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Aspectos morfológicos da placenta da preguiça, Bradypus variegatus Shinz, 1825 Morphological aspects of placenta of the Bradypus variegatus Shinz, 1825 Marleyne JosØ Afonso Accyoli Lins AMORIN„; Maria AngØlica MIGLINO²; Adelmar Afonso AMORIN JÚNIOR„; Tatiana Carlesso dos SANTOS 2 CorrespondŒncia para: MARIA ANGÉLICA MIGLINO Departamento de Cirurgia Faculdade de Medicina VeterinÆria e Zootecnia da USP Avenida Prof. Orlando Marques de Paiva, 87 Cidade UniversitÆria Armando Salles de Oliveira 05508-270 Sªo Paulo SP e-mail: [email protected] 1 Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife - PE 2 Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina VeterinÆria e Zootecnia da USP, Sªo Paulo - SP Resumo Estudaram-se os aspectos morfológicos da placenta e das membranas fetais de 03 placentas de bichos-preguiça (Bradypus variegatus), adultas e prenhes, originÆrias da Zona da Mata do Estado de Pernambuco. Essas estruturas foram obtidas de 03 fŒmeas doadas pela Universidade Federal de Pernambuco, das quais duas encontravam-se congeladas e a terceira foi colhida mediante realizaçªo de cirurgia cesariana, onde mªe e feto foram preservados. Depois de descongeladas, as placentas foram fixadas em soluçªo aquosa de formol 10,00%. Da placenta obtida da cesariana colheram-se pequenos fragmentos da regiªo placentÆria e do funículo umbilical, os quais foram fixados em paraformoldeido 4,00%, tampªo fosfato pH 7,4. Os fragmentos passaram pela rotina histológica, onde foram coradas em Hematoxilina e Eosina e Tricrômio de Masson. A placenta da preguiça Ø corioamniótica, com o cório viloso constituindo os lobos placentÆrios, que se localizam na regiªo fœndica do œtero, e o cório liso relacionando-se com a face interna do œtero. Nas placentas de final de prenhez os lobos aglomeram-se e fundem-se aumentando de tamanho, formando uma massa principal discóide, caracterizando uma placenta zonÆria discoidal, que se une ao feto pelo funículo umbilical, constituído por duas artØrias e uma veia umbilical. Os resultados histológicos demonstraram que a placenta desses animais Ø labiríntica e endoteliocorial. Assim, a placenta da preguiça pode ser classificada como labiríntica, endoteliocorial, mœltipla, discóide (a termo) e corioamniótica. Palavras-chave Endoteliocorial. Placenta. Preguiça. Bradypus variegatus. Corioamniótica. Introdução A preguiça Ø um mamífero euteriano, pertencente à ordem edentata, sub-ordem Xenarthra, assim como o tatu e o tamanduÆ. Na família Bradipodidae encontra μ -se dois gŒneros: Bradypus Linnaeus, 1758 e Choloepus Illiger, 1811, cada um possuindo vÆrias espØcies 1 . As espØcies de preguiças diferenciam-se pelo nœmero de unhas nos membros torÆcicos. Os animais do gŒnero Bradypus apresentam trŒs unhas, as do gŒnero Choloepus apresentam apenas duas. Particularmente a preguiça de trŒs dedos e de pescoço marrom do Brasil foi descrita como Bradypus variegatus SCHINZ, 1825 2 . Os Bradipodídeos sªo, Recebido para publicaçªo: 01/07/2002 Aprovado para publicaçªo: 06/05/2003 Brazilian Journ al of Veterinary Research and Animal Science (2003) 40:217-226 ISSN printed: 1413-9596 ISSN on-line: 1678-4456
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Aspectos morfológicos da placenta da preguiça, Bradypus variegatus Shinz, 1825

Jan 18, 2023

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Aspectos morfológicos da placenta dapreguiça, Bradypus variegatus Shinz, 1825

Morphological aspects of placenta of theBradypus variegatus Shinz, 1825

Marleyne José Afonso Accyoli Lins AMORIN¹;Maria Angélica MIGLINO²;Adelmar Afonso AMORIN JÚNIOR¹;Tatiana Carlesso dos SANTOS2

Correspondência para:MARIA ANGÉLICA MIGLINODepartamento de CirurgiaFaculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USPAvenida Prof. Orlando Marques de Paiva, 87Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira05508-270 � São Paulo � SPe-mail: [email protected]

1Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife - PE2Departamento de Cirurgia da Faculdade de MedicinaVeterinária e Zootecnia da USP, São Paulo - SP

Resumo

Estudaram-se os aspectos morfológicos da placenta edas membranas fetais de 03 placentas de bichos-preguiça(Bradypus variegatus), adultas e prenhes, originárias da Zonada Mata do Estado de Pernambuco. Essas estruturasforam obtidas de 03 fêmeas doadas pela UniversidadeFederal de Pernambuco, das quais duas encontravam-secongeladas e a terceira foi colhida mediante realizaçãode cirurgia cesariana, onde mãe e feto foram preservados.Depois de descongeladas, as placentas foram fixadas emsolução aquosa de formol 10,00%. Da placenta obtidada cesariana colheram-se pequenos fragmentos da regiãoplacentária e do funículo umbilical, os quais foram fixadosem paraformoldeido 4,00%, tampão fosfato pH 7,4. Osfragmentos passaram pela rotina histológica, onde foramcoradas em Hematoxilina e Eosina e Tricrômio deMasson. A placenta da preguiça é corioamniótica, como cório viloso constituindo os lobos placentários, que selocalizam na região fúndica do útero, e o cório lisorelacionando-se com a face interna do útero. Nasplacentas de final de prenhez os lobos aglomeram-se efundem-se aumentando de tamanho, formando umamassa principal discóide, caracterizando uma placentazonária discoidal, que se une ao feto pelo funículoumbilical, constituído por duas artérias e uma veiaumbilical. Os resultados histológicos demonstraram quea placenta desses animais é labiríntica e endoteliocorial.Assim, a placenta da preguiça pode ser classificada comolabiríntica, endoteliocorial, múltipla, discóide (a termo)e corioamniótica.

Palavras-chaveEndoteliocorial.Placenta.Preguiça.Bradypus variegatus.Corioamniótica.

Introdução

A preguiça é um mamíferoeuteriano, pertencente à ordemedentata, sub-ordem Xenarthra, assimcomo o tatu e o tamanduá. Na famíliaBradipodidae encontraµ-se doisgêneros: Bradypus Linnaeus, 1758 eCholoepus Illiger, 1811, cada umpossuindo várias espécies1.

As espécies de preguiçasdiferenciam-se pelo número de unhasnos membros torácicos. Os animais dogênero Bradypus apresentam três unhas,as do gênero Choloepus apresentamapenas duas. Particularmente a preguiçade três dedos e de pescoço marrom doBrasil foi descrita como Bradypusvariegatus SCHINZ, 18252.

Os Bradipodídeos são,

Recebido para publicação: 01/07/2002Aprovado para publicação: 06/05/2003

Brazilian Journ al of Veterinary Research and Animal Science (2003) 40:217-226ISSN printed: 1413-9596ISSN on-line: 1678-4456

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atualmente, animais considerados defuturo incerto, tendo em vista, que aexemplo da B. torquatus, a preguiça decoleira, espécime endêmica da mataatlântica do sul da Bahia, Espírito Santoe Rio de Janeiro, se encontra na listados mamíferos brasileiros ameaçadosde extinção. Porém, muitos fatorestornam este fato ainda mais perigosopara as preguiças, tais como a caça esuas próprias característicasreprodutivas, como longos períodos degestação (6 meses) e o nascimento deum único filhote por vez3.

A consulta da literatura revelouuma grande deficiência em trabalhosque abordem aspectos morfológicosnestes animais. Alguns trabalhos fazemreferências à placenta de outrosedentatos, como tatus e tamanduás,referindo-se e com menor freqüênciaàs preguiças. O estudo morfológicosobre o desenvolvimento da placentada preguiça deve-se aos trabalhosrealizados por Wislocki4,5,6,7 em sériesde embriões, onde este a descreve comodeciduada, composta de lóbulos queformam o labirinto.

Desta forma o presente trabalhovisa contribuir com os estudos sobre amorfologia da preguiça Bradypusvariegatus, obtendo dados anatômicos daplacenta e das membranas fetais,relacionando-os com os dados jádisponíveis.

Material e Método

O material utilizado para estapesquisa constou de três placentas deBradypus variegatus, de fêmeas adultas,originárias das matas da cidade dePaulista e Carpina, Zona da Mata doEstado de Pernambuco, sendo queduas fêmeas foram doadas pelospesquisadores da área cardio-pulmonardo Departamento de Fisiologia daUniversidade Federal de Pernambuco,os quais após o óbito, mantiveram os

animais congelados.As fêmeas foram descongeladas

e, após a abertura da cavidadeabdominal, canulou-se a aortaabdominal e injetou-se látex Neoprene650 (Du Pont®), corado com pigmentoespecífico na cor vermelha. Em seguidafixou-se os animais em solução aquosade formol a 10,00%. Destas o animal01 apresentou prenhez mais avançadaque o animal 03.

A dissecação na regiãoabdominal permitiu identificar o útero,as membranas fetais e a morfologia daplacenta. De cada fêmea, o feto únicofoi retirado e mensurou-se ocomprimento fetal (distânciacefalococcígea) e o comprimento dofunículo umbilical. O diâmetro dofunículo umbilical, na sua porção médiae no hilo placentário, e o comprimentoe a largura dos lobos placentários forammensurados com auxílio de umpaquímetro.

Uma terceira fêmea (animal 02)foi submetida a uma cirurgia do tipocesariana, com auxílio da equipe doDepartamento de Cirurgia daUniversidade Federal Rural dePernambuco, onde mãe e feto forampreservados. Desta a placenta osmesmos parâmetros foram tomados efragmentos da placenta e do funículoumbilical, nas porções justafetal, médiae justaplacentária, foram colhidos efixados em paraformolaldeído a 4,00%a 0,1 M.

O material passou pela rotinahistológica de desidratação em sériecrescente de etanol, diafanização emxilol e inclusão em paraplast. Cortes de5µm foram corados em HE(hematoxilina-eosina) e analisados paraidentificação da morfologiamicroscópica dos tecidos.

Dos preparados, obtiveram-sefotografias que documentam estetrabalho, onde a terminologia utilizadasegue as determinações do

Amorin, M. J. A. A. L. et al.

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�International Commitee onVeterinary Gross AnatomicalNomeclature�8.

Resultados

A análise do conjuntorepresentado pelos órgãos reprodutivosfemininos demonstra que o útero daspreguiças é piriforme, anexado a duasdelgadas tubas uterinas e os ovários,sem corpos lúteos visíveis, estãolocalizados na região dorsolateral daporção fúndica do corpo do útero.

Os úteros examinados contêmum único feto com apresentaçãoanterior, em posição ventro-abdominalno final da prenhez (2 dos fetos) ouposteroabdominal, no feto de prenhezmenos avançada. Os fetos retirados daspreguiças 1 e 2 encontravam-serevestidos por uma membrana lisa,branca a avascular, o epitríquio (animal3). Contudo, na gestação menosavançada, o feto não possuía evidênciasde membrana epitriquial.

O funículo umbilical daspreguiças insere-se na região dorsal doplano sagital mediano do útero, naregião fúndica deste órgão, marginal àplacenta, no antímero esquerdo.Apresenta-se composto pelos vasosumbilicais, duas artérias e uma veia,prendendo-se à placenta em forma de�Y�, de forma que cada artériaumbilical destina-se a uma metade daplacenta.

Os cordões umbilicaisapresentam 11 cm, 13 cm e 5 cm decomprimento, com diâmetros de 6 mm,8 mm e 4,65 mm na porção média dofunículo umbilical, para fetos comCrow-rump de 14 cm, 19 cm e 7,5 cm,respectivamente, correspondendo aosanimais 1, 2 e 3.

As artérias umbilicais sãoparalelas e relacionam-se com a veiaumbilical, possuem as túnicas íntima,muscular e adventícia, sendo que amuscular é bem desenvolvida. A luz daveia umbilical é proporcionalmentemaior que a de uma artéria umbilical,sendo este fato ainda mais evidente naporção média do funículo umbilical. As

artérias umbilicais, por sua vez,apresentam uma túnica muscular muitomais desenvolvida que a da veiaumbilical.

A placenta da preguiça estácomposta por lobos poligonais,ocupando o cório de forma difusa,possuindo frações que separam a massaplacentária, por onde transitam osvasos; alguns lobos podem estarisolados da massa principal. Apresenta18, 25 e 80 lobos, sendo o último deuma prenhez menos avançada, onde oslobos são esféricos e menores.

Nas placentas de final deprenhez os lobos aglomeram-se efundem-se aumentando de tamanho,formando uma massa localizada naregião fúndica do útero, caracterizandouma placenta zonária discoidal. Emoutras regiões do cório os lobostornam-se menores à medida que seafastam da região fúndica do útero.

O cório reveste o fetoaplicando-se sobre a superfície uterinae adere-se ao delicado e delgado âmnio.Não foram econtrados vestígios deFigura 1 Fotografias da placenta de bicho preguiça Bradypusvariegatus em gestação de termo com cório lisomembranáceo (C) pela degeneração lobar e a presençade lobos placentários (L) e grandes vasos (seta)

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saco alantóide desenvolvido, ou de sacovitelino evidente nestas fases degestação, indicando classificaçãocorioamniótica para esta placenta.

Na fêmea em que se realizou aoperação cesariana observou-se intensaperda de sangue, no deslocamento dasplacentas fetal e materna, sugerindo queesta é uma placenta deciduada.

No animal três (3), onde agestação foi menos avançada, os lobosplacentários apresentam-se esféricos,do tamanho de ervilhas, dispersos,ocupando o cório quase queinteiramente, exceto na região cervicaldo útero. A placenta ainda apresentaformato discoidal, caracterizando umaplacenta zonária discoidal, ocupandocom sua massa principal a porçãofúndica do útero.

Os lobos aglomeram-se eaumentam de tamanho na regiãofúndica do útero à medida que dessaafastam da região uterina tornam-semenores e apresentam-se irregularesnas demais regiões do cório.

O hilo da placenta é a área deimplantação do funículo umbilical, oupedículo do funículo na superfície fetalda placenta, semelhante ao que ocorrecom pedículos vasculares de algunsórgãos. A área hilar esta situada namargem placentária, onde seconcentram os maiores lobos (Figura 2).

O cório distribui-se por todasuperfície do feto, mantendo relaçõescom a mucosa uterina de forma íntimanos lobos placentários (cório viloso)localizados na porção fúndica do úteroe apresenta-se como uma membranadelgada aplicada à superfície uterina(cório liso). Na face fetal do cório, oâmnio situa-se aderido a este,revestindo toda a cavidade coriônica edelimitando uma cavidade amnióticaque contém o feto. O âmnio apresenta-se liso, muito fino e desprovido devasos sangüíneos na superfícieplacentária. A junção corioamniótica sefaz a uma pequena distância da paredeuterina.

O lobo placentário divide-se emlóbulos de dimensões e formatosirregulares, separados entre si por

septos constituídos por um abundantemesênquima fetal. Estes septos contêmnumerosos vasos que invadem olabirinto placentário. Dos septosinterlobulares, partem septos maisdelgados (séptulos), que subdividem olabirinto em unidades muito irregulares.

A face fetal encontra-serecoberta pelo epitélio amniótico, queapresenta uma estrutura típica (epitéliopavimentoso). Este epitélio amnióticoapoia-se no mesoderma parietal, o qual,por sua vez, é indistinto e constitui omesoderma coriônico. No interiordeste mesoderma (mesênquima)encontram-se artérias a veias fetais(vasos coriônicos), que sãodependentes dos vasos umbilicais.Estes vasos coriônicos eventualmenteprojetam-se para a cavidade amniótica,sendo sempre recobertos pelo âmnio.São vasos coriônicos típicos, pois, aexemplo dos vasos umbilicais, tambémapresentam uma camada muscular queconstitui a túnica média, com feixes decélulas musculares dispostaslongitudinalmente (subtúnica interna)Figura 2Fotografias do útero de bicho preguiça aberto. Feto (F)com 7,5 cm CR) conectado a placenta (P) através dofunículo umbilical (FU). Notar a formação do hiloplacentário (H) e a relação entre o cório (C) e o âmnio(A)

Amorin, M. J. A. A. L. et al.

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e de maneira circular (subtúnicaexterna). Além disto, existem grandesespaços preenchidos pela substânciaintercelular de mesênquima entre asfibras que constituem estes feixes.

O elemento materno érepresentado por capilares commorfologia bastante definida. As célulasendoteliais apresentam-sehipertrofiadas, com citoplasma muitoabundante de modo que a distânciaentre seus núcleos é muito pequena,diferindo grandemente de um capilarordinário. Desta maneira, à microscopiade luz este endotélio torna-se visíveldiscretamente (Figura 3). Em torno doendotélio, foi possível identificar umadelgada capa de matriz extracelular quese trata muito provavelmente de umatúnica subendotelial. Estes capilaresmaternos dispõem-seperpendicularmente na interfacematerno-fetal, exibindo, por vezes,alguma tortuosidade. O diâmetrodestes vasos é grande, havendovariações. Foi possível surpreenderalgumas comunicações anastomóticasentre estes vasos.

Os componentes fetais daplacenta compreendem: o trofoblasto,o mesênquima e os capilares. Otrofoblasto é um manto contínuo airregular, sempre em contato com oscapilares maternos. Ele é de naturezasincicial e não mostrou limites celularespossíveis de serem identificados.Associado a este manto trofoblásticoencontra-se um mesênquima reduzidocom pouquíssimo material intercelular,de tal maneira que todo tecido fetalapresenta um aspecto epitelióide. Oscapilares fetais apresentam diâmetromuito reduzido quando comparadosaos capilares maternos a por isso sãotípicos. Formam uma rede em tornodos capilares maternos e com grandefreqüência dispõem-se de modoparalelo a estes (Figura 3).

Numa secção transversal oscapilares fetais podem ser considerados�satélites� em relação às lacunasexistentes. Foi possível observar de 3 a10 secções destes capilares ao redor deum capilar materno.

Figura 3Fotomicrografias de placenta de Ibradypus variegatus emfase final de gestação. No labirinto placentário notam-seos capilares maternos (CM) e fetais (CF). O capilar maternohipertrofiado é tipicamente maior que os fetais. Otrofoblasto (T) apresenta-se como um manto contínuo,enquanto o mesênquima está reduzido (*), conferido-lheum aspecto epitelióide. Paraplast, acima HE e objetiva de40, abaixo Tricrômio de Masson e objetiva de 100

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Do exposto pode-se classificara placenta da preguiça, quanto á áreade junção materno/fetal, como zonáriadiscoidal; quanto ao arranjo dasmembranas fetais, comocorioamniótica; quanto à barreiratecidual materno/fetal, comoendoteliocorial e quanto ao tipo deinterdigitação materno/fetal, comolabiríntica.

Discussão

A espécie Bradypus tridactylusLinnaeus, 1758 tem sua distribuiçãogeográfica segundo GARDNER(1993) na Guiana, Suriname, GuianaFrancesa, Venezuela e Norte do Brasil(região do rio Solimões- Amazonas),enquanto que a espécie Bradypusvariegatus é encontrada nas regiões deHonduras até a Colômbia, Equador,Oeste da Venezuela, Peru, Bolivia,Paraguai, Norte da Argentina e Brasil

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terminologia de zonária discoidal. Estetermo tem sido sugerido em algunsdebates entre pesquisadores da área,porém, não está ainda descrito naliteratura.

Exceto pela naturezaendoteliocorial labiríntica da placentada preguiça10, as membranas fetais doBradypus são notoriamente semelhantesas dos antropóides e as do homem16.O âmnio firmemente aderido ao cório17

e o saco alantóide vestigial14

caracterizam uma placentacorioamniótica, como mostram osresultados encontrados nos animaisestudados.

Os termos lobo e lóbulo temsido empregados erroneamente naliteratura, por exemplo, quando seutiliza lóbulo, que denota �divisão deum lobo�, para designar as áreas decório frondoso4,18, o qual, na placentada preguiça, assume formasarredondadas, e, portanto, o termocorreto a ser utilizado deveria ser lobo,que significa a parte arredondada econvexa de um órgão qualquer.

A análise de um embrião deBradypus (11 cm de CR) demonstra quea placenta está composta por algunslobos esféricos do tamanho de ervilhas,dispersos sobre toda a superfície docório, com numerosos lóbulospoligonais, os quais aparecem no lúmenda cavidade uterina. Numa fase inicial(em fetos com 37 mm CR), esteslóbulos ocupam inteiramente o cório,difundindo-se por toda cavidadeuterina. Com o avanças da gestação estecório, na sua porção cervical, torna-seliso, de modo que, no espécime maisvelho (60 a 76 mm de CR), esta se tornamembranosa. Estas degeneraçõeslobares no cório resultam de umareabsorção dos lóbulos, enquanto queos lóbulos destinados a persistirem,como aqueles da região funcionalmenteativa da placenta, aumentamlentamente de tamanho4,18.

Nossos resultados somam-se a

Amorin, M. J. A. A. L. et al.

(regiões da Mata Atlântica- Nordesteao Sudeste)9. No entanto King ,Pinheiro e Hunter10, estudando aplacenta de preguiças oriundas damesma região que aqueles destetrabalho, referem-se a elas comoBradypus tridactylus. Porém, os animaisoriundos do nordeste brazileiro sãoclassificados como Bradypus variegatus11.

Considerando os aspectosanatômicos macroscópicos da placentada preguiça Bradypus varïegatus e deoutros xenarthra é possível observarque o tatu e o tamanduá demonstramdiferenças peculiares. A placenta dotamanduá7,11 possui aspectosanatômicos que permitem classificá-laquanto ao seu formato, desde comoplacenta difusa nodular (placentaimatura) até como placenta discoidal oubidiscoidal (placenta a termo). Já amorfologia externa da placenta do tatuestá sujeita a transformaçõesmarcantes12, apresenta-se discoidal nofundo do útero, subdividindo-se paracada embrião e no final da gestaçãoocorre uma divisão parcial em algumasespécies formando bandas zonáriaslobuladas13.

Na espécie Bradypus tridactylus aplacenta é descrita como discoidal, comimplantação ventral no útero14. Estacaracterística é também evidente nosresultados desta pesquisa, podendo-sesupor que a apresentação em formatodiscóide da placenta de preguiças écomum aos edentatas. Mossman13 citaque a placenta do Bradypus éprimeiramente difusa ouirregularmente nodular, mas torna-sediscóide com o avanço da prenhez.

Os autores de um modo geralutilizam a classificação de discóide oudiscoidal, quando a região de córiofrondoso, ou seja, a área de contatoíntimo entre placenta materna e fetal,assume esta forma13,15,16. No entanto sefor considerado que esta formadiscóide, na verdade, está ocupandouma região, ou zona, pode-se utilizar a

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estes, quando comparamos o númerode lobos. Nas duas placentas madurasanalisadas do Bradypus, uma apresentou18 e a outra 25 lobos, e a placenta maisjovem, 80 lobos. A literatura cita que oBradypus e o Choloepus apresentam emmédia 20 lobos em placentas ditas�maduras� (final de prenhez)17.

Em embriões de tamanduá háuma certa dificuldade em se identificaràs membranas fetais individuais, poisneles o âmnio reveste completamenteo embrião e na margem da placenta ocório torna-se evidente11. Em estágiosjovens de desenvolvimento da placentade Bradypus, o âmnio e o saco vitelinotambém exibem características muitopróximas àquelas encontradas nosprimatas14.

Quando se classifica a placentapelo tipo de membrana fetal, osantropóides e as preguiças sãoagrupados juntos, pois possuem sacovitelino temporário e antimesometriale saco alantóide rudimentar (tipo IIIB).Apesar dessas características, aproximidade filogenética entre espéciestão diferentes como é o caso dohomem e da preguiça torna-se difícilde ser explicada16. Desta analogia,resulta indubitavelmente aconvergência evolutiva entre doisgrupos de mamíferos sem conexão eessa proximidade morfológica daplacenta leva a possibilidade de se usara preguiça como um modelo de estudo,para compreendermos mais sobre osprocessos da placentação humana.

O âmnio cerca completamenteo embrião, relacionando-se com ocório, o qual está em íntima relação como endométrio, em uma face e com oâmnio na outra, classificando a placentada preguiça, quanto ao arranjo dasmembranas fetais, como placentacorioamniótica, tal qual na placentahumana11.

Outro aspecto importante quemerece atenção é a presença de umamembrana epitriquial envolvendo o

feto de preguiça, estando ausente nofeto com gestação menos avançada,possivelmente por ainda não terdesenvolvido seus pêlos, uma vez queesta se torna evidente com osurgimento destes. Com a função deproteger o útero, esta membrana écaracterizada somente na preguiça e nohomem, envolve completamente o fetoe infiltra-se nas depressões corporaisfetais, mostrando-se contínua com amucosa da pseudo-cloaca dapreguiça4,6,11,18.

O funículo umbilical da preguiçaprende-se na região dorsal do planomédio-sagital do útero2. Seu ponto deinserção foi observado no plano acimado fundo ou abaixo no meio do útero.Porém, neste estudo, o cordão não foiobservado abaixo do meio do útero,sendo que nos três espécimes por nósestudados o funículo umbilicalinsere-se ou ventralmente e abaixo dametade do útero, ou lateralmente.

A distribuição vascular na regiãodo hilo placentário em forma de Ytambém é descrita por Wislocki11,sugerindo que a degeneração lobar, queocorre durante a prenhez, pode estarrelacionada com o fato de que a regiãooposta à fixação do funículo umbilicalapresenta uma diminuição nosuprimento vascular, tornando o córiomembranoso. A composição dofunículo umbilical de uma veia e duasartérias umbilicais sem vestígios doducto alantóide é confirmada pelosautores e a superfície do funículo équeratinizada11,17.

O sangramento por ocasião dodescolamento da placenta durante acesariana, sugestivo de que a placentado Bradypus é deciduada, é citado porWislocki6,7.

A placenta endoteliocorial écaracterizada quando a mucosa uterinaestá reduzida e o epitélio coriônicomantêm contato com o endotélio doscapilares maternos10,19. A placenta doBradypus é considerada por alguns

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autores4,6,17 como endoteliocorial,embora no início da prenhez possa serconsiderada uma transição entre ostipos sindesmocorial aendotelicorial4,6,10. Lange10 considera aplacenta da preguiça como umatransição entre endoteliocorial ehemocorial, segundo a classificação deGrosser.

O labirinto placentário entre osgêneros Choloepus e Bradypus possui umasimilaridade morfológica em umadeterminada fase6, já que neste períodonota-se a presença de uma túnicavascular mais nítida em torno dos vasosmaternos nos Bradypus, caracterizandoa atividade invasiva do trofoblasto20.

O labirinto trofoblásticoapresenta vasos sanguíneos separadospor faixas do mesênquima fetal ecélulas ou camadas celulares separama circulação materna da fetal, nolabirinto placentário4,5,17. Os dadosdeste trabalho demonstram no labirintoa presença de células endoteliaismaternas hipertrofiadas, divergindo deum capilar ordinário, uma camada detrofoblasto sincicial, associada àmembrana basal, bem como oendotélio capilar fetal.

Segundo King10 o trofoblasto dapreguiça é de natureza sincicial, osresultados desta pesquisa, baseadosapenas na microscopia de luz, nãopermitiram a identificação dos limitescelulares e o elemento materno érepresentado por capilares commorfologia bastante definida.

A presença de mesênquimaepitelióide identificada é confirmadaem outros trabalhos realizados emplacenta de preguiça10,17, de tatu21,22 ede tamanduá11. King10 cita ainda apresença de espogiotrofoblasto naplacenta do Bradypus, porém estacaracterística não foi confirmada pelosachados desta pesquisa.

A barreira placentáriapropriamente dita esta composta peloendotélio materno, por um delicado

retículo fibroso, com restos de célulasendoteliais, pelo trofoblasto, pelomesoderma fetal e pelos capilares, quecontatam o trofoblasto adjacente. Acaracterística epitelióide que as célulasmesenquimais assumem ao redor dotrofoblasto, também é referendada naliteratura6. Estas características daplacenta da preguiça aproximam-namais aos carnívoros, do que com o tipoencontrado em grupos diferentes dosXenarthra examinados.

Os estudos histológicosrealizados na placenta do Bradypusvariegatus permitem classificá-la comoendoteliocorial típica. Com relação aosdemais edentatas, a placenta do tatu éclassificada como vilosa,hemomonocorial21,22,23 e a placenta dotamanduá como deciduada, hemocoriale vilosa7,11,24. Desta forma torna-seevidente que, apesar de pertencerem auma mesma ordem e de,aparentemente, estas espéciespossuírem macroscopicamente a formaplacentária discoidal, verifica-se que noprocesso evolutivo, espécies próximasapresentam placentas diferentes eespécies tão diversas mostram umagrande proximidade quanto ao tipo deplacentação, como é o caso dosantropóides e da preguiça.

Amorin, M. J. A. A. L. et al.

Conclusões

Os resultados obtidos permitemas seguintes conclusões:

A placenta do Bradypus variegatuspode ser classificada comocorioamniótica por apresentar o âmniorevestindo a superfície interna do córioliso e frondoso, sem mostrar vestígiosdos sacos alantóide e vitelino emestágios avançados de prenhez.

Os lobos, que não degeneramdurante a prenhez, aumentam detamanho à medida que a placentaamadurece e concentram-se no fundodo útero, determinando o formatodiscoidal da placenta a termo da

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Braz J vet Res anim Sci 40(3) 2003

realizados na placenta do Bradypusvariegatus permitem classificá -la comoendoteliocorial e deciduada.

Summary

The morphological aspects of the placenta and fetalmembranes were investigated in 03 sloth originated fromthe forestal zone in the state of Pernambuco, Brazil.These structures were obtained in 03 pregnant femalesfrom Universidade Federal de Pernambuco, two of themwere frozen and the third placenta was collected bycaesarian, and mother and fetus were preserved. Afterdefrost the placenta were fixed in formaldehyde 10,00%water solution. The small fragments were collected inthe placenta and umbilical cord from caesarian. Thesefragments were fixed in 4,00% paraformoldehyde andprocessed, as usual, for light microscopy; the specimenswere embedded in paraplast. HE and Masson stained 5µm thick sections. The sloth placenta is chorioamniotic,with villous chorion composing the placental lobes,localized in the fundic uterus region. The smooth chorionhas relationship with intern face of the uterus. In lategestation the lobes of placenta fused and increase thesize in a unique discoid mass, characterizing the placentadiscoid. The umbilical cord connect the fetus withplacenta, two arteries and one umbilical vein composeit. The histological result suggests a labirinthic andendotheliochorial placenta in these animals. Therefore,the sloth placenta may be classified as labyrinth,endotheliochorial, multiple, discoid (at term) andchorioamniotic.

Key-wordsEndoteliochorial.Placenta.Sloth.B r a d y p u svariegates.Chorioamniotica

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Aspectos morfológicos da placenta da preguiça, Bradypus variegatus Shinz, 1825

preguiça, caracterizando uma placentazonária discoidal para estes animais.

Os estudos histológicos

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