Instituto de Artes e Ofícios Universidade Autónoma de Lisboa Curso: Conservação e Restauro de Mobiliário Trabalho Final: Curso 1998/2000 Aluno: Victor Manuel E. Duarte Correia Professores: Cristina Weber Correia Henrique Pinto da Silva Lisboa, Setembro de 2001
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Instituto de Artes e Ofícios Universidade Autónoma de Lisboa
Curso: Conservação e Restauro de Mobiliário Trabalho Final: Curso 1998/2000 Aluno: Victor Manuel E. Duarte Correia Professores: Cristina Weber Correia Henrique Pinto da Silva
Lisboa, Setembro de 2001
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 2
1ª PARTE - EVOLUÇÃO HISTÓRICA 4
EGIPTO 5
GRÉCIA 5
ROMA 6
BIZÂNCIO 6
IDADE MÉDIA ROMÂNICA 7
IDADE MÉDIA GÓTICA 8
RENASCIMENTO 9
ITÁLIA 9
FRANÇA 10
ESPANHA 10
INGLATERRA 11
ALEMANHA 11
FLANDRES 12
SÉCULO XVII – TRANSIÇÃO PARA O BARROCO 13
FRANÇA 13
Luis XIII 13
BARROCO DO SÉC. XVII 14
ITÁLIA 14
FRANÇA 14
Luis XIV 14
FLANDRES 15
INGLATERRA 16
Estilo Jacobino 16
Estilo Restauração 16
William and Mary 17
ALEMANHA 17
ESPANHA 18
PORTUGAL 18
ii
BARROCO DO SÉC.XVIII 19
FRANÇA 19
Estilo Regência 19
Estilo Luis XV 20
ITÁLIA 21
INGLATERRA 22
Estilo Queen Anne 22
Estilo Georgiano 23
Early Georgean 23
Chippendale 24
ALEMANHA 25
ESPANHA 25
PORTUGAL 26
PAÍSES BAIXOS 27
NEO-CLÁSSICO 27
FRANÇA 27
INGLATERRA 28
PORTUGAL 30
SÉCULO XIX 30
ESTILO IMPÉRIO 31
FRANÇA 31
PORTUGAL 32
ROMANTICO 33
FRANÇA 33
Estilo Restauração 33
Estilo Louis-Philipe 34
Período Napoleão III 34
INGLATERRA 35
Estilo Regência 35
Estilo Vitoriano 36
Movimento Arts and Crafts 36
ALEMANHA – ÁUSTRIA 37
Biedermeier 37
Mobiliario Thonet- Áustria 38
iii
ESPANHA 38
Estilo Isabelino 38
PORTUGAL 39
SÉCULO XX 39
2ª PARTE - A MADEIRA. 41
O QUE É A MADEIRA 42
COMO SE FORMA A MADEIRA 42
ESTRUTURA ANATÓMICA 44
TERMOS UTILIZADOS 44
TIPOS DE CORTES QUE SE PODEM FAZER NUM TRONCO 45
ANÉIS DE CRESCIMENTO 46
O VEIO DA MADEIRA 47
MADEIRA DO CERNE E MADEIRA DO BORNE 47
TIPOS DE MADEIRAS 48
MADEIRAS BRANDAS 48
MADEIRAS DURAS 49
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS 51
COR 51
BRILHO 52
PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO 52
CHEIRO 52
DENSIDADE E PESO ESPECÍFICO 52
DUREZA 53
FLUORESCÊNCIA 53
TESTES QUÍMICOS 53
CARACTERÍSTICAS PARTICULARES 54
O ASPECTO DA MADEIRA 54
Tipos de corte 54
Veios 55
Coloração 55
Nós 55
IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS 56
iv
O QUE SE DEVE ANALISAR 57
FORMA DA MEDULA 58
PROBLEMAS NA IDENTIFICAÇÃO DA MADEIRA NO MOBILIÁRIO 58
TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO 60
CHAVES PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS 60
CLASSIFICAÇÃO SISTEMÁTICA 61
NOMES CIENTÍFICOS 61
A MADEIRA E A HUMIDADE 61
Teor de humidade 62
Humidade 62
Humidade absoluta 62
Humidade relativa 62
Água retida 62
Água livre 62
SECAGEM DA MADEIRA 63
COMO LIDAR COM AS MOVIMENTAÇÕES DA MADEIRA 63
Encolhimento prévio 64
Controlo da atmosfera 64
Limitação do movimento através da força mecânica 64
Estabilização química 64
COMO SECAR A SUA PRÓPRIA MADEIRA 65
O ARMAZENAMENTO DA MADEIRA DEPOIS DA SECAGEM 67
3ª PARTE – FICHAS DE MADEIRAS 68
MADEIRAS MACIAS – Resinosas 69 ABETO 70
CASQUINHA 71
CEDRO 72
ESPRUCE 73
LARÍCIO 74
TEIXO 75
TUIA 76
MADEIRAS DURAS – Folhosas 77
v
BÉTULA 78
BUXO 79
CARVALHO 80
CASTANHO 81
CEREJEIRA 82
ÉBANO 83
FAIA 84
FREIXO 85
GAIACO 86
GONÇALO ALVES 87
JACARANDÁ DA BAÍA 88
MOGNO 89
NOGUEIRA 90
PADREIRO 91
PAU ROXO 92
PAU SANTO 93
PEREIRA 94
TECA 95
TILIA 96
TULIPEIRO 97
BIBLIOGRAFIA 98
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INTRODUÇÃO
Já na Civilização Egípcia se fazia a utilização da madeira para a manucfatura de peças de
mobiliário. De então até aos nossos dias a madeira tem sido o material mais vulgarmente usado
na confecção de móveis. As variedades de madeira utilizadas para mobiliário têm sido ao longo
dos tempos as mais diversas com os mais variados tipos de utilizações. A madeira utilizada tem
variado ao longo da evolução histórica do mobiliário com as modas e tendências das diferentes
épocas e com as diferentes conjunturas sociais, económicas e políticas, que têm também
influencia na forma como aquela é utilizada no mobiliário.
As técnicas de construção e de decoração do mobiliário têm variações e evoluções ao longo das
diferentes épocas. Isto tem implicações na forma e tipo de madeira utilizada. Por isto tudo este
trabalho tem como finalidade fazer uma revista o mais exaustiva possível da evolução histórica
da utilização da madeira. Começando por se situar as épocas e estilos no tempo, fazendo uma
caracterização o mais sucinta possível, e quando se justifique, referencia a técnicas ou
tipologias a que um determinado tipo de madeira esteja associado, não esquecendo nunca que o
objetivo deste trabalho é a utilização da madeira no mobiliário.
Em relação ao século XX, constatei com alguma frustração depois de esforçada pesquisa
bibliográfica, que as referencias às madeiras utilizadas eram escassas e não permitiam o
cruzamento da informação em fontes diferentes, de forma a resultar num trabalho bem
fundamentado e rigoroso. Talvez porque a madeira perdeu para outros materiais o estatuto de
material de eleição na confecção do mobiliário e deixou por isso de ser importante. Por estas
razões tomei a decisão de terminar a resenha histórica no séc. XIX, tendo consciência que
dificilmente alguma madeira usada no séc.XX não tivesse já sido usada antes, em épocas em
que a madeira tinha uma importância fundamental na construção do mobiliário, e que por isso
este trabalho, que como já se disse visa a madeira, não ficaria prejudicado na sua qualidade e
rigor.
Pretende ainda fazer-se uma breve explicação do que é a madeira como entidade física, como é
formada e que tipos de madeira existem. Vai também fazer-se referencia a formas práticas de
identificação de madeira. Por fim vai fazer-se uma descrição dos nomes botânicos e dos nomes
3
vulgares nas diferentes línguas, características físicas e tipos de utilização de algumas
variedades de madeira utilizadas no mobiliário.
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1ª PARTE
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA
EGIPTO
As madeiras indígenas do Egipto como a acácea, alfarrobeira, palmeira, tamarindo,
figueira do egipto, salgueiro, chopo, sicômoro não eram as mais propícias para a construção
de peças de mobiliário mais fino, quer pelas suas características físicas quer pelo fraco
desenvolvimento das árvores o, que dava troncos de escassa dimensão e tábuas de pouca
largura. Apesar disso, os artesãos egípcios que se dedicavam à construção de mobiliário
tiravam o melhor partido possível destas madeiras para a confecção de peças de mobiliário
doméstico, mais simples, e para a confecção de caixões. Para isso aperfeiçoaram a técnica de
unir peças de madeira umas com as outras. A escassez de madeira no Egipto fazia com que esta
fosse um bem valioso e por isso muitas vezes era usada no mobiliário mais simples madeira
que hoje consideraríamos de refugo.
Mas o mobiliário no Egipto não era só feito de madeiras autóctones. Para o mobiliário mais
fino e de maiores dimensões a madeira era importada de outros locais. O ébano do Sudão, a
oliveira, figueira, zimbro, o cipreste, o cedro e o pinho da Fenícia e da Síria.
A técnica do folheado era já utilizada pelos egípcios na I Dinastia para cobrir a madeira de
menor qualidade. O folheado em placas de espessura considerável era fixado com cavilhas de
madeira, até que na XVII Dinastia apareceu o grude o que possibilitou , associado á evolução
das técnicas de corte da madeira, um folheado em placas muito mais finas com considerável
economia das madeiras de melhor qualidade. A técnica de encurvamento da madeira pela
acção do calor era também já dominada pelos artesãos egípcios.
GRÉCIA
Da Grécia não chegou até nós qualquer peça de mobiliário de madeira. A partir de pinturas em
vasos de cerâmica é possível imaginar o tipo de mobiliário utilizado. Sabe-se que não havia
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falta de madeira na Grécia e que a utilização desta no mobiliário é obvia, embora os gregos
usassem também outros materiais para a confecção do seu mobiliário,tais como a pedra e os
metais.
Na Grécia empregavam-se principalmente as madeiras autóctones como o cedro,o pinho e o
cipreste e algumas outras de diversas proveniências. A técnica do embutido, com madeiras
exóticas, era usada na decoração de algumas peças de mobiliário em madeira, assim como a
técnica do encurvamento da madeira pelo calor que era utilizada para os pés das cadeiras
“Klismos”.
ROMA
A influencia da Grécia faz-se sentir a todos os níveis no mobiliário romano de tal forma que
alguns tipos de mobiliário eram reproduzidos exactamente. A utilização de outros materiais
para além da madeira, tais como a pedra e os metais, foi também uma característica do
mobiliário romano. De tal forma que os romanos criaram uma nova técnica de trabalho do
bronze cinzelado que produziu exemplares de mobiliário com detalhes e elementos originais.
Os móveis de bronze adquiriram uma extraordinária importância uma vez que a maioria do
mobiliário de luxo se fazia daquele material.
Mas os romanos usaram também a madeira no mobiliário, principalmente nos armários e nos
leitos. Algumas delas foram encontradas carbonizadas mas em bom estado nas escavações de
Pompéia e de Herculano. As espécies de madeira empregues na construção de mobiliário em
Roma era variadissima e de grande riqueza, sendo quase todas oriundas das colônias e
províncias do Império.
BIZÂNCIO
No Império Romano do Oriente a madeira era o material mais importante na construção de
mobiliário. Mas dada a escassa duração deste material não chegou até nós qualquer exemplar.
O estudo do mobiliário deste período só foi possível através de peças em materiais mais
duráveis e através de registos pictóricos e representações gráficas.
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Sabe-se no entanto que a madeira de predileção era o carvalho que era utilizado também na
construção das peças mais representadas nos registos que eram os tronos e as cadeiras. Os
tronos eram em geral pesadas peças em madeira com baldaquino e forma arquitectónica,
colocados num estrado e com um banquinho para os pés. A decoração era vulgarmente pintada
mas a marchetaria com madeiras raras, o trabalho de torneado e a talha eram também
utilizados.
As técnicas e competência dos marceneiros clássicos foram preservadas no Império do Oriente
por isso supõe-se que as peças de mobiliário eram de elaborada confecção. Nos móveis de luxo
a madeira de carvalho era chapeada a marfim ou a metais preciosos. Nas casas mais modestas
as arcas eram rectangulares e de madeira, com construção almofadada em madeira pintada ou
marchetada, as camas de madeira tinham os pés torneados muito elaborados.
IDADE MÉDIA ROMÂNICA
Neste período da Idade Média o mobiliário adaptou-se naturalmente às necessidades vitais
daquela época conturbada em termos sociais e políticos. Os móveis tinham portanto na sua
concepção uma pura visão utilitária respondendo sómente ás necessidades práticas.
Os rudimentares métodos de construção produziam móveis muito toscos e sem cuidados
especiais na sua aparência. Sem ornamentação que não fosse as ferragens que asseguravam a
união das partes, eram simples e rústicos. Só a partir do séc XII o mobiliário começou a ser
mais bem construído e com maiores cuidados no seu aspecto, uma vez que agora o móvel
servia também como forma de distinção social. Passaram então a ser decorados com pinturas e
com talha com motivos inspirados na arquitectura. O torneado e a marchetaria eram técnicas
decorativas usadas nos móveis de influencia oriental ou mourisca.
No que toca à tipologia, a peça de mobiliário mais importante neste período foi a arca, que
aparecia tanto nas casas ricas como nas modestas e nestas a arca tinha por vezes função de
mesa e de cama para além de servir para arrumação.
A madeira de carvalho pela sua solidez e durabilidade era a mais utilizada na Europa naquela
época e principalmente nos povos do Norte. Na Europa Central usavam-se também a tilia e as
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madeiras macias dos Alpes enquanto que em Espanha o carvalho e a nogueira e o castanho
são as madeiras mais correntes assim como em França e Itália.A par destas variedades de
madeira era comum a utilização do pinho e outras madeiras inferiores.
IDADE MÉDIA GÓTICA
Neste período assim como no anterior a madeira é o material mais empregue na construção do
mobiliário, embora se utilizasse o ferro para a construção de algumas peças, particularmente
móveis de assento.
A madeira de carvalho é ainda a mais freqüentemente usada em quase toda a Europa e
sobretudo nas regiões mais setentrionais e será assim sem alterações até aos finais do séc.XV.
A nogueira era também utilizada em França e Itália, mas não tanto como o carvalho. No
Norte da Europa as madeiras próprias daquela zona como a tília, o pinho, o zimbro e o abeto,
eram também utilizadas com frequência. Em Espanha usava-se também o azinho em algumas
peças de mobiliário para além do carvalho e da nogueira .
A evolução deste período é acompanhada pela evolução das técnicas de construção. Novas
técnicas de unir as peças de madeira, permitem obter estruturas mais firmes e maior qualidade
de construção. O aparecimento na Alemanha da serra hidráulica permitiu aproveitar melhor a
madeira possibilitando o corte dos troncos em tábuas em vez de os fender com cunhas e depois
os desbastar com machados como era uso fazer até então. As tábuas grossas e pesadas que
serviam de frentes aos móveis, passaram a ser substituídas por armações rectangulares, onde
eram inseridos painéis de madeira, agora de espessura reduzida. Isto permitiu uma economia e
um melhor aproveitamento da madeira.
Na decoração dos móveis, a marchetaria desaparece quase por completo, sendo a talha, a
douragem e a pintura as formas de decoração mais utilizadas. As arcas continuam a ser a peça
de mobiliário mais comum nesta época, embora se tenham vulgarizado outras peças como o
armário.
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RENASCIMENTO
ITÁLIA
Foi em Itália que o Renascimento apareceu muitos anos antes de se expandir pelo resto da
Europa. Pode considerar-se que começou em Itália no séc. XIV, enquanto a Europa vivia ainda
no período Gótico.Deve mencionar-se que em Itália o Gótico não chegou a ser tão assimilado
como no resto da Europa e que por outro lado nunca chegou a perder a sua forte feição
Clássica.
No Renascimento os ideais foram alterados e o mobiliário sofreu as conseqüências disso. Antes
os móveis desenvolviam-se em altura e agora passam a desenvolver-se em largura como
expressão da serenidade clássica. A ornamentação, particularmente a talha, também se alterou.
Deixou de ser geométrica e de um naturalismo rígido e simbólico para passar a ser uma talha
mais natural e de simbolismo pagão. Houve também alteração na tipologia uma vez que no
Renascimento passou a haver um mobiliário civil com maior importância em oposição ao
mobiliário medieval que tinha um cariz eminentemente religioso.
As alterações introduzidas chegaram também à madeira utilizada para a manufactura de
mobiliário, sendo o carvalho,usado até aqui em primazia,substituído pela madeira de nogueira.
Podemos mesmo considerar que a nogueira foi a madeira do Renascimento,por ser uma
madeira que se presta admiravelmente à execução de talha,que passou a ser a principal técnica
de decoração do mobiliário. A marchetaria (Intarsia) com madeiras exóticas e materiais nobres
voltou a ser utilizada também. A nogueira é uma madeira mais macia e de veios mais finos
que o carvalho, tem cores quentes que são realçadas pelo seu brilho natural. Mesmo assim a
nogueira não é a única madeira a ser usada nesta época. No caso de móveis pintados ou
estucados a madeira podia ser o pinho ou o cedro. Além disso no mobiliário mais popular o
carvalho, o castanho e outras madeiras de qualidade mais inferior continuaram a ser
utilizadas. Estas madeiras de menor qualidade e mais correntes eram chapeadas na sua face
externa com madeiras mais nobres e exóticas, com maior qualidade decorativa. Neste caso o
ébano e o pau santo eram particularmente apreciados pela sua beleza e pelo acabamento que
proporcionavam ás superfícies.
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FRANÇA
Foi o primeiro paìs da Europa a adoptar o Renascimento Italiano por influencia da campanha
militar que Carlos VIII empreendeu em Nápoles em 1495. Quando regressou trouxe consigo
não só o saque que incluía mobiliário, mas também as idéias e o tipo de vida do Renascimento.
Portanto a iniciação deste Estilo em França tem lugar nos reinados de Carlos VIII e Luis XII e
tem o seu auge nos reinados de Francisco I (1515-1547) e Henrique II (1547-1610).
No reinado de Henrique II o Renascimento em França adquire uma identidade nacional que
culmina no reinado de Henrique IV e termina no reinado de Luis XIII onde se vai dar a
transição para o Barroco por influencia Flamenga.
Nas regiões do Sul da França a madeira mais utilizada nesta época passou a ser a nogueira,
enquanto que nas regiões do Norte o carvalho continuou a ser a madeira mais utilizada. Mais
para o final do período o ébano começou a ser muito utilizado como madeira exótica para além
de outras madeiras também importadas. A utilização da madeira de ébano deu origem ao nome
de Ébenista, que passou a designar os marceneiros mais especializados e que faziam a
decoração e acabamento dos móveis, enquanto que os marceneiros se encarregavam do
trabalho com as madeiras mais correntes, na construção das estruturas dos móveis.
ESPANHA
O Renascimento chegou a Espanha já no séc.XVI. Apesar das influencias recebidas de Itália,
França, Alemanha e Paises Baixos serem muito fortes, o mobiliário Espanhol do Renascimento
teve um estilo característico pela forma e decoração utilizadas. Exemplos disso são o
mobiliário Mudejar de influencia Mourisca, e a decoração com marchetaria “plateresca” usada
nos contadores “vargueño”.
Também em Espanha a madeira de nogueira era a mais representativa neste período. E como o
inicio deste período do Renascimento Espanhol coincidiu com o descobrimento da América,
deve assinalar-se que o mogno chega a Espanha no final do período e muito antes de chegar ao
resto da Europa. O pau-santo e outras madeiras com origem no Novo Mundo também se usam
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em marchetaria e chapeados, assim como o ébano. Mas estas não são as únicas madeiras
usadas em Espanha na manufatura do mobiliário, visto que em Espanha existe uma grande
variedade de espécies como o carvalho, a azinheira, o castanho e o pinho.
INGLATERRA
O Renascimento chegou tardiamente a Inglaterra, quando em Itália e em França este tinha já
um pleno desenvolvimento. Inglaterra, situada na orla cultural do Norte da Europa, recebe este
novo estilo principalmente por influencia da Flandres.
É com Henrique VIII (1498-1550) que se inicia este estilo em Inglaterra e que vai depois
prolongar-se pelo reinado de Isabel I (1558-1603) no qual vai atingir o seu maior
desenvolvimento. Pode dizer-se que a influencia do Renascimento em Inglaterra se fez sentir
até muito tarde naquele país, praticamente até quase ao final do séc.XVII, visto que a transição
para o Barroco só se faz sentir com Jaime II em 1685.
É no reinado de Jaime I (1603-1625) que o Renascimento Inglês inicia a sua expressão no
estilo Jacobino, que perdura no reinado de Carlos I e na República de Cromwell. O estilo
Jacobino é pois um estilo de transição entre o Renascimento e o Barroco. A transição para o
Barroco dá-se a seguir com Jaime II. É a chamada época do carvalho em Inglaterra porque
esta é praticamente a única madeira utilizada. Só no período da Republica de Cromwell é que
aparece a nogueira que vem dos paises do Sul, por se adaptar melhor ao torneado e á talha.
ALEMANHA
O Renascimento chega à Alemanha pela influencia de Itália e da Flandres. Esta influencia
justifica-se pela proximidade geográfica da Flandres, com a qual tem fronteiras a Norte, e da
Itália a Sul. Uma vez que as influencias são diferentes, o desenvolvimento do estilo também
vai ter as suas diferenças.
Os “Kleinmeisters”, desenhadores de ornatos, foram os que mais influenciaram a decoração
dos móveis visto que seguiram com avidez o exemplo dos artistas Italianos, substituindo os
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ornatos Góticos pelos Clássicos. É nos centros do Sul, Nuremberg e Augsburg que o mobiliário
Alemão alcança o seu apogeu no Renascimento por influencia Italiana e através de Flötner que
em 1540 introduz, depois da sua estadia em Itália, as novas tendências.
Tal como em qualquer época, é certo que os materiais pela sua proximidade e disponibilidade
influem muito no desenvolvimento do carácter do mobiliário, mas na Alemanha isto é
particularmente verdade neste período. Assim e no Sul usavam-se as madeiras macias de
coníferas como o pinho o abeto e o larício, chapeados com a tília e o freixo, até que por volta
de 1600 se inicia a utilização da nogueira. Nas regiões do Norte pelo contrário as madeiras
duras eram as mais utilizadas tais como o carvalho que é dominante. Só a partir do séc.XVII é
que se começa a utilizar o ébano como nos outros paises da Europa.
Sendo assim, verifica-se que existe uma diferença acentuada entre o mobiliário Alemão do
Renascimento do Norte, que se assemelha mais ao dos Paises Baixos e do Norte da Franca e
Inglaterra, e o do Sul, que se assemelha mais com o do Norte de Itália.
FLANDRES
Os Paises Baixos começaram a sentir a influencia do Renascimento no séc XVI embora o estilo
Gótico tivesse perdurado até à segunda metade daquele século. Como país rico e burguês com
importantes trocas comerciais com outros paises e com as suas colónias, vai ter um
desenvolvimento importante na arte da construção do mobiliário.
O mobiliário da Flandres desta época tem características muito próprias onde se fundem o
caráter prático com a elegância e beleza, sem ser excessivamente sumptuoso, e com a excelente
qualidade de construção.
A madeira de carvalho começou a ser substituída pela de nogueira à medida que a nova
estética do Renascimento se impõe. Já em plena época a madeira de ébano fez a sua aparição,
e pela sua extraordinária dureza e dificuldade em ser trabalhada e ainda por ser cara, exigiu
uma evolução na técnica da sua utilização que faz surguir a Ébenisteria como Ofício, à
semelhança do que acontecia em França. Os Ébenistas vão levar até à perfeição as técnicas em
uso na construção, decoração e acabamento dos móveis. O pau-santo e outras madeiras raras
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chegavam á Flandres através do comércio regular com as Índias, e eram usadas em placagem
de outras madeiras mais vulgares.
SÉCULO XVII – TRANSIÇÃO PARA O BARROCO
FRANÇA
LUIS XIII
Na história do mobiliário existe um período claro de transição do Renascimento para o Barroco
que começou em Itália muito antes de ter começado no resto da Europa, mas é em França no
reinado de Luis XIII (1610-1661) que adquiriu maior singularidade. Este período corresponde
a uma época em que paira nas mentalidades e atitudes uma certa tristeza, severa e grave. O
próprio monarca é uma figura apagada e triste que é ultrapassada pela figura do Cardeal
Richelieu. Esta conjuntura vai influenciar o estilo do mobiliário da época, por isso os móveis
são austeros, pesados na sua opulência e sobriedade onde não existe o luxo na decoração,
dando a impressão de apenas servirem uma utilidade prática. A influencia Espanhola através da
Rainha Ana de Áustria filha de Filipe III de Espanha, tem grande importância na sobriedade e
austeridade mencionadas.
Contudo, é com Luis XIII que surgem novos tipos de mobiliário tais como as cômodas, as
secretárias, as “chaise longe”, o “lit de repôs”, o canapé, os roupeiros e louceiros, peças estas
de menores dimensões e mais fáceis de deslocar e que facilitavam a arrumação e decoração de
interiores.
As madeiras mais utilizadas neste período em França são o carvalho e a nogueira, mas no
final do reinado de Luis XIII começou a usar-se mais o ébano do que se usava até ai. Para as
estruturas dos móveis e para os armários usavam-se madeiras indígenas e menos nobres como
o choupo. A pereira e a madeira das fruteiras também eram utilizadas escurecidas. Também
se fazia a placagem com pau roxo (amaranto).
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BARROCO – SÉC. XVII
ITÁLIA – (1600-1690)
O berço do Barroco foi a Itália tanto na Arquitetura como no mobiliário onde as primeiras
expressões se começaram a revelar ainda no séc. XVI. A gradual modificação da vida das
pessoas e os novos costumes da burguesia e da côrte exigem agora uma maior exuberância,
riqueza e comodidade nos móveis. Por outro lado, o aperfeiçoamento das técnicas e a
introdução de novos materiais e madeiras exóticas como o mogno, e a criação de novos tipos
de mobiliário, impõem um novo estilo. Estilo este que promoveu uma nova traça mais flexível
e que transmitia movimento ao desenho do mobiliário. É um corte com a linha recta do
Renascimento, a estática transforma-se em dinâmica, e as grandes superfícies planas fazem-se
curvas. Começa a dar-se mais importância à aparência, à exibição e ao luxo ostentoso.
Mas em Itália, onde se estava demasiado apegado às regras e normas do Renascimento, não é
permitido mais do que a evolução natural das antigas estruturas, e poucos tipos novos de
mobiliário vão aparecer.
No que toca às madeiras utilizadas, a nogueira continua a ser a madeira mais utilizada para
além do carvalho. O ébano é também muito usado para além de outras madeiras exóticas
importadas como o pau-santo e o mogno.
FRANÇA
LUIS XIV – (1661-1715)
É a França que há de ditar as normas do móvel Barroco em toda a Europa, apesar de as modas
da côrte Francesa terem sido influenciadas pelo gosto Barroco Italiano. O Estilo Luis XIV
representa a plenitude do Barroco do séc.XVII em França. É um estilo ditado puramente pelo
gosto do Monarca – Rei Sol – onde este exerce a sua influencia pessoal a todos os níveis da
Arte.
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Este estilo espalha-se por todo o continente através da produção de peças feitas nas
manufaturas de Gobelins que foram fundadas em 1662 e onde se juntaram a trabalhar os
melhores artistas e artesãos da época incluindo os Ébenistas. O Director destas indústrias,
Charles Brun, teve uma importância decisiva na forma como as artes e o estilo evoluíram.
Como já se viu o Estilo Luis XIV era um estilo áulico mas que era reproduzido pela burguesia,
com mais modéstia, em móveis em que a madeira não era tão ricamente decorada e a talha se
baseava em motivos mais populares. Neste estilo a madeira mais utilizada para os móveis da
côrte era a nogueira, que era dourada quase sempre. No mobiliário burguês a nogueira não
recebia o processo de douragem normalmente, e eram utilizadas também outras madeiras como
o carvalho e a faia para o mobiliário de assento. A madeira para a construção dos grandes
móveis, como os armários e as bibliotecas continuava a ser o carvalho.
A madeira de carvalho era cortada em toros e deixada a secar vários anos. Depois os toros
eram cortados em pranchas no sentido do comprimento e colocadas em pilhas com as tábuas
intercaladas por calços para que o ar circulasse e ajudasse a secagem. Estes tratamentos
rigorosos tinham o objetivo de evitar a deformação posterior da estrutura dos móveis que ia
servir depois de base para a placagem e marchetarias. Era portanto sobre uma estrutura, que
graças às técnicas de construção apuradas e às novas técnicas de secagem da madeira, era de
uma solidez a toda a prova, que se colavam as madeiras de placagem ou a marchetaria.
Para as cadeiras a madeira de nogueira continua a ser a preferida por ser mais dócil que o
carvalho para o trabalho de entalhador. Mas no final do séc.XVII e à medida que os motivos
esculpidos vão sendo menos exuberantes e abundantes, a madeira de faia começa a
generalizar-se para a construção de mobiliário de assento como as cadeiras e os “fauteuils”,
pela sua durabilidade e resistência aos choques. A placagem em ébano tão em voga no estilo
Luis XIII, é substituída progressivamente, por placagem e marchetaria em madeiras das Ilhas
em cores contrastantes.
FLANDRES -(1550-1690)
Nesta época, e com o final do domínio Espanhol, a Flandres era uma região rica com um
grande domínio dos mares. Esse domínio possibilita a facilidade de trocas mercantis de
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produtos do Oriente, sendo que na altura a Flandres era a porta de entrada na Europa de todos
os produtos vindos daquelas paragens. Isto fez crescer na Flandres uma classe burguesa de
prósperos mercadores que detinham o poder e dominavam o gosto e a moda. Sendo pessoas de
trabalho, embora ricas, tinham um gosto simples, austero e sem ostentação, o que determinou a
evolução do mobiliário Barroco na Flandres.
O uso do folheado foi desenvolvido pelos ébenistas da Flandres e as marchetarias naturalistas
com motivos de flores e de frutos, que pareciam verdadeiras pinturas, eram muito usados na
ornamentação do mobiliário.
As madeiras mais utilizadas eram o carvalho e a nogueira. A nogueira era também utilizada
em placagem assim como o pau santo e o ébano. As madeiras de fruteiras, limoeiro, pereira,
cerejeira, amendoeira, laranjeira e amoreira, em conjunto com o ébano eram utilizadas em
embutidos. Na marchetaria a nogueira era utilizada assim como a oliveira e a tília. O
castanho e a sorveira eram também usadas em algumas peças de mobiliário.
INGLATERRA
Em Inglaterra este período do Barroco do séc.XVII, engloba três estilos, a referir:
• O Estilo Jacobino de 1603 a 1660
• O Estilo Restauração de 1660 a 1670
• Estilo William and Mary de 1670 a 1695
O Estilo Jacobino tinha ainda um grande cariz Renascentista embora as influencias do
Barroco fossem já sentidas naquela primeira metade do século. Os períodos conturbados da
guerra civil e da Républica de Cromwell, em boa verdade atrasaram o processo de adopção do
estilo Barroco. Que só veio a recomeçar em 1660 durante o reinado de Carlos II com o estilo
Restauração. O estilo Jacobino pode pois ser considerado um estilo de transição do
Renascimento para o Barroco.
No Estilo Restauração, a influencia chegou via Holanda devido ás boas relações e trocas
comerciais entre essas duas nações Européias e porque Carlos II esteve exílado na Holanda
assim como esteve em França. É de referir o contributo de algumas características do
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mobiliário Português do séc.XVII, que influenciaram o mobiliário Inglês desta época, através
da Rainha Catarina de Bragança que era portuguêsa. O reinado de Carlos II não pode, no
entanto,considerar-se que seja já um período de pleno Barroco.
Segue-se outro período de indefinição no reinado de Jaime II (1665-1670) e que corresponde
ao final do estilo Restauração. O primeiro estilo Inglês que se possa considerar
verdadeiramente inserido no espírito do Barroco foi o de William and Mary, já no final do
séc.XVII, e com forte influencia Flamenga através de Ghilherme de Orange que era Holandês.
É por isto que se pode afirmar que a verdadeira expressão do Barroco em Inglaterra se
manifesta já tarde.
A madeira mais utilizada na primeira metade do século continua a ser a de carvalho, mas a
partir dai e à medida que o Barroco começa a ser introduzido a nogueira começa a estar na
moda. O pinho era também usado para fazer arcas e cofres de viagem que eram forrados a
couro. Os carpinteiros foram dando lugar aos ébenistas à medida que as técnicas da placagem e
da marchetaria iam passando a ser mais utilizadas. A placagem era feita com madeiras como o
freixo, o pau violeta e a oliveira. A madeira de espinheiro e a raiz de nogueira eram
utilizadas para fazer embutidos em madeiras contrastantes.
ALEMANHA – (1610 a 1680)
O Barroco chegou à Alemanha, através das suas fronteiras com a França e com a Flandres, em
meados do séc. XVII, em conseqüência do intercambio de artistas entre estes Paises.
A madeira de nogueira é ainda a mais utilizada em conjunto com as madeiras nacionais do Sul
como o pinho, o abeto e o larício. Estas madeiras eram enriquecidas em marchetarias e
embutidos de madeiras exóticas e ébano.
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ESPANHA
As influencias do Barroco começam a fazer-se sentir em meados do séc.XVII. Tal como na
Europa a indústria do mobiliário em Espanha tem escolas, com diferentes tendências e
influencias nas diferentes regiões do país. Na Galiza as influencias mais importantes são as de
Portugal e Inglaterra, na Catalunha de Itália, na Andaluzia de Inglaterra também. A Escola
Salmantina ou Churriguerresca (por influencia de José Churrigerra) foi sem duvida a mais
representativa do Barroco em Espanha. No reinado de Carlos II desenvolve-se um Barroco
mais nacional em que o nome de José Churriguerra está indissoluvelmente associado.
As madeiras utilizadas no mobiliário Espanhol do Barroco do séc.XVII são em primeiro lugar
a nogueira depois o carvalho e por ultimo o castanho, para além do pinho que se usava
escurecido ou coberto com plaqueados de outras madeiras. O ébano e o mogno, que chegou a
Espanha muito antes de ao resto da Europa, eram também usados mas somente em plaqueados.
PORTUGAL
O mobiliário Barroco Português do séc.XVII foi pela sua originalidade e pelos motivos
decorativos utilizados o único mobiliário Português que se impôs pelo seu caráter muito
próprio. O séc.XVII em Portugal sob o aspecto político e económico foi um período difícil
marcado pelo domínio da corôa espanhola seguido das guerras da restauração. Para compensar
o isolamento em relação à Europa, os contactos com o oriente são intensificados, o que vai ter
influencia no mobiliário conferindo mais exotismo e originalidade.
A primeira metade do século que corresponde ao período Filipino (Maneirismo-Barroco
Inicial), produziu peças de caráter mais austero com linhas mais retilíneas, sem volumes
salientes, de regra mais clássica, com torneados mais singelos. Na segunda metade do século
(Barroco) o mobiliário torna-se mais exuberante, os torneados tornam-se mais volumosos e
com mais movimento com grandes bojos e estrangulamentos vincados. É neste período que o
mobiliário português adquire características de maior personalidade e originalidade
destinguindo-se de todos os estilos europeus, de tal forma que Robert Smith lhe chamou
“Estilo Nacional Português”.
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Na tipologia dominante destingem-se os contadores cuja caixa com gavetas à vista geralmente
decoradas, se ajustava a uma trempe, bufetes, as cadeiras e os leitos que nesta época
rivalizavam em beleza com o melhor que se fazia na Europa. Para a sua confecção , assim
como para muitas outras peças de mobiliário, escolhiam-se madeiras exóticas entre as quais
predominava o pau santo cuja essência dura e lustrosa permitia aos artesãos mostrarem a sua
perícia na execução dos “goivados” e dos “tremidos” .
O mobiliário Indo-Português assumiu em todo o séc.o estatuto de mobiliário de luxo, visto que
as peças vindas do oriente não eram abrangidas pelas leis de austeridade Filipinas, o que tornou
estas peças de particular fascínio. As peças encomendadas na Índia tem formas ocidentais mas
utilizam madeiras e algumas técnicas de construção e temas orientais atingindo portanto uma
especificidade própria e que se pode considerar um estilo híbrido muito peculiar.
Na primeira metade do século as madeiras da terra, o carvalho, o castanho, e a nogueira eram
as mais utilizadas. A estas vêm juntar-se as de fora, o pau santo, o pau rosa, o ébano, o
Gonçalo-Alves e o vinhático. Na segunda metade do século as madeiras mais usadas eram a
nogueira, o carvalho, o castanho, o vinhático, o pau santo, e a sucupira. No mobiliário
Indo-Português as principais madeiras utilizadas são o ébano o pau santo, a sucupira, o sissó
e a teca
BARROCO DO SÉC.XVIII
FRANÇA
Estilo Regência –1700-1723
É o estilo de transição entre os estilos de Luis XIV e Luis XV, cujo nome lhe é atribuído pelo
período de Regência do Duque de Orléans. Apesar de ser um estilo que deu os seus primeiros
passos ainda no reinado de Luis XIV quando este mandou redecorar algumas divisões do
Palácio de Versailles. Com a regência do Duque a côrte mudou-se para Paris e a vida começou
a ser diferente. Perdeu-se a pompa o fausto a opulência e o formalismo que eram obrigatórios
com Luis XIV. A burguesia é que ditava agora a moda na direcção do gosto pela leveza e
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elegância associados ao conforto, com um estilo de vida mais tolerante e livre. Os ambientes
tornam-se mais leves e íntimos e por isso o mobiliário passa a ser de dimensões mais reduzidas
e mais confortável. Há quem considere que esta época não corresponde a um estilo mas sim a
um período no qual se deitou à terra a semente do Rocaille.
Neste período a madeira de nogueira continua a ser utilizada, principalmente no Norte e no
Oeste para os “beaux meubles” e cadeiras, por ser mais fácil de trabalhar na talha. O carvalho
continua a ser a madeira de base para a maior parte dos grandes móveis , armários e buffets.
No mobiliário do Sudoeste, cujo centro é Bordéus começa a utilizar-se o mogno.
A faia apesar de ser considerada uma madeira inferior, é flexível e resistente e por isso muito
usada não só no mobiliário da província mas também no mobiliário de assento da côrte, na sua
própria cor ou dourada. A tília também se usa dourada, e aliás, por os seus veios e contra-veios
não contrariarem o trabalho de talha, era a madeira considerada ideal para acabamentos a
dourado, que se utilizava nas consolas e nas molduras de quadros e espelhos.
As madeiras das fruteiras como a cerejeira o limoeiro e a pereira também se utilizavam. A
pereira enegrecida acabou por substituir quase completamente o ébano que por ser mais caro
e difícil de trabalhar caiu em desuso.
O abeto servia para a construção de móveis correntes e para mobiliário marchetado com outras
madeiras. Na marchetaria usavam-se madeiras exóticas como o pau cetim, pau santo, pau
roxo, pau rosa, pau violeta, e também madeiras indígenas como o padreiro e o limoeiro, e
ainda raízes de olmo.
Estilo Luis XV – 1723-1774
O período do Rocaille Francês corresponde á época de ouro do mobiliário Francês. O pacífico
reinado de Luis XV foi um período de desenvolvimento das artes e das ciências, com a
construção de novos Palácios e o reflorescimento da pintura e da escultura. Tudo isto numa
conjuntura social e política propícia a uma forte mudança e evolução. Desde o inicio do
Séc.XVIII que o desejo de mudança aponta na direção de rejeitar tudo o que invocava a
inflexibilidade e o rigor de Luis XIV, e na tentação pelas formas que ainda faltava inventar. Foi
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portanto a rejeição das linhas retas e riguidas, da simetria, com a opção pelas linhas curvas e
assimétricas que apesar de parecerem caóticas tem um admirável equilíbrio na sua aparente
desordem.
As pernas dos moveis passam de direitas a curvas em S ou “á cabriolet”. O mobiliário passa
portanto a ser airoso, leve, claro e alegre apesar de exuberante o que joga perfeitamente com o
ambiente social. Esta mudança no estilo do mobiliário reflete também o talento dos ébenistas
que foram os responsáveis pela interpretação do espírito da época e de o traduzirem na sua arte.
Para os grandes móveis a madeira mais utilizada continua a ser o carvalho porque assegurava
estruturas sólidas. Era também utilizado para estruturas de outros móveis que eram
marchetados e folheados para os quais se utilizava também o abeto e a tília. Para as cadeiras
usava-se a faia pintada ou dourada, por ser maleável e resistente. A nogueira continuava a
usar-se para o mobiliário entalhado.
A marchetaria toma grande importância neste período uma vez que a importação de madeiras
exóticas oferece uma grande escolha de cores variadas, o que permite aos ébenistas fazer
autenticas pinturas em madeira. O mogno, o pau santo e a sua variante pau violeta, o pau
rosa, o pau cetim, o sândalo e a macacaúba, que eram importadas, eram utilizadas em
conjunto com madeiras nativas como a oliveira, buxo, uva-espim, junquilho, e o bordo. As
madeiras das fruteiras como a cerejeira brava, pereira, limoeiro, e ameixeira eram também
usadas em folheados e em marchetarias.
ITÁLIA
Em Itália o estilo rococó apresenta-se como uma interpretação exagerada do Rocaille e
produziu verdadeiros exageros na exploração das linhas e tendências decorativas do rococó
Francês.
A madeira de nogueira passa a ser a mais utilizada neste período.
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INGLATERRA
Em Inglaterra o Rococó não passou de uma breve fantasia. Com esta época chega o momento
do apogeu no mobiliário Inglês. Houve alguns factores que tiveram influencia decisiva, como o
facto de a nação entrar em período de paz e estabilidade; a introdução do mogno, cuja
facilidade em ser trabalhado, finura e beleza fazem dela uma madeira muito apreciada; e por
ultimo a acção de um grande artista Thomas Chippendale.
Chippendale que vem de uma antiga família de ébanistas nasce em 1718, trabalha durante os
reinados de Jorge II e Jorge III e morre em 1779. Com Chippendale a Arte burguesa torna-se
evidente e a sua influencia estende-se também a outros paises da Europa. O mobiliário
palaciano da época foi grandemente influenciado por William Kent. O seu estilo era
arquitetural e pesado, estava carregado de ornamentos clássicos.
As madeiras que usava em certas peças, além do mogno, como a faia e o pinho podiam ser
elaboradamente entalhadas e depois douradas. Estas madeiras macias eram muito apetecidas
pelos insetos xilófagos e por isso poucas peças sobrevivem hoje.
Estilo Queen Anne
No reinado da Rainha Anne (1702-14) chega-se ao estilo chamado de “Queen Anne”, o
primeiro estilo barroco puro, sóbrio, simples, racional, elegante e confortável. Caracterizava-se
pela acentuada preferência pela simplicidade e beleza das linhas onde a ornamentação tinha um
papel secundário.
É um período de acalmia entre dois estilos mais exaltados, o W. and Mary e o Early Georgean,
onde se difunde e é característica a perna em forma de S alongado. Esta perna, que era usada
como suporte em todos os tipos de cadeiras e mesas, era cortada numa peça única de madeira
de secção quadrada.
A nogueira continua a ser a madeira mais usada durante o reinado da Rainha Anne. É o ultimo
estilo do período da nogueira. Com o emprego deste tipo de madeira nasce a técnica da
placagem em Inglaterra que substitui muitas vezes a madeira maciça. Alguns moveis mais
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preciosos são plaqueados a pau violeta, freixo e oliveira, trabalhados de maneira a tirar
partido da beleza natural da madeira. A raiz de nogueira era também utilizada.
Estilo Georgiano
O reinado de Jorge I inicia o período longo do Estilo Georgiano que dura 110 anos de1720 a
1830 e que inclui vários estilos com tendências que vão do barroco ao neoclássico. O Early
Georgean ou Georgiano primitivo que dura de 1720 a 1740; o Chippendale que vai de 1740
a 1760. Este estilo continua na segunda metade do século XVIII na corrente estética do
Neoclássico com os estilos de Adam e Hepplewhite (1760-90) e Sheraton (1780-1800) e que
vão ser tratados no período do Neoclássico.
Early Georgean
No reinado de Jorge I, a influencia do arquiteto e projetista de móveis William Kent, trás um
estilo de grande exuberância que tem muito a ver com o barroco Italiano, muito escultural com
talha muito profunda e decoração variada. Durante esta primeira época do Estilo Georgiano
(Georgiano primitivo) o trabalho de talha passou a ser mais elaborado e o uso do mogno
passou a substituir a nogueira. É o estilo que inicia o período do mogno.
A escassez de nogueira vinda de França por causa do embargo que os franceses colocaram a
Inglaterra, provocou uma maior procura de alternativas. Os construtores de mobiliário
passaram a importar a nogueira da Virginia, até que em 1721 foi abolido o imposto que incidia
nas madeiras das colónias inglesas na América central e Índias ocidentais, o que incentivou a
utilização do mogno das Antilhas, e que veio a ter grande aceitação por parte dos construtores
e dos clientes. Assim sendo, em 1725 é introduzida a madeira de mogno que se impõe como a
madeira de eleição para o mobiliário. Muito resistente, e refratário às picadas dos insectos da
madeira, adquire brilho mais facilmente que a nogueira e quando tingido adquire uma cor
avermelhada muito apreciada. Não é fácil de utilizar em placagem mas presta-se muito bem ao
trabalho de entalhador.
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Chippendale
O reinado de Jorge II trás um estilo de puro e perfeito barroco Inglês, o Estilo “Georgian” que
é caracterizado pelo desempenho de Chippendale. É nesta altura que o mobiliário Inglês,
aburguesado e confortável, se destaca definitivamente com características próprias, do
mobiliário Barroco do continente.
O mobiliário torna-se mais rico em talha e decoração desaparecendo os torneados e as
marchetarias. Em geral o mobiliário Barroco Inglês caracteriza-se pela sua linha estrutural
lógica, pela elegância do conjunto e pela continuidade da silhueta mais que pela riqueza e
profusão da talha que não chega a ser tão exagerada como no continente. O dinamismo do
Barroco em Inglaterra é muito contido.
Chippendale conseguiu conciliar a arte da concepção do mobiliário com a sua
industrialização.Criou uma firma para a comercialização das suas linhas de mobiliário que
eram acessíveis a um grande número de pessoas de diferentes estratos sociais. As peças mais
características do seu estilo, embora fizesse todo o tipo de móveis, eram as cadeiras. O seu
estilo sofre ao longo deste período influencias de três fontes diferentes a referir: do Rocaille
Francês; do exotismo do oriente e particularmente da china; e do revivalismo do Gótico.
Chippendale adopta com caráter quase absoluto a madeira de mogno, passando esta a ser a
madeira da época. Trata-se de uma madeira que com o tempo e uso adquire uma bela patina, é
sólida, fácil de trabalhar até na talha onde a sua rijeza e veio apertado permitem um trabalho
minucioso, com grande variedade de tons e veios, e que permite fazer tabuas largas para
tampos de mesas e ilhargas de guarda fatos, para alem de resistir bem ao apodrecimento. É de
mencionar que o mogno não era utilizado no mobiliário eclesiástico. Era possível distinguir
diferentes variedades como o mogno de cuba, e o mogno de São Domingo mais escura, sendo
a primeira mais fácil de trabalhar e mais fina. Os grandes planos dos móveis eram chapeados
com madeiras exóticas ou eram lacados ou dourados.
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ALEMANHA
O Estilo Rococó foi avidamente adotado na Alemanha, que na altura estava dividida em vários
estados. Mas como cada príncipe estava interessado em impôr na corte o seu gosto pessoal
havia muitas variações. Os dois estilos com mais definição foram o Rococó Bávaro e o
Rococó Fredericano (ou Potsdam) que se desenvolveu no norte de 1740 a 1760.
Kambly, Hoppenhaupt e Cuvilliés são os artistas que caracterizam mais fortemente este
período do barroco na Alemanha. O Rococó Alemão teve como característica um exagero dos
modelos quer de França quer de Inglaterra .
A madeira de nogueira e as madeiras nacionais do sul continuam a usar-se como as principais,
enriquecidas com marchetarias e embutidos de madeiras exóticas. Usava-se também o mogno
para as cadeiras.
ESPANHA
É com Filipe V - Príncipe Francês que inicia a dinastia dos Borbons - que as tendências do
Rocaille Francês são assumidas em Espanha , e isto observa-se principalmente nos móveis da
corte.
Em 1759 quando Carlos III (VII de Nápoles) regressa a Espanha trás consigo de Itália os
artistas e mobiliário dos seus palácios que é de Estilo Luis XV. Deve referir-se que Carlos III
regressa impressionado com as recentes descobertas nas escavações de Pompéia, e é por isso
que no final do seu reinado assim como no resto da Europa acontece um retorno ao gosto
clássico (Neoclássico). É através destas duas fortes influencias, a Francesa e a Italiana que o
móvel espanhol vai perdendo a rigidez e austeridade que o caracterizavam, para nunca mais
voltar a criar peças com caráter que possam voltar a fazer escola.
O mobiliário da corte e da aristocracia era encomendado principalmente em França, e o
mobiliário nacional limitava-se a imitar o importado, mas com uma execução deficiente. As
madeiras utilizadas continuam a ser a nogueira e o mogno como as mais nobres, e o carvalho
e o castanho e o pinho bravo, que são abundantes em Espanha, para o mobiliário popular.
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Não se deve esquecer que o mobiliário da côrte e da aristocracia vinha de França e por isso era
feito com as madeiras aí usadas na época.
PORTUGAL
O Rococó encontra em Portugal a sua expressão nos Estilos de D. João V (1706-1750) e de D.
José I (1750-1770) que são estilos com interpretações nacionais das influencias recebidas de
Inglaterra e França. Os estilos de mobiliário em Portugal foram influenciados pelos acordos
mercantis com Inglaterra e pelo já duradouro comércio com as Índias e com a América do sul.
A influencia do Rocaille francês foi adaptada em formas menos exuberantes e com muitos
elementos do mobiliário inglês. Só na côrte de D. João V é que o rococó foi acolhido com toda
a sua riqueza.
Em Portugal vive-se uma época de grande cosmopolitismo. As riquezas do Brasil possibilitam
uma grande abertura à Europa de onde vêm móveis e artistas de todas as áreas. D. João V
como grande mecenas fêz encomendas sumptuosas. Os marceneiros portugueses sentiram
grande empatia pelo Rococó e com a sua singular capacidade de adaptação das influencias
estrangeiras imitaram e recrearam-nas misturando estilos, ajudados pela qualidade das
madeiras do Brasil que permitiam todos os virtuosismos. No fundo, nacionalizaram todas as
influencias conseguindo peças plenas de expressividade e inconfundíveis. As cadeiras dos
estilos ingleses Queen Anne e Chippendale foram reinterpretadas numa forma
inconfundivelmente portuguêsa, muitas vezes em pau santo em vez de nogueira
Os móveis portugueses desta época caracterizam-se por terem uma tendência utilitária apesar
de serem ricos em talha. Que pode ir da pujança e plasticidade barroca à finura da interpretação
Rocaille da talha no estilo D. José, de baixo relevo mas precisa e preciosa, especificamente
Nacional. O partido tirado das superfícies lisas, onde se deixa a madeira falar, sem serem
necessários elementos decorativos, também é uma característica deste estilo.
Tal como nos outros paises da Europa a idéia de conforto acentua-se. E à medida que se vai
impondo essa ideia novas tipologias vão aparecendo. São de destacar como mais característicos
em Portugal o mobiliário de assento e sem duvida a cómoda, que apesar de não ser uma nova
tipologia, adquire formas e funções nunca antes exploradas. Têm na sua maioria gavetas até ao
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chão e podem ser papeleiras com ou sem alçado, que pode ter uma infinidade de variações das
quais se deve destacar o oratório.
Inicia-se a moda dos marchetados com madeiras claras, como o pau rosa e o espinheiro, por
influencia do rocaille. A madeira de pau santo, e as suas variações, é a mais utilizada embora
se use também a nogueira. O carvalho continua a ser usado mas coberto com acharoados e
dourados. O castanho também se usava pintado e dourado.
PAÍSES BAIXOS
Durante a primeira metade do séc.XVIII o mobiliário Inglês era muito apreciado na Holanda.
Por isso o mobiliário Holandês têm muito em comum com o Inglês. A nogueira era escolhida
para as peças de maior qualidade. Em alternativa usavam-se as madeiras de laburno, acácia ou
outras madeiras exóticas.
NEO-CLÁSSICO
FRANÇA
Em finais do séc.XVIII surge na Europa o Néo-Classicísmo em conseqüência dos achados
históricos de escavações feitas em Pompéia e Herculano,que estimularam um exaltado culto
pela antiguidade clássica.
É ainda no reinado de Luis XV, quando a sociedade aristocrática começou a ficar cansada do
Rocaille, que se inicia uma reacção ao dinamismo do Rococó, e se observa que o mobiliário
começa a ser menos exaltado e mais equilibrado. As linhas curvas e revoltas do Barroco
passam a ser rectas e repousadas e a sua decoração passa a ser mais austera e clássica.
No final do século com o reinado de Luis XVI os móveis são cada vez mais númerosos e a sua
técnica chega a uma perfeição máxima. A habilidade dos artífices franceses chega ao seu
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apogeu. A grande variedade de materiais era utilizada com extrema perícia. O móvel não perde
o seu caráter francês e os modelos são perfeitos, com uma grande pureza de linhas, equilíbrio e
proporção. O retorno ao clássico não é brusco porque se enlaça com o estilo anterior. O estilo
Luis XVI que não é mais do que a primeira fase do Neo-Clássico, é portanto um estilo de
transição entre o Rocaille de Luis XV e o estilo que surge após a revolução francesa que ao
acabar com a monarquia procura renovar os costumes das antigas repúblicas Grega e Romana.
Surge o Estilo Directório (1795-99) e mais tarde o Consulado , que são evoluções do Neo-
clássico em direcção ao Estilo Império que é o culminar da tendência neo-clássica já no
séc.XIX. Após a revolução o mobiliário torna-se mais severo e menos rico. Abandona-se a
marchetaria e outras técnicas decorativas mais ricas. Aparecem novos modelos que podiam ser
“a la grega”, “a la etrusca”, “revolucionaria” etc.. No fundo são modelos Luis XVI
simplificados e ornamentados com símbolos revolucionários.
Nesta altura em França o mogno era já uma madeira insubstituível e que se usa agora quase
sempre na sua cor original, embora possa aparecer pintado em cores claras. No entanto o
carvalho, a faia , a nogueira e o castanho e a cerejeira ainda são utilizadas. Utiliza-se as
madeiras exóticas em placagem, tais como o sapeli, pau rosa, e o pau santo. As bordaduras
escuras dos tampos ou mesmo os grandes planos são em pau santo e ébano. Os filetes em
madeiras claras e rosadas. Folheados em tuia e pau rosa de Timor (amboyna). As
marchetarias em pau rosa, pau violeta, pau roxo, e pau cetim.
INGLATERRA
Também em Inglaterra se vai observar o mesmo movimento que no continente e o mobiliário
afasta-se das linhas dinâmicas e desequilibradas do Barroco para se tornar mais clássico, de
linhas mais finas e vigorosas com uma decoração mais escassa e sóbria, mas com uma
evolução quase sem relação com a do continente. Este período (1760-1800) é também
conhecido como “Late Georgian”.
Chippendale, que foi o artista mais significativo do Barroco, passa a executar móveis com as
novas normas. Mas o período de Chippendale está a acabar, e novos artistas e criadores do
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novo estilo começam a destacar-se. Destes, os irmãos Adam, Hepplewhite e Sheraton são os
que mais se destacam.
As obras de Adam confundem-se com as de Hepplewhite e Sheraton, mas não por falta de
personalidade mas porque os estilos têm semelhanças. Hepplewhite tem um temperamento
mais flexível e requintado que se coaduna mais com Chippendale, enquanto que Sheraton
representa uma maior rigidez e severidade que tem mais a ver com o Diretório e o Império
franceses. Todos eles são contemporâneos e as fontes são as mesmas e o intercambio de
influencias é constante. Os Adam adoptam as formas francesas e italianas e adaptam-nas ao
gosto burguês Inglês. R. Adam (1728-1792) substituiu a moda paladiana que predominava por
um estilo mais elegante, gracioso e versátil que agradou a todas as classes sociais.
Hepplewhite que tem uma grande sensibilidade aperfeiçoa os seus próprios modelos com a
introdução de linhas curvas suaves e onduladas em vez de linhas retas e rígidas. Sheraton tem
um carácter próprio, mais rigidamente ligado à linha reta. A sua severidade e simplicidade têm
grande sintonia com as correntes que chegam do continente nos primeiros anos do séc.XIX que
se ligam ao Estilo Império Francês. De todos Sheraton que viveu ate 1806 é o único que chega
a conhecer a evolução completa do Neo-clássico ao Império.
Sob a influencia de Adam, Hepplewhite e Sheraton as artes do folheado, do embutido e da
marchetaria alcançaram o maximo da perfeição e beleza. A decoração pintada do mobiliário
andava a par com o gosto pelas madeiras claras. A madeira de mogno é usada sem a
sobreposição de decorações em bronze das épocas passadas e só é realçada pela marchetaria
que estava esquecida desde os tempos da Rainha Anne, mas é usada sómente com um sentido
geométrico e arquitetónico.
Outra madeira utilizada normalmente em plaqueado ou folheado é o limoeiro. É uma madeira
muito clara e brilhante que se usa para realce em embutidos com outras madeiras escuras ou
com pinturas. A madeira de faia é usada pintada. O ácer e o pau cetim são também utilizados
no final do século. Usa-se folheados de madeiras claras como o padreiro, o tulipeiro e a
pereira, e de madeiras exóticas asiáticas e americanas como o pau rosa e o pau violeta.
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PORTUGAL
No ultimo quartel do séc.XVIII, durante o reinado de D.Maria I, dá-se como em toda a Europa
uma reacção aos excessos do Barroco e à agitação do Rococó que esteve na origem do
aparecimento de formas e decorações clássicas ao gosto neo-clássico.
O Estilo Neo-clássico chegou a Portugal em 1770 e os Portuguêses, com a sua tradicional
facilidade de adaptação, adoptaram as suas formas, produzindo uma versão Nacional do estilo
de Luis XVI. É visível uma perda da força criadora e do sentido místico do Barroco, mas
mesmo assim e apesar das influencias Francêsas e principalmente Inglêsas, o Estilo D.Maria
atinge um caráter próprio. Tonalidades mais claras quer nas madeiras quer na pintura, que lhe
dão uma certa frescura e leveza. As cómodas que adoptaram uma frente tripartida retangular,
assentavam em pernas de secção quadrangular que afunilavam em direção do chão e eram
trabalhadas com embutidos e marchetaria em motivos geométricos. Uma característica própria
destas cómodas era os aventais e os puxadores das gavetas em forma de medalhões esmaltados.
O mobiliário de assento revelava a influencia dos livros Inglêses de projetos, particularmente
os de Sheraton. No virar do século a influencia do Estilo Império Francês tornou-se vasta como
em toda a Europa. As madeiras utilizadas eram: pau santo, pau rosa, pau roxo, nogueira,
carvalho entalhado e pintado em fingimento ou dourado, castanho, buxo, casquinha
entalhada e depois dourada ou pintada, espinheiro, pau cetim e limoeiro.
SÉCULO XIX
No século XIX o mobiliário com a influencia do Império continua com um carácter mais
aburguesado e evolui no sentido de uma arte sem transcendência, adormecido entre a
mecanização, que foi a verdadeira revolução do séc XIX, e a industrialização.
É o século dos grandes inventos burgueses, chamado “das luzes”, da vida prática e confortável.
É também o século das grandes lutas políticas e sociais, em que a burguesia em rápida
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expansão punha em causa outros poderes e impunha a sua vontade e o seu gosto, e do grande
movimento romântico em que se idealizam as coisas de outros séculos.
O Romantismo surge em toda a Europa como reacção, às convenções disciplinadas do neo-
classicismo, e à crescente mecanização e ao progresso ciêntifico, e faz apelo ao regresso aos
estilos do passado. O romântismo é caracterizado por ser um movimento revivalista e eclético.
A Alemanha redescobriu primeiro a Idade Média e depois o Renascimento e o Barroco. Na
Áustria deu-se o reaparecimento do Rococó. Em França a seguir ao reaparecimento do Gótico
segue-se o regresso aos estilos dos séculos XVI, XVII e XVIII.
Com este movimento surgem no mobiliário os revivalismos, neo-gótico, neo-renascimento,
neo-rococó. Que produziam peças de mobiliário com estruturas modernas e que pretendiam
imitar, muitas vezes mal, os originais, que nem sequer são feitas por verdadeiros artistas, e que
muitas vezes são adaptadas às necessidades modernas. Com o aumento da procura a forma
tradicional de confecção e comercialização do mobiliário deixou de poder dar resposta a um
mercado em grande expansão. Havia que procurar novos métodos de fabrico, novas técnicas e
novos materiais mais acessíveis.
Na industria do mobiliário o aumento da produção foi conseguido não tanto à custa de uma
maior mecanização, mas sim com a introdução de novos métodos de montagem do mobiliário
nas oficinas, em que cada artífice só fazia uma parte do móvel. Isto traduziu-se numa perda de
qualidade. E esta perda de qualidade era proporcional ao desenvolvimento tecnológico.
ESTILO IMPÉRIO
FRANÇA
Em 1804 inicia-se o Estilo Império, pompôso e solene, em França. Nesta altura o destino da
Europa está dependente de Napoleão e por isso os reis, a política, os costumes e os ambientes
giram em redor da sua figura. Não é de admirar portanto que este estilo se tenha difundido,
com grande caráter nacionalista, quer em França quer nos outros paises da Europa. A estética
converte-se numa questão de estado porque a arte é uma constante evocação da Roma imperial.
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O mobiliário em todo o continente tem o mesmo caráter do Francês com a intervenção de
artistas franceses, dos quais se destacam Percier, Fontaine e Prud’hon.
Percier e Fontaine foram os artistas do regime porque interpretaram com êxito as idéias de
Napoleão, criando um estilo de luxo e opulência austeros, a partir do esplendor das artes de
Roma antiga que tanto encantavam o Imperador. Este estilo no seu afã de adaptação às formas
clássicas, tem pouca personalidade embora tenha originalidade. O mobiliário adquiriu formas
simples, sóbrias e geométricas em que dominavam as linhas rectas e as superfícies lisas e com
poucos ornatos. A talha e a marchetaria quase desapareceram.
Em conseqüência das campanhas napoleónicas no Egipto o mobiliário tornou-se uma mistura
de protótipos Romanos, Gregos e Egípcios, porque os desenhos dos achados e dos
monumentos e túmulos que foram trazidos dessa campanha despertaram muito interesse. É um
estilo com tão grande implantação e influencia que dura mais quinze anos após a abdicação de
Napoleão em 1814, e com ele pode dizer-se, que terminam os estilos históricos de França e da
Europa no mobiliário.
A madeira de mogno geralmente massiça ou em placagem continua a ser a madeira mais
apreciada, e cujo valor aumentou devido ao bloqueio que Napoleão impôs em 1808 e que
impediram que fossem importadas madeiras das colónias Inglêsas, o que obrigou tambem à
utilização de madeiras indígenas como a nogueira, o ácer, o freixo, o olmeiro, o cedro, o
limoeiro e oliveira. Eram utilizadas diferentes qualidades de mogno com características
visuais diversas: mogno moiré, mogno flammé, mogno ronceux (espinhoso). A faia era
utilizada algumas vezes nas cadeiras, mas era depois pintada e dourada.
PORTUGAL
No primeiro quartel do séc. XIX e durante a regência e reinado de D.João VI, predominava em
toda a Europa o Estilo Império como nova face do Neo-clássico. Nesta altura em Portugal
acentua-se a diminuição da criatividade e a importação de mobiliário foi tão forte que chegou a
afetar a produção nacional.
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O estilo foi pouco assumido em Portugal por várias razões. Primeiro pela falta de clientela,
uma vez que a côrte se encontrava no Brasil em conseqüência das invasões Francêsas, o que
tornou o período conturbado e sem o ambiente propício ao desenvolvimento de um estilo que
para mais era trazido pelo invasor. Além disso as linhas e formas convencionais deste estilo
diziam muito pouco aos marceneiros Portuguêses, ainda mais que os obrigava a trabalhar uma
madeira, o mogno, com pouca tradição no Paìs.
Madeiras utilizadas eram o mogno maciço ou folheado, a casquinha faixeada, o pau santo e o
pau cetim.
ROMANTICO
FRANÇA
Estilo Restauração
O retorno da dinastia de Bourbon ao poder em 1814, quando Luis XVIII se tornou rei, iniciou o
revivalismo dos estilos clássicos que tinham sido tão queridos na côrte de seu irmão Luis XVI.
Esta moda revivalista que os outros paises da Europa seguiram também, não obrigou a uma
rendição incondicional aos estilos inspiradores, mas sim, era feita uma recreação aligeirada dos
estilos.
Mais tarde com Carlos X, aparece o revivalismo do gótico e depois o neo-Henrique II com
elementos Renascêntistas. Uma das características, talvez a mais marcante deste Estilo
Restauração, foi a inversão cromática em relação ao estilo anterior,o Império. Passa a usar-se
as madeiras de tons mais claros com ornatos de cores mais escuras.
Em França quase exclusivamente se utilizou o carvalho como madeira de base. Isto por causa
do embargo decretado por Napoleão para isolar Inglaterra e porque o mogno passou a ser
difícil de encontrar. As madeiras utilizadas na decoração eram a faia, o mogno de tons mais
claros e o pau santo no neo-gótico, o amaranto e o ácer que eram consideradas as madeiras
claras que dominaram os anos 20 do século até ao final do reinado de Louis-Philipe. A madeira
era sempre de boa qualidade e muito bem acabada.
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As estruturas das cadeiras eram normalmente de faia, apesar de a nogueira ser algumas vezes
utilizada. Estas duas madeiras eram fáceis de tornear e serviam de boa base para a douragem.
No entanto a nogueira já não era tão popular como tinha sido no séc.XVIII em França. O
plátano, a cerejeira, o limoeiro, a laranjeira, a pereira, e o padreiro eram madeiras
indígenas também utilizadas, muitas vezes escurecidas para imitarem o mogno, assim como as
madeiras escuras como o freixo, o olmo e o bordo que eram usadas nas decorações e nas
marchetarias que eram agora retomadas como forma de decoração.
Estilo Louis-Philipe – 1830-1848
È um estilo ainda mais eclético que o anterior, e é quando se começam a acentuar os
revivalismos, que vão do neo-gótico ao neo-barroco. Estes estilos aparecem copiados,
adulterados e misturados nos ambientes. Louis-Philipe, o Rei cidadão, quando sobiu ao poder
trouxe para as esferas mais importantes gente de gostos simples e fraca cultura estética, o que
justifica o facto de não haver uma exigência estética rigorosa.
O mobiliário Louis-Philipe evoca um conforto burgês onde se misturam todas as influencias
que emergiram após a Restauração. Apesar de tudo, havia ainda neste período cuidado na
construção do mobiliário. O aumento da mecanização e da produção em pequena série por
operários sem formação especializada, provocou uma perda gradual da qualidade de
construção.
As madeiras utilizadas têm a ver com o revivalismo correspondente e por isso todos os tipos de
madeiras são usados. O carvalho para o neo-gótico; o pau rosa para o neo-Luis XV; a
nogueira para o neo-Henrique II. Para além destas continuavam a usar-se a faia, a cerejeira, o
plátano, o pau santo, o pau rosa, o ébano, a pereira escurecida e o mogno que entretanto
reaparece e é utilizado em placagem e folheados finos cortados à maquina.
Período Napoleão III
Neste período o revivalismo e o ecletismo atingem o seu apogeu. A qualidade de construção do
mobiliário decresce drásticamente. É o “pastiche” e o “kitsch” no seu expoente maximo. É
portanto o culminar do Romântismo em França.
A produção em massa faz diminuir o preço que vai também trazer uma redução da qualidade
de construção e dos acabamentos. As cópias eram feitas só pela aparência sem se reproduzirem
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as técnicas de produção originais. As madeiras utilizadas eram a nogueira, pau rosa, pau
santo, ébano, e a pereira escurecida.
INGLATERRA
Estilo Regência-(1800-1830)
O Rei Jorge IV foi um grande fomentador deste estilo que evolui do Império Francês mas que
não se pauta pela mesma austeridade. Este estilo que é indissociável da figura de Napoleão e
do carácter Francês e imperial, em Inglaterra é mais original e antecipa-se aos caprichos do
público e consegue criar-se um Império especial Inglês, com um certo carácter Inglês,
aburguesado, e por isso mais próximo do estilo Directório, que passa a ser conhecido por Estilo
Trafalgar. O mobiliário da côrte continua a sujeitar-se mais aos modelos continentais.
Em 1806 quando Henry Holland morreu deixou o estilo Regência já perfeitamente implantado
por sua influencia. Os seus projetos tinham a mesma orientação dos de Percier e Fontaine em
França . Apesar das grandes influencias do estilo Francês, o seu trabalho apresentava um toque
muito Inglês. George Smith publicou em 1808 um livro que passou a ser a bíblia do estilo
clássico da Regência.
Numa época em que os revivalismos estavam na ordem do dia, o mobiliário do Regência
constitui uma amalgama de vários estilos, dos Clássicos ao Barroco passando pelo Gótico. As
madeiras como o mogno e o pau rosa, escuras e brilhantes tinham preferência, assim como as
madeiras muito decorativas como o pau zebra e o pau rosa de Timor.
Os artesãos da época evitavam o emprego de técnicas e materiais onerosos, mas usaram
madeiras de qualidade e de boa aparência. Privilegiavam as madeiras com os veios mais
evidentes, zebradas ou satinadas, e as madeiras sarapintadas como o pau rosa de Timor e o
ácer americano, ou mosqueadas como o ácer europeu, das quais evidenciavam os seus
desenhos naturais. Os embutidos ficavam caros para a maioria das pessoas porque o número de
entalhadores estava a diminuir. Passou a juntar-se o latão que era barato com as madeiras
escuras como principal modo de decoração.
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Estilo Vitoriano – 1837-1901
Foi um estilo que se caracterizou pelo revivalismo, pelo ecletismo e pela utilização de novos
materiais. Foi neste período que surgiram as correntes de pensamento que levaram aos
movimentos Reformista e Estéticista.
Ainda que o gosto pelo mobiliário por volta de 1830 fosse essencialmente caótico e que
diversos estilos se sobrepusessem com pouco à vontade, a perfeição do trabalho mantinha-se a
bom nível. De novo as madeiras nativas estavam na moda, e as flores e plantas nativas
reconquistaram popularidade, em alternativa aos motivos decorativos clássicos. Era vulgar
encontrar numa casa as diferentes divisões decoradas com estilos diferentes e que se
consideravam mais próprios para determinada função. O Gótico para as salas mais utilizadas
pelos homens, o Rococó para a sala de visitas e para o toucador, etc. O Estilo Naturalista que
derivou do estilo Luis XIV, caracterizou-se por ter uma rica talha naturalista com formas
proeminentes.
A escolha das madeiras era cuidada de forma a criar diferentes estados de espírito. As madeiras
claras criavam um ambiente amigável e de bem estar para as salas de visitas e para os quartos
de dormir. O carvalho e o mogno para darem um estado de espírito de sossego nas bibliotecas,
salas de jantar e salões.
Uma característica típica do mobiliário Vitoriano da primeira fase era a forma arredondada de
quase todas as peças, independentemente do seu estilo histórico. A nogueira e a faia eram das
madeiras mais utilizadas. O ébano, o loureiro e a tília da América também se usavam. A teca
e a cânfora eram utilizadas para o mobiliário das embarcações e de viagem.
MOVIMENTO ARTS AND CRAFTS
W. Morris defendia que a arte devia ser acessível ao comum dos cidadãos, e pretendia fazer
mobiliário artístico mas pouco dispendioso. No entanto o seu mobiliário, porque fazia recurso
ao trabalho manual, às técnicas tradicionais de construção e aos bons materiais, acabou por ser
demasiado dispendioso para o cidadão comum.
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Utilizou o ébano para folhear as cadeiras “Sussex”e o carvalho para os móveis de aparato no
estilo Gótico. Godwin utilizou também o carvalho folheado com ébano no seu mobiliário.
Mackmurdo utilizou o mogno nas cadeiras com as costas entalhadas com motivos de Arte
Nova.
ALEMANHA – ÁUSTRIA
Biedermeier
Em meados do séc.XIX (1815-1901) estamos numa época em que a burguesia quer imitar
luxuosos interiores com aparência teatral e modesta, com detalhes de falta de sofisticação e
gosto, que fazem pressentir a chegada do chamado Estilo Biedermeier, que em Inglaterra é
representado pelo Estilo Vitoriano, em Espanha pelo Isabelino e em França pelo Segundo
Império.
O nome Biedermeier provém da união do adjectivo alemão bieder , que quer dizer simples
(simplório), com um sobrenome Alemão, muito vulgar, Méier.É utilizado para designar o
mobiliário burguês produzido nas Nações de língua Alemã nas três primeiras décadas do
séc.XIX. É um estilo que se inspira fortemente no Império e nos modelos do mobiliário Inglês
e que vai produzir móveis adaptados às necessidades práticas e de conforto da burguesia. É um
Estilo adaptado a um estilo de vida mais simples visto que as côrtes da Europa estavam
despojadas devido à guerra com Napoleão e o próprio Imperador Austríaco o praticou e
estimulou.
Talvez o mais famoso desenhador de mobiliário Biedermeier seja o Vienês J. Danhauser
(1780-1829), cujas peças eram da melhor qualidade e os seus desenhos notáveis na utilização
das formas curvas abstratas. A decoração com ferragens de bronze, foi desaparecendo, dando-
se preferência às madeiras claras.
No norte da Alemanha o mogno era de utilização normal, enquanto que no sul as madeiras
mais claras e indígenas tais como a cerejeira, a pereira, a macieira, a nogueira, o freixo, o
larix, o ácer, o abeto, a bétula, o vidoeiro e o teixo eram mais usuais.
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Mobiliario Thonet- Áustria
A industria experimental de mobiliário, que constituía um caminho paralelo em relação à
orientação geral do revivalismo histórico, utilizava novos materiais com novos processos. Os
modelos mais excitantes da industria de mobiliário deste século surgiram na Áustria onde
Michel Thonet inventou um processo industrial adaptado aos processos de produção em série,
de encurvar a madeira de faia, com as formas mais variadas, com o auxilio de calor e vapor de
água.
ESPANHA
Estilo Isabelino
O Estilo Isabelino que decorreu entre os anos de 1830 e 1870, durante o reinado de Isabel II de
Espanha, divide-se em três periodos: o primeiro chamado de “a rainha governadora”; o
segundo que corresponde à primeira época do seu reinado; e o ultimo, que é simultâneo ao
Segundo Império Francês e ao reinado da Rainha Vitória de Inglaterra,.e que vai até ao final do
seu reinado.
Na primeira fase o mobiliário tem características do Império, feito principalmente em mogno,
em que as decorações de bronze são reduzidas a desenhos muito esquemáticos ou substituídos
por filetes e marchetarias muito simples. Os cantos dos tampos e a pouca talha aparecem
dourados.
No segundo período que dura até metade do século, perduram as formas que vêm do já
degenerado Império e também do Diretório Francêses. No ultimo período inicia-se,
paralelemente a França, uma tendência a repetir os modelos dos Luises (IV, V e VI).
Constroem-se móveis em que não se distingem os estilos, misturando os motivos decorativos
uns com os outros.Fazem-se móveis ao estilo de Boulle e de Riesener.
Em suma, o mobiliário é cada mais aburguesado, modesto e repetido, uma vez que de um
modelo se fazem um número ilimitado de cópias. Os materiais são também cada vez mais
pobres e a madeira de mogno maciça é substituída pelo folheado ou faixeado a mogno
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consoante o móvel é liso ou entalhado. Os bronzes cinzelados são agora simples chapas de
latão com relevos cunhados. Há uma madeira muito rica e que alterna e substitui o mogno em
quase todas as suas utilizações que é o pau santo, o que devolve a estes móveis alguma
riqueza e nobreza. Só às vezes, nos móveis para a côrte ou para famílias mais abastadas, se
usam as marchetarias em ébano ou pau santo, buxo e limoeiro.
PORTUGAL
Em Portugal após uma fase de evidente influencia Inglêsa e a partir de 1820 adópta-se o Estilo
Biedermeier da Alemanha. De seguida começou o revivalismo dos estilos tradicionais
Portugueses do séc.XVII e XVIII.
Em Portugal houve um revivalismo marcado do Estilo Manuelino (Neo-Manuelino) que
expressa a nostalgia dessa época de glória. Tal como em toda a Europa o ecletismo era uma das
notas dominantes, em que a mistura de estilos era evidente. O Palácio da Pena é em Portugal o
paradigma do Romântico.
As madeiras utilizadas eram diversas consoante os diversos revivalismos, embora a preferência
fosse por madeiras escuras. O carvalho, o castanho, a nogueira e o mogno continuam a ser
usadas, assim como o pau santo em todas as suas variedades.
SÉCULO XX
Durante a segunda metade do séc.XIX e durante o séc.XX, em que o mobiliário passa a ser
para todas as classes sociais, sucedem-se uma série de tentativas e movimentos de criação e
produção de mobiliário, que se sucedem tão rapidamente, com a utilização de novos materiais
que não a madeira,que se torna impossível tentar caracterizá-los a todos. Nem isso caberia no
âmbito deste trabalho, que pretende abordar as madeiras utilizadas. Ainda mais que com a
introdução de novos materiais, agora a madeira deixa de ter o estatuto de exclusividade, que
teve outrora na construção do mobiliário. A madeira perde a importância que tinha, passando a
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ser substituída por materiais alternativos e sucedâneos da madeira mais propícios à fabricação
industrial em massa.
Por estas razões e outras ainda que são explicadas na introdução, decidiu terminar-se aqui a
resenha histórica da utilização da madeira na manufatura do mobiliário.
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22ªª PPAARRTTEE
AA MMAADDEEIIRRAA
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O QUE É A MADEIRA
É o tecido de suporte de uma árvore. Trata-se de uma porção da matéria de uma árvore que é
constituída pela parte lenhosa e por matéria orgânica. As madeiras são constituídas por celulose,
hemicelulose e lenhina, e em menores quantidades, gomas e resinas e substâncias extrativas como
os fenóis e os taninos os quais diferem na sua quantidade e composição consoante a espécie. Estes
conferem a cada espécie características físicas diversas, como a cor, o brilho, o cheiro, a
densidade, a dureza, conservação, resistência ao ataque de organismos, facilidade em serem
trabalhadas etc. A madeira é utilizada pelo homem desde tempos imemoriais com diferentes
finalidades, sendo a que nos interessa agora a utilização na manufactura do mobiliário.
Matéria nobre, quente e rica, estimula desde há séculos o artesão, desafiando-o a tirar o melhor
partido das suas qualidades e a pôr em evidencia a sua beleza.
COMO SE FORMA A MADEIRA
A madeira desenvolveu a sua textura como parte funcional de uma planta, e não como material
desenhado para servir as necessidades de um carpinteiro/artesão. Assim, para poder trabalhá-la
com sucesso, é preciso saber como a madeira se desenvolve na natureza.
Numa floresta uma árvore nasce de uma semente. Ano após ano vai crescendo em altura e largura
até chegar à maturidade. As raízes, que absorvem água e sais minerais do solo, e as folhas, que
retiram compostos de carbono do ar, encarregam-se de a alimentar. Em cada primavera e verão,
ela forma um novo anel de crescimento que envolve os outros formados em anos anteriores. Em
anos bons de calor e humidade, os anéis serão mais espessos, ao contrario dos anos em que há seca
ou temperaturas baixas, em que os anéis serão mais finos. Cada episodio da vida de uma árvore
será gravado na madeira dos seus troncos. Quando a árvore atinge a maturidade, floresce e dá
sementes. Todos os anos se vai repetindo este processo até que a árvore morre ou alguém a abate.
Uma árvore funciona como uma fábrica biológica, em que um dos produtos é a madeira. As
matérias primas são a água, os nutrientes fornecidos pelo solo, o anidrido carbónico (CO2) do ar e
a luz do sol. Os produtos são os constituintes orgânicos (carboidratos, resinas e taninos) do tronco
e ramos das raízes e das folhas. O subproduto é o oxigénio que é restituído ao ar e que para a
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Humanidade é tão importante. As raízes estão ligadas às folhas através de vasos que percorrem o
tronco, em sentido ascendente uns e em sentido descendente outros, transportando a seiva. A seiva
bruta é uma solução em água de sais minerais absorvidos nas raízes e transportados até às folhas
pelos vasos ascendentes, que se encontram na madeira mais recente. Por um fenómeno de
capilaridade, provocado pela transpiração ao nível das folhas nos estomas, a seiva bruta,
contrariando a força da gravidade, chega às folhas. Os estomas têm a função de controlar a
transpiração e, na ausência de luz, são responsáveis pela eliminação do vapor de água resultante
da respiração. É por isso que a temperatura também é importante neste processo, porque quanto
mais alta for a temperatura (até certos limites, dependendo da espécie,) maior vai ser a evaporação
nas folhas e maior vai ser a velocidade de ascensão da seiva e mais rápida a produção da seiva
elaborada através da função clorofilina das folhas. Portanto, mais rápida vai ser a acumulação de
reservas e por isso o crescimento.
Água e minerais Raízes
Tronco
Oxigénio
Dióxido de carbono
A seiva das raízessobe pelo borne
O câmbio fica entre o entrecasco e o borne; é a zona de crescimento
Borne
Casca
O cerne dá resistência à árvore
O entrecasco transporta os nutrientes das folhas para as raízes
Copa
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A fotossíntese é um processo através do qual as células das folhas, especializadas na função
clorofilina, conseguem combinar o carbono do CO2 com os constituintes da seiva bruta, utilizando
a energia da luz, para a transformarem em seiva elaborada. A seiva elaborada desce pelos vasos
descendentes, que se encontram junto à casca, e vai servir para alimentar os tecidos vivos da
árvore e para ser acumulada como reservas no parênquima dos troncos e das raízes. Estas reservas
servem para manter as funções vitais da árvore no inverno, quando o crescimento pára ou é
reduzido em condições climáticas adversas. Deve referir-se que as árvores na ausência de luz em
vez de utilizarem a função clorofilina, utilizam a respiração através da qual consomem oxigénio e
libertam CO2. É através destes processos que as árvores formam a madeira, em conseqüência do
seu processo de crescimento.
ESTRUTURA ANATÓMICA
A anatomia da madeira pode ajudar-nos a compreender o seu comportamento e a fazer a sua
identificação.
TERMOS UTILIZADOS
-Cerne, duramen ou coração: parte interna do lenho que está envolvida pelo borne, geralmente
mais escura e durável que aquele. É a parte do lenho mais apreciada para o trabalho da
marcenaria.
-Borne, alburno ou carnaz: parte externa do lenho que está entre o cambio vascular e o cerne,
geralmente mais claro e de menor duração que aquele.
-Lenho: conjunto do cerne e do borne.
-Câmbio vascular: assentada geradora de células, que envolve o lenho e está envolvido pela
casca.
-Raios lenhosos: são toalhas de células de parênquima orientadas perpendicularmente ao eixo do
tronco e empilhadas umas por cima das outras.
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-Prosênquima: é um tecido com células alongadas, que podem ter funções de suporte, de
transporte ou as duas em conjunto.
-Parênquima: é um tecido de células curtas de parede celular pouco espessa destinadas a fazer a
acumulação e distribuição dos hidratos de carbono, e que se encontram disseminadas no
prosênquima.
-Traqueídos: célula do prosênquima, longitudinal ou radial.
-Folhosa- arvore de folha caduca de folhas planas e geralmente largas da classe das
Dicotiledóneas como o carvalho, o castanho e a nogueira. (Madeiras duras)
-Resinosa- árvore de folha persistente do tipo agulha da classe das Coníferas como o pinheiro, o
abeto e o cipreste. (Madeiras brandas)
TIPOS DE CORTES QUE SE PODEM FAZER NUM TRONCO
-corte transversal: corte feito transversalmente (na perpendicular) á direção geral das
fibras. Ou seja, é o corte feito na perpendicular do eixo do tronco
BORNE
MADEIRA DOCERNE
Crescimentoanual
Raio lenhoso
-corte longitudinal:
-tangencial: corte feito na longitudinal do eixo do tronco, mas perpendicularmente
a um corte radial.
Crescimento anual
Raio Lenhoso
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-radial: corte feito na longitudinal do eixo do tronco, mas que passa pelo eixo ou
medula.
Madeira doCerne
Raio LenhosoCrescimentoanual
Os cortes feitos nestes três planos possibilitam a identificação das madeiras através do arranjo dos
componentes estruturais do lenho. Cada espécie tem o seu próprio arranjo estrutural, que pode
variar com as condições em que a árvore cresceu. A madeira de cada espécie é sempre constituída
pelo mesmo tipo de células associadas de maneira idêntica e cada árvore é dotada de uma
arquitetura (plano lenhoso) que lhe é própria.
ANÉIS DE CRESCIMENTO
Nos cortes transversais podem apreciar-se os anéis concêntricos de crescimento anual, os quais
vão alternando anéis mais claros com anéis mais escuros. Os mais claros correspondem ao
crescimento de primavera desse ano. Quando a primavera chega aparecem novos rebentos, e isto
faz com que haja uma maior necessidade de seiva. O câmbio vascular responde produzindo uma
camada de madeira nova constituída por vasos de paredes finas e com grande espaço interior para
facilitar a circulação da seiva. À banda circular de madeira que resulta deste processo chama-se
madeira de primavera.
Diagrama de um segmento em cunha de um ramo de 5 anos de folhosa
CâmbioAnel de
crescimento
Entrecasco
Madeira de Outono
Cerne
Raios
Borne
Madeira dePrimavera
Secção Radial
SecçãoTangencial
Secção transversal
Medula
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Quando o outono chega, o câmbio vascular subitamente muda o tipo de madeira que produz. A
maior parte da seiva que a arvore precisa pode circular pela madeira de primavera, mas o tronco
precisa agora de mais apoio estrutural porque se tornou mais pesado e maior. Assim, durante o
outono, o câmbio produz fibras com as paredes grossas e as cavidades pequenas. Em resultado
disso, a madeira de outono é mais escura, pesada e forte.
Considera-se aqui que a primavera é o período mais propício ao crescimento rápido e o outono o
de crescimento mais lento, mas isto depende do clima e pode variar ao longo do ano em climas
tropicais, onde pode haver mais do que um período de crescimento activo. Portanto, quando se
aprecia os anéis de crescimento, devemos sempre reportarmo-nos ao clima em questão.
O VEIO DA MADEIRA
A palavra veio é utilizada para indicar o contraste entre a madeira de primavera e a madeira de
outono. Quando a diferença é nítida, diz-se que a madeira tem um veio irregular (p. ex. pinho
amarelo). Quando se nota pouco contraste, a madeira é de veio regular (p. ex. tília). Entre estes
pólos, há designações intermédias, como por exemplo. veio bastante regular ou veio pouco
irregular.
MADEIRA DO CERNE E MADEIRA DO BORNE
Como já se referiu, toda a madeira é feita para transportar seiva. Assim, a madeira começa por ser
madeira de borne. Com o passar dos anos, as células da zona mais central perdem a sua atividade
biológica e funcional, deixando a seiva de circular; a sua cor torna-se mais escura por acção dos
taninos. À medida que o tronco se torna mais largo e pesado, a zona mais central deixa de servir
para essa finalidade, mas passa a servir para a função de suporte. As alterações químicas que se
dão nos anéis de crescimento mais centrais transformam a madeira de borne em madeira de cerne.
Esta madeira é mais escura, forte e resistente ao ataque de organismos estranhos. As substâncias
que se formam nas alterações químicas referidas podem também mudar as propriedades da
madeira. Nalgumas espécies, reduzem a permeabilidade do tecido da madeira, tornando a secagem
do cerne mais lenta, e a sua impregnação com produtos químicos mais difícil. Essas substâncias
podem tornar o cerne um pouco mais denso do que o borne, e um pouco mais estável em relação à
oscilação das condições de humidade. Quando o borne se torna cerne, nenhuma célula é retirada
ou adicionada. A resistência básica da madeira não é afetada. No borne a seiva circula, de forma
que quando a árvore é abatida, essa zona do lenho tem seiva e água que propiciam o ataque de
organismos que dela se alimentam. Há madeiras que apresentam grandes diferenças de coloração
entre o cerne e o borne e outras em que não existe essa diferença.
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TIPOS DE MADEIRAS
MADEIRAS BRANDAS
A madeira das Coníferas (resinosas), ou seja das árvores com folhas em agulha, é chamada de
madeira branda, por regra geral se tratar de uma madeira relativamente macia e fácil de trabalhar.
A estrutura das madeiras brandas é relativamente simples, quando comparada com as madeiras
duras. A maioria das células encontradas em madeiras brandas são traqueídos que constituem 90 a
95% do volume da madeira. Traqueidos são células fibrosas que têm de comprimento
aproximadamente 100 vezes mais do que têm de diâmetro. Segundo as espécies, o seu
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comprimento pode variar entre 2 e 6 mm. Na madeira de primavera, os traqueídos são mais
amplos no diâmetro e de membrana mais fina; na madeira de outono a membrana torna-se mais
grossa e o diâmetro é mais reduzido. Esta variação entre madeira de primavera e madeira de
outono determina a regularidade ou irregularidade do veio. Uma consequência típica de um veio
irregular é a inversão da cor no acabamento. Isto acontece em espécies em que a madeira de
primavera é mais clara e mais porosa que a madeira de outono. Por isso, a primeira absorve o
acabamento com mais facilidade, ficando por sua vez mais escura depois da aplicação do
acabamento.
MADEIRAS DURAS
É a madeira das árvores de folha larga e plana. É uma madeira que normalmente é mais forte e
densa que a madeira das resinosas. Estas madeiras têm uma estrutura anatómica semelhante
mas mais complexa que a das madeiras brandas.
Ao comparar a anatomia das madeiras duras com a das madeiras brandas, uma série de
diferenças gerais tornam-se evidentes. A maioria das madeiras não dispõe de canais de resina,
mas de uma maior variedade de células e maior variação na sua disposição. As madeiras
duras, geralmente assumidas como sendo mais tardias na sua evolução do que as madeiras
brandas, desenvolveram os vasos, umas células especiais que servem à função de conduta e
suporte. Os vasos são extremamente largos no diâmetro, mas com membranas relativamente
finas. As suas pontas são abertas e encostadas ao próximo vaso, de forma a permitir o
transporte contínuo da seiva. Os vasos variam no seu tamanho tanto de espécie para espécie,
como dentro delas.
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As fibras, por seu lado, são estreitas no diâmetro, com pontas fechadas e membranas fortes.
Com estas características, não têm função de transporte, servindo sim para fortalecer a
madeira.
Quando os vasos são cortados de forma transversal, a ponta exposta é designada por poro.
Uma vez que todas as madeiras duras possuem vasos elas são também designadas por
madeiras porosas, ao contrário das madeiras brandas que são madeiras não-porosas.
O tamanho, o número e a distribuição dos vasos e das fibras são determinantes no aspecto e na
dureza de cada espécie. Em algumas espécies, os poros são concentrados na madeira de
primavera. Este tipo de madeira é caracterizado como sendo de poro anelar (p. ex. freixo).
Este tipo de estrutura causa, normalmente, um veio da madeira bastante irregular, assim como
um desenho distinto. A capacidade de absorção do acabamento torna estas camadas de poro
anelar ainda mais salientes. Outras madeiras duras – tais como cerejeira, ácer, bétula, tília ou
choupo – apresentam uma distribuição dos poros bastante regular, razão pela qual são
designados por madeiras de poros difusos. Nas madeiras duras, o tamanho dos poros
determina a textura.
Além dos vasos, os outros tipos de células longitudinais que aparecem (fibras, traqueídos,
etc.), são de pequeno diâmetro e uniformes, e não se distinguem na sua forma individual, mas
apenas em conjunto. Um conjunto de fibras parece normalmente mais escuro, um conjunto de
traqueídos mais claro. Estas disposições podem ajudar na identificação da madeira.
A estrutura radial pronunciada de algumas madeiras é importante para o artesão, pois
representam zonas de fraqueza estrutural da madeira. Por outro lado, as zonas radiais podem
conferir um desenho interessante à superfície da madeira (p. ex. a superfície radial do
padreiro).
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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS Algumas características físicas, como a cor, o brilho, o cheiro e a dureza podem ser detectados por
simples observação e manipulação de uma peça de madeira. Outras características, especialmente
as químicas, só se revelam mediante testes indiretos. Ambos os tipos de características constituem
um complemento importante das características morfológicas e histológicas da madeira, sendo
mesmo suficientes nalguns casos para a identificação definitiva.
COR
É a característica que primeiro se percebe numa amostra de madeira. É devida à deposição de
pigmento durante a formação do cerne. De facto, a matriz da madeira, constituída por celulose e
lenhina, não tem grande intensidade cromática, daí que qualquer cor específica seja associada ao
cerne. Portanto, uma coloração marcada corresponde sempre ao cerne, mas uma coloração clara
ou inexistente tanto pode corresponder ao cerne como às camadas mais superficiais, condutoras de
seiva do tronco, o borne. Muitas madeiras são conhecidas pelas suas cores características do cerne:
o castanho-chocolate do castanheiro negro, o vermelho-púrpura escuro do juníperos, o negro do
ébano, o quase branco do azevinho, etc.
Nalgumas espécies, a cor é relativamente constante, contudo, noutras, os tons podem variar
muito, como é o caso da cerejeira negra, cuja cor pode ir da cor de canela clara até ao vermelho-
acastanhado escuro. Por outro lado, algumas espécies podem apresentar zonas de diferente
coloração dentro da madeira: o choupo amarelo, cujo borne é branco-creme uniforme e o cerne
caracteristicamente verde, pode apresentar zonas avermelhadas, castanhas a negras ou listadas de
combinações destas cores.
Algumas madeiras sofrem alterações cromáticas significativas com a idade ou a exposição,
como é o caso do mogno, que é castanho claro com um tom rosado quando está recém-
cortado, e que com o tempo adquire um tom vermelho acastanhado escuro. A coloração pode
depositar-se em padrões irregulares, dando à madeira um aspecto característico. A este
aspecto chama-se imagem pigmentar. Uma escala de referência de madeiras de cor diferente é
útil para avaliar mais objectivamente a cor da madeira.
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BRILHO
É a medida da reflexão da luz à superfície da madeira. Varia dentro da mesma espécie e também
com a direcção do veio na mesma peça. Um brilho marcado ou a ausência deste podem ser úteis
na identificação. Dentro das coníferas, o espruce é conhecido pelas suas superfícies longitudinais
brilhantes, o que o diferencia do pinho branco ou do abeto, com os quais é frequentemente
confundido.
PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO
Quase todas as madeiras podem ser acabadas à máquina de modo a apresentarem uma superfície
lisa. Contudo, ao corte acabado de fazer, algumas têm um toque único ou característico. As
madeiras mais densas e duras apresentam-se lisas e escorregadias ao toque, enquanto que as
menos densas têm um toque macio e mais seco.
CHEIRO
O odôr é uma característica importante de identificação, porque é distinto e constante. Dentro das
coníferas, o cheiro a pinho inclui o abeto, o cedro de incenso, o cedro amarelo do Alaska e os
juníperos. A teca e o sassafrás também têm cheiros muitos característicos. Dum modo geral, o
cheiro da madeira é mais intenso após corte recente e pode ser intensificado humedecendo as
superfícies. Se o cheiro for conferido por substâncias do cerne, este tem um odor mais intenso que
o borne. Exatamente o contrário acontece quando o cheiro resulta da resina, como é o caso dos
pinhos, em que o borne tem um cheiro mais acentuado que o cerne. Deve ter-se em atenção que o
cheiro pode ser transferido entre peças de madeiras diferentes armazenadas juntas.
DENSIDADE E PESO ESPECÍFICO
A densidade é o indicador mais importante da resistência da madeira e pode, por isso, fazer prever
características tais como a dureza, a facilidade com que a madeira aceita intervenções mecânicas,
ou ainda a resistência aos pregos. Geralmente, as madeiras densas cedem e absorvem humidade
com mais facilidade e apresentam, habitualmente, mais problemas na secagem.
A densidade é a massa por unidade de volume, expressa em gramas por centímetro cúbico. A
água tem uma densidade de 1 g/cm3. O peso específico (PE) é a medida da densidade de uma
substância relativamente àquela da água. As madeiras mais densas que a água têm um PE
maior que 1 e afundam-se quando imersas, enquanto que as madeiras leves têm um PE menor
que 1 e flutuam na água quando secas.
53
DUREZA
Está relacionada de perto com a densidade: as madeiras de densidade elevada são mais duras e as
de densidade baixa são mais macias. O método de medição da dureza da madeira exige
equipamento específico, mas pode ter-se uma idéia empírica do grau de dureza de uma amostra,
com o teste da unha do polegar. Esta entra mais profundamente na madeira quanto mais macia
esta for e vice-versa. Também se pode estimar a dureza e densidade de uma amostra durante o
corte com lâmina de barbear para o exame da estrutura superficial.
FLUORESCÊNCIA
Algumas madeiras emitem fluorescência quando expostas à luz ultravioleta ou “luz negra”.
Nalguns casos, as madeiras que fluorescem podem ser imediatamente diferenciadas das que o não
fazem. A resposta fluorescente diminui com o tempo nas superfícies cortadas, daí que se devam
ter cuidados especiais com uma superfície fresca para testar a fluorescência. As escalas de
referência são típicas para cada espécie, mas podem observar-se variações de brilho e intensidade
de fluorescência em amostras individuais da mesma madeira.
TESTES QUÍMICOS
A maioria dos testes usada individualiza propriedades das substancias que se desenvolveram no
cerne. O teste mais simples consiste em imergir aparas em água e observar se libertam alguma cor
para a solução.
Um tipo mais sofisticado de testes consiste na aplicação de um reagente à superfície da madeira e
observar se ocorre alguma reacção de mudança de cor. Por exemplo para distinguir Abies
lasiocarpa de Abies amabilis, que são duas espécies diferentes de abeto, usa-se o reagente de
Ehrlich (constituído por um grama de p-dimetil amino benzaldeido em 23 mililitros de álcool
etílico, adicionado de 2 mililitros de ácido clorídrico concentrado), aplicado sobre uma superfície
de corte recente. Uma reação positiva, revelada pelo desenvolvimento de cor rôxa é indicativa de
Abies lasiocarpa. Quando se aplica uma solução aquosa saturada de sulfato de ferro ao ácer
vermelho, desenvolve-se uma cor preto-azulada, enquanto que no ácer das rochas se desenvolve
uma cor esverdeada.
A análise química das substancias da madeira envolve processos muito mais complicados, mas
pode fornecer informações valiosas sobre a diferenciação de madeiras muito similares e é um
campo em expansão. Contudo, a quimiotaxonomia das madeiras não conseguiu até hoje
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ultrapassar o papel da avaliação das características físicas e anatómicas, no sentido de diferenciar
madeiras idênticas.
CARACTERISTICAS PARTICULARES
O ASPECTO DA MADEIRA
A apreciação e a compreensão do aspecto superficial da madeira levam-nos novamente para a
estrutura anatómica e as funções fisiológicas da árvore e, visto que o aspecto é um dos valores
principais para o artesão, este assunto merece uma especial atenção.
TIPOS DE CORTE
O aspecto visual da madeira é o resultado da combinação de feições anatómicas particulares e da
orientação da superfície como resultado da corte. As tábuas são cortadas de forma a produzir todas
as orientações superficiais, desde o corte em paralelo aos cortes radial, oblíquo, cilíndrico, etc.
Corte de extremo a extremo
Corte simp les
Corte em quartos rad ial
Corte em quartos
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VEIOS
O aspecto visual provém da variabilidade da estrutura normal da madeira, nomeadamente dos
anéis de crescimento e dos raios medulares. Quanto mais irregular o veio e maiores e mais
evidentes os raios, tanto mais distinto se torna o desenho.
A direcção do veio, ou seja, a direcção das células longitudinais do tronco de uma árvore vulgar é
mais ou menos direita, com algumas variações da forma geométrica rigorosa. A madeira de
determinadas zonas da árvore pode apresentar desenhos interessantes em consequência de uma
distorsão do veio, por exemplo em zonas de bifurcação da árvore. Nalgumas espécies, um desvio
da estrutura normal pode ocorrer, ou como característica comum, ou como excepção, produzindo
um desenho interessante e atractivo na madeira (p. ex. no ácer, especialmente apreciado para as
costas dos violinos). As excrescências formadas pelas árvores nos seu tronco e por vezes também
nos ramos podem resultar em figuras atraentes, principalmente quando aplicadas como folheado
COLORAÇÃO
Um aspecto diferente pode também ser consequência de uma coloração irregular. Normalmente,
as colorações do cerne das madeiras duras são preferidas à coloração do seu borne. NÓS
Enquanto que algumas irregularidades da madeira podem aumentar o seu valor, por exemplo
quando originam um aspecto distinto, há tipos de irregularidade que apenas o reduzem.
Normalmente considera-se toda a irregularidade que reduz o valor da madeira como defeito.
Todavia, é discutível se todos os nós deveriam ser considerados um defeito, visto que há muitas
peças bonitas apesar de terem nós, ou até porque os têm. Os nós podem ser considerados defeitos
porque dificultam o trabalho das madeiras e podem provocar aspectos visuais desagradáveis.
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IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS
Considerando que existe uma muito vasta gama de madeiras diferentes, não é fácil acertar na sua
identificação. Embora se consiga identificar algumas madeiras à primeira vista, o principiante
neste jogo fascinante devia ter a consciência de que algumas madeiras são de difícil identificação,
mesmo para os especialistas que têm sofisticados equipamentos ao seu dispôr. Todavia, a grande
maioria das madeiras encontra-se entre estes dois pólos, permitindo que se consiga identificá-las
através de uma análise e comparação sistemáticas de características bem definidas.
Com uma observação diligente das características da madeira, principalmente no que se refere
àquelas encontradas na superfície do corte transversal, qualquer pessoa pode aprender distinguir as
características das madeiras comuns.
Convém encarar métodos seguros. Um deles é o estudo das características anatómicas, a partir de
um corte transversal limpo, de preferência com a ajuda de um dispositivo de ampliação. O método
mais seguro é a observação de secções muito finas através do microscópio.
Para o artesão comum, uma identificação baseada nas características macroscópicas (aquelas que
podem ser visualizadas sob ampliação pequena) pode ser o suficiente. A vantagem reside no
equipamento simples e que, no entanto, ajuda a identificar um número de madeiras muito superior
à que é possível identificar a olho nu. As características estáveis e únicas que se podem encontrar
na madeira dura tornam a identificação macroscópica bastante eficiente. A lupa com uma
ampliação de dez vezes é o instrumento padrão que é, às vezes, fornecido com luz incorporada.
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O que mais prejudica o trabalho de identificação é um corte mal feito. Para poder ver a estrutura
celular de forma nítida, o corte transversal tem que ser feito com um corte plano e limpo, de
preferência sem ferir a disposição das células. A área do corte pode ser pequena, dentro de um
anel de crescimento. Um canivete afiado ou uma lâmina industrial servem para executar o corte.
A maioria das madeiras pode ser cortada no seu estado normal, embora possa ser útil humedecer
algumas delas, ou ensopar as mais difíceis em água quente. É mais difícil executar um corte limpo
nas superfícies transversais do que nas superfícies radial e tangencial. Em madeiras de veio
irregular, é importante que a lâmina trabalhe perpendicularmente em relação aos anéis de
crescimento, para que a lâmina passe por quantidades iguais de madeira de primavera e de
madeira de outono em qualquer momento do corte.
O QUE SE DEVE ANALISAR
As características estruturais pertinentes:
– Borne/Cerne: quando uma peça de madeira tem tanto borne como cerne, esta combinação
é normalmente reconhecível. Se apenas um dos dois está presente, uma cor distinta ou
escura pode indicar uma madeira dura, e uma cor neutra ou clara uma madeira branda.
– Anéis de crescimento: a espessura dos anéis de crescimento é por vezes uma
característica própria (p. ex. os anéis de crescimento de um pinheiro “ponderosa” são
tipicamente estreitos, enquanto os anéis de um salgueiro são normalmente largos).
A regularidade do veio é habitualmente uma característica que identifica uma espécie.
Um outro dado importante é a forma de transição abrupta ou gradual entre madeira de
primavera e madeira de outono.
– Textura: a textura refere-se aos diâmetros relativos dos traqueídos nas madeiras brandas
ou ao tamanho relativo dos poros nas madeiras duras. Os termos usuais que se utilizam na
classificação são textura fina, média ou grossa.
– Canais de resina: os canais de resina podem ser encontrados em quatro géneros de
madeira branda – pinheiros, abetos, lariços e abeto “Douglas”. O número, a distribuição e
o tamanho dos canais de resina são características utilizadas na identificação.
– Poros: nas madeiras duras, o tamanho reduzido, a distribuição, a disposição e a
abundância são ajudas importantes na identificação. A distribuição dentro dos anéis de
crescimento é um factor a considerar, bem como os agrupamentos encontrados nos cortes
transversais.
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– Células do parênquima: devido ao seu tamanho diminuto, as células do parênquima não
podem ser detectadas com a lupa, mas apenas em formações em linha ou manchas com
formas ou cor características.
– Raios: na madeira branda, os raios não são uma característica distinta que se possa ver no
exame macroscópico. Na madeira dura, o seu aparecimento é importante a todos os três
níveis, ou seja: no corte transversal o seu tamanho, número e espaçamento; no corte
tangencial a altura do raio e a sua relativa distribuição; e no corte radial as possíveis
manchas.
FORMA DA MEDULA
Em secções transversais, a medula nem sempre é redonda. No freixo, tília americana e ácer
é tipicamente elíptica. No amieiro, faia e vidoeiro é triangular. Nos carvalhos forma uma
estrela de cinco pontas e é quadrada na teca.
Aspecto da medula de carvalho, em forma de estrêla de 5 pontas
A medula varia em coloração desde quase branca até castanho escura ou quase negra. Pode
ser sólida, porosa ou esponjosa. Algumas medulas têm câmaras, com áreas ocas rodeadas
por paredes cruzadas e outras são completamente vazias.
PROBLEMAS NA IDENTIFICAÇÃO DA MADEIRA NO MOBILIÁRIO
A identificação tem um papel importante na oficina do conservador/restaurador. Para poder
preencher uma lacuna numa cadeira devemos saber de que madeira a cadeira é feita. No exame
parte-se do princípio que o profissional conheça as distinções básicas entre as madeiras, bem
como as suas propriedades anatómicas e macroscópicas.
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A identificação das madeiras de uma colecção de mobiliário é um desafio complicado,
comparativamente à análise de amostras de troncos ou toros. De facto, as amostras têm que ser
recolhidas de modo oculto para não danificar os móveis.
Devem estudar-se profundamente as características da superfície da madeira. Por outro lado, as
características físicas, como o peso, cor, regularidade do poro e proeminência dos veios tomam
especial importância. Felizmente, em madeiras como o carvalho e a faia, que têm veios muito
discretos, as velaturas ou tintas antigas ajudam a evidenciar os veios.
A rotina de inspeção de uma peça de mobiliário começa por decidir que partes são feitas da
mesma madeira e quais são diferentes. Seguidamente, faz-se um plano de amostragem para se
observar ao microscópio um número representativo de amostras de cada espécie, retiradas de
locais que não danifiquem o móvel, tais como debaixo de um pé, debaixo de uma gaveta ou do
encaixe de uma fechadura.
Determinadas características básicas de uma peça deveriam ser anotadas logo, na altura do seu
exame (madeira branda ou madeira dura, regularidade do veio, tilo nos poros, disposição do
parênquima, tamanho dos raios, etc.). Assim, a lista de possibilidades é encurtada
O exame chega normalmente a uma das seguintes situações:
1. A madeira parece pertencer a uma determinada espécie, devido a características que o
observador, baseado em experiências anteriores, reconhece como sendo específicas dessa
espécie. A comparação com uma amostra ou uma descrição escrita pode ajudar a
confirmar a opção ou a rejeitá-la.
2. A madeira pertence provavelmente a uma de quatro espécies. Mais uma vez, estas
possibilidades deviam ser confrontadas com amostras e descrições, com especial atenção
as características que distinguem as espécies entre si. Neste processo, o observador
processa mentalmente uma série de chaves até chegar a uma conclusão.
3. As características não permitem chegar a nenhuma conclusão, ou seja, a madeira não é
familiar ao observador. Neste caso aconselha-se o uso das chaves de identificação. Depois
de ter chegado a uma conclusão, esta deveria ser confrontada com amostras (se
disponíveis), descrições escritas e fotografias. Deve estar-se atento à possibilidade de a
madeira não fazer parte de nenhuma das chaves utilizadas.
As impressões visuais podem ser muito enganadoras e por isso a observação microscópica
funciona sempre de rede de segurança. É sempre prudente proceder ao exame microscópico,
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mesmo quando as características macroscópicas são fortemente indicativas de um dado tipo de
madeira.
TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO
Não existem técnicas melhores ou únicas para a identificação de madeira. O que se aplica
depende, tanto do grau de dificuldade que uma determinada madeira oferece, como da perícia da
pessoa.
As ajudas disponíveis incluem, amostras de madeira para comparação visual directa (todavia o seu
utilizador não sabe em que medida a amostra é típica), manuais (informação sistematizada),
fotografias com as características das madeiras (boas ampliações da estrutura da madeira podem
ser tão boas como amostras), e chaves de identificação. Cada uma delas tem vantagens e
desvantagens.
O uso de uma chave de identificação pode ser imaginado como uma árvore de informação.
Através de bifurcações, a árvore está continuamente subdividida e a identidade de uma
determinada espécie é encontrada no topo de um dos ramos. Em cada bifurcação decide-se qual a
característica mais condizente com a madeira que se está a analisar, para seguir neste ramo até a
próxima bifurcação. No entanto, há neste método duas desvantagens importantes. A primeira é
que quando nos enganamos numa bifurcação, podemos seguir um caminho errado sem nos
apercebermos disso. A segunda é tentar identificar uma madeira que não faz parte da chave. Por
isso, a selecção de uma boa chave é importante, isto é, que seja detalhada e abrangente.
CHAVES PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS
As pessoas com prática identificam as madeiras observando algumas características da madeira
em questão. Uma só característica normalmente não é suficiente, embora algumas delas sejam tão
evidentes e próprias de determinada madeira, como a cor ou o peso ou a dureza, que possam
sugerir um nome. Mas é sempre de aconselhar encontrar outras características para confirmar.
As chaves de identificação ajudam no processo de apreciação tendo por base as características
físicas das madeiras e pode entrar-se através de qualquer característica que seja mais evidente.
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CLASSIFICAÇÃO SISTEMÁTICA NOMES CIENTÍFICOS
Todas as árvores têm um nome científico em Latim dado pelos Botânicos que as estudaram e
identificaram. Os nomes científicos têm três partes. A primeira palavra escrita com a inicial
maiúscula refere-se ao Género ou grupo de árvores semelhantes. A segunda palavra escrita com
letras minúsculas refere a Espécie ou tipo de árvore. Estas duas palavras devem ser escritas em
itálico porque são designações em Latim. A terceira palavra que é escrita em Romano com a
inicial em maiúscula e muitas vezes abreviada, refere o nome do Botânico ou da autoridade que
atribuiu os nomes de Género e de Espécie.
A abreviatura “sp.” em Romano que aparece por vezes a seguir ao nome de espécie refere o facto
de apenas o Género ser conhecido com segurança e quer dizer espécie incerta. Quando existem
mais do que uma espécie envolvida usa-se a abreviatura “spp.”.
O conhecimento dos nomes científicos é importante por duas razões: em primeiro lugar, porque o
nome comum da árvore pode ser diferente da madeira comercializada, e em segundo, porque há
uma grande inconsistência nos nomes comuns. Uma determinada espécie é capaz de ter vários
nomes comuns, especialmente quando provem de diferentes locais.
A MADEIRA E A HUMIDADE
Praticamente todas as pessoas sabem por experiência própria que a interacção entre madeira e a
humidade do ar leva à madeira a encolher ou a inchar. A gaveta que prende ou a ferramenta com
um cabo solto são apenas dois exemplos para a reacção da madeira em relação às mudanças na
humidade do ar. Embora possam surgir outros problemas, como por exemplo a descoloração
devido a uma infestação de fungos ou falhas na colagem, as maiores dificuldades para o artesão
prendem-se com as alterações na dimensão.
Após o abate, a estrutura celular da madeira está cheia de água e é preciso atingir dois
objetivos.Um deles é secagem da madeira, ou seja o seu pré-encolhimento para um teor de
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humidade igual ao do ambiente onde se encontra. O outro é o controlo de qualquer subsequente
ganho ou perda em humidade a fim de reduzir a possibilidade de alterações dimensionais.
Para poder superar eventuais problemas, o artesão deve estar ciente do processo de secagem
inicial da seiva na madeira recém-cortada, bem como do contínuo intercâmbio de humidade entre
a madeira e o seu ambiente circundante. Para isso convém esclarecer alguns termos deste
relacionamento complexo.
Teor de humidade: é a medida da percentagem do peso de água numa determinada peça de
madeira em relação à mesma madeira enquanto totalmente seca. Esta relação é normalmente
expressa como percentagem de humidade.
Humidade: é um termo geral que se refere à água no estado de vapor contida no ar atmosférico.
Humidade absoluta: é a quantidade efectiva de água que o ar contem e é medida em gramas de
água por metro cúbico de ar.
Humidade relativa: é a razão entre a quantidade de água que o ar contem a uma determinada
temperatura e a quantidade máxima de água que o ar poderia conter a essa mesma temperatura. Ou
seja quando o ar estivesse saturado com água.
Quanto mais elevada for a temperatura maior será a quantidade de água que o ar pode conter. Por
isso é que, quando o ar arrefece, perde água, condensando-a nas superfícies.
Água retida: é a água retida nas paredes celulares por fortes forças de atracção.
Água livre: é a água contida e não retida nas cavidades celulares.
A água livre é a primeira a ser perdida pela madeira, mas esta só pode considerar-se
completamente seca quando perde a água retida. Somente quando a madeira começa a perder a sua
água retida é que começa a encolher e a tornar-se mais dura.
Para que a madeira perdesse toda a sua água era necessário que fosse colocada num ambiente com
uma humidade relativa de 0%. Se a humidade relativa for de 100%, a madeira não perderá
humidade nenhuma. Como normalmente colocamos a madeira em ambientes em que a humidade
relativa se encontra entre 0 e 100%, a madeira nunca perderá a sua água toda.
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A madeira nunca perde a sua higroscopicidade, ou seja a sua capacidade de perder e ganhar água
consoante a humidade relativa for maior ou menor. Mas se a madeira for colocada num
determinado local durante um longo período de tempo, vai chegar a um ponto de equilíbrio entre a
água que contem e a água do ar que a rodeia.
Talvez se consiga agora perceber porque é que um móvel em nossas casas pode empenar ou até
abrir rachas. A situação extrema passa-se quando, no inverno, a temperatura do ar fora das nossas
casas é baixa e por isso, apesar da sua humidade relativa ser alta, ele contém uma humidade
absoluta muito baixa porque está frio. Esse ar entra em nossas casas naturalmente, só que nós
elevamos a temperatura do ambiente com aquecedores, portanto esse ar, quando aquece passa a
ter de repente uma humidade relativa baixíssima. A madeira nestas condições vai começar a
perder água para o ar com as conseqüências que se conhecem.
SECAGEM DA MADEIRA
A madeira quando é cortada está cheia de seiva, que na sua maior parte é constituída por água, e a
partir desse momento começa a perdê-la. Começa então o processo de secagem. À medida que a
madeira perde água, o ar começa a ocupar os espaços livres dentro das células. A madeira torna-se
mais leve e encolhe, mudando a forma e torna-se mais dura e forte. Este processo continua até se
encontrar o equilíbrio entre a humidade contida na madeira e a do meio ambiente.
Exposta ao ar livre, a madeira perde a sua água livre e seca de forma a que o teor de humidade se
encontra em equilíbrio com a atmosfera exterior que a rodeia. O tempo necessário para secar uma
madeira ao ar livre depende da espécie, da espessura, das condições climáticas, etc.
COMO LIDAR COM AS MOVIMENTAÇÕES DA MADEIRA
O artesão deve não só conhecer a relação entre a madeira e a humidade, mas também as formas
como lidar com as variações dimensionais da madeira que aquela relação acarreta.. Há quatro
formas de lidar com a alteração dimensional da madeira: encolhimento prévio através de uma
secagem antes da utilização; controlo da humidade; limitação do movimento através da força
mecânica; estabilização química.
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Encolhimento prévio: Embora a madeira seja posta a secar por uma série de diferentes razões
(redução do peso, para evitar a deterioração através dos fungos, para aumentar a resistência, para
permitir a sua colagem e acabamento), o que se pretende principalmente é que a madeira seque
antes e não depois da conclusão do produto final. Isto exige que o teor de humidade fique reduzido
à humidade relativa média do local onde a peça seria utilizada. Todavia, não é possível atingir
condições em que a madeira nunca mais encolha ou inche, uma vez que é difícil prever o
equilíbrio apropriado. A isto se acrescenta o facto de os ambientes raramente se manterem
estáveis. O teor de humidade visado depende de uma série de factores, tais como os níveis médios
e extremos de humidade no local, da utilização da peça fora ou dentro da casa, do período de uso
de um aquecimento no inverno, etc. Fazer encolher madeira é uma coisa, mantê-la estável é outra.
Por isso não se pode dispensar a segunda medida acima enumerada.
Controlo da atmosfera: o emprego de ar-condicionado é eficiente, mas nem sempre possível ou
sensato. Uma outra possibilidade é o controlo da humidade do ar através do isolamento, mantendo
a peça dentro de um contentor fechado. Que pode tratar-se de uma caixa de exposição, uma
redoma de vidro, um saco plástico ou uma camada de acabamento (goma-laca, verniz, etc.). Se
houvesse um sistema de acabamento impenetrável pela humidade, o problema seria resolvido. Na
realidade, nenhum sistema tem este efeito. Os acabamentos representam apenas um obstáculo para
a penetração da humidade, evitando o pior.
Limitação do movimento através da força mecânica: nalguns casos, os métodos acima
descritos podem não ser suficientes para controlar as alterações dimensionais. Um outro meio para
limitar o movimento é a aplicação de uma material estável (metal, plástico ou outro material
sintético) na forma de correias ou cavilhas compridas. Também é muito vulgar o uso da própria
madeira para executar a correção.
A maior resistência e estabilidade da madeira está com a direcção do veio, um facto que se
aproveita também na produção de contraplacado. Seja qual for a construção corretiva que se
utiliza, ela tem que ser equilibrada para distribuir a força limitadora uniformemente.
Estabilização química: o tratamento químico também é capaz de prevenir alterações
dimensionais. Um método é a impregnação da madeira com um composto químico monomérico
(de moléculas simples), e a seguir fazer a sua polimerização (transformando-o numa forma
molecular mais complexa) através de calor ou radiações. O resultado é um composto de madeira e
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plástico. Um outro tratamento estabilizador é a impregnação com polietileno-glicol de um peso
molecular médio de 1000. Este tratamento evita o encolhimento na altura da secagem da madeira.
COMO SECAR A SUA PRÓPRIA MADEIRA
Para quem precisa de secar pequenas quantidades de madeira aplicam-se as mesmas regras que
são válidas para a secagem de grandes quantidades, ou seja, a madeira tem que ser cortada de
forma apropriada, preparada e amontoada, e a velocidade e o processo da secagem têm que
ser controlados.
Na selecção das peças devem privilegiar-se aquelas com uma estrutura normal e um veio direito,
visto que todas as peças defeituosas podem causar problemas na secagem. Ao preparar os pedaços,
não se deve esquecer que o encolhimento tangencial é duas vezes maior do que o encolhimento
radial. Os toros devem ser cortados de forma a não conterem a medula. Há duas razões para isso: a
primeira é que a secagem decorre com uma distorção normal; a segunda é que assim é possível
descobrir nós escondidos de tocos de ramos não visíveis do lado da casca.
Para evitar uma secagem rápida das pontas, a superfície das pontas deverá ser protegida com uma
boa camada de um produto impermeável (p. ex. parafina, tinta para alumínio, verniz de
poliuretano). É importante que se proteja as pontas imediatamente depois do corte para assegurar
que todo o processo de secagem decorre através das superfícies laterais. Quando a casca está solta,
é melhor removê-la para que as zonas separadas não se tornem numa câmara para o
desenvolvimento de fungos.
Os pedaços devem ser marcados com um número e uma data, principalmente quando se põem a
secar diferentes madeiras em diferentes alturas.
Os madeira assim preparada tem quer ser amontoada corretamente para obter bons resultados no
processo de secagem. O empilhamento tem que assegurar uma boa circulação de ar em todas as
superfícies do material. Quando se trata de blocos irregulares, basta empilhá-los de forma a que as
superfícies laterais não se toquem. Com tábuas, o empilhamento tem que ser cuidadosamente
projetado e executado de forma sistemática. Neste caso as tábuas são afastadas por tiras (de
madeira) estreitas que permitem a livre circulação do ar. As tiras devem estar secas, livres de
qualquer fungo e ser pelo menos tão compridas como a largura da pilha para evitar pontas caídas.
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A fim de obter melhores resultados, as tábuas e as tiras devem ser tão uniformes na espessura
quanto possível. Nos empilhamentos grandes, as tábuas mantêm-se no seu lugar através do próprio
peso, nos pequenos um peso extra (tijolos, restos de madeira, etc.) deve ser colocado no topo (ver
figura a seguir).
Inicialmente, o local deve ter condições que levem a uma secagem moderada. Quando a madeira
chega a um nível reduzido de humidade, as condições de secagem já podem passar a ser mais
drásticas. Na primeira fase, o processo de secagem torna-se muito delicado. O processo não pode
ser demasiado acelerado para não causar defeitos nas superfícies, nem demasiado lento para evitar
a actividade dos fungos na superfície.
Para o processo inicia,l um local ao ar livre é o mais indicado. O empilhamento deve ser afastado
do chão para evitar excessos de humidade, e protegido da chuva e dos raios solares directos.
Quando se pretende utilizar a madeira para objetos que, futuramente, terão um lugar no interior, a
secagem ao ar livre não garante o baixo equilíbrio do teor de humidade necessário. Neste caso, o
material tem que ser removido para um local aquecido onde continua a secagem até chegar ao
equilíbrio do teor de humidade desejado. Quando a madeira é logo colocada num local interior, o
processo de secagem pode ser demasiado acelerado. Seja como for, o processo pode ser
controlado através do peso, pelo que o peso deve ser avaliado frequentemente, para se poder
elaborar um gráfico do processo de secagem.
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A última etapa do processo de secagem deveria decorrer num ambiente parecido ao ambiente em
que o produto final vai ser utilizado. Quando a madeira chega ao ponto de ter um peso
equilibrado, está pronta para ser trabalhada. Devido à grande quantidade de espécies, não é
possível dizer qual é o tempo médio de secagem. Em geral, as madeiras de densidade baixa são de
mais fácil secagem.
Finalmente, convém ressaltar o facto de que não se deve armazenar demasiada madeira, porque
depois não se consegue controlá-la ao longo de todo o processo de secagem.
O ARMAZENAMENTO DA MADEIRA DEPOIS DA SECAGEM
O envolvimento de madeira seca numa película de polietileno ou em papel pardo pode ser uma
grande ajuda para passar pelos pontos altos de secura ou de humidade, sem um intercâmbio
excessivo de humidade. Mesmo no processo de trabalho que se estende por um período
prolongado, as alterações rápidas na humidade relativa tem que ser levadas a sério. Por isso,
convém proteger as partes não acabadas de uma peça enquanto se continua a trabalhar noutras.
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3ª PARTE
FICHAS DE MADEIRAS
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ABETO
Abies alba • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Abeto-branco • INGLÊS: Silver fir; European silver pine;
Europa do sul e central. • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Amarelo muito pálido. • BRILHO: Lustro suave. • DENSIDADE: 480kg/m3 • DUREZA: Macia. • DURABILIDADE: Fraca. • OUTRAS: Textura fina; veios retos; borne não distinto, anéis de crescimento bem visíveis. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não é possível. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com
ferramentas manuais ou eléctricas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e dá um acabamento liso. • USOS
Estruturas de móveis.
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CASQUINHA
Pinus sylvestris • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Pinho silvestre • INGLÊS: Redwood; Scots pine • FRANCÊS: Pin du Nord; Pin sylvestre • ESPANHOL: Pino silvestre; Pino albar;
Pino serrano; Pino bermejo • ALEMÃO: • ORIGEM
Europa do norte (Escandinávia); Norte da Ásia.
• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Amarelo pálido a castanho
amarelado ou avermelhado. • DENSIDADE: 510kg/m3 • DUREZA: Macia. • DURABILIDADE: Durável. • OUTRAS: Textura média a grosseira; veios retos; anéis de crescimento visíveis; borne
amarelo pálido; cerne castanho avermelhado; madeira resinosa. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Com dificuldade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se bem. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem mas os nós
podem criar problemas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita as velaturas mas a resina pode causar
problemas.Pode ser polida. • USOS
Mobiliário; talha; torneados.
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CEDRO
Cedrus spp. • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Cedro do Libano • INGLÊS: Cedar of Lebanon • FRANCÊS: Cédre du Liban • ESPANHOL: Cedro del Líbano; Cedro
de Salomón • ALEMÃO: Zeder(nholz) • ORIGEM
Norte de África e Médio Oriente. • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Varia entre o rosa acastanhado,
amarelo escuro e o tom de canela. • CHEIRO: A cedro (aromática). • DENSIDADE: 560kg/m3 • DUREZA: Macia. • DURABILIDADE: Durável. • OUTRAS: Textura media a fina e uniforme; veios retos; borne distinto de cor clara; anéis
de crescimento bem visíveis. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não é possível. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se bem. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com qualquer
tipo de ferramenta. Devem ser tomadas precauções com os nós. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode polir-se com muito
sucesso. • USOS
Mobiliário de interior e exterior; folheados.
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ESPRUCE
Picea abies • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Espruce europeu; Picea europeia • INGLÊS: European spruce; White Deal; Common
Europa • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho amarelado claro • BRILHO: Brilhante • DENSIDADE: 450kg/m3 • DUREZA: Macia. • DURABILIDADE: Pouco durável. • OUTRAS: Textura fina; veios retos; borne pouco distinto de cor branca; anéis de
crescimento visíveis mas não de cor mais escura. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Com dificuldade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com
ferramentas. manuais e eléctricas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e dá um acabamento
FISICAS • COR: Laranja avermelhado. • CHEIRO: A terbentina. • DENSIDADE: 590kg/m3 • DUREZA:Macia. • DURABILIDADE: Duradoura. • OUTRAS:Textura fina e uniforme; veios retos; borne distinto de cor clara; anéis de
crescimento visíveis. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Com dificuldade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com qualquer
tipo de ferramenta. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita velaturas, mas as resinas dificultam a
aplicação dos acabamentos. • USOS
Estruturas de móveis para serem depois plaqueados ou folheados.
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TEIXO
Taxus baccata • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: EuropeanYew; Irish Yew; Common Yew • FRANCÊS: If • ESPANHOL: Tejo común • ALEMÃO: • ORIGEM
Europa; Ásia Menor; Norte de África; Birmânia; Himalaia.
• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Avermelhada • DENSIDADE: 670kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Duradoura. • OUTRAS: Textura fina; veios retos e por vezes tendem a ser irregulares e entrelaçados
com desenho muito decorativo;borne distinto e irregular de cor branca; nós inclusos no cerne; madeira de natureza oleosa.
• UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Pode ser dobrada com vapor. • FACILIDADE EM SER COLADA: Não é fácil devido à natureza oleosa da madeira. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: A madeira de veios retos e
regulares trabalha-se bem com qualquer tipo de ferramenta, mas a de veios irregulares é mais difícil.
• FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode ser polida. • USOS
Mobiliário; Talha; Torneados; Folheados.
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TUIA
Thuja plicata • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Cedro-do-canadá; Tuia-gigante • INGLÊS: Western red cedar; Giant arbor-vitae • FRANCÊS: Thuya géant; Cédre rouge; Arbre de
vie • ESPANHOL: Cedro rojo; Cedro dulce • ALEMÃO: Rotzeder • ORIGEM Grã-bretanha; E.U.; Canadá; Nova Zelandia • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho avermelhado que no exterior vai
escurecendo até ficar cinzento prateado. • CHEIRO: Após o corte tem odor a cedro.que pode
ser persistente. • DENSIDADE: 370kg/m3 • DUREZA: Macia. • DURABILIDADE: Durável. • OUTRAS: Textura média a fina; veios retos; borne distinto; não resinosa; tem substancias
que reagem com o ferro. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não é possível. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com qualquer
tipo de ferramenta. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e permite um bom
Europa; América do norte • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho amarelado pálido com anéis
mais escuros. • BRILHO: Sem brilho. • DENSIDADE: 710kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Pouco duradoura. • OUTRAS: Textura fina; borne não distinto. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra bem com vapor. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se bem. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita as velaturas e pode polir-se bem. • USOS
Torneados; mobiliário; folheados.
79
BUXO
Buxus sempervirens • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: European Boxwood; Box; Abassian;
Iiranian; Turkish boxwood. • FRANCÊS: Buis • ESPANHOL: Boj • ALEMÃO: Buchsbaum • ORIGEM
Europa; Ásia ocidental; Ásia Menor • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Amarelada. • BRILHO: Lustrosa. • DENSIDADE: 930kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Muito durável. • OUTRAS: Textura fina e uniforme; veios rectos ou irregulares; poro fechado; borne não
distinto. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra com facilidade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: É difícil de trabalhar, mas com
ferramentas bem afiadas é possível fazer cortes limpos. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode ser polido. • USOS
Talha; torneados; embutidos; móveis pequenos.
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CARVALHO
Quercus robur • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Carvalho roble • INGLÊS: European oak; Pedunculate oak;
• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Acastanhada; amarelo-terrosa; castanho dourado. • CHEIRO: Odor aos ácidos taninicos. • DENSIDADE: 720kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Duradoura devido aos taninos que existem no cerne. • OUTRAS: Textura áspera não uniforme; cerne distinto; raios lenhosos bem marcados,
veios retos; anéis de crescimento marcados; desenho em flor; rica em ácidos taninicos que provocam manchas escuras resistentes e que corroem o ferro.
• UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra bem com vapor. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com
ferramentas bem afiadas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Responde bem ás técnicas de branqueamento;
aceita bem as velaturas; fácil de polir. • USOS
Mobiliário, folheados e talha.
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CASTANHO
Castanea sativa • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Castanheiro • INGLÊS: Chestnut; Sweet chestnut • FRANCÊS: Châtaignier • ESPANHOL: Castaño común • ALEMÃO: Kastanie(nholz) • ORIGEM
Europa, Ásia Menor, norte de África.
• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho-amarelado-avermelhado. • DENSIDADE: 560kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Muito durável. • OUTRAS:Textura grosseira não uniforme; cerne distinto; desenho venado às vezes
ondulado; presença de ácidos no cerne que provocam corrosão do ferro e manchas na madeira quando está humida.
• UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra mal. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com
ferramentas manuais ou eléctricas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Fácil de polir; aceita bem as velaturas. • USOS
Mobiliário; torneados; talha.
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CEREJEIRA
Prunus avium • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: European cherry; Gean; Wild
Europa; Ásia noroeste; África norte. • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Do rosado pálido ao castanho-avermelhado, passando pelo castanho dourado com
nuances esverdeadas. • CHEIRO: Após o corte tem odor a botões de rosa. • DENSIDADE: 540kg/m3 • DUREZA: Moderada. • DURABILIDADE: Média. • OUTRAS: Textura fina e uniforme; veios direitos; cerne distinto; raios lenhosos
marcados; presença de substancias gomosas e oleosas. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra com facilidade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar se o veio for
direito. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: A acção do vapor torna-a mais avermelhada; aceita
as velaturas mas devido à presença de óleos naturais devem ser tomadas precauções no polimento.
• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho escuro a negro. • BRILHO: Lustroso. • DENSIDADE: 1190kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Muito durável. • OUTRAS: Textura fina e uniforme; veios ondulados e
irregulares; borne branco amarelado. • • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Impossível. • FACILIDADE EM SER COLADA: Difícil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE
FERRAMENTAS: Excepto no torno é difícil de trabalhar.
• FACILIDADE NO ACABAMENTO: Excelente polimento. • USOS
Torneados, embutidos.
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FAIA
Fagus sylvatica • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Faia comum • INGLÊS: European Beech; English
beech; Carpathian beech; Slavonian beech
• FRANCÊS: Fayard hêtre • ESPANHOL: Haya común • ALEMÃO: Buche(nholz) • ORIGEM
Europa
• CARACTERISTICAS FISICAS
• COR: Castanho claro amarelada a
castanho-avermelhada quando tratada com vapor.
• DENSIDADE: 720kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Perecível, pode ser tratada. • OUTRAS: Textura fina e uniforme; borne pouco distinto; desenho espelhado; empena e
fende ao secar. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Excelente para dobrar com vapor. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com qualquer
tipo de ferramenta. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode ser polida até obter
Fraxinus excelsior • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Freixo Europeu • INGLÊS: European Ash; Common Ash • FRANCÊS: Frêne commun • ESPANHOL: Fresno Europeo • ALEMÃO: Esche(holz) • ORIGEM
Europa • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Branco a castanho pálido. • DENSIDADE: 710kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Pouco durável. • OUTRAS: Textura grosseira; veios retos; poro
grande; borne não distinto; boa resistência. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Excelente para dobrar a vapor • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola bem. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com
ferramentas manuais e elétricas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e pode polir-se. • USOS
Lignum Sanctum • FRANCÊS: Gaïac; Bois de gaiac • ESPANHOL: Guayacán; Palo santo; Palo
de hierro. • ALEMÃO: Porkholz • ORIGEM
Antilhas, América tropical
• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho esverdeado com raios negros. • CHEIRO: Cheiro agradável. • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: Oleosa ao tacto. • DENSIDADE: 1250kg/m3 • DUREZA: Muito dura. • DURABILIDADE: Muito durável. • OUTRAS: Textura fina e uniforme; veio unido e entrelaçado; borne estreito de cor beije;
cerne muito rico em resina. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Impossível. • FACILIDADE EM SER COLADA: Para ser colada tem que utilizar-se cola de solventes. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Muito difícil de trabalhar com
qualquer ferramenta. Mas torneia-se com alguma facilidade. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Pode ser polida. • USOS
• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho-avermelhado com riscas
castanho escuro. • BRILHO: Brilho natural. • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO
TACTO: Frio ao toque. • DENSIDADE: 950kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Elevada. • OUTRAS: Textura média; veio irregular e entrelaçado; borne distinto de cor clara. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não aceita ser dobrada. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com alguma dificuldade. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Difícil de trabalhar
manualmente; as ferramentas têm que estar muito bem afiadas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Pode ser polida. • USOS
Mobiliário, torneados, folheados.
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JACARANDÁ DA BAÍA
Dalbergia nigra • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Pau preto; Pau rosa;
Cabiuna • INGLÊS: Brasilian rosewood; Bahia
rosewood; Rio rosewood; Jacarandá-de-bahia;
• FRANCÊS: Palissandre Brésil; Palissandre de Rio
• ESPANHOL: Palo de rosa; Palisandro de Rio
• ALEMÃO: Palisander; Rio Palisander; Rosenholz • ORIGEM
América do sul
• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: laranja escuro ou castanho chocolate ou castanho violáceo com listas mais escura ou
mesmo pretas. • BRILHO: Brilho natural. • CHEIRO: Recém cortada tem um leve odor a rosas • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: Oleosa ao tacto • DENSIDADE: 883kg/m3 • DUREZA: Dura • DURABILIDADE: Muito durável. • OUTRAS: Textura uniforme e veios direitos mas com tendência para serem irregulares e
se entrelaçarem; borne de cor distinta; muito rica em óleos naturais e gomas que preenchem os poros que são grosseiros e abertos.
• UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Pode ser dobrado com cuidado. • FACILIDADE EM SER COLADA: Difícil de colar devido à presença de óleos. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Não é difícil de trabalhar e
pode ser aplainado. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Os óleos naturais e as gomas dificultam a tarefa de
polir. • USOS
Mobiliário, torneados, talha e folheado.
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MOGNO
Swietenia spp. • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Mogno Americano • INGLÊS: American Mahogany; Central
American mahogany; Mexican mahogany; Aguano; Anani; Baywood
América Central e do Sul • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho avermelhado-acobreado. • DENSIDADE: 560kg/m3 • DUREZA: Média. • DURABILIDADE: Durável. • OUTRAS: Textura media com veios retos regulares e ás vezes entrelaçados com poro
grande; borne distinto de cor amarelada. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Pode ser dobrada com precaução. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com
ferramentas manuais e eléctricas desde que bem afiadas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e desde que se sele o poro
faz um bom acabamento polido. • USOS
Mobiliário, torneados, talha e folheados.
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NOGUEIRA
Juglans regia • OUTRAS DESIGNAÇÕES • INGLÊS: European walnut ; English walnut ;
French walnut ; Italian walnut ; Turquish walnut
• FRANCÊS: Noyer commum • ESPANHOL: Nogal común • ALEMÃO: Nussbaum • ORIGEM
Turquia ;Europa ; Ásia Menor
• CARACTERISTICAS FISICAS
• COR: Parda torrada ; castanho acinzentado com laivos mais escuros dependendo da origem.
• BRILHO: Acetinado, reflexos ondulantes. • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO
TACTO: fria ao toque • DENSIDADE: 670kg/m3 • DUREZA: Moderada. • DURABILIDADE: Moderadamente durável. • OUTRAS: Textura áspera e uniforme com veios reto e ondeado. Desenho enrugado Cerne
distinto
• UTILIZAÇÃO
• FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra bem com vapor. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se facilmente. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com
ferramentas manuais e electricas • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Dá um acabamento fino com algum esforço e
• COR: Branca; marfim rosada; branca amarelada • BRILHO: Muito brilhante. • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO: Sedosa. • DENSIDADE: 630kg/m3 • DUREZA: Semi-dura. • DURABILIDADE: Pouco durável, só para utilização interior. • OUTRAS: Textura fina; grão continuo,com veio e sem poros; anéis de crescimento muito
pouco marcados o que dificulta a distinção entre o cerne e o borne; seca lentamente mas é estável; resistente ao desgaste.
• UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra com facilidade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Boa de trabalhar. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Acabamento perfeito; aceita bem as velaturas; pode
ser polida. • USOS
Mobiliário, marchetaria, caixas de ressonância de instrumentos musicais de cordas, torneados folheados, talha.
92
PAU ROXO Peltogyne spp.
• OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Amaranto • INGLÊS: Purpleheart; Amaranth;
• COR: Roxo após o corte mas escurece com o tempo e com a acção da luz tornando-se castanho avermelhado.
• DENSIDADE: 880kg/m3 • DUREZA: Dura; muito resistente ao impacto. • DURABILIDADE: Muito durável • OUTRAS: Textura média a fina e uniforme
com veios normalmente retos mas que às vezes são irregulares o que dá a aparência raiada. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Dobra moderadamente. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se com facilidade. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Torneia-se bem e é difícil de
serrar porque acumula resina nos dentes da serra. A ferramenta deve estar muito afiada e o angulo de corte deve ser reduzido.
• FACILIDADE NO ACABAMENTO: Recebe bem as velaturas e a cera mas o polimento a álcool pode alterar a cor.
• USOS Mobiliário; torneados; Folheados.
93
PAU SANTO
Dalbergia latifolia • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: • INGLÊS: Indian rosewood; Bombay blackwood; East
Indian rosewood; Sonokeling; Shisham; Angsana Keling.
• FRANCÊS: Palissandre Asie • ESPANHOL: Palisandro Índio; Palo de rosa • ALEMÃO: • ORIGEM
Índia, Indonésia
• CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho dourado a castanho arroxeado com
manchas pretas ou de roxo escuro. • BRILHO: Brilho natural. • CHEIRO: Fragrância a rosas quando acabada de
cortar. • PROPRIEDADES DETECTÁVEIS AO TACTO:
Oleosa ao toque. • DENSIDADE: 870kg/m3 • DUREZA: Muito dura. • DURABILIDADE: Muito durável. • OUTRAS: Textura uniforme e um pouco áspera; veios entrelaçados; presença de óleos e
ceras e eventualmente de minerais o que provoca o desgaste das ferramentas. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Não é possível. • FACILIDADE EM SER COLADA: Não é fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Difícil de trabalhar com as
ferramentas manuais e estraga o fio às ferramentas elétricas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Bom acabamento a cera; deve selar-se o poro para
Europa • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Castanho claro avermelhado. • DENSIDADE: 740kg/m3 • DUREZA: Dura. • DURABILIDADE: Pouco durável. • OUTRAS: Textura fina; borne pouco distinto; veio fino, apertado e uniforme embora
possa aparecer veios em espiral. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Com dificuldade. • FACILIDADE EM SER COLADA: Cola-se bem • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Fácil de trabalhar com todo o
tipo de ferramentas. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e o polimento. • USOS
Excelente para entalhar quando bem seca; torneados; mobiliário; embutidos; folheados decorativos.
FISICAS • COR: Amarela pálida e branca • BRILHO: Lustro natural. • DENSIDADE: Européias-560kg/m3 ; Americana-416kg/m3 • DUREZA: Branda • DURABILIDADE: As variedades Européias são mais resistentes e duradouras que as
Americanas. • OUTRAS: Textura fina e uniforme; borne não distinto; veio fino e regular; muito estável
depois de seca. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: A variedade Americana é difícil de dobrar mas a
Européia dobra bem. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Muito fácil de trabalhar. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita muito bem as velaturas e os polimentos • USOS
Ideal para tornear; talha; Marchetarias.
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TULIPEIRO
Liriodendron tulipifera • OUTRAS DESIGNAÇÕES • PORTUGUÊS: Tulipeiro da Virginia • INGLÊS: American yellow poplar; Américan
white wood; Canary wood; Tulip poplar • FRANCÊS: • ESPANHOL: Tulipanero; Tulipero • ALEMÃO: • ORIGEM
América do norte. • CARACTERISTICAS FISICAS • COR: Varia entre o verde oliva pálido e o
castanho com manchas azuladas. • DENSIDADE: 510kg/m3 • DUREZA: Macia. • DURABILIDADE: Pouco durável. • OUTRAS: Textura fina suave e ligeira; veios
retos; borne fino e de cor branca. • UTILIZAÇÃO • FACILIDADE EM SER DOBRADA: Difícil de dobrar sem partir. • FACILIDADE EM SER COLADA: Fácil de colar. • FACILIDADE NA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS: Trabalha-se bem com qualquer
tipo de ferramenta. • FACILIDADE NO ACABAMENTO: Aceita bem as velaturas e o polimento. • USOS
Mobiliário; talha; folheados.
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BIBLIOGRAFIA
Aronson, Joseph (1938): “ The Encyclopedia of Furniture”. Crown Publishers, New York.
Bedel, Jean: “Le Grand Guide des Styles”. Hachette.
Bishop, Peter (1999): “100 Woods. A Guide to Popular Timbers of the World”. The
Crowood Press, Ramsbury, UK.
Bridge, Mark (1988): ″Encyclopédie du mobilier de caractère, Les Bureaux″. Éditions de