Movimento Arts & Crafts William Morris, “Artichoke Wallpaper”, c1897. Na segunda metade do séc. XX, o processo de fabrico industrial invadiu todos os sectores de produção, nomeadamente os dos objectos utilitários que podiam, simultaneamente ser portadores de intenções decorativas e artísticas – as Artes Aplicadas. Fabricados massivamente e em série, estes objectos primavam pelo exagerado ornamentalismo, pela vulgaridade da forma e pela falta de
Descrição do Movimento Arts & Crafts, pela inspiração de William Morris, e o nascimento da Arte Nova
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Movimento Arts & Crafts
William Morris, “Artichoke Wallpaper”, c1897.
Na segunda metade do séc. XX, o processo de fabrico industrial invadiu todos os
sectores de produção, nomeadamente os dos objectos utilitários que
podiam, simultaneamente ser portadores de intenções decorativas e artísticas – as Artes Aplicadas. Fabricados massivamente e em série, estes objectos primavam
pelo exagerado ornamentalismo, pela
vulgaridade da forma e pela falta de originalidade e de
teóricos ingleses da época, como Jonh Ruskin (1819-1900) e William Morris
(1834-1896). Foram eles os mentores e
dinamizadores do movimento Arts &
Crafts, que rejeitava a influência da
industrialização na Arte, procurando a sua revalorização pela
separação total entre a arte e a indústria e pela
ligação instrínseca entre a criação artística de uma obra e a sua execução
técnica.
Movimento Arts & Crafts
Ruskin e Morris lutaram por uma arte pura, assente na
criação e na concepção individual, na originalidade e
no bom gosto, cujos princípios se deviam aplicar a todas as modalidades artísticas, sem
distinção alguma - conceito de unidade das artes – que
tende a apagar as diferenças tradicionais entre as várias
modalidades artísticas (artes maiores e artes menores),
considerando que todas são merecedoras de igual
qualidade plástica, e que devem nortear-se pelos
mesmos princípios formais e estéticos.
Movimento Arts & Crafts
Para isso a arte e os artistas deviam rejeitar os processos industriais e os
seus materiais, regressando ao processo criativo das corporações
medievais, ao uso exclusivo de materiais
naturais e ao fabrico de peças únicas e originais, pelo método artesanal.
Propuseram como fonte de inspiração o foclore e as tradições populares de
cada país.
Movimento Arts & Crafts
Em 1861 Morris abriu uma firma artesanal dedicada à decoração de interiores e à
produção de “objectos úteis, com qualidade estética, a
preços competitivos com os da indústria”.
Mais tarde criou um atelier onde reuniu a colaboração de artistas plásticos e mestres
artesãos para a produção de obras no campo da
arquitectura, mobiliário, tapeçaria, papel de parede,
vidros, joalharia e até da encadernação e ilustração de
livros.
Movimento Arts & Crafts
Estava assim lançado o Movimento Arts &
Crafts, que deu origem a inúmeros outros
ateliers artesanais por toda a Inglaterra. Foi sob
a influência destas oficinas que germinaram as raízes da Arte Nova
e do Design.
Na arquitectura notabilizaram-se a construção de moradias familiares rústicas que seguiam a tradição rural inglesa, que
remontava à Idade Média.
The Gamble House, Pasadena, CA, 1908. Arts & Crafts Movement
Victor Horta,
Hotel Tassel, 1890s.
Hotel Tassel (Victor Horta) – 1st Art Nouveau Building in the World
Nas Artes Aplicadas privilegiaram-se
critérios de simplicidade e pureza formais, associados a motivos decorativos
inspirados nas plantas, nos pássaros e
noutros animais, organizados em
densos e complexos padrões de desenho
plano e linear.
Entre 1880 e 1910, as sociedades europeias viveram um momento
particularmente feliz que a História apelidou de
Belle Époque. À paz e à aparente estabilidade política deste fim de
século somavam-se as conquistas e os
progresso científico, técnico e económico, criando um clima de
optimismo e confiança no futuro, que proporcionou
extraordinárias inovações no campo da
Arte.
Foi este clima que instalou o
Modernismo – um Movimento cultural e
artístico que atingiu todas as artes e que ficou
marcado pela ruptura com a tradição na procura
de novas expressões – formais, técnicas e
estéticas – que melhor correspondessem ao
progresso e aos novos gostos que as sociedades
ocidentais haviam desenvolvido – privilegiando a
sensibilidade e a fantasia, o refinamento estético e a
imaginação, numa acentuação pelo
decorativo e pitoresco. Alphonse Mucha
O grande estilo que integrou este movimento foi
a Arte Nova (1880-1914), que abarcou diferentes
cunhos individuais, diferentes escolas regionais e/ou nacionais, e diferentes
designações sob alguns princíos unificadores:
- Modern Style na Inglaterra- Art Nouveau na França e Bélgica- Jugendstile na Alemanha- Sezession na Áustria- Liberty e Florare na Itália- Modernismo na Espanha
2º Adesão ao progresso – recurso às novas técnicas e
novos materiais (ladrilho cozido, ferro, vidro, betão e outros)
3º Adopção de uma nova estética – linha sinuosa, elástica e
flexível, estilizada ou geometrizada, na
procura do movimento, do ritmo,
da expressão e do simbolismo poético,
de intuito decorativo.
Para além do formulário técnico e
estético do Movimento Arts & Crafts, a Arte Nova colheu influências
formais e estéticas de outros estilos:
- Gótico flamejante
- Rococó
- Pinturas Japonesas
-- Folclore tradicional inglês, de origem celta
O Nome de 'Art Nouveau' derivou do nome de uma loja parisiense, a Maison de l'Art Nouveau, que vendia e e tinha em exposição objectos que seguiam esta abordagem do design.
Louis Comfort Tiffany, Glass Vase, c1910.
Transformada na mais genuína
expressão da sua época, a Arte
Nova exprimiu a modernidade numa fórmula
onde estética e técnica, tradição e
inovação se misturavam em
doses iguais.
Implantou-se solidamente nos
centros urbanos como símbolo do seu modo de vida, e nas zonas mais atingidas pelo desenvolvimento
industrial, comercial e capitalista do seu
tempo. Aplicou-se a sua estética a todas as modalidades artísticas – arquitectura, pintura,
escultura , artes aplicadas, artes
gráficas, dança e bailado – comungando o princípio da unidade das artes que Morris
tinha anunciado.
Um dos méritos da arquitectura modernista da Arte Nova é o de ter conseguido romper com
as tradições historicistas e eclécticas da arquitectura académica para implantar,
finalmente, o primeiro estilo verdadeiramente inovador do séc. XIX,
conseguindo conjugar na perfeição as conquistas
técnicas e construtivas da engenharia do seu tempo