Assim Falava Zaratrusta 01

8/12/2019 Assim Falava Zaratrusta 01

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Volume I


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Ttulo Traduzido:Assim Falou Zaratustra

Ttulo Original:Also sprach Zarathustra

Autor:Friedrich NietzscheGnero:Filosofia

Ano:1885

Volume I


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NDICE - PRIEIRA PARTE

Prembulo de Zaratustra

Das Trs Transforma!esDas "#tedras da $irtude

Dos "rentes em Al%m &undos

Dos 'ue Desprezam o "orpo

Das Ale(rias e Pai)!es

Do P#lido Delin'*ente

+er e ,scre-er

Da Ar-ore da &ontanha

Dos Pre(adores da &orte

Da .uerra e dos .uerreiros

Do No-o /dolo

Das &oscas da Praa P0blica

Da "astidade

Do Ami(o

s &il b2etos e o 3nico b2eto

Do Amor ao Pr4)imo

Do "aminho do "riador

A $elha e a No-a


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A Picada da $bora

Do Filho do &atrim6nio

Da &orte +i-re

Da $irtude Dadi-osa


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PRE!"#$O DE %ARAT#&TRA

I

Aos trinta anos apartou7se Zaratustra da suap#tria e do la(o da sua p#tria e foi7se at% a montanha9Durante dez anos (ozou por l# do seu esprito e da suasoledade sem se cansar9 $ariaram por%m os seussentimentos e uma manh: er(uendo7se com a aurorap6s7se em frente do sol e falou7lhe deste modo;

ue seria da tua felicidade se te

faltassem a'ueles a 'uem iluminas? Faz dez anos 'ue teabeiras da minha ca-erna e sem mim sem a minha#(uia e a minha serpente ha-er7te7ias cansado da tua luze deste caminho9

N4s por%m esper#-amos7te todas as manh:stom#-amos7te o sup%rfluo e bemdizamos7te9

Pois bem; 2# estou t:o enfastiado da minhasabedoria como a abelha 'ue acumulasse demasiadomel9 Necessito m:os 'ue se estendam para mim9

>uisera dar e repartir at% 'ue os s#biostornassem a (ozar da sua loucura e os pobres da suari'ueza9

Por isso de-o descer @s profundidades como tupela noite astro e)uberante de ri'ueza 'uando transp!eso mar para le-ar a tua luz ao mundo inferior9

,u de-o descer como tu se(undo dizem oshomens a 'uem me 'uero diri(ir9

Abenoa7me pois olho af#-el 'ue podes -er semin-e2a at% uma felicidade demasiado (rande=


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Abenoa a taa 'ue 'uer transbordar para 'uedela manem as douradas #(uas le-ando a todos osl#bios o refle)o da tua ale(ria=

lha= ,sta taa 'uer de no-o es-aziar7se eZaratustra 'uer tornar a ser homem9

Assim principiou o caso de Zaratustra9

IIZaratustra desceu sozinho das montanhas sem

encontrar nin(u%m9 Ao che(ar aos bos'ues deparou7se7

lhe de repente um -elho de cabelos brancos 'ue sara dasua santa cabana para procurar razes na sel-a9 , o -elhofalou a Zaratustra desta maneira;

ue -ais fazer a(ora entre os'ue dormem?

"omo no mar -i-ias no isolamento e o mar tele-a-a9 Des(raado= >ueres saltar em terra? Des(raado=>ueres tornar a arrastar tu mesmo o teu corpo?

Zaratustra respondeu;


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santo respondeu; uando por%m Zaratustra se -iu s4 falou assimao seu cora:o;


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>ue % o macaco para o homem? Gma irris:o ouuma dolorosa -er(onha9 Pois % o mesmo 'ue de-e ser ohomem para Buper7homem; uma irris:o ou uma dolorosa-er(onha9

Percorrestes o caminho 'ue medeia do -erme aohomem e ainda em -4s resta muito do -erme9 Noutrotempo fostes macaco e ho2e o homem % ainda maismacaco do 'ue todos os macacos9

&esmo o mais s#bio de todos -4s n:o passa deuma mistura hbrida de planta e de fantasma9 Acaso -os

disse eu 'ue -os torneis planta ou fantasma?

,u anuncio7-os o Buper7homem=

Buper7homem % o sentido da terra9 Di(a a-ossa -ontade; se2a o Buper7homem o sentido da terra9

,)orto7-os meus irm:os a permanecer fiis

terra e a n:o acreditar na'ueles 'ue -os falam deesperanas supra7terrestres9

B:o en-enenadores 'uer o saibam ou n:o9

B:o menosprezadores da -ida moribundos 'ueest:o por sua -ez en-enenados seres de 'uem a terrase encontra fati(adaC -:o7se por uma -ez=

Noutros tempos blasfemar contra Deus era amaior das blasfmiasC mas Deus morreu e com elemorreram tais blasfmias9 A(ora o mais espantoso %blasfemar da terra e ter em maior conta as entranhas doimpenetr#-el do 'ue o sentido da terra9

Noutros tempos a alma olha-a o corpo com

desd%m e ent:o nada ha-ia superior a esse desd%m;


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'ueria a alma um corpo fraco horr-el consumido defome= Hul(a-a deste modo libertar7se dele e da terra9

I= ,ssa mesma alma era uma alma fraca horri-el

e consumida e para ela era um deleite a crueldade=Jrm:os meus dizei7me; 'ue diz o -osso corpo da

-ossa alma? N:o % a -ossa alma pobreza imundcie econformidade lastimosa?

homem % um rio tur-o9 K preciso ser um marpara sem se toldar receber um rio tur-o9

Pois bemC eu -os anuncio o Buper7homemC % eleesse marC nele se pode abismar o -osso (randemenosprezo9

>ual % a maior coisa 'ue -os pode acontecer?>ue che(ue a hora do (rande menosprezo a hora em'ue -os enfastie a -ossa pr4pria felicidade de i(ual forma

'ue a -ossa raz:o e a -ossa -irtude9A hora em 'ue di(ais; ue importa a minha

felicidade= K pobreza imundcie e conformidadelastimosa9

A minha felicidade por%m de-eria 2ustificar apr4pria e)istncia=

A hora em 'ue di(ais; ue importa minha raz:o=Anda atr#s do saber como o le:o atr#s do alimento9 Aminha raz:o % pobreza imundcie e conformidadelastimosa=

A hora em 'ue di(ais; ue importa a minha-irtude? Ainda me n:o ener-ou9 "omo estou farto do meu


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bem e do meu mal9 Tudo isso % pobreza imundcie econformidade lastimosa=

A hora em 'ue di(ais; ue importa a minha

2ustia?= N:o -e2o 'ue eu se2a fo(o e car-:o= 2ustopor%m % fo(o e car-:o=

A hora em 'ue di(ais; ue importa a minhapiedade? N:o % a piedade a cruz onde se cra-a a'uele'ue ama os homens? Pois a minha piedade % umacrucifica:o9

H# falaste assim? H# (ritaste assim? Ah= N:o -oster eu ou-ido a falar assim=

N:o s:o os -ossos pecados % a -ossa parcim6nia'ue clama ao c%u= A -ossa mes'uinhez at% no pecadoisso % 'ue clama ao c%u=

nde est# pois o raio 'ue -os lamba com a sua

ln(ua? nde est# o delrio 'ue % mister inocular7-os?$edeC eu anuncio7-os o Buper7homem;


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tra-essia peri(oso caminhar peri(oso olhar para tr#speri(oso tremer e parar9

(rande do homem % ele ser uma ponte e n:o

uma metaC o 'ue se pode amar no homem % ele ser umapassa(em e um acabamento EL9

,u s4 amo a'ueles 'ue sabem -i-er como 'ue see)tin(uindo por'ue s:o esses os 'ue atra-essam de umpara outro lado9

Amo os (randes desdenhosos por'ue s:o os

(randes adoradores as setas do dese2o ansiosas pelaoutra mar(em9

Amo os 'ue n:o procuram por detr#s das estrelasuma raz:o para morrer e oferecer7se em sacrifcio mas sesacrificam pela terra para 'ue a terra pertena um dia aoBuper7homem9

Amo o 'ue -i-e para conhecer e 'ue 'uerconhecer para 'ue um dia -i-a o Buper7homem por'ueassim 'uer o seu acabamento9

Amo o 'ue trabalha e in-enta a fim de e)i(ir umamorada ao Buper7homem e preparar para ele a terra osanimais e as plantas por'ue assim 'uer o seuacabamento9

Amo o 'ue ama a sua -irtude por'ue a -irtude %-ontade de e)tin:o e uma seta do dese2o9

Amo o 'ue n:o reser-a para si uma (ota do seuesprito mas 'ue 'uer ser inteiramente o esprito da sua-irtude por'ue assim atra-essa a ponte como esprito9


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Amo o 'ue faz da sua -irtude a sua tendncia e oseu destino pois assim por sua -irtude 'uerer# -i-erainda e dei)ar de -i-er9

Amo o 'ue n:o 'uer ter demasiadas -irtudes9Gma -irtude % mais -irtude do 'ue duas por'ue % maisum n4 a 'ue se aferra o destino9

Amo o 'ue prodi(aliza a sua alma o 'ue n:o 'uerreceber a(radecimentos nem restitui por'ue d# sempre ese n:o 'uer preser-ar9

Amo o 'ue se en-er(onha de -er cair o dado aseu fa-or e 'ue per(unta ao -er tal;


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Amo todos os 'ue s:o como (otas pesadas 'uecaem uma a uma da sombria nu-em suspensa sobre oshomens anunciam o relmpa(o pr4)imo e desaparecemcomo anunciadores9

$ede; eu sou um an0ncio do raio e uma pesada(ota procedente da nu-emC mas este raio chama7se oBuper7homem9

VPronunciadas estas pala-ras Zaratustra tornou a

olhar o po-o e calou7se9 uaresma?u s4 acreditar:o nos (a(os?

De 'ual'uer coisa se sentem or(ulhosos9 "omose chama ent:o isso de 'ue est:o or(ulhosos? "hama7se ci-iliza:o; % o 'ue se distin(ue dos cabreiros9

Jsto por%m n:o (ostam eles de ou-ir por'ue osofende a pala-ra


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seu solo % ainda bastante rico mas ser# pobree nele 2# n:o poder# medrar nenhuma #r-ore alta9

Ai= apro)ima7se o tempo em 'ue o homem 2# n:o

lanar# por sobre o homem a seta do seu ardente dese2oe em 'ue as cordas do seu arco 2# n:o poder:o -ibrar9

,u -o7lo di(o; % preciso ter um caos dentro de sipara dar @ luz uma estrela cintilante9

,u -o7lo di(o; tendes ainda um caos dentro de -4soutros9

Ai= Apro)ima7se o tempo em 'ue o homem 2# n:odar# a luz @s estrelasC apro)ima7se o tempo do maisdesprez-el dos homens do 'ue 2# se n:o pode desprezara si mesmo9

lhai= ,u -os mostro o ltimo homem9

>ue -em a ser isso de amor de cria:o de

ardente dese2o de estrela? per(unta o 0ltimo homemre-irando os olhos9

A terra tornar7se7# ent:o mais pe'uena e sobreela andar# aos pulos o 0ltimo homem 'ue tudo apouca9 Asua raa % indestrut-el como a da pul(aC o 0ltimo homem% o 'ue -i-e mais tempo9


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,nfra'uecer e desconfiar parece7lhespecaminosoC anda7se com cautela9 Jnsensato a'uele 'ueainda tropea com as pedras e com os homens=

Al(um -eneno uma -ez por outra % coisa 'ueproporciona a(rad#-eis sonhos9 , muitos -enenos no fimpara morrer a(rada-elmente9

Trabalha7se ainda por'ue o trabalho % umadistra:oC mas faz7se de modo 'ue a distra:o n:odebilite9

H# uma pessoa se n:o torna nem pobre nem ricaCs:o duas coisas demasiado difceis9 >uem 'uerer# ainda(o-ernar? >uem 'uerer# ainda obedecer? B:o duascoisas demasiado custosas9

Nenhum pastor e s4 um rebanho= Todos 'uerem omesmo todos s:o i(uais; o 'ue pensa de outro modo -aipor seu p% para o manic6mio9


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foi interrompido pelos (ritos e pelo al-oroo da multid:o9


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>ue fazes a'ui entre estas torres? Na torre de-iastu estar metidoC obstrues o caminho a outro mais #(il do'ue tu= , a cada pala-ra se apro)ima-a mais mas'uando se encontrou a um passo sucedeu essa coisa

terr-el 'ue fez calar todas as bocas e atraiu todos oslharesC lanou um (rito diab4lico e saltou por cima do'ue lhe intercepta-a o caminho9

,ste ao -er o ri-al -itorioso perdeu a cabea e amaroma lar(ou o balancim e precipitou7se no abismocomo um remoinho de braos e pernas9 A praa p0blica e

a multid:o pareciam o mar 'uando se desencadeia atormenta9 Todos fu(iram atropeladamente em especial dostio onde de-eria cair o corpo9

Zaratustra permaneceu im4-el e 2unto dele caiu2ustamente o corpo destroado mas -i-o ainda9 Passadoum momento o ferido recuperou os sentidos e -iu

Zaratustra a2oelhado 2unto de si9 ue fazes a'ui? lhedisse9 H# h# tempo 'ue eu sabia 'ue o diabo me ha-ia dederrubar9 A(ora arrasta7me para o inferno9 >ueres impedi7lo?


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A(ora por causa do teu ofcio sucumbes eatendendo a isso -ou enterrar7te por minha pr4pria m:o9

moribundo 2# n:o respondeu mas mo-eu a

m:o como se procurasse a de Zaratustra para lhea(radecer9

VIIAbeira-a7se a noite e a praa sumia7se nas

tre-as9 ,nt:o a multid:o dispersou7se por'ue at% acuriosidade e o pa-or se cansam9 Bentado ao p% docad#-er Zaratustra encontra-a7se t:o abismado nas suas

refle)!es 'ue se es'ueceu do tempo9 Fez7se noite e sobreo solit#rio soprou um -ento frio9 Zaratustra er(ueu7seent:o e disse consi(o;


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cem passos 'uando se lhe acercou furti-amente umhomem e lhe falou bai)inho ao ou-ido9 'ue fala-a era opalhao da torre9 ,is o 'ue lhe dizia;


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A minha fome tem estranhos caprichos9 ,m (erals4 me aparece depois de comer e ho2e em todo o dia n:ome apareceu9 nde se entreteria ent:o?9

Assim dizendo Zaratustra bateu @ porta da casa9+o(o apareceu um -elho com uma luz e per(untou;uem se abeira de mim e do meu fraco sono?


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I'Zaratustra dormiu muito tempo e por ele passou

n:o s4 a aurora mas toda a manh:9 Por fim abriu os olhose olhou admirado no meio do bos'ue e do silncioC

admirado olhou para dentro de si mesmo9 ,r(ueu7seprecipitado como na-e(ante 'ue de s0bito a-ista terra esoltou um (rito de ale(ria por'ue -ira uma -erdade no-a9, falou deste modo ao seu cora:o;


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criador procura companheiros para se(uir comeleC por'ue tudo est# maduro para a ceifa9 Faltam7lhepor%m as cem foices e por isso arranca espi(ascontrariado9

"ompanheiros 'ue saibam afiar as suas foiceseis o 'ue procura o criador9 "hamar7lhes7:o destruidorese desprezadores do bem e do mal mas eles h:o de ceifare descansar9

"olaboradores 'ue ceifem e descansem com eleeis o 'ue busca Zaratustra9 >ue se importa ele com

rebanhos pastores e cad#-eres?

, tu primeiro companheiro meu descansa empaz= ,nterrei7te bem na tua #r-ore oca dei)o7te bemdefendido dos lobos9

Beparo7me por%m de tiC 2# passou o tempo9 ,ntreduas auroras me iluminou uma no-a -erdade9

N:o de-o ser pastor nem co-eiro9 Nunca maistornarei a falar ao po-oC pela 0ltima -ez falei com ummorto9

>uero unir7me aos criadores aos 'ue colhem e sedi-ertemC mostrar7lhes7ei o arco7iris e todas as escadas'ue le-am ao Buper7homem9

,ntoarei o meu cntico aos solit#rios e aos 'ue seencontram 2untos na solid:oC e a 'uem 'uer 'ue tenhaou-idos para as coisas inauditas confran(er7lhe7ei ocora:o com a minha -entura9

"aminho para o meu fimC si(o o meu caminhoC

saltarei por cima dos ne(li(entes e dos retardados9 Destamaneira ser# a minha marcha o seu fim=


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'Assim fala-a Zaratustra ao seu cora:o 'uando o

sol ia em meio do seu cursoC depois diri(iu para as alturasum olhar interro(ador por'ue ou-ia por cima de si o (rito

penetrante de uma a-e9 , -iu uma #(uia 'ue paira-a nosares traando lar(os rodeios e sustentando uma serpente'ue n:o parecia uma presa mas um aliado por'ue se lheenrosca-a ao pescoo9

ueriam descobrir se Zaratustra ainda -i-ia9 Ainda-i-erei de-eras?

,ncontrei mais peri(os entre os homens do 'ueentre os animaisC peri(osas sendas se(ue Zaratustra9.uiem7me os meus animais9

Depois de dzer isto Zaratustra recordou7se daspala-ras do santo do bos'ue suspirou e falou assim aoseu cora:o;


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DA& TR(& TRAN&)ORA*+E&ue h# mais pesado her4is per(unta o espritos4lido a fim de eu o deitar sobre mim para 'ue a minhaforca se recreie?

N:o ser# rebai)armo7nos para o nosso or(ulhopadecer? Dei)ar brilhar a nossa loucura para zombarmosda nossa sensatez?

u ser# separarmo7nos da nossa causa 'uandoela celebra a sua -it4ria? ,scalar altos montes para tentaro 'ue nos tenta?

u ser# sustentarmo7nos com bolotas e er-a doconhecimento e padecer fome na alma por causa da-erdade?

u ser# estar enfermo e despedir a consoladorese tra-ar amizade com surdos 'ue nunca ou-em o 'ue'ueremos?

u ser# submer2irmo7nos em #(ua su2a 'uando %a #(ua da -erdade e n:o afastarmos de n4s as frias r:s eos 'uentes sapos?


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u ser# amar os 'ue nos desprezam e estender am:o ao fantasma 'uando nos 'uer assustar?

esprito s4lido sobrecarre(a7se de todas estas

coisas pesadssimasC e @ semelhana do camelo 'uecorre carre(ado pelo deserto assim ele corre pelo seudeserto9

No deserto mais solit#rio por%m se efetua ase(unda transforma:o; o esprito torna7se le:oC 'uercon'uistar a liberdade e ser senhor no seu pr4priodeserto9

Procura ent:o o seu 0ltimo senhor 'uer ser seuinimi(o e de seus diasC 'uer lutar pela -it4ria com o(rande dra(:o9

>ual % o (rande dra(:o a 'ue o esprito 2# n:o'uer chamar Deus nem senhor?


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"riar -alores no-os % coisa 'ue o le:o ainda n:opodeC mas criar uma liberdade para a no-a cria:o issopode7o o poder do le:o9

Para criar a liberdade e um santo NQ mesmoperante o de-erC para isso meus irm:os % preciso o le:o9

"on'uistar o direito de criar no-os -alores % amais terr-el apropria:o aos olhos de um esprito s4lido erespeitoso9 Para ele isto % uma -erdadeira rapina e coisapr4pria de um animal rapace9

"omo o mais santo amou em seu tempo o


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DA& C,TEDRA& DA VIRT#DE,lo(iaram a Zaratustra um s#bio 'ue fala-a

doutamente do sono e da -irtudeC por isso se -ia

cumulado de honrarias e recompensas e todos osmancebos acorriam @ sua c#tedra9 Zaratustra foi ter comele e como todos os mancebos sentou7se diante da suac#tedra9 , o s#bio falou assim;


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+e-anto falsos testemunhos? "ometi adult%rio?

"obio a ser-a do pr4)imo? Tudo isto se combinamal com um bom sono9

, se se ti-essem as -irtudes seria preciso saberfazer coisa; adormecer a tempo todas as -irtudes9

K mister 'ue estas lindas mulheres se n:odesa-enham= , por tua causa infeliz=

Paz com Deus e com o pr4)imo; assim o 'uer obom sono9 , tamb%m paz com o diabo do pr4)imo sen:o

atormentar7te7# de noite9onra e obedincia @ autoridade mesmo @

autoridade 'ue claudi'ue= Assim o e)i(e o bom sono=Acaso tem uma pessoa culpa do poder (ostar de andarcom pernas co)as?

A'uele 'ue conduz as suas o-elhas ao prado

mais -ioso para mim ser# melhor pastor; isto %con-eniente ao bom sono9

N:o 'uero muitas honras nem (randes tesourosCisto e)acerba a bilis9 Dorme7se mal por%m sem uma boareputa:o e um pe'ueno tesouro9

Prefiro pouca ou m# companhiaC mas % mister 'ue

-enha e se -# embora no momento oportuno9 K isto o 'uecon-%m ao bom sono9

Tamb%m me a(radam muito os pobres de esprito;apressam o sono9 B:o bem7a-enturados mormente'uando se lhes d# sempre raz:o9


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Assim passam o dia os -irtuosos9 >uando che(a anoite li-ro7me bem de chamar o sono9 sono 'ue % o reidas -irtudes n:o 'uer ser chamado9

Bomente penso no 'ue fiz e pensei durante o dia9Muminando interro(o7me pacientemente como uma -aca9,nt:o 'uais foram as tuas dez -it4rias sobre ti mesmo?

, 'uais foram as dez reconcilia!es e as dez-erdades e os dez risos com 'ue se ale(rou o meucora:o?

&a'uinando nestas coisas e acalentado por'uarenta pensamentos o sono 'ue eu n:o chamei lo(ome surpreende9

sono d#7me nos olhos e sinto7os pesados9 sono aflora @ minha boca e a boca fica aberta9

Butilmente se introduz em mim o ladr:o predileto

e rouba7me os pensamentos9 ,stou de p% feito um troncoCmas ainda h# pouco de p% lo(o me estendo9

u-indo falar o s#bio Zaratustra riu7se consi(omesmo9


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Diz a sua sabedoria;


33/107

DO& CRENTE& E A$ #NDO&Gm dia Zaratustra ele-ou a sua ilus:o mais al%m

da -ida dos homens @ maneira de todos os 'ue crem em

al%m7mundos9bra de um deus dolente e atormentado lhe

pareceu ent:o o mundo9


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>ue sucedeu meus irm:os? ,u 'ue sofriadominei7meC le-ei a minha pr4pria cinza para a montanhaCin-entei para mim uma chama mais clara9 , -ede= fantasma ausentou7se=

A(ora 'ue estou curado seria para mim umsofrimento e um tormento crer em semelhantesfantasmas9 Assim falo eu aos 'ue creem em al%m7mundos9

Bofrimentos e incompetnciasC eis o 'ue crioutodos os al%m7mundos e esse bre-e des-ario da

felicidade 'ue s4 conhece 'uem mais sofre9

A fadi(a 'ue de um salto 'uer atin(ir o e)tremouma fadi(a pobre e i(norante 'ue n:o 'uer ao menos ummaior 'uererC foi ela 'ue criou todos os deuses e todos osal%m7mundos9

Acreditai7me meus irm:os= Foi o corpo 'uedesesperou do corpo; tateou com os dedos do espritoe)tra-iado as 0ltimas paredes9

Acreditai7me meus irm:os= Foi o corpo 'uedesesperou da terra; ou-iu falar as entranhas do ser9

>uis ent:o 'ue a sua cabea transpassasse as0ltimas paredes e n:o s4 a cabea; at% ele 'uis passarpara o


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K de-eras difcil demonstrar o Ber e difcil % faz7lo falar9 Dizei7me por%m irm:os; a mais estranha detodas as coisas n:o ser# a melhor demonstrada?

, este ,u 'ue cria 'ue 'uer e 'ue d# a medidae o -alor das coisas este ,u e a contradi:o e confus:odo ,u falam com a maior lealdade do seu ser9

, este ser lealssimo o ,u fala do corpo e 'uer ocorpo embora sonhe e di-a(ue e es-oace com as asaspartidas9

,u aprende a falar mais realmente de cada -eze 'uanto mais aprende mais pala-ras acha para honrar ocorpo e terra9

meu ,u ensinou7me um no-o or(ulho 'ue euensino aos homens; n:o ocultar a cabea nas nu-enscelestes mas le-#7la descobertaC sustentar er(uida umacabea terrestre 'ue creia no sentido da terra9

,u ensino aos homens uma no-a -ontade; 'uerero caminho 'ue os homens tm se(uido ce(amente econsider#7lo bom e fu(ir dele como os enfermos e osdecr%pitos9

,nfermos e decr%pitos foram os 'uemenosprezaram o corpo e a terra os 'ue in-entaram ascoisas celestes e as (otas de san(ue redentorC mas at%esses doces e l0(ubres -enenos foram buscar no corpo ena terra=

>ueriam fu(ir da sua mis%ria e as estrelasesta-am demasiado lon(e para eles9 ,nt:o suspiraram;


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-ida e outra felicidade= , in-entaram os seus artifcios eas suas bebera(ens san(rentas9

, 2ul(aram7se arrebatados para lon(e do seu

corpo e desta terra os in(ratos= A 'uem de-iam por%m oseu espasmo e o deleite do seu arroubamento? Ao seucorpo e a esta terra9

Zaratustra % indul(ente com os enfermos9 N:o oenfadam as suas formas de se consolarem nem a suain(ratid:o9 "urem7se dominem7se criem um corposuperior=

Zaratustra tamb%m se n:o enfada com o 'ue sara'uando este olha com carinho as suas ilus!es e -ai @meia7noite rodear a tumba do seu DeusC mas as suasl#(rimas continuam sendo para mim enfermidade e corpoenfermo9

ou-e semprei muitos enfermos entre os 'uesonham e suspiram por DeusC odeiam furiosamente o 'ueprocura o conhecimento e a mais no-a das -irtudes 'uese chama lealdade9

lham sempre para tr#s para tempos obscurosCnesse tempo de certo a ilus:o e a f% eram outra coisa9 delrio da raz:o era coisa di-ina e a d0-ida pecado9

"onheo demasiado esses semelhantes a DeusC'uerem 'ue se acredite neles e 'ue a d0-ida se2a pecado9Tamb%m sei de sobra no 'ue % 'ue eles crem mais9

N:o % certamente em al%m7mundos e em (otasde san(ue redentorC eles tamb%m crem sobretudo nocorpo e ao seu pr4prio 'ue olham como a coisa em si9


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seu corpo por%m % coisa enfermia e de boa-ontade se li-rar:o dele9 Por isso escutam os pre(adoresda morte e eles mesmos pre(am os al%m7mundos9

Preferi meus irm:os a -oz do corpo curadoC %uma -oz mais leal e mais pura9

corpo s:o o corpo cheio de n(ulos retos falacom mais lealdade e mais purezaC fala do sentido daterra9

Assim fala-a Zaratustra9


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DO& .#E DE&PRE%A O CORPOAos 'ue desprezam o corpo 'uero dizer a minha

opini:o9 'ue de-em fazer n:o % mudar de preceito mas

simplesmente despedirem7se do seu pr4prio corpo e porconse(uinte ficarem mudos9


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Bempre escuta e es'uadrinha o pr4prio ser;combina submete con'uista e destr4i9

Meina e % tamb%m soberano do ,u9

Por detr#s dos teus pensamentos e sentimentosmeu irm:o h# um senhor mais poderoso um (uiadesconhecido chama7se uero dizer uma coisa aos 'ue desprezam o

corpo; desprezam a'uilo a 'ue de-em a sua estima9>uem criou a estima e o menosprezo e o -alor e a-ontade?

pr4prio ser criador criou a sua estima e o seumenosprezo criou a sua ale(ria e a sua dor9 corpocriador criou a si mesmo o esprito como emana:o da

sua -ontade9


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Desprezadores do corpo; at% na -ossa loucura eno -osso desd%m sereis o -osso pr4prio ser9 ,u -os di(o;o -osso pr4prio ser 'uer morrer e se afasta da -ida9

N:o pode fazer o 'ue mais dese2aria; criarsuperando7se a si mesmo9 K isto o 'ue ele mais dese2aC %esta a sua pai):o toda9

K por%m tarde demais para isso; de maneira 'ueat% o -osso pr4prio ser 'uer desaparecer desprezadoresdo corpo9

-osso pr4prio ser 'uer desaparecer; por issodesprezais o corpo= Por'ue n:o podeis criar 2#superando7-os a -4s mesmos9

Por isso -os re-oltais contra a -ida e a terra9 Noolhar obl'uo do -osso menosprezo transparece umain-e2a inconsciente9

,u n:o si(o o -osso caminho desprezadores docorpo= $4s para mim n:o sois pontes 'ue se encaminhempara o Buper7homem=



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DA& A$EGRIA& E PAI'+E&


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Dantes tinhas pai)!es e chama-a7lhes males9A(ora por%m s4 tens as tuas -irtudes; nasceram dastuas pai)!es9

Puseste nessas pai)!es o teu ob2eti-o maisele-adoC ent:o passaram a ser tuas -irtudes e ale(rias9

Fostes da raa dos col%ricos ou dos -olutuososou dos fan#ticos ou dos -in(ati-os todas as tuas pai)!esacabaram por se mudar em -irtudes todos os teusdem6nios em an2os9

Dantes tinhas no teu antro c:es sel-a(ens masacabaram por se con-erter em p#ssaros e a-es canoras9

"om os teus -enenos preparaste o teu b#lsamoCordenhaste a tua -aca de tribula:o e a(ora bebes osaboroso leite dos seus 0beres9

, nenhum mal nasce em ti a n:o ser a'uele 'ue

brota da luta das tuas -irtudes9Jrm:o 'uando (ozas de boa sorte tens uma

-irtude e nada maisC assim passas mais li(eiro a ponte9 Kuma distin:o ter muitas -irtudes mas % sorte bem duraC en:o s:o poucos os 'ue se tm ido matar ao deserto porestarem fartos de ser combatente e campo de batalha de-irtudes9

Jrm:o a (uerra e as batalhas s:o males? Poiss:o males necess#riosC a in-e2a a desconfiana e acal0nia s:o necess#rias entre as tuas -irtudes9

Mepara como cada uma das -irtudes dese2a omais alto 'ue h#; 'uer todo o teu esprito para seu arauto

'uer a tua fora toda na c4lera no 4dio e no amor9


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"ada -irtude % ciosa das outras -irtudes e osci0mes s:o uma coisa terr-el9 Tamb%m h# -irtudes 'uepodem morrer por ci0mes9

'ue anda em redor da chama dos ci0mesacaba 'ual escorpi:o por -oltar contra si mesmo oa(uilh:o en-enenado9

Ai meu irm:o= Nunca -iste uma -irtude caluniar7se e ani'uilar7se a si mesma?

homem precisa ser superado9 Por isso

necessitas amar as tuas -irtudes por'ue por elasmorrer#s9



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DO P,$IDO DE$IN./ENTE


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Gma ima(em fez empalidecer esse homem p#lido9,le esta-a @ altura do seu ato 'uando o realizou mas n:osuportou a sua ima(em depois de o ter consumado9

Bempre se -iu s4 como o autor de um ato9 ,uchamo isso loucuraC a e)ce:o con-erteu7se para ele emre(ra9

(olpe 'ue deu fascina7lhe a pobre raz:o; a issochamo eu a loucura depois do ato9

u-i Huizes= Ainda h# outra loucura; a loucura

antes do ato9 Ah= n:o penetrastes profundamente nessaalma9

2uiz -ermelho fala assim; ueria roubar9

&as eu -os di(o; a sua alma 'ueria san(ue e n:oo rouboC tinha sede do (ozo da faca=

A sua pobre raz:o por%m n:o compreendia essaloucura e decidiu7o9 ue importa o san(ue? disse ela9 Nem ao menos dese2as roubar ao mesmo tempo? N:ote dese2as -in(ar?

, atendeu a sua pobre raz:o cu2a lin(ua(empesa-a sobre ele como chumboC ent:o roubou ao

assassinar9 N:o se 'ueria en-er(onhar da sua loucura9, a(ora pesa sobre ele o chumbo do seu crimeC

mas a sua pobre raz:o est# t:o paralisada t:o torpe=999

Be ao menos pudesse sacudir a cabea a suacar(a cairia mas 'uem sacudir# esta cabea?


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>uem % este homem? Gm con2unto deenfermidades 'ue pelo esprito abrem caminho para forado mundo onde 'uerem apanhar a sua presa9

>ue % este homem? Gm ma(ote de serpentesferozes 'ue se n:o podem entenderC por isso cada 'ual-ai por seu lado procurar presa pelo mundo9

$ede este pobre corpo= 'ue ele sofreu e o 'uedese2ou a alma o interpretou a seu fa-orC interpretou7ocomo (ozo e dese2o san(uin#rio do prazer da faca9

'ue enferma a(ora -7se dominado pelo mal'ue % mal a(oraC 'uer fazer sofrer com o 'ue o faz sofrerCmas hou-e outros tempos e outros males e bens9

Dantes era um mal a d0-ida e a -ontade pr4pria9,nt:o o enfermo torna7se here2e e bru)aC como here2e ebru)a padecia e fazia padecer9

&as isto n:o 'uer entrar nos -ossos ou-idosCpre2udica dizeis os -ossos bonsC mas 'ue me importam amim os -ossos bons?

Nos -ossos bons h# muitas coisas 'ue merepu(nam e de certo n:o % o seu mal9

>uereria 'ue ti-essem uma loucura 'ue os

le-asse a sucumbir como esse p#lido criminoso9>uereria 'ue a sua loucura se chamasse -erdade

ou fidelidade ou 2ustiaC mas tm -irtude para -i-er emmsera conformidade9

,u sou um anteparo na mar(em do rioC a'uele'ue puder prender7me 'ue o faa9 Baiba7se por%m 'ue

n:o sou -ossa muleta9


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$ER E E&CREVER


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$4s olhais para cima 'uando aspirais a -os ele-ar9,u como estou alto olho para bai)o9

>ual de -4s pode estar alto e rir ao mesmo

tempo? 'ue escala ele-ados montes ri7se de todas as

tra(%dias da cena e da -ida9

$alorosos despreocupados zombeteiros-iolentos eis como nos 'uer a sabedoria9 K mulher e s4lutadores podem amar9

$4s dizeis7me;


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,u s4 poderia crer num Deus 'ue soubessedanar9

, 'uando -i o meu dem6nio pareceu7me s%rio

(ra-e profundo e solene; era o esprito do pesadelo9 Porele caem todas as coisas9

N:o % com c4lera mas com riso 'ue se mata9Adiante= matemos o esprito do pesadelo=

,u aprendi a andarC por conse(uinte corro9 ,uaprendi a -oarC por conse(uinte n:o 'uero 'ue me

empurrem para mudar de stio9A(ora sou le-e a(ora -6oC a(ora -e2o por bai)o

de mim mesmo a(ora salta em mim um Deus9



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DA ,RVORE DA ONTAN0As olhos de Zaratustra tinham -isto um mancebo

'ue e-ita-a a sua presena9 , uma tarde ao atra-essar

sozinho as montanhas 'ue rodeiam a cidade denominada


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Dizias a -erdade Zaratustra9 H# n:o tenhoconfiana em mim desde 'ue 'uero subir @s alturas e 2#nada tem confiana em mim9 A 'ue se de-e isto?

,u transformo7me depressa demais; o meu ho2econtradiz o meu ontem9 "om fre'*ncia salto de(raus'uando subo coisa 'ue os de(raus me n:o perdoam9

>uando che(o em cima sempre me encontro s49Nin(u%m me falaC o frio da soledade faz7me tiritar9 >ue %'ue 'uero ent:o nas alturas?

meu desprezo e o meu dese2o crescem a parC'uanto mais me ele-o mais desprezo o 'ue se ele-a?

"omo me en-er(onho da minha ascen:o e dasminha 'uedas= "omo me rio de tanto anelar= "omo odeioo 'ue -oa= "omo me sinto cansado nas alturas=

mancebo calou7se9 Zaratustra olhou atento a

#r-ore a cu2o p% se encontra-am e falou assim;


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apareceste? A in-e2a ani'uilou7me= Assim falou omancebo e chorou amar(amente9 Zaratustra cin(iu7lhe acintura com o brao e le-ou7o consi(o9

Depois de andarem 2untos durante al(um tempoZaratustra comeou a falar assim;

ueres escalar a altura li-reC a tua alma est#sedenta de estrelasC mas tamb%m os teus maus instintostm sede de liberdade9

s teus c:es sel-a(ens 'uerem ser li-resC ladram

de ale(ria no seu co-il 'uando o teu esprito tende a abrirtodas as pris!es9

Para mim %s ainda um preso 'ue sonha com aliberdade9 Ai= a alma de presos assim torna7se prudentemas tamb%m astuta e m#9

'ue libertou o seu esprito necessita ainda

purifioar7se9 Ainda lhe restam muitos -est(ios de pris:o ede lodo; % preciso toda-ia 'ue a sua -ista se purifi'ue9

BimC conheo o teu peri(oC mas por amor de mimte e)orto a n:o afastares para lon(e de ti o teu amor e atua esperana=

Ainda te reconheces nobre assim como nobre te

reconhecem os outros os 'ue est:o mal conti(o e te


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olham com maus olhos9 Fica sabendo 'ue todos tropeamcom al(um nobre no seu caminho9

Tamb%m os bons tropeam com al(um nobre no

seu caminho e se lhe chamam bom % t:o somente para op6r de parte9

nobre 'uer criar al(uma coisa nobre e umano-a -irtude9 bom dese2a o -elho e 'ue o -elho seconser-e9

peri(o do nobre por%m n:o % tornar7se bom

mas insolente zombeteiro e destruidor9Ah= eu conheci nobres 'ue perderam a sua mais

ele-ada esperana9 , depois caluniaram todas asele-adas esperanas9

A(ora tm -i-ido abertamente com min(uadasaspira!es e apenas planearam um fim de um dia para

outro9


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DO& PREGADORE& DA ORTE


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Bumidos na densa melancolia e #-idos dos le-esacidentes 'ue matam esperam cerrando os dentes9

u ent:o estendem a m:o para doces e zombam

das suas pr4prias criancices; est:o encostados @ -idacomo uma palha e escarnecem de se apoiarem a umapalha9

A sua sabedoria diz;


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,les por%m 'uerem libertar7se da -ida9 >ue lhesimporta prender outros a ela mais estreitamente com assuas cadeias e as suas d#di-as?

, -4s outros tamb%m -4s 'ue le-ais uma -ida dein'uieta:o e de trabalho furioso n:o estaiscansadssimos da -ida? N:o estais bastante sazonadospara a pre(a:o da morte?

$4s todos 'ue amais o trabalho furioso e tudo o'ue % r#pido no-o sin(ular suportai7-os mal a -4smesmos; a -ossa ati-idade % fu(a e dese2o de -os

es'uecerdes de -4s mesmos9

Be ti-%sseis mais f% na -ida n:o -os entre(areistanto ao momento correnteC mas n:o tendes fundosuficiente para esperar nem t:o pouco para a pre(uia9

Por toda parte ressoa a -oz dos 'ue pre(am amorte e a terra est# cheia de seres a 'ue % mister pre(ara morte9

u


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DA G#ERRA E DO& G#ERREIRO&


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N:o -os aconselho o trabalho mas a luta9 N:o-os aconselho a paz mas a -it4ria9 Be2a o -osso trabalhouma luta= Be2a -ossa paz uma -it4ria=

N:o % poss-el estar calado e permanecertran'*ilo sen:o 'uando se tm flechas no arcoC a n:o serassim 'uestiona7se9 Be2a a -ossa paz uma -it4ria=

Dizeis 'ue a boa causa % a 'ue santifica tamb%ma (uerra? ,u -os di(o; a boa (uerra % a 'ue santificatodas as coisas9

A (uerra e o -alor tm feito mais coisas (randesdo 'ue o amor do pr4)imo9 N:o foi a -ossa piedade mas a-ossa bra-ura 'ue at% ho2e sal-ou os n#ufra(os9

>ue % bom? per(untais9 Ber -alente9 Dei)aias rapari(as dizerem;


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A re-olta % a nobreza do escra-o9 Be2a aobedincia a -ossa nobreza9 Be2a a obedincia o -ossopr4prio mandato=

Para o -erdadeiro homem de (uerra soa maisa(rada-elmente


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DO NOVO DO$Oue % isso? $amos= Abri os ou-idospor'ue -os -ou falar da morte dos po-os9

,stado chama7se o mais frio dos monstros9 &entetamb%m friamente e eis 'ue mentira rasteira sai da suaboca;


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indica % a -ontade da morteC est# chamando ospre(adores da morte9

$m ao mundo homens demais para os

sup%rfluos in-entou7se o ,stado=$ede como ele atrai os sup%rfluos= "omo os

en(ole como os masti(a e remasti(a=


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,stado % onde todos bebem -eneno os bons eos mausC onde todos se perdem a si mesmos os bons eos mausC onde o lento suicdio de todos se chama


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,-itai o mau cheiro= Afastai7-os do fumo dessessacrifcios humanos=

Ainda a(ora o mundo % li-re para as almas

(randes9 Para os 'ue -i-em solit#rios ou aos pares aindah# muitos stios -a(os onde se aspira a fra(rncia dosmares silenciosos9

Ainda tm franca uma -ida li-re as almas (randes9Na -erdade 'uem pouco possui tanto menos % possudo9endita se2a a nobreza=

Al%m onde acaba o ,stado comea o homem 'uen:o % sup%rfluoC comea o canto dos 'ue s:onecess#rios a melodia 0nica e insubstitu-el9

Al%m onde acaba o ,stado999 olhai meus irm:os=N:o -edes o arco7iris e a ponte do Buper7homem?



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DA& O&CA& DA PRA*A P1"$ICA


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Derribar; chama a isto demonstrar9 ,nlou'uecer;chama a isto con-encer9 , o san(ue % para ele o melhorde todos os ar(umentos9

"hama mentira e nada a uma -erdade 'ue s4penetra em ou-idos apurados9 $erdadeiramente s4 cr emdeuses 'ue faam muito rudo no mundo9

A praa p0blica est# cheia de tru!esensurdecedores e o po-o -an(loria7se dos seus (randeshomens9 B:o para eles os senhores do momento9

momento oprime7o e eles oprimem7te a tie)i(em7te um sim ou um n:o9 Des(raado= >uerescolocar7te entre um pr4 e um contra?

N:o in-e2es esses espritos opressores eabsolutos 4= amante da -erdade= Nunca a -erdade pendeudo brao de um esprito absoluto9

Torna ao teu asilo lon(e dessa (ente tumultuosaCs4 na praa p0blica assediam uma pessoa com o


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Fo(e para a tua soledade9 $i-er#s pr4)imodemais dos pe'uenos mes'uinhos9 Fo(e da sua -in(anain-is-el= Para ti n:o mais 'ue -in(ana9

N:o le-antes mais o brao contra eles=B:o inumer#-eis e o teu destino n:o % ser

en)ota7moscas=

B:o inumer#-eis esses pe'ueninos emes'uinhosC e alti-os edifcios se tm -isto destrudos por(otas de chu-a e er-as ruins9

N:o %s uma pedra mas 2# te fenderam infinitas(otas9 Jnfinitas (otas continuar:o a fender7te e a 'uebrar7te9

$e2o7te cansado das moscas -enenosas -e2o7tearranhado e ensan(*entado e o teu or(ulho nem uma s4-ez se 'uer encolerizar9

,las dese2ariam o teu san(ue com a maiorinocnciaC as suas almas anmicas reclamam san(ue epicam com a maior inocncia9

&as tu 'ue %s profundo sentias profundamenteat% as pe'uenas feridas e antes da cura 2# passea-aoutra -ez pela tua m:o o mesmo inseto -enenoso9

Pareces7me alti-o demais para matar esse(lut!esC mas repara n:o -enha a ser destino teu suportartoda a sua -enenosa in2ustia=

Tamb%m zumbem @ tua roda com os seuslou-ores9 Jmportunidades; eis os seus lou-ores9 >ueremestar perto da tua pele e do teu san(ue9


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Adulam7te como um deus ou um diabo=choramin(am diante de ti como de um deus ou de umdiabo9 >ue importa?

B:o aduladores e choramin(as nada mais9Tamb%m sucede fazerem7se am#-eis conti(oC

mas foi sempre essa a ast0cia dos co-ardes9 K -erdadeCos co-ardes s:o astutos=

Pensam muito em ti com a alma mes'uinha9Buspeitam sempre de ti9 Tudo o 'ue d# muito 'ue pensar

se torna suspeito9"asti(am7te pelas tuas -irtudes todas9

B4 te perdoam -erdadeiramente os teus erros9

"omo %s ben%-olo e 2usto dizes;


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Bim meu ami(oC %s a conscincia roedora dosteus pr4)imos por'ue n:o s:o di(nos de ti9 Por isso teodeiam e 'uereriam su(ar7te o san(ue9

s teus pr4)imos h:o de ser sempre moscas-enenosas9 , o 'ue % (rande em ti de-e precisamentetorn#7los mais -enenosos e mais semelhantes @s moscas9

Fo(e meu ami(o para a tua soledade para al%monde sopre -ento ri2o e forte9 N:o % destino teu seren)ota7moscas9



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DA CA&TIDADE


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Tendes olhos demasiado cru%is e olhais cheiosde dese2os para os 'ue sofrem9

N:o ser# simplesmente por'ue a -ossa

sensualidade se disfarou e tomou o nome decompai):o?

Tamb%m -os apresento esta par#bola;

N:o poucos 'ue 'ueriam e)pulsar os dem6niosse meteram com os porcos9

Be a castidade pesa a al(um % preciso afast#7lo

dela para 'ue a castidade n:o che(ue a ser o caminho doinferno isto % da lama e da fo(ueira da alma9

Falei de coisas imundas? Para mim n:o % isso opior9

N:o 'uando a -erdade % imunda mas 'uando %superficial % 'ue o in-esti(ador mer(ulha de m# -ontade

nas suas #(uas9

$erdadeiramente h# os castos por essnciaC s:ode cora:o mais mei(o a(rada7lhes mais rir e riem mais'ue -4s outros9

Miem7se tamb%m da castidade e per(untam;

ue % a castidade?N:o % uma loucura? &as essa loucura n:o -eio

ter conosco n:o fomos n4s 'ue a busc#mos9

ferecemos a esse h4spede pousada e simpatia;a(ora habita em n4s9 Demore7se 'uanto 'ueira=



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DO AIGO


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No ami(o de-e -er7se o melhor inimi(o9 De-es sera (l4ria do teu ami(o entre(ares7te a ele tal 'ual %s? Pois% por isso 'ue te manda para o dem6nio=

'ue se n:o recata escandaliza9


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Ks tirano? ,nt:o n:o podes ter ami(os9

# demasiado tempo 'ue se oculta-am na mulherum escra-o e um tirano9 Por isso a mulher ainda n:o %

capaz de amizadeC apenas conhece o amor9No amor da mulher h# in2ustia e ce(ueira para

tudo 'uanto n:o ama9 , mesmo o amor refle)o da mulheroculta sempre a par da luz a surpresa o raio da noite9

A mulher ainda n:o % capaz de amizade; asmulheres continuam sendo (atas e p#ssaros9 u melhor

-acas9A mulher ainda n:o % capaz de amizade9 &as

dizei7me -4s homens; 'ual de -4s outros % por-enturacapaz de amizade?

Ai homens= 'ue pobreza e a-areza a da -ossaalma= >uando -4s outros dais a -ossos ami(os eu 'uero

dar tamb%m aos meus inimi(os sem me tornar mais pobrepor isso9

a2a camarada(em9 a2a amizade9



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O& I$ O"2ETO& E O 1NICOO"2ETO


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lei dos seus triunfos e por 'ue raz:o sobe @s suasesperanas por esses (raus9


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Pela a-alia:o se d# o -alorC sem a a-alia:o anoz da e)istncia seria oca9 u-i7o criadores=

A mudana dos -alores % mudana de 'uem cria9

Bempre o 'ue h# de criar destr4i9s criadores num princpio foram po-os e s4

mais tarde indi-duos9 Na -erdade os indi-duos % a maisrecente das cria!es9

Po-os suspenderam noutro tempo sobre si umat#bua do bem9 amor 'ue 'uer dominar e o amor 'ue

'uer obedecer criaram 2untos essas t#buas9 prazer do rebanho % mais anti(o 'ue o prazer

do ,u9 , en'uanto a boa conscincia se chama rebanhos4 a m# diz; ,u9

Na -erdade o ,u astuto o ,u e(osta 'ueprocura o seu bem no bem de muitos este n:o % a ori(em

do rebanho mas a sua destrui:o9

Bempre foram ardentes os 'ue criaram o bem e omal9 fo(o do amor e o fo(o da c4lera ardem sob o nomede todas as -irtudes9

&uitos pases e muitos po-os -iu Zaratustra9 N:oencontrou poder maior na terra 'ue a obra dos ardentesC

uem o derrubar#? Dizei; 'uem lanar# umacadeia sobre as mil cer-izes dessa besta?


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At% ao presente tm ha-ido mil ob2etos por'uetm ha-ido mil po-os9 B4 falta a cadeia das mil cer-izes;falta o 0nico ob2eto9 A humanidade n:o tem ob2eto9

&as dizei7me irm:os; se falta ob2eto @humanidade n:o % por'ue ela mesma ainda n:o e)iste?



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DO AOR AO PR3'IOuisera 'ue todos esses pr4)imos e seus -izinhosse -os tornassem insuport#-eisC assim tereis 'ue criarpara -4s mesmos o -osso ami(o e o seu cora:ofer-oroso9


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"hamais uma testemunha 'uando 'uereis falarbem de -4s e lo(o 'ue a ha-eis induzido a pensar bemda -ossa pessoa -4s mesmos pensais bem da -ossapessoa9

N:o s4 mente o 'ue fala contra a sua conscinciamas sobretudo o 'ue fala com a sua inconscincia9 ,assim falais de -4s no trato social en(anando o -izinho9

Fala o louco;


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Falo7-os do ami(o 'ue le-a em si um mundodispon-el um en-4lucro do bem do ami(o criador 'uetem sempre um mundo dispon-el para dar9

, como se desen-ol-eu o mundo para ele assimse en-ol-e de no-o; tal % o ad-ento do bem pelo mal dodes(nio pelo acaso9

Be2am o por-ir e o mais remoto a causa do -ossoho2eC no -osso ami(o de-eis amar o Buper7homem comoraz:o de ser9

&eus irm:os eu n:o -os aconselho o amor ao pr4)imoCaconselho7-os o amor ao mais afastado9



82/107

DO CAIN0O DO CRIADORueres meu irm:o insular7te? >ueres procurar o

caminho 'ue te (uia a ti mesmo? ,spera ainda um

momento e ou-e7me9


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# tantas con-uls!es de ambi:o= Demonstra7me'ue n:o pertences ao n0mero dos cobiosos nem dosambiciosos=

Ai= ,)istem tantos pensamentos (randes 'ueapenas fazem o mesmo 'ue um fole9 Jncham e es-aziam9

"hamas7te li-re? >uero 'ue me di(as o teupensamento fundamental e n:o 'ue te li-raste de um

2u(o9

Ber#s tu al(u%m 'ue tenha o direito de se li-rar de

um 2u(o? # 'uem perca o seu 0ltimo -alor ao libertar7seda sua su2ei:o9

+i-re de 'u? >ue importa isso a Zaratustra? teu olhar por%m de-e anunciar7se claramente; li-re para'u?

Podes proporcionar a ti mesmo teu bem e o teu

mal e suspender a tua -ontade por cima de ti como umalei? Podes ser o teu pr4prio 2uiz e -in(ador da tua lei?

Terr-el % estar a s4s com o 2uiz e o -in(ador dapr4pria lei como estrela lanada ao espao -azio no meiodo sopro (elado da soledade9

Ainda ho2e te atormenta a multid:oC ainda

conser-as o teu -alor e as tuas esperanas todas9Gm dia contudo te fati(ar# a soledade se

abater# o teu or(ulho e cerrar#s os dentes9 Gm diaclamar#s;


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pr4pria sublimidade te amendrontar# como um fantasma9Gm dia (ritar#s;


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, li-ra7te tamb%m dos impulsos do teu amor= solit#rio estende depressa demais a m:o a 'uemencontra=

# homens a 'uem n:o de-es dar a m:o mas t:osomente a pata e al%m disso 'uero 'ue a tua pata tenha(arras9

pior inimi(o toda-ia 'ue podes encontrar %s tumesmoC lana7te a ti pr4prio nas ca-ernas e nos bos'ues9

Bolit#rio tu se(ues o caminho 'ue te conduz a ti

mesmo= , o teu caminho passa por diante de ti e dos teussete dem6nios9

Ber#s here(e para ti mesmo ser#s feiticeiroadi-inho doido incr%dulo mpio e mal-ado9

K mister 'ue 'ueiras consumir7te na tua pr4priachama9 "omo 'uererias reno-ar7te sem primeiro te

reduzires a cinzas?Bolit#rio tu se(ues o caminho do criador; 'ueres

tirar um deus dos teus sete dem6nios=

Bolit#rio tu se(ues o caminho do amante; amas7te a ti mesmo e por isso te desprezas como s4desprezam os amantes9

amante 'uer criar por'ue despreza= >uesaberia do amor a'uele 'ue n:o de-esse menosprezar

2ustamente o 'ue ama-a?

$ai7te para o isolamento meu irm:o com o teuamor e com a tua cria:o e tarde ser# 'ue a 2ustia tesi(a claudicando9


86/107

$ai7te para o isolamento com as minhas l#(rimasmeu irm:o9 ,u amo o 'ue 'uer criar 'ual'uer coisasuperior a si mesmo e dessa arte sucumbe9



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A VE$0A E A NOVA


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homem de-e ser educado para a (uerra e amulher para prazer do (uerreiro9 Tudo o mais % loucura9

(uerreiro n:o (osta de frutos doces demais9 Por

isso a mulher lhe a(rada; a mulher mais doce tem sempreo seu 'u de amar(o9

A mulher compreende melhor do 'ue o homem ascrianas; mas o homem % mais infantil 'ue a mulher9

,m todo o -erdadeiro homem se oculta umacriana; uma criana 'ue 'uer brincar9 ,ia mulheres=

descobri no homem a criana=Be2a a mulher um brin'uedo puro e fino como o

diamante abrilhantado pelas -irtudes de um mundo 'ueainda n:o e)iste9

"intile no -osso amor o ful(or de uma estrela= A-ossa esperana 'ue di(a;


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A felicidade do homem %; eu 'ueroC a felicidade damulher %; ele 'uer9


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A PICADA DA V"ORA

Gm dia esta-a Zaratustra a dormitar sob umafi(ueira por'ue fazia calor e tinha tapado o rosto com obrao9 Nisto che(ou uma -bora mordeu7lhe o pescoo eele soltou um (rito de dor9 Afastando o brao do rostoolhou a serpenteC ela reconheceu os olhos de Zaratustracontorceu7se -a(arosamente e 'uis se retirar9


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, se -os fizeram uma (rande in2ustia fazei -4simediatamente cinco in2ustias pe'uenas9

orroriza -er o 'ue por si s4 sofre o peso da

in2ustia9H# sabeis isto? Jn2ustia repartida % semi7direito9 ,

a'uele 'ue pode trazer a in2ustia de-e le-#7la9

Gma pe'uena -in(ana % mais humana do 'uenenhuma9 , se o casti(o n:o % somente um direito e umahonra para o trans(ressor eu n:o 'uero o -osso casti(o9

K mais nobre condenarmos do 'ue teimarmormente 'uando temos raz:o9 Bomente % preciso serrico bastante para isso9

N:o me a(rada a -ossa fria in2ustia; nos olhosdos -ossos 2uizes transparece sempre o olhar do -erdu(oe seu (elado cutelo9

Dizei7me; onde se encontra a 2ustia 'ue % amorcom olhos perspicazes?

Jn-entai7me pois o amor 'ue suporta n:o s4todos os casti(os mas tamb%m todas as faltas9

Jn-entai7me a 2ustia 'ue absol-e todos e)cetoa'uele 'ue 2ul(a=

>uereis ou-ir mais? No 'ue 'uer ser -erdadeiramente 2usto a mentira muda7se em filantropia9

&as como poderia eu ser -erdadeiramente 2usto?"omo poderia dar a cada um o seu?

asta7me isto; eu dou a cada um o meu9


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,nfim irm:os li-rai7-os de ser in2ustos com ossolit#rios9 "omo poderia um solit#rio es'uecer? "omopoderia de-ol-er?

Gm solit#rio % como um poo profundo9 K f#cillanar nele uma pedraC mas se a pedra -ai ao fundo 'uemse atre-er# a tir#7la?

+i-rai7-os de ofender o solit#rioC mas se oofendestes ent:o matai7o tamb%m=



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DO )I$0O DO ATRI4NIO

Tenho uma per(unta para ti s4 meu irm:o9 Arro2o7a como uma sonda @ tua alma a fim de lhe conhecer aprofundidade9

Ks moo e dese2as filho e matrim6nio9 ,u por%mper(unto9 Ber#s tu homem 'ue tenha o direitode dese2arum filho?

Ber#s tu -itorioso o -encedor de ti mesmo osoberano dos sentidos o dono das tuas -irtudes?

K isso o 'ue eu te per(unto9

u ser# 'ue falam do teu dese2o a besta e anecessidade fsica ou o afastamento ou a disc4rdiaconti(o mesmo?

,u 'uero 'ue a tua -it4ria e a tua liberdadesuspirem por um filho9 De-es eri(ir monumento -i-ente @tua -it4ria e @ tua liberta:o9

De-es construir 'ual'uer coisa 'ue te se2asuperior9

Primeiro 'ue tudo por%m % preciso 'ue te ha2as

construdo a ti mesmo retan(ular de corpo e alma9

N:o de-es s4 reproduzir7te mas e)ceder7te= sir-a7te para isso o 2ardim do matrim6nio=

De-es criar um corpo superior um primeiromo-imento uma roda 'ue (ire sobre siC de-es criar umcriador9


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&atrim6nio; chamo assim @ -ontade de doiscriarem um 'ue se2a mais do 'ue a'ueles 'ue o criaram9 matrim6nio % o respeito recproco; respeito recprocodos 'ue coincidem em tal -ontade9

Be2a este o sentido e a -erdade do teumatrim6nioC mas isso a 'ue os 'ue est:o demais ossup%rfluos chamam matrim6nio isso como se h# dechamar?

Ai= >ue pobreza de alma entre dois= >ueimundcie de alma entre dois= >ue msera conformidade

entre dois=

A tudo isso chamam matrim6nio e dizem 'uecontraem estas uni!es no c%u=

Pois bem= ,u n:o 'uero esse c%u dos sup%rfluos9N:oC eu n:o 'uero essas bestas presas com redesdi-inas=

Fi'ue7se tamb%m por l# bem lon(e de mim esseDeus 'ue -em co)eando abenoar a'uilo 'ue n:o uniu=

N:o -os riais de semelhantes matrim6nios=

>ue filho n:o teria raz:o para chorar por causa deseus pais?

"erto homem pareceu7me di(no e sensato para osentido da terra mas 'uando -i a mulher dele a terrapareceu7me moradia de insensatos9

BimC 'ueria 'ue a terra se con-ulsionasse 'uandose acasalam um santo e uma pata9


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Tal outro partiu como her4i em busca de -erdadese n:o trou)e por colheita sen:o uma mentira en(alanada9"hamam a isso o seu matrim6nio9

,ste era frio nas suas rela!es e escolhiaponderadamenteC mas de uma s4 -ez transtornou parasempre a sua sociedade9 A isso chamam o seumatrim6nio9

A'uele procura-a uma ser-ente com as -irtudesde um an2oC mas da a pouco tornou7se ser-ente de umamulher e a(ora precisa-a ele tornar7se an2o9

$e2o a(ora todos os compradores muito senhoresde si e com olhos astutosC mas at% o mais astuto compra asua mulher @s ce(as9

A muitas loucuras pe'uenas chamais amor9 , o-osso matrim6nio termina muitas loucuras pe'uenas paraas tornar uma loucura (rande9

-osso amor @ mulher e o amor da mulher pelohomem 4= se2a compai):o para deuses dolentes eocultos= Duas bestas por%m 'uase sempre se adi-inham9

-osso melhor amor contudo ainda n:o % maisdo 'ue uma ima(em e)tasiada e um ardor doloroso9 K umfacho 'ue -os de-e iluminar para caminhos superiores9

Gm dia de-er# o -osso amor ele-ar7se acima de-4s mesmos= Aprendei pois primeiro a amar= Por isso-os foi preciso beber o amar(o c#lice do -osso amor9

,)iste amar(ura no c#lice do melhor amorC assim-os faz dese2ar o Buper7homemC assim tendes sede do

criador9


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Bede do criador seta e dese2o do Buper7homemCdiz7me meu irm:o % essa a tua -ontade do matrim6nio?

Banta % para mim tal -ontade santo tal

matrim6nioAssim fala-a Zaratustra9


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DA ORTE $IVRE


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Fao7-os o elo(io da minha morte da morte li-re'ue -em por'ue eu 'uero9

, 'uando hei de 'uerer? 'ue tem um fim e um

herdeiro 'uer a morte a tempo para o fim e para oherdeiro9

, por respeito ao fim e ao herdeiro 2# n:osuspender# coroas murchas no santu#rio9

Na -erdade n:o me 'uero parecer com oscordeiros; estiram os seus fios e eles andam sempre

atr#s9# tamb%m 'uem se faa -elho demais para as

suas -erdades e as suas -it4riasC uma boca desdentada 2#n:o tem direito a todas as -erdades9

, o 'ue 'ueira desfrutar (l4ria de-e despedir7se atempo das honras e e)ercer a difcil arte de se retirar

oportunamente9K preciso fu(ir a dei)ar7se comer no pr4prio

momento em 'ue -os comeam a tomar (osto9 s 'ue'uerem ser amados muito tempo sabem isso9

# tamb%m ma:s #cidas cu2o destino % esperarat% o 0ltimo dia do outono9 , p!em7se amarelas e

enru(adas no pr4prio momento em 'ue amadurecem9Nuns en-elhece primeiro o cora:o noutros a

inteli(ncia9 , al(uns s:o -elhos na sua -irtudeC mas'uando uma pessoa se faz moa muito tarde conser-a7semoa muito tempo9


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# 'uem fale na sua -ida; um -erme -enenosolhes r4i o cora:o9 Tratem ao menos de acertar na suamorte9

# os 'ue nunca est:o doces; apodrecem 2# no-er:o9 K a co-ardia 'ue os sustenta no ramo9

# demasiados 'ue ficam e permanecem fi)osnum ramo e)cessi-o tempo9 $enha uma tempestade 'uesacuda da #r-ore toda essa podrid:o bichosa=

$enham pre(adores da morte r#pida= Beriam as

tempestades e as sacudidelas oportunas da #r-ore da-ida9 ,u por%m s4 ouo pre(ar a morte lenta e apacincia com tudo o 'ue % terrestre9 Ai= Pre(ais apacinciacom o 'ue % terrestre? terrestre % o 'ue temdemasiada pacincia con-osco blasfemos=

,m -erdade morreu demasiado cedo a'uelehebreu a 'uem honram os pre(adores da morte lenta epara muitos foi uma fatalidade ele morrer cedo demais9

,sse Hesus hebreu s4 conhecia ainda as l#(rimase a tristeza do hebreu 2untamente com o 4dio dos bons edos 2ustosC por isso o acometeu o dese2o da morte9

Por 'ue n:o ficou ele no desterto lon(e dos bonse dos 2ustos? Tal-ez hou-esse aprendido a -i-er e a amara terra e tamb%m o riso=

"rede7me meus irm:os= &orreu cedo demais=retratar7se7ia da sua doutrina se ti-esse -i-ido at% minhaidade= ,ra bastante nobre para se retratar=

N:o esta-a por%m ainda maduro9 amor do

2o-em carece da madurac:o e assim tamb%m odeia os


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homens e a terra9 Tem ainda presas e tr6pe(as a alma eas asas do pensamento9

No homem contudo h# mais de criana do 'ue

no 2o-em e menos tristeza; compreende melhor a morte ea -ida9

+i-re para a morte e li-re na morteC di-inone(ador 'uando 2# n:o % tempo de afirmar; assimcompreende a -ida e a morte9

N:o se2a a -ossa morte uma blasfmia contra os

homens e contra a terra meus ami(osC eis o 'ue e)i2o dadoura da -ossa alma9

$osso esprito e -ossa -irtude de-em inflamar at%a -ossa a(onia como o arrebol do poente inflama a terraCsen:o a -ossa morte ser# malo(rada9

Assim 'uero morrer eu para 'ue por mim ameis

mais a terra meus ami(os; e eu 'uero tornar7me terrapara encontrar o meu repouso na'uela 'ue me (erou9

Na -erdade Zaratustra tinha um ob2eti-oC lanou ap%la9 A(ora meus ami(os sois -4s os herdeiros do meuob2eti-oC a -4s en-io a dourada p%la9

Prefiro a tudo meus ami(os -er7nos lanar a p%la

dourada9 , por isso me demoro ainda um pou'uinho naterra9 Perdoai7me=



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DA VIRT#DE DADIVO&A

I>uando Zaratustra se despediu da cidade 'ue oseu cora:o ama-a a 'ual tem por nome a


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A -ossa alma anela insacia-elmente tesouros e24ias por'ue % insaci#-el a -ontade de dar da -ossa-irtude9

bri(ais todas as crises a apro)imarem7se de -4se a penetrar em -4s outros para tornarem a emanar da-ossa fonte como os dons do -osso amor9

,m -erdade % preciso 'ue tal amor dadi-oso sefaa sa'ueador de todos os -aloresC mas eu chamo s:o esa(rado esse e(osmo9

# outro e(osmo um e(osmo demasiado pobree fam%lico 'ue 'uer roubar sempre; o e(osmo dosdoentes o e(osmo enfermo9

"om olhos de ladr:o olha tudo o 'ue reluz com aaridez da fome mede o 'ue tem abundantemente 'uecomer e sempre se arrasta @ roda da mesa do 'ue d#9

A doena % uma in-is-el degenerao eis o 'uetal apetite demonstraC a a-idez de roubo desse e(osmoapre(oa um corpo -aletudin#rio9

Dizei7me meus irm:os; 'ual % a coisa 'ue nosparece m# a pior de todas? N:o % a de(enera:o? ,pensamos sempre na de(enera:o 'uando falta a alma'ue d#9

nosso caminho % para cima; da esp%cie @esp%cie superiorC mas o sentido 'ue de(enera o sentido'ue diz;


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Assim atra-essa o corpo a hist4ria lutando eele-ando7se9 , o esprito 'ue % para o corpo? K o arautodas suas lutas e -it4rias o seu companheiro e o seu eco9

Todos os nomes do bem e do mal s:o smbolosCn:o falam limitam7se a fazer sinais9 +ouco % o 'ue lhes'uer pedir o conhecimento9

&eus irm:os estai atentos @s ocasi!es em 'ue o-osso esprito 'uer falar em smbolos; assistis ent:o @ori(em da -ossa -irtude9

,nt:o % 'uando o -osso corpo se ele-ou eressuscitouC ent:o arrebata o esprito com os seustransportes para 'ue se faa criador e apreciador eamante benfeitor de todas as coisas9

>uando o nosso cora:o se a(ita amplo e cheiocomo o (rande rio bn:o e peri(o dos ribeirinhos ent:oassistis @ ori(em da -ossa -irtude9

>uando -os ele-ais acima do lou-or e da censurae 'uando a -ossa -ontade como -ontade de um homem'ue ama e 'uer mandar em todas as coisas ent:oassistis @ ori(em da -ossa -irtude9

>uando desprezais o 'ue % a(rad#-el a camafofa e 'uando nunca -os credes bastante lon(e damoleza para repousar ent:o assistis @ ori(em da -ossa-irtude9

$erdadeiramente % um no-o bem e mal=$erdadeiramente % um no-o murm0rio profundo e a -ozde um manancial no-o=

,ssa no-a -irtude % poderC um pensamentoreinante e em torno desse pensamento uma alma sa(az;


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um sol dourado e em torno dele a serpente doconhecimento9

II

A'ui Zaratustra calou7se um bocado e olhou osdiscpulos com amor9 ,m se(uida prosse(uiu assim9 A -ozha-ia7se7lhe transformado;


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Bir-am a -ossa inteli(ncia e a -ossa -irtude nosentido da terra meus irm:os e o -alor de todas ascoisas ser# reno-ado por -4s9 Para isso de-eis sercriadores=

corpo purifica7se pelo saber ele-a7se com oesforo inteli(ente; todos os instintos do 'ue pensa econhece se santificamC a alma do 'ue se ele-a al-oroa7se9

&%dico a2uda7te a ti mesmoC assim a2udastamb%m o teu doente9 Be2a a melhor assistncia do

doente -er com os seus pr4prios olhos o 'ue se cura a simesmo9

# mil sendas 'ue nunca foram calcadas milfontes de sa0de e mil terras ocultas na -ida9 Ainda se n:odescobriram nem es(otaram o homem nem a terra doshomens9

$i(iai e escutai solit#rios= Bopros de ade2ossecretos che(am do futuro e a ou-idos apurados che(auma fausta mensa(em9

Bolit#rios de ho2e -4s os afastados sereis umpo-o al(um dia9 $4s 'ue -os ha-eis entrescolhido a -4smesmos formareis um dia um po-o eleito do 'ual nascer#

o Buper7homem9

,m terra a terra far7se7# um dia um lu(ar de cura9H# a en-ol-e um odor no-o um efl0-io de sa0de e umano-a esperana9

IIIDitas estas pala-ras Zaratustra emudeceu como

'uem ainda n:o disse a 0ltima pala-ra9 Bopesou


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demoradamente o bast:o como 'ue perple)o9 Por fimfalou assim e a -oz ha-ia7se7lhe transformado;


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, um dia de-ereis ser meus ami(os e filhos deuma s4 esperanaC ent:o 'uero estar a -osso lado pelaterceira -ez para feste2ar con-osco o (rande meio7dia9

, o (rande meio7dia ser# 'uando o homem esti-era meio do tra2eto entre a besta e o Buper7homem oc%lere como sua esperana suprema o seu caminho parao ocaso; por'ue ser# o caminho para uma no-a manh:9

,nt:o o 'ue desaparece se abenoar# a simesmo a fim de passar para o outro lado e o sol do seuconhecimento estar# no seu meio7dia9

Assim Falava Zaratrusta 01

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