FACULDADE METROPOLITANA DE MARINGÁ Pós Graduação em Administração – Consultoria Organizacional com Ênfase em Reestruturação de Empresas. GUILHERME AUGUSTO PADOVIN Análise Financeira e do Capital de Giro nas Empresas de Telefonia Móvel no Mercado Brasileiro TIM S/A e VIVO S/A. Maringá – Paraná 2010
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FACULDADE METROPOLITANA DE MARINGÁ
Pós Graduação em Administração – Consultoria
Organizacional com Ênfase em Reestruturação de Empresas.
GUILHERME AUGUSTO PADOVIN
Análise Financeira e do Capital de Giro nas Empresas de Telefonia Móvel no
Mercado Brasileiro TIM S/A e VIVO S/A.
Maringá – Paraná
2010
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FACULDADE METROPOLITANA DE MARINGÁ
Pós Graduação em Administração – Consultoria
Organizacional com Ênfase em Reestruturação de Empresas.
GUILHERME AUGUSTO PADOVIN
Análise Financeira e do Capital de Giro nas Empresas de Telefonia Móvel no
Mercado Brasileiro TIM S/A e VIVO S/A.
Trabalho apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Consultoria Empresarial com ênfase em reestruturação de empresa, apresentado pela Unifamma como requisito para Trabalho de Conclusão de Curso.
Orientador: Prof. Luis Henrique Milani
Maringá – Paraná
2010
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RESUMO
Este trabalho analisou financeiramente as empresas de telefonia móvel atuantes no mercado brasileiro TIM S/A e VIVO S/A no período de 2007 a 2009. Através da análise horizontal e vertical de seus balanços patrimoniais e demonstrações de resultado de exercícios, análise de índices financeiros e de seu capital de giro, buscou-se observar as prioridades de investimento em um cenário pós-crise, bem como seus níveis de endividamento e a composição de suas dívidas de curto e longo prazo. A liquidez das organizações foi levantada através do modelo Fleuriet de análise de capital de giro, onde ficou evidente o aparecimento do efeito tesoura em ambas as empresas.
Palavras chave: Análise Vertical e Horizontal de balanços; Análise de Índices; Efeito Tesoura.
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INTRODUÇÃO
Atualmente as empresas de telefonia móvel atuantes no Brasil vêm passando
por um período de muitas transformações e acirrada concorrência. Devido a elevação
de usuários de celulares e o aumento da capacidade de consumo da população
brasileira para este ramo, surge a necessidade de investimentos em novas tecnologias
e diferenciais para obtenção de maior fatia de mercado. O elevado nível de
investimentos, sem as precauções para a sustentação das atividades operacionais,
pode comprometer o capital de giro.
A administração do capital de giro é um papel essencial do administrador de
empresas. Seu objetivo é evitar a ocorrência do efeito tesoura, mantendo o controle do
ciclo operacional e o crescimento das atividades, preservando a rentabilidade e a
liquidez de suas contas.
Este artigo tem como objetivo analisar os balanços das empresas atuantes no
mercado brasileiro de telecomunicações, de capital aberto, de telefonia móvel: Tim e
Vivo. Este estudo será feito através de análise vertical e horizontal dos balanços
patrimoniais e DREs, disponíveis no site da Bolsa de Valores www.bmfbovespa.com.br, e
levantamento de índices de estrutura patrimonial, de solvência e de rotação de
recursos.
O trabalho busca, através de um estudo de caso, quais são as prioridades de
investimento das empresas deste segmento, e examina o estado econômico financeiro
que as empresas encontram-se atualmente. Quais são seus níveis de endividamento e
sua capacidade de expansão econômica, através do modelo dinâmico de análise de
balanços, também conhecido como Modelo Fleuriet. Este modelo traz uma
readequação das contas do balanço patrimonial, com objetivo de interpretar seus
investimentos operacionais de curto prazo e a política de captação de recursos para
suporte financeiro de suas atividades.
A metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho foi a investigação
exploratória, que para Gil (1991) proporciona maior intimidade com o problema em
questão, com o propósito de torná-lo claro ou de dispor de hipóteses e soluções.
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Apesar de a análise financeira utilizar valores numéricos para alcançar resultados,
abordou-se de maneira qualitativa para atingir os resultados obtidos, tendo em vista
que foram avaliados de acordo com as particularidades do objeto estudado.
BASE TEÓRICA
ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL
Segundo Schrickel, (1999, p. 132) as análises vertical e horizontal são as formas
mais simplificadas e eficientes para se obter uma visão ampla sobre os dados
econômicos e financeiros, balanço e DRE das empresas. Esta análise traz, de certa
forma, uma tendência futura de investimento, esclarece quais são as prioridades
adotadas pela administração ao longo do período analisado, bem como sua situação
econômica. Mostra também se a empresa vêm crescendo ou não ao longo do período.
Para Fernandes (1997, p. 66), a análise vertical é o processo que objetiva a
medição percentual de cada componente em relação ao total de que faz parte. Por
exemplo, a proporção de Ativo Não Circulante em relação ao Ativo Total. Estas
informações indicam a exata distribuição dos valores no conjunto patrimonial,
informando se há excessos de imobilização, ou de alguma despesa específica, e
mostra também se há falta de caixa ou capitais para investimentos.
Ainda segundo Fernandes, a análise horizontal trata-se de um estudo das
variações ocorridas, em períodos de tempos consecutivos, nos itens que compõem
esses demonstrativos. Este estudo tem como objetivo a interpretação da evolução ou
não dos componentes patrimoniais, observando o crescimento destas contas e
prospectando um futuro mais realista. O autor ainda enfatiza a facilidade de
observação que este tipo de sistema proporciona, e a influência da inflação, que
prejudica a comparação de balanços sucessivos.
Conforme Matarazzo (2003), a Análise Horizontal encadeada é aquela em que
os cálculos são feitos através das variações em relação a um ano base anterior. Já a
Análise horizontal anual, é aquela que usa o ano anterior como base para os cálculos
das variações. Este trabalho utilizará a Análise anual como referência.
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As análises horizontal e vertical são complementares uma a outra. Junto elas
geram informações relevantes para tomadas de decisão de investimento ou
financiamento, por exemplo.
Assaf Neto (2006) caracteriza como ponto positivo este tipo de análise, por
permitir visualizar a tendência passada e futura de cada conta contábil. Coloca como
ponto negativo que, alguns itens elencados no balanço patrimonial não traduzam
exatamente o montante lançado, ou seja, não mostre o valor real gasto pela empresa.
Este tipo de análise é complementado pela análise de índices, que será ressaltado em
seguida.
ANÁLISE DE ÍNDICES
Para Matarazzo (2003), índices são dados retirados da analogia entre contas, ou
grupo de contas, do balanço patrimonial, os quais são aplicados algumas técnicas de
análise, com o intuito de esclarecer a real situação econômica e financeira das
empresas. Com estas informações, o gestor é capaz de identificar e avaliar a empresa
em questão.
Ainda segundo o autor, um índice isolado não é capaz de indicar precisamente
qual o ponto crítico da empresa, não fornecendo informações suficientes para tomada
de decisão, fazendo necessário um maior agrupamento de índices relevantes. Quanto
mais detalhado o estudo, maior o número de índices levantados. Este trabalho busca
confrontar índices de empresas do mesmo segmento de mercado, para fins de
comparação de desempenho e previsão de resultados.
Silva (2008) diz que analisar os índices contábeis baseia-se em estudar os
valores de certos períodos, de modo que se alcance um ponto de vista do passado
com o intuito de planejar o futuro. O simples fato de comparar já torna possível
visualizar o aumento ou não de determinados itens patrimoniais. Nota-se que através
de um estudo relativo dos índices, pode-se apreciar a tendência financeira e
patrimonial da empresa, entretanto há o risco do imprevisto, como ocorrido em 2008
com a crise imobiliária dos Estados Unidos. Em seguida serão listados os tipos de
índices analisados neste trabalho.
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ÍNDICES DE LIQUIDEZ
Assaf Neto (2006) nos mostra quatro indicadores de liquidez que verificam a
situação financeira de uma empresa. Índices de liquidez corrente, seca, geral e
imediata. O índice de liquidez corrente é caracterizado pela divisão da conta Ativo
Circulante por Passivo Circulante. Este índice nos mostra a capacidade de
financiamento de capital de giro, quanto maior o índice, maior a capacidade de
financiamento. Para o cálculo do índice de liquidez seca subtrai-se o valor da conta
Estoque do valor do Ativo Total, e divide-se o resultado pelo Passivo Circulante,
trazendo a porcentagem de dívidas de curto prazo com condições de quitá-las sem uso
do estoque. Para encontrar o índice de liquidez geral, divide-se a soma do Ativo
Circulante mais Realizável a Longo Prazo pela soma do Passivo Circulante mais
Exigível a Longo Prazo. Este índice nos traz a liquidez da empresa de forma geral. Já
para encontrar o índice de liquidez imediata, é necessário dividir o Ativo Disponível pelo
Passivo Circulante, trazendo a capacidade de liquidar imediatamente as dívidas de
Liquidez Geral = Ativo circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo
Liquidez Imediata = Disponível Passivo circulante
ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO
Os índices de Endividamento demonstram a composição de suas fontes de
financiamento. Os recursos injetados em ativos circulantes ou não circulantes são
aplicações dos sócios da empresa ou de capitais de terceiros. Para Silva (2008) os
índices fundamentais são: Participação de Capitais de Terceiros (PCT), Composição do
Endividamento (CE), e Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL). O índice de
Imobilização do Patrimônio Líquido demonstra qual a porcentagem do patrimônio
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líquido da empresa está aplicado no ativo permanente. Para efetuar o cálculo deste
índice, divide-se o Ativo Permanente pelo Patrimônio Líquido, multiplicando o quociente
por 100. Já para o cálculo da Participação de Capital de Terceiros, soma-se o Passivo
Circulante com Exigível a Longo Prazo, dividindo o resultado pelo Patrimônio Líquido, e
em seguida, multiplicando por 100. O índice Composição do Endividamento é calculado
através da divisão do Passivo Circulante pela soma do Passivo Circulante com o
Exigível a Longo Prazo. Este índice identifica o quanto da dívida da empresa que pode
ser quitada em curto prazo.
PCT = Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo X 100 Patrimônio Líquido
CE = Passivo Circulante X 100 Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo
IPL = Ativo Permanente X 100 Patrimônio Líquido
ÍNDICES DE ATIVIDADES
As operações financeiras como recebimento de vendas, pagamento de compras,
prazos de rotações de estoques, ciclo operacional e ciclo financeiro, são operações
que demandam aplicação de recursos em itens do ativo circulante, como estoques e
duplicatas a receber, possibilitando a obtenção de recursos através dos fornecedores,
tributos ou encargos sociais. Os índices de atividades são encontrados para avaliar
a velocidade de conversão de contas em vendas, com objetivo de analisar o ciclo
operacional da empresa. Dentro dos índices de atividades estão o Prazo Médio de
Recebimento (PMR), Prazo Médio de Pagamento (PMP), Prazo Médio de Estocagem
(PME), Quociente de Posicionamento Relativo (QPR) e Giro do Ativo.
Assaf Neto (2006) conceitua como PMR a média de dias que a empresa
aguarda para receber suas vendas a prazo, sendo calculada pela divisão da média de
duplicatas a receber pela receita bruta, vezes 360. PMP, segundo o autor, indica o
número de dias, em média, que a empresa demora pra pagar seus fornecedores. O
PME é traduzido como a média de dias que um insumo permanece em estoque até ser
utilizado na produção, e é calculado pela divisão do estoque médio pelo custo dos
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produtos vendidos, vezes 360. O QPR é a divisão do prazo médio de recebimento pelo
prazo médio de pagamento. Este índice traz a relação entre prazo de pagamento e
recebimento. Para tomadas de decisões estratégicas, busca-se a diminuição do prazo
de recebimento e o aumento do prazo de pagamento para uma solidificação da liquidez
financeira.
PMR = Média de duplicatas a receber X 360 Receita operacional bruta
PMP = Média dos fornecedores X 360 Compras
PME = Estoque médio X 360 Custos dos Produtos Vendidos
QPR = Prazo médio de Recebimento Prazo médio de Pagamento
CAPITAL DE GIRO
A expressão ‘Capital de Giro’ pode ter vários significados, dependendo da área
financeira em que o profissional está atuando. Temos como exemplo um gerente de
banco, que oferece a seu cliente um empréstimo de curto prazo, definindo-o como
capital de giro. Normalmente esta expressão aparece no mesmo sentido de ativo
circulante. A política de capital de giro da administração das empresas influencia
diretamente sobre os resultados obtidos. Seu objetivo é garantir o funcionamento da
organização com sustentação financeira, suficiente para manter as atividades no ciclo
operacional.
O ciclo operacional, para Silva (2008), é composto pelo período de tempo
iniciado a partir da aquisição de matéria-prima, até a entrada de receita decorrente da
venda do produto final, englobando produção e vendas. A redução do período do ciclo
operacional aumenta a capacidade da empresa de manter suas obrigações em dia,
como no caso do recebimento de vendas a vista, e pagamento de fornecedores a
prazo, sobrando tempo para investimento em outras atividades. O autor compõe o
capital de giro da seguinte maneira: Ativo circulante, capital circulante líquido (diferença
entre ativos e passivos circulantes), capital permanente líquido (diferença entre os
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grupos não circulantes), capital de giro próprio (representa o valor do patrimônio líquido
que financia os ativos não circulantes), e ativo circulante líquido (representa a
capacidade de financiamento de suas operações pelo patrimônio líquido).
Gitman (2004, pg. 510) define capital de giro como “a proporção do investimento
total da empresa que circula de uma forma para outra, na condução normal das
operações. Essa idéia abrange a transição repetida de caixa para estoques para contas
a receber e de volta para o caixa.”
Assaf Neto (2006) conceitua capital de giro como fundamento básico para
diagnóstico financeiro da empresa. Através da interpretação de seus dados, são
levantados prazos operacionais, volume de financiamentos para operações, e
necessidades de investimento. Uma nova classificação é essencial para o
entendimento da dinâmica do capital de giro, separando montantes investidos para
contas operacionais de investimentos com retorno de longo prazo. O autor reclassifica
o balanço patrimonial da seguinte forma:
Ativo Cíclico : duplicatas a receber, provisão para devedores duvidosos, adiantamento a fornecedores, estoques, adiantamento a empregados, impostos indiretos a compensar, despesas operacionais antecipadas, etc.;
Ativo Financeiro : disponibilidades, fundo fixo de caixa, aplicações financeiras, depósitos judiciais, restituições de IR, créditos de empresas coligadas/controladas, etc.;
Ativo Permanente: imobilizado, investimentos, diferido e realizável a longo prazo.
Passivo Cíclico : fornecedores, impostos indiretos (Pis/Cofins, ICMS, IPI), adiantamentos de clientes, provisões trabalhistas, salários e encargos sociais, participações de empregados, despesas operacionais;
Passivo Financeiro: empréstimos e financiamentos bancários de curto prazo, duplicatas descontadas, imposto de renda e contribuição social, dividendos, dívidas com coligadas e controlada;
Passivo Permanente : contas do exigível a longo prazo e do patrimônio líquido.
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ÍNDICES DE AVALIAÇÃO DE CAPITAL DE GIRO
Através desta nova readequação das demonstrações de balanço patrimonial, em
razão do conceito do termo ‘capital de giro’, surge uma nova abordagem para
administração financeira das empresas: Necessidade de capital de giro. Este termo é
utilizado para analisar a dimensão de suas atividades operacionais em relação ao
capital investido para a sustentação dessas atividades.
Para Matarazzo (2003) necessidade de capital de giro (NCG) é um conceito
fundamental para estratégias de financiamento de curto e longo prazo, lucratividade e
crescimento, além de servir para análise de caixa. A NCG é resultado da diferença
entre o ativo circulante operacional, ou ativo cíclico (compra, produção, estocagem,
vendas) e o passivo circulante operacional, ou passivo cíclico (financiamento para
atividades operacionais da empresa). Normalmente, o ACO (ativo circulante
operacional) é maior que o PCO (passivo circulante operacional), demonstrando
necessidades de fontes adequadas de financiamento. Quando ACO é igual a PCO, não
há necessidade de financiamento. Porém, quando a empresa apresenta um PCO maior
que ACO, denota-se que há um excesso de recursos, ou seja, a empresa apresenta
valores monetários disponíveis para investimentos em outras atividades.
O Saldo disponível é a diferença entre o NCG e o Capital circulante líquido. Em
caso de crescimento desordenado de NCG, sem o amparo dos devidos
financiamentos, ocorre o efeito tesoura.
Outro índice relevante para interpretação da análise do capital de giro é o capital
circulante líquido (CCL), sendo calculado pela diferença entre ativo circulante e passivo
circulante. Este índice traz o volume de recursos a longo prazo captados para financiar
o giro.
A diferença entre estes dois índices (NCG – CCL) indica o saldo de tesoura.
Este índice mostra a capacidade interna da empresa de financiar seu crescimento.
Com um saldo de tesoura positivo, a empresa é capaz de aumentar suas atividades
operacionais, sem a necessidade de financiamento externo ou capital de terceiros. O
resultado do índice negativo identifica a necessidade de financiamento externo para
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suas atividades de curto prazo. (Assaf Neto, 2006) O crescimento desordenado de
ambos os índices pode levar a empresa ao chamado ‘efeito tesoura’.
EFEITO TESOURA
O pioneiro deste conceito no Brasil foi Michael Fleuriet, que trouxe sua
experiência francesa em gestão financeira das empresas para o Brasil, resultante da
obra A Dinâmica Financeira das Empresas Brasileiras – um novo método de análise,
orçamento e planejamento financeiro, publicada em 1978.
O efeito tesoura é, conforme Assaf Neto (2006), o crescimento do NCG superior
ao capital circulante líquido (CCL), ou vice-versa, resultando num crescente saldo de
tesoura negativo. Este saldo negativo prova que a empresa é incapaz de cumprir com
suas obrigações financeiras de giro, operando com recursos financeiros de terceiros. O
autor demonstra algumas razões para o aparecimento do efeito tesoura (Assaf Neto,
2006, pg. 219): “crescimento elevado do nível de atividade empresarial (overtrade);
desvio de recursos do giro para imobilizações; inflação, etc.”
Silva (2008) diz que o efeito tesoura ocorre em função da elevada aplicação de
recursos na NCG, sem o suporte de CCL para financiar tal evolução. A empresa pode
ainda apresentar resultados positivos, entretanto um ciclo financeiro não
adequadamente financiado, mostra que a empresa tem de captar empréstimos para
financiar suas atividades.
CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS E INTERPRETAÇÃO DE RESU LTADOS
Atualmente as empresas de telefonia móvel atuantes no Brasil vêm passando
por um período de muitas transformações e acirrada concorrência. Devido a elevação
de usuários de celulares e o aumento da capacidade de consumo da população
brasileira para este ramo, surge a necessidade de investimentos em alta tecnologia e
diferenciais para obtenção de maior fatia de mercado. Outra informação relevante para
o estudo deste nicho econômico, é que o mercado brasileiro vem crescendo a cada
ano. Atualmente o Brasil é o quinto maior mercado mundial de celulares, com
aproximadamente 189 milhões de acessos (Anatel). Como a cada dia surgem novas
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tendências e tecnologias para este mercado, é preciso manter-se atualizado e com
planos competitivos para sobrevivência neste segmento tão acirrado.
Este trabalho tem como objetivo a avaliação das estruturas financeiras das
empresas de capitais aberto, através da análise de balanço patrimonial e
demonstrações financeiras dos últimos três anos, bem como a interpretação de índices
e a observação da necessidade de capital de giro, através do efeito tesoura, das
empresas TIM S/A e VIVO S/A. As informações dos balanços patrimoniais e
demonstrações de resultado foram retiradas do site da bolsa de valores de São Paulo
BMFBOVESPA, www.bmfbovespa.com.br.
ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL
Conforme análise vertical da empresa TIM S/A, exposta no Anexo I deste
trabalho, percebe-se que o Ativo Total em 2007 era composto por 36,61% em Ativo
Circulante e 63,69% em ativo Não Circulante, sendo este em sua maioria Ativo
permanente. Em 2008, a TIM apresentou distribuição parecida em seu Ativo Total,
passando para 35,93% em Ativo Circulante e, 64,07% em Ativo Não Circulante. Em
2009 a situação foi alterada em pequena quantidade, passando para 38,78% o
percentual do Ativo Circulante, e 61,22 o Ativo não Circulante. Isto mostra, através da
baixa porcentagem do ativo circulante, a liquidez de seus investimentos em
imobilizado, como equipamentos para funcionamento de suas atividades, com a
maioria das dívidas no longo prazo.
A análise vertical do Passivo da empresa TIM S/A, apresentada no Anexo I,
mostra que sua distribuição em 2007 foi de 34,53% em passivo circulante, 12,11% em
passivo permanente e 53,36% em patrimônio Líquido. Em 2008 o passivo total foi
repartido em 36,21% em passivo circulante, 15,82% passivo não circulante e 47,97%
em patrimônio líquido, apresentando captação de recursos externos, como
financiamentos a longo prazo e diminuição da proporção do patrimônio líquido. Em
2009 o passivo circulante representou 32,88% do ativo total, enquanto que o passivo
não circulante passou para 19,43% e a patrimônio líquido manteve-se na faixa de
47,70%.
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A análise vertical e horizontal da DRE da Tim, exposta no anexo II, apresentou
como mais significativo desconto das receitas sobre vendas, os custos de serviços
vendidos, representando 53,92%, 53,73% e 51,30% em 2007, 2008 e 2009. As
despesas operacionais também representam uma grande proporção na apuração de
resultados, cujos percentuais foram de 44,19%, 45,39% e 47,02%, demonstrando que
as despesas aumentaram ao longo do período analisado. Observou-se através da
análise horizontal que houve redução de aproximadamente 30% nas despesas
financeiras em 2009, contas que haviam aumentado 155% em 2008, em relação a
2007, fazendo com que o resultado antes da tributação aumentasse em 90%, obtendo
um resultado final de aumento de 19,28% nos lucros.
Analisando verticalmente a empresa VIVO, conforme exposto no anexo III,
percebe-se que em 2007 e 2008, seu ativo total estava dividido em 37,5% em ativos
circulantes, e 62,5% em ativos permanentes. Em 2009 este percentual foi alterado para
31% em ativos circulantes e 69% em ativos não circulantes, mostrando que a empresa
obteve captação de recursos a longo prazo. A análise horizontal do ativo da empresa,
indica que houve uma redução dos valores dos ativos circulantes de 23,57% em 2009,
em relação a 2008.
Em relação à análise vertical do passivo da empresa VIVO, conforme demonstra
o anexo III, pode-se notar uma variação similar em seus passivos circulantes e não
circulantes. Em 2007 seu passivo circulante representava 38,14% do passivo total,
mantendo esta média em 2008, e passando para 31,49% em 2009. A análise horizontal
mostra um aumento de 35,88% em 2008 e uma redução de 26,09% em 2009. Observa-
se também que os dividendos a pagar aumentaram significativamente em 2008
(2356.74%), demonstrando elevada captação de recursos externos. Esta conta
continuou a crescer em 2009, aumentando em 71,17% em 2009, passando a
representar 4,24% do passivo total.
Tendo em vista análise da DRE da empresa VIVO, percebe-se que os custos
dos produtos e serviços vendidos representam aproximadamente 53% dos descontos
na receita líquida de vendas nos 3 anos analisados, mantendo a média deste segmento
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de mercado. Nota-se também que o resultado operacional teve u m aumento
significativo no período, com um aumento de 370% em 2008 e 85,34% em 2009.
ÍNDICES DE LIQUIDEZ
De acordo com o referencial teórico citado neste trabalho, foram calculados os
índices de liquidez das duas empresas em questão, TIM e VIVO, iniciando pelo índice
de liquidez corrente, que traz a capacidade do financiamento do capital de giro. A TIM
apresentou em 2007 o índice de 1,05, apontando suficiência para cobrir seu capital de
giro. Em 2008 este índice foi de 0,99, demonstrando que houve redução na proporção
ativo/passivo circulantes, mas sem comprometer o funcionamento das atividades. Em
2009 foi calculado o valor de 1,17, voltando a apresentar segurança operacional para o
capital de giro. Através da análise horizontal nota-se que em 2008 o passivo circulante
teve um aumento de 16,93%, e o ativo circulante aumentou 10,35%. Em 2009 a análise
horizontal mostra que a empresa precisou de financiamento externo de curto prazo
para manter as atividades operacionais, em que o passivo circulante reduziu 2,43% e
ativo circulante aumentou 15,97%.
Já a empresa VIVO apresentou nos 3 anos analisados os índices de 0,98, 0,95
e 0,98, demonstrando que em 2007 e 2009 trabalhou-se com índices mais seguros.
Apresentando instabilidade em 2008, porém sem comprometer suas operações, o
índice de 0,95 para este ano mostra que a empresa necessitava de capital externo de
curto prazo para financiamento de suas atividades. Analisando horizontalmente seus
balanços de 2007 a 2009, é notado que houve uma variação de 35% de aumento do
passivo circulante, e aumento de 30% do ativo circulante em 2008. Em 2009 houve
redução de 26% do passivo circulante, puxado pela redução de empréstimos de curto
prazo, combinado com redução de 23% do ativo circulante, demonstrando menores
disponibilidades numa taxa de 42% em relação a 2008.
Ao analisar a liquidez seca, que traz a capacidade da empresa de quitar suas
dívidas de curto prazo, percebe-se que a TIM, apenas em 2008 apresentou um índice
de 0,90, demonstrando não estar capaz de quitar suas dívidas de curto prazo. Porém,
nos dois outros anos estudados, 2007 e 2009, apresentaram-se índices seguros de
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0,99 e 1,10. Isto demonstra que a empresa preocupa-se com suas obrigações de curto
prazo, controlando o aumento dos estoques, que em 2008 praticamente dobraram
(aumento de 97% em relação a 2007), para uma redução de 25% em 2009.
A empresa VIVO, apresentou os seguintes índices de liquidez seca em 2007,
2008 e 2009: 0,93, 0,86 e 0,92. Estes índices demonstram que a empresa preocupa-se
com suas obrigações de curto prazo, porém há necessidade de utilização do estoque
para pagamento de suas dívidas de curto prazo. A análise horizontal mostra que houve
situação semelhante a TIM, com aumento de 106% em 2008 e redução de 45% em
2009 nos estoques.
Em relação à liquidez geral, que traz a liquidez de forma geral das empresas, a
TIM apresentou em 2007, o valor de 0,83, em 2008 o índice de 0,76 e em 2009
retornou para 0,82. Isto demonstra que em 2009 a empresa precisou captar recursos
externos de longo prazo para manter suas atividades sem comprometer sua liquidez,
além do elevado investimento em atividades operacionais, como novos planos
oferecidos aos clientes com tarifas reduzidas.
A empresa VIVO apresentou os índices de liquidez geral de 0,95 em 2007, 0,81
em 2008 e 0,84 em 2009, demonstrando uma queda na liquidez em 2008, porém
buscando melhoria deste índice em 2009. É compreendido que em 2008 houve uma
retração do mercado frente à crise que atuava no cenário mundial. A empresa
manteve-se como líder do segmento investindo em cobertura de sinal e tecnologia 3G
para seus usuários, buscando sustentação financeira a longo prazo. Em 2009 manteve
seu elevado índice de investimentos e adquiriu a Telemig Celular, mantendo sua
liquidez em índices abaixo do ideal.
A liquidez imediata, que traz a capacidade de sanar suas dívidas imediatamente,
mostrou que este não é o foco das empresas deste segmento. A TIM trouxe índices de
0,26, 0,23 e 0,44, demonstrando a maioria de suas dívidas são de longo prazo (67%).
Melhoria apenas em 2009, com maior disponibilidade em caixa, aumento de 64% em
2009 em relação a 2008.
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A VIVO apresentou os seguintes índices: 0,31 (2007), 0,23 (2008) e 0,18 em
2009. Percebe-se que os índices vêm caindo ano a ano, indicando pouca
disponibilidade em caixa, e uma política de altos investimentos em infra-estrutura e
novas tecnologias, com financiamentos de longo prazo. Do total da dívida em 31 de
dezembro de 2009, 81,4% eram de longo prazo (68,2% em 31 de dezembro de 2008).