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PROCEEDINGS OF THE SOCIETY FOR PSYCHICAL RESEARCH 1889-90 VOLUME VI, pp. 436-659. A RECORD OF OBSERVATIONS OF CERTAIN PHENOMENA OF TRANCE Frederic W. H. Myers, Oliver J. Lodge, Walter Leaf and William James. Tradução: Vitor Moura Visoni Revisão: Marcel Milcent: [email protected] Inwords: [email protected]
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Page 1: Atas Da SPR - Madame Piper (1899-1900)

PROCEEDINGS

OF THE

SOCIETY FOR PSYCHICAL RESEARCH

1889-90

VOLUME VI, pp. 436-659.

A RECORD OF OBSERVATIONS OF CERTAIN PHENOMENA OF TRANCE

Frederic W. H. Myers, Oliver J. Lodge, Walter Leaf

and William James.

Tradução: Vitor Moura Visoni Revisão: Marcel Milcent: [email protected] Inwords: [email protected]

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II. UM REGISTRO DAS OBSERVAÇÕES DE CERTOS FENÔMENOS DE TRANSE

(1) INTRODUÇÃO

POR FREDERICK W. H. MYERS

Propõem-se nesta e na parte seguinte dos Proceedings fornecer algum registro de uma série de observações direcionadas a certos fenômenos de transe que ocorrem no caso de uma senhora chamada Piper. Muitas dessas observações foram realizadas na América pelo Professor William James, Sr. Hodgson, e outros; mas por um período de dois meses e meio os fenômenos foram testemunhados por um grupo inglês de observadores. Há muita variância no fenômeno, e muita dificuldade em sua interpretação. E nos esforçaremos em fornecer a opinião independente de cada observador; selecionando e analisando os registros citados a fim de fornecer ao leitor material completo para formar um julgamento próprio. O Professor Lodge, o Sr. Leaf, e eu mesmo, que estamos publicando os registros, não gostaríamos de impor qualquer teoria ao leitor. Sobre certos pontos superficiais ou preliminares, como será visto, não apenas nós três, mas todos que tiveram a oportunidade apropriada de julgar, estão decisivamente de acordo. Mas sobre a mais delicada e interessante questão quanto à origem das elocuções do transe não chegamos a um consenso. Apenas concordamos em sustentar que as elocuções mostram que conhecimento foi adquirido por alguma inteligência de algum modo supranormal; e incitar os psicólogos experimentais ao trabalho de observar casos semelhantes, e de analisar os resultados de algum modo tal como nos esforçamos em fazer.

O estudo das elocuções de transe, de fato, é à primeira vista desagradável; já que o transe real e fingido tem sido, notoriamente, o veículo de muita fraude consciente e inconsciente. Mas aconselhamos que, assim como os fenômenos físicos e psíquicos da histeria—por muito tempo negligenciados como um mero emaranhado de trapaças—agora são analisados com segurança adequada contra fraude, e com resultados bem frutíferos, assim também estas elocuções são agora capazes de serem racionalmente estudadas—graças ao avanço na compreensão dos fenômenos automáticos, que os esforços francês e inglês alcançaram durante os últimos anos.

Estas elocuções, embora freqüentemente ocorram em indivíduos histéricos, não parecem ter nenhuma conexão obrigatória com histeria. Nem tampouco temos nós qualquer base real para chamá-las mórbidas per se, embora sua repetição excessiva possa levar a estados mórbidos. Tudo o que nós podemos dizer com segurança

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é que elas são uma forma de automatismo; que constituem uma de muitas classes de fenômenos que ocorrem em indivíduos sãos sem entrar na consciência desperta normal ou formar parte da corrente habitual de memória.

Em discussões anteriores nestas páginas dividimos o automatismo nos tipos ativo e passivo1; automatismo ativo consistindo de tais fenômenos como escrita automática e elocuções no transe—passivo, de alucinações de visão, audição, etc. “O automatismo pode ser chamado ativo se encontra um canal motor, passivo se acha um canal sensório, mas o impulso de onde se origina pode bem ser o mesmo em um caso como no outro”.

No artigo que cito observei o caráter inconsistente das elocuções de transe em geral. “Transes dirigidos são eminentemente estéreis de fato; eles geralmente mostram pouco mais que um mero poder de improvisação, que pode tanto ser fraudulentamente praticado quanto ser uma faculdade característica do próprio inconsciente”.

Quando, portanto, fomos informados por testemunhas de confiança,—pelo Professor William James, que é médico assim como psicólogo, e pelo Sr. Hodgson, cuja perspicácia na descoberta de impostura foi provada em mais de um campo,—que as elocuções do transe da Sra. Piper, feitas em suas vistas, sem dúvida contém fatos dos quais a Sra. Piper, em seu estado desperto, era totalmente ignorante, um inquérito sobre o caráter de seu transe pareceu cair na linha direta de nosso trabalho. Embora a Sra. Piper não seja realmente uma “malade”—como os franceses costumam denominar seus indivíduos de experiência,—seu caso, do ponto de vista do inquiridor, assemelha-se ao bem conhecido de “Madame B.,” ou qualquer outro caso semi-patológico que necessita estudo prolongado fora das paredes de um hospital. No entanto, não pedimos que o Conselho dedicasse qualquer parte dos fundos da Sociedade a este inquérito. A Sociedade como tal de modo algum está empenhada na investigação, nem é responsável por qualquer opinião a que o pequeno grupo de observadores possa ter chegado.

Conquanto as elocuções de transe específicas possam ser interpretadas, o caso como um todo é de um tipo raro e notável. É um exemplo de automatismo de espécie extrema onde o revolver dos estratos subconscientes não é meramente local, mas afeta, por assim dizer, toda a área psíquica;—onde uma consciência secundária não só aparece aqui e acolá através da primeira, mas a desloca por um tempo;—onde, em resumo, a personalidade inteira parece sofrer mudança intermitente.

Como regra geral, quando mudanças de personalidade tão completas e persistentes foram cuidadosamente registradas, pareceram depender de hipnose ou de algum dano cerebral. Casos como os da Sra. Piper são de fato registrados na literatura Espiritualista; mas minhas próprias visitas a cerca de meia-dúzia de “médiuns de transe profissionais” tinham me deixado

1 Vol.V., p. 534, etc.

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com pouca esperança que qualquer evidência de valor para nossos propósitos seria vindoura de tais fontes. Havia, portanto, muito de novidade neste caso; e ao mesmo tempo havia assim muito de prognóstico favorável,—pois experimentos com Madame B. e outros já tinham mostrado que uma personalidade secundária é um estado propício para o surgimento de fenômenos telepáticos ou clarividentes.

O caso da Sra. Piper foi mais ou menos continuamente observado pelo Professor James e outros quase a partir do início repentino do transe, há cerca de cinco anos. O Sr. Hodgson tinha o hábito de levar seus próprios conhecidos à Sra. Piper, sem dar seus nomes; e muitos destes ouviam das elocuções em transe fatos sobre seus parentes mortos, etc., dos quais duvidam que a Sra. Piper pudesse ter sabido. O Sr. Hodgson também mantinha o Sr. e Sra. Piper observados ou “perseguidos” por detetives particulares por algumas semanas, com vistas a descobrir se o Sr. Piper (que é empregado num grande armazém em Boston, U. S. A.) ia investigar os negócios de possíveis “assistentes” ou se a Sra. Piper recebia cartas de amigos ou agentes transmitindo informação. Esta investigação foi conduzida bem de perto, mas absolutamente nada foi descoberto que jogasse suspeita na Sra. Piper,—que está agora ciente do procedimento, mas tem o bom senso de reconhecer a legitimidade—posso dizer a necessidade científica—deste tipo de provação.

Assim, foi mostrado que Sra. Piper não fez nenhuma tentativa que se possa descobrir de adquirir conhecimento mesmo sobre pessoas cuja chegada ela tinha razão em esperar. Ainda menos podia ter estado ciente dos interesses privados de pessoas trazidas anonimamente a sua casa à escolha do Sr. Hodgson. E ainda um obstáculo adicional a tal conhecimento clandestino foi introduzido por sua remoção à Inglaterra—a nosso pedido—em novembro de 1889. O Professor Lodge encontrou-a na plataforma de Liverpool, a 19 de novembro, e conduziu-a a um hotel, onde me uni a ela a 20 de novembro, e a escoltei, e a suas crianças, a Cambridge. Permaneceu primeiro em minha casa; e estou convencido que trouxe com ela um conhecimento muito escasso dos negócios ingleses ou do povo inglês. A servente que assistiu a ela e às suas duas jovens crianças foi escolhida por mim mesmo, e era uma mulher jovem de uma aldeia do país a quem eu tinha a plena certeza em acreditar ser tanto fidedigna quanto também bastante ignorante dos meus próprios negócios ou dos meus amigos. Na maioria das vezes eu mesmo não havia determinado quais pessoas convidaria para sentarem-se com ela. Escolhi estes assistentes em grande medida por acaso; vários deles não eram residentes em Cambridge; e (exceto em um ou dois casos onde o anonimato teria sido difícil de conservar) trouxe-os sob nomes falsos,—às vezes apresentando-os só quando o transe já tinha começado.

Em uma sessão, por exemplo, que será citada abaixo, soube

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acidentalmente que uma certa senhora, aqui chamada Sra. A., estava em Cambridge;—uma senhora privada, não um membro da Sociedade para Pesquisa Psíquica, que nunca tinha antes visitado minha casa, e cujo nome certamente nunca fora mencionado perante a Sra. Piper. Apresentei esta senhora como Sra. Smith;—e penso que quando o leitor for estimar os fatos corretos que foram contados a ela, poderá de qualquer forma descartar da sua mente a noção de que a Sra. Piper tinha sido capaz de adivinhar que estes fatos seriam requisitados, ou de chegar a eles, ainda que tivesse sabido que seu êxito dependia de sua produção nesse dia.

A Sra. Piper, enquanto em Inglaterra, esteve duas vezes em Cambridge, duas vezes em Londres, e duas vezes em Liverpool, em datas arranjadas por nós mesmos; seus assistentes (quase sempre apresentados sob nomes falsos) pertenciam a vários grupos sociais bastante diferentes, e eram freqüentemente desconhecidos uns dos outros. Sua correspondência era de minha responsabilidade, e eu acredito que quase toda carta que ela recebeu foi mostrada, a um ou a outro de nós. Quando em Londres, ela permaneceu em alojamentos que nós selecionamos; quando em Liverpool, na casa do Professor Lodge; e quando em Cambridge, na do Professor Sidgwick ou na minha própria. Nenhum de seus anfitriões, ou das esposas dos anfitriões, detectou qualquer ato ou palavra suspeitos.

Fizemos grande esforço para evitar fornecer informações em conversas; e uma segurança maior reside no fato de que éramos ignorantes de muitos dos fatos dados, como as nossas relações de amigos, etc.. No caso da Sra. Verrall, por exemplo, (citado abaixo) ninguém em Cambridge exceto a própria Sra. Verrall podia ter fornecido o volume de informação dado; e alguns fatos dados (como será visto) eram desconhecidos da própria Sra. Verrall. Com relação a meus próprios assuntos, não pensei que valeria a pena citar in

extenso tais declarações, já que talvez pudessem ter sido conseguidas de antemão; pois a Sra. Piper naturalmente sabia que eu deveria ser um de seus assistentes. Tais fatos, como o de que eu tivera uma tia, “Cordelia Marshall, mais comumente chamada Corrie”, poderiam ter sido conhecidos,—embora eu não pense que foram,—de impressos ou outras fontes. Mas não acredito que tais fatos acessíveis foram dados a mim numa proporção maior que a um assistente comum, previamente desconhecido; nem estavam aí quaisquer desses pontos mais sutis que tão facilmente podiam ter sido feitos por força do escrutínio de meus livros ou papéis. Por outro lado, no meu caso, como no caso de vários outros assistentes, houve mensagens que pretendiam vir de um amigo que estava há muitos anos morto, e mencionando circunstâncias que acredito que teriam sido bastante impossíveis para a Sra. Piper ter descoberto.

Também estou familiarizado com alguns fatos dados a outros assistentes, e omitidos por serem íntimos demais, ou por envolverem segredos não apenas da propriedade do assistente. Posso dizer que até onde minha convicção pessoal vai, a elocução de um ou dois destes fatos é mesmo mais conclusiva de conhecimento supranormal que a declaração correta de

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dúzias de nomes de relações, etc., que o assistente não tinha nenhum motivo pessoal para ocultar.

No todo, acredito que todos os observadores, tanto na América quanto na Inglaterra, que viram o suficiente da Sra. Piper em ambos os estados para serem capazes de formar um julgamento, concordarão em afirmar (1) que muitos dos fatos dados não podiam ter sido conhecidos mesmo por um detetive habilidoso; (2) que conhecer outros deles, embora possíveis, teria necessitado de um gasto de dinheiro, assim como de tempo, que parece impossível supor que a Sra. Piper pudesse ter; e (3) que sua conduta nunca deu qualquer base para supor ser capaz de fraude ou trapaça. Poucas pessoas foram tão longa e cuidadosamente observadas; e deixou em todos os observadores a impressão de retidão completa, franqueza, e honestidade.

Menos que isto não seria justo dizer. Mas, por outro lado, deve ser lembrado de que a honestidade pessoal da Sra. Piper, no estado desperto, cobre só uma parte de nossas dificuldades. Estamos lidando com um indivíduo honesto, e com um transe genuíno; mas de modo algum decorre que a personalidade do transe seja tão honesta quanto a do estado desperto. A analogia estaria contra tal suposição. Pode ser lembrado de que no caso do Sr. e da Sra. Newnham de transferência de pensamento, manifestado por planchette-

writing2(escrita em prancheta), o próprio inconsciente da Sra. Newnham, que de algum

modo sabia as perguntas que o Sr. Newnham escrevia, exibia às vezes um ardil e uma pretensão a conhecimento que não possuía, que eram bastante alheios à mente ciente da Sra. Newnham. Com outras mensagens automáticas,—se transmitidas por table-tilting, planchette-writing, ou a costumeira escrita automática,—o caso é muito semelhante. Mesmo que as mensagens normalmente possam parecer suficientemente claras, vezes virão quando as respostas degeneram,—quando piadas ridículas, ou mentiras evidentes, ou expressões violentas são escritas, talvez, milhares de vezes. Isto parece acompanhar a fadiga no automatista, e mostra alguma carência de coordenação.

A condição de transe da Sra. Piper é notoriamente assunto para estas formas de degeneração. Como será descrito mais plenamente mais tarde, ela passa por leves convulsões numa condição em que uma personalidade que chama a si mesma de “Dr. Phinuit” emerge. E “Phinuit”—usando seu próprio nome por motivo de brevidade—não está de modo algum acima da “pesca”3. Seus meios de extrair informação do assistente, aparentando dar-lhe, serão descritos em detalhe pelo Sr. Leaf. Transes diferentes, e partes diferentes do mesmo transe, variavam grandemente em qualidade. Havia algumas entrevistas durante as quais Phinuit dificilmente fazia qualquer pergunta, e dificilmente declarava algo que não fosse verdadeiro. Havia outras durante as quais suas elocuções não mostravam qualquer sinal de conhecimento real, mas consistiam totalmente de perguntas de pesca e afirmações casuais.

2 Phantasms of the Living, Vol. I., p. 63 3 Seria o equivalente hoje às técnicas conhecidas como “leitura a frio” e “leitura a quente”. Embora por

métodos diferentes, em ambos o sensitivo tenta “pescar” informações por meios normais (N. T.)

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Estes transes nem sempre podem ser induzidos à vontade. Um estado de expectativa calmo ou “auto-sugestão” normalmente causará um; mas às vezes a tentativa no todo fracassa. Nós nunca tentamos induzir o transe por hipnotismo. Entendo, de fato, que Sra. Piper nunca foi profundamente hipnotizada, embora o Professor Richet tentasse nela algumas experiências de sugestão no estado desperto, e considerou-a algo “sugestionável”. Por outro lado, o transe ocasionalmente aparecia quando não era desejado. A primeira vez que ocorreu, (como a Sra. Piper informa-nos) veio como uma surpresa desagradável. E a Sra. Piper acredita—nossa evidência reside em suas inferências das suas próprias sensações—que o acesso tenha várias vezes emergido durante o sono, exaurindo-a para o dia seguinte. Um exemplo desta espécie ocorreu em Cambridge. Antes de ir dormir ela, a meu pedido, e pela primeira vez em sua vida, examinou um cristal, com o desejo de ver nele alguma figura alucinatória que talvez iluminasse a natureza da misteriosa personalidade secundária. Ela não viu nada; mas na manhã seguinte ela parecia esgotada, e disse que pensava que tinha tido um acesso durante a noite. Na próxima vez em que entrou num transe Phinuit disse que ele tinha vindo e chamado, e ninguém o tinha respondido. Parecia como se a concentração de pensar sobre o cristal tinha agido como uma espécie de auto-sugestão, e tinha induzido o estado secundário, quando não desejado.

O transe, quando induzido, geralmente durava cerca de uma hora. Uma vez em minha casa e, acredito, ao menos uma vez na América, só durou cerca de um minuto. Phinuit só teve tempo de dizer que ele não podia ficar, e então o habitual gemido começou, e Sra. Piper voltou a si.

Havia freqüentemente uma diferença marcante entre os primeiros poucos minutos de transe e o tempo restante. Em tais ocasiões quase tudo que era de valor seria contado nos primeiros poucos minutos; e a conversa restante consistiria em generalidades vagas ou meras repetições do que já havia sido dado. Phinuit, como será visto, sempre se professou um espírito que se comunicava com espíritos; e dizia que se lembrava de suas mensagens por alguns minutos depois de “entrar no médium”, e então se tornava confuso. Ele não era, no entanto, aparentemente capaz de partir quando seu repertório de fatos estava vazio. Parecia haver alguma liberação irresponsável de energia que precisava continuar até que o impulso original se perdesse em incoerência.

Esforçar-nos-emos em delinear nossa série de observações plena e claramente, dando, na medida do possível, a visão real de cada observador, e sem reter nenhum julgamento desfavorável. Esperávamos a princípio ter impresso toda nossa evidência nesta parte dos Proceedings; mas a coleção do Sr. Hodgson do testemunho americano, com registro do exame médico, foi inevitavelmente demorada,

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e deve ser adiada à próxima Parte. O Professor Lodge e o Sr. Leaf forneceram um pleno registro das sessões inglesas, e um artigo do Professor William James, da Universidade de Harvard, conclui a remessa de evidência que nós podemos no presente oferecer. É possível que a Sra. Piper visite a Inglaterra outra vez, e nós estaremos abertos a quaisquer críticas que possam ajudar na tarefa difícil de dar estabilidade e precisão a estes fenômenos transitórios e freqüentemente incoerentes. Mas mesmo com o conjunto de nossas evidências, o leitor terá muito material para formar a própria opinião quanto à origem do conhecimento,—alguns simplesmente adquiridos, penso, por algum meio supranormal,—que estas elocuções de transe mostram. Mas eu o advertiria contra qualquer conclusão definitiva sobre a força deste caso isolado. As elocuções de Phinuit devem ser julgadas, penso, como apenas um item no longo rol de mensagens automáticas de muitas espécies que só agora começam a ser colecionadas e analisadas. Considero provado que estes fenômenos proveem evidência de grandes extensões—telepática ou clarividente—dos poderes normais do espírito humano. É possível que o conhecimento de Phinuit seja assim derivado de uma faculdade telepática ou clarividente, latente na Sra. Piper, e se manifestando por meios com os quais não éramos familiares por experiência prévia. Por outro lado, a larga classe de “mensagens automáticas” inclui fenômenos de tipos muito variados, alguns dos quais certamente apontam à primeira vista à intervenção—talvez a intervenção muito indireta,—de personalidades sobrevivendo à morte. Se tais exemplos de comunicação de mentes extraterrenas finalmente encontrarem aceitação na Ciência, então as mensagens de Phinuit, com todos os seus empecilhos, e toda a sua inconsistência, terão justo direito a serem adicionadas ao número total.

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(2) PARTE I

PELO PROFESSOR OLIVER LODGE, F. R. S.

Registro de sessões com a Sra. Piper

RELATÓRIO FORMAL

A pedido do Sr. Myers, participei da investigação de um caso de aparente clarividência. É o caso de uma senhora que parece adentrar num transe quando deseja, sob

circunstâncias favoráveis, e nesse transe conversar voluvelmente, com uma maneira e voz bastante diferentes de suas costumeiras, com detalhes concernentes a coisas sobre as quais não lhe foi dada nenhuma informação.

Neste estado anormal seu discurso tem referência principalmente a parentes e amigos das pessoas, vivos ou mortos, sobre quem ela é capaz de manter uma conversa, e a quem ela parece mais ou menos familiar.

Ao introduzir estranhos anônimos, e ao interrogá-la eu mesmo por vários meios, convenci-me de que muito da informação que ela possui no estado de transe não é adquirida por métodos corriqueiros, mas que ela tem algum meio incomum de adquirir informação. Os fatos sobre os quais ela discursa são normalmente do conhecimento de alguma pessoa presente, embora eles não raro estejam inteiramente fora de sua consciência no momento. Ocasionalmente, fatos narrados só foram verificados depois, e que tidos, de boa fé, como nunca tendo sido conhecidos; querendo assim dizer que eles não deixaram nenhum vestígio na memória ciente de qualquer pessoa presente ou na vizinhança, e que é altamente improvável que sequer fossem conhecidos por tais pessoas.

Ela é, também no estado de transe, capaz de diagnosticar doenças e apontar os donos, vivos ou falecidos, de objetos portáteis, sob circunstâncias que impedem a aplicação de métodos costumeiros.

Em meio a essa lucidez um número de declarações confusas e equivocadas é freqüentemente feita, tendo pouco ou nenhum significado aparente ou aplicação.

No que tange aos meios particulares pelos quais ela adquire os diferentes tipos de informações, não há qualquer evidência suficiente que permita tirar qualquer conclusão. Eu só posso dizer com certeza que não é por nenhum dos métodos ordinários conhecidos pela Ciência Física.

OLIVER J. LODGE. Maio de 1890.

A cuidadosa declaração acima não passa qualquer idéia nítida das ocorrências reais,

nem fornece tal informação como é preciso a pessoas ainda não familiares com o assunto antes de elas terem lido o

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relatório detalhado; logo, pode ser admissível amplificá-la através de um registro mais descritivo e menos cautelosamente redigido de minha experiência, acompanhado por um exame preliminar de tais hipóteses elucidativas como se sugere; estabelecendo como premissa que, para compor evidência, o relatório das sessões é que deve ser avaliado, não este registro narrativo.

No que concerne ao método da sessão, pode ser conveniente registrar aqui, como suficientemente representativo dos fatos, e incorporando o que é necessário dizer, em algum lugar, a respeito da Sra. Piper e eu já nos conhecermos, uma declaração que escrevi pouco depois de minha primeira sessão.

Declaração preliminar escrita em 1º de Dezembro de 1889.

A Sra. Piper chegou à Inglaterra em 19 de novembro vindo de Boston no navio a vapor Scythia da linha Cunard, e como o Sr. Myers foi chamado a Edinburgh nesse dia, eu aguardei o navio a vapor a seu pedido e transportei a senhora aos apartamentos do hotel que ele tinha reservado para ela.

Eu era um estranho completo, mas fui devidamente apresentado por uma nota que o Sr. Myers tinha deixado com o Porteiro de hotel, que também foi ao navio a vapor e cuidou da bagagem na passagem pela Alfândega. No percurso para o hotel com a Sra. Piper e as duas menininhas, mencionei que tive muitos filhos; sete, de fato. Disse-lhe também que era Professor numa faculdade na cidade. Deixei-a no hotel, e embora ligasse no dia seguinte para saber se estava tudo bem com ela, não lhe disse mais nada sobre mim, nem ela se mostrou de forma alguma curiosa. Estava naturalmente cansada depois da viagem, e absorvida com as crianças. Nessa noite o Sr. Myers chegou, e no dia seguinte escoltou-a a sua casa em Cambridge.

Permaneci no trabalho em Liverpool até 29 de novembro, quando viajei a Londres para assistir ao jantar da Royal Society no dia seguinte. E na manhã deste dia, 30, encontrei o Sr. Myers em King’s Cross, e viajei a Cambridge com ele no trem de 9h05min da manhã, chegando a sua casa aproximadamente às 11h. A Sra. Piper já estava pronta e começamos uma sessão. Sentei-me encarando a Sra. Piper num local parcialmente escurecido, e o Sr. Myers estava ao alcance da voz do outro lado das cortinas, tomando nota do que era dito. A Sra. Piper sentou-se em silêncio, inclinando-se para frente em sua cadeira, e segurando minhas mãos. Por algum tempo ela não pôde cair inconsciente, mas por fim disse, “Oh, estou indo”, ocorreu que o relógio bateu uma vez (por uma meia hora), e ela contraiu-se convulsivamente, proferindo “não”, e entrou numa aparente epilepsia. [Eu tinha visto epilepsia várias vezes antes e reconheci muitos dos sintomas óbvios costumeiros; não pretendendo, naturalmente, falar como um médico]. Gradualmente tornou-se calma, e ainda segurando a minha mão direita, pigarreou em voz masculina, e com características endurecidas distintamente alteradas, olhos fechados e não utilizados o tempo inteiro. Tendo sido alertado do que esperar e como tratar a esta personificação, eu disse, “Bem, Doutor,” ao que ele [pois soava como um homem, e esqueci-me totalmente que era uma mulher que falava pelo restante da sessão: a maneira e discurso inteiros eram masculinos] apresentou-se como “Dr. Phinuit”, e nós fizemos então as corriqueiras observações normais. Achei difícil saber o que dizer, mas disse que eu tinha ouvido dele de Myers, e ele disse, “Ha! Myers, ele está aqui? Ele não estava aqui da última vez que vim”, ao que o Sr. Myers respondeu, “Sim, estou aqui, Doutor”. Ele disse

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mais algumas palavras ao Sr. Myers, e então perguntou-me se havia algo que eu quisesse interrogar-lhe, ao mesmo tempo pondo a sua mão na minha cabeça e sentindo-a toda, dizendo que queria tornar-se familiarizado comigo, que eu era “um bom sujeito”, “trabalhava duro demais”, “tinha uma cabeça cheia”, e coisas do tipo, como ele provavelmente diria a qualquer um empenhado em buscas semelhantes. Perguntei-lhe se podia me contar algo sobre minhas relações, sobre o que ele começou uma vaga e animada conversa consistindo em sentenças curtas e curiosos agarrões e puxões, com divagações ocasionais de (aparente) irrelevância no momento, mas, vez por outra, chegando a um ponto mais intenso e martelando em mim com insistência tanto verbal quanto manual. Desta conversa o Sr. Myers tomou notas tão completas quanto era possível, e eu não fui capaz de suplementar suas notas com mais material, exceto talvez aqui e ali com um toque do que tinha lhe escapado.

A irrelevância ocasional, vindo fracamente em meio à comunicação coerente e vigorosa, mais constante, lembrou-me de uma conversa telefônica, onde, sempre que seu interlocutor principal está em silêncio, você ouve os fragmentos difíceis de entender e sem sentido do burburinho da cidade, até que retorne a voz obviamente endereçada a você, falando com firmeza e decisão.

O registro prossegue depois (p. 465). Os detalhes dados sobre a minha família são como alguém talvez imagine os obtidos por um perfeito estranho cercado pelos parentes de alguém num grupo e capaz de conversar livremente, mas apressadamente, com um após o outro; não os conhecendo e ficando confuso com seu número, personalidades e mensagens entendidas pela metade, e tendo atenção especial a suas fraquezas físicas e seus defeitos. Uma pessoa com pressa, assim tentando contar a um estranho tanto sobre seus amigos como poderia desta maneira reunir, pareceria a mim provável que conduzisse exatamente o mesmo tipo de comunicação como realmente foi feito comigo.

Para ganhar mais experiência, minha esposa convidou a Sra. Piper a nossa casa entre as datas de 18 e 27 de dezembro de 1889; e outra vez entre as datas de 30 de janeiro e 5 de fevereiro de 1890, quando navegou para Nova Iorque.

Durante estes dias nós tivemos 22 sessões, e eu dediquei meu tempo inteiro ao caso, desejoso de fazer a investigação tão completa e satisfatória quanto possível enquanto a oportunidade durasse.

A Sra. Piper alega nenhum conhecimento quanto aos próprios poderes, e eu acredito na sua afirmação de que ela é absolutamente ignorante de tudo o que ela diz no estado de transe. Parece estar ansiosa para ter o fenômeno esclarecido, e espera que as sessões com investigadores científicos lancem luzes sobre sua condição anormal, sobre a qual ela mesma se expressa como não muito confortável. Entende perfeitamente o motivo de sonegar-lhe informação; consente com um sorriso a uma parada repentina no meio de uma sentença, e em geral é bem pouco inquiridora. Toda esta inocência pode, naturalmente, ser tomada como uma perfeita representação, mas priva-a da grande vantagem (supondo intenção fraudulenta no momento) de controlar depois as circunstâncias à maneira de um mágico; e a impede de

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ser a própria mestre de seu tempo e movimentos. O controle das experiências estava assim inteiramente em minhas mãos, e isto é um ingrediente essencial para o testemunho satisfatório.

A pergunta inicial a ser satisfatoriamente respondida antes que possa ser assegurado valor a qualquer coisa, seja investigando ou registrando, relaciona-se à honestidade da própria Sra. Piper.

Que há mais do que pode ser explicado por qualquer quantidade de fraude ciente ou inconsciente, que o fenômeno é genuíno, contudo ainda necessitando ser explicado, considero agora como absolutamente certo; e faço a seguir duas declarações com extrema confiança:

(i.) A atitude da Sra. Piper não é de fraude, (ii.) Nenhuma fraude concebível da parte da Sra. Piper pode explicar os fatos. Não farei mais do que enumerar alguns métodos de impostura que se sugerem a um

inquiridor como possibilidades preliminares a serem averiguadas. Tais como: Inquérito por agentes pagos. Inquérito por correspondência. Catecismo de serventes ou crianças. Pesquisa em obras da família. Estudo de álbuns de fotografias. Uso de anuários e biografias. Rondar pela casa à noite com chaves mestras. Subornar serventes para dar o nome do assistente. A questão da boa fé é tão vital que antes de deixar esta parte do assunto eu farei as

seguintes declarações: 1. A correspondência da Sra. Piper era pequena, algo como três cartas por semana,

mesmo quando as crianças estavam longe dela. O exterior de suas cartas quase sempre passou pelas minhas mãos, e freqüentemente o interior, também, com sua permissão.

2. Os serventes eram todos, como dito, novos, tendo sido escolhidos por minha esposa por meio de pesquisas locais comuns e escritórios de registro, exatamente na época da visita da Sra. Piper. Portanto, eram inteiramente ignorantes de conexões de família, e não podiam ter dito nada, não importando o quão bem pagos tivessem sido.

A sugestão engenhosa que foi feita era de que eram seus espiões. Sabendo dos fatos, contento-me em afirmar que eles não tinham absolutamente nenhuma conexão com ela de qualquer tipo.

3. Os álbuns de fotografias e obras da família foram escondidos por mim na manhã do dia seguinte em que ela chegou a minha casa. Tinha pretendido fazê-lo mais cedo. Isto é evidentemente um ponto fraco. Como muitas dessas coisas, soa pior do que parece. Os livros mais importantes estavam em minha sala de estudos, e ela não entrou lá até antes da primeira sessão.

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Uma ou duas fotografias de fato ela viu, e isto foi anotado. A coisa mais segura é supor que ela pode ter visto tudo sobre a casa.

4. Para ser capaz de dar melhor evidência, eu obtive permissão e imediatamente depois revisei pessoalmente o conteúdo de sua bagagem. Guias, biografias, Homens do Tempo, e livros do tipo estavam ausentes. Aliás, mal havia quaisquer livros.

5. A criança mais velha da casa tinha nove anos, e a quantidade de informação à sua disposição nos era bem conhecida. Minha esposa tinha inclinações céticas, e foi preservada em suas elocuções; e embora alguns deslizes dificilmente pudessem ser evitados—e um ou dois destes tenham sido um tanto desafortunados—foram anotados e estão registrados.

6. Assistentes estranhos freqüentemente chegaram às 11 da manhã, e eu próprio os conduzia diretamente ao local onde realizaríamos a sessão; pouco depois, eram apresentados à Sra. Piper sob algum nome fictício.

7. Ocasionalmente, quando o assistente chegava à noite e fazia uma refeição primeiro, o nome correto era capaz de vazar. Mesmo aí me parece que uma impressiva e impossível memória seria necessária para selecionar da massa inteira de fatos que tinham sido previamente (por hipótese impossível) levantados e memorizados para o círculo de meu conhecimento e de muitas outras pessoas, e relacionar a parcela correta ao indivíduo apropriado.

8. A atitude da Sra. Piper era natural, não inquisitiva, elegante, e clara. Se algo era notável, era um vestígio de abatimento e auto-absorção, muito natural sob a condição difícil de passar por dois transes longos em um dia. Seu comportamento convenceu todos que se tornaram íntimos dela de ser ela totalmente acima de suspeita.

9. O transe é, no melhor de minha crença, genuíno. Nele, a Sra. Piper é (às vezes, ao menos) insensível à dor, como testado repentinamente enfiando uma agulha na sua mão, que não causa o mais leve temor; e seu pulso é afetado além do que eu possa imaginar ser o controle da própria vontade. Da genuinidade do transe eu não tenho a dúvida mais remota, e só não digo mais sobre ele porque essa é uma questão para testemunhas médicas (p. 441).

A fraude sendo assumida fora de cogitação, e algo que em resumo pode ser descrito, ao menos por um não-psicólogo, como um duplo ou personalidade de transe sendo reconhecida, a próxima hipótese é que sua personalidade de transe utiliza informação adquirida por ela em seu estado desperto, e retém o que acha em sua subconsciência sem qualquer esforço de memória costumeiro.

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É uma pergunta interessante se quaisquer fatos levados à Sra. Piper desperta podem ser reconhecidos no subseqüente discurso do transe. Minha impressão em uma época era que a informação do transe é praticamente independente dos fatos específicos que a Sra. Piper poderia saber. A evidência agora parece a mim quase exatamente equilibrada de ambos os lados. Se a fala de transe pode fornecer, digamos, fatos científicos, ou uma língua estrangeira, ou algo em sua natureza inteiramente além de seu saber, sou incapaz de dizer. Experiências específicas podem ter, e espero que tenham, sido dirigidos a cada uma destas questões, mas não ainda por mim. Quero atacar estas questões na próxima vez que tiver uma possibilidade. Até onde minha experiência presente foi, não me sinto seguro sobre o quanto o conhecimento ou ignorância de fatos específicos pela Sra. Piper têm influência apreciável na comunicação de sua personalidade de transe. Mas certamente a grande massa de fatos que se pode reter por esta personalidade é totalmente exterior ao conhecimento da Sra. Piper; em detalhe, embora não em espécie.

A personalidade ativa e falante no transe é aparentemente tão distinta da personalidade da Sra. Piper que é permissível e conveniente chamá-la por outro nome. Não difere dela como Hyde diferia de Jekyll, sendo uma personificação da porção maliciosa do mesmo indivíduo. Não há nenhum contraste especial, mais do que há em qualquer similaridade especial. Choca como uma personalidade completamente diferente, e o nome pelo qual se apresenta quando perguntado, a saber, “Dr. Phinuit”, é tão conveniente quanto qualquer outro, e pode ser usado sem restrição da hipótese.

Não se deve entender que, ao usar esse nome, aceito qualquer hipótese concernente à natureza desta mente individual aparentemente distinta. Ao mesmo tempo, o nome é útil para expressar, de forma compacta, o que é naturalmente notório ao sentimento de qualquer assistente: que ele não conversa com a Sra. Piper absolutamente. A maneira, modo de pensar, tom, segmentos de idéia, são todos diferentes. Não se fala mais a uma senhora, mas a um homem, um homem velho, um médico. Tudo isto só pode ser assim vividamente sentido, mesmo por alguém que considere a personificação um consumado ato de representação.

Se tal homem como o Dr. Phinuit jamais existiu eu não sei, nem do ponto de vista evidencial me interessa muito. Será interessante ter o fato determinado se possível; mas não vejo como ele afetará muito a questão da genuinidade. Pois que ele jamais ter existido é uma coisa praticamente impossível de provar. Enquanto, se existiu, facilmente pode-se supor que Sra. Piper tenha tomado cuidado o bastante para que sua impostura tivesse base racional suficiente (p. 520).

Pode ser objetado: por que, se ele era um médico francês, esquecera completamente seu idioma? Pois embora fale numa maneira afrancesada, diz-me que não pode manter uma conversa nessa linguagem. Sou incapaz de encontrar esta objeção, por algo além da sugestão óbvia

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que o cérebro da Sra. Piper é o meio utilizado, e que ela é assim ignorante. Mas alguém pensaria que seria uma objeção suficientemente patente para dissuadir um impostor de assumir um papel de dificuldade puramente desnecessária, e um que era impossível de manter satisfatoriamente.

Admitindo, no entanto, que o “Dr. Phinuit” é provavelmente um mero nome para a consciência secundária da Sra. Piper, ninguém pode abster-se de ficar chocado pela singular exatidão do seu relatório médico. Aliás, as declarações médicas, coincidindo de verdade como as de um médico regular, mas dadas sem qualquer exame costumeiro e às vezes sem mesmo estar vendo o paciente, devem ser mantidas como parte da evidência, estabelecendo um caso à prima facie forte no que tange à existência de algum meio anormal de aquisição de informação. Não se deve supor que ele é mais infalível que os outros. Há um caso definitivo de um distinto erro num diagnóstico (p. 547).

Procedendo agora na suposição de que eu possa falar doravante do Dr. Phinuit como uma inteligência individual genuína, seja ela uma porção normalmente latente da inteligência da Sra. Piper, seja algo distinto de sua mente e da educação a que foi submetida, considerarei as hipóteses que ainda permanecem não examinadas.

Primeiro temos a hipótese de pescaria da parte do Dr. Phinuit, como distinta de trapaça da parte da Sra. Piper. Quero dizer um sistema de pesca engenhoso: a utilização de indicações triviais, de cada insinuação, audível, táctil, muscular, e de pequenos traços de comportamento indefiníveis demais para se nomear; tudo isto despertado no assistente por habilidosas suposições e tiros bem-dirigidos, e seu nutriente extraído com esperteza sobre-humana.

Essa hipótese não deve ser negligenciada, ou mesmo posta totalmente de lado. Considero-a, até certo ponto, como uma vera causa. Às vezes o Dr. Phinuit pesca. Ocasionalmente adivinha; e às vezes ele supre a escassez da sua informação com os recursos de uma vívida imaginação.

Sempre que seu estoque de informação é abundante, não há qualquer sinal do processo de pescaria.

Em outras vezes é como se ele estivesse numa posição difícil,—somente capaz de receber informação de fontes muito indistintas ou inaudíveis, e mesmo assim desejoso de transmitir tanta informação quanto possível. A atitude é então como a de alguém atrás de cada indício, e fazendo uso da indicação mais leve, seja ela recebida por meios normais ou anormais: não distinguindo de maneira óbvia entre informação recebida do assistente e informação recebida de outras fontes.

O processo de pescaria é mais marcante quando a própria Sra. Piper não se sente bem ou está cansada. O Dr. Phinuit parece então experimentar

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mais dificuldade em obter informação; e quando ele não pesca, simplesmente tira de sua memória e reconta velhos fatos que contou antes, ocasionalmente com adições próprias que não os melhoram. Sua memória parece ser de tenacidade e exatidão extraordinárias, mas não de infalibilidade; e seus lapsos introduzem erros, tanto de defeito como de excesso.

Ele parece estar sob alguma compulsão por não ser silencioso. Talvez o transe cessaria se ele não se esforçasse. De qualquer forma ele tagarela, e tem que se descontar uma grande quantidade de conversa que é, obviamente, e às vezes confessadamente, introduzida como provisória.

É bastante orgulhoso da sua habilidade, e não gosta de ser informado que está errado; mas quando se torna confidencial, admite que não é infalível: “ele faz o melhor que pode”, diz, mas às vezes “tudo parece escuro a ele,” e então tropeça e tateia, e comete erros.

Não se deve supor que esse tropeçar é sempre mais proeminente na presença de um estranho. Pelo contrário, se está em boa forma, ele falará rápida e bastante fluentemente das conexões do estranho, sendo de fato às vezes oprimido com a pressa e volume da informação disponível; enquanto, se está numa má posição, pescará e contará notícia velha (especialmente a última) numa roupagem nova, e alguém sem escrúpulos acusar-lhe-á das suas delinqüências quando se tornarem conspícuas.

Este falibilidade é infeliz, mas eu não sei se devemos esperar algo mais; de qualquer modo não é uma questão do que esperamos, mas do que recebemos. Se fosse uma questão do que eu esperaria de alguém, a declaração disto não valeria a escrita.

Pessoalmente sinto-me seguro de que Phinuit dificilmente pode abster-se deste processo de pesca às vezes. Ele faz o melhor que pode, mas seria de grande valia se, quando compreendesse que as condições eram desfavoráveis, informasse e então se calasse. Tentei incutir isso nele, com o resultado de ele às vezes se retrair, e dizer que está com dificuldades; mas, afinal de contas, ele é quem provavelmente entende melhor do próprio negócio, pois, por várias vezes, tem acontecido, depois de meia hora de enchimento mais ou menos imprestável, a obtenção de alguns minutos de valiosa lucidez.

Coloquei muita ênfase nesta hipótese de pescaria porque é um aspecto a ser tomado em consideração, pois é ocasionalmente um fato infelizmente conspícuo, e por causa de seu efeito desestimulante em um novato a quem esse aspecto é exposto pela primeira vez.

Mas, ao colocar ênfase desse modo, sinto que produzo uma errônea e enganadora impressão de proporção. Falei de alguns minutos de lucidez para uma parte intolerável de enchimento como uma experiência ocasional, mas na maioria das sessões realizadas em minha presença a proporção de conversa melhor representa os fatos.

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Conheço leitura muscular e outros métodos simulados de “transferência de pensamento”, e prefiro evitar contato sempre que é possível para livrar-me disso sem muito esforço. Embora a Sra. Piper sempre segurasse a mão de alguém enquanto se preparava para entrar no transe, ela nem sempre continuou a segurar ao falar como Phinuit. Ela normalmente segurava a mão da pessoa a quem falava, mas freqüentemente ficava satisfeita por um tempo com alguma outra pessoa, às vezes conversando diretamente através de um quarto com e sobre um estranho, mas preferindo que se aproximassem. Em várias ocasiões ela se afastava de todos, por períodos totais de meia-hora, especialmente quando em boas condições e continuamente suprida por “lembranças”.

Devo agora afirmar com inteira confiança que, levando a hipótese de adivinhação engenhosa e indicação inconsciente a seu limite extremo, essa poderia explicar bem poucas declarações do Dr. Phinuit.

Ela não pode, em todos os casos, ser sustentada para explicar os diagnósticos médicos, depois confirmados pelo médico regular.

Também não pode explicar os minuciosos e plenos detalhes de nomes, circunstâncias, e acontecimentos, dados a um cauteloso e quase silencioso assistente, às vezes sem contato. E, para tomar logo o caso mais importante, não pode explicar a narração de fatos fora do conhecimento ciente do acompanhante nem de qualquer pessoa presente.

Com a rejeição da hipótese de pescaria, então, como insuficiente para explicar muitos dos fatos, somos levados à única causa conhecida restante para explicá-los:—a saber, transferência de pensamento, ou a ação de uma mente sobre outra mente independentemente dos canais costumeiros de comunicação. Se “transferência de pensamento” é um termo correto para se aplicar ao processo, não me atrevo a julgar. Isso é uma questão para psicólogos.

Pode ser do conhecimento do leitor que eu considero o fato de genuína “transferência de pensamento” entre pessoas em proximidade imediata (não necessariamente em contato) como tendo sido estabelecida por experiências simples e diretas; e, a não ser pela escassez de exemplos, considero-a firmemente embasada como quaisquer dos fatos menos familiares da natureza, tais como os com que se lidam dentro de um laboratório. (Proceedings S.P.R, Vol. II, p. 189).

Falo disto portanto como uma causa sabida, i.é., a qual deve ser aventada, sem hesitação, para explicar os fatos que sem ela seriam inexplicáveis.

Os fatos de Phinuit são na sua maioria desta natureza, e não hesito em afirmar confiantemente que transferência de pensamento é a explicação mais corriqueira a que é

possível apelar. Considero isto como tendo sido rigorosamente provado antes, e portanto não exigindo

nenhum suporte novo; mas aos muitos que não fizeram experiências no assunto, e são portanto naturalmente céticos

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concernente mesmo à transferência de pensamento, o registro das sessões de Phinuit proverão, creio eu, uma segura base de crença nesse modo imaterial de comunicação,—essa ação aparentemente direta mente a mente.

Mas, ao passo que o tipo de transferência de pensamento que tinha sido ao meu próprio conhecimento experimentalmente provado era de um reconhecimento nebuloso e difícil, por uma pessoa, de objetos mantidos o mais nitidamente possível na consciência de outra pessoa, a espécie de transferência de pensamento necessário para explicar estas sessões é de uma ordem bem mais livre e mais alta,—uma espécie que absolutamente ainda não foi experimentalmente provada. Os fatos que são relacionados não estão de modo algum presentes à consciência do assistente, e eles freqüentemente são detalhados fluente e nitidamente, sem demora; em estilo muito diferente da falta de clareza tediosa e hesitante dos percipientes nas velhas experiências de transferência de pensamento.

Mas isso é suficientemente natural quando consideramos que o percipiente, nessas experiências, tem que conservar uma mente tão vazia quanto possível. Pois nenhum processo de induzir ociosidade mental pode ser tão perfeito como o de entrar num transe, seja hipnótico ou de outro tipo.

Além do mais, embora se considerasse desejável manter o objeto contemplado na consciência do agente, uma perspicaz suspeita foi então levantada, de que a parte inconsciente do cérebro do agente pudesse ser talvez igualmente eficaz.

Assim, qualquer um está livre para aplicar a estes registros de Phinuit a hipótese de transferência de pensamento em seu estado mais desenvolvido: a vacuidade [mental] absoluta por parte do percipiente, operada por uma parte inteiramente subconsciente ou inconsciente do cérebro do assistente.

Nesta forma sente-se que muito pode ser explicado. Se o Dr. Phinuit conta a alguém quantos filhos, ou irmãos, ou irmãs esse alguém tem, e seu nomes; os nomes do pai e da mãe e da avó, de primos e de tias; se ele traz mensagens apropriadas e características de parentes mortos bem conhecidos; tudo isto é explicável na hipótese de transferência de pensamento livre e fácil da sub-consciência do assistente ao médium sensitivo da personalidade de transe.4

Fiquei tão fortemente impressionado com essa visão que, depois de cerca de meia-dúzia de sessões, deixei de sentir muito interesse em que me dissesse coisas, não importando quão minuciosas, obscuras, e inacessíveis elas talvez fossem, contanto que estivessem, ou tivessem estado dentro de meu próprio conhecimento ou do assistente na época.

4 Por exemplo, no curso de minhas entrevistas, todos os meus seis irmãos (adultos e dispersos) e uma

irmã viva foram nomeados corretamente (dois com alguma ajuda), e a existência de um, morto, foi mencionada. Meu pai e seu pai foram do mesmo modo nomeados, com vários tios e tias. O pai da minha esposa e padrasto foram nomeados plenamente, tanto o prenome quanto o sobrenome, com todo os detalhes identificadores. Eu só cito estes como exemplos; é bastante desnecessário, assim como imprudente, unir qualquer peso evidencial às declarações deste tipo, feitas durante uma curta permanência na casa de alguém.

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Ao mesmo tempo, devia ser constantemente mantido em mente que esta espécie de transferência de pensamento, sem agente conscientemente ativo, nunca foi provada experimentalmente. Certos fatos que não são de outro modo aparentemente explicáveis, tais como aqueles narrados em Phantasms of the Living, sugeriram-na, mas em realidade é somente uma hipótese possível, aventada sempre que todas as outras explicações pareciam fora de cogitação. Mas até que realmente seja estabelecida, pela experiência, da mesma forma, que a ação ciente da mente foi estabelecida, não pode ser considerada nem como segura nem como satisfatória; e ao persistir nisso, podemos estar dando costas a uma pista mais concreta, embora ainda não cogitada. Sinto como se esta cautela fosse necessária para mim, assim como para outros membros da Sociedade.

Ao se ler o registro, será aparente que, enquanto “Phinuit” freqüentemente fala na própria pessoa, relacionando coisas que ele próprio descobre pelo que, suponho, devemos chamar de clarividência ostensiva, algumas vezes ele representa a si mesmo como em comunicação—nem sempre uma comunicação bastante fácil e distinta, especialmente no início, mas em comunicação—com os parentes e amigos de alguém que partiram desta vida.

As mensagens e comunicações destas pessoas normalmente são dadas por Phinuit como um repórter. E informa às vezes na terceira pessoa, às vezes na primeira. Ocasionalmente, mas muito raramente, Phinuit parece dar lugar completamente à outra personalidade, amigo ou parente, que então comunica da sua velha maneira e individualidade; tornando-se, freqüentemente, impressionante e realista.

Este último, digo que é raro, ocorrendo com apenas uma ou duas personagens, com reservas a serem mencionadas diretamente. E quando o faz, Phinuit não parece saber que o que foi dito. É bem como se ele, por sua vez, deixasse o corpo, assim como a Sra. Piper o fizera, enquanto uma terceira personalidade utiliza-o por um tempo. A voz e o modo de se dirigir mais uma vez são mudados, e mais ou menos lembram a voz e a maneira da pessoa representada como se comunicando.

As comunicações assim obtidas, embora mostrem vestígios da individualidade da pessoa representada, são freqüentemente vulgarizadas; e os discursos são mais corriqueiros, e por assim dizer mais banais, do que alguém suporia possível da pessoa em si. Pode, naturalmente, ser sugerido que a necessidade de trabalhar pelo cérebro de uma pessoa não altamente educada facilmente pode ser suposto capaz de abafar o refinamento, e de tornar impossível a apresentação de mensagens sobre assuntos obscuros.

Entre os assistentes, posso mencionar Gerald Rendall, até recentemente trabalhando em Trinity College, Cambridge, Diretor da University College, Liverpool. Foi apresentado como Sr. Roberts, e deu-se início imediato à sessão. Os nomes dos seus irmãos foram todos dados corretamente nessa ou

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na sessão da noite do mesmo dia, com muitos detalhes específicos que estavam corretos. Trouxe com ele um medalhão, e recebeu comunicações e memórias supostamente

vindas do amigo morto de quem se recordava, algumas delas no momento não completamente verificadas por razão da ausência de pessoas na América, algumas aparentemente incorretas, mas aqueles fatos que ele sabia estarem corretamente declarados o satisfizeram de tal modo que a adivinhação fortuita e todas as outras conjecturas corriqueiras estavam absurdamente fora de cogitação. (sessões 37 e 38.)

Outro assistente era E. C. K. Gonner, Professor de Economia na Faculdade Universitária, Liverpool, introduzido como Sr. McCunn, outro colega com quem ele esperava ser confundido. Trouxe um livro pertencente a sua mãe, ainda viva em Londres, e teve muitos detalhes corretos concernentes à sua família e a vizinhos relacionados a ele.

Muitos de sua própria família também foram mencionados; mas, por causa do livro ou por outra coisa, a influência da sua mãe pareceu mais poderosa que sua própria; e, várias vezes, parentes, embora de outra maneira citados corretamente, foram mencionados em termos de seu relacionamento à geração mais velha. Phinuit, no entanto, parecia ciente destes erros e várias vezes corrigiu-se; como por exemplo: Seu irmão William—não, quero dizer, seu tio, o irmão dela.

Esse Tio William foi um bom exemplo. Tinha morrido antes de Gonner nascer, mas tinha sido o irmão mais velho da sua mãe, e sua morte repentina tinha sido um grande choque a ela—um, aliás, do qual ela levou um bom tempo para se recuperar. Phinuit descreveu-o como tendo sido morto com um buraco na sua cabeça, como um buraco de tiro, porém não um tiro, mais como um golpe:—o fato é que encontrou sua morte numa revolta da eleição de Yorkshire, uma pedra atingindo-o na cabeça. (Sessão No. 39, p. 490.)

Falando de mortes, eu também posso mencionar o caso do pai da minha esposa, que morreu quando ela tinha duas semanas de vida, de um jeito patético e dramático. Phinuit descreveu as circunstâncias da sua morte bastante nitidamente. A causa de morte de seu padrasto também, que foi perfeitamente delimitada, também foi precisamente compreendida. A queda de seu próprio pai no porão de carga do seu navio e sua conseqüente dor na perna foram claramente declaradas. Minha esposa estava presente nestas ocasiões, e naturalmente foram-lhe relatados todos estes incidentes, e lembrou-se deles. (Sessão No. 36, pp. 472, etc..)

Outro assistente era um médico em Liverpool, introduzido anonimamente, a quem foi contado um conjunto de fatos, nem todos eles corretos; mas o nome, gostos, e defeito de uma menininha surda e muda por quem ele tem muito afeto foram nitidamente declarados. Meus filhos não conhecem os dele (Sessões 42 e 43.)

Outro, um assistente inconveniente muito improvisado, era um escrevente de taquigrafia que eu tinha apresentado como um secretário, mas cujos parentes foram apresentados como que clamando por uma conversa com ele; e

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tive de sair da sala enquanto Phinuit “cuidava”, como chamava ele, da parentela de nosso jovem companheiro. Uma clara parte do que foi dito é perfeitamente verdadeira, assim ele disse, mas outras partes ele ou nega ou é incapaz de verificar (Sessão 48, p. 519.)

Um dos melhores assistentes foi meu vizinho do lado, Isaac C Thompson, F. L. S., para quem, antes que ele tivesse sido apresentado de qualquer modo, Phinuit enviou uma mensagem que pretendia vir do seu pai. Três gerações suas e da família da sua esposa vivas e mortas (pequenas e compactas famílias Quaker) foram, no curso de duas ou três sessões, conspicuamente mencionadas, com detalhes identificadores; o informante principal apresentando-se como seu irmão morto, um jovem médico de Edinburgh, cuja perda foi lamentada há cerca de 20 anos. A familiaridade e emoção das mensagens comunicadas neste exemplo particular eram muito notáveis, e não podem de modo algum ser reproduzidas em qualquer relatório impresso da sessão. (No. 45, 50, 80, 81, e 83.)

Seu caso é um em que muito poucos erros foram cometidos, os detalhes sobressaindo-se nitidamente corretos, de modo que aliás acharam impossível não acreditar que seus parentes realmente falavam-lhes. Isto pode soar absurdo, mas representa corretamente a impressão produzida por uma série favorável de sessões, e é por esse motivo que o menciono agora.

Acontecimentos simples ocorrendo em outra parte durante a sessão também foram detectados pelo Dr. Phinuit no caso deles, melhor que em qualquer outro que eu saiba. (Por exemplo, o episódio dos “anéis”, na p. 546.)

Outro caso bastante notável ocorreu perto do fim de minha série de sessões, quando este meu amigo estava presente. Uma mensagem interpolou-se a um cavalheiro que vive em Liverpool, conhecido, mas de jeito nenhum intimamente conhecido, de nós dois, e certamente fora de nossos pensamentos—o chefe do correio de Liverpool, Sr. Rich. A mensagem era supostamente do seu filho, que tinha morrido repentinamente há alguns meses, e quem eu nunca tinha visto; embora meu amigo tinha, parece, falado com ele uma ou duas vezes.

Ele se dirigiu a meu amigo por nome e implorou para levar uma mensagem a seu pai, que, ele disse, foi muito atingido pelo golpe, e que sofria de uma vertigem ocasional recente na sua cabeça, de modo que se sentia amedrontado de ter que se aposentar do negócio. Outras pequenas de caráter identificador coisas foram mencionadas; e a mensagem foi, alguns dias mais tarde, devidamente entregue. Os fatos declarados foram admitidos serem exatos; e o pai, embora naturalmente inclinado a ser cético, confessou que ele de fato tinha ficado mais abalado do que o normal com a morte repentina do seu filho mais velho, por causa de uma separação infeliz recente entre eles que, em outras circunstâncias, teria sido somente temporária.

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A única explicação de transferência de pensamento que eu razoavelmente pude oferecer-lhe é que era a atividade de sua própria mente, operando no cérebro sensível do médium, de cuja existência que ele não sabia absolutamente nada, e conseguindo enviar uma mensagem ilusória para si mesmo!

Uma coisa sobre a qual o filho parecia ansioso era sobre uma certa caixa preta da qual ele pediu que falássemos a respeito com seu pai, e dizer que ele não queria perdê-la. O pai não sabia que caixa era aquela: mas desde então ouvi indiretamente que, em seu leito de morte, o filho clamava por uma caixa preta, embora eu não possa saber se o caso em particular foi seguramente identificado. (No. 83, p 554.)

Contemplando estas e outras comunicações do tipo, não pude abster-me do sentimento que, se isto é realmente um caso de transferência de pensamento, é uma transferência de pensamento de uma espécie surpreendentemente nítida, cuja prova seria muito valiosa, supondo ser a explicação correta do fenômeno.

Mas tive dúvida se era a explicação correta. Não se deve fechar os olhos à possibilidade de que, ao se perseguir uma hipótese favorita, pode-se afinal de contas estar na direção completamente errada.

Uma hipótese conhecida deve ser exaurida antes de se dispor a admitir uma desconhecida: e, de fato, abandonar este último elo conhecido de causa como inadequado para apoiar o peso crescente dos fatos, era uma operação para não ser empreendida ligeiramente. E eu mesmo já senti sérias dúvidas se realmente bastaria para explicar os fatos; se de fato ia em direção a sua explicação.

Coisas às vezes ditas a mim e a outros eram tão inteiramente alheias às nossas consciências que pensei, a princípio, que elas não eram verdadeiras ou compreensíveis, e só gradualmente ou por explicação subseqüente foi o significado claramente percebido.

Mas algo similar ocorre nos sonhos, às vezes fica-se surpreso com a reviravolta que uma conversa sonhada toma, e tem o sentimento, também ocasional, de aprender algo novo. Logo, este argumento, tomado isoladamente, não é de muita força.

Outro argumento baseia-se nos erros que o Dr. Phinuit, às vezes e inexplicavelmente, cometia. Um exemplo notável é posto em voga por um de meus assistentes, cujo pai, no meio de muito que era correto e impressionante, foi descrito como dizendo que seu nome era John. Seu filho, o assistente, estava nitidamente ciente de que o nome de seu pai morto não era John, mas Peter. Nenhum conhecimento disto, no entanto, foi mostrado por Phinuit; embora, ao citar por várias vezes o nome como Thomas, pareceu mostrar consciência de que havia um erro em algum lugar. (Sessão 39.)

A única explicação disto que posso sugerir, além de mera gafe e erro, é que eu também estava no local tomando notas, e embora eu naturalmente soubesse o sobrenome, eu era bastante ignorante do primeiro nome,

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e estava também naturalmente satisfeito com John ou Thomas, bem como com qualquer outra coisa. Simplesmente registrei tudo que foi dito numa maneira bastante imparcial.

Concebivelmente, portanto, a pessoa em transe pode, por esse item de informação, ter lido o meu cérebro em vez de o do assistente; mas uma massa de outros fatos foi dada, fatos conhecidos dele e de jeito nenhum conhecidos por mim; de modo que, como digo, a hipótese de transferência de pensamento tem que ser contorcida e esticada um pouco.

No entanto, eu estava disposto a esticá-la a qualquer comprimento necessário, contanto que realmente não rompesse. Mas sentindo que ela realmente não se sustentava, esforcei-me para aplicar alguns testes cruciais.

E o primeiro foram algumas letras de um abecedário infantil selecionadas aleatoriamente, postas numa caixa de pílulas sem olhar, e selada por mim na presença do Prof. Carey Foster, por volta de um mês antes. Esta caixa eu agora passei ao “Dr. Phinuit” e perguntei-lhe o que estava dentro dela, dizendo-lhe ao mesmo tempo que ninguém na terra sabia, e solicitando-o fazer seu melhor.

Ele imediatamente pediu um lápis e, segurando a caixa à sua testa, sacudindo-a um pouco em intervalos, como se para desembrulhar o conteúdo e fazê-lo mais claro diante dele, anotou algumas letras em um pedaço de papelão segurado por ele.

Agradeci-o e, na manhã seguinte, para maior segurança, pedi-lhe que tentasse novamente. Tentou, e anotou exatamente as mesmas letras, chegando mesmo a dizer de que modo estavam na caixa.

Escrevi dois registros do conteúdo da caixa, um para o Sr. Myers e outro para o Prof. Carey Foster, selado, telegrafando a ele para saber se estava em casa e pronto para receber a caixa, assegurando-se ele próprio que não tivesse sido falsificada (embora de fato não tivesse saído de minha posse o tempo todo), para então abrir e escrever as letras e suas faces, em pleno detalhe, antes de abrir meu registro selado. Respondeu, “Sim”, e eu lhe enviei a caixa registrada e assegurada.

Todas as letras estavam erradas com a exceção de duas. De acordo como a probabilidade, se tivessem sido extraídas de um único alfabeto, duas

deveriam ter sido adivinhadas corretamente. A caixa da qual elas foram extraídas continha muitos alfabetos, mas, praticamente, a conclusão da experiência foi totalmente negativa. As letras não foram percebidas. (Sessão No. 40, p. 493.)

Esta experiência inclinou-me a pensar fortemente em alguma explicação de transferência de pensamento, distinta do que parecia a mim a mais desconhecida e obscura esfera da clarividência.

Se as letras realmente pudessem ser percebidas diretamente, o fato de elas não existirem na cabeça de ninguém não deveria importar. Mas se apenas as mentes podiam ser lidas, então era essencial que alguém em algum lugar tivesse conhecimento das letras.

Não quero dizer que isto embasaria o bastante uma conclusão tão clara sobre o

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resultado negativo de um experimento. É uma experiência que eu quero repetir várias e várias vezes; embora Phinuit não se importe muito com este tipo de coisa, e diz que isso o desgasta.

Se a experiência tivesse prosperado, teria estabelecido clarividência: o que quer que isso signifique. Sou incapaz de apreender seu significado. Parece a mim uma hipótese violenta e um último caso, e não sinto-me direcionado a ela ainda.

Eu também passei ao “Dr. Phinuit” epístolas, as quais eu tinha lido de fato mas tinha-me esquecido; e uma destas foi lida parcialmente. [p. 335. Sessão nº. 78.] Ele não professa ser bom neste tipo de coisa; e normalmente fracassa, ao menos em minha experiência, em dar mais que um vago e insatisfatório resumo geral do assunto—vago demais para ser de qualquer uso evidencial. Não tenho, no entanto, tentado este tipo de experiência freqüentemente, achando que isso aparentemente exaure-o inutilmente.

Tudo isso me pareceu fortalecer a hipótese de transferência de pensamento até aquele momento.

Então me pus a trabalhar para tentar, e obter, pelo processo regular de comunicação que servisse a esta médium em particular, fatos que não estivessem somente fora de meu conhecimento, mas que nunca poderiam ter feito parte dele.

Infelizmente, ao dar um registro destas experiências, é necessário mencionar detalhes por vezes triviais concernentes às relações de alguém que, ordinariamente, seriam inconseqüentes ou mesmo impertinentes. A razão é o pretexto.

Acontece que um tio meu de Londres, então um homem bastante idoso e um dos três sobreviventes de uma família muito grande, tinha um irmão gêmeo que falecera uns vinte ou mais anos antes. Despertei seu interesse, de maneira geral, pelo assunto e escrevi-lhe solicitando que me emprestasse alguma relíquia de seu irmão. Na manhã de certo dia recebi pelo correio um velho e curioso relógio de ouro, que o irmão de meu tio havia usado e do qual gostava muito. Na mesma manhã, sem que ninguém tivesse visto ou sabido alguma coisa sobre o relógio, entreguei-o a Sra. Piper quando em estado de transe.

Fui informado, quase imediatamente, que ele pertencera a um de meus tios—que havia sido previamente mencionado como tendo falecido por conseqüência de uma queda—o qual gostava muito de tio Robert, nome do sobrevivente—que o relógio estava agora na posse desse mesmo tio Robert, com quem ele estava ansioso por comunicar-se. Depois de alguma dificuldade e muitas tentativas erradas, o Dr. Phinuit captou o nome Jerry, diminutivo de Jeremiah, e disse enfaticamente, como se uma terceira pessoa estivesse falando: “Este é meu relógio, Robert é meu irmão e eu estou aqui. Tio Jerry, meu relógio”. Tudo isso na primeira sessão na mesma manhã em que o relógio tinha chegado pelo correio, ninguém estando presente exceto eu e um escrevente de taquigrafia, que por acaso fora apresentado pela primeira vez nesta sessão por mim, e cujos antecedentes me são bem conhecidos. (No. 44.)

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Tendo assim entrado ostensivamente em comunicação, por um meio ou outro, com quem alegava ser um parente falecido, que eu de fato conhecera em seus últimos anos de cegueira, mas sobre cuja vida anterior nada sabia, fiz-lhe ver que, para que tio Robert tivesse conhecimento de sua presença, seria bom recordar alguns detalhes triviais de sua meninice, tudo o que eu relataria fielmente.

Ele apanhou bem a idéia e, durante várias sessões sucessivas, passou ostensivamente a instruir o Dr. Phinuit a mencionar diversas pequenas coisas que permitiriam a seu irmão reconhecê-lo.

Referências à sua cegueira, doença e vários fatos de sua vida foram comparativamente inúteis do meu ponto de vista; mas, detalhes sobre a meninice, há dois terços de séculos atrás, eram totalmente desconhecidos por mim. Meu pai era um dos membros mais jovens da família, e conheceu esses irmãos quando já homens.

“Tio Jerry” recordou episódios tais como nadar no riacho quando eram meninos, e correndo algum risco de afogamento; de matar um gato no campo dos Smiths; da posse de um pequeno rifle, e de uma pele comprida e esquisita, como de uma cobra, que pensava agora estar na posse de Tio Robert. (No. 44 e 46, especialmente pp. 503, 515, 516, 517.)

Todos estes fatos foram mais ou menos verificados. Mas interessante é que seu irmão gêmeo, de quem obtive o relógio, e com quem mantive assim uma espécie de comunicação, não se lembrava deles. Lembrou-se de algo como nadar no riacho, se bem que ele só fora lá para olhar. Tinha uma nítida impressão de ter tido a pele de cobra, e da caixa onde era guardada, mas não sabia mais onde estava. Mas negou completamente ter matado o gato, e não conseguia se lembrar do campo dos Smiths.

Sua memória, entretanto, está decididamente fraquejando, e teve a bondade de escrever a outro irmão, Frank, que vive na Cornuália, um velho capitão do mar, perguntando se ele não teria melhor lembrança de certos fatos—claro, sem explicar o motivo por que fazia essa pergunta. O resultado dessa correspondência indicou, de maneira triunfal, a existência do campo dos Smiths como um lugar perto de seu lar, onde eles brincavam, em Barking, Essex, e a morte de um gato por um outro irmão também foi relembrada; ao passo que sobre nadar num riacho, perto do canal do moinho, foram dados detalhes completos, tendo Frank e Jerry como os heróis da temerária aventura. (Ver notas no fim da primeira série, p. 526.)

Ainda não fui capaz de verificar alguns outros fatos dados. Talvez haja tantos não verificados quanto verificados. E algumas coisas parecem ser, até onde posso estabelecer, falsas. Uma pequena coisa eu pude verificar por mim mesmo, e isto é bom, já que é improvável que alguém possa ter tido qualquer recordação, ainda que tivesse qualquer conhecimento, disto. Phinuit me disse para tirar o relógio de seu estojo (era um modelo antiquado de relógio grande de

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bolso) e em seguida examiná-lo em boa luminosidade, e eu deveria ver entalhes perto da alça, os quais Jerry disse ter feito com sua faca. (p. 518).

Alguns fracos entalhes estão lá. Eu nunca estive com o relógio antes desse caso; sendo, de fato, cuidadoso eu mesmo em não colocar a mão nele, nem deixando mais ninguém encostar nele.

Eu nunca deixei a Sra. Piper, em seu estado de vigília, ver o relógio, até bem no fim da sessão, quando deixei-o propositalmente em minha escrivaninha enquanto ela saía do transe. Notou-o logo, com natural curiosidade, evidentemente conscientizando-se então de sua existência pela primeira vez.

Posso dizer aqui que o Dr. Phinuit tem um entusiástico “faro”—devo chamá-lo assim?—para bugigangas ou objetos pessoais de valor de todas as espécies. Reconheceu um anel que minha esposa usa como tendo sido dado “a ela por mim” por uma certa tia logo antes de sua morte (p. 516), cuja causa especificou claramente em outra hora. Indicou um medalhão que minha esposa às vezes usava, mas não ultimamente, que tinha pertencido a seu pai há 40 anos. (No. 36). Reconheceu o relógio de meu pai, perguntou pela corrente que pertencia a ele e não estava satisfeito devido à falta de algum acessório que não pude pensar na hora, mas do qual minha esposa lembrou-me depois, e Phinuit em outra sessão apreendeu, visto que um fecho geralmente era usado com ele e que pertencera a meu avô. (No. 50 e 79.)

Puxou o relógio de minha irmã para fora de seu bolso e disse que tinha pertencido a sua mãe, mas desconectou a corrente e disse que aquilo não pertencera, o que era bastante correto. (No. 83.) Mesmo pequenas coisas de bolso, tais como canivetes e saca-rolhas, ele também designou aos últimos proprietários; e uma vez ele inesperadamente segurou o braço da cadeira em que a Sra. Piper sentava-se, que nunca tinha sido mencionada a ele de qualquer maneira, e disse que tinha pertencido a minha Tia Anne. Era bastante verdadeiro: era um tipo de poltrona antiga bem simples que ela estimava e tinha sido reestofada para nós como um presente de casamento há 12 anos. Phinuit, a propósito, não pareceu compreender que era uma cadeira: perguntou o que era e disse que ele tomava-a como parte de um órgão. (No. 82, p. 548.)

Mas talvez o melhor exemplo de um objeto reconhecido foi um confiado a mim por um cavalheiro no estrangeiro, um amigo bem recente meu, com quem eu tinha ficado hospedado recentemente—uma corrente que tinha pertencido a seu pai. (O nome deste amigo eu oculto, caso ele não o deseje publicado).

O embrulho foi enviado a minha casa certa noite por um intermediário e, por sorte, acabei encontrando o mensageiro e o recebi diretamente. Na manhã seguinte passei-o ao Dr. Phinuit, dizendo apenas, em resposta ao fato de ele sentir alguma dificuldade, que não pertenceu a um parente. Ele disse que pertencera a um homem velho e tinha a influência do seu filho nele. Na sessão

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seguinte tentei a corrente outra vez, e ele logo informou o velho cavalheiro como estando presente, e reconhecendo a corrente, mas não me reconhecendo. Expliquei que seu filho tinha me confiado ela; em que Phinuit disse que a corrente pertencia agora a “George Wilson”, ausente por questões de saúde, um pastor, e muitos outros detalhes todos sabidos por mim, e todos corretos. Foi então dito que o velho cavalheiro estava disposto a escrever seu nome. Um nome escrito de forma invertida que Phinuit por vezes usa. Era legível depois num espelho como James Wilson. Eu era completamente ignorante a respeito do nome do pai (p. 538).

Expliquei ao velho cavalheiro—se alguém pode usar tal frase meramente por brevidade e de maneira tão acurada para expressar o estado de comportamento no qual alguém tem que se pôr nesta investigação para obter bons resultados—digo que eu expliquei ao velho cavalheiro que seu filho desejava ouvir notícias suas, e pedi que fosse suficientemente bom para provar sua identidade.

Depois do que, em intervalos, um número de fatos específicos, embora triviais, foram relatados. Eles freqüentemente foram admitidos serem triviais num meio apologético, não obstante servindo como boa evidência; de fato, melhor que outras [evidências] mais conspícuas.

Registrei-os tão bem quanto pude, sabendo absolutamente nada sobre a exatidão ou inexatidão da maioria deles. Tais fatos, como soube, eram corretos. Assim, tive boas esperanças de outro teste crucial.

Se tudo que eu sabia fosse declarado corretamente, e todas aquelas coisas que eu não sabia se revelassem incorretas ou falsas, eu forçosamente deveria ser impelido em direção de uma explicação direta de transferência de pensamento para toda a série.

Mas, por outro lado, se estas coisas que eu absolutamente nunca tinha ouvido nem tinha sonhado revelassem-se verdade, então algum passo a mais deveria ser tomado. (Nos. 78-83.)

Nesse estado continuei durante vários meses. Posto que remeti à África uma cópia da evidência, cuja resposta só recebi há três semanas. (p. 530).

A resposta é importante e distinta. Reconhece a exatidão daquelas coisas que eu sabia, e afirma a total inexatidão daquelas coisas das quais eu era ignorante. Pela maneira como essa série de fatos se mostrou, portanto, a hipótese de um meio de transferência direta de pensamentos para obter informação é imensamente fortalecida. Eu, de fato, mal posso resistir à conclusão de que a série de fatos pretensamente narrada pelo ancião Sr. Wilson não tem mais substância que um próprio sonho meu; que eu estava, por assim dizer, sonhando por procuração, e impondo a mim, pela boca da médium, um número de declarações que não é difícil de imaginar serem informadas a alguém num sonho. Confio deixar claro que eu não estava de modo algum em

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uma condição sonhadora ou sonolenta; mas ao passo que num sonho alguma parte automática do cérebro impõe a uma consciência uma coleção de fatos imaginários, então esta mesma parte automática do meu cérebro pode ter imposto ao Dr. Phinuit, levando-o a contar-me, no que era aparentemente boa fé, uma série de episódios imaginários: enganando-nos ambos em supor que fosse possível que tivessem uma base de verdade.5

O resultado do experimento está assim definido, embora seria uma indução bastante rápida tirar uma conclusão geral dele. Deve ser lembrado que obtive, no caso de meu tio, uma declaração de coisas bastante desconhecidas a mim.

A diferença, naturalmente, é que estes eram parentes; e embora alguns dos eventos tivessem ocorrido quase antes de meu pai nascer, ele ainda poderia ter ouvido alguma conversa sobre eles em sua juventude. É muito mais improvável que eu mesmo tivesse ouvido algo sobre eles alguma vez, por causa do intervalo e de outras circunstâncias, mas mesmo essa possibilidade dificilmente pode ser excluída no caso de acontecimentos que ocorreram numa família, mesmo em sua geração mais velha.

Eu só posso dizer que não tenho a mais leve recordação de alguma vez tê-los ouvido. Alguém vivo sabia deles, naturalmente, ou não poderiam ter sido verificados; mas eles não eram sabidos por ninguém presente. (Ver mais observações, p. 527; também índice, p. 649.)

Algo do mesmo tipo foi sugerido por uma experiência que meu amigo, Sr. Gonner, tinha organizado numa sessão anterior. (No. 39.) Tinha combinado com sua irmã em Londres de observar sua mãe numa certa hora, num certo dia, não contando a ela qualquer coisa sobre isso, mas ao mesmo tempo tentando persuadi-la a fazer algo extraordinário, por razões a serem depois explicadas. Depois descobrimos que a escolha do procedimento incomum seria dar voltas em torno de Regent’s Park numa charrete em tempo chuvoso. E isto é o que ela fazia durante o tempo que seu filho participava da sessão em Liverpool, com o Dr. Phinuit, que segurava um pequeno livro dela à cabeça da Sra. Piper. Ele, cuidadosamente, não tinha organizado nem tinha sugerido algo como um procedimento conveniente, mas teve um pressentimento que alguma ocorrência não muito chamativa provavelmente seria considerada suficiente. É impossível dizer que a idéia de uma possível excursão ao ar livre não pode ter estado latente na sua mente.

Éramos completamente ignorantes do que se sucedia em Londres, mas o Dr. Phinuit descreveu os arredores de uma velha senhora e as duas meninas que estavam com ela—descreveu-a a como sendo convencida a sair, embora ela não quisesse, e como claramente estava se preparando para sair, várias minúsculas ações, tais como a abertura

5 Pode ser valoroso mencionar que, embora “James” não fosse o nome do pai do Sr. Wilson (cujo nome

era George, o mesmo que o seu), era o nome do seu avô; e que algumas declarações de acontecimentos teriam um toque mais verdadeiro se pretendessem vir do avô.

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de uma caixa, a retirada de uma fotografia da penteadeira para olhar, e assim por diante, sendo mencionado corretamente. Mas aí ele parou. Não chegamos ao Regent’s Park, nem à charrete, apesar desta ser a etapa [que estava sendo] alcançada enquanto ele falava, mas [a] interrompeu logo quando a sessão começou; embora dissesse que estava descrevendo o momento presente. (p. 488). Mais experiências desta natureza são desejadas, e muito possivelmente foram feitas por outros. Eu não pretendo que esta experiência seja bastante satisfatória por si só, mas é notável até aonde vai, e o aspecto da transferência de pensamento disto é este:

Os acontecimentos não podiam ter sido obtidos de nossas mentes, pois nada sabíamos sobre eles. O livro estabeleceu, suporemos, uma conexão com a velha senhora, mas essa conexão deve ter sido muito unilateral, pois ela nada soube acerca de nossos processos; nem a sua companheira, a senhorita que a acompanhou. [Ver notas no fim da primeira série, p. 529.] Se experiências como esta podem lograr sucesso de fato, parece que somos levados a supor que a mente de uma pessoa inconsciente neutra pode ser lida a qualquer distância, mesmo que empenhada em outras coisas e pensando outros pensamentos, a conexão sendo estabelecida por algum elo, tal como uma jóia, uma carta antiga, ou uma mecha de cabelo, e às vezes nenhuma ligação sendo estabelecida absolutamente.

Algumas pessoas entusiasmadas estão indignadas conosco por não podermos adotar a hipótese que supõe que a transferência de pensamento pode ocorrer a partir das mesmas pessoas que estão ostensivamente falando e enviando mensagens. Esta hipótese é uma que se insinua constantemente; e os relatórios são necessariamente saturados com sua linguagem e atmosfera. É difícil, ocasionalmente, não ser impelido em direção a ela, tão nitidamente apresentada, e ainda assim eu mal saberia se é possível contemplá-la seriamente como uma explicação.

Pelo aspecto superficial óbvio, o cenário das comunicações, a hipótese espiritualista serve naturalmente; e já que parece o modo natural para a personalidade do transe expressar-se, é impossível conduzir uma série satisfatória de sessões, ou dar um relatório fiel delas, sem empregar a sua terminologia; mas se realmente ajuda em direção a uma explicação dos fenômenos, ou sequer é sujeita a exame e documentação científicos, não me sinto competente para expressar uma opinião.

É uma questão nebulosa incorporar à ciência o fato recentemente estabelecido de uma ação extraordinária ou aparentemente direta entre mente e mente, ambas possuindo cérebros; e um tipo desencarnado de ação parece ser ainda mais nebuloso.

Ainda que tal hipótese pudesse ser inteligentemente concebida, não entendo como ela poderia explicar todos os fatos. Não esses últimos relatados, por

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exemplo; nem a habilidade de Phinuit em reconhecer doenças e acontecimentos contemporâneos. A transferência de pensamento é melhor para alguns destes; mas eu dificilmente penso que sirva para todos. Isto é um ponto muito importante, e se eu for discuti-lo mais devo preferir fazê-lo depois de examinar o registro inteiro dos fatos e contemplá-los como um todo.

Se rejeitarmos a transferência de pensamento costumeira, parece que deveríamos ser levados a postular clarividência direta; supor que num transe uma pessoa é capaz de entrar numa região onde uma miscelânea de informação de todas as espécies está prontamente disponível; onde, por exemplo, tempo e espaço não existem; de modo que tudo que aconteceu, seja longe ou perto, seja há muito tempo ou recentemente, possa ser visto ou ouvido, e descrito. Cartas numa caixa, por exemplo (que, embora não lidas em meu caso, diz-se serem lidas às vezes), poderiam ser lidas nesta hipótese voltando-se no tempo antes delas terem sido postas; ou, se supomos possível ver o futuro também, antecipando o tempo quando forem recebidas. Uma quarta dimensão do espaço é sabida transpor dificuldades como estas, e um tempo onipresente é bem como uma quarta dimensão.

Então, novamente, fatos antigos, tais como os atos de menino relacionados a meu tio, devem ser supostos narrados não por ele nem por qualquer intervenção sua, mas pela Sra. Piper, um espectador direto do passado em seu estado de transe.

Não vejo meio de escapar de uma hipótese tão flexível como esta. Pode explicar toda e qualquer coisa; mas isto não seria como postular onisciência e considerá-la uma explicação? Tudo bem em chamar uma coisa de clarividência, mas a coisa assim chamada ainda precisa de explicação tanto quanto antes.

Indubitavelmente, a Sra. Piper, no estado de transe, tem acesso a algumas fontes anormais de informação, e está, num instante, ciente de fatos que aconteceram há muito tempo ou à distância; mas a pergunta é como ela se torna ciente deles. É indo contra o fluxo do tempo e testemunhando aquelas ações como ocorreram? Ou por informação recebida dos atores ainda existentes, eles próprios lembrando-se indistintamente e os relatando? Ou ainda, pela influência de mentes contemporâneas, e no momento alheias, mas detendo provisões de informação esquecidas nos seus cérebros e as oferecendo inconscientemente à percepção da pessoa em transe? Ou, finalmente, por voltar no tempo para uma Mente Universal da qual todas as consciências, passadas e presentes, são nada mais que porções? Não sei qual é a suposição menos extravagante.

Talvez alguma hipótese mais simples do que qualquer uma destas possa ser aventada, como já foi pelos psicólogos alemães, mas atualmente sinto como se fosse improvável que qualquer explicação se encaixasse em todos os fatos. É como se estivéssemos no começo do que é praticamente um ramo novo da ciência; e que querer moldar explicações,

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exceto na forma mais elástica e experimental, com a finalidade de encaixar os fatos e sugerir novos campos de experiência, é tão prematuro quanto teria sido para Galvani ter comentado a natureza da eletricidade, ou Copérnico as leis dos cometas e meteoros.

______________

RELATÓRIO DETALHADO DAS SESSÕES

Aqui segue uma menção de cada sessão que eu tive com a Sra. Piper, numerada a fim de se encaixar em ordem cronológica com as sessões supervisionadas por outras pessoas. Às vezes o relatório está claramente completo—às vezes muito abreviado. Seria tedioso citar tudo, e acredito que posso dar uma estimativa justa dos procedimentos.

Quando acontecer de as notas tomadas permitirem um relatório muito completo, tal relatório será dado uma ou duas vezes; mas entenda-se, espero, que isso é feito para aumentar a vividez do relatório, não significando, de forma alguma, que cada palavra dita é importante. Em um certo sentido, de fato, pode ser impossível para qualquer um dizer, nesta fase do inquérito, o que é realmente importante e o que não é. Tudo o que se pode fazer é conservar os registros originais para o propósito de testar tais teorias, como pode ocorrer num futuro próximo.

Quando os fracassos ou êxitos oferecem algo obviamente instrutivo, ou quando são ininteligíveis a estranhos sem a devida explicação, eu anexo uma nota a eles; em outras vezes, passo por eles com indicação meramente suficiente para mostrar se estão claramente corretos ou claramente incorretos.

Como já explicado, é conveniente chamar a Sra. Piper no estado de transe de “Dr. Phinuit,” porque é assim que ela se auto-denomina. Uma confusão pequena entre pronomes femininos e masculinos pode assim ocorrer, mas, no total, ajuda a expressão de fatos.

A primeira sessão de que tomei parte deu-se na casa do Sr. Myers, em Cambridge, sob as circunstâncias relacionadas acima (p. 444). É a de No. 16 na série completa.

Sessão No 16, em Cambridge, 30 de Novembro de 1889, 11h30min da manhã.

Oliver Lodge, segurando mãos. F.W.H.M. em outra parte da sala, do outro lado das cortinas, tomando notas.

Depois das preliminares: Tem algo a me perguntar? O. L. (Como instruído de antemão por F.W.H.M.); “Pode falar-me sobre meus

parentes?” Recebo a influência da sua mãe. É muito próxima a você, uma mãe boa para você. O. L. (Tolamente indicando o fato de estar morta): “Sim, ela era”. Ela se aproxima de você no mundo espiritual. Seu pai está desencarnado também.

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“Sim”. Também um tio, irmão de sua mãe, desencarnado. “Qual é seu nome?” Não recebo seu nome. Quem é Alfred? Ele está encarnado. “Sim”. Há um tio desencarnado, irmão da sua mãe. “Sim”. Conhece Margaret? “Não”. É a tia da sua esposa—o nome não é bem Margaret—M, A, R. Mary, esse é o nome. É

uma relação próxima de sua esposa. “Não a conheço”. Há um tio William parente da senhora cujo nome eu tentava receber. Está desencarnado.

A tia está encarnada. Tem uma irmã desencarnada que morreu há anos. “Muito possível. Não sei”. NOTA—este episódio de William e Mary encontra uma provável explicação mais

adiante. Há alguém chamada Ella. Quem se chamou Thomas? T, H, O, M. É avô—não, pai—de

sua esposa. [Este não é o caso]. Você teve um irmão que partiu há vários anos? “Sim”. Você não ouviu falar dele durante muito tempo? “Não”. Não por quatro ou cinco meses ao menos. “Mais do que isso”. Bem, ouvirá dele logo. Percebo sua influência bem longe, e ele pensa em você. “Pode dizer-me onde meu irmão está?” A, f … África. “Não”. A, m. Aus, Austra, o que você chama Austrália. “Bem, ele foi para a Austrália, mas não está lá agora.” Recebo sua influência da Austrália. “Que tipo de sujeito é ele?” Um tipo de sujeito despreocupado—que toma o mundo como é—querendo ver bastante

dele. Muito positivo, gosta de manter as próprias idéias. Não tão profundo no pensamento como você é, mas profundo no sentimento. Bem sentimental. Acaba de planejar enviar uma carta a você. Anote isto. Isto é algo que você não sabe.

“Bem, o farei”. [Isto sobre meu irmão é praticamente verdadeiro, exceto que atualmente está na

América, que eu saiba. Certamente não na Austrália, embora tivesse estado lá por vários anos; naturalmente eu não posso responder pela predição nem qualquer parte dela no momento. (Ver Nota 1 no fim da sessão; também p. 513.)]

Você tem um filho encarnado—um rapaz esperto—esperto, mas não muito forte—fraco—delicado. Se você cuidar bem dele, ele se tornará um homem bom; mas

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eu não posso ver seu corpo etéreo claramente—não claramente contínuo. Está doente—pegou uma terrível verminose—posso ver seu físico, e os vermes6 todos dentro dele.

“Deve ir ao colégio?” De modo algum. Devia mantê-lo em casa e cuidar dele, e lhe dar vermífugo. Você vai,

não vai? Os vermes são seu problema principal; consomem seu alimento, seu estômago fica repleto de muco; sente náusea; nenhuma ambição; bastante irritável.

[Tudo isto sobre meu menino mais velho é dolorosamente verdadeiro, exceto que isto esteja talvez um pouco exagerado. Tínhamos suspeitado de vermes antes, e percebido os sintomas externos corretamente descritos acima. Tomamos a questão em mãos seriamente, e depois de agir por alguns dias sob conselho médico, estabelecemos precisamente a verdade da declaração acima.]

“Pode dizer-me qual é a ocupação favorita dele?” [Perguntei isto porque ele exibe um notável e constante interesse por arquitetura,

gastando todo seu tempo livre, quando não está se sentindo doente e com dor de cabeça, em desenhar planos de casas e em leitura sobre edifícios. A resposta errou completamente o alvo].

Ocupação? Oh, tem interesse em coisas naturais; é musical. Há uma Alice, você conhece uma Alice? É uma menina, este não é seu nome—há duas

influências. Espere um pouco, há um bebê—um indivíduo pequeno, um menino. “Certo”. Depois um menino, uma menina, um menino, um menino—você tem um monte de

filhos! Um possui um sinal bem aqui (tocando a testa logo abaixo do cabelo), uma marca—

uma cicatriz pequena, também sobre o osso da bochecha sob a orelha (indicando com o dedo). Um tem algo estranho aqui (tocando a panturrilha).

“Sim”. [Algumas crianças têm marcas; uma tem uma marca de nascimento sob o cabelo, e uma

tem uma cicatriz permanente pequena no pescoço, sob a orelha, nenhuma delas conscientemente lembrada por mim na época; mas entre tantas não precisa haver nada além de coincidência. As declarações não são suficientemente precisas para serem evidência útil. À exceção de uma: a menina é realmente a mais jovem, mas eu dificilmente lembro de sua posição sem pensar].

Aquele com o problema na batata da perna é a mesma influência de antes—não é o que tem vermes, mas é a mesma influência, isso não é curioso?

“Sim, mas eu mesmo não sei qual é”. [Minha impressão era que um deles talvez tenha reumatismo na perna, pois sabia que

seus calcanhares tinham-no incomodado a andar, e nosso médico recentemente tinha diagnosticado reumatismo. É, ao que parece, meu menino mais velho. Talvez este fato, correndo vagamente em minha mente, pode explicar as vagas e insatisfatórias declarações acima. (Ver, no entanto, Nota 2, p. 469.)]

Você tem um George, J, O, R, G, E? “Não”. De quem Arthur é parente? Seu? “Não”. (Falando para F.W.H.M.) Ele é seu, não, Fred? “Sim”.

6 Admitindo-se que o Dr. Phinuit entendesse do que falava, é mais provável que ele se referisse à

Ascaridíase, causada pelo nematódio Ascaris lumbricoides; nela, os vermes adultos variam de 15 a 25 cm de comprimento, e podem chegar a centenas numa mesma infestação. (N. T.)

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É o quarto filho entre os bebês que tem o problema na panturrilha. É uma menina; não, fiquei confuso. Dir-lhe-ei diretamente. Há um menino, depois uma menina, um menino e então um quarto menino a partir do bebê, que tem problema na perna direita. Esse é ele, é um menino.

“Sim”. [Aquele o qual eu tinha vagamente em minha mente era de fato o quarto, mas não havia

nada realmente errado quando voltei. Seus calcanhares ainda o incomodam na época, reumático, aparentemente. (Ver Nota 2 no fim)].

Há outra que é uma menina. Você chama um Charles. “Não”. É escrito com C. “Possuo um irmão Charles; mas esqueça as crianças, elas são muitas, e eu mesmo me

confundo com elas frequentemente”. Ah, ha, bem, você não precisa saber por mim então. “Não. Conte-me sobre outras relações, minha mãe, por exemplo”. Recebo a influência da sua mãe, mas não clara ainda. Quem é Elizabeth? Você tem

muitos parentes. “Isso é verdadeiro”. Você conhece Tio William? “Não”. Eu gosto de tal influência—uma agradável influência—séria—um tanto deprimida. “Não, eu não sei a quem você se refere”. Este “Tio William” foi mencionado antes (vide acima) e não compreendi, e ao único

Tio William de minha esposa a descrição então fornecida não se aplica de jeito algum. Mas, ao mencionar isso a ela, ela reconheceu a Tia Mary e o Tio William como sua mãe e padrasto—o último tendo adotado-a na infância e tornando-se muito afetuoso para com ela e suas crianças; e a ele a descrição se aplica exatamente: exceto, é claro, o parentesco erroneamente mencionado. (Phinuit corrigiu isso ele próprio numa sessão posterior, pp. 474, 495, e subsequentemente deu seu nome completo, p. 504.) Logo a seguir, o mais notável e impressionante elemento de toda a sessão; sem o qual, de fato, teria sido vaga e insatisfatória—aparentando muita adivinhação e pouca precisão; mas agora a narrativa tornou-se mais sincera, energética e contínua.

Anne—A, N, N. Esta é sua melhor influência. Se você tivesse tido essa influência toda sua vida, você teria sido melhor, pense nisso. Esta não é a mãe, mas uma das melhores influências que já lhe atingiram—como uma irmã. De todas as influências em sua vida eu gosto mais dela. É mais próxima a mim que qualquer outro espírito—mais cara a você que qualquer outro. Está desencarnada. Você tem ou teve uma carta dela, mas todas se foram.

Ela olhará por você; a influência dela sempre estará com você. Ela sempre virá a você quando você estiver apreendendo a verdade; quando estiver sendo enganado, ela não estará lá. Você a conheceu há muito tempo. Envia muito amor. Ela cuidava de você. Se você estava com problemas, isso lhe causava dor. Ela cuidou de você de certa maneira. Tia Anne—do lado da sua mãe—uma irmã da sua mãe—eles sempre a chamaram de Tia Anne. Sua mãe morreu, e então ela assumiu a responsabilidade sobre você. Você tem uma pequena e velha foto dela, num cartão pequeno?”

“Sim.”

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[A probabilidade da existência de algum retrato é, naturalmente, grande, mas talvez seja de valor anotar que um par de fotografias velhas do tamanho de um cartão de visitas são tudo o que tenho dela].

Se você olhasse esse retrato, e percebesse sua presença, ela o saberia. Está aqui agora. “Meu rapaz, estou com você. Eu sou a Tia Anne. Tentei ajudá-lo. Tive poucos meios (Uma conversa distinta, embora rápida—rápida demais para registrar; tudo fornecido de maneira impressionante.), ambiente pobre; mas fiz tudo que podia. Teria feito mais se pudesse. Peguei o bebê”.

“Que bebê?” Eu não sei, é um dos seus—menina—uma coisa pequena; não, espera um pouco, isso

está errado—a menina está encarnada; é um menininho desencarnado de quem ela toma conta. Há dois, um menino particularmente. Eu não vejo o outro muito. Este é um menino desencarnado, ela o tem. Diz, “Deus o mantenha como está”. Esse espírito faz-me sentir fraco, faz incomodar a garganta e o peito (passando a mão por todo o seu peito e o meu), problema nos brônquios, um pouco asmático,—pneumonia, um pouco rouca quando ela fala comigo—pigarreando. Um problema aqui (passando a mão pelo seu peito e estômago), um problema no estômago, e por fim morreu com essa doença, inflamação. O cabelo era liso, posto para trás e lá amarrado—não encrespado, liso. Muito elegante em seu vestido, uma expressão firme ao redor da boca. Sua mãe morreu primeiro. Eu não posso contar-lhe sobre sua mãe agora.

[Tudo isto sobre minha tia é praticamente verdadeiro como colocado, exceto que a causa imediata de sua morte foi uma operação para câncer no seio. A natureza da dor foi indicada a mim mais claramente pelos apertos e indicações das mãos do Dr. Phinuit no corpo da Sra. Piper que por suas palavras. As mensagens de minha tia foram entregues muito na sua própria maneira séria, e se encaixam bem às minhas noções dela. (Ver também página seguinte). Quanto às porções não verificáveis: é verdadeiro que perdi duas crianças, um menino logo depois do nascimento, o outro nasceu morto, e afirmado na época de ter sido menino, mas um tanto negligentemente]. [Nota adicional acrescentada

em julho, 1890—A seguir extratos da agenda do nosso médico: “Sra. L., Ab. 1, 1882. Masculino, natimorto; provavelmente morto há dez dias”. “31 de Outubro, 1884. Criança masculina; morreu uma hora após o nascimento”.]

Eu o contarei sobre sua mãe e pai na próxima vez. Predições então se seguiram, para dois e cinco anos adiante, que são desnecessárias

imprimir. Também uma declaração concernente a uma queixa e uma dor sob a escápula atribuída a minha esposa, ambas com clara exatidão, mas a última com relação ao passado em vez do presente.

Começo a sentir-me fraco. Devo ir. Myers! Myers! (E gradualmente a Sra. Piper volta a si).

OLIVER J. LODGE.

Notas adicionais sobre a Sessão No. 16, escritas em Maio de 1890.

(1) Eu não recebi nenhuma carta de meu irmão na América. Uma carta veio de outro irmão. (2) O menino citado como tendo problemas na batata da perna pode tê-los tido latentes, pois ele agora queixa-se de bastante dor nela e anda muito pouco. Estava nos seus calcanhares, mas está agora na sua panturrilha esquerda. Devo apenas dizer que isso não é um caso de propter hoc; a ele não foi contado nada sobre isto, e somente ao editar as notas antigas é que percebi a coincidência.

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Depois de um intervalo, a série de sessões de Liverpool começou; a primeira é a de No. 36 na série completa. Entre uma boa parte de pouco valor evidencial ou vaga, há alguns trechos chamativos de lucidez, e julgo mais justo não cortar o relatório da sessão, porque isso seria selecionar demais as melhores partes. A Sra. Piper chegou a minha casa na noite de quarta-feira antes do Natal. No dia seguinte, ao meio-dia, minha esposa e eu sentamo-nos com ela. Sendo feriado, dediquei todo o meu tempo a ela e conheci todas as suas rotinas.

Sessão No. 36. Primeira daquelas em Liverpool. Quinta-feira, 19 de Dezembro, meio-dia.

Presentes: O. e M. Lodge. O. L. segurando as mãos. M. L. sentando a distância, em

silêncio, pronta para tomar notas. Ha, eu conheço-o. Você não vê que sei quem você é? Onde está Myers? “Está ausente.” Mande minhas considerações. De onde você é? “Bem, você sabe isso, eu espero.” Sim, eu sei. Você é o homem a quem acontecerão (as coisas preditas antes). Você tem o rapazinho com algum problema na perna. Lembro-me de tudo sobre isso,

sabe? Quem é aquela influência ali? “Pode me contar quem é?” (Sondando o ar com a mão) É... você sabe, sua senhora de que lhe falei ... é ela … é

Marie. “Sim, bastante correto.” Vejo o pai e a mãe dela, também, e Tio Joseph. Tio Joe, este é seu apelido; e Gordon.

Você conhece Gordon? “Não.” É amigo do pai dela. Tio William é ligado com Mary, também. [O apelido do pai dela era “Jack”, não Joe. Não pude descobrir se ele teve um amigo

chamado Gordon. Um amigo seu em particular era Geo. Broughton.] Tia Anne está aqui. É a sua Tia Anne. Ela está tão feliz de poder falar com você. “Terra

boa.” [Isto foi dito numa voz estranhamente como a dela, mas como se falasse com grande dificuldade.] Muito feliz e contente. Eu não estou morta, meu filho, eu vivo. Posso vê-lo; vejo as lutas pelas quais você tem passado. Tentei ajudá-lo freqüentemente. Você acredita nela? Fale com ela. [Ver também pp. 468, 514, 516, 536, etc.]

“Você está fazendo o que esperava estar fazendo?” (Palavras confusas, e então) Dando atenção às crianças, cuidando delas: como eu

esperava. [Nenhum significado nisto. A resposta a minha pergunta poderia ter tido um

significado.] Você me conhece. Você percebe onde estou e o quanto mais você... Houve uma

mudança em seu ambiente desde então... e ainda cresço em espírito, assim como você cresce no corpo.

Dr. P.: Marie, venha aqui; diga-lhe para vir aqui. [Minha esposa veio e por um tempo curto as notas foram interrompidas, até eu poder

liberar minha mão direita, e assim ficaram imperfeitas. Registro o conteúdo de cor a seguir. Escrito no mesmo dia.]

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Você não está bem, não tanto quanto poderia estar, mas esqueça, não se preocupe, você vai ficar bem, e seu menino também. Não vá ficar aflita, deixem-no só. Eu lhes disse antes qual era problema, não? Ele está numa situação incerta, não muito segura. Eu lhes disse o que fazer com ele.

“Sim, nós o fizemos”. Vocês foram sábios, ele está melhor. [O rapaz estava fora, em Staffordshire, mas o Dr. Phinuit não apreendeu este fato

naquele instante. A Sra. Piper sabia. Ela não o tinha visto; e não o viu.] E aquela mocinha também está bem. [Evidentemente se referindo a nossa única

menina]. Mary, há duas Mary. Mãe e filha. A mãe está encarnada [correto]; duas Mary. Você é

como sua mãe e Violet. Você está no meio do caminho entre sua mãe e Violet. [Violet é o nome da filha dela]. Mas você é parecida mesmo com seu pai.

M. L.: “Fale-me sobre meu pai”. Sim, bem, eu o farei; ele pensava muito em você; era um bom sujeito; ele não ficou

encarnado por muito tempo, esse foi o problema—um companheiro bom, aberto, generoso. Eu posso ouvi-lo com muita dificuldade, ele está tão fraco; faz tanto tempo. Diz que você tem algo dele, onde está? (Passando a mão na garganta dela); diz que se você tivesse isso, ajudá-lo-ia, e fá-lo-ia mais forte. Tem grande dificuldade em voltar. É um pequeno ornamento com o cabelo dele—um pouco de cabelo—um pouco de cabelo de criança—um pouquinho do seu próprio cabelo também. Traga-o.

Ela foi ao andar superior buscar um medalhão velho, com um ornamento capilar dentro—o cabelo de ninguém em particular. [Ver nota abaixo]. Enquanto ela estava longe, ele dirigiu-se a mim:—

Ele morreu há tanto tempo; ela era só uma coisinha—[ela tinha duas semanas de vida quando ele morreu]—o que torna muito difícil para ele percebê-la. É igualmente difícil para eles falarem a você como você para falar a eles. (Medalhão trazido e sentido pelo Dr. P.) Sim, isto o ajudará; não me apresse. Ele logo voltará mais forte, e receberei uma longa mensagem dele. (Aqui recomeçam as anotações improvisadas.)

Tio Robert: é seu (a O). “Sim.” Ah, ele é um homem bom, um tipo bom de sujeito. Do lado do seu pai. Estranho, por

que ele não está do lado da sua mãe? Ela era tão boa. Ele muito fez o bem na sua vida, e faria mais; mas com Dick, Tom e Harry contra ele, de que adiantaria hoje em dia? [tipo bastante característico de fala.] Tia Anne conhece-o bem.

Um momento. (A M.) Riley; não, esse não é o nome—Lumley—Lindon. Não, não posso captar ainda.

(A O.) Então Henry; conhece Henry? (A M.) George, J. G., um primo; isso é influência da sua esposa. Um primo morreu na

água. Esse primo casou, e morreu no mar, no mar aberto. Voz pouca distinta. Obterei o nome diretamente—apenas um fraco sussurro.

Isto parece uma confusão total. Suponho que ele, então, pescava pelo nome que vem a seguir; mas não pescava com nossa ajuda

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ciente, pois não adivinhamos o que viria a seguir. Quando o nome veio, o fez de maneira rápida e vívida.

Alex—é isso. Essa é a influência da qual tenho lhe falado e tentado receber. Essa é a influência deste medalhão. Alex—ander; Alexander—este é seu nome. Este medalhão pertenceu a ele, e ele o deu a sua mãe, e você o recebeu dela.

[O nome do pai da minha esposa era Alexander; ele era intimamente chamado Alex]. “Sim, isso é correto”. Ele tinha uma doença e morreu com ela. Tinha algo errado com o coração. Sua voz está

muito fraca; ele tenta falar e sua respiração é ofegante. Tentou falar com Mary, sua esposa, e estendeu-lhe sua mão, mas não a pôde alcançar e caiu, e morreu. Essa é a última coisa de que ele se lembra neste corpo mortal, e quando ele se imagina aqui de volta, sente a dor voltar também. Tinham-lhe dado algum líquido algumas horas antes, que não lhe fez muito bem. Ele se lembra disso; foi a última coisa que ele tomou.

NOTA.—a morte de seu pai foi como se segue (relatada por sua mãe): Sua saúde tinha sido abalada por uma viagem tropical e febre amarela, e o seu coração

estava fraco, (por exemplo, não conseguia contratar seguro de vida). Pouco depois do casamento, ele foi no que se pretendia ser uma última viagem, e retornou só três meses antes da sua esposa ser confinada7 para dar a luz. Treze dias depois do confinamento—que fora muito severo e cujo desgaste o fizera até desmaiar—entrou no quarto de sua esposa parcialmente vestido e segurando um lenço à sua boca, cheio de sangue. Estendeu sua mão a ela, removeu o lenço, e tentou falar, mas só arfou e caiu no chão. Logo estava morto.

Concernente ao “líquido”, não pude achar qualquer recordação, mas ele fora assistido por um médico e tomava remédio na época.

Quanto ao próximo episódio, ele tinha quebrado sua perna, certa vez, ao cair no porão de seu navio, e por vezes, quando o tempo mudava, isso lhe costumava causar dor. Era a perna direita, e embora a impressão de minha esposa era que o local especificado estava incorreto—que na realidade seria acima do joelho—ao perguntarmos a sua mãe, descobrimos que o lugar indicado abaixo estava perfeitamente correto. [Ver também p. 493.]

Ele sente uma dor na sua perna direita também, algo lhe tinha acontecido (esfregando a perna), algo de uma queda aqui (sob o joelho). Causava-lhe dor às vezes—tinha de escorá-la. [Vide logo acima].

Este medalhão ajuda-o a se lembrar; você não o teve a princípio, a outra Mary sim. (Ofegando). “Alex, amor a Mary, sua esposa”. Ele me faz sentir fraco.

Isso faz emergir memórias antigas e a traz para perto dele outra vez. Espere um pouco (ainda agarrando o medalhão), ele poderá lembrar-se do lugar exato onde ele conseguiu isto. (Pausa).

Há um pouco do cabelo de alguém ligado a ele; ele não tem certeza sobre o cabelo. Eu não quero parecer inquiridor, mas isto foi posto dentro depois que você o ganhou?

“Não, acho que não”. Bem, ele está misturado no cabelo, está confuso demais para ver. A esposa dele está

7 Em inglês: to be confined. Refere-se ao período em que a mulher permanecia acamada antes, durante e

após o parto. Muito usado em épocas em que não se sabia dos benefícios da mobilização precoce. (N. T.)

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encarnada; era uma boa esposa. Problema com os dentes quando vivia com ela—problema com os dentes. [Ver nota.]

Oh, ele tem botões engraçados, grandes, brilhantes. Ele usa estes botões e coisas nos seus ombros, um tipo de uniforme. Ele voltou e trocou seu traje desde que estivera aqui antes. Um uniforme. Foi comandante, oficial, líder; não militar, mas comandante; foi por isto que recebeu este medalhão e o cabelo.

Costumava sair bastante, viajar, ele recebeu isto (o medalhão) em uma das suas viagens. Conseguira-o no norte. Foi à Escócia uma vez.

NOTA.—O medalhão foi ganho em uma das suas viagens, mas ninguém sabe onde; nem é importante. É correto dizer que é um medalhão que contêm cabelo, mas não no sentido habitual; contêm um pequeno quadro—uma paisagem—belamente trabalhado em cabelo (presumivelmente humano), mas de ninguém em particular. Parece mais com sépia do que com cabelo. O “problema com dentes”, que a mim soou vago, revelou-se correto, pois sua curta vida casada foi consideravelmente perturbada por dor de dentes; ia ao dentista com ela e muito lamentava por sua dor. Houve vários episódios sobre dentes, e uma vez houve uma administração de clorofórmio que se provou quase fatal, de modo que nunca mais lhe foi administrado clorofórmio para qualquer coisa desde então. (A mãe da minha esposa vive em Staffordshire, e esteve em Staffordshire durante todo o período das sessões; nada sabia sobre elas na época. Minha esposa, no entanto, lembra-se de ouvir falar sobre a dor de dentes). O episódio sobre mudar suas roupas é suficientemente anedótico; mas ele teve um casaco com botões de latão, e levou à percepção praticamente correta da sua profissão (capitão da marinha mercante) e, um pouco após, “Phinuit” apresenta, inesperadamente, a palavra “Capitão” com relação a ele, mas, de uma forma curiosa e meio confusa, aplica-a a mim. Esse apelido que Phinuit me deu continuou comigo até o fim, apesar de bem inadequado.

Sua mãe recebeu um bom retrato feito há muito tempo atrás, antiquado, mas nada mal dele. Sim, bastante bom. Ele parece daquele jeito agora. Parece mais jovem do que era. É bem assim.

[É uma pintura amadora feita por alguém a bordo de seu navio. Terrível como quadro, mas a semelhança foi captada. É mantido numa fronha num armário trancado. Ninguém em casa o tinha visto exceto minha esposa e eu, e eu havia esquecido sua existência, mesmo depois de ser mencionado.]

M.: “Pode contar-me sobre meu outro pai? “Oh, não se preocupe com ele; eh, Capitão! Um homem bom, honrado e respeitado, mas

com idéias infelizes. Um homem metódico, irritadiço. Mas você gosta dele, ele era bom para você.

“Sim.” (Aqui, minha esposa retorna para onde estava e passa a tomar as notas.) Agora, Capitão, o que eu posso fazer para você? “Conta-me sobre esta carta” (passando-o uma carta selada escolhida aleatoriamente por

minha esposa de um pacote de 12 envelopes selados que eu tinha organizado na noite anterior. O conteúdo de muitos eu sabia, e sabia algo sobre todas, mas eu então não sabia qual era qual. Phinuit coloca-a à sua cabeça).

Bem, tentarei, mas eu queria que você tivesse me dado isto antes, quando eu estava mais forte. Esta carta tem uma influência de um cavalheiro nela. Sabe sobre isto?

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“Não.” Você quer saber para seu próprio interesse? “Sim.” Você não leu? “Posso tê-la lido, mas não sei agora.” Bem, há um espírito nela, e um cavalheiro encarnado e uma senhora; é um

compromisso sobre uma reunião, fazendo perguntas, linha de trabalho; parece-se com a influência de Myers—não posso ver claramente agora. Dê-ma na próxima vez, e não olhe nesse meio tempo.

“Tudo bem.”[Eu não a dei outra vez. Olhei-a depois. Declaração indefinida, não exatamente errada.]

Qual de seus tios teve uma queda, transtornado? Causou grande angústia entre estes amigos, e acabou morrendo? Você não se lembra muito de sua mãe?

“Sim, me lembro.” Bem, morreu há algum tempo, 15 anos. “Não há tanto tempo.” Muito perto de 15 anos, se você pensar; seu espírito avançou de uma boa maneira. [Ela morreu em 1879.] “Tem alguma mensagem dela?” Bem, veja, é difícil. Não que ela não esteja perto de você; ela está perto de você, mas

quando me aproximo, um estranho, ela não me diz nada. [Bem característico]. Ela morreu antes de Tia Anne. [Correto.] Quem é Sarah? Eles chamam alguém de Sarah—uma tia por casamento. E Harriet. Senhorita White—não, Sra. White; ela é ligada com o pai dessa senhora. Ela manda lembranças.

[Sra. White era irmã dele, e está morta. Não sabemos nada sobre “Sarah” ou “Harriet.”] O. L.: “Conta-me sobre Tio William que você mencionou na última vez” [pp. 466, 468,

e 470]. É parente dessa senhora e da sua mãe. É o pai dela, também. M.: “Conta-me sobre ele.” Nunca vi um espírito tão feliz e contente. Foi deprimido em vida—teve melancolia

como o velho Harry, mas está bastante contente agora. Aqui está com aspecto pra lá de melhor. Ele teve problemas aqui (apalpando-se na parte mais baixa do abdome e, em seguida, em mim sobre a bexiga). Problemas aí, nos intestinos ou algo do tipo. Sinto dor em toda essa área. Ele teve dor de cabeça, um olho direito estranho (tocou o olho direito). Dor aqui embaixo também (abdome outra vez), obstrução da urina; teve uma operação, e depois disso piorou, mais inflamação, e com isso morreu. Ele não foi feliz em vida. Teve náusea e era incompreendido. Tinha idéias que ele não expressou. É um tremendo azar para um homem ser mal-compreendido. (Ficando fraco e divagando, logo depois partiu.)

[O padrasto a quem isso refere tinha ataques severos de depressão, mais que a costumeira melancolia. Seu olho direito era caído. Teve pedras na bexiga, grande problema com urina, e foi operado bem no fim por Sir Henry Thompson. Era um homem religioso e muito silencioso. Ver também p. 504.]

_________________

Na próxima sessão o Diretor Rendall chegou sutilmente, e foi escondido por mim no escritório enquanto a Sra. Piper estava no andar superior, eu pretendendo

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trazê-lo depois que o transe tivesse se instalado. Mas quando ela desceu para a sessão, inferiu que alguém estava presente, então o apresentei como Sr. Roberts e a sessão começou imediatamente: o Diretor Rendall sentou-se a princípio a uma distância pequena de nós. Aqui seguem as notas completas. Deve ser declarado, com referência à descrição precisa de minha mãe e ao padrasto da minha esposa, que Sra. Piper tinha visto fotografias de ambos a noite anterior.

Sessão No. 37. 20 de Dezembro de 1889. 11h—12h30min.

Presentes: G. H. Kendall (introduzido como Roberts), O. Lodge e Mrs. Lodge. (As notas são literais, compiladas de versões duplas registradas pelos presentes, e com as mãos livres. Narradas com anotações reunidas por Kendall).

Lodge segurando mãos. Hum! (Passando a mão na cabeça) Meu Deus! Conheço você. Já o tinha visto antes. Eu

ia falar com sua mãe; uma senhora bem vigorosa, sua mãe; cabelo partido no meio, sabe? Olhos escuros, cabelo bem dividido no meio; uma aparência de senhora importante; muito bonita; gosta muito de você; quer te mandar um beijo; alegre em saber de você; quer chegar a você. [Correto, mas vide acima]. Conte a Charley...

O. L.: “Quer dizer que o filho dela tem esse nome?” Sim. Diga que ele tem sido um pouco infeliz, mas se sairá bem se continuar tentando.

Ela envia isto como uma mensagem, porque ela pode falar a você, mas não a ele. [Mensagem inteligível].

Como está Mary? Deus a abençoe. Mande-lhe um beijo meu. Também a Robert; Tio Robert, você sabe, aquele é o Robert. (Esperando um minuto). Também Olive. Esqueci-me desse nome. Sim, Oliver, O—L—I—V—E—R, dois Olivers, pai e filho; dois, e ao mesmo tempo. Foi há dois anos, antes de sua mãe.... você estava doente, você sabe.

O. L.: “Doente com o quê? Eu não me lembro”. Como? Doente com sarampo. [O. L. teve um ataque sério em 1872 ou 1873. O nome do seu pai era também Oliver]. O. L.: “Oh sim, sarampo”. Você está bem agora? Ela quer saber. O. L.: “Sim, bastante bem”. Nenhum dano a sua saúde? Nada em seu organismo? O. L.: “Não”. Bem, três vivas por isso. Então ela falou sobre você. Feliz por ter notícias suas... Ora,

tem mais alguém. Há algum outro espírito aqui. (Tateando, mas acalmado pela mão da Sra. L. , que foi acenada para se aproximar). Você sabe. . . ? Entre eles há Thomson, um cavalheiro velho (e diz) “Cuide bem de Ted”; quem diabos é esse eu não sei; alguém encarnado. Manda lembranças a seu filho, que não deve fazer a viagem; será ruim para ele se a fizer.

[O. L. entendeu isto talvez se referindo a seu vizinho Thompson, que tem um filho Ted, e esta explicação foi confirmada mais tarde. (Sessão No. 45, p. 508.) O episódio da viagem não é especialmente inteligível].

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(Tateando). Há cavalheiro ou senhora aqui que tem uma tia desencarnada, com água, sabe? Dropsical alguma coisa. A tia, mãe, ou irmã. [Ininteligível]. Há outra pessoa aqui. Mary, você está aqui? Bem, que o céu lhe abençoe, então. Dois pais que você teve. Que bom ter dois pais. Um pai com um monte de cabelo branco e barba. A barba—nenhum bigode (passando a mão pelo rosto redondo)—barba ao longo das bochechas. [O padrasto de M. L. tinha um cabelo branco especialmente notável, costeletas, e barba, como descritos; mas vide observação na p. 475.]

O. L.: “Bigodes?” Não, nenhum bigode, ao contrário de você e eu. O. L.: “Você tem bigodes, doutor?” Sim, tenho bigodes como esse (passando a mão no bigode de O. L.). Você não vê? O. L.: “Não”. Mary, querida, você é afortunada por ter dois pais. Dois deles, William e Alec. Dois

pais aqui. William contou-me que ele sofreu muita dor; essa é a razão pela qual ele era tão deprimido em vida. Ficou alegre de livrar-se do corpo material e adquirir o espiritual. Alec—fez uma viagem longa sobre a água, e obteve aquilo (o medalhão) naquela época; ele teve a dor. (Esfregando sobre perna direita). Achou aquilo em uma das suas viagens. Há o cabelo de uma criança pequena, e o de uma senhora nele. Você soube da queda do seu comandante na água?8 [o padrasto e pai aqui são corretamente distinguidos e nomeados.]

“Não.” O quê? Não soube ainda? Apreenda as coisas conforme se segue; como digo; e não

devagar demais em relação a isso. Conhece o Sr. Clifford? O. L.: “Se conheço Sr. Clifford? Quem?” Está encarnado; o pai está desencarnado. Quer enviar lembranças a ele. Diz que ele o

conhece muito bem.9 [Isto foi ininteligível.] (Aqui a médium sonda o ar investigando com sua mão esquerda livre). Há outra

influência aqui. O que diabos você está fazendo? (Aceitando o convite, G. H. R. tomou a mão deixada por O. L.) Ha! Bem, não me oponho a você. Como você está agora?

R.: “Bem, doutor.” O seu coração está bem? (A médium aqui passou a mão sobre o peito, gradualmente

trazendo mão para baixo na direção do estômago.) O coração todo sadio, e estômago—estômago tudo bem —mas isso não é o bastante, está incomodando um pouco, não é? [Correto.] Você viverá muito ainda. Você tem muito o que fazer. O tipo de sujeito azarado. Vejo-o com seus livros e papéis—vários livros o cercam. Muita coisa na sua cabeça. Você vive pensando, não? Você é um sujeito bom afinal de contas. Eu não me oponho a você, você se opõe, Capitão? (Referindo-se a O. L. )—Um camarada bom.

R.: “Já nos encontramos antes?” Não, eu nunca vi você antes. R.: “Temos quaisquer amigos em comum? “Macacos me mordam! Não! Como poderíamos? R.: “Pensei que eu poderia ter tido amigos que você conheceu?” Bem, temos. Não seja tão apressado, você não nasceu ontem. Quem é Nugiram? Como

você pronuncia isto? Nugery? R.: “Não entendo.”

8 Em inglês: “Did you find out about your governor falling into the water?”—“governor” é uma gíria

inglesa que se refere a uma figura que tenha certa ascendência sobre nós. Tal como aqui, chamamos a esposa de “patroa”. “Governor”, em geral, se refere à figura paterna e que no caso seria o padrasto ou o pai. (N. T.)

9 Em inglês: “He wants to send his love to him. Says he knows him very well.” De fato, é impossível saber a quem se refere. (N. T.)

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Você é um tipo bastante bom de camarada, afinal de contas. Como está seu irmão? Eu conheço seus irmãos.

R.: “Sim; bem, qual?” Um, dois, três, quatro—quatro irmãos, isso é tudo. R.: “Além de mim?” [Uma pergunta crucial. De fato, eu tenho três irmãos vivos, e um

morto]. Sim, quatro no total; com você, cinco ao todo. [Correto]. R.: “Alguma irmã?” (A médium não pareceu tomar qualquer conhecimento desta interrogação, pois

continuou). Um, dois, três, quatro—isto está certo, não está? Sim, sim, sei disso—não incluindo

você. Há quatro que devem ser mencionados. Um é um sujeito extremamente errático. [Correto]. [Não consegue manter a calma]. Quer viajar pelo mundo. Porém ele vai se dar bem—vencerá na vida. Há pouco ocorreu um acidente com um de seus irmãos—ele machucou a cabeça. E um dos seus dedos—bastante mal.

R.: “Está tudo bem com a cabeça dele?” Sim, ele está bem. R.: “Que dedo que ele machucou?” Foi seu dedo indicador. (Aqui, a médium tateou e segurou o segundo dedo da mão esquerda livre.) R.: “Que mão?” Foi a sua mão direita—aqui. A médium tomou o dedo indicador da mão direita, em lugar da esquerda, e indicou o

ferimento perto da junta superior10, sobre o lado (se bem me lembro) afastado do polegar. [Não verificado, e fora de meu conhecimento atualmente. Irmão fora de alcance, na América].

R.: “Como ele é?” Como? É George. (Ver nota). Julgo que está ainda muito dolorido. Foi ferido, mas está

sarando. Talvez você não acredite nisso, mas é verdade. R.: “Confiarei em sua palavra”. Tem um problema de tosse—aqui, na garganta. Ele tem um temperamento instável, mas

terá êxito em alguma coisa, vencerá na vida. Vejo três crianças. Ele se foi. Como está Alfred? Alfred.

R.: “Quem é Alfred?” Alfred—aquele ligado a você. A—L—F—R—E—D. Alfred. Um irmão Alfred. R.: “Meu irmão?” Você não o conhece? Não seu irmão. Há um tio e um primo: também com esse nome.

Vocês cavalheiros devem resolver-se. Recebi misturado. É você, Capitão. Vocês ambos possuem Alfreds. Você possui Alfred, um primo. (Correto para G. H. R.) Você tem um irmão Alfred. (Correto para O. J. L.)

O. L.: “Tudo bem, doutor”. Você é de fato um bom sujeito. Você escreve bastante. Gasta muito tempo escrevendo,

e eu vejo seus livros. Vejo sua escrivaninha, e livros por todo a parte, e todo o aparato. Você é um homem inteligente, de qualquer maneira. Há outro irmão, William. (Falso de G. H. R.) Will. W—I—L—L. Está comigo. Ele era jovem; morreu jovem. Manda lembranças a você. Este não é seu William.

10 Articulação interfalangeana distal. (N. T.)

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Neste momento, minha mão direita estando acoplada com a mão da médium, usei, um tanto desajeitado, minha [mão] esquerda para tirar, do bolso direito de minha calça, um pequeno medalhão que tinha trazido. O medalhão continha uma cabeça em miniatura, coberta por um feixe de cabelos, de uma prima [não-consangüínea] de primeiro grau, chamada Agnes, que morreu de uma doença devastadora11 em 1869, e com quem dos dez aos dezoito tive uma cálida amizade de primos. A intimidade foi familiar e espontânea, mas nunca romântica.

O que você está pegando aí? R.: “É uma lembrança que eu trouxe comigo. Pensei que você talvez fosse capaz de

contar-me sobre isto. Devo dá-lo a você?” A mão livre da médium foi oferecida, e coloquei nela o medalhão—a frente de ônix,

com as costas de ouro. Por todo o diálogo permaneceu na mão da médium, que de quando em quando o mexia ou sentia. O medalhão tinha um monograma de três letras gravadas nas costas, mas num desenho complicado, bastante impossível, penso, de decifrar pelo toque do dedo. Certamente não foi lido por olho, e o medalhão permaneceu fechado do início ao fim.

Esta é uma velha amiga—uma senhora chamada Alice ligada com isso. Al-lice. Pronunciou Al-leese, com uma pausa, dobrou o L ao invés de isolá-lo, mas explicitou

A—L—I—C—E. R.: “Você não captou o nome muito bem. O que ela tinha comigo? “Você o teve há muito tempo. E eu quero resolver isto. É uma dama ligada com isto.

(Duas ou três leves tosses femininas foram dadas.) É da tosse que ela se lembra—morreu com uma tosse. Ela está tentando dizer-me o nome. An-nese—An-nese. O nome foi dito com esforço no n—n, e com pronúncia afrancesada, muito como

gagner, quase como em inglês Anyese, e várias vezes repetido, como se tentando receber o som correto.

R.: “Agnes. Não consegue dizer Agnes?” É isto. Anyese—Anyese. (Ainda, e por todo o restante da conversa manteve a

articulação francesa de gn). Eu não o posso dizer bastante correto. Morreu com a tosse. [Correto]. Está tão surpresa em ouvi-lo—bastante difícil de reconhecê-lo. Ela possuía isto [Não], e está feliz que você o tem. Ela tem o cabelo marrom, e pergunta se você quer conversar com ela? Agnes. Agnes. Eu não o podia dizer direito. Ela fica confirmando com a cabeça. Eu não posso pronunciar o nome. Teve olhos acinzentados, e cabelo marrom. [Correto]. É bonita, parece muito bonita. Quando morreu, emagreceu—mas parece melhor agora—parece mais como o quadro você tem aqui—bem mais carnuda. [A foto é de um período em que ela era menos magra e mais moça]. Pensa muito em você, diz ela. Havia um livro quando estava encarnada ligado a você e ela—um pequeno livro e alguns versos nele. [Em junho lembrei-me de que estava com o seu Livro de Louvor, de Roundell Palmer, como lembrança]. Ela tem uma mãe encarnada. [Correto]. Mira [desconhecida] está próxima dela. E tem uma irmã encarnada. [Correto.] Isso é seu cabelo, aí dentro. [Sim, cabelo no medalhão, defronte à foto].

R.: “E sua irmã? “O que tem sua irmã? Sua irmã não tem estado muito bem ultimamente. Tosse um

pouco. Isto foi depois que eles saíram do lugar onde vivem. Ela teve algum problema com a cabeça.

11 Em inglês: consumption, consumpção ou síndrome consumptiva. Que consome. Referente a doenças

malignas, ou benignas crônicas (como tuberculose), que causam emagrecimento, por vezes extremo, podendo levar à morte. (N. T.)

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[Correto quanto à saúde frágil, devido a qual não se encontrava em casa; mas a cabeça não fora afetada.]

R.: “Quem?” A irmã encarnada—teve problemas com a sua cabeça. Casou depois de Agnes morreu.

[Correto]. Ela diz Frank. R.: “O que tem Frank? Quem é Frank?” Um irmão Frank [A. não teve nenhum irmão Frank]—ou cunhado. Ela chama por ele.

Seu pai teve reumatismo. [O pai teve reumatismo leve, mas não era algo sério nem incômodo]. Você não está muito interessado nela? Ela se lembra de seu problema, quando volta. Foi um grande erro. Digo-te uma coisa. Fizeram uma pequena viagem para melhorar sua saúde [Correto. A. foi a Cannes em consumpção, e morreu lá], e isso não lhe fez bem. Ela gradualmente enfraqueceu. No fim foi um tipo de hemorragia—violenta—que a levou. [Provavelmente verdadeiro. Sua morte foi bastante repentina no fim. Os pais, telegrafados de Roma, chegaram tarde demais. Nunca ouvi os detalhes].

R.: “Conte-lhe que tenho uma pequena lembrança dessa viagem—que seus amigos me deram, e guardei comigo”.

[Isso era um teste, para ver se a médium lia meus pensamentos diretamente. O vaso foi-me dado depois da morte de A.].

Ela sorri—continua sorrindo—agradavelmente. É o livro? R.: “Não; não é o livro. Pergunte a ela se sabe ou pode adivinhar o que é. [Eu de fato

possuo um livro, dado como lembrança. Isso eu só me lembrei ao ler a prova destas notas depois de um intervalo de seis meses: como dito acima].

Eu a perguntarei. Ela parece reconhecer esta coisinha (o medalhão). Ela o deu a você. [Incorreto—o medalhão foi presente de outro parente depois da morte de A.].

R.: “O que era? Diga que era um objeto; depois de ela ter partido”. Ela não sabe. Eu não posso contar-lhe o que era, a menos que fosse o lápis dela. Se eu

pudesse ler a sua cabeça, poderia dizer-lhe. Não posso, e tenho que esperar que ela me diga.

R.: “Pergunte a ela se lembra de ter qualquer coisa pequena sobre a mesa de jantar, quando ela estava distante em viagem, nas refeições ou na mesa”.

Ela está tentando se lembrar. Ela tinha tantas coisas, naturalmente. Não, ela parece não poder se lembrar disso. Ela está muito surpresa em vê-lo; muito feliz em ver você, mas se sente confusa.

R.: “Era um pequeno vaso azul, em que eles costumavam por suas flores, violetas, etc.. Ela se lembra?”

Agora ela está rindo. Bem, ela está muito alegre que tenham dado isso a você; e que você o guarda. Veja, embora espíritos saibam muito, eles não podem ver algumas coisas, não sabem tudo; adotam idéias diferentes. Desde quando ela era bem menininha, ela o conhecia muito bem. Você possui algumas cartas dela endereçadas a você. [Verdade, acredito].

R.: “Ela tem alguma mensagem?” Ela manda lembranças a Lu. [Ela teve uma amiga, chamada Louie—eu não a vi, e mal ouvi falar dela, desde a morte

de A.] R.: “Quem é Lu?” Ela tinha uma grande amiga chamada Lu. Gostava muito dela. Você não pode dar isto a

ela?

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R.: “Quem é Lu? Encarnada?” Oh, Lu não morreu. Está encarnada. Ela gostava muito dela. Escreveu para ela em seu

livro de autógrafos; ela se lembra disso. “Em Memória da Amizade, sempre”—Essas eram algumas palavras. “Amizade e Memória sempre” era parte da frase do autógrafo. [Ainda não verificado].

R.: “Digamos que eu saiba a quem ela se refere por Lu. Peça-lhe que a descreva”. Era bem alta—uma moça bastante bonita. (Descrição geral correta). Agora, ela não

aparenta como costumava ser. Está um pouco abatida, e mudada. Mas está bem. R.: “É casada?” Sim, casada. R.: “Então qual é seu nome? Eu não a vi por anos, e não posso enviar uma mensagem a

menos que saiba seu nome, o nome do seu marido”. Ela fala num cochicho rouco. Tentarei ouvir—não posso captá-lo bem. Começa com B;

Charles—Charles é seu marido. R.: “Qual o sobrenome?” Barran, Berrat, Barrat, Behrend, Mehrend. [O verdadeiro sobrenome do marido descobri ser Daniel. O primeiro nome ainda não

descobri (ele está na América do Sul).] R.: “Eu não posso ouvir claramente—pode soletrá-lo?” Burran, parece. B—U—R—R—A—N—Burran. R.: “Muito bom. Encontra-lá-ei se puder”. Há um jovem rapaz aqui, chamado George Henry Smith. [Não me lembro dele]. Tem

irmãos, Fred e Henry. Costumava ir à escola com você. Tinha cabelo ruivo. Os rapazes zombavam dele, e assim também você o fazia. Ele não gostava de você. E há um espírito Stevenson.

R.: “Que Stevenson?” Stevenson—ele é um bom sujeito—de primeira classe—esperto também—ele é um

bom sujeito. Nunca se meteu em problemas—não por sua própria culpa. R.: “Descreva-o”. É um pouco mais cheio no rosto que você. Os olhos são azuis—tom azulado—com uma

testa alta. Eu não o vejo muito claramente. É um bom sujeito—amigo de vocês. Ainda encarnado.

[Desconhecido para mim. O único Stevenson que eu conheço não corresponde absolutamente a essa descrição. Nem lembro de um G. H. Smith].

Bem, continue escrevendo. E há uma viagem para você. Você terá uma estadia bem divertida. Você jamais se arrependerá por ir. E irá a um outro país. É um lugar divertido e você viajará bastante. Ele aborda um tema amplo, não? Levanta-se e diz-nos tudo. Ele discursa um pouco, não?12

Terei uma conversa com Agnes, e descobrirei coisas. Você traga isto (i.e., o medalhão, que foi a este ponto devolvido) a mim outra vez.

Quem sou eu? Sou o Dr. P.—os espíritos não me conhecem. Tenho de vasculhar ao redor, se devo encontrar os espíritos. Devo achar os espíritos e então eu lhe contarei tudo sobre isto. Você sentiu saudade dela quando ela foi embora, não? Ela está feliz, agradece-lhe, etc.. Você teve o amigo que foi enviado ao hospital—que morreu com varíola há muito tempo?

12 Mais uma vez, não se pode saber a quem se faz referência. (N. T.)

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R.: “Nada sei sobre isto”. Quem é esta sua tia estranha? Ela é um tanto manca. Você gosta dela? É um tanto

esquisita. Há algo de errado com o pé dela. Ela o torceu certa vez. Foi um pouco mais abaixo. Torceu seu tornozelo há não muito tempo, estava descendo. É esse pé, aí.

Durante esta conversa, a médium, que primeiramente tocava na perna acima do joelho, passou a mão gradualmente abaixo da canela ao tornozelo esquerdo, e aí deixa descansar a mão um instante, pressionando e levemente massageando sob o tornozelo no lugar exato onde uma torção um tanto severa de sete meses ainda fazia sentir seus efeitos.

R.: “Que tia? Como ocorreu o acidente? Tenho várias tias.” Vem do lado da sua mãe. Dói ainda. Ocorreu um tempo atrás. Ela descia da carruagem.

Era a mais gorda. Se você não sabe, vá e descubra. Por que diabos não o faz? Quero contar a estas pessoas o que eles não sabem. Ela machucou seu tornozelo. Está bastante bem agora, só um pouco de incômodo às vezes. [A tia em questão não teve nenhum acidente nem torção].

Vejo Agnes. Ela me cumprimenta13. Eu lhe contarei um monte de coisas na próxima vez. Você tem aquele quadro dela, guarde-o. É um bom quadro. Ela parece um pouco cansada, só isso. Seu pai tinha reumatismo. Que tal aquela irmã?

À noite desse mesmo dia o Sr. Rendall veio novamente, e estava também presente o Sr. Gonner, apresentado como Sr. McCunn, mas eu acidentalmente usei seu nome correto uma vez na presença da Sra. Piper, embora ela não pareceu perceber. Assim, foi um erro amontoar as pessoas no recinto, o que levou a alguma confusão, mas foi por inexperiência, para economizar tempo, que eu fiz isso; quis que o Sr. Gonner tivesse uma boa sessão na manhã seguinte, para a qual ele tinha preparado um experimento.

Sessão No. 38. 20 de Dezembro de 1889. 17h15min—18h30min.

Presentes: O. J. Lodge, Sra. Lodge, E. C. Gonner, G. H. Rendall. Primeira porção compilada de notas textuais escritas por O. J. L. e E. C. G. Notas

escritas por extenso e anotadas por Rendall. (Rendall segurando a mão direita da médium). Conheço você. Vi-o antes. Eu me lembro. Eu nunca o encontrei estando encarnado, mas

conheci você faz cerca de uma semana. [A única reunião ocorrera na manhã do mesmo dia da sessão anterior]. R.: “Lembra-se sobre o que conversávamos?” Eu vi outro antes—um homem grande, alto, cabeça calva, testa alta, tipo de sujeito de

bom coração. Sua mãe está desencarnada. Vi-o primeiro, então você. Ele é amigo meu—um bom sujeito. Vejo-o agora. Ah! aí está ele. Você é o cavalheiro. Venha aqui, seja gentil e diga, como vai você?

[Descrição verdadeira de O. J. L., que estava presente também na sessão de manhã. Tanto a sua mãe quanto a minha estão mortas].

(O. J. L. apertou a mão da médium). O que é isto? Dê-me isto. R.: “A coisinha que te mostrei antes?”

13 Em inglês: She is bowing: Elá está se curvando. Movimento para baixo e para frente da cabeça e

pescoço, para fazer reverência, muito usado antigamente. (N. T.)

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Sim, dê-me isto. Isto é o que eu queria. (Aqui R. passou à médium o medalhão em torno do qual a conversa girou de manhã.) Agora me lembro. Procurava por isto. Descobri muito sobre ela e você. R.: “Você a tem visto?” Sim, tenho. Sua amiga era Lulu—o nome de seu marido era Charles Burnet. (Nome desta vez bastante distinto, e diferente do de manhã.) Quem é esse homem ali? (Querendo dizer E. C. G., que estava presente pela primeira

vez.) Ele não está muito bem. Tem dor na nuca; neuralgia, frio. Dormiu em lugar muito úmido. [Não especialmente aplicável.]

O Dr. P. aqui se tornou irritado na presença de outros—impaciente ao som da escrita, etc.. Gonner saiu, mas isso não foi o suficiente; exigiu que todos saíssem, tinha comunicações privadas a fazer. No começo da sessão, a Sra. Piper. tinha pedido expressamente que a Sra. Lodge permanecesse na sala caso pudesse dispor do tempo, e não estivesse cansada demais, preferindo a presença de alguma senhora.

Quero essas outras pessoas fora da sala! Faça-as sair. Mande-as embora, etc.. Todo saíram, o Dr. P. dizendo que eu poderia chamá-los outra vez quando tivesse

acabado comigo. Durante a ausência deles, esteve algo mais livre e volúvel que em outras vezes, mas sua volubilidade era do tipo convencional, abordando generalidades, mensagens carinhosas, etc.. Eu várias vezes pedi para readmitir os outros, mas ele geralmente objetava ou levantava uma pergunta ou não tomava conhecimento. Finalmente eu disse que eu realmente devia chamar meus amigos, pois eles não gostariam de perder tanto da sua companhia. E ele disse, “Muito bem, chame-os se quiser”.

As notas seguintes são de memória, registradas na mesma noite. De sua exatidão geral sou bastante certo, e não introduzi nada que não ocorreu. Palavras exatas, ou a ordem exata da conversa, eu não posso garantir.

R.: “Bem, doutor, eles se foram agora; o que tem a dizer?” Tenho uma mensagem, mas não quis dizê-la toda diante de tantas pessoas. A. parece

muito contente, e diz que está muito alegre de ouvir você. Ela está particularmente alegre sobre aquele pequeno vaso azul.

(Seguiu-se bastante deste tipo de coisa). R.: “Não há muito em tudo isso—há algo particular a dizer, se era para estarmos

sozinhos?” Sim. A. gostaria de dizer que ela pensa consideravelmente em você—ela sempre o

fez—só que ela não queria dizer diante de outras pessoas. Os espíritos são exatamente como vocês, encarnados. Ela é modesta e reservada. Isso está no caráter, não está, heim? Ela sempre foi—sempre gostou muito de você—só que, naturalmente, ela então não podia dizer, não mais que agora perante outras pessoas.

R.: “Pergunte-a se ela se lembra de nosso último encontro, quando ou onde foi”. Sim, foi antes de ela viajar—[Verdade. Acredito que a vi pela última vez em Harrow,

onde vivi. Eu era então um menino em idade escolar.]

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—antes de a tosse vir, e ela viajou para o estrangeiro. Ela estava bem então. Você não se lembra do rubor na sua face? Pequenos rubores oscilantes, do tipo febril?

R.: “Bem, sim—isso pode estar correto. Ela pode lembrar-se de qualquer outro incidente ou encontro?”

Sim, foi um concerto. [Bem provável—mas eu não me lembro. O concerto de encerramento da escola era um grande acontecimento na vida escolar, ao qual quaisquer amigos que estivessem conosco iam. Mas eu não tenho nenhuma recordação especial. Que sua irmã estava lá também não é muito possível, e as próximas palavras pareceram a mim inconseqüentes]. Você foi com ela ao concerto—numa escola. Um monte de pessoas lá, cantando e tal.

R.: “Eu não me lembro disso. Que escola? Pergunte”. Ela não pode dizer qual escola. Era a da irmã dela. A irmã dela estava lá. Cantando. R.: “Quem cantava? “A irmã dela. Ela estava lá também. O Doutor falou—penso que neste ponto—sobre um irmão Will, sobre quem eu (G. H.

R.) disse que nada sabia. Também falou sobre andarmos juntos sob as árvores numa quinta-feira à noite. (Lembro-me de um passeio no bosque, mas foi num domingo, depois da igreja. Nenhum outro em particular. Esse passeio estava em minha mente).

Ela diz Charlie, Charlie. R.: “Que Charlie—quem era ele?” Irmão Charlie. R.: “Irmão de quem?” Como? O irmão dela Charlie, naturalmente. Charlie e Eric. Sobre este nome eu não podia estar absolutamente certo, mas soou inconfundível. Sua

irmã (subseqüentemente à morte de A.) casou-se com um Charlie, e o filho mais velho chama-se Eric.

“Charlie e Eric, você disse?” Sim, naturalmente, Charlie e Eric. Diz que Charlie está doente—tem estado distante do

lar. [Este C. tinha estado longe do lar, mas por conta da saúde da esposa ao invés da própria]. Algo errado aqui, você sabe (passando a mão abaixo da garganta), na garganta, mas ficará bem. Não é nada demais. Ela manda um beijo à mãe dela. Está encarnada. Conte-a que ela está bastante feliz. Ela ficará feliz de ouvir isso—bastante feliz. Eles têm um quadro dela; há flores ao redor dele às vezes. Você sabia disto?

R.: “Não”. Bem, eles têm. Veja, eles o mostrarão a você, só precisa pedir-lhes. Imagine você não

saber isso!” R.: “A. sabe sobre mim, o que acontece comigo, o que eu faço? “Pensa em você com muita freqüência.” R.: “Sabe onde vivo?” Não, é uma cidade aonde ela nunca foi. [Correto]. R.: “Ela pode ver coisas a meu respeito? Sabe se sou casado?” [A esta pergunta não recebi qualquer resposta. O médico disparou em suas próprias

palavras]. Fred! Fred! Ela fica dizendo Fred! Fred! Nada além de Fred. R.: “Quem é Fred?” Eu não sei; como saberia? R.: “Fred o quê?”

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Como? Fred Graves. (Então ouvi o nome). É sempre Fred. R.: “Eu nunca soube de tal pessoa. Pergunte quem Fred Graves é”. Como? Fred é seu irmão errático [correto, e seu nome habitual; de manhã chamado pelo

seu nome nunca usado, George]—o errante. Seu irmão Fred, você sabe. R.: “Sim, bem; meu irmão Fred? O que tem ele? Ela tem alguma mensagem? Eu

poderia enviá-la”. Não, ela lhe envia os melhores votos. Mas ela não o conheceu muito—não era íntima

dele, não sabe? Não quando estava encarnada. [Correto]. R.: “Ela se lembra de meus outros irmãos?” Sim, Arthur. A—R—T—H—U—R. O Arthur, ela o conheceu melhor [Correto]—

manda um beijo. Havia quatro de vocês; ela manda beijos para todos. R.: “Quais eram seus nomes? Darei a mensagem”. Charlie. R.: “Meu irmão, você quer dizer?” Sim, Charlie. Charlie, Fred, Arthur. R.: “Quem era o quarto? Diga-me o nome”. (Uma pausa e esforço—o médico foi perguntar. Então) Hern (disse com esforço). R.: “Hern? Isso não está correto”. Henny. R.: “Você disse Henry?” (O médico retornou ao obscuro Hern, e Ern. Então) Começa com H. R.: “Não está correto. Eu não posso levar a mensagem enquanto ela não puder lembrar-

se do nome. Tente novamente”. Ern—Erny—Arnold—A—R—N—O—L—D. (O. J. L., E. C. G., e Sra. L. aqui entraram de novo. Eu disse que A. enviava mensagens

a meus irmãos, mas não podia receber o nome de um deles direito. Deste ponto, notas textuais de O. J. L. e E. C. G. são retomadas).

A médium (repentinamente): Ernest—este é o mais jovem. E—R—N—E—S—T—Ernest. [Correto].

Arthur, Ernest, Charlie e Fred. [Correto, lista completa dos irmãos, não em ordem de idade]. Ela se lembra mais do que você. O que você acha que ela me diz? Diz: “não pragueje, doutor”; ela disse isso, tão certo como você está vivo. Quem é que eles chamam Bob? Robert. Este é parente seu, Capitão. (Disse a O. J. L.)

R.: “Ela conhece algum dos meus parentes?” Ela é muito cara a você. Eles possuem alguns desenhos dela a lápis em casa.

[Contaram-me que isto é verdade.] Vá e veja a mãe dela—e visite-os. Vá imediatamente. São desenhos pequenos, e veja o quadro dela também. Vá embora.

Aqui Gonner segurou a mão da médium, e as notas foram tomadas por O. J. L. e G. H. R.

(A G. H. R.) Eu não lhe disse tudo. Há muito a dizer ainda. (Sr. Gonner tomou as mãos).

Hum! De onde você vem? Hum! Você é outro bom sujeito, também. Digo que é um bom sujeito, Capitão.

G.: “Pode contar-me algo de meus parentes ou amigos?” Que parentes?

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G.: “Oh, meu pai, mãe, qualquer um”. Sim, sobre seu pai e mãe, irmãos e irmãs, tios e tias, qualquer coisa que você deseje. Vi

sua mãe. Não, é a mãe do outro cavalheiro. Foi ela que me contou sobre o dedo de Fred, sobre estar machucado. Há uma criança pequena em volta dela—que desencarnou. [Correto para G. H. R., cuja mãe morreu de debilidade geral subseqüente a um parto. A criança—uma filha—viveu só algumas horas].

Florence, quem é Florence? Florence sofre de dor-de-cabeça, tem olhos e cabelos escuros. Encontra-se acamada no momento. Possui gosto artístico, não sabe? Tintas, pinturas todas em volta dela, você sabe, quadro negro, pincéis e coisas sobre a mesa.

G.: “Quem é Florence?” Ela tem uma amiga, Senhorita Whiteman, se você quer saber. Sabe agora a quem me

refiro? G.: “Não, de modo algum”. Bem, então diga, sim? Ela era amiga de Florence. Ela esteve enferma da cabeça; ficando

de cama. [Ver Sessão No. 40, e p. 494.] J. Rendall aqui, em solicitação da médium, outra vez tomou as mãos. Notas de O. J. L. e

E. C. G. Você não se lembra da noite no concerto quando foi ouvir o canto? Ela se lembra disso.

Tinha um chapéu verde, com fita verde—e uma peninha nele—por aqui (tocando o topo da cabeça de G. H. R.). Eles possuem esse chapéu em casa agora. [Ainda não verificado].

Harriet. Há uma Harriet? Quem diabos é Harriet? Você se lembra da Harriet? Ela quer que você vá vê-la.

Uma Senhorita Harriet R. (Sempre chamada Senhorita Harriet na família) era uma de duas irmãs que educaram A., enquanto seus pais estavam na Índia. Ela a acompanhou a Cannes, e cuidou dela nos seus últimos dias. Senhorita H. R. morreu em 1889.

R.: “Ah! Como está Harriet?” Está encarnada. Ela está bastante bem. Vá e visite-a pelo amor de Deus. Mas há outra

senhora lá, também, que gostaria de falar com você, porém não pode. Está em espírito—morreu, de algum problema cardíaco. É sua mãe. Sofria de uma má condição do coração e estômago. Tem cabelos claros—olhos azuis—francos. Tez muito clara e boca bonita. Uma senhora de aparência muito agradável. Não consigo conversar com ela. (Pausa). É um amigo de seu pai que teve varíola, e morreu. Foi jogado ao mar. Seu nome era Arthur. [Sobre isso eu não pude conseguir nenhum informação]. Oh! Senhor! há uma dor no tornozelo—foi ao apear da carruagem. Machuca-me.

A médium então tocou abaixo da perna até meu tornozelo torcido, levou-o para cima da cadeira, e massageou-o por um instante no local ferido.

R.: “Você conhece Charlie?” Ele teve problemas aqui—teve um abscesso—foi aí (tocando o pescoço, perto das

glândulas) no pescoço, e algum problema com a cabeça. Tinha febre e estava mal da cabeça. Havia uma ferida no pescoço.

Este irmão morreu após prolongada epilepsia, supostamente originária da escarlatina. Antes de sua morte ele realmente, de quando em quando, sofria de furúnculos no dorso do pescoço, mas eu soube que não havia nem abscesso nem furúnculo no local indicado.

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R.: “Fale-me sobre Charlie”. Esse é um irmão de que estou falando—morreu com uma febre. Havia uma ferida de

um lado do pescoço. R.: “Você pode falar com C.?” Não é que posso? R.: “Bem, ele tem alguma mensagem?” Manda lembranças a todos vocês. Lembranças a Arthur. Isso é tudo que ouço. (Neste

ponto tornou-se desconexo). [O seguinte merece ser acrescentado, pois somente nele o sobrenome é fornecido. O

nome do Sr. Rendall nunca foi usado na presença da Sra. P. Ele foi introduzido como Sr. Roberts].

Extrato da sessão de domingo com O. J. L., 22 de Dezembro, 1889.

Olá, aqui está um espírito, Charlie Randall—R—A—N—D—A—L—L—quer mandar lembranças a todos os seus parentes, e se diz muito feliz. Você pode providenciar isto?

“Ele é parente de quem?” Eu não sei. Eu o perguntarei. Ele é parente de George, Fred, Arthur, (grunhido,

indistinguível) [Ern, eu presumo.—G. H. R.], o cavalheiro de Agnes, aquele que estava aqui, sabe.

“Sim, tudo bem. Passarei a mensagem”. NOTAS POR G. H. R. Concernente às duas sessões, fiquei bem convencido da genuinidade dos fenômenos.

Pareceu-me não haver nenhuma abertura para fraude previamente combinada, e um impostor podia ganhar pouco ou nada, seja por fingir o estado de transe, ou por adotar uma impostura tão artificial como um francês americanizado, com modos intimamente informais.

O conhecimento transmitido pela médium pareceu a mim se estender além da possibilidade da coincidência. Os nomes de todos os meus quatro irmãos foram dados corretamente, e também a morte de minha mãe, irmão mais velho, e (vagamente) a morte de uma irmã infante.

Qualquer levantamento precedente do caso parece a mim impossível. Eu nunca pensei no medalhão até a noite precedente, e não o usei por anos. A senhora era parente por casamento, morrera havia quase 20 anos, e cuja existência, ou família, era, no que me diz respeito, desconhecida de qualquer um em Liverpool.

Comparadas com as declarações corretas, as inexatidões foram leves; poucos nomes foram dados errados (dois ou três somente), mas vários nomes ou “espíritos” foram apresentados dos quais eu não tinha ideia. A confusão aí certamente parecia de personalidades e relacionamentos, tanto dos espíritos quanto daqueles presentes, como se o comunicante (o Doutor) tivesse se confundido com as pessoas. Um exemplo curioso e caprichoso de confusão foi a associação (repetindo-se manhã e noite) de meu tornozelo torcido com a personalidade de minha tia materna, que, descobri mais tarde ao lhe escrever, não havia tido qualquer torção ou acidente.

Algumas perguntas mais fáceis (sobre qualquer suposição de fraude) não foram respondidas, p.ex., “A. soube se fui casado?” E havia inexatidões óbvias, tais como “encontrei-o faz uma semana”, querendo dizer a entrevista da manhã do mesmo dia.

Quanto a transferência de pensamento, não pude rastrear ação consciente da minha própria mente sobre a da médium. Constantemente, coisas que eu não esperava foram

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ditas, e que não estavam em minha mente; outras coisas fortemente presentes em minha mente eram (1) bem fora do conhecimento da médium, ou (2) confusamente adivinhadas, ou (3) referidas em termos ou conexões bastante inesperados—p.ex., meu irmão foi corretamente chamado de George; mas ele nunca teria vindo à minha cabeça por esse nome, pelo qual (embora fosse seu primeiro nome) ele nunca fora conhecido ou chamado. Ao mesmo tempo, declarações fora de meu próprio conhecimento, nos casos mais cruciais, suprindo critérios mais diretos (p.ex., certos nomes desconhecidos a mim), provaram-se incorretos sob verificação.

Eu não tenho qualquer teoria. O extrato de fenômenos dado pela médium em transe, a saber, comunicações confusas com outras inteligências de pessoas mortas ou vivas (mas particularmente mortas), não está em desacordo com os fatos; mas nada ocorreu para me convencer que esta era a única explicação admissível.

G. H. RENDALL. Na sessão seguinte, quando somente o Sr. Gonner estava presente comigo, há muito de

incoerente e confuso. Algo disso parece explicável por supor que a família da mãe do Sr. Gonner está sendo mencionada, em vez de sua própria. Mas isso é obviamente uma hipótese demais elástica para valer examinar ou registrar rigorosamente. Os registros poderiam ser convenientemente abreviados, não fosse a existência de uns poucos incidentes dos quais é provavelmente melhor fornecer a extensão completa.

Sessão No. 39. Manhã de sábado, 21 de Dezembro, 1889, começando às 11 horas.

Presentes: E. C. K. Gonner e O. L. somente. (O. L. estava sentado com a Sra. P. mas trocou de lugar com Gonner enquanto ela caía

no transe, de modo que o Dr. P. se encontrou com Gonner). Ah, eu o conheço. Vi-o com outro cavalheiro. Onde está o livro? (Referia-se a um livro dado a E. C. K. G. pela mãe, e nas mãos da médium

anteriormente.) “Aqui está. Lembra-se do que você disse sobre ele?” Oh sim, eu não sou um maldito idiota. É a influência da sua mãe. Mãe, irmão, e irmã

comigo. Irmã chamada Mary. [Errado]. Há muita coisa para você fazer o ano que vem—novo campo, novo negócio—indefinido para mim, bem à frente ainda. Algo para você interessar-se em outras pessoas. Você tem uma senhora encarnada. Annie [Correto. Nota E.], falando comigo. Irmã e mãe ambas juntas. [Verdade]. Alguém chamando por Ed—cabeça14; o que há com a cabeça? Algum Ed encarnado; uma espécie de preocupação quanto a ele, preocupado quanto ao Ed. Ed, não Fred, é Ed.

“Algo mais? Edward?” Edward, é isto. A influência da senhora é de pessoa encarnada; a mãe está em espírito.

Mas há uma senhora que se encontra longe, em dificuldades. “Senhora que se encontra longe?” Oito deles. A senhora que está longe, bastante doente, uma pena. Ela tem um problema

14 Cabeça em inglês é head. O som é muito parecido com Ed. (N. T.)

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no estômago devido ao coração, uma pequena tosse, anemia. É uma tia que não está bem. “Que tia?” A única tia que está doente, longe. [Tudo isto ininteligível]. “Qual é o seu nome?” Como ela pode contar-me se está encarnada? Oito de vocês. Oito ao todo. São seis ao

todo, e pai e mãe fazem oito. [Nota F.] Nesse momento o assistente deixou transparecer descrença, e o Dr. P. disse: “Bem,

acredito que estou misturando você com o outro sujeito que participou com você. Capitão, não misture dois sujeitos outra vez. Não posso distingui-los apropriadamente. Receio que eu não possa obter muito de você, mas eu gostaria. Embora eu consiga captar o livro.

Quatro encarnados e dois desencarnados. Um morreu muito pequeno. Duas crianças morreram. Havia dois, você não soube disso? Um antes disso mal viveu, e outro muito, muito pequeno. Quatro encarnados... não, cinco encarnados. A mãe, pai, você, três irmãs, um irmão, e você, três irmãos e duas irmãs. [Tudo errado enquanto aplicado a E. C. G. Ver Nota F.]

Como está Annie? Ela está um pouco nervosa. “Por quê?” Ela tem motivos. A situação a deixa assim. Ela está escrevendo neste instante. (11. 25.

Errado). Sua mãe está muito perto de mim; ela é aquela que tem o problema na cabeça. O. L.: “Conta-o sobre sua mãe e o que ela faz agora. É muito importante”. [Ver

comentários no fim da sessão, Nota A.] Ha, ha! Contarei a você por que é importante, porque ele próprio não o sabe. Leio seus

pensamentos então. Eu geralmente não consigo isso. Sua mãe está exatamente neste instante prendendo seu cabelo, pondo algo por entre seu cabelo (indicando) e pondo-o por entre seu cabelo num quarto com um catre dentro, levantado. Você soube que ela teve algum problema com a sua cabeça? [Nota A.]

“Não”. Longa distância entre você e sua mãe, separação entre vocês. Ela está em outro lugar.

[Sim, em Londres]. E quem é William? “Bem, quem é ele?” Penso que é um irmão. “Meu irmão?” Não, o irmão dela, William. Esse é um tio. [Correto, Nota B.] Então eu capto... ela ajeita algo à sua garganta e veste um xale aqui, aqui em volta, e

agora levantou a tampa de uma caixa sobre uma estante. (11.30.) [Nota A.] Ela está muito bem, mas teve um pequeno problema com a cabeça e o estômago há poucas horas, uma pequena dor e indigestão; tomou uma bebida quente para isso. Um dia ou dois atrás, soube da morte de um amigo. Vejo um lugar exterior, alto—colinas altas, você sabe, um tipo de lugar montanhoso, uma paisagem—uma paisagem muito bonita—um parente dela está lá; parece a Austrália. É um cavalheiro que está lá, um parente de sua mãe. Ele não importa. Voltarei a sua mãe. [Nota C]

Houve alguma notícia, alguma correspondência chegou ao grande edifício onde sua mãe está. Ela esteve com um resfriado. Uma senhorita está com ela, e acredito que é sua filha; uma menina muito amável. Ela desenha um tanto, faz muito trabalho em agulha e muita leitura. Há uma menina bonita com cabelo claro

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e olhos azulados. Fala a sua mãe neste instante. [Praticamente tudo correto, exceto o parentesco].

“O seu cabelo é longo ou curto? “[Ver Nota E.] O que você quer dizer? É um cabelo claro e encaracolado. Ela é um pouco pálida,

sorridente e tem bons dentes. Sua mãe está saindo. [Nota A.] Sua mãe teve problemas na perna, um tipo de reumatismo. Há uma jovem dama, não Annie, com cabelo claro, pele clara, boa influência. [Esta é a filha]. Há cinco deles ao todo—mãe, duas irmãs, e dois irmãos.

“Acho que não”. Bem, elas são irmãs ou cunhadas. Se você não tem nenhum irmão casado, e se você não

tem nenhuma esposa, eu posso captar bem sua irmã—de outra forma recebo-os misturados. Sua esposa tem três irmãs [tem cinco], são quatro ao todo; isso é tudo que posso receber. As irmãs dela são suas irmãs de certa maneira.

“Pode captar meu pai?” Seu pai não está com você. Ele chegará logo. Vejo-o vindo. Receio ter, a princípio,

confundido com aquele outro cavalheiro. Não posso captar duas pessoas de uma vez. De quem é aquele menininho? Seu? É um dos seus. Penso que pertence a Mira. Há aqui um espírito chamado Charles. Fale a ele.

“Bem, Charles, você virá nos ver na cidade?” Ele está assentindo com a cabeça. Tio Charles, ele está desencarnado. Sim, está. São

duas pessoas. Ele está ligado a William. Ele é o irmão da mãe. Dois irmãos. É isso. Há um chamado Henry na Austrália. J. H. [Nota C] Este é seu, Capitão?

O. L.: “Não acho; talvez”. “Pode captar meu pai?” Seu pai está desencarnado. Ele pode vir, mas devemos esperar por ele. Ele mal sabe que

você ainda está aqui. Quem é Emma? Seu pai chama Emily. Você conhece Eliza—Elizza—Lizzie? Está

encarnada. Nome Lizabeth. É a influência dela que recebo pelo livro. Chamam-na Lizzie—L—I—ZEE—ZEE—I—E. Seu pai assim diz. [Ver Nota D.]

Ele está aqui agora. (Falando em sussurros). “Deus abençoe Lizzie. Fiel sempre. Não poderia ter havido mãe mais espiritualizada, verdadeira e de coração mais bondoso”.

Ele está bem surpreso em vê-lo outra vez. Você mudou—cresceu—mudou muito. Você se lembra dele, não?

“Sim”. Bem, ele se lembra de você, mas você mudou. Você teve uma doença há algum tempo,

há cerca de 10 anos. Isso foi bem conhecido pelos seus amigos espirituais, e desde então você parece diferente. Foi uma doença muito perturbadora—uma febre. [Ver notas]. Ele teve algum problema com o seu coração e estômago e intestinos. Quando ele enviou aquela mensagem a sua mãe, ele a sussurrou a ela.

“Ela tem uma filha? Sim, tem uma filha encarnada—ganhou o mesmo nome dela—mas recebeu outro nome

também. [Nota D.] Seu pai levanta os seus dedos para dizer dois. Tem uma testa alta e uma barba. Devo falar com ele outra vez.

John Gordon—Gonder—Gorman—Gonner. [Primeiro nome errado].

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“Quem é?” Este cavalheiro falando a mim. “Elizabeth Gonner, Lizzie, isso está certo. Pai, Deus

abençoe-os”. [Ver Notas e Nota D.] (Observações desconexas, e então repentinamente) : William era bom. Ele não conhece

você, mas é um bom sujeito. Morreu num acidente. Esse foi William. Esteve um longo tempo doente. Foi pela sua cabeça; ele está segurando a sua cabeça aqui; é como um tiro, mas não é um tiro, é um golpe na cabeça. Ele não o sente agora, naturalmente, mas quando volta aqui se lembra dele. Eu não consigo tê-lo mais perto. [Nota B.] Todos eles gostam tanto de sua mãe. Você deve pensar muito nela.

“Sim”. Bem, se não pensa, deve ser criticado. Terei que falar com seu pai e descobrir mais

sobre vocês todos. Sua irmã está falando à sua esposa. [Muito provavelmente, a esta hora, o passeio [Nota A] deveria ter acabado há pouco.]

“Você vê primo Harold em espírito?” Ah! Que eu tomei por seu irmão. Ele tem muitos livros a sua volta, tosse um pouco. Os

dois pequenos eram seus irmãos, não dele. “Não os conheço”. [nota F.] Verdade, você não os conhece. Eles mal existiram. Mas não se esqueça, um é seu

próprio irmão, e outro por uma tia. Eles se foram juntos, e se parecem como irmãos. Vou lhe dizer. Você sabia que seu pai tinha reumatismo? Bem, ele tinha, no corpo todo, e sofria dos intestinos e rins, e morreu com problema aqui (abdome); essa doença o levou. [Não está incorreto]. Estômago e cabeça, e houve outro problema com William na cabeça—um acidente.

Não ponha duas pessoas outra vez, Capitão. Fiquei confuso com você a princípio. Duas pessoas são demais. Pergunte-me o que quiser.

“Pode me contar o que é esta carta?” É uma carta comum sobre um compromisso. Para ir em algum lugar e manter um

compromisso. Isto esteve com você algum tempo. Não posso ver um nome. Eu o verei outra vez. Sua mãe não queria ir, mas quiseram que ela fosse, e ela decidiu que iria. Então foi. [Nota A.] Capitão—

(E a Sra. Piper volta a si). Notas tomadas e escritas por extenso por O. J. L. logo depois.

Extrato da Sessão (No. 40) por O.L., às 19h de sábado, 21 de Dezembro, 1889. Liverpool.

O Dr. Phinuit disse:— Esse cavalheiro que eu vi por último, eu vi seu pai desde que fui embora. Seu nome é

Thomas, Thomas Gonner. Há dois Thomas. Ambos Thomas. [Errado: ver Notas]. Quando eu saí, sua mãe estava escovando algo e olhando para um pequeno objeto. Ela tinha um quadro, um retratinho, estava admirando-o. Pegou-o e olhou fixamente para então escovar algo. Foi assim que a deixei. Quando a vi da primeira vez, ela estava arrumando seu cabelo e havia algo em cima dele, e arrumava algo em tornou de seu pescoço, e tomou um lápis e escreveu alguma coisa. Mas assim que parti, ela olhava um quadro e escovava algo. [Nota A.]

(Isso é tudo o que foi dito sobre esse assunto nessa noite). Escrito às 10 da noite do mesmo dia e enviado na mesma noite a E. C. K,

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Gonner, 12, Marlborough-place, St. John’s Wood, Londres. Colocado antes de qualquer um ouvir de Gonner o resultado da sessão matinal, da qual ele participou no mesmo dia de 11 ao meio-dia; sessão matinal encerrando-se por volta das 12,15, acho, talvez às 12. Incidentes mencionados às 11:30 tiveram o horário registrado; eles ocorreram de 11:25 a 11:32, hora de Greenwich.

OLIVER J. LODGE.

NOTAS SOBRE A SESSÃO ACIMA, No. 39

Com referência a essa entrevista, há vários pontos que merecem atenção. Alguns desses

são de importância suficiente para serem tratados separadamente, mas algumas observações de caráter mais geral podem preceder quaisquer tentativas em detalhe.

É altamente improvável que a Sra. Piper fosse familiarizada com minha história e circunstâncias; não somente porque ela não tinha conhecimento, antes de vir a Liverpool, que eu me sentaria com ela, mas também porque fui apresentado a ela sob o nome de um colega, e não pelo meu próprio. Qualquer teoria quanto a investigação prévia necessariamente cai por terra, pois mesmo que ela pudesse ter descoberto os antecedentes dos colegas do Professor Lodge, ela iria, em conseqüência dessa salvaguarda, ser levada a atribuir minhas relações e circunstâncias a outro, e as dele a mim. Como veremos, no entanto, no curso da entrevista ela proferiu meu nome, “Gonner” (p. 489).

Embora em muitos exemplos ela deu detalhes curiosos de acontecimentos ou pessoas, estes foram produzidos com grande dificuldade e geralmente cercados com muito de incorreção e confusão. Às vezes, também, ela estava incerta, e dificilmente parecia capaz de atingir a exatidão em sua informação. Foi imprecisa quanto ao número de meus irmãos e irmãs (p. 488), errada tanto em sua observação sobre mim (p. 489), e depois sobre o Professor Lodge (p. 490), quanto ao primeiro nome de meu pai. Assim, seu poder, embora genuíno como aparenta ser, parece imperfeito, e por conseqüência sua informação é inexata.

Entretanto, penso que isto deve ter uma relação muito considerável com a teoria de transferência de pensamento. Suponhamos que eu estivesse ciente da morte de meu “tio William”, bem como das circunstâncias em seu entorno, ainda que no momento eu não estivesse a par delas; ignorante, de fato, no momento, quanto a quem ela se referia quando mencionou William pela primeira vez (p. 488). Mas quando falava de meu pai e buscava por seu nome, eu estava plenamente ciente de que era Peter e não John. De novo, quando (p. 489) ela declarou que meu pai estava presente, mas não me reconhecia—que eu mudara devido a uma doença e portanto mal era reconhecível por meus amigos espirituais—pensei nitidamente o bastante que minha doença fora há cerca de oito anos, e a morte de meu pai, há dois anos e meio.

Ela então forneceu qualquer informação exata que não pudesse ser explicada por transferência de pensamento? Disse-me (p.488) que, em um dia ou dois, minha mãe saberia da morte de um amigo. Se ela se referia aos dias precedendo a entrevista, estava errada; se seguintes, correta, já que um amigo muito antigo de minha mãe morreu naquela mesma manhã (sábado). Mas esta questão refere-se a um ponto que será abordado em uma das notas.

NOTA A.—Em preparação para a entrevista eu tinha escrito e pedido a minha

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irmã (Ellen Elizabeth Gonner) para convencer a minha mãe que fizesse algo incomum entre as 11 e 12 horas da manhã de sábado; e observar o que ela fazia. Minha mãe não deveria saber, e não soube, que fazia isso a meu pedido. Na manhã de sábado, nalguns minutos antes das 11h, ela se preparou para dar um passeio numa charrete. Isso a surpreendeu como um procedimento fora do comum, visto que estava chovendo. Tais preparativos envolveram os toques em sua cabeça ao colocar seu toucado, e em seu pescoço e ombros quando vestia sua capa (p. 488). Então ela foi especialmente observada ao pegar sua caixa de regalo do guarda-roupa, colocá-lo numa mesa, levantar a tampa, e tira seu regalo (p. 488). Sobre sua penteadeira há uma pequena fotografia de meu pai, que ela muito freqüentemente pega e olha intencionalmente (p. 490). Se ela fez isso na ocasião em questão não pode ser determinado, já que é uma dessas ações costumeiras cuja performance não causa qualquer impressão. Não pode ser dito, no entanto, que ela esteve com dor de cabeça. Há uma cama de cabeceira feita de madeira em seu quarto, que poderia ser chamada um “catre”. [Ver também notas no fim desta série, p. 529.]

Há aqui uma correspondência geral entre as ações dela nos poucos minutos antes das 11h, e aquelas atribuídas a ela pela médium entre 11h25min—11h30min. Mas a sessão começou às 11h, e a médium começou imediatamente falando de minha mãe. É então uma questão interessante examinar se ela tentava descobrir o que minha mãe fazia no momento ou procurava se lembrar de suas ações como ela as percebera na última vez.

NOTA B.—A referência instantânea a William (p. 488) em relação a minha mãe parece indicar uma conexão entre a médium e minha mãe, antes que uma conexão entre a médium e eu. Meu tio, William Carter, foi morto numa revolta da eleição em Yorkshire, próximo de Wakefield, em 1837, por uma pedra que o atingiu na cabeça (p. 490). A notícia da sua morte foi um choque terrível a minha mãe, que estava então numa escola na Alemanha.

Penso que a referência a “um tempo longo” significa que ele estava doente e morreu há muito tempo; pelo menos entendi assim na sessão.

NOTA C.—Nenhum irmão de minha mãe morreu na Austrália (p. 488). Sobre o nome do lugar a médium pareceu incerta (p. 488). Um de meus tios morreu na Índia, de cólera. Seu nome, no entanto, não era Henry, embora suas iniciais fossem J. H. (John Halliley Carter) (p. 489). Eu não sabia da existência do seu segundo nome.

NOTA D.—O nome da minha mãe é Elizabeth (pp. 489-90). Ela era invariavelmente chamada Lizzie por meu pai. O nome da minha irmã é Ellen Ellizabeth Gonner (p. 489).

NOTA E.—“Annie” (p. 487) é o nome da jovem de quem sou noivo. Além do fato de seu nome, a descrição foi vaga demais para ser considerada prova substancial de conhecimento de qualquer espécie, embora correta até onde vai. “O seu cabelo está curto ou comprido?” (p. 489), fiz esta pergunta, tendo sido informado por carta que ela tinha cortado seu cabelo bastante curto. A resposta da médium claramente passou a impressão que não era esse o caso; e concluí que fora um exemplo de erro. Ao chegar a Londres, descobri, para minha surpresa, que ela estava correta,—que seu cabelo não tinha sido cortado curto afinal de contas.

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NOTA F.—Estes exemplos, penso, mostram que as informações da Sra. Piper, embora genuínas e notáveis, não eram invariavelmente exatas, uma conclusão grandemente fortificada quando o restante da sessão é levado em conta.

Eles indicam, talvez, um outro ponto de interesse. A Sra. Piper parece ter estado em comunicação com a mente da minha mãe, parecendo, para todos os efeitos, tão completa quanto a que mantinha com a minha. Às vezes ela pareceu, de fato, mais perto da minha mãe. Por conseqüência, nestas vezes houve alguma confusão entre seus irmãos e meus próprios (p. 488). Ela teve vários irmãos que morreram na infância. Eu não tive um sequer.

Escritas por meio de comentário sobre o registro da entrevista de 21 de dezembro de 1889, como anotado pelo Professor Lodge, e em explicação ao mesmo.

13 de Janeiro, 1890. E. C. K. GONNER.

Sessão No. 40. Noite de sábado, 19h, 21 de Dezembro de 1889.

Presente: Apenas O. J. L., ele mesmo tomando notas. (Sentei-me com a Sra. Piper com as minhas mãos cruzadas, de modo que, tendo vindo o

transe, minha mão direita foi liberada e a mão esquerda mantida; eu assim podia tomar notas rápidas).

O nome do pai daquele homem era Thomas; ambos Thomas. . . (E assim por diante, como informado e anotado como apêndice na sessão prévia, p. 490).

O pai de Mary costumava navegar, e ele caiu e machucou a sua perna. Caiu por um buraco no barco. [Correto]. Não consigo me lembrar de onde ele obteve aquele objeto. Foi em uma das suas viagens; talvez Mary se lembre. [Não se lembra]. Seu segundo pai é William; é aquele com a cabeça branca. O primeiro foi Alexander Marshall. [Tudo correto. Esta é a primeira aparição do sobrenome; veio bem oportunamente. Ver também p. 472.]

Há alguém chamada Clara. Você tem uma irmã chamada Florence. “Não”. Bem, Florence é parente sua; é sua Florence. Ela tem uma amiga Whiteman. (Ver

sessão No. 38, p. 485.) Mas há duas Florences. Há uma Florence em algum outro país. Uma pinta, a outra não. Uma é casada e a outra não é. A que não pinta é casada.

[Esta é uma comunicação insignificante, mas vide Nota A abaixo, e p. 500.] Aqui se seguiu uma predição, e pouco depois a personalidade pareceu mudar para a de

um amigo morto, a quem eu chamarei Sr. E., mencionado em uma carta que eu entregara. O orador então me chamou “Lodge”, na sua maneira natural (um nome que o próprio Phinuit nunca usara), e tivemos uma longa conversa, sobretudo de pouco valor probatório, mas com uma referência a algumas questões privadas que foram ditas serem consideradas prova de identidade, e que estão bem adaptadas ao propósito. Elas eram absolutamente desconhecidas a mim, mas foram verificadas por um amigo comum. Entre outras coisas, discutimos sobre Phinuit (ver também pp. 517 e 553), e eu disse que queria testá-lo com algumas letras de papelão desconhecidas numa caixa selada, mas duvidei que seriam de muito uso. A voz disse;

Não deixe de testar. Todas essas experiências devem ser tentadas. “Bem, diga-lhe que é muito importante”. Sim. Ele está voltando. Então, o que quer de mim?

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“Quero, doutor, que me conte o que está nesta caixa, por favor. Ninguém sabe”. Dê-me um lápis (pondo a caixa em cima da cabeça da médium). Um lápis foi-lhe passado e ele escreveu sobre o papelão, lentamente,

L K Q U C N e então largou o lápis. [Ver Nota B, e também p. 495.] Dei-lhe outra caixa de comprimidos em que estavam as letras que eu realmente

conhecia. “Obrigado. Pode fazê-lo nestas também?” Tentarei. Não, não posso, estou aturdido com a outra caixa, e além do mais estou

ficando muito fraco. Experimentemos mais cedo em outra hora. Estou indo agora. NOTA A.—Por acaso tenho duas primas Florence, uma casada e no estrangeiro, e que,

até onde sei, não pinta. Escrevi a minha outra prima Florence (que pinta e não é casada), perguntando se ela tinha uma amiga Senhorita ou Sra. Whiteman, ou Whyteman, que ela tivesse visto ultimamente e que tivesse tido algo relacionado com a sua cabeça, uma dor de cabeça ou algo do tipo. Ela enviou-me um cartão postal dizendo “Não, o que afinal de contas você quer dizer?” No dia seguinte chega outro cartão postal dizendo: —

“Não seria Whytehead, seria? Estava nesse mesmo dia retornando o chamado de tal pessoa, e bebendo chá percebi, ao reler a sua carta, que é parecido com o nome sobre o qual você pergunta. . . . Ela se casou recentemente”.

(Talvez seja mais do que forçado sugerir que o Dr. Phinuit possa ter captado o nome erroneamente, e em sendo corrigido pela sílaba “head”15 tenha prosseguido dizendo que tinha algo errado com sua cabeça!)

NOTA B.—Essa foi uma experiência muito cuidadosamente planejada. Algumas letras de cartão infantis foram pinçadas por mim de uma caixa contendo um bocado de alfabetos na casa do Professor Carey Foster, sendo postas numa caixa de comprimidos sem serem olhadas e lacradas cuidadosamente em sua presença, usando seu lacre, etc. Tudo isso foi feito em 29 de novembro, em preparação a minha visita a Cambridge.

Depois que o Dr. Phinuit tinha lido ostensivamente as letras, escrevi dois relatórios, com plenos detalhes das letras e sua aparente posição na caixa. Um enviei ao Sr. Myers, o outro sob selo ao Professor Carey Foster, pedindo que telegrafasse se estivesse em casa e pudesse abrir a caixa. Ele telegrafou, e enviei-lhe a caixa. Abriu-a cuidadosamente e escreveu cada detalhe, antes de ler minha declaração selada. As letras na caixa de fato eram: W—A—R—K—D—N—E—D.

Não há assim qualquer ligação (além da probabilidade) entre as duas declarações, e a experiência fracassou completamente.

_________________

A próxima sessão foi muito pobre, com muita divagação. Nela ocorreu um pequeno desentendimento entre o Dr. Phinuit e eu, porque queixei-me com ele acerca da pescaria e do seu falar vago em vez de segurar sua língua. Ele disse que estava tudo escuro, que hoje não era um bom dia; que a médium podia não estar se sentindo bem, e assim por diante. Os únicos incidentes dignos de registro estão aqui relatados.

Sessão No. 41. Meio-dia, manhã de domingo, 22 de Dezembro de 1889.

Presentes: O. L., M. L., e pela primeira vez Alfred Lodge (p. 512). O. L. segurando mãos. Notas tomadas por M. e A. L.

15 Head é a última sílaba de Whytehead e também significa “cabeça”, como palavra monossílaba. (N. T.)

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Tive uma conversa com seu tio, o que teve uma queda, e morreu. Ele não se lembra muito de você.

“Eu não sei qual você quer dizer”. Uma pena. Ele está ligado ao Tio Robert. Entreguei a caixa de letras outra vez, e ele escreveu-as como antes, mas não tão

distintamente: —L—K—Q—N—U—C. Logo depois ocorreu o episódio de “Charlie Randall”, como informado no fim da

Sessão 38. Ele disse algo jocoso sobre o padrasto da minha esposa ser o tio dela, evidentemente se

referindo ao erro que ele tinha feito ao chamá-lo primeiramente de Tio William. (Ver Sessão No. 16, p. 468.)

Solicitado a nos contar sobre si, já que não podia dizer nada sobre outras pessoas, ele disse que sua esposa tinha sido Mary Latimer, e que ela (ou ele)? teve uma irmã Josephine. Nasceu em Marseilles. (Ver também p. 520.)

(Isso foi tudo de mais trivial. Coisas tais como dizer a Alfred que “há dois Charleys e dois Henrys na sua família”, embora sejam verdade, obviamente não valem a pena citar).

_____________

Depois disso ocorreram duas sessões, No. 42 e 43, nas quais um médico praticante em Liverpool foi apresentado, sem aviso, pelo nome de Dr. Jones. Retornou na mesma noite e trouxe sua esposa. Desta vez, infelizmente, eles foram admitidos por um servente, que anunciou seus nomes. Phinuit não mencionou isso, contudo. O registro completo dessas sessões é longo, e exigiria uma grande quantidade de anotação para fazer os detalhes claros. Por brevidade, proponho meramente resumi-los. Há um número de declarações errôneas, algumas delas sendo parcialmente explicadas pelo fato que o Dr. e Sra. C. são primos (um fato que Phinuit não determinou), e confundiu seus parentes na segunda sessão. A família parece ser muito grande. Cito mais tarde as declarações errôneas, mas primeiro escolho as corretas ou aquelas que exigem comentário. Posso dizer que o Dr. C. ficou em silêncio quase o tempo todo. Ocasionalmente consentia com um grunhido, mas descobri depois que ele consentia as declarações erradas tanto quanto as corretas. Eu quase nunca soube o que estava correto e o que estava errado enquanto tomava as notas. Era assim um excelente assistente, embora difícil. Phinuit estava em um de seus dias bem loquazes, ou ele não teria progredido tão bem. Perto do fim, pode-se ver que ele começou a ficar cansado do próprio monólogo. (Vide também suas observações, p. 499.)

Sessão No. 42. Manhã de segunda-feira, 23 de Dezembro.

Presentes: Dr. C. (Apresentado como Dr. Jones) e O. J. L. [O seguinte é um resumo das declarações corretas, ou subseqüentemente corrigidas, ou

de alguma outra maneira notáveis]. “Você tem uma menininha manca, manca da coxa, 13 anos de idade; é a segunda ou a

terceira filha. É um doce de menina16. Gosto dela. Olhos escuros, a mais gentil do grupo; possui muito talento para música. Será uma mulher brilhante; não

16 Há um trocadilho de extrema importância aqui que é intraduzível para o português. Phinuit usa a

palavra daisy, que na gíria significa uma pessoa de primeira ordem, excelente, ótima. Mas Daisy também é o nome da filha do Dr. C, o qual Phinuit revelará na sessão seguinte. Isso mostra que Phinuit estava de certa forma adquirindo o nome da filha do Dr. C gradualmente. Isso será explicado nas NOTAS logo adiante. (N. T.)

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se esqueça disto. Tem mais compaixão, mais intelecto, mais—um doce de menina. Possui uma marca, uma marquinha curiosa, quando vista de perto, sobre o olho, uma cicatriz na testa sobre olho esquerdo. O menino é errático; uma coisinha, mas um diabinho. Bastante bom quando se o conhece. Será provavelmente arquiteto. Deixe-o ir à escola. Sua mãe é demais nervosa. Isso o fará bem. [Isto era um assunto em discussão]. Você tem um menino, duas meninas e um bebê; quatro encarnados. É a manquinha que me preocupa. Há duas mães ligadas a você, uma chamada Mary. Sua tia morreu com câncer. Você tem indigestão, e toma água quente contra isso. Você teve uma péssima experiência. Você quase escorregou uma vez na água. [Acidente perigoso de iate no verão passado. As declarações acima são corretas exceto sobre o mancar. Veja a sessão seguinte]

Sessão No. 43. Noite de segunda-feira, 23 de Dezembro.

Presentes: O Dr. e Sra. C. e O. J. L. [Declaração correta quando não registrada sob outros aspectos.]

“Como está a pequena Daisy? Melhorará de seu resfriado. Mas há algo errado com a sua cabeça. Tem alguém próximo a você que é manco e alguém que escuta mal. Essa menininha tem o dom da música consigo. Esta senhora está inquieta. Vocês são em quarto, quatro contando contigo, um desencarnado. Um tem ferros em seu pé. Sra. Allen, próximo a ela está aquele com ferro na perna. [Allen era o nome de solteira da mãe da manca]. Há aproximadamente 400 na sua família. Há Kate; você a chama Kitty. Ela é uma daquelas pessoas ranzinzas. Confiável, mas ranzinza. Ela distanciar-se-á, e irá se casar. Ela pensa que sabe tudo, pensa sim. [Essa a menina enfermeira, Kitty, sobre quem eles parecem ter uma piada que a chama de um compêndio ambulante de informação]. (Um envelope com letras escrito dentro, N—H—P—O—Q, foi então entregue, e Phinuit anotou B—J—R—O—I—S, sem muita paciência). Um segundo primo de sua mãe bebe. A pequenininha de olhos escuros é Daisy. Gosto dela. Ela não pode ouvir muito bem. A que é manca é filha de uma irmã. [Filha de uma prima, cujo nome de solteira era Allen, na verdade.] A surda é a que tem o dom da música consigo. É Daisy e ela fará as pinturas de que lhe falei. [Gosta de pintar]. Quando crescer será uma bela mulher. Ela deve usar um cone de papel no ouvido17 [Um tímpano artificial tinha sido aventado]. Você tem uma Tia Eliza. Há três Marys, Mary a mãe, Mary a mãe, Mary a mãe. [Avó, tia, e neta]. Sua senhora tem três irmãos e duas irmãs. Três encarnados. Havia onze na sua família, dois morreram pequenos. [Só se sabe de nove]. Fred morrerá repentinamente. Ele se casou com uma prima. Ele escreve. Tem coisas brilhantes. Lorgnettes.18 Está ausente. Tem um problema complicado com coração e rins, e morrerá repentinamente. [Nem minimamente provável. É bastante curioso que o sobrenome deste “Fred”, não dado aqui, fora mencionado uma vez, seja acidentalmente ou de outro modo, em um contexto totalmente diferente na sessão 38 (p. 484); sendo então, naturalmente, bastante ininteligível].

NOTAS.—a parte mais notável desta sessão é a proeminência dada à filhinha favorita do Dr. C., Daisy, um criança muito inteligente e de uma disposição muito doce, mas bastante surda; embora seu treinamento a capacite a ir ao colégio e receber aulas normais com outras crianças. Na primeira

17 Em inglês: paper ear: ouvido de papel. Instrumento cônico na época colocado ao ouvido para

amplificar o som. (N. T.) 18 Par de óculos de leitura ou para assistir a concertos, com uma alça curta, segurada pela mão. (N. T.)

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sessão ela é erroneamente tida como manca, mas na segunda sessão isso é corrigido e explicado, e tudo dito sobre ela é praticamente correto, incluindo o resfriado que ela então tinha. A Sra. Piper não tinha tido nenhuma oportunidade de saber ou ouvir das crianças de Dr. C. pelos meios sociais costumeiros. Nós mesmos mal conhecemo-las. Phinuit captou o nome da criança gradualmente, usando-o a princípio como uma mera descrição. Eu mesmo não o sabia. O Dr. Phinuit é pródigo com predições, tal como aquela no fim, que freqüentemente, penso eu normalmente, falham. Lamento profundamente dizer que suas predições concernentes a Daisy são igualmente falsas, pois ela pegou a influenza, e o anúncio de sua morte está no jornal de hoje.—Junho, 1890.

O seguinte é um resumo das afirmações falsas:—

AFIRMAÇÕES ERRADAS Na Sessão 42:— “Sua senhora é Fanny; bem, há uma Fanny. [Não]. Fred tem cabelo claro, bigode

marrom, nariz proeminente. [Não]. Sua tese foi sobre alguma coisa especial . Devo dizer sobre pulmões. [Não].

Na Sessão 43:— “O nome da sua mãe era Elizabeth. [Não]. O pai dela é manco. [Não]. De suas crianças

há Eddie e Willie e Fannie ou Annie, e uma irmã que tem desmaios, e Willie e Katie (não, Katie não conta) [sendo a enfermeira], e Harry e a pequena de olhos escuros, Daisy. [Tudo errado exceto Daisy]. Um morreu com a garganta inflamada. [Não]. O menino parece ter 8 anos. [Não, 4.] O pai da sua esposa tinha algo errado com a perna; um chamado William. [Não]. Sua avó teve uma irmã que se casou com um Howe—Henry Howe. [Desconhecido]. Há um Thomson ligado a você [Não], e se procurar achará um Howe também. Seu irmão, o capitão [Correto], tem uma esposa amável que tem cabelo castanho [Correto], teve problemas na cabeça [Não], e tem duas meninas e um rapaz”. [Não, três meninas].

O Dr. C. permitiu-me anexar a seguinte nota dele sobre o caso, escrita algum tempo mais tarde:—

“O estado de transe parecia natural; mas tinha mais movimentos voluntários do que eu jamais tinha visto num ataque epilético. A inteira mudança nas maneiras e comportamento da Sra. Piper não é como um esforço intencional, e é possível que ela mesma acredite que as condições signifiquem algo exterior a si. Com referência ao resultado, os erros parecem contrabalançar os acertos, e a “leitura” não é tão impressionante como a “sessão” em si. Depois de ler suas notas penso que elas consistem de uma certa porção de leitura de pensamento e de uma grande porção de habilidosa adivinhação”.

___________

Na sessão seguinte eu tinha organizado para um escritor de taquigrafia estar presente, e registrar tudo quase tão textualmente quanto possível.

Não é uma sessão muito favorável, e a única importância especial ligada a ela deve-se ao fato que foi por um embrulho posto naquela manhã que o relógio que foi mencionado na introdução chegou (p. 458); mas como esta foi uma das poucas sessões em que se tentou fazer o relatório textualmente, penso que esse espaço deve ser dispensado para plena inserção; sendo entendido, espero, que o relatório completo é

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dado para fornecer uma melhor noção de toda a conduta de uma sessão distinta da primeira, i.e., conduzida por estranhos. Perceber-se-á que desta vez conversamos de forma consideravelmente livre com a personalidade de Phinuit, a fim de extrair-lhe mais informações. Nas sessões anteriores, eu fora reticente e trouxera desconhecidos reticentes, até que eu tivesse ficado completamente satisfeito da existência de algum tipo de poder e da honestidade da Sra. Piper; estava agora ansioso para fazer a experiência ir além, a fim de distinguir, se possível, entre leitura mental e clarividência propriamente dita: eu queria receber algo que não soubesse. Foi com esse objetivo que escrevi solicitando o relógio; e foi com isso em vista que agora às vezes eu economizava tempo fornecendo por conta própria um pouco de informação genérica. Tal procedimento pode ter sido menos judicioso do que eu pensava, mas era de pouca vantagem ser informado de tudo que eu já soubesse; eu já tinha determinado que Phinuit podia fazer isso; quis ser informado de algo que depois eu pudesse verificar, e pareceu a mim que Phinuit melhorava quando alguém conferia algum tipo de confiança a seus poderes, e não continuava a pedir provas triviais interrogando coisas tais como “quantos irmãos eu tenho?” Tais perguntas são suficientemente adequadas para estranhos fazerem; mas depois de um tempo Phinuit fica impaciente com um antigo assistente, a menos que ele faça perguntas mais razoáveis. Em nossa ignorância do modo de ação da mente envolvida pode ser imprudente conjeturar, mas acho provável que um assistente que estivesse realmente, e não só cientificamente, ansioso para ganhar informação em algum assunto seria capaz de conseguir os melhores resultados; e esforcei-me para pôr-me tão próximo quanto possível dentro da atitude apropriada para receber a informação. Percebo que isso tem um efeito ridículo em publicações.

Desejo, além do mais, salientar que a visão a ser tomada desta e de algumas sessões posteriores depende inteiramente da visão que se toma da honestidade pessoal da Sra. Piper. É por estranhos que isso deve ser, e foi, testado. Uma vez ela sabendo que permaneceria hospedada comigo, não se pode negar que uma pessoa fraudulenta e ardilosa poderia lograr em conseguir informação concernente a meus parentes (p. 527). Mais uma vez repito (com reserva) que estou convencido que esta não foi a forma pelo qual foi feito; mas a evidência real sobre tal ponto deve descansar nas entrevistas com estranhos repentinamente apresentados.

No relatório anexado nada está propositalmente omitido. As reticências ocasionais só querem dizer que a fala era rápida ou inaudível demais para o taquígrafo. O último a escrever suas notas antepôs como prefixo a todas as falas do Phinuit o símbolo “Dr.”, e deixei-o assim. Mas para maior clareza, e para indicar as mudanças de voz e maneiras, que eram às vezes somente parciais mas ocasionalmente marcantes, alterei esse prefixo nalguns lugares para a inicial da suposta personalidade que falava, colocando um sinal de interrogação nos

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locais duvidosos onde eu não sabia se Phinuit pretendia que acreditássemos que ele nos informava na primeira pessoa, ou se tinha desistido temporariamente do seu posto. Absolutamente nada se pode deduzir por esses prefixos. Eles meramente ajudam a entender como o diálogo soou; e era só muito ocasionalmente que a voz e as maneiras alteradas assemelhavam-se o suficiente às da suposta pessoa que falava para despertar interesse. Será, naturalmente, percebido que, mesmo em uma imitação bem sucedida de voz e trejeitos, só há necessidade de um pouquinho de habilidade de execução somada à leitura da mente.

Sessão No. 44. Meio-dia. 2 de Dezembro de 1889.

Presentes: O. J. L. ; Mais tarde, M. L. também; com Briscoe taquigrafando as notas todo o tempo. (Relatório transcrito literalmente, como uma amostra selecionada ao acaso).

Dr.: “Como vai, Doutor?” (Evidentemente se referindo ao último assistente, o Dr. C.) O. L.: “Hum, vou muito bem, obrigado”. Dr.: “Ora, eu pensei que fosse o Doutor. Você sabe, eu o vi da última vez”. O. L.: “Sim, o viu”. Dr.: “Duas vezes. Bem, pensei que fosse ele, sabia? Eu o verei novamente alguma outra

vez”. O. L.: “Bem, como a médium está hoje? Dr.: “Oh, bastante bem”. O. L.: “Você concedeu ao Doutor (i.é. ao Dr. C.) uma sessão muito boa” (p.495). Dr.: “Muito boa o quê?” O. L.: “Você lhe disse muitas coisas. Dr.: “Disse-lhe tudo que pude ouvir, mas era uma família terrivelmente complicada. Eu

não consigo esclarecer bem tantas coisas, e eles não falam o suficiente. Eles eram reservados demais, sabe, e muito quietos”.

O. L.: “Tinham medo de interromper você. Tinham boa intenção”. Dr.: “Sim, eles são legais; mas sabe, eles devem reconhecer seus amigos, e se eles não

fazem isso, então. . . Bem, não parece cordial. Quando encontra seus amigos você ao menos pode dizer ‘Como vai você?’”

O. L.: “Você tem visto algum dos meus amigos? Dr.: “Tenho. Vi seu tio, sabia?” O. L.: “Mais algum dos meus parentes?” Dr.: “Sim, vi. Há dois Olivers na sua família. Dois. Há um Oliver e Alfred, irmãos, você

sabe. [Sim]. Quem é esse sujeito ali?” O. L.: “Ele é somente meu escrevente”. [Ele é realmente escrevente para o College

Registrar]. Dr.: “Como vai você?” (Escrevente) E. B.: “Vou muito bem”. Dr.: “Fico feliz de ver que alguém está bem”. Dr. a O. L.: “Sabe aquelas letras que o Doutor me deu?” [Referindo-se a algumas letras

escritas dentro de um envelope e entregues na sessão anterior]. O. L.: “Sim, sei”. Dr.: “Você não deveria usar ele para suas coisas. Você deveria dá-las a mim

pessoalmente”.

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O. L.: “Isso era tarefa dele. Tínhamos combinado isso antes da sessão; foi idéia dele”. Dr.: “Mas muito perturbou-me no momento. Elas eram ‘P.O.Q., ...”. [Estas são três

delas agora (p. 496).] O. L.: “O Senhor não as captou direito”. Dr.: “Sei que eu as recebi direito”. O. L.: “Elas não estavam corretas o bastante, mas não importa. Tenho uma pergunta

para o Senhor”. Dr.: “Qual?” O. L.: “Quero perguntá-lo sobre este relógio, se não se importa” (p. 458). Dr.: “Sobre o quê? O que você quer saber?” O. L.: “Bem, quero saber a quem pertenceu”. Dr.: “Está desencarnado. Trabalhava com rodinhas. Vejo-o em um quarto com rodinhas

com figuras nelas. Ele tinha a ver com alguma coisa que tinha rodinhas.” O. L.: “Não, não; não quero dizer o homem que fez o relógio. Quero dizer o cavalheiro

que o usava”. Dr.: “Bem, isso confunde, não é isso que estou lhe dizendo? É uma coisa velha e

estranha. Passou pelas guerras, penso. Relógio velho e curioso”. (Manejando-o). O. L.: “Você sabe qualquer coisa sobre isso?” Dr.: “Pertenceu a um de seus tios.” O. L.: “Pertenceu a alguém que tivesse algo a ver com rodinhas? Dr.: “Bem, de fato pertenceu, e isto foi dado a ele pelo pai dele... Rodas redondas

pequenas, com figuras nelas. Dado a ele por seu pai. Eu o trarei. Ele é como Tio Robert, e é o que sofreu um acidente. Ele caiu, você sabia? Ele escreve a Tio Robert e a Tio Charles. Isso é, irmão Charles, eu quis dizer”.

O. L.: “Irmão dele?” Dr.: “Sim, e de Oliver”. O. L.: “Ele está aí agora?” Dr.: “Sim, bem aqui”. O. L.: “Enviaria uma mensagem a Tio Robert?” Dr.: “O—L—I—V—E—R, este é o nome dele, eu sei. Não, não, esse é o nome de

Oliver”. O. L.: “Quem ele quer dizer por isso?” Dr.: “Este é o irmão dele. Olhe aqui, se eu me atrapalhar com isso você não vai me

perturbar, ou vai? Oliver é o nome que ele deu. Teve um irmão Oliver, e um pai Oliver, e um sobrinho Oliver. [Correto]. E então há Henry—H—E—N—R—Y.”

O. L.: “Sim”. Dr.: “Mas este é seu irmão. Há outro irmão. Então há Ellen.” O. L.: “Minha irmã?” Dr.: “Não, ele tem uma irmã Helen. Me enrolei, não foi? Mas espera um minuto,

confundi. Você já descobriu quem era Florence?” O. L.: “Ela diz que não possui uma amiga Sra. Whiteman”. [Ver Sessões 38 e 40, pp.

485 e 494.]

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Dr.: “Senhorita Whiteman—se disse Senhorita ou Sra. não estou seguro.” O. L.: “Escrevi à que pinta, e não é casada”. Dr.: “Disse-lhe que uma delas pintava e a outra não.” O. L.: “Sim, o Senhor disse”. Dr. (retornando ao relógio): “Diga, você sabe se ele tem um irmão Charley, um Robert e

um Oliver? [Verdade]. Você já viu tamanha quantidade de irmãos? Já?” [Havia cerca de vinte].

“J—O—H—N. Conhece-o? Bem, John—. Mas você o conhece. Houve um John. Bem, está desencarnado. Você não o conhece? Bem, você é estúpido”.

O. L.: “Você quer dizer aquele sobre quem eu perguntava?” Dr.: “Exato”. O. L.: “Oh, conheço-o, mas você não o captou muito correto. Diga-nos seu nome?” Dr.: “É J—. caramba. Ele está dizendo para mim; falando sobre seus irmãos também”. O. L.: “Eu ficaria muito feliz se o Senhor o fizesse falar”. Dr.: “Seu nome é Jonathan, caramba. [Não]. Você acha que eu não posso ouvi-lo? Bem,

posso ouvi-lo, de qualquer jeito. J—O—N—A—T—H—A—N. Por que você não fala sobre outros? Fale sobre o resto, e deixe-me falar com ele. Eu o trarei para bem perto de mim”.

O. L.: “Quero falar com Tio Robert”. Dr.: “Esse é o homem de quem sempre falei. Eu lhe falei dele”. O. L.: “Faça com que ele nos diga algo sobre quando eles eram jovens. Tudo que ele

souber”. Dr.: “Conseguirei um monte de coisas boas para você a partir dele. É um homem muito

brilhante. Tem muito a ver com esta coisa” (o relógio). O. L.: “Sim, trouxe-o propositalmente para o Senhor”. Dr.: “Rodinhas com figuras nelas”. O. L.: “O que são essas coisas?” Dr.: “Bem, eu acredito—sim.” O. L.: “Para o quê elas serviam?” Dr.: “Você não vê estas coisinhas redondas com figuras nelas? São rodas; como rodas

redondas exatamente. Coisas musicais, com figurinhas em volta delas”. O. L.: “Seriam para cálculo?” Dr.: “Eu não posso dizer para que servem. Sabe o que quero dizer. Como... peça de

dama (? rascunho).19 E então estas figuras são marcadas. Ele está mostrando um prato. Vejo-os. Digo-lhe, Capitão, que isto é correto”.

O. L.: “Ele costumava fazer cálculos.” Dr.: “Eu lhe digo e você pergunta a Robert. Se você não souber isso ele saberá e tudo

ficará bem. Seu pai está aqui”. O. L.: “Como está meu pai?” Dr.: “Seu pai está bem. Consegue ouvir a resposta? Ele está bem. Há dois cavalheiros

falando comigo. Um pai, outro tio. Seu pai... envia seus cumprimentos a vocês todos. É um homem muito bom, tem estas coisas como você por aqui, sabia?” (Barba e costeletas). [Verdade].

O. L.: “Mande um beijo a meu pai”.

19 Em inglês: Like . . . draught (? draft). Draught e draft possuem a mesma pronúncia, mas em inglês

britânico a primeira grafia pode se referir às pedras do jogo de damas (draughts, em inglês americano: checkers). Como um pensa em “coisinhas redondas”, “peça de damas” seria um significado intuitivo. Como outro pensa em cálculos, “rascunho” poderia ser o segundo. (N. T.)

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Dr.: “Mandarei”. O. L.: “E também a minha mãe”. Dr.: “Oh, sim. Ele e sua mãe estão juntos. Houve uma separação por um longo tempo.

Ela desencarnou primeiro, e então ele seguiu-a [correto], encontrou-a, e estão felizes”. Dr.: “Joseph, o que possuiu o relógio? Você acha que não posso ouvi-lo? É J—O. Como

v—você o pronuncia? Digo-lhe que isto está certo. Oh, eu vejo, vejo, você se lembra de Joseph, Joe, um primo de vocês, que desencarnou quando teve uma febre? Não? Um rapazinho, sabe? Ele teve a febre, é o filho do irmão da sua mãe, ou filho da irmã, não posso dizer qual, e está desencarnado. [Ininteligível]. Sua mãe está aqui agora”.

O. L.: “Ela começou uma mensagem a mim que você se esqueceu, sobre minha irmã”. Dr.: “Ela enviou uma mensagem a Charley e a Oliver”. O. L.: “Sim, mas começou uma para minha irmã, que não acabou”. Dr.: “Disse-lhe tanto quanto pude ouvir, e alguns mais falaram”. O. L.: “Sim; mas tente captar o restante agora”. Dr.: “Quero dizer a ela para fazer a mudança. É a melhor coisa que ela pode fazer, e a

ajudará. Ela está indecisa, e diz que se ela fizesse estaria melhor depois. No tocante à vida dela, percebe? Ela quer se decidir e ficar por perto de você. Perto de você porque ela aponta para você e fazer isso será melhor para ela, como pretendia fazer de início. E será melhor para vocês todos. Digo-lhe, meu amigo, sua mãe disse isso, sua tia disse isso, e seu pai disse isso. Agora, se acredita, posso lhe dizer. Sua mãe o disse, sua Tia Anne o disse, e eu conheço-os todos. Seu Tio John o disse. J—O—H—N (percebe?) diz, Diga a sua irmã Ellen—Ellenr—Ellenelly (agora, então, qual d——é seu nome?) para ficar perto de ti, como pretendia de início. Eu não sei o que isso significa. Porque ela está por demais alterada, e ela não sabe o que fazer, e será melhor para você, seu bem estar, para a família, para ela, e você, agora. E ela é suficientemente forte para isso. Melhor coisa que ela pode fazer. Ela melhorará, e você pense sobre isto”. [Ver Nota G, p. 507; ver também pp. 513, 514, 531, 532, e 539.]

O. L.: “Obrigado”. Dr.: E diga a ela, se quiser, que eu lhe disse isso, que eles me contaram, e eu lhe contei,

e se... O que acha disso? Porque a mudança de ar e do ambiente, e o serviço atarefado, e a responsabilidade por sua vida farão bem a ela e a levarão a parar de pensar só em si mesma e em sua condição física; será melhor para ela de todo o jeito. Bem, se você não acredita nisso... eu lhe darei minha palavra de honra que é verdade. O que você acha disso? [Ver Nota C]

O. L.: “Estão todos aí ainda?” Dr.: “Uma dificuldade que tenho é tornar seu tio ciente deste [relógio], e a outra é fazer

o espírito falar a você. Ele teve uma queda quando encarnado [verdade]; morreu há muito, muito tempo .. Bastante difícil falar com ele, percebe? Porque ele morreu quando era jovem e você não sabe tanto sobre ele, e ao mesmo tempo ele não parece ter interesse em você”.

O. L.: “Não, mas ele tem interesse em Tio Robert?”

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Dr.: “Ele é aquele que foi com seu Tio Robert testar o experimento. [Ininteligível]. Começaram juntos, mas ele não se adaptou muito bem, e desistiu [incorreto] e entrou em... . Então trabalhou com as figuras. Como você as chama?”

O. L.: “Ele fazia cálculos. Dr.: “Que m___ são cálculos?” O. L.: “Bem, o fato é que ele pertenceu a uma seguradora. Eles tinham de calcular

quanto tempo provavelmente as pessoas iam viver. Fazem isto por diagramas.” Dr.: “Parece uma composição, e todas… com figuras como as que se acham em

partituras e têm pequenos círculos com letras sobre elas. Isso é um selo. As rodinhas, você sabe, com figuras nelas. Selos. Marquinhas com figuras nelas. Vá e olhe. Ele lhe dirá. Você sabe, Tio Robert é muito interessado. . . . Ele lembra tudo de Tio Robert., e estava com ele no mesmo negócio. [Ver nota A.] Começaram juntos, e então ele desistiu e veio para cá. O que você pensa disto? É verdade. Ele e seu tio Robert tiveram seus retratos tirados juntos. Ele estava com seu chapéu. Há muito tempo. Foi tirado sobre folha de latão. Um pedaço de papel afixado sobre... Estava sentado. O outro de pé. Usavam cartolas. Bem, eis aí, ele lembra disso. [Ver Nota B.] E Tio Robert era o dono disto, (relógio) e deixou-o com ele”.

O. L.: “Tio Robert só o enviou-me hoje de manhã. Acabou de chegar pelo correio.” [Phinuit então personificou o falecido proprietário do relógio, meu tio Jerry: —] T. J.: “Muito bom. Diga que Deus abençoe a Robert e que eu gostaria de vê-lo. Você é

meu sobrinho, não é?” O. L.: “Sim”. T. J.: “Eu te conheço, creio que sim. Sim. Conhecia-o, mas você era um menininho

então; um pensador muito profundo. Pensava muito; mais do que o restante dos meninos. E o que me diz de Alfred e todos aqueles colegas?”

O. L.: “Lembram-se de você. Especialmente Henry”. T. J.: “Sim, Henry lembra-se de mim; e você, você lembra-se de mim em relação a sua

tia. Via muito sua tia lá; e o quão maravilhosamente você mudou! Oh, querido, você é como o resto da família—bastante alto”.

O. L.: “Tio Robert ficaria feliz de saber do Senhor”. T. J.: “Pergunte-lhe se ele se lembra dos quadros? Ele ficou com o anel que eu tinha e a

corrente. Tinha uma coisa quadrada pequena no centro da corrente, bem aqui. Robert lembrar-se-á disto. Pergunte-lhe o que ele fez com meus livros. Estão com ele, estou certo disso. Ele lhe dirá”.

O. L.: “Você se lembra de qualquer coisa de quando eram jovens?” T. J.: “Sim. Eu quase me afoguei. Lembro-me disso. (Com uma curta risada

característica). Tentei nadar o riacho, e os colegas, todos nós, entramos num barquinho. Ele virou. Ele vai se lembrar disto. Pergunte-lhe se ele se lembra sobre nadar no riacho”. [Ver notas no fim desta série (p. 526), onde se encontrará que o “barco” é inexato: deveria ser uma plataforma].

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O. L.: “Fá-lo-ei”. T. J. ou o Dr.: “E ele e eu fomos caçar. Acabamos encharcados. Tivemos juntos muitos

bons momentos, muito bons tempos, e Robert se lembrará disso. E eu quero que ele saiba que estou vivo, e se você repassar estas mensagens, diga-lhe que enviei tudo isto. Como você cresceu. Deixe-me ver como você está alto. [O. L. se levanta.] Nada mal. Sente-se. Aonde acha que você vai se continuar com isso, você talvez atravesse telhado, é melhor parar por aí. Como está indo com seu trabalho? Você tem que fazer com que as pessoas saibam que você está aqui. Isso é uma grande dificuldade”. [Tudo isto é mero enchimento, naturalmente. “Caçar” soa tremendamente americano].

O. L.: “Você freqüentemente quer falar com eles?” Dr.: “Quem é Jack? Você me dirá quem é este? James (soletrando-o), esse é seu (da

esposa?) primo”. O. L.: “Não sei”. Dr.: “Mas você sempre disse que não o conhecia. Agora penso que você é estúpido. Por

que você não sabe? Este primo dela está prestes a se fazer conhecido. Aqui está William T—O—M—K-—I—N—S—O—N. Sim, isso está certo. William Tomkinson. É um homem velho, com cabelo e barba brancos, e ele nada tem aqui (bigode). Morreu com problema na bexiga.20 [Tudo correto. Ver págs. 474, 476.]

O. L.: “Ele gostaria de ver Marie? Meu tio não fornecerá seu nome a Robert? Dr.: “Sim. Ele perdeu sua carteira com dinheiro considerável nela, William a perdeu.

[Bastante possível. Um empregado seu certa vez fugiu com uma grande soma]. Esse é William agora. William está aqui—Tomkinson, e ele quer mandar um beijo a Mary e diz para Mary ficar calma, que há alguma coisa a incomodando, e que se ela ficar calma um pouquinho e não se preocupar demais, vai se sentir muito melhor. Diga-lhe que o pai dela diz isso: o pai dela número 2 (págs. 468, 474, 476, e 537).

O. L.: “Eu direi a ela”. [Nesse momento chamei minha esposa]. Dr.: “Que o Dr. (isto é, o Dr. C. outra vez) teve duas mães. E diga-lhe que eu gostaria

muito de vê-la”. Sra. L.: “Ela ainda pensa nele. Pensa nele sempre”. W. Tomkinson: “Ela foi muito bondosa para mim e fez muito por mim. Ela não podia

ter feito nada mais quando eu estava doente”. Sra. L.: “Diga a ele o quanto eu sofri”. W. T. ou o Dr.: “Sei disso; mas meu sofrimento todo acabou em pouco tempo. Nunca

mais sofri desde então. Seja uma menina boa; coragem é tudo. Agüente; faça seu melhor. Tem minha palavra que você se sairá bem, e estará bem. Agora isto é muito. Você certamente ficará bem e livre das dificuldades que agora a incomodam na vida material”.

Dr.: “Espere um minuto, e eu falarei com ele também. Este é Alec (p. 472), e Alec diz o mesmo. É inútil e sem sentido lutar, mas paciência e perseverança superam todas as coisas. Seja paciente e você não sofrerá muito tempo, William e Alec dizem o mesmo”.

W. T.: “Pergunte à menininha se ela se lembra de minha doença. Eu nunca estive muito bem depois daquela operação”. [Possivelmente verdadeiro].

Sra. L.: “Pensamos que você estivesse melhor por um tempo”. W. T.: “Nunca estive. Fiquei aliviado apenas temporariamente. Eu

20 Difícil precisar o tipo de problema, mas à época eram muito comuns os cálculos de bexiga, famosos por

causarem crises de dor excruciante e infecções recorrentes. (N. T.)

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viria outra vez. Até que eu ficasse aliviado de meus sofrimentos, só Deus sabe o que eu sofri. [suas últimas 24 horas foram de uma agonia constante]. Não estou mais deprimido. Estou feliz agora, e tenho um bom lar”.

Sra. L.: “E por que você foi mal compreendido?” W. T. ou o Dr.: “Porque eles não podiam entender meu temperamento, minha

disposição, minha peculiaridade; mas aquele era meu estado físico. Vejo-o agora; isso me faz sentir feliz, Marie. Se você alguma vez pensa.... em mim. Fale comigo, minha criança”.

Sra. L.: “Sim, penso, mas fico chateada”. Dr. ?: “Por quê?” Sra. L.: “Chateada que tenha sido mal compreendido”. Dr. ?: “Não foi culpa deles exatamente. Foi a queixa que eu lhe disse, quando falei com

você antes. Eu te vi antes, não? Não foi culpa deles; não foi minha. Eu não podia evitar, mas parecia tão deprimido; não parecia haver nada de bom na vida para mim; mas há algo aqui para mim, graças a Deus”.

Sra. L.: “Mas você gozou a vida, e queria permanecer encarnado”. Dr. ?: Sim, mas por fim fiquei contente por ser libertado e sou feliz agora. Eu não estou

morto, pois ainda vivo. Eu não sou material. Vocês parecem embasbacados. Estou aqui e vejo vocês dois. Vejo vocês todos. Eu não estou morto. O meu corpo está, mas eu não”.

Sra. L.: “Você vê as crianças, não vê?” Dr. ?: “Vejo-as todas, cada uma delas”. Sra. L.: “Você vê aquela pequenininha a qual você era tão apegado?” Dr.? : “Sim, e Marie, também. Lembro-me dela quando era uma coisinha. Deus a

abençoe. Ela seria uma coisinha engraçada. Corpo pequeno. Nenhum egoísmo nela. Era uma criança boa. Deus a abençoe. Marie, querida, não se lamente”.

Sra. L.: “Lembra-se do pequeno V. ?” Dr.? : “Lembro-me”. O. L.: “Onde ele está agora?” Dr.:? “Está com Mary [i.e., sua avó: verdade]. Está melhor lá, e vamos tomar conta

dele, para que nada sério aconteça. Lembre-se disso. Veja se não vamos cuidar bem dele, na sua vida, não na nossa. Nosso interesse é muito grande, imenso, e podemos fazer muito.

Dr.: “E, Marie, querida, não se preocupe; seja corajosa; proteja-o onde estiver. Proteja-o do barulho e da confusão por um tempo. A mudança o fará bem; e não o deixe ficar sobrecarregado com o trabalho. Não o envie à escola. Deixe-o permanecer em casa e descansar bem, e ficar forte. Os seus nervos estão fracos, mas melhorará. Sairá desse aperto, e sairá bem. Teve vermes. Sim, tem-nos ainda; mas superará, e se tornará um bom rapaz. Não se preocupe. Eu não lhe digo isso para encorajá-la, mas porque é verdade”.

Sra. L.: “São vermes pequenos ou grandes?” Dr.: “Grandes, não pequenos, mas grandes vermes; isso é—eles não são tênias. Não”.

[Verdade]. Sra. L.: “O que devemos dar-lhe?” Dr.: “Dê-lhe vermífugo para tomar. Sugira algum”. [N.B21—Este não é o método usual

de prescrição de Phinuit: isto é bastante excepcional].

21 Nota Bene—(latim)—Significa “veja bem”. Usado no sentido de “preste atenção a isto” (N. T.)

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O. L.: “Mercúrio?” Dr.: “Não, forte demais. Vai enfraquecê-lo”. Sra. L.: “Santonina? Escamônea? Quina?” Dr.: “Sim, escamônea é boa. Dê-lhe isso com quina alternadamente”. O. L.: “Ambos injetados?” Dr.: “Sim. A melhor coisa a fazer. Você sabe quem Jerry—J—E—R—R—Y—é?” O. L.: “Sim. Diga-lhe que quero ter notícias dele.” T. J.: “Diga a Robert que Jerry ainda vive. Ele ficará muito feliz de ter notícias minhas.

Este é meu relógio, e Robert é meu irmão, e eu estou aqui. Tio Jerry—meu relógio”. (Impressionantemente falado).

O. L.: “Você vê Tia Anne agora?” Dr.: “Sim, não mudou absolutamente nada; sempre a mesma Tia Anne. Cuidamos muito

bem dele, não cuidamos, pequenina? Sra. L.: “Sobre meu menino?” Dr.: “Ficará bem. Está magro; pálido; parece um pouco cansado; está nervoso; é um

santinho, o rapazote; é um bom camaradinha, e um dos melhores, não é? Ele é bom; um dos melhores; é nervoso, esse é o problema com ele. Tem boa índole. Não há melhor rapaz no campo do que ele. É nervoso, irritável, excitável. Não se pode aceitar isso. Eu não pretendia dizer, mas posso ver o motivo—esse garoto do médico [Sessão 42] é um demoniozinho perfeito e tanto o quanto consegue ser. Se alguém por acaso for tão endiabrado quanto, ele vai superá-lo e se revelar em primeiro lugar no gênero. Naturezazinha diabólica. O outro coleguinha, insolente. Digo-lhe que você tem um grande reconforto nesse rapaz”.

Sra. L.: “Irá viver para ser um homem?” Dr.: “Preocupação! Isso tudo é bobagem e você faria melhor em dormir do que se

desgastar preocupando-se com as pessoas. Faça como lhe disse. Ele ficará bem. Isso é o que importa. Dê-lhe água quente para beber. Dê-lhe à noite. Ele deve tomar de vez em quando. Dê a ele. Diga-lhe para tomar. Faça o vermífugo que eu te disse. Sem chance de ele morrer. Você verá a mudança. Seus nervos não ficarão abalados. Mostre alguma discrição; tenha percepção. Cuide bem de si, Marie, nós cuidaremos bem dele. A mudança lhe fará bem. Há outros à sua volta que necessitam de tantos cuidados assim e mais. Você não deve preocupar-se com quaisquer deles no momento. Está tudo bem. Ficará tudo bem. Deus sabe o que faz, mas você sabe o que eu lhe disse, Capitão (p. 469). Não consigo evitar. Em outras questões você não deve preocupar-se. Você ainda terá conforto nesse rapaz”.

Sra. L.: “E quanto à menininha?” Dr.: “Está bem, nenhum temor sobre isso. Você não deve preocupar-se com ela

absolutamente. Eu lhe disse que ela terá muitos dias de altos e baixos, inconvenientes, desagradáveis. Ela se sairá bem. Seja uma grande companheira, não tema. Ela é uma boa companheira—continue, também, assim como ela é. Ela não vai ficar desamparada, pelo que sei. Fincarei minha palavra de honra sobre isso. Mas Deus sabe o que faz. O que Ele me disse para transmitir e o que Ele permite-me saber, eu sei e nada mais. Não consigo evitar me atrapalhar algumas vezes; e isto me deixa louco. Gostaria de estar sempre certo, não equivocado. Eu realmente cuido de você. Quando a voz do Dr. Phinuit não for mais ouvida no corpo, lembre-se que você teve um amigo em mim, um que sempre tomará conta de você, não importando

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o que disserem sobre mim. Vou adiante. Eu luto, luto contra todos eles e eles sempre lutarão... Melhore para que eu o lute. Deus abençoe a vocês todos, e os melhores votos. Capitão! Há algo mais? Falarei a você outra vez. Doutor! “

NOTAS A. Os fatos referentes ao que é freqüentemente atribuído de forma não totalmente clara

como os negócios em conjunto de meus dois tios são, pelo que sou informado, os seguintes: Tio Jerry, quando jovem, era professor de matemática na Escola de Lucton, em Herefordshire. Então se tornou atuário na Palladium Life Insurance Company [Companhia de Seguro de Vida Palladium]. Quando ela deixou de existir, tornou-se secretário de uma associação de salvamento na cidade, e balconista chefe no Lloyd’s. Tio Robert foi por todo o tempo secretário da Marine Insurance Company [Companhia de Seguros Marítimos]. Os negócios, assim, não eram muito distintos, mas eles nunca “trabalharam juntos” tecnicamente, embora depois que Tio Jerry tornou-se cego ia todos os dias à cidade e sentava-se durante as horas de expediente no escritório de Tio Robert, onde, quando menino, eu freqüentemente o vi.

B. Os fatos concernentes às fotografias são estes: Há duas fotografias emolduradas de Tio Jerry, e ambas lembro-me de ter visto freqüentemente. Uma impressão de uma delas está na casa, logo a Sra. Piper talvez pode tê-la visto; mas é uma coisa feia, relegada a algum sótão. Suponho que pertença aos primeiros dias de fotografia amadora. Consiste num portão no meio de algumas grades de ferro, e apoiado em cada pilar está um homem de cartola. Um destes homens é o Tio Jerry, o outro não é Tio Robert, mas um amigo de ambos, o falecido Major Cheere; achei na ocasião que esse era um amigo mais íntimo de ambos, Sr. Robert Cheere.

A outra fotografia referida é uma melhor. Tenho desde que me foi enviada de Londres. Nela Tio Jerry senta-se, cego, num assento de jardim, provavelmente no do Sr. Cheere, e perto dele senta-se um filho de um dos jardineiros, a quem ele dá uma lição em álgebra.

A menção feita por Phinuit é ambígua no que diz respeito a se referir a duas fotografias com diferentes poses em cada, ou se significa um retrato com duas personagens em poses diferentes. Minha impressão no momento foi a última, e minha memória consciente não foi capaz de corrigir isso. Mas elas são, logo em seguida, e outra vez mais tarde, citadas no plural, mostrando que na verdade se tratavam de duas (p. 531).

C. O bem estar de minha única irmã, Eleanor, comumente chamada Nellie, muito mais jovem que os irmãos, e deixada na responsabilidade deles, é naturalmente uma preocupação para nós, e o conselho dado e subseqüentemente reiterado repetidas vezes por Phinuit, como a mensagem que minha mãe estava ansiosa para enviar, é extremamente natural. A Sra. Piper não tinha visto, nem até onde eu saiba ouvido, sobre minha irmã, que estava em Staffordshire durante esta primeira série; mas na segunda série de sessões ela esteve presente numa curta visita. Seu estado de saúde tem, por algum tempo, causado séria consideração sobre seu local de residência e estudo, e a indecisão necessária tem-na deixado naturalmente inquieta, como afirmado. Ver também muitas sessões subseqüentes, p.ex., No. 46 desta série (pp. 513, 514, e 532).

_______________

A próxima sessão foi a primeira com nossos vizinhos, os Thompsons (p. 455). A Sra. Piper tinha sido apresentada a eles um ou dois dias antes, e gostou deles em particular; eles são vizinhos muito próximos para tentar fazê-los estranhos. Ela também vira seus filhos aproximadamente da mesma forma,

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embora nenhum outro parente. O relatório talvez seja abreviado, mas porções não importantes de modo comprobatório podem ser interessantes para prover uma boa idéia dos modos de Phinuit.

Sessão No. 45. Noite de terça-feira, 9h30min . 24 de Dezembro de 1889.

Presentes: O. L., Sr. e Sra. Thompson, e A. L. (P. 494) tomando notas. O. L. segurando mãos. O Sr. e a Sra. T. algo distantes.

“Olá, Capitão, estive conversando com seus amigos. Tive uma longa conversa com Tio Jerry. Ele se lembra de você agora, quando menino, com Tia Anne [isto é exatamente como ele se lembraria de mim], mas você era um tanto pequeno. Ele o conhecia mas não me conhecia muito bem; perguntou-se que diabos eu queria tentar falar para ele e como cheguei aqui”.

“Sim, ele se lembra do relógio dele—está em posse de Robert. Chamava-o Bob. (Tomou o relógio em mãos). Ha! bem, este relógio veio da Rússia—sim—Tio Jerry assim disse”. [Improvável].

“Digo, aqueles eram papéis de seguro, essas coisas de que lhe falei, papéis de seguro com selos neles. Sabe?”

O. L.: “Não, não sei.” “Bem, fale a Bob, ele saberá tudo sobre isto”. [Não]. “Jerry me diz que ele teve um anel que ele usava no dedo mínimo da mão esquerda;

tinha uma pequena jóia, uma jóia, um carbúnculo nela. A jóia tinha um entalhe pequeno nela (em um lado?), veio da Itália. Uma coisa grosseira. Ele diz que conta isto e que contará outras coisas para provar sua identidade a Bob, e deixá-lo saber que ele está lá. Ele lhe contará todos os fatos específicos. [Ao dizer esta sentença Phinuit curiosamente imitou a maneira de T. J.] Costumavam pôr um casaco com uma tira sobre seu ombro e brincavam de soldados, e se trancaram em um quarto uma vez e não podiam sair, a chave não girava, e tiveram um trabalho para retirá-los”.

O. L.: “Onde foi isso?” “Espera um pouco, perguntarei a ele. Isso foi na casa da sua avó, a casa dele”. [Nada

disso pude verificar. O anel é suficientemente definido, mas nada se sabe dele, e é extremamente improvável que ele alguma vez tivesse usado um anel].

“Quem são essas pessoas ali?” O. L.: “Sr. e Sra. Thompson”. “Oh! Pois aquele é o cavalheiro a quem seu pai enviou seus cumprimentos e disse algo

sobre Ted. Você não lhe disse?” [Nota A.] O. L.: “Sim, disse, mas não estava seguro se o Senhor se referia a ele”. [Ver pp. 475 e

511.] “Naturalmente que sim. Eles são um casal, são sim. Um quer fazer algo e o outro

não.”[Nota B.] “Eles não têm uma filha? Pergunte-lhes”. O. L.: “Vocês têm uma filha?” Sra. T.: “Sim”. “Bem, ela é muito bonita e deixa seu cabelo encaracolado e caindo para trás. [Correto].

Quer fazer algo—não querem que ela faça—bem, deixem-na fazer—está tudo bem”. “A senhora tem um tio John por casamento. [Correto]. Uma das filhas é música e a

outra é artista. É a música, a mais velha das duas, ela quer fazer algo”. [Ver p. 525.]

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(O relógio de novo). “Pergunte a Bob se ele se lembra de Fido. Ele pensa nisso mais do que qualquer outra coisa”. [Nada se lembra sobre isto.]

“Aqui, traga aquele pessoal para cá”. [A Sra. T. veio do outro lado da sala]. “Está cansada, querida, está sim”.

Sra. T.: “Sim”. “Bem, a esposa do Tio John diz que aquela menina está para fazer uma mudança—e é a

melhor coisa para ela. Deixem-na fazê-la. E outro espírito chamado William ligado ao cavalheiro; quer a mesma coisa”. [Nota D]

“Venha”. (O Sr. T. veio). “Bem, aqui está um bom sujeito. Indivíduo de primeira categoria. Ei, você teve uma

queda no gelo. Abalou-o um pouco. Não muito, mas deu-lhe um pequeno susto”. Sr. T.: “Sim”. [Nota E.] “Não foi nada, já superou. Conhece Richard, Rich, Sr. Rich?” Sra. T: “Não muito bem, conheci um Dr. Rich”. [Nota F] “É este. Morreu. Manda lembranças a seu pai. Há algo sobre William. Vou consegui-

lo”. “Digo-lhe, Capitão, seus amigos têm muito para dizer-lhe; estão implorando para ter

acesso a si. Por que diabos você não lhes dá uma chance?” O. L.: “Bem, darei na próxima vez”. “Há Marion—Agnes. Ha, ha, recebi isto daquela vez—Adnes—Agnes.” Sra. T.: “Agnes, tudo bem”. “Como está William? Ele está bem. Ele vem melhorando de forma bem surpreendente.

Mantém-se muito bem, ele tinha reumatismo, mas agora está ficando saudável. Ele está com um jeitão de poderoso—do tipo confiante”. [Nota H].

“Agnes vai embora, vai lhe deixar—uma partida feliz—deixe-a ir”]. Sra. T.: “Para sempre?” “Não, não, por pouco tempo. Deixe-a ir”. Sra. T.: “Quem é ela?” “Diria que ela é uma filha”. Sra. T.: “Sim, está indo para o colégio”. “Bom, essa é a melhor coisa que você fez”. [Nota G] Sra. T.: “Mas há outra filha”. “Ah, essa é o pardalzinho22”. Sra. T.: “É esse seu nome?” “Soletra-se com um T—um nome bem estranho. Ela é um caso sério, mesmo. Sabe

muito, e gosta de livros. Qual é a que recita ocasionalmente—é a alta? [Nota J.] Aquela com o cabelo preto, ela é boa—dará um grande conforto para você. É de um jeitinho cordial, esperta e bonita. Não é, Alfred? Sei que seu pai pensa assim também, não é, pai? [Nota G.] Qual é o que você chama de Ted? Ele tem um jeitinho preguiçoso. Pede ajuda para pôr suas botas e roupas. É um pouco inclinado a ser melancólico. [Nota K.] Aquela que começa com T é mais reservada que os outros—não há tanta agitação nela como nos outros—calma—algo como sua mãe. Teosofia? Como você a chama?”[Nota I.]

Sra. T.: “Theodora”. “Ah, sim, Theo Dora. Bem, é um nome grandioso quando compreende o que ele é.

Havia dois Willians, não havia?” Sr. T.: “Sim”. “O que você chama Will—ele é seu irmão. [Correto]. Penso que seu Tio William

quebrou o braço dele”. Sr. T.: “Não”. “Bem, ele quebrou algo, foi sua perna logo abaixo do joelho—

22 Em inglês, “Titmouse”: apelido carinhoso de crianças, estabelecendo comparação com o pardal. No

caso, coincidentemente com a mesma inicial do referido nome. (N. T.)

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algum tempo atrás. Teve dificuldade considerável com isso e andava com uma bengala. [Nota L.] Você tem quatro crianças.

Sra. T.: “Sim, mas você só contou-nos sobre três”. “Bem, a outra é um menino: nada a dizer sobre ele”. [Não, menininha robusta, nunca

mencionada por Phinuit. Conhecida da Sra. Piper]. “É uma coisa boa você ter superado esse problema aqui (estômago). Meio pesado às

vezes, mas está melhor. [Nota M.] Uma das orelhas do seu pai era um pouco surda. Cavalheiro idoso, testa alta, barba, nenhum bigode. Algo hesitante ao falar. Ele não ficou paralisado?” [Nota N]

Sr. T.: “Não, penso eu”. “Sim, ficou. Morreu em conseqüência. Faça-me quaisquer perguntas. (Passou uma

garrafa de substância química desconhecida, perguntando, “o que é isto?”) “É forte. Está em forma de pílula. Tem salicilato de sódio nele. Isso é bom para

reumatismo. Acho melhor que não tome isto de modo algum. Quem o preparou?” (Retirando a rolha e esfarelando amostras entre os dedos.)

“Bem, seria melhor que eles fizessem mais um e morressem. Há um pouquinho de quinino nele, preparado com açúcar. Não tome isto”. [Errado; revelou-se ser sulfato ferroso engarrafado. Era propositalmente desconhecido].

(Segurou o relógio outra vez. Era um relógio com repetidor23 e disparou). “Olha, eu não fiz isso. Jerry o fez, para lembrá-lo dele. Tome, tire-o daqui—ele disparou de repente—está vivo”.

Sra. T.: “O que nós podemos fazer para as dores de cabeça de Theodora? “Nervos do estômago fora de ordem. Você tem algo dela para me dar?” O. L.: “Vá e consiga uma mecha de seu cabelo”. (Sr. T. foi para o cômodo vizinho com

esse propósito.) “Era Tio Jerry, o que teve a queda. Eu lhe trarei mais notícia dele. Devolva-me o nine-

shooter dele. (Querendo dizer o relógio)24. [Trouxeram então o cabelo e Dr. P. ordenou que O.L. e A.L. “dessem o fora”, o que fizeram.]

“Eu não me importo de falar de doenças diante de todo mundo. [Nota O.] Caramba, eu via sua influência antes de qualquer um outro aqui. O Capitão não lhe contou? [pp. 475, 508]. Você perdeu sua bolsa, e se tivesse me contado eu poderia tê-la achado. Seu Tio William tem interesse em você, assim como seu pai. Tremenda fraude grosseira essa bolsa! Feita às pressas. [Nota P.] Quem é aquela senhora cujo espírito usa uma touca? Ela não parte seu cabelo no meio—envia beijos para você (Sra.T. ).”

Sra. T.: “Talvez seja minha mãe”. “Bem, vejo mais de uma dúzia de senhoras, mas ela usa uma touca de laço. Havia

algum problema de garganta em sua mãe. (Indicando). [Nota Q.] A mãe de um de vocês está encarnada. Penso que é a do cavalheiro. Ela é um anjo—é uma boa mulher—tem algum problema com o tornozelo—o esquerdo—isto a afeta. Estará com você por algum tempo”. [Nota R.]

O. L.: “Você conhece o irmão do Sr. Thompson?” “Não, mas eu o acharei para vocês. Eu não o vejo, mas o procurarei. Capitão, contei a

um cavalheiro chamado Hodgson que procuraria o pai dele; e ele disse que no meio tempo seu médium sairá em busca de gente em outro país. Não é um sujeito esquisito?

23 Naquela época não havia mostradores luminosos como hoje. Para saber que horas eram no escuro, as

pessoas acionavam o repetidor e contavam o número de toques para horas e minutos. (N. T.) 24 Trocadilho com ‘repeater’. ‘Repeater’ pode ser, também, qualquer arma de repetição, como revólver ou

Wintchester. ‘Nine-shooter’ seria uma arma de nove tiros, um ‘repeater’ em alusão ao relógio com repetidor. (N. T.)

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“Aqui está seu irmão” (ao Sr. T.) “Estive à procura dele. Vejo que ele era chamado Ted,

também. Não foi daí que tirou o nome de Ted?” [Seu filho é chamado Ted; pp. 475, 508]. Sr. T.: “Sim, ele recebeu o nome de seu Tio Ted”. “E sobre o cavalo—C—A—V—A—L—O? Sim, cavalo; é manco”. [Referência ao

cavalo não compreendida]. “Ele diz, ‘Diga a Isaac para ser bom à mãe sempre; como ele tem sido. Você tem um

bom retrato meu’.” Sr. T. “Sim”. “Quando olhar para ele e pensar em mim, estarei lá. Estarei com você espiritualmente”. [Então ele pediu lápis e rabiscou algumas palavras, ficando muito fraco. A escrita pouco

legível depois no espelho: “Ted”—“Isaac”—“Cavalo”—“Caro Irmão”. O Sr. Thompson não entendeu a alusão ao “cavalo”. O cavalo da sua mãe não é manco. O cavalo que ela antes teve por 10 anos, e vendeu há dois, está agora bastante manco, mas isso é uma circunstância bem trivial. O nome do Sr. Thompson é Isaac, mas seu irmão normalmente chamava-o Ike].

“Pelo amor de Deus, irmão, mande lembranças minhas a nossa mãe”. [Parecia ter ido completamente, quando a voz retornou fraca mais uma vez]. “‘Annie’. Quem é Fanny?” Sr. T. “Minha irmã. Sim?” “Dê meus beijos a Fanny”. (Este foi o último esforço, e muito fraco). [Ver também No. 47, p. 518.] (Sra. Piper em pouco tempo voltou, e pareceu bastante esgotada depois desta sessão). NOTAS A. Tanto o pai do Sr. T. quanto seu irmão Ted morreram há cerca de 20 anos. B. Acabaram de discutir uma proposta em que tiveram opiniões divergentes. D.

25 Os nomes de ambos os tios estão corretos. E. Faz vários anos desde que Sr. T. teve uma queda no gelo, e ele não se lembra de

qualquer queda em particular. F. Encontrou o Dr. Rich (que morreu há dois anos) uma vez, mas mal o conhecia, e seu

nome não era Richard. [Ver também sessão posterior, No. 83, p. 554.] G. Segunda filha Agnes, 15 anos. (Descrição correta; a preferida de A.L. e Sr. T., como

se deu a entender—O. L.) Foi ao internato pela primeira vez, mas, como se revelou posteriomente, fugiu para casa uma semana depois de ir, por estar infeliz lá, e não retornou a essa escola. [Ver sessões posteriores, No. 80 e 81, pp. 540, 541 e 546.]

H. Claramente correta a descrição do irmão do Sr. T, William. I. Filha mais velha do Sr. T., Theodora. Correto exceto no caso de recitais ocasionais. K. Descrição muito correta do filhinho Ted do Sr. T. (oito anos). L. Refere-se ao irmão William do Sr. T. (H), e a seu Tio William. O último viveu a

maior parte do fim da sua vida na América, mas não se pôde determinar se ele alguma vez quebrou a sua perna ou braço. (Estou escrevendo para indagar parentes [dele] na América).

M. Correta referência a uma doença do Sr. T. N. Referência incorreta ao pai do Sr. T., que morreu repentinamente de degeneração

adiposa26.

25 No original, pula-se da letra B para a D e da I para a K. Resolvemos deixar assim. (N. T.) 26 Fatty degeneration: degeneração gordurosa ou adiposa, ou esteatose. Acúmulo de células adiposas em

um órgão, resultando na deterioração do tecido e diminuição da função. Mais comum no fígado. (N. T.)

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O. Dores de cabeça da filha do Sr. T.(I) bem descritas e alguns remédios antiquados à base de ervas sugeridos, com a recomendação de vê-lo (Dr. P.) outra vez daqui a seis semanas se não estivesse curada.

P. O Sr. T. teve sua bolsa roubada em Londres há 30 anos—então uma questão séria para ele.

Q. Notavelmente correta a descrição da mãe da Sra. T, que sempre usou toucas de laço e bandagens para esconder uma protuberância na garganta—partia seu cabelo de lado.

R. A mãe do Sr. T., 81 anos, vive em Cheshire. A declaração sobre a dor no tornozelo era verdadeira; tinha dores reumáticas no tornozelo esquerdo na ocasião.

Nota adicional pelo Sr. T., agosto de 1890 .—Referente à nota L acima, e ao afirmado mancar de meu Tio William, eu acabo de receber a seguinte resposta de meu primo em Toronto, a quem escrevi:—

“19 de Julho de 1890. Estou certo de que papai nunca quebrou seu braço ou sua perna. Teve, no entanto, muitos problemas de inchaço nos seus tornozelos e na parte mais baixa das suas pernas, durante a última parte da sua vida, enquanto em Virginia. Olhando as velhas cartas de Charlottesville de mamãe, hoje de manhã, achamos várias referências a ele estar acamado por essa causa, e também a um inchaço na mão, que o afligiu consideravelmente. Eu não posso lembrar de nada em qualquer outro período da sua vida que corresponda de qualquer maneira a suas perguntas.

Sessão No. 46. Dia de Natal, 1889. 11h40min da manhã.

Presentes: O. L. e Alfred Lodge, Professor de Matemática em Cooper’s Hill (tomando notas).

“Como vai você, Capitão? Quem você trouxe para nos ver desta vez?” O. L.: “Ninguém. Essa é para nós mesmos”. (Entregando uma carta). “Como está o Sr. Thompson? Ele está bem, não é? Fico contente por ele ter estado aqui.

Como vai você, Alfred? Tia Anne me disse para lhe perguntar quem estava com os livros dela.

A. L.: “Eles foram separados e alguns vendidos”. “Dê-me algumas coisas de Tia Anne e dê-me o relógio de Tio Jerry outra vez. Lembra-

se de quando Jerry e Bob se mudaram?” “Não”. “Mudaram-se. Mudaram para algum edifício novo. Bob se lembrará e isto foi bem por

volta da época que ele teve o relógio, há anos. [Não claramente inteligível]. O tio Robert não tem estado muito bem ultimamente; tem se sentido indisposto”.

“Sim”. “Pratica mais o bem que qualquer um. É excêntrico, mas aberto e bondoso. Não está

muito bem. O tio Jerry o viu há algumas horas. Estava deitado e descansava num sofá—está assim agora—há um quadro grande logo acima do sofá, um elegante relógio antigo à direta de quem entra, e uma cadeira grande e escrivaninha. Quem é aquela senhora idosa lá?—em outro apartamento—muito simples, uma idosa de aparência modesta—nada peculiar; simples, bem arrumada, possui um babado esquisito em volta de seu pescoço e um grande broche no lugar de um colarinho. Seu vestido está com figuras, listras por ele todo, marcas pretas pequenas; vestido preto com marquinhas por ele todo. Muito bondosa, mas o tipo de pessoa mais ou menos instável. Há uma menina jovem, do tipo corpulenta, não está lá há muito tempo.

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Ela acaba de fazer uma breve visita. Possui um pequeno pacote em sua mão. Ela é algum tipo de visitante. Você já sabe. Há um criado no andar de cima escovando e espanando algo. [Ver Nota A.”]

“Tia Anne quer saber onde está seu casaco de cor marrom bem escuro; se está com Eleanor. É uma coisa de aparência esquisita; isso é o que vocês chamam de pele de foca? Ela gostaria que estivesse com Ellen. Eles querem que Ellenr—Ellenelly—Ellen mude de ambiente, para o bem dela, ao menos até que Alfred esteja estabelecido. Agora ela está toda confusa. [Verdade]. Ela deveria se mudar para o seu ambiente, o trabalho fará bem a ela, vai fazer com que ela deixe de ficar centrada nos próprios problemas. Dê-lhe algo para pensar, será melhor para ela fisicamente e de todo jeito. Sua mãe pensa assim, Tio Jerry pensa assim, Tio John pensa assim, sua mãe e pai pensam assim, e Tia Anne pensa assim. Lá, agora, estão muito ansiosos sobre isto”. [Ver Nota C a No. 44, p. 507; também pp. 502, 514, 531, e 539.]

O. L.: “Mas têm de fornecer seu nome de forma mais clara”. “Passe-me um lápis. (Escreveu no verso da carta colocando-a sobre a testa para destacar

a palavra “Nellie” distintamente). [Seu nome é Eleanor, mas ela quase sempre é chamada Nellie]. Aí, esse é o nome dela, e essa é a escrita de sua Tia Anne; ela escreveu. [Possível. Ver Nota B]. Este era um relógio russo—o Imperador da Rússia o possuiu uma vez. [Nada se sabe disto]. Digo, você conhece Capitão—o Sr. Wheeler? Um amigo de Bob.”

“Não”. “Ele diz que ele irá reconhecê-lo—está desencarnado. Ele foi uma vez ligado à marinha

ou à artilharia, ou algo do tipo; em todo o caso, ele era oficial. E Charles Mason, você o conhece?”

“Não”. “Ele esteve associado a uma firma de seguros. Tinha uma cicatriz no seu rosto. Ele se

parece com Jerry”. [Não pude saber nada destas pessoas; soube que houve um Alfred Mason que o conheceu].

“Esta carta é de sua mãe, eu sei”. [Correto]. O. L.: “Sim”. “Devia ter ido e visto sua mãe antes de ela desencarnar”. O. L.: “Eu não sabia que ela estava doente. Tinha-a visto uma semana antes”. “Ela estava muito doente. Devia ter sabido, e devia ter ido. Sua mãe diz que Henry está

bem longe, e você não ouviu falar dele por algum tempo, mas logo irá”. O. L.: “Eu não ouvi ainda”. [Ver nota da Sessão No. 16, p. 466.] “Oh, está tudo bem. Ele está na Austrália. Teve problemas com sua cabeça”. O. L.: “Gostaria que pudesse nos dizer exatamente onde ele está. Nenhum de nós sabe”. “Farei com que sua mãe ou seu pai vá e encontre seu endereço. A irmã do amigo do Sr.

Davies, em outro país, quis achar seu irmão, e eu contei-a onde ele estava, e ela achou-o no número na rua Regent. Ele esteve desaparecido por doze anos.

O. L.: “Bem, por favor encontre Henry assim.” [Ver p. 522.] “Tentarei. Seu irmão—ele é um sujeitinho desmiolado. Esteve na Califórnia por um

tempo. Tem perambulado à beça. Está destinado e encontrar seu lugar no mundo, não tema. Quem a Tia Anne chama de Arthur? Ele é um primo de vocês?”

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O. L.: “Sim, suponho que sim”. [Um primo em quem ela pensava bastante]. “Oh querido, há algo muito mal sobre isto. Está aqui uma criança pequena chamada Stevenson—duas delas—uma chamada Mannie (? Minnie) quer enviar seu beijo a seu pai e sua mãe encarnados...—ela teve garganta inflamada e desencarnou. Ele está muito mal, e foi embora, muito infeliz. Ela está se agarrando a mim e me implorando para dizer-lhes que ela é a pequena Mannie Stevenson, e que o pai dela quase morreu de tristeza—ele se senta para chorar, um choro terrível, e foi embora muito infeliz. Diga-lhe que ela não está morta, mas que envia beijos a ele; e diga-lhe para não chorar”.

O. L.: “Ela pode fornecer o nome um pouco melhor?” “Oh, chamavam-na Pet, e quando ela estava doente chamavam-na Birdie. E diga o

mesmo à mamãe, também.” “Bem, direi se puder”. [Não pude identificar estas pessoas]. “Oh querido. Estou cercado por amigos. Querem falar. O nome do seu pai era Oliver.

Você sabe disso, Alfred?” “Sim”. “O que ele diz sobre vir (?) aqui? Ele teve algo a ver com Bob antes de ele morrer. Foi o

último lugar aonde foi. [Ver Nota C.] Na sua última entrevista ele não sentiu-se muito bem. Ele quer saber se Alfred já está mais resolvido”.

A. L.: “Sim, muito bem agora”. “Há muitos rapazes ao redor dele, muitos em volta de Alfred, está falando com eles. O

que é isso? Você é professor também?” A. L.: “Sim, eu sou agora”. “O que você tem a ver com o Sol e a Lua? Seu trabalho vai indo esplendidamente.

Requer paciência e perseverança. Capitão, seus amigos estão muito ansiosos sobre Nelly. Sabem que ela não tem se sentido bem. Deixe-a estar em seu ambiente por um tempo. Fará bem a ela. Se você não pode ver isso agora, verá no futuro. Fará muito bem a ela se ela se mudar. É verdade, digo-lhe. Eles sabem do que estão falando. Será bom para vocês todos. Nosso pobre pequeno Alfred não pode ver isto como nós podemos. Ele a quer em seu ambiente para estar com ele. Sua mãe diz que não é sábio, não ainda, de qualquer modo. Talvez mais tarde. É infinitamente melhor que ela esteja com você agora. Diz claramente, ‘ela deve ficar nas proximidades de Oliver por enquanto’. [Todo este conselho seria de extraordinária importância se pudesse ser fiável; i.e. é uma questão à qual o conselho é necessário. Ver notas da pág. 507. Os afazeres domésticos dela para Alfred foram uma das idéias especuladas.] Porque ela não está muito bem—não está se sentindo nada bem. Ela pode ficar bem perto de você. Isso a dará responsabilidade e a desviará de seus problemas até que alguma outra mudança seja feita. É de extrema importância, física e mental. Entende?—física e mental. Eles a vêem agora. Ela está escrevendo (12.20)—tem um lápis pequeno. [Ela estaria na igreja então, em Staffordshire]. Recebi Tia Anne, assim como seu pai e mãe. Não é curioso que eu possa falar com você agora? Você sabe que eu lhe disse que se alguma vez eu descobrisse que fosse possível me comunicar com você, eu o faria. Disse assim antes de morrer, e aqui falo a você”. [Ver também p. 470.]

O. L.: “Sim, lembro-me perfeitamente”. [Nota D.] “Alfred, você será mais feliz agora do que jamais pensou. Será feliz, e contente, e

respeitado. Terá que ir ao

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Tio Bob se informar sobre coisas que você não sabe. O que se parece com Tio Bob, aquele sentado ali. Assim que você entra pela porta da esquerda, onde está a senhora com vestido estampado, existe um retrato, um bom retrato. Você sabe sobre a arma do Tio Jerry, um pequeno rifle?—ele acha que está com Bob. Eles saíam juntos com isso há muito tempo. [Acho que teve um rifle: pp. 526-528.] Bob está quase acabado. Bem, isto é algo bom; o seu cérebro está cansado, ele está ficando velho. O que tem feito com a igreja? Ele contribuiu com algo para a igreja outro dia. [Freqüentemente o faz, e fez uma contribuição à Igreja Barking há pouco tempo, mas nada particularmente digno de nota]. Tia Anne, ela teve um monte de livros, o que foi feito deles?”

“Muitos de nós ficamos com alguns deles.” “Diga a Charley que eu não estou morto, mas vivo e feliz em espírito. [Charley era seu

sobrinho e filho adotivo, agora no Canadá]. Seu tio lembrou muito. Não é fácil. Os espíritos esquecem-se muito do que aconteceu quando encarnados, eles têm outros interesses. Onde quer que forem, qualquer um de vocês, farei tudo o que puder por vocês. Capitão, eu conversarei com seu pai e descobrirei o endereço de Henry, e então você escreve enquanto falo”.

“Certamente o farei”. “Ele é o mais temperamental e instável da família. Seu eu pudesse ter levado você a

minha casa e ambiente um pouco mais cedo, seria um pouco melhor para você. É a Tia Anne. Mas nada pode ser feito agora.”

“Sou muito grato pelo que você fez”. “Apreciar meu conselho é uma coisa, lembrar-se de mim é outra. Não me esqueça, meu

rapaz. Jerry diz, ‘Você sabe que Bob possui uma longa pele—uma pele como a de uma cobra—no andar superior, que Jerry pegou para ele? É uma das coisas mais estranhas que já se viu. Peça-lhe que a mostre a você. [Nota E] Oh, ouça-os falar, Capitão!”

NOTAS A. Averiguei que na manhã de Natal ele foi à igreja, então o ambiente retratado não é

contemporâneo. Nem é muito específico ou preciso. Ele realmente teve de se deitar e descansar nessa ocasião, e eu o soube. A descrição do lugar não bate: o que está à direita de quem entra não é um relógio. Há um jovem visitante na casa, mas não um que estivesse só de passagem. A velha senhora no vestido preto com estampas pretas é definitivamente o único item correto. Desde então, já tive oportunidade de ver o vestido, averiguei que era provavelmente aquele usado no Dia de Natal, e eu mesmo o descreveria como acima (p. 512).

B. Esta escrita não era “em espelho”. Normalmente, quando Phinuit escrevia sobre um cartão segurado na sua frente, a escrita era deturpada a fim de ser legível em um espelho; às vezes, cada letra estava no sentido correto, mas a ordem modificada. Letras isoladas, como as maiúsculas, eram feitas corretamente. Mas quando a escrita era feita em papel segurado sobre a testa da Sra. Piper, i.e., com a mão virada ao contrário—o lápis em direção ao rosto—como no presente exemplo, a escrita era comum. A caligrafia não é boa o suficiente para identificá-la como de minha tia ou distingui-la seguramente da da Sra. Piper.

C. Perguntei desde então em Highgate se meu pai não tinha estado lá não muito tempo antes de ele ter morrido, e um de meus primos imediatamente respondeu, “Sim, foi o último lugar aonde ele foi”, exatamente nas palavras de Phinuit (p. 514). Parece ter sido uma agradável e memorável visita. Sem dúvida, no entanto, eu tinha sabido

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algo sobre isto na época. As observações a A. L., logo a seguir, são, por acaso, observações extremamente naturais.

D. Sem dúvida um incidente suficientemente comum; mas foi dito muito seriamente, e minha tia é a única pessoa que alguma vez o disse a mim: ela estava incomodada sobre meu ceticismo nascente. A frase “passed out” é “Phinuitês”.27

E. Este episódio da pele é notável. Eu não posso imaginar que eu alguma vez tenha tido qualquer conhecimento dele. Aqui está o relato de meu Tio Robert quando lhe perguntei sobre isso: “Sim, uma pele fina enrugada, uma coisa curiosa; tinha-a numa caixa, eu me lembro disto bem. Oh, tão claro quanto possível. Há anos que não a vejo, mas estava numa caixa com o nome dele talhado nela; a mesma caixa com alguns dos papéis deles.

Sessão No. 47. Noite de Natal, 1889, 6h20min.

Presentes: O. J. L. e A. L. (tomando notas). “Capitão, você sabe que quando eu vinha, encontrei a médium saindo, e chorando. Por

que isso? “O. L.: “Bem, o fato é que ela está separada de suas crianças por alguns dias, e ela se

sente bem deprimida com isso”. “Como você está, Alfred? Encontro aqui forte influência da sua mãe. (Pausa). Por

George! Esse é o anel de Tia Anne (sentindo o anel que eu tinha posto em minha mão logo antes da sessão), entregue a você. E Olly querido, essa é uma das últimas coisas que eu te dei. Foi uma das últimas coisas que eu disse a você encarnada quando o dei a você em favor de Mary. Disse, ‘Para ela, por meio de você’. [Isto é exato. O anel era sua jóia mais valiosa, e foi dado do modo aqui afirmado não muito antes de sua morte. Ver também pp. 468, 470, 514.]

O. L.: “Sim, lembro-me perfeitamente”. “Digo-lhe, isto eu sei. Eu nunca esqueceria. Mantenha-o em minha memória, pois eu

não estou morta. Cada espírito não fica tão confuso (?) a ponto de não poder recordar seus pertences quando encarnado. Eles nos atraem quando há algo especial sobre eles. Digo-lhe, meu rapaz, eu posso ver isto tão claramente como se eu estivesse encarnada. Foi a última coisa que lhe dei, em favor dela, por meio de você, sempre presente em minha memória. (Mais conversa e aconselhamento, terminando) Convença-se e deixe que outros façam o mesmo. Somos todos sujeitos a cometer erros; mas você pode ver por si. Aqui está um cavalheiro que quer falar com você”.

“Lodge, como vai você? Estou te dizendo que estou vivo, não morto. Esse sou eu. Você me conhece, não?”

O. L.: “Sim. Encantado de vê-lo outra vez”. [Sr. E. Ver também pp. 493, 524, 552.] “Não desista, Lodge. Não abra mão disso. É a melhor coisa que você tem. É penoso no

começo, mas pode terminar bem. Será você quem entenderá melhor e de forma correta. (?). Isto só pode melhorar por meio de um transe. Tem que pô-la num transe. Deve proceder desse modo para fazer-se conhecido”.

O. L.: “Isto é ruim para a médium?” “É o único meio, Lodge. Em um sentido é ruim, mas em outro é bom. É seu trabalho. Se

tomo posse do corpo da médium e ela sai, então posso usar seu organismo para contar ao mundo verdades importantes. Há um poder infinito acima de nós. Lodge, acredite nisto plenamente. Infinito, sobre tudo; a maior das maravilhas. Pode-se dizer a uma médium que ela é como uma bola de luz. Você parece tão escuro e material quanto possível, mas achamos duas ou três luzes

27 Em inglês, um dos significados de “pass out” é morrer. Segundo o autor, era um termo

caracteristicamente usado por Phinuit, quando diz que o termo é Phinuitês. (N. T.)

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brilhando. É como uma série de quartos com velas em um canto. É preciso usar analogias para expressá-lo. Quando você necessita de uma luz, você a usa; quando acabou, você a apaga. Eles são como janelas transparentes para se ver através. Lodge, é um quebra-cabeça. É um quebra-cabeça para nós aqui de certa maneira, embora entendemo-lo melhor que vocês. Trabalho nisso muito. Mesmo. Eu daria qualquer coisa para descobrir. Eu não me preocupo com coisas materiais agora, nosso interesse é muito maior. Estou estudando muito como me comunicar; não é fácil. Mas é somente uma questão tempo antes de eu poder contar ao mundo todos os tipos de coisas através de um médium ou de outro. [e assim por diante por algum tempo]. Lodge, mantenha sua coragem, ainda há muito por que ter esperança. Aguente por um tempo. Não tenha muita pressa. Colete os fatos; não importa do que eles te chamem, prossiga investigando. Teste ao máximo. Assegure-se, e então publique. Ficará tudo bem no fim—nenhuma dúvida sobre isto. É verdade”.

O. L.: “Você tem visto meu Tio Jerry, não tem?” “Sim, encontrei-o há pouco—um homem muito esperto—tive uma conversa

interessante com ele”. O. L.: “Que tipo de pessoa é esse Dr. Phinuit?” “O Dr. Phinuit é um tipo peculiar de homem. Ele está continuamente ocupado e

envolvido com todos. É excêntrico e singular, mas de bom coração. Eu não faria as coisas que ele faz por nada. Ele se rebaixa algumas vezes—é uma grande pena. Tem idéias muito curiosas sobre coisas e pessoas; ele recepta muito sobre as pessoas delas mesmas (?). E capta expressões e frases que ninguém se importa, frases vulgares que ele apreende ao encontrar pessoas estranhas por meio da médium. Estas coisas o divertem e ele as repete. Tem que entrevistar um grande número das pessoas e não há nenhum jeito cômodo de fazê-lo. Um homem de alto gabarito não poderia fazer o trabalho que ele faz. Mas é um velho sujeito de bom coração. Adeus, Lodge. Aí vem o Doutor”.

O. L.: “Adeus, E. Estou feliz por ter conversado com você”. [A voz do Doutor reaparece]. “Isto [anel] pertence a sua tia. Seu Tio Jerry me fala para

perguntar... a propósito, você sabe que o Sr. E. esteve aqui; você o ouviu? O. L.: “Sim, tive uma longa conversa com ele”. “Quer que você pergunte a Tio Bob sobre a bengala dele. Ele próprio talhou-a. Tem um

cabo curvo com marfim no topo. Está com Bob e tem iniciais talhadas nela. [Há um bastão, mas a descrição está incorreta]. Ele está com a pele também, e o anel. E ele se lembra de Bob matando o gato e amarrando sua cauda à cerca para vê-lo gritar antes de morrer. Ele e Bob e muitos dos sujeitos todos juntos, no campo dos Smith, acho. Bob sabia de Smith. E o modo como faziam o jogo-da-velha numa vidraça durante o Halloween, e eles foram pegos nessa noite também. [Concernente ao campo de Smith e à morte do gato, vide notas na p. 527.]

Tia Anne quer saber sobre seu casaco de pele de foca. Quem foi para a Finlândia ou para a Noruega?”

O. L.: “Não sei”. “Conhece o Sr. Clark?—um homem alto moreno, encarnado”. O. L.: “Penso que sim”. “Seu irmão quer mandar lembranças a ele. Seu Tio Jerry, você sabe, esteve falando com

o Sr. E. Tornaram-se muito amigos. E. tem explicado coisas a ele. O Tio Jerry diz que ele contará todos

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os fatos, e tudo sobre as famílias próximas, e assim por diante, que ele pode lembrar. Diz que se você se lembrar de tudo isso e contar a seu irmão, ele saberá. Se ele não entender tudo, ele deve vir e me ver por si mesmo, e eu lhe direi. Como está Mary?”

O. L.: “Mais ou menos, não muito bem”. Que bom que ela vai viajar [Ela ia, para o Continente28. A Sra. Piper sabia disso].

William está contente. Sua esposa ficava muito aflita por sua causa. Você se lembra da cadeira grande onde ele se sentava e ficava pensando”.

O. L.: “Sim, muito bem”. “Ultimamente ele vai e se senta lá. Isso relaxa, diz ele. Costumava se sentar em frente a

uma janela, às vezes com a cabeça em suas mãos, e pensar, pensar, e pensar. [Isso era no seu escritório]. Ele ficou com aparência mais jovem, e muito mais feliz. Foi Alec que caiu por um buraco no barco, Alexander Marshall, o primeiro pai dela. [Correto, como antes]. Onde está Thompson? Aquele que perdeu a bolsa “(p. 510).

O. L.: “Sim, eu sei”. “Bem, encontrei seu irmão e ele mandou beijos para todos—à irmã Fanny, me disse,

especialmente. Ele tentou dizer isso enquanto ia embora, mas não teve tempo algum—estava fraco demais”.

O.L.: “Oh sim, chegamos a ouvi-lo. [Vide final da Sessão No. 45, p. 511.] “Oh, vocês ouviram, tudo bem. Ela é um anjo, ele a viu hoje. Diga a Ike que eu muito o

agradeço. Conte a Ike que as meninas sairão bem. A mãe de Ted e... e como está Susie? Mande lembranças a Susie” (p. 523).

O. L.: “Eu não pude achar aquele Sr. Stevenson para o qual o senhor me entregou uma mensagem. Qual é o nome dele? [p. 514.]

“O quê, a pequena Minnie Stevenson. Você não sabe que o nome dele é Henry? Sim, Henry Stevenson. A mãe desencarnada, também, não muito distante. Dê-me aquele relógio. [Tentando abri-lo]. Aqui, abra-o. Tire-o do estojo. Jerry diz que ele tomou sua faca uma vez e fez algumas marcas pequenas aqui com ele, aqui em cima perto da manivela, perto da alça, alguns cortes pequenos no relógio. Olhe-o depois em boa luz e você os verá”.

[Há uma pequena paisagem gravada no local descrito, mas algumas das silhuetas foram cortadas desnecessariamente fundas, acho, aparentemente por traquinagem ou falta do que fazer. Certamente eu nada sabia disso, e nunca tirara o relógio do estojo antes.—O. J. L. Ver também p. 528.]

Sessão No. 48. Noite, 26 de Dezembro.

Presentes: O. L., A. L., M. L., e Briscoe (tomando notas). “Hn! Como você está, Capitão? Você está muito bem. O que você fez com o anel de Tia

Anne? Bem, dê-mo. Eu contei tudo a ela. Ela ficou muito agradecida de você tê-lo guardado todo esse tempo. Coisa muito boa, não? Ela disse que sentia muito por Charley ter comido o pássaro—a galinha—e ter passado mal. Ele vem tendo um problema com o estômago. O Charley dela. [Mencionado também perto do fim da sessão No. 46.] Ele passou maus bocados por um tempo. A ave o deixou mal. Muito mal. Causou-lhe muitos problemas. Escreva e pergunte a ele. È verdade. Você descobrirá o que é. Ele lhe dirá. [Ele está no Canadá, mas escrevi para descobrir]. (Vide nota, p. 520.) Ficou um pouco febril com isto. Esse foi o problema”.

28 “Continente”, aqui, é uma forma genérica de se referir aos países da Europa continental, em oposição

às Ilhas Britânicas. (N. T.)

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O. L.: “Algo mais?” “Não particularmente, e caso pergunte, então você descobrirá. Digo-lhe isto porque

você desconhece, e este é o tipo de coisa de que você gosta”. Depois de alguma conversa vaga e alguma reclamação sobre o número de pessoas

presentes, Phinuit começou a falar ao escrevente (que continuava tomando notas a uma certa distância), dizendo:

“Está um tanto deprimido, esse sujeito [não]; pensa em viajar e irá logo a alguma outra parte do mundo. [Havia pensado nisso há alguns anos]. Seu irmão extraiu um dente. [Verdade]. Sua tia Emma Maria me contou isso. [Nome errado]. Ela está comigo. Você não a conhece? Sua avó é uma amável senhora. O primeiro nome é Emma; está desencarnada. [O nome da avó era Fanny]. Diga-lhe para perguntar à mãe dele. Quem é George Edward H.? Ele machucou a mão, esse sujeito que você (Briscoe) viu na festa, bem ao longo da palma, uma torção. Seu irmão o conhece também. [Não se lembra disso absolutamente]. Vocês estavam numa festa conversando com uma menina de pele clara [incorreto], e este cavalheiro, George Edward, está ligado a ela, e a um irmão Fred. [Nenhuma noção disso tudo]. Procure confirmar isso, parece muito ocupado agora... (Ainda se referindo ao escrevente). O nome do sujeito é Ed...” (Continuou falando do Tio Jerry e outras coisas... e então:) “Parece haver alguns dos amigos desse sujeito aqui por perto que eu não posso evitar. Há muitos, e eu não consigo captar as coisas direito. Vocês vão ter que me deixar falar com ele e receber toda sua influência, e então eu falarei para o restante de vocês. Eu não consigo resistir. Saiam. Vocês não se incomodariam, não é?”

[Saem de cena O. L., A. L., e M. L.] (O escrevente agora veio e tomou uma mão, fazendo notas breves com a outra). “Seus parentes me atrapalham; confundem-me enquanto falo ao Capitão, então se eu

mencionar qualquer um que seja seu parente, deve me dizer, assim podemos manter as coisas em ordem. Há uma velha senhora desencarnada conversando comigo, e sua influência perturba-me. [A avó morreu há uns poucos anos]. Pergunte a seu irmão se ele não conhece aquelas pessoas na festa, e esse sujeito que machucou a mão, George Edward H., que tem um irmão Fred. Você tem um primo Charley [verdade] que fica hospedado em sua casa [não, seu irmão é quem se hospedava], e um primo chamado Harry. [Verdade]. Há seis na sua família, quatro meninos e duas meninas. [Correto]. A irmã é Minnie. [Correto]. É irritadiça, estúpida às vezes [verdade], mas passará dessa fase ao crescer. Sua mãe sente uma dor na cabeça às vezes. [Não]. Minnie tem jeito para música. [Não exatamente]. Um irmão escreve um bocado [Eu próprio escrevo]. Seu nome é Ed. [Correto]. Sua avó fica chamando Ed. Pergunte sobre aquelas pessoas sobre quem te falei, e descobrirá que é verdade. [Fiz inquéritos diligentes, sem resultado]. Quero o Capitão. Veja, Capitão, que sujeito franco. Agora, então, Alfred e Marie. Está um pouco melhor agora? Está tudo bem. Aqui, Alfred, eu preciso falar com você. Todo o restante saia”.

[Todos se retiram, exceto A. L.] [Ele então deu a Alfred o nome e a descrição geral da senhorita com quem recentemente

contraíra noivado, com alguns detalhes da família dela, esses não sem alguma hesitação; o nome de batismo da senhorita (Winifred) foi escrito em papel sem problemas. Então Tio Jerry foi descrito como falante e bom conselheiro, também disse que ele estivera na França depois de uma doença (o que

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constatei ser verdadeiro). Então se deram algumas predições e muita conversa não averiguável sobre coisas em geral (almas e espíritos, etc.), com as seguintes afirmações concernentes ao próprio Phinuit: ]

“Estou desencarnado há 30 ou 35 anos, acho. Morri quando tinha 70 anos, de lepra, muito desagradável. Estive na Austrália e Suíça. O nome da minha esposa era Mary Latimer. Tive uma irmã Josephine (p. 495). John era o nome do meu pai. Estudei medicina em Metz, onde me formei aos 30 anos; casei aos 35. Consiga alguém para verificar tudo isso, esmerar-se nessa tarefa. Procure o povoado de ..., e também o Hotel Dieu em Paris. Nasci em Marseilles, sou um cavalheiro do sul da França. Ache uma mulher chamada Carey. Irlandesa. Mãe irlandesa, pai francês. Tive pena dela no hospital. Chamo-me John Phinuit Schlevelle (ou Clavelle?), mas sempre fui chamado Dr. Phinuit. Você conhece o Dr. Clinton Perry? Encontre-o em Dupuytren, e essa mulher no Hotel Dieu. Há uma rua chamada Dupuytren, uma grande rua para médicos... Este é o meu trabalho agora, comunicar-me com os encarnados e fazê-los acreditar em nossa existência”.

NOTA adicionada em setembro de 1890—Concernente ao episódio registrado no começo da sessão acima: Escrevi a uma prima que tinha emigrado em outubro passado para se juntar a seu irmão (o referido “Charley”) em Manitoba, perguntando-lhe se ele tinha comido qualquer ave, em especial por volta do Natal, que lhe tivesse feito mal. Só recentemente recebi toda a informação sobre o assunto. Talvez o caráter pouco cavalheiresco do ato, mas mais possivelmente a dificuldade de compreender qualquer sentido no inquérito, seja responsável pela demora. A evidência agora obtida é a seguinte:

“Os rapazes atiraram numa galinha da pradaria quando voltavam para casa uma noite, perto do início de dezembro, fora de estação de caça, quando havia uma multa por matar estas aves. Então tivemos que escondê-la. Ficou pendurada por cerca de uma quinzena e, poucos dias antes do Natal, nós a comemos, tendo Charley comido mais. A ave não o deixou doente, mas ele estava doente na época, com gripe. Foi ao povoado nessa noite ou no dia seguinte, e estava certamente pior quando retornou”.

Sessão No. 49. Tarde de 26 de Dezembro de 1889.

Presentes: O. L., sozinho; depois M. L. também. [Depois de muita conversa de Phinuit, O. L. tentando receber alguns fatos únicos de seu

conhecimento, sem qualquer êxito definitivo, Tio Jerry foi reportado como estando no local, e O. L. tomou notas].

[Dr. P.] “Oliver e... foram para a escola um dia e brincaram pelo caminho. Sua mãe foi atrás deles e os fez voltar, e não os deixou sair em instante algum. Ele tinha um conjunto de roupas brancas com uma pequena marca nelas. Ele construiu um tipo de gangorra, e rasgou seu casaco, e por isso teve que ficar estudando duro por dois dias. [Não se pôde verificar nada disso. É verdade que a mãe deles era um tanto “caxias”]. Os meninos compraram um equipamento de pesca, saíram num barco, e foram pegos numa tempestade. A tia, a irmã do seu pai, Fanny, abrigou Oliver, e secou suas roupas. [É verdade que Fanny era a única irmã, e era suficientemente mais velha para tornar esse episódio possível]. Jerry foi a Paris e escreveu a Bob sobre as coisas que ele tinha visto e feito. Ele e Bob planejaram um dia

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ir embora juntos a outra parte de seu país; foram por vários meses, sua mãe pedindo e implorando que eles voltassem para casa. Logo depois disso ela ficou doente. [Nada disto é verdadeiro para J. e B.. Pode ter sido verdade para dois outros irmãos. Ocorreu algo assim, mas não se pôde precisar]. Não se esqueça do anel, pergunte-lhe sobre isso, e sobre nadar no riacho. Ele tem uma peça de escultura, Jerry mesmo a comprou, com o próprio dinheiro. Um homem com uma saca sobre o ombro, seu braço ladeando o corpo com o cotovelo saliente, olhando para baixo com ar sério, um cão a seu lado. [Não se pôde verificar]. Seu Tio Robert está em Londres. [Verdade]. Ele, Bob, e seu pai foram ver os animais em Londres, e esse foi outro susto que sua avó recebeu. Seu tio tinha um Tio Richard. Jerry quis entrar no negócio de joalharia [sem sentido], mas fracassou. Quando Jerry foi para o colégio, ele fez planos. Um deles era ser advogado. Havia um tipo de rompimento na família. Você viu uma escrivaninha velha, uma escrivaninha antiquada lá na parte de cima da casa, nos fundos?”[Nada disto é útil. Há uma escrivaninha velha dele, mas é algo comum].

O. L.: “Não. Você se lembra da queda de que o senhor falou?” [Vide muitas sessões prévias; mas vide também pp. 528 e 557.]

“Caí, caí perto de um edifício, e nunca estive bem depois disto. Estávamos passeando a cavalo na ocasião, e bati minha cabeça, não posso me lembrar de todos os fatos sobre isto. Fui arremessado, e lembro do prédio no instante exato em que fiquei de frente a ele. Colisão. (Coliseu?). Escapei por pouco. A minha cabeça incomodou-me consideravelmente, e machuquei minhas perna, costas e cabeça. Isso me abalou profundamente. Eu não fiquei inconsciente. A cegueira veio da queda. Posso ver nitidamente, agora”.

NOTA.—Isto está, acredito, correto, mas dentro de meu conhecimento. Lembro-me de ser informado que ele teve uma queda severa do seu cavalo quando na meia-idade; feriu a espinha, e gradualmente veio a cegueira total. Eu não tenho nenhuma recordação dele exceto cego. Sinto como se tivesse uma vaga recordação de terem me dito que ele caíra perto do Coliseu, mas não sei se foi assim.

“Bob é o perfeito exemplo de honra. Ele faz muitas coisas boas, e fará ainda mais. Ele está um pouco incomodado com o reumatismo. Seus pensamentos estão confusos, e sua memória está turva. Ele não se lembra muito bem. [Tudo bastante verdadeiro]. Ele se lembra do campo dos Smith e dos meninos Smith?”

“Não; sinto dizer que não”. [Ver, no entanto, pp. 527 e 557.] “Tive pilhas e pilhas de papéis de todas as espécies; não sei onde elas estão. Acho que

Bob as tem. [Sim, ele tem]. Robert está tentando ler algo agora. [5.20.] O que é isto? [É verdade que ele tentava refrescar a memória olhando os velhos papéis de Tio Jerry; mas a hora exata não foi verificada]. Jerry diz, ‘Oliver, não estou morto, e se pensam assim estão equivocados. Vivo, e ciente de todos vocês’. [Aqui entreguei uma corrente]. Isto é de Oliver [i.e., meu pai: verdade]. Está aqui agora. Eu não pude cuidar de você, meu filho, como gostaria. O destino estava contra mim, também, por um tempo”. (Aqui houve um intervalo de coisas não anotadas).

(Então veio a Sra. Lodge, e Phinuit começou a diagnosticar a doença dela, o que fez muito precisamente, e a prescrevê-la. A receita foi infusão de cenoura selvagem e loções de láudano, com precisas e detalhadas instruções. As receitas fizeram bem. A enfermidade vinha durando há muito. Veja também p. 546.)

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(Ela entregou-lhe uma faca de fruta). “Isto é de William. [Correto]. Sua mãe ficou com o relógio e a corrente dele. [Correto]. Ela nunca se casará outra vez. Tem um quadro dele. Conversaram sobre fazer uma cópia dele”. [Correto].

M. L.: “Que tipo de quadro?” “É uma pintura dele”. M. L.: “Quem o fez?” “Espere um pouco, vou perguntar. Oh, entendo, você mesma o fez. [Verdade, e ele se

comprazia com isso]. Assim diz ele. É um bom quadro. Você é uma boa garota, Mary. Te pergunto, você sabe quem é Isabella?”

M. L.: “Sim, sim”. “Oh, é esplêndido; você nunca a viu triste. Embora ela tivesse seus problemas,

também”. M. L.: “Teve, de fato”. “Está bela como nunca, e tão pura quanto a neve. É uma criatura boa. Digo-lhe,

queridinha, para ser tão corajosa quanto fui—sempre faça o melhor que puder; faça o que sua consciência lhe diz. Siga aquele conselho de Isabella. Oh, que pândegas que nós tivemos! Oh! (Rindo-se todo). Lembra-se de Clara? (Rindo outra vez, e balançando-se sobre a cadeira). Cantarei para você. Por que, cara Mary, quem já imaginou te ver de novo assim e o Oliver também? Oh, tanta diversão! O que devo fazer por você agora que estou aqui?

“M. L.: “Cante-nos uma de suas canções.” “Será que devo? Você costumava cantar e tocar algo você mesma. Seu papai e eu nos

divertimos mais do que você poderia imaginar. Mary, como você está gorda! Onde estão seus cachos? (Pegando no cabelo). Você costumava frisá-los. [Verdade]. Ficando preguiçosa, é? Bem, é muito bom te ver de novo. Oh, sinto-me tão feliz. (Dr. P. dá risadinhas). Ela fez um assobio e lá vai ela. Eu nunca vi uma menina tão feliz quanto essa, nunca. Que feliz que ela é. Mary, Mary, já era hora de você se alegrar”.

[Esse extraordinário episódio foi muito realista e correspondeu às nossas lembranças de uma tia de minha esposa de temperamento alegre. Ver também a sessão seguinte, p. 524.]

“Capitão, Henry está na Rua Regente 127, Filadélfia. Eu não pude receber isto direito antes. Pensei que fosse Austrália (p. 513). Escreva para lá”.

O. L.: “Certamente irei”. [Escrevi, mas sentia-me seguro que não podia haver nenhuma Rua Regent na Filadélfia.

Desde então meu irmão escreveu de Nova Iorque]. “Alfred foi ver Dick. [Ele tinha ido ficar com outro irmão, não Dick; a Sra. Piper sabia

onde ele tinha ido]. Você acha que vou comentar com o velho Harry quanto a Nellyy, não acha?”

“O que você quer dizer?” “Criar caso com os outros irmãos. [Eu tinha essa idéia sobre Dick]. O seu Dr. William

perguntou sobre o cavalo?” [O nome do Dr. C. é William, mas eu nada sei sobre um cavalo em relação a ele]. “Há aqui um espírito chamado Thomas; quem é esse?” O. L.: “Eu não sei”. “Você tem algo a ver com uma faculdade, Capitão?” O. L.: “Sim”. “Bem, esse aí tinha a ver com ela. Ele estava falando comigo quando eu estava com

aquele jovem”.

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O. L.: “Qual é o nome dele?” “Não é Edmund nem Frank. James, John. Não. Ele está muito ansioso para falar com

você, tentando tudo que pode para falar com você, parece muito contente em vê-lo outra vez; mas não consegue falar direito”.

(Suspeitando de quem pudesse ser, peguei uma fotografia e perguntei), “É ele?” “Sim, é ele. Uma veia se rompeu, e ele morreu repentinamente. [Verdade]. Seu sangue

parou imediatamente. Eu quis partir, diz ele, minha cabeça não estava bem”. [Alegrou-se por sua morte ter sido pelo rompimento de uma veia em sua cabeça, mas eu soube que a causa foi uma bala de revólver].

O. L.: “Ah, assim pensei”. “Ora, tem dois aqui que vieram atrás dele. Como aquele sujeito veio para cá? Eles o

levaram de volta. Ele ainda não está conosco. Ele viu você e teve forte comoção”. (Sra. L. entregou um chapéu). “Isso é de William. [Verdade, p. 504] Esse é meu chapéu.

Fico feliz de vê-lo. Mary tem administrado o lugar maravilhosamente. [Verdade]. Há um dos meninos aí com ela”.

M. L.: “Sim; pequeno V.” “Vejo-o, caro coleguinha. Onde está minha bengala? Sim, é essa aí. Você acredita que

eu estou aqui, não? Você lembra quando eu ficava sentado naquela cadeira grande de braços, e com meus pés sobre um apoio, quando eu estava doente? “[Correto. Os pés eram erguidos e enfaixados, numa cadeira grande especial].

“E eu costumava me levantar e dar uma caminhada com esta bengala. A outra era curvada, com um cabo grande. Aquela foi a última. [Verdade. Esta “outra” bengala foi verificada, e é a última. Tem uma grande saliência arredondada. Não sabíamos disso]. (Um guarda-chuva foi trazido). Esse é meu guarda-chuva. Esse é o cabo; sim. Lembro-me bem das coisas”.

_____________

A próxima sessão é essencialmente uma com os nossos vizinhos, o Sr. e a Sra. Thompson. A mãe do Sr. Thompson é uma velha senhora Quaker, vivendo na margem de Cheshire do rio Mersey. Nesta sessão a Sra. Piper mencionou todos os irmãos e irmãs do Sr. T. pelo nome, assim como o de sua esposa e crianças—exceto a terceira filha, Sylvia, que foi descartada como um garoto numa sessão anterior, uma criança de saúde robusta. A Sra. Piper tinha dado uma sessão prévia para os Thompsons, vide pp. 508 e 518, onde “Ike” e “Susie” são o Sr. e a Sra. T. (Ver também pp. 540, 544, 553.) Eles não podem, para propósitos evidenciais, serem considerados como estranhos. Ao mesmo tempo, embora nós os conhecêssemos bem por oito anos, muitos das coisas ditas nos eram desconhecidas. Algumas das anotações e a maioria dos comentários são do Sr. Thompson.

Sessão No. 50, e última da primeira série. Noite de 26 de Dezembro, 1889.

Presentes: O. L., Sr. e Sra. Thompson; e mais tarde M. L. também. (Entreguei um relógio novo, e Phinuit disse que tinha sido de meu pai. [Verdade]. Ele

também agarrou a corrente, amarrou as duas pontas uma na outra e tateou por alguma coisa que se seguisse à outra extremidade, querendo lhe dar corda, mas não ficou satisfeito com isso, tateando por algum tempo. [Ver No. 75, p. 536.] Então repetiu:), “Henry está agora na Rua Regent 127, Filadélfia; é isso. [Não]. (À Sra. T.) : Como está Ted? [O filho dela]. Sua mãe envia beijos,

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e quer saber onde estão seus dois anéis? Ela teve dois. [Não se sabe sobre os anéis]. Está de chapéu, o cabelo partido de lado. [Correto]. Sua mãe manda beijos a você, Susie. [Nome usual]. Ela cuida de um bebezinho desencarnado que pertenceu a você. Ele está com as mãos erguidas desse jeito. No fim das contas, ele pouco viveu com você; mas vive em espírito. Sua mãe cuida dele, e de sua irmã desencarnada. [A criança da Sra. T., um menino, morreu ao nascer. Acontece de o Sr. T. ter tido uma sessão anterior com uma médium, a saber, Senhorita Fowler, há 14 anos, e curiosamente ela, também, afirmou que esta criança estava sob o cuidado da mãe da Sra. T). Emily está encarnada. [Irmã da Sra. T., correto]. (Ao Sr. T.): Ted fica muito com sua mãe; ela diz, ‘Meu pobre menino,’ e freqüentemente se preocupa com ele. [Uma expressão nada usual para a Sra. T., mas ela de fato freqüentemente se preocupa com ele]. Ele está estudando ainda, e escreve muito, e ajuda muitos sujeitos jovens. [Ele era um promissor estudante de medicina em Edinburgh, e morreu logo depois de pegar seu diploma]. Não os deixem pensar que estou morto. Conte a mamãe e a Fanny que estou vivo”. [Fanny é sua irmã viva (p. 518)].

(À Sra. L.): “Tia Izzie quer falar com você. [Vide sessão anterior, p. 522. ‘Isabella’; Tia Izzie era seu nome familiar]. Devo cantar para você? Do que você gostaria? Você não esteve bem ultimamente. Está contente de ter notícias da Tia Izzie? Eu quase poderia ressuscitar e morrer outra vez para vê-lo. Conte a Mary que a irmã dela, Isabel, ainda vive; diga-lhe que ela agiu nobremente; diga-lhe que William e eu estamos juntos. Aquele jardineiro preguiçoso! [Esta mensagem é extremamente inteligível. A Mary referida é a mãe da minha esposa. Enviuvou recentemente, deixada com uma casa e jardim para administrar em Staffordshire, “Tia Izzie” esteve com ela bem recentemente, num tempo quando o jardineiro estava com problemas]. (Então a voz e maneiras mudaram, como nas Sessões 40 e 47.) Não desista de uma coisa boa, Lodge. . . . Quem está aqui?”

O. L.: “Essa é minha esposa”. “Como vai, Sra. Lodge? (Apertando mãos). Lembro-me do chá que tive com a senhora

uma vez”. [O pretenso orador, Sr. E., tinha feito isso] O. L.: “Sr. e Sra. Thompson”. “Sim, lembro-me de você, eu acho. [Tinham se encontrado uma vez]. Adeus, Lodge;

não divulgue meus segredos “(p. 493). O. L.: “Não, tudo bem; adeus”. (Dr. P. outra vez, ao Sr. T.): “Ted pergunta sobre George. Não se esqueça de dizer a ele

que eu perguntei sobre ele, e mando um abraço. [George é um irmão]. (A Sra. T.): Susie, eu não gosto de Alice e Maud; amigas de uma de suas meninas. [Não as conhecemos].

Sr. T.: “Pode contar-me sobre minha outra irmã?” “Sarah... não... Eliza-Maria. É isso. Ela está bem. Estamos juntos e felizes. É irmã de

Ted e Ike. Ela, Ted e o pai estão todos juntos. Leciona em tempo integral, e é muito religiosa. Mas ela não reconhece você (Sra. T.) com óculos. (Tirou-os). Isso mesmo; agora reconheço você”.

[Notavelmente correta a descrição da irmã do Sr. T, Eliza Maria, que morreu há 27 anos. A Sra. T. (então solteira) não usava óculos na época, mas a conhecia bem].

(A Sra. T.): “Vejo seu pai, mãe, e duas irmãs. [Estes morreram]. Não sou familiarizado com seu pai. Vou ser franco,

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não posso contar a você o que ele faz. Verei se posso achá-lo. (Uma pausa. Rindo). Seu pai está coberto da cabeça aos pés com tinta. O quarto dele está cheio de quadros, por toda a volta. Temos tudo desse tipo conosco. Ele está tão feliz—não voltaria por nada”.

[O pai da Sra. T. fez da pintura e da arte seu passatempo integral em todo o tempo livre do trabalho, e lamentava não poder viver disso]

“Seu pai diz que ele tomará conta de uma de suas meninas e a ensinará como pintar. É a Teosofia. Se eu não falo a verdade, que eu nunca mais fale outra vez. Ele a ajudará espiritualmente—inspirando-a. [A filha mais velha da sra. T., Theodora, gosta muito de pintura]. A outra vai se dedicar à música—a de cabelo escuro. [Incorreto. Ela não tem qualquer aptidão para música—pinta, também, um pouco]. (A Sra. T.): Sua irmã encrespou o cabelo de um modo muito engraçado (indicando). [Correto]. Maria, sua irmã, eu a vejo. [Correto]. Maria manda lembranças a Emily. [Uma irmã viva]. Que brincalhona que você era. Aqui, Ike, eu gostaria que você pudesse ouvir tudo que seu pessoal tem a dizer. Eles todos falam de uma vez”.

Sr. T.: “Quanta falta de consideração”. “Assim seriam você e seus irmãos, se não tivessem falado com sua mãe por 20 anos.

[Tempo grosso modo correto]. Eliza-Maria e Ted e seu pai todos pensam muito em vocês. Fanny é muito boa para a mãe; está sempre com ela. [Correto]. Sinto muito dizer, Ike, tenho uma má notícia para você. Perderá um caro amigo—não um parente, mas um bom amigo, bem repentinamente, dentro dos próximos quatro meses. [Não aconteceu ainda]. O que são todas essas garrafinhas que vejo em torno de você?”

Sr. T.: “Não tenho nenhuma comigo”. “Não, mas vejo um grande lote. Acônito, Beladonna, Mercúrio, Noz Vômica29, e sabe-

se lá o que mais. [Estas e muitas outras drogas o Sr. T. usava no seu negócio]. (A Sra. L. passou um pedaço de cabelo). Muito fraco para lhe dizer agora, e isto está muito velho. Pertenceu a um destes espíritos. [Por enquanto correto].

(O. L., dando uma carta) “Adeus, doutor. Você está indo para este cavalheiro”. (Dr. P., colocando-a na cabeça) “Isso é de Walter. Conheço-o. [Sim, o Sr. Leaf, mas a

Sra. Piper sabia que ela estava indo para lá]. Capitão, vou deixar-lhe. Deus te abençoe e guarde. Deus abençoe vocês, Susie, Ike, Marie, e Capitão! Odeio deixá-los, mas preciso ir. Au revoir, au revoir! Marie, eu tenho de ir, mas não por muito tempo; espero revê-la logo. Capitão, fale comigo outra vez. Adeus, adeus, adeus.

Fim da Primeira das Séries de Sessões em Liverpool

NOTAS A ESTA SÉRIE DE SESSÕES.

Meu objeto principal nesta série foi discriminar entre transferência de pensamento inconsciente e clarividência direta, pela obtenção de informação totalmente desconhecida a qualquer um presente. A maioria das comunicações pretensamente vindas de meu tio Jerry encaixaram-se perfeitamente nessa descrição, e a única dificuldade foi conseguir sua verificação. Como indicado na Nota E, p. 516, meu tio Robert (irmão gêmeo vivo de Tio Jerry) verificou a pele da cobra, mas

29 Todos são remédios da época (N. T.)

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ele só podia lembrar-se indistintamente do episódio de nadar no riacho e do quase afogamento, cuja ênfase foi colocada por Phinuit (primeira menção na p. 503), e não tinha nenhuma recordação de alguns outros incidentes. Mas ele foi gentil o suficiente para escrever ao único outro irmão vivo, na Cornualha, e dessa maneira obter para mim o que por nenhum outro meio eu poderia ter obtido, o seguinte documento, que eu copio e imprimo integralmente. A comunicação de Tio Robert a Tio Frank foi uma mera lista de perguntas, improvável de trazer à tona pseudo-memórias. A família era enorme, e meu pai era um de seus membros mais jovens. Ele nasceu em 1826; seu pai tinha 61 anos na época, Tio Jerry 16. A família partiu de Barking para Elsworth em 1838 ou 1839. Eu nasci em 1851.

Declaração feita pelo Tio Frank a Tio Robert, recebida por mim em 2 de fevereiro de 1890 (vide fim da No. 80, abaixo, p. 542) :

“Por volta do verão do ano 1828, não estou seguro da data dentro de um ano ou dois, um grupo grande (aqueles que o formavam até onde minha memória me serve eram Srs. Wm. Whitbourne, James Sharpe, Henry Sharpe, Frank Whitbourne, meus irmãos Robert, Jeremiah, Charles, e eu, e alguns outros a quem eu não posso recordar sem ajuda) deixou Barking, alguns no barco de Henry Sharpe e outros andando a Ilford, o objetivo sendo percorrer o Rio Rodin de Ilford a Barking, e pegar um lote grande de peixe em redes arranjadas para tal nos Seis Portões. Percorremos o rio, caminhando dentro d’água onde a profundidade permitia, e nadando nas partes profundas, os não-nadadores andando ao longo dos bancos do rio. A coisa inteira foi um fracasso, pois pegamos pouquíssimos peixes, e concluímos que eles tinham conseguido despistar-nos durante a jornada. Ao chegar a Barking os mais velhos do grupo foram para casa pegar roupas secas, e os jovens começaram as costumeiras brincadeiras brutas. Jerry e eu estávamos brincando na comporta do moinho de água; um empurrou o outro e o jogou para baixo da plataforma escorregadia, e então houve uma luta que resultou em ambos caindo no córrego do moinho, que corria rápido devido aos seis portões estarem abertos. Não restava nada a fazer a não ser nadar com o córrego a um banco aproximadamente trezentas ou quatrocentas jardas de distância. Vestíamos todas as nossas roupas exceto sapatos e meias.

Os cais em Barking estavam lotados com pessoas, homens, mulheres, e crianças, atraídas para assistir o zarpar de um barco de pesca. Essas boas pessoas fizeram um grande barulho, alguns aplaudindo os nadadores na piscina do moinho, outras gritando ‘Eles vão se afogar’, ‘Eles vão se afogar’. Um deles, a saber, um Sr. Smith, um dono de bar, olhou sobre o cais; vi seu rosto bem calmo e o ouvi dizer, ‘Quem será? São somente dois d—d jovens Lodges’. Enquanto nadávamos o melhor que podíamos, meu chapéu foi levado ou saiu e foi deixado para trás uma jarda ou duas, e logo que o perdi nadei de volta e o recuperei, para o delírio dos espectadores. Chegamos bem à margem e até pensamos em nos esforçar para nadar de volta contra a corrente.

Jerry teve um rifle tal como descrito (p. 515), no Palladium, mas eu nada sei sobre isto. Estive em casa somente uma vez enquanto ele estava no Palladium, e por um tempo muito curto.

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Nada me lembro da pele de cobra. Não sei se ele fazia quaisquer cálculos, envolvendo rodas ou outra coisa. Lembro-me de ele ter um velho relógio—como ele o adquiriu não sei—freqüentemente

precisava do relojoeiro, mas Jerry parecia estimar muito ele. Não me lembro de qualquer foto com você e Jerry juntos (p. 503). Lembro que havia um campo em Barking chamado campo dos Smith. Penso que era o

campo no topo ou parte superior de Glenny’s Part, e parte fronteiriça do lago onde pescávamos. Era metade campo e metade jardim (p. 517; vide também p. 556).

O único assassinato de gato de que posso lembrar-me é o de nosso irmão Charles matando o gato da Sra. Cannon e enterrando-o atrás de uma das árvores de lilás (pp. 517,521, 541).”

Mais uma vez, devo repetir que a importância ligada às referências feitas nas sessões a estes acontecimentos depende bastante da visão de genuinidade do transe e da honestidade da Sra. Piper. Se impostora, supõe-se que ela deva ser uma impostora de capacidade excepcional, e contando com ajuda especial. E é somente concebível que ela, ao enviar um agente habilidoso a Barkings para entrevistar os habitantes mais velhos, pudesse descobrir alguém que, quando menino, tivesse testemunhado o episódio do riacho. A tarefa não me parece fácil, mas talvez pudesse ser feita. É impossível supor que a própria Sra. Piper tenha conduzido inquéritos eficientes, porque seus passos na Inglaterra eram todo o tempo bem conhecidos, e ela estava sob acordo de realizar sessões regularmente, todos os dias. Tendo obtido a informação, a Sra. Piper conduziria frequentemente a ela ao mencionar meu tio que tinha caído; exatamente do modo que Phinuit fez. Foi sem dúvida esta freqüente referência que me fez pensar em mandar buscar o relógio e receber mais detalhes. O incidente do gato, e o rifle, podem ser descartados como chutes; e suponho que os arranhões no relógio e a pele de cobra podem ter sido de algum modo imaginados.

O ceticismo tem de ser permitido; embora em face do que parecem a mim improbabilidades tão extremas, que só a improbabilidade de qualquer outra conclusão permite alguém encará-las com paciência.

Mas quando as entrevistas com estranhos são também avaliadas, entrevistas que impelem ao reconhecimento de alguns poderes anormais, e assim retiram qualquer necessidade de um sistema de impostura elaborado e custoso, então confesso que de minha própria parte sou mesmo mais cético do poder de qualquer ser humano para obter a informação por meios normais e sob as dadas circunstâncias que sou da possibilidade da posse pela mente humana de poderes latentes ou nascentes, até aqui só obscuramente reconhecidos e imperfeitamente desenvolvidos. (Vide Apêndice, p. 555.)

Notas Adicionais. Setembro, 1890.

Há mais uma ou duas anotações que sou agora capaz de fazer.

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Com referência às marcas no relógio de Tio Jerry (p. 518), parece, a partir da carta abaixo, que é improvável que ele mesmo as tenha feito, e, assim, relegando importância a sua descoberta pelo Dr. Phinuit, e considerando-se o sigilo certo sobre o caso, deu-se provavelmente por percepção direta ou clarividência, ao invés de informação recebida e transmitida como mensagem, como ele quis que acreditássemos. A mesma carta também lança alguma dúvida sobre a importância da “queda de um cavalo”, tão freqüentemente mencionada (p.ex., p. 521). Lembro-me claramente de terem me contado, quando menino, de Tio Jerry ter tido uma queda séria que infligiu algum dano à espinha, tendo sido a causa provável de sua cegueira. Parece então possível que esse item tenha sido extraído de minha mente pelo Dr. Phinuit, a menos que mais informações confirmem sua posição como um acontecimento realmente importante. (Vide também notas no fim da Segunda Série, p. 557.)

A carta é de meu primo, filho mais velho de Tio Robert, mais velho que eu, e muito mais íntimo com o ramo londrino da família do que jamais fui.

Trecho da carta.

Great Gearies, Ilford, 16 de Setembro, 1890. Atendendo a seu pedido de enviar-lhe notas sobre qualquer coisa que me saltasse aos

olhos no relatório de sessões da Sra. Piper—aqui vai. Tio Jerry morreu em 12 de março de 1869. Sempre pensei que sua cegueira fosse

atribuída a ataxia locomotora, e nunca ouvi que ele sofrera uma queda tão feia de seu cavalo como mencionado em suas notas. Teve uma queda leve uma vez em Rotten Row, acho, e lembro-me dele me dizendo, com um pouco afetação, que apareceu em Row no dia seguinte usando um chinelo em um pé, tendo torcido seu tornozelo.

Lembro-me dele ter um rifle e espada, os quais mantinha na sua escrivaninha de trabalho no Palladium, já que ele naquela época pertencia a um clube de rifle (foi muito antes do movimento de Volunteer), e talvez seja isso o que se queira dizer por “brincar de soldados”. Eu não me lembro de qualquer pele de cobra (p. 516).

As marcas no relógio eu não acho que foram feitas por ele, já que não posso lembrar-me dele ter um relógio de repetição antes de perder sua visão. O termo “menininho” (p. 503) bate com seu modo de falar a T. O nadar no riacho, etc., etc., foi tão bem descrito pelo capitão que só preciso dizer que eu soube disto ter sido feito por ambos (acredito) os executores.

(Assinado) ROBERT LODGE.

O outro incidente em favor de clarividência direta e contra transferência de pensamento de qualquer espécie reconhecida, a saber, a experiência concebida pelo Sr. Gonner (pp. 462 e 487), teve seu valor bastante fortalecido por entrevistas com as respectivas senhoras em Londres. Foi uma experiência cuidadosamente organizada, planejada por ele e por mim juntos em Liverpool, e executada numa maneira satisfatória pela ajuda bondosa de seus parentes em Londres.

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O problema era remover a transferência de pensamento a tantas ordens de distância quanto possível. Ele então escreveu a sua irmã, senhorita Gonner, dando-lhe detalhes completos do que se pretendia. Sua mãe deveria ser impelida a decidir fazer algo incomum em uma hora especificada, sem deixar que a senhorita Gonner soubesse o que era; ela não deveria ter qualquer suspeita quanto à razão do pedido, nem saber que era ligado a seu filho. Isso tudo foi realizado com precisão. Com o auxílio da senhorita Ledlie (a senhora descrita corretamente e nomeada como “Annie” por Phinuit), que igualmente não sabia absolutamente nada a respeito das razões, a mãe foi persuadida a consentir ao pedido; e decidiu, portanto, sair sob circunstâncias perfeitamente improváveis, acompanhada pela senhorita Ledlie, ambas as senhoras muito perplexas ao atender ao pedido singular e vago da senhorita Gonner. Esta última, a única do trio que tinha alguma idéia do motivo, propositadamente ausentou-se da casa antes que qualquer decisão fosse tomada a respeito do que deveria ser feito. O percurso de charrete ao redor do parque em uma manhã chuvosa de sábado, embora suficientemente incongruente para espantar mesmo o cocheiro, era um tipo infelizmente passivo de ação a escolher; mas considerando a ausência de qualquer tipo de informação ou pista quanto à razão para se fazer qualquer coisa, é de se espantar que qualquer coisa tivesse sido feita. A senhorita Ledlie relata que depois que a senhorita Gonner deixou a casa e ela a Sra. Gonner decidiram o que fazer, um veículo foi chamado. Logo por volta das 11 ela correu para o andar superior a ver se a Sra. Gonner estava pronta, e viu-a sair de seu quarto em direção a um armário, tirar uma caixa dele, colocá-la numa soleira, abri-la e tirar um agasalho para as mãos, muito parecido com o descrito por Phinuit meia hora mais tarde. Ela tinha seu capote e coisas sobre ele, e o capote é problemático de abotoar, de modo que havia uma grande quantidade de coisas fixadas por volta do pescoço. A subida e olhadela à fotografia quase certamente teriam sido feitas antes de sair, embora de fato não tenham sido presenciadas. O “tomar de um lápis para escrever,” e o “escovar algo,” se por “algo” se quer dizer uma peça de roupa, são ações improváveis. Embora o êxito estivesse longe de ser completo, Phinuit distintamente nos deixou em Liverpool com a impressão que “sair” era a coisa selecionada a ser feita.

O episódio do cabelo de Senhorita Ledlie não ter sido cortado curto, quando Sr. Gonner, tendo sido informado em brincadeira que tinha, sentiu-se desagradado com a resposta de Phinuit (p. 489) encerrando que nada havia de especial a dizer sobre seu comprimento—descontentamento que ele expressou a mim,—do mesmo modo fala contra a costumeira transferência de pensamento.

O incidente no começo da sessão No. 48, sobre “Charley comer um pássaro”, é também bastante notável. Não pensei muito nisso na época porque pareceu uma coisa improvável para ser claramente verificada;

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mas, como registrado na nota no fim da sessão (p. 520), circunstâncias especiais ligadas a ele calharam de tê-lo feito um incidente claramente lembrado.

Segunda Série

Depois de um intervalo, durante o qual fomos ao estrangeiro, a Sra. Piper visitou-nos novamente em seu caminho de volta aos Estados Unidos. Ela então não estava tão bem de saúde, aparentemente bastante cansada pela sua estadia em Londres, que ela acreditava não tê-la feito bem, e começava a desejar chegar a casa novamente. Em geral, penso que a lucidez do “Dr. Phinuit” foi menor que durante as séries anteriores; as comunicações de meu tio, por exemplo, acrescentaram muito pouco aos fatos previamente fornecidos, e os episódios de “George Wilson”, referidos na pág. 461, que no momento pareciam prováveis fornecedores de satisfatória evidência em favor da clarividência, redirecionaram-se em sentido oposto, como a seguinte carta claramente indica:

Carta do Sr. Wilson, no estrangeiro.

2 de abril de 1890.

MEU CARO LODGE,—Sua carta com documento anexo alcançou-me quando estava partindo—e não pude fazer nada até que chegasse aqui. E agora, depois de considerar, penso que devo falar um pouco.

As declarações feitas pela médium caem em duas classes: (1) aquela que se relaciona a assuntos conhecidos por você; e (2) aquela sobre assuntos que você não podia saber—como, por exemplo, minhas circunstâncias atuais ou minha vida passada. O que é dito sobre o primeiro assunto é, como você veria, mais ou menos correto. O que é dito sobre o último é completamente incorreto. Estivesse você aqui, eu entraria em detalhes, mas como você não tem MSS30 isso não poderia ser feito facilmente. Sobre o assunto em geral eu não emito qualquer opinião. A evidência é muito estreita.

E, grosso modo, o tipo de senhor representado é o oposto do caráter digno de meu pai. Ele era tranqüilo e equilibrado, odiava exageros, e, como a maior parte dos oficiais do Governo, evitava todas as aparências públicas. Ele detestava gramática ruim, e redigia documentos do Governo com precisão quase penosa.

Adicionado em Setembro, 1890.

Recentemente, minha esposa sugeriu que algumas das declarações parecem se referir mais provavelmente a meu avô, cujo nome era James, e que era um senhor um tanto “tolo”, como é representado. Não posso verificar as declarações deste ponto de vista, mas ele tinha sua própria casa, e muito provavelmente fazia algumas adições a ela [como declarado na pág. 543].

Subseqüentemente, convenci-o a devolver sua cópia da evidência com anotações, e estas estão transcritas nos seus locais apropriados abaixo, começando na pág. 539.

Durante a segunda série das sessões, minha irmã E. C. L., bastante mencionada na primeira série, esteve conosco em uma curta visita, e freqüentemente

30 Tipo de aparelho de telégrafo usado à época. (N. T.)

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tomou notas por mim. Houve muita repetição das declarações feitas na série anterior, e apesar de eu abreviar as notas tanto quanto possível para mostrar apenas as partes mais aparentemente evidenciais, cito algumas destas repetições por inteiro, especialmente todas aquelas contendo referências a meu tio Jerry, porque dessa vez alguns fatos não tinham sido verificados, e alguns ainda permanecem não verificados. A carta da verificação parcial do Tio Frank a Tio Robert, impressa acima, alcançou-me no meio da segunda série; e eu a li para Phinuit no dia que chegou, como reportado abaixo. A Sra. Piper chegou de Londres em 30 de janeiro, e nos dia seguinte foi conduzida uma sessão, numerada 77 na série inglesa inteira.

Sessão No. 77. (Primeira do intervalo.)

Sexta-feira, 31 de Janeiro de 1890. 11h da manhã às 12h30min da tarde

Presentes: O. L., M. L., e, pela primeira vez, E. C. L. Depois dos reconhecimentos e saudações, e dizendo que Myers lhe tinha recomendado

cuidar da médium e não se demorar muito, ele começou a enviar mensagens sobre minha irmã, mas rapidamente ficou ciente de uma pessoa presente e a reconheceu com “Olá, de George, essa é Nelly.” [Vide pág. 507, Nota C.] Prosseguiu então num aparente monólogo, como se estivesse conversando com outras pessoas sobre ela, e logo reportou que lhe estavam solicitando que prescrevesse para ela. Então ele cessou bruscamente com, “Aqui, Capitão, você perguntou a Robert sobre nadar num riacho?”

O. L.: “Sim, perguntei, e ele se lembra de algo sobre isso; mas ele chama-o de córrego, e diz que foram os outros meninos que nadaram nele.”

“Ah, de fato. Ele está certo. Não lembrava muito exatamente.” O. L.: “Você sabia que ele não se lembra daquele anel? Ele jamais soube de você usar

um anel” [pág. 508]. “Sim, eu usava, mas há muito tempo. É verdade, e ele o tem em algum lugar. Havia

uma pedra nele. Ele se lembrou da pele?” O. L: “Sim, lembrou.” “Oh, ele se lembrou disso. Bem, isso não é engraçado?” O. L: “Ele se lembra disso, mas não parece tê-la agora, e eu não a vi” [pág. 516]. “Bem, ele se lembra das fotografias; em uma em pé e na outra sentado?” [No. 44, pág.

507.] O. L: “Sim, e eu as vi.” “Elas não são estranhas?” O. L: “Sim, e eu vi os chapéus altos que você mencionou; mas não foi Tio Robert que

foi fotografado com você.” “Não? Bem, ele era um Robert. Robert algo. Deixe-me pensar... Você terá que me

desculpar um pouco, eu não posso recordar agora. Você sabe que Robert se machucou um tempo atrás?”

O. L: “Não.” “Sim, você sabe; voltou a ficar doente—teve um ataque, e nunca mais foi o mesmo Tio

Robert desde então.” O. L: “Sim, isso é correto.” (Então vieram algumas comunicações pretendendo ser da mesma pessoa

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retratada como a que enviara mensagens em sessões anteriores, e com o mesmo intuito.) O. L: “Não conseguimos entender aquelas ‘rodinhas’”. “Elas eram apenas selos em documentos de seguro. Ele estava tentando me contar sobre

elas e eu não conseguia captar muito do significado; isso foi um erro meu. Você sabe, quando eles emitem documentos de seguro para as pessoas, existe um selo colocado, que parece com rodas. Você perguntou sobre aquela velha senhora que estava com Tio Robert? Quem é ela—é uma senhora muito velha?”

O. L.: “Sua esposa, eu suponho.” “Você deve olhar estas coisas. Você perguntou sobre a estátua—aquela coisa de

mármore?” [pág. 521]. O. L.: “Sim, eu perguntei, mas ele não se lembra disso.” “Bem, isso é besteira. Ele a pegou, lhe digo. Vá lá e procure pela casa que a encontrará.

Uma pequena estátua. E aquele anel, ele o tem em algum lugar, entre minhas jóias—dentre as poucas que tive. Ele está lá também, em algum lugar” [págs. 508, 537].

O. L.: “Outra coisa que Tio Robert não pode lembrar é Tido” (pág. 509). “Quê, não se lembra do cachorro! Bem, isso é idiotice. Sam lembrar-se-á dele. Pergunte

a Sam.” [Não sabia nada sobre isso] O. L.: “E o gato; ele nega o gato.” “Pergunte ao resto dos meninos sobre o gato. Você lembre a Robert sobre os meninos

de Smith (pág. 521), e então ele se lembrará do gato.” O. L.: “Perguntei, mas ele não consegue se lembrar deles” “Venha aqui, querida (para Nellie). Seu pai quer que eu te examine. Oh, você não está

bem. Você está com problemas.” E. C. L.: “Oh, eu estou muito bem.” “Você se sente muito bem, mas você não está bem. Você não tem uma boa circulação.

Você é o que eles chamam de anêmica”. [Detalhes médicos completos foram fornecidos em considerável extensão, tudo verdade, e prescrições praticamente idênticas tinham sido feitas por médicos de Londres e de Malvern. Então o conselho dado foi para ficar comigo em vez de em outro lugar, muito como nos Nos. 44 e 46, pp. 502, 513, 514, e 539.]

_______

Uma sessão foi tentada na mesma noite, mas ela falhou. A Sra. Piper não pôde entrar em transe; depois de 20 minutos de tentativa, desistiu-se.

Na manhã seguinte, organizei para que um amigo chegasse às 11 horas. A Sra. Piper estava pronta e esperando em meu gabinete, e eu estava do lado de fora do portão para encontrá-lo. Infelizmente, quando ele entrava, minha esposa o encontrou acidentalmente no corredor e conversaram por uns dois minutos enquanto eu estava no gabinete com a Sra. Piper. A porta estava entreaberta, e apesar de eu não ouvir nada em particular a Sra. Piper observou que eles não deviam estar conversando num tom em que pudessem ser ouvidos. É impossível dizer o quanto ela, consciente ou inconscientemente, ouviu, e o incidente me impede de considerar o Sr. Lund como um estranho anônimo, como pretendia.

Uma segunda sessão deveria sempre receber um estranho, o mais rapidamente possível depois da primeira. Uma única e tão nova experiência quase nunca é satisfatória. O curto tempo impediu isso no presente exemplo.

Eu comecei a sessão, para que a Sra. Piper entrasse em transe, o Sr. Lund sentando-se bem perto.

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Ele foi, entretanto, imediatamente chamado por Phinuit, e eu me sentei em uma escrivaninha tomando notas, exceto durante parte do tempo, em que estive ausente. Minhas notas foram depois passadas pelo Sr. Lund, que redigiu o relatório anexado.

Sessão No. 78. 1 de Fevereiro de 1890. 11h da manhã.

Presentes: Sr. Lund, e, na maior parte do tempo, O. L. A sessão começou com Sra. Piper entrando em estado de transe e logo perguntando,

“Onde está o Sr. London?” Ela fez várias tentativas para falar meu nome direito, Lund, mas falhou, dizendo que não podia pronunciá-lo. Ela disse que passei por muitas dificuldades, que eu era um sujeito singular, tinha tido muitos problemas e provações, que eu era um bom homem.

Aí ela pediu a Lodge para deixar a sala. Então falou com precisão sobre as crianças que tive—um menino que neste momento estava fora de casa e enfermo—uma menina mais velha inclinada a dominar—uma segunda menina dedicada à música—uma terceira que precisaria de muitos cuidados. Sobre mim, que tive problemas de garganta [correto], mas que não teria mais problemas. A cabeça agora era o grande perigo. Que estava cercado por pessoas que desejavam me prejudicar, especialmente um homem moreno [desconhecido]. Que tinha quatro irmãs e um irmão [correto]—uma irmã que é um anjo, e outra um tanto nervosa. (Então Lodge retornou e tentou alguma experiência própria: ver abaixo.)

“Você conhece aquele homem Wallace? Quem é ele? Você o chama de ‘Charles’? [Desconhecido.] Houve um incêndio há pouco tempo—não—muito tempo atrás. Alguma coisa pequena foi queimada.” [Certo, um carpete.]

No fim ela disse que era um carpete, depois de chamá-lo de cortina e tapeçaria. “Sua senhora teve uma dor nas costas; não está muito bem ainda; ela ficou um pouco

deprimida; diga para ela não se preocupar com isso, e não ser tão irrequieta. Diga-lhe que gosto dela. Seu menino não está bem. Ele pegou um resfriado—teve febre e agora está fraco. Está recuperando a saúde aos poucos; dê-lhe quinina. Se você não cuidar dele, ele ficará enfraquecido. Está combalido pela enfermidade passada. [Verdade.] Agora mesmo ele está muito infeliz e olhando para um livro.” (Hora 12.45.)

Disse que ela me viu escrevendo—muitos documentos, livros, folhetos, coisas simples, manuscritos, tudo à minha volta—homem público—conversa com as pessoas.

“Você escreve nesses folhetos. É daí que veio a ameaça. Você leciona.” Eu perguntei, “Onde está minha esposa agora?” “Ela está escovando algo—deste modo (erguendo a parte inferior do vestido dela). Ela

tem algo na cabeça—prestes a viajar—conversa com alguém e escova para baixo algo como um manto.” (12.48.) [Ver notas.]

“Quem é esta que você chama Lira? a irmã da senhora [desconhecida]; Lorina, Eleanor, Caterina, uma irmã, dois nomes—um é Emma, uma irmã, ligada a você pelo casamento? Você conhece Thomas?”

“Eu sou Thomas”, respondi. “Ele saberá quem sou—Thomas—Lon—Lund—Tom Lund. É sua irmã que está

dizendo isso.” Ela então se referiu novamente ao incêndio e disse que uma carruagem tombara

próxima a mim. “Outro cavalheiro e você estavam nela—um bom tempo atrás.” [Não posso lembrar-me de qualquer acidente.]

Em seguida falou novamente de minha família e crianças; falou de Tom nº. 2 [errado], “com disposição e mente como de seu pai.”

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Aqui se fez uma referência a um irmão do Dr. Lodge, que tinha retornado à sala. Ela disse que eu estava distante quando minha irmã mais jovem morreu; não com ela;

bem longe. Nenhuma possibilidade de vê-la. Ela teve olhos azuis e cabelo dourado—uma menina muito bonita. Boca e dentes bonitos; cheios de expressão. Ela então tentou descobrir o nome; e foi por uma lista longa; por fim disse que tinha ‘ag’ no meio, e isso foi tudo que descobriu. Ela tinha mudado muito. Ela estava muito mais jovem, e estava desencarnada há muito tempo.

“Mas é sua irmã—Maggie—é isso—ela diz que você é o irmão Tom—não, o nome dela é “Margie”. Uma pena que você não estivesse em casa—esta foi uma das tristezas que perseguiram Tom por toda a sua vida. [Correto]. Ele nunca se esquecerá disto”.

Eu disse: “Pergunte-lhe como foi eu não ter estado lá? Ela disse: “Estou ficando fraco agora—au revoir”.

______

Ela me enviou duas mensagens em sessões seguintes—uma em 1º de fevereiro. Noite:—

Que eu estudava para obter um diploma, e tive uma doença, e essa é a razão pela qual eu não estava lá quando minha irmã morreu.

“Ele foi embora para estudar e, tendo uma doença, não podia voltar para casa. Isso é o que ela se lembra”. [Incorreto].

A seguinte foi no domingo de manhã, 2 de fevereiro:— “Onde está o pastor—Tom? Ele está gritando até não poder mais. Duas irmãs e um

irmão [morto] foram ouvi-lo. É um homem muito difícil. Ele dificilmente acreditaria em mim”.

Então veio algum relato do quê eu dizia em meu sermão (p. 541). “Você sabe quem Joseph e Harriet são?—Algo em conexão com ele”. [Desconhecido].

______

Notas do Sr. Lund

Com referência a minha experiência com a Sra. Piper, eu não sinto que vi o suficiente para formar dados para qualquer conclusão satisfatória. O que me impressionou mais foi a maneira com que ela pareceu sentir a informação, raramente contando-me algo de importância correta continuamente, exceto cuidadosamente por meio de pescaria, e então conduzindo a conversa. Pareceu-me que quando ela está no rumo certo, o movimento nervoso e incontrolável dos músculos da pessoa lhe dá o sinal que ela estava certa e que pode seguir adiante.

Em alguns pontos ela passou longe—p.ex., acidente de carruagem—o perigoso homem

moreno—Joseph e Harriet—e, especialmente, meu estilo de sermão. Nada poderia ser uma caricatura mais ridícula que este último.

Em outros, que nomearei, fez declarações que singularmente corresponderam com a verdade—p.ex., meu filho estava doente, e que minha esposa ia vê-lo. Descobri que no mesmo dado instante ela deixara a casa com um manto no seu braço, e escovou seu vestido na maneira imitada pela Sra. Piper.

Ainda sou obrigado a dizer que, ao alcance do ouvido da Sra. Piper—antes da sessão—contei à Sra. Lodge da doença do meu filho em Manchester, e a proposta de visita de minha esposa a ele, e Sra. L. chamou-me pelo meu nome de Lund.

É bastante verdadeiro que recentemente um carpete foi queimado em nossa casa; que minha

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“esposa se preocupa por demais com seus deveres para atentar ao conforto e à saúde; que vivo em um quarto cheio de manuscritos.

Mas sem dúvida que a característica desta sessão foi a referência a minha irmã mais jovem, que morreu de difteria em minha ausência há 30 anos, e cuja morte me foi uma tristeza de cortar o coração de muitos anos. Não só ela acertou o nome “Maggie”, mas mesmo o apelido “Margie”, que eu tinha há muito esquecido. No entanto, a razão depois suposta para minha ausência em seu leito de morte estava errada.

Aceitei a condição de transe confiando na autoridade do Dr. Lodge; de outra forma eu teria me sentido compelido a testá-la.

Ao todo havia tal mistura de verdadeiro e falso, de absurdo e racional, o vulgar corriqueiro do adivinho astucioso com realidade assustadora, que eu não tenho nenhuma teoria a oferecer—meramente os fatos acima. Eu exigiria muito mais evidência do que a que obtive até então, e com testes muito mais cuidadosos, para me convencer (1) que Sra. Piper estava inconsciente; (2) que houvesse qualquer leitura de pensamento além da adivinhação esperta de uma pessoa treinada nesse tipo de trabalho; e (3) que havia qualquer comunicação etérea com um mundo espiritual. Eu não gostei da fraqueza repentina, experimentada quando pressionei minha suposta irmã para a razão de minha ausência quando de sua morte, e a demora requerida para dar uma resposta. Que o assunto é cheio de interesse eu admito, e gostaria de avançar nele; mas no momento estou longe da convicção de que nós temos evidência para construir uma nova teoria.

26 de abril, 1890. T. W. M. LUND, M.A.,

Capelão da Escola para os Cegos, Liverpool. ______

A isto O. L. adiciona o seguinte incidente que ocorreu durante essa sessão, mas que não

teve nenhuma conexão com T. W. M. L. (Corrente passada a Phinuit por O. L., o pacote tendo sido entregue em mãos a O. L.

perto do fim da noite anterior. Ele tinha acabado de abri-lo, olhado o conteúdo, e apressadamente lido uma carta dentro, então embrulhou tudo outra vez e guardou. A corrente fora enviada pelo amigo que havia concordado em ser chamado George Wilson; ela tinha pertencido a seu pai).

“Isto pertence a um cavalheiro velho que morreu—um velho amável. Vejo algo engraçado aqui, algo relacionado ao coração, algo paralítico. Dê-me os embrulhos, todos eles”. [Isto é, os papéis em que o pacote veio; uma carta entre eles. A médium os segurou no alto da sua cabeça, gradualmente descartando aqueles em branco]. Ela não os inspecionou. [Isto é, ela tinha a todo instante a outra mão segura pelo Sr. Lund, que nada sabia, sobre a carta ou a corrente].

“Quem é caro Lodge? Quem é Poole, Toodle, Poodle? O que isso quer dizer?” O. L.: “Eu não tenho a menor idéia”. “Aqui há algum J. N. W.? Poole. Depois há Sefton. S—e—f—t—o—n. Pool, cabelo.

Verdadeiramente, J. N. W. é isto; envio cabelo. Poole. J. N. W. Entende isso?” O. L.: “Não, só parcialmente”.

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“Quem é Mildred, Milly? algo ligado a isto, e Alice; e com ele, também, eu recebo Fanny. Há a influência do filho dele nisso”.

[Nota de O. L.—Descobri depois que a carta começava com “Caro Dr. Lodge”, continha as palavras “Sefton Drive” e “Cook” escrito de tal forma que se parecia com Poole. Também dizia “envio-lhe algum cabelo”, e terminava com “sinceramente, J. B. W.”; o “B” não sendo diferente de um “N”. O nome do remetente não foi mencionado na carta].

Sessão No. 79 1º de Fevereiro de 1890 7h30min da noite.

Presentes: O. L., E. C. L., e parte do tempo M. L. “Como vai você, Capitão? Não sabia que ia vê-lo. Eu não o vi depois que recebi a

mensagem do seu tio. Havia aquele cavalheiro benfeitor aqui. Abordei a irmã dele e lhe perguntei. Ela disse que ele estudava, para um diploma, você sabe—colar grau, e isso o afastou. Ele estudava e teve uma doença, e essa é a razão pela qual ele não estava lá quando ela morreu. Ele foi embora estudar e, tendo uma doença, não podia voltar para casa. Isso é o que ela se lembra. Seu nome é Lund, seu irmão, Tom Lund, e ele tem um monte de meninos, meninas, mulheres, e homens à sua volta. Ele escreve coisas e então as prega. Tenta fazer as pessoas boas. O que nós costumávamos chamar de clérigo, assim ela diz, seguiu um bom trabalho”. [Ver notas na sessão anterior].

“Oliver diz que isso é a coisa que ele tinha (sentindo o velho fecho em minha corrente), que era dele na corrente dele, e que quando ele reclamou isso você não o deixou tê-lo”.

O. L.: “Sim, sei. Eu estupidamente não sabia o que se queria então”. (Ver Sessão No. 50, p. 523.)

“Você conhece Arthur (Qual?), todo o Arthur que existe. (Sim). Ele tem sofrido”. [Não verificado ainda].

[Aqui M. L. entrou com nosso segundo menino, que tinha implorado para ver o Dr. Phinuit. Todas as crianças estavam curiosas sobre a estranha voz. Phinuit imediatamente personificou T. A. (Pp. 468, 470, 514, 516, 548).

“Mary, traga-o aqui. Caro homenzinho. Deus te abençoe. Esse é... qual é o nome? Oliver querido, eu perdi minha memória? Esse é Burney, Bury B, Bodie Brodie”.

“Sim, Brodie”. [O nome Burney, de fato, é natural de ocorrer primeiro a T. A.] “Lembro-me de você, meu caro, quando era bastante pequeno—cabelo claro—uma

coisa pequena rechonchuda. Você não se lembra de Tia Anne?” “Não” “Ele foi o último, acho. Deixe-nos ver, outro mais velho e outro mais jovem. Sim, três.

Um mais velho e um mais jovem”. M. L.: “Sim, havia três”. “Mas esse era meu garoto. Oliver, esse não foi o último? Parece com um outro que vi.” O. L.: “Sim, três ao todo”. “Outro menino. Três meninos. Um com o mesmo nome de seu pai” (a M. L.). M. L.: “Sim”. [O terceiro se chama Alexander Marshall, p. 493.] “Esse foi o último”. (Observações amigáveis adicionais a Brodie sobre suas lições

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e assim por diante. Algumas de Phinuit falando em sua própria pessoa. O final:) “Alegre de ver esse companheiro: fez-me bem. Adeus, Brodie. É disso que se faz um

homem. Deixe-o ir. Oh, diga a Sam, Jerry diz que ele matou o gato. Foi acidental. [Sem sentido]. Esse rapaz é um pensador profundo. Robert não consegue se lembrar dos meninos Smith?” (P. 521).

“Não” “Que estúpido. E aquele anel, ele o tinha numa corrente, uma corrente com um fecho

nela. Robert o tem”. O. L.: “Ele está numa corrente?” “Não, o anel foi retirado, mas está nos seus arredores. Não está na corrente agora. Nell,

como está seu coração? Despedaçado ainda?” E. C. L.: “Meu o quê?” “Não, não, teve seu coração partido”. [Convencionalmente verdadeiro]. (Então W. Tomkinson (p. 504) foi representado como dizendo que M. L. (sua enteada)

lhe tinha dado seu guarda-chuva, aquele com uma ferradura na extremidade dele, e que essa era a razão pela qual ele gostava dele. M. L. negou isto, mas a insistência foi tamanha, que por fim ela admitiu tê-lo escolhido para ele. Isto imediatamente foi alegado como a mesma coisa e como sendo a causa do seu sentimento por ele, o pagamento sendo insignificante)

(A seguir O. L. entregou a corrente “de George Wilson”, a mesma corrente experimentada primeiro na manhã da sessão, p. 535.)

“O que o Velho Harry tem aí? Isso pertence a sua família?” O. L.: “Não” “Bem, o que mais você quer? Sou um homem muito ambicioso e gosto de ficar

empregado”. (Então lhe dei uma caixinha de rapé que tinha vindo essa manhã de um advogado em

Londres por encomenda postal). “Um cavalheiro te enviou isto. O que isto tem a ver com a corrente?” O. L.: “Nada”. “Oh, bem, você conhece Tom, ligado a isto. É muito curioso, mas você sabe que aquele

tio de vocês revela-se nisso, o encarnado? Sua influência é toda sobre ele; deve tê-lo manipulado. Seu tio encarnado enviou isto a você”.

O. L.: “Bem, ele enviou isto”. “Sim, isto tem sua influência, mas em relação com o outro tio. Vem do mesmo tio.

Pertenceu ao Tio Jerry”. O. L.: “Bastante correto”. “Isso é dele. Tinha um estojinho. [Não sabe, mas como era um presente, é provável].

Ele recebeu através de Robert de alguma maneira. Pensa que Robert lhe deu isto. Uma caixa de pó, não é?”

O. L.: “Uma caixa de rapé”. “Sim, uma caixa de pó. Esteve em posse de Robert. Pertenceu ao Tio Jerry anos atrás,

há muito tempo, ele dificilmente pode se lembrar disto. (Tateando). Isto tem um topo de vidro?—um topo vitrificado?”

O. L.: “Não, é metal, mas está polido”. “Lustroso. Bem, ele acaba de se lembrar disto. Eu lhe perguntarei tudo sobre isto. O que

mais você quer?” O. L.: “Não esqueça a corrente”.

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“Essa coisa me perturba. Há um cavalheiro idoso ligado a isso—muito excêntrico. Um amável cavalheiro idoso. Essa corrente não me faz muito bem”.

O. L.: “Bem, imagino que seja difícil, porque não é de um parente”. “Oh, bem, ele pode reconhecê-la. Seus próprios amigos vêm a você. Um espírito

estranho é bastante difícil, mas eles às vezes vêm atrás de suas coisas. O cavalheiro idoso está aqui agora, mas é difícil falar a um estranho”.

O. L.: “Você me contou que tinha a influência do filho dele nela. Bem, diga-lhe que seu filho confiou-ma, na esperança que ele talvez lhe enviasse uma mensagem”.

“Bom. Quem é George, George W—, W. . s, o, n, Wi. . . Algo como Wallinson. Posso ouvi-lo pronunciá-lo indistintamente, Wi—Witson, W, i, l, s, o, n. Sr. Wilson, minha corrente”.

O. L.: “Sim, isso é correto”. “Conte a meu filho que estou vivo, eu não estou morto. Diga-lhe que estou recuperado.

Eu não tenho nenhum problema (com as minhas pernas?) agora, eu tive uma pequena dificuldade com elas. Isso é novo para mim. Você é um estranho, mas essa é minha corrente”.

O. L.: “Sim, senhor, eu sou um estranho, mas amigo de seu filho, e ele ficará muito feliz em ter notícias suas. Eu passarei a ele tudo o que o senhor disser”.

“Diga a meu filho para vir e me ver. Ele esteve muito doente. [Verdade]. Fui vê-lo. Partiu para cuidar de sua saúde. [Verdade]. Fez muito bem”.

O. L.: “Você lhe enviará alguma mensagem para reconhecê-lo?” “Enviarei logo. Isto é bastante novo para mim. Eu não sabia que eu podia falar, mas

uma luz veio a mim. Estive na Terra antes, mas não podia falar. Diga-lhe que gosto muito dele. Pergunte-lhe onde meu relógio está. Isso é o melhor que posso fazer agora, mas voltarei”.

O. L.: “Você lhe enviará seu nome, senhor?” “W, i, l. Eu o escreverei para você. Mostre-lhe a corrente outra vez. Segure-a. (Médium

escreve). Pronto, aí está meu nome completo”. [Escreveu James Wilson de trás pra frente, ilegível até posteriormente em espelho].

O. L.: “É este seu nome?” “Sim, este mesmo. Você conhece Joe, não?—J, a, m, e, s. [Nome desconhecido a mim.

Ver notas]. Ele é um velho querido, mas eu não posso mantê-lo, ele se foi. Ele estava bastante fraco enquanto escrevia. Eu não posso fazer tudo. William insiste em Mary tendo-lhe dado esse guarda-chuva. Essa é a razão pela qual ele gostou dele e o estimou. Se uma pessoa escolhe uma coisa para você ela dá para você. Não importa quem paga por ela” (p. 537).

O. L.: “Eu bem concordo com o Senhor”. “Nelly, você tomou seus remédios?” E. C. L.: “Não” “Ela deve tomá-los (e assim por diante, insistindo para que ela os tomasse, o que ela não

tinha pretendido fazer). Nell, como você acha que eu sabia o nome do homem dono da corrente?”

E. C. L.: “Eu não posso imaginar”. “Não, você pode dizer o nome de alguém como aquele?” “Não” “Não, será uma boa prova, a ele e ao mundo. Seja uma menina boa. Deus te cuide,

abençoe, e todos os espíritos bons te guiem e ajudem. Eu a verei outra vez. Devo ir. Au

revoir”.

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Notas feitas pelo Sr. Wilson

1. (Com referência à descrição do falecido proprietário da corrente como “um amável e

excêntrico cavalheiro idoso”.) Meu pai era tudo menos excêntrico; tranqüilo, metódico, um típico funcionário público.

2. Ele nunca teve qualquer coisa relacionada às suas pernas que seja de meu conhecimento.

3. Seu nome era George. O nome do meu avô era James. ______

Sessão No 80. 2 de Fevereiro de 1890. 11h20min da manhã.

Presentes: E. C. L. e O. L. (E. C. L. segurando mãos. O. L. tomando notas.) “Essa é Nellie. Tive uma conversa sobre você com seu pai e sua mãe (p. 502)... Ela bem

sabe que você não deve se tornar uma enfermeira, você não iria aguentar. [Este tinha sido seu desejo]. Você estaria melhor com seu filho Oliver, seu irmão, para ajudar com as crianças... ajudá-lo com seus escritos... [e assim por diante durante um bom tempo, com muitos conselhos banais e prosaicos:] Agora, Nelly, o que você quer?”

E. C. L.: “Você me contará sobre o irmão um pouco mais velho que eu?” “Qual deles? Há Oliver, Alfred, Frank. Frank tem tido algo a ver com você

ultimamente”. E. C. L.: “Sim, tenho ficado lá”. “E Charles, e há Urn”. E. C. L.: “É Ernest que eu quero dizer”. “Eu estava tentando dizê-lo—eu não posso dizer Ernest adequadamente. Deixe-o em

paz, ele está melhor onde está. Ele não é ambicioso, é preguiçoso [e assim por diante, com relato claramente verdadeiro desse irmão e de Charley também, concluindo:] Pare de se preocupar, pequena Senhorita, você não pode fazer tudo por todos os seus irmãos. Deixe-me falar ao Capitão agora. Eu vi Sr. Wilson, o que possuiu a corrente. Disse-me para pedir a você que lembrasse George [nome correto] do tempo quando tentou iniciar-lhe nos negócios. Ele o iniciou uma vez, e então George pulou fora. E George quis outra linha de trabalho, e depois de uma pequena dificuldade adentrou nela, e se saiu bem. [Sobre todas estas coisas vide notas no fim]. Ele se lembra de quando sua mãe estava doente e ele queria um pouco de dinheiro? Ele foi embora agora. Ele tem estado muito doente. Tem estado deplorável, o George. Parece ter recebido a responsabilidade por uma casa—de tocá-la. [Precisamente verdadeiro]. Estou extremamente alegre que ele está mais contente. É um tipo de lugar para as pessoas visitarem, sabe. Eu tive um longo cachimbo com um cabo torto, ele quer saber se George está com ele. Seu pai enviou-lhe um cheque uma vez, e ele não o recebeu durante muito tempo. Ele teve muitos incômodos com isto; tinha sido perdido no correio. George se lembra da queda que o velho teve? Ele superou, e as suas pernas não o incomodam agora. O que ele fez com o relógio? Pergunte-lhe como está William?”

O. L.: “Enviaria seu nome mais precisamente para evitar a possibilidade de erro?” “Por que, ele fez. Escreveu-o para seu filho”. O. L.: “Oh, esse era seu nome então?” “Certamente. Ele recebeu aqueles livros que eu lhe dei? Um grande lote deles. Ele está

perguntando algo sobre o Sr. Bradley, em relação a George”.

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O. L.: “Oh, isso é muito estranho; ele o conhece?” “Sim, seu pai se lembra do Sr. Bradley através de seu filho, e ele está acompanhado do

pai do Sr. Bradley, no espírito. William. Ele saberá. Ele vai ficar bem. Ele parece ter tido um amigo chamado Cook; amigos de negócio. [T. Cook e filhos talvez (?), mas somente amigos no sentido de remeter correspondência, etc., enquanto ele viajava]. Ele era um pequeno teimoso quando jovem, mas um bom rapaz. O que ele fez com minha bengala? Ele vive em algum lugar em sua vizinhança”.

“Sim, vive”. “E teve um amigo chamado Bradley [verdade]—um grande amigo dele. Pensou

primeiro em ser médico. Eu tive uma dificuldade com esse companheiro a princípio, mas ele foi um filho exemplar. Quem é você?”

“Chamo-me Lodge, e eu sou amigo de seu filho. Escreverei tudo o que você diz a ele”. “Diga-lhe que o amo demais. A mãe dele foi uma tranquila e paciente senhora. Ele

herdou sua disposição dela. Ele tinha um retrato meu, um bom, mas foi aumentado e mudado desde que desencarnei. Fico feliz que seguiu as pegadas de seu pai. Ele se foi, encantado. Um velho adorável”.

[A maioria das declarações do “Sr. Wilson” só podem ser verificadas por comunicação com seu filho, agora na África. Vide notas].

“Não foi curioso que Robert tenha entrado nos negócios uma vez e uma condição física curiosa tenha aparecido? Ele foi para casa e lá permaneceu, e nunca mais esteve lá desde então. Jerry assim me disse.” [Precisamente verdadeiro no tempo].

O. L.: “Quando você o vir outra vez lembre-lhe do seu irmão Frank”. “Bem, lembrarei. Aqui está Ted Thompson, ele diz que foi somente a condição irregular

da criança, mas uma coisa boa na verdade, e tudo acabará bem. Soubemos que ia acontecer, mas achamos que não valia a pena te preocupar. A criança é um pouco irregular. Ela tinha medo de ser desprezada. Do que diabos ele está falando? Ele não quer que eu saiba o que ele quer dizer. Ele diz: ‘Conta a Ike que está tudo bem; “tente novamente” nunca foi vencido. Tudo acabará bem. E conte a Susie também’.”

[O Sr. Thompson tinha ficado muito preocupado com uma filha jovem tendo corrido para casa da escola. Isto aconteceu desde a primeira série de sessões. (Vide Número 45, Nota G. Vide também logo abaixo, e pp. 544, 546.) Nada tinha sido dito sobre isso, e eu fiquei curioso para ver se o Dr. Phinuit receberia essa impressão. Os Thompsons não estiveram presentes durante esta série. “Ike” e “Susie” são o Sr. e a Sra. Thompson. Vide também pp. 511, 518, 523, etc.]

“Maria está bem, diga-lhes. Morreu aos 12 anos de idade. [Verdade]. Ele manda lembranças a sua mãe. Quem é você?”

O. L.: “Sou amigo de seu irmão e vizinho. Espero que ele seja capaz de vir e vê-lo na próxima vez caso você volte. Ele é um bom amigo meu”.

“Isso será muito bondoso de sua parte. Eu não desejo me intrometer nem tomar seu tempo, mas se você puder organizar isto será muito bom. Eu mesmo ia ser médico, mas morri. [Verdade]. Eu não lamento. A felicidade reina nas minhas veias. E conte a Ike, por favor, para ir e ver a mãe frequentemente, e que Fanny deveria ficar com ela por ora. Ele entenderá”. [Bastante inteligível].

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“Peça-lhe para não deixar que coisas triviais o perturbem. Ele tem estado inquieto ultimamente. Envie-a a outro lugar e ela não voltará novamente. Ela estava um pouquinho nostálgica. Muitos fizeram isso antes, e o farão outra vez. Não a sobrecarregue por tempo demais. [Conselho bastante inteligível e útil]. Diga-lhes que estou invisível mas em paz e felicidade. Lembre Ike de mim, e se você for me deixar vê-lo outra vez, ficarei agradecido. Eu não quero irritá-lo mas ele era meu irmão e eu gosto muito dele”.

O. L.: “Certo. Ele deverá estar aqui quando você vier” (pp. 544, 553). “Robert. Quem é Helen? É quem lhe deu a caixa de rapé. Era de Jerry; há letras sobre

ela, minhas letras. O. L. “Sim, uma inscrição”. (Ver também pp. 537 e 549.) “Lembro-me disso vagamente. Oliver lembra-se disso também. Foi dada a mim por

algum amigo meu. Tentarei e lembrar-me-ei disso. Mas não é fácil recordar estas coisas pequenas. Tenho coisas muito importantes a fazer. Todos temos. Uma coisa muito importante é tomar conta dessa menininha”.

“Onde está o pregador, Tom? Ele está gritando até não poder mais [12.15, a essa hora ele estaria pregando]. Duas irmãs e um irmão foram ouvi-lo. Sabe que ele é um homem muito difícil? Ele dificilmente acreditaria em mim” (p. 535).

O. L.: “Não, penso que ele não iria. Pode ouvir o que ele diz?” “Irei e colherei algo. Posso ouvi-lo, ‘Porque ele é a ressurreição e a vida; benditos sois

vós que acreditais no Senhor Jesus’. Prega sobre amar o próximo como a si mesmo. Ensina-lhes todo esse tipo de coisa sobre amar o próximo, esse tipo de coisa. ‘Levantou e depois de sete dias Ele ascendeu’. Isso é tudo que posso ouvir”. (Vide Notas na p. 534.)

“Você sabe quem é Joseph, e Harriet?” “Não” “Algo relacionado a ele. Nellie, você é uma menininha abençoada por Deus. Não fique

triste. Anime-se”. (Aqui “Tio Jerry” tentou escrever a inscrição na caixa de rapé. Escreveu e disse,

“Presenteado a J.,” mas não pôde fazer mais). [Assim é como começa. Vide também p. 549.]

“William e Alec ambos enviam beijos a Mary, e cuidarão da mãe dela. Tome bastante cuidado com o chapéu dele [?]”.

(Buscando o relógio de Nellie, e tirando-o de seu bolso). “Tem a influência da sua mãe nele. Guarde-o. Fico feliz que você o tenha. Você é bem

vindo, criança. Guarde-o”. [O relógio não tinha sido mencionado nem cogitado. Tinha sido de sua mãe.]

“Oh, Ted Thompson diz que o tapetinho que a criança fez é muito bonito”. [Nada sabe sobre isto].

“Aqui está Jerry outra vez. Pergunte a Frank se ele se lembra da arma de tiro. E como nos escondemos atrás de um pombal e atiramos ervilhas por uma cerca nos pombos do vizinho. Ele não se esquecerá disso. [Não pôde se lembrar disso]. E como patinamos uma vez e ele caiu reto e ficou com o fundilho todo molhado”. [Muito possível].

O. L.: “Sim, irei. Tio Frank lembrou sobre o assassinato do gato. Diz que foi Charles que o matou”(p. 527).

[Gritando]. “Charles que foi! Sim, isso está certo. Foi Charles. Eu

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me lembro perfeitamente. Tinha esquecido qual era. E ele se lembra dos Smiths?”(pp. 517, 521, 557).

O. L.: “Ele se lembra do campo dos Smiths; não dos meninos. Ele se lembra do campo e escreveu um relato sobre isso. Eu o lerei”.

(Aqui li parte da carta do Tio Frank, publicada no fim da primeira série, p. 526, a qual tinha chegado hoje.

“Sim, é isso! Vejo-o! Sou jovem outra vez!” O. L.: “Ele se lembra também de nadar no riacho. Lerei isso!” (Li.) [A médium gritou, riu, e bateu nos joelhos de Nellie enquanto a leitura prosseguia.

Especialmente animada na menção a “Glenny's Part”.] “Eu nunca esperei lembrar tudo isso. É encantador. Você me deu muito prazer”.

[Mais conversa sem valor evidencial sobre a carta do Tio Frank]. Notas pelo Sr. Wilson.

4. (Com referência a “iniciar seu filho nos negócios”.) Eu nunca fui qualquer tipo de negociante nem pensei nisso. Eu gostava de agricultura e trabalhei nisso com um tio uma vez.

5. (Com referência à posse de um “longo cachimbo”.) Meu pai abominava o fumo. 6. Não lembro sobre a perda de qualquer cheque, nem de qualquer queda. 7. Eu nunca pensei em ser médico. [Nota por O L.—É bastante curioso que quando isso

foi dito eu pensei que corretamente representava algo de que eu tinha sido informado pelo Sr. W. Percebo agora que estava bastante errado, e que me tinha sido dito algo sobre agricultura. Uma grande parcela disso parece ter se dado obviamente por transferência de pensamento.

8. Tenho a bengala dele. O retrato não foi ampliado.

Sessão No. 81, 2 de Fevereiro. Noite.

Presentes: O. L. e M. L. Posteriormente: Sr. e Sra. Thompson e filha. (O.L. segurando as mãos, e entregando a corrente do Sr. Wilson) “Como vai você? Estou aqui outra vez. Nellie, venha aqui”. O. L.: “Ela não está aqui. Essa é Mary”. “Oh, Marie. Espere um pouco, Marie. Você não se importa, não é? Há um cavalheiro

em especial aqui que quer falar, Sr. Wilson. Como vai você, Sr. L.”. O. L.: “Lodge é o meu nome”. “Como vai você, Sr. Lodge? Conheço-o um pouco melhor agora. Encontrei um amigo

seu, um tio, acho; também um amigo de seu pai—de fato, seu pai. Tenho conversado com eles. Poderei ajudar neste trabalho. Diga-me por que você quer saber a meu respeito”.

O. L.: “Bem, senhor, seu filho, estando interessado no que eu disse a ele, quis muito vir e vê-lo caso tivesse a oportunidade, mas não pôde até o momento. Assim, o máximo que pôde fazer foi entregar-me sua corrente, pedindo que recebesse mensagens para ele, especialmente concernentes a coisas que eu não soubesse”.

“Por que sobre coisas que você não soubesse?”

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O. L.: “Bem, porque se eu soubesse das coisas, pareceria como se eu tivesse de algum modo transferido-as de minha mente para a da médium, em vez de ter vindo diretamente do senhor, e isso não seria evidência de sua existência”.

“Percebo sua idéia, mas o que você quer dizer por médium? Aquela mulher que eu vi logo agora?”

O. L.: “Sim”. “Bem, saiba que eu sou um homem muito feliz. Tive o poder de ver meu filho

ultimamente, e observei seus caminhos com grande interesse, mas não sabia que eu podia falar. Agradeço a você por me ajudar a falar. Lembro-me de quando George estava doente enquanto se formava, ele teve que voltar para casa, e teve muita febre. Excesso de trabalho, e andando entre jovens. Ele não tem estado forte desde então. Ele é bastante delicado. [Correto]. Tem muitos sermões a fazer, e isso o cansa, mas ele deve ser muito respeitado”.

“Ele é de fato”. “Sim, é um bom rapaz. Lamentei muito por sua doença, mas o descanso lhe fará bem.

Seria um grande prazer vê-lo aqui para que eu pudesse falar”. O. L.: “Espero que isso possa ser arranjado mais tarde; enquanto isso conte-lhe fatos de

modo que ele possa ter certeza de que é você”. “Tentarei. Pergunte-lhe se ele se lembra de meu terno cinza claro. Ele era um rapaz

calmo. Construí—construí uma vez. Eu arranquei uma chaminé e pus uma nova no lugar. Tinha medo que eles pegassem um resfriado em minha casa, então a chaminé foi reparada. Tinha um pedaço bem mal vedado. ... E pus uma escadaria à esquerda da chaminé, à esquerda tanto quanto posso lembrar”.

“Em um lado da chaminé?” “Em um lado da chaminé. Ficou bem melhor no fim. E atrás dela ficava meu escritório.

Eu tive muitos livros. Você não sabia que eu me machuquei”. “Não” “Machuquei-me. Estava indo de. . . barco. . . George parece preocupado, sabe?” “Sim, parece”. “Eu ia do outro lado. . . escorreguei ao pisar fora do barco e machuquei um joelho

seriamente. Incomodou-me um bom tempo. Tive que tê-lo sustentado numa cadeira, e me causava dor.”

O. L.: “Direi isso a seu filho. Você fala que o viu. Ele alguma vez soube disso?” “Fui vê-lo. Aproximei-me bastante e ele pensou que me ouviu”. [Ele teve sentimentos

do tipo]. “Como ele lhe ouviu?” “Uma vez ele estava na cama e eu sussurrei o cortinado. Ele pensou que me ouviu. Ele

sente às vezes como se eu estivesse muito perto dele, e nessas vezes eu estou de fato. Eu não estaria aqui não fosse por esta corrente. George é um grande rapaz. Tenho outro rapaz comigo. Como está o Sr. Bradley?”

O. L.: “Bastante bem, mas certamente você não o conhecia?” “Não, mas vi George com ele. São amigos. Sei o que eles sabem. Eu não estou morto, e

quando temos um grande interesse podemos dizer o que acontece. Ele é um grande homem e de bom coração. Ele e George parecem

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amigos. Não é fácil lembrar as coisas. Veja, eu era bem velho e as coisas que eu soube há muito tempo ele não saberia e não o interessariam. A viagem o fará bem. Você conhece a família dele? Ele tem três agora, e uma menina. Conheço três perfeitamente, mas a mais jovem acho que é menina”. [Não, quatro meninos].

“Ele tem deixado a barba crescer. Ele a tinha cortado, muito estúpido. Ele tem uma barba agora, mas a corta de uma vez. [Verdade]. Quem é essa?”

O. L.: “Minha esposa”. “Como vai, Sra. Lodge? Fico feliz em conhecê-la como uma amiga de meu filho. Diga-

lhe que a coisa mais importante é cuidar da sua saúde. Depois que os meus dentes saíram eles me incomodaram muito. Estas coisas parecem ridículas agora, mas me incomodavam, e ele saberá. Oh, ele se foi, acenando sua mão, cavalheiro adorável. Você conhece o Dr. Thompson?”

O. L.: “Dr. quem? Oh, Ted Thompson?” (Pp. 511, 518, 523, 541, 553). “Quem é esse que me chama de Ted Thompson? Não, eu sou muito grato a você, mas

por quê?” O. L.: “Bem, é meramente porque ouço seu irmão o chamando assim. Eu devia ter dito

Dr. Thompson. O seu irmão está na sala seguinte, eu o chamarei”. (O Sr. e Sra. T. e filha tinham entrado na casa calmamente durante a sessão, a fim de

estarem prontos se preciso). “Muito obrigado. Fico agradecido”. [Sr. e Sra. T. e Theodora entram]. “Ike, venha aqui. Eu não posso ficar muito tempo. Tenho de te dizer uma coisa. Há

pessoas escutando?” Sr. T.: “Somente amigos.” “Era um... Não se preocupe demais sobre o que você tem andado preocupado”. [Vide

pp. 540, 541, e 546.] Sr. T.: “Não me preocuparei.” “Tudo bem. Ike, eles estão bem. A sua família tem razão. Tão certo quanto um espírito

vive, a sua família se sairá bem; nenhum dano cairá sobre nenhum de vocês. Ike, eu queria que você estivesse onde estou. A mãe está debilitada. Sim, a cabeça dela está falhando, e ela tem problemas com as orelhas. Você não sabia disso”.

Sr. T.: “Não, não sabia.” “Ela tem. Ike, não vá dormir. Ela sente frio numa das orelhas. [Sob inquérito, isso se

revelou uma verdade. Era bastante insuspeito]. Eu a vi com algo cobrindo a orelha. Ela permanecerá com você algum tempo ainda”.

Sr. T.: “Oh, fico feliz em saber disso”. “Sim, mas, Ike, deixe Fanny ficar com ela. Ela permanecerá encarnada, mas está

ficando desnorteada. Entenda-me, Ike. O que eu posso fazer por você?” [O trecho a seguir, embora totalmente não-evidencial, é impresso como um espécime do tipo de conversa que frequentemente ocorre se permitida].

Sr. T.: “Como você passa o tempo?” “Passo meu tempo escrevendo. É difícil de explicar, mas que seja—ao nos libertarmos

do corpo podemos continuar. Escrevo muito. Escrevo frequentemente para outros. Nós usualmente ajudamos um companheiro infeliz. Você sabe que há as pessoas que cometem suicídio, tiraram a própria vida, e seus espíritos estão

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muito deprimidos por um tempo, mas após um momento podemos ajudá-los. Esse é meu trabalho, ajudar os outros e aqueles que estão fracos. É esplêndido aqui. Nada para comer. Você lembra que as pessoas costumavam comer. O corpo físico é matéria; vai virar pó, mas nós continuamos vivendo. Deus é muito bom para nós todos. É um erro não acreditar em Deus”.

“E Cristo?” “Você sabe quem foi Cristo? É um grande mistério, Ike. Você sabe que nos foi ensinado

que Ele era o Filho de Deus; bem, Ele era um reflexo de Deus e nós somos um reflexo Dele”.

“Você alguma vez O viu?” “Ocasionalmente vemos, mas não frequentemente; Ele é muito superior a nós;

infinitamente superior”. “E a todo o mundo?” “Sim, a todo o mundo. Ele é o reflexo real, nós somos reflexos secundários. Sinto como

se quisesse conhecer todo mundo. Estou além de todas as dores e sofrimentos. Deixei você repentinamente. Sua irmã tem um grande número de crianças para ensinar. Este lugar é dividido em setores. Aqui, na terra, há água entre dois países; então há uma separação entre o lado bom e o lado mau. Olhe aqui, se você tirasse a vida de Susie, Susie passaria para o lado de luz em paz; depois disso você não, mas você a veria e isso seria o seu castigo. É como quando se olha por uma tela; você pode ver as pessoas mas elas não o podem ver. Uma vez, há pouco, um homem atravessou e veio aqui, mas dois auxiliares o levaram de volta (p. 523). Nós nunca nos cansamos. Não há noite, é sempre dia. Lembro-me de dias e noites aí embaixo com você. Ike, algum dia encontrarei suas mãos estendidas e, se possível, virei; se possível. Minha mãe pegou um resfriado. Ela está piorando. Diga-lhe que a amo, que ainda a amo, e que quando ela olha meu quadro, como frequentemente faz, paro e olho para ela e digo, ‘Se você apenas soubesse quão perto eu estava de você’. Você sabe onde meu relógio e corrente estão?”

Sr. T.: “Ah, onde?” “Trarei papai para ajudar a procurar”. Sr. T.: “Sim, ele deve saber. Sabe quem é essa?” [Theodora]. “Alguma vez eu a vi? Não, nunca a conheci”. Sr. T.: “Não, não conheceu”. “Theo-ora, Theodora, Theo—” Sr. T.: “Sim, Theodora”. “Você tem um menino que foi batizado com meu nome Sr. T.: “Sim”. “Isto era a corrente do meu pai. Tentarei e me lembrarei a respeito dela, e voltarei.

(Modos e voz aqui repentinamente mudaram para os de Phinuit.) Olá! Como vai você, Thompson, e você, senhoritazinha? Você tem dores de cabeça. Ainda tem tomado aquele chá de sálvia?”

“Não” “Bem, você é bem estúpida. Por que você não o toma, e está preocupada com o quê?

Você está preocupada, pensando que perdeu algo. O que você perdeu?” Theodora: “Oh, uma caixa de pintura.” “Não perdeu. Absolutamente. Você a achará numa gaveta à esquerda—numa gaveta. Vá

ao andar de cima e direita, esquerda, direita”.

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Theodora: “Diga-me outra vez”. “Bem, você segue reto, então você vira à direita e vai no andar superior, então você vira

à direita, esquerda, direita, no lado esquerdo”. Theodora: “Um quarto?” “Não, não exatamente”. Theodora: “Deve ser a sala de estudos?” “É isso. Não é uma gaveta, mas parece bastante com uma gaveta. Não é uma

escrivaninha, mas lembra uma. Bem, está lá, na gaveta do lado esquerdo entre alguns papéis. Seu tio me disse isso. Vá e ache-a quando voltar. Não está perdida absolutamente”. [A descrição se aplica exatamente ao local em que é normalmente mantida, mas não está lá agora].

Sra. T.: “Esse é aquele que disse que ele a ajudaria?” “Sim. Ele é vidrado nisso; nunca se cansa de falar sobre essa menina, e sobre pintura.

Ela tem isso dentro dela, virá à tona. Que exagero por causa de uns anéis. Você não quer os anéis, então não crie caso sobre eles. [Theodora, enquanto vinha muito calmamente a casa (depois que a sessão tinha começado com O. J. L.), lembrou-se que tinha esquecido alguns anéis que ela tinha pretendido trazer, e quis voltar para apanhá-los, mas não foi permitido. Nada tinha sido dito ou pensado sobre eles depois disso]. Com o que se preocupa? (a Sra. T.) Você está preocupada”.

Sra. T.: “Bem, estou muito cansada”. O que é isso? Uma daquelas meninas? Sra. T.: “Que meninas?” “Essas meninas que lavam a roupa, como vocês as chamam, serventes. A negrinha e a

miudinha, pequenina mas engraçada. [Correta a descrição de uma delas, que depois ficou muito mal]. Você não deve se preocupar com isso. Não é nada”.

Sra. T.: “Que tal minha segunda filha?” “A negrinha? Oh, ela está bem. Não é nada. É uma boa menina. Gosto dela. Ela é muito

sensível, e tinha medo de ser esnobada, não gostava disso, se sentia um pouco nostálgica. Ela está indo embora outra vez e tudo vai ficar bem. Não fará mal. Não se ocupe disso. Ela pegou suas tralhas e foi embora.”. [Tudo correto, vide pp. 511 e 540.]

Sra. T.: “Devemos enviá-la de volta?” “Envia-a a outro lugar. Deus a abençoe, gosto disso. Onde o coração dela estiver, o seu

corpo deve estar. Tudo ficará bem no fim”. Sra. T.: “E o caráter dela não foi abalado?” “Caráter! Nossa! Nem um pouco. Ela mostrou muita de coragem ao voltar para casa

outra vez. Eu me divirto com essas coisas. Ela meteu isso na cabeça. Ela é impulsiva, e foi embora. Ha! ha! Ela começará novamente, e desta vez ela se manterá no curso. Não se preocupe. Mary, venha aqui; deixe essas pessoas saírem. Você tem comido cenoura”.

M. L.: “Sim, você me disse” (p. 521). “Sim, eu sei. Bem, agora você comeu bastante disso. Tome um pouco de Uvae Ursi.

Sabe o que é? (Não) Bem, é o oxicoco das montanhas. Pegue algumas das folhas. Você pode receber a infusão, mas as folhas são melhores, pois são mais puras. Deixe-as em infusão e tome um cálice antes de ir para a cama. Tome isto em vez de cenoura por três semanas e então cenoura outra vez. (Detalhes

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médicos começam, em geral exatos, exceto uma declaração que se revelou falsa. Prescrito também para um terceiro rapaz, a saber, 60 ml de extrato Huxum de cinchona, 60 ml de Ferro francês dialisado, e 120 ml de xarope simples dos farmacêuticos; uma colher de chá cheia depois de misturada em um cálice com água, com algumas gotas de suco de limão ou outro ácido). Ele tem uma dor aqui quando corre, pobre de sangue, etc.. [Detalhes corretos]. Dê-lhe leite, água de lima, e ovos.” (Mais conselhos a M. L., que, tendo sido gravemente acometido por gripe, estava desanimada, tentando alegrá-la).

Notas pelo Sr. Wilson.

9. Eu não estava doente quando me formei. 10. Não me lembro de nenhum terno cinza-claro em especial. 11. O nome da minha mãe não era Mary, e eu nunca tive uma irmã ou irmão. 12. Tudo sobre a construção de uma escada e chaminé é completamente ininteligível.

Meu pai sempre alugou nossas casas. [Vide p. 530.] 13. Ele nunca teve um dente doente.

Sessão No. 82. 3 de Fevereiro, 1890. Manhã.

Presentes: O.L. e E. C. L. “Olá, Capitão, eu sou de primeira categoria. Tenho muito o que fazer por você. Estive

conversando com seus amigos e com os Thompson. Eu não me machuquei, mas estive ocupado. Cuide de seu menino, e Mary, faça o que eu disse a ela. Aqui, Sr. Wilson; passe-me aquela corrente. (Passada). O Sr. Wilson teve uma irmã Ellen—Eleanor; morreu antes dele. Essas pequenas coisas serão de interesse do George, embora tão triviais. Ele teve alguns livros dados a ele pelo Rev. Sr. Clark. Ele acha que George os tem, mas não está seguro disso. Ele tem um monte de livros.

O. L.: “Seu filho está ansioso para falar com você, e acho que ele vai, mas no momento ele se encontra no estrangeiro”.

“Sim, ele sabe. Eles viviam perto da água; você não sabia isso. Moraram uma vez. Mudaram-se depois da doença de George. Isso ocorreu quando a chaminé foi consertada. Você entende isso?”

O. L.: “Sim, o Sr. Wilson falou-me sobre a chaminé” (isto é, pela médium na sessão anterior).

“Oh, ele falou. Bem, e ele diz que ele e a mãe de George viajaram, e receberam alguns pedaços marchetados de madeira estrangeira. Formato de caixa, marchetado. Quando ele cruzou o Canal, ele te disse isto antes, caiu e machucou o joelho quando pisou para fora do barco. Não havia prancha de desembarque—como vocês dizem. O Sr. Bradley eu só vi com George desde que desencarnei”.

O. L.: “Você falou do pai do Sr. Bradley?” “Sim; conheço o pai e o irmão dele. Eles tinham um avô, Thomas, os Bradleys tinham.

Confirme isso. Problemas intermináveis.... Um deles é ligado com o Serviço Público, um dos Bradleys. Teria sido sensato se os dentes da criança tivessem sido arrancados mais cedo, logo que ficaram moles. Conte a George que eu disse isso. O que eu posso fazer por você? Você contou ao Rev. Thomas sobre o sermão dele?”

O. L.: “Contarei; mas eu não acho que você recebeu o sermão dele corretamente” (p. 541).

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“Sei que eu o recebi direito. O Sr. Wilson quer conhecer—Uxbury.” O. L.: “Eles viveram aí?” “É um nome com “Shire”. Chestershire (?)—Uxbridge: Uxbridge. Existe tal lugar?” “Sim”. “Ele conhecia um Sr. Boys.” “Em Uxbridge?” “Isso mesmo. Já conseguiu o bastante. Não acho que você conseguirá muito mais dele.

Ele se foi”. O. L.: “Peça-lhe que vá a seu filho e veja o que ele faz, volte e me conte, por favor” (p.

552). “Eu pedirei. Sabia que seu tio Jerry ficou mais satisfeito com as coisas que você lhe

disse—aquelas sobre o Charles e tal—do que qualquer outra pessoa? Ele ficou todo animado(p. 542). O que você fez com o relógio dele? Devolveu para Robert?”

“Sim, devolvi”. “Oh, por que você não ficou com ele um pouco mais de tempo? Quando você vir

Robert, pergunte-lhe sobre o tapete—tapete de pêlo—tapete de pele do Tio Jerry. O que ele fez com ele—um tapete de pele marrom? Lembra-se das rodas?”

O. L.: “Sim, fiquei confuso com elas”. “Bem, são selos. Sabe dos livros de Jerry?” O. L.: “Não, não muito”. “Ele tinha uma história de... Olá! Aqui está Tia Anne. [Tocando e esfregando o braço da

cadeira em que sentava a médium.] Alfred possui alguns dos livros dela, não?” “Sim, alguns”. “Quem tinha pássaros?” “Eu não sei”. “Fomos atirar, nós rapazes, e matamos alguns patos. O capitão lembrar-se-á disso. Que

diabinho ele era. Impossível subjugá-lo. A mãe teve muitos problemas com ele. [Tio Frank frequentemente é chamado de “o capitão”. A descrição, provavelmente, se aplica bastante bem a ele]. Tia Anne está aqui (p. 536). Ela diz, ‘Isso era meu’—essa coisa. [Bom. Nunca se tinha perguntado sobre isso ou mencionado. Tinha sido seu presente de casamento]. O que é isso?”

O. L.: “É o braço de uma cadeira”. “Oh, é como o braço de um órgão ou algo do tipo”. O. L.: “É bastante correto. Tia Anne deu-me esta cadeira”. “Ela sabe que deu. E havia outra coisa, um pequeno tamborete; onde está?” O. L.: “Isso eu não sei”. “Sim, um tamboretinho horizontal que ficava sob a mesa. Quem ficou com ele? Coberto

com material macio. Seu pai quer saber como você possui o relógio dele e como Nelly tem o de sua mãe.”

O. L.: “Bem, pensamos que era apropriado a ela tê-lo”. “Sim, muito certo. A única menina. Eles estão muito agradecidos. Tia Anne está

aborrecida por você não ter mais dos livros dela. O. L.: “Eu tinha alguns”. “Sim, mas muito poucos. Bem, meu rapaz, você ainda está buscando por informação?”

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O. L.: “Sim, mas não muito mais por agora”. “Você quer saber sobre Charlie? Ele está no Canadá”.

“Estou ansioso por Charlie, mas não me preocupo”. “Você fez o melhor. Você tem uma fotografia de mim, Nelly?”

E. C. L: “Sim, uma com Charlie e Edith”. “Você tem isso também, Oliver?” O. L.: “Sim, tenho”. “Tia Anne gostava muito de você. Ela queria ter feito mais por você. Seus amigos não

são muitos aqui. Pessoas estranhas parecem incomodá-los. É uma pena a saúde de Robert. Gostaria de saber o que ele fez com aquele meu anel. [Tateando o interior da caixinha-de-rapé]. Isto é de ouro por dentro?”

O. L.: “Sim, é folheado a ouro por dentro”. “Como está Mary? Descansando agora e se cuidado? Você conhece Richard, um irmão

Richard?” E. C. L.: “Sim, o que tem ele?” “Você quer saber algo sobre ele?” E. C. L.: “Sim, como ele está?” “Está bastante bem; não estava, mas agora está. Você achou aqueles vincos no relógio

do Tio Jerry perto da alça?” (p. 518). “Sim”. “Você sabe se Tio Jerry fumava?” “Não” “Bem, ele não fumava. O Sr. Wilson tinha um longo cachimbo que lhe foi dado. Tio

Jerry tinha uma coisa que se parecia com um cachimbo mas não era. Ele foi ver Robert e já volta. Nelly, venha aqui e fale comigo um pouco. (Mais conversa vaga). Você deve tomar ovo, leite e conhaque, às vezes. Vá e busque o anel da sua tia, Capitão, e aquela alça pertencente a seu tio”. [Foi buscar o anel; não entendeu “alça”, p. 550.]

“Isso mesmo. Onde está a alça?” O. L.: “Não sei o que você quer dizer”. “Olá, aqui está Jerry. Tia Anne foi buscá-lo. Veja que bom o anel é. Olhe aqui, Oliver,

eu venho tentando me lembrar desta caixa; parece-me que antes de eu ter entrado nos seguros eu costumava dar aulas, e que isto me foi dado pelos meus alunos. [Correto, foi dada a ele pelos meninos da Lucton Grammar School, onde foi professor de matemática, no início. Uma inscrição nela em letras pequenas comprova o fato. Vide também p. 541.]

O L.: “Sim, de fato. Você sabe onde você costumava dar aulas?” “Não, tem muito tempo. Quanto tempo estive aqui? Deve ter sido 20 ou 30 anos. O. L.: “Sim, 20 anos completos.” “E isto me foi dado muito tempo antes disso”. O. L.: “Eu lhe direi quando foi dada a você. Está datada 1836, e agora estamos em

1890. Cinqüenta e quatro anos.” “Sim, isso é muito tempo. Diga-me, onde era?” O. L.: “Era Lucton”. “Oh, oh, sim. Sim, lecionava lá, e me foi dada pelos meninos. Foi um trabalho enorme

me lembrar disso. Franck estava cheio de vida—cheio. . . . Ele rastejou para debaixo da palha uma vez e se escondeu. Quantas

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travessuras ele era capaz de fazer. Ele fazia qualquer coisa; andava sem camisa, trocava chapéus, qualquer coisa. Havia uma família próxima chamada Rodney. Ele bateu em um de seus meninos chamado John. Frank levou a melhor sobre ele, e o menino correu; e como correu! O pai dele ameaçou Frank, mas ele escapou; ele sempre escapava. Ele podia rastejar por um buraco menor que outro. Podia subir numa árvore rápido como um macaco. Que menino ele era! Lembro-me dele pescando. Lembro daquele menino afundando até a metade do corpo. Pensei que ele morreria de gripe, mas isso nunca aconteceu.” [Vide notas no fim da série, p. 557.]

O. L.: “Não, ele é um homem velho agora”. “Mande-lhe lembranças minhas. Sabe, Oliver, eu não consigo me lembrar do amigo que

foi fotografado comigo que você diz ser Robert alguma coisa”. O. L.: “Não. Devo lhe contar”? “Bem, o que você acha? Deveria?” O. L.: “Temo que você não se lembrará dele em tempo agora”. “O que você acha, Nelly?” E. C. L.: “Sim, gostaria de sabê-lo agora”. O. L.: “Era Robert Cheere”. [Descobri mais tarde que isso está errado: era outro

membro da mesma família]. “Oh! Oh, Senhor! Oh! Ah bem! (Pausa) Você sabe onde ele está? (Não) Bem, ele está

aqui. Aqui está seu pai. Oliver, meu filho, por que você não usa meu relógio?” “Recebi um melhor”. “Bem, mas a corrente? e fixe esta coisa a ele outra vez. Suponho que o seu é um pouco

melhor, e mais masculino, mas se eu fosse você, usaria minha corrente um pouco. Estou muito incomodado em não ter feito mais por vocês meninos. Queria ter feito mais, mas vocês não se voltarão contra nós”?

O. L.: “Certamente não”. “Dê-me aquele cabo (p. 549 )—o saca-rolhas do seu pai”. O. L.: “Oh, aquilo”. “Sim, é isso. Ele me pede para abri-lo. (Abri-o, e expus o parafuso). Você sabia que isto

era de seu pai.” O. L.: “Bem, eu achava que era de minha mãe”. “Mas dele também. Parece com aquele guarda-chuva (p. 537). Ambos o tinham”. O. L.: “Minha mãe não virá e falará por si mesma?” “Ela enviou mensagem. Ela não pode vir e falar por si”. O. L.: “O Sr. E. consegue”. (Referindo-se às sessões 40 e 47.) “Você é ganancioso. Sim, Sr. E. consegue, mas o Sr. E. é um homem da ciência, que se

aprofundou nessas coisas. Ele vem e me expulsa às vezes. Teria que ser um lugar muito estreito para o Sr. E. não conseguir entrar.”

Notas do Sr. Wilson.

14. Não acho que ele teve uma irmã Ellen, ou um amigo Sr. Clark. Descobri em inquérito que meu avô tinha amigos desse nome.

15. A caixa embutida, o acidente ao cruzar o Canal, a referência aos dentes de leite, Uxbridge, a cabeça do veado [próxima página], tudo ininteligível.

Sessão No. 83, e última na Inglaterra. Noite de segunda-feira, 3 de Fevereiro, de

19h30min a 21h45min.

Presentes: O. L., E. C. L., e depois o Sr. e a Sra. T. e M. L.

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“Olá, Nelly. Venha aqui, Capitão. Parece como se alguém tivesse morrido repentinamente, bem recentemente. Um de seus tios, acho”.

“Qual?” “Eu não posso ver; estão todos ocupados ao redor dele. Há muitas pessoas agitadas. Eu

não sei quem é. Acho que alguém morreu ou está prestes a morrer. Eu não posso lhe dizer nada além disso. Há algo errado, de qualquer jeito”. [7:45 da noite.]

O. L.: “Se ele morreu, você pode vê-lo”. “Nem um pouco. Você não pode fazer nada com um espírito que acabou de morrer. Eles

ficam estranhos e não sabem onde estão. Seu pessoal parece bem ocupado. Você sabe se algum de seus tios está doente?”

O. L.: “Não, particularmente, não”. “Como Charles está?” O. L.: “Oh, ele morreu há tempos”. “Bem, como está Sam? O. L.: “Eu não sei; muito bem, acredito”. “Bem, eu não posso lhe dizer mais nada sobre o assunto. Mas penso que é Sam. Ou é

Sam ou outro em torno dele. [Tio Sam, eu soube por escrito, estava doente no sábado e domingo e teve que ir ao médico, mas estava bem de novo na segunda-feira. Tinha um filho inválido, em casa, que morreu alguns meses mais tarde; mas nenhuma coincidência pode ser atribuída a isso]. (Para Nelly, cujo relógio havia sido entregue à médium). Essa é a sua mãe. Ela quer que você tome seus remédios. Você se lembra do pequeno que desencarnou?”

E. C. L.: “Não, mas eu sei que houve um”. “Bem, está aqui com ela. Mas você não o reconheceria agora. Ele cresceu”. E. C. L.: “Então eles crescem?” “Certamente. Ele está com aproximadamente 35 anos, eu diria. [O referido irmão, que

morreu com cinco semanas de vida, estaria com 33.] Eles todos parecem ter 35 aqui. Ela quer saber, você ficou com o vestido marrom dela?”

“Não”. “E o anel dela? E ela tinha um alfinete, tipo um broche, e um par de abotoaduras para

prender as mangas. Onde estão?” “E. C. L.: “Receio que não sei”. “Mas alguém tinha que saber. E eu tinha um pequeno canivete com quatro lâminas nele.

Onde está ele? E um broche camafeu e uma pequena corrente de pescoço que eram seus quando você era pequena. Você sabe que eu tinha três anéis. Onde estão?”

O. L.: “Acho que Alfred sabe”. “Bem, procurem pelas minhas coisas. Você, Nelly, deve tê-las. Este é meu relógio, mas

não é a minha corrente; onde está minha corrente?” E. C. L.: “Eu não sei. Esta é uma corrente que Mary usava. Ela deixou o relógio para

mim”. “O broche, com uma grande pedra, você deveria saber. Ele pertenceu à minha mãe, sua

avó”. “Onde estão os Smiths? Você sabe sobre os Howards?” O. L.: “Não”. “Aqui está o Sr. Wilson, outra vez. Eu tinha uma cabeça de veado que eu mesmo

entalhei na madeira quando era jovem. Gostaria que fosse encontrada. É uma coisa pequena, mas era uma peça trabalhada. Eu a fiz com minha faca”.

O. L.: “Bem, perguntarei ao seu filho”.

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“Fui vê-lo.”. O. L.: “Você o vê agora? O que ele está fazendo?” “George tem escrito algo por extenso—um manuscrito. Ele e outro têm passeado

juntos”. “Quer dizer num cavalo?” “Não, num veículo, e George tem mostrado papéis. Saíram juntos. [Sr. e Sra. Wilson

estavam neste momento fazendo uma longa viagem de trem.] Pergunte-lhe se ele se lembra daquele antigo relógio. Era de meu pai. Não sei se consigo lembrar mais. Há muitas pessoas boas aqui que querem falar. Eu não ficarei mais tempo. Mande minhas mais doces lembranças a meu filho. Adeus.”

“Adeus, Sr. Wilson”. “Ele está indo embora—para cima, para cima—aí [seguindo com o dedo], com uma

senhora vigorosa, cabelo castanho, repartido no meio, nariz reto, rosto redondo, cabelo preso atrás da—um tipo de arranjo francês. Olhos azul-cinzentos. Um pequeno chapéu branco na cabeça”.

“Aqui está o Sr. E. (p. 516); Lodge, não deixe passar coisas boas. Eu podia ter feito muito pela Sociedade se tivesse vivido, mas posso fazer ainda mais agora. É notavelmente difícil de se comunicar. Todo o tempo que estive aqui só achei duas médiuns além desta. A Senhorita X. é uma; muito honesta. A outra é essa Senhorita Fowler. Estive lá uma vez. Ambiente repugnante, mas fui. Sim, é uma médium verdadeira. Mais pessoas talvez sejam médiuns, mas muitas não serão quando podem”.

“O que constitui um médium?” “Não muita espiritualidade, e não muito animalismo. Não são as pessoas mais elevadas,

e nem as mais baixas. São compadecidos, e não muito tímidos. Capazes de deixar suas mentes entregues a outros. Esse tipo de pessoa, facilmente influenciável. Muitos podiam, mas seus orgulho e senso de si vêm e o estragam. Quanto às coisas físicas: principalmente fraude. O resto é eletricidade. [O pretenso locutor não seria o menos provável a se atribuir coisas a eletricidade dessa maneira casual.] Os nervos da pessoa fazem coisas sem elas saberem. Elas frequentemente não estão cientes quando movem coisas.

“É como escrita automática então?” “Algo assim. Frequentemente os bramidos e barulhos são feitos por eles quando sob o

controle de algum outro espírito, e então a mensagem pode ser genuína. As coisas de transe e escrita automática são boas. Frequentemente boas. Outras coisas às vezes; mas principalmente fraude. (Mais conversa dessa espécie por algum tempo). Quem é esta?”

O. L.: “É minha irmã”. “Oh, prazer em conhecê-la. Não tínhamos nos encontrado antes, acho.” E. C. L.: “Não, eu nunca o vi”. “Alegre de vê-la agora. Escrevi um pequeno livro uma vez. (Título dado). Você alguma

vez o leu?” “Não”. “Você pode por um acaso se interessar por ele. Lodge, eu lhe mostrarei alguns versos

que escrevi aqui algum dia. Phinuit voltará logo. É um bom homem; tem uma posição difícil. Eu não faria o trabalho que ele faz por nada. Ver todo tipo de pessoas e caçar seus amigos, e; frequentemente tem o difícil trabalho de convencê-los que eles são realmente necessários.”

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O. L.: “Ele é de confiança?” “Não perfeitamente. Ele não é nem um pouco infalível. Mistura as coisas terrivelmente

às vezes. Faz seu melhor. É um bom homem; mas fica confuso, e quando ele não pode ouvir distintamente, completa ele próprio. Ele ocasionalmente inventa coisas, certamente inventa. Às vezes trabalha muito duro.”

O. L.: “As receitas médicas dele são de algum valor?” “Oh, ele é um médico astuto. Conhece seu negócio completamente. Ele pode ver dentro

das pessoas e é muito perspicaz para com suas queixas. Sim, nisso ele é muito bom, muito bom”.

O. L.: “Ele pode ver o futuro? Alguém pode?” “Eu não posso. Eu não adentrei nisso. Penso que Phinuit pode um pouco algumas vezes.

Ele pode fazer coisas maravilhosas. Estudou consideravelmente essas coisas. Pode fazer muitas coisas que eu não posso. Pode procurar os amigos das pessoas e dizer o que eles fazem às vezes de um modo extraordinário. Mas está longe de ser infalível”.

O. L.: “Os Thompsons esperam na sala ao lado. Devo chamá-los?” “Os Thompsons? Oh, conheço. Encontrei-os em sua casa uma vez no jantar, acho.

[Sim]. Não, não faço questão de vê-los. Bem, Lodge, preciso ir. Adeus. Apegue-se a uma coisa boa e não a deixe passar. Prossiga com a investigação. Eu o ajudarei. Isso será a coisa do futuro e aumentará a felicidade das pessoas. Mais médiuns surgirão e a comunicação será mais fácil. Adeus.

[Aqui a médium pareceu dormir por alguns momentos e então acordou outra vez nos modos de Phinuit, esticando a mão e sentindo a cabeça do assistente.]

“Eh! o que! Oh, sim. Bem. Olhe aqui, o Sr. E. esteve aqui. Disse-me para expressar seu pesar por ele não ter se despedido da Senhorita Lodge. Aqui está o Dr. Thompson “(p. 544).

(O Sr. e a Sra. T. tinham entrado recentemente, e agora se aproximavam). “Que a paz esteja com você. Deus a abençoe. Seu irmão quer vê-lo. Como está o chá de

sálvia?” Sra. T.: “Está sendo feito”. “Pensei sobre aquele relógio e corrente, mas eu não os pude achar. Olhei por todo

lugar”. Sr. T.: “Não, receio que se foi. Um acidente aconteceu a ele, e foi vendido”. “Oh, parece que foi dado a mim, e que havia uma inscrição nele. Presenteado a mim

onde trabalhei, porque me estimavam”. Sr. T.: “Sim, havia uma inscrição”. “O que era essa inscrição?” Sr. T.: “Sim, o que era?” “Foi-me dado onde estudei. Foi um reconhecimento de alguns de meus amigos, acho.

Fiz um amigo no serviço. [Ele levou o filho epilético de um amigo pelo Egito, e foi para esse que o relógio foi dado, em adição a sua remuneração]. Ike, você já ouvira de mim e de papai antes?”

Sr. T.: “Não, nunca antes. Só ultimamente”. “Isso é um erro, Ike. Ouviu uma vez antes; algum tempo atrás. Você não deveria se

esquecer.”

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Sr. T.: “Oh, sim, assim eu fiz, muitos anos atrás. Não me lembrei disso agora.” [Referindo-se a uma antiga entrevista que seus amigos tinham tido com algum médium em Bristol, quando vívidas mensagens pessoais do Dr. T. foram supostamente enviadas do mesmo modo.]

“Sim, e enviei uma mensagem a mamãe antes. Não se esqueça de mim, Ike. Você viu mamãe ultimamente? Você não a viu hoje?

Sr. T.: “Não, não hoje, mas ontem eu vi”. “Ela tem tido problemas com a cabeça. Estou olhando por ela. Como está William? Ele

foi à Escócia, acho”. Sr. T.: “Você disse que escreveu muito. Como você pode escrever?” “É a mesma coisa para nós. A coisa mais próxima disso. Somos muito ocupados, Ike,

mas nunca estamos cansados de elogiar e agradecer a Deus por nossa criação e preservação. Essa é nossa principal ocupação. (Dr. P.) Susie, seu pai envia seu amor para a pequena Senhorita aqui. Ela já achou a caixa de tintas dela? “(p. 545).

Sra. T.: “Não”. “Por que ela não vai e a procura? Você adentra a porta, e daí vai no andar superior,

então à direita, então esquerda, e para dentro da sala onde os papéis estão”. Sra. T.: “Sim, isso é onde normalmente é mantida, e onde deveria estar, mas não está lá

agora, ela diz”. “Deixe-a procurar outra vez. Ela a achará. [Não a achou]. Sua mãe está aqui, também.

Ela tem uma pequena touca estranha na sua cabeça cobrindo suas orelhas, e duas senhoras com ela. Elas dizem que são irmãs dela. Uma bastante jovem, e uma um pouco mais velha. Uma é uma coisinha gorda com cachinhos engraçados todos por aqui”. [Tudo correto].

Sra. T.: “Sim, eu me lembro” “Bem, ela se veste do mesmo jeito agora. Onde está o anel dela? Um outro anel

pequeno e com uma protuberância pertenceu a uma destas senhoras. Sra. T.: “Eu não me lembro disso”. “Como você é estúpida! Talvez o Capitão possa explicar. Seu pai ajudará aquela menina

Theo—a pintar. Que homem amável ele é. Aqui está o Dr. Rich! [Ver também p. 511, Nota F.] É muita bondade deste cavalheiro” (i.e., o Dr. Phinuit), “deixar que eu vos fale, Sr. Thompson. Desejo que leve uma mensagem a meu pai.”

Sr. T: “Levá-la-ei”. “Agradeço milhares de vezes, é muita bondade. Como vedes, passei subitamente. Meu

pai ficou muito perturbado com isso e ainda se encontra assim. Não se recuperou. Diga-lhe que estou vivo; que lhe mando a minha afeição. Onde estão os meus óculos?” (A médium passa a mão sobre os olhos). “Eu usava óculos”. (Verdade). “Penso que ele os tem, bem como alguns de meus livros. Havia uma pequena caixa preta, que eu tinha—penso que está com ele. Não desejo que se perca. Às vezes ele é perturbado por um zumbido na cabeça—fica nervoso—mas isso não tem importância”

Sr. T: “Que faz o seu pai?” (A médium tomou um cartão e parecia escrever nele: parecia pôr um selo no canto).

“Ele se ocupa com essas coisas, Sr. Thompson , se o senhor lhe der esta mensagem, eu o ajudarei de muitas maneiras. Posso e quero.”

[“Sr. Rich, o pai, é administrador dos Correios de Liverpool. Seu filho, o Dr. Rich, era quase estranho ao Sr. Thompson, e o mesmo a mim. O pai tinha ficado muito chocado com a morte do filho, como verificamos. O Sr.

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Thompson o havia procurado e dado o recado. O Sr. Rich, pai, considera o episódio extraordinário e inexplicável, salvo por alguma espécie de fraude. A frase “agradeço milhares de vezes”—concordou o senhor—é característica e admite que recentemente sofreu de zumbidos”. O Sr. Rich não soube a que caixa preta o filho se referia. A única pessoa que podia dar informações a respeito achava-se então na Alemanha. Mas foi verificado que, em seu leito de morte, o Dr. Rich falava constantemente de uma caixa preta.

“Agora, todos vocês venham aqui”. “Adeus, Susie. Adeus, Ike. Adeus, Nelly”. “Agora, todos para fora e deixem-me falar com Marie”. (Conversa longa de um tipo paterna, com conselhos completamente sensatos. Então O.

L. retornou). “Capitão, não é adeus, é au revoir, e você ouvirá de mim quando eu tiver ido embora”. O. L.: “Como posso?” “Oh, ditarei a algum cavalheiro uma mensagem e ele a escreverá para mim. Verá”. “Au, revoir, aurevoir,”&c.

Fim da Segunda Série de Sessões em Liverpool.

APÊNDICE

Fazemos aqui referência a uma observação nas notas da p. 527, sobre a concebível missão de um agente a Barkings para fazer inquéritos. Ocorreu-nos que talvez seja instrutivo realmente enviar um e ver o que poderia ser colhido dessa forma: com os objetivos (1) de verificar tais fatos mencionados sobre meus tios, ainda não sido verificados, e (2) de casualmente saber o quanto poderia ser colhido dessa maneira depois de um intervalo tão longo e mudanças tão grandes na vizinhança.

Eu então dei plenas instruções a um agente confidencial e habilidoso, e eu anexo sua série de relatórios. Embora eles não adicionem muito a nossa informação, ainda parecem a mim instrutivos em vários meios indiretos.

2 de outubro de 1890. Passei o dia de ontem em Barking fazendo inquéritos. O resultado não é muito animador, “mas

há uma possibilidade de melhores resultados, pois marquei um encontro com um senhor, 83 anos, na segunda-feira que vem. Ele viveu em Barking toda a sua vida, e é creditado com uma memória longa e de confiança. Estava fora em negócios, e não lhe era possível retornar antes de segunda-feira. Encontrei-mo com outros homens idosos em partes diferentes do povoado, mas suas memórias não retrocederam suficientemente. Dois deles lembraram-se de quando o Rev. Oliver Lodge era coadjutor encarregado, e de, quando rapazes, terem um apelido para ele; “mas não podiam lembrar-se de nenhuma das coisas de que necessitamos. Sabiam que havia vários “jovens Lodges”.

É um costume em Barking nomear campos e alamedas de pessoas ligadas a eles—geralmente o proprietário; e parece haver uma impressão entre as pessoas velhas que havia mais Smiths do que um ligado ao campo homônimo. No entanto, um operário contou-me que seu velho pai realmente vive agora num lugar que costumava, há muito tempo, ser chamado “campo dos Smith”. Fui a esse local, mas estava tarde da noite, e o velho homem ou estava fora ou não respondeu quando bati. Entretanto, é provavelmente o campo correto, pois está na parte superior do “Parque de Glenny” (é Parque ou Parte?), tem lagos e riachos onde talvez se possa pescar, e o rio Rodin é perto. Combinei de examinar os

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velhos mapas de estado-maior no Escritório de Construções da Prefeitura na segunda-feira. Ninguém pareceu capaz de identificar os rapazes Smith; mas se eu puder localizar esse Smith nos mapas pode ser mais fácil localizar os rapazes.

Um construtor, chamado Drake, que tem vivido em Barking por muitos bons anos, foi bastante útil. Lembra-se dos Srs. William e Fank Whitbourn—eram pai e filho, e o nome do mais jovem era realmente Francis. Ele também se lembra de James e Henry Sharp—estão enterrados no velho adro, e Drake teve que renovar seus túmulos bem recentemente.

Isso é tudo a que pude chegar até o momento. Agora depende do senhor de 83 anos (Wm. Bailey) e o mapa do estado-maior. Se o velho Bailey for um fiasco eu não sei mais o que fazer. Espero localizar o campo dos Smith corretamente.

7 de outubro de 1890. Inquéritos adicionais em Barking não me capacitaram a fazer quaisquer descobertas definitivas.

O velho (Bailey) revelou-se um fracasso. Ele não se lembrava de nada mais que as outras pessoas idosas—o que foi muito pouco, como sabe. O campo que eu esperava que pudesse ser o campo dos Smith não é o correto, pois descobri que embora uns Srs. Smith e Kinsie dele eram donos entre 1840 e 1850, pertenceu a uma família Venables por vários anos antes de então—certamente em 1828.

Achei outro senhor promissor, o Sr. Forge, entre 70 e 80 anos, que nasceu no povoado e era muito envolvido com os negócios da paróquia, tendo sido supervisor durante muitos anos no passado. Ele não se lembrava de quaisquer das coisas que queremos; mas contou-me onde um velho livro de tributação era guardado na Prefeitura. Eu então entrei em contato com o Secretário da Câmara Municipal e o convenci a vir à Prefeitura para inspecionar esse livro. Veio, e bondosamente examinou tanto esse e quanto muitos outros livros possíveis, alguns voltando até 1827, mas não pudemos achar qualquer vestígio do campo dos Smith em quaisquer deles. O Secretário da Câmara Municipal (que é também um supervisor), um homem muito inteligente e agradável, foi ligado a negócios da paróquia por toda a sua vida, e ele fez tudo a seu alcance para ajudar. Ele sabe de uma ou duas pessoas idosas vivendo na periferia da paróquia, e forçará suas memórias para nós; declarou que elas eram tão incultas e desconfiadas que seria inútil eu visitá-las.

O Sr. Samuel Glenney, um descendente das pessoas de “Parte de Glenney”, que é agora Secretário da Sacristia, tendo controle de planos locais e livros de tributação, e que viveu na vizinhança mais de 50 anos, não se lembra de um campo dos Smith junto de qualquer propriedade de sua família.

Examinei um mapa do estado-maior, datado de 1863, na Prefeitura. Há três “Partes de Glenny” mostradas, bastante juntas, perto da terra do vicariato e do passal da igreja. Somente um desses lotes tinha um lago—agora obviamente cheio, pois toda a vizinhança foi construída em seu redor—e no canto desse lote uma forja31 está marcada. Não é improvável que esse fato possa ter dado origem ao campo chamado “campo dos Smith”—de alguma forma pelos meninos estudantes; e se assim, não é de ser espantar que os livros de tributação e mapas falhem em mostrar o lugar sob esse nome. A suposição não é tão improvável, pois as pessoas de Barking têm um modo de dar nomes a localidades dessa maneira; por exemplo, há uma alameda pertencendo a um homem, mas batizada com o nome de outro que tem um matadouro no fim dela. Parece bastante provável que o campo com a forja seria chamado “campo dos Smith”, mesmo pertencendo em realidade ao Sr. Glenney, e o fato de que havia dois outros campos pertencendo a membros da família de Glenney bem perto parece fazê-lo mais provável. De qualquer forma este campo com a forja era o único que parece ter tido algo a ver com um lago. A forja ficava no canto do campo, e ter-se-ia mudado para um ponto entre o vicariato e o lago, ficando a meio caminho na lateral do campo. [Ver página seguinte]. Mas embora essa teoria nos dê um campo dos Smith independente de livros de tributação e mapas, não nos dá um Sr. Smith, nem nos ajuda a descobrir os meninos Smith. Há somente uma possibilidade restante—a Rent Guarantee Society. Tal sociedade recolhe os dízimos para a paróquia de Barking e o secretário é dito possuir velhos registros que podem pôr-nos na direção correta. Escrevi para marcar um encontro com esse cavalheiro, que fica somente no escritório em Londres em certos dias.

31 Forja, ferraria, casa de ferreiro, em inglês smithy, que poderia ter sido confundida com o nome Smith.

(N. T.)

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Eu não pude achar uma família Rodney recente no arquivo local—um registro muito imperfeito. Nem eram os velhos habitantes capazes de se lembrar de tal família vivendo na vizinhança 50

ou 60 anos atrás. O senhor tem certeza de que havia uma família? Talvez tenha havido um John Rodney sem uma família de Rodneys [p. 550, e abaixo].

A Sra. Piper certamente me venceu. Meus inquéritos na moderna Barking renderam menos informação do que ela forneceu. Mesmo o agente mais habilidoso não poderia ter feito mais do que obter o auxílio dos mantedores de registros locais e dos habitantes mais idosos vivos. Fracassei, até o momento, em provar pelos registros que havia um campo dos Smith e, portanto, não pude localizar os meninos Smith. Não consegui encontrar alguém que se lembre do incidente do riacho; nem pude saber qualquer coisa sobre Sra. Cannon a partir dos idosos.

10 de outubro de 1890. A Agência Coletora de Dízimos foi um fracasso. O secretário não tem nenhum registro antigo, e

nenhum meio possível, qualquer que seja, de ajudar-nos a descobrir o campo dos Smith. Eu não tenho mais qualquer ideia no momento. Pode sugerir algo?

G. ALBERT SMITH. NOTAS ADICIONAIS

Para obter verificação, ou o contrário, para tantas das declarações concernentes a coisas desconhecidas a mim quanto possível, escrevi por fim a meu tio na Cornualha (p. 528), informando-o plenamente das circunstâncias da investigação e solicitando sua ajuda. Ele reclama que sua memória não está tão boa agora como estava ainda há seis meses, mas favoreceu-me com alguma informação que é útil até onde vai. A seguir estão extratos das suas cartas:—

(Referindo-se a episódio mencionado na p. 550.) “Recordo muito bem minha luta com um rapaz no campo das vacas. Aconteceu quando eu tinha dez anos de idade (aproximadamente 1822) e, suponho, era meio valentão. Não tivemos nenhuma discussão, mas meramente lutávamos para ver quem era o melhor, e quando meu oponente considerou que tinha tido o suficiente, em vez de desistir numa maneira normal, ele disparou como um foguete. A razão pela qual me lembro tão bem disso é porque antes da luta a opinião geral era que o outro rapaz me bateria facilmente, e em conseqüência de meu êxito um rapaz dois anos mais velho e muito maior e mais forte que eu foi escolhido na vila para lutar comigo, e deu-me uma derrota tremenda. Aos onze fui enviado ao mar.

“Eu de jeito nenhum recordo o nome do rapaz que fugiu”. “Recordo o pai dele dizendo que se me pegasse iria me dar um sumiço”.

(Em resposta a uma pergunta quanto a como o “campo dos Smith” (p. 527) adquiriu seu nome, e se teve algo a ver com uma forja, p. 556.) “Havia uma casa de ferreiro perto do fim do povoado desse campo, mas não acho que tinha qualquer relação com o nome do campo. Chamava-se campo dos Smith porque o nome de seu ocupante era Smith, creio”.

(Em resposta a uma pergunta sobre os “meninos Smith”, p. 521.) “Havia um homem chamado Smith, um dono de bar, o mesmo que fez a observação sobre os ‘d—d jovens Lodges’. (Ver notas no fim da Primeira Série). Ele tinha filhos, mas não me lembro de nada deles exceto por um rapaz, e a razão pela qual me recordo é porque a paróquia de Barking teve a indicação de um rapaz para a Escola Bluecoat. Fui indicado pela minha família e um jovem Smith pela dele; Smith foi eleito e, portanto, todo o curso de minha vida foi alterado”.

(Em resposta a perguntas sobre Tio Jerry, p. 521.) “Eu não penso que a queda de um cavalo teve algo a ver com a causa de sua cegueira. Ele sempre foi míope, e usava óculos na escola, mas eu não acho que eu estava na Inglaterra no tempo da sua queda”. “Nada recordo o que quer que seja sobre qualquer anel dele” (referindo-se a uma declaração na p. 508).

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(3) PARTE II. Por Waltek Leaf, Litt.D.

A série de sessões presididas pela Sra. Piper em Liverpool formam, de longe, uma série distinta do resto, tanto na qualidade como na quantidade, e consequentemente foi tratada à parte, por motivo de conveniência, pelo professor Lodge. Era extraordinária, em comparação àquelas até então consideradas, pelo alto nível de sucesso. Em Cambridge, assim como em Londres, sucesso e fracasso se alternaram de um modo confuso. Em um grande número de casos, fragmentos de intuição foram encaixados em um aglomerado de conversa vaga, ininteligível, ou distintamente de “pesca”. As sessões, entretanto, têm a vantagem de jogar muita luz em cima do funcionamento da personalidade secundária da médium, e merecem assim um estudo tão cuidadoso quanto aquelas de uma qualidade mais uniforme. O plano adotado para lidar com elas foi primeiro expor as mais notáveis do ponto de vista evidencial, e depois umas poucas daquelas que fornecem o lado mais desfavorável da personalidade do Dr. Phinuit. Pois teremos que considerá-lo como uma personalidade distinta. O restante é coletado no Apêndice em um formulário abreviado.

Antes de entrar em maiores detalhes, é necessário ter uma vista geral das circunstâncias sob que as sessões de Londres aconteceram. O Sr. Myers já fez isso em Cambridge. Em Londres, as mesmas precauções foram naturalmente tomadas para apresentar todos os assistentes, não conhecidos previamente pela Sra. Piper, sob falsos nomes. A possibilidade de obter a informação pela bisbilhotice local, que tem de ser considerada em Cambridge assim como em Liverpool, foi excluída aqui pelas circunstâncias do caso. E o mesmo pode ser dito de uma outra suposta fonte de informação, investigando-se os empregados. As nove primeiras sessões foram presididas nos alojamentos da Sra. Piper, No. 27, na rua Montagu, W.C. Os proprietários dos alojamentos não poderiam saber qualquer coisa sobre o Dr. Myers, por quem os arranjos foram feitos. Quando a Sra. Piper veio a Londres pela segunda vez, ficou hospedada em um hotel privativo não longe de minha residência, onde a possibilidade de informação foi igualmente excluída. Ela esteve diversas vezes em minha casa, e jantou lá em uma ocasião; mas era mantida sob observação cerrada todo o tempo, e é certo que ela não teve qualquer possibilidade de “sondar” algum dos empregados, nem de fato algumas das indicações que fez poderiam do mesmo modo ter sido esclarecidas por semelhantes canais de informação. Uma sessão, talvez a mais notável da série, ocorrera na casa do Sr. Clarke, em Harrow. Aqui se pode dizer que havia uma possível fonte de investigação. A Sra. Piper não somente conheceu o Sr. Clarke na América, mas tinha cruzado o Atlântico no

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mesmo navio que ele; e sugerir-se-á, sem dúvida, que ela obteve sucessos ao sondar sobre a família da sua esposa no curso da conversação. Seria impressionante o bastante que todo homem pudesse ter comunicado inconscientemente semelhantes histórias de família, curiosas e incomuns, como aquelas ditas à Sra. Clarke. A suposição é simplesmente impossível para aqueles que tiveram a oportunidade de observar a Sra. Piper e de avaliar o alcance singularmente limitado de sua conversação, e sua incapacidade para os ardilosos planos atribuídos a ela. Além disso, alguns dos fatos indicados eram desconhecidos ao Sr. Clarke até que os ouviu declarados pela médium e confirmados por sua esposa. O Sr. e a Sra. Clarke são-me conhecidos intimamente; e nenhuma evidência melhor que a deles poderia ser desejada. A Sra. Clarke é alemã de nascimento, e esteve na Inglaterra somente a partir de seu casamento. Os fatos indicados a ela se referem inteiramente aos membros de sua família na Alemanha. Ninguém menos do que um detetive contratado pela Sra. Piper em Munique poderia tê-la fornecido o conhecimento que ela mostrou na ocasião de sua sessão com a Sra. Clarke.

O mesmo pode ser dito das únicas outras duas sessões de Londres que estão finalmente publicadas, como sendo de importância evidencial. Minha cunhada, Sra. H. Leaf, foi apresentada à Sra. Piper nos alojamentos na rua Manchester, de onde a Sra. Piper tinha chegado no dia anterior, e onde fora dito imediatamente um número de fatos, sobre os quais eu era quase completamente ignorante, porque se referiam aos vários primos dela de cujos nomes eu não tivera conhecimento nem nunca ouvido. O Sr. Pye é um amigo que conheço por muitos anos, mas de cuja família eu conhecera somente um ou dois membros. O que lhe foi dito estava completamente fora do meu conhecimento. Das outras sessões, a mais notável foi indubitavelmente a da senhorita “Gertrude C.” Como será visto em seu relatório, Apêndice, no. 29 e 31, a melhor parte dessa sessão era de natureza tão confidencial que praticamente muito pouco pode ser publicado. Dos fatos que tiveram de ser reservados está completamente claro que por nenhum meio, nem mesmo o detetive mais astuto, poderia ter-se obtido o conhecimento deles; eram os segredos propriedade de uma pessoa, ou no máximo de duas ou três.

Além disso, há a convicção que eu sinto fortemente, em comum, acho, com todos aqueles que observaram bastante a Sra. Piper, de que ela é absolutamente honesta. Isso naturalmente se refere a seu estado normal; a respeito da análise a ser feita da personalidade de Phinuit, haverá mais a ser dito daqui por diante. Mas a respeito das primeiras e mais óbvias perguntas, se ela adquire conscientemente o conhecimento no que diz respeito aos assistentes, com a intenção de enganar, eu posso dizer mais positivamente que considero isso uma suposição inteiramente indefensável.

A questão da quantidade de comunicação existente entre os dois estados é, na natureza do caso, obscura, e a evidência, tanto quanto

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eu tive a chance de ver, é, sobretudo, negativa. O Dr. Phinuit faz muitas indicações que podem facilmente ter sido aprendidas pela Sra. Piper; em diversos casos, por exemplo, esforçou-se para descrever a aparência pessoal de seus assistentes. Por outro lado, o conhecimento sobre eles e seus arredores, que a Sra. Piper certamente possuía, não era, como regra, dado por ele. Pode-se naturalmente dizer que isso foi feito a fim de obscurecer seus métodos, e fico inclinado, julgando pelo que eu vi do caráter de Phinuit, sua esperteza e seu desejo de parecer maravilhoso, a pensar que isso é bem possível; embora pareça um tanto inconsistente com o curso distinto tomado por ele nos casos há pouco mencionados, e ainda mais com seu hábito de anotar correções ou dicas dadas a ele durante uma sessão, tentando trazê-las após um intervalo curto como se fossem suas próprias. Uma observação sustentada nesse ponto foi feita pela Sra. Verrall. Em suas três sessões, sua menina mais velha fora mencionada frequentemente, mas seu nome, que nunca tinha sido mencionado à Sra. Piper, não foi dado. Após sua última sessão, a No. 63, ela propositadamente chamou a criança “Helen” na presença da Sra. Piper. Logo na próxima sessão onde a Sra. Verrall foi mencionada, a da Sra. B., No. 66, Helen foi nomeada pelo Dr. Phinuit. Há, consequentemente, fundamento para supor que, assim como no caso de outras personalidades secundárias que foram estudadas, o estado anormal está consciente do que ocorre no normal, mas não vice-versa; e que essa conexão é obscurecida propositadamente. Que o Dr. Phinuit é o que ele próprio alega, o espírito de um médico falecido de Marseille, eu posso dizer imediatamente que não vi o mínimo de fundamento para acreditar. Sua própria palavra, em vista de seu padrão moral, não traz, à parte de outras considerações, sequer uma presunção de veracidade; dentre as numerosas indicações que fez da sua vida na Terra, nenhuma é sujeita a verificação. Por outro lado, sua completa ignorância de francês é uma base positiva para desacreditá-lo, e uma que ele nunca pôde explicar.

Phinuit de fato exibe apenas o tom moral baixo que tão frequentemente encontramos nas mesas falantes, em pranchetas, e em outras manifestações, como nós as consideramos agora, do seu self secundário. Jura gratuitamente, e responde em um tipo de gíria vulgar da Nova Inglaterra32, de um modo bem diferente das maneiras da Sra. Piper. Isso é naturalmente uma futilidade; mas é mais sério quando nós o encontramos continuamente fazendo tentativas para enganar. Se não pode fazer uma indicação correta, está sempre pronto com uma suposição mais ou menos ingênua para ocultar sua ignorância, ou pelo menos com alguma ambiguidade ou subterfúgio para contornar a dificuldade. Dificilmente uma sessão passa sem que ele faça ao menos algumas indicações completamente erradas. É isso que constitui o obstáculo principal à vinda de uma decisão positiva a respeito de muito dos fatos.

32

New England, região americana contendo os estados de Maine, New Hampshire, Vermont, Massachusetts, Rhode Island e Connecticut. (N. T.)

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Devemos, consequentemente, tentar dar alguma noção dos métodos que foram empregados para se obter a instrução dos assistentes no caso de o conhecimento correto ter falhado; ou, se esta informação não poderia ser extraída para fazer uma suposição sortuda em seu lugar. Para essa finalidade, duas das piores sessões foram transcritas inteiramente, para que o leitor forme sua própria opinião. A primeira sessão da senhorita Johnson foi também publicada, com um comentário que irá mostrar o quão difícil é para se ter certeza de que a pesca não se enquadra em afirmações que, no início, podem parecer satisfatórias.

Assim, fazendo o papel de advogado do diabo, e pressionando ao máximo todas as objeções que podem ser incitadas de encontro à genuinidade dos fenômenos, é quase inevitável que alguém deva dar uma perspectiva um tanto enganadora da impressão que a evidência produziu em cima de um espectador. Para corrigir o máximo possível essa impressão inicial, repito com toda a ênfase que a análise da conjectura dos métodos de Phinuit está longe de cobrir todas as declarações que ele fez. Sua suposta pesca foi empregada, se a foi, somente quando o poder supranormal estava suspenso por um período; possivelmente isso sendo somente minha imaginação. Mas mesmo com todo o risco de ser enganado, me parece essencial que esse lado deva ser proposto, ainda que somente para mostrar que os investigadores estavam inteiramente cientes de todos os vários métodos pelos quais pode ser possível ganhar vantagem da credulidade ou descuido deles. Quanto mais considero o todo da evidência, mais permaneço convencido que isso dá uma prova de um poder supranormal real, sujeito, entretanto, em condições em que dificilmente podemos sequer supor, a períodos de lapso temporário.

Infelizmente não é possível reduzir as possibilidades de uma suposição correta para qualquer coisa parecida com valores numéricos. Em alguns casos nós podemos mesmo somente formar uma aproximação. Tomada, por exemplo, umas das afirmações prediletas: “Você tem um pai e uma mãe, uma (ou ambos) encarnados (ou, desencarnados)”, conforme as circunstâncias. Aqui evidentemente as alternativas possíveis são quatro, e as possibilidades contra uma suposição correta pareceriam ser de três a um. Mas é evidente que a idade aparente do assistente daria alguma ajuda adicional a uma suposição. Em alguns casos, com um assistente idoso, a indicação, “você tem ambos os pais no espírito”, seria quase uma certeza.

Então, novamente com o caso dos nomes. Phinuit não era fã de dar sobrenomes, mas às vezes ele os fornecia. Às vezes era impressionantemente certeiro; em outras, se rebaixava a frases como “você conhece Smith” ou “como está Harris?” com menos sucesso do que esperado. Mas não há esperança aqui de tentar dizer quais são as chances de sucesso. No caso de primeiros nomes a situação não é realmente melhor. Se nós tivermos que lidar somente com discursos tais como “então eu capto um William”, ou “há um Henry em seus arredores”, poderíamos formar uma idéia rude da proporção de pessoas para as quais isso seria verdadeiro.

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Mas o caso torna-se perdido quando esse tipo de coisa é misturada com “você tem um irmão John; não—um cunhado.” Só é possível recordar o fato que tais expressões foram frequentemente usadas, que elas eram às vezes bem sucedidas e às vezes erradas, e que eram obviamente maculadas com a suspeita de serem usadas para propósitos de pesca, que elas não possuem qualquer valor probatório. Uma contagem rudimentar do número dos primeiros nomes dados mostra que William era o mais comum, e o mais frequentemente tido como correto; mas isso é somente o que se esperaria na hipótese de fraude ou de informação imperfeita ainda que autêntica, já que William é o primeiro nome masculino mais comum na Inglaterra. Alguns nomes, entretanto, foram dados com uma freqüência que conduz à suposição de que foram empregados sistematicamente para a pesca. Um deles é Alec ou Alex, que se encontraram com muito mais sucesso do que provavelmente ter-se-ia suposto em uma série de sessões presididas no sul de Tweed. Um outro nome era “Ed.” Esse era um dos mais comuns. Como o Sr. Barkworth aponta, tem a vantagem de servir para os quatro nomes Edward, Edwin, Edgar, e Edmund. Uma vez que, quando nenhum destes foi reconhecido por um assistente, isso foi aparentemente transformado em “Head” [“cabeça”]; “o que há com Head?” [“o que há com a cabeça?”] (p. 487). Um outro nome é “Loo” que tem a propriedade útil de servir tanto para uma mulher, Louisa, quanto para um homem, Louis. Casos em que ele era bem sucedido em ambas as funções serão encontrado entre os registros.

Também tirou-se vantagem de uma certa imprecisão e imperfeição da pronúncia, consistentes com a suposição da origem francesa de Phinuit, a fim de aumentar a propensão com que os nomes poderiam ser mudados de um para outro. Assim Mary sempre foi chamada de Marie, evidentemente fácil de se mudar para Maria quando necessário. Alice pode ser entendida como Agnes (ver a sessão do professor Kendall, p. 478), e na sessão da senhorita Johnson (p. 609) encontrar-se-á que John é transformado em George por um processo engenhoso. É claramente possível que, nestes casos, a razão real da incerteza pode ter sido aquela dada por Phinuit, que seus modos de obter conhecimento não estavam claros; mas, em matéria de evidência, devemos assumir que em todos os casos as mudanças eram somente meios de obtenção direta da informação do assistente.

É provável que uma determinada quantidade de leitura muscular foi empregada como um guia para uma conclusão correta. O médium geralmente senta-se com a mão do assistente pressionada a sua testa. A atitude é uma das favoritas entre os assim chamados leitores do pensamento. Indicações inconscientes seriam, sem dúvida alguma, dadas quando o nome adivinhado se parecesse com o buscado, levando facilmente, por métodos conhecidos, a uma conclusão completamente correta. Os mesmos meios podem ter sido usados na determinação das enfermidades. Uma afirmação muito comum era de que algum parente do assistente era manco no joelho, ou ainda, mais comum, de que tinha reumatismo lá. Isso era usualmente

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acompanhado por um agarrar no joelho, que sugere a leitura muscular. Em um caso, o sofrimento foi descendo e foi localizado no dedo do pé.33 Em outras ocasiões, foi dito que a dor era na cabeça—dor de cabeça ou nevralgia. Isso foi acompanhado, igualmente, por uma sensação sobre a cabeça dos assistentes. Não somente são o reumatismo e as dores de cabeça duas das enfermidades muito comuns, e as mais prováveis serem supostas como certas, como o joelho e a cabeça eram as porções mais acessíveis da estrutura dos assistentes, e aquelas sobre as quais a informação inconsciente poderia ser melhor obtida. “Sofrendo de um resfriado”, também, era um dos diagnósticos favoritos. Na medida em que as sessões ocorreram em dezembro e em janeiro, e as últimas durante o ponto pico da epidemia de gripe, não é de se admirar que isso tenha sido geralmente admitido como correto.

Passei por todas as explanações possíveis de adivinhação por fraude que estou apto a sugerir depois de um estudo cuidadoso sobre o todo da evidência. Descobrir-se-á que elas estão longe de cobrir o todo dos fatos. Mas mostrarão que nós devemos supor como sem valor todos os primeiros nomes, mesmo quando dados como aqueles de um parentesco definitivo. Podemos ter nomes como evidência positiva somente quando dados corretamente, em série, e sem pesca.

Outra peculiaridade do Dr. Phinuit, que não tende a levantar nossa opinião sobre sua veracidade, nem certamente de sua esperteza, foi observada por diversos assistentes. Quando uma afirmação feita por ele é corrigida, ou uma informação é dada diretamente a ele, pelo assistente, ele parece não tomar ciência naquele momento, mas traz à tona depois de um tempo como se isso fosse parte original de seus próprios conhecimentos. O artifício é muito transparente para necessitar muita observação, embora, como Phinuit tem tido grande experiência no que faz, é bem provável que ele o tenha achado útil de vez em quando.

Naturalmente, não haverá nenhuma presunção a favor da veracidade de Phinuit quando ele representa as mensagens que dá como sendo ditas a ele pelos amigos defuntos do assistente. A pergunta se essa não deve, afinal, ser a explanação mais fácil, entretanto, é definitivamente levantada pelo material diante de nós, e é de longe o ponto mais sério que temos de enfrentar. É nosso primeiro dever ver se não podemos encontrar uma explanação sem recorrer a uma suposição que é, para a maioria de nós, a menos provável que poderia ser feita.

Deixando de lado a hipótese de que a Sra. Piper, em seu estado normal, aprende os fatos que Phinuit comunica (insustentável), e a outra, de que Phinuit os obtém durante as sessões, em parte através de suposição ingênua e sistemática, em parte pela ajuda inconsciente fornecida pelos assistentes (insuficiente), permanece uma terceira: que ele os obtém por um processo de transmissão de pensamento da mente dos assistentes.

33 Veja No. 69, p. 644; e compare p. 610.

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A transmissão de pensamento bastará então para explicar o conjunto dos fatos incompreensíveis de que temos de tratar? Minha própria crença é que sim. De fato, é somente em alguns poucos casos que a dúvida sequer surge. O ponto preliminar é, naturalmente, saber se ao assistente foi informado algo que não era e não podia ser de seu próprio conhecimento, mas que, todavia, revela-se verdadeiro. Nada menos que isso nos daria uma divisão válida entre a transmissão do pensamento e a comunicação de inteligências outras além das nossas próprias.

A transmissão de pensamento no caso presente, se a é, diz respeito não à consciência normal, mas ao que nós agora chamamos de subconsciência. Isso não tem nada a ver com leitura de pensamento, como usualmente entendida, em que é necessário que o agente fixe firmemente seus pensamentos sobre a idéia ou retrato que deseja transferir à mente do percipiente. Os pensamentos transferidos não são de qualquer maneira, em regra geral, aqueles que eram os mais presentes na mente do assistente naquele momento. As declarações feitas são particularmente relacionadas a fatos antigos e, amiúde, parcialmente esquecidos, enquanto as tentativas distintas às vezes feitas pelo assistente, para obter informação com relação a questões particulares que tivera de modo vívido antes, resultaram, em regra—não posso afirmar que sempre—em fracasso.

Até agora, sabemos bem pouco sobre o subconsciente. Mas temos pelo menos boas bases para supor que nenhuma impressão uma vez feita com base nele possa se perder. A memória consciente não é, em si mesma, guia sobre a existência ou não dos conteúdos do subconsciente. Não há qualquer necessidade, portanto, em assumir, no nosso estágio atual de conhecimento, nada mais do que essa vigilância ilimitada do subconsciente e a capacidade de o poder ler, a fim de explicar a reprodução de qualquer coisa que talvez, em algum momento, tenha estado presente à consciência. E quem pode dizer definitivamente o que não pode se ter ouvido na infância, por exemplo, nas conversas de seus antepassados; coisas que não compreendeu, e que podem há muito ter desaparecido da memória consciente dos próprios antepassados, caso ainda estejam vivos e possam ser questionados? Não há nada mais maravilhoso na suposta reprodução de tal conhecimento fortuito, transmissão de pensamento uma vez concedida, do que no familiar caso do hebreu repetido pela delirante garota camponesa, aprendido inconscientemente através das palestras de seu então professor. Pegue-se, por exemplo, as mensagens emitidas pelo tio Jerry ao professor Lodge. A história de nadar no riacho é bastante impressionante, mas o que prova que isso não pode ter sido dito pelo próprio tio Jerry ou por um de seus irmãos ao professor Lodge em sua infância? Se assim foi, então no cérebro do professor Lodge isso deve ter estado desde sempre, pronto para ser decifrado por qualquer inteligência possuída dos meios de ler um subconsciente.

A suposição de leitura de pensamento como realidade nos guia mais longe, para

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regiões de pura hipótese, que não podem, entretanto, serem ignoradas quando uma hipótese alternativa for levantada para nossa aceitação, como a comunicação de espíritos falecidos com os vivos. Se a transmissão de pensamento for possível de alguma maneira, parece provável que seja uma função do eu inferior, não do eu superior, porque foram nas manifestações do eu inferior que obtivemos nossas melhores provas experimentais; no sono hipnótico e na escrita automática, onde as funções do eu superior estavam suspensas por um momento. Se então esse eu inferior, de cujo funcionamento somos tão irregular e imperfeitamente conscientes, tem semelhante susceptibilidade para com outras mentes, não é nenhuma suposição louca admitir que ele está continuamente recebendo impressões de outras mentes, certamente de qualquer outra mente no universo, variando na pureza e na força dependendo de algumas circunstâncias as quais não podemos sequer supor no momento. Somente sob determinadas circunstâncias raras tais impactos sucedem em transferir-se à consciência superior, na forma de alucinação ou de ação automática. Ainda mais raramente, encontramos um outro subconsciente assim suscetível que, como um instrumento de extrema delicadeza, pode gravar a impressão que tais impactos pretéritos fizeram sobre nós. As analogias físicas de tal solidariedade de todas as mentes são óbvias o bastante, mas não devem ser urgidas. É suficiente dizer que, uma vez admitida a realidade da transmissão de pensamento que age entre as camadas da personalidade, de cuja existência somos somente esporadicamente conscientes, tal teoria em si mesma não contém nada mais desorientador ou menos concebível do que a interação mútua de todas as partículas materiais do universo afirmadas na lei da gravitação.

Tal hipótese conduziria à conclusão de que podemos não ter nenhuma prova experimental da existência de espíritos falecidos. Pois não se pode ter certeza de que algo que uma vez esteve em alguma mente humana, mesmo caso não mais vivente, não foi uma vez gravado em outra com clareza suficiente para permitir sua transmissão e recuperação definitiva. A possibilidade da existência de outras inteligências além das inteligências humanas ainda poderia ser provada; pois é bem concebível que o conhecimento conduzido a nós talvez nunca tenha estado em qualquer mente humana.

Isso, entretanto, não é de importância vital para nossa finalidade atual; pois até onde eu posso ver, os poucos fatos fornecidos que os assistentes declaram serem desconhecidos a eles naquele tempo podem todos ser explicados ou por uma suposição bem sucedida ou por algum conhecimento esquecido de infância ou de alguns anos mais tarde. Ainda, como a hipótese de comunicação espiritual está no contexto, é correto mostrar que uma dedução natural, ainda que muito arbitrária, das teorias as quais acreditamos termos provado, irá explicar todos os fenômenos os quais poderiam ser elencados na sustentação da existência dos espíritos desencarnados capazes de se apresentarem a nós.

Entre as diferentes sessões, encontraremos alguns casos de tentativas

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de clarividência—a descrição de ações que eram executadas no momento por pessoas em um lugar diferente daquele aonde ocorria a sessão. Essas foram, em muitos casos, completamente falhas. Geralmente se referiam a pessoas bem conhecidas do assistente, e, quando comparativamente preciso, dificilmente ultrapassavam o que podia ser explicado pela transferência de pensamento da mente do assistente, na medida em que ele naturalmente fosse capaz de fazer uma suposição muito certeira. Isso, por exemplo, explicaria o relato dado à Sra. Verrall na sessão No. 63; ela sabia que era o horário em que seu marido, um tutor de Trinity, possivelmente veria seus pupilos. A senhorita Johnson, também, na sessão No. 67, tinha uma idéia da provável, ou pelo menos de uma possível, localização de seu irmão no momento. A Sra. Sidgwick relatou as experiências as quais ela e seu marido tiveram juntos; elas não podem ser consideradas muito convincentes, porque é impossível lhes aplicar qualquer cálculo de possibilidades. O relato dado à Sra. B. das ações da Sra. Verrall, No. 66, é mais incomum em seu caráter, mas a Sra. B. é bastante conhecida da Sra. Verrall e de seus experimentos em “fitar o cristal”, de modo que uma coincidência não está de modo algum fora de questão. A mais difícil de explicar de todas essas experiências é aquela do Sr. Gonner, p. 488, onde as ações de sua mãe em Londres naquele momento, ou preferencialmente alguns minutos antes, foram ditas com uma qualidade próxima da exatidão. Aqui novamente, entretanto, mas para a garantia de que a Sra. Gonner não tinha o hábito de sair pelas portas no referido momento, se diria que a ação de pôr uma roupa para sair às 11 horas da manhã não estaria além da possibilidade de uma suposição correta. Caso, entretanto, essa teoria de mera adivinhação não seja aceita, nós teremos que recorrer à idéia de uma transferência de pensamento telepática real operando naquele momento da Sra. Gonner para seu filho, e lida assim que a impressão alcançasse a mente do assistente, que agiu dessa forma ao mesmo tempo como sensitivo e agente. Não me parece haver, a priori, nenhum fundamento de encontro a tal idéia; mas as experiências feitas foram muito poucas, e a proporção das falhas foi muito grande para permitir que qualquer peso seja conferido a elas.

Algo pode ser dito a respeito das profecias que foram dadas livremente a todos os assistentes, mas que foram omitidas das sessões relatadas no sumário, como não tendo obviamente nenhum valor evidencial. Algumas delas referem-se comparativamente a um futuro distante, e não tiveram tempo para se cumprir. Isso, entretanto, não tem muita importância, já que algumas delas tiveram sua oportunidade e a perderam, ou no melhor dos casos se cumpriram corretamente como as previsões que um homem sensível igualmente poderia fazer. Veja, por exemplo, a notas do Sr. Clarke, no. 3, p. 569, e 21, p. 572. Não houve um único caso indicando que Phinuit possui qualquer poder de prever o futuro superior àquele de seus assistentes.

Tudo, portanto, até onde eu vi, aponta para a transmissão

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de pensamento como uma explicação adequada para o fenômeno, pelo menos se nós lhe dermos a extensão a qual fora indicada acima, de que Phinuit seja capaz de detectar impressões mentais transferidas a seus assistentes por aqueles intimamente ligados a eles, e transferidos no mesmo momento da sessão. Diversos incidentes instrutivos apontam diretamente contra qualquer conhecimento derivado de espíritos dos mortos. Por exemplo, na primeira sessão da Sra. H. Leaf uma pergunta foi posta sobre “Harry”, cujas mensagens Phinuit pretendia fornecer: “Ele deixou uma esposa?”34 Nenhuma resposta foi dada no momento, mas de acordo com a prática frequente de Phinuit, a suposta alusão era armazenada para uso futuro; e na sessão seguinte da Sra. H. Leaf foi-lhe dito, “Harry mandou beijos a sua esposa.”35 Na verdade, Harry nunca foi casado. Na segunda sessão da Sra. B e no relato da Sra. A. sobre o problema no braço do seu irmão, fatos errados foram indicados, os quais corresponderam ao que o assistente acreditava. Isso evidencia transmissão de pensamento, e não comunicação espiritual. Vejamos, além disso, a nota do Sr. Clarke a respeito da afirmação de que um homem havia sido levado para cuidar de sua casa na Inglaterra, e a respeito de suas suspeitas sobre seu amigo36. Em alguns casos, somente os assistentes pensaram que o curso de suas próprias idéias era seguido à medida que outras, frescas, eram sugeridas a eles pelas observações feitas por Phinuit; mas a evidência disso naturalmente não está clara. O Sr. Pye menciona um exemplo em seu relatório.37

No todo, então, o efeito que um estudo cuidadoso de todos os relatórios das sessões inglesas deixou em minha mente é: que o Dr. Phinuit é somente um nome para a personalidade secundária da Sra. Piper, assumindo o nome e representando o papel com a aptidão e consistência demonstradas por personalidades secundárias em outros casos conhecidos; que nesse estado anormal existe um poder muito excepcional de leitura dos conteúdos das mentes dos assistentes; mas que esse poder está longe de ser completo. Ele capta somente reflexos do que é armazenado na memória, e isso sem qualquer distinção clara entre o que está presente na mente no momento e o que são memórias esquecidas, se assim pode-se dizer, do passado. As dispersas alusões dessa forma capturadas podem, às vezes, se unir em grupos consistentes, compondo, no caso, sessão bem sucedida; ou, e isso é mais usual, podem apresentar-se somente como fragmentos. Phinuit é excessivamente desejoso de se afirmar perante seus ouvintes como sendo dotado de poderes sobrehumanos; e, quando ele capta somente figuras fragmentadas, não hesita em juntá-las com sua adivinhação, frequentemente do modo mais desordenado. Às vezes ele nem mesmo capta um reflexo do que a mente do assistente contém; tem então como recurso a suposição pura e simples. Em suas suposições, ele, de forma sagaz, ganha vantagem da ajuda dada pelos seus assistentes, lançando afirmações

34 Ver p. 595. 35 Ver Apêndice No. 53. 36 pp. 571, 573. 37 p. 600.

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generalistas, e observando o efeito que elas produzem a fim de se guiar. É provável, mas de nenhuma maneira certo, que ele também obtenha ajuda através da leitura muscular, principalmente nos locais de enfermidades. Ele toma vantagem de quaisquer indicações que possam ser lançadas, e tenta vesti-las como afirmações suas, revelando-as após um intervalo a fim de que sua origem real possa ser esquecida. Em resumo, não omite nenhum meio para disfarçar sua ignorância, chegando mesmo às vezes à completa negação do que disse apenas a fim cobrir um erro crasso.

Infelizmente, as declarações que faz são raramente ou nunca de tal natureza para admitir mesmo uma aplicação aproximada da doutrina das possibilidades, especialmente porque nós não temos relatórios ipsis litteris da maioria das sessões, e a quantidade de pesca pode somente ser estimada quando as palavras exatas são conhecidas.

O leitor, entretanto, deve formar seus próprios julgamentos a partir dos relatórios, que agora procedemos em fornecer. São, na maioria, exceto avaliações parciais de anotações rudimentares feitas no momento, e em alguns casos suplementados pela memória dos assistentes. Mas a fim de que uma idéia justa pudesse ser dada sobre o que realmente uma sessão se parece, uma, a da Sra. Herbert Leaf, foi impressa por completo das suas notas estenográficas, não certamente palavra por palavra, mas contendo, acredito, quase tudo que foi dito com exceção das repetições e das imprecisões de expressão que são usuais na conversação, o que de nenhuma maneira afeta a evidência. Ver-se-á que há bastante verbosidade usada, aparentemente, para preencher o tempo e, até onde pôde ser julgado, não menos importante na maneira de Phinuit captar qualquer informação. Seria um excesso de trabalho e de custo tentar uma reprodução disso em cada caso. A mesma sessão dará um bom exemplo da “dispersão” que foi frequentemente observada à medida que o fim de uma sessão se aproximava, e que já foi observada pelo Sr. Myers. Pode-se apontar que isso é o oposto do que se esperaria se a informação fosse extraída principalmente dos próprios assistentes; pois pareceria óbvio que, quanto mais Phinuit adivinhasse, mais ele seria capaz de encadear seu conhecimento, de forma que ao fim de uma sessão, como as últimas cartas de uma mão no uíste38, deve mostrar mais conhecimento e menos conjectura do que no começo.

Traremos, primeiramente, a sessão do Sr. J.T. Clarke na casa do professor W. James em Chocorua, New Hampshire. Embora essa não pertença, estritamente falando, à série inglesa, é mais convenientemente pô-la aqui, já que diversas alusões a ela foram feitas na sessão subseqüente com Sr. e Sra. Clarke em sua casa em Harrow. O Sr. Clarke encontrava-se, em setembro de 1889, na América, em uma apressada visita de negócios. Embora pudesse ter sido fácil para a Sra. Piper adquirir o conhecimento de seus relacionamentos e amigos em Boston, ver-se-á que o que lhe foi dito era inteiramente sobre seus arredores ingleses, dos quais ela

38 Do inglês whist, jogo de baralho. Forma antiga de bridge, mas sem apostas. (N. T.)

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poderia ter sabido pouco ou nada no outro lado do Atlântico. Sua esposa e filhos nunca estiveram na América. As anotações são do Sr. Clarke.

Chocorua, New Hampshire, casa do Dr. William James, 20 de setembro de 1889.

Sessão com o Sr. Clarke, o Sr. Hodgson tomando notas. O Sr. Clarke fixa sua mente constantemente em uma certa casa e visualiza os membros da família; disso não há qualquer ciência por parte da médium, que começa:

Ora! Eu conheço você! Eu vi sua influência em algum lugar antes! O que você está fazendo aqui?

1. Essa consciência secundária, a consciência clarividente e leitora de pensamento da médium, havia se tornado familiar com a minha individualidade através de frequentes sessões com amigos íntimos. Havia me visto como se eles me conhecessem, sob diferentes perspectivas. Havia, em sessões anteriores com esses amigos, feito menções a mim e a minha mãe.

Oh! Você tem muitos problemas, nuvens negras o cercam, mas eu vejo uma luz além, você ficará bem. É um problema financeiro o que quero dizer. Você atravessará tudo isso muito bem ao final.

2. Correto. Minha visita à América foi determinada por uma falência financeira, uma perda a qual eu estava me esforçando para minimizar.

“Quanto tempo até isso acontecer?” Quatro meses ou quatro meses e meio. Há indivíduos que não agiram honrosamente

com você. 3. A predição é, como o caso se provou, sem valor. Quanto à acusação contra os

“indivíduos” referidos, temos nisso um particular ponto de interesse. A afirmação em si foi absolutamente inverídica. Eu fui, logo em seguida, capaz de assegurar a mim mesmo que a ação dos homens em questão havia sido inteiramente honorável e leal, voltada a mim e aos meus interesses, mas minha mente, no momento, inegavelmente entreteve algum receio de que os fatos deveriam provar-se ter sido contrários. Esse receio sequer elevou-se a uma suspeita a qual eu pudesse ter formulado, ou tivesse admitido a mim mesmo, e a detecção de tal sorrateira desconfiança é particularmente interessante como uma evidência da proximidade de comunicação existente entre mentes sob condição mental anormal. Compare o caso similar observado, na Nota 15.

Eu vejo uma senhora desencarnada, sua mãe,—já a vi antes. 4. Quanto à familiaridade dessa consciência secundária da médium com a

individualidade da minha mãe, ver Nota 1. (Seguiu-se um claro relato de minha própria concepção da minha mãe, recentemente

falecida, a qual a constante presença em minha mente prontamente esclarece as frequentes menções a ela)

Você também tem uma senhora encarnada, sua esposa. Você não a encontrará bem. 5. Profecia errada. Minha esposa nunca esteve em melhor saúde. Você conhece um homem chamado Williams—não, espere! Williamson? (Réplica:

“Não”). Alto, escuro, primeiro nome Henery (sic). Ele se aproximará de você logo—ele terá algo a ver com seus papéis e com

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a Lei. Tomará conta de seus interesses e você ficará bem. Você o encontrará logo—dentro de algumas semanas.

6. Ponto interessante. O nome do advogado incumbido da defesa de meus interesses no problema financeiro anteriormente referido, a saber, Lambertson, tinha se comunicado comigo 10 dias antes da sessão, o que foi escrito por mim no meu livro de notas, e então esqueci completamente. Eu não poderia lembrá-lo corretamente por um esforço da memória, mas talvez tenha vindo como algo próximo disso em som e comprimento, como fez a clarividente. Nunca conheci qualquer pessoa chamada Williamson. A descrição da aparência pessoal e a menção do nome de batismo são, portanto, totalmente gratuitas.

Parte de seu interesse está num terreno; você andou próximo de ter “esquecido” esse negócio, mas não de todo.

7. Correto. As propriedades consistiam num lote de terra e edifícios, e eu certamente senti que os estava perdendo.

“Fale-me sobre minha mãe”. Sua mãe está conosco. Está aqui e feliz em espírito. 8. Isso, eu creio, é a maneira com a qual médiuns, carregados com as visões

convencionais e frases habituais em círculo espiritualistas, acham mais natural expressar a concepção que eles recebem de outra mente de uma pessoa como sendo uma memória, uma imagem mental, ao contrário de uma realidade viva. O que nasce em minha mente como uma visualização aparece na fraseologia clarividente como um espírito. Ver, a esse respeito, a indicação observada na Nota 16.

Quem é essa M., uma prima sua? Sua mãe diz que ela não está muito bem. Está melhor, mas continuará fraca.

9. A saúde da pessoa referida, embora melhorasse com tempo, havia causado a mim e a minha mãe muita solicitude. Notei, no entanto, que a frase, “Sua mãe diz” ou “Sua mãe me conta” não tem nenhuma importância particular. Testemunhe o exemplo trivial do canivete perdido, a ser mencionado mais tarde, Nota 25.

“Você pode ver minhas crianças?” Espere. . . . Quem é essa musicista ligada a você, que toca piano (imitando a ação de

dedos)? Ah, é sua senhora encarnada. Ela não está muito bem agora—sofre de reumatismo. 10. Minha esposa toca muito piano. Quanto a sua saúde, minha própria ansiedade era,

indubitavelmente, precursora da profecia, que estava de todo errada. Minha esposa estava bem, e nunca sofreu de reumatismo.

“Você vê minhas crianças?” Não, de jeito nenhum ainda; devo conseguir logo. Espere. Quem é esse Fred que vem

junto com sua mãe? 11. Um primo desaparecido no mar há 10 anos, sob circunstâncias peculiarmente

chocantes. Sua morte causou uma grande impressão sobre mim. Ele não é seu primo? “Sim”. Vem com sua mãe. Ela o conhece melhor agora do que quando era viva... Quem é esse

tio de vocês chamado John? “Eu não tenho nenhum Tio John”. Sim, sim, tem—o homem que se casou com sua tia.

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“Não, você está errado; o homem que casou com minha tia chama-se Philip”. Bem, acho que sei. (Muda de assunto, resmungando). 12. Como o diálogo mostra, eu havia esquecido totalmente no momento que uma tia

minha de fato tinha casado com um homem chamado John, com quem eu anteriormente tinha tido alguma correspondência. Eu não recordei isso até o dia seguinte. Isso é um exemplo claro do método em que a clarividente pode extrair do reservatório de nossa consciência, como antes era, e mesmo pode lembrar a nós fatos que nós tenhamos temporariamente esquecido.

Ora! Você é um sujeito engraçado—você está coberto com tinta da cabeça aos pés. Sua mãe diz que é uma pena.

13. Alguns dias atrás eu estive muito interessado na pintura das paredes de um quarto, na casa de um amigo meu.

Gostaria de saber quem é esse H., que você verá. Tome bastante cuidado com esse homem. Ele é um sujeito difícil. Não fique em suas mãos.

14. Essa é uma acusação ao todo injusta, baseado em uma ingrata desconfiança entretida por mim no momento com respeito ao amigo citado, a quem eu não via já há 14 anos. Essa desconfiança logo foi retirada ao todo por um conhecimento mais próximo dos fatos. Esse caso é precisamente como aquele referido na Nota 3. Eu certamente não estava disposto a admitir que me sentia desconfiado de H., nem mesmo a mim, quanto mais a outra pessoa. Ainda aqui essa suspeita injusta e maldosa foi proclamada a mim pela clarividente, e não posso de todo negar sua existência.

(Nesse ponto a médium falou através da sala ao Sr. Hodgson, chamando-o pelo nome e fazendo algumas comunicações pessoais sem importância. O Sr. Hodgson sentava-se a uma distância de 20 pés de nós, atrás de uma tela. Isso leva à interessante pergunta de até onde e quão facilmente a mente do clarividente pode ser transferida do assistente a outra pessoa. O clarividente pode informar a A do que se passa na mente de B? Esse me parece o problema mais pertinente diante de nós. O reconhecimento e o emprego de um poder como esse pode levar a uma revolução moral na vida da raça humana).

Aqui está sua Rebecca! (Clarke e Hodgson ambos perguntam “minha?” Cada um possui parentes com esse nome).

(A Clarke): Sua Rebecca, sua menininha. Ela corre em círculos e dá mão a todos que a conhecem.

“Há alguma outra pequenina com ela?” Sim, há três familiares seus juntos agora. 15. Minha esposa e duas crianças. “Como está Rebecca?” Muito bem. “Onde está ela agora?” Ela está em espírito. Isso é, seu espírito está aqui, mas o seu corpo está distante. 16. Um exemplo notável da maneira em que esse termo é usado pela médium. Minha

criança estava na Alemanha no momento, e assim tem vivido

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mais em minha memória que em minha vida diária. Daqui por diante, embora a médium sentisse que ela estava viva (“o seu corpo está distante”), sua personalidade ainda era falada como “em espírito”. Compare com a Nota 8.

Você logo terá uma surpresa. É uma fotografia de seu menino que está sendo feita para você. Ainda não está pronta, mas o surpreenderá.

17. Um fracasso evidente da parte da médium em compreender algumas de minhas idéias: eu estava naquele momento tirando fotografias que não eram para serem reveladas, e consequentemente não podiam ser vistas, até meu retorno à Inglaterra. Portanto uma fotografia aparece em sua versão como uma surpresa que alguma outra pessoa prepara para mim.

Há cinco de seus familiares: você mesmo, suas duas crianças, sua senhora encarnada e sua mãe em espírito.

18. Esse é meu sentimento constante—o “somos sete” dos meus familiares. O que são esses bilhetes que você tem em seu bolso? Há figuras neles estampadas em

vermelho e com nomes assinados embaixo. Serão de valor a você, você receberá algo por eles.

“Não, não tenho algo dessa espécie em meu bolso”. 19. Sabendo que eu tinha deixado meu livro de notas em outra parte, neguei ter algo do

tipo comigo. Havia esquecido por um momento que eu tinha, mais cedo naquele dia, tomado dois cheques para serem descontados, e os tinha guardado em meu bolso, dobrando-os. Esses cheques foram endossados no verso como descrito, e foram estampados com grandes e peculiares números vermelhos; eu particularmente me lembro de olhar esses números, e de verificar o endosso. Outro exemplo de memória subjacente.

“Onde está minha esposa?” Ela está país afora. Tem estado ausente. 20. Minha esposa intencionava ir à Alemanha, partindo da Inglaterra, logo depois de

minha partida repentina para os Estados Unidos. Eu positivamente não sabia que ela estava fora de casa, mas tinha-o como quase certo.

Há uma jovem e uma senhora idosa com ela. (Aí seguiu-se uma interpretação exata do que eu entendia como as características dessas

duas pessoas, que eu sabia estarem com a minha esposa). . . O jovem está voltando novamente; ainda está cruzando o país.

21. Correto. Soube que meu cunhado teve que retornar de Tyrol a seu lar no Báltico. . . . . (Adicional referência a minha mãe, descrevendo seu caráter e representando-a

como vive em minha memória). . . . Isso é um retrato antiquado dela, não muito bom, mas melhor que nada. (“Onde? Qual?”) Está em casa. Quero dizer aquela com o colarinho.

22. Uma indicação suficiente de um dos poucos retratos de minha mãe. Quem é esse menino seu de pés esquisitos, aquele com os pés tortos e os sapatos

engraçados? Sua mãe diz que é uma injustiça com você, uma pena—mas que tudo se resolverá.

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23. Correto. Meu menino nasceu com os pés tortos, e usa bota ortopédicas. Ora! Você mudou sua casa recentemente. “Não.” Sim, sua senhora mudou sua casa. “Bem, você pode querer dizer que ela está longe da casa dela, e isso é verdade. Agora

descreva de forma geral a casa em que nós vivemos.” Sim. Espere um minuto. Entrarei pela porta lateral. O que é aquela coisa alta, fora de

moda, no quarto dos fundos? Ah, é um relógio grande. 24. Correto. “Agora vá pela cozinha”. Sim. Ninguém aqui agora (22h em New Hampshire, 3h na Inglaterra). Uma pessoa

gorda, um cozinheiro esteve aqui. Um homem grande, com um bigode escuro, esteve aqui também um bom tempo durante o dia, e deixou sua influência aqui.

“Quem é ele?” Ele foi posto aqui para observar o lugar. “Ele é confiável e leal?” Sim, é fidedigno. 25. Erro interessante. Foi arranjado em minha partida da Inglaterra que, caso o servente

objetasse ficar sozinho em casa durante a ausência de minha esposa na Alemanha, um policial deveria ser empregado para vigiar a casa e viver nela. No momento da sessão eu não sabia como isso tinha sido feito, e estava quase certo de que um homem vigiava a casa. Na verdade, no entanto, não havia ninguém em casa com exceção do servente e uma jovem menina, da qual, como não sabia de nada, a clarividente naturalmente não fez nenhuma menção. Observe os detalhes imaginários, “homem grande”, “bigode escuro”, “fidedigno”; e os compare com detalhes imaginários semelhantes em casos de sugestão hipnótica, por exemplo, Forel, Hipnotismus, p. 45, &c.

Você perdeu sua faca! Sua mãe me diz isso. 26. Uma comunicação suficientemente trivial de uma mãe a seu único filho. “Onde ela está?” Oh, se foi; você nunca a verá outra vez. 27. Essa perda me tinha atormentado, pois a faca havia sido feita sob encomenda. Eu a

tinha perdido pouco antes de deixar a Inglaterra. A profecia provou ser pontualmente errada, pois a faca foi restituída a mim logo após meu retorno.

“Descreva o outro quarto no andar térreo agora.” Sim. Eu vejo um longo piano. O que é essa coisa elevada que vem para a frente por

cima dele? Ah, entendi; é a tampa. 28. O relógio e o piano são, respectivamente, as características principais dos dois

quartos. “Que cor é o papel de parede desse quarto?” Deixe-me ver. É amarelado, com desenhos e pontos dourados. 29. Correto. Em resumo, muitas coisas que eu sabia, mesmo algumas as quais havia esquecido, a

clarividente podia me dizer corretamente, embora de forma um tanto confusa. Ela cometeu todos os erros que eu teria feito no momento, e suas profecias foram tão errôneas quanto qualquer uma que eu mesmo talvez inventasse.

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Pode-se ver o conteúdo da mente de alguém como num espelho deformado e imperfeito. Ou, analisando o caso por outro ângulo, a consciência secundária da médium parece ser capaz de obter visões rápidas ocasionais do panorama da memória de alguém tal qual pelas frestas em um véu. Sem dúvida, Phinuit fornece os mais plenos e melhores resultados quando não contestado. Se pressionado a preencher as extensões amplas do quadro restante entre os fragmentos que ele vê, é obrigado, apesar das suas pretensões de conhecimento sobrenatural, a refugiar-se em evasões desajeitadas e “esparsas”,—em adivinhação, clara e frequentemente baseada em sugestões inconscientemente fornecidas pelo assistente,—ou, quando tudo mais fracassa, numa conversa incoerente e sem significado. Ainda, embora eu plenamente reconheça essas características repugnantes da manifestação, estou convencido de que o que sobra é genuíno de tal forma, que prova a existência de uma comunicação direta entre mente e mente durante o estado de transe. Um único êxito, excedendo os limites da coincidência (e é inegável que há muitos do tipo), prova a possibilidade; a multidão de fracassos meramente indica a dificuldade e incerteza.

J.T.C. As sessões restantes todas pertencem à série inglesa e são numeradas na ordem em que

elas realmente aconteceram. A lista completa delas será encontrada no Apêndice. A primeira que nós tivemos está intimamente ligada com a última. Aconteceu na casa do Sr. Clarke e era naturalmente impossível ocultar da Sra. Piper a identidade da Sra. Clarke. Nenhuma teoria que considere coincidência será suficiente para explicar a lista curiosa de fatos definidos sobre a família da Sra. Clarke que foram corretamente declarados por Phinuit; a possibilidade de sua aquisição por meio externo já foi considerada.

52. (Sessão em 29 de dezembro de 1889, no nº 3 de College-road, Harrow. Presentes: J. T. Clarke e W. Leaf; posteriormente Sra. Clarke.)

A sessão começou às 15h50min: o transe veio às 16h30min. Quatro envelopes haviam sido fornecidos, marcados A, B, C e D. A continha a

declaração, “Charles, eu fui decapitado em 1649.” B continha as linhas, “Não chorem mais, aflitos pastores, não chorem mais, pois Lycidas, sua aflição, não está morta”39. C continha um diagrama grosseiro de uma estrela de seis pontas. D continha um folheto do Museu britânico, exibindo o nome de um livro. O conteúdo de A era conhecido somente por W. L.; os de B e C, tanto por W. L. quanto por J. T. C.; o de D por ninguém, o folheto foi retirado aleatoriamente pela Sra. Clarke dentre 2.000 folhetos semelhantes, e incluído no envelope sem olhar.

Dr. P. começou a falar, para Clarke: Eu te conheço. Você é o camarada que tem a garotinha Rebecca, que crescerá e virará uma bela mulher.

*1. Repetição das palavras usadas na sessão anterior em Chocorua, New Hampshire, 20 de setembro de 1889.

Onde está Hodgson? *2. Durante minha sessão anterior, Sr. Hodgson estava presente na sala e compartilhou

da conversa comigo.—J.T.C. Você é o camarada que tinha um buraco no chão com as coisas

39 Trecho do poema “Lycidas” (1637), do poeta inglês John Milton (1608–1674). (N. T.)

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pretas nele. (“Carvões?”). É claro, você acha que sou estúpido? Há algo para vir daquele buraco ainda, porque eu vejo uma luz além dele.

*3. Na sessão anterior, uma menção havia sido feita a uma parte da cidade e edifícios como “interesse no terreno”. A imprecisão dessa referência é aqui desdobrada, por uma pergunta intencionalmente enganosa, em erro definitivo. Veja Nota 7 do relato precedente.—J. T. C.

Sua mãe lhe manda um beijo; ela está com você. J. T. C.: “Qual é seu nome do meio?” Eu perguntarei e descobrirei pra você. (O envelope marcado com C é agora dado a ela.) “Diga-me o que tem aí dentro” (Ela

pede pelo outro que está com ele. B então lhe é entregue. Ela esfrega ambos em seus cabelos.)

*4. O conhecimento do fato de que um segundo envelope existia aparentemente foi derivado de minha consciência, já que um único envelope tinha sido apresentado—J. T. C. Sabe, estive nestas redondezas antes. * 5. Veja descrição dessa casa na sessão anterior. Havia uma senhora desencarnada aqui antes. * 6. Minha mãe. O que está havendo com você? (para J. T. C.) J. T. C.: “Eu estou aflito em relação à senhora desencarnada”. Ela está bem; está com você. Você é o camarada que possui uma sogra. . . .

(Corretamente descreve a pessoa como estimada por J. T. C.) Aquela é uma carta, aquela. (mostrando B.) Faz-me sentir estranho, aquela. É algo

escrito—uma carta. Sabe o que eu quero dizer. O que é isso? (Mostra B outra vez). Há uma doença em torno dessa.

“É uma carta longa?” Não, não é longa; é o que você chama de doença cercando-a. (Seguem várias repetições

da mesma idéia). *7. Gradualmente, a consciência secundária tornou-se cada vez mais confusa por esses

quatro envelopes selados. A médium, anteriormente, escolhera o envelope B três vezes dentre o restante e depois se referiu a D como “esse livro que você tem na mão.”—J. T. C.

(A Sra. Clarke entrou nesse momento). J. T. C.: “Agora me diga o que é isso”. (A dado). Há um escrito francês nisso; algum francês o escreveu. Ele quer saber o nome do

espírito que escreveu a ele primeiramente. Está escrito por alguém chamado Charles, e alguém de nome Fred manipulou-o.

* 8. É possível que o nome Charles possa ter sido uma leitura do prenome na sentença escrita; mas evidentemente está ligado com meu primeiro encontro com a médium na companhia do Dr. Charles Richet e do Sr. Frederic Myers. Richet tinha feito uma pergunta semelhante em uma de suas sessões; veja p. 620.—W. L.

(D é mostrado). “O que há nesse?” É apenas uma nota; não está ligada a nada. Trata de um compromisso. (Alertado que

não se trata disso, diz): Tem a influência de uma senhora nele—da

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sua mãe; (Novamente alertado que está errado) Veja você, isso é algo novo para mim; eu não estou acostumado a fazer essas coisas para as pessoas. Como está M.?

*10. Uma senhora que tinha estado presente no fechamento de minha sessão em New Hampshire.—J. T. C.

“Ela está muito bem; mas me conte sobre essas cartas.” (Algumas observações desconexas; então)— Você não se lembra daquela vez em que lhe vi antes? Falei-lhe sobre o menino; como

está o homenzinho que tem os pés estranhos? *11. “Pés estranhos”, expressão usada na sessão anterior. Ver Nota 24 do relato anterior. Ele está indo muito bem. Você é aquele que me fez descrever o piano. *12. Nota 25 da sessão anterior. J. T. C.: “Bem, você pode me contar o que há no aposento acima desse?” Vejo uma cama que parece engraçada (apontando). “O que há na cama?” Há uma coberta grossa. Como você a chama? Penas de galinhas—no chão? *13. Correto. Um plumeau40 alemão. Aquele homenzinho está aí. *14. Errado. Então há uma cadeira logo ali (apontando) que tem uma coisa engraçada nas costas

dela; tem braços. *15. Correto. E bem aqui há uma caixa (apontando). Tem uma entrada para ela e um pequeno fecho.

Tem sua influência nela. *16. Correto. Um estojo para escrever, as tampas que eu tinha reparado e marchetado. A

posição dos objetos no aposento corretamente indicados por apontamento.—J. T. C. Há um livro lá. J. T. C.: “Diga-me o título do livro”. Há mais de um livro. (À Sra. Clarke): Como vai, mana? O que é essa coisinha longa

bem aqui? Há uma prateleira bem aí (apontando), e poucos livros que ficam lá. *17. Correto. J. T. C.: “Diga-me o nome de alguns livros.” Há a vida de L—E—A—C—R. L—E—A—C—E—R. W. L.: “Soletre esse nome outra vez.” Le L—E—A—T—H—E—N—. . . . Não é um livro de aspecto engraçado, e letras

atrás? J. T. C.: “O que dizem as letras atrás?” “Olha, há um História de Roma. É um livro de história. P—A—S—H—E—R. (Ela

aparentemente tenta dizer Pérsia). Quem é Joe? J.T.C.: “Eu sou Joe”. Havia dois Joes na família. Um é o avô e um o filho: pai e filho.

40 Denominação para uma colcha ou manta recheada com penas ou plumas. (N. T.)

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*18. Meu tio e primo, mas não pai e filho.—J.T.C. Quem é Turner? T—U—R—N—E—R. J. T. C.: “O grande pintor.” Bem, você é o homem que estava pintando. *19. Vide o relato anterior, Nota 14. (Então após alguma conversação sem propósito): Como você chama aquilo? Letui? Isso

é francês. D. L. Letui; isso está nesse livro que você tem em sua mão. D. L. Letui, Turner. Sim, Turner. (Os envelopes são pegos novamente, puxados de um lado para o outro, e jogados finalmente através da sala; são nomeados A, B, C, e D, em cada caso erroneamente. O título do livro não continha o nome Turner.)

Como você soletra Deluther—Luther? Ele está ligado a você. J. T. C.: “Bem, quem é esse Luther? Era meu tio?” Ou sua tia? Seu tio, claro. *20. Luther era o nome de batismo do meu pai. Minha pergunta pretendia confundi-

lo.—J. T. C. (Depois de mais algumas observações dispersas, a Sra. C. tomou a mão da médium.)

Ah, essa é a senhora de quem falei a respeito; eu a conheço. Ela é a que tem uma mãe engraçada e um pai agradável, e dois irmãos bons e outro que não é assim tão bom.

*21. Errado; Eu tenho somente um irmão.—A. C. Três irmãos-1, 2, 3, 4. Um de seus irmãos está partindo em uma longa jornada. Seu

nome é Harold. *22. Errado. Esse nome Harold fora jogado repetidamente durante a sessão. Pode

possivelmente se aplicar a um de meus amigos, que tem um irmão Harold que partiu em longa viagem (para a Austrália) e a um outro que não é tão bom (um mandrião, de fato).—A. C.

E tem um irmão chamado Henry. *23. Correto. J. T. C.: “Ela tem alguma irmã?” Sim, uma. Sra. C.: “Qual é nome da minha irmã?” Que pergunta! Quem pediria o nome da sua própria irmã? (Segue um relato exato do

caráter da mãe da Sra. C.) Sra. C.: “Fale-me sobre minha irmã.” Ela está bem; eu gosto dela. Tem uma parenta chamada Ada... O nome da sua irmã é

Susan Mary. *24. O nome da minha irmã é Selma.—A. C. Como está o Henry? Esse é aquele que estava doente ou esse é seu pai? *25. Meu irmão Henry teve uma doença muito severa há alguns anos.—A. C. Seu pai tem reumatismo. Sra. C.: “Não tinha nada até anteontem.” Bem, então, tem-no agora. (Profecia errada.) Como vai seu tio William? *26. Essa observação sobre William foi provavelmente dirigida a mim; é um nome

comum em nossa família e surge sempre em referência a mim quando estou presente.—W. L.

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Sra. C: “Eu não tenho nenhum tio William.” Como está M. (tentando chegar à pronúncia alemã do nome)? Alguém ligado a você se

chama M. (Diz o nome corretamente.) Ela é aquela que tem o problema no tornozelo, em vez de seu pai. Eu estava recebendo a influência dela a todo instante junto com a do seu pai. Ela é muito teimosa, mas tem uma disposição muito boa. Ela tem irmãs; há E. e há uma que pinta.

*27. Correto. [Vide Nota 29.] (Nesse momento, a J. T. C. e W. L. é solicitado que saiam da sala, e ficam ausentes por

aproximadamente 25 minutos. As notas a seguir foram registradas pela Sra. Clarke na mesma noite.)

(Sobre a Sra. C., quando os outros estão saindo.) Ela tem uma dor de cabeça. Eu a curarei. (Esfregando a mão sobre a cabeça.). . . Aqui está seu tio C. Está desencarnado.

*28. Correto. Quem é Wallace? Sra. C.: “Eu não o conheço.” Está ligado a você; é seu primo. Sra. C.: “Não, é primo de Joe. Você quer que Joe volte?” Não, eu quero lhe falar sobre seu tio C. Há alguém com ele—E. Ele é seu primo. Bem

(é impressionante), ele lhe manda um beijo. “Ele está encarnado?” Não, ele morreu. “Como ele morreu?” Houve algo relacionado com seu coração, e com sua cabeça. Ele diz que foi um

acidente. Ele quer que eu lhe diga que foi um acidente. Ele quer que você fale às irmãs dele. Há M. e E.; elas são irmãs de E. E há a mãe deles. Ela sofre de algo aqui (apontando ao abdômen). Como você acha que eu sei isso?

“Eu não sei.” E. me disse. A mãe dele ficou muito infeliz com sua morte. Ele te implora, pelo amor de

Deus, para dizer-lhes que foi um acidente—que foi a cabeça dele; que ele foi ferido aí (faz movimento de apunhalar o coração); que ele herdara isso do pai. O pai dele estava fora de si; sabe o que eu quero dizer—louco. Mas os outros estão todos bem, e assim ficarão. E ele quer que você os diga que o seu corpo está morto, mas que ele vive. Ele e o pai estão apenas tentando confortar um ao outro. Eles estão um pouco isolados; eles não estão com os outros em espírito. E ele quer mandar lembranças a Walter, seu amigo—não esse Walter. Ele tem um amigo chamado Walter, não tem?

“Eu não me lembro” [Não se conhece tal amigo]. *29. Um notável relato da família do meu tio na Alemanha. Os nomes e fatos estão

todos corretos. O pai ficou com a mente perturbada pelos últimos três anos em conseqüência da queda de seu cavalo. O filho cometeu suicídio em um acesso de melancolia, apunhalando seu coração, como descrito. A irmã referida como manca esteve acamada por 10 anos. Uma das irmãs é pintora por profissão.—A. C.

Você sabia que sua mãe tinha dores de cabeça terríveis? É por isso que ela é tão nervosa. E. contou-me sobre sua tia.

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*30. Minha mãe anteriormente sofria de severas dores de cabeça.—A. C. Aqui está M.—não a M. que machucou o tornozelo, mas outra. É sua tia. * Correto. “Ela está encarnada?” Não, desencarnada. Então, como você acha que eu sei disso? “Você a viu?” Sim, ela está aqui e quer falar com você. “O que ela conta sobre seu marido?” Ela diz que ele refez sua vida desde então. Ela não gosta do fato de ele ter se casado

outra vez. “Ela gosta da pessoa com quem ele se casou?” “Oh, demais. Mas ela não gosta de ele ter se casado tão rápido outra vez. Ele se casou

com a irmã dela. Dois irmãos se casaram com duas irmãs. O marido tem filhos agora. Há dois meninos. E há Max e Richard, ou Dick, como o chamam; eles estão com as crianças do seu tio.

*31. Descrição exata da família de outro tio. A esposa morreu sem filhos, e ele logo depois veio a se casar com a irmã dela, com quem tem filhos. Antes, seu irmão havia desposado uma terceira irmã.—A.C.

Agora, o que você acha disso? Você não acha que eu posso lhe contar muitas coisas? Pergunte sobre qualquer pessoa de que você goste e te direi.

*32. Impressionou-me quão desejosa essa consciência secundária era de que suas comunicações devessem ser consideradas extraordinárias. Evidentemente sofrendo sob o fracasso em satisfazer as provas de envelope, tinha começado a me perguntar: “Você acha que sou idiota?”—A. C.

Sra. C.: “Fale-me sobre minha infância”. Devo lhe falar sobre como fugiu (rindo) com aquele homem—aquele menino, quero

dizer? Você foi uma diabinha em ter feito isso. Quase matou sua mãe de preocupação. *33. Quando eu tinha cinco anos de idade, vaguei sem destino certo com dois garotos,

permanecendo horas longe de casa, um acontecimento que na minha família é jocosamente referido como minha fuga.—A. C.

Quando você voltou, manteve-se distante de sua mãe. “Eu me sentia envergonhada?” Não exatamente; mas quando fugiu manteve-se longe de sua mãe. “Fale-me sobre meus anos de escola.” “Oh, era uma diabinha na escola.” * Errado.—J. T. C. Havia um professor gordo. *34. Não identificável. E havia uma menina chamada Florence, com cabelo vermelho. “Eu não me lembro dela”. Não? Mas se lembra de fugir com aquele menino. Fred—Alfred, esse era o nome dele. “Não”. E quem é E.—não, não é isso, E. H. (dando nomes corretos, tanto o de família quanto o

de batismo)? (W. L. e J. T. C. entram na sala). Devo dizer

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a Walter o que contei a você? (“Sim.”) Contei-a que ela tem um primo E. desencarnado que se foi acidentalmente, não faleceu de propósito; ele apunhalou seu coração. Estava bastante insano. Puxou o pai; ele era louco também. Tem uma irmã M. encarnada; é uma pouco manca. E a mãe dele está preocupada com sua perda porque ele tirou a própria vida acidentalmente, e ele quer enviar uma mensagem de que ele não o fez de propósito, mas porque ele não podia evitar. Ele diz, “Pelo amor de Deus, conte a ela rápido”. Não há nada importante com os outros; eles ficarão bem. Então ela tem uma tia M. desencarnada que tinha um marido encarnado. Ele tem algumas crianças e filhos, ela faleceu e ele casou com a irmã dela. Ele casou com a irmã dela, e dois irmãos casaram com duas irmãs, E. e M. são irmãs, e ambas são irmãs de E. Essa diabinha fugiu uma vez quando era menininha—fugiu com um garoto e quase matou a mãe de preocupação. Ela ficou desconcertada depois disso. E. não parece ficar muito com os outros espíritos. Ele fica com o pai, e ambos permanecem consigo. . . . Sua mãe tem dores de cabeça; isso é o que a tornou nervosa. . . . Joe, como vai Wallace? Quero dizer seu primo Wallace? Ele está meio infeliz.

*35. Nome de batismo de um primo agora moribundo devido a uma doença devastadora.—J. T. C.

Como vai H. E. (dando corretamente o nome de batismo e o de família)? J. T. C.: “Está bem”. Não, ele não está bem; está meio complicado. *36. Essa mesma acusação, baseada em uma suspeita injusta, tinha sido feita na sessão

anterior comigo. Veja Nota 15 do relato anterior. Estou certo de que a médium, em sua consciência primária, nunca ouviu qualquer um desses nomes.—J. T. C.

Ele é egoísta. Você não acha? J. T. C.: “Não, não acho.” Bem, então, você é “do contra”. J. T. C.: “O que você estava contando sobre Alfred?” Eu não lhe contei nada. (Respiração estertorosa. Exclamação: “Joe!” Gradual

despertar). A sessão acabou às 5.20. Em resposta a perguntas quanto a quaisquer sintomas de pesca enquanto esteve sozinha

com a médium, a Sra. Clarke escreve como segue:— “Acho que posso dizer com segurança que houve apenas duas perguntas minhas que

poderiam ter ajudado a médium em quaisquer tentativas de pesca. Ambas eram sobre o que minha tia M. disse concernente a seu marido. Minhas perguntas talvez podem ter insinuado que ele tinha feito uma coisa que feria os sentimentos de qualquer primeira esposa, mas, embora sugestivo de culpa, dificilmente poderia ter servido como uma pista sobre seu casamento com a irmã da esposa falecida, mesmo para a mente de alguém vivendo sob a lei inglesa.

“Eu posso, naturalmente, tê-la ajudado inconscientemente, mas acho difícil, porque as perguntas referidas permaneceram em minha mente como um erro de minha parte. Além do mais, eu constantemente senti, durante a entrevista, que tinha que evitar de falar com ela como se estivesse falando com um amigo dos meus parentes, no que eu era tentada a fazer, já que suas observações sobre eles eram tão apreciativas como se ela realmente os

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conhecesse. Alguns poucos dos fatos de que ela me informou eram desconhecidos a qualquer um fora da Alemanha, mesmo a meu marido. Os acontecimentos mais importantes—as mortes do meu tio e tia e o suicídio do meu primo, que aconteceram respectivamente há 28, 15, e 12 anos—eram conhecidos somente por duas pessoas na Inglaterra além do meu marido. É absolutamente impossível que a Sra. Piper chegasse aos fatos por informação derivada dessas pessoas.

“Por outro lado, é verdade que na primeira menção ao nome os fatos associados com meu primo atingiram minha mente com tal veemência que, se há qualquer possibilidade de comunicação mente a mente, eu certamente ajudei-a desse modo. Isso não se aplica à minha ‘fuga’, a respeito da qual eu definitivamente não pensava quando a indaguei sobre minha infância. Esse fato, entretanto, foi trazido à tona sem a mais leve hesitação, de forma ainda mais direta que os outros, e com um rompante de gargalhadas”.

4. Sra. A. (Veja p. 439.) 24 de Novembro.

A Sra. A. está ansiosa de que seu nome real seja ocultado. Assim, foi necessário chamar

suas três irmãs, que também tiveram sessões com a Sra. Piper, de “Sra. B.”, “Senhorita Emily C.”, e “Senhorita Gertrude C.” Os primeiros nomes que aparecem também foram alterados para nomes que, na medida do possível, são tão costumeiros quanto os reais. Os nomes corretos serão dados a estudantes, se desejosos, em sigilo.

A Sra. A. estava numa breve visita a Sra. B. em Cambridge em 24 de novembro, e tinha vindo atender ao chamado na casa do Sr. Myers na manhã desse dia. Foi apresentada à Sra. Piper e subiu as escadas, sentando-se em alguns minutos. É, portanto, altamente improvável que a Sra. Piper pudesse ter tido qualquer oportunidade de saber algo sobre ela de antemão. Ela foi naturalmente apresentada sob outro nome que não o próprio. As notas seguintes foram tomadas por Sr. Myers.

Vejo uma irmã, ... encarnada. Ela não tem estado bem; mudou de ambiente. [O nome dado era uma aproximação do nome verdadeiro de uma irmã, que depois foi dado corretamente. No entanto, não é correto dizer que a irmã em questão “mudou de ambiente”.]

Vejo Jessie Poder (?). [Não reconhecido]. Você tem três irmãs e dois irmãos encarnados; um cavalheiro idoso desencarnado, seu

pai. [Correto]. Um de seus irmãos tem um braço com problemas, o braço direito paralisado; muito

estranho (aponta para um lugar um pouco acima do cotovelo, interno ao braço). Está machucado, paralisado. Está na tipoia, e o machuca, incomodando bastante. Acho que eu poderia ajudá-lo. Já persiste há algum tempo. Ele não pode usar o braço, dói. É um indivíduo esperto e poderia fazer um enorme bem se pudesse usar o seu braço. Mostre-me um objeto pertencente a ele. O inchaço continua a crescer. É um companheiro amável e fez muita coisa boa. Fará mais se pode usar o seu braço. Eu não posso ver o futuro disso.

[Essa é uma descrição correta do irmão mais velho da Sra. A., que sofre de câimbra provocada pelo ato de escrever, o que o atrapalha seriamente na sua profissão. Há um inchaço no braço que lhe causa dor; mas é digno de nota que o problema está na verdade sob o cotovelo, não acima dele. Mas a Sra. A. na época acreditava estar acima do cotovelo, como foi descrito a ela].

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Um espírito Joseph se aproxima de você; um tio do lado paterno. [Não reconhecido]. Timothy é o espírito mais familiar que você tem recebido; alguns o chamam de Tim; ele

é seu pai. Seu avô era Timothy também. Seu pai me conta sobre S.W.—Pare, não posso receber isso, preciso esperar. Sua mãe teve problemas no estômago; está no mundo espiritual. Seu pai teve problemas no coração e na cabeça. O pai de Myers morreu de doença no coração.

[Exceto pela alusão a “S.W.,” que não é reconhecível, o trecho acima está totalmente correto se o “problema no coração e na cabeça” se referir ao pai do Sr. Myers, como parece ser].

Vejo Laurie, Lausia. [Não reconhecida]. Você tem um irmão chamado Jim, James, encarnado. Ele é muito engraçado; é difícil

chegar até ele. Ele é um tipo teimoso, obstinado. Uma pequena influência de tranqüilidade o conduz, mas ele é obstinado quando provocado. Ele vem com a mesma influência de seu pai.

[Essa é uma descrição verdadeira do segundo irmão da Sra. A. O Sr. Myers então perguntou no que o Timothy pai estava interessado; que tipo de coisas ele fez em vida ou no que se ocupava agora].

Ele é interessado na Bíblia—um clérigo. Costumava pregar. Tem uma Bíblia com ele. Ele continua a leitura, se aprofundando. Vive com sua mãe da mesma forma que na Terra. Ele está no mundo espiritual há mais tempo que ela. Sua mãe é um pouco nervosa. Eu não posso alcançá-la para trazê-la para perto. Seu pai tem um jeito gracioso e solene, tal como teve na Terra. Ele teve problemas com a sua garganta—irritação (aponta para os tubos bronquiais). Os rapazes os chamavam de Tim na faculdade.

[As declarações acima estão todas corretas, até onde puderam ser verificadas]. Howell, um amigo dele, faleceu. [Não conhecido]. Essa é a primeira vez que seu pai falou com você desde que se foi. Talvez você ouça o

som de passos. Você trabalha demais. Às vezes você fica um pouco triste e deprimido. Você se exercita. Você gosta daquela fotografia de seu pai no corredor? (Aqui confuso quanto a óleo ou creiom; não era uma fotografia). Ele tem um colarinho alto e um traje parcialmente branco: branco na frente, pescoço redondo, como um colarinho alto, e colete escuro. Tinha um nariz proeminente, os olhos bem claros e cinzentos, cinza azulado; um homem de bom porte. (Aqui fala confuso quanto à cor dos olhos. O Dr. P. diz que ele não é bom com cores e desconversa. Marrom cinzento, aveleira; os seus olhos são mais claros que os dele. Ele tem uma expressão firme em torno da boca, uma expressão determinada.

[A descrição do retrato não é muito satisfatória; mas é verdadeiro que há um retrato grande dele em traje eclesiástico, a óleo, na casa das irmãs da Sra. A., algo como colocado. Os seus olhos eram marrons].

Quem é Villes—Vyl—Mylde—Wildes; H. Joseph Wildes? Um amigo de seu pai; ia à mesma igreja. (Explicado como paroquiano). Ele era inseguro na sua fé; tinha o hábito de mudar suas opiniões e não satisfez completamente o seu pai. Agora ele acredita. Harriet sabe sobre isso e lhe dirá. Sarah também está desencarnada, a mãe dele, um membro da igreja onde seu pai pregava. Henry Smith ou Smythe era paroquiano; Laurie é a irmã dele.

[Nenhuma das pessoas ou nomes acima foram reconhecidos].

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Eu não gosto do modo como você está estabelecido. Você tem muita coisa para fazer. Você está sem domicílio fixo. Está para fazer uma mudança. Sua mãe o aconselha. Uma senhora corpulenta de tez escura, uma professora com quem você conversou há uma quinzena, será de grande valia a você. [Não reconhecida].

Você tem uma mãe desencarnada; seu nome é Alice. Ela está chamando e diz, “Diga a Isabel para não ser tão nervosa, porque ela é muito nervosa”. Isso é para você. “Ela está se ferindo”.

[O nome da mãe foi dado corretamente]. Há um menininho brilhante encarnado, o neto de Alice. [Correto]. Por que Tim está

sendo continuamente chamado? Annie está encarnada, uma de vocês. [Isso estava errado, mas era aparentemente uma tentativa de fornecer o nome de uma das irmãs].

Isabel, filha de Alice, está nervosa. Ela está aqui com essa senhora. [O Dr. P. não parece aqui reconhecer que a própria irmã é “Isabel”. O nome dado de

fato era parecido, mas não totalmente correto]. Alice está falando sobre sua filha Isabel e seu neto mais velho. Ele se tornará uma

pessoa digna, embora uma vez já tenham quase desistido dele. Ele estaria melhor se não buscasse fazer as coisas tão à sua maneira. É um rapaz peculiar, muito obstinado; tem estado solto na vida por muito tempo. Fisicamente ele não está muito bem. Eu não ouvi seu nome, ele é o mais velho, o debilitado da família.

[Essa não é, absolutamente, uma descrição correta do neto mais velho. É verdade que ele estivera tão doente por um período que foi causa de grande ansiedade, mas a descrição do seu caráter é bastante vaga].

Qual dos filhos é o músico? O mais jovem é o mais musical de todos. É a sua mãe que pensa assim. É uma menina. A mais jovem de Alice é uma menina.

[Correto; mas parece haver uma confusão entre os filhos de Alice e de Isabel. O Dr. P. nesse ponto ficou desconexo e vago.

O pai diz, fale à Alice encarnada para não ir aonde ela pretende ir; algo a ver com canto. [Supõe-se que isso se aplicasse à segunda irmã, mas a alusão não foi reconhecida].

Você se sairá melhor em breve. Não fique deprimido; haverá muitas nuvens escuras nos próximos meses, mas acabará bem. Seu pai é muito respeitado, e discursa às pessoas como fazia no mundo material. Há uma menina dele chamada Eliza—não, Alice?

[Aqui o Sr. Myers cochichou para a Sra. A., “Você não tem uma irmã com esse nome?” A Sra A. respondeu, “Sim, Alice Jane” (Sra. B.). Esse pode ter sido o meio pelo qual o segundo nome Jane, que será em breve fornecido, foi obtido].

O Dr. P. obteve então o nome da irmã mais jovem, chamada Gertrude, por quatro passos de aproximação gradual. É possível que nesse momento ele possa ter sido ajudado por indicações inconscientes da parte da assistente. “Diga a Gertrude para ser corajosa e não ficar desanimada com suas obrigações e eu a ajudarei”.

Isabel fez uma mudança infeliz; um ano ou dois se passaram desde então.

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Ela tem dores de cabeça que vêm do estômago; vá a ela e a pergunte. [Errado]. Jane, essa é Alice Jane, minha filha. Eu a vejo tocando seu piano. Deixe-a continuar;

conseguirá o que quer. [As últimas palavras não têm significado reconhecido. A Sra. B. não estava tocando

piano no momento]. Tome o conselho de seu pai e seja paciente. Deixei negócios um tanto inacabados. Seus

arredores não são o que deveriam ser. Você deixou seu lar? Uma de suas irmãs não tem estado bem—dores de cabeça com origem no estômago. Uma estuda música arduamente; faz sua cabeça doer. [Verdade]. Diga a Jim para escutar um bom conselho de vez em quando; será bom para ele.

Embora essa sessão contenha um número considerável de declarações não reconhecidas, a proporção de erros é muito pequena, e as que são corretas vão bem além do alcance da mera possibilidade. As mais impactantes são a lista de nomes dos irmãos, pai, avô e mãe, todos dados bastante corretamente sem pesca; e a descrição do sofrimento do irmão com o seu braço. Observe o erro no lugar real do inchaço como sugerindo transferência de pensamento da mente do assistente.

5. Sra. Verrall, 25 de Novembro. Primeira sessão. Das anotações do Sr. Myers.

Você se parece com Fannie. Quem é Henry? O espírito Henry se aproxima de você; se aproxima bastante. E então há Annie. Você teve uma dor de cabeça hoje? Você é médium, um pouquinho. Você conhece S—I—M—M, S—I—M—E—S, SIMS?

[Nada se sabia sobre isso; a Sra. Verrall não havia tido dor de cabeça]. Como está sua irmã? Ela está um tanto fraca; não está bem—fraca; problema no peito e

tubos bronquiais; tosse às vezes, pega resfriado muito facilmente. [Correto]. Quem você chama de Kate? Você tem uma prima Kate. [Correto]. Eu não gosto de Tier,

ela se faz de rogada. Você tem lido—estudado. Você conseguirá. Continue, embora você fique cansada. Você está envolvida nesse tipo de coisa.

Você tem uma irmã encarnada. Gosto de sua influência. Ela deve ser muito cuidadosa ou sua fraqueza aumentará. Quem é Wilson? Ele é alguém que já cuidou dela.

Sra. V.: “Não é bem Wilson”. Dr. P.: Williamson? Sra. V.: “Não” Dr. P.: —Ison—olson—bem, acaba em—Ison. [Correto. O nome completo foi fornecido pela Sra. V.] Dr. P.: Eu não gosto do tratamento dele; ele administra quinino. O corpo dela está todo

cheio disso; eu não gosto. [Sra. Verrall na época negou que sua irmã tivesse sido tratada com quinino durante uma

doença grave, pneumonia, há dois anos. Sua irmã, quando perguntada, disse o mesmo. Mas foi subsequentemente

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verificado, por referência à receita, que ela tinha tomado quinino por algum tempo sem saber].

Você e ela estão sozinhas, de certa maneira; ela se importa muito com você, embora não demonstre sempre.

[A Sra. Verrall tem só uma irmã viva e nenhum irmão]. Eu gosto mais do homem alto que estava com ela antes; sua influência é melhor para

ela. [Isso foi entendido como se referindo a uma mudança de médicos que tinha acontecido

durante a doença da irmã, o sócio mais moço tendo sido chamado a princípio. No segundo dia, o sócio sênior veio e administrou o quinino, mas o segundo médico era tão alto quanto o primeiro].

Você tem outra irmã desencarnada; ela vem a mim e é interessada. [Correto]. Eu recebo a influência de sua mãe, de seu pai e de outro cavalheiro, um irmão dela, ou dele —Kate—Quem é Kate?—Seu pai está vivo na Terra e sua mãe também. [Correto]. Quem é Maria? Sra. V.: “Minha mãe?” Dr. P.: Sim, Maria. Eu disse Marie, Maria.

[O nome de sua mãe é Maria, mas ela comumente é chamada de Marie por alguns de seus afetos].

É você que tem o William. [não conhecido, mas vide abaixo]. Alice—a quem você chama Carrie—Caroline—não é Alice, mas Carrie. Carrie é muito próxima a você e te ama. [Carrie é o nome de uma prima falecida, que foi uma amiga íntima da Sra. Verrall].

Como está aquele seu cavalheiro? Ele é meio irritadiço. Desculpe-me, ele fica por demais nervoso e, então, é duro com você. Você e seus filhos são, no todo, quatro; então há quatro em sua própria casa, sua velha casa—pai, mãe, duas irmãs; agora você, seu cavalheiro41, duas crianças. [Correto]. Não há qualquer irmão seu, você nunca teve um. [Correto]. Você tem pai e mãe vivos e um tio desencarnado. [Correto]. Vejo a influência do seu pai ao redor de seu tio, mas ele gosta mais de sua mãe; ele manda lembranças a ela.

[O irmão mais velho de meu pai, agora morto, era particularmente afetuoso com minha mãe.—Sra. V.]

Há uma criança encarnada; uma pequena rigidez—um menino—não, uma menina. Aquela perna também. Essa perna é a pior. Os músculos estão estirados, não estão lubrificados adequadamente. Se você os esfregar com as suas mãos, os joelhos ficarão tão bons quanto os de qualquer um. Ela será capaz de mover seus joelhos. Esfregue sempre, de noite e de manhã.

Sra. V.: “Como é conhecida a condição?” Dr. P.: Um estiramento dos músculos; estão tensos demais. Um joelho é pior que o

outro. [O joelho esquerdo aqui foi indicado. É fato de que a menina da Sra. Verrall sofria de

fraqueza nos membros inferiores e que o joelho esquerdo era o pior. Mas não é correto dizer que havia estiramento ou falta de lubrificação dos músculos do joelho, embora os tendões dos calcanhares estivessem um tanto contraídos]. Você tem menos amigos desencarnados do que quase qualquer outra pessoa. Há outra criança, bastante brilhante e esperta. Ela será bem musical.

41 Refere-se ao marido. Ver página 639. (N. T.)

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Sra. V.: “Um menino ou uma menina?” Dr. P.: Um menino. [Errado]. Você tem mantido o cabelo da criança penteado de

maneira peculiar, mas afinal de contas é menina; uma menina suficientemente segura, mas parece uma fúria.42

[O cabelo da filha mais velha estava no momento mal cortado e lembrando o de um garoto.]

Um de seus parentes tem uma pequena dificuldade; é um pouco surdo; é sua mãe? Uma dificuldade em uma orelha. Nem seu pai, nem mãe. Eu não posso dizer se é uma dama ou um cavalheiro que é surdo.

[Aqui o Dr. P. está evidentemente pescando um pouco. A Sra. V. tem um parente, uma cunhada, que tem tido muita dificuldade em uma orelha].

Sua irmã desencarnada morreu de febre. [Errado]. Você conhece Arthurton, Atherton, Alverton, Alberton. Houve um cavalheiro amigo de seu pai que desencarnou com problema nos rins. Quem foi queimado? Elvert Louis; Albert Lewis. Você conhece o Sr. Lewis encarnado? Eles são ligados a seu pai ou a seu marido?

[Nada disso pôde ser verificado exceto que o pai da Sra. Verrall uma vez teve um balconista chamado Albert Louis Adhemar; estava certamente vivo algumas semanas antes da sessão].

F—R—E—D—E—R—I—C—K, Frederick, esse é o nome do seu pai: não, não é bem isso. F—R—E—D; não, não é isso. Está entre os dois. [O nome do meu pai é Frederic, sem o k.—Sra. V.] Você tem John na Terra, ao lado de seu pai; o filho da irmã dele: não, filho do irmão dele. [Correto]. E há um William muito próximo de sua mãe; não irmão dela, não, tio dela. Não, eu não sei. [A mãe da Sra. V tem um primo William, um amigo muito íntimo, mais como um irmão do que um primo. Também um tio William, o pai do primo William].

Você está indo bem longe de seus atuais arredores. Eu vejo pai, mãe e uma irmã juntos. [Correto]. Outra irmã está no mundo espiritual. [Correto]. Às vezes você fica tristemente desencorajada; as pessoas te incomodam. Quando coisas vão mal você fica terrivelmente chateada. Seu marido estuda e ensina; do que você o chama—Professor? Um tipo de estudioso, um homem letrado. [Correto]

10. Sra. Verrall. Segunda sessão. 27 de Novembro de 1889.

Ah, Carrie tem uma mensagem para você. Quem é Sra. Smith? Em seu lar. (Não) Bem, em seu ambiente imediato. Eu a vi quando eu estava presente com você. É uma menina amável, uma menina jovem e amável, mas não tão confiável quanto alguns de seus outros amigos.

[Isso faz muito pouco sentido. A única senhora de nome Smith no “ambiente imediato” da Sra. Verral é a Senhorita Smith, uma vizinha, a quem a descrição feita de modo algum se aplica].

Marie, Maria (pronúncia francesa), como ela está? Sua mãe, quero dizer. Wilson—quem é Wilson? (O médico?) Não, não o médico. Keyon, quem é Keyon? Quem é o homem alto que passeia [a cavalo] com seu marido? Não passeia, escreve.43 Seu marido faz palestras, fala bastante. É um homem amável, eu gosto dele. Quem escreve com ele?

[Tudo isso é ininteligível. Para “Keyon”, ver pp. 588-9.] Carrie tinha uma doença no peito quando faleceu—uma doença devastadora. Ela

42 Fúria ou Erínia. Personagem da mitologia grega. (N. T.) 43 Em inglês, passear a cavalo—ride—e escrever—write—são foneticamente parecidos. (N. T.)

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diz que está feliz, assim como a mãe dela. Você não conheceu a mãe dela. Bem, Carrie e a mãe tinham desavenças quando vivas, mas elas entendem uma a outra agora. Carrie tinha uma irmã mais nova que faleceu ainda criança.

[A única amiga de nome Carrie que está morta, a esposa de um primo, morreu de inflamação nos pulmões. A mãe dela morreu quando de seu nascimento e ela acreditava que sua madrasta era sua própria mãe e quando criança ela costumava reprovar a si mesma por não amá-la como uma criança deve amar sua mãe. Havia uma irmã pequena, a filha da madrasta, que morreu aos dois meses de idade. A Sra. Verral escreve: “Isso eu nunca soube” (até o inquérito ser feito nessa ocasião), pelo menos essa é minha impressão. O marido de Carrie não sabia, mas encontrou o evento registrado na Bíblia Familiar. Eu conhecia Carrie muito bem e é possível, claro, que ela tivesse mencionado a irmã pequena para mim, mas eu tinha tão pouco conhecimento do fato que pensei que a afirmação da médium fosse equivocada e nem minha mãe, que foi muito íntima de Carrie, nem minha irmã sabiam da irmã pequena.]

Bragan—quem é esse? Não, B—R—I—G—H—T—O—N. (Sra. V: “O nome de uma cidade?”) Não, não é isso. Lucy encarnada é uma amiga de vocês. Ela não está bem—dor de dente.

[A única amiga da Sra. V que é chamada Lucy não tinha dor de dente, nem nada em especial ocorrendo com ela naquele momento. O antigo lar da Sra. Verral é em Brighton]

Ada D. . . tem muitos problemas, uma má influência a cerca. A mãe está me contando—muitas doenças, problema na cabeça. Um parente está doente, ferida interna, uma doença mortal com problema digestivo. É muito incômodo, ela está muito presa (sic), nervosa, odeia ver as pessoas. É o cavalheiro44 dela que está doente. Ele é mais velho, não muito jovem; ele tem estado atormentado por um longo tempo. Os médicos estão perplexos, ela está muito preocupada; seu marido está doente, oh, tão doente! Fígado, coração, e estômago. Eles o liberaram e ele voltou pior. São mãe e pai que me contam, em espírito, mãe pai dela, não, pai dele. Ele não está sendo tratado adequadamente.

[Essa senhora, cujo nome e sobrenome foram fornecidos de forma correta, já tinha sido mencionada a Sra. B. (Apêndice, No. 6, p. 621.) A descrição da doença do marido dela não é boa].

Como vai a menina mais velha que teve o cabelo cortado? E o bebê? Esfregue as suas pernas.

[Vide a primeira sessão da Sra. V]. Eliza, sua Eliza; ela está bem? Nellie é parente de Eliza? [“Tenho uma cozinheira com esse nome; sua irmã, que recentemente foi embora, é

chamada Ellen por mim, mas Nellie por seus amigos.—Sra. Verrall]. Sua irmã falecida fala. Qual é o nome dela? De que lhe chamei? Sra. Reed, R—E—A—

D—E. A Senhorita Emerson é amiga de seu esposo. [A Sra. Reade não foi identificada. O Dr. Verrall, quando bem jovem, conhecia uma

Senhorita Emberson]. Mary, uma irmã Mary. Louise, Louisa, não, Lizzie, irmã de seu marido. Há outra irmã

Anna. Mirah, Mara, Marion é a irmã mais jovem. Outra, não tão próxima, é Anna—não, eu falei dela. Por que dou quatro nomes? Há apenas duas irmãs.

44 Mais uma vez, refere-se ao marido. (N. T.)

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Sra. V.: “Você está falando de irmãs e cunhadas.” Duas irmãs, como você, e duas cunhadas45. [O Dr. Verrall tem duas irmãs chamadas Annette (mais velha) e Marion (mais jovem).

Ele tem duas cunhadas chamadas Mary Elizabeth, geralmente conhecida como Lizzie, e Anna. Assim, permitindo a confusão de Anna e Annette, a declaração é correta].

A tia de seu marido se chama Catherine, Caroline. Oh, como ele leciona—não você, outras pessoas. Ele é positivo. So é sua filha mais velha; ela é como ele, oh, como ele. A outra irmã é Alice, Allie; eu não consigo receber bem. Quem é How? não, não How; como você o chama? (Sra. V.: “Hugh”?) É isso. Alice, Allie, não, não o recebo. (Sra. V.: “Annette”.)

[O irmão mais jovem do Dr. Verral é chamado Hugh. Ele está confiante de que nunca teve uma tia Catherine nem Caroline].

Ellums, Vellums, o que é isso? É você. Sra. Vennals, V—E—R—N—I—L—S, Verils, V—E—R—I—L.

Sra. V.: “Qual é meu nome de batismo?” Mary, Maria. Não, M—A—R—. É algo como Mary Verrall. [O nome de batismo da Sra. Verrall é Margaret e ela é apelidada de May. Ela percebe

que o R de Mary foi pronunciado dificilmente]. Sra. V.: “Fale-me dos parentes de minha mãe?” Quem era o professor? Havia um avô manco, muito manco, reumatismo; o pai do pai,

manco, muletas. Você conhece Henry, ele envia lembranças. Há dois Henrys, um do lado do pai, um da mãe. Os dois Henrys vieram a outro cavalheiro por erro. Um pertence ao avô manco, filho dele; o outro à mãe; não o filho nem irmão dela—pai, talvez, ou avô. Seu avô teve uma irmã Susan. O outro Henry—há um retrato antiquado com um colarinho virado para baixo, cabelo à moda antiga—uma pintura feita por alguém da família, não você.

[“Avô manco: essa é a verdade para o pai de meu pai. Mas ele nunca teve reumatismo; sua deficiência foi devida a um acidente. “Henry”: tive um tio Henry que nunca conheci, um filho do avô manco. Há um retrato dele feito por sua mãe que ela estimava muito. Mostra-o como um jovem, um rapaz crescido. O outro Henry era tio de minha mãe. Escrevi para perguntar se meu avô teve uma irmã Susan”. Subsequentemente, Sra. Verrall escreve:—“Soube que meu avô teve uma irmã Susan. Nascida em 1791, e depois de seu casamento partiu para o Canadá e viveu próximo a Hamilton, no Lago Ontario. Mas um filho permaneceu na Inglaterra. Os membros da família do meu avô mantiveram comunicação com alguns de meus parentes, embora não com nosso ramo, notavelmente com o tio que se casou uma Sra. Keeley. O tio Henry, cujo retrato foi descrito a mim, partiu para o Canadá a fim de juntar-se ao ramo de Susan. É certamente muito espantoso que o Dr. P. soubesse de um fato de que eu certamente nunca soube. Meu avô havia rompido inteiramente com todos da sua família exceto com uma irmã Mary e nunca os mencionara a mim. Essa informação é extraída de papéis manuscritos da minha avó. Meu pai nada sabia dessa Susan”.]

Keyon, qual é o nome dela? A irmã de sua avó, não, a avó era Wilson, não, Williams.

45 Em inglês, o significado de cunhada é a expressão step sister, que contém a palavra sister: irmã. (N. T.)

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[Willians era o nome de solteira da avó da Sra. V.]. Stanford, Sanford, um parente seu. Como está Fanny? [A Sra. V. não conhece nenhum desses nomes]. Kelon, Keley,é isso. Que parente ela é? Sra. V.: “Meu tio se casou com uma Sra. Keeley”. [A Sra. Keeley era o nome de uma viúva que era a segunda esposa do tio da Sra. V.]. Oh, que mistura—casamentos duplos! Sua tia se casou com seu tio; quero dizer, ela se

tornou sua tia depois que se casou com ele. A Sra. Keeley foi a segunda esposa e teve um primeiro marido. George, esse é o irmão da primeira esposa do tio.

[“George era o nome do irmão da primeira esposa do meu tio. Descobri que ainda está vivo, mas agora é chamado Jasper, seu outro nome. Ultimamente, ouvi muito sobre Jasper, mas não tinha nenhuma idéia de que ele era o “George” de quem meu primo, John Merrifield, falava, quando éramos ambos crianças.]

Gosto da professora. (“Quem”?) A professora de música; sua tia, irmã de seu pai. É uma senhora, ela está viva.

[“A irmã do meu pai ensinava música, certamente. Talvez pintura também”.] John: como ele é? Um homem negro e alto. Teve muitas terras. Não—John, primo do

lado do pai. [“Eu tenho um primo John, mas a descrição não está correta”.] Tia Jane, Jennie. Não, não uma tia; para que você a chama de tia? [“Uma amiga minha é

chamada Tia Jane por meu filho”.] O interesse especial dessas sessões reside nos fatos contados à Sra. Verrall, dos quais

ela era certamente ignorante naquele instante. Muitos deles podem ser explicados como meras recordações inconscientes da infância, mas é difícil achar que isso explique adequadamente a menção de Susan como a irmã do avô. A declaração correta sobre o quinino (pp. 584-5) é curiosa, mas teria sido mais contundente se o remédio tivesse sido menos comum. A sessão seguinte é transcrita quase que literalmente das notas de taquigrafia, para dar uma idéia clara da verbosidade que permeou a maior parte das sessões:—

51. Sessão em 28 de Dezembro, 1889, 33, Rua Manchesser. Presentes: A Sra.

Herbert Leaf, e relatório de Walter Leaf. A Sra. H. Leaf foi apresentada como “Senhorita

Thompson”.

Eu vejo vocês. Como vai a senhora? Digo, Capitão! Capitão, venha aqui. [“Capitão” é o nome pelo qual o Dr. Phinuit se refere ao Professor Lodge].

W. L.: “O capitão não está aqui”. Oh, então, é você, Walter? Onde estamos agora? Onde eu estou? W. L.: “Em Londres”. Como vão vocês, Srs.? Estão bem? Vocês não estão doentes? Não?

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Isso é muito bom. Fico muito feliz em poder lhe falar, senhora. Você cometeu um grande erro em sua vida. Isso foi ruim. Se você não tivesse feito esse equívoco, estaria melhor. Há um jovem cavalheiro que surgiu em sua vida e você não se ateve muito a ele. [A referência disto está bastante clara e inequívoca].

Você sabe quem é Frank? É uma senhora, seu nome é Frances, F—R—A—N—C—E—S. Como se soletra isso?

[O terceiro nome de minha irmã Emily é Frances.—R. M. L.] Bem, William manda lembranças a você (W. L.); é seu pai; está desencarnado. [Errado;

mas veja Ap., Nos. 31 e 55.] (Sou então solicitado a deixar o local; peço para permanecer, no que sou atendido—W.

L.) Bem, não há nada como agradar as pessoas encarnadas, se possível. Quero contar a esta

senhora sobre suas irmãs. Há um médico próximo desta senhora. Como ele é? O nome é William, eu recebo a

influência. Isso faz dois Williams, um ronda Walter e outro ronda você. [Esse “William” podia ser facilmente identificado, mas ele não é médico]. Recebo a influência do seu avô, ele era manco e teve problemas por aqui, na perna.

[Errado]. Está ao lado da sua mãe. Você não se acha bonita? Eu acho. É uma menina muito bonita. Você tem um cavalheiro encarnado, entretanto. [Verdade]. O que você pensa disso? É um cavalheiro muito amável, ele não é um rabugento. É meio nervoso, mas é muito amável. Agora, a influência do avô, o que é manco; ele é relacionado com sua mãe.

R. M. L.: “Isso não é correto”. Há um de seus avôs que é manco. R. M. L.: “Eu nunca ouvi falar disso”. Ele tem algo na perna direita. Pergunte a respeito; é nessa perna aqui. R. M. L.: “É aquele que tinha algum problema no ouvido?” É o mesmo que teve o problema no ouvido. [Errado]. R. M. L: “Onde ele viveu?” Eu não sei. Eu não consigo dizer os nomes de lugares. Não consigo dizer nomes de

cidades; às vezes consigo dizer nomes de países. Que tal aquela carta que você recebeu há pouco? Você está indo ver a amiga que a escreveu? Ela virá para perto de você repentinamente; eu sei que isso é um fato.

[A alusão a uma carta é incorreta]. Ele é nervoso, Walter é: não é? Como está Gertrude? Ela não é uma menina amável? [Uma alusão à Srta. Gertrude C] Como está sua irmã? Ela está com uma tosse. Ela está melhor, penso; ela pegou um

resfriado. Ela adquiriu um problema na garganta, e um pouco na cabeça. Particularmente por aqui na garganta; ficará bem logo. Mas ela é tão implicante, ela está cheia do Velho Harry. Ela tem uma disposição muito vívida. É uma característica marcante nela. (Qual é o nome dela?) Você a conhece? Ela pegou um resfriado. Ela teve um problema na garganta. E na cabeça.

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[“Essa é uma descrição bastante incorreta, tanto das características pessoais, quanto do estado de saúde da minha irmã”

Quem é Mary? É a tia dessa senhora. Ela morreu. [Isso está correto. É a irmã de minha mãe]. R. M. L.: “Quando ela deixou esse mundo?” Há pouco tempo. Está desencarnada. [Ela morreu em ’83.] R. M. L.: “Ela era boa?” Que pergunta engraçada! O que você quer dizer por boa? Ela é uma senhora muito

amável. Ela é uma senhora que voltaria em espírito; ao mesmo tempo ela está muito triste. Ao mesmo tempo que ela está em espírito, ela vive, e o vê.... Recebo a influência de sua mãe agora.

R. M. L.: “Ela está desencarnada, não está?” Não [Correto]. Quero ter a influência de sua mãe mais perto de mim. . . . Há uma

senhora, na sua família, que foi casada duas vezes. Teve dois maridos. [Verdade para uma tia materna]. Eu lhe contarei a respeito dela. Recebo esse espírito que manda um beijo a sua mãe. Está encarnada, sua mãe. Mas Mary está desencarnada; ela manda um beijo à sua mãe.

R. M. L: “E sobre aquela que teve dois maridos?” Há duas influências, um está desencarnado, o outro encarnado. [Verdade se a referência

é aos maridos]. Um de seus maridos era um tipo rabugento. Então um deles faleceu e ela casou-se outra vez. Dois ao todo. O primeiro faleceu por um acidente.

[Acredita-se que tenha sido assassinado durante o Motim Indiano, com os outros homens europeus da estação, numa igreja em Shahjehanpore. A maneira exata da sua morte não é conhecida. Veja as alusões abaixo a um “edifício grande” e “falecido numa multidão, ele e muito outros cavalheiros

R. M. L.: “O segundo está vivo agora?” Ele teve algum problema em seu coração, bem por aí. Morreu muito repentinamente.

Morreu por acidente. Ao mesmo tempo isso afetou o coração dele. [Isso evidentemente se refere ao primeiro marido].

R. M. L.: “Onde faleceu? Em que tipo de lugar? “Havia um edifício na esquina de uma rua, um edifício bem grande estendendo-se por

uma ruela. E há Emily. Era a influência dela de que eu estava te falando. [Uma irmã. Vide acima]. R. M. L.: “Como está Emily?” Não muito bem, é o que posso contar. Quero dizer, ela não estava muito bem; sei que

houve um problema por aqui (indica abdome) como peritonite46. Ela sofreu muito de fato. [Ela esteve muito doente, com doença interna, embora não peritonite]. R. M. L.: “Você pode contar-me sobre meus irmãos?” Recebo você um pouco misturado com Walter. William é seu parente ou dele? W. L.: “Há um William que é meu parente. Você nos disse”. Bem, você tem um William do lado paterno. É o irmão do pai; e ele (W. L.) tem o pai.

Ele é um pouco mais velho que o pai

46 Referência à condição de inflamação do peritônio, camada que recobre a maior parte dos órgãos

abdominais. Geralmente é secundária a uma infecção ou ruptura de um desses órgãos. (N. T.)

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dele (de W. L.). Ele possui um William desencarnado, é o pai dele, ao menos, ele diz pai para mim; isso é tudo que eu posso ouvir dele. Há dois Walters na família dele; e há William, que é pai, de alguma maneira, para ele. Então com você eu recebo George, G—E—O—R—G—E. Gosto dele; ele está encarnado, mas há um em espírito. Ele tem um irmão desencarnado, ele manda lembranças a ele.

[A Sra. H. L. tem um tio William, irmão do pai dela, e um primo George que perdeu um irmão, o “Harry” que é nomeado logo depois. É também correto que há dois Walters na minha família, pois tenho um tio desse nome. Note a correção da declaração de que William é meu pai, que tinha sido feita a mim na minha sessão prévia. (Vide Ap., No 30.) A Sra. Piper tinha, no intervalo, sabido pela apresentação pessoal que meu pai não está desencarnado, e provavelmente pode ter descoberto que o nome dele não é William.—W. L.]

R. M. L.: “Qual é o nome do irmão desencarnado?” Ela possui um tio William, ele é o irmão do pai. Há um George ligado a você; ao

mesmo tempo, há um irmão do pai cujo nome é William, pelo lado paterno. E, no lado materno, Mary é a irmã da sua mãe, que está em espírito. Isso faz dois. George está encarnado. E há uma Alice que é ligada a você; é uma prima. Não, não Alice; Alice, Elsie, Elice. É sua, Walter, ou dessa senhora? Charlotte; essa é ligada a vocês. Com você, irmã. Mary diz, mande um beijo a Charlotte. Ela não é amiga de vocês? (Não) Esse nome está encarnado. Está ligado a Walter, então? (Não). Eu gostava de Walter, mas não gosto mais dele. Ele é muito nervoso. Ele fica irritado porque eu não conto a todos de sua família imediatamente.

[Charlotte não é conhecida. Sobre Alice, vide abaixo]. Agora isso é o que quero contar a você. Há seis seus, e só. Como você acha que eu sei?

Então há um, dois, três, quatro, duas irmãs e dois irmãos, que dão quatro, e então há um no espírito. E há um deles—o Tio George—confundo-o, eu não posso captar George direito! Ele está encarnado: é ligado a você. Ele é seu George. Então recebo Harry, esse é o irmão. Um irmão dele, de George. Não é seu irmão, absolutamente, mas irmão de George. Isso o faria um cunhado.

[O número de irmãos e irmãs é precisamente correto. A irmã “em espírito” é a Agnes que desempenhou parte proeminente na sessão do Professor Rendall, da qual nós então não tínhamos ouvido. Seu nome foi dado a ele como “Alice”, então é possível que a “Alice” acima possa significar Agnes. Mas tem um significativo peso, na explicação espiritualista, o fato de não haver nenhum reconhecimento da identidade aqui. De fato, o próximo parágrafo parece sugerir que “aquele em espírito” é um irmão, o que está errado. Não há qualquer tio George].

Esse é seu primo George? Em seguida há o primo Harry; estão ambos bastante bem, mas ele é mais calmo. Harry está aqui, recebo a influência dele muito forte. Então capto seu irmão e Harry juntos. Querem mandar lembranças a você e ao George encarnado. Um deles foi embora de casa.

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R. M. L.: “Quem saiu de casa—meu irmão ou meu primo?” Seu irmão; ele saiu e foi embora há bastante tempo, e esteve em um país diferente do

seu. [O nome Harry está correto, mas a indicação sobre seu temperamento é ambígua. Fica

bem clara mais à frente. Um de meus irmãos está no serviço civil indiano, e tem estado há um longo tempo afastado.—R. M. L.]

Quem diabos é Arthur—A—R—T—H—U—R? Ele está falando a mim, é bastante peculiar. Ele pensa e escreve bastante e atormenta muito sua cabeça com outros assuntos. Quer sempre saber o que está havendo. Está na forma material. Arthur vem mais próximo de você do que dos demais. O que você diz disso?

[Essa não é uma descrição minimamente correta de meu primo Arthur, um artista, nem há qualquer reconhecimento de sua identidade com um dos meios-irmãos falados ao professor Rendall.]

Como está seu marido? Ele é um tipo engraçado. Você sabe, eu gosto dele, ele tem opinião própria. Ao mesmo tempo é bom e pensa muito em você. Mas às vezes ele não demonstra. Eu não vou entrar em todos os seus segredos até que fiquemos sós, eu e você.

Ela teve dois maridos. Vocês não conheceram o primeiro. (Algumas linhas são omitidas aqui contendo algumas observações perfeitamente verdadeiras sobre o “primeiro cavalheiro.”)

Você conhece Benson? (Não.) Quem é essa prima que se casou com Benson? O nome é qualquer outra coisa semelhante.

[Nenhum nome reconhecido.] Você conhece Gertrudes C. (nome completo dado)? E Emily? Ela não é tão bonita, mas

é uma menina agradável. Que menininha agradável você é. Mas às vezes você se impacienta muito. Você conhece o espírito que morreu na água? Ele se afogou. Quer mandar lembranças às meninas e, se as vir outra vez, quer lhes dizer algo; Emily e aquelas meninas.

W. L.: “Qual é o nome dele?” Ele tem um irmão H. e quer mandar-lhe lembranças. O nome dele é Charley. É como

ele o chama, em todo caso. Está ligado a ele, de qualquer jeito. [Isso se refere à segunda sessão da senhorita Emily C., Ap. No. 34. Ele é o irmão que

foi enterrado no mar. Não se chamava Charley, mas deixou um filho com esse nome.] Você tem um Charles que está ligado a você; William, primo George, primo Harry.

[Correto.] Você acha Harry um chato? R. M. L.: “Eu não o tenho visto por muito tempo.” Você acha que George é? Ele é mais quieto, mais cortês, mas Harry tem mais

vivacidade nele, mais diabrura. Harry é esse que não foi compreendido; Eu lhe digo isso porque ele me disse assim. Há um comigo, e George, que está encarnado. Ele manda lembranças a seu irmão George.

[Está é uma descrição perfeitamente correta da diferença de caráter dos dois irmãos] Há um Arthur ligado a você, A—R—T—H—U—R—, ele está

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no corpo, ele é tão peculiar quanto o resto. Ele parece estar ligado a você numa linha diferente das dos outros. Ele não é um irmão, mas está ligado a você. Acho que ele é irmão de seu marido, ou seu marido. Como diabos você o chama?

R. M. L.: “Ele é um primo de primeiro grau.” Bem, não é um irmão daqueles cavalheiros; ele vem de uma linha diferente. Ele não

pertence a eles, mas a esse Harry que me diz para falar sobre Arthur. [Eu tenho um tio e um primo de primeiro grau chamados Arthur, mas a descrição não se

aplica a qualquer um deles.—R. M. L.] Há uma criança pequena a sua volta. O corpinho de uma criança. Pertenceu a sua tia que

está no espírito, aquela falecida há anos e anos atrás; você terá que perguntar a sua mãe sobre isso. Você descobrirá que é uma criança pequena que nunca viveu encarnada.

R. M. L.: “Que criança era essa?” A criança não sabe de quem ela era. Veja, a criança era muito nova. Eu não posso fazê-

la falar comigo. Eu vejo essa pequena; pertence a uma tia ou a uma prima. Sua mãe saberá sobre isso.

[Isso não é sabido estar correto para a criança de uma tia ou de uma prima. A própria Sra. Leaf tinha perdido um bebê, natimorto.]

Quem é Annie? É Annie que está perguntando isso. E um tio de Annie. Esse está ligado a você; é William, seu tio William.

[Annie é irmã de Harry e George, e sobrinha do irmão mais novo de meu pai, William] Então há outro tio que é ligado a você. Eu gosto dele; é um camarada agradável. Ele é

um dos quais estou falando a respeito. Morreu. Você sabe quem é J—O—S—E—P—H? Josephine? Josie?

R. M. L.: “Não.” [O nome de Josephine, Josie, apareceu em outras sessões e não foi reconhecido.] Espere um minuto; Harry conhecia uma menina de nome Josephine, é como lhe

chamavam. Está ligada ao George encarnado; ele sabe quem é. Eu não acho que a senhora aqui saiba disso. Vou lhe dizer tudo sobre os parentes dela. Há a pessoa que faleceu no edifício. Ele é o tio aqui agora. É o de Emily.

R. M. L.: “Tio?” Tio de Emily. Aquele que faleceu de repente. E sua tia teve dois maridos. Ele morreu

daquele jeito; num aglomerado de pessoas, ele e muitos outros cavalheiros. O cérebro dele está um pouco fora de ordem; quer conhecê-la e reconhecê-la.

R. M. L.: “Ele nunca me viu no corpo?” Nunca te viu no corpo. Você era uma coisinha. Isso foi há muito tempo. Ao mesmo

tempo, ele acha que a conhece. [Ele foi assassinado alguns anos antes que a Sra. Leaf tivesse nascido. Desse ponto em

diante ver-se-á que a sessão tornou-se incoerente, e quase toda afirmação feita foi errada ou sem sentido.]

Como está o E—D? Edward? Não; F—R—E—D. É isso; como está Fred? Fred Smith? Ele está encarnado; Fred Smith. Ele está ligado a George. Sua tia está constantemente com ele. Ela não é engraçada? Ela é a camarada mais estranha

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de todas. Oh Deus!!!! Você não gosta muito dela. Você não liga muito pra ela. Ela é muito presunçosa e se acha superior, mas ela não é melhor do que ninguém.

R. M. L.: “É sobre Harry que eu quero ouvir.” Ele é aquele de quem você não gosta, e é bastante grande, ele se acha o tal. R.M.L.: “Como ele morreu?” Bem, foi seu tio que morreu acidentalmente. Ele teve problemas aqui no peito; foi febre,

febre. Ele pôs a mão na cabeça; esse é o local. Esse é Harry. Ele morreu disso. Ele não conhecia ninguém antes de morrer. Sua cabeça estava confusa. Em seguida, teve o problema do peito.

[Ele morreu de cólera.] R. M. L: “Onde ele faleceu?” Em algum lugar distante de você, não na Inglaterra. [Correto; ele estava na Índia.] Ele

teve sangramento, algo sangrou. Ele se lembra disso, antes de ele morrer, que teve o problema aqui, pelo peito, nos pulmões. Esse foi seu problema, e ele faleceu. Você sabe que ele foi à escola por um período; isso o incomodava lá. Então teve um ataque aqui, no coração; por fim isso contaminou seu coração, e ele morreu disso.

R. M. L.: “Ele foi enterrado logo ou demorou muito tempo?” Eles se livraram do corpo. Ele está vivo. Foi há muito tempo. Ele me incomoda um

pouco, mas você não gosta dele? Azar; ele era engraçado; dado a um temperamento errante.

R. M. L.: “Ele deixou esposa?” Encarnada? R. M. L.: “Sim.” O que foi aquele problema? Do que você o chama? R. M. L.: “No peito?” Sim, você sabe, ele perdeu algum sangue antes de morrer, teve problemas na cabeça,

que estava toda coberta por manchas? W. L.: “Não é varíola?” Não, ele não teve. Ele teve problemas no peito e perdeu algum sangue antes de morrer.

E então teve um ataque na sua cabeça. Ele recorda esses problemas. Ao mesmo tempo há essa senhora que George conhecia enquanto ainda encarnada. Diga

a ele que Harry não está morto, e sim vivo; mas ele não parece perceber bem que ele pode falar com você. Entretanto, eu falarei com ele e o trarei aqui para falar com você. Ele pode lhe contar mais da próxima vez.

Walter, ela não é uma linda garotinha? Você conhece o cavalheiro, ele não é um camarada distinto? Ele sabe muito. Ele faz seu melhor para fazer certo; e o que quer que ele faça, ele faz conscientemente. Ele é inclinado a ser nervoso e rígido, mas não se incomode se ele for um pouco rígido. Eu não acho que Harry tenha mesmo conhecido ele, ele faleceu antes que vocês estivessem juntos.

[Correto; Harry faleceu em agosto de 1887 e eu casei em setembro seguinte—R. M. L.] Quem você chama de Dick? Alguém o chama de Dick, Richard é seu nome, eles o

chamam de Dick. Esse é um segundo primo.

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R. M. L.: “O segundo primo de meu marido?” Sim. Ele está encarnado. Está ligado a seu marido. Ele tem um bigode. Seu marido é

fino. Ele é bem aparentado, mas eu não gosto daquele casaco claro que ele veste. Ele costumava vesti-lo, mas o esqueceu agora. O escuro que ele usa parece melhor, com aquela coisa engraçada, belbutina.47 Onde ele conseguiu aquele anel? É Walter que tem aquele anel. O que é aquele piano? P—I—A—N—O? Eu consegui isso perto de sua mãe. Como vai a esposa de Harry, você sabe? Harry é um tipo irritadiço.

[Harry nunca se casou. Toda essa parte é sem sentido.] R. M. L.: “Você pode dizer o nome de meu marido?” Harry foi para outro país e morreu distante, assim eu não posso dizer seu nome. Ele

saberá a respeito. Mas quem é esse que chamam de Fred Smith? R. M. L.: “Você pode me dizer quem é que eu chamo de Sr. Man?” Sr. Man? É muito familiar para mim o seu Sr. Man. Não é Harry? Nem George? Nem

seu tio? Você chama seu marido de Sr. Man? Ou o pai de seu marido? Eu desisto. A quem você chama de Sr. Man?

R. M. L.: “É apenas um cão, meu collie, que eu chamo de Sr. Man.” Ah, ele é o Sr. Man certamente. Agora eu vou te dizer o que eu farei com você. Eu vou

falar sobre eles na próxima vez. Eu vou perguntar sobre seus amigos espirituais. Você tem uma longa vida e muito prazerosa, mas eu não vejo quaisquer filhos, sem filhos.

R. M. L.: “Você pode me falar sobre algo que eu perdi três anos atrás?” Algo brilhante, você quer dizer? Foi um colar em ouro, algo redondo. Algo que você

usou aqui. (Indicou o pescoço, em seguida o punho). Ela usou em volta do punho. Era um alfinete. Era uma coisa muito engraçada. Você perdeu naquela noite. Eu vou rastreá-la para você e direi na próxima vez. Se há algo que você gostaria que eu lhe dissesse, eu direi, mas eu não poderia dizer quem você chama Sr. Man (Para W. L.: Ele deve vir e ver-me de novo) Você aceita as coisas pacientemente, mas fica preocupada e sem sossego quando seu marido fica exausto. Ele é duro, mas tem boa disposição. Eu gosto dele. Ele tem algum senso e algum cérebro, aquele camarada . . . . Eu quero falar sobre seis de vocês, cinco além de você mesma. Eu lhe direi sobre seu bracelete, onde você o perdeu.

[Um bracelete de ouro foi o item sobre o qual perguntei, eu o perdi em uma noite.] Você teve um novo álbum para por fotografias, aquela coisa que lembra um cartão que

se move com corda. É uma coisa com aparência de álbum, um grande álbum. Eu posso vê-lo muito bem. Quem deu isso a ela?. . . Você sabe, seu tio teve algum acidente, ele morreu com problemas. Ele teve um acidente ruim. Que boa garota você é. Você me acha um chato?

O transe acabou às 12h15min.

56. Sessão de 1º de Janeiro de 1890, em Sussex-place, 6. Presentes, A. W. Pye e W. L.

O Sr. Pye tinha sido anteriormente apresentado como Sr. Wilson, mas seu verdadeiro

nome havia sido mencionado acidentalmente perante a Sra. Piper. No entanto, é extremamente improvável que ela tenha ouvido.

Após a habitual conversa preliminar, Na família da sua mãe, irmãos e irmãs, e todos juntos, se contarmos as crianças, há

cinco.

47 Tecido curto e grosso, similar a veludo, usualmente feito de algodão. (N. T.)

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A. W. P.: “Vivos?” Não, cinco ao todo, um, dois, três, quatro, cinco. A. W. P.: “Meus próprios irmãos e irmãs?” São mais de cinco, vocês, agora. A. W. P.: “São seis.” Para onde diabos foi o sexto agora? São 1, 2, 3, 4, 5, sem contar ele mesmo. Há quatro

irmãos e duas irmãs. Vivos, na vida natural, há quatro rapazes além de você. Você tem razão, há quatro meninos e duas meninas. Não vejo o pequeno, o mais jovem, de jeito algum. São cinco vivos, não seis, excluindo você. Em seguida, dois no espírito, 6, 7, 8. Há seis encarnados e você é o sétimo. Depois, há 1, 2, 3, 4, há quatro no total. Além disso, existem outros três encarnados e há um encarnado que eu não consigo ver bem de forma alguma, o mais jovem. Mas há um, dois, três, desencarnados, e seis encarnados. (Nota A.)

De cinco deles posso lhe falar a respeito. Um deles se chama Henry, ele é conhecido por Harry. Em seguida, há Marie, M—A—R—I—A. Depois há um outro chamado Will, W—I—L—L—I—A—M. São dois.

W. A. P: “Will sou eu mesmo, ele não é meu irmão.” Depois há um outro com um nome curioso, escrito com um J. Esse está desencarnado.

Existe um Ed; E—D—W—A—R—D. W. A. P.: “Não, isso não está muito correto.” Ed, Edmund, ou Edwin. É isso, chamam-no de Ed. W. A. P.: “O nome era Edmund.” Não o chamam de Ed? Bem, eu chamo. Edmund. Esse não é um nome muito fácil de

falar. Depois, há Will, W—I—L—L, e outro, e Henry e Ed. Depois há um chamado John, que é um tio, e existe uma chamada Maria, que é uma tia. (Nota B.)

Há dois nomes bastante parecidos, há um que é surdo (tocando na orelha esquerda), ele tem alguns problemas por aqui, nesse lado. Você não sabe, o que você chama coisas na cabeça? Concentrando-se na cabeça. Problemas bem aqui.

W. A. P. “Na orelha esquerda?” Esse deve ser um tio. W. A. P: “Existe um nome que você não mencionou, você pode falar sobre o irmão com

o nome curioso?” Você não quer dizer Edmund? W. A. P.: “Não.” Bem, descobrirei antes de terminar. Existe essa garotinha no espírito comigo, um

pinguinho de criança, e três meninos. O seguinte tem um cabelo curto (?). Por garotinha, eu quero dizer uma entre 14 e 15. Depois, há dois rapazes. Um de seus irmãos está fora de casa—na verdade, dois deles estão fora. Um deles está muito distante. Você vai ouvir sobre esse irmão logo, logo. Ele está se saindo muito bem. Ele passou por um período muito desanimador, mas está melhor agora. Em seguida, há um de vocês chamado Walter, que é ligado a você. (Nota C.)

Quem é Alick? Alex? W. A. P.: “Não sei”. Ele não é ligado a você. Pergunte a Walter. Há dois deles.

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Sua mulher tem duas irmãs, uma delas próxima a ela, viva, e uma distante. Há uma próxima a ela. Eu não gosto dela. Gosto muito da sua mulher. Ela é meio nervosa, mas é muito prestativa, ela é paciente. A irmã dela é muito peculiar, ela é meio espalhafatosa; ela gosta de traçar o seu próprio caminho. (Nota D.)

Existe um, dois—Onde estão todos os seus filhos? W. A. P: “O senhor acabou de dizer que há um Alick; você pode me contar sobre ele?” Vou buscar a influência mais forte. Você não chama uma de suas irmãs de Allie? (Isso

foi muito confuso e eu não poderia dizer se foi dito Allie ou Annie no início, a segunda menção foi “Annie”.—W. A. P.)

W. A. P.: “Não é bem assim.” Annie. Essa é a sua própria irmã, e aquela é a irmã da sua esposa, e o nome do pai dela

é Henry. (Não) Trata-se de irmão dela? (Não) Do pai dela? (Não) Bem, ele está ligado a ela. Pergunte a ela, quando chegar a casa, quem é Alick. Você diz que você não conhece Alick. Bem, ele virá a você em breve. Agora vou tentar trazer seus irmãos e irmãs mais perto. Qual deles foi o que machucou a perna?

W. A. P.: “Não sei”. É aqui. Qual foi o que sofreu uma queda? Ele estava sobre o gelo e se machucou. É por

aqui. (Pelo punho.) Pergunte. Um deles está ferido por aí. Um deles tem problemas com seu estômago, indigestão, dispepsia. Também capto esse problema por aqui.

W. A. P: “Quem é que tem problemas no estômago?” Harry tem problemas com seu punho, e Ed com seu estômago. (Nota E.) Walter tem algo a ver com os livros. Ele vive com livros e jornais o tempo todo. Ele

está encarnado onde mexe com livros; ele tem de cuidar deles. Um deles tem óculos sobre o nariz e outro tem problemas em seu estômago. Depois, há um com—quem é Rich, R—I—C—H? Eles o chamam de Dick. Diga a Walter que eu o disse. Uma delas não esteve bem, muito doente, ela está ficando melhor.

W. A. P.: “Qual das irmãs é essa?” É a mais velha. W. A. P: “Você consegue captar o irmão com o nome curioso?” Não. W. A. P: “Você não me disse nada sobre os meus pais.” Ela teve resfriado e alguns problemas no meio do peito, ela não tem estado muito bem

mesmo. Ela vai ficar plenamente recuperada. E houve uma pequena criança que entrou em sua família há pouco tempo.

Você teve uma mudança para melhor há cerca de dois anos. (Não) Bem, talvez tenha sido há mais tempo, isso estava relacionado com seu trabalho, com sua vida empresarial. Você mudou os arredores da sua casa. (Nota F.)

Você esteve com uma senhora idosa por um período. Era a mãe da sua esposa? Ela estava nas redondezas, encarnada, há alguns anos. Agora ela está comigo. Ela não estava perto dessa velha senhora? Ela foi uma que morreu de câncer. Essa é uma sobre a qual quero lhe falar. Vem muito próxima. Ela sabe que eu estou falando com você e quer que eu te diga. Ela teve câncer em uma parte do corpo. [Aqui foi feita alguma referência à mulher do Sr. P., as notas são imperfeitas.]

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W. A. P: “Não pode me dizer mais nada sobre a tia dela? Aquela que morreu com câncer?”

Essa é uma outra irmã, ela é mais velha do que aquela. A que você chama de baixinha. Ela é a mais velha. Ah, essa não é a sua mãe, não a sua mãe de verdade; (Nota G.)

(Aqui W.L., que estava tomando notas do lado de fora, entra na sala. Diz o Dr. P.:) Eu estava falando para ele sobre cinco irmãos e irmãs que ele tem. Ele tem seis, não

posso dizer nada sobre o outro. Eu vejo o irmão que está longe, e em seguida Bert. (“Bert” parece ser uma reminiscência do meu irmão Herbert, seu nome é falado diretamente depois, sem qualquer ligação —.W.L.) Bert pertence a ele. Há 5, 5, 5. Cinco diferentes irmãos e irmãs, e três no espírito. Eu fico recebendo a influência de Bert. Os nomes deles são Willy, W—I—L—L, Edward, e Harry. Até aí são três. Depois, há uma irmã Anna. Herbert! Depois, há um chamado Charles, Charley. Você não o conhece. Esse é um deles. Existe um em um prédio, com livros. Esse não é você, porque você é Will. Esse é aquele que eu chamo Ed. (Nota H).

(Aqui, a médium queixou-se de estar “confusa”, continuou chamando Walter, Herbert, e Rosie, pediu desculpa por estar sendo estúpida, e disse que isso não era habitual. A Sra. H. Leaf entrou na sala. As únicas declarações conexas foram—)

Rosie, você conhece Leicester? Não, não conhece. Conhece Loolie? (“Sim”. Vide a segunda sessão da Sra. H. Leaf.) Ela está bem, não está? Will, eu quero falar com você de novo sobre o amigo que morreu de consumpção e a moça que morreu com câncer, e todos os seus irmãos, eu te falei que sua irmã está doente, muito doente, doente com uma coisa na garganta. Você fala com as pessoas incessantemente. Você possui muitos amigos, um monte deles. Quem é que toca o piano, Will?

A. W. P.: “Bem, há muitos.” Rosie toca, ela toca muito bem. Tem uma senhora próximo a você que toca, também. Após isso, o Dr. P. se tornou incoerente, e ficou dizendo, “Walter, me ajude, me ajude,

não consigo me virar.” O transe passou muito lentamente e com sintomas pouco usuais. A médium, voltando a si, parecia estar muito prostrada e angustiada.

OBSERVAÇÕES POR W. A. PYE DA SESSÃO DE 1º DE JANEIRO DE 1890.

(A) A quantidade de membros da família da minha mãe—meus próprios irmão e irmãs,

foi finalmente dada corretamente. As muito poucas ajudas verbais fornecidas por mim são mencionadas nas notas. A família da minha mãe consistia de sete filhos e três filhas, dos quais dois filhos e uma filha estão mortos. Meu pai tem uma segunda família de um filho e duas filhas, que, incluindo a mãe deles, estão vivos.

Quando o número “cinco” foi mencionado pela primeira vez, eu me senti um pouco perplexo, não sabendo se queria dizer tanto os membros mortos quanto vivos, ou apenas os últimos. Daquele instante eu os separei mentalmente em três grupos, meus irmãos e irmãs vivos, aqueles que estão mortos, e minhas meias-irmãs e irmão.

(B) Os nomes sendo agora mencionados, darei para comparação os dos meus pais e dos filhos deles.

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Pai—Kellow John. Mãe—Mary. Suas crianças—Filhas:—

Mary Chesney, chamada Minnie—viva. Edith May—morta. Alice Sybil, às vezes chamada Aggy—viva.

Filhos:— Edmund, às vezes chamado Numbs—morto. Kellow Charles—morto. Randall Howell—vivo. William Arthur (eu próprio), usualmente “Will”. Walter. Harry. Charles, geralmente Charlie (ver Nota H).

A segunda família do meu pai:— Catharine. Winifred, chamado Winnie. John Hayward.

Será visto que o meu nome foi o único com precisão absoluta nesse momento, tendo o meu irmão Harry sido batizado assim. A princípio, não liguei o nome que ouvi como Marie à minha irmã Mary, em parte porque ela é tão geralmente chamada Minnie que o seu nome real raramente me ocorre, mas ainda mais, acho, em consequência da palavra ser imediatamente depois soletrada M—A—R—I—A, o que imediatamente me fez ligá-la a uma tia Maria, de quem eu era muito próximo.

Meu irmão mais velho é tão frequentemente chamado de “Numbs” como “Edmund” entre nós, mas nunca, pelo que sei, “Ed” ou quaisquer dessas siglas.

A menção a um irmão com um nome curioso imediatamente me fez pensar em meu irmão Kellow, mas, nem agora nem depois, recebi qualquer indicação mais íntima sobre ele.

A essa altura, foi forte a impressão em minha mente de que a médium era capaz, de alguma forma, de corrigir as suas impressões e sugestões por meio do meu pensamento consciente. Logo, pensei em um número de forma clara, meus seis irmãos e irmãs, ou os quatro irmãos, ou os três da segunda família do meu pai, e esses números pareceram ser fornecidos pouco tempo depois. Sobre a grafia da palavra Maria, dada como uma irmã, eu pensei em minha tia Maria, e um pouco mais tarde, ela foi então descrita. Houve muitas outras ocorrências durante a sessão.

C. Os únicos nomes similares em nossa família são os do meu pai e irmão Kellow, e mãe e irmã mais velha. Naturalmente, é habitual encontrar crianças com o nome de seus pais, especialmente quando há tantas delas.

Eu não posso confirmar essa surdez ou enfermidade do ouvido em qualquer irmão ou irmã. O marido de minha irmã mais velha é surdo da orelha esquerda a tal ponto que, em andar ou falar com ele, é necessário tomar cuidado para estar do outro lado. Essa peculiaridade, creio eu, me ocorreria imediatamente se eu tivesse que pensar nele.

A garotinha referida, não pude localizar. Posteriormente lembrei que a minha irmã mais velha, há muitos anos, perdeu uma filha infante, mas isso não me ocorrera no momento. Ninguém ligado a mim morreu na idade de 14 ou 15 anos, que eu me lembre. Minha irmã Edith morreu quando tinha 21 anos.

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Naquela data (1º de janeiro) dois irmãos estavam distantes, como mencionado. Walter na Escócia, e o mais jovem, Charlie, foi corretamente descrito como estando a uma distância muito longa, já que tem estado há alguns anos na China; entretanto, a descrição dele não se aplica bem.

Eu não me lembro da menção a Walter ou a qualquer nome aqui, mas as notas de taquigrafia estão provavelmente corretas. Ele não é muito ligado a mim agora, mas é próximo em idade, e por algum tempo nós vivemos juntos, e sempre fomos grandes companheiros.

D. Essa menção a Alick, Alec, ou Alex é bastante peculiar. O Sr. Leaf acha que isso foi uma referência a uma sessão anterior, e o “Walter” sobre o qual fui instruído a perguntar poder-se-ia aplicar a ele. (Tanto o pai quanto o irmão da Sra. H. Leaf eram chamados “Aleck.”—W.L.) A princípio, não lembrei o nome de ninguém, exceto ligeiros conhecidos, mas depois de alguns minutos lembrei de um, agora morto, que foi intimamente ligado a minha esposa. Na próxima sessão, será visto que, com isso em mente, pedi novos elementos e, logo depois, ela se referiu a eles. Nesse caso, também, havia dois com o mesmo nome, pai e filho.

Ou, ainda, a referência pode ser considerada aplicável a um “Alec” de quem minha esposa e eu tínhamos ouvido alguns dias antes como estando compromissado a se casar com uma amiga dela, e mais especialmente de seus irmãos e irmãs que vivem em Stirling, onde meu irmão Walter viveu numa época. Nesse caso, o “Walter” sobre o qual inquirir poderia querer dizer ele; e desde então ele me disse, em minha leitura das notas sobre ele, que ele imediatamente tomou a referência se aplicando a esse noivado, do qual ele naturalmente tinha ouvido bastante.

Minha esposa tem três irmãs, não duas, e todas vivas; uma, casada com meu irmão Walter, vive em Londres, mas a certa distância de nós; as outras duas vivem com seus pais na Escócia. O gosto pela independência pode ser visto como estritamente correto para minhas cunhadas,—como para outras senhoras.

E. Tenho sete filhos e lamento que nesse ponto eu tenha interrompido a médium para perguntar sobre “Alick”, a quem me referi na última sessão.

Eu estava esperando os nomes “Anna” ou “Annie”, o primeiro sendo o da irmã da minha esposa (depois dada como uma irmã, vide Nota H) e o segundo o de uma irmã de um amigo nosso muito querido que morreu de câncer cerca de dois anos atrás, e que pode talvez ter sido considerada a irmã mais velha, “que você chama de baixinha”, mais adiante. Como declarado nas notas, eu não ouvi claramente se o primeiro nome dito foi “Allie” ou “Annie”, mas parece ter sido o primeiro. Minha irmã, “Alice” (como mencionei anteriormente), é às vezes chamada de “Aggy”, nunca “Allie”, até onde sei, mas “Allie” e “Annie” são naturalmente muito parecidos com “Alice” e “Anna”, que teriam sido corretamente descritas se assim mencionadas.

Minha esposa não tem nenhum parente de nome Henry. Nenhum de meus irmãos, até onde sei, machucou-se seriamente na perna ou no punho,

ou sofreu uma queda feia no gelo. A dispepsia pode ser tida como aplicável a dois ou três, e Edmund, o mencionado, morreu com uma queixa similar.

Devo, talvez, mencionar que, ao perguntarmos, surgiu uma confusa

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história de lesão ao punho de Harry; mas ele próprio não se recorda de quaisquer pormenores.

F. Aqui, outra vez, não notei a menção ao nome do meu irmão Walter, mas eu imediatamente reconheci a descrição como se referindo a ele. Sua sala de consulta tem estantes de livros nos dois lados dela, e ele habitualmente se senta a uma mesa coberta com papéis, cuja quantidade me surpreendeu. Recentemente um livro sobre Cirurgia, que ele está publicando, e o fato de ter que consultar algumas bibliotecas públicas com referência a algumas conferências cirúrgicas, foram discutidos entre nós e ligados a ele em minha mente.

Tanto Harry como eu usamos óculos para ler. Eu não consigo pensar em qualquer pessoa de nome Richard ou Dick, e entendi o

“Walter” neste ponto como se referindo ao Sr. Leaf. (O nome “Dick” foi impelido a meu irmão e a mim em nossa sessão conjunta, mas não foi reconhecido. —W. L.)

Cerca de uma semana antes, tínhamos ouvido de minha irmã mais velha que ela estivera indisposta, e tinha estado em Torquay para uma mudança de ares. Ela não considerava sua indisposição algo sério, e mencionou que estava muito melhor; mas a notícia foi assunto de conversa entre minha esposa e eu, pois não tínhamos sabido de sua indisposição.

Minha mãe está morta, como já mencionado. Se isso pretendia se aplicar a minha madrasta ou sogra, o que poderia, talvez, ser inferido da observação feita um pouco mais tarde—(Sessão Q, “Oh, essa não é sua mãe, não sua mãe de verdade”)—a descrição estaria parcialmente correta, uma vez que ambas têm sofrido recentemente de graves resfriados, ainda que não afetando o peito ou a garganta mais do que o normal, creio. Ocorreu-me no momento que se aplicam a minha madrasta. (Julgando pelo contexto e do hábito frequente de Phinuit de ignorar perguntas, parece-me que se refere à irmã. Em todo caso, essa é uma questão de nenhuma importância evidencial.—W. L.)

Meu filho mais novo tem menos de dois anos de idade, mas a declaração feita nesse ponto teria sido igualmente verdadeira em qualquer momento dos últimos 13 anos.

Mudei para a minha casa atual há cerca de cinco anos, e quase dois anos antes dessa data fiz algumas mudanças bastante importantes em meu negócio.

G. Eu nunca residi com qualquer senhora idosa, como entendi que essa primeira observação insinuava; mas o todo dessa sessão me é muito interessante, por razões que, para explicar, devo relatar em alguma extensão.

Nos últimos dois anos, ou um pouco mais, perdemos para uma forma de tumor maligno (ouvi, desde a sessão, uma dúvida surgida sobre se um caso fora de fato definido como câncer) duas pessoas a quem minha esposa e eu éramos muito ligados; uma, o amigo referido na Nota E, que morreu com 37 anos, e a outra, uma tia de minha esposa, que tinha 60 anos.

Eu estava em companhia da última alguns meses antes de sua morte quando conversávamos sobre nossas crenças religiosas, que, em essência, diferiam. Eu estava dizendo que em matérias sobre as quais eu não estava definitivamente convencido, como o fato de estar sentado onde estava, ou de que dois e dois eram quatro, eu preferia apenas dizer que não sabia, e que se aplicava a mim, desta forma, a questão de vida após a morte. Sua resposta exata eu esqueci, mas em seguida, ou muito pouco depois, eu disse, em referência a alguma alusão dela de que sua morte provavelmente não estava longe, e dela discordar de mim: “Bem, se for assim, e se você puder enviar-me alguma mensagem, avise-me”. Eu não estou seguro das palavras exatas, mas acho que estas estão corretas.

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Eu não tinha falado antes, quando então atinei ter dito algo que muito provavelmente esqueceria, mas que não era improvável que o fato de eu ter feito tal pedido pudesse trazer à tona sua aparente realização através de algum pensamento inconsciente. E lembro arrepender-me de ter pedido aquilo. No que posso me lembrar, eu não tinha, absolutamente, até o momento que a palavra câncer foi usada pela primeira vez, pensado nessa senhora durante a sessão, embora pensasse certamente na outra, a qual mencionei, e sobre a qual esperava por alguma informação.

A tia de minha esposa vivia com sua mãe, uma senhora muito idosa, de quase 90 anos, de quem nós tínhamos ouvido naquela manhã; e havia na carta uma menção à nossa perda.

H. A partir desse ponto, as notas não me parecem pedir muita observação. A menção a Anna e Charlie (vide Seções E e C) é digna de nota, e há uma diferença bastante curiosa entre minha idéia do que foi dito na frase, “O amigo morreu de consumpção,” &c, e as notas do Sr. Leaf, que, com satisfação, reputo corretas. A palavra que eu estava certo ter ouvido era “irmã” e não “amigo”, e minha irmã Edith realmente morreu de consumpção. Nós éramos muito profundamente ligados um ao outro e eu procurava por uma menção a seu nome.

Eu não tenho, agora, qualquer irmã que possa ser considerada doente. As observações sobre mim são talvez corretas, e é certamente verdadeiro que minha esposa toca piano.

__________

Se me permitem fazer algumas observações gerais sobre minhas impressões da sessão como um todo, eu diria que descarto totalmente qualquer idéia de conluio, ou fraude ciente pela própria médium ou qualquer outra pessoa. Parece a mim ser igualmente inconcebível que a exatidão das declarações possa ser explicada apenas por coincidência; mas se, num estado de vontade própria suspensa, poderes sensoriais puderem ser aumentados ao ponto de poder ler permitir a leitura de alguns dos mínimos pensamentos de outra pessoa, penso que todos os incidentes dessa sessão são explicados facilmente. Eu já aludi à forte impressão que tive de que as idéias de números, ou nomes, ou coisas do tipo, que eu formulei durante o momento, eram de alguma maneira passadas à médium e declaradas mais tarde por ela; embora algumas das mais impressionantes referências feitas não estivessem, absolutamente, no que me concerne, em meu pensamento consciente.

Estou, naturalmente, bastante ciente do fato de que seria absurdo generalizar a partir um único caso como esse, e entendo que outras sessões tenham deixado impressões muito diferentes. Sinto, portanto, que talvez possa haver uma melhor explicação do que a que se sugere, da comunicação de algum estrato ou estratos de pensamento (por assim dizer), para uma percepção além do poder de todos exceto de alguns, que é somente ativo quando combinado com um estado anormal do cérebro. W. A. P.

Vamos agora proceder às notas tomadas de algumas sessões completamente insatisfatórias, para dar uma idéia clara dos métodos em que a adivinhação foi utilizada em casos onde parece ter havido uma ausência completa de qualquer meio supernormal de informação.

19. Professor A. Macalister, F.R.S. 2 de Dezembro, 1889. Notas pelo assistente.

Quero falar-lhe sobre sua mãe. Passou-se muito tempo desde que você a viu. Ela está

bem e feliz. Ela morreu, está no espírito.

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Houve um período difícil em sua vida há alguns anos, uma dificuldade em prosseguir como gostaria concernente à vida doméstica e situação pecuniária.

[Como fui nomeado professo universitário com a idade de 22 anos, isso não é exato.] Você teve um tio que saiu de casa e foi para outra parte do mundo, e nunca escreveu até

pouco tempo atrás. E que estava encarnado. Ele foi para outra parte do mundo—seguiu pelo mar—ligado ao lado do seu pai.

[Eu nunca tive um tio que deixou a Grã-Bretanha. Tive cinco tios no lado do meu pai; nenhum deles seguiu para o mar.]

Você tem quatro tios. [Tive sete tios, nenhum vivo agora.] Sinto a influência da sua mãe. Ela tinha uma irmã que morreu antes dela. Há também

um irmão desencarnado e três encarnados. [A minha mãe não tinha irmã, só uma meia-irmã a quem ela nunca viu. Ela tinha apenas

um irmão que faleceu em 1849.] Uma Eliza é sua irmã, capto-a fracamente. Também Maria, e mais outra. Há duas

Marias ligadas a você, uma encarnada, outra desencarnada. Eliza também. Então há Ellen—não exatamente, quase isso—Elian, Ellen—é isso ou Helen? Recebo o nome dos dois modos. (Indagado, “Ela está encarnada ou desencarnada?”) Dois nomes, uma encarnada, Ellen encarnada, Helen desencarnada. Há Mary Ellen, e há Helen. Três delas—uma é a mãe, a outra é a irmã.

[Eu tinha uma irmã Lizzie, nunca chamada Elizabeth. Ela morreu quando eu era um bebê. Eu nunca tive uma parenta denominada Ellen. A minha mãe se chamava Margaret. Tenho uma irmã Helen viva, a única da minha família com esse nome.]

Existem Helen e Mary, uma é a mãe e a outra, uma irmã. Uma mãe Helen e uma irmã Mary, e isso vem em conexão com você e uma irmã Mary. Helen está no mundo material; outra irmã Mary, no espírito, e sua mãe. E sinto Eliza encarnada. Isso dá quatro.

Tem algo relacionado a você aqui—em alguém ligado com você. (Aqui ela palpou a protuberância48 no meu joelho, perfeitamente natural, embora incomumente grande.) Essa é a influência do pai que recebo, ele tem algo a ver com o joelho dele. (Indagado, “Ele está encarnado ou desencarnado? É o joelho esquerdo ou o direito dele?”) Aquele (aponta para o joelho esquerdo do assistente). Você pode encontrar alguém relacionado com você no mundo físico que tem algo a ver com o joelho dele? (“Não”) Avisem-me se isso estiver errado. (“Sim, avisaremos”.)

Capto uma senhora encarnada, pelo lado da sua mãe, que está doente. (Apontando a parte inferior do esterno.49 Perguntado: “Ela está doente neste momento?”) Ela sofre com isso um pouco, ela tem estado muito pior. Devo dizer que ela era uma tia.

[A família da minha mãe está toda morta com exceção de um, que está perfeitamente bem.]

O nome dela é Lucy. (“Não, não tenho qualquer parente com esse nome.”) No estômago e no coração. (“Eu nunca tive uma parenta com esse nome.”) Você nunca teve quaisquer irmãos ou irmãs, teve? (“Sim, eu tive.”)

Aqui o Professor Macalister foi mandado sair do recinto por dois minutos,

48 Provavelmente referindo-se à patela, osso na parte anterior do joelho também conhecido como rótula.

(N.T.) 49 Osso anterior central da caixa torácica. (N.T.)

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e na sua ausência foi dito ao Sr. Myers que ele possuía três irmãos. No seu retorno:— Há seis de vocês ao todo, quatro encarnados, dois desencarnados. Quatro além de você

encarnados, dois irmãos e você, duas irmãs, e uma desencarnada, seis ao todo. Uma, Helen, morreu. Mary morreu. Há uma Mary encarnada. Há cinco de vocês encarnados e um desencarnado. Há uma tia Mary encarnada. Sua irmã Mary tem estado no espírito por algum tempo.

[Havia quatro irmãs, três das quais estão mortas. Apenas Helen vive. Dois irmãos, um deles está morto. Minha tia Mary morreu em 1853.]

Você teve um tio de nome Al? (“Não”) E há uma Elizabeth. Essa é uma. Seis de vocês, tomados todos juntos. (“Certo”) Dois irmãos, e você, o que dá três, não mais. (“Certo”.)

Qual deles você chama Henry? (“Ele não é nenhum parente.”) O nome dele é Stafford. Um amigo de um de seus irmãos, talvez? (“Eu não sei”.)

[Eu nunca tive nenhum parente Henry, e só uma vez soube de uma pessoa chamada Stafford, quando estudante, há 20 anos. Eu só falei com ele uma vez que eu me lembre. Não sei nada sobre ele, e nenhum de meus irmãos o conhecia].

Depois há um George, um irmão. Ele tem um amigo em particular chamado Henry, um companheiro de escola. (“George é mais velho ou mais jovem que eu”?) Eu não sei.

[Meu filho é o primeiro George na família; recebeu o nome de um amigo, não parente.] Você tem uma irmã que tem tido algum problema no estômago. Não tão incômodo

agora como tem sido. (Está encarnada). [Nesse momento, deixo a Sra. Piper ver meu dedo manchado de tinta]. Você escreve? (“Sim”.) Vejo papel diante de você. (“Você pode me dizer o assunto da

escrita?”) Você tem estado escrevendo um artigo, como uma palestra: então você o entrega. Eu não posso precisar quando você o escreveu. (“Qual era o assunto?”) Parece relacionado ao mundo médico; o código de conduta e a maneira de viver, esse tipo de coisa: trabalho literário, as leis da ciência. Vejo palestras. Depois, um livro. Você quer escrever ao mesmo tempo. Você deveria.

[Eu não escrevo uma palestra há uns três ou quatro anos.] O professor Macalister acrescenta numa carta ao Sr. Myers:— “Eu estou bastante satisfeito que a Sra. Piper seja uma das muitas pessoas que mostram

esse estado alterado e obscuro que, por falta de melhor termo, chamamos histero-epilepsia. Como muitos outros que se submetem a fenômenos induzidos dessa natureza, ela é facilmente conduzida, e bem desperta para se beneficiar de sugestões. Deixo-a ver uma mancha de tinta no meu dedo, e ela disse que eu era escritor. Eu tinha, logo antes, sentido seu pulso, então ela disse que eu escrevia sobre assuntos médicos. Tenho, quando dobro o meu joelho, uma saliência muito fortemente marcada no osso, que se torna bastante proeminente. (Eu tinha, em meus antigos dias de caminhada, músculos incomumente poderosos nas minhas pernas). Ela sentiu isso, e então fez a suposição de haver algo errado com o meu joelho, esquivando, quando eu disse que isso estava errado, ao falar que o problema era com meu pai. Em resumo, exceto a suposição sobre minha irmã Helen, que está viva, não houve uma única suposição que estivesse perto de correta. Helen não é um nome escocês incomum,

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e ela esteve em Cambridge. A Sra. Piper não está anestesiada durante o assim chamado transe, e se você quer minha opinião particular, a coisa toda é um embuste e dos mais grosseiros. Já vi melhores; e minha irmã Helen, que às vezes entretêm a si mesma e a outras pessoas com quiromancia de acordo com as simples regras mecânicas de D’ Argentigny, faz suposições frequentemente muito mais afortunadas do que fez sua pitonisa. Eu fiquei muito interessado em ver como ela quase foi pega na armadilha de se esquecer de abafar e disfarçar sua voz quando puxei sua pálpebra.”

Uma sessão também insatisfatória, levando a uma incredulidade igualmente justificável da parte do assistente, é a do Sr. Thomas Barkworth. Como ele forneceu os pontos principais plenamente nas suas observações, parece desnecessário publicar as notas originais em sua totalidade, e, portanto, restringimo-nos a seu relatório.

21. Sr. T. Barkworth. 3 de Dezembro.

O Sr. Barkworth fornece o seguinte relatório:— “No começo da sessão espírita, segurei as mãos da médium, que estavam geladas e não

pareciam reter calor. Pulso muito débil, frequentemente quase imperceptível, e um tanto rápido. A médium pareceu achar minha influência pouco agradável; queixou-se mais de uma vez de eu ter feito algo a ela, que sua cabeça estava ruim, que ela se sentia esquisita, nunca tinha se sentido assim antes, &c. Ela gemia continuamente, como se estivesse sofrendo. Depois de longa espera, o Sr. Myers tomou meu lugar com muitos resultados melhores. Ela passou por um tipo de crise, restrita à parte superior do corpo, e imediatamente emergiu no caráter do ‘Dr. Phinuit’, com uma voz masculinizada, com um sotaque americano ou alemão-americano mais forte do que ela normalmente tem, e grande liberdade de linguagem. Então conversamos, no que Sr. Myers tomou notas, mas é muito forte minha impressão de que nenhuma nota feita à mão seria suficiente. A conversa era muito interjecional, e intercalada com perguntas e exclamações em que era difícil evitar dar respostas comprometedoras. Assim, ‘O nome começa com F, não é?’ “Sim”. ‘Eu não te disse?’ Tendo chegado aí, a questão praticamente ficou restrita a Francis ou Frederick, e eu a indaguei qual era. Depois que repetir os nomes duas ou três vezes para trás e para frente ela finalmente se decidiu por Frederick, o que estava correto. Por volta da época em que Frederick deixou o mundo, houve uma partida de esgrima habitual, a qual eu muito provavelmente perdi. ‘Ele era um homem velho, jovem, ou criança?’ perguntei. Numa etapa relativamente inicial do questionário, eu obtive que ele não era um homem velho, mas, além disso, nada consegui. Ela continuou revolvendo a questão de uma maneira que teria deixado um advogado de acariação frenético, mas a única declaração definida que recebi era que Frederick tinha uma memória muito ruim; o que, como Frederick tinha apenas três semanas de vida quando morreu, não parece muito apropriado. Tentei ater-me à forma da pergunta, ‘Um jovem ou uma criança?’ Mas é impossível, no jogo de pergunta e resposta que se seguiu, ter certeza de que eu não dei alguma indicação da resposta. Depois de muito ela decidiu que ele era somente ‘Dessa altura’, isto é, cerca de dois pés. E aqui eu observaria que a minha mão direita segurava a esquerda dela por todo o tempo.

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Nada seria mais fácil, sobre o princípio de Cumberland e Bishop, do que um leitor de pensamentos detectar, pela pressão inconsciente da mão, quando ele estivess, como as crianças dizem, ‘quente’ ou ‘frio’. É visível que, quando uma questão é colocada em que se admite que nenhuma estratégia verbal fora feita, tal como, “Qual é o meu nome?” ou “Onde está a minha mulher?”, a Sra. Piper de pronto confessa que não pode dizer. Por outro lado, quando se chegou ao nome da minha família, que ocorre de ser uma bem grande, a sua tarefa era obviamente muito mais fácil. John, William, Henry, e Thomas não são nomes muito incomuns, e não é de se estranhar que ela os tenha acertado. É possível ter muitos irmãos, mas apenas um pai, e nesse sentido, ao passo que ela conseguiu encaixar os primeiros com um ou outro dos nomes acima, ela falhou bastante com o último, a quem ela atribuiu o meu próprio nome e, com igual incorreção, algumas de minhas próprias peculiaridades, pois se baseia numa similitude familiar. No caso de outro irmão, sobre quem indaguei a respeito, ela disse que o nome era Ed, o que, naturalmente, serve tanto para Edward, Edmund, Edgar, ou Edwin. Ainda assim, não pretendo minimizar o fato de que, dentro desses limites, ela estava certa, ou de que ela finalmente se decidiu por Edmund, que estava correto também.

“Ao descrever locais, ela foi ainda menos bem-sucedida. Ela professou descrever a minha casa. Aqui, novamente, a descrição partilhou da mesma natureza. ‘Quando você entra, há uma sala à direita’ é verdade, naturalmente, para pelo menos metade das casas existentes. Mas quando ela passou a descrever a sala, ficou tão envolvida que eu não podia acompanhá-la. ‘Aqui, à esquerda’, ‘dando a volta desse lado’, ‘defronte’, &c, seguiram-se um após o outro numa sucessão extremamente confusa, e acho que qualquer pessoa com fortes inclinações facilmente poderia ter lido o seu conhecimento em declarações dela. Acontece, porém, que a minha casa tem uma característica peculiar da qual ninguém é suscetível de adivinhar, a saber, dois halls quadrados, um atrás do outro. Quando perguntada qual era o cômodo logo em frente passada a entrada, ela tentou descrever uma sala mobiliada, e falhou completamente em dizer o que corria por todo um lado—de fato, a escada. Ela estava correta em apenas um ponto, a saber, uma ‘caixa em uma reentrância’; existindo, de fato, um velho caixote embaixo da escada, mas, se esse era o tipo de caixa e reentrância que ela quis dizer, o leitor deve decidir por si próprio. O único outro ponto que eu lembro é que ela me disse que um dos meus órgãos internos estava fora de ordem, no que eu tomei a liberdade de discordar dela, ao passo que ela não conseguiu indicar um ferimento acidental no pé, que existiu por algum tempo.

“Depois, ela usou a expressão ‘mas que diabos’, e certamente me pareceu que houve uma hesitação momentânea em falar isso, tal como seria mais natural para uma pessoa com boas maneiras, as quais a Sra. Piper, em seu estado normal, certamente tem, do que as palavras rudes e grosseiras do Dr. Phinuit.

“Ao descrever minha casa eu, em um ponto, tentei levá-la para outra parte além da que com a qual ela estava entretida, quando ela respondeu: ‘Espere um pouco, eu não saí do primeiro aposento ainda’, ou, ‘Espere até eu sair da sala da frente’—expressão que indicava claramente que sua ‘entidade’ estava presente em espírito na minha casa, perto de Londres, enquanto ele alegava falar através dos lábios dela em Cambridge. Como eu nunca ouvi que ‘espíritos’ podiam estar em dois lugares ao mesmo tempo, o incidente parece fatal à hipótese espiritualista

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no caso dela, embora, naturalmente, isso não excluiria clarividência, supondo que a descrição dela das premissas tivesse sido correta, o que, no entanto, não foi.

“A impressão deixada em minha mente depois dessa sessão, pondo de lado o que ouvi das experiências de outros, e sujeito à correção em outros experimentos, é que os poderes da Sra. Piper são do tipo comum de leitura de pensamento, dependendo de sua pega na mão do visitante: e nessa hipótese meu único espanto é que ela não tenha sido mais bem-sucedida”.

O próximo caso que fornecemos é de caráter duvidoso, pois é possivelmente explicável, com algum esforço, sobre a hipótese de adivinhação bem-sucedida. É bem relatado, de modo que o leitor pode julgar se o hipotético registro do suposto método utilizado pelo Dr. Phinuit é ou não correto.

7. Senhorita Alice Johnson. 26 de novembro de 1889, 11 da manhã.

(Das memórias de Senhorita Johnson e das notas de Myers tomadas no momento.) Conheço quatro de sua família—e mais um. A. J.: “É só isso? Não está vendo mais nada?”(Isto em resposta à pergunta dela quanto a

se estava certa. Talvez eu tenha dito, “Houve mais do que quatro”.) Não, não é só isso, mas são todos aqueles que posso ver neste momento. O que digo é

verdade. Há estes, e pode haver outros que irei ver em breve. . . Há quatro irmãs, incluindo você, e quatro irmãos.

[Verdade.] Conheço uma irmã—Eliza (primeiro a chamou de Elise). Eu a vi há um instantinho,

mas ela não me viu. Posso vê-la agora. . . . [Minha irmã, Fanny Eliza, é sempre chamada Fanny, e nunca usa sequer a inicial de seu

segundo nome em sua assinatura, a não ser que seja necessário.] Dois irmãos estão com você—mais perto que os outros. A. J.: “Você quer dizer que eu me preocupo mais com eles?” Não, mas eles estão sempre mais próximos—presentes na forma etérea. [Esses dois, identificados pelas futuras observações sobre eles, são mais próximos a

mim em idade do que os outros dois, mas provavelmente não é isto o que se quer dizer.] O mais velho parece bem distante. [Ele estava em Londres no momento.] Um irmão não está bem—tem tido uma saúde miserável por muito tempo—a maior

parte de sua vida—não prosperando em sua recuperação. (Diversas informações foram dadas aqui. No meio dessa descrição, eu primeiramente disse: “Oh”, de maneira dúbia, pensando no meu irmão caçula a quem a descrição não se aplicaria—gradualmente percebendo a quem ela se referia, eu disse “Sim” várias vezes enquanto ela prosseguia.)

[Acreditei, no momento, que essa fosse uma descrição bastante precisa da saúde do meu segundo irmão, isso é, segundo o meu conhecimento do mesmo. O nosso médico de família, a quem eu mostrei essa parte, diz: “As partes definidas do relatório parecem-me errôneas tanto por excesso quanto por defeito, e os termos usados são irremediavelmente coloquiais, e, portanto, vagos e sem sentido.”]

Todos vocês estão inclinados a serem um pouco mais positivos, vocês têm suas próprias idéias, e as pessoas não conseguem tirá-las de vocês. Acho que é uma boa

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coisa, é melhor que ser trivial e inconstante. Mas às vezes você não segue com o mundo em grande parte por causa disso. . . . (palpando a minha mão e os dedos). O que é que você está escrevendo?

A. J.: “Eu agora não estou escrevendo coisa alguma. Você quer dizer algo que tenha escrito ultimamente? “

Sim. A. J.: “De fato eu escrevo muito.” Sim, eu sei que você escreve. Eu gosto do jeito que você escreve. Isso me interessa.

Você se expressa bem. Você nota coisas. . . . Ed—Ed—Ed. A. J.: “O que é Ed? Acho que não conheço ninguém com um nome como esse.” E—D—R—A; E—D—A; I—D—A. AJ: “Oh, Ida—sim.” (Alguma discussão sobre a forma de pronunciar o nome.) Ida se aproxima bastante de você—tem uma forte influência. Tenho visto a mesma

coisa com outra moça. [Eu não conheço absolutamente qualquer um com o nome de Ida intimamente.] Capto também Lu, Lulie-Loui. É assim que vocês o chamam, não é? Na sua família.

Você escreve Lewis—ele está muito intimamente ligado a você. AJ: “Você quer dizer um dos meus irmãos ou irmãs?” Não, mas muito intimamente ligados. AJ: “Conheço alguém com esse nome—não é um parente próximo.” [Um Sr. Louis Dyer casado com minha prima. O nome se escreve Louis, mas a mulher

dele gosta de pronunciar o “s”. Outras pessoas geralmente não. Eu somente o conheci muito recentemente, e bastante superficialmente.]

(Nesse ponto o Sr. Myers saiu.) Agora vou-te dizer mais sobre sua família. Você tem um irmão John. A. J.: “Não.” [Poderia ela por acaso ter ouvido a alcunha de “Johnnie” da minha irmã mais velha?] Bem, então, James? A. J.: “Não. Nenhum dos meus irmãos tem um nome de batismo como esse.” (Isso foi,

em parte, para ver se ela iria pegar uma dica quanto ao apelido.) Jo, ou Joseph. Eu sei que começa com J. J—E—O—R, J—E—O—R—G—E, GE—

ORGE. (Vários esforços aos quais eu gradualmente concordava.) Eu gosto dele assim como de qualquer um dos outros.

[O nome do meu irmão mais velho é George.] Ele está progredindo como qualquer outro—ou melhor. [Não é incorreto.] É muito

amável. Progride com as pessoas. (Ela o identificou com o irmão mais velho antes mencionado.)

Existe um de vocês—Alice. [Meu nome.] Eu não gosto muito dela. (Ela não identificou essa pessoa comigo.) Ela é muito confiante—muito—como vocês chamam isso? (Acenando com a mão dela de um jeito desprezivo e expressivo, e utilizando um tom muito arrogante para imitar a pessoa referida.)

A. J.: “Convencida?” Sim, essa é exatamente a palavra—muito bem dito. A. J.: “Talvez ela possa melhorar algum dia?” Sim (dubiamente), quando ela tiver tido mais experiência, visto mais da vida.

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Há uma outra, Eliza—Gosto muito mais dela—ela é musical, mais contida que Alice—tem mais juízo—como usualmente têm os músicos, mas ela é bem frívola. [Eliza (Fanny) é muito musical.]

Seu irmão—o que tem má saúde—(pegando o meu joelho). O que é isto? A. J. : “Isto é o meu joelho”. Oh sim, eu sei, mas isto aqui—alguma coisa o está machucando (pegando em toda a

minha perna esquerda, descendo até o pé e finalmente localizando a dor no dedão). Ele tem um ponto ruim aqui que o machuca quando anda—tem tido isso por algum tempo—sangra às vezes.

A. J. : “Eu não sabia isso, mas talvez ele não tenha me contado”. Sim—de qualquer modo é verdadeiro—pergunte-lhe. A. J. : “Em que pé disse que é?” A Sra. Piper (depois de muito cálculo, enquanto me encarava de modo que nossas mãos

direita e esquerda foram trocadas)—passou a mão por toda a minha perna direita, descendo até o pé e finalmente parando sobre o dedão direito) : “Aí—esse é o lugar”.

[Esse irmão sofreu muito com bolhas enquanto andava por Yorkshire em agosto passado. Ele não lembra em que parte dos seus pés elas estavam. Eu sabia na época, estando com ele, que ele estava com bolhas na ocasião; mas depois esqueci completamente. Ele não tinha nenhuma no momento da minha sessão. Meu irmão mais jovem, no entanto, cuja saúde também não está boa, tema uma bem agora no ponto mencionado correspondente à descrição, e dessa eu nunca tinha ouvido falar até depois da sessão.]

A Sra. Piper então começou a falar de mim, e eu a perguntei se ela sabia qual era o meu emprego, ou que matéria eu tinha estudado. Ela disse, “É algum tipo de arte, mas aprendida ou assimilada longe dos livros. É uma espécie de profissão, como a de um doutor—como médico ou advogado.”

A. J. : “Sim, han!” (Dubiamente, em vários pontos.) Você leciona—ah, sim, é isso. [Verdade]. A. J. : “Que matéria ensino?” Não é francês nem alemão. (Ela tinha declarado numa etapa muito inicial na conversa,

por perguntar-me—que eu não podia falar francês e não sabia muito disso). É grego ou latim?

A. J. : “Não” Então o que é? Conte-me. A. J. : “Ciências Naturais”. [Por volta desse instante o Sr. Myers retornou]. Sra. Piper: Seu nome é—Aliza—Lizia, L—I—C—I—A. (Tentou soletrá-lo várias vezes

começando com L—por fim começou com A, comigo observando que ela estava perto, já que me perguntara se não estava certo. Finalmente ela chegou a Alicia, e eu tive de explicar como era meu nome e como pronunciá-lo).

Eu gosto de George—seu irmão—não o doente—ele está melhorando. O outro irmão que tem má saúde—o nome dele é Will—Will—W—I—L—L—I—A—

M. [Verdade. Esse nome saiu gradualmente, sem nenhum erro ou correção. Eu não estou segura de que ela não o tivesse mencionado antes—de qualquer modo pareceu claro a mim que ela manteve a identidade dele distinta em sua mente todo o tempo, e nunca a confundiu com quaisquer das outras, ao passo que eu nem sempre podia saber a qual irmã ela se referia quando falava delas, e imaginei que ela não conseguia distinguir entre elas em sua própria mente].

Há sua irmã, Eliza. Essa senhora (ao Sr. Myers—referindo-se a mim) é

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uma professora, ela leciona algo em forma de arte. É você que conhece Annie—não—Fanny.

A. J.: “Sim, eu conheço uma Fanny”. Sabe de uma senhorita que morreu de consumpção? A. J.: “Bem, acho que posso saber de mais de uma”. Ela tem cabelo loiro, olhos azuis, nariz pontudo. Ela está preocupada agora com a sua

mãe, que ainda está encarnada. [Uma prima minha que tinha cabelo muito claro e olhos azuis morreu de consumpção

há uns poucos anos; mas sua mãe tinha morrido antes dela]. Você teve uma tia que morreu de câncer? A. J. : “Não que eu saiba, mas talvez eu não tenha tido conhecimento”. É o que eu chamo câncer. A. J. : “Era parente de minha mãe—a irmã dela?” Não, uma parenta de seu pai. [A madrasta do meu pai morreu de câncer]. A sorte vai estar do seu lado ano que vem—um grande avanço em sua profissão—sua

posição. Você teve algumas coisas difíceis acontecendo a você no ano passado—mas vai se dar melhor. Receberá mais.

A. J. : “Você quer dizer que eu receberei mais dinheiro, ou meramente que estarei melhor de uma forma geral?”

Receberá de forma pecuniária. Dou isso a você como uma prova. . . . Você costumava viver num lugarzinho antigo, no interior.

A. J. : “Eu não acho que alguma vez tenha vivido”. Oh sim, você esqueceu. Eu vejo o lugar. Vejo a influência do seu pai em volta. Ele

saberá a respeito disso. É um velho lugarzinho no campo. [Eu sempre vivi em Cambridge, onde nasci; mas a família do meu pai veio de um

pequeno povoado do país para Cambridge, onde ele também nasceu]. Há uma influência espiritual em você agora, tendo um grande efeito em você, e terá

mais. . . . Sua mãe está desencarnada [verdade], mas seu pai ainda é encarnado, e vejo sua influência espiritual—como a influência da Sra. Myers (explicando que ela quis dizer a mãe do Sr. Myers).

Seu pai é um tipo de homem sonhador—ele frequentemente não vê as coisas—porque está mergulhado nos próprios pensamentos. Ele não percebe—ele é—(pausando para uma palavra).

A. J.: “Distraído?” Sim—é isso—distraído. [Isso não é muito correto]. . . . Ah (sentindo sua bochecha e mandíbula), há um tipo de entorpecimento aqui. O que

é isso? Ele está paralisado? A. J.: “Não—oh não—ele não está paralisado”. (Então ela começou a tocar meu rosto e

sob o meu queixo, finalmente chegando ao ângulo entre o queixo e garganta). Esse é o local. Há uma condição peculiar aqui. A. J.: “Você quer dizer na garganta, ou mais ainda para cima na boca?” Aqui (tocando-me bem no topo da garganta). Não bem na garganta,—na base da língua.

(Ela vacilou um pouco na localização exata da parte afetada). Há algo curioso nele no topo de sua garganta—quando ele fala incomoda a garganta—na base

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da língua. Às vezes, quando ele vai dizer uma coisa, não consegue—depois, ele pode conversar como qualquer um novamente. A fala parece ser cortada durante um instante—ele gagueja um pouco (ela limpou a sua garganta para ilustrar como ele fazia). Às vezes isso o incomoda muito—depois ele não fica incomodado absolutamente.

[Essa descrição pareceu a mim, e a todos da minha família (incluindo meu pai) para quem repeti, ser notavelmente boa e exata].

(Durante a descrição da garganta do meu pai, eu a princípio respondi, “Oh,” numa maneira dúbia, pensando em algo mais sugerido a mim por suas primeiras palavras e gestos. Então eu vi que isso não se encaixava, e pensei em outra coisa, a qual ela realmente descrevia. Eu provavelmente concordei com a sua descrição em vários pontos).

Seu irmão, o inválido, é melindroso com sua deficiência. Ela então tocou a minha cabeça e passou sua mão pelos meus olhos. Ela podia sentir

meus óculos—observando, “Você não deve forçar seus olhos demais. Terá dores de cabeça se ler demais! [Os meus olhos estão bastante fracos, mas não ficam cansados facilmente pela leitura]. Eu gosto da sua irmã Eliza mais que quaisquer das outras meninas. Há outra que é dada a música, e outra—a quem você chama Nellie—ou Ellen”. [Minha irmã mais velha, Lucy, é bastante dada a música].

A. J.: Não. Bem, então, Nettie ou Kettie. A. J.: “Não, não exatamente”. [Minha segunda irmã se chama Harriet, mas é sempre chamada de Hatty]. Bem, eu não posso dizer qual é o nome dela—ela não é nem Eliza—nem a que gosta de

música. Ela usa uma escova. (Afagando a minha mão como se com uma pequena escova macia).

A. J.: “Escova?” (Dubiamente—pensando em uma escova de cabelo.) Sim—ela pinta—[verdade]—um pincel50—posso ver as pinturas muito claramente. Ela

prosperará muito nisso, se der continuidade. De qualquer modo, ela prosperará, o que quer que ela faça. Ela terá uma vida fácil. Nenhum mal acontecerá a ela. William terá uma queda logo. Ele ficará muito machucado.

Janet (nome soletrado e repetido várias vezes), a amiga muito íntima da sua irmã (aparentemente se referindo à última irmã mencionada), tem grande influência. . . . F—R—E, Janet. (“Fre” eu entendo como uma tentativa de começar a soletrar amigo).51 Ela não está ciente de quão grande a influência dela é.

[Temos uma prima com esse nome, que é muito mais jovem que minha irmã. Minha irmã também tem uma amiga íntima, chamada Lucy, que sempre é chamada de Janet por alguns de seus amigos, mas não por minha irmã].

Quais de suas irmãs foram para uma festa na outra noite? A. J. : “Duas delas foram”. Elas irão outra vez logo. Vejo-as indo—elas têm o convite agora—está muito perto para

elas. Em tudo acima há muito pouco—embora certamente existam alguns pontos—na

descrição das características de vários membros da minha família, que eu colocaria como errado; a despeito da generalidade da maior parte dos termos utilizados, vi-os—até onde vão—como sendo especialmente bem aplicáveis no todo. Isso não está devidamente representado nas partes da conversa que gravei, porque eu não consigo lembrar as palavras suficientemente, mas tive a impressão de que a médium tinha noções mais concretas e

mais precisas das características do que fui capaz de reproduzir naquilo que me lembro de suas palavras.

50 Em inglês, escova é brush, e pincel é paint-brush. Daí a confusão. (N.T.) 51 Friend. (N.T.)

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Essa sessão está detalhadamente relatada, e é uma das mais bem-sucedidas. Está, no entanto, até certo ponto, aberta à suspeita de adivinhação sistemática. Eu, portanto, proponho a seguinte hipótese quanto ao processo que Phinuit pode ter empregado; embora eu não consiga evitar sentir que as hipóteses apresentadas são, em muitos casos, bastante violentas. Devo, no entanto, dizer que a sugestão de uma suposta ligação com a Sra. A. e a Sra. B. não é tão gratuita como poderia parecer; está baseada na utilização de um nome que teve que ser mudado em seus relatórios.

A primeira tentativa se refere à quantidade de membros da família; um número médio, quatro, é usado, adicionando-se “além de mais um” caso quatro seja muito pouco. Se, por outro lado, o número é grande demais, o fulano em excesso será explicado como se referindo a um “parente no espírito”. Mas o assistente fornece algumas indicações de que existem mais de quatro; o próximo palpite está certo.

“Quatro irmãs” possivelmente sugere que a assistente possa ter alguma ligação com a Sra. A e a Sra. B. que participaram recentemente das sessões. Afirmou-se, corretamente, que essas senhoras tinham dois irmãos; o que não quer dizer que elas não tivessem outros. Portanto, “dois irmãos estão perto de você sempre”, mas o irmão mais velho “parece muito longe,” porque ele ainda não tinha entrado em cena, isso se ele existiu. A teoria, no entanto, logo é descoberta errada, e abandonada. A alusão à irmã Elise ou Eliza, “Eu a vi há pouco, mas ela não me viu,” também é vaga a ponto de significar muitas coisas; pois talvez fosse explicado se a irmã já tinha participado da sessão ou não. Se ela tivesse participado, a explicação naturalmente seria, “Eu estava no espírito”.

Então vamos ao nome favorito para a pesca: “Ed”. Esse não é reconhecido em quaisquer de suas formas, e portanto é mudado para Ida, um nome que, como Phinuit descobrira, era familiar a vários dos seus assistentes. Nesse caso, no entanto, é malsucedido. Então usa outro nome de pesca, Loo. Esse é parcialmente reconhecido. Dois nomes muito comuns, John e James, são tentados em vão, mas provavelmente com indicação suficiente da parte do assistente para encorajar Phinuit a efetuar uma transição arrojada para George; por fim, correto.

O joelho, como de costume, é selecionado como um local para queixas por razões fornecidas anteriormente. É evidente que, aqui, indicações dadas pelo assistente podem ter levado à localização correta do sofrimento do irmão no pé.

O ensino como sendo a ocupação do assistente só é adivinhado corretamente depois de três fracassos; provavelmente em Cambridge. O nome é conseguido como os outros, a partir um começo vago. “Aliza” levaria igualmente, com a extensão que Phinuit permite a si mesmo, a Elizabeth ou Louisa. “William” está correto, mas é o nome de homem mais comum, e provavelmente poderia, se desejado, ser alterado para Walter, ou transformado em um dos sobrenomes comuns, Williams, Wilson, &c. “Você conhece Annie ou

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Fannie” é, outra vez, uma suposição que provavelmente prosperaria com a grande maioria das pessoas.

Tendo uma resposta parcialmente favorável, o Dr. Phinuit começa a explorar o tema “câncer”, mas com sucesso duvidoso. A “senhora que morreu com consumpção” é outro tipo de pergunta direcionadora óbvia, mas a descrição dada, embora bastante geral, não é reconhecida no momento, assim o assunto é discretamente abandonado. A suposição sobre a casa no interior está errada, mas “mãe desencarnada e pai encarnado” está correta, porém já foi apontado que as chances contra isso são, no máximo, três para um.

A descrição do pai da personagem não é de todo correta. Em seguida, vem o apalpar da bochecha e mandíbula; “há aqui uma espécie de torpor, o que é?” A descrição seguinte, lentamente elaborada, foi possivelmente guiada por dicas inconscientes.

Passando pelas conclusões óbvias tiradas dos óculos e da provável suposição que de quatro irmãs, pelo menos uma seria música na família, e outra pintora, chegamos a “Nellie ou Ellen”. Isso poderia, obviamente, ser Helen ou Eleanor, mas, na falta desses, põe-se no lugar Nettie ou Kettie (Kate, Catherine). Janet seria, naturalmente, transformada em Jane caso fosse necessário.

Mas mesmo essa hipótese não permite ver muitos fatos colaterais que parecem ultrapassar as possibilidades do acaso. Por exemplo, embora o número de membros da família estivesse correto na segunda tentativa, ainda não é, como na primeira tentativa, um mero número, mas possui o correto e adicional detalhe de “quatro irmãs e quatro irmãos”. O fato de um palpite anterior ter sido feito não reduz ,de forma alguma, a uma quantia negligenciável, as chances contra a exatidão de uma adivinhação como essa.

Além do mais, se a leitura muscular foi utilizada, ela levou à leitura do inconsciente, não do consciente, acredito. Pois a Srta. Johnson não sabia, no momento da sessão, que o pai de sua madrasta tinha morrido de câncer, e estava, de fato, pensando em uma tia cuja morte ela imaginava—erroneamente, como se veio a verificar—que tivesse sido por essa causa. Portanto, no que diz respeito ao problema do irmão no pé, esse foi um relato bastante incorreto das bolhas que tinham incomodado um irmão, alguns meses antes—o que Senhorita Johnson tinha no momento esquecido—ou um relato correto do estado de outro irmão sobre o qual ela ainda não tinha ouvido. Considerando que a leitura muscular, de maneira ordinária, depende inteiramente da concentração do assistente sobre um determinado pensamento, é sem dúvida forçoso assumir isso como uma explicação quando a atenção está certamente dirigida a outros locais.

Mesmo na visão mais desfavorável, portanto, parece necessário assumir mais do que acaso e habilidade a fim de explicar essa sessão.

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RELATÓRIO DO PROFESSOR E SRA. SIDGWICK. ___________________

Como a Sra. Piper permaneceu em nossa casa quase uma semana, talvez seja apropriado que façamos um curto relatório em separado, embora tenhamos pouco a adicionar ao que foi dito pelo Sr. Leaf.

Em primeiro lugar nós devemos registrar nossa crença total na honestidade Sra. Piper; uma crença que só foi confirmada à medida que nossa relação com ela tornava-se mais próxima.

Tivemos nove sessões com ela, quatro em casa do Sr. Myers e cinco em nossa própria, e organizamos e tomamos notas de cinco outras. Em três dessas os assistentes, a saber, a Sra. Verrall, a Sra. B., e a Senhorita Alice Johnson, foram selecionados como tendo sido antes mais ou menos bem-sucedidos; e em dois deles, os assistentes, o Sr. Gale e o Sr. Konstamm, eram estranhos, apresentados anônima e inesperadamente, e de um modo que garantiu que a informação não poderia, ainda que com a melhor das intenções, ter sido levantada de antemão sobre eles. O Sr. Konstamm era um estranho a nós e nunca tinha estado na casa antes.

Nossa contribuição à investigação pode ser dividida em três tópicos. (1) Tentativas de conseguir do Dr. Phinuit fatos específicos por nós conhecidos e por

pessoas mortas com algumas as quais ele professou estar em comunicação. Isso foi, em nosso caso, um fracasso completo, a menos que incluamos sob esse assunto as tentativas do Dr. Phinuit em dar os nomes dos tios do Sr. Sidgwick, que foram especialmente encorajados por várias sessões. Aqui o êxito atingido nos parece digno de menção, embora por si mesmo não excluindo decisivamente a mera possibilidade. Seis de sete desses nomes foram finalmente dados de forma correta, e corretamente divididos entre os dois lados da família. Mas o único nome incomum foi omitido, e cinco nomes errados foram tentados antes de ter-se chegado ao resultado final.

(2) Tentativas de conseguir descrições do que certas pessoas faziam no momento, a pessoa em questão às vezes (em sete ocasiões) ocupando-se especialmente com vistas à experiência, e às vezes (em três ocasiões) meramente estando empenhadas em suas atividades costumeiras, mas em todo caso sendo a Sra. Piper ignorante da natureza exata da ocupação. Algumas ideias do resultado dessas experiências podem ser reunidas dos resumos das sessões. Para examinar o grau exato de êxito que lhas revestiu levar-se-ia mais espaço do que valeria a pena o resultado. Nós meramente diremos que, embora inconclusivas, pensamos que elas não foram de todo infrutíferas, e que se mais oportunidade fosse oferecida, valeria a pena perseguir mais essa linha de investigação.

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Com essas experiências pode ser agrupada uma modificação delas com o intuito, tanto quanto possível, de ser mais fácil, a saber, tentativas de responder a pergunta, “quanto dedos fulano está levantando?”. A pessoa em questão estando no recinto atrás de uma tela. O Dr. Phinuit habituou-se a essa forma de experiência e insistia, às vezes, em tentá-la quando os assistentes talvez preferissem outra coisa]. Seu êxito, no entanto, não foi muito assustador, embora talvez além do que o acaso produziria. Pareceu, também, confirmar a visão que seu êxito em outras coisas era supernormal; já que, até onde o pequeno número de tentativas nos permite julgar, ele prosperou nisso com assistentes com quem ele já prosperara de outras formas. A tabela a seguir fornece um resumo desses resultados:—

Número de Tentativas

Assistentes Correto na primeira tentativa

Correto na segunda tentativa

Duvidoso Errado Total

Sra. Verrall 2 1 3

Sra. B. 2 1 1 2 6

Senhorita A. Johnson 3 7 10

Sr. Sidgwick 1 1 1 3

Sra. Sidgwick 1 1 5 7

Total 9 3 2 15 29

Número de Tentativas

Número de dedos levantados

Correto na primeira tentativa

Correto na segunda tentativa

Duvidoso Errado Número de vezes levantado

10 1 1

9,8,7 0

6 1 1

5 2 5 7

4 2 1 1 4

3 2 2 4

2 3 2 1 6

1 1 4 5

0 1 1

Total 9 3 2 15 29

O Dr. Phinuit geralmente especificava os dedos, mas ficava frequentemente confuso

quanto a que mão pertenciam. Ignorando a diferença entre as duas mãos, suas suposições quanto a quais dedos estavam levantados, quando ele tinha mais ou menos certeza quanto ao número, foram corretas ou erradas como se segue:—

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Número de Tentativas

Assistentes Correto na primeira tentativa

Correto na segunda tentativa

Duvidoso Parcialmente errado

Total

Sra. Verrall 352 3

Sra. B. 253 1 1 4

Senhorita A. Johnson 2 1 3

Sr. Sidgwick 1 1 2

Sra. Sidgwick 1 1 2

Total 6 3 4 1 14

(3) Sob o terceiro assunto nós pomos toda a informação oferecida pelo Dr. Phinuit. Há

pouco sob esse tópico a adicionar ao que o Sr. Leaf disse no seu resumo dos relatórios das sessões. O Dr. Phinuit claramente tomou-nos como marido e esposa e mais tarde deu nosso nome, embora, cremos, nenhuma pista quanto à nossa identidade tivesse sido dada, e tínhamos sido apresentados na casa do Sr. Myers separada e anonimamente, e não havíamos sido vistos juntos. Ele também, como será visto dos resumos das sessões, fez algumas declarações notavelmente corretas sobre nós e sobre pessoas ligadas a nós, mas foram tão misturadas com o que era falso ou vago que é impossível dar-lhes muito valor probatório. Seu grau de êxito foi, decididamente, muito maior com o Sr. Gale e com o Sr. Konstamm, especialmente o primeiro, e estamos dispostos a dar alguma importância a essas sessões.

Concluindo, podemos dizer que, enquanto a experiência em si não prova a alegação do Dr. Phinuit de conhecimento adquirido de forma supernormal, nos parece apoiar até certo ponto essa alegação, o que, pelos relatórios de outros, acreditamos ser justificada.

P.S.—Pela SRA. SIDGWICK. Em minha própria avaliação, gostaria de acrescentar um ou dois comentários ao nosso

relatório conjunto, impresso anteriormente. Eu estava presente, ou como assistente, ou como registradora—às vezes como ambos—em todas, exceto uma, das sessões em nossa própria casa, e tive, portanto, algumas oportunidades de observar a diferença entre as maneiras de Phinuit nas boas e nas más. Eu caracterizaria todas aquelas em que eu própria fui assistente como ruins; comparativamente, pouco conhecimento dos meus assuntos foi mostrado, e a maneira de Phinuit foi correspondentemente hesitante e incerta, e suas comunicações cheias de suposições vagas e pesca. O efeito tanto sobre

52 Um desses foi duvidoso e os outros não suficientemente especificados em nossas notas, mas acredito

que todos estavam certos. 53 Um desses foram todos os 10 dedos: então o número estando correto não poderia haver nenhuma

dúvida mais.

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si mesmo quanto sobre mim foi cansativo e deprimente, e é, julgo eu, bastante provável que essa depressão tenha afetado sua “lucidez”, impossibilitando seu êxito. Em uma boa sessão essas adivinhações e a “pescaria”, por vezes, pareciam bastante ausentes. A sessão que mais vivamente me impressionou dessa forma foi a de No. 64, a do Sr. H. Gale (da qual o Sr. Leaf deu um relato abreviado, p. 642), e isso apesar de uma ou duas coisas ditas para o Sr. Konstamm serem talvez mais marcantes. A sessão do Sr. Gale, como muitas outras, tornou-se mais vaga e incoerente em relação ao final, mas durante toda a primeira parte Phinuit lhe dava a impressão de realmente saber o que estava falando. Ele descreveu o pai e a mãe do Sr. Gale como se ele os tivesse diante dele; em uma penumbra, talvez, ou melhor, muito longe, de modo que ele não poderia percebê-los com absoluta nitidez, mas ainda assim como se ele estivesse tentando descrever o que ele via, de forma alguma tentando adivinhar. Eu mesma era totalmente ignorante dos fatos, e minha impressão é de que esse foi tanto o jeito de Phinuit quanto o do Sr. Gale que me fizeram sentir no momento que um relato verdadeiro estava sendo dado.

Outro ponto de algum interesse é a questão da importância dos relatórios integrais das sessões. Tem sido dito muitas vezes que só por relatórios de taquigrafia que os pontos fracos das sessões podem ser demonstrados plenamente. Não há dúvida de que relatórios completos são preciosos nesse sentido, mas penso que eles às vezes apresentam pontos fortes assim como fracos. Senti, enquanto escrevia tão rápido quanto podia (sem abreviação) para o Sr. Gale, que textualmente um relatório teria de apresentar muitos detalhes que eu era forçada a omitir ou a eles não fazer a devida justiça.

Por outro lado, o valor evidencial de um relatório de taquigrafia pode facilmente ser superestimado. Quando muito pode depender da forma, gesto, e tom de voz, tanto em Phinuit quanto no assistente, o mais satisfatório dos relatórios de taquigrafia não pode ser perfeito.

RELATÓRIO DO PROFESSOR C. RICHET.

A Sra. P. constitui, por assim dizer, a transição entre os médiuns espíritas videntes que

encontramos na América, e os sonâmbulos que conhecemos na França. Ela não adormece no processo de passes magnéticos, entrando em transe,

espontaneamente, por assim dizer. O processo ainda não é muito espontâneo, porque ela precisa, para entrar em transe,

segurar a mão de alguém. Então, aperta-a durante alguns minutos, ficando silenciosa. Ao fim de cinco ou quinze minutos, é tomada por pequenas convulsões espasmódicas, que se vão acentuando,

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terminando por pequena crise epileptiforme, muito moderada. Ao sair dessa crise, cai em estado de estupor, com respiração um tanto estertorosa, que dura cerca de dois minutos; depois, de repente, sai desse entorpecimento com um clamor. A sua voz mudou; já não é mais a Sra. Piper quem está presente, mas outro personagem, o Dr. Phinuit, que fala com voz grave, com sotaque em que há uma mistura de língua de negro, de francês e de dialeto americano!

Trata-se de saber se o Dr. Phinuit apresenta realmente fenômenos de lucidez, e se os nomes de diversas personagens, vistos ou ouvidos ao redor do observador, se aplicam à realidade.

Convém notar que, na maioria das experiências, o observador não solta a mão da Sra. P. Confira agora o resultado de minhas observações, do ponto de vista desse estado de

lucidez. O primeiro nome que ela me deu foi o nome de Mary Anne, mas ela não o deu em

resposta a uma questão vinda de minha parte. Acontece que o nome de Mary Anne esteve envolvido em um episódio da minha juventude que iria tomar muito tempo para relatar aqui, mas que era, em qualquer caso, absolutamente desconhecido de todas as pessoas de Cambridge.

Eu lhe pedi alguns detalhes sobre Marie Anne; ela só me disse coisas erradas, salvo o fato, que é exato, de que ela residia perto do prédio da escola.

A Sra. P. não sabia, ao que parece, meu nome; mas eu admito como bem possível que ela o conseguiu, seja das pessoas da casa, ao lhe pronunciarem inadvertidamente, seja do que ela adivinhou a partir da minha nacionalidade. (Ela freqüentou durante dois anos o Sr. William James e o Sr. Hodgson, e leu os Proceedings de la Societe Américaine de Recherches Psychiques). Ela me disse que eu me chamava Charles, e que eu exercia medicina. Então eu lhe falei de meu avô: ela me disse que ele se chamava Charles como eu, o que é exato, apesar de que eu lhe tinha dito que ele era o pai de minha mãe. Ela acrescentou que ele se chamava Richhet, e soletrou cada letra sem ser ajudada por mim e de modo espontâneo. Mas eu não posso vincular a estes fatos uma importância primordial, pois é bem possível que ela soubesse—inconscientemente—meu nome.

Então eu lhe pedi alguns detalhes sobre meu avô. Ela nada pôde dizer, ou no mínimo cometeu erros até muito grosseiros e numerosos; assegurando-me que ele era soldado—químico—médico—que eu morava na casa dele—que ele tinha um cachorro; todos fatos inexatos. Eu lhe disse que ele tinha traduzido para o francês um autor americano. Foi-lhe impossível dizer qual. Ela disse: Henry James, Hawthorne, etc., sem poder dizer Franklin.

Como ela falou sobre cães, eu lhe perguntei sobre um cachorrinho que

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eu tinha e que morreu. Ela me disse, sem hesitar, Pick. Ora, esse fato é bem importante, e é, a meu ver, seu melhor resultado; pois meu cachorro se chamava Dick; e é preciso admitir que ela absolutamente não sabia seu nome, desconhecido tanto em Cambridge quanto em Boston.

Seguiram-se outras perguntas sobre o número de filhos, com absoluto insucesso. Ela disse sucessivamente 4—3—2—5—1, sem poder dizer o número exato, muito menos os nomes.

No dia seguinte, pensei em perguntar o nome de uma pessoa de minha família, morta há muito tempo, e cujo nome foi dado a mim nas primeiras experiências de espiritismo que fiz. Eu conversei com M. Myers no decorrer do dia, sem que ele desse o nome dessa pessoa, absolutamente desconhecida para ele e toda a gente. Além disso, penso eu, mentalmente, seria interessante pedir mais pormenores sobre o meu avô, especialmente o apelido de minha avó, mas não disse nada a ninguém.

Ora, no decorrer da experiência de segunda-feira, dando a mão a Srta. X., ela disse o nome de Louise, que não se aplicava inteiramente a Srta. X., e que é precisamente o nome que eu buscava. Disse, em outra ocasião, o nome de Renoi, que não se aplicava a nada relativo a Srta. X, mas são as primeiras letras do nome do meu avô, nome que ela não conhecia. (Este nome foi impresso, no entanto, nos Proceedings of the Society for Psychical Research). É verdade que nem o nome de Louise nem o de Renoi foram atribuídos pela Sra. Piper a mim ou a alguma pessoa da minha família; o que foi de enorme valor à sua significação, porque ao dizê-los [os nomes], a Sra. Piper não se endereçava a mim, mas à Srta. X.

Dirigindo-se a mim, a Sra. Piper disse: “eu te falarei de Adéla”. Ora, Adéla é o nome de minha avó. É verdade que a Sra. Piper não pôde me dizer quais eram as minhas conexões de família com Adéla.

Para completar, eu devo mencionar um fato curioso. Ela me disse: “Você tem pílulas no seu bolso”, e tocando-as com o dedo, apalpando-as e examinando-as—sem as ingerir—ela diz ousadamente e sem hesitar: “é de quinino”; o que é exato. A experiência teria sido bem mais interessante se fosse outra coisa menos comum que a quinino. (Compare “cinchona”, p. 510.—W.L).

Em suma, para resumir esses fatos, não há em minhas experiências com a Sra. Piper um só fato incontestável de lucidez: pois eu só dou valor absoluto a respostas feitas a uma pergunta. É o nome de Pick para Dick, quando certamente eu nada podia lhe indicar. Ou é o acaso ou então a lucidez; não pode ser outra coisa.

Quanto à boa-fé (consciente), ela é absolutamente certa e, para todo observador habituado a ver os sonâmbulos, o estado da Sra. Piper é exatamente o mesmo que os estados dos sonâmbulos no sono magnético, com transformações na personalidade.

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APÊNDICE.

LISTA COMPLETA DE SESSÕES REALIZADAS COM A SRA. PIPER QUANDO NA INGLATERRA.

_____________________

1, 2, 3. Com o Sr. F. W. H. Myers

Essas sessões foram feitas para ganhar familiaridade com os fenômenos, e não foram tomadas notas completas. Várias declarações corretas foram feitas sobre os membros de família do Sr. Myers: que ele tinha um pai desencarnado e uma mãe desencarnada; que tinha dois irmãos, Ernest e Arthur, mas nenhuma irmã; que seu pai se chamava Frederic e tinha sido um clérigo; que sua esposa tinha um pai, chamado Charles, desencarnado, e um irmão, Charles, encarnado, e duas irmãs, Ella (nome real Elsie) e Lollie (nome real Dolly); que sua mãe tinha uma irmã Mary, ou Marianne, e um irmão John. Nenhuma dessas declarações pode ser considerada de valor evidencial, já que elas provavelmente poderiam ter sido “levantadas” mesmo na América.

4. 24 de Novembro. Com a “Sra. A.” Ver relatório detalhado na p. 581.

5. 25 de Novembro. Com a Sra. Verrall. Ver relatório detalhado na p. 584. 6. 25 de Novembro. Com a “Sra. B.”

A “Sra. B.” é irmã da “Sra. A.,” e vários fatos sobre a família declarados a esta e repetidos àquela são omitidos. Os nomes de batismo dados foram mudados por razões explicadas na p. 581.

A “Sra. B.,” ao adentrar o recinto enquanto a médium, a quem ela não tinha visto antes, estava num estado de transe, imediatamente foi chamada por seu nome.

Essa é Jennie. Estou tão alegre em vê-la. Sim, gosto de você, você é uma pessoa adorável. Isabel disse-lhe todas as coisas que eu narrei para ela ontem sobre seus irmãos e irmãs e seu pai e mãe?

Sra. B: “Sim, falou-me muitos delas. Mas como você sabe que ela e eu temos alguma conexão?”

Dr. P.: Senti a mesma influência; e, além do mais, seu pai me contou. Ele me falou de você, Alice Jane (e aqui pronunciou o segundo nome).

Fatos sobre a família foram repetidos. Então, cortando repentinamente: Mas você não tem estado muito doente ultimamente? Sra. B.: “Sim, tenho”. Mais repetição de nomes da família; a médium foi outra vez incapaz de dar o nome da

irmã que tinha permanecido sem nome na sessão da Sra. A. O Dr. P. pergunta, “L, Loo, você sabe o que eu quero dizer? Não há ninguém com esse nome?”

Sra. B.: “Não” (mas vide sessão seguinte). Dr. P.: Silencioso outra vez. Então, “A—D—E, A—D—A, Ada; você não conhece o

nome?” Sra. B.: “Sim, mas não é o nome da minha irmã. Tenho uma grande amiga com esse

nome. Pode contar-me algo sobre ela?”

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Dr. P.: Sim, ela é uma pessoa notável. Teve um monte de problemas em sua vida que ela certamente não mereceu. Mas acho que há melhores tempos reservados a ela. (Isso, embora bastante vago, é correto até onde sei).

Sra. B.: “Você pode dizer-me algo sobre meu lar e vizinhança?” Em resposta a essa pergunta, descrições foram dadas de vários lugares e objetos,

nenhuma das quais era correta, exceto pela existência de um prédio largo próximo à residência da Sra. B, um tipo de escola.

Dr. P. (Depois de uma pausa): Diga-me quem é Sarah que vive em sua casa? Sra. B.: “É a arrumadeira.” Dr. P.: É uma boa menina, mas tem maneiras engraçadas. Mexe-se muito. Deixou cair

algo há alguns dias. (Sra. B. observa: “Naquele momento eu achei que isso não era verdadeiro, mas depois

me lembrei de que Sarah tinha vindo a mim quando de meu retorno de Londres há alguns dias, dizendo que enquanto eu estava fora ela tinha quebrado um copo roxo que compunha um jogo que não é usado frequentemente”.)

O Dr. P. então forneceu um relato muito incorreto do caráter do “Sr. B.”, mas disse corretamente, “Ele ensina alguma coisa—o que você denomina um professor, suponho; e passa tempo demais sobre seu livros e fica exausto com o trabalho às vezes. . . . Diga-me quem é Matilda”. A Sra. B. diz: “Durante um instante eu não pude pensar em qualquer pessoa com esse nome, e ele muito impacientemente me fez a pergunta outra vez”. “Ela estava com você há alguns dias. É a mãe do seu marido—diz-se sua sogra, acho”.

O Dr. P. então deu um descrição da senhora em questão, que a Sra. B. considerou correta, mas que dificilmente poderia ser citada como evidencial.

A Sra. B. perguntou se o Dr. P. sabia algo sobre um amigo dela no estrangeiro. O Dr. P. perguntou: Um homem ou uma mulher? A Sra. B. respondeu: “Uma mulher”. O Dr. P. disse: Ela está melhor do que estava, e acho que vai ficar bem. Essa resposta não foi satisfatória para a Sra. B. Os pontos notáveis sobre essa sessão são o reconhecimento imediato da assistente antes

de ela sequer ter falado, de modo que mesmo o tom de voz não poderia ter sido nenhum guia; e a descrição da sogra da Sra. B. pelo nome. Aqui claramente nenhuma pista poderia ter sido dada da parte da Sra. B, já que ela não reconheceu a pessoa falada até que foi dito que era sua sogra. As outras declarações feitas talvez pudessem ser explicadas ou por pesca ou por um conhecimento leve da fofoca local. A pergunta sobre Sarah evidentemente deve ter sido do primeiro tipo; uma vez sabido que ela era a criada, era bastante seguro dizer que ela recentemente tinha deixado cair algo.

7. 26 de Novembro. Com a Srta. Alice Johnson. Ver p. 608.

8. 26 de Novembro. Com a Sra. H. Sidgwick. A Sra. Sidgwick foi introduzida anonimamente. As notas foram registradas de suas

memórias imediatamente depois da sessão, Sr.

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Myers tendo sido retirado da sala. A seguir, as declarações corretas feitas:— Que a assistente tinha um pai, mãe, e irmão no mundo dos espíritos; que o irmão tinha

lá chegado após a mãe; que a Sra. S. tinha duas irmãs, ambas vivas; que seu marido estudava muito; que o pai dele estava no mundo espiritual; que ela e seu marido eram ambos ansiosos por aprender a verdade; e que o irmão morto tinha, quando vivo, procurado ansiosamente por fatos.

“Essas várias declarações dispersas pela sessão foram, acredito, as únicas verdadeiras feitas absolutamente sem pesca.

“O Dr. Phinuit não me concedeu nenhum irmão a princípio, exceto aquele no mundo espiritual, mas finalmente mencionou “Arthur” (correto), após tentar encaixar esse nome naquele no outro mundo. Disse-lhe antes do fim da sessão que eu tinha três irmãos vivos. Ele disse que o nome do meu marido era Henry com bem pouca hesitação prévia, embora em um momento ele, como tentativa, sugeriu que Henry fosse um Conde; e o elogiou bastante. Postulou que eu não tinha crianças, mas só depois que tentar induzir-me a possuir um jovem muito esperto como meu filho. Falhando nisso, ele identificou o jovem esperto como uma pessoa de nome Smith e um pupilo de meu marido. (Não pôde ser identificado). Ele corretamente deu William como o nome do pai do meu marido, e Charles como o nome de um tio morto, e Robert como o nome de um tio vivo meu, mas isso foi somente depois de experimentar se esses nomes serviriam para outros parentes. Fez uma previsão sobre meu tio. (Não ainda realizada, nem provável que seja). Disse que minha mãe tinha morrido de esgotamento geral de vários órgãos, em particular o coração. Isso estava absolutamente exato, embora bastante indefinido. Considerei muito bom. Deu a cor de minha mãe errada, no entanto, cabelo castanho ficou cinzento, mas cabelo castanho é uma boa descrição de mim própria. Disse que eu tinha cuidado de meu irmão quando da doença dele. Mais tarde na sessão eu perguntei do que ele tinha morrido, ou como morreu, esqueci qual; ele falou corretamente de um acidente, de uma queda, que machucara a sua cabeça. Mas seguiu falando dos cuidados com ele depois do acidente, o que estava errado. Disse que ele era empenhado nos estudos e tinha sido interrompido no meio de um trabalho, o que é verdadeiro. Falou de um Abbie, ou Addie, Adelaide, e alegrou-se quando admiti que tinha uma tia com esse nome. Disse que ela tinha deixado uma criança, o que era verdadeiro. (Ela morreu quando a criança, agora crescida, nasceu. Fui eu, não Phinuit, quem identificou Adelaide como uma tia).

“Vários nomes foram mencionados e mesmo enfaticamente, os quais eu não posso ligar absolutamente a ninguém. Tentou descrever minha casa, mas até onde entendi estava tudo errado, exceto por uma pessoa de cabelo escuro, dita muito fiel, e comprometida a escovar, que poderia encaixar na descrição da empregada. Ele estava muito ansioso para que reconhecesse uma mulher a quem ele chamou de modo variado, Alison, Ellison, Harrison, e que morreu de alguma moléstia na garganta e brônquios, e que era ligada com uma Louisa. Tenho uma prima chamada Louisa, mas isso não fornece qualquer pista. Não obstante, ele insistiu para que eu me lembrasse dessa pessoa, tentando reconhecê-la. Também me disse, como teste, que meu irmão Arthur encontrava-se preocupado—problemas de negócios—uma pessoa desleal chamada George—mas tudo ficaria bem. Essa “prova” é muito imprópria em relação a meu irmão,

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Arthur Balfour. Qualquer ‘levantamento’ sobre mim e minha família levaria a conhecimento mais exato a respeito dele”.

É evidente que tantas declarações vagas, misturadas com tantas que estão erradas, não podem ter nenhum valor evidencial. O único interesse da sessão reside no fato que aí claramente não houve um “levantamento” da família da Sra. Sidgwick, ou, em todos os acontecimentos, se algo tinha sido levantado, não era aplicava a ela.

9. 27 de Novembro. Professor G. H. Darwin, F.B.S.

Ao chegar à casa do Sr. Myers, vi a médium por cerca de meio minuto na sala de visitas, e fui apresentado como Sr. Smith.

A primeira parte da sessão foi dedicada a minhas doenças. Foi, certamente, um diagnóstico sagaz, mas, penso, não foi mais que o que um médico pudesse se aventurar a falar após me inspecionar quando sabia que seria recompensado por um diagnóstico correto e não execrado por um errôneo. Fui dito como estudioso, pensador; esta é uma conjectura segura numa cidade universitária, onde o observador é corroborado pela observação.

A segunda metade da sessão foi dedicada aos meus amigos. Apesar de oito a dez nomes de pessoas terem sido fornecidos, nenhum foi correto. Meu pai foi referido por três nomes de batismo diferentes, todos incorretos. Disse que eu tinha duas crianças (correto), e depois de alternar os sexos várias vezes, eles foram dados corretos. Nessa ocasião, eu deveria corrigir a médium quando ela errava.

10. 27 de Novembro. Sra. Verrall. Segunda sessão. Ver p. 586. 11. 28 de Novembro. Sr. F. W. H. Myers. Quarta sessão.

Nessa sessão, o nome “William Shedgwick” foi dado. Ao Sr. Myers foi dito “para se lembrar disso e contar a esse cavalheiro”. O Sr. E. foi declarado estar presente. “Você conhece alguém chamado Lyttelton? Seu pai está aqui; e quer mandar lembranças a seu filho”. Perguntado se ele—Sr. E.—alguma vez se comunicou por qualquer outra pessoa, escreve “X, Senhorita X.” (Com uma letra do nome errada. Tinha sido dado com o mesmo erro na América).

Aqui, nada há que possa ser chamado evidencial. A declaração de que o Sr. E. tinha se comunicado pela Senhorita X. já tinha sido dada na América.

12. 29 de Novembro. Sra. B. Segunda sessão. Relatório da Sra. B.

Estou alegre em vê-la, Jennie. Gosto muito de você. Você é Alice Jane. Seu nome é Jane, mas te chamam de Jennie. Você receberá um presente em breve. Virá num pacote, e haverá algo vermelho sobre ele.

Sra. B.: “Você descobriu algo mais sobre. . . desde que eu te vi?” Aqui o Dr. Phinuit contou-me alguns notáveis e inconfundíveis fatos sobre um amigo

no estrangeiro que são bastante desconhecidos a qualquer um aqui, e que são muito íntimos para registrar. Eles me foram fornecidos como eu acreditava que seriam, mas agora descobri que minha crença estava errada em um detalhe.

Sra. B.: “Você se lembra de mencionar o nome Loo, o outro dia? O que você sabe de Loo?” (Depois da última sessão eu me lembrei de um amigo que era comumente conhecido pelo nome de Lew).

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O Dr. Phinuit pensou durante um momento. “Você quer dizer um homem ou uma mulher?” Então ele rapidamente continuou, “naturalmente você quer dizer um homem; L—E—W—I—S.” (O nome foi soletrado ponderadamente sem qualquer hesitação; estava correto). “Ele não estava muito bem; esteve com um péssimo resfriado. Ele tem muitas preocupações; tem preocupações mentais ao lado de preocupações domésticas e financeiras. Aqui o Dr. Phinuit perguntou-me, “Quem é Nib, ou Neb?” mas eu não pude localizar o nome. Desde então, pensei que provavelmente fosse uma tentativa de Ned, que é o nome do irmão de Lewis. O Dr. Phinuit também fez tentativas para descobrir o nome da minha irmã, o qual ele não conseguiu receber na última vez. Fez vários esforços, que pareciam ser uma confusão entre os dois nomes dela, mas deu corretamente a primeira letra do nome solicitado. Ele, outra vez, referiu-se ao irmão com o braço ruim, e prosseguiu, “Você se lembra que eu falei a última vez sobre Ada. Seu marido está muito doente”. O local e natureza da sua doença foram indicados com aproximada exatidão, e seu sobrenome foi soletrado bem ponderadamente.

Sra. B.: “Você sabe que o que minha irmã Isabel faz nesse momento, ou onde está?” O Dr. Phinuit disse algo sobre ela estar com suas irmãs, mas, evidentemente, não sabia

em absoluto. Sra. B.: “O Sr. sabe quem eu fui visitar a caminho daqui hoje de manhã?” Dr. P.: Sim, um homem; é um homem notável. Tem um nariz proeminente, cabelo

escuro e barba, e que chapéu ou quepe engraçado ele usa! Os arredores dele são mais confortáveis; posso ver a poltrona perto do fogo e quadros ao redor, e olha fora num pátio, um local de aparência muito velha. Ele não gagueja nem fala de um jeito engraçado? Você conheceu o Sr. E.? Ele manda lembranças e um beijo para sua irmã Ellen, que está encarnada. Rosamund e Eliza estão desencarnadas. [Nomes corretos].

Sra. B.: “Você pode me dizer o que meu marido está fazendo agora?” Dr. P.: Sim, ele está sentado numa escrivaninha em um quarto que lembra uma

biblioteca, com um livro grande e papéis em volta dele. Essa sessão contém dois notáveis pedaços de evidência, os quais parecem bem além da

suspeita de terem sido levantados; primeiro, a declaração sobre o amigo no estrangeiro, que a Sra. B. está confiante de que não poderia ter sido conhecida por qualquer um no povoado exceto ela própria; e, segundo, a descrição de seu amigo que ela tinha sido chamada a visitar a caminho da casa do Sr. Myers. A descrição do Sr. —— dificilmente poderia se aplicar a qualquer outro amigo, e é característica de alguns pontos que surpreenderiam um estranho, mas não é correto dizer que gagueja, embora sua maneira de falar seja notavelmente ponderada. A única hipótese para explicar isso em qualquer base exceto transferência de pensamento é que a Sra. Piper tivesse obtido descrições exatas de todos os amigos da Sra. B. em Cambridge, e acidentalmente prosperado em adivinhar quem ela tinha visitado alguns minutos antes.

A transferência de pensamento é suficiente para explicar tudo o que foi dito, e é fortemente sugerida pelo erro em detalhe nos fatos sobre o amigo distante, que coincidiu com a própria crença da Sra. B.

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13. 29 de Novembro. Sr. Oscar Browning. Essa foi uma sessão curta, o Sr. Browning seguindo a “Sra. B.” O transe acabou depois

de uns pouquíssimos minutos. O Sr. Browning dá o seguinte relatório: O Dr. Phinuit contou-me que eu era um bom homem, que eu fumava demais, e

descreveu um chapéu de fumante54 que eu habitualmente uso. Disse que havia um espírito muito ligado a mim chamado Mariana—o nome da minha mãe; que ela usava um broche camafeu com uma cabeça, o que é bastante verdadeiro, e que ela queria saber onde o broche estava. Falou também de dois outros espíritos, William e Arthur, irmãos mais velhos que estão mortos, os últimos dois que morreram, e os dois únicos que eu conhecia bem. Ele também disse que o nome do meu avô era Thomas, o que é, acredito, verdade para ambos meus avôs, e que o nome de sua esposa era Sarah. Eu não sei se isso é verdade ou não. (O Sr. Browning subseqüentemente descobriu que isso não era verdade para sua avó, mas que a esposa de seu tio, também um Thomas, chamava-se Sarah).

Ele também disse que eu estava sobrecarregado de trabalho, e que não devo trabalhar tanto, o que é provavelmente verdadeiro. Disse também que eu tinha passado por muitos problemas, o que é verdadeiro, mas que isso agora estava próximo de se resolver. Também falou sobre um tio George, mas não muito claramente. Perguntei onde meus sobrinhos estão, os filhos de Arthur. Disse que um estava na Austrália e um na Filadélfia, mas eu não sei se isso é verdadeiro. (Sr. Browning subsequentemente descobriu que um de fato estava na Filadélfia na época; sabia-se que ele estava na América. O outro, acreditava-se estar na Índia, mas pode ter ido à Austrália; isso ainda não foi determinado). Ele também falou de minha irmã, e a descreveu de uma forma que é absolutamente verdadeira. Ao mesmo tempo, não é a primeira coisa que teria ocorrido a mim dizer sobre ela, mas provavelmente teria sido a primeira coisa que minha mãe teria dito.

Embora muitas das matérias declaradas por Phinuit indubitavelmente fossem conhecidas por mim, elas não estavam todas na minha mente no momento. Depois da entrevista eu tive a forte impressão de que as comunicações vieram de minha mãe, que tinha morrido aproximadamente seis meses antes, embora Phinuit de forma alguma procurasse passar essa impressão.

Nessa sessão parece ter havido clara transferência de pensamento. Pareceria que dificilmente algo definitivamente errado foi dito; e Sr. Browning diz que ele mal falou, de modo que nenhum auxílio pudesse ser dado pelo assistente. A pergunta mais interessante permanece : há evidência de mais do que transferência de pensamento? Isso depende, em grande parte, de ser enfim descoberto se o sobrinho do Sr. Browning, supostamente na Índia, estava realmente na Austrália. O fato de que um estava na Filadélfia, embora isso não fosse sabido pelo assistente, é de menor peso. O nome da cidade pode não ser mais que uma suposição arrojada, correta por um acaso; e é até certo ponto descontado quando descobrimos que em uma das sessões de Liverpool uma pessoa foi erroneamente apontada como estando na Filadélfia, numa rua que se descobriu inexistente. Isso tende a provar que Filadélfia é um nome usado por Phinuit para propósitos de pesca. Além do mais, o Sr. Browning desde então me informou que há alguns meses sua mãe tinha recebido uma

54 Do inglês “smoking cap”, um chapéu vitoriano usado pelos cavalheiros para que os odores de fumaça

não penetrassem nos cabelos.

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carta do sobrinho na Filadélfia e que a leu para ele, mas sem informá-lo de onde foi escrita.

14. 29 de Novembro. Professor G. H. Darwin, segunda sessão. O relatório a seguir é dado

pelo assistente:— A médium falou de minha irmã, e ela própria se corrigiu para cunhada, dando o nome

correto, e de meu irmão, não fornecendo o nome, que estava muito doente. A doença, embora erroneamente especificada, estava mais ou menos na região correta. Um espírito chamado D—A—R—W—I—N (soletrado, não pronunciado) enviou uma mensagem. Foi-me dito que eu tinha duas crianças (correto), ambas meninos (errado), e que eram de bom temperamento (correto). Houve outra informação vaga sobre eles que não vale a pena registrar. Meu pai estava morto (informação derivada da sessão anterior), minha mãe viva, o que eu acredito também fosse sabido da mesma maneira; certas doenças de minha mãe foram nomeadas (totalmente erradas). Sobre Minha esposa foi dito ter uma dor no lado esquerdo, que a médium localizou corretamente, e que ela [minha esposa] acreditava que era devido a seu coração, mas a médium disse que surgiu do baço. No dia anterior minha esposa tinha se queixado de alguma dor no lado esquerdo, a localização pela médium errou por seis polegadas, e minha esposa sabia que isso não era devido ao coração nem ao baço; nesse dia ela não teve nenhuma dor. Foi dito que minha esposa tinha tido um abcesso (errado). Sobre meu menino mais velho (uma menina) foi dito sofrer de garganta relaxada, mas o lugar da doença era a glote. Ela estava com a garganta levemente inflamada no dia anterior, mas acho que já estava quase ou bastante recuperada nesse dia. Ela realmente tem uma leve tendência para gaguejar.

Quase toda declaração feita poderia ter sido dada se a médium pudesse ter descoberto meu nome e alguns fragmentos da conversa em Cambridge entre a primeira e a segunda sessões. As únicas coisas que parecem a mim mesmo absolutamente notáveis são as declarações sobre minhas esposa e criança, que, como se verá, contém muitos erros. Na segunda sessão, foi acordado que eu não deveria corrigir a médium quando errada, e isso parece-me muito preferível ao plano adotado na primeira, quando ela era corrigida. Permaneço totalmente descrente, seja de quaisquer poderes notáveis, ou de transferência de pensamento.

15. 29 de Novembro. Professor Henry Sidgwich.

O assistente, que foi, como os outros, apresentado anonimamente, foi, de imediato, aparentemente considerado como o marido da senhora da Sessão 8, e foi dito que ele não tinha nenhuma criança; que seu pai era William e estava desencarnado; que era doutor de leis, isso é, doutor de “estudo”, não de medicina. Tudo isso estava correto. Foi então contado que sua esposa sentava-se numa grande cadeira, falando com outra senhora, e usando algo na cabeça. Isso estava certo até aí; Sra. Sidgwick, naquele momento, estava sentada como descrito, com um lenço azul na cabeça, colocado a propósito da experiência, e conversando com a Senhorita Alice Johnson. Foi, no entanto, erroneamente declarado que ela estava em um quarto “no seu apartamento, do lado direito de quem entra,” e que a senhora com ela usava um toucado. Depois foi corretamente dito que ele tinha dois irmãos, o mais velho William, e que seu próprio nome era Henry. Um “claramente correto” relato do seu irmão William foi fornecido. Mas tudo isso foi misturado com uma porção tão grande de inverdades não verificáveis ou declarações confusas, que quase privou inteiramente a sessão de valor evidencial.

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16. 30 de Novembro. Professor O. Lodge. Ver seu detalhado relatório, p. 465. 17. 1º de Dezembro. Dr. A. T. Myers.

As doenças do assistente foram bem corretamente descritas, e alguns remédios fora de uso foram recomendados para elas. Foi dito que ele tinha estado na escola em “Chelter “(Cheltenham?). Nomes foram dados como pertencentes a seus amigos, mas não foram reconhecidos em nenhum caso. A sessão não tem valor como evidência.

18. 1º de Dezembro. Sr. A. Hierl-Deronco.

O Sr. Deronco é um cavalheiro alemão que residiu por algum tempo em Cambridge, e era bem conhecido pelo Sr. Myers.

Ao assistente foi contado que ele tinha um amigo encarnado chamado Edward (errado). Perguntado se ele conheceu Williams? Não. “Esse anel tem a influência da sua mãe: você o possui há bastante tempo. (Correto). Tem havido uma pequena dificuldade aqui, perto do coração; seu irmão tem tido isso. (Correto). Outro anel, uma influência mais nova; você não tem esse há muito tempo”. (Correto). Então ele foi informado sobre sua mãe. “Ela está encarnada; tem dores de cabeça. (Correto). Ela está deitada, não na cama, não muito longe, na casa de outra pessoa”. Em inquérito, Sr. Deronco descobriu que sua mãe estava naquele momento deitada num sofá, mas na própria casa, e bem longe, na Alemanha. Depois se seguiram várias declarações confusas e aparentemente erradas. Então: “Seu irmão tinha problemas com uma tosse, e num exame detalhado descobriram que o nervo do coração estava fraco. Ele tem tido uma pequena dificuldade gástrica. É um homem esperto, um cérebro bom, escreve bastante”. Tudo isso o Sr. Deronco diz estar certo. “Seu irmão é mais velho e mais alto que você. Um tipo diferente de homem”. (Correto). O nome Anna foi dado e reconhecido. “Um espírito chamado Mariana Browning manda um beijo a seu filho George”. (Ver Sessão Número 12. A Sra. Browning teve um irmão George, mas nenhum filho com esse nome). O irmão do Sr. Deronco foi descrito como “entrando num edifício grande onde há muitos livros; um lugar parecido com um escritório, com uma escrivaninha nele e materiais escritos. Um sujeito negro, chamado John, com ele, que é desonesto”. Isso estava tudo errado. Então, depois de muita hesitação, a médium disse que o irmão do Sr. Deronco pintava um quadro. Perguntado: “Há muitas figuras?” o Dr. Phinuit disse: “Vejo uma cabeça; é um rosto de perfil. Descobriu-se, depois de inquérito na Alemanha, que o irmão do Sr. Deronco “estava pintando naquele momento, e que o quadro era realmente um retrato de Manfred, uma única figura en profil”. O Dr. Phinuit também fez algumas declarações quanto ao passado do Sr. Deronco, que eram verdadeiras, mas que não são para publicação. Também foi dito corretamente que ele tinha um primo Max e outro Albert. No começo da sessão foi-lhe dito ser “um tipo francês”. No fim ele disse: “Você não é francês, mas alemão”.

As declarações nessa sessão foram, em sua maioria, corretas; se tomadas isoladamente, talvez pudessem admitir a suposição de êxito casual.

19. Professor A. MacAlister, F.R.S. 2 de Dezembro. Ver p. 603.

20. Sra. H. Sidgwick. Segunda sessão. 3 de Dezembro. A Sra. Sidgwick agora foi claramente identificada como a esposa do assistente

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da Sessão Número 15. “Eu a vi pela médium, eu a vi conversando com outra senhora”. (Ver Sessão 15.) Frank agora foi claramente identificado como um irmão. “Quem é Hellener?” pode ter sido uma tentativa de chegar ao nome de batismo da Sra. Sidgwick, Eleanor, mas parece, suspeita-se, com uma pergunta de pesca. Uma senhora amiga com dor de dentes não foi identificada. Vários nomes não reconhecidos foram dados. A mãe da sra. Sidgwick e a casa dela foram rapidamente descritas, mas de forma errada. Frank, Arthur, Charles, e Edward foram dados como os nomes de seus irmãos; os dois primeiro eram corretos, e Charles é o segundo nome de outro irmão morto, mas não o nome pelo qual ele sempre foi chamado. O sobrenome do seu marido foi dado como “Hedgwick, Hedgestone”.

21. Sr. T. Barkworth. 3 de Dezembro. Ver p. 606. 22. Professor H. Sidgwick. Segunda sessão. 4 de Dezembro.

As declarações feitas nessa sessão parecem ter sido totalmente erradas, exceto as que foram repetições do que previamente tinha sido dito ou ao Professor ou à Sra. Sidgwick.

23. Professor C. Richet. 6 de Dezembro. Ver seu relatório especial, p. 618.

24. Senhorita X. 7 de Dezembro. A Senhorita X. foi apresentada, disfarçada, à médium no estado de transe,

imediatamente depois de sua chegada na casa do Sr. Myers. Ela foi reconhecida imediatamente, e nomeada. “Você é uma médium; você escreve quando você não quer. Você possui a influência do Sr. E. sobre você. Essa é a Senhorita X. sobre a qual falei a vocês”. Ela subsequentemente foi referida por seu nome de batismo, um de som semelhante sendo usado pela primeira vez, mas corrigido imediatamente.

Uma grande parte das declarações feitas nessa e nas sessões seguintes estavam bastante corretas, mas em quase todos os casos são de uma natureza tão privada e pessoal que é impossível publicá-los. Somente fragmentos, portanto, podem ser dados, omitindo-se os nomes certos. Mas essas sessões foram talvez as mais bem-sucedidas e convincentes da série inteira.

“Você conhece aquele cavalheiro de aparência militar com o casaco grande e os botões engraçados no forro do colarinho. É alguém muito perto de você no espírito”. Isso é uma descrição correta, até onde vai, de uma relação próxima.

“Howells fala; ele me diz que ele conhece os Martins, seus amigos; eles conhecem um de meus livros.” Esses nomes não foram reconhecidos.

“Você vê flores às vezes?” (Perguntou, “Qual é minha flor favorita? Há um espírito que saberia”.) “Amores-perfeitos”. Não, rosas cor-de-rosa. “Você as tem sobre você, tanto espiritual como fisicamente”. A Senhorita X. ganha num certo dia em cada mês um presente de delicadas rosas cor-de-rosa . Ela frequentemente tem visões alucinatórias com flores.

“Há uma senhora velha desencarnada usando uma touca que é afeiçoada a você—sua avó. É a mãe da mãe da esposa do clérigo. (Incorreto). Ela usa um colarinho de cordão e um broche grande, olhos azul-cinzentos, o cabelo escuro

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se tornou cinzento, com uma fita preta correndo por ele; nariz bastante proeminente, e queixo pontiagudo; chamada Anne”. Essa é uma descrição correta de uma amiga da Senhorita X., a quem ela tinha o hábito de chamar de Vovó.

Em duas ocasiões o Dr. Phinuit desejou que testemunhas deixassem o local, um pedido bem justificado pela muito natureza pessoal e privada dos fatos que ele bem corretamente comunicou. Misturadas com esses fatos estavam os seguintes, que Senhorita X. supre de suas próprias notas, feitas em cada ocasião dentro de duas ou três horas. O Dr. Phinuit descreveu um encontro em que Senhorita X. era a hóspede, a posição dela na sala, a aparência da companhia dela, incluindo uma marcante peculiaridade pessoal, e sua causa, dando o nome de batismo do mesmo amigo e o assunto da conversa deles, e as circunstâncias do retorno ao lar da Senhorita X.—tudo com absoluta exatidão, exceto quanto ao tempo, pois foi dito ter sido na “noite passada”, ao passo que havia sido na noite anterior.

25. Senhorita X. Segunda sessão. 8 de Dezembro.

O professor Charles Richet e Walter Leaf estavam também presentes; o último só por alguns minutos no começo. Ele imediatamente foi chamado Walter quando o transe veio, mas o valor evidencial disso é diminuído pelo fato de que o Sr. Myers tinha acidentalmente usado seu sobrenome na presença da médium antes do transe. Foi adicionado, “Walter tem um braço duro”, que pode ser uma referência ao fato dele ter sofrido de câimbra do escritor; mas isso não foi aludido nas sessões subsequentes.

À Senhorita X. foi contado que a irmã da sua mãe se chamava Sarah e que estava encarnada, mas isso foi corrigido para “desencarnada” depois de uma pergunta. Os nomes de batismo de seus irmãos foram dados como G____, A____, W____, A____, B____, corretamente, todos exceto B sendo muito comuns; mas no caso de A e B só na segunda tentativa, John e Walter primeiro tendo sido dados em vez disso. W____ era o nome do irmão que tinha morrido na infância, e quem Senhorita X. nunca tinha conhecido. Senhorita X. a princípio negou que o nome estivesse correto, tendo-o normalmente chamado por seu segundo nome H____, mas depois se lembrou de que W_____ era correto. A ela foi ainda dito corretamente que A____ era um artista, e B____ o mais bonito da família. Um medalhão que ela mostrou foi declarado como tendo sido dado por um amigo cujos nome e sobrenome muito raros foram obtidos corretamente, o primeiro depois de hesitação mas nenhum tiro falso, o outro na segunda tentativa. Dois nomes sobre os quais o Professor Richet tinha estado pensando foram dados sem qualquer conexão. Eram “Louise” e “Adele”. (Ver seu relatório).

26. Senhorita X. Terceira sessão. 9 de Dezembro.

As experiências tentadas foram de leitura de envelopes fechados, mas sem êxito. A pergunta feita, “Qual era o nome do espírito que se comunicou com Richet na primeira sessão que ele assistiu?” e a resposta incorreta “Marianne” foi dada.

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A Sra. Piper deixou Cambridge e veio a Londres, onde as sessões seguintes, até a de No. 35, aconteceram nos alojamentos dela, No. 27, Rua Montagu, W.C.

27. Sr. F. 11 de Dezembro.

O Sr. F., um membro do Conselho da Sociedade para Pesquisa Psíquica, deseja que seu nome seja mantido privado. Depois de descrever os fenômenos do transe, ele continua:—

A personificação, a quem me referirei como “o doutor”, alegou ser um espírito morto, e professou ver confusamente meus amigos, anunciando corretamente as pessoas da família do meu pai, e quase corretamente minha própria. Ele pareceu estar tentando, por suposições e perguntas, tanto extrair como dar informação. Muitas das suas declarações eram totalmente, e algumas parcialmente, incorretas, mas algumas delas eram tão inexplicavelmente corretas que são dignas de registro. Parece impossível que fossem meras suposições.

O doutor disse que tive um tio chamado William, mas eu não pude recordar ninguém de uma geração mais velha com esse nome, e disse isso. Ele respondeu que ele tinha certeza disso, e pediu que eu refletisse sobre o assunto cuidadosamente. Depois que alguma divagação, ele voltou ao assunto, repetindo que estava definitivamente certo, e que o retrato de meu tio William estava logo à esquerda de quem entra na minha sala, e que era uma pintura de alta qualidade. Eu então, pela primeira vez, lembrei-me de que tive um tio-avô com esse nome que eu nunca tinha visto, e cujo retrato ficava pendurado no dito local. Ninguém além da minha família, e, de fato, nem todos os membros dela, sabiam o nome dele, que mal era mencionado em nossas conversas domésticas. O médico disse que ele era um homem bom e capaz. Os fatos são que sua distinção principal tinha sido na sua associação íntima com Wilberforce e Clarkson na agitação para a abolição do comércio de escravos.

O doutor declarou que meu pai era surdo da orelha esquerda. Ele era surdo de uma orelha, que eu acredito ter sido à esquerda. Por si só, isso talvez pareça uma mera suposição.

Ele declarou que eu tinha perdido uma criança, de seis ou sete anos de idade, de escarlatina. Isso é verdadeiro, exceto quanto à idade, 10 anos. Ele também disse que eu tinha perdido uma criança na infância, o que é verdade para uma criança de cinco anos.

Ele disse que eu tinha perdido um parente próximo, chamado Mary, por câncer, o que era verdade para minha cunhada; mas adicionou o nome Caroline, que estava incorreto.

Disse que meu filho tinha um amigo íntimo chamado Harold, o que era verdadeiro, mas adicionou que o pai dele o observava do mundo espiritual. Seu pai está vivo.

Disse que eu próprio achava que iria morrer de doença de coração, mas que eu tinha um coração excelente, e em bom estado até que eu alcançasse cem anos, e que quaisquer que fossem os sintomas, eles viriam do baço, e não significavam nenhum perigo. Os fatos são que há cerca de oito anos vários médicos tinham-me dito que eu não tinha muito tempo de vida por causa da debilidade do meu coração; mas isso se mostrou ser um erro completo, já que consigo subir ladeiras longas e íngremes sem inconveniência.

Disse que meu irmão mais jovem sofreu de uma diarréia debilitante,

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que enfraquecia seu sangue, e que ele ficava exaurido. Isso é corretíssimo. Se fosse para eu supor que o doutor era um indivíduo, ou personalidade, eu diria que ele

era uma pessoa grosseira, astuta, esforçando-se, com declarações iniciais, prováveis na história de qualquer um em meu tempo de vida, em fazer suposições bem-sucedidas, e extrair informações de mim. Percebi que quando corrigia qualquer declaração, ele passava a outras coisas, e depois de um tempo fazia a declaração de acordo com a minha correção. Mas não dei nenhum indício para as descrições notáveis que estavam corretas.

Mas depois de reconhecer tudo isso, e de considerar todos os numerosos erros, algumas declarações de alguém que até algumas horas antes era um perfeito estranho do outro lado do Atlântico, não conhecido a um único membro da minha família, e nunca a um visitante em minha casa, foram tão notáveis que me convenceram da ação de um poder real e sutil que está além de minha capacidade de explicação, mas o qual atribuo à transferência de pensamento.

Nessa sessão os pontos mais notáveis são: a localização exata do retrato do tio, como um meio de trazê-lo à memória do assistente; e as declarações singularmente exatas sobre sua doença passada.

28. Sr. F. Segunda sessão. 12 de Dezembro. A Sra. Piper entrou outra vez hoje na condição mais singular de parecer ser controlada

pelo “médico” francês. Ela corretamente contou que minha mãe tinha morrido enquanto eu estava além de grande quantidade de água. Eu estava na Suíça na época e minha mãe na América, o ano sendo 1874. O doutor discorreu sobre um Thomas ligado à família do meu pai, e sobre uma Mary dada a beber. Um jardineiro escocês chamado Thomas foi um membro muito proeminente da casa do meu pai por quase trinta anos, e sua esposa Mary era destemperada. Descreveu meu irmão mais velho como vivendo entre, e escrevendo, livros, e disse enfaticamente, “Seu irmão mais velho, não o mais jovem”. Meu irmão mais velho era um bibliotecário, e passou sua vida entre livros, e também escreveu alguns trabalhos.

Mas as descrições de meu tio William antes referido, bem como de sua ocupação, estavam quase totalmente erradas; alegou-se que ele teria sido um oficial militar que tratava de homens feridos, ao passo que ele era um filantropo Quaker. O desempenho foi completamente insatisfatório, e dei meu lugar a Senhorita C.

A coisa toda, as convulsões no começo e fim, a voz grosseira, áspera, palavras familiares e um tanto profanas usadas na conversa, o esforço evidente de safar-se quando um erro tinha sido feito, e a profanação de memórias sagradas por declarações inúteis, sem significado, e principalmente falsas ou somente meias-verdades, tudo deixou um sentido profundo de angústia em minha mente, e uma relutância, salvo por obrigação, em participar de tal empreitada outra vez. Mas sou totalmente incapaz de conceber como as declarações foram, por vezes, tão estranhamente verdadeiras, exceto pelo processo de transferência mental inconsciente, e isso, tenho que reconhecer, falha em explicar todos os fatos.

29. Senhorita Gertrude G. Primeira sessão. 12 de Dezembro.

Esta sessão foi uma continuação da sessão do Sr. F. As anotações foram feitas pelo Dr. Myers. As Srtas. Gertrude e Emily C. são irmãs da Sra. A.

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e da Sra. B. Os seus verdadeiros nomes não são fornecidos pelas razões citadas no relatório sobre a sessão com a Sra. A. Apenas um esboço das sessões foi publicado, já que as declarações realmente evidenciais foram de caráter tão confidencial que não podiam ser conhecidas. A Senhorita C. foi introduzida como “Senhorita Jones”.

A sessão começou com uma repetição de várias coisas que já tinham sido contadas às Sras. A. e B. O marido da Sra. B. foi mencionado pelo seu nome de batismo e sobrenome, mas a costumeira descrição errada do seu caráter foi dada. A “Gertrude” foi mencionada pelo nome, mas a princípio não foi identificada como sendo a assistente. O Dr. Phinuit prometeu dar o nome do marido da Sra. A., mas nunca o fez. Uma descrição pessoal de um amigo foi dada, e estava correta, mas não tinha nenhum valor evidencial, já que o amigo em questão era um velho conhecido da médium. Foi dito que ele tinha um irmão chamado William, o que estava errado; e uma prima jovem no mundo espiritual, mas nenhuma descrição que permitisse a identificação da mesma foi fornecida. Vários nomes que a assistente não pôde associar a ninguém foram mencionados.

30. Sr. Walter Leaf. 12 de Dezembro.

Phinuit fez várias declarações sobre a minha família, algumas corretas, mas a maioria errada. Ele disse que a minha mãe tinha duas irmãs, o que foi corrigido para “na sua família há duas irmãs que são mães; a sua mãe é uma, e a irmã dela é a outra”. Dito desta maneira está correto. Ele erroneamente disse que a minha tia vivia longe de nós, e que tinha algum problema no estômago; mas acertou que ela sofria da garganta. Em seguida ele relatou de forma satisfatória o caráter dela: “ela já tem a cabeça feita. Não é obstinada, mas é teimosa em seus atos; ela tem a opinião formada e você não pode fazer nada para mudá-la, isso é típico de solteirona. Ela é muito generosa e gosta de fazer o bem”. Mas ele errou quando disse que o irmão da minha mãe havia morrido há muito tempo.

Ele também errou ao dizer que eu tinha dois irmãos. Disse que um deles sofria de enxaquecas. Eu neguei na época, mas depois descobri que era verdade. E disse que o outro havia morrido há muito tempo. Esta informação está completamente errada; eu nunca tive um segundo irmão. Ele acertou ao dizer que eu não tinha nenhuma irmã e que havia um William, cuja influência estava à minha volta. Isto é verdade, já que tive um avô, um tio, e dois primos com esse nome. Numa sessão posterior ele disse que William era o meu pai, o que não é verdade.

Uma mensagem que seria de Edmund Gurney foi mencionada: “há duas cartas, uma sobre um compromisso e uma sobre uma promessa”. Perguntei, “Que tipo de promessa?” “É uma promessa sobre trabalho e estudos. A carta está numa pequena gaveta na escrivaninha; procure e leia”. Foi então que eu lembrei que havia guardado uma carta escrita por Edmund Gurney há muitos anos, anunciando o seu noivado. Eu sabia que esta carta estava numa certa gaveta da minha escrivaninha. Ao olhar, eu descobri que havia, de fato, duas cartas, ambas sobre o mesmo assunto, uma das quais eu havia esquecido. Nenhuma delas falava de trabalho ou estudos.

Vários nomes foram dados como sendo os de amigos meus, mas eu não reconheci nenhum deles. O Dr. Myers abandonou o local, e várias declarações sobre os meus assuntos pessoais foram feitas, algumas bastante erradas. Outras estavam corretas, mas eu não as considero como sendo de uma natu-

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reza evidencial, já que elas talvez tenham sido obtidas através de outros assistentes da Sra. Piper. Nada do que foi dito na sessão pode ser considerado como sendo relevante, já que adivinhar que eu teria mantido as duas cartas de Edmund Gurney não passa de um palpite certeiro.

31. Srta. Gertrude C. Segunda sessão. 13 de Dezembro.

O Dr. Phinuit começou anunciando que ele tinha visto o pai da Senhorita C. mais uma vez, e disse que ele nascera na Irlanda. Ao ser questionado sobre onde na Irlanda ele havia nascido, ele disse, depois de muita hesitação e confusão: “Na região norte, próximo a D—O—U—B—L—I—N”. Ele estava errado; o pai da Senhorita C. nasceu em Cork. Duas das irmãs foram descritas corretamente até certo ponto. “Então há outra; ela gosta de música”. Esta deve ser uma referencia à assistente. “A. é uma amiga daquela que toca; ela pinta e toca um pouco”. A Senhorita Gertrude C. tem uma amiga chamada A. que toca um pouco, mas não pinta.

O irmão mais velho, ao qual o Dr. Phinuit se referia pelo primeiro nome Timothy, passou a ser chamado pelo segundo nome Frank, pelo qual ele era conhecido na família. O nome de batismo da terceira irmã também foi dado pela primeira vez, com a observação, “é um nome esquisito”.

Uma tentativa de fazer com que o Dr. Phinuit lesse o conteúdo de um envelope fechado, no qual havia um pedaço de papel com as palavras “Iliad,” “La France,” escritas pelo Dr. Myers mas desconhecido pela Senhorita C, foi um verdadeiro fracasso. Foi dito que havia um tufo do cabelo de Frank dentro do envelope.

“E há uma Mary no espírito; Mary—algum nome com X; M—U—L—L—E—R. (A Senhorita C. forneceu a palavra Max). Ela tinha o cabelo castanho escuro e vocês eram muito próximas. Vocês iam para a escola juntas. Ela fala de você”. Esta informação está correta.

Senhorita C.: “Você conhece o Freddy?” “Sim, tentei falar-lhe sobre ele antes, mas eu não consegui obter o nome dele. F—R—

E—D—E—R—I—C—K é o nome. Você o chama de Freddy. Ele gostava muito de você, ele pensa em você. Sabe o pai dele? Morreu depois de Freddy”. É verdade que o referido amigo morreu antes do pai.

“Mary Max Müller me pediu para perguntar a Gertrude se ela se lembra de quando ela ia à escola com ela. Ela se lembra de você e diz que você era muito inteligente. Ela morreu de tuberculose; tossia muito; ela está tentando voltar e falar com você. Ela virá”. A senhora em questão morreu vítima de uma doença no coração e não de tuberculose.

A sessão terminou com um relato muito mordaz mas verdadeiro e característico de uma tia, expressado com muito humor.

Sobre as declarações confidenciais proferidas nesta e na sessão anterior, a Senhorita Gertrude C. escreve:—

Quando o Dr. Phinuit pediu que o Dr. Myers deixasse o local, na primeira sessão, era

para me falar sobre uma amiga cujas relações conjugais eram bastante complicadas. O Dr. Phinuit não relatou os fatos de forma precisa, mas acertou na descrição de alguns deles. Na ocasião eu pensei muito nessa minha amiga e o Dr. Phinuit disse algumas coisas sobre o caráter dela, mas nada extraordinário. Ele não citou o nome dela, nem sequer tentou.

As coisas que ele disse a meu respeito eram fatos que não

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seriam passíveis de serem adivinhados, e ele mencionou alguns nomes sem ter nenhuma razão para associá-los a mim. Os fatos que ele mencionou foram bastante notáveis, e até onde eu sei não eram conhecidos por ninguém além de mim. Ele mencionou fatos muito específicos e verdadeiros, que não poderiam se referir a ninguém exceto uma pessoa.

32. Sr. H. D. Rolleston, M. B. 13 de Dezembro.

O Sr. Rolleston foi apresentado como Sr. Johnson. Algumas declarações corretas foram feitas sobre ele, dentre as muitas que estavam erradas. As declarações corretas foram:—

Que a família dele era formada por sete pessoas; que F. C. era um bom amigo, equilibrado, confiável e sensato. (Isto está perfeitamente correto; o nome de batismo e o sobrenome citados estavam corretos, embora seja preciso destacar que ambos são bastante comuns); que um amigo viajou para a Europa por sofrer de dores de garganta e dores no peito. (Um irmão dele tinha viajado alguns dias antes para o sul da Europa com tosse e um pouco de bronquite, mas principalmente devido a problemas cardíacos após sofrer de reumatismo). Ele acertou ao dizer que um dos irmãos se chamava Willie. Algumas declarações imprecisas estavam mais ou menos corretas, mas não eram importantes. O único ponto de interesse é a menção de F. C. Apesar dos nomes não serem incomuns, as chances de eles serem corretamente combinados em referencia a um assistente ocasional são muito pequenas. A senhora em questão não tinha qualquer tipo de ligação com nenhum outro assistente e o seu nome não foi mencionado pelo Dr. Phinuit nem antes nem depois. Ela não vivia em Londres, e é quase impossível supor que o fato tivesse sido levantado.

33. Senhorita Emily G. Primeira sessão. 14 de Dezembro.

A Senhorita C. foi apresentada como Sra. Robinson. As anotações foram feitas pelo Dr. Myers.

A Senhorita C. foi imediatamente reconhecida pelo seu nome de batismo, e lhe foi dito que ela estivera polindo algo brilhante. Naquela manhã a Senhorita C. estivera polindo alguns slides fotográficos, um trabalho que estava lhe dando muitos problemas e muito trabalho. O Dr. Phinuit mencionou o nome de batismo de um amigo que a Senhorita C. reconheceu e contou alguns detalhes que eram parcialmente verdadeiros. Ele então mencionou todos os irmãos e irmãs dela pelo nome, e citou o nome do marido da Sra. B. Todos esses nomes tinham sido fornecidos anteriormente aos outros assistentes. Depois ele perguntou pelo filhinho da Sra. A., mas não disse o nome dele. Senhorita C.: “Você conhece o marido de Isabel? “Sim, eu gosto dele. Vou tentar descobrir o nome dele. É Richard? (Errado). Sabe o Henry? Ele é o irmão do marido da Isabel”. (Correto). O Dr. Phinuit disse que havia um parente da Sra. A. e do marido chamado Knight55, que não foi reconhecido, embora eles tenham uma ligação por casamento com alguém que é um cavaleiro. Em seguida foi a vez das mensagens dos pais da Srta. C que tinham o mesmo significado das mensagens ditas aos outros assistentes.

Depois disso, foi feita uma descrição muito precisa de outro amigo, que foi

55 Knight quer dizer cavaleiro em inglês. (N. T.)

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nomeado. “Você tem um tio C. no mundo espiritual e uma tia por casamento chamada Jane. Tem um primo C. e uma tia cujo nome termina em—on. Você tem uma tia E.; você também tem uma tia que mora muito longe”.

Dentre essas declarações é verdade que a Senhorita C. tem um tio C. desencarnado, um primo C, e uma tia com o nome dado (a mesma que havia sido descrita anteriormente à Senhorita Gertrude C). Ela tem outra tia que está no sul da França. Ela teve uma tia Jane, que era parente de sangue, e não por casamento. É possível, no entanto, que o Dr. Phinuit se referisse a uma amiga íntima chamada Jane, cujo nome termina em—on, e que às vezes é carinhosamente chamada de tia. Na sessão seguinte foi dito à Senhorita C. que a pessoa em questão era a sua amiga Jane, e não uma tia. (Vide também o final da segunda sessão da Sra. Verrall, p. 589.) Senhorita C.: “Você conhece a E. no mundo dos espíritos?” “Eu a vi e ela lhe manda um beijo”. O Dr. Phinuit discorreu breve e corretamente sobre

a E. “Ela gostava muito de você, Emily; ela tinha algum problema na cabeça, e morreu ao dar à luz. (Isso está correto, mas há alguma confusão entre os nomes E. e Ada). Em seguida o Dr. Phinuit voltou a citar os nomes dos irmãos, sobre os quais ficou confuso, tentando dizer que havia um terceiro irmão chamado Frederic, que depois ele afirmou ser o irmão do Dr. Myers. O Dr. Myers se referiu à Senhorita C. como Sra. Robinson, um nome que o Dr. Phinuit repudiou com indignação. “O nome dessa dama é Emily. Ela não é uma senhora.”

“Você tem um amigo chamado H...” (O nome citado é um muito incomum, é provável que seja um nome único. A Srta C. tinha uma nota dirigida a ele em seu agasalho para as mãos, que estava sobre a mesa. Um mágico esperto não teria perdido a oportunidade de ver isto).

Depois a Senhorita C. citou o nome e perguntou por outra amiga. O Dr. Phinuit disse que ele a conhecia, mas descreveu a aparência dela de forma vaga e incorreta. ''Você tem um tio que sofre de gota e é um pouco manco”. (Correto). Ao Dr. Myers: “Ela tem polido vidro; coisas para beber feitas de vidro”. (Vide acima). “Você remendou muito linho branco há cerca de uma semana”. (Errado). A. foi mencionada mais uma vez. (Vide sessão da Senhorita Gertrude C., p. 634.) “Ela é negra e tem olhos escuros; ela não é bonita, mas tem boa aparência. (Correto). Foi dito que a Senhorita C. se parece mais com o pai do que com qualquer outro membro da família. Isso provavelmente seria dito de modo geral.

34. Senhorita Emily C. Segunda sessão. 16 de Dezembro.

As anotações completas foram feitas pelo Sr. Walter Leaf. A sessão começou com uma certa confusão quanto aos nomes dos irmãos. Foi dito à

Senhorita C. que ela havia perdido uma bolsa há algum tempo. Isto está errado. Os nomes de batismo mencionados não foram reconhecidos. H..., que foi citado na última sessão, foi citado novamente como sendo um amigo não muito próximo. O Dr. Phinuit disse que conheceu o pai, a mãe e o irmão dele. (Esses são os membros da família de H...). Ao ser questionado sobre o nome do irmão dele, ele não conseguiu dizê-lo, mas disse que ele “se afogou; morreu na água”. O irmão de H. morreu e foi enterrado no mar).

Uma fotografia de Edmund Gurney foi fornecida à médium, que a pressionou contra a sua testa, com a frente da foto à vista, sem olhar para ela, até onde era possível ver. Edmund foi corretamente reconhecido. Em seguida, outra fotografia de um falecido

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amigo de W. L. foi dada a ela, mas ela não conseguiu identificar a pessoa fotografada. Um envelope lacrado, cujo conteúdo era conhecido pela Senhorita C, foi dada à médium. (A nota dizia que a irmã do escritor tinha pegado uma gripe, e não poderia comparecer ao compromisso).

Dr. P.: Oh, há uma doença descrita aí. Senhorita C.: “Que tipo de doença? Grave?” Dr. P.: Não, uma muito leve, a doença de uma amiga. (Depois de mais algumas

perguntas). É uma amiga, e ela está resfriada, e é basicamente isso. Outra carta foi mostrada, cujo conteúdo não era conhecido pela Senhorita C. Ele errou

ao dizer que se tratava de um convite. Houve então muita repetição de assuntos previamente mencionados, e o Dr. Phinuit

prometeu dar o sobrenome da Senhorita C. a W. L. quando ele o visse novamente. O que aconteceu na sessão noturna no mesmo dia. À Senhorita C. foi dito que ela tinha tido um sonho no qual estava na água e sobre o qual ela nada sabia. Depois de muita conversa vaga e sem propósito a sessão foi encerrada sem maiores declarações de caráter evidencial.

35. Sr. H. Wingfield e Sr. Walter Leaf. 16 de Dezembro.

O Sr. Leaf segurou a mão da médium durante toda a sessão. As primeiras mensagens eram para ele, sobre o seu “pai” William, que foi descrito como alguém que “não era letrado” mas era “um tipo de comerciante”. Estas informações correspondiam à vida do seu avô William. Depois disso a conversa foi direcionada ao Sr. W., cujos membros da família foram corretamente citados: pai, mãe, três irmãs, e dois irmãos. O seu avô John, um parente chamado Arthur, e um dos seus irmãos que estava bem distante no além-mar, também foram mencionados corretamente. Apesar disso, muitas das declarações feitas e dos nomes dados estavam totalmente errados, e o único ponto interessante é que o número de membros da família foi dado com confiança, e sem qualquer tentativa de ser obtido. Depois disso a Sra. Piper partiu de Londres para Liverpool, onde as 15 sessões seguintes, de nº 36 a 50, foram realizadas. Todas essas sessões foram discutidas em relatórios separados escritos pelo Sr. Lodge (pp. 470-525). Depois de seu retorno a Londres, a Sra. Piper se hospedou num hotel privado na rua Manchester, onde as sessões nº 51, 57, e 58 foram realizadas; a sessão nº 52 aconteceu na casa do Sr. Clarke em Harrow; as sessões de nº 53 a 56 aconteceram na residência do Sr. Leaf; e a nº59 na casa do Dr. Myers.

51. Sra. Herbert Leaf. Primeira sessão. 28 de Dezembro. Vide p. 589.

52. Sr. e Sra. J. T. Clarke. 29 de Dezembro. Vide p. 574. 53. Sra. Herbert Leaf. Segunda sessão. 30 de Dezembro.

Esta foi uma sessão muito confusa e insatisfatória. A única declaração que foi feita corretamente refere-se ao fato de que uma tia da Sra. Leaf casou com um Sr. Wood. Foi dito que o nome dela era Rosie, mas ela tinha sido chamada por este nome na presença do Dr. Phinuit, assim como da Sra. Piper. O que foi dito sobre a pulseira perdida (vide p. 596) claramente sugere que ela havia sido roubada por um servente; quando na verdade a pulseira tinha sido perdida enquanto a Sra. Leaf passeava por Londres com uma amiga. O nome Loolie ou Lulu foi dado; esse é o nome da irmã de Harry, que foi erroneamente citada como se tivesse desencarnado. Harry mandou um beijo para a

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esposa dele. Foi dito que ocorreu uma mudança na vida de George que lhe fez bem; é verdade que lhe foi oferecido recentemente um bom emprego. Muitos nomes foram dados como sendo de amigos do pai da Sra. Leaf, mas estes não foram reconhecidos.

54. Sr. S. G. Shattock. 31 de Dezembro.

Embora uma taquígrafa estivesse presente apenas algumas poucas e incompletas anotações foram feitas durante essa sessão, já que ela e o Sr. Walter Leaf foram mantidos longe da sala pelo Dr. Phinuit a maior parte do tempo. Apesar disso, o relato do Sr. Shattock abaixo, contém todas as principais declarações, expostas separadamente com comentários:—

“Você tem dois irmãos, ambos desencarnados,” declaração que em seguida foi corrigida pela médium: “um encarnado e um desencarnado”. Eu tenho um irmão encarnado; um desencarnado é uma declaração errada ou uma suposição. Não há nada que possa ser inferido. Isso eu sei com toda certeza.

“Você tem um amigo chamado Arthur. Ele está doente, e é provável que morra”. [Eu conheço uma pessoa com esse nome, mas não pude descobrir sem alguma demora se a última parte da frase é verdadeira. Ele é uma pessoa de meia idade sobre o qual não tenho notícias há muito tempo.]

“Há uma criança ligada a você que morreu de escarlatina”. A médium declarou que essa seria a filha de uma tia. A declaração não é correta, já que eu não tenho nenhuma tia por parte de mãe, nem por parte de pai.

“O seu pai Thomas tem reumatismo”. Então a médium agarrou o meu joelho esquerdo. O nome do meu pai não é Thomas. Ele tem reumatismo muscular do tipo comum de vez em quando em várias partes do corpo, mas nenhum reumatismo articular agudo.

“Você tem um tio chamado Henry”. [A médium começou citando o nome, e fui eu quem, após algum tempo, respondi voluntariamente que eu tinha um tio com esse nome, de forma a abrir o caminho para mais questionamentos]. Assim, quando a médium declarou que o nome do meu pai era Thomas, eu voluntariamente declarei que eu tinha um tio com esse nome. Depois disso a médium disse, “eu recebo a influência do seu pai, e em seguida a do Thomas”.

“Você cometeu um erro em sua vida. Foi há muito tempo. Você começou de um jeito, e não obteve muito sucesso, e então tentou fazer outra coisa na vida, e aí obteve sucesso”. Isso não é verdadeiro.

“Eu não tenho nenhuma irmã.” Isto é verdadeiro, mas não foi uma declaração direta da médium. Foi feita após uma conversa que me levou a dizer que eu não tinha nenhuma irmã.

“Há dois menininhos, e um deles é muito inquieto e nervoso. Esse é o mais velho; e ele gosta de fazer tudo do jeito dele. O outro tem o temperamento mais calmo, e mais fácil de lidar. A senhora deste cavalheiro não está bem, mas ela vai melhorar e ficará bem:” Eu não contribuí de forma alguma para estas afirmações. Elas foram proferidas sem qualquer demora por parte da médium, e elas são verdadeiras, embora não representem toda a verdade, já que há um terceiro menino morto. Ainda assim a declaração que foi feita é satisfatória.

Depois de várias declarações incorretas ou declarações não-verificáveis: “Você tem uma amiga. Quem é ela? Lea?” (Pronunciando as sílabas separadamente).

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Depois de algum tempo eu declarei que conhecia uma senhora chamada Lena. Então a médium transformou Lea em Lena, pronunciando a palavra “Leana”.

O Sr. Shattock observa:— As únicas declarações importantes declaradas espontaneamente pela médium foram as

que se referiam aos dois meninos. Dentre as outras, estão algumas bastante incorretas; outras de natureza tão geral que nenhuma importância pode ser atribuída a elas; e outras ainda até certo ponto tão direcionadas por mim que dificilmente podem ser atribuídas à médium.

Eu acredito que a médium não estivesse simulando outro estado; isso foi, com certeza, testado anteriormente; embora eu saiba que quer ela tenha simulado um estado ou não, não altera os fatos. Uma vez que não há nenhuma razão para, num estado quase-hipnótico, o sujeito não agir como no estado desperto; e é amplamente sabido que pode ocorrer fraude em tal condição. Portanto, não há nada de incrível em acreditar que a Sra. Piper nada soubesse sobre o que ocorre no transe, embora, no que se refere ao processo de manifestações mentais, ela aja de maneira muito comum quando está em transe.

Não creio que seja o caso de se considerar a possibilidade de leitura ou transferência de pensamento; pois como a Sra. Piper afirmou que não seria necessário fazer uso da concentração de pensamento eu não tentei nada desse tipo durante a sessão. Muito do que ela disse seria a última coisa que eu teria pensado. A leitura muscular me pareceu, de modo geral, fora de cogitação. De modo que só me resta pensar que as declarações feitas são somente suposições astutas, feitas de forma cuidadosamente planejada. Ela parecia se guiar mencionando um nome ao acaso, ou fazendo uma declaração genérica. Além disso, há de se considerar a notável capacidade que ela tem de combinar resultados ou justificar afirmações errôneas.

Quando a sessão em questão dura cerca de três quartos de hora, e as únicas declarações verdadeiras e de alguma importância são aquelas que eu já mencionei, não há nenhuma necessidade, a meu ver, de supor que a médium possua qualquer outro poder além do que eu já mencionei. Naturalmente uma longa série de observações pode levar a uma conclusão diferente.

55. Walter Leaf e Herbert Leaf. 31 de Dezembro.

O Sr. H. Leaf não tinha visto a médium de modo algum até adentrar o recinto depois que o transe já tinha começado. Depois de alguma conversa, e da menção de um nome que não foi reconhecido, o Dr. Phinuit repentinamente disse, “Diga ao cavalheiro de Rosie para entrar”. (Rosie é a Sra. H. Leaf, vide a segunda sessão dela). O Sr. H. Leaf, que estava sentado no outro lado da mesa, veio e tomou a mão da médium. O Dr. Phinuit diz: “Você é o cavalheiro da Rosie, que vocês chamam de marido dela. Há algo do Charles em você. Recebo a mesma influência de vocês dois; porque vocês são irmãos. Walter, é aquele sobre o qual lhe falei, o que sofria de dores de cabeça (indica a têmpora direita). É um tipo de neuralgia. O Charles deve ser o seu pai; Walter, eu pensei que o William era o seu pai até eu receber esta outra influência, mas agora vejo que o Charles é o seu pai, e o William é o seu avô, o pai do seu pai”.

Para ler a declaração sobre a neuralgia consulte a minha primeira sessão, p. 633; o lugar foi indicado corretamente. O nome do nosso pai é Charles, e o nome do pai dele era William como foi declarado.

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Depois disso as declarações foram confusas e ininteligíveis. Ao ser questionado por H. L. sobre qual tinha sido a ocupação dele, o Dr. Phinuit começou com algo que se aplicaria melhor a mim. Em seguida ele deu uma descrição que não pôde ser aproveitada de nenhuma forma e passou a descrever muito vagamente pessoas que talvez fossem ligadas ao meu irmão. Mas a resposta como um todo foi insatisfatória. Contudo, ele acertou ao dizer que a mãe da nossa mãe se chamava Elizabeth, mas errou ao afirmar que ela tinha uma pequena cicatriz na têmpora esquerda. Então o Dr. Phinuit repentinamente disse, “Robert”. Ao ser perguntado: “O que tem esse nome?” ele disse, “Não, Robert não, Herbert. Esse é o seu nome. O avô de vocês manda lembranças aos dois irmãos, Walter e Herbert”.

O reconhecimento da conexão entre o Sr. H. L. e sua esposa e irmão foi notável. A médium certamente não tinha visto o Sr. H. L. quando estava em seu estado normal, e, até onde pode ser dito, também não o viu quando estava em transe. Ela estava sentada com a cabeça baixa e os olhos fechados como de costume. Ela tinha tido, no entanto, oportunidades de saber que o nome do nosso pai era Charles, pois tinha sido pessoalmente apresentada a ele alguns dias antes. É possível que o nome Herbert tenha sido dito em sua presença. Mas eu não creio que isso tenha acontecido. Citar Elizabeth como a nossa avó materna pode ter sido uma mera suposição.—W. L.

56. Sr. W. A. Pye. 1 de Janeiro, 1890. Vide relatório detalhado, p. 596.

Depois desta sessão houve vários intervalos, devido às condições de saúde da Sra. Piper. As sessões seguintes foram:—

57. Com o Sr. H. J. Hood. 6 de Janeiro.

58. Sr. H. J. Hood, e Sr. C. C. Massey. 7 de Janeiro.

Não há nada a ser relatado sobre estas duas sessões exceto que todas as declarações feitas durante as mesmas estavam erradas ou confusas e ininteligíveis. Nada que pudesse fornecer o mínimo de evidência para a possibilidade de transferência de pensamento ou qualquer capacidade semelhante foi declarado.

69. Sr. Hensleigh Wedgwood. 11 de Janeiro.

O assistente foi apresentado como Sr. Wood. Algumas declarações corretas foram feitas nesta sessão, mas quase sempre depois de muitos palpites e da ajuda do assistente.

Ao Sr. W. foi dito que ele tinha um amigo chamado John Hensleigh. (Correto). Num primeiro momento o nome do amigo foi citado como sendo John Henry, e então soletrado Hensley, Hensly, até que depois de muitas tentativas, e com a ajuda do Sr. W., que disse que a letra depois da sílaba HEN era S. chegou-se ao nome certo. O Dr. Phinuit disse que o seu avô era manco da perna esquerda (indicando o joelho). O senhor Josiah Wedgwood teve uma perna amputada por causa de problemas no joelho. O Sr. Wedgwood não sabia qual das pernas. Mas com base em uma investigação feita posteriormente: parece ter sido a perna direita. O Dr. Phinuit acertou ao dizer que ele tinha tido uma irmã chamada Ann, fato que naquele momento o Sr. W. não sabia se era verdade ou não. Também foi corretamente dito que o Sr. Wedgwood tinha um filho chamado Hensleigh, e que a sua esposa tinha uma irmã chamada Mary Elizabeth. (o Sr. W. não tem certeza de que o primeiro nome era Mary). Um menininho, “penso que seja um neto”, foi dito ter estado doente e mudado de casa; também foi dito que ele teve um irmão que morreu muito jovem. É verdade que um neto tinha vindo visitar o Sr. H. W. após ter adoecido. Ao Sr. W. foi dito que

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ele tinha tido três irmãos, todos já mortos, e nenhuma irmã. Ao ser questionado: “Você sabia que o meu segundo filho sofreu um acidente?” O Dr. Phinuit, depois de muitos rodeios, disse que o acidente foi uma queda, e que uma costela no lado esquerdo foi quebrada ou fraturada. Isto era correto, mas não foi declarado de forma direta, mas sim após muito questionamento. Foi dito que a esposa do Sr. W. sofreu uma queda, “aliás, duas mulheres na família sofreram quedas”. É verdade que tanto a esposa dele como a irmã dela sofreram quedas que deixaram graves conseqüências.

Em seguida, a Sra. Piper retornou a Cambridge. As sessões de nº 60 a 69 inclusive aconteceram na casa do Professor Sidgwick, e algumas observações sobre elas serão encontradas no relatório do Professor e da Sra. Sidgwick (p. 615). As sessões de nº 70 a 76 foram realizadas na casa do Sr. Myers.

60. Sra. Sidgwick. Terceira sessão. 19 de Janeiro.

Os nomes Hensleigh (soletrado corretamente) e Wedgwood foram dados, e finalmente referidos à mesma pessoa. [Vide nº 59.] As ações do Sr. Sidgwick foram descritas erroneamente, mas vale a pena destacar que foi dito que ele “estava de ponta cabeça,” uma frase que ele havia usado com bom humor na ausência da Sra. Piper para descrever à Sra. Sidgwick o que ele ia fazer. “Vasos” foram mencionados, aparentemente em relação ao irmão dela F. Provavelmente trata-se de uma mera suposição referente ao objeto que pertence a ele e sobre o qual a Sra. Sidgwick tinha perguntado numa sessão anterior. Mas a idéia pode ter vindo da Sra. S., já que mais cedo ela estivera pensando em um vaso que pertencia a ele. Um quadro pendurado no quarto de F., sobre o qual a Sra. Sidgwick tinha perguntado antes, foi erroneamente descrito. O nome Ellie ou Allie foi dado e reconhecido pela assistente.

61. Sra. Sidgwick. Quarta sessão. 19 de Janeiro.

Foi dito corretamente que o Sr. Sidgwick estava sentado com os pés para cima. Mas o Dr. P. disse “numa cadeira”; eles estavam sobre uma mesa de vime virada de cabeça para baixo, e o resto de suas ações foi erroneamente descrito. Sobre o pai da assistente foi dito corretamente que ele morreu quando ela era criança, que ele viajou para o exterior e que a sua saúde nunca foi à mesma após essa viagem. Sobre a Sra. Sidgwick foi corretamente dito que ela tinha uma irmã que pinta, e que é diferente do resto da família. Mas muitos nomes e declarações estavam errados ou não foram reconhecidos.

62. Professor H. Sidgwick. Terceira sessão. 20 de Janeiro.

Um relato parcialmente correto das ações da Sra. Sidgwick em outro local foi dado. “Ela está reclinada e algo lhe cobre a cabeça e o peito—alguma coisa feita de pano; ela está lendo”. Mas o Dr. Phinuit errou ao dizer que a coisa de pano era escura. Na verdade tratava-se de um capuz de médico na cor vermelho escarlate. Sobre o “Alex” foi dito que ele tem alguma ligação com a Sra. Sidgwick. (Ela teve um tio chamado Alexander, que nunca era chamado de “Alex”.). Os nomes de três tios do Sr. Sidgwick foram dados corretamente, mas dois errados foram adicionados. Ao Sr. S. foi dito corretamente que ele teve duas tias maternas.

63. Sra. Verrall. Terceira sessão. 20 de Janeiro.

À Sra. V. foi dito que o retrato de seu tio Henry (vide p. 588) foi feito por sua avó (correto). Que este tio tinha ido embora há anos, e que ninguém da família soube o que tinha sido feito dele (correto). Que Carrie conhece um George encarnado (errado). Que ela tinha dois irmãos no

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espírito (certo) e um pai encarnado (errado). Que a mãe da Sra. V. tinha um único irmão no espírito (correto). Que Louis era um nome na família da mãe dela (correto), seria o marido dela? Não, o irmão dela. (Errado: ela teve um tio chamado Louis). Perguntado o que o Dr. Verrall fazia no momento, o Dr. P. disse corretamente que ele estava sentado num tipo de escrivaninha, e estivera lendo, mas tinha posto o seu livro de lado para falar com outro cavalheiro que acabara de entrar. Apesar disso, ele errou ao dizer que o Professor Sidgwick estava andando. Phinuit também tentou descrever à Sra. Sidgwick o que Sra. Verrall fazia; sendo que a última deixou o local deliberadamente com o objetivo de testar o Dr. Phinuit. A descrição dada não estava errada mas era muito vaga para ser considerada como tendo qualquer valor evidencial.

64. Sr. Harlow Gale. (Vide p. 615.) 22 de Janeiro de 1890.

A descrição de diferentes membros da família do assistente, que ele reconheceu como sendo notavelmente precisa, durou grande parte da sessão. A seguir estão os pontos mais importantes:—O que é que o seu pai usa sobre os ombros? Ele parece bastante importante quando usa esse acessório. Ele o usa por causa da garganta. Ele está num lugar que é diferente daqui.

O Sr. Gale diz que o ponto mais notável na aparência do seu pai é um lenço de seda branca que ele usa por causa de uma sensibilidade na garganta. Ele vive em Minnesota.

O seu pai é um gênio esquisito—sonhador. Ele não faz muita coisa; deixa isso para

outra pessoa. Ele tem um escritório, uma escrivaninha, livros, etc. As peculiaridades dele muito me impressionam.

O Sr. Gale diz que tudo o que foi dito está correto. William é um irmão. Ele é pequeno, um homenzinho brilhante, tem olhos escuros, a

pele clara, é bonito, e muito esperto. O Sr. Gale diz que este é um relato correto do seu irmão William, um rapaz de 16 anos; exceto

pelo fato de que ele tem cerca de 5 pés e 7 polegadas de altura, ao passo que a médium indicou com a sua mão uma altura de não mais que 4 pés.

Você tem uma irmã. Ela canta, e toca dois instrumentos diferentes; um com teclas e um

com cordas—principalmente o de teclas. Ela é um pouco mais jovem do que você, provavelmente; mas é difícil dizer a idade dela apenas julgando pela aparência. Ela é mais velha do que o William.

O Sr. Gale tem uma irmã mais jovem do que ele e mais velha do que o seu irmão William. Ela canta, e toca o piano muito bem, mas não toca nenhum instrumento de corda.

Há um ministro na sua família, um tio, no espírito. Alto, de bom porte; usa óculos; tem

uma testa larga; se parece um pouco com você. Ele é o irmão do seu pai. Morreu há pouco tempo—longe de você, no outro lado do oceano. Morreu repentinamente. (Ao ser questionado sobre o nome dele, o Dr. P. não soube dizer). Ele usava uma capa—uma espécie de casaco longo. Ele não era Episcopal, mas algo como um Metodista—esse tipo de doutrina.

O Sr. Gale tinha um tio, o irmão do pai dele, que era um missionário batista em Minnesota. A descrição dele é exata, a não ser pelo fato de que ele não seria considerado um homem alto. Ele morreu repentinamente há 15 anos enquanto viajava na Palestina. Ele nunca usou uma capa em casa, mas mandou fazer uma antes de partir em sua viagem à Palestina, para usar sobre o seu sobretudo. Ao todo vocês são cinco.—depois de alguma contagem e uma pequena ajuda do Sr.

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Gale, o Dr. P. disse que havia cinco não contando a mãe; três meninos e uma menina, pai e mãe. (Correto).

Em seguida o Dr. P. tentou obter o nome do segundo irmão, tentando George, Geord, Jordânia, Jorge, mas finalmente desistindo. O nome do segundo irmão é Griggs, mas ele nunca é chamado assim. O Dr. P. prosseguiu: “Ele fica cochichando sobre os garotos assim como faz sobre qualquer pessoa. Ele tem muitos amigos; todos gostam dele. Ele é muito descontraído—musical—ele faz tudo, assobia, canta e dança. Ele não está longe. Tem muitas cartas e amigos. As meninas gostam muito dele. Ele está estudando para ser advogado ou médico, ou algo desse tipo. [Ele usa diversos trajes e desempenha papéis]. Eles o chamam de Jack? John? Eles o chamam de Pete; de todos os nomes”.

Nenhum destes nomes estava correto, embora ele seja chamado por muitos nomes. E ele não está estudando para ser um profissional em especial. Em outros aspectos as declarações são exatas. Este irmão é o único de família do Sr. Gale que não está longe, na América. O nome Will Adams foi dado como sendo o nome de um amigo, mas o irmão tem apenas um conhecido com esse nome. A mãe do Sr. Gale foi descrita corretamente. Foi dito que ela parece ser muito mais

jovem do que realmente é. “Ela e William parecem mais um com o outro do que com o resto da família. Ela é pequena e tem a pele escura”. Estas e outras características dadas foram afirmadas pelo Sr. Gale como sendo notavelmente corretas.

O nome Edward então foi citado, e foi aplicado ao irmão, pai, e tio, todos erroneamente. Quando a sua mãe foi embora, isto a fez sentir bem melhor; ela estava muito resfriada.

Ela mora na casa de um cavalheiro idoso. A mãe do Sr. Gale fez uma viagem para cuidar de sua saúde na primavera passada, e retornou muito melhor. Mas nada se sabe do cavalheiro idoso. O seu avô do lado materno era manco. (Ao ser questionado: “Por toda sua vida”?) Não;

mas por um tempo. Você não se lembra disso, mas sua mãe lhe dirá. O Sr. Gale acha que o avô materno dele ficou manco de um ataque de paralisia por cerca de 10 meses. Ele não se lembra de nada disto, pois ele não viu o avô durante essa época. Edward; ele é seu tio ou seu primo? Eu não gosto dele e não conheço ninguém que

goste. Ele parece não se dar bem com ninguém. O Sr. Gale reconheceu este como sendo o seu primo. O nome Alice foi dado, e finalmente foi dito pertencer à irmã de Edward. Isto era

correto; mas ela erroneamente foi descrita como sendo musical. Depois disto, as declarações feitas estavam principalmente erradas. O nome Williams foi dado: “Ele era o seu tio, penso eu; um parente ligado por casamento. Penso que pelo lado materno”.

O Sr. Gale observa: “Tenho uma segunda prima materna chamada Sra. Williams, a quem nós sempre chamamos de tia. Ela tem sido uma viúva por muitos anos, e eu nunca vi o marido dela”.

65. Sra. H. Sidgwick. Quinta sessão. 22 de Janeiro.

Houve aparentemente uma tentativa de dizer que o nome Cecil estava ligado à mãe da assistente. Um tio chamado John e uma tia Mary foram corretamente citados ao Professor S. Depois de várias suposições uma carta enviada pela Sra. Verrall foi

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mencionada. Foi dito que a Sra. S. tem ligação com dois Franks e um Gerry (com base na pronuncia e não na grafia) sendo que esse último era muito próximo de Frank. Até este ponto as informações provaram-se verdadeiras; mas foi dito que G. não estava encarnado, e provavelmente houve uma confusão com os tios do Professor Lodge: Jerry e Frank. Muitos dos nomes que foram dados estavam errados.

66. Sra. B. Terceira sessão. 22 de Janeiro.

O Dr. P. acertou ao dizer que a Sra. Verrall estava, naquele momento, olhando para uma coisa feita de vidro e virando-a; “uma coisa de aparência redonda, não uma bola, mas algo do tipo”. “Ela trouxe uma garota com ela, a filha dela; não aquela com os joelhos, chamada Helen. O cabelo de Helen parece melhor do que antes”. (Vide p. 586.) Alusões muito vagas foram feitas à doença do irmão da Sra. B. e à sua cunhada. Sobre a carta da Sra. Verrall foi corretamente dito que havia a influência da irmã e do marido dela.

67. Senhorita Alice Johnson. Segunda sessão. 23 de Janeiro.

Uma caixa de fósforos mostrada foi corretamente reconhecida como pertencente a um irmão. “Ele está lendo neste momento, com os pés pra cima, apoiados em uma cadeira e está reclinado. Ele está num canto da sala, você tem que subir alguns degraus para chegar até ele. Há uma espécie de mapa ou quadro à esquerda, alguma coisa pendurada; como aquela tela. Ele está sozinho. À direita há uma escrivaninha”. Todas essas informações estão corretas, com exceção (?) da declaração de que ele estava sozinho naquele momento. O seu caráter foi descrito de forma “apropriada”. “Ele é mais loiro e mais corado que você”. Uma tentativa de descrever as ações da irmã da Senhorita Johnson não foi bem-sucedida O relógio de bolso de Senhorita J. foi tateado. “Essa influência é sua, você mesma o comprou” (correto). Um cheque foi dado à médium cujos olhos permaneceram fechados; ela tocou o cheque com as mãos e disse: “está escrito pague”.

68. Professor H. Sidgwick. Quarta sessão. 23 de Janeiro.

Os nomes dos tios do Professor Sidgwick foram por fim citados corretamente como sendo William, Henry e John no lado materno, e John, Robert e James no lado paterno. Porém um deles, chamado Christopher, foi omitido. As tentativas de adivinhação não funcionaram, e a descrição sobre o que a Sra. Verrall fazia em dado momento estava completamente errada.

69. Sr. Edwin Max Konstamm. (Vide p. 615.) Primeira sessão. 24 de Janeiro.

Depois de algumas declarações vagas e erradas o Dr. P acertou ao dizer que havia cinco pessoas na família do assistente, não contando o pai e a mãe; que ele tinha uma irmã chamada Fannie—Annie—que machucou a cabeça; que sofria de dores no topo da cabeça e de confusão mental, conseqüências de uma queda enquanto passeava a cavalo. Isto aconteceu com uma irmã chamada Angela. Foi dito que um dos pais dele, depois especificado como sendo a mãe, sofre de uma dor no pé. Depois de tatear o pé da assistente o Dr. Phinuit disse que a dor que a mãe dela sentia é em um dos dedos. Há um inchaço, alguma parte do dedo está machucada.”A última declaração é verdadeira. Foi corretamente dito que o seu pai tinha uma mente positiva. “A sua irmã mais jovem tem o cabelo claro; ela é alegre. Ela está estudando; ela recua e põe as mãos para cima (fazendo um gesto). Eloqüência—você chama isso de atuar”. Isto é verdadeiro; já que a irmã mais jovem do Sr. K. é atriz e ele pensou que a “maneira dela recuar”, se aplicaria bem à maneira da irmã dele de representar. Algumas observações muito vagas sobre uma foto dela foram consideradas pelo assistente como sendo uma alusão ao fato de que ela tinha sido fotografada usando uma peruca recentemente. A outra irmã foi corretamente

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descrita como sendo mais calma. “O que a sua mãe fez na casa? “O seu pai disse que tudo está mudado”. O assistente afirmou que essas declarações correspondem aos fatos. Mas em meio a esses acertos houve um grande número de declarações erradas ou não reconhecidas. A médium não conseguiu dizer de qual doença a mãe dele sofria, nem mesmo depois de fazer uma série de perguntas e de obter ajuda.

70. Sr. F. W. H. Myers. Quinta sessão. 24 de Janeiro. 71. Sr. F. W. H. Myers. Sexta sessão. 25 de Janeiro.

Nestas sessões alguns fatos particulares sobre amigos mortos foram citados de tal forma que é praticamente impossível que a Sra. Piper pudesse ter adquirido qualquer informação.

72. Sr. E. M. Konstamm. Segunda sessão. 25 de Janeiro. Durante a maior parte desta sessão foram feitas declarações que deram continuidade ou

complementaram as declarações feitas na sessão anterior. Depois de várias tentativas, foi corretamente dito que o nome do assistente era Edwin. O seu sobrenome foi dado como sendo “Kelliston”; e foi dito que ele não tem um segundo nome de batismo. Deve ser mencionado que o seu sobrenome não era conhecido pela Sr. Myers, em cuja casa a sessão aconteceu. Foi dito que ele tem uma tia desencarnada chamada “Adda”; ele tem uma tia morta chamada Adele. Foi dito corretamente que ele tem três sobrinhos, filhos de suas irmãs, todos meninos, dois deles irmãos. Ao ser questionado sobre “Julian”, o Dr. P. o descreveu corretamente, e disse que ele tinha problemas mentais, relatando sua condição com precisão, inclusive citando uma circunstância rara. Foi dito que o Sr. K conhecia um Allen, um amigo esperto, mas manco. O assistente crê que esta seja uma referencia ao “Allan Quatermain” de Rider Haggard, cujas aventuras ele acaba de ler. Esta informação evidentemente seria importante se pudesse ser verificada, mas infelizmente este não é um nome que possa ser considerado como nada além de uma maneira de obter informações. Não é um nome característico o suficiente para ser considerado como tendo qualquer valor evidencial. Houve menos erros nesta sessão do que na sessão anterior.

73. Sr. H. Babington Smith. 26 de Janeiro. Nada de importante ocorreu nesta sessão a não ser pela descrição da ocupação do Sr.

Smith, quando foi feito um relato completo sobre a lista de documentos que ele deve dar entrada no Departamento de Educação. Isto começou, no entanto, com uma declaração errada, “Diante de você estão diversos papéis com figuras—figuras de cores diferentes. Elas têm a ver com a sua vida.” Então a descrição tornou-se correta. “Há livros ligados a você; alguns abertos e outros fechados. Alguns com capas marrons e escritos no verso. São livros pedagógicos, não manuais escolares; livro com capas marrons, que não são obras de ficção. Diferentes folhas foram colocadas nos livros de formas diferentes. Eles são grandes (a distancia entre as mãos indicava o tamanho); aproximadamente duas ou três polegadas de grossura. Há folhas neles e você escreve nelas. Eles não são livros comuns. Você escreve neles. Eles são brancos por dentro. Há linhas correndo na vertical, figuras, nomes e datas. Os números estão logo abaixo, numa espécie de planilha de contabilidade; não exatamente, mas algo do tipo. Não são livros para ler, mas sim livros de instruções—não para ensinar, mas para anotar o que for do seu interesse”. Ao ser questionado: “Interesse em dinheiro?” “Não; transações—coisas

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que estão em andamento”. Em seguida foi dada uma descrição bastante errada do escritório em si, e dentre as declarações sobre a família do assistente apenas alguns nomes comuns de batismo estavam corretos.

74. Sra. Z. Primeira sessão. 27 de Janeiro. 75. Sra. Z. Segunda sessão. 28 de Janeiro.

A Sra. Z., uma senhora que estava de luto pela morte de um parente próximo, deu tantas sugestões que enquanto o Sr. Myers fazia suas anotações sobre o que acontecia na sessão ele adivinhou muitos dos fatos que o Dr. Phinuit conseguiu fornecer. Phinuit, como ocasionalmente acontecia, pareceu acreditar tão piamente que estava certo sobre algumas de suas próprias idéias errôneas que não prestou nenhuma atenção nas perguntas feitas pela Sra. Z.

76. Professor Alexander, do Rio de Janeiro. 29 de Janeiro.

Segue o relatório do professor Alexander:— A Sra. Piper, em estado de transe, me disse que eu tinha visto muitos espíritos e mortais

e muitas pessoas excêntricas; que trabalhei muito pela verdade, que eu tinha viajado muito, etc.; mas ao mencionar três países europeus (França, Alemanha, e Suíça) ela acertou apenas um deles. Ela declarou que eu tinha passado por muitos altos e baixos, e que a minha vida tinha sido infeliz; que eu parecia viver cercado por livros. O nome do meu pai foi dado corretamente, assim como o de Ellen, uma prima minha, e a presença do espírito de um irmão foi anunciada (perdi dois irmãos). A minha mãe (que também morreu) foi descrita como uma senhora idosa, e foi dito que ela e o meu irmão estavam juntos. Depois ela voltou a falar das viagens, e adivinhou que eu havia feito uma longa viagem marítima recentemente.

As características apresentadas pela Sra. Piper em seu transe e após se restabelecer são as mesmas que observei em outros médiuns de transe. Não há nenhuma dúvida de que o estado de transe dela é genuíno.

As suposições acima são, com exceção dos países mencionados, todas mais ou menos corretas. Elas são muito vagas, mas isso é natural numa primeira sessão.

A. ALEXANDER.

Para as sessões restantes, da nº 77 em diante, que aconteceram em Liverpool, vide os relatórios do Professor Lodge, pp. 530-555.

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INDEX PARA OS ITENS NAS PARTES I e II

ITENS PARTICULARMENTE DIFÍCEIS DE SEREM EXPLICADOS PELA TRANSFERÊNCIA DE PENSAMENTO DIRETA:

i.e, QUALQUER AÇÃO PRATICADA PELO ASSISTENTE.

COMENTÁRIOS DO PROFESSOR LODGE.

A menos que a evidência agora dada seja utilizada para constituir uma prova suficientemente forte de que os desempenhos desta “médium” em particular não são explicáveis por esperteza e impostura, é prematuro aprofundar o exame de sua importância. Penso que o melhor plano é assim que for absolutamente admissível descartar esta hipótese, descartá-la completamente e não perder mais tempo com isso.

Deste ponto de vista, permanece a hipótese de que as informações derivam da mente do assistente de uma forma ou de outra: por exemplo, (a) por meio de perguntas e respostas; (b) sinalizações musculares, semi-ocultas e inconscientes; (c) leitura direta da mente, ou influência do pensamento do assistente, esteja ele ciente disso ou não, agindo na pessoa em estado de transe como percipiente. Eu não proponho distinguir criticamente entre estes três métodos, embora o primeiro seja muito antigo, o segundo há muito pouco tempo reconhecido em seu pleno desenvolvimento e poder, e o terceiro esteja apenas em processo de ser aceito pelos cientistas.

É possível citar um grande número de casos que não podem ser explicados nem por (a) nem por (b), e para todos aqueles que até o momento e de alguma forma tiveram algum trabalho lendo os registros deste caso está claro que a opção (c) ou uma hipótese menos admissível é necessária para explicar uma grande parte dos resultados.

Sem assumir que esta convicção se estenderá a todos aqueles que daqui por diante se proponham a fazer um estudo detalhado da questão, parece provável que isso ocorrerá à maioria das pessoas. Sendo assim, e até que evidência do contrário apareça, concluo que poupará tempo aceitar provisoriamente essa possibilidade, o que nos levará a uma pergunta mais restrita: a transferência de pensamento do assistente, seja ela espontânea ou inconsciente, é completa e suficiente para explicar os fatos? O Sr. Leaf acredita de forma definitiva que sim, que essa explicação é suficiente, e, considerando o fato de que ele trabalhou muito nos documentos discutidos, sua opinião está autorizada a ter um peso muito grande na conclusão final sobre este caso. Eu mesmo não estou tão convencido, mas respeitosamente admito a dificuldade de provar o contrário.

Se você encontrasse um estranho num trem que afirmasse ter retornado das Colônias onde encontrara uns amigos ou parentes em comum, sobre os quais ele parece saber várias coisas de forma convincente, não

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caberia a princípio duvidar de sua veracidade, mesmo que houvesse uma pequena confusão sobre os nomes dos parentes, e que ele ocasionalmente misturasse as coisas; nem faria sentido chamá-lo de impostor se ele ocasionalmente utilizasse informações fornecidas por você mesmo no decorrer da conversa. Mas caso se sugerisse diretamente que ele talvez fosse um telepata, detalhando a você o conteúdo inconsciente de sua própria mente, não seria fácil desmentir rigorosamente a sugestão, especialmente se o acesso aos principais amigos mencionados não fosse possível. A situação descrita muito se aproxima do problema que enfrentamos.

É preciso que fique perfeitamente claro que a primeira pergunta é se qualquer leitura da mente do assistente pode ser considerada suficientemente eficiente. Penso que seja muito provável que alguma mente possa ser lida; a questão não é entre a leitura da mente e algo bastante diferente; é entre a leitura da mente do assistente e a leitura da mente de outra pessoa. Há ainda outro tipo de leitura da mente, se é que assim pode ser chamado, que, embora seja difícil de formular e contemplar, freqüentemente sugere o ganho de conhecimento por alguma associação mental oculta através da existência de alguma mente universal central, uma concepção idealista não desconhecida em filosofia; mas por ora é suficiente indicá-la como uma possível idéia e seguir adiante. Há três métodos de leitura da mente do assistente, marcados acima como (a), (b), e (c). Os métodos de extração de informações de pessoas distantes são poucos. A correspondência é um deles; a telepatia pode, penso eu, ser considerada como sendo outro. O único método de extrair informação de pessoas mortas conhecido pela ciência é a descoberta de documentos.

Agora, no que diz respeito à correspondência e à descoberta de documentos é comparativamente fácil se assegurar sobre o uso ou não-uso destes métodos em qualquer caso particular. Uma vez que essas opções são eliminadas e algo é obtido de forma inexplicável pela ação do assistente, é à telepatia que nós devemos recorrer como possível explicação. Telepatia entre pessoas distantes (caso isso seja de alguma forma praticável), telepatia de pessoas mortas (só como último recurso), mas telepatia de algum tipo, distinta de qualquer método passível de extrair informação de pessoas: essa parece ser a hipótese alternativa para um exame ao qual nós nos vemos forçados por um estudo atento dos registros.

Agora, como o Sr. Leaf diz, a questão só aparece ocasionalmente; a maioria dos fatos afirmados é, naturalmente, do conhecimento do assistente, e nenhum destes é de qualquer utilidade para diferenciação; mas de vez em quando fatos freqüentemente triviais mas aparentemente não conhecidos pelo assistente, foram afirmados e em sua maioria claramente verificados posteriormente; e para auxiliar um estudo especial destes dados, com o objetivo de examinar até que ponto eles são realmente valiosos, eu fiz um índice para eles, que está em anexo.

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Que as declarações são feitas de uma maneira obscura e vaga é óbvio. Evidentemente não se trata de uma área de conhecimento claro e exato. Acontecimentos são percebidos de forma indistinta, erros se misturam com a verdade, mas devemos lidar com as coisas com base no que sabemos sobre elas. A pergunta é, existe algum fato percebido, não importa quão obscuro ele seja, que não poderia ser do conhecimento de qualquer uma das pessoas presentes?

Alguns dos pontos a seguir são mais fortes do que outros, e alguns são reconhecidamente fracos. Eu, em um dado momento, argumentei contra cada “explicação” em particular que possa razoavelmente ser concebida para se aplicar àquele caso particular. Na maioria de tais explicações hipotéticas a “transferência de pensamento de lapsos da memória” foi admitida; a possibilidade de informação derivada de algum assistente anterior também não podia ser ignorada. Nos casos em que ambas estas possibilidades eram claramente inaplicáveis foi preciso apelar para a “coincidência” ou o “acaso”; e em vários casos nem mesmo estas opções serviram como explicação. Por esta razão decido omitir todas estas sugestões gratuitas; qualquer um pode supri-las se julgar que há razão para tanto, e todos devem decidir por si mesmos, após estudarem os registros do caso, qual explicação é a menos improvável e até que ponto qualquer explicação é realmente adequada.

Lista de incidentes desconhecidos, ou esquecidos, ou incompreendidos pelas pessoas

presentes.

da Sessão

Condutor

da Sessão Incidente Página

16 O. Lodge Problema na panturrilha do menino 467 36 Sra. Lodge Alex Marshall ferido abaixo do joelho 472 37 Rendall Livro como lembrança 479 39 Gonner Saída da mãe 488 39 Gonner Cabelo não cortado curto 489 40 O. Lodge Assuntos particulares do “Sr. E.” 493 44 O. Lodge Nadar no riacho 503 45 Sr. Thompson Que o tio William era manco 510 46 O. Lodge Vestido da velha senhora com o tio R. 512 46 O. Lodge Última visita do pai de O.L ao tio R. 514 46 O. Lodge Pele de cobra 515 47 O. Lodge Campo dos Smith 517 47 O. Lodge Cortes no relógio 518 48 O. Lodge Charley e a ave 518 49 Sra. Lodge Última bengala de W. T. 523 78 Sr. Lund Apelido “Margie” 535 78 Sr. Lund Carta assinada J. B. W. parcialmente lida 535 81 Sr. Thompson Frio na orelha da mãe 544 82 O. Lodge Circunstâncias da briga escolar do tio F. 550 83 Sr. Thompson Episódio do Dr. Rich 554

U.S. J. T. Clarke Tio John por casamento 570 U.S. J. T. Clarke Cheque estampados em vermelho no bolso 572

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da Sessão

Condutor

da Sessão Incidente Página

5 Sra. Verrall Prescrição de quinino 584 10 Sra. Verrall A irmã criança de Carrie 587 10 Sra. Verrall A irmã do avô se chamava Susan 588 10 Sra. Verrall George é o nome do irmão da primeira esposa do tio 589 7 Srta. Johnson Bolha no dedão do pé do irmão. 610

13 Oscar Browning Sobrinho na Filadélfia. 626

15 Prof. Sidgwick Sra. Sidgwick, com alguma coisa na cabeça, conversando com uma senhora

627

18 Sr. Deronco Mãe deitada num sofá 628 18 Sr. Deronco Irmão sendo descrito 628 25 Senhorita X. Irmão infante William 630 27 Sr. F. Tio William 631 30 Walter Leaf Duas cartas de Gurney 633 61 Sra. Sidgwick Sr. Sidgwick sentado com os pés pra cima 641 62 Prof. Sidgwick Sra. S. reclinada com um pano sobre a cabeça e o peito. 641

63 Sra. Verrall Dr. V. lendo na escrivaninha e parando para falar com um visitante.

642

64 Sr. Gale O avô ficou temporariamente manco. 643

66 Sra. B. Sra. Verrall observando um globo de vidro, junto com a filha

644

67 Srta. Johnson Irmão lendo com os pés pra cima em um canto da sala 644 75 Sra. Z Ex contraria 646

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(5) PARTE III COMENTÁRIOS DO PROFESSOR WILLIAM JAMES

CARO SR. MYERS,

O Senhor pede um registro de minhas próprias experiências com a Sra. Piper, a ser incorporado ao relato que será publicado no seu Proceedings. Lamento ser incapaz de lhe fornecer quaisquer anotações diretas das sessões além daquelas que o Sr. Hodgson já lhe terá fornecido. Admito que ao não ter feito maiores anotações fui bem desleixado, e só posso pedir perdão. A desculpa (se é que esta é uma) para minha negligência foi que desejei principalmente satisfazer-me sobre a Sra. Piper; e por pensar que para os outros nenhuma nota exceto as estenográficas teriam valor evidencial, e não sendo capaz de consegui-las, eu raramente fiz anotações. Ainda penso que para influenciar a opinião pública, o simples fato de que fulano e beltrano foram convencidos por sua experiência pessoal de que “há algo na mediunidade” é o principal. A opinião pública é muito mais influenciada por líderes do que por evidências. O simples “endosso” do Professor Huxley à Sra. Piper, p.ex., seria mais eficiente do que um monte de anotações feitas por pessoas como eu. No sentido prático, no entanto, eu devia ter feito muitas anotações, e a visão de seus métodos mais científicos faz-me lamentar duplamente as minhas faltas.

Nessas circunstâncias, a única coisa que eu posso fazer é informá-lo sobre a minha crença nos poderes da Sra. Piper, com um registro simples de memória dos passos que me levaram a essa decisão.

Tomei conhecimento da Sra. Piper no outono de 1885. A mãe da minha esposa, a Sra. Gibbens, ouviu falar dela através de um amigo, no verão passado, e por nunca ter visto uma médium antes, decidiu visitá-la por pura curiosidade. Ela retornou com a declaração de que Sra. P. tinha-lhe dado uma longa lista de nomes de membros de sua família, principalmente os primeiros nomes, junto com fatos sobre as pessoas mencionadas e suas relações umas com as outras, conhecimento que para ela não seria possível sem que a Sra. P. tivesse poderes supranormais. A minha cunhada foi à casa da Sra. P. no dia seguinte, e obteve resultados ainda melhores. Entre outras coisas, a médium tinha descrito de forma exata informações sobre o autor de uma carta que ela segurava contra a sua testa, depois que a Senhorita G. tinha dado a carta a ela. A carta tinha sido escrita em italiano, e o seu autor era conhecido apenas por duas pessoas neste país.

[Posso adicionar que numa ocasião posterior minha esposa e eu levamos outra carta desta mesma pessoa à Sra. P., que ao falar do autor o descreveu de forma inconfundível mais uma vez. Numa terceira ocasião, dois anos mais tarde, a minha cunhada e eu estivemos outra vez com a Sra.

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P., em estado de transe ela voltou a citar estas cartas, e então nos deu o nome do autor, que disse não ter sido capaz de obter na ocasião anterior].

Mas voltando ao início. Lembro-me de exercer o esprit fort nessa ocasião diante de meus parentes femininos, tentando explicar, usando considerações simples, a natureza maravilhosa dos fatos que elas trouxeram de volta. Isto não me impediu de dias depois, na companhia de minha esposa, visitar a médium para garantir que eu pudesse ter a minha impressão pessoal sobre ela. Os nomes de nenhum de nós até esta reunião foram anunciados à Sra. P., e a Sra. J. e eu fomos, naturalmente, cuidadosos para não fazermos nenhuma referência aos nossos parentes que nos tinham precedido. A médium, no entanto, quando estava em estado de transe, repetiu a maioria dos nomes de “espíritos” que ela tinha citado nas duas ocasiões anteriores e adicionou outros. Os nomes vieram com dificuldade, e só gradualmente foram citados da maneira correta. O nome Gibbens do pai da minha esposa foi a princípio citado como sendo Niblin, depois Giblin. Herman, uma criança (que perdemos no ano anterior) foi chamada de Herrin. Penso que não houve nenhum momento em que nomes e sobrenomes foram dados nesta visita. Mas os fatos

narrados sobre as pessoas citadas torna, em muitos casos, impossível não reconhecer os indivíduos que foram mencionados. Nesta ocasião nós fizemos um grande esforço para não ajudar o controle Phinuit de nenhuma forma quando ele mostrava dificuldades, e não fazer nenhuma pergunta sugestiva. Com base em experiência subseqüente eu acredito que esta não seja a melhor política. Pois freqüentemente acontece, caso você dê a esta personalidade de transe um nome ou algum pequeno fato, cuja falta a levará a uma paralisação, ela então iniciará um fluxo copioso de conversa adicional, que contém em si mesmo uma abundância de “testes”.

A minha impressão após a primeira visita foi de que a Sra. Piper era portadora de poderes supranormais ou conhecia os membros da família de minha esposa de vista e tinha, por alguma coincidência, tomado conhecimento de uma variedade de suas situações e condições domésticas para causar a impressão impactante que causou. O meu conhecimento posterior sobre suas reuniões e o contato pessoal com ela me levam a rejeitar a última hipótese e a crer que ela tem poderes supranormais.

Eu a visitei uma dúzia de vezes naquele inverno, algumas vezes sozinho, noutras acompanhado de minha esposa, uma vez na companhia do Rev. M. J. Savage. Enviei um grande número de pessoas a ela, desejando receber os resultados de tantas primeiras sessões quanto possível. Eu mesmo marquei encontros para a maioria destas pessoas, cujos nomes em nenhum momento foram anunciados à médium. Na primavera de 1886 eu publiquei um breve “Relatório do Comitê sobre Fenômenos Mediúnicos” no Proceedings da Sociedade Americana para Pesquisa Psíquica, do qual extraio o seguinte trecho: —

“Eu mesmo testemunhei uma dúzia de transes da Sra. Piper, e tenho o testemunho em

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primeira mão de 25 assistentes, sendo que todos, exceto um, foram praticamente apresentados à Sra. P. por mim mesmo.56 Nós temos relatórios estenográficos textuais de cinco sessões. Doze dos assistentes, que na maioria dos casos sentaram um de cada vez, não receberam nada da médium exceto nomes desconhecidos ou conversa fiada. Quatro destes assistentes eram membros da Sociedade, e relatórios escritos foram feitos em cada uma das sessões. Quinze dos assistentes foram surpreendidos pelas informações que receberam, já que logo na primeira entrevista foram citados nomes e fatos que pareceram improváveis de serem do conhecimento da médium por algum meio normal. Eu acredito que em cada um dos 15 casos, ela não tinha a menor idéia da identidade do assistente. Contudo, existe apenas um relatório estenográfico feito por um dos assistentes; de modo que, infelizmente para a médium, a evidência em seu favor é, embora abundante, menos exata em qualidade do que algumas daquelas contrárias a ela. Destes 15 assistentes, cinco senhoras eram parentes de sangue, e dois homens (eu sou um deles) eram ligados por casamento à família as quais elas pertencem. Duas outras conexões desta família estão incluídas nos 12 assistentes que nada receberam. A médium mostrou uma intimidade bem assustadora com estes casos da família, conversando sobre muitas questões conhecidas apenas por membros da família, e que não poderiam ter chegado aos seus ouvidos através de fofoca. Os detalhes não provariam nada ao leitor, a menos que impressos in extenso, com as anotações completas feitas pelos assistentes. Volta-se, afinal, à convicção pessoal. A minha convicção não é evidência, mas parece justo registrá-la. Estou convencido da honestidade da médium, e da genuinidade de seu transe; e embora, a princípio, eu estivesse disposto a pensar que os ‘acertos’ que ela fez fossem felizes coincidências, ou o resultado do seu conhecimento sobre a identidade do assistente e de seus assuntos familiares, eu agora acredito que ela possui um poder que ainda não foi explicado”.

Eu também fiz durante este inverno uma tentativa de verificar se o transe da Sra. Piper tinha alguma semelhança com o transe hipnótico comum. Escrevi no relatório: —

“Minhas primeiras duas tentativas de hipnotizá-la foram mal sucedidas. Entre a segunda

e a terceira vez, eu sugeri ao seu ‘controle’ no transe mediúnico que a induzisse a um estado mesmérico. Ele concordou. (Uma sugestão deste tipo feita pelo operador em um transe hipnótico provavelmente teria algum efeito no próximo). Ela ficou parcialmente hipnotizada na terceira tentativa; mas o efeito foi tão leve que eu o atribuo mais ao efeito de repetição do que à sugestão feita. Por volta da quinta tentativa ela tinha se tornado um sujeito hipnótico bastante bom, no que se refere aos fenômenos musculares e imitações automáticas de fala; mas eu não consegui afetar a sua consciência, nem, ao contrário, conduzi-la além deste ponto. A sua condição neste estado de semi-hipnose é muito diferente do seu transe mediúnico. O último é caracterizado por grande inquietação muscular, incluindo as suas orelhas se movendo vigorosamente de um modo que seria impossível em seu estado desperto. Mas quando ela está sob o efeito da hipnose o seu relaxamento muscular e fraqueza são extremos. Com freqüência ela precisa se esforçar ao falar

56 Tentei, e tenho tentado desde então, conseguir os relatos escritos destes assistentes, na maioria dos

casos em vão. As poucas declarações escritas que eu recebi estão nas mãos do Sr. Hodgson, e serão, sem dúvidas, enviadas ao senhor com o restante do material que ele enviará.

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para que sua voz seja audível; e para conseguir uma contração forte da mão, por exemplo, a manipulação expressa e a sugestão devem ser praticadas. As imitações automáticas às quais eu me referi são, a princípio, muito fracas, e somente tornam-se forte após serem repetidas. As suas pupilas se contraem no transe mediúnico. As sugestões feitas ao ‘controle’ para que ele a fizesse recordar depois do transe mediúnico o que ela tinha dito foram aceitas, mas não tiveram nenhum resultado. No transe hipnótico tal sugestão freqüentemente faz com que o paciente lembre-se de tudo o que aconteceu.

“Nenhum sinal de transferência de pensamento—testada através de cartões e figuras de adivinhação—foi encontrado nela, tanto na condição hipnótica que acaba de ser descrita, quanto imediatamente após; embora o seu ‘controle’ no transe mediúnico tenha dito que ele os ocasionaria. Até agora (tentamos duas vezes) não foi feita nenhuma adivinhação correta de cartões no transe mediúnico. E nenhum sinal claro de transferência de pensamento, testada através da nomeação dos cartões, foi encontrado durante o estado de vigília. Testes de ‘willing game’ e tentativas de escrita automática, deram resultados semelhantemente negativos. Com base no conjunto de evidencias que temos até o momento, o seu transe mediúnico parece ser uma característica isolada na sua psicologia.

Este seria por si só um resultado importante se pudesse ser estabelecido e generalizado, mas o registro é obviamente imperfeito demais para que conclusões definitivas possam ser aproveitadas em qualquer direção”.

Eu suspendi as minhas investigações sobre a mediunidade da Sra. Piper durante um período de aproximadamente dois anos, mesmo estando convencido de que se tratava de um mistério genuíno, por estar sobrecarregado com deveres que exigem tempo, e ciente de que qualquer investigação adequada dos fenômenos mediúnicos em questão seria uma tarefa muito prolongada para eu aspirar conduzir naquele momento. No entanto, eu a vi uma vez, meio que acidentalmente durante esse intervalo, e na primavera de 1889 a vi outras quatro vezes. No outono de 1889 ela nos visitou durante uma semana em nossa casa de campo em New Hampshire, e eu então passei a conhecê-la pessoalmente bem mais do que antes, e a acreditar que ela é uma pessoa extremamente simples e verdadeira. Ninguém pode, ao ser desafiado, fornecer “evidências” a outras pessoas sobre crenças como essa. Apesar disso todos nós vivemos de acordo com essas crenças dia após dia, e na prática eu deveria estar disposto a apostar tanto dinheiro na honestidade da Sra. Piper quanto na (honestidade) de qualquer outra pessoa que eu conheço, e fico bem satisfeito em colocar a minha reputação em jogo, para ser taxado como sábio ou louco, no que diz respeito à natureza humana, e permanecer de pé ou cair por esta declaração.

Quanto à explicação de seus fenômenos de transe, não tenho nenhuma a oferecer. A teoria prima facie, que é a de controle espiritual, é difícil de reconciliar com a trivialidade extrema da maioria das comunicações. Que espírito real, finalmente capaz de visitar novamente a sua esposa nesta terra, não encontraria algo melhor a dizer do que: “você mudou a minha fotografia de lugar”? Este é o tipo de observação que os espíritos apresentados pelo misterioso Phinuit são capazes de declarar. Devo admitir, no entanto, que Phinuit tem outras inclinações. Por várias vezes, quando minha esposa e eu sentávamos junto a ele, ele repentinamente começava longos sermões sobre nossos defeitos internos

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e falhas externas, que eram muito sinceros, assim como moral e psicologicamente sutis, e muito impressionantes. Estes discursos, embora dados pelo próprio pároco do Phinuit, eram muito diferente em estilo do seu discurso habitual, e provavelmente superior a algo que a médium poderia produzir em seu estado natural. Apesar disso, tudo no próprio Phinuit parece indicar que ele é um ser fictício. O seu francês, até onde ele foi capaz de mostrar-me, limitava-se a algumas frases de saudação, que poderiam facilmente ser derivados da memória “inconsciente” da médium; ele nunca foi capaz de entender o meu francês; e as migalhas de informação que ele dá sobre a sua carreira terrena são, como você sabe, escassas, vagas, e soam improváveis, como se sugerissem o hábito de enfeitar de alguém cujo estoque de materiais para invenção é consideravelmente reduzido. Ele é, no entanto, como ele realmente se apresenta: um indivíduo humano definido, com imenso tato e paciência, e grande desejo de agradar e de ser considerado infalível. No que se refere ao estilo rude e cheio de gírias que ele usa com tanta freqüência, deve ser dito que a tradição Espiritualista aqui na América está toda a favor do “espírito-controle” ser um personagem um tanto grotesco e atrevido. O Zeitgeist tem sempre muito a ver com a maneira em que os fenômenos de transe se manifestam, de modo que um “controle” com esse temperamento é o que alguém naturalmente esperaria. O Sr. Hodgson já deve ter lhe informado sobre a semelhança entre o nome de Phinuit e o do “controle” do médium em cuja casa a Sra. Piper entrou em estado de transe pela primeira vez. A coisa mais notável sobre a personalidade de Phinuit me parece ser a extraordinária tenacidade e minúcia da sua memória. A médium foi visitada por muitas centenas de assistentes, metade deles, talvez, sendo estranhos que vieram apenas uma vez. Phinuit conversou com cada um deles durante cerca de uma hora informando fragmentos desconexos sobre pessoas vivas, mortas, ou imaginárias, e acontecimentos passados, futuros, ou irreais. Que memória desperta normal pode manter esta massa caótica de material reunida? Mas Phinuit consegue; pois as possibilidades parecem indicar que, se um assistente voltar depois de um intervalo de anos, a médium, uma vez extasiada, lembraria nos mínimos detalhes o que foi dito na sessão anterior, e começaria a recapitular muito do que foi dito naquela ocasião. Até onde pude descobrir a memória desperta da Sra. Piper não é notável, e toda a constituição de sua memória de transe é algo que eu simplesmente não consegui entender. Mas não direi nada mais sobre Phinuit, porque, com a ajuda de nossos amigos na França, você já está sistematicamente procurando estabelecê-lo ou desmenti-lo como um nativo anterior deste mundo.

Geralmente o Phinuit é o meio de comunicação entre outros espíritos e o assistente. Mas dois outros espíritos soi-disant têm, em minha presença, assumido o “controle” direto da Sra. Piper. Um afirmou ser o falecido Sr. E. O outro era uma tia minha que morreu no ano passado em Nova Iorque. Eu já enviei a você o único registro que posso dar de

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minhas experiências anteriores com o “controle E.”. As primeiras mensagens vieram através do Phinuit, há cerca de um ano, após dois anos sem contato com a Sra. Piper, ela almoçou um dia em nossa casa e depois deu uma sessão para mim e minha esposa. Foi uma sessão muito ruim; e confesso que o ser humano em mim foi muito mais forte que o homem da ciência já que fiquei tão aborrecido com as bobagens cansativas de Phinuit que nem me dei ao trabalho de fazer anotações. Quando mais tarde o fenômeno se desenvolveu rumo a uma suposta fala direta do próprio E. eu lamentei a falta de anotações, pois um registro completo teria sido útil. Eu agora meramente posso dizer que nem naquela época, nem em qualquer outro tempo, existiu em minha mente a mais leve sensação de verossimilhança na personificação. Mas o fracasso em produzir um personagem E. mais plausível favorece de forma direta a não-participação da mente ciente da médium na performance. Ela poderia muito facilmente ter treinado a si mesma para ser mais eficiente.

O discurso feito em estado de transe sobre a minha própria família mostra a mesma inocência. A teoria cética sobre os êxitos dela baseia-se na crença de que ela mantém um tipo de escritório de detetive funcionando em boa parte do mundo, de modo que qualquer pessoa que a consulte com certeza a encontrará preparada com fatos sobre a sua vida. Poucas coisas poderiam ter sido mais fáceis, em Boston, do que a Sra. Piper colecionar fatos sobre a família de meu pai para usá-los em minhas sessões com ela. Mas embora meu pai, minha mãe, e um irmão morto tenham sido repetidamente citados, nada além de seus nomes foi dito, exceto por uma mensagem saudosa de agradecimento de meu pai por eu “ter publicado o livro”. Eu havia publicado o seu Literary Remains; mas quando perguntei: “qual livro?” tudo o que Phinuit pôde fazer foi soletrar as letras L, I, e nada mais. Se for sugerido que tudo isto nada mais foi do que um refinamento astuto, para que tais reticências habilidosamente distribuídas sejam o que traz a maioria de crédito a um médium, eu devo negar a proposta in toto. Vi e ouvi o suficiente em sessões para estar seguro de que os trunfos de um médium são a prontidão e o caráter integral de suas revelações. É um erro em geral (embora ocasionalmente, como agora, possa ser citado em seu favor) que a médium retenha informações que conhece. Os lapsos de Phinuit, a ortografia, e outros meios imperfeitos de revelar os seus fatos representam um grande obstáculo para a maioria dos assistentes, e ainda assim esta é uma grande característica das sessões com ele.

A tia que afirmou ter “assumido o controle” diretamente era uma personificação muito melhor, demonstrando grande parte do discurso e da energia alegre da tia original. A propósito, nesta ocasião, ela falou da condição de saúde de dois membros da família em Nova Iorque, informações que não tínhamos na época, e que depois confirmamos através de cartas. Diversas vezes ouvimos a Sra. Piper citar, em transe, fatos sobre os quais, naquele momento, nós não estávamos cientes. Se o elemento supranormal neste fenômeno é a transferência de pensamento, certamente não se trata da transferência do pensamento consciente do assistente, mas sim do

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reservatório do seu conhecimento potencial que é utilizado; e nem sempre disso, mas do conhecimento sobre alguma pessoa viva distante, como no último incidente citado. Algumas vezes até me pareceu que muita ansiedade da parte do assistente para fazer com que Phinuit dissesse uma determinada coisa acabava se tornando um obstáculo.

A Sra. Blodgett, de Holyoke, Mass., e a sua irmã tramaram, antes da última morrer, o que teria sido uma boa prova de um retorno espiritual real. A irmã, a Srta. H. W., escreveu em seu leito de morte uma carta, selou-a, e deu-a à Sra. B. Depois de sua morte nenhuma pessoa viva sabia o que havia sido escrito na carta. A Sra. B., que na época não conhecia a Sra. Piper, confiou a mim a carta selada, e pediu que eu desse algumas roupas da irmã morta para a Sra. Piper, para ajudá-la a obter o conteúdo da carta. Eu entreguei as roupas à Sra. P. que acertou o nome completo (que nem mesmo eu conhecia) da autora da carta, e finalmente, depois de muita demora e cerimônia que durou várias semanas da parte do Phinuit, ela ditou o que afirmou ser uma cópia da carta. Eu comparei esta cópia com a carta original (que a Sra. B. me permitiu abrir e ler); mas as duas cartas nada tinham em comum, e nenhum dos vários fatos domésticos aludidos na carta da médium foram reconhecidos pela Sra. Blodgett. A Sra. Piper foi igualmente mal sucedida em duas tentativas posteriores de reproduzir o conteúdo deste documento, embora em ambas as vezes tenha sido dito que a revelação havia sido feita diretamente pela falecida autora. Seria difícil tramar uma melhor prova do que esta teria sido, se tivesse imediatamente prosperado, para a exclusão de transferência de pensamento de mentes vivas.

Ao retornar da Europa, a minha sogra passou uma manhã em vão procurando sua caderneta bancária. Após ser questionada sobre onde estava a caderneta a Sra. Piper descreveu o lugar de maneira tão precisa que ela foi imediatamente encontrada. Ela me contou que o espírito de um rapaz chamado Robert F. era o companheiro do meu filho morto. Os F. são primos de minha esposa e vivem numa cidade distante. Em meu retorno ao lar mencionei o incidente a minha esposa, dizendo, “A sua prima perdeu um bebê, não perdeu? mas a Sra. Piper estava errada sobre o seu sexo, nome, e idade”. Então eu descobri que a Sra. Piper estava bastante correta em todos esses pormenores, e que eu tinha uma versão errada sobre esse assunto. Mas, obviamente, para se ter acesso à fonte de revelações como estas, não é preciso ir atrás do próprio armazém de experiências esquecidas ou desprezadas do assistente. Os experimentos da Srta. X. em olhar fixamente para o cristal provam quão estranhamente estas experiências sobrevivem. Se transferência de pensamento é a pista a ser seguida ao interpretar as elocuções do transe da Sra. Piper (e é isso o que, com base na minha experiência, de longe mais do que quaisquer instilações supramundanas, os fenômenos em questão parecem ser) devemos admitir que a necessidade de “transferência” não deve ser do pensamento consciente nem mesmo do inconsciente do assistente, mas freqüentemente deve ser do pensamento de alguém

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distante. Assim, na segunda visita de minha sogra à médium lhe foi dito que uma de suas filhas sofria de uma dor severa nas costas naquele mesmo dia. Esta ocorrência incomum, desconhecida pelo assistente, provou ser verdade. O anúncio feito à minha esposa e irmão sobre a morte da minha tia em Nova Iorque antes de nós termos recebido o telegrama (acredito que o Sr. Hodgson tenha lhe enviado um registro desse acontecimento) pode, por outro lado, ter sido ocasionado pela consciente apreensão dos assistentes sobre o acontecimento. Este incidente em particular é um “teste” que alguém não perde a chance de citar; mas em minha mente ele foi muito menos convincente do que as inumeráveis pequenas questões domésticas que a Sra. Piper citou de forma contínua nas sessões com membros da minha família. O seu conhecimento era particularmente íntimo nos casos de parentesco por parte da mãe de minha esposa. Alguns desses parentes estavam mortos, outros moravam na Califórnia ou no Estado de Maine. Ela descreveu todos eles, tanto os vivos como os mortos, falou de suas relações uns com os outros, de seus gostos e desgostos, de seus planos ainda não realizados, e quase nunca cometeu um erro, embora, como de costume, não houvesse um senso de organização e continuidade no que era declarado. Uma pessoa normal, que não conhecia a família, não poderia ter dito tanto sobre a mesma; uma pessoa familiarizada dificilmente poderia ter evitado dizer mais.

As coisas mais convincentes ditas sobre o meu próprio lar imediato eram muito íntimas ou muito triviais. Infelizmente as primeiras não podem ser publicadas. Das triviais, esqueci a maior parte, mas as rarce nantes a seguir podem servir como amostras de sua classe: Ela disse que tínhamos perdido um tapete recentemente, e que eu havia perdido um colete [ela injustamente acusou uma pessoa de roubar o tapete, que depois foi achado na casa]. Ela contou em detalhes como eu matei um gato cinza e branco, com éter, e descreveu como ele “tinha girado em círculos” antes de morrer. Contou como minha tia de Nova Iorque tinha escrito uma carta a minha esposa, advertindo-a contra todos os médiuns, e então desatou a criticar de forma bem divertida, cheia de traits vifs, o excelente caráter da mulher. [Naturalmente ninguém exceto minha esposa e eu sabíamos da existência da carta em questão.] Foi incisiva nos acontecimentos em nosso berçário, e nos deu notáveis conselhos durante nossa primeira visita sobre como devemos lidar com os “ataques de fúria” do nosso segundo filho, ela o chamou de “o pequeno Billy,” que era o seu apelido quando ele era pequeno. Contou como o berço rangia de noite, como uma certa cadeira de balanço rangia misteriosamente, como minha esposa tinha ouvido pegadas na escada, etc. e etc. Por mais insignificantes que esses fatos possam soar quando lidos, o acúmulo de um grande número deles tem um efeito irresistível. Repito agora o que eu já disse anteriormente: que levando em consideração tudo o que eu sei sobre a Sra. Piper, eu tenho certeza absoluta, como tenho sobre qualquer fato pessoal no mundo, que quando ela está em estado de transe ela sabe de coisas que não poderia

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ter ouvido em estado de vigília e que a filosofia expressa em seus transes ainda não foi descoberta. As limitações de suas informações do transe, a sua descontinuidade e intermitência, e sua incapacidade aparente de se desenvolver após um certo ponto, embora acabem por incitar uma impaciência moral e humana de uma pessoa com o fenômeno, ainda estão, de um ponto de vista científico, entre suas peculiaridades mais interessantes, já que onde há limites há condições, e a descoberta destes é sempre o começo de uma explicação.

Isto é tudo que eu o posso dizer da Sra. Piper. Eu gostaria de ser mais “científico”. Mas, valeat quantum! Isto é o melhor que posso fazer.