ARQUIVOLOGIA Curso básico de conceitos de arquivologia e técnicas de arquivo Iracema Marinho INTRODUÇÃO Para bem se entender a problemática atual dos arquivos, é preciso compreender o século XX sob um novo paradigma que atenda à rapidez da evolução tecnológica. É suficiente lembrar dos vários interlocutores, cada qual trazendo sua influência e moldando a sociedade com novos valores, inserindo novos cenários. A partir da Segunda Guerra Mundial, assiste-se à chegada da fotocopiadora, da eletrônica, da televisão, dos satélites, e, sobretudo dos computadores. A partir da década de 1970, a telemática, ou seja, o computador conectado a outros computadores via linhas telefônicas, mudou profundamente as possibilidades de comunicação de documentos. Depois de muitos anos, a disciplina de arquivística conheceu desenvolvimentos importantes no estabelecimento da teoria, nas técnicas de organização e nos métodos de trabalho no sentido de viabilizar com maior rapidez o acesso à informação e garantir formas de preservação e conservação de arquivos institucionais, pois por meio desses documentos podemos remontar uma nova história, não apenas com a versão hegemônica do poder. O presente trabalho destina-se a subsidiar o estudo sobre noções de arquivologia e técnicas de arquivo, com a apresentação de conceitos básicos da moderna arquivística, e compilação de teoria baseada nos maiores autores da área. Além disso, dispõe de questões de concursos, legislação arquivística, norma ISAD(g) e glossário de termos arquivísticos.
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ARQUIVOLOGIA
Curso básico de conceitos de arquivologia e técnicas de arquivo Iracema Marinho INTRODUÇÃO
Para bem se entender a problemática atual dos arquivos, é preciso
compreender o século XX sob um novo paradigma que atenda à rapidez da
evolução tecnológica. É suficiente lembrar dos vários interlocutores, cada
qual trazendo sua influência e moldando a sociedade com novos valores,
inserindo novos cenários.
A partir da Segunda Guerra Mundial, assiste-se à chegada da
fotocopiadora, da eletrônica, da televisão, dos satélites, e, sobretudo dos
computadores. A partir da década de 1970, a telemática, ou seja, o
computador conectado a outros computadores via linhas telefônicas, mudou
profundamente as possibilidades de comunicação de documentos.
Depois de muitos anos, a disciplina de arquivística conheceu
desenvolvimentos importantes no estabelecimento da teoria, nas técnicas
de organização e nos métodos de trabalho no sentido de viabilizar com
maior rapidez o acesso à informação e garantir formas de preservação e
conservação de arquivos institucionais, pois por meio desses documentos
podemos remontar uma nova história, não apenas com a versão
hegemônica do poder.
O presente trabalho destina-se a subsidiar o estudo sobre noções de
arquivologia e técnicas de arquivo, com a apresentação de conceitos básicos
da moderna arquivística, e compilação de teoria baseada nos maiores
autores da área.
Além disso, dispõe de questões de concursos, legislação arquivística,
norma ISAD(g) e glossário de termos arquivísticos.
“... proponho que assumamos, agora e aqui, o compromisso de conceber e fabricar uma arca da memória, capaz de sobreviver ao dilúvio atômico. Uma garrafa de náufragos siderais lançada aos oceanos do tempo, para que a nova humanidade de então saiba por nós o que as baratas não lhes contarão...”
Gabriel Garcia Marquez
ORIGEM DOS ARQUIVOS
A origem dos arquivos é incerta. Alguns afirmam ter surgido da
antiga Grécia – arché, atribuída ao palácio dos magistrados, evoluindo para
archeion, local de guarda e depósito dos documentos.
Ramiz Galvão (1909) considera archivum o mesmo que arquivo,
palavra de origem latina, que no sentido antigo identifica o lugar de guarda
de documentos e outros títulos.
BREVE HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS DE ARQUIVO
As definições antigas acentuavam o aspecto legal dos arquivos como
depósitos de documentos e papéis de qualquer espécie, tendo sempre
relação com os direitos das instituições ou indivíduos.
Estabeleciam ou reivindicavam direitos.
Quando não atendiam mais a estas exigências, eram transferidos
para museus e bibliotecas.
Daí surge à idéia de arquivo administrativo e arquivo histórico.
INFORMAÇÃO, ARQUIVO E INSTITUIÇÕES ARQUIVÍSTICAS
Informação: não tem sido considerada como objeto privilegiado da
Arquivologia, mas sim a conseqüência do documento de arquivo que, por
sua vez, é visto como o elemento do arquivo.
“Importa muito que não percamos de vista a tríplice dimensão do
objeto da Arquivologia e sua ordem: Arquivos – documentos de arquivos –
informação.”1
Segundo o Dicionário Internacional de Terminologia Arquivística,
publicado pelo Conselho Internacional de Arquivos (CIA), um arquivo é “o
conjunto de documentos, quaisquer que sejam suas datas, suas formas ou
seus suportes materiais, produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou
jurídicas, de direito público ou privado, no desempenho de suas atividades”
(1984, p. 25).
O manual de Arquivologia publicado pela Direção dos Arquivos de
França, em conjunto com a Associação dos Arquivistas Franceses define
arquivos como sendo “o conjunto de documentos, de qualquer natureza,
que qualquer corpo administrativo, qualquer pessoa física ou jurídica, tenha
automática e organicamente reunido, em razão mesmo de suas funções e
atividades” (1970, p. 23).
Para a Lei nº 8.159, de 8/1/1991 – que dispõe sobre a política
nacional de arquivos públicos e privados:
Art. 2º Consideram-se arquivos, para os fins desta Lei, os conjuntos de
documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter
público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas,
bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a
natureza dos documentos.
A comparação de tais definições com o conceito de arquivo, vigente
desde o final do século XIX até meados deste século resulta no seguinte:
Conjunto de documentos escritos, desenhos e material impresso, recebidos
ou produzidos oficialmente por determinado órgão administrativo ou por um de seus
funcionários, na medida em que tais documentos se destinavam a permanecer na
custódia deste órgão ou funcionário.2
A partir da segunda metade do século XX, são referidos os dois
pontos básicos:
a) uso, cada vez mais extensivo, de novos suportes documentais,
eliminando da definição de arquivo qualquer tentativa de delimitar
os possíveis suportes dos registros arquivísticos;
b) o surgimento dos princípios da Gestão de Documentos, a partir de
reformas administrativas, ocorridas nos Estados Unidos e Canadá,
1 HEREDIA, 1993, p. 32. 2 Associação dos Arquivistas Holandeses, 1973, p. 13.
no final da década de 40, buscam a economia e a eficácia na
produção, manutenção, uso e destinação final dos documentos.
Originários da impossibilidade de se lidar, de acordo com os
moldes tradicionais, com as massas cada vez maiores de
documentos produzidos pelas administrações, inauguram, entre
outras, as práticas de avaliação, seleção e eliminação de
documentos de arquivos.
É superada a idéia predominante de que os arquivos constituem
conjuntos de documentos destinados a permanecer sob custódia
permanente das instituições, é estabelecida a noção de que os documentos
de arquivo podem, de acordo com seus valores probatórios e informativos,
ser eliminados.
Assim, o conceito de arquivo mantém inalteradas as suas
características básicas de conjunto orgânico produzido por uma dada
atividade jurídico-administrativa, salientando-se o caráter testemunhal do
conjunto documental arquivístico, conservado em sua organicidade.
Nova visão:
Arquivos têm, conseqüentemente, uma estrutura, uma articulação e uma
natural relação entre suas partes, as quais são essenciais para sua significação. A
qualidade de um arquivo só sobrevive em sua totalidade se sua forma e relações
originais forem mantidas.3
DOIS NÍVEIS DE INFORMAÇÃO CONTIDOS NUM ARQUIVO
A informação contida no documento de arquivo
isoladamente.
A contida no arquivo em si, naquilo que o conjunto, em sua
forma, em sua estrutura, revela sobre a instituição ou sobre
a pessoa que o criou.
É entre os arquivistas canadenses que se vem consolidando o
conceito de informação arquivística e preconiza-se uma maior relação entre
a Arquivologia e Ciência da Informação.
3 JENKINSON apud LAROCHE, 1971, p. 8.
Por se constituírem em instrumentos e subprodutos das atividades
institucionais e pessoais, os documentos arquivísticos são fontes primordiais
de informação e prova para as suposições e conclusões relativas a estas
atividades, sua criação, manutenção, eliminação ou modificação.
Segundo Duranti (1994, p.51), dois pressupostos básicos determinam
a habilitação probatória e informativa dos documentos arquivísticos:
− os registros documentais atestam ações e transações;
− sua veracidade depende das circunstâncias de sua criação e
preservação.
Sólon Buck, ex-arquivista dos EUA, definiu: “Arquivo é o conjunto de
documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo,
organização ou firma, no decorrer de suas atividades, arquivados e
conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”4.
Segundo o Dicionário Internacional de Terminologia Arquivística,
publicado pelo Conselho Internacional de Arquivos, arquivo é: “O conjunto
de documentos, quaisquer que sejam suas datas, suas formas ou seus
suportes materiais, produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas,
de direito público ou privado, no desempenho de suas atividades” (1984,
p.25).
O Manual de arquivologia publicado pela Direção dos Arquivologia
publicado pela Direção dos Arquivos de França, em com conjunto a
Associação dos Arquivistas franceses, afirma que os arquivos são: “O
conjunto de documentos, de qualquer natureza, que qualquer corpo
administrativo, qualquer pessoa física ou jurídica, tenha automática e
organicamente reunido, em razão mesmo de suas funções e atividades”
(1970, p.23).
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS QUE DISTINGUEM OS ARQUIVOS
− Exclusividade de criação e recepção por uma repartição, firma ou
instituição. Não se considera arquivo uma coleção de manuscritos
históricos, reunidos por uma pessoa.
4 Souza, 1950.
− Origem no curso de suas atividades. Os documentos devem servir
de prova de transações realizadas.
− Caráter orgânico que liga o documento aos outros do mesmo
conjunto.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ARQUIVOLOGIA
ARQUIVÍSTICA – CONCEITUAÇÃO E OBJETO
“É uma disciplina, também denominada Arquivologia, que tem por
objetivo a natureza dos arquivos e das teorias, métodos e técnicas a serem
observados na sua constituição, organização, desenvolvimento e
utilização”5. Termos como equivalentes: archival science (Inglês),
archivistique (Francês); archivística (Espanhol).
A Arquivologia tem como finalidade última o acesso à informação,
objetiva a organização dos dados com vistas à informação e possui como
objeto a informação.
ARQUIVO
A Lei nº 8.159, de 8/1/1991, dispõe sobre a política nacional de
arquivos públicos e privados.
Arquivo é o “conjunto de documentos que, independentemente da
natureza do suporte, são reunidos por acumulação ao longo das atividades
de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas”6.
O termo arquivo pode também ser usado para designar:
conjunto de documentos;
móvel para guarda de documentos;
local onde o acervo documental deverá ser conservado;
órgão governamental ou institucional cujo objetivo seja o de guardar
e conservar a documentação;
títulos de periódicos – geralmente no plural, devido à influência
inglesa e francesa (Paes, Marilena Leite).
5 Manual Interno de Gestão Documental – ArPDF, 1998.
1. COMUNICAÇÃO = ATENDIMENTO AO PÚBLICO
“Função arquivística que consiste em colocar os documentos à
disposição dos usuários que os solicitem, dentro de normas estabelecidas.”7
“O termo comunicação é indubitavelmente, mais adequado para
caracterizar o processo de trocas entre os indivíduos, ou seja, no sentido
lato, as relações interindividuais e coletivas, bem como os métodos que aí
se empregam...”8
2. GESTÃO DOCUMENTAL
“Conjunto de medidas e rotinas visando a racionalização e eficiência
na criação, tramitação, classificação, uso primário e avaliação de arquivos.”9
3. INFORMAÇÃO
“Todo e qualquer elemento referencial contido num documento.”10
A informação é tudo o que pode ser emitido e recebido. Compreende
uma mensagem, idéia, noção, notícia sobre alguém ou algo. Pode ser
passada através da fala, escrita, imagem e representação, sendo uma
categoria abstrata que se materializa quando é registrada e representa uma
sucessão de atos ou fragmentos que possam ser definidos como fatos. É a
noção, idéia ou mensagem contida em um documento.
5.1 INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA
“A interpretação das informações registradas depende da relação das
mesmas com o contexto de sua produção.”11
4. DOCUMENTO
“É qualquer elemento gráfico, iconográfico, plástico ou fônico pelo
qual o homem se expressa. É o livro, o artigo de revista ou jornal, o
relatório, o processo, o dossiê, a correspondência, a legislação, a estampa, 6 Dicionário de Terminologia Arquivística. 7 Dicionário de Terminologia Arquivística. 8 SILVA, Armando Malheiros, 2002, p. 24. 9 Dicionário de Terminologia Arquivística. 10 Dicionário de Terminologia Arquivística. 11 Luis Carlos Lopes, 1996, p. 29.
a tela, a escultura, a fotografia, o filme, o disco, a fita magnética, etc. tudo
que é produzido por razões funcionais, jurídicas, científicas, técnicas,
culturais ou artísticas pela atividade humana.”12
O documento é todo e qualquer suporte material no qual pode ser
registrada, de modo arbitrário, científico ou não, a existência de um
conteúdo informacional. Costuma ser entendido como tudo aquilo que pode
registrar uma mensagem, uma idéia ou um acontecimento.
6.1 DOCUMENTO DE ARQUIVO
São todos os documentos que, produzidos e/ou recebidos por uma
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, no exercício de suas
atividades, constituem elementos de prova ou de informação. Formam um
conjunto orgânico, refletindo as atividades a que se vinculam, expressando
os atos de seus produtores no exercício de suas funções.
6.1.2 Classificação dos Documentos
A classificação dos documentos compreende o suporte, formato,
gênero, espécie, tipo, forma e natureza.
6.1.3 Formato
Configuração física de um suporte, de acordo com a natureza e o
modo como foi confeccionado.
Ex.: caderno, mapa, rolo de filme, livro, cartaz, códice, diapositivo,
ficha, fita perfurada, folha, microficha, planta, rolo, tira de filme, tira de
microfilme, ultra-ficha.
6.1.4 Gênero
Configuração que assume um documento de acordo com o sistema de
signos utilizados na comunicação de seu conteúdo. É a linguagem usada, a
forma como a informação está registrada no documento. Classifica-se em:
− textuais – manuscritos, datilografados e impressos (linguagem
básica a escrita);
− audiovisuais – filmes, cinema, videoclipes e CDs de música
(associação do som e da imagem);
− cartográficos – mapas, plantas e projetos;
12 BELLOTO, 1998, p. 14.
− Iconográficos – desenhos, gravuras, painéis e fotografias
(linguagem básica a imagem); documentos imagéticos;
− Multimídia – reúne em um mesmo documento: animação, som e
hipertexto.
Espécie
É a linguagem formal como se apresenta o documento. A
configuração que assume um documento de acordo com a disposição e a
natureza das informações nele contidas, tais como:
− ata – exposição do que ocorreu durante uma reunião ou
sessão;
− aviso – correspondência entre Ministros ou Governadores de
Estado;
− carta – correspondência entre empresas, instituições e
particulares em geral;
− certidão – documento emitido por autoridade pública onde
se atesta que algo se verificou de acordo com o que se
encontrava já registrado em algum outro documento ou
registro;
− circular – correspondência impressa e enviada simultanea-
mente a vários destinatários;
− decreto – ato de natureza legislativa;
− despacho – manifestação escrita, de autoridade, sobre
assunto de sua competência;
− edital – ordem oficial afixado nos lugares públicos;
− formulário – relatório padronizado onde se preenchem os
campos previamente definidos;
− lei – norma jurídica escrita pelo poder competente, com
caráter de obrigatoriedade. Cria, extingue ou modifica
direito;
− memorando – correspondência interna de um órgão;
− ofício – correspondência entre autoridades;
− ordem de serviço – documento autorizando a execução de
algum serviço;
− portaria – ato escrito que determina providências de caráter
administrativo, dá instruções sobre a execução de uma lei
ou serviço, entre outros;
− regimento – conjunto de princípios e normas que
estabelecem o modo de funcionamento interno de um
órgão;
− regulamento – conjunto de normas estabelecidas para a
perfeita execução de uma lei;
− relatório – documento expondo, para autoridade superior, o
desenvolvimento de um trabalho num determinado período;
− requerimento – documento em que se faz pedido à
autoridade competente;
− solicitação – solicitação de um serviço.
Tipo/Tipologia documental
Estudo dos tipos documentais, a Arquivística mostra que tipo
documental é a configuração que assume uma espécie documental, de
acordo com a atividade que a gerou.
Desta forma, a configuração que assume uma tipologia documental
varia de acordo com a atividade que a gerou. Por exemplo:
− boletim de ocorrência;
− certidão de casamento;
− certidão de nascimento;
− relatório de atividades.
Suporte
Materiais sobre os quais as informações são registradas:
− papel – livro, cartaz, mapa, revista, manuscrito, fotografia, jornal
O primeiro elemento externo para identificação é o suporte, o
material que transporta a mensagem (papiro, pergaminho, papel, tábuas de
madeira, etc.), para descobrir como havia sido preparado (em pasta, papel
e marcas-d’água), as formas e as medidas (o formato). As formas de
recebimento do documento, os quais eram essenciais para os documentos
medievais, para datá-los e estabelecer sua proveniência e provar sua
autenticidade (escrituras).
O elemento mais importante dos documentos medievais é o selo. A
Diplomática se atem ao material com que eram confeccionados, sua forma,
medida, tipologia (a relação da figura da impressão), tipo heráldico, de
cavalheiro, monumental, do rei, etc.; legenda ou inscrição, a forma de
fixação do selo. A análise destes componentes servia para averiguar o grau
de autoridade e solenidade dos documentos, sua proveniência, função e sua
autenticidade.
O elemento externo mais relevante pra os documentos
contemporâneos consiste nas anotações, agrupadas em três categorias:
− registro – protocolo = execução de um processo (processo
administrativo);
− notas de transmissão = urgente, seguro, etc.;
− número de registro = classificação.
ELEMENTOS INTERNOS
São todos os componentes de articulação intelectual apresentados. É
o modo de apresentação do conteúdo do documento, as partes que
determinam o teor do conjunto. Compreende três seleções que tendem a
apresentar-se separadas e reconhecíveis aos documentos medievais e aos
primeiros modernos, que não se dividiam em parágrafos.
Protocolo: contém o contexto administrativo das ações (a indicação
das pessoas incluídas, tempo, lugar e assunto);
Texto: contém a ação e inclui as considerações e circunstâncias que
lhe deram origem e as condições relacionadas a sua produção.
Escatocolo: o contexto da documentação da ação (a saber,
enunciado do meios de validação, indicações das responsabilidades com
relação ao ato da documentação) e as formas finais.
ALGUNS CONCEITOS DIPLOMÁTICOS
Documentos legalmente autênticos: são os documentos com o valor
probatório. Pode ser o documento que nasce com essa característica
(documentos de cartório) ou um que adquira legalidade por influência do
ambiente externo (um bilhete).
Documentos diplomaticamente autênticos: são os documentos
escritos de acordo com as práticas e formalidades do tempo e lugar, por
pessoas detentoras dessa competência.
Documentos historicamente autênticos: são os documentos que
atestam a veracidade dos fatos: (legal, diplomático e histórico).
Falsidade Diplomática: é o documento que reproduz o autêntico, sem
ter sido produzido pela mesma fonte e sem obedecer às práticas de tempo e
lugar.
Falsidade Histórica: É o documento que contém um dado errado.
Uma data ou um nome errado.
Falsidade Legal: É a falsidade de assinaturas, carimbos, chancelas,
etc., em documentos, com o objetivo de fraudar.
ALGUMAS ESPÉCIES DOCUMENTAIS DE CUNHO DIPLOMÁTICO:
NOTARIADO
Notário, ou tabelião, é um profissional do direito, dotado de fé
pública, a quem o Poder Público delega o exercício da atividade notarial.
O notariado do tipo latino, diferente do notariado do tipo anglo-saxão,
exige que esse profissional seja um jurista, conselheiro independente e
imparcial, que receba delegação da autoridade pública para conferir
autenticidade aos documentos que eles redigem, como instrumentos de
garantia da segurança jurídica e da liberdade contratual.
Portanto, a função notarial é uma função pública que o notário exerce
de maneira independente, sem estar hierarquicamente compreendida entre
os funcionários a serviço da administração do Estado ou de outros órgãos
públicos.
O notário deve exercer sua função de forma absolutamente imparcial,
aconselhando as partes a respeito dos efeitos que o ato a ser praticado irá
ter no futuro. Esse aconselhamento nivela os contratantes,
independentemente da preponderância da força econômica de um em
relação ao outro.
Integra a atividade notarial:
ABAIXO-ASSINADO ACÓRDÃO ACORDO ALVARÁ ASSENTO ATA ATESTADO ATO AUTO AVISO BANDO BILHETE BREBE BULA PAPAL CARTA CARTA DE LEI CARTA PATENTE CARTA PERDÃO CARTA DE SESMARIA CERTIDÃO CONVENÇÃO DEBÊNTURE DECRETO HISTÓRICO
− formalizar juridicamente a vontade das partes;
− intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou
queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação
ou redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais
e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo;
− autenticar fatos.
O notário, de acordo com sua especialidade, será chamado de
tabelião de notas ou de tabelião de protestos.
Ao tabelião de notas compete:
− lavrar escrituras e procurações públicas;
− lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;
− lavrar atas notariais;
− reconhecer firmas;
− autenticar fotocópias.
Ao tabelião de protestos compete realizar todos os atos relacionados
com o protesto cambiário.
Os principais documentos notariais : registro/certidão
Registro: ao comparecer em um cartório de Registro Civil para
declarar um nascimento, um óbito ou para dar entrada em um processo de
habilitação de casamento, o resultado será a lavratura de um termo, ou
seja, uma inscrição no livro da serventia.
Certidão: documento no qual o Oficial de Cartório certifica que o
registro encontra-se devidamente lavrado nos livros sob sua
responsabilidade. Independentemente de despacho judicial e dando fé
pública, o oficial reproduz, de forma autêntica e absolutamente confiável,
textos de um assento ou documento arquivado em sua serventia, fazendo
inserir na certidão, obrigatoriamente, o número do livro, da folha e do
termo sob o qual foi lavrado, ou ainda o número do registro ou pasta ou
caixa em que o documento encontra-se arquivado.
FORMAS DE CERTIDÃO A certidão pode ser extraída das seguintes formas:
− EM INTEIRO TEOR: transcrição integral, ipsis litteris;
− EM BREVE RELATÓRIO: transcrição somente das principais partes
do assento;
− POR QUESITOS: que é a transcrição de partes isoladas do assento
ou documentos arquivados, questionados pelo interessado;
− NEGATIVA: certifica a inexistência de um ato ou fato ou
documento que a parte interessa conhecer e que tenha seus
elementos fornecidos pela pessoa interessada.
OS DOCUMENTOS NOTARIAIS COMO FONTE DE PESQUISAS • Levantamentos de dados estatísticos quanto aos nascimentos,
casamentos, óbitos, divórcios pelo IBGE.
• Levantamentos de estatísticas nacionais.
• Para viabilização de programas sociais do governo.
• Para o historiador resgatar fatos lacunosos sobre a história.
• Levantamento da Unicef, entre outros.
PALEOGRAFIA, CIÊNCIA AUXILIAR DA HISTÓRIA INTEGRANTE DO CURSO
DE ARQUIVOLOGIA
ORIGEM DA PALEOGRAFIA • Século XVII.
• Na Idade Média e Renascimento = surgimento de trabalhos de
caráter paleográfico (transcrições, traduções, coleções de
alfabetos, etc.).
• Não havia pretensões nem tratados críticos, não se estabelecia
uma classificação científica ou determinação da antigüidade da
escrita.
• Guerra dos Trinta Anos (1618-1648).
• Direitos feudais e eclesiásticos.
• Guerra Diplomática.
Primeiro Período
• Paleografia confundida com a Diplomática.
• Acta Sanctorum.
• Padre Daniele Van Papenhbroek.
• Propylaeum antiquarium circa veri ac falsi discrimen in vetustis
membranis (Princípios introdutórios para a discriminação entre o
verdadeiro e o falso nos documentos antigos).
• A secular tradição Beneditina francesa abalada.
• D. Jean Mabillon em defesa escreve De re diplomatica libri VI.
• Classificação: maiúsculas, minúsculas e cursivas.
Segundo Período
• Segunda metade do Século XVIII – cátedras universitárias.
• Seminário na Alemanha, em que o Professor Johann Christophe
Gatterer – a Lei de Lineu – Classificação (regras, classes,
ordens, séries, partes, gênero, espécie).
• Na Itália, aparecem as famosas Escolas Superiores de
Paleografia em Bolonha, Florença e Milão.
• Três fatos que caracterizam o novo período na história da
paleografia, ou seja, o período moderno: a paleografia latina
afirma-se como ciência distinta das outras; é aplicada a
fotografia na reprodução dos documentos paleográficos;
descobrimento dos palimpsestos.
• Finalmente, no século XX, técnica com fins pragmáticos e
objetivos nos currículos universitários.
CONCEITOS Paleos = antiga + graphein = escrita
Jesus Muñoz y Rivero: “É a ciência da decifração dos manuscritos
tendo em consideração as vicissitudes sofridas pela escrita em todos os
séculos e nações, seja qual for a matéria em que ela apareça.”
Maurice Prou: “É a ciência das antigas escritas e tem por objeto a
decifração dos escritos da Antigüidade e Idade Média.”
Ricardo Roman Blanco: “É a ciência que nos ensina a ler e interpretar