Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt (organizadora)
Atas do XII CONGRESSO INTERNACIONAL JORNADAS DE EDUCAO HISTRICA
Conscincia Histrica e as novas tecnologias da informao e comunicao
- Realizadas de 18 a 21 de Julho de 2012, Universidade Federal do
Paran Laboratrio de Pesquisa em Educao Histrica (LAPEDUH)
1 Edio
Curitiba PR LAPEDUH 2012
Conscincia Histrica e as Novas Tecnologias da Informao e
Comunicao
ISBN: 978-85-64776-02-9REALIZAO:
XII CONGRESSO INTERNACIONAL das Jornadas de Educao
HistricaConscincia Histrica e as Novas Tecnologias da Informao e
Comunicao 18, 19, 20 e 21 de julho de 2012
APOIO: Universidade Federal do Paran Setor de Educao da UFPR
Programa de Ps-Graduao em Educao - UFPR Conselho Nacional de
Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico Coordenao de Aperfeioamento
de Pessoal de Nvel Superior Fundao Araucria Universidade do Minho
Universidade de Santa Maria Secretaria Estadual de Educao do Paran
Secretaria Municipal da Educao de Curitiba Secretaria Municipal de
Educao de Araucria RealizaoLaboratrio de Pesquisa em Educao
Histrica (LAPEDUH) [email protected] Telefone: (41)
33605039
No ano em que a Universidade Federal do Paran completa 100 anos,
o Laboratrio de Pesquisa em Educao Histrica (LAPEDUH UFPR), e a
Comisso Organizadora do XII Congresso Jornadas Internacionais de
Educao Histrica, ficam honrados em receb-los para, de forma
compartilhada, participar e debater mltiplas questes que nos
desafiam no mundo em que vivemos hoje. O XII CONGRESSO
INTERNACIONAL Jornadas de Educao Histrica pretende dar continuidade
aos encontros que se realizam entre o Brasil e Europa desde o ano
2000, consolidando, cada vez mais, o campo de pesquisa da Educao
Histrica. Nesse ano de 2012 constata-se, mais uma vez, o grande
acmulo de trabalhos apresentados, evidenciando a maturidade das
teorias e metodologias de pesquisa, da escolha dos objetos e
categorizaes, bem como a importncia da contribuio dos resultados
das investigaes. compartilhamento solidrio. A escolha do tema no
foi aleatria. Entendemos que as tecnologias da informao e comunicao
trazem possibilidades de ampliar o acesso, consumo e
compartilhamento da informao e dos conhecimentos histricos, podendo
ou no contribuir para a democracia. Pretendemos, com a escolha do
tema, ampliar a discusso sobre o uso e as possibilidades das
ferramentas e tecnologias, acreditando que elas podem ser
trabalhadas para a construo de um aprendizado histrico e, portanto,
da conscincia histrica, que colabore com a construo de um mundo
mais humano. Em que os usos do passado auxiliem na extino da dor,
do sofrimento e da dominao. Sejam todos muito bemvindos ao XII
CONGRESSO Jornadas Internacionais de Educao Histrica! E, em tempos
de comemoraes, brindamos a todos com um presente do nosso poeta
Carlos Drumond de Andrade, cujo centenrio de nascimento comemoramos
esse ano: Mos dadas No serei o poeta de um mundo caduco. Tambm no
cantarei o mundo futuro. Estou preso vida e olho meus companheiros.
Esto taciturnos mas nutrem grandes esperanas. Entre eles, considero
a enorme realidade. O presente to grande, no nos afastemos. No nos
afastemos muito, vamos de mos dadas. No serei o cantor de uma
mulher, de uma histria, no direi os suspiros ao anoitecer, a
paisagem vista da janela, no distribuirei entorpecentes ou cartas
de suicida, no fugirei para as ilhas nem serei raptado por
serafins, O tempo a minha matria, o tempo presente, os homens
presentes, a vida presente. Parabns a todos que aqui vieram para
esse
COORDENAO GERAL Professora Doutora Maria Auxiliadora Moreira dos
Santos Schmidt COMISSO CIENTFICA: Professora Dra. Ana Claudia Urban
Professora Dra. Glria Parra Santos Sol Professora Dra. Isabel Barca
Professora Dra. Julia Castro Professora Dra. Katia Abud Professora
Dra. Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt Professora Dra.
Maria Conceio da Silva Professora Dra. Marlia Gago Professora Dra.
Marlene Cainelli Professora Dra. Marlene Grendel Professora Dra.
Rosi Terezinha FerrariniGevard Professora Dra. Tnia Maria
Figueiredo Braga Garcia Professor Dr. Estevo de Rezende Martins
Professor Dr. Geyso Dongley Germinari Professor Dr. Marcelo Fronza
Professor Dr. Rafael Saddi Teixeira COMISSO ORGANIZADORA: Adriane
de Quadros Sobanski Andressa Garcia Pinheiro de Oliveira Czar
Augusto Machado Cludia Senra Caramez der Cristiano de Souza Joo
Luis da Silva Bertolini Leslie Luiza Pereira Gusmo Lilian Costa
Castex Lucas Pydd Nechi Luciano de Azambuja Marcelo Fronza Marilu
Favarin Marin Rita de Cssia Gonalves Pacheco dos Santos Solange
Maria do Nascimento Thiago Augusto Divardim de Oliveira Tiago Costa
Sanches APOIO TCNICO, REVISO E EDITORAO: Andressa Garcia Pinheiro
de Oliveira Joo Luis da Silva Bertolini Solange Maria do Nascimento
Rosi Terezinha Ferrarini Gevard Thiago Augusto Divardim de
Oliveira
SUMRIOTRABALHO AUTOR(ES) N 1 2 3 ADRIANE DE QUADROS SOBANSKI
ALAMIR MUNCIO COMPAGNONI ANA CLAUDIA URBAN ANA PAULA ANUNCIAO &
AMBILE SPERANDIO ALINE DO CARMO COSTA BARBOSA ANDR LUIZ BATISTA DA
SILVA ANDRESSA GARCIA PINHEIRO DE OLIVEIRA & MARIA AUXILIADORA
SCHMIDT ANNE CACIELLE FERREIRA DA SILVA ANNE ISABELLE VITURI
BERBERT & BRAYAN LEE THOMPSOM VILA BARBARA ARAUJO BRUNO PAVIANI
& THAISA LOPES CZAR AUGUSTO MACHADO CINTHIA TORRES ARANHA &
ALINE APOLINRIO FURTUNATO CLAUDIA CHRISTINA MACHADO E SILVA &
MAURO SAPALA CLAUDIA HICKENBICK CLUDIA SENRA CARAMEZ & MARIA
AUXILIADORA SCHMIDT CRISTIANE PERRETO DALVA CRISTINA MACHADO PINTO
DANILLO FERREIRA DE BRITO DAYANE RBILA LOBO HESSMANN DEIVID
CARNEIRO RIBEIRO DER CRISTIANO DE SOUZA & MARIA AUXILIADORA
SCHMIDT EDILSON APARECIDO A IDEIA DE FRICA COMO CONTEDO
ESCOLARIZADO A FORMAO DO PENSAMENTO HISTRICO DE CRIANAS EM AMBIENTE
DE MUSEU A CONSTITUIO DO CDIGO DISCIPLINAR DA DIDTICA DA HISTRIA
NAS PROPOSTAS DOS CURSOS DE FORMAO DE PROFESSORES AULA-OFICINA:UMA
PROPOSTA DE UTILIZAO DE DOCUMENTOS HISTORICOS EM SALA DE AULA
REFLEXES ACERCA DA CONSCINCIA HISTRIA NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS
OS JOVENS E A INTERNET: USOS E DOMNIOS A SE CONSIDERAR NO PROCESSO
DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA HISTRIA POSSIBILIDADES DA APRENDIZAGEM
HISTRICA NA EDUCAO INFANTIL: PERSPECTIVAS DA EDUCAO HISTRICA
MANUAIS DIDTICOS, FONTES E ORIENTAES PARA O PROFESSOR: QUESTES PARA
A PESQUISA EM EDUCAO HISTRICA O USO DE HQS PARA O ENSINO DE
CONCEITOS HISTRICOS DE SEGUNDA ORDEM HISTRIA E SUAS POSSVEIS
ABORDAGENS: INOVAO NO ENSINO A PARTIR DA EXPERINCIA DO PIBID. A
MSICA E A DITADURA MILITAR: COMO TRABALHAR COM LETRAS DE MSICA
ENQUANTO DOCUMENTO HISTRICO REFLEXES SOBRE A EXPERINCIA DE
PROFESSORES COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAO E COMUNICAO: O
PORTAL DE EDUCAO HISTRICA NA VISO DA INFORMTICA PARA ALM DO LAZER:
A UTILIZAO DE FILME COMO RECURSO DIDTICO EM SALA DE AULA ARQUIVOS E
FONTE HISTRICA EM AULAS DE HISTRIA: REPRESSO EM CURITIBA DURANTE A
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL O ENSINO DE HISTRIA NA EDUCAO PROFISSIONAL
HISTRIA E JUVENTUDE: DIRIOS PESSOAIS E BLOGS COMO ESPAO DE MEMRIA
QUANDO SE RECORRE S LEMBRANAS PARA NARRAR A EXPERINCIA HUMANA NO
TEMPO: O LIVRO RECRIANDO HISTRIAS DE ARAUCRIA TRABALHANDO COM
FONTES EM ESTADO DE ARQUIVO PBLICO E A LITERACIA HISTRICA EM AULAS
DE HISTRIA EDUCAO HISTRICA: NARRATIVAS HISTRICAS DE ALUNOS NA
EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS POLTICA TAMBM COISA DE ADOLESCENTE - A
ELEIO DE REPRESENTANTES DE TURMA NA EDUCAO HISTRICA A CIDADANIA NA
PRTICA ENTRE A RUPTURA E A CONSERVAO: OS USOS DE NOVAS FORMAS
DIDTICAS NA CONSTRUO DE UMA EDUCAO HISTRICA. EDUCAO HISTRICA E
MULTIPERSPECTIVIDADE: UMA PROPOSTA DE TRABALHO COM O CONCEITO
SUBSTANTIVO NAZISMO A PARTIR DE FONTES FLMICAS DIVERSIFICADAS
CRITRIOS DE ESCOLHA DOS LIVROS DIDTICOS DE 11 23 35 TTULO PGINA
4 5 6 7
46 58 72 84
8
98
9 10 11
110 123 124
12
136
13 14 15 16
140 150 151 163
17 18 19 20 21 22
176 177 178 184 193 194
23
206
CHAVES & TNIA GARCIA 24 DINA SOARES MACIEL ELIZABETE C. DE
S. TOMAZINI & GIANE DE SOUZA SILVA ELTON FERNANDES DE SOUZA
EUZEBIO CARVALHO EVANDRO CARDOSO DO NASCIMENTO FLVIO BATISTA DOS
SANTOS & MARLENE ROSA CAINELLI GERALDO BECKER GERSON LUIZ
BUCZENKO & GEYSO DONGLEY GERMINARI GIANE DE SOUZA SILVA &
MARLENE ROSA CAINELLI GIOVANNA APARECIDA SCHITTINI DOS SANTOS GLRIA
SOL GLRIA SOL GRAZIELA HOCHSCHEIDT TREVISAN & MARINA DE GODOY
HELENA PINTO HELENA VERSSIMO & ISABEL BARCA HELENO BRODBECK DO
ROSRIO HENRIQUE BRESCIANI IDA HAMMERSCHMITT ISABEL AFONSO &
ISABEL BARCA JACKES ALVES DE OLIVEIRA JANANA DE PAULA DO ESPRITO
SANTO JAQUELINE AP. M ZARBATO JAQUELINE LESINHOVSKI TALAMINE JEMIMA
FERNANDES SIMONGINI & MARCELA TAVEIRA CORDEIRO JOO LUIS DA
SILVA BERTOLINI
25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
HISTRIA:O PONTO DE VISTA DOS JOVENS A PRODUO DAS AULAS DE
HISTRIA E A EXPERINCIA CULTURAL DOS ALUNOS NA ESCOLA DO CAMPO:
LIMITES E POSSIBILIDADES DO PROFESSOR GENERALISTA O PAPEL DO
PROFESSOR SUPERVISOR DO ENSINO DE HISTRIA NA FORMAO PARA DOCNCIA:
UMA EXPERINCIA DO PIBID/HISTRIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
LONDRINA O LIVRO DIDTICO DE HISTRIA NA PERSPECTIVA DA CONSCINCIA
HISTRICA: LIMITES E POSSIBILIDADES PEDAGOGIAS DAS COMPETNCIAS OU
COMPETNCIAS HISTRICAS? ALGUMAS QUESTES A PARTIR DO ESTUDO DO
VESTIBULAR EDUCAO HISTRICA E PATRIMNIO: EXPERINCIAS DE EDUCAO
PATRIMONIAL NA ILHA DO MEL PARANAGU PR (2012) O ENSINO DE HISTRIA
LOCAL NA FORMAO DA CONSCINCIA HISTRICA DE ALUNOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL INVISIBILIDADE CULTURAL AFRICANA E INDGENA EM CURITIBA
HISTRIA LOCAL E IDENTIDADE: UMA ANLISE NA PERSPECTIVA DA EDUCAO
HISTRICA EDUCAO HISTRICA: UM ESTUDO COM A HISTRIA LOCAL E A
NARRATIVA HISTRICA EM AULAS DE HISTRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL
POSSIBILIDADES DE DILOGO ENTRE EDUCAO HISTRICA E EDUCAO PATRIMONIAL
NO ENSINO MDIO A CONSTRUO DE UM MUSEU EM SALA DE AULA: APRENDER
HISTRIA ATRAVS DOS OBJECTOS A CONSCINCIA HISTRICA E SIGNIFICNCIA
HISTRICA EM ALUNOS PORTUGUESES: UM ESTUDO DE CASO LONGITUDINAL COM
ALUNOS DO 1. CEB O ARQUIVO PBLICO NA SALA DE AULA: REVOLUO
INDUSTRIAL, NASCIMENTO DO MOVIMENTO OPERRIO E A GREVE DE 1917 EM
CURITIBA A PARTIR DO ESTUDO DE FONTES HISTRICAS USO DE FONTES
PATRIMONIAIS E CONSCINCIA HISTRICA DE ALUNOS E PROFESSORES
PORTUGUESES OS EXAMES DE HISTRIA EM PORTUGAL: DIFICULDADES DOS
ESTUDANTES NA INTERPRETAO DE FONTES PARA A CONSTRUO DE UMA EXPLICAO
HISTRICA EM BUSCA DE SENTIDO PARA O PASSADO: UM ESTUDO EXPLORATRIO
SOBRE ATIVIDADES PROPOSTAS EM LIVROS DIDTICOS DE HISTRIA NOVELA EM
SALA DE AULA: A UTILIZAO DE ESCRAVA ISAURA EM UMA PROPOSTA DE
AULAOFICINA O LIVRO DIDTICO EM AULAS DE HISTRIA NOS ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL O MANUAL ESCOLAR COMO RECURSO EM EDUCAO
HISTRICA: ESTUDO COM PROFESSORES PORTUGUESES DO ENSINO SECUNDRIO
TRABALHO COM ARQUIVOS: ARTICULANDO O PASSADO E O PRESENTE NA SALA
DE AULA CONHECIMENTO HISTRICO E COTIDIANO: ENSINO DE HISTRIA E OS
MANGS MEMRIA, ENSINO DE HISTRIA E CONSCINCIA HISTRICA: ANALISANDO
PRTICAS EDUCATIVAS O USO DO LIVRO DIDTICO DE HISTRIA NAS SRIES
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: A RELAO DOS PROFESSORES COM OS
CONCEITOS PRESENTES NOS MANUAIS AULA OFICINA: A MSICA COMO PROPOSTA
DE PRODUO DE CONHECIMENTO HISTRICO COM OS ALUNOS ELEMENTOS PARA UMA
METODOLOGIA DE ENSINO REFERENCIADA NA APRENDIZAGEM PELA ATRIBUIO DE
SIGNIFICADOS
207
218 232 244 245 258 270 277 287 302 315 333
36 37 38
352 363 382
39 40 41 42 43 44 45 46
383 391 404 416 427 439 450 463
47 48
464 465
49
50
51
52 53 54
55
JUARA DE SOUZA CASTELLO BRANCO MARIANA SIENI DA CRUZ GALLO
JULIANI & MAGDA MADALENA PERUSIN TUMA KENYA V. DE S. E SILVA;
VANESSA DUARTE; SIRLEI B. DE BRITO & CAROLINA R. DE CARVALHO
LESLIE LUIZA PEREIRA GUSMO & MARIA AUXILIADORA SCHMIDT LIDIANE
CAMILA LOURENATO LILIAN COSTA CASTEX & PURA LCIA OLIVER MARTINS
LISLIANE DOS SANTOS CARDZO & JORGE LUIZ DA CUNHA LUCAS
PATSCHIKI
QUESTO INDIGENA E CONSCINCIA HISTRICA A CONSTRUO DO CONHECIMENTO
HISTRICO DE CRIANAS DA 4 SRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL NA INTERAO COM
ARTEFATOS TECNOLGICOS (COMPUTADOR E INTERNET) MEMRIA E PATRIMNIO
HISTRICO: ALAVANCAS PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA O MOVIMENTO
ESTUDANTIL ESTUDADO A PARTIR DE FOTOGRAFIAS PESQUISADAS ON-LINE A
PRESENA DA TEMPORALIDADE NO PENSAMENTO HISTRICO DOS JOVENS-ALUNOS A
PRESENA DA EDUCAO HISTRICA NA FORMAO DE PROFESSORES DO ENSINO
FUNDAMENTAL DE CURITIBA MEMRIA, ENSINO DE HISTRIA, FORMAO DE
PROFESSORES: ELEMENTOS PARA UMA PESQUISA NARRATIVA (AUTO) BIOGRFICA
QUADRINHOS NO ENSINO DE HISTRIA CONTEMPORNEA: O COMPLEXO
INDUSTRIALMILITAR-ACADMICO EM THE BOYS A PRIMEIRA GRANDE ESCOLHA NO
TEMPO: O ENSINO DE HISTRIA E A ORIENTAO VOCACIONAL DE JOVENS AO
TRMINO DO ENSINO MDIO IMAGENS DA WEB: UMA METODOLOGIA PARA AULAS DE
HISTRIA CONSCINCIA HISTRICA E INTERCULTURALIDADE USOS DA MSICA EM
AULAS DE HISTRIA: CONTEDOS, JUSTIFICATIVAS, FINALIDADES E MTODOS
SEGUNDO PROTONARRATIVAS DE JOVENS ALUNOS BRASILEIROS E PORTUGUESES
AS NARRATIVAS GRFICAS DE JOVENS ESTUDANTES DO ENSINO MDIO COMO
EXPRESSO DA CONSCINCIA HISTRICA A PERCEPO DA MEMRIA ENTRE AS
FRONTEIRAS DO TEMPO E DO ESPAO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A EDUCAO
MODERNA E ANCESTRAL DO BRASIL COMO ALUNOS DO ENSINO MDIO SE
APROPRIAM DO GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA HISTRIA DO BRASIL? A
RELAO DE PROFESSORES DE HISTRIA COM O CONHECIMENTO HISTRICO
PRESENTE NA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES: UMA EXPERINCIA NA SALA DE
AULA DIGITAL A TEMTICA RELIGIO NA FORMAO DA CONSCINCIA HISTRICA DE
ALUNOS BRASILEIROS E PORTUGUESES ANTES DE FAZEREM ISTO ELES
DESENHAM AS IMAGENS? PRTICAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM NAS AULAS DE
HISTRIA DO 8 ANO RELAO TEORIA E PRTICA NA FORMAO DE PROFESSORES: A
EXPERINCIA DE LABORATRIOS DE ENSINO (1980-2010) EDUCAO HISTRICA: UM
ESTUDO SOBRE A FORMA DE CONSTITUIO DO PENSAMENTO HISTRICO EM AULAS
DE HISTRIA DO BRASIL NO ENSINO FUNDAMENTAL EDUCAO HISTRICA NO
ESTGIO SUPERVISIONADO: RELATO DAS EXPERINCIAS VIVIDAS NO CURSO DE
HISTRIA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC)
RECURSOS NA AULA DE HISTRIA 12 ANOS FAZEM DIFERENA? A EPISTEMOLOGIA
DA DIDTICA DA HISTRIA EM MANUAIS PARA PROFESSORES TRABALHO COM OS
ELEMENTOS GUARDADOS SOB A FORMA DE MEMRIA DO ALUNO OS CONCEITOS
SUBSTANTIVOS DA HISTRIA NOS CADERNOS DE ATAS DAS JORNADAS
INTERNACIONAIS
466
478
491
504 513 521
530
56
543
57 58 59 60
LUCAS PYDD NECHI LUCIA HELENA XAVIER LUCIANA LEITE DA SILVA
LUCIANO DE AZAMBUJA
555 564 565 566
61 62 63
MARCELO FRONZA MARCELO HENRIQUE RIBEIRO BORGES MARCIA ELISA TET
RAMOS MARIA AUXILIADORA SCHMIDT & ALINE MARCIA ALVES DA COSTA
MARIA DA CONCEIO SILVA MARIANA LAGARTO & ISABEL BARCA MARILU
FAVARIN MARIN & MARIA AUXILIADORA SCHMIDT MARLENE ROSA CAINELLI
NUCIA ALEXANDRA SILVA DE OLIVEIRA OLGA MAGALHES OSVALDO RODRIGUES
JUNIOR PLITE TEREZINHA BURATTO REMES POLIANNA FERREIRA DE JESUS
580 595 606
64
620
65
622
66
636
67
652
68
653
69 70 71 72 73
659 668 669 678 686
74
RAFAEL SADDI TEIXEIRA REGINA MARIA DE OLIVEIRA RIBEIRO RITA DE
CSSIA GONALVES PACHECO DOS SANTOS ROMILDA ALVES DA SILVA ARAJO
RONALDO CARDOSO ALVES ROSI TEREZINHA FERRARINI GEVAERD SANDRA
REGINA FERREIRA DE OLIVEIRA SANDRO LUIS FERNANDES SILVANA MUNIZ
GUEDES & SANDRA REGINA SOLANGE MARIA DO NASCIMENTO & MARIA
AUXILIADORA SCHMIDT STPHANY KHATARINY PORTUGAL TATIANA CABREIRA
CONCI THIAGO AUGUSTO DIVARDIM DE OLIVEIRA TIAGO COSTA SANCHES &
MARIA AUXILIADORA SCHMIDT VINCIUS DOS PASSOS SOARES WANDERSON JOS
DE SOUSA VINCIUS MARTINS DE ALMEIDA & THAIRINY KARLA BATISTA
CRUVINEL KAYTEE VIVIANE SIQUEIRA
75
DE EDUCAO HISTRICA (2001 A 2011) EDUCAO HISTRICA E EMANCIPAO:
SOBRE A FUNO EMANCIPATRIA DA CINCIA HISTRICA E DA EDUCAO HISTRICA
TUDO ISSO ANTES DO SCULO XXI: NARRATIVAS DA HISTRIA DO BRASIL POR
ADOLESCENTES AO FINAL DO ENSINO FUNDAMENTAL O PASSADO PARA
PROFESSORES DE HISTRIA E SUA SIGNIFICNCIA HISTRICA A UEG PORANGATU
E A FORMAO DE PROFESSORES DE HISTRIA INVESTIGAO A RESPEITO DA
CONSCINCIA HISTRICA DESSES FUTUROS PROFESSORES DE HISTRIA
COMPREENSO HISTRICA EM ESTUDANTES BRASILEIROS E PORTUGUESES
NARRATIVAS DO MANUAL DIDTICO: APROPRIAES PELOS ALUNOS DO CONCEITO
SUBSTANTIVO ESCRAVIDO PROJETO HISPED: O QUE CONTAM AS CAIXAS SOBRE
O ENSINO E APRENDIZAGEM DA HISTRIA NA ESCOLA REFORMA RELIGIOSA,
DIVERSIDADE E CONFLITOS ENTRE CATLICOS E PROTESTANTES: ESTUDO DE
CASO DE CAMPO LARGO (PR) EM 1886 AS TRANSFORMAES NO CALADO DE
LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUO DE IDENTIDADE LITERATURA E O
ENSINO DE HISTRIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL CINEMA E
O OLHAR DE ESTUDANTES PARA LIBERDADE A PARTIR DE UM PROJETO
MOVIMENTO ESTUDANTIL, MEMRIA E ARQUIVO: PERSPECTIVA DA EDUCAO
HISTRICA DILOGOS ENTRE PAULO FREIRE E JRN RSEN: A CONSCINCIA
HISTRICA CRTICO-GENTICA COMO POSSIBILIDADE PARA O ENSINO DE HISTRIA
EDUCAO HISTRICA NO ENSINO FUNDAMENTAL: REFLEXES TERICO-METODOLGICAS
A PARTIR DO USO DE FONTES HISTRICAS EM SALA DE AULA CONCEPES DE
CURRCULO DE HISTRIA DOS PESQUISADORES DA EDUCAO HISTRICA NO
INTERNATIONAL JOURNAL OF HISTORICAL LEARNING, TEACHING AND RESEARCH
(2000 A 2011) A REVOLUO CUBANA NAS IDEIAS PRVIAS DOS ALUNOS PIBID E
DIDTICA DA HISTRIA: A EXPERINCIA E REFLEXO HISTRICO-DIDTICA NA
RELAO ENTRE ENSINO DE HISTRIA E MSICA DIDTICA DA HISTRIA E O USO
PBLICO DA HISTRIA: A CONSTITUIO DA CONSCINCIA HISTRICA A PARTIR NA
REVISTA VEJA
687
688
76
703
77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87
715 716 730 743 754 761 773 774 787 788 804
88 89 90
813 817 818
91
819
RESUMOS
11
1. A IDEIA DE FRICA COMO CONTEDO ESCOLARIZADOProf. Ms. Adriane
de Quadros Sobanski (UFPR)
RESUMO: Com uma reivindicao histrica, sobretudo do Movimento
Negro brasileiro, a Lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003 tornou
obrigatrio o ensino de Histria da frica e da cultura
afro-brasileira. No entanto, a existncia de uma legislao no garante
a sua efetiva aplicao. Enquanto contedo curricular a ser
ensinado/aprendido, o ponto de partida para uma pesquisa nesse
mbito procurou entender quais ideias que os professores de Histria
apresentam sobre o conceito de frica. Para tanto, as pesquisas em
Educao Histrica foram fundamentais, em especial na linha de
investigao ligada cognio histrica situada, a qual leva em
considerao a compreenso das ideias dos sujeitos escolares no
contexto do ensino de Histria. Considerando os fortes laos
histricos que unem Brasil e Portugal com a frica busquei conhecer
como os professores de Histria dos dois pases identificam esse
conceito e como influenciam na conscincia histrica dos jovens
estudantes das sries finais do Ensino Fundamental nos seus
respectivos pases. Passou a ser relevante tambm investigar as
ideias apontadas pelos alunos desses pases. A abordagem terica foi
amparada na historiografia tradicional sobre a frica, sobretudo de
Gilberto Freyre com Casa Grande e Senzala, que ainda predomina na
construo desse conhecimento no universo escolar e, portanto, tambm
sobre a conscincia histrica dos sujeitos envolvidos. Em
contrapartida, como uma viso alternativa com relao frica, a
referncia foram os Estudos Culturais a partir dos socilogos Stuart
Hall e Paul Gilroy, os quais discutem a perspectiva da dispora
africana e a formao de uma nova identidade nacional a partir dessa
cultura. O trabalho emprico foi realizado a partir de um
questionrio aplicado em professores de Histria e alunos brasileiros
e portugueses, identificando as ideias, ou Conceitos Substantivos,
que apontassem a relao com a frica, procurando sempre entender como
o conhecimento da historiografia pode interferir no desenvolvimento
dessas ideias. Palavras-chave: frica Ensino - Educao Histrica -
Conceitos Substantivos
Segundo Collingwood o historiador pode ser comparado a um
detetive. Provar a autoria de um crime encerra em si mesmo todo o
universo de significados que o detetive busca. Para ele, o trabalho
do historiador semelhante a este. Mas enquanto o detetive tem de
descobrir um autor, j de supor que o historiador conhea a autoria e
deva buscar as motivaes. Entendendo que todo professor de Histria
precisa da pesquisa histrica para realizar sua prtica diria em sala
de aula, impossvel no entend-lo, aqui, enquanto historiador,
portanto, detetive que est constantemente em busca das motivaes das
aes desenvolvidas ao longo do processo histrico. Com a criao da Lei
Federal 10.6391 que tornou obrigatrio o ensino de Histria da1
Durante a elaborao da pesquisa que deu origem dissertao de
Mestrado Como os professores e jovens estudantes do
12 frica e da cultura afro-brasileira no Ensino Fundamental e
Mdio de escolas pblicas e privadas, est claro o peso sobre os
professores de Histria, qual seja o de entender o processo desse
trabalho e das possibilidades de colocar a legislao em prtica. Da
forma como foi formulada, a legislao enfatiza em vrios momentos o
papel fundamental dos professores como mediadores nesse processo de
reconhecimento da cultura afro-brasileira e de valorizao da
identidade dos afro-brasileiros. No entanto, embora sejam os
professores comparados com detetives, nessa histria nem a autoria
nem as motivaes esto muito claras. Ao entender o papel do professor
de Histria enquanto historiador, detetive que deve conhecer as
motivaes do ensino da Histria da frica e da cultura
afro-brasileira, esta pesquisa se embasou numa metodologia
especfica, a Educao Histria. Para sua realizao e devido forte ligao
entre os dois pases, foram investigadas a partir de um questionrio,
as ideias apresentadas pelos professores de Histria de Portugal e
Brasil. Da leitura e anlise das respostas desses professores houve
a necessidade de ir mais alm e investigar a relao das suas ideias
com a construo das ideias dos alunos, sobretudo das sries finais do
Ensino Fundamental de Brasil e Portugal. Assim, partindo das ideias
apresentadas nas respostas dos professores brasileiros e
portugueses, foram formuladas questes que deram origem a um
instrumento de investigao, novamente um questionrio, com questes
abertas e fechadas, aplicado a jovens alunos brasileiros e
portugueses. Com relao aos professores, um critrio que se
estabeleceu que deveriam trabalhar com a disciplina de Histria no
Ensino Fundamental. Com apenas uma exceo no caso brasileiro, em que
um dos professores investigados formado em Filosofia, todos os
outros so formados em Histria. Da mesma forma, embora os
professores brasileiros trabalhem em escolas pblicas e privadas, os
professores que devolveram os questionrios respondidos trabalham em
escolas pblicas, tanto aqui no Brasil como em Portugal. A
investigao realizada com os alunos tomou como critrio o fato de
serem alunos da ltima srie do Ensino Fundamental, no caso, 8 srie
no Brasil e 9 srie em Portugal, todos com idade entre 13 e 15 anos.
Os alunos brasileiros frequentam uma escola privada da cidade de
Curitiba, enquanto os portugueses so alunos de escola pblica de uma
cidade prxima doBrasil e de Portugal se relacionam com a ideia de
frica (UFPR -2008), a Lei 11.465/08 foi criada, alterando um artigo
da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB) substituindo
a Lei n 10.639/03, que previa a incluso da temtica afro-brasileira
nos currculos das redes de ensino. Agora, todas as escolas de
ensino fundamental e mdio, tanto pblicas quanto privadas, devem
conferir o mesmo destaque ao ensino da histria e cultura dos povos
indgenas. De acordo com a nova lei, todas as disciplinas,
especialmente Histria, Geografia e Literatura, devem incorporar a
contribuio dos negros e indgenas cultura brasileira.
13 espao rural. Os fundamentos tericos dessa investigao foram
baseados nos trabalhos de Jrn Rsen, que entende a Histria enquanto
uma cincia que tem uma funo didtica. Segundo ele, ao entrar em
contato com a histria, esta deve dar ao sujeito um significado para
a experincia no tempo que est estudando, competncia de interpretao,
uma vez que o conhecimento histrico no cumulativo e capacidade de
ampliar a orientao no tempo. Essa capacidade de orientao no tempo,
ou seja, a relao que o sujeito mantm com o passado e que serve para
situ-lo no presente, fundamental para a compreenso histrica, Rsen
define como sendo a conscincia histrica, categoria bastante
utilizada nas investigaes em Educao Histrica. Das ideias de Rsen
(2001) e da racionalidade histrica, parte a teoria desenvolvida
pelo ingls Peter Lee (2005) com a formulao de categorias como
Conceitos substantivos, relacionados aos contedos da Histria
(Renascimento, Escravido, Reforma, por exemplo) e Conceitos de
Segunda Ordem, aqueles que se remetem epistemologia da Histria. De
acordo com essa perspectiva, o aluno passou a ser percebido como
agente de sua prpria formao, com ideias prvias sobre a Histria e
com vrias experincias, assim como o professor passou a ter um papel
de investigador constante, necessitando problematizar suas aulas em
diversas situaes. De acordo com Isabel Barca, no interessa apenas
saber Histria, mas o uso que se faz dela. Existem diferentes tipos
de passado, baseados em diferentes modos de ler o presente, sendo
que o passado deve ser descrito e explicado em coerncia com a
evidncia existente. A compreenso desse passado deve ser mobilizada
na orientao temporal dos sujeitos, ou seja, atravs da conscincia
histria, ideia que dialoga com o conceito desenvolvido por Rsen
(2001), e que se embasa na preocupao com o saber histrico, com o
pensar historicamente de crianas e jovens, bem como dos
professores. o que Lee identifica como sendo a Literacia Histrica,
ou seja, a capacidade de ler o mundo historicamente. (LEE, 2006).
Na perspectiva da Educao Histrica fica evidente uma grande
preocupao com a forma com que crianas e jovens em idade escolar
fazem a leitura histrica do mundo, entendendo a existncia das
ideias prvias como ponto de partida para qualquer interveno nas
aulas de Histria. De acordo com Melo,os alunos tm ideias tcitas
sobre acontecimentos ou instituies histricas e essas ideias
funcionam como uma fonte de hipteses explicativas para compreender
o passado, as instituies, as pessoas, os valores, as crenas e os
comportamentos. (MELO, 2000).
14 Igualmente significativo o conhecimento das concepes dos
professores sobre a natureza da sua disciplina e sobre seu ensino.
O professor, entendido nesse processo tambm como um investigador,
passa a ter uma participao ainda mais importante na relao entre as
ideias tcitas que os alunos possuem e a leitura de mundo que devem
realizar nas aulas de Histria. De acordo com Peter Lee (2006), a
capacidade de pensar historicamente o fator fundamental que
desenvolve uma cognio histrica mais aperfeioada, possibilitando aos
professores a competncia de educar tambm historicamente. O
professor de histria, portanto , ao mesmo tempo, historiador e
ensinante. Ele deve produzir conhecimento e fazer com que o aluno
escreva e leia o mundo historicamente por meio da narrativa. Assim,
os alunos devem entender a histria como compromisso de indagao, com
caractersticas e vocabulrios mudana. Isabel Barca utiliza o
conceito de perspectivao para caracterizar a capacidade que se deve
ter para ver, perceber a autoridade em outras fontes, em outras
interpretaes da Histria que no sejam apenas aquelas dos manuais
didticos. assim que essa perspectiva de ensino determina aos
professores certas competncias para dar aulas de Histria, como
contextualizar, problematizar o passado e criar pressuposies a
respeito do presente. De acordo com Rsen existe, normalmente, uma
historiografia orientando a cognio e a conscincia histrica, ou
seja, a(...) soma das operaes mentais com as quais os homens
interpretam sua experincia da evoluo temporal de seu mundo e de si
mesmos de forma tal que possam orientar, intencionalmente, sua vida
prtica no tempo. (RSEN, 2001, p. 57).
prprios:
passado,
acontecimento,
situao,
evento,
causa,
Partindo dessa perspectiva, a conscincia histrica um fenmeno que
emerge do encontro do pensamento histrico cientfico com o
pensamento histrico geral. Ningum, nem mesmo os professores de
Histria esto destitudos dessa conscincia, uma vez que inerente ao
pensamento humano. Ns somos determinados historicamente, portanto
no podemos pensar que nossa orientao est distante da Histria, nem
de uma historiografia que colaborou para construirmos uma
determinada conscincia. Ao nos encontrarmos com o agir humano
precisamos recuperar de forma objetiva as intencionalidades do agir
ali presente para ser observada a conscincia histrica. aqui que
surge o papel da Educao Histrica, buscando nas ideias dos
professores as suas experincias no tempo. Experincias interligadas
com as
15 ideias que possuem sobre a frica e a cultura africana, as
quais orientam uma determinada racionalidade na sua vida prtica. De
acordo com Rsen, essa racionalidade a fora de todo o pensamento
histrico.O pensamento histrico faz-se cientfico ao se submeter, por
princpio, regra de tornar o contedo emprico das histrias
controlvel, amplivel e garantvel pela experincia (RSEN, 2001, p.
101)
Ao contrrio da conscincia histrica, a cognio histrica no algo
natural, inerente s pessoas, mas um produto da prpria histria.
Neste caso, transparece a importncia dos conceitos substantivos
como ponto de partida para a investigao prvia dessa cognio. Os
conceitos substantivos so, portanto, as teorias e noes j construdas
por um sujeito para um campo especfico do conhecimento. Os
Conceitos Substantivos, investigados por Peter Lee, surgiram a
partir de uma categoria desenvolvida por Rsen (2007) e definida
como Conceito Histrico. De acordo com Rsen, esses conceitos so
recursos lingusticos utilizados como forma de definir como o
pensamento histrico cientfico se realiza. Tais conceitos so sempre
referidos por nomes prprios e tm qualidades histricas pr-esboadas
pelas categorias histricas.Conceitos histricos so o recurso
lingustico que aplicam perspectivas de interpretao histrica a fatos
concretos e exprimem sua especificidade temporal. Designam, pois, a
relevncia que os estados de coisas referidos possuem, no contexto
temporal, em conjunto com outros estados de coisas, e que no so
designados por nomes prprios. (RSEN, 2007, p. 94).
Foram os conceitos substantivos, portanto, que direcionaram os
rumos desta pesquisa em busca das ideias que os professores de
Histria e os jovens estudantes, tanto do Brasil como de Portugal,
apresentam sobre a Histria da frica. Enquanto um nome prprio, a
frica no entendida como um conceito histrico. De acordo com Rsen
(2007), os nomes prprios so designaes lingusticas que apenas
designam estados de coisas em sua ocorrncia singular, referindo-se
a eles diretamente. No entanto, a partir do momento em que lida com
a relao intrnseca que existe, no quadro de orientao da vida prtica,
entre a lembrana do passado e a expectativa do futuro, a frica
passa a ser entendida como um conceito histrico. Autores como
Gilberto Freyre e Oliveira Viana tornaram-se fundamentais para
entender o olhar que o Brasil passou a ter, j no sculo XX, sobre a
frica e a cultura africana. Nina Rodrigues aparece como referencial
para saber como essa temtica comeou a ser pesquisada e incorporada
num interesse cientfico crescente de entender a formao da
sociedade
16 brasileira. Os Estudos Culturais colaboraram no sentido de
investigar outras possibilidades de entendimento da temtica e numa
anlise mais abrangente na pesquisa. Os estudos sobre essa temtica
passaram a ser mais intensos a partir do sculo XIX, sobretudo a
partir de 1860, quando as teorias racistas obtm o aval da cincia e
a aceitao por parte dos lderes polticos e culturais dos Estados
Unidos e da Europa. No Brasil, se iniciam os estudos cientficos
sobre a presena do negro na sociedade brasileira. Da Antropologia
partiram os primeiros estudos que buscavam situar o negro e a
cultura africana no contexto brasileiro, bem como o que se entendia
como contribuies, negativas ou no, dessa presena. Assim, a escolha
dos autores e estudiosos da presena negra no Brasil recaiu,
basicamente, sobre as produes de Oliveira Viana, Gilberto Freyre e
Nina Rodrigues. Estes realizaram estudos que mais se aproximam do
entendimento obtido a partir da leitura das Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educao das Relaes tnico-Raciais e para o Ensino de
Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Nina Rodrigues foi o
primeiro estudioso brasileiro, na virada do sculo XIX para o XX, a
colocar a situao do negro brasileiro enquanto um problema social,
importante referncia para a compreenso da formao racial da populao
brasileira. Embora pese em seus estudos uma mentalidade fortemente
influenciada por ideias racistas, nacionalistas e cientificistas,
seu trabalho tem colaborado para classificar como manifestaes
culturais os ritos e costumes da populao negra brasileira. Com sua
obra Os Africanos no Brasil, Nina Rodrigues contribuiu com uma
vasta e rica coletnea de informaes e dados a respeito do universo
cultural das comunidades negras no Brasil. A partir da dcada de
1920, Oliveira Viana buscava explicar o pas a partir de teorias
racistas, ainda muito comuns no pensamento da poca. Segundo ele, o
Brasil seria o resultado da vontade e da energia das elites
brancas, racialmente superiores. Seu pensamento se organizava a
partir de trs eixos: a influncia das relaes e do meio social
forjados em nosso processo de colonizao; a psicologia do nosso povo
e a questo racial. Esta, em especial, fazia refletir sobre como
poderia uma populao racialmente miscigenada como a do Brasil
preservar sua unidade nacional e desempenhar um papel no mundo
moderno. Em sua tentativa de resposta, os mestios apareciam como
seres inferiores. Nos seus argumentos fica evidente a transio de
uma nova mentalidade frente populao negra no Brasil, revelando a
substituio de um racismo de dominao por um racismo de excluso.
17 Ao contrrio das teorias racistas que imputavam a negros,
ndios e mestios a razo maior do atraso nacional, Gilberto Freyre
fez sua reputao com uma interpretao de carter mais otimista, uma
vez que afirmava que a nao brasileira era o resultado de uma grande
miscigenao. Em pleno apogeu das teorias racistas, como as de Viana,
o autor celebra o papel essencial das etnias dominadas na formao do
pas, sobretudo da presena negra vista por ele como de suma
importncia pra a formao cultural do pas. Para Gilberto Freyre,
impossvel separar o negro de sua condio de escravo, defendendo
atitudes consideradas imorais por causa, justamente, dessa condio
desumana. Sempre vinculado condio de escravo, o africano se tornou
um agente patognico no seio da sociedade brasileira. Neste ponto
realiza uma crtica com relao ao trabalho de Nina Rodrigues,
afirmando que aquele no se preocupou em reconhecer no negro a
condio de escravo, minimizando sua anlise. Fugindo da tendncia de
tomar a historiografia brasileira tradicional como nica perspectiva
de orientao para o estudo da histria da frica, os Estudos Culturais
surgem como possibilidade de gerir uma nova racionalidade com relao
a essa problemtica. Integrante dos Estudos Culturais, o jamaicano
Stuart Hall (2003) utiliza a categoria da Dispora2 para afirmar que
no o espao territorial que determina uma cultura. Afirma que
dispora um conceito baseado fundamentalmente nas noes de alteridade
e diferena. Integrante da segunda gerao do Centro de Estudos
Culturais, o socilogo britnico Paul Gilroy (2002) discute a
importncia de romper com a ideia de que a cultura brasileira
apresenta um mundo sem raas e tambm trabalha com a categoria da
Dispora, afirmando que a transferncia de um nmero significativo de
africanos ao Brasil produziu um movimento de intensa influncia
cultural naquilo que denomina de universo do Atlntico. Tambm
utiliza a concepo da dispora judaica para analisar as formas como a
cultura negra, africana, se expandiu pelo Oceano Atlntico. De
acordo com esse autor, torna-se difcil colocar em prtica a incluso
de uma cultura africana, porque segundo ele no existe uma essncia
africana que possa, magicamente, conectar entre si todos os negros.
Se essa ideia de pertencimento se dilui pela no necessidade de um
territrio especfico, a crena de que temos no Brasil uma populao
afro-brasileira com caractersticas culturais tipicamente africanas,
poderia colocar em xeque a prpria2
A palavra dispora vem-nos dos antigos gregos, para os quais
dispora (disperso, ou semear) estava associada a ideias de migrao e
colonizao na sia Menor e no Mediterrneo na Antiguidade, de 800 a
600 a.C. Na traduo grega alexandrina do Septuaginto (Deuteronmio
28:25) a palavra designava a disperso dos judeus exilados da
Palestina depois da conquista babilnica e da destruio do Templo no
ano de 586 A.C. como uma maldio: Sers disperso por todos os reinos
da terra!
18 identidade dessa parcela da populao brasileira. importante
ressaltar que as Diretrizes, ao longo de todo o seu texto, fazem
uma diferenciao entre uma cultura negra de uma cultura branca. Em
diversos momentos h essa distino, a de que existe uma cultura
tipicamente negra e, outra, branca, sobretudo quando se enfatiza a
necessidade de valorizao da histria e da cultura dos afro-
brasileiros e dos africanos. Trata-se de um vis culturalista a
partir do qual o ponto de vista abordado pela legislao se apoia em
elementos culturais, tais como religiosidade e comportamento, e que
aparece com muita intensidade nas palavras que norteiam toda a
proposta das Diretrizes, colocando a questo da Histria da frica
dentro dessa categoria. Embora visando recolocao da populao
afrodescendente na sociedade com pleno direito cidadania,
principalmente por meio da escola e da cultura escolar, a lei no
consegue romper com uma razo histrica dominante, mantendo a mesma
cognio com relao a essa passagem da histria, demonstrando que
existem diferenas entre os brasileiros brancos e aqueles que so
descendentes dos povos africanos, tendo uma cultura particular
devido a essa questo basicamente gentica. A funo dos professores,
to salientada pelas Diretrizes, nos faz buscar as orientaes da
Educao Histrica com relao indagao de quais ideias substantivas eles
possuem acerca da Histria da frica e da cultura afro-brasileira
para atingir os objetivos sugeridos pela Legislao. A qualificao dos
professores um critrio que fica bem evidente como sendo a forma
primordial para que a valorizao da cultura afro-brasileira e da
populao negra acontea. Dubet (1997) afirma que esse professor um
sujeito que possui uma capacidade individual de ao, de subjetivao
de suas prprias atitudes. Ao no conceber mais a escola enquanto
instituio esse professor passa a demonstrar que existe uma interao
mais dinmica da escola com seus alunos, revelando experincias
particulares na sua prtica e no seu discurso.A experincia social
aparece como uma maneira de construir o mundo, ao mesmo tempo
subjetiva ( uma "representao" do mundo vivido, individual e
coletiva) e cognitiva ( uma construo crtica do real, um trabalho
reflexivo dos indivduos que julgam sua experincia e a redefinem).
(WAUTIER, 2003, p. 180).
Alunos e professores no so vistos mais apenas nos aspectos
pedaggicos, mas atravs de uma multiplicidade de relaes e ao. Os
escolares so percebidos enquanto alunos e
19 crianas, alunos e adolescentes, alunos e jovens. Aprendem a
crescer em todas as dimenses de sua experincia. Embora diferentes,
professores e alunos tm semelhanas na experincia: desencanto,
cansao, decepes, expectativas. Segundo Oliva (2003) a frica tem
aparecido em relatos de viajantes desde a Antiguidade, mostrando o
quanto aquele continente j atraia olhares e povoava a ideia de
diferentes povos e em diferentes situaes. A representao ou
reconstruo da histria, durante anos, foi feita pela narrao, por um
relato que expunha em sua sequncia temporal uma ordem de
acontecimentos, sujeitos a uma trama, a uma relao inteligvel, de
forma que figurava um processo que supostamente reproduzia um mundo
externo ao prprio discurso, ao prprio texto, neste caso o mundo dos
acontecimentos humanos do passado. O princpio da narrativa passou a
ser tema do debate terico quando se tornou necessrio levar em conta
a especificidade do pensamento histrico e de uma explicao
cientfica. Para Rsen (2001), a especificidade da narrativa histrica
est em que os acontecimentos articulados narrativamente so
considerados como tendo ocorrido realmente no passado. O princpio
da narrativa e as formas como se explica a histria passaram a ser
tema do debate terico quando se tornou necessrio levar em conta a
especificidade do pensamento histrico, promovendo a necessidade de
realizar uma explicao cientfica da histria. Foi criado, ento, um
sistema de explicao que assegure sua inteligibilidade atravs do
discurso histrico. A especificidade da narrativa histrica est em
que os acontecimentos articulados narrativamente so considerados
como tendo ocorrido realmente no passado. (ARSTEGUI, 2006, p. 357).
O que podemos constatar que essa narrativa sobre frica ainda est
embasada nas referncias culturais idealizadas e defendidas por
tericos como Oliveira Viana, Nina Rodrigues e Gilberto Freyre
orientando as interpretaes de um passado tido como nico e
verdadeiro. As Diretrizes, quando se baseiam na necessidade de
resgatar os valores da cultura afro-brasileira, se mantm ligadas a
uma ideia de formao de identidade nacional sob o ponto de vista de
uma contribuio externa, entendendo os negros a partir da sua insero
no Brasil por meio da escravido moderna e seus descendentes como
pessoas com caractersticas prprias do povo africano,
desconsiderando a frica como um continente de mltiplas
caractersticas. De acordo com Stuart Hall, o prprio termo frica uma
construo moderna, cujo principal ponto de origem comum se situa no
trfico de escravos. De modo geral, fica perceptvel que falta para
os professores um referencial terico da
20 historiografia, sendo que em suas ideias acerca da frica
aparecem interferncias de outros meios, como da mdia e de manuais
didticos. Os professores desconhecem o caminho percorrido na
construo histrica, interferindo na forma como os alunos se
aproximam do conhecimento. As ideias dos professores apresentam a
frica enquanto um conceitognero, categoria que Rsen (2007) define
como sendo um conceito da linguagem dos historiadores que no so
especificamente histricos, como acontece com palavras como trabalho
e economia, por exemplo.Eles designam, nos estados das coisas,
complexos de qualidades que eles tm em comum com os outros estados
de coisas, independente de sua relevncia nos processos temporais.
(RSEN, 2007, p. 92)
A frica s se torna um conceito histrico porque lida com a relao
intrnseca que existe, no quadro de orientao da vida prtica
presente, entre a lembrana do passado e a expectativa do futuro.
Quando a relevncia do conceito designada, tornasse um conceito
histrico, como cultura africana. Nas respostas dos alunos foi
possvel perceber as interferncias deixadas pelos professores. Os
alunos do conceitos que no so histricos, mas conceitos-gnero,
aqueles apontados por Rsen (2007) como sendo apenas elementos da
linguagem, como frica, e utilizados pelos historiadores. Todos os
alunos apresentaram uma proto-narrativa (Rsen, 2001), aquilo que a
Educao Histrica classifica como conhecimentos tcitos, ou seja,
todos sabem histria e, portanto, conhecem algo sobre a frica. Esse
conhecimento, no entanto, no cientfico, mas baseado em senso-comum.
Ficou claro, com esta pesquisa, que o professor de Histria deve
promover o contato dos alunos com a produo historiogrfica, fazendo
com que saibam como a Histria produzida e pensada, sendo entendida
enquanto uma cincia que domina tcnicas de investigao e de anlise.
Sem uma qualificao especfica dos professores de Histria, estes
continuaro a apresentar uma conscincia histrica distante da
historiografia especializada, bem como podero ter dificuldades em
lidar com as fontes histricas que colaboram para a investigao e
anlise dessa temtica. Como consequncia ficou evidente que a
conscincia histrica dos jovens estudantes, sejam brasileiros ou
portugueses, elaborada a partir da interferncia dos seus
professores. Se estes no tm uma relao direta com as fontes, o mesmo
acontecer com seus alunos que,
21 portanto, passam a reproduzir um conhecimento apreendido pela
explicao de seus professores. O prprio entendimento da lei deixa
claro que pretende a incluso da Histria da frica, mas durante toda
a pesquisa tentei demonstrar como a preocupao est muito mais
pautada, na prtica, com uma perspectiva culturalista da frica. Do
mesmo modo, as respostas dos professores foram claras ao demonstrar
aproximao muito maior com o legado cultural da frica do que
propriamente de um entendimento dessa Histria ou de uma
historiografia onde possam buscar informaes consistentes para
trabalhar com essa temtica.
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Editorial, 2005. WAUTIER, Anne Marie. Para uma Sociologia da
Experincia. Uma leitura contempornea: Franois Dubet. In:
Sociologias. n. 9. Porto Alegre Jan./Jun. 2003.
23
2. A FORMAO DO PENSAMENTO HISTRICO DE CRIANAS EM AMBIENTE DE
MUSEUAlamir Muncio Compagnoni
RESUMO: Este trabalho tem como tema as "aulas-visitas" aos
museus, a partir das aulas de Histria. Procedeu-se, em um primeiro
momento, a uma anlise de projetos que escolas e professores
enviaram Secretaria Municipal de Educao de Araucria, Paran, Brasil,
cujo objetivo era levar os alunos aos museus ou espaos histricos.
Os projetos tomados para anlise foram relativos aos anos de 2005,
2006 e 2007, de 1 a 8 srie do Ensino Fundamental, Classe Especial e
Educao de Jovens e Adultos da Rede Municipal de Ensino de Araucria.
Na leitura e anlise procurou-se mapear e entender as ideias
histricas de professores e crianas/alunos, como e por qu? As
escolas, e os professores levam aos museus. Discute-se, tambm, a
organizao da aula-visita na escola antes de ir ao museu, a ida ao
museu, bem como a volta deste. Por fim, apresentam-se os resultados
da pesquisa com crianas/alunos na escola e a anlise das narrativas
das crianas/alunos, procurando-se detectar indicativos da presena
da conscincia histrica nestes com base nos estudos de Rsen (1992).
O trabalho se insere no conjunto de pesquisas relativas Educao
Histrica.Palavras-chave: Museu. "Aula-visita". Sujeitos. Conscincia
histrica.
INTRODUO
"A Formao do Pensamento Histrico de Crianas em Ambiente de Museu
nasceu no contexto de discusses da educao histrica e de vontade de
investigar o interesse que as crianas/alunos tm pelo museu.
Seguidas vezes, no incio do ano, quando eu me apresentava como
professor de histria, as crianas/alunos da 5.a srie perguntavam:
"Professor, vai levar a gente no museu?". Isto me estimulou a
pensar: "Por que as crianas/alunos associam aula de histria com
museu?" Assim, foi deste interesse dos alunos que nasceu o projeto
da pesquisa.
O PERCURSO DA INVESTIGAO Procedeu-se a um estudo em que foram
analisados os projetos de aula-visita aos museus. Todos os projetos
foram enviados pelos professores de histria Secretaria Municipal de
Educao de Araucria. Um dos objetivos da pesquisa dos projetos era
selecionar a tur-
24 ma que havia ido ao museu, para realizar o primeiro estudo. E
estava-se no decurso do ano letivo de 2007, quando foi decidido
aplicar o instrumento aos alunos. Assim, foram selecionados e
analisados somente os projetos do primeiro semestre de 2007 (grfico
3), pois eram estes os que estavam disponveis ao pesquisador na
Secretaria Municipal de Educao de Araucria e possibilitaram a
realizao da pesquisa.
GRFICO 3 - PROJETOS DE AULA-VISITA - PRIMEIRO SEMESTRE DE
2007FONTE: Tabela A.2 do Apndice Ao se analisarem os projetos dos
professores apresentados no grfico acima, chamou a ateno o fato de
existirem apenas dois projetos de 5.a a 8.a sries do ensino
fundamental. Assim, aps a anlise decidiu-se que o estudo seria
realizado com uma das turmas que participaram dos projetos de
aula-visita destinados 5.a srie. A opo de realizar o estudo
partindo dos dois projetos de aula-visita se deu pela estranheza
que nos causou o fato de serem os nicos entre as turmas de 5.a a
8.a sries do ensino fundamental. "A investigao interpretativa
permite um distanciamento, ao tornar estranho aquilo que familiar e
ao explicitar o que est implcito: o lugar-comum transforma-se em
problemtica." (LESSARD-HBERT; GOYETTE; BOUTIN, 2004, p.43).
PRIMEIRO ESTUDO DA 5 SRIE: "AULA-VISITA" AO MUSEU ROSA CRUZ O
primeiro projeto escolhido para aplicao do questionrio apresentava
como ob-
25 jetivo levar os alunos da 5.a srie D do ensino fundamental da
"Escola A",3 da Secretaria Municipal de Educao de Araucria, ao
Museu Rosa Cruz. No projeto aparece a turma com 36 alunos. Aps a
leitura e anlise do projeto de aula-visita, nos seus vrios aspectos
(justificativa, objetivos, encaminhamento metodolgico, contedos e
avaliao), foi elaborada a proposta do questionrio. Para os alunos,
as questes tomaram o seguinte encaminhamento: "A partir do que vocs
observaram, ouviram, discutiram e perguntaram durante a
aula-visita, por gentileza, respondam s seguintes questes: 1) O que
voc aprendeu de histria a partir da visita ao Museu Rosa Cruz? 2)
Que documentos histricos voc conheceu no Museu? 3) A partir do que
voc aprendeu em sua aula-visita ao Museu, 'escreva uma carta a um
amigo, narrando sobre a histria do Egito'". A aula-visita dos
alunos ao Museu Rosa Cruz se deu no dia 16 de maio de 2007, e o
questionrio aberto foi aplicado no dia 09 de outubro de 2007. A
populao-alvo do primeiro estudo constituda por alunos na faixa
etria dos 10 aos 14 anos, da 5.a srie do ensino fundamental. Para
categorizar as ideias histricas manifestadas nas narrativas dos
alunos da "Escola A", tomou-se o conceito de conscincia histrica,
tendo como referncia os estudos de Rsen (1992) sobre as competncias
das narrativas (experincia, interpretao e orientao) e os tipos de
conscincia histrica: tradicional, exemplar, crtica e ontogentica.
Na leitura das respostas questo: "Que documentos histricos voc
conheceu no Museu Rosa Cruz4?", foram classificadas 23 respostas,
as quais reconhecem a "mmia"5 como documento. Entre as respostas6,
cabe citar:3 4
5
6
A escola foi assim chamada ("Escola A") para garantir o sigilo
da pesquisa. Museu Rosa Cruz, inaugurado no dia 17 de outubro de
1990, organismo da Ordem Rosacruz (AMORC) que tem por objetivo
divulgar e difundir a cultura e, mais especificamente, servir de
apoio audiovisual clientela escolar. Mmia egpcia conhecida como
Tothmea, foi levada para os Estados Unidos e doada ao Museu Rosa
Cruz no ano de 1995 e trazida para Curitiba, Paran, onde se
encontra atualmente. Fonte: Narrativas apresentadas pelos
alunos.
26 A Mmia Tothmea, o papiro. [Ana7, 11 anos] Eu conheci o
documento histrico mmia Tothmea. [Jlia, 13 anos] Eu conheci uma
mmia que se chamava Tothmea, quando eu entrei na sala que ela
ficava, eu fiquei com medo porque era a primeira vez que eu tinha
visto. [Maria, 10 anos] O nome da mmia e Tothmea. [Aladino, 12
anos] Num total de 31 alunos que estava na sala de aula, 28
responderam, 02 deixaram em branco, 01 no respondeu justificativa,
porque na poca da visita no se encontrava na escola e nunca tinha
estado naquele museu. Entre as 28 respostas, encontram-se 23 em que
a mmia aparece como documento. Um total de 05 narrativas
identificou somente "rplicas"8 como documentos. Entre as 23
respostas com justificativas, 16 se referiam somente "mmia" como
documento; as outras 07, alm de descreverem a mmia, mencionam tambm
as rplicas como documentos. No me lembro bem, mas a mmia um
documento histrico, os smbolos egpcios, os que tm na parede etc.
[Dirce, 11 anos] Outras 05, as quais totalizam as 28 respostas,
reconheceram como documentos apenas as rplicas: As armas como
machado, que hoje ainda utilizado, os vasos, que hoje em dia
utilizamos para enfeite. [Aluzio, 11 anos] Concluindo a anlise da
questo: "Que documentos histricos voc conheceu no Museu Rosa
Cruz?", construiu-se o grfico que se segue, onde se observa que a
maioria das crianas/alunos reconhece o documento como a evidncia
para narrar, no seu presente, o entendimento da histria do
Egito.
7 8
Os nomes dos alunos so todos fictcios, no sentido de
garantir-lhes sigilo e privacidade. O Museu Rosa Cruz tem um acervo
constitudo por "rplicas" de peas do perodo Pr-dinstico at a poca
Ptolomaica.
27
GRFICO 4 RECONHECIMENTO DOS ALUNOS QUANTO AOS DOCUMENTOS DO
MUSEU ROSA CRUZFONTE: Tabela A.3 do Apndice recorrente o fato de os
alunos tomarem um dos documentos do museu como referncia para as
suas narrativas. Num total de 30 alunos, 29 responderam, em suas
narrativas, tendo como ideia central o documento "mmia", chamada de
Tothmea. Eles se identificaram com o documento (mmia Tothmea) e, a
partir dele, elaboraram suas narrativas. Para a maioria, este
documento tornou-se, no presente, a bssola para pensar a histria.
Este documento muitas vezes usado, na narrativa, como prova da
existncia de que h um passado, uma histria.
SEGUNDO ESTUDO: 4.a SRIE AULA-VISITA AO MUSEU HISTRICO DA
ERVA-MATE O segundo projeto selecionado de aula-visita para a
pesquisa foi "Projeto de Aulavisita ao Parque Histrico do Mate". O
contedo do projeto faz referncia histria do Paran e o tema a
erva-mate, atividade econmica do Paran nos sculos XVIII e XIX. O
Museu do Mate, como chamado popularmente, est localizado no
municpio de Campo Largo, situando-se, portanto, fora das imediaes
territoriais e educacionais de Araucria, onde a "Escola B" est
localizada. Oficialmente o museu chamado de Parque Histrico do
Mate.
28 Populao-Alvo da Aula-Visita ao Museu da Erva-Mate As
crianas/alunos que participaram da pesquisa formam um total de 43.
Destes, 15 so meninos e 28 meninas. Entre os meninos, 03 tm 10 anos
de idade, 04 tm 11 anos, 04 tm 12 anos e 04 tm 13 anos de idade.
Entre as meninas, 11 tm 10 anos de idade, 10 tm 11 anos, 04 tm 12
anos e 03 tm 13 anos de idade. Concluindo, pode-se dizer que a
idade dos alunos que participaram da pesquisa fica entre 10 e 13
anos de idade (grfico 5).
GRFICO
5
-
POPULAO-ALVO QUE PARTICIPOU DA AULA-VISITA AO MUSEU DO
MATEFONTE: Tabela A.4 do Apndice Aula-Visita ao Museu da Erva-Mate
Os resultados da anlise das cinco questes da segunda investigao
sero apresentados em quatro grficos e em um quadro de reduo de
dados. O grfico 6, a seguir, faz meno questo 1; o grfico 7 questo
2; o grfico 8 questo 3; o grfico 9 questo 4; e o quadro 3 se refere
questo 5. Com a questo 1, abaixo, procurou-se analisar se os alunos
reconhecem o museu como espao histrico. Anlise dos Dados da
Questo 1 Voc j foi a um museu? Sim ( ) No ( ) Se voc respondeu
sim, qual?_____________________________________________________
29
GRFICO 6 OS ALUNOS E O MUSEU DA ERVA-MATEFONTE: Tabela A.5 do
Apndice Em sua maioria, as crianas/alunos afirmam que foram ao
museu, e apenas quatro responderam que no. Quando relacionamos os
39 alunos que responderam 'sim' com o contedo estudado do projeto,
para a aula-visita ao Museu do Mate, 35 dos 39 alunos responderam
'Museu da Erva-Mate', 03 escreveram 'outros museus' (Museu
Tingi-Cuera e Museu Paranaense) e 04 deixaram em branco. A seguir,
tem-se a descrio da questo 2, cujas respostas resultaram nos dados
apresentados no grfico 7, logo abaixo. Questo 2 Assinale com um X.
a) Onde voc gosta mais de aprender histria? ( ) Na escola ( ) No
museu b) Onde voc acha que aprende melhor a histria? ( ) Nos
documento dos museus ( ) Na escola, na sala de aula, com o livro
didtico
30
GRFICO 7 OS ALUNOS, O MUSEU E A APRENDIZAGEM HISTRICAFONTE:
Tabela A.6 do Apndice Durante a leitura e interpretao das respostas
das crianas/alunos questo 2, algumas ideias histricas em relao
cognio histrica e aula-visita ao museu foram reconhecidas. A
primeira de que a maioria gostaria de aprender histria com as
aulas-visitas aos museus, pois dos 43 sujeitos que participaram da
pesquisa 34 responderam afirmativamente e 09 gostariam de continuar
aprendendo histria na escola. Mas, quando indagados sobre onde
aprendem melhor histria, a sala de aula e o livro didtico aparecem
para 23 deles, e a aula-visita ao museu para 20.
Questo 3 Nos museus, voc viu algum documento? Sim ( ) No ( ) Se
voc respondeu sim, quais deles voc considera importantes para
explicar a sua
histria?______________________________________________________________________
31
GRFICO 8 RELAO DOS ALUNOS QUE RECONHECEM OS OBJETOS NOS MUSEUS
COMO DOCUMENTOS FONTE: Tabela A.7 do Apndice Essa questo tinha como
objetivo analisar a capacidade cognitiva das crianas/alunos em
reconhecer os documentos dos museus como documentos histricos,
durante o aprendizado da histria. A primeira percepo que se faz, ao
analisar as questes e ao elaborar o grfico, que a maioria das
crianas/alunos reconhece os objetos dos museus como documentos,
pois, do total dos 43 sujeitos que participaram da pesquisa, 25
reconhecem e citam o nome de objetos que consideram como
documentos. Dezesseis alunos no os reconhecem como documentos, e
dois responderam 'sim', mas na justificativa deixam em branco;
portanto, h 18 respostas que no fazem meno a documentos. Observa-se
que algumas respostas transformam o documento em fonte, quando dela
extraem as informaes do passado. A seguir, tm-se algumas respostas
das crianas/alunos que reconhecem os objetos de museus como
documentos histricos, e algumas transformam o documento em fonte:
Sim. Museu da Erva-Mate. [Rui, 12 anos] Sim. Achei mais
interessante que eles faziam o trabalho da erva-mate era feita
manualmente com espcies de faces. [Pablo, 10 anos] Sim. Os quadros
da erva-mate. [Rafaela, 11 anos] Sim. As fotos e as mquinas. [Lisa,
11 anos]
32 Questo 4 a) A escola deve levar as crianas aos museus? Sim (
) No ( )
b) Por
qu?____________________________________________________________________
GRFICO 9 OS ALUNOS E A VISITA A MUSEUSFONTE: Tabela A.8 do
Apndice
-
Nesta questo, o objetivo era conhecer o olhar das crianas/alunos
na relao de reconhecimento ao museu: como espao histrico e como
lugar de aprendizagem histrica. Quando se observa o grfico,
verifica-se a percepo cognitiva das crianas/ alunos de que o museu
um lugar onde se aprende histria. Entre os 43 sujeitos que
participaram da pesquisa, 40 responderam que querem que as escolas
os levem aos museus, porque l se aprende melhor a histria. O
qualitativo das respostas que todas as crianas/alunos justificam
suas respostas pelo aprender histria e no pelo passeio, como
expressam algumas de suas falas: Sim. Porque incentiva as crianas a
estudar mais. [Elis, 10 anos] Sim. Porque na escola a pessoa
aprende histria da erva-mate, e da tem que ir ao museu para ver as
mquinas. [Vladimir, 11 anos] Sim. Porque a gente pode aprender mais
fora da escola. [Ana, 11 anos] Sim. Porque assim as crianas
aprendem melhor e tm mais conheci-
33 mento. [Gustavo, 10 anos] Procurou-se fazer uma anlise
comparando o estudo da aula-visita ao Museu Rosa Cruz com o da
aula-visita ao Museu do Mate, tomando o resultado dos dois projetos
enviados pelas Escolas "A" e "B" Secretaria Municipal de Educao de
Araucria, j que os dois projetos estudados ocorreram em ambientes
diferentes de museus e envolvendo sries diferentes. Observa-se, nas
respostas de ambos os projetos de aula-visita, que, ao narrarem a
histria do contedo proposto pelo professor, os alunos transformam o
documento em fonte, a partir da qual extraem as informaes sobre o
passado. Uma diferena est no profissional que trabalha com a turma.
O profissional que trabalha com a 4.a srie, chamado generalista, no
possui formao especfica em histria. Aquele que trabalha com a 5.a
srie, por sua vez, um profissional com formao especfica nesta
disciplina. No entanto, constatou-se que ambos procuram trabalhar
de forma integrada com outra disciplina. REFERNCIAS ARAUCRIA. Plano
curricular de histria - 1992. Araucria: Prefeitura de Araucria,
1992. BARCA, Isabel. Educao histrica e museus. Actas das Segundas
Jornadas Internacionais de Educao Histrica. Braga: Centro de
Investigao em Educao, Universidade do Minho, 2003. DUBET, Franois;
MARTUCCELLI, Danilo. En La Escuela: sociologia de la experincia
escolar. Buenos Aires: Losada, 1997. LESSARD-HBERT, Michelle;
GOYETTE, Gabriel; BOUTIN, Grald. Investigao qualitativa:
fundamentos e prticas. Lisboa: Distribuidora Curitiba Papis e
Livros Ltda., 2004. RAMOS, Francisco Rgis Lopes. A danao do objeto:
o museu no ensino de histria. Chapec: Argos, 2004. RSEN, Jrn. El
desarollo de la competncia narrativa em el Aprendizaje histrico.
Uma hiptesis Ontogenetica relativa a la conscincia moral. FLACSO,
Revista Propuesta Educativa, Buenos Aires, Ano 4, n.7, p.27-36,
octobre 1992. _____. Razo histrica: teoria da histria: os
fundamentos da cincia histrica. Braslia: UNB, 2001.
34 _____. Histria viva: teoria da histria III: formas e funes do
conhecimento histrico. Trad. Estevo de Rezende Martins. Braslia:
UnB, 2007a. _____. Reconstruo do passado: teoria da histria II: os
princpios da pesquisa histrica. Braslia: UNB, 2007b. SCHMIDT, Maria
Auxiliadora. Construindo a relao contedo mtodo no ensino de
histria. Texto fornecido pela autora em curso aos professores de
Histria da Rede Municipal de Araucria. Curitiba, 1999. SCHMIDT,
Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar histria. So Paulo:
Scipione, 2004.
35 3. A CONSTITUIO DO CDIGO DISCIPLINAR DA DIDTICA DA HISTRIA
NAS PROPOSTAS DOS CURSOS DE FORMAO DE PROFESSORESAna Claudia Urban
Doutora em Educao pela UFPR, Professora da Rede Estadual de Ensino
do Paran Pesquisadora da LAPEDUH (UFPR).
Ponta Grossa/PR. [email protected] RESUMOS: O presente
texto integra as discusses realizadas por meio da pesquisa de
doutoramento intitulada Didtica da Histria: percursos de um cdigo
disciplinar no Brasil e na Espanha, defendida em 2009, pelo
Programa de Ps-graduao da Universidade Federal do Paran, sob a
orientao da Prof. Dra. Maria Auxiliadora M.S. Schmidt. A tese
buscou investigar a constituio do cdigo disciplinar da Didtica da
Histria, levou em conta a existncia de elementos do cdigo
disciplinar da Histria por meio da anlise de ementrios, programas e
legislao voltados aos cursos de Licenciatura em Histria. Esses
considerados os textos visveis, na esteira do pensamento de
Fernandez Cuesta (1998). O texto que segue apresenta argumentos que
consideram a existncia de um cdigo disciplinar da Didtica da
Histria que foi constitudo historicamente, agregou ideias sobre o
que ensinar e aprender sugeriu regras e identificou contedos
voltados formao do professor. A inteno do texto apresentar
elementos da natureza do cdigo disciplinar da Didtica da Histria
presente particularmente nas propostas dos cursos de formao de
professores. A Legislao analisada trata de elementos relacionados
formao de professores, sendo destacado nesta anlise aspectos
voltados formao pedaggica dos professores de Histria. Os textos
visveis analisados permitem comprovar que, historicamente, foi
construda uma forma de pensar o ensino e a aprendizagem em Histria
e, por certo, essa forma de pensar influenciou tanto a formao
quanto a prtica de professores. As reflexes apresentadas so
ancoradas nas pesquisas sobre a constituio do cdigo disciplinar,
investigaes estas sistematizadas por Raimundo Cuesta Fernandez
(1998). Palavras-chaves: Didtica da Histria Educao Histrica Ensino
de Histria A inteno do texto apresentar elementos da natureza do
cdigo disciplinar da Didtica da Histria presente particularmente
nas propostas dos cursos de formao de professores. A Legislao
analisada trata de elementos relacionados formao de professores,
sendo destacada nesta anlise aspectos voltados formao pedaggica dos
professores de Histria. Em 1993, Nadai publicou um texto intitulado
O ensino de histria no Brasil: trajetria e perspectiva pela Revista
Brasileira de Histria, no qual recupera o lugar da Histria como
disciplina escolar em um momento marcado por intensas discusses
associadas s disciplinas e ao seu lugar nos currculos escolares.
Destaca tambm a autora a relao entre a trajetria do ensino de
Histria e a formao do professor.
36 O momento era de discusso tanto em relao volta da Histria nos
currculos de 1. Grau, como tambm quanto ao alcance desse retorno no
interior dos cursos de formao de professores. Em meio a esse
movimento, Nadai (1993) aponta perspectivas para o ensino de
Histria, afirmando que era necessrio reconhecer:[...] que ensinar
Histria tambm ensinar o seu mtodo e, portanto, aceitar a idia de
que o contedo no pode ser tratado de forma isolada. Deve-se menos
ensinar quantidades e mais ensinar a pensar (refletir)
historicamente. [...] Superao da dicotomia ensino e pesquisa. [...]
Compreenso de que alunos e professores so sujeitos da historia; so
agentes que interagem na construo do movimento social. (NADAI,
1993, p. 159-160)
Corrobora com esta afirmao que no bastava recolocar o ensino de
Histria na educao bsica, era necessrio que tais perspectivas
alcanassem, na mesma proporo, a formao do professor. Para esta
anlise, sobre a formao do professor de Histria, foram escolhidas
trs fontes: o Parecer n. 292, aprovado em 14 de dezembro de 1962
que teve como relator o Conselheiro Valnir Chagas, o material
divulgado em maio de 1986, intitulado Diagnstico e Avaliao dos
Cursos de Histria no Brasil documento final e as Diretrizes
Curriculares do Curso de Histria, publicadas em 2001 pelo Ministrio
da Educao. Como categoria de anlise foi utilizado o conceito de
cdigo disciplinar, elaborado por Fernndez Cuesta (1998), que assim
sistematizado:[...] una tradicin social que se configura
histricamente y que se compone de un conjunto de ideas, valores,
suposiciones y rutinas, que legitiman la funcin educativa atribuida
a la Historia y que regulan el orden de la prctica de su enseanza
(FERNNDEZ CUESTA, 1998, p. 8-9).
Nesta direo, a presente reflexo considera a existncia de um
cdigo disciplinar da Didtica da Histria, ou seja, procura levar em
conta que a Didtica da Histria pode ser analisada como uma
disciplina que agregou, no decorrer de sua existncia, ideias sobre
o ensinar e o aprender; props rotinas envolvendo a prtica do
professor; sugeriu regras e normas em favor de sua organicidade;
identificou contedos voltados formao do professor, ou seja,
incorporou discursos, formas de pensar e de legitimar o que, em
cada poca, foi delineando-se como - ensinar e aprender Histria.
Muitos desses elementos podem ser percebidos por meio da legislao,
dos documentos, dos currculos e dos manuais voltados formao do
professor, o que para Fernndez Cuesta so os textos visveis.
37 Desta maneira, na reflexo sistematizada sobre a constituio do
cdigo disciplinar da Didtica da Histria nas propostas dos cursos de
formao de professores, encontram-se evidncias de uma forma de
pensar o ensino e a aprendizagem em Histria, o que para o citado
autor so elementos constituintes do seu cdigo disciplinar. O cdigo
disciplinar da Didtica da Histria na legislao para cursos de formao
de professores Dentro das possibilidades de anlise sobre as
Legislaes voltadas formao de professores, considerou-se
inicialmente relevante a anlise do Parecer n. 292, aprovado em 14
de dezembro de 1962 que teve como relator o Conselheiro Valnir
Chagas. O Parecer foi tomado, como um documento oficial relacionado
s questes pedaggicas dos cursos de Licenciaturas, que tornou
obrigatrio um conjunto de disciplinas com objetivos relacionados
formao pedaggica do professor. Compreende-se que todas as
disciplinas de um curso de Licenciatura precisam ter como preocupao
a formao pedaggica do futuro professor, mas a relevncia desse
Parecer reside no fato de que ele instituiu legalmente disciplinas
voltadas a uma formao pedaggica, valorizando ou destacando a
necessidade de que os cursos de Licenciatura privilegiassem um
espao (carga horria), voltado especificidade da prtica do
professor. Este Parecer, publicado em 1962, destacou que o curso de
formao do futuro professor, por meio das disciplinas pedaggicas,
deveria ocupar-se com discusses e reflexes em relao ao aluno e ao
mtodo. Esclarece tambm que, para que o futuro professor tenha
conhecimento acerca do primeiro item o aluno indispensvel que tenha
conhecimentos da Psicologia da Adolescncia, pois, por meio desta
cincia, o futuro professor adquire conhecimentos sobre o
desenvolvimento humano, conhecimentos estes necessrios, tendo em
vista que o futuro profissional atuar com alunos nesta faixa de
idade. Quanto ao mtodo, diz o Parecer:[...] deve ser focalizado o
ato de ensinar com o seu correlato prvio do aprender. Para isso
aconselham-se a Didtica e a Psicologia da Aprendizagem (incluindo
obviamente o captulo de Motivao), alm da Prtica de Ensino, para
trazer o necessrio realismo quelas abordagens mais ou menos tericas
da atividade docente (BRASIL, 1981, p.34).
38 Com tal indicao fica destacada a preocupao com um mtodo e,
com o conhecimento sobre o aluno, que, segundo o Parecer, a
Psicologia da Adolescncia seria a disciplina que poderia
instrumentalizar o futuro professor. O texto do documento destacou
ainda, com certa estranheza, o fato de que at a sua publicao
(1962), a prtica de ensino ainda no se configurasse entre as
disciplinas obrigatrias do curso de formao do professor, como se
percebe na citao: de estranhar que at agora, entre as exigncias
oficiais para a formao do magistrio, ainda no figurasse a Prtica de
Ensino com o merecido relevo. O fenmeno talvez se explique como um
reflexo do prprio meio social, onde no se concebe que uma interveno
cirrgica [...] esteja a cargo de mdico que a faa pela primeira vez
e, paradoxalmente, se entrega a educao de uma criana ou de um
jovem, ato que tem repercusses para toda a vida, a professores que
jamais se defrontaram antes com um aluno (BRASIL, 1981, p.34).
Fica expresso que a prtica de ensino era pensada como um
conjunto de procedimentos com os quais, o futuro profissional,
estaria apto para assumir seu papel como professor e, entre os
instrumentos estava a Psicologia e a Didtica. Fica enfatizada,
desta maneira, a importncia atribuda ao mtodo e consequentemente
prtica de ensino como ferramenta indispensvel formao do professor.
O Parecer destacou a necessidade da realizao de atividades de
Estgio Supervisionado, em que os futuros professores iriam aplicar
os conhecimentos adquiridos, dentro de um espao real, que era uma
escola da comunidade. Desta forma, segundo o relator, o futuro
professor estaria executando as trs tarefas caractersticas do ato
de ensinar, que so: o planejamento, a execuo e a verificao. Em
sntese, o Parecer afirma que a preparao pedaggica de um futuro
licenciado deveria abranger: Psicologia da Educao: Adolescncia.
Aprendizagem. Elementos de Administrao escolar. Didtica. Prtica de
Ensino, sob a forma de estgio supervisionado (BRASIL, 1981,
p.35).
O exerccio da anlise deste Parecer forneceu argumentos que
evidenciaram uma valorizao da tarefa do ensinar, isto , o destaque
posto pelo documento reside na preocupao de que o futuro professor
tenha sido instrumentalizado e treinado para ser
39 professor.A Prtica de Ensino, esta deve ser feita nas prprias
escolas da comunidade, sob a forma de estgios, como os internatos
dos cursos de Medicina. S assim podero os futuros mestres realmente
aplicar os conhecimentos adquiridos, dentro das possibilidades e
limitaes de uma escola real, e ter vivncia do ato docente [...]
(1981, p. 34)
Em sntese, infere-se que o documento destaca dois aspectos: 1. A
preocupao com o aluno que o foco de ao do futuro professor. Segundo
a concepo da poca, conhecer os estgios de desenvolvimento do aluno
representa mapear as suas possibilidades de aprendizagem, pois, com
certeza, esse seria um fator de interferncia no planejamento das
aulas. Assim, o aluno, que o alvo da ao do professor, no foi visto
como um sujeito objetivamente situado, mas como o que apregoa a
Psicologia, em relao as suas possibilidades de aprendizagem. 2. O
valor atribudo Didtica, demonstrado quando o relator aponta como
imprescindvel a necessidade de instrumentalizar o futuro professor
em relao a um mtodo de trabalho, concretizando-se no cumprimento do
Estgio Supervisionado, prtica esta comparada ao processo de formao
de um mdico, que durante sua formao realiza uma prtica prvia sob a
tutela de um responsvel. Assim tambm, o professor, segundo o
relator, necessita desta experincia tutelada, para que [...] no
fique o estudante entregue prpria sorte, cometendo erros e
adquirindo vcios que dificilmente se estirparo mais tarde. (BRASIL,
1981, p.35). Nesse sentido aluno e mtodo so as palavras chaves que
nortearam a Legislao mencionada, onde a prtica de ensino, aliada
Didtica e somada Psicologia constituram-se em um trip fundamental,
capaz de instrumentalizar eficientemente o futuro professor quanto
a sua futura prtica. Como se argumenta sobre a forma pela qual se
constituiu historicamente uma preocupao didtica em torno de ensinar
e aprender, nos cursos de formao de professores, conhecer e
analisar o Parecer N. 292/62, que trata oficialmente da primeira
criao de disciplinas voltadas formao pedaggica do futuro professor,
possibilitaram na reflexo sobre como se constituiu uma forma de
pensar uma preocupao didtica do ponto de vista da prpria Legislao.
Assim, o perodo mencionado (dcada de 1960) e o questionamento em
torno da formao de professores envolveram, entre outras questes, a
Prtica de Ensino, como
40 confirmam Barreiro e Gebran (2006):[...] considerando que
prevalecia um distanciamento entre a formao terica e a formao
prtica, ou seja, ainda permanecia a viso dicotmica entre mtodo e
contedo. A proposio da prtica que permeava a formao docente estava
diretamente vinculada imitao, observao e reproduo de modelos
tericos existentes, sem que houvesse preocupao com as diferenas ou
desigualdades eventualmente presentes. Esperava-se que se ensinasse
o professor a ensinar, conforme padres consagrados. Sua formao
prtica, portanto, seria a de reproduzir e exercitar modelos. (2006,
p. 43)
Em meio a questionamentos e discusses, a Legislao pertinente
apontava que o curso de formao do professor deveria garantir uma
preparao concreta, acrescentando e destacando as atividades de
prtica de ensino, o curso estaria aproximando o acadmico das suas
futuras atribuies: dar aulas. No inteno realizar uma profunda
investigao acerca da Legislao educacional no que se refere formao
do professor, mas por meio de alguns aspectos desta Legislao,
apresentar argumentos que comprovem historicamente a existncia de
uma forma de pensar o ensino e a aprendizagem e, em nossa
compreenso, o Parecer N. 292/62 trouxe elementos que por certo
sistematizam esta preocupao, pois institucionalizou, na formao do
professor, disciplinas responsveis por essas discusses. A natureza
epistemolgica dessas disciplinas no pode ser analisada por meio do
Parecer, no entanto ficou evidenciada uma necessidade de formao
pedaggica que foram institucionalizadas por meio das disciplinas:
Psicologia da Educao: Adolescncia. Aprendizagem; Elementos de
Administrao escolar; Didtica; Prtica de Ensino, sob a forma de
Estgio Supervisionado. Alm dos documentos oficiais, como o Parecer
N. 292/62, outras publicaes oficiais foram produzidas pelo
Ministrio da Educao em relao formao de professores. Destaca-se um
material divulgado em maio de 1986, intitulado Diagnstico e Avaliao
dos Cursos de Histria no Brasil documento final. Trata-se de uma
anlise e avaliao dos cursos de Histria feita por um grupo de
consultores convocados pela Secretaria de Educao Superior-SESu/MEC.
A proposta do material foi a realizao de um diagnstico dos cursos
de Histria em relao ao alunado, estrutura dos cursos, s
disciplinas, questo Bacharelado e Licenciatura, a articulao com
outros nveis de escolarizao, entre outros aspectos. O diagnstico e
avaliao realizados tiveram como metodologia a observao e
41 parecer dos consultores, bem como a utilizao de instrumentos
sistematizados para esse fim9.O documento final foi publicado em
maio de 1986 e condensou um relatrio das atividades desenvolvidas
pelo Grupo de Consultores, o qual produziu um primeiro documento,
explicando os objetivos do trabalho, que foi encaminhado aos
diversos Cursos de Histria, sendo adotada, como estratgia para
alcanar um grupo sempre mais representativo desses Cursos, a
utilizao de todas as atividades desenvolvidas pela ANPUH.
(OLIVEIRA, 2003, p, 198)
Vrios pontos de reflexo e discusso foram destacados neste
diagnstico, como aspectos referentes prtica de ensino e concepo de
Histria. Para a presente pesquisa foram analisadas questes
pertinentes s disciplinas relacionadas Metodologia do Ensino de
Histria. Registra a anlise:No suficiente que a prtica de ensino
seja lecionada por professores com licenciatura em Histria; preciso
uma presena real e permanente do Departamento nessa matria.
(MEC/SESu, 1986, p. 14 grifo nosso) [...] H necessidade de maior
entrosamento entre os Departamentos de Histria e os Departamentos
ou Faculdades de Educao (debates, encontros, seminrios, presena
recproca de docentes nos Departamentos), pois h um longo caminho a
percorrer ainda em funo do conflito entre as concepes de Histria
vigentes entre os historiadores e os pedagogos (MEC/SESu, 1986, p.
15 grifo nosso).
O documento aponta aspectos interessantes, pois chama ateno para
dois pontos: o primeiro a formao do professor que trabalharia com a
prtica de ensino e, o segundo, a localizao da disciplina de Prtica
de Ensino, bem como as implicaes que este lugar poderia trazer para
o curso. Segundo o documento, os aspectos relacionados com a formao
do professor formador e o lugar desta disciplina so significativos,
pois interferem na forma pela qual as relaes entre ensino e
aprendizagem podem ser discutidas com os acadmicos. Percebeu-se
que, ainda hoje, este um dos aspectos no definidos nos cursos de
Histria, pois encontrouse cursos em que a disciplina Prtica de
Ensino est alocada nos Departamentos de Educao e, em outros,
alocada no Departamento de Histria. Ainda, situaes diferentes, ou
seja, nos dois departamentos.9
Para ver anlise sobre este diagnstico e a forma pela qual
repercutiu junto s organizaes acadmicas ver Captulo 3 A construo de
referenciais para o ensino de Histria: limites e avanos da tese O
Direito ao Passado (Uma discusso necessria formao do profissional
de Histria) (2003) de Margarida Maria Dias de Oliveira.
42 No se trata de somente localizar geograficamente a
disciplina, mas definir um fio condutor para o trabalho pertinente
Prtica de Ensino, isto , sistematizar uma proposta que considere
uma formao pedaggica do futuro professor que contemple, alm de
aspectos voltados em como dar aulas, tambm se discuta a funo
didtica da Histria. Tambm a anlise apresentada no documento, em
suas concluses relacionadas aos aspectos didtico-pedaggicos indica
que:O que se verifica, de modo geral, que os futuros profissionais
do magistrio no esto sendo instrumentados para criar suas prprias
tcnicas e utilizar os recursos de que dispem de acordo com a
diversidade de situaes por eles encontradas nas escolas. No geral,
o que se aprende na universidade est de tal maneira desvinculado
das diferentes realidades, que bem se pode diagnosticar que, neste
mister, o que se tenta passar um modelo de como dar aulas,
caracterizando um reducionismo inteiramente ineficaz (MEC/SESu ,
1986, p. 30).
Continuam as concluses:[...] seria necessrio, por exemplo, que o
1..e o 2. Graus fossem objeto de estudo, de anlise e de reflexo nos
cursos de graduao. E o importante que esse estudo fosse realmente
feito ao longo de todo o curso e no se limitasse apenas a estgios
finais, quando todas as disciplinas do curso j foram desenvolvidas.
[...] Haveria que discutir-se um pouco mais sobre o significado do
ensino de Histria, entendido sempre como produo de conhecimento,
para que se pudesse tambm refletir sobre o que queremos dizer
quando falamos em instrumentao do profissional. (MEC/SESu ,1986,p.
30)
Levando-se em conta que essa anlise foi realizada em 1986, o que
chamou a ateno foi a preocupao com a formao do acadmico em relao
sua prtica, enquanto futuro professor de Histria. Destaca-se a
anlise de que no somente o ensino de tcnicas pode garantir boas
aulas e pode revelar-se ineficaz na formao do professor. O que se
constatou foi que os cursos de Histria no podem preocupar-se em
preparar somente os futuros professores com tcnicas de como dar
boas aulas, mas que devem levar em conta a relao social, ou a
realidade, na qual esses futuros professores iriam atuar. Parece
que a sugesto a de que no existem tcnicas ou aulas ideais, se no
houver uma preocupao com o contexto e a realidade na qual o futuro
professor ir executar a prtica de ensino e tambm atuar. Ficou
evidente, neste documento, que o futuro professor precisa levar em
conta o aluno com o qual ir trabalhar. No somente o conjunto de
recursos ou tcnicas relevante, mas tambm o aluno e a realidade so
aspectos que, por vrias vezes so destacados como
43 pontos falhos ou ausentes nos cursos de Histria, investigados
por meio deste diagnstico. O diagnstico e a avaliao realizados em
1986, por consultores convocados pela Secretaria de Educao
Superior-SESu/MEC, constituiram-se junto com o Parecer N. 492/2001
em importante documento sobre os cursos de formao de professores de
Histria. Assim como na dcada de 60, a publicao do parecer do
consultor Valnir Chagas sobre a instituio das disciplinas
pedaggicas, nos cursos de formao de professores, mostra a presena
de leis e normatizaes para os cursos. Atualmente, incio do sculo
XXI, tais princpios permanecem, pois os cursos de formao de
professores em nvel superior so normatizados pelo Ministrio da
Educao. Em 2002, o Conselho Nacional de Educao, por meio da Cmara
de Ensino Superior, publicou o Parecer N. 492/200110 aprovado em
04/4/2001, que estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais dos
cursos de Filosofia, Histria, Geografia, Servio Social, Comunicao
Social, Cincias Sociais, Letras, Biblioteconomia, Arquivologia e
Museologia. Estas Diretrizes Curriculares tem a funo de normatizar
e orientar os cursos em relao sua estrutura, objetivos, perfil do
egresso, composio curricular, carga horria e tambm composio das
disciplinas que possuem carter de obrigatoriedade. Desta forma, o
documento portador de indicativos que revelam uma concepo e uma
forma de entender a formao do professor11. Um dos pontos destacados
no documento diz respeito s competncias e habilidades especficas
para a Licenciatura. registrado que o curso deve proporcionar o:A.
Domnio dos contedos bsicos que so objetos de ensino aprendizagem no
ensino fundamental e mdio; B. domnio dos mtodos e tcnicas
pedaggicos que permitem a transmisso do conhecimento para os
diferentes nveis de ensino. (BRASIL, 2001, p.08)
Tambm afirma o texto, em relao aos contedos curriculares para a
Licenciatura:No caso da licenciatura devero ser includos os
contedos definidos para a educao bsica, as didticas prprias de cada
contedo e as pesquisas que as embasam. [...] (BRASIL, 2001, p.
09)
10
11
Parecer CNE/CES 492/2001 - homologado em 4/7/2001, publicado no
Dirio Oficial da Unio de 9/7/2001, Seo 1e, p. 50. Alm das
Diretrizes Especficas, o curso de Histria deve ser orientado pelas
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formao de Professores da
Educao Bsica, em nvel superior, curso de licenciatura, de graduao
plena - CNE/CP 009/2001.
44 Quanto aos Estgios:As atividades de prtica de ensino devero
ser desenvolvidas no interior dos cursos de Histria, e sob sua
responsabilidade, tendo em vista a necessidade de associar prtica
pedaggica e contedo de forma sistemtica e permanente. (BRASIL,
2001, p. 09)
Desta forma, o documento evidencia a necessidade de discusses de
carter pedaggico, mas no aponta a obrigatoriedade de uma disciplina
especifica, ou seja, os cursos de Licenciatura devero contemplar os
contedos da educao bsica e as didticas ou a metodologia dos
respectivos contedos em seu projeto pedaggico, que tambm deve
seguir orientaes especficas, a saber:Art. 2 O projeto pedaggico de
formao acadmica e profissional a ser oferecido pelo curso de
Histria dever explicitar: a) o perfil dos formandos nas modalidades
bacharelado e licenciatura; b) as competncias e habilidades gerais
e especficas a serem desenvolvidas; c) as competncias e habilidades
especficas a serem desenvolvidas na licenciatura d) a estrutura do
curso, bem como os critrios para o estabelecimento de disciplinas
obrigatrias e optativas do bacharelado e da licenciatura; e) os
contedos curriculares bsicos e contedos complementares; f) o
formato dos estgios; g) as caractersticas das atividades
complementares; h) as formas de avaliao. (BRASIL, 2002, p. 1)12
A inteno, com a anlise dos documentos, foi demonstrar a
existncia de um debate em torno da formao pedaggica do professor.
Este debate, por sua vez, ancorado numa forma de pensar a formao do
professor que, no Parecer 292/61 foi dominada pela preocupao com o
contedo e com o aluno. Percebeu-se que na atual Diretriz Curricular
para os cursos de Licenciatura em Histria, destaca-se a relao entre
a prtica pedaggica e o contedo. O documento que atualmente orienta
a organizao do curso de formao de professores de Histria deixa
transparecer uma preocupao em torno do domnio dos contedos bsicos
do Ensino Fundamental e Mdio, e tambm dos mtodos e tcnicas que
favoream a transmisso do conhecimento. evidente que cada instituio
de ensino superior, com base nessas consideraes e nas orientaes
quanto organizao do projeto pedaggico do curso, vai sistematizar
essas Diretrizes. Pode-se concluir, portanto, que o documento
oficial aponta para uma necessria formao pedaggica, mas que cabe s
Instituies de12
Estabelece as Diretrizes Curriculares para os cursos de Histria.
Resoluo CNE/CES 13, de 13 de Maro de 2002. Dirio Oficial da Unio,
Braslia, 9 de abril de 2002. Seo 1, p. 33.
45 ensino superior, respeitando as determinaes legais,
sistematizarem um curso que contemple, entre as disciplinas de
contedo especfico, disciplinas que tenham uma preocupao com o
ensino e a aprendizagem em Histria e no exclusivamente um inventrio
de prescries tcnicas. Os textos visveis analisados permitem
comprovar que, historicamente, foi construda uma forma de pensar o
ensino e a aprendizagem em Histria e, por certo, essa forma de
pensar influenciou tanto a formao quanto a prtica de professores.
REFERNCIAS BARREIRO, Iraide Marques de Freitas e GEBRAN, Raimunda.
Prtica de Ensino e Estgio Supervisionado na Formao de Professores.
So Paulo: Avercamp, 2006. BRASIL, Ministrio da Educao e Cultura.
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Margarida Maria Dias. O Direito ao Passado: uma discusso necessria
formao do profissional de Histria. Recife. 2003. 291 f. (Tese de
Doutorado) Universidade Federal de Pernambuco.
46 4. AULA-OFICINA:UMA PROPOSTA DE UTILIZAO DE DOCUMENTOS
HISTRICOS EM SALA DE AULA Ana Paula AnunciaoPIBID HISTRIA/UEL
Ambile Sperandio PIBID/HISTRIA/UEL RESUMO: O presente artigo
resultado de uma experincia vivenciada no PIBID - Programa
Institucional de Bolsas de Iniciao Docncia, o mesmo voltado para o
incentivo a docncia a alunos de graduao. O programa iniciou-se em
2011 na Universidade Estadual de Londrina, sendo composto por
alunos do 2 e 3 ano do curso de licencia