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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE
CINCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
Relatrios Tcnicos do Departamento de Informtica Aplicada
da UNIRIO n 0011/2009
M-Commerce e M-Business: um panorama da Computao Mvel e suas
perspectivas
Patricia Zamprogno Tavares Simone Bacellar Leal Ferreira
Departamento de Informtica Aplicada
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Av. Pasteur,
458, Urca - CEP 22290-240
RIO DE JANEIRO BRASIL
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Relatrios Tcnicos do DIA/UNIRIO, No. 0011/2009 Editor: Prof.
Sean W. M. Siqueira Junho, 2009
M-Commerce e M-Business: um panorama da Computao Mvel e suas
perspectivas
Patricia Zamprogno Tavares, Simone Bacellar Leal Ferreira 1
1Depto de Informtica Aplicada Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro (UNIRIO)
[email protected], [email protected]
Resumo. Este trabalho aborda um paradigma que vem crescendo nos
ltimos anos: a computao mvel. As transaes comerciais na Internet
(e-business) tendem cada vez mais para os dispositivos mveis
(m-business), visto que estes equipamentos tm a ca-pacidade de
acessar informaes em qualquer lugar e a qualquer momento. O
ambien-te corporativo tambm est ganhando produtividade em seus
negcios eletrnicos (e-business) com a computao sem fio
(m-business). Alguns estudiosos preferem dizer que o m-business uma
evoluo do e-business, assim como o m-commerce a evoluo do
e-commerce. importante salientar que existem algumas
particularidades nestes e-quipamentos, que devem ser levadas em
considerao no desenvolvimento de projetos e que a usabilidade uma
necessidade absoluta, visto que seu mau uso pode implicar em sua
rejeio. Para confirmar esta tendncia, so citados tambm dados atuais
de pesquisas de vrios institutos, tornando bvio que esta nova
realidade est cada vez mais presente em nosso cotidiano.
Palavras-chave: computao mvel, m-business, e-business, computao
ubqua, usabi-lidade em dispositivos mveis.
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Sumrio
Introduo 6 1 Comrcio Eletrnico 4 2 O Comrcio Eletrnico seguro ?
5 3 A evoluo da tecnologia at a computao mvel 6 4 Algumas
particularidades dos dispositivos mveis 7 5 A usabilidade nos
dispositivos mveis 8 6 Utilizando a computao mvel para expandir os
negcios 9 7 O futuro da computao mvel 10 8 Concluso 12 Referncias
Bibliogrficas 13
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RelaTe-DIA: M-Commerce e M-Business: um panorama da Computao
Mvel e suas perspectivas 4 4
Introduo A Internet vem tomando espao em nossa vida desde a
metade dos anos 90 e junto com ela os equipamentos vm tornando-se
cada vez mais acessveis financeiramente. A partir disso, as
empresas foram percebendo que seus negcios poderiam gerar lucros
maiores se eles se tornassem negcios digitais, com aplicaes
conhecidas como co-mrcio eletrnico (e-commerce) e negcios
eletrnicos (e-business). Atualmente, aps a onda do e-commerce e do
e-business, podemos observar que estamos migrando para um novo
fenmeno: a migrao estrutural para o mobile business (m-business) ou
computa-o mvel. [ALVERGA, 2004] A computao mvel um paradigma
computacional que tem como objetivo prover o usurio acesso
permanente a uma rede fixa ou mvel independente de sua posio
f-sica. a capacidade de acessar informaes em qualquer lugar e a
qualquer momento. Este paradigma tambm recebe o nome de computao
ubqa ou computao nma-de. [LOUREIRO, 2003] O termo computao ubqua
foi usado pela primeira vez pelo cientista de informtica americano
Mark Weiser (1952 1999) em 1988 e publicado em 1991 no seu artigo
The Computer for the 21st Century. um campo da Computao
relativamente novo e seu objetivo tornar a interao homem-mquina
invisvel, ou seja, de uma forma que as pessoas nem percebam que
esto dando comandos a um computador. Ela j uma realidade comprovada
pelos benefcios que a Computao Mvel trouxe aos usurios. Celulares
com acesso Web, Laptops, Redes WIFI, Lousas Digitais, I-Pods e o
maior expoente de todos, o I-Phone, permitem ao mais leigo, sem
perceber, a utilizao a qualquer momento e em qualquer lugar de um
sistema de computao, atravs de um software e/ou uma interface.
[PORTELLA, 2007]. A computao mvel est crescendo exponencialmente e
vai se tornando o paradigma computacional dominante no futuro.
Dispositivos mveis, tambm chamados generi-camente de handhelds,
esto aparecendo de diversas formas. Como exemplo, temos os PDAs
(Personal Digital Assistants), os telefones celulares e vrios
outros tipos de dispo-sitivos. Alm disso, dispositivos mveis esto
sendo fabricados com outras facilidades, funcionalidades e
interfaces como GPS (Global Positioning System), tocadores de udio
e cmeras fotogrficas digitais, jogos eletrnicos e placas de
comunicao sem fio multi-protocolos, que facilitaro a comunicao
entre diferentes tipos de dispositivos e infra-estruturas de
comunicao. O mercado desses dispositivos est crescendo e sendo
usa-do em aplicaes que envolvem negcios, indstria, escolas,
hospitais, lazer, etc. [LOUREIRO, 2003]
1 Comrcio Eletrnico Nos ltimos anos, a expresso comrcio
eletrnico tomou um vulto extraordinrio no mundo on-line. Nas pginas
da Internet e nos planos de negcios das grandes lojas de cimento e
tijolo, como so chamadas tecnicamente as lojas fsicas, no faltou
espao para as previses exageradas de vendas online. O levantamento
INFO100 da Revista INFO mostra que nada menos de 25,6 bilhes de
reais circularam pelos domnios da Web brasileira no ano 2000, em
forma de B2C, de B2B e de investimentos online. [FOR-TES, 2002]
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RelaTe-DIA: M-Commerce e M-Business: um panorama da Computao
Mvel e suas perspectivas 5 5
Seguindo estes resultados, primordial a capacitao das empresas
ao comrcio ele-trnico, seno elas estaro condenadas a no sobreviver.
Nem no exterior, nem no Bra-sil. [BBC, 2008] Segundo a ltima edio
da Web-shoppers, publicao elaborada semestralmente pela empresa
eBit, o desempenho do Comrcio Eletrnico para bens de consumo em
2007 foi excelente. O faturamento teve um crescimento de 43% em
relao a 2006 e o nme-ro de e-consumidores cresceu 9,5 milhes, com
acrscimo de 2,5 milhes de novos compradores. Para ilustrar a
dimenso disso, hoje apenas uma das lojas, a Magazine Luiza, que nem
a maior do mercado, fatura mais que todo o setor conseguia h sete
anos atrs. [WEB-SHOPPERS, 2008] Pressupe-se de que voc precisa de
um computador pessoal para se ligar Internet, mas, nos prximos dois
anos, isso vai mudar dramaticamente. O principal aparelho que as
pessoas vo usar para acessar a Internet daqui a dois anos no vai
ser o compu-tador, vai ser o telefone celular. O celular vai levar
a um avano no comrcio eletrnico num ritmo mais rpido do que se
poderia imaginar. [BBC, 2008]
2 O Comrcio Eletrnico seguro ? O consumidor ainda tem medo do
Comrcio Eletrnico por questes de segurana na Internet. Mark Jarvis,
quando era vice-presidente do Oracle Corporation, afirmou que es-te
tipo de comrcio ainda no era 100% seguro, mas era mais seguro
comprar na Inter-net do que andar na rua e correr o risco de ser
assaltado, de ter, por exemplo, o carto de crdito roubado. H mais
segurana na Internet que no mundo fsico, disse ele. [BBC, 2008] Uma
pesquisa da Folha de So Paulo mostra que os e-buyers das classes C,
D e E j so maioria em So Paulo. Os itens mais comprados no
semelhantes aos que j vinham sendo consumidos por outras classes,
como equipamentos de informtica, eletrnicos, livros, CDs e DVDs.
Mas a sensao de insegurana o maior obstculo para o cresci-mento.
Nas classes C, D e E, mais de 50% dos consumidores dizem que
comprar pela internet nunca seguro, contra 35,9% da A e 40,3% da B.
[HAVRO, 2007]. Quando era diretor de Marketing da Americanas.com,
Frederico Monteiro afirmou que as barreiras que o e-commerce
enfrenta no so por causa de falta de segurana, a gran-de questo
cultural. Ele disse que as pessoas ainda no tm o hbito de fazer
compras pela Internet, e muitos alegam o medo de usar o carto de
crdito como uma das razes para isso. Afinal, comprar pela Web uma
coisa nova e tudo o que novo causa um pouco de receio a princpio.
{REVISTA TI, 2000] Para tentar minimizar e at eliminar o medo das
compras on-line para impulsionar o e-commerce, algumas empresas de
Internet, dentre elas o Submarino, iG e America-nas.com, criaram o
selo Internet Segura (http://www.internetsegura.org). O selo
funciona como um controle de qualidade para sites de e-commerce e
quem receb-lo vai ter o re-conhecimento de que suas polticas de
segurana e privacidade so eficientes. A inten-o dar maior
credibilidade ao mercado e divulgar o seu amadurecimento,
conquis-tando a confiana dos usurios e atrair consumidores em
potencial.
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RelaTe-DIA: M-Commerce e M-Business: um panorama da Computao
Mvel e suas perspectivas 6 6
3 A evoluo da tecnologia at a computao mvel A comparao entre o
m-commerce e o m-business pode ser feita da mesma forma que
considerada como uma evoluo ou um novo passo, a passagem do
e-commerce para o e-business. No e-commerce, as aplicaes Web
permitem transaes comerciais, para o pblico em geral, tambm
empresas, mas estas como clientes caracterizando-a como uma relao
B2C (Business-to-Consumer). O e-business veio alterar as bases da
relao entre as empresas, dentro da cadeia de suprimentos, com
aplicaes que interligam diretamente, vrios elos da cadeia, desta
forma caracterizando o B2B (Business-to-Business). Seguindo essa
linha de raciocnio, o m-business pode ser visto como sendo a relao
direta entre empresas atravs de aplicaes mveis e o m-commerce como
sendo a possibilidade de que qualquer pessoa possa realizar
transaes eletrnicas atravs de um hotspot ou de telefonia celular.
[ALVERGA, 2004] A figura 1 mostra um resumo destas comparaes [EBS,
2008].
Figura 1
O paradigma de computao mvel uma evoluo natural quando
analisamos os ou-tros paradigmas que foram e so usados at hoje,
como pode ser visto na figura 2. Na dcada de 1960, o paradigma que
prevaleceu foi o de processamento em lote (batch), onde o usurio
preparava, submetia e recebia seu job sem ter nenhum contato com o
ambiente computacional. Na dcada de 1970 surge o sistema
computacional multitare-fa e o teleprocessamento. O usurio passa a
ter acesso ao computador atravs de ter-minais remotos. a poca do
surgimento do CPD Centro de Processamento de Da-dos, que ainda
utilizado at hoje. No incio da dcada de 1980 comea a ser difundido
em larga escala o computador pessoal, que passa a ser o paradigma
dominante da em diante, principalmente com o desenvolvimento do
hardware associado a esse tipo de computador. Na dcada de 1990, os
computadores pessoais passam a ser utilizados em larga escala em
todas as atividades humanas, com a caracterstica de estar
conectados a alguma rede, principalmente a Internet, que passa a
ser a infraestrutura de rede de a-brangncia global mais utilizada
pelas pessoas. [LOUREIRO, 2003]
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RelaTe-DIA: M-Commerce e M-Business: um panorama da Computao
Mvel e suas perspectivas 7 7
A figura 2 explica brevemente a evoluo dos parques tecnolgicos
nas ltimas dca-das. [TAURION, 2002]
Figura 2
Uma diferena importante entre o paradigma de computao mvel e os
anteriores, como mostrado na figura 2 e discutidos acima, a interao
entre esse paradigma e as diversas reas da Cincia da Computao e,
mesmo do conhecimento humano. A computao mvel no um paradigma que
trata exclusivamente de questes ligadas s reas de sistemas
distribudos e redes de computadores. Na verdade, um para-digma que
trata de todas as reas da Cincia da Computao. Por exemplo, o
projeto de circuitos integrados deve ser feito considerando o
consumo de energia; sistemas operacionais devem possuir outras
funes de gerenciamento especficas para disposi-tivos mveis como
capacidade limitada de memria e processamento; linguagens de
programao e compiladores devem ser projetados em funo das
caractersticas desse ambiente; bancos de dados devem considerar
novos mecanismos de integridade e sin-cronizao de dados; engenharia
de software deve propor novos princpios de desen-volvimento para a
rea como projeto de interface homem-mquina; e em outras reas
existem questes similares. Alm disso, outras reas, como Psicologia
e Sociologia, tm um papel importante em Computao Mvel por definir
novas formas de uso da tec-nologia de processamento e comunicao de
dados. [LOUREIRO, 2003]
4 Algumas particularidades dos dispositivos mveis importante
observar que a mobilidade relaciona-se com a portabilidade, como,
por exemplo, acessar e-mails atravs de um smartphone de qualquer
lugar. Mas esta mobili-dade no significa dizer que o equipamento
tenha sempre uma conexo ligada. Da-dos uma srie de aspectos e
padres tecnolgicos ainda em desenvolvimento, poss-vel se observar
duas formas da conexo entre um usurio em um local remoto e a sua
empresa, por exemplo: on-line (sempre conectado) e off line
(conectado quando solicita-do). O entendimento destas duas situaes
possveis ser primordial para se projetar a aplicao de m-business e
at entender limitaes e possibilidades de expanso das a-plicaes.
[ALVERGA, 2004]
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RelaTe-DIA: M-Commerce e M-Business: um panorama da Computao
Mvel e suas perspectivas 8 8
Outra forma de conexo mvel via handheld, tambm chamado de PDA
(Personal Di-gital Assistant) desde que possa ter acesso Internet.
Os handhelds so aparelhos do ta-manho de um bolso capazes de
manipular dados eletrnicos. Mas esta categoria de equipamento vem
perdendo sua fora no mercado, no por limitaes de suas utilida-des,
mas por um fenmeno que tambm vai aos poucos diminuindo tambm o
poder de vendas de aparelhos celulares, que a convergncia para um
nico dispositivo, chamado de smartphone. Este equipamento alia as
capacidades de processamento e ar-mazenamento de dados de um
handheld aos recursos da telefonia mvel, sendo, por-tanto, a evoluo
natural destes dois dispositivos. [ALVERGA, 2004] As linguagens
para ambientes mveis so, na maior parte das vezes, subconjuntos de
suas equivalentes para ambientes fixos, e os recursos fsicos dos
dispositivos e ambien-tes mveis so mais limitados quando comparados
com os similares infra-estruturados (telas menores, entrada de
dados limitada, e largura de banda menor). O desenvolve-dor precisa
ter isto em mente ao projetar um aplicativo direcionado a um
ambiente mvel, pois eles so completamente diferentes de desktops.
[LOUREIRO, 2003]
5 A usabilidade nos dispositivos mveis As pessoas no usam
aplicaes mveis para acessar a mesma informao ou executar as mesmas
funes que elas fariam com um computador fixo. Isso se deve s
restries do hardware do dispositivo mvel (tela menor, entrada de
dados limitada, energia li-mitada, mobilidade), caractersticas do
ambiente de comunicao sem fio (largura de banda menor, taxa de bits
errados maior), e pagamento pelos servios. Logo, a habili-dade,
capacidade, e disponibilidade de um usurio acessar e processar
informaes so menores. Isto significa que um dos aspectos mais
importantes no desenvolvimento de aplicaes mveis a usabilidade.
[LOUREIRO, 2003] Em 2006, uma pesquisa com 1484 usurios foi feita
na Gr Bretanha mostrando que a m usabilidade implica em rejeio da
Internet mvel. Ela afirma que 73% das pessoas que tm acesso
Internet pelos seus celulares no o utilizam. Uma das razes por no
usarem a Internet via celular o lento carregamento das pginas que
os deixam frus-trados (38%), problemas com a navegao dos websites
(27%) e a inacessibilidade total de alguns sites via celular. No
entanto, 90% deles disseram que usariam a Internet se o tempo de
carregamento fosse rpido e no gastassem muito tempo at chegarem ao
contedo. Se estas melhorias na usabilidade ocorressem, 70%
afirmaram que usariam e-mail e 47% acessariam notcias e esporte.
Mesmo o acesso por PDA, onde a Internet mais rpida, ainda
considerado difcil acesso por causa do display pequeno e navega-o
mal feita de contedo de alguns sites. A busca na Internet mvel
tambm diferen-te: a pesquisa mostra que a maioria busca por mapas
(49%) e esportes e notcias (47%). [LIGHT, 2006] No projeto de
aplicaes, principalmente para a Web, a navegao intuitiva e a
identifi-cao de contedo so consideraes importantes. No caso de
aplicaes mveis so necessidades absolutas. Normalmente, usurios em
ambientes fixos ficam mais con-centrados enquanto ambientes mveis
tendem a distrair mais as pessoas em funo das outras atividades que
ocorrem ali. Uma possvel estratgia para avaliao de usa-bilidade
criar projetos de tela da interface a ser usada, considerando o
objetivo do servio, a audincia alvo, cenrios de uso e restries
tcnicas. Os diversos detalhes do
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RelaTe-DIA: M-Commerce e M-Business: um panorama da Computao
Mvel e suas perspectivas 9 9
projeto de cada tela devem ser estudados cuidadosamente,
utilizando, principalmente, informaes fornecidas pelos usurios.
[LOUREIRO, 2003] A computao mvel possui trs caractersticas
principais que afetam a usabilidade de uma aplicao mvel: a
comunicao sem fio, a mobilidade e a portabilidade. Esse am-biente
possui uma largura de banda baixa e instvel (alta variao), redes
heterog-neas, riscos de segurana, baixa autonomia de energia e
pouca capacidade de armaze-namento dos dispositivos mveis, alm de
pequenas interfaces de usurio. Tudo isto dificulta a interao do
usurio e obriga a utilizao de tcnicas de adaptao para se melhorar a
interface e, conseqentemente, a interao. Se uma interface ineficaz,
as funcionalidades e a utilidade do sistema ficam limitadas; os
usurios tornam-se confu-sos, frustrados e irritados;
desenvolvedores perdem credibilidade; e a organizao penalizada com
altos custos de suporte [NOLAN, 1992]. Em [Brewster and Cryer,
1999] apresentada uma proposta para superar o limite de espao da
tela em handhelds: reduzir o tamanho dos elementos grficos e
apresentar a informao atravs do som. O bom entendimento da relao
usurio-aplicao essencial para a construo de um sistema que possua
boa usabilidade e adaptabilidade. H aplicaes que podem ser
personalizadas e outras que devem ser genricas. O que diferencia
uma da outra jus-tamente a natureza das tarefas disponveis em tais
aplicaes. Seja como for, uma an-lise de tarefas certamente produzir
um conjunto muito diferente de tarefas em relao a um aplicativo
desktop comum [LANDAY, 1993].
6 Utilizando a computao mvel para expandir os negcios A vantagem
do m-commerce em comparao ao e-commerce a facilidade de se obter
informaes eletronicamente a qualquer hora, em qualquer lugar.
[CHEN, 2005] Com acesso 24/7 (24 horas por dia, 7 dias por semana),
imprescindvel a rapidez de assi-milao de novas tecnologias e cada
vez mais a resposta aos usurios dever ser direta e interativa
[MONTEIRO, 2008]. As empresas esto usando as tecnologias sem fio
para ganhar produtividade e vender mais. Por exemplo, a fabricante
de medicamentos Medley conseguiu reduzir em 80% a perda de pedidos
colhidos por seus vendedores nas farmcias. Em apenas nove meses, a
empresa deu um salto de mais de 400% em suas vendas. Na Mapfre
Seguros, uma combinao de tecnologia celular com o sistema de
satlites GPS vem ajudando a em-presa a recuperar 80% dos veculos
roubados de seus clientes. [SPOSITO, 2008] Os bancos tambm so
grandes investidores no m-commerce. No ltimo ano, houve um
crescimento de 50% nas adeses de clientes nos servios do Banco do
Brasil pelo celu-lar. Hoje so 520 mil usurios cadastrados, que
fazem 31 milhes de transaes por ano pelo celular. Boa parte se
concentra nos servios de consulta de saldo e extrato. Como o
celular ainda um canal novo, natural que a adoo da ferramenta v
ocorrendo aos poucos. Mas tambm h clientes que fazem transferncias,
DOCs e pagamentos. [BA-LIEIRO, 2008]
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RelaTe-DIA: M-Commerce e M-Business: um panorama da Computao
Mvel e suas perspectivas 10 10
Figura 3
De acordo com um estudo da empresa de pesquisas americana
Gartner, o mercado de mobilidade corporativa dever ter um
crescimento expressivo nos prximos anos. A previso que, at 2011, o
nmero de aplicaes mveis utilizadas pelos funcionrios de empresas em
todo o mundo aumente a taxas de 30% ao ano. Ainda segundo a
Gart-ner, as vendas mundiais de dispositivos mveis passaro de 1,4
bilho de unidades em 2010. E os smartphones devero se transformar
na grande estrela desse universo: esti-ma-se que sero vendidos 173
milhes de aparelhos desse tipo em 2008 (o que repre-sentaria 42% de
aumento em relao ao ano passado) e nada menos do que um bilho em
2010. [SPOSITO, 2008] Os anncios da nova verso 2.0 do iPhone, da
Apple, com funes voltadas para a rea corporativa e de uma
plataforma mvel baseada em Linux a Android, desenvolvida por um
consrcio liderado pelo Google devero contribuir para a expanso do
merca-do de smartphones, atualmente dominado pelo sistema
operacional Symbian, usado pela Nokia. [SPOSITO, 2008]
7 O futuro da computao mvel O que est levando tantas pessoas a
mudarem um comportamento to tradicional co-mo o ato de comprar nas
lojas fsicas ? So inmeros os fatores, mas dois deles devem se
destacados: a convenincia da compra on-line, principalmente nas
grandes cidades e cidades mais afastadas dos centros
distribuidores; e a economia de recursos, uma vez que,
invariavelmente, o preo dos produtos adquiridos na Internet menor
do que o preo praticado nas lojas fsicas. Juntos, esses dois
fatores representam uma motivao para a compra on-line. [FELIPINI,
2008] Em contrapartida, um estudo divulgado nos EUA em abril de
2008, mostra que os jo-vens gastam, em mdia, 46 dlares por ms em
compras na Internet, mas 82% ainda preferem comprar em lojas
fsicas. A maioria dos jovens ainda prefere passear ao fazer as
compras. [IDG, 2008] Com mais de 180 milhes de celulares no Brasil,
existem apenas 7 milhes de usurios de internet mvel. As operadoras
colocam muito propaganda na mdia, mas no inves-tem na
infra-estrutura. Transaes que exigem procedimentos complexos de
segurana
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RelaTe-DIA: M-Commerce e M-Business: um panorama da Computao
Mvel e suas perspectivas 11 11
no so suportadas pela rede celular atual e falta um modelo de
negcio para que o setor avance. As redes 3G tm um enorme potencial,
mas ainda representam cerca de 1% da base instalada. De acordo com
Dorival Dourado, diretor de operaes da Serasa, o segmento de
entretenimento est mais adiantado nesta rea. Segurana e
privacida-de so fatores que atrapalham o m-business. Para
plataforma de negcios ainda no so encontradas opes para implementar
a infra-estrutura de segurana, afirma Doura-do [BARRETO, 2008].
Mesmo com ressalvas, as pesquisas mostram o crescimento do
e-commerce e a tendn-cia que dispositivos mveis passem a ser usados
mais freqentemente, como outros objetos que normalmente carregamos
e passem a ser incorporados ao nosso dia-a-dia, como pode ser visto
na figura 4.
Figura 4 Mas a grande novidade do futuro do m-commerce fica por
conta do smartphone da Ap-ple, o iPhone, que possui vrias funes:
iPod, cmera digital, Internet, SMS, visual voi-cemail e conexo
wi-fi local. O usurio interage com ele atravs do toque na tela. Sua
nova verso, o iPhone 3G, rene as funcionalidades da primeira verso
com a moderna rede de terceira gerao, garantindo a navegao em banda
larga mvel. Tem GPS em-butido e o software iPhone 2.0, que roda
centenas de aplicativos disponveis na Apple App Store. Os grandes
entusiasmados so os bancos. O Banco do Brasil, Banco Real, Bradesco
e Ita j tm suas pginas preparadas para o acesso via iPhone. Apesar
de ele ter acabado de chegar oficialmente ao Brasil, o interesse
dos bancos tem um grande motivo: o n-mero dos smartphones da Apple
espalhados pelo Brasil no pequeno. A Apple anun-ciou a venda de 6,9
milhes de iPhones 3G nos trs ltimos meses e o volume est cerca de
13% acima das 6,1 milhes de unidades comercializadas em 12 meses do
modelo anterior. O iPhone 3G foi lanado em 11 de julho e est
disponvel em mais de 50 pases
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Mvel e suas perspectivas 12 12
[REVISTA INFO, 2008]. Alm disso, a interface e a forma como o
iPhone oferece o aces-so Internet estimula ainda mais o seu uso
para esse fim. [BALIEIRO, 2008]
8 Concluso A computao mvel vem surgindo como uma nova proposta
de paradigma computa-cional. O avano da tecnologia de comunicao sem
fio e a crescente utilizao de dis-positivos portteis d incio a esta
nova fase, onde o usurio pode acessar dados de di-ferentes pontos
de acesso, independente de sua localizao ser fixa ou mvel. Devido
sua maior flexibilidade de localizao, pode ocasionar grandes
mudanas no compor-tamento social e corporativo. O comrcio eletrnico
(e-commerce) juntou-se com a computao mvel e expandiu seus limites
para ganhar produtividade e vender mais (m-commerce). O ambiente
cor-porativo tambm observou estes benefcios e migrou seus negcios
eletrnicos (e-business) para a comunicao sem fio (m- business). O
grande diferencial a vantagem de se obter informaes eletronicamente
a qualquer hora, em qualquer lugar, sem o que o equipamento tenha
sempre uma conexo ligada. importante lembrar que os usurios tm
comportamentos diferentes ao acessar a mesma informao em aplicaes
mveis e em um computador fixo. Existem algumas restries nos
dispositivos mveis que devem ser consideraes importantes. A
usabi-lidade um dos aspectos mais importantes no desenvolvimento de
aplicaes mveis, pois sua m utilizao pode resultar em uma rejeio da
Internet mvel. Por fim, investimentos devem ser realizados na
infra-estrutura e em procedimentos de segurana para que o setor
avance e para que os usurios possam ter confiana no uso desta
tecnologia.
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RelaTe-DIA: M-Commerce e M-Business: um panorama da Computao
Mvel e suas perspectivas 13 13
Referncias Bibliogrficas ALVERGA, P.R.; RAMOS, A.S.M. Evoluo,
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