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A&S - Ambientes de Nascer

Mar 10, 2016

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Centros de Parto Normal Banco de Leito Humano Atenção humanizada Segurança no nascimento
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A&S 1

Centros de Parto NormalBanco de Leito HumanoAtenção humanizadaSegurança no nascimento

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A&S 3

ANO I - Ed. 00 – FEV. 2012

DIRETOR-EXECUTIVOEduardo Pontual([email protected])

CONSELHO EDITORIALEvandro CostaIanyá CapelaHelenilde FortesIeda Azevedo

EDITORSandro Carneiro([email protected])

REDAÇÃOredacao@ arquiteturaesaude.com

COLABORADORESJoão de Deus Cardoso

COMERCIALLuiz Claudio Carvalho([email protected])

ATENDIMENTO AO LEITORTel: (21) 2108-8999De 2ª a 6ª feira, das 9 às 18h

Escreva para a Redação: Envie sua carta, com assinatura, nome e endereço completo, para Arquitetura & Saúde – Av. Ayrton Senna, 2.150 - Casa Shopping - Bloco F - Sala 215 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ. Se preferir, mande um e-mail para [email protected]. Por motivos de espaço ou clareza, a revista se reserva o direito de selecio-nar ou resumir as mensagens para publicação.

Arquitetura & Saúde é uma publicação bimestral da Sele-ções Técnicas e Científicas de Arquitetura e Saúde Ltda.

A produção total ou parcial de qualquer texto ou imagem, por qualquer meio de repro-dução, sem autorização dos responsáveis ou da publica-ção, é totalmente proibida. Os artigos científicos assinados são de total responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista.

Publicar o que for do interesse do leitor. Não há dúvidas de que o velho preceito do jornalismo será seguido à risca pela Arquitetura & Saúde. Mas, como revista nova, não será só ele que seguiremos. Planejada com cuidado e totalmente digital (porém, com um link para você baixar suas matérias e artigos favoritos), a A&S se lança no mercado com uma proposta muito bem definida: entregar de bandeja para o leitor as informações que ele sempre buscou e nunca soube onde encontrar.

Para isso, ela conta com um Conselho Editorial. Integrado por profissionais de diferen-tes áreas, é ele que, semanalmente, se reúne para debater e definir o que vai ocupar as páginas da publicação. E que assuntos são esses? Como o nome já sugere, a A&S é uma revista sobre arquitetura hospitalar, saúde e tudo mais que possa se relacionar a estes dois temas. De periodicidade bimestral (o número 1 sai em março; esta é uma edição especial, de apresentação), além de mirar em quem pensa os aspectos físicos dos estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), ela acerta em cheio ao oferecer informações técnicas e cien-tíficas úteis ao planejamento, à construção e à saúde destas edificações.

Quer alguns exemplos? Em seu número inaugural – não por acaso dedicado aos am-bientes de nascer –, a Arquitetura & Saúde fala tanto da assepsia das mãos – fundamental no combate a infecções nos serviços de saúde, como mostra a dra. Inayá Capella a partir da página 8 – quanto dos ambientes obrigatórios de um Banco de Leite Humano (BLH) – assunto tratado pelo arquiteto João de Deus Cardoso, quem assinou o projeto de ambien-tação e arquitetura da maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

Acompanhando ambos nas páginas virtuais da A&S estão ainda Fábio Bitencourt, Evan-dro Costa e Ieda Azevedo. Os dois primeiros, numa caprichada matéria de capa, falam das Casas de Parto e da humanização da atenção obstétrica na hora do nascimento. A outra fala das vantagens do parto normal e de alguns mitos relacionados à cesárea.

Depois deles, agora, só falta você. E a Arquitetura & Saúde espera sua colaboração. Além de promover discussões, apresentar produtos e serviços e debater normas, queremos o SEU artigo na revista. Basta enviá-lo para o e-mail da redação (redaçã[email protected]) que o Conselho Editorial se encarrega de avaliá-lo. Mas se esta não for sua espe-cialidade, não tem problema. Pelo Twitter ou Facebook, esperamos suas críticas, dúvidas e sugestões. Por ora, uma boa leitura!

Gestação planejada

editorial

16Opinião

6 Mercado

5 Produtos

3 Editorial

Capa

Centros de Parto NormalPor Fábio Bitencourt

Humanização dos ambien-tes de nascer

Por Evandro Costa

10

Infectologia e arquitetura

Por Inayá Capela

8

Banco de Leite

Por João de Deus Cardoso

14

Gestação planejada

sumário

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4 A&S

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Os médicos têm agora uma desculpa a mais para justi-ficar o tempo que passam com os olhos grudados em seus tablets e smartphones. É o aplicativo da QuantiaMD, uma rede social criada exclu-sivamente para profissionais trocarem experiências, tes-tarem conhecimentos e se manterem atualizados sobre os avanços da ciência.

Disponível em cinco idiomas (incluindo o português), o app gratuito para iPad, iPhone e iPod Touch oferece uma série de recursos aos seus mais de 125 mil membros. Quem

entra para a comunidade, além de compartilhar casos médicos reais com colegas, pode, por exemplo, opinar sobre procedimentos e até criar fóruns de debate sobre temas específicos.

Outros atrativos da solução são os desafios mensais (que podem render vale-presentes na Amazon.com), as apresentações interativas sobre procedimentos clínicos e vasta oferta de manuais e artigos científicos, disponibilizados por mais de 20 associações e 300 especialistas.

Clube médico

produtos

A interface do QuantiaMD para iPad: app ajuda médicos a traba-lhar e a atualizar conhecimentos

Reprodução

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6 A&S

Líder nacional no fornecimento de softwares de gestão em saúde, a MV (www.mv.com.br), com sede em Pernambuco, comprou o Grupo Hospidata (www.hospidata.com.br), primeiro do país a desenvolver soluções informatizadas para o setor.

A operação, anunciada em 31 de janeiro, não teve os valores divulgados. Mas, com ela, a MV assume o controle e os cerca de 200 clientes da Hospidata, da HD Processamento e da HDS Assessoria e Serviços.

Estratégica, a aquisição pretende ampliar a atuação da MV nos municípios com até 100 mil habitantes

e no segmento de pequenos e médios hospitais, mercados ainda pouco explorados por ela. De acordo com o presidente da companhia, Paulo Magnus, a estimativa é que, nos próximos anos, as soluções da Hospidata representem 20% do faturamento da MV.

No entanto, o grupo de Porto Alegre, há 35 anos no mercado, continuará atuando de forma independente, comercializando soluções para hospitais, clínicas e secretarias de saúde.

Termina em 27 de fevereiro o pra-zo para que os interessados em par-ticipar da programação científica do 8º Congresso Paulista de Infec-tologia enviem os resumos de seus trabalhos à comissão avaliadora do evento, que, este ano, acontecerá de 16 a 19 de maio, em Campos do Jordão.

Aberto a profissionais de todo o Brasil, o encontro, considerado um dos principais da área no país, terá como tema“A importância da infec-tologia no cenário atual”.

Quem inscrever trabalhos sobre infectologia clínica, terapêutica ou preventiva poderá ser selecionado para apresentá-los de duas manei-ras: oralmente, nas sessões “Temas Livres”, dedicadas a debates; ou na forma de pôsteres, durante visitas guiadas.

A Sociedade Paulista de Infectolo-gia (SPI), que organiza o congresso, destaca ainda que, além de profes-sores e pesquisadores nacionais, as conferências, simpósios e debates programados contarão com a par-ticipação de três especialistas ame-ricanos e dois franceses. Inscrições antecipadas no evento serão aceitas até 25 de abril. Depois, só nos dias do encontro.

Evento: 8º Congresso Paulista de Infecto-logia

Quando: 16-19 de maio

Onde: Convention Center – Campos do Jordão/SP

Quem organiza: Sociedade Paulista de Infectologia

Info: www.infectosp2012.com.br

Agenda

CAMPO EXPANDIDO

MV compra pioneira da gestão em saúde no Brasil

Última chamada

mercadoFo

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Termina em 27 de fevereiro o pra-zo para que os interessados em par-ticipar da programação científica do 8º Congresso Paulista de Infec-tologia enviem os resumos de seus trabalhos à comissão avaliadora do evento, que, este ano, acontecerá de 16 a 19 de maio, em Campos do Jordão.

Aberto a profissionais de todo o Brasil, o encontro, considerado um dos principais da área no país, terá como tema“A importância da infec-tologia no cenário atual”.

Quem inscrever trabalhos sobre infectologia clínica, terapêutica ou preventiva poderá ser selecionado para apresentá-los de duas manei-ras: oralmente, nas sessões “Temas Livres”, dedicadas a debates; ou na forma de pôsteres, durante visitas guiadas.

A Sociedade Paulista de Infectolo-gia (SPI), que organiza o congresso, destaca ainda que, além de profes-sores e pesquisadores nacionais, as conferências, simpósios e debates programados contarão com a par-ticipação de três especialistas ame-ricanos e dois franceses. Inscrições antecipadas no evento serão aceitas até 25 de abril. Depois, só nos dias do encontro.

Evento: 8º Congresso Paulista de Infecto-logia

Quando: 16-19 de maio

Onde: Convention Center – Campos do Jordão/SP

Quem organiza: Sociedade Paulista de Infectologia

Info: www.infectosp2012.com.br

Acontece em São Paulo, nos dias 28 e 29 de fevereiro, o curso Arquitetura de Hospitais, Clínicas e Laboratórios, ministrado pelo arquiteto Ronald Lima de Góis. Nas aulas, que se es-tenderão das 8h às 17h, totalizando 16 horas de conteúdo programático, o professor, além de apresentar os diferentes tipos de unidades de saú-de, ensinará os alunos a dimensio-nar, projetar e calcular os custos de instalações hospitalares eficientes.

Oferecido pela Academia de Engenharia e Arquitetura, o cur-so é voltado para graduandos, arquitetos, engenheiros, profis-sionais de saúde (médicos, en-fermeiras, nutricionistas etc), admi-nistradores hospitalares e dirigentes

de instituições (públicas e privadas).No valor da inscrição, pagável em

cinco parcelas, estão inclusos coffee--break, material de apoio e certifi-cado de participação. Professores, estudantes de graduação e grupos de três ou mais pessoas têm des-contos especiais e cumulativos. Veja mais em www.aeacursos.com.br.

Curso: Arquitetura de Hospitais, Clínicas e Laboratórios

Quando: 28 e 29 de fevereiro

Onde: Bourbon São Paulo Business Hotel - São Paulo/SP

Info: (11) 2626-1594

As lavanderias hospitalares contam com novas regras para garantir a limpeza e a segurança sanitária das roupas utilizadas nos serviços de saúde. De acordo com a resolução RDC 06/2012, publicada no Diário Oficial da União no fim de janeiro, o processamento de roupas (coleta, transporte, separação, lavagem e devolução para reutilização) fica autorizado dentro e fora dos espaços assistenciais de saúde (EAS). Porém, para operar as unidades terceirizadas vão precisar de uma licença emitida pela vigilância sanitária local.

A norma trata de aspectos fundamentais ao controle do risco sanitário, como fluxo de processos, rotinas, protocolos documentados e transporte. A utilização de lavadoras com barreiras (com uma porta para a colocação da roupa suja e outra para a retirada das peças limpas) e a deposição de roupas limpas e sujas em áreas separadas são algumas das determinações contidas no texto.

Outra exigência é a capacitação de profissionais com ênfase nas questões de biossegurança, já que o processamento de roupas envolve diversas atividades que trazem riscos ao trabalhador, ao usuário e ao meio ambiente. Segundo a Anvisa, os estabelecimentos terão 180 dias para se adequar à norma. Mais informações em www.portal.anvisa.gov.br.

Anvisa baixa normas para

proces-samento

de roupas dentro e fora

de EAS

Arquitetura hospitalar

“Limpou geral”

mercado

Cursos

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8 A&S

Um Programa de Prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde tem como objetivo primor-dial reduzir ao máximo a incidência de complicações infecciosas, o que exige esforço de todos os envolvidos com o edifício hospitalar. Portanto, em hipóte-se alguma se pode menosprezar o im-pacto que a Arquitetura Hospitalar tem na prevenção de infecções.

Quando falamos dos espaços onde se prestam serviços à saúde, as fontes ambientais de infecção mais conheci-das – entre elas, os objetos, os medi-camentos, a água, o ar, os alimentos e as pragas (insetos, roedores, pombos, pardais, morcegos etc) – precisam ser levadas em consideração, assim como os distúrbios ambientais associados a obras e reformas, que também expõem pacientes a infecções oportunistas.

Nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), vale ressaltar, entre os reservatórios mais comuns de agentes infecciosos, destacam-se: a água (Le-gionella e Pseudomonas), o ar (Asper-gillus), os endoscópios (Pseudomonas e Mycobacteria), as superfícies de mo-

biliário (Adenovirus, MRSA, C. difficile e E. co-liI), o termômetro de vi-dro (Salmonella) e os colchões (Pseudomo-nas e Acinetobacter).

Além disso, é importante saber que os fungos e as bactérias proliferam em ambientes com ar, umidade e poeira, e que o vírus da Hepatite A (HVA) e o Rotavirus não sofrem interferência da temperatura nem da umidade e po-dem permanecer ativos sobre superfí-cies por dois meses ou mais.

Contudo, antes que uma fonte am-biental seja considerada de risco à saú-de, é necessário avaliar seu potencial contaminante, o que pode ser feito res-pondendo-se às seguintes perguntas:

1) O organismo pode sobreviver após inoculação nas superfícies?

2) O organismo pode ser cultivado destas superfícies em uso?

3) O organismo pode proliferar, cres-cer, dentro desta superfície ou sobre ela?

4) A aquisição da doença poderia ser

explicada por outro modo de transmis-são reconhecido?

5) Estudos retrospectivos mostram alguma associação entre a infecção e a exposição àquelas superfícies?

6) É possível realizar estudo observa-cional quando mais de um tipo similar de artigo ou superfície está em uso?

7) Estudos prospectivos consideran-do a exposição do artigo ou superfície a um grupo de pacientes mostram uma associação entre exposição e infecção?

Respondido o questionário, a análise poderá ser dada como concluída assim que for determinado se a descontami-nação do ambiente em questão resulta em eliminação da transmissão da do-ença.

Medidas preventivas

No meio ambiente, a capacidade de sobrevivência da microbiota depende da disponibilidade de nutrientes que encontra em materiais orgânicos que favorecerão sua proliferação, principal-mente sangue, secreções e excretas eli-minados pelos pacientes. Portanto, na prevenção da transmissão cruzada de infecções, assumem capital importân-cia: as mãos da equipe e sua interação com as superfícies do ambiente onde ela exerce sua atividade, o processa-mento adequado de artigos, a escolha de insumos e medicamentos de qua-lidade, a criteriosa limpeza e higieni-zação de equipamentos e superfícies, além do uso de revestimentos resisten-tes, laváveis, com algum grau de imper-meabilidade e que facilitem a implanta-ção de rotinas diárias.

A concretização da transmissão de um microrganismo, porém, depende da interação entre os seguintes fatores:

a. Pessoas (hospedeiro) – idade, hábi-tos de higiene, tipo de atividade, mobi-lidade, contato prévio, estado do siste-ma imunológico no momento, doença pulmonar prévia, porta de entrada.

b. Microrganismo – tipo, se viável, ta-manho do inóculo, tipo de mecanismo de transmissão.

c. Tempo de exposição à fonte.d. Objetos e Superfícies – grau de

limpeza, tipo de material, se superfície

Controle de infecções e arquitetura hospitalarComo as duas especialidades podem, juntas, construir um ambiente saudável?

biossegurança

Texto: Inayá Capella

Masterlife

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lisa, áspera, vertical, horizontal.e. Ambiente – temperatura, grau de

umidade, quantidade de pessoas circu-lando, ventilação, concentração e velo-cidade de deslocamento de partículas.

f. Qualidade do ar.g. Qualidade da água.

Conhecimento técnico e diálogo

É justamente na implantação de medidas de controle ambiental que a arquitetura hospitalar pode auxiliar o combate às infecções. Mas, para o arquiteto viabilizar estas barreiras, é mister obedecer às normas técnicas dos diversos projetos. Instalar sistemas de climatização apropriados; escolher adequadamente os materiais de acaba-mento; definir estrategicamente o posi-cionamento de pias, lavatórios, sabone-teiras, papeleiras, lixeiras e o que mais contribuir para a prática de rotinas de limpeza e higiene dos ambientes e das

mãos; estudar previamente os diferen-tes fluxos de materiais e pessoas; limitar a geração de poeira e de aerossóis du-rante a execução de obras e reformas, e colaborar para a execução do Plano de Gerenciamento de Resíduos com previsão do local adequado para ar-mazenamento são apenas alguns dos inúmeros tópicos a serem previamente abordados e discutidos em equipe.

E para que esta meta seja atingida, além do conhecimento técnico atuali-zado dos arquitetos, faz-se necessário, desde a fase de concepção do edifício hospitalar, o envolvimento do especia-lista em controle e prevenção de infec-ções. Participando do diálogo com os responsáveis pelo projeto e o cliente, ele pode, em caso de controvérsias, ajudar a esclarecer o que é fato e o que é mito. Afinal, são diferentes saberes que, ao se associarem, se complemen-tam e contribuem para o desenvolvi-mento de um ambiente saudável.

Masterlife

Referências Bibliográficas

• Center for Disease Control anD Pre-VENTION. MMWR. Guidelines for environmental infection control in health-care facilities: recom-mendations of CDC and the Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee (HICPAC). 2003; 52 p.

• fernanDes, antonio t (ed.). Infecção Hospitalar e suas interfaces na área de saúde. São Paulo: Edi-tora Atheneu, 2000.

Assepsia das mãos: rotina hospitalar que pode ser facilitada pela arquitetura

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Considerados, no Brasil e no mundo, uma das questões de maior importância na atenção à saúde, o par-to e a assistência obstétrica são a prin-cipal causa de internações nos hospi-tais públicos e conveniados do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2001, além de terem consumido mais de 13% dos gastos federais com internações, foram responsáveis por 22,6% das 11.756.354 hospitalizações registradas no país (Leal, 2002).

Há 200, 300 anos, porém, o cenário da atenção obstétrica ao nascimento era completamente diferente. Na Fran-ça do século 18, em razão das altas ta-xas de mortalidade materna e do estilo

de vida sedentário da aristocracia, os médicos já participavam das ativida-des inerentes ao parto, mas apenas ob-servando. Depois, com a definição dos procedimentos“como inerentemente patológicos e anormais”, eles consegui-ram aumentar “sua participação na so-lução de complicações obstétricas que implicavam em risco de vida materna, restringindo o espaço para atuação das parteiras e apropriando-se do seu saber” (Ratto de Lima, 1997, p. 14).

No entanto, conforme analisado por Nadine Lefaucheu em La création des services de maternité et des accou-cheurs des hôpitaux parisiens (Musée, 1995, pp.75-84), até meados do sécu-

lo 19, a característica mais frequente era o deslocamento das par-teiras ao domicílio das parturientes. Raramen-te qualquer procedimento de parto realizava-se no “hospital ou mesmo em qualquer sala de medicina ou de cirur-gia, onde uma centena de leitos reser-vados às mulheres ficava sem uso” (op. Cit, 2002, p.76).

Hoje, um olhar sobre como evoluí-ram as demandas espaciais dos proce-dimentos relativos ao parto e ao nasci-mento mostra que, em menos de uma

Centros de Parto NormalCom uma estrutura simples, espaços funcionais e uma “antiga” visão do nascimento, Casas de Parto já rivalizam com o atendimento medicalizado dos centros obstétricos

capa

Texto: Fabio Bitencourt

Masterlife

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geração, o que se realizava em uma sala foi redistribuído ao longo de uma com-plexa estrutura hospitalar. Essa mudan-ça ficou mais evidente a partir dos anos 40 do século passado, quando o fluxo dos procedimentos obstétricos passou a requerer uma série de salas especia-lizadas para cada estágio do processo de parturição: pré-parto, distintos está-gios anestésicos (indução anestésica e local para recuperação pós-anestésica), ambientes de assistência ao neonato, sala para partos normais, salas cirúrgi-cas, quartos para internação, unidades de terapia intensiva (UTIs) materna e neonatal, unidades intermediárias (UIs), além dos ambientes destinados ao apoio e diagnóstico, administração e infraestrutura (Lerman, 2002).

Redução de óbitos

Nas duas últimas décadas, porém, novas atitudes frente ao parto e ao nascimento promoveram importantes alterações nos ambientes físicos desti-nados ao atendimento à mulher e ao neonato (criança com idade de 0 a 28 dias). Prova disso é a grande variedade de projetos arquitetônicos com con-cepções referentes ao centro obstétri-co/cirúrgico e aos demais ambientes de atenção ao parto que, de alguma forma, refletem mudanças filosóficas e práticas relacionadas ao nascimento com ênfase na humanização (Biten-court, 2003; Odent, 2003).

O próprio Ministério da Saúde (MS), atento ao surgimento de conceitos e atitudes favoráveis ao parto normal, e como alternativa mais humanizada aos ambientes altamente medicalizados – que concentram boa parte dos atendi-mentos a gestantes –, vem enfatizando e valorizando a implantação de edifi-cações mais simples do ponto de vista físico e funcional.

Dentre os modelos desenvolvidos e propostos pelo órgão, destaca-se a maternidade simplificada. Oficialmen-te chamadas de Centros de Parto Nor-mal (CPNs), mas popularmente conhe-cidas como Casas de Parto, elas foram criadas pela Portaria nº 985 (MS), de 5 de agosto de 1999, com o propósito de atender à urgente necessidade de redução dos óbitos maternos por cau-sas evitáveis e universalizar o acesso ao parto por meio da ampliação desta co-bertura nos serviços de saúde.

Componentes de conforto

De acordo com a resolução, para ser autorizado e implantado, um Centro de Parto Normal deve, entre outras obrigações, acolher as gestantes e ava-liar as condições de saúde materna; permitir a presença de acompanhante durante o parto; garantir assistência ao recém-nato normal ou em situação de risco; dispor de profissionais capacita-dos para prestar manobras básicas de ressuscitação, e, em situações de emer-gência, garantir a remoção da gestan-te e/ou do recém-nato em transporte adequado no prazo máximo de uma hora.

Já do ponto de vista físico–funcional, as Casas de Parto precisam possuir e oferecer, conforme o Artigo 4º da mes-ma portaria: planta física adequada ao acesso da gestante; sala de exame e admissão de parturientes; quarto para pré-parto/parto/pós-parto; sala de es-tar (para parturientes em trabalho de parto e acompanhantes); áreas para prescrição, lavagem das mãos e assis-tência ao recém-nascido; banheiro com lavatório, bacia sanitária e chu-veiro com água quente para partu-rientes; copa/cozinha; sala de utilidade; sanitário para funcionários e acompa-nhantes; depósito de material de lim-peza; depósito de equipamentos e ma-teriais de consumo; sala administrativa; rouparia/armário, além das devidas condições para segregação, descarte, acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final de resí-duos.

Visando a atender mulheres com

menor ou nenhuma necessidade de intervenção médica durante o parto e o nascimento, espaços assistenciais de saúde (EAS) com essas característi-cas – semelhantes às de uma residên-cia – têm sido implantados próximos a regiões com estruturas hospitalares convencionais (Lerman, 2002; Odent, 2003).

O assunto é extenso e merece ava-liações mais amplas e melhor conso-lidadas. Mas, por ora, a contínua im-plantação de Casas de Parto no país demonstra ser um processo inexorável. É possível até que o desenvolvimento de projetos arquitetônicos com foco no conforto ambiental dos vários atores envolvidos no parto humanizado – em especial, as parturientes, o recém-nas-cido e a equipe de saúde – determi-nem a revisão de conceitos mais cris-talizados. Contudo, para evoluírem a esse ponto, os projetos precisam adap-tar-se às modificações determinadas pelas diferentes demandas envolvidas no processo e se adequar às alterações que vierem a ocorrer na legislação.

Uma das obrigações dos chmados CPNs é liberar a presença de um acompanhante para a mãe na hora do puerpério

Um homem

– parteira, carica-

tura que simboliza a

disputa obstétrica (médico/homem

X mulher/parteira) pela execução do

parto na Europa entre o século XVIII

e XIX.

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Masterlife

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12 A&S

A humanização dos ambientes de nascer

capa

As maternidades simplificadas foram criadas em 1999 (Portaria nº 985), para humanizar a assistência ao parto e ao nascimento. Hoje, são 14 no país inteiro. Todas integram o sistema pú-blico de saúde. Abaixo, conheça os ambientes que este tipo de estabele-cimento deve possuir:

Casas de Parto

“O conceito de atenção humanizada é amplo e envolve um conjunto de conheci-mentos, práticas e atitudes que visam a promoção do parto e do nascimento sau-dáveis e a prevenção da morbimortalidade materna e perinatal. Inicia-se no pré-natal e procura garantir que a equipe de saúde realize procedimentos comprovadamente be-néficos para a mulher e o bebê, que evite as intervenções desnecessárias e que preserve sua privacidade e autonomia.” (Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher/ Brasília: Ministério da Saúde, 2001)

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Texto: Evandro Costa

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A&S 13

Tempos atrás, o parto era considera-do um assunto feminino e restrito. As mulheres, muitas vezes da mesma fa-mília, dominavam o conhecimento e a experiência do puerpério. Por isso, eram as principais responsáveis pela assistência ao nascimento.

A paulatina medicalização do parto, porém, mudou a dinâmica de trabalho relacionada ao evento. Ao longo deste processo, surgiram as induções quími-cas, novas manobras e posições, equi-pamentos e aparelhos, além do parto césareo.

Mudança de mentalidade

Nos últimos 20 anos, a arquitetura e a medicina apresentaram novos concei-tos e inovações em matéria de am-bientes e processos obstétricos. Junto com as novidades, cresceu também o movimento pela desmedicalização do nascimento.

O termo “desmedicalizar”, no entanto, não deve expressar a exclusão do médico ou de suas práticas desse tipo de assistên-cia. Deve, sim, extinguir uma única via para o parto e garantir à parturiente um leque de opções entre as quais ela possa esco-lher aquela que lhe for mais indicada.

Em apoio às inovações, preocupações e recentes mudanças no processo do parto, observa-se, em particular, uma preocu-pação com o ambiente do parto, de acordo com a qual se tor-na imperativo um ambiente agradável e adequado para a mu-lher dar à luz. Nele, todos os cuidados devem ser direcionados e focados às necessidades da parturiente, do feto/recém-nasci-do e da família. O fato de o parto ser realizado por uma parteira, uma enfermeira ou um médico obstétrico deixa de ser o fator principal, embora continue tão importante quanto os demais.

Podemos dizer que, quando acessa um centro obstétrico, a gestante enfrenta um ambiente que não lhe é familiar, onde os profissionais são, na maioria das vezes, estranhos. Os objetos, cores e formas são desconhecidos. Acrescenta-se a isso o fato de que, muitas vezes, os parentes e amigos mais próximos não têm acesso à parturiente, e vice-versa. Deduz-se, então, que este apoio, extremamente necessário num momento tão im-portante da vida da mulher, não é encarado como medida de valor crucial.

Os ambientes relacionados ao parto devem estar centrados nas necessidades e expectativas do usuário/paciente que aspi-ra privacidade, conforto espacial e sensorial, interação social, qualidade do ambiente, segurança etc. Para atender a esta de-

manda, a arquitetura assume um im-portante papel no desenvolvimento dos espaços e aplica a eles o conceito de “humanização”, que, entre outras finali-dades, busca: reduzir o nível de estresse dos vários usuários (pacientes, funcio-nários, visitantes etc) e promover e au-mentar o bem-estar, além de fornecer um contexto positivo e ambientes de apoio salutogênicos.

No Documento base para Gestores e Trabalhadores do SUS (MS., 2004), a hu-manização é entendida pelos autores como:

• Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gesto-res.

• fomento da autonomia e do prota-gonismo desses sujeitos.

• aumento do grau de corresponsabi-lidade na produção de saúde e de sujei-tos.

• estabelecimentos de vínculos solidá-rios e de participação coletiva no processo de gestão.

• identificação das necessidades sociais de saúde.• Mudança nos modelos de atenção e gestão dos processos

de trabalho, tendo como foco as necessidades dos cidadãos e a produção de saúde.

• Compromisso com a ambiência, melhoria das condições de trabalho e de atendimento.

Essa humanização exige que os projetos sejam multidiscipli-nares e deem especial atenção às questões organizacionais, relacionais, terapêuticas e dos espaços físicos. O ambiente e o parto deixam de ser individualizados, assumindo uma formu-lação centrada no usuário/paciente.

Dessa forma, considerando a diversidade de suas atividades, incorporando conceitos de funcionalidade e conforto e alian-do avanços tecnológicos às condições humanas, não só os am-bientes de parto, mas também os projetos hospitalares, assu-mem novos caminhos, já que a proposta é que este mix de fatores resulte em ambientes que priorizem a recuperação da saúde e garantam o bem-estar físico e psicológico aos usuá-rios, sejam eles pacientes, acompanhantes ou funcionários.

Além de reforçarem a melhoria da qualidade dos serviços de saúde, alguns elementos, quando incorporados aos projetos, contribuem para a melhoria e o avanço do tratamento do pa-ciente. Dentre eles, podemos citar: iluminação, conforto higro-térmico, fluxos inteligentes, utilização de cores, criação de at-mosferas acolhedoras, ergonomia, redução de ruídos, facilidade de acessos (TV, ar condicionado, equipamentos etc).

Conforto para visitantes e profissionais: bene-ficiados pela “desmedialização” do parto vão além da mãe e do bebê

Masterlife

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14 A&S

Ao longo dos anos, vamos acu-mulando imagens marcantes na memória. Uma que tenho gravada, certamente, é a de uma visita que fiz, no fim de 2000, à maternidade de um hospital de São Paulo, den-tro de um constante processo de pesquisa à que me dedico.

Numa mesma área, algumas pes-soas estavam reunidas. Eram acom-panhantes de mães internadas para o momento do parto; mães tocadas pelo milagre da reprodução – aque-le que desencadeia o agrupamento de milhões de células carregadas de códigos e traz, para o convívio de outras criaturas humanas, seres com alma, mente, consciência e discernimento para a vida terrena.

Pois bem, lá estavam as pesso-as, a rir e a chorar. Algumas muito tristes, e outras muito felizes, dian-te das vitrines dos berçários, como verdadeiras joias.

Os bebês com saúde, talvez nem todos saibam, vão para os quartos, onde ficam sobre o ventre que os abrigou ou ao lado da mãe, para se acostumarem ao cheiro do leite.

Os recém-nascidos que apresentam deficiências em sua formação, por outro lado, têm de permanecer sob cuidados médicos, em equipamentos que simulam o aconchego uterino,

Banco de leite humanoInfraestrutura física, fluxo e processos

até se desenvolverem o suficiente para ma-mar.

Para a sorte deles, é a sábia e divina natu-reza que, além de fazer as glândulas mamárias das mães produzirem leite no momento certo, vai garantir a dis-ponibilidade deste precioso alimento por meses ou até anos.

Bebês nascidos nessas condi-ções, porém, costumam ser frágeis e demandar, entre outros cuidados especiais, o preparo do aleitamen-to. Em casos assim, mães precisam ordenhar o leite que produzem e, para alguns recém-nascidos, acaba sendo necessário preparar mama-deiras com dosagens específicas de leite em pó. Mamíferos, como se sabe, precisam mamar por mui-to tempo, para fortalecer o corpo e criar defesas contra invasores invi-síveis e patogênicos.

Por esses e outros motivos, toda maternidade deve abrigar um lac-

consultoria

Texto: João de Deus Cardoso

Arquivo pessoal - João de D

eus Cardoso

Arquivo pessoal - João de D

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Ambientes obrigatórios*:a) Sala para recepção, registro e triagem das doadoras (7,5m²) b) Área para estocagem do leite coletado (4m²**)c) Área para arquivo de doadoras d) Sala para ordenha (1,5m² por cadeira de coleta)e) Sala para processa-mento (15m²) f ) Laboratório de contro-le de qualidade (6 m²***)

Execução do projeto:Para facilitar a higieniza-ção, evitar cruzamentos e preservar a qualidade do leite, o BLH deve obe-decer a um layout com fluxo unidirecional de pessoas e produtos.

Na hora de projetar os ambientes, é fundamen-tal efetuar um estudo do espaço físico e das insta-lações hidráulicas (água fria e esgoto) e elétri-cas (pontos de força e

iluminação sistema de emergência), bem como planejar a distribuição dos equipamentos fixos e móveis e a ventilação natural ou forçada.

Atenção: A simplificação obtida com a racionali-zação do espaço físico constitui um elemento importante na produti-vidade, à medida que, bem planejada, poupa tempo, elimina deslo-camentos e aumenta a segurança de processos.

Materiais de acabamen-to:Os materiais de aca-bamento para pisos, paredes, bancadas e tetos devem obedecer ao preconizado na RDC/Anvisa nº 50 (Capítulo 6 - Condições Ambientais de Controle de Infecção).

De modo geral, têm de ser resistentes à lavagem e ao uso de neantes, e

permanecer sem ranhu-ras ou perfis aparentes, mesmo após uso e limpeza frequentes.

As tintas à base de epóxi, PVC, poliuretano ou outras destinadas a áreas molhadas podem ser utilizadas nos am-bientes críticos****, nos pisos, paredes, bancadas e tetos, desde que sejam resistentes à lavagem e aos saneantes utilizados, e não sejam aplicadas com pincel. Quando uti-lizadas no piso, devem também resistir à abra-são e aos impactos.

* as medidas indicadas correspondem à área mínima estipulada para os ambientes a que se referem** em BLH com produção de até 60L/mês; a estocagem pode ser realizada na sala de processamento, na área de estocagem, com geladeira ou freezer exclusivos para o leite cru*** podeestar nas dependên-cias do BLH ou em outro setor do serviço em que o BLH estiver localizado**** onde existe risco aumen-tado de contaminação de indivíduos, alimentos ou de produtos

tário. Mas um lactário cujas condi-ções de assepsia evitem a conta-minação de berçários, da área de cuidados intermediários, do Centro Cirúrgico Obstétrico e da Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal.

Especificações

Assim, num projeto de banco de leite, cabe ao arquiteto especifica-dor pesquisar e definir, com base em seu conhecimento, que ma-teriais revestirão pisos, paredes e mobiliário, de modo a garantir a perfeita higienização do lactário e, consequentemente, da maternida-de.

As superfícies, por exemplo, de-vem ter durabilidade máxima. Pre-cisam suportar longos períodos de utilização e resistir a limpezas constantes, para que tão cedo não seja preciso reformá-las. Outra dica é evitar cantos e detalhes de difícil limpeza em torneiras, maçanetas, móveis e utensílios. Quanto aos forros e luminárias, precisam ser laváveis (com os desinfetantes in-dicados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH - da unidade).

Minha experiência veio do pro-jeto de ambientação e arquitetura feito para a maternidade do Hos-pital Israelita Albert Einstein (SP), inaugurada em abril de 2000. Meus desenhos, feitos à mão, digitaliza-dos e que foram diretamente para licitação e fabricação, exemplificam uma forma de detalhamento.

No projeto, foram especificados novos produtos e formas de aplica-ção, como resinas acrílicas polime-rizáveis para tampos e cubas, que não deixam espaço para agentes patogênicos. Outra indicação foi a instalação, no piso, de mantas viní-licas com absorção de ruídos e sol-das de união contínua. Hoje, porém, especificaria mantas vinílicas com nanopartículas de prata e dióxido de titânio em sua composição, que evitam a propagação de bactérias, fungos e odores provocados pela

fermentação de resíduos orgânicos em partículas. Já para as paredes, indicaria mantas de PVC soldadas entre si, sem juntas abertas.

Dedico este pequeno artigo, redi-gido especialmente para a primeira edição da Arquitetura & Saúde, ao arquiteto e professor Fábio Biten-court, que, no livro “Arquitetura - Ambiente de Nascer”, apresen-ta o tema de forma didática, con-

Banco de Leite Humano

Arquivo pessoal - João de D

eus Cardoso

tribuindo para a conscientização de profissionais responsáveis pelo nascimento de espaços dignos do ser humano.

• titular do escritório João de Deus Cardoso Arquitetura e Planejamento Visual desde 1971, João de Deus é graduado pela FAUUSP (1969) e mes-tre em estruturas ambientais urbanas (1981).

O Banco de Leite Humano (BLH) é um serviço vincu-lado a hospitais materno-infantis, sendo responsável por ações de promoção, proteção e apoio ao aleita-mento materno. Nele, são executadas atividades de coleta, seleção, classificação, processamento, contro-le de qualidade e distribuição.

Descubra agora o que é indispensável saber antes de projetar um:

(Fonte: Banco de leite humano: funcionamento, prevenção e con-trole de riscos / Brasília: Anvisa, 2007)

Masterlife

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Quando se fala em segurança na saúde, são comuns as citações a Donabedian (Donabedian, 1978), que definiu qualidade como “a obtenção dos maiores benefícios com os menores riscos ao pa-ciente e ao menor custo”. Um passo importante nes-sa direção foi dado em outubro de 2004, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio de resolução, lançou formalmente a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, recomendando aos países maior atenção ao tema.

O Brasil, indicam as estatísticas, é um dos líderes mundiais em partos cesáreas (PCs). Enquanto a OMS recomenda que as cesáreas correspondam a até 15% do total dos par-tos, dados da Agência Na-cional de Saúde (ANS) de 2006 mostram que, nos hospitais privados, em 79% dos casos, a opção foi pela cesariana, média que caiu para 28% nos hospi-tais públicos (22% no Nor-te e Nordeste; 32% no Su-deste, Sul e Centro-Oeste).

Em parte, esse quadro se deve ao senso comum que associa segurança e tecnologia e, consequen-temente, abre caminho para o mito de que o PC é mais seguro e menos dolorido que o parto normal (PN).

Inicialmente, no entanto, o PC era realizado ape-nas em casos de morte materna. Ele só passou a ser considerado viável, apesar de associado a óbitos causados por hemorragia e septcemia, após o livro Traité nouveau de l’hysterotomokie ou enfante-ment césarien (Rousset, 1581), publicado 81 anos depois da primeira cesariana realizada com sucesso numa mãe viva – façanha atribuída ao suíço Jacob Nufer.

Já em 1846, Semmelweis, um médico obstetra, observou taxas de mortalidade de 11,4% numa clínica com puerperas e de 2,7% noutra em que as parturientes eram atendidas por parteiras. Após investigar as causas desta diferença e instituir no primeiro estabelecimento a higiene das mãos com água clorada, o austríaco conseguiu reduzir a taxa de mortalidade puerperal para 1,8%.

Ainda assim, no parto cesárea, os riscos de infec-ção são maiores (de 5 a 35%). Pelo fato de seus pro-cedimentos serem invasivos, além de uma infecção, ele pode ocasionar outras complicações, principal-mente no recém-nascido (RN), que fica impossibili-tado de tirar proveito dos benefícios ligados ao es-forço característico do PN (a natureza é sábia, vide a fábula da borboleta que precisa romper o casulo para se fortalecer e poder voar).

O parto normal, por outro lado, é um processo fi-siológico para o qual o corpo da mulher encontra-se preparado. Em razão disso, os riscos de infecção as-sociados a ele variam de 1 a 3%. Além disso, imedia-

tamente após o PN, o bebê pode mamar, o que reforça os laços entre mãe e filho e previne o recém-nascido de futuras in-fecções.

Vantagens e desvantagens à parte, o importante é ter em mente que todo e qualquer procedimento, seja ele inva-sivo ou não, oferece riscos de infecção ao paciente, devendo ser colocado em prática somente quando necessário, e sempre dentro dos máximos padrões de

segurança. Tanto no parto normal quanto no parto cesárea

a mãe e o recém-nato correm riscos. É difícil eli-miná-los totalmente, mas, certamente, podemos e devemos reduzi-los ao máximo. Para tal, temos de considerar não só os procedimentos clínicos e ambulatoriais, mas todo o contexto que os envolve, incluindo a limpeza e de-sinfecção dos ambientes – como a área destinada ao banho dos RN –, a lavagem das mãos – ainda subesti-mada pelos profissionais de saúde –, o uso individual de pentinhos e escovas – utensílios responsáveis por vários surtos em unidades neonatais – e o reproces-samento de artigos, entre outros fatores.

Segurança no nascimentoMito deixa expostos quem acredita que tecnologia diminui dores e complicações associadas ao parto

No parto cesárea, os riscos de infecção são maiores (de 5 a 35%). No normal, variam de 1 a 3%

Criando laços: Se dispensa a

cesárea, a mãe pode ama-mentar imedia-tamente após dar à luz

Texto: Ieda Azevedo

opiniãoM

asterlife

Enfermeira com especia-

lização em Gestão Hos-pitalar, Ieda

é diretora da SimpleSaúde

Consultoria em Controle de Infecção.

Com 18 anos de experiên-

cia na área, ela também

foi coordena-dora estadual

de Controle de Infecção

Hospitalar do Rio de Janei-

ro entre 1999 e 2007.

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