliao nutricional:
A avaliao nutricional dever ser realizada preferencialmente no
momento em que o
paciente estiver sem os curativos, para melhor inferir seus
parmetros antropomtricos;
Utilizamos os seguintes dados:
- Altura recumbente X IMC estimado.
Observao: lembrar de descontar edema, conforme indicado na
tabela abaixo:
Edema Localizao Excesso de peso hdrico
+ Tornozelo 1,0 KG
++ Joelho 3 a 4 KG
+++ Base da coxa 5 a 6 kg
++++ Anasarca 10 a 12 kg
4. Tabela 5: Necessidades nutricionais
CURRERI
Idade % SQC Calorias/dias
0 1 ano < 50% TMB + 15 Kcal x SCQ
1 3 anos < 50% TMB + 25 Kcal x SCQ
4 15 anos < 50% TMB + 40 Kcal x SCQ
> 16 anos Qualquer 25 Kcal x peso (Kg) + 40 Kcal x SCQ
-
039 - Atendimento ao Queimado 325
Proticas:
Curreri 3g/Kg/dia
Alexander 22-25% das calorias dirias
Adulto: 1g/Kg + 3g x SCQ
Davies and Lilijedahi
Criana: 3g/Kg + 1g x SCQ
Molnar 2,5g/Kg
5. Infuso:
Iniciar a infuso (aps confirmao do posicionamento da sonda no
jejuno) a 50ml/h e
progredir 25ml/ a cada 3 horas at o volume que atinja as
necessidades nutricionais
calculadas, conforme a tolerncia do paciente.
6. Complicaes:
6.1 Estase:
- Interromper dieta;
- Reiniciar dieta imediatamente aps verificao da estase;
- No verificar estase por mtodo de gravidade (perde-se muito
tempo para infuso da
dieta);
- A cada seis horas:
o < que 300 ml, manter a nutrio enteral;
o > que 300 ml, interromper a dieta por 3 horas.
- Se a estase < 300 ml, reiniciar a dieta;
- Se a estase persistir, rever situaes clnicas (sedao,analgesia,
piora clnica). Avaliar o
uso de procinticos.
6.2 Diarreia:
- Diminuir o volume de infuso;
- Avaliar causas de diarreia;
- Reavaliao do tipo de dieta enteral;
- Avaliar uso de fibras e loperamida, quando o diagnstico de
diarreia infecciosa for pouco
provvel.
K. ASSISTNCIA PSICOLGICA
1. Rotina de atividades:
O atendimento inicia-se a partir do momento em que o paciente
chega UTQ;
O Servio de Psicologia apresentado a cada paciente atravs de
busca ativa;
Em seguida, feita uma anamnese, com o intuito de conhec-lo e
avaliar suas
demandas;
Os atendimentos so realizados individualmente, no leito ou fora
dele, conforme o
estado fsico de cada um;
-
Pg. 326 039 - Atendimento ao Queimado
A periodicidade dos atendimentos varivel, dependendo da
necessidade de cada caso.
2. Modalidades de atendimento:
Atendimento criana atravs da ludoterapia;
Orientao e atendimento aos pais das crianas queimadas;
Atendimento ao paciente adulto e a seus familiares com enfoque
teraputico e tambm
de orientao;
Preparao para cirurgias.
3. Objetivo do acompanhamento psicolgico:
Viabilizar ao paciente sair da condio de assujeitamento,
passando a ser o responsvel
pelas suas escolhas e atos, e com possibilidade de estender essa
condio para o seu
tratamento, podendo se mostrar mais ativo e participativo,
responsabilizando-se pelo
seu processo de cura fsica/psicolgica;
Propiciar suporte emocional s famlias que, na maioria das vezes,
sofrem juntamente
com o paciente, apresentando tambm quadros importantes de
ansiedade e angstia;
Dar orientaes a essas famlias e ajud-las a compreender e
assimilar as informaes
que recebem da equipe mdica acerca da evoluo clnica e do
tratamento dos
pacientes.
4. Abordagem interdisciplinar:
Discusso de casos com os demais profissionais envolvidos no
tratamento do paciente;
Acontece formal ou informalmente com o objetivo de maior
conhecimento sobre o
estado geral do paciente e de trocas de informaes.
5. Conduta na alta hospitalar:
Concluso do acompanhamento psicolgico e avaliao da necessidade
de
encaminhamento para continuidade de tratamento no servio de sade
mental pblico
prximo residncia do paciente;
Continuamos como referncia ao paciente mesmo aps a alta, podendo
o mesmo nos
procurar para posteriores atendimentos, caso sinta
necessidade.
6. Retorno:
realizado em casos previamente avaliados;
Objetivo: dar continuidade ao atendimento psicolgico iniciado,
em casos de
necessidade, e avaliar a socializao do paciente em seu retorno
ao convvio social;
Possui carter temporrio, posteriormente sendo encaminhados para
outros servios de
sade mental pblicos.
7. Encaminhamento:
Muitos pacientes, no momento da alta, so encaminhados para
centros de sade de seu
bairro ou cidade de origem e/ou ambulatrios de universidades.
Nestes casos, a famlia
orientada a respeito da importncia da continuidade do tratamento
psicolgico;
Sempre que possvel, feito um contato telefnico com o
profissional desses servios
para garantir a segurana da continuidade dos atendimentos e para
a discusso do caso.
L. ASSISTNCIA DO SERVIO SOCIAL
A prtica do Servio Social na rea da sade baseia-se na relao
homem-sade-instituio,
numa ao interventiva de abordagem preventiva.
O fenmeno sade exige a busca contnua de bem estar fsico,
emocional e social e nesse
sentido perseguida a viso da totalizao.
-
039 - Atendimento ao Queimado 327
Os cuidados ao homem hospitalizado no podem estar restritos aos
aspectos do corpo, mas
relacionados com os aspectos sociolgicos, econmicos, culturais,
educacionais, legais, morais
e outros presentes na relao com a doena.
1. Objetivo geral do Servio Social:
Compreender as estruturas do vivido, a partir da descrio das
situaes do cotidiano, ou
seja, da histria de vida, em que seus mltiplos aspectos
descrevem uma realidade nica,
onde se descobre o fundamental da existncia humana: o sentido
que dado a vida;
Intervir obedecendo ao conceito de humanizao como viso do homem,
como criador de
seus valores, que se definem a partir das exigncias psicolgicas,
histricas e sociais;
Ampliar o potencial humano atravs do processo de integrao,
trabalhando os
interesses, desejos e necessidades do indivduo.
2. Funes do Assistente Social:
Triar os pacientes que se encontram internados na Unidade, com
objetivo de detectar os
que necessitam da interveno do profissional e/ou encaminhando-os
a outros
profissionais;
Fazer acompanhamento de casos, atravs de entrevistas,
diagnsticos e focalizao de
fatores que interferem no processo de tratamento;
Conhecer a dinmica dos grupos sociais aos quais pertencem os
pacientes;
Apresentar aos demais membros da equipe teraputica possveis
fatores que influenciam
no processo de bem-estar e recuperao do paciente;
Orientar e atender os aspectos legais decorrentes da situao de
doena, tais como:
- Direitos Previdencirios;
- Como obter guias-licenas;
- Como receber pagamento;
- Caracterizar Acidentes de Trabalho;
- Ajuda Supletiva;
- Encaminhar solues para pacientes sem referncia familiar;
Trabalhar o paciente para que o mesmo no perca sua referncia com
a vida social, familiar
e profissional;
Contribuir com a agilizao do leito hospitalar, considerando a
necessidade de dinamizao
e rotatividade do mesmo;
Pesquisar e atualizar os recursos da instituio e da comunidade,
assim como estabelecer
entrosamento com as entidades de bem-estar social, de servios de
sade e obras sociais.
ITENS DE CONTROLE
1. Nmero absoluto e percentual de agentes etiolgicos em
queimaduras de pacientes
internados.
2. Nmero de pacientes com antibioticoterapia para queimadura
infectada/nmero total de
pacientes internados com queimadura.
3. Permanncia hospitalar mdia.
-
Pg. 328 039 - Atendimento ao Queimado
REFERNCIAS
Gerais
1. Leo CEG et al. Epidemiologia das queimaduras no estado de
Minas Gerais .Rev.
Bras. Cir. Plst. 2011; 26 (4): 573-7.
2. Leo CEG. Queimaduras. In: Savassi-Rocha PR, et al. Cirurgia
de Ambuatrio. Rio de
Janeiro: Medbook Editora Cientfica LTDA, , 2013, p. 137-48.
3. Wasiak J et al.Dressings for superficial and partial
thickness burns. Cochrane
Database Syst Rev. 2013; 3.
Enfermagem
1. Gomes DR; Serra MC; Pellon, MA. Tratado de Queimaduras: um
guia prtico. So
Jos, SC: Revinter, 1997.
2. Sociedade Brasileira de Queimaduras. Disponvel em:
http://www.sbqueimaduras.com.br/sbq/. Acesso em 01/11/2012
3. Lima, EM; Serra MCVF. Tratado de Queimaduras no Paciente
Agudo 2 edio.
Atheneu, 2008.
4. Cartilha para Tratamento de Emergncias das Queimaduras.
Ministrio da Sade
2012, Disponvel em:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/cartilha_
queimaduras.pdf.
5. Townsend e Evers. Atlas de Tcnicas Cirrgicas. Editora
Elsevier. Disponvel em
http://books.google.com.br/books?id=zhYtzd81g3oC&pg=PP24&dq=townsend+e
+evers+atlas+de+tecnicas+cirurgicas&hl=ptBR&sa=X&ei=EuaVUOueL42s8ATo2IFo
&ved=0CDMQ6AEwAA.
6. Sociedade Brasileira de Cirurgia Plstica. Projeto diretrizes
Queimaduras. Parte II.
Tratamento da leso. 2008
Anestesiologia
1. Castro RP; Godinho AL. Anestesia em pacientes queimados.
Cadernos de
Protocolos Bsicos da Clnica Anestesiolgica do Hospital Joo
XXIII. 1999.
2. Gilman AG, Rall TW, Nies AS, Taylor P. As bases farmacolgicas
da teraputica Ed.
Guanabara Koogan. 1991.
3. Mathias L; Mathias RS. Avaliao Pr-operatria: um fator de
qualidade. Revista
Brasileira de Anestesiologia 1997; 47: 335-49.
4. Nociti JR. Qualidade da anestesia, fatores e mtodos de
aferio. Revista Brasileira
de Anestesiologia. 1993; 42: 349-52.
5. Organizao Nacional De Sade. Manual Brasileiro de Acreditao
Hospitalar.
2000.
6. Rodrigues MVC. Qualidade de vida no trabalho. Editora Vozes.
1994.
7. Sousa A; Piegas L; Sousa JE. Qualidade em anestesia. Srie
Monografias Dante
Pazzanese Vol. 3; 2002.
-
039 - Atendimento ao Queimado 329
Fisioterapia
1. Artz; Pruiytt .Queimaduras, Ed. Interamericana, Rio de
Janeiro, 1980.
2. Sucena, RC; Fisiopatologia e Tratamento das Queimaduras. Ed.
Roca 1982.
3. Simom L & Dossa J; Reabilitao no Tratamento das
Queimaduras. Ed. Roca 1986.
4. O'sullivan, SB. Fisioterapia: avaliao e Tratamento. Ed. So
Paulo: Manole, 2004.
5. Russo, AC. In: Tratamento das Queimaduras. Savier, So Paulo,
1976.
6. Maciel E; Serra MCVF. Tratado de Queimaduras. Ed. Atheneu,
2004.
7. Gomes D; Maria Cristina VF; Pellon MA. Queimaduras. Revinter,
1995.
8. Porter SB. Fisioterapia de Tidy. Elsevier Editora 2005.
9. Marcus, CID Ventilao mecnica da fisiologia ao Consenso
Brasileiro, Ed Revinter
1994.
10. Azeredo CAC. Ventilao Mecnica Invasiva e no Invasiva. Ed.
Revinter, 1994.
11. Azeredo CAC. Bom Senso em Ventilao Mecnica. Ed
Revinter,1997.
12. Scalan; Wilkins;Stoller. Fundamentos da Terapia Respiratria
de Egan. Ed. Manole 7
edio.
13. Delisa JA. Tratado de Medicina de Reabilitao-Princpios e
Prtica, Ed. Manole,
2002.
14. Descamps H; Baze Delecroix C ET Jauffret E. Rducation de
lenfant brl. Encycl
Md Chir Kinsithrapie - Mdecine physique-Radaptation,
26-275-D-10,
2001,10p.
15. Jaudoin D. Kinsithrapie Cicatricielle Aprs Une Brulure
Grave. Centre DeTraitement
Des Brls Du Centre Hospitalier St Joseph-St Luc France.
Disponvel em:
www.Kinebrul-Pro.Com. Acesso Em 05 Jun. 2008.
16. Rochet JM; Wassermann D; Carsin H; Desmouliere A;Aboiron H;
Birraux D; ET AL.
Rducation Et Radaptation De Ladulte Brl. Encycl Md Chir
(Elsevier, Paris),
Kinsithrapie-Mdecine Physique-Radaptation, 26-280-C-10, 1998. 27
P.
17. Rodrigues M; Maria Da Glria. Bases da Fisioterapia
Respiratria - Terapia Intensiva
E Reabilitao. Rio De Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 592 P.
18. Sarmento, GJV. Fisioterapia Respiratria No Paciente Crtico:
Rotinas Crticas. So
Paulo : Manole, 2005. P. 582.
19. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. III
Consenso Brasileiro de
Ventilao Mecnica 2006. J Bras Pneumol 2007; 33 (supl.2).
Disponvel em:
http://www.jornalde pneumologia.com.br/portugues/suplement
Nutrio
1. Lima JEM; Serra MCVF. Tratado de queimaduras. So Paulo:
Atheneu, 2004. 656 p.
2. Prelack, K; Dylewski M; Sheridan RL. Practical guidelines for
nutritional management
of burn injury and recovery. Burns, v. 33, p. 14-24, 2007
3. Shils ME. Nutrio moderna na sade e na doena. 10.ed. Barueri,
SP: Manole, 2009.
2222 p.
http://www.jornalde/
-
Pg. 330 039 - Atendimento ao Queimado
ANEXO I
Tabela 1. Determinao da superfcie corporal queimada (SCQ)
conforme Lund e Browder.
Idade (anos) / rea 0 - 1 4 5 - 9 10 - 14 15 Adulto
Cabea 19 17 13 11 9 7
Pescoo 2 2 2 2 2 2
Tronco anterior 13 13 13 13 13 13
Tronco posterior 13 13 13 13 13 13
Ndega direita 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5
Ndega esquerda 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5
Genitlia 1 1 1 1 1 1
Brao 4 4 4 4 4 4
Antebrao 3 3 3 3 3 3
Mo 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5
Coxa 5,5 6,5 8 8,5 9 9,5
Perna 5 5 5,5 6 6,5 7
P 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5
Tabela 2. Regra dos nove (Pulanski e Tennison).
rea Adultos Crianas at 1 ano
Cabea e pescoo 9,0% 18,0%
Membro superior direito 9,0% 9,0%
Membro superior esquerdo 9,0% 9,0%
Regio anterior do tronco 18,0% 18,0%
Regio posterior do tronco 18,0% 18,0%
Genitlia 1,0% 1,0%
Coxa direita 9,0% 4,5%
Coxa esquerda 9,0% 4,5%
Perna direita 9,0% 4,5%
Perna esquerda 9,0% 4,5%
Para recm nascido: cabea e pescoo= 18%, todo um membro inferior=
13,5%
Obs.: Esta regra uma simplificao, porm de fcil memorizao, para
utilizao em
emergncia e por mdicos no especialistas.
-
039 - Atendimento ao Queimado 331
Tabela 3. Avaliao da profundidade das leses.
Classificao Camadas da pele
atingidas Apresentao Evoluo
Primeiro Grau Epiderme Eritema
Dor
- Reepiteliza em 5 a 7
dias
Segundo Grau
Superficial
Epiderme
Derme superior
Flictenas
Dor
Edema
Umidade
Vermelha
- Conserva grande parte
dos anexos cutneos
- Reepiteliza em 10 a 14
dias
Segundo Grau
Profundo
Epiderme
Derme superior
Derme profunda
Flictenas
Dor
Edema
Menor umidade
Maior palidez
- Menor quantidade de
anexos preservados
- Demanda maior tempo
para reepitelizao (at
21 dias) ou enxertia
cutnea
Terceito Grau
Epiderme
Derme
Hipoderme
Indolor
Seca
Rgida
Placa esbranquiada ou
enegrecida
- No reepiteliza
espontaneamente