Vera Pinto Os porto-alegrenses apreciaram espetáculos de qualidade em 2001, com nomes reconhecidos nacionalmente, geralmente no Theatro São Pedro. Foi o caso de “Jornada de um Poema”, que es- treou em maio, marcando os 40 anos de carreira de Glória Mene- zes e a estréia de Diogo Vilela na direção. Para viver uma portado- ra de câncer no ovário, a atriz raspou os cabelos e voltou a atuar nos palcos, após quatro anos de afastamento, externando as re- flexões da personagem sobre sua vida e as incertezas diante da morte, acompanhada de outros nomes globais, como Beatriz Ly- ra, Adriano Reys e Edgar Amorim. Em junho, Bibi Ferreira comemorou seus 60 anos de trajetó- ria artística interpretando a dama da canção portuguesa Amália Rodrigues, em “Bibi Vive Amália”. O roteiro começou a ser prepa- rado em 1998 por Bibi, e contava com a participação de Amália, que morreu antes. A narrativa contava episódios da trajetória da estrela do fado, sua infância pobre, o casamento com um brasileiro, o sucesso mundial, o tumor que quase tirou sua vida, além da paixão pelos filmes de Fred Astaire. No mesmo mês, Rosamaria Murtinho e Natália Timberg pro- tagonizaram “Letti e Lotte”, sobre as visitas orientadas que uma excêntrica guia turística realizava num museu. Em julho, foi a vez da tragédia de Nelson Rodrigues “O Beijo no Asfalto”, protagonizada por Alessandra Negrini e Marcelo Serrado. Em cena, a desventura de Arandir, um sujeito bem-casado que vê sua vida virar do avesso depois de dar um beijo em um pedestre que é atropelado e, em se- guida, morre em seus braços. Uma das peças mais famo- sas do “anjo pornográfico”, o texto de “O Beijo no Asfalto” foi escrito a pedido de Fernanda Montenegro, que partici- pou da primeira montagem, em 1961, com Ítalo Rossi, Sérgio Britto e Oswaldo Loureiro, sob a direção de Fernan- do Torres. Agosto marcou a volta de Letícia Spiller aos palcos, após cinco anos longe deles, na estréia nacional de “O Falcão e o Imperador”. De cabeça raspada, ela atuou junto com Jac Fagundes, com quem dividiu a direção, nos papéis de De- us e seu amante terreno. Neste mesmo mês, “Cambaio” agitou o Teatro do Sesi, com músicas de Edu Lobo e letras de Chico Buarque. Dezoito atores, dirigidos pelo músico Lenine, representaram o triângulo entre um megastar, uma tiete e um cambista. Cláudio Moreno, o garoto-propaganda dos comerciais da Bombril por 20 anos, finalmente realizou seu sonho, acalentado há sete anos, de encenar o personagem de Mi- guel de Cervantes. Em novembro, ele atuou em “Quixote”, mostrando seus dotes no teatro, vivendo o delirante cava- leiro que lutava contra moinhos. Em dezembro, o musical “Fris- son”, encabeçado por Francoise Fourton e Flávia Monteiro, trouxe jovens da classe média que sonha- vam viver da arte. O espetáculo te- ve apresentação única, com oito atores e seis bailarinos. Também em dezembro, Regina Braga se re- velou em “Um Porto para Elizabeth Bishop”, sobre a famosa poetisa americana, ganhadora do Prêmio Pulitzer, em 1956. O monólogo nar- rava a trajetória da escritora que veio passar uns dias no Brasil, para fugir do alcoolismo e da depressão, e acabou ficando por 15 anos. Am- bientada nos anos 50 e 60, descre- ve a paixão entre a personagem e a arquiteta Lota Macedo Soares, tra- zendo à tona nomes da nossa histó- ria, como Carlos Lacerda, Carlos Drummond de Andrade e João Ca- bral de Melo Neto. A RTES C ÊNICAS CORREIO DO POVO 7 Sábado, 29 de dezembro de 2001 `Cambaio’ trouxe músicos e cantores profissionais ao Teatro do Sesi BRUNO VEIGA / ESPECIAL / CP As atrações nacionais que vieram para a cidade em 2001 Musical ‘Frisson’ trouxe muito rock, baladas e rap ao Theatro São Pedro, no início de dezembro BRUNO VEIGA / ESPECIAL / CP Letícia Spiller e Jac Fagundes, em ‘O Falcão e o Imperador’ Alessandra Negrini e Marcelo Serrado em ‘Beijo no Asfalto´ MURILLO MEIRELLES / ESPECIAL / CP As mil e uma utilidades de Cláudio Moreno no palco JOÃO CALDAS / ESPECIAL / CP ‘Letti e Lotte´, com Rosamaria Murtinho e Natália Timberg Bibi Ferreira interpretou 24 canções de Amália Rodrigues, no musical