-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 222
http://dx.doi.org/10.5007/1981-1322.2013v8n2p222
As TIC no ensino de Matemtica: a formao dos professores
em debate
ICT in the teaching of Mathematics: the training of professors
in
debate
Lisani Geni Wachholz Coan
[email protected]
Floriano Viseu
[email protected]
Mricles Thadeu Moretti
[email protected]
Resumo
Na sociedade contempornea os diversos recursos tecnolgicos, no
que tange as TIC, esto sendo uma necessidade cada vez maior no
contexto educacional. Considera-se que as mesmas auxiliam
consideravelmente no processo de ensino e aprendizagem, desde que
sejam utilizadas adequadamente. Abre-se a discusso sobre a formao
do professor de Matemtica e a sua prtica pedaggica, em especial
quando o foco sobre o uso das TIC. O recorte deste estudo abrange a
prtica pedaggica de professores de Matemtica atuantes em cursos
oferecidos no IFSC relativa ao efetivo uso das TIC na sua prtica.
Analisa-se a integrao da Plataforma Moodle nas suas estratgias de
ensino e busca-se perceber as suas perspectivas sobre a implementao
da mesma. A integrao do Moodle possibilitou uma inovao metodolgica
no desenvolvimento do processo de ensino e de aprendizagem de
Matemtica. Observa-se que a formao dos professores de Matemtica,
relativo ao uso das TIC, no atende as necessidades que eles
encontram no contexto educativo uma vez que eles se deparam com
ambientes de trabalho que ainda no oferecem infraestruturas
adequadas.
Palavras-chave: Formao de professores. Ensino de Matemtica.
Plataforma Moodle.
Abstract
In contemporary society, the various technological resources
regarding ICT are continually becoming more and more necessary in
the educational context. It is considered that they help
considerably in the process of teaching and learning, when they are
used adequately. This opens the discussion on the training of the
mathematics teacher and their pedagogical practice, especially when
the focus is on the use of ICT. The outline of this study covers
the pedagogical practice of active mathematics professors in
courses offered at IFSC concerning the effective use of ICT in
their teaching. It analyzes the integration of the Moodle platform
in their teaching strategies and seeks to understand their
perspectives on its implementation. The integration of Moodle has
made possible a methodological innovation in the development of the
teaching and learning process of Mathematics. It is observed that
the training of mathematics professors concerning the use of ICT
does not meet the needs that they encounter in the educational
context once they are faced with work environments that still do
not provide adequate infrastructure.
Keywords: Training of professors. Teaching of Mathematics.
Moodle Platform.
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 223
1. Introduo
O momento atual favorece a discusso de como tirar partido das
Tecnologias de
Informao e Comunicao (TIC) no ensino e nas atividades de
aprendizagem que se
realizam presencialmente ou virtualmente. Papert (1997) j
alertava que a flexibilidade
otimizada pelos ambientes de aprendizagem do futuro permitir que
cada indivduo
encontre trajetos pessoais para aprender atravs da contribuio
dos meios de
comunicao digitais. Para este autor, o uso do computador fora do
contexto da sala de
aula tender a ser a mais importante fonte de presso que
impulsiona para uma reforma
educativa. Nas ltimas dcadas teve-se uma sinalizao clara do
potencial que advm
do acesso s novas tecnologias e Internet. Este acesso oportuniza
diferentes momentos
e meios de aprendizagem, desenvolve competncias, incentiva o
interesse para aprender
e permite interligar os espaos formais e informais do processo
de aprendizagem escolar
(Miranda, 2007; Pereira & Silva, 2009; Viseu, 2009).
Na sociedade atual justifica-se que os professores usem as TIC
com os alunos na
perspectiva de explorar novas formas de tratar e representar a
informao. Isto , deve
haver um redimensionamento do papel do professor e dos alunos de
modo que novas
relaes sejam estabelecidas a partir do potencial que as TIC
proporcionam. Para
Barcelos, Behar e Passerino (2010), este redimensionamento
considera o foco no
aprender; professor como promotor de intervenes e orientaes
baseadas em
observaes sociocognitivas dos alunos; ateno s relaes que emergem
das
interaes (p. 1034). Para tanto, o ambiente de aprendizagem deve
fazer sentido para o
aluno, promovendo-lhe situaes que o instiguem a apropriar-se do
saber e do construir
competncias cognitivas (Charlot, 2005). Tais aspectos
possibilitam a construo de
conhecimentos significativos que auxiliam no desenvolvimento de
tarefas de alto nvel
cognitivo em todas as reas ou nveis de modalidades de
ensino.
Porm, nem sempre os professores encontram situaes favorveis no
contexto de
ensino de modo a estabelecer ricos ambientes de aprendizagem. A
integrao de
tecnologias na prtica pedaggica dos professores no , por vrias
razes, uma situao
simples. Em algumas reas de ensino esta situao ainda mais
complexa, como o
caso do ensino de Matemtica, a qual ainda representa uma das
disciplinas que registra
o menor uso de tecnologias pelos professores que atuam nesta rea
(Barcelos, Behar &
Passerino, 2010; Calil, 2011; Gatti & Nunes, 2009). Este
fator pode ter relao com a
formao do professor de Matemtica uma vez que nem sempre o
currculo das
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 224
Licenciaturas em Matemtica abrange todos os aspectos das
necessidades que a prtica
docente exige.
Os professores que atuam em sala de aula constantemente se
deparam com novas
situaes no contexto educacional, o que de certo modo os motiva e
impulsiona para
uma formao contnua em curso. Esta formao no necessariamente se
restringe aos
espaos acadmicos, cujo foco a titulao, mas tambm ao seu ambiente
de trabalho
ao estabelecer a troca de ideias e entreajuda de colegas para
melhorar a sua prtica
docente.
Mediante tais consideraes, o presente estudo debruou-se sobre a
integrao da
Plataforma Moodle no processo de ensino. O objetivo foi
averiguar de que forma a
utilizao de recursos tecnolgicos possibilita uma inovao
metodolgica na prtica
docente do IF-SC ao se beneficiarem dos ambientes virtuais para
favorecer a
aprendizagem de Matemtica dos seus alunos. So analisadas as
perspectivas sobre o
uso das TIC, em especial o Moodle, por trs professores de
Matemtica como forma de
complementar as atividades realizadas em sala de aula.
2. A formao de professores de Matemtica e uso das TIC no
ensino
Alguns estudos tm sinalizado que a simples presena das
tecnologias no sistema
educativo no faz, por si s, a devida diferena (Barcelos, Behar
& Passerino, 2010;
Bonilla, 2005; Kenski, 2008; Miranda, 2007; Ponte &
Canavarro, 1997). Alm de
equipar as escolas com as devidas infraestruturas de modo a
atender positivamente a
integrao e o efetivo uso das tecnologias, deve-se capacitar os
professores para que o
seu fazer pedaggico venha ter outra conotao na sociedade que
exige constantes
adaptaes e mudanas. Esta uma constatao que Miranda (2007) faz ao
considerar
que acrescentar a tecnologia s atividades j existentes na escola
e nas salas de aula,
sem nada alterar nas prticas habituais de ensinar, no produz
bons resultados na
aprendizagem dos estudantes (p. 44). Para esta autora, isso uma
consequncia da falta
de proficincia que muitos professores manifestam no uso das
tecnologias,
principalmente as computacionais, o que resulta da falta de
recursos e de formao.
Alm disso, a autora acrescenta que o fato de inovar com a
integrao das tecnologias,
acima de tudo, requer que haja uma pr-disposio por parte dos
professores para que
estes venham a modificar as suas concepes e prticas de
ensino.
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 225
O problema reside em que alguns professores tm uma conceo
romntica sobre os processos que determinam a aprendizagem e a
construo de conhecimento e concomitantemente do uso das tecnologias
no ato de ensinar e aprender. Pensam que suficiente colocar os
computadores com algum software ligados Internet nas salas de aula
que os alunos vo aprender e as prticas se vo alterar. Sabemos que
no assim. Que consideram que os Media Educativos por si s nunca
influenciaro o desempenho dos estudantes. Os efeitos positivos s se
verificam quando os professores acreditam e se empenham de corpo e
alma na sua aprendizagem e domnio e desenvolvem atividades
desafiadoras e criativas, que explorem ao mximo as possibilidades
oferecidas pelas tecnologias. (Miranda, 2007, p. 44)
No caso especfico dos professores de Matemtica, a integrao das
TIC na sua
formao inicial por si s no garante que eles efetivamente as
venham incorporar em
suas prticas docentes (Barcelos, Behar & Passerino, 2010).
Estas autoras justificam
que esta formao deve voltar-se para incluso e uso das TIC do
fazer pedaggico dos
professores. Estudos apontam que o adequado uso das tecnologias
pelos professores nas
escolas precisa de ser aprimorado, o que pode ter relao com a
formao que eles
tiveram. Um destes dados indicado na pesquisa realizada em 400
escolas de 13
capitais brasileiras pela Fundao Victor Civita. Este
levantamento mostra que os
professores, de modo geral, no se limitando aos de Matemtica,
ainda no utilizam o
computador com os seus alunos como instrumento didtico. Tal uso
se evidencia e se
justifica para editar, digitar e copiar contedos. A utilizao de
software limita-se para
edio de texto e visualizao de mapas (Agncia do Brasil, 2009).
Neste caso, o
computador se torna um recurso caro para as escolas uma vez que
ele desempenha o
papel de um mero retroprojetor. Esta pesquisa sinaliza que no
Brasil so poucas as
escolas que tm professores devidamente formados a fim de usarem
estas ferramentas
de modo que as mesmas sejam utilizadas de forma a atender a
melhoria da
aprendizagem.
Em relao formao de professores de Matemtica para o uso pedaggico
das TIC
percebe-se que ainda h um distanciamento entre a sua formao
inicial e as exigncias
colocadas pela sociedade da informao (Gatti & Nunes, 2009).
Estas autoras
analisaram os currculos de 31 cursos de Licenciaturas em
Matemtica no Brasil e
constataram que somente um deles no apresentava uma disciplina
isolada para
trabalhar com conceitos ligados computao. Porm quando se trata
de uso da
informtica para a educao, esta referida claramente em apenas 29%
dos cursos (p.
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 226
108). Destacam ainda que a discusso sobre a utilizao das TIC
aparece nos artefactos
curriculares dos cursos mas no propriamente sobre a aplicao das
mesmas na prtica
pedaggica dos futuros professores. Por outro lado, os cursos que
tm em considerao
que deve haver mudanas na prtica pedaggica dos futuros
professores de Matemtica
sobre o uso das tecnologias com seus alunos apostam na inovao
curricular de modo a
atender tais requisitos.
Uma pesquisa realizada por Barcelos, Behar e Passerino (2010)
analisa um curso de
Licenciatura em Matemtica do Instituto Federal Fluminense que
apresenta a disciplina
Educao Matemtica e Tecnologias em sua grade curricular cujo
objetivo preparar
melhor os professores formados (Barcelos, Behar & Passerino,
2010). As atividades
desenvolvidas na mesma so:
i) leituras e discusso de textos; ii) estudo de softwares
educacionais por meio de atividades que visam construo de
conhecimentos matemticos; iii) avaliao de softwares educacionais de
Matemtica; iv) elaborao de atividades de investigao, utilizando um
dos softwares estudados; v) anlise de sites relacionados
aprendizagem matemtica; vi) elaborao de applets utilizando
softwares de Geometria Dinmica, entre outras (Barcelos, Behar &
Passerino, 2010, p. 1035).
As autoras destacam que os oito professores entrevistados
afirmaram que a formao
para o uso pedaggico das TIC que tiveram no curso foi suficiente
para que a utilizao
das mesmas seja proporcionada. Tal indcio no corrobora a efetiva
incorporao de
uma prtica mediada pelo uso das tecnologias. Os obstculos
encontrados pelos
professores no contexto escolar so apontados como justificativas
do pouco uso que eles
fazem das tecnologias junto de seus alunos. Trs dos oito
professores nunca usaram as
TIC em suas aulas e quatro fizeram uso apenas uma vez. Uma das
professoras levou
seus alunos ao laboratrio de informtica para realizarem pesquisa
na Internet. Nesse
sentido, Barcelos, Behar e Passerino (2010) percebem que:
o pequeno uso das TIC nas aulas de Matemtica dos professores
iniciantes sinaliza que no basta escola ter laboratrios de
informtica e nem mesmo que os professores tenham uma formao inicial
de qualidade, para que ocorra o uso pedaggico efetivo das TIC. (p.
1037)
Estudo de Calil (2011) corrobora a hiptese apresentada por estas
autoras, defendendo
que no h relao direta entre o que os professores aprendem, a
contar desde sua
formao inicial e contnua, sobre a utilizao das TIC para a
Matemtica e sua efetiva
integrao na prtica docente. O estudo de Calil (2011) sinaliza
que ainda pouco o uso
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 227
das TIC pelos professores de Matemtica com seus alunos como
ainda pouco o uso
restrito dos computadores na preparao de material a integrar na
estratgias de ensino.
Os professores alegam que precisam de bem mais tempo para
realizar o mesmo. Para
Calil (2011), os professores de Matemtica advindos de curso de
Licenciatura em
Matemtica a distncia no promoveram a integrao de ambientes
virtuais de
aprendizagem, no caso do Moodle, utilizado por eles em sua
formao inicial. Destaca-
se que o uso da mesma no foi integrado nas atividades pedaggicas
dos professores
mesmo que eles a tenham utilizado em diferentes atividades
desenvolvidas durante a sua
formao.
A partir das consideraes apresentadas menciona-se que, uma das
principais questes
que devem ser observadas em relao formao de professores perpassa
o saber
utilizar as tecnologias de maneira refletida e adaptada sua
disciplina bem como ao
nvel escolar que est atuando (Ponte, Varandas & Oliveira,
2001). Ponte e Serrazina
(1998) referem que so requisitos dos docentes o conhecimento de
implicaes sociais
e ticas das TIC; a capacidade de uso de software utilitrio; a
capacidade de uso e
avaliao de software educativo e; a capacidade de uso de TIC em
situaes de ensino-
aprendizagem (p. 12). De acordo com Ponte e Canavarro (1997), as
escolas devem
proporcionar aos seus professores e alunos as devidas
oportunidades de se envolverem
de uma forma mais ativa no desenvolvimento de novas
aprendizagens e novas formas
de desenvolver as atividades de aprendizagem. Essa questo
abrange a necessidade das
escolas promoverem e oferecerem oportunidades aos professores
mediante motivao
pela busca da realizao da formao contnua, o que instiga e
instaura novas prticas
de ensino. Para Viseu (2009), o uso de recursos tecnolgicos por
professores de
Matemtica favorece uma aprendizagem mais significativa,
principalmente no que se
refere ao desenvolvimento da capacidade de resoluo de problemas,
autonomia e
pensamento crtico.
Atualmente tem-se notado que no contexto educativo de diferentes
pases, o uso de
Ambientes Virtuais de Aprendizagens, entre eles, o Moodle,
ganhou espao e adeso,
especialmente a partir da modalidade de Educao a Distncia (EaD).
Relativo
Plataforma Moodle, Valente e Moreira (2007) consideram que esta
plataforma
possibilita o acesso a saberes cientficos de um modo mais
dinmico e colaborativo do
que em salas de aula que predominam mtodos expositivos. Porm,
segundo estes
autores, esta plataforma poder ser utilizada segundo critrios
que seguem um modelo
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 228
mais tradicional de sebenta eletrnica ou dispensrio de informao
sem qualquer
semelhana aos ambientes de aprendizagem construtivistas (p.
784). Estes autores
destacam a importncia de realizar estudos que investiguem sobre
a melhor forma de
utilizar este recurso tecnolgico no processo de ensino e
aprendizagem.
Como o Brasil ainda experimenta situaes adversas relativas
integrao das TIC na
esfera educativa nos diferentes nveis e modalidades de ensino,
busca-se fazer
apontamentos de alguns aspetos que dificultam a dinmica deste
processo.
Independentemente de qual sejam as tecnologias em anlise,
parte-se da premissa que
todas elas tm significativas potencialidades, que, por outro
lado, nem sempre garantem
que os seus usurios conseguem tirar pleno partido destas
ferramentas tecnolgicas, por
razes distintas. Considera-se, por exemplo, que muitos dos
professores em plena
atividade docente advm da era das tecnologias analgicas
(Schlemmer, 2009). Nesse
sentido, reporta-se gerao analgica tambm denominada de
imigrantes digitais,
cujo termo foi utilizado por Prensky (2001), como sendo uma
gerao de pessoas que
enfrentam maiores desafios quando se deparam com os adolescentes
e crianas da
gerao digital, conhecida por nativos digitais, cujo termo tambm
foi utilizado por
Prensky (2001). Conforme refere Costa (2009), o professor de
Matemtica geralmente
um imigrante dentro do mundo digital do adolescente, considerado
como o nativo
digital. Para este autor, o trabalho em redes com uso da
Internet pode ser uma das
formas de aproximar seus diferentes mundos. O contexto da
cultura digital segue
noutra direo, que pressupe a proposio, interao e interveno. Um
aspecto que
deve ser levado em considerao que grande parte de professores
das escolas do pas
constituiu-se numa cultura baseada na recepo de informaes, que a
cultura
analgica. Muitos professores sentem-se perdidos e no sabem o que
fazer e como agir.
Nem sempre possvel aos professores encontrarem os devidos meios
de conciliar sua
vida profissional com o grau de exigncias advindas da integrao
de tais recursos.
Especialmente porque um dos fatores que impacta relativo ao
maior tempo que o uso
da integrao das TIC requer para a preparao das aulas, que faz
alguns professores
afirmarem que sendo assim, na maioria das vezes o uso da TIC no
compensa
(Barcelos, Behar & Passerino, 2010, p. 1032). Porm, segundo
estas autoras, a sua
utilizao aumenta a motivao dos alunos o que justifica que seja
garantido o seu
efetivo uso no processo de ensino.
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 229
Coan e Viseu (2010) explicitam que compete ao professor
escolher, entre outros, o tipo
de atividades que pretende desenvolver com os alunos; qual a
sequncia e a durao das
mesmas; as estratgias de ensino que ir adotar; a forma de
avaliao. Assim, se o
professor tem ao seu dispor diferentes artefactos tecnolgicos,
ele dever perceber a
melhor forma de integr-los na sua prtica pedaggica, apesar de
saber que h
limitaes.
3. O dispositivo de ensino e aprendizagem de Matemtica
O IF-SC tem experincia com a oferta de cursos pelo sistema
Universidade Aberta do
Brasil (programa do Ministrio da Educao para Educao a Distncia -
EaD), os quais
so ministrados em ambiente virtual, no formato da UAB e oferece
aos alunos novas
ferramentas e metodologias pedaggicas. O Instituto Federal de
Santa Catarina (IF-SC)
adotou a Plataforma Moodle, que est sendo utilizada por alguns
docentes para suas
aulas presencias. Como qualquer outro LMS (Learning Management
System), o Moodle
dispe de um conjunto de ferramentas que podem ser selecionadas
pelo professor de
acordo com seus objetivos pedaggicos. Percebe-se que possvel que
os professores
inovem terica e metodologicamente no ensino da Matemtica no
IF-SC, nos cursos
presenciais, semipresenciais ou distncia. A exemplo disso, no
IFSC, desde 2007, os
professores do ensino presencial tm-se familiarizado mais
intensamente com a
utilizao da Plataforma Moodle, por oferecer uma alternativa de
comunicao entre
alunos e professores.
Os professores do IFSC tiveram oportunidade de realizar formao
por meio de cursos
de formao continuada sobre a integrao das TIC no processo de
ensino em virtude do
advento da implementao e oferta da Educao a Distncia (EaD).
Inicialmente, os
cursos eram direcionados para os professores que tinham vnculo
direto com a oferta da
EaD. medida que foram sendo abertos cursos de capacitao para os
demais
professores percebeu-se que o uso do Moodle se tornou uma
ferramenta aliada ao
processo de ensino. Esta dinmica possibilitou a integrao desta
ferramenta para a
aprendizagem da Matemtica tambm na modalidade de Educao de
Jovens e Adultos
(EJA).
Independentemente da idade do aluno ou da rea de atuao de um
professor, parte-se
do pressuposto que o uso das TIC no pode ser uma mera reproduo
de antigas prticas
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 230
pedaggicas. Atento a tais perspectivas, esboou-se um dispositivo
que regulasse o
processo de ensino e de aprendizagem, na unidade curricular de
Matemtica, para
alunos de cursos do PROEJA o qual foi colocado em prtica por trs
professores. O
dispositivo procurou atender a complementariedade entre a sala
de aula e a Plataforma
Moodle, instigando, entre outros, a troca de ideias, a
entreajuda, o trabalho colaborativo
e a partilha de experincias entre os alunos e alunos e
professor. Tais espaos e formas
de interlocuo no seguiram necessariamente uma sequncia
cronolgica de
acontecimentos, pois um item de discusso tanto podia ser
inicializado no ambiente
virtual e ter continuidade em sala de aula e vice-versa (Figura
1).
Figura 1 Itens do dispositivo de ensino e aprendizagem da
Matemtica de alunos do
PROEJA/IF-SC.
A proposta do dispositivo promoveu diferentes formas de
comunicao entre os alunos
e entre os alunos e o professor de modo a lhes proporcionar a
possibilidade de refletir
sobre as atividades por eles desenvolvidas, tanto em sala de
aula como no ambiente
virtual.
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 231
Tabela 1 Dinmica do dispositivo dos dois ambientes de
aprendizagem.
Sala de Aula Plataforma Moodle Espao de Reflexo
Responde questes como: O que aprendi? Que dificuldades tive?
Como as superei? O que devo alterar para aprender mais?
Espao de Discusso Tarefas que promovam a discusso de processos e
de resultados
Tarefas/Materiais Problemas; Tarefas investigativas; Exerccios
Testes Uso de software do GeoGebra Indicao de links que fornecem
tarefas que atendem dificuldades pontuais
Este dispositivo foi implementado e acompanhado em trs turmas de
cursos do
Programa Nacional de Integrao da Educao Profissional com a
Educao Bsica na
Modalidade de Educao de Jovens e Adultos (PROEJA) do IFSC,
denominadas,
Turma A, Turma B e Turma C. Respectivamente, as turmas so do
Curso Tcnico de
Enfermagem (Cmpus de Florianpolis), Auxiliar de Cozinha, (Cmpus
do Continente)
e Tcnico de Eletromecnica (Cmpus de Chapec). Os trs professores
so
identificados como: Professor A (Turma A), Professora B (Turma
B) e Professor C
(Turma C). A implementao da proposta de ensino se estendeu ao
longo de um
semestre letivo.
Destaca-se que para integrar o ambiente virtual nestas turmas, a
condio necessria era
de que os devidos Campis oferecessem condies de infraestrutura
ideais de modo a
garantir o pleno acesso ao Moodle pelos alunos. Isso porque a
maioria deles no tem o
hbito de usar o computador, muito menos para aprendizagem em
Matemtica. Os
professores foram receptivos ao dispositivo e encararam como um
grande desafio
integr-la em turmas do PROEJA mesmo que nenhum dos alunos
tivesse algum
conhecimento sobre o uso do Moodle.
A investigao transcorreu num ambiente natural no qual se
pretendeu observar e
descrever as aes vivenciadas pelos participantes, sem retirar o
significado por eles
atribudo, que, segundo Bogdan e Biklen (1994), Erickson (1986) e
Flick (2009),
sugerem ser esta uma abordagem qualitativa e interpretativa.
Nesse sentido, a estratgia
de pesquisa em questo permitiu a utilizao de diferentes
instrumentos de coleta de
dados. Entre eles, recorreu-se observao ao longo do semestre
cujo registro foi
realizado pelas Anotaes Breves (ABn; data), onde n o nmero da
aula assistida, e a
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 232
duas entrevistas aos professores, uma no incio e outra no final
da implementao do
dispositivo que integra as TIC (EP1 e EP2).
4. Perspectivas sobre o uso do Moodle por professores de
Matemtica
Os trs professores (Professor A, Professora B e Professor C),
intervenientes neste
estudo, mostram preocuparem-se com a sua atualizao profissional
ao participarem em
grupos de formao e qualificao profissional. Essa preocupao foi
uma das razes
que motivou a sua participao neste estudo e tambm por
trabalharem com alunos do
PROEJA.
Professor A
O Professor A tem como formao acadmica a Licenciatura em
Matemtica e atua
como professor desta disciplina quase uma dcada. Ao longo da sua
experincia
profissional sempre teve atuao na modalidade de Educao de Jovens
e Adultos na
grande Florianpolis. Trabalhar com o pblico da EJA um desafio
que ele encarou
desde cedo devido s diferenas que observava nestes alunos:
escolhi continuar porque
achava interessante, achava que eles esto l porque querem, no
esto l por obrigao,
esto tentando resgatar ou esto tentando conseguir alguma coisa
que deixaram para
trs (EP1).
O Professor A um dos professores mais novos de seu grupo de
trabalho onde atua,
mesmo assim ele confessa que muito ainda tem para aprender,
justamente quando se
refere ao domnio das TIC, por considerar que pretende tornar as
suas aulas mais
criativas e dinmicas mediante o uso de novas ferramentas. Porm,
exemplifica que no
aprendeu at ento a saber utilizar, por exemplo, uma calculadora
grfica:
Calculadora grfica no sei usar! Nossa formao aqui na
licenciatura, HP 48 cientfica, era a mais famosa na poca e os
professores proibiam a entrada em sala e no ensinavam a gente usar.
Vejo at como faz, porque aqui nos cursos de tecnologia aqui usa e
no sabe nem ensinar os alunos a usar uma calculadora grfica. Os
alunos aqui do curso superior at chegam a comprar. Ai eles chegam
para gente, professor sabe usar? No! A gente no consegue planejar
algo com o uso dela porque no sabe o potencial dela. Eu sei que ela
tem n utilidades, mas a gente no consegue explorar ela. Ento fica
mais com o software de Geogebra e geometria dinmica. (EP1)
As TIC tm forado os professores de um modo em geral a perceberem
que elas
apresentam muitas potencialidades. O Professor A entende que o
envolvimento com as
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 233
possibilidades que lhe so colocadas uma sada significativa, pois
acaba obrigando o
professor se integrar, a mexer e entender. No foi diferente ao
integrar a equipe da EaD
do IF-SC, que o fez entrar em contato pela primeira vez com a
Plataforma Moodle para
ministrar cursos da EaD do IF-SC desde 2009, o que lhe permitiu
aperceber-se como
poderia ser usado o Moodle, embora o pessoal da EaD tambm no
sabia ainda como
us-lo para ensinar Matemtica. O maior desafio mesmo como usar
para ensinar a
Matemtica a distncia porque eu estou me quebrando todo
(EP1).
O Professor A recorre aos recursos tecnolgicos porque, conforme
relata, desde minha
graduao, trabalhava no laboratrio grupo de estudos de informtica
aplicada
aprendizagem matemtica, j estudava o uso da informtica no
ensino. Desde minha
graduao, 2000, j estudo isso, por isso meu interesse de estar
usando (EP1). A
aplicao que este professor fez durante a sua formao inicial da
tecnologia, na
explorao de contedos matemticos, influenciou-o positivamente a
utiliz-la nas suas
atividades profissionais. Posteriormente, aprofundou os seus
conhecimentos sobre a
utilizao da tecnologia atravs da dissertao de mestrado sobre o
uso de software no
ensino de Trigonometria. Quanto ao uso da Plataforma Moodle,
este professor destaca
que no incio colocava l planos de aula, listas de exerccio, no
incio usava muito
como repositrio e no conhecia ainda todos os seus recursos
(EP1). Com a
experincia que obteve ao trabalhar em cursos da EaD foi
percebendo o quanto se pode
tirar de proveito da sala virtual.
Muitas das dificuldades enfrentadas pelos professores na
utilizao das TIC no dizem
respeito somente sua formao. Em algumas situaes, essas
dificuldades
correspondem principalmente falta de condies que os professores
e alunos precisam
saber contornar. Para o Professor A, o maior desafio na utilizao
do Moodle incidiu na
forma de como a usar para ensinar contedos matemticos a
distncia, embora defenda
que no ensino presencial o uso do Moodle, como complemento, como
mais um espao
de estudo, perfeito (EP1). O professor considera que o
complemento que os
ambientes de aprendizagem, presencial e virtual, podem
desempenhar, permite que o
aluno v l, exponha aquela dvida dele e s vezes no mesmo dia j
tem uma resposta
para aquela dvida e no precisa esperar at a prxima semana para
obt-la (EP1).
Porm, pensar em levar uma proposta para os alunos do PROEJA,
como foi o caso deste
dispositivo, requer um determinado esforo por parte do
professor, principalmente
porque para vrios alunos o uso de computador ainda era um grande
desafio.
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 234
Conforme observa o Professor A, a integrao da Plataforma Moodle
fez com que, aos
poucos, algumas alunas comeassem a gostar mais de Matemtica e
isso foi devido ao
uso das tecnologias (EP2). Para este professor, a experincia
realizada foi determinante
na alterao que sentiu na forma como as alunas se envolviam nas
atividades das aulas:
teve aluna que no gostava de Matemtica que viu que poderia
contribuir com alguma
coisa e passar a gostar de estudar Matemtica, apesar das
dificuldades de dominar as
cincias, eu vi isso bem claro (EP2). No decorrer das aulas, o
Professor A menciona
que ele noto que elas mudaram muito, e elas vo atrs das coisas,
no esperam mais
que o professor traga tudo pronto (AB11, 24/11/2010).
medida que o tempo passava, a participao das alunas em sala de
aula foi cada vez
mais espontnea.
Elas sentiam-se mais motivadas. Porque, eu vejo at que, no era s
no espao da sala de aula, elas iam alm da sala de aula, ento elas
conseguiam, no horrio que elas se sentiam livre, contribuir com a
sala de aula, apesar de fora de sala de aula. Ento elas conseguiam
contribuir com o que estavam aprendendo. Isso para mim assim, eu
vejo assim, no s a recepo, e sim elas traziam alguma coisa pra
compartilhar e os outros aprenderem juntos. Sem estar o professor
fornecendo aquela informao, atividade, texto, vdeo que elas
forneciam. Isso para mim foi o mais positivo. (EP2)
A Turma A era constituda por 19 alunas. Para elas, utilizar os
recursos tecnolgicos
passou a representar uma nova linguagem, ainda mais para quem no
estava to bem ou
quase nada familiarizado com os mesmos. na verdade a
possibilidade de ir alm do
quadro e giz. A Plataforma Moodle, conforme considera o
Professor A, se torna uma
extenso, e no caso de alguns softwares, vai trazer outras
maneiras de ver a Matemtica
(...) no eu estar transmitindo a informao, parece que elas se
sentiram contribuindo
na construo daquele conhecimento (EP2).
Usar as tecnologias permite expandir para alm de uma
aprendizagem linear e instiga a
participao maior do aluno. Nesse aspeto, o Professor A est
convicto que muito ainda
tem que aprender para saber lidar e explorar adequadamente as
novas ferramentas
tecnolgicas de modo a se comunicar e estabelecer novas relaes
com os diferentes
intervenientes no processo educativo. Para este professor, o uso
das TIC no ensino e
aprendizagem de Matemtica tem vantagens porque uma nova
linguagem, permite ir
alm do ambiente de lpis e papel da sala de aula. No caso do
Moodle, vai se tornar uma
extenso e no caso de alguns softwares, vai trazer outras
maneiras de aprender
Matemtica (EP1).
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 235
O Professor A reconhece a diferena que faz ultrapassar
barreiras, enfrentar dificuldades
e agregar as TIC no processo de ensino e aprendizagem. Na sua
perspectiva, esta
diferena foi notada pelas alunas pois elas passaram a contribuir
de alguma forma com o
processo de ensino e aprendizagem e perceberam que no era
somente o professor o
responsvel para trazer tudo pronto para elas. Outro fator que se
evidenciou por conta
da utilizao da Plataforma Moodle nesta turma foi o elo que este
meio estabeleceu com
a sala de aula, atravs do uso do ambiente virtual de uma forma
dinmica e no como
repositrio de materiais: porque ele no um repositrio de
arquivos, no um mural
de recados (EP2).
Para o Professor A, lanar uma atividade no Moodle era uma forma
de instigar a turma e
proporcionar novas maneiras de dialogar sobre a Matemtica: a
gente lanava uma
atividade l e quando chegava na sala, e sem avisar elas, j
sabiam que ia acontecer
aquela atividade (EP2). Esta dinmica de trabalho comeou a
despertar diferentes
expectativas frente ao contexto da aprendizagem de contedos
matemticos e fez com
que essa interao propiciasse novas formas participao: teve
aquelas alunas que se
tornaram bem mais independentes naquele ambiente (EP2). Tais
perspectivas ficaram
bem evidenciadas por meio da experincia que foi desenvolvida na
Turma A, que
segundo o seu professor o ambiente virtual foi mais um meio de
fazer isso com elas, de
elas se sentirem autoras tambm do que a gente est produzindo
(EP2). Percebeu-se
que apostar no novo, mesmo sabendo que a estrutura no a mais
adequada, foi muito
vlido.
Professora B
A formao acadmica da Professora B a Licenciatura em Matemtica e
ela est
atuando menos de cinco anos em sala de aula. A sua primeira
turma de alunos foi na
modalidade de EJA na Prefeitura de Florianpolis na qual
trabalhou por trs anos
consecutivos. Manifesta empatia em trabalhar com este pblico de
alunos porque a
diferena que eu vejo o interesse que eles tm, eles esto a porque
querem (EP1).
Para a Professora B, trabalhar com os alunos da Educao de Jovens
e Adultos torna o
trabalho do professor mais prazeroso porque alm de valorizarem a
oportunidade que
tiveram de retornar para a Escola, valorizam e reconhecem a
profisso de um docente, o
que nem sempre comum no ensino regular. Os alunos da EJA voltam
aos estudos e
sabem o que vieram buscar ali.
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 236
O desejo que a Professora B mostrou de melhorar a sua prtica
pedaggica foi,
certamente, a chave que a levou a aceitar o desafio de integrar
as TIC no processo de
ensino e aprendizagem numa das suas turmas: Eu sinto falta de no
ter tido isso na
minha formao, a eu fico tentando procurar outro jeito, outra
maneira de fazer, mas
tambm difcil procurar sozinha (EP1). Ela ainda destaca que no
outro semestre
estava dando Funes Trigonomtricas, at tentei, pensei em usar o
GeoGebra para
mostrar mas a teria que ter mais tempo, teria que sair do
planejamento e teria que
estudar muito para trazer para eles (EP1). A insegurana que a
Professora B manifesta
indicia ser uma das razes pelas quais as suas aulas assumissem
predominantemente um
carter expositivo na apresentao dos contedos matemticos. Este
aspecto contribui
no modo de conduzir o processo de ensino, especialmente no que
diz respeito aos
materiais didticos que esta professora utiliza nas suas aulas.
Ela parece mostrar um
pouco de insegurana e por outro lado um certo grau de
comodidade. Por exemplo, para
propor tarefas novas aos seus alunos, ela reluta para sair do
seu planejamento de aula
que baseado no uso de quadro e giz.
A forma de organizar as aulas de Matemtica est muito ligada
metodologia que o
professor adota e tambm aos recursos que esto disponveis para
ele. A Professora B
refere que dificilmente eu consigo usar outro recurso assim,
porque eu sei usar mas no
consigo trazer para o aluno (EP1). Por consequncia, as aulas de
Matemtica desta
professora geralmente acontecem com uso do quadro e giz (EP1) e
com tarefas que se
traduzem sobretudo na forma de exerccios. Depois de repassar
todo o contedo para os
seus alunos ela adota as provas para avaliar o que eles
aprenderam.
Como a Professora B reservada no tem o hbito de dividir
experincias ou realizar
trabalhos colaborativos: Da minha experincia eu nunca tive isso,
de trocar com outro
professor de Matemtica, dificilmente (EP1). Isso tambm a
dificulta quando se
vislumbra a adoo de outras estratgias de ensino, a troca de
ideias entre os colegas
enriquece a metodologia do professor, caso contrrio, a
insegurana fica mais evidente:
J usei internet, algum vdeo, alguma coisa assim mas no tenho
hbito de usar com os
alunos (EP1). Para a Professora B, integrar as tecnologias na
dinamizao das
atividades matemticas algo incerto, pois preciso esperar chegar
para ver! Eu
imagino que eles vo adorar. Que vo achar interessante. Aposto
que no tem nem ideia
de que existe aquilo (EP1). Tambm lembra que colocar atividades
na Plataforma
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 237
Moodle de modo que se estabelea esse elo dinmico com certeza
possvel, porm,
requer tempo e requer preparao (EP2).
A Professora B destaca como vantagem do uso da Plataforma Moodle
no processo de
ensino e aprendizagem da Matemtica a possibilidade de os alunos
poderem estar em
casa estudando, conversando entre si, conversando com o
professor. uma vantagem.
outra linguagem no s aquela coisa sala de aula! (EP2). Esta
professora observa que a
partir do uso computador nas aulas, os alunos perceberam que a
disciplina de
Matemtica toma maior abrangncia quando tratada para alm do
quadro e giz.
Alguns alunos que manifestavam dificuldade de aprendizagem
tiveram reaes diversas
ao acederam os conhecimentos matemticos por outros meios. Por
exemplo, uma das
alunas que acedeu ao ambiente virtual para fazer algumas
atividades, contrariamente ao
que se esperava, a sua reao foi de satisfao ao expressar que
estou descobrindo a
Matemtica! (AB03, 30/09/2010). Para a Professora B, este tipo de
sentimento deve-se
ao incremento de interesse dos alunos, o que se traduziu pela
primeira vez no seu
percurso profissional de ver alunos seus utilizando e trazendo o
seu computador para
uma sala de aula. Ela relata que alunos meus, nunca traziam
computador para sala de
aula (EP2). Alm disso, as mudanas prticas que foram sentidas ao
possibilitar aos
alunos estabelecerem outra relao com a disciplina de Matemtica a
partir da
articulao entre a sala de aula e o Moodle foram comentadas pela
Professora B. Na sua
perspectiva, esta mudana foi percebida j nas primeiras avaliaes
realizadas depois da
integrao do ambiente virtual: Pensando nas avaliaes depois do
Moodle, elas foram
melhores. (...) no era s ali na sala de aula. Porque muitos no
estudam em casa, mas
passaram a ter um pouco mais de cuidado e estudar mais em casa
atravs do Moodle
(Professora B, EP2).
Apresentar aos alunos a oportunidade de vivenciarem a implantao
da Plataforma
Moodle lhes propiciou uma aprendizagem mais significativa e os
alunos puderam
participar da construo do conhecimento que deixou de lado a via
nica de acesso
mediante fala e explicao do professor: Eu acho que esta a melhor
forma de
aprender! Vai fazendo e vendo o porqu daquilo e de onde surgiu.
a melhor forma de
aprender! Mas nem sempre feito isso. A gente no aprendeu assim!
(EP2).
A integrao da Plataforma Moodle na sua prtica docente numa das
suas turmas
possibilitou Professora B experimentar novas vivncias quilo que
at ento estava
acostumada a fazer. Ao mesmo tempo, esta nova forma de conduzir
o processo de
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 238
ensino e aprendizagem da disciplina de Matemtica aproximou os
alunos para diferentes
formas de aceder os conhecimentos matemticos.
Professor C
O Professor C est formado h treze anos. A sua formao em
Licenciatura
Matemtica com extenso para habilitao em Fsica e revela que a sua
preferncia a
disciplina de Fsica a qual tem lecionado durante vrios anos.
Tambm no IF-SC atua
como professor destas duas disciplinas e diz que est
temporariamente frente
disciplina de Matemtica at algum colega desta rea vir assumir
tais aulas. Quanto ao
uso de tecnologias na sua prtica pedaggica ele objetivo e diz
que com a calculadora
cientifica, j trabalho com ela. Mas, especificamente nas aulas
de Matemtica, eu gosto
muito de fazer tudo no quadro, tudo no papel, tudo no lpis e
usar a calculadora para
conferncia (EP2).
Sobre a experincia que o Professor C tinha em discutir assuntos
matemticos, via
fruns ou listas de discusses, com os seus colegas ele categrico
na resposta:
particularmente tentei implementar discusses sobre a Fsica, a
alguns anos atrs, mas
devido a uma vida muito agitada, no obtive xito (EP1). Quanto ao
uso de outras
ferramentas tecnolgicas que complementem ou auxiliem o processo
de aprendizagem
da Matemtica, o Professor C revela que adotou a utilizao do
e-mail, contudo com
alunos que j sabiam us-lo devidamente: Alguns alunos de
instituies anteriores
enviavam dvidas sobre questes que so respondidas via e-mail
(EP1).
Para o Professor C, a articulao de um ambiente virtual uma
ferramenta eficaz,
apesar dele nunca a ter utilizado at data. At o momento da
apresentao da proposta
do uso da Plataforma Moodle, o Professor C recorria a alguns
recursos com ressalvas:
costumo usar sim, principalmente mdia e imagens. Acredito que
elas proporcionem
melhor compreenso dos assuntos trabalhados. Mas, no podemos
esquecer do bom e
velho quadro negro, elemento essencial para construir a teoria
matemtica aps ter sido
contextualizada (EP1). Este professor reconhece que as
tecnologias devem ser
incorporadas no processo de ensino, apesar de ainda no conseguir
entender como de
fato elas poderiam ser exploradas no caso do ensino a distncia.
Alm disso, ele teme
que o uso das tecnologias interfira nas relaes interpessoais:
Tenho receios que um
dia, ela venha substituir as relaes interpessoais diretas,
deixando a desejar certos
sentimentos importantes nas relaes entre as pessoas. No consigo
ainda entender
como um professor pode entusiasmar seus alunos atravs de aulas a
distncia (EP1).
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 239
O Professor C prenunciava que a utilizao de tecnologias com
alunos, como o caso
do PROEJA, lhe sugeriria uma ateno a mais porque o
desenvolvimento de atividades
com os alunos que ainda no sabem como usar um computador, por
exemplo, no seria
uma tarefa simples de realizar:
Acredito que uma sala virtual possa proporcionar momentos de
esclarecimento aos alunos, principalmente com troca de ideias sobre
soluo de questes. Entendo que nosso pblico de PROEJA v enfrentar
extrema dificuldade, por no estarem adaptados ainda ao uso do
computador e da Internet. (...) Acredito que seja uma ferramenta
importante para aquela clientela, mas para se chegar neste nvel, os
alunos devem ter um caminho traado na computao tambm. (EP1)
Para o Professor C, a articulao entre os dois ambientes de
aprendizagem, sala de aula
e Plataforma Moodle, estimula nos alunos a ideia da investigao
por meio do
computador, que um hbito ainda distante nas atividades quer para
a maioria dos
alunos quer para alguns professores.
E eu diria assim, no s na Matemtica, porque talvez at a
Matemtica seria uma questo at secundria, mas assim, a forma com que
eles podem estar se relacionando no ambiente. A forma como eles vo
trocar ideias e a forma de ele estar ligando e desligando o
computador, acessando Internet e pesquisando, eu acho que pode
tornar a ideia de investigao uma coisa mais cotidiana. Eu acho que
isso um ponto positivo. () O que mais foi de positivo que alguns
alunos que realmente entenderam a funo da implantao do Moodle nas
aulas perceberam de que poderia tornar uma aula diferente, dinmica.
De que ele poderia ter formas audiovisuais para entender um pouco
aquela coisa muito abstrata. (EP2)
O elo que os alunos estabeleceram entre a sala de aula e o
Moodle fez com que,
principalmente os que puderam efetivamente participar do
processo, desenvolvessem
novas habilidades e atitudes em relao Matemtica. O prprio
Professor C reconhece
que este desenvolvimento no to rico com recurso ao quadro e giz,
o que prevalece
na sua prtica pedaggica.
O Professor C e a sua turma se depararam com vrios obstculos
para integrar as TIC no
processo de ensino e aprendizagem da Matemtica, que se deveram
principalmente
disposio de uma adequada estrutura fsica da Instituio para
atender alunos em aulas
da disciplina da Matemtica. O que dificultou o processo, segundo
o Professor C, foi o
fato de que no tnhamos condies de estar levando os alunos para a
informtica
(EP2). Por consequncia, para os alunos que conseguiram
acompanhar o processo
realizavam as atividades propostas no ambiente virtual de forma
autnoma porque no
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 240
Instituto no lhes foram garantidas minimamente as devidas
condies. As participaes
dos alunos na Plataforma Moodle foram limitadas e a interao
entre sala de aula e
ambiente virtual ficou prejudicada.
5. Consideraes finais
A falta de recursos tecnolgicos, como o caso de laboratrios de
informtica que
estejam em plenas condies de uso, ainda um grande obstculo para
professores e
alunos, pois quando h o espao, faltam mquinas ou elas no
funcionam. Esta sem
dvida um dos fatores que desmotiva o professor a apostar na
integrao das TIC no
processo de ensino e planejar suas atividades pedaggicas numa
dinmica que atenda o
uso de tecnologias, no caso computador com acesso a
Internet.
Os trs professores constataram que o uso da Plataforma Moodle
evidenciou que para os
alunos a aprendizagem ganha mais sentido se for construda com a
participao deles,
tornado-a mais cativante e significativa na sua aplicao a novas
situaes. A utilizao
da Plataforma Moodle foi um marco de mudana para os alunos que
tiveram condies
de aceder a este espao de aprendizagem. Segundo observaram os
professores, houve
alunos que comearam a responder mais positivamente ao processo
de aprendizagem a
partir do momento que a rotina tradicional que estavam
acostumados foi suportada pela
Plataforma Moodle. O uso do AVA representou a superao de medos,
pois at ento a
maior parte dos alunos no se imaginava diante de um computador
para complementar
as atividades de aprendizagem na disciplina de Matemtica. No h
dvidas que as TIC
trouxeram mudanas positivas para a educao. Porm, para que elas
promovam
alteraes no processo educativo, conforme destaca Kenski (2008),
preciso que elas
sejam compreendidas e inseridas pedagogicamente. Para tanto h de
se observar as
peculiaridades do ensino bem como da prpria tecnologia para que
seu uso seja um
diferencial.
O uso das tecnologias para fins educativos apropriados deve
estar em sintonia com o
papel que se deseja que elas exeram em nossas vidas. Esta conexo
deve acontecer na
dimenso de seu contributo nas escolas e comunidades uma vez que
se trata de uma era
dominada pelas mquinas (Ross, 2006). A possibilidade que o aluno
tem de poder
compartilhar as suas ideias e participar na construo do
conhecimento torna o uso da
Plataforma Moodle potencialmente significativo e por isso,
conforme lembra Pulino
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 241
Filho (2005), o projeto Moodle representa um pacote amigvel para
professores porque
a primeira gerao de ferramentas educacionais que so
essencialmente teis.
Dos professores das turmas participantes, a Professora B revela
que a integrao de algo
de novo na vida escolar dos seus alunos foi um dos obstculos a
ultrapassar porque
vrios alunos no sabiam como utilizar o Moodle. Por outro lado,
alguns desses alunos
mostraram-se receptivos ao trazerem, aps algumas semanas de
aulas, o seu porttil
para a sala de aula, o que causou espanto Professora B. At ento
nenhum aluno seu
trouxe o seu computador para uma sala de aula. Esta reao dos
alunos mostra que o
professor no pode ficar agarrado s condies que a escola lhes
oferece. A falta de
materiais didticos na escola pode ser contornada pela vontade e
criatividade do
professor, caractersticas que fazem parte do seu desenvolvimento
profissional
(Guimares, 2006).
Os trs professores reconhecem que sem ter a garantia de ter um
Laboratrio de
Informtica com o devido nmero de computadores ligados Internet
funcionando,
torna-se difcil apresentar e concretizar uma estratgia de ensino
e aprendizagem, como
foi o caso deste dispositivo, para outras turmas noutra ocasio.
O Professor A entende
que extremamente difcil trabalhar numa perspectiva de insegurana
e sem ter a
garantia das mnimas condies para integrar uma ferramenta como o
caso do Moodle,
uma vez que vrios alunos no tm um computador ligado Internet.
Mesmo assim,
este professor reconhece a diferena que faz ultrapassar
barreiras, enfrentar dificuldades
e agregar as TIC no processo de ensino e aprendizagem. Para
Borba e Penteado (2007) e
Kenski (2008), as dificuldades de integrar as TIC no processo de
ensino esto mais
diretamente ligadas infraestrutura e formao dos professores.
Nos tempos de mudana em que vivemos, percebe-se que o professor
no pode ficar
espera de coisas prontas perante a presso da comunidade
educativa e os cenrios
imprevisveis que a sala de aula lhe exige a inovar a sua prtica
e a ter iniciativas. Coan
e Viseu (2010) defendem que a nova cultura educacional exige que
se adotem estilos de
pedagogia que favoream aprendizados personalizados,
significativos e cooperativos.
Tal cultura educacional requer uma redefinio na formao dos
professores, pois estes
devem familiarizar-se cada vez mais com as TIC e trilhar
caminhos que possibilitem a
inovao pedaggica. Para o Professor A ficou notrio que aps as
suas alunas
passarem a utilizar a Plataforma Moodle, elas tiveram maior
motivao e mostraram
mais apreo para estudar Matemtica. A Professora B atribui a
melhoria de desempenho
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 242
de seus alunos ao longo do semestre ao uso desta ferramenta. Na
Turma C, o professor
tambm observou que os alunos estavam sedentos para conhecerem
melhor o Moodle.
Outro fator a ser considerado a falta de conhecimento sobre a
Plataforma Moodle por
parte da maioria dos professores de Matemtica do IF-SC, que alm
de no conhecerem
no se sentem motivados o suficiente para us-la. As TIC no so
ainda um recurso
efetivamente integrado nas atividades de ensino, que segundo
Peralta e Costa (2007)
tem relao com o que os seus professores sabem fazer com um
computador numa
proposta de ensino. Nesse sentido, diante do desconhecido e da
insegurana, o trabalho
colaborativo entre os professores ganha nova dimenso porque
possibilita o
compartilhar de experincias vivenciadas no seu contexto de
trabalho. Os professores
que adotam esta dinmica de prtica docente aprofundam seus
conhecimentos e lhes
auxilia na sua formao. necessrio que os professores de fato
acreditem e encarem o
desafio de fazer o novo acontecer e se empenhem de corpo e alma
na sua formao
para desenvolvem atividades desafiadoras e criativas (Miranda,
2007).
Referncias
Agncia do Brasil. Professores usam apenas recursos mais simples
do computador. Folha online, n. 17, 2009. BARCELOS, G. T.; BEHAR,
P. A.; PASSERINO, L. Anlise dos Impactos da Integrao de Tecnologias
na Formao Inicial de Professores de Matemtica sobre a prtica
docente: um estudo de caso. In: XVI Workshop Sobre Informtica na
Escola XXX Congresso da Sociedade Brasileira de Computao. Anais,
Belo Horizonte, 2010.
BATISTA, S. C. F. Softmat: Um Repositrio de Softwares para
Matemtica do Ensino Mdio Um Instrumento em Prol de Posturas mais
Conscientes na Seleo de Softwares Educacionais. Dissertao (Mestrado
em Cincias de Engenharia). Campos dos Goytacazes, RJ, Universidade
Estadual do Norte Fluminense UENF, 2004. BOGDAN, R.; BIKLEN, S.
Investigao qualitativa em Educao: uma introduo teoria e aos mtodos.
Porto: Porto Editora, 1994. BONILLA, M. H. Escola aprendente: para
alm da Sociedade da Informao. Rio de Janeiro: Quartet, 2005. BORBA,
M. C.; PENTEADO, M. G. Informtica e educao matemtica. So Paulo:
Autntica Editora, 2007.
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 243
CALIL, M. A. Caracterizao da utilizao das TICs pelos professores
de matemtica e diretrizes para ampliao do uso. Dissertao de
mestrado. Universidade Federal de Juiz de Fora. Ps-Graduao em
Educao Matemtica, Mestrado Profissional em Educao Matemtica. Juiz
de Fora, Minas Gerais, Brasil, 2011. CHARLOT, B. Relao com o saber,
formao de professores e globalizao: questes para a educao hoje.
Porto Alegre: Artimed, 2005. COAN, L. G. W.; VISEU, F. As TIC no
ensino da Matemtica de alunos do PROEJA. In: LEITE, C.; MOREIRA, A.
F.; PACHECO, J. A.; MORGADO, J. C.; MOURAZ, A. (Orgs.). Debater o
currculo e seus campos. Actas do IX Colquio sobre Questes
Curriculares/V Colquio Luso-Brasileiro, p. 4627-4638. Braga: Centro
de Investigao da Universidade do Minho, 2010. COSTA, N. M. L.
WebQuest no Ensino de Matemtica, Um Caminho Possvel de Explorao da
Internet? In: DIAS,P.; OSRIO, A. J. (Orgs.). Atas da VI Conferncia
Internacional de TIC na Educao Challenges 2009, p. 807-821. Braga:
Universidade do Minho, 2009. ERICKSON, F. Qualitative methods in
research on teaching. In M. Wittrock (Ed.), Handbook of Research on
Teaching, p. 119-161. New York: Macmillan, 1986. FLICK, U. Introduo
pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009. GATTI, B. A.;
NUNES, M. M. R. (Orgs.) Formao de professores para o ensino
fundamental: estudo de currculos das licenciaturas em pedagogia,
lngua portuguesa, matemtica e cincias biolgicas. So Paulo, 2009.
GUIMARES, F. Como se pensa hoje o desenvolvimento do professor?
Quadrante, Volume XV(1 e 2), p. 169-192, 2006. KENSKI, V. M. Educao
e tecnologias: o novo ritmo da informao. Campinas-SP: Papirus,
2008. LOPES, A. M.; GOMES, M. J. Ambientes virtuais de aprendizagem
no contexto do ensino presencial: uma abordagem reflexiva. In:
DIAS,P.; FREITAS, C. V.; SILVA, B.; OSRIO, A.; RAMOS, A. (Orgs.).
Actas da V Conferncia Internacional de Tecnologias de Informao e
Comunicao na Educao Challenges 2007, p. 814-824. Braga: Centro de
Competncia da Universidade do Minho, 2007. MIRANDA, G. L. Limites e
possibilidades das TIC na educao. Ssifo. Revista de Cincias da
Educao, v. 3, p. 41-50, 2007. PAPERT, S. A famlia em rede:
ultrapassando a barreira digital entre geraes. Lisboa: Relgio D`gua
Editores, 1997. PEREIRA, M. G. C. B.; SILVA, B. D. A relao dos
jovens com as TIC e o fator diviso digital na aprendizagem. Actas
do X Congresso Internacional Galego-Portugus de Psicopedagogia, p.
5408-5431, 2009. Braga: Universidade do Minho.
-
REVEMAT. eISSN 1981-1322. Florianpolis (SC), v. 08, n. 2, p.
222-244, 2013. 244
PERALTA, H.; COSTA, F. A. Competncia e confiana dos professores
no uso das TIC. Sntese de um estudo internacional. Ssifo. Revista
de Cincias da Educao, v. 3, p. 77-86, 2007. Disponvel em: Acessado
em: 12 de setembro, 2011. Ponte, J. P.; CANAVARRO, A. P. Matemtica
e novas tecnologias. Lisboa: Universidade Aberta, 1997. PONTE, J.
P.; SERRAZINA, L. As novas tecnologias na formao inicial de
professores. Lisboa: DAPP do ME, 1998. PONTE, J. P.; VARANDAS, J.
M.; OLIVEIRA, H. As Tecnologias de Informao e Comunicao na Formao
Inicial de Professores de Matemtica: Uma Experincia Baseada na
Internet, 2001. Disponvel em: .Acessado em: 28 de setembro, 2013.
PRENSKY, M. Digital natives, digital immigrants. On the horizon,
Bradford, v. 9(5), p. 1-6, 2001. PULINO FILHO, A. R. Ambiente de
Aprendizagem Moodle UnB/Manual do Professor. Universidade de
Braslia, 2005. Disponvel em: Acessado em: 20 de abril, 2009. ROSS,
E. W. As expectativas e os perigos do E-learning. In: PARASKEVA, J.
M.; OLIVEIRA, L. R. (Orgs.). Currculo e tecnologia educativa, p.
19-32. Magualde PT: Edies Pedago LDA, 2006. SCHLEMMER, E. A gerao
eh web e eu, o professor. E agora? In: GONALVES, R. A.; OLIVEIRA,
J. S.; RIBAS, M. A. C. (Orgs.), A educao na sociedade dos meios
virtuais, p. 11-24. Santa Maria: Centro Universitrio Franciscano,
2009. VALENTE, L.; MOREIRA, P. Moodle: moda, mania ou inovao na
formao? Testemunhos do centro de competncia da Universidade do
Minho. Atas da V Conferncia Internacional de Tecnologias de
Informao e Comunicao na Educao Challenges 2007, p. 781-790. Braga:
Centro de Competncia da Universidade do Minho, 2007. VISEU, F. A
formao do professor de matemtica, apoiada por um dispositivo de
interao virtual no estgio pedaggico. Braga: Centro de Investigao em
Educao, Universidade do Minho, 2009.