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Prof. Marco Pdua
"No exagero, nem ao menos profano dizer que os cromlech
atingiram o auge de sua ousadia esttica e tcnica, na idade mdia com
as catedrais gticas."
A arquitetura de pedras surge no incio do perodo neoltico, mais
precisamente em 8.000 a.C., representando a primeira manifestao
artstica alm das pinturas executadas dentro das cavernas,
conhecidas como rupestres. A arte bidimensional at ento reservada
aos abrigos naturais se associam as tridimensionais que naquele
momento passam a ser "construdas" no seu lado externo. Os poucos
exemplares que sobreviveram a escalada urbana no permite conhecer a
exata evoluo dos modelos arquitetnicos criados neste perodo. A
palavra "criado" aqui muito pertinente por ser um momento nico na
Histria. Nada havia como referncia e tudo foi paulatinamente
inventado. Ao contrrio do que foi produzido posteriormente pois, no
decorrer do tempo, os modelos sofreram inovaes, adies e
complementaes, sempre balizados por conquistas tcnicas ou de novos
materiais.
Hoje convivem lado a lado, modelos primrios e mais sofisticados,
dificultando um entendimento lgico quanto a sua evoluo. Geralmente
so encontrados em reas menos urbanizadas, em pases como a Frana,
Portugal, Inglaterra e Esccia. Os sobreviventes, construdos h 6.000
anos, receberam ateno a pouco mais de duzentos anos, assim como
outros representantes de vrias pocas. Isto muito recente comparado
com a existncia de cada um deles. H casos de desmonte ocorridos em
meados do sculo XX para utilizao dos materiais em obras da
atualidade, foram profanados por assim dizer.
Atravs desses exemplares restante, embasados em registros
histricos, possvel entender os processos que direcionaram sua
execuo, assim como sua funcionalidade. Sem um ferramental adequado,
sem equipamentos, sem nenhuma informao cientfica, esta arte brota
das pedras. A ns parecendo grosseiro e sem sentido na atualidade, a
eles atribuindo vrias funes, descobrimos que a verdade s a Histria
e seus criadores conhecem. De qualquer forma esses modelos so a
primeira expresso artstica elaborada e executada pelo homem sem
nenhuma tecnologia ou conhecimento das leis fsicas.
"O Neoltico, o perodo da Pr-Histria que comea em 8000 a.C..
Durante este perodo surge a agricultura, e a fixao resultante do
cultivo da terra e domesticao de animais para o trabalho provoca o
sedentarismo (moradia fixa em aldeias).
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NEOLTICA-------------------------------------------------------1
ARQUITETURA NEOLTICA A Arte deixa as cavernas e adquiri trs
dimenses
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Se repararmos na palavra Neoltico, vimos que "neo", de novo,
juntamente com "litos", de pedra, forma a expresso pedra polida. E,
de fato, o Neoltico caracteriza-se essencialmente pelo surgimento
da pedra polida, que era usada em machados e outros instrumentos.
Tcnicas como a cermica, a tecelagem, cestaria, moagem, a descoberta
da roda e a trao animal mostram os grandes progressos tcnicos que
se observaram neste perodo."
difcil imaginar como seria a habitao humana em uma poca to
remota, porem podemos arriscar algumas alternativas analisando suas
atividades dirias e necessidades. A moradia em grupos ocasionada
pelo sedentarismo implica em algo que servisse como proteo, guarda
de objetos e alimentos usados no dia a dia. A maior parte dos
achados arqueolgicos encontrada em cavernas, da estas seriam as
primeiras alternativas. As grutas e fendas na rocha tambm poderiam
ser ocupadas porem, com menos conforto, considerando que isto fosse
importante naqueles dias. sabido tambm que a partir de certa poca,
com o despertar para a religiosidade, o homem primitivo reservou o
espao das cavernas para celebrar e reverenciar o incompreensvel. E,
na entrada desta que ele levantava a sua habitao. Usando apenas
ferramentas feitas com pedras, cuja nica evoluo nos ltimos 700.000
anos, foi a adio de um cabo de madeira, fica evidente que seria
difcil obter um bom resultado no preparo dos materiais necessrios.
Imaginando que a primeira idia seria imitar um acidente natural,
como as grutas e cavernas, as operaes de cortar e aparar a rocha
seriam bastante complicados. Considerando tambm a falta de
instrumentos que auxiliassem no levantamento de peso podemos
deduzir que o produto deste trabalho no passasse de um pequeno
amontoado de pedras, suficientes para criar algum espao para dormir
e se proteger. Por outro lado sabemos que a ocorrncia destes
acidentes naturais no freqente. Ento como seriam essas habitaes
onde no houvesse cavernas e grutas? Nesse caso provvel que os
materiais utilizados para a construo viessem da vegetao nativa,
sendo mais macia e de fcil beneficiamento. Com galhos e folhas
entrelaados seria possvel produzir um certo espao com as
finalidades j descritas.
CAVERNA PINTURA RUPESTRE LASCAUX FRANA
So preservadas de uma fase mais evoluda, edificaes neolticas
parecidas como as de hoje. Alis o sentido deveria ser ao contrrio,
isto , no houve grande mudana no que praticamos na atualidade. Com
fechamentos de vegetao tranadas, cobertura de sap e estrutura
constituda por troncos alinhados de madeira bruta, caracteriza o
sistema conhecido como pau-a-pique. Concluimos ento que os sistemas
usados em nossos dias so muito antigos. A inovao est no uso do
barro como fechamento e pregos para fixao, substituindo as fibras
vegetais de antigamente.
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HABITAO NEOLTICA
"As primeiras aldeias so criadas prximas a rios, de modo a
usufruir da terra frtil (onde eram colocadas sementes para plantio)
e gua para homens e animais. Tambm neste perodo comea a domesticao
de animais (cabra, boi, co, dromedrio, etc.). O trabalho passa a
ser dividido entre homens e mulheres, os homens cuidam da segurana,
caa e pesca, enquanto as mulheres plantam, colhem e educam os
filhos. A disponibilidade de alimento permite tambm s populaes um
aumento do tempo de lazer e a necessidade de armazenar os alimentos
e as sementes para cultivo leva criao de peas de cermica, que vo
gradualmente ganhando fins decorativos."
Ora, podemos deduzir que a partir deste acmulo de alimentos em
peas cermicas demandaria um lugar apropriado para serem estocados.
provvel que surgisse dessa necessidade um espao com uma nova
finalidade que no a moradia: o armazm de suprimentos. Achados
arqueolgicos referentes ao Egito antigo, que evoluiu da cultura
neoltica, mostram construes com essa finalidade. Executados com
materiais derivados da argila denotam um estgio mais evoludo neste
processo.
"Surge tambm o comrcio, o dinheiro, que facilita a troca de
materiais, e que era, na poca, representado por sementes. Estas
sementes, diferenciadas umas das outras, representam cada tipo,
cada valor. Uma aldeia, ao produzir mais do que o necessrio e, para
no perder grande parte da produo que no iria ser utilizada, troca o
excesso por peas de artesanato, roupas e outros utenslios com
outras aldeias."
Com a gerao de novos artigos e utenslios, alem dos produtos
agrcolas, surgem as edificaes destinadas a estocagem e comercio,
ampliando o leque de finalidades. Fica claro aqui a funcionalidade
dos espaos sendo criados conforme suas necessidades. Consequncia de
uma mudana de hbito, ocasionado pelo sedentarismo, maior
sociabilidade e a troca de mercadorias.
"Essas mudanas de comportamento foram consideradas to
importantes que o arquelogo Gordon Childe designou este momento de
Revoluo Neoltica, ou Revoluo agrria, fator decisivo para a
sobrevivncia dos povos nesse perodo. Os estudiosos acreditam que
como o homem da Idade da Pedra no conhecia a escrita, ele gravava
desenhos nas paredes das cavernas, que utilizava como meio de
comunicao. O Neoltico, pelo fato de ter sido o ltimo perodo
pr-histrico, terminou com o surgimento da escrita. A transio do
Neoltico para a Idade dos Metais (Idade do Bronze e Idade do Ferro)
caracterizou a transio da Pr-Histria para a Histria
A crosta terrestre aquece, aumentando o nvel dos mares e
resultando em alteraes climticas.
Formam-se grandes rios e desertos, alm de florestas temperadas e
tropicais.
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Animais de grande porte desaparecem e do origem fauna que
conhecemos hoje. A vida vegetal modifica-se, favorecendo a
sobrevivncia humana. Do-se grandes conquistas tcnicas do homem que,
aliadas s transformaes do
ambiente, permitem ao ser humano controlar gradativamente a
natureza. O homem aprende aos poucos a reproduzir plantas,
domesticar animais e estocar
alimentos. A agricultura e a domesticao de animais favorecem um
sensvel aumento populacional
em algumas regies. Ampliam-se as conquistas tcnicas, como a
produo de cermica. Os povos aprendem aos poucos como se organizar e
trabalhar em sistemas
cooperativos."
Podemos deduzir que alm das ferramentas de pedra polida,
trabalhada e com vrias finalidades o Homem nesta fase passa a
contar tambm com a fora animal, j que aprendera a domestic-los.
Sabendo-se que um cavalo pode arrastar em media 400 Kg de carga,
uma parelha de seis cavalos poderia arrastar um bloco de pedra de
mais de duas tons. Materiais esses usados nas construes de pedra
(Stonehenge). Apesar de que, historicamente, o cavalo foi sempre
visto como um animal usado para a locomoo, nada indica que em
alguma poca ele no tenha sido usado para o arraste. Ou mesmo o boi,
ou dromedrio tambm poderiam ser utilizados para esta finalidade.
Cientificamente falando acredita-se que o Homem tenha surgido na
frica e tendo migrado em direo a Europa deixou vestgios de sua
evoluo, resguardados atualmente como Patrimnio Cultural da
Humanidade. A Cultura Neoltica caracterizada pela utilizao da pedra
natural como material de construo, no no seu estado rstico e sim de
forma trabalhada, aplainada, facetada com a finalidade de melhorar
o seu assentamento. Nesta poca ainda no era usado qualquer tipo de
argamassa de ligao entre os blocos de pedra. Portanto aparelhando
as peas era possvel consegui um melhor equilbrio entre elas. As
primeiras "habitaes" fora as grutas, parecem ter sido escavadas no
solo. Dessa forma criou-se um espao restrito que no fosse aberto e
de certa forma protegido. Era possvel tambm, espreitar, observar ao
longe sem ser notado. Segundo os pesquisadores, Stonehenge na
Inglaterra teria sido edificado a partir de um fosso com cerca de 2
ou 3 metros de profundidade. Este admirvel recurso permitiu aprumar
os blocos de rocha de 6 a 9 m de comprimento, escorregando-os para
a cavidade e assim direcionando-os para o cu. Este rebaixo foi
mantido talvez com a inteno de criar um ambiente mais recluso,
propcio aos cultos msticos ao qual o monumento foi destinado.
Stonehenge representa o apogeu da arquitetura de pedras, resultado
de pelo menos 5.000 anos de evoluo, j com uma nova finalidade,
originando os templos da atualidade. interessante notar que a
princpio as "paredes" tambm nasceram enterradas neste fosso, usando
a pedra como material de construo, pois, sem argamassa de ligao
seria difcil manter o equilbrio acima do solo. Sua finalidade seria
para escorar o barranco escavado, resultando num espao melhor
aproveitvel. possvel tambm, a partir deste instante, um despertar
esttico com esta adoo do revestimento de pedras nos flancos da
escavao, no sendo somente conteno. Assim observamos a seguir neste
sitio arqueolgico localizado na Esccia e que representa uma aldeia
Neoltica.
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SKARA BRAE ILHAS ORKNEY ESCCIA
fcil perceber na imagem anterior o escoramento feito com pedras
para evitar o desmoronamento e ao mesmo tempo criando um aspecto
visual agradvel. O lay-out denota a rea central destinada fogueira.
Neste caso a profundidade no expressiva, sendo impossvel ficar
ereto sem estar visvel. Ao fundo vemos um espao fechado e coberto
que tambm serve de passagem para a "casa" vizinha. Nesta condio
difcil admitir que houvesse algum canal para drenagem em tempo de
chuva.
ALDEIA NEOLTICA ILHAS ORKNEY ESCCIA
O local representa um conjunto de habitaes escavadas numa
encosta das Ilhas Orkney, na Esccia. Externamente tambm eram
construdas as contenes de pedras com a finalidade de preservar as
conformaes do terreno. Este sitio arqueolgico ficou soterrado por
milhares de anos at ser descoberto a pouco mais 100 anos.
Casualmente uma tempestade fez com que o mar avanasse sobre a praia
e, retornando, deixou a mostra um patrimnio inestimvel, muito bem
preservado e retratando fielmente aqueles dias.
"Nas casas redondas, a famlia sentava-se em bancos de pedra,
encostados s paredes. Os lugares eram ocupados segundo a idade e
posio social. Os materiais de construo eram slidos, como a argila
seca ou madeira, os alicerces eram em pedra ou pilares de madeira,
e cobertos por terraos ou telhados feitos de colmo. As camas
normalmente eram feitas do mesmo material que as paredes. As casas
tinham apenas uma diviso com uma lareira para aquecer".
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Evidncia de moblia da casa (estantes)
Nesta outra habitao, pertencente ao mesmo sitio arqueolgico,
percebemos um ambiente mais sofisticado contendo at peas de
"moblia" aparentemente uma estante cuja funo deveria ser a de
guardar algo importante, os alimentos estariam em primeiro lugar.
Considerando a profundidade possvel at ficar ereto. possvel tambm,
que houvesse uma cobertura feita com ossos de baleia e peles de
animais, dizem os pesquisadores. Por ser zona litornea a afirmao
procede. Deduzimos ento que esta populao dominava os mares. At por
que o processo migratrio atravessou vrios braos de mar para chegar
regio. Esta "casa" era mais parecida com uma fortificao e deveria
ser algo muito valioso naquela poca, sendo objeto de disputa entre
os aldees e tribos "estrangeiras". Imaginamos que lutas intensas
seriam ali travadas para preservar a dominao desses espaos
preciosos naqueles dias. Do ponto de vista construtivo visvel o
cuidado em posicionar as pedras de maneira a manter o equilbrio,
introduzindo as menores como calo sob as maiores. Preenchendo assim
os espaos vazios e falhas nas pedras de maior dimenso. Sua escolha
tambm criteriosa, assim como o seu beneficiamento e
aparelhamento.
Ao mesmo tempo que o homem primitivo se preocupava com sua
habitao para proteo e guarda dos alimentos, outros modelos comeam a
ser produzidos. Sua finalidade controversa mas, independente disto,
so as primeiras manifestaes arquitetnicas conhecidas. Se resumem em
objetos introduzidos no solo, apontados para o cu. Inicialmente
usando madeira, caracterizando um trabalho individual, em seguida
esta substituda pela pedra. Haveria ento, necessidade de um maior
contingente humano para o transporte e instalao, induzindo em uma
evoluo em termos de logstica. Para o arraste a fora humana e
possvelmente, a animal foi utilizada.
"Apesar de rudimentares, os monumentos megalticos so
considerados a primeira forma de arquitetura monumental realizada
pelo homem. A cultura megaltica, que se desenvolve entre 5000 e
3000 a.C., a primeira expresso da vontade e da necessidade das
sociedades conceberem e organizarem os espaos e os lugares, no s em
termos fsicos, como tambm em termos simblicos. Como principais
tipos de monumentos megalticos temos:
O Menir consiste num meglito em forma de coluna, rudimentar,
erguida em direo ao cu, sendo muitas vezes trabalhado de modo a
apresentar uma configurao cilndrica ou cnica, associada forma
flica. Na sua origem, admite-se estar uma manifestao ritual
vitalidade e fertilidade da terra ou, pela sua forma flica, uma
evocao fecundidade."
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MENIR RAPOSEIRA PORTUGAL
Rudimentares para os dias de hoje, porem o marco inicial,
diferenciando o Homem dentro do reino animal. Inicio de uma
expresso artstica at ento reservada s cavernas. Hoje pontes so
construdas em desfiladeiros com centenas de metros de altura e
prdios so edificados com 160 pavimentos. Sendo assim, esses
monumentos de autores desconhecidos devem ser reconhecidos como
ponto de partida e fundamentais para essas realizaes. A nica
diferena entre erguer um trlito de Stonehenge e o Burj Dubai a
tecnologia que dentro de alguns anos tornar o segundo tambm
ultrapassado. Com ferramentas de pedras, sem instrumentos ou
equipamentos, sem nenhuma tecnologia ou conhecimentos da Fsica que
dispomos hoje, seus autores tiveram mais dificuldades que
imaginamos.
Podem ter comeado como manifestaes espordicas, individuais ou at
mesmo de competio. Para demonstrar fora, posse da terra ou liderana
entre os aldees. As razes s a Histria e seus criadores
conhecem.
MENIR CHAMP DOLENT FRANA
Se os materiais inicialmente vinham das florestas para essas
"obras", como os troncos de arvores, com porte apropriado para um
trabalho individual, o que dizer deste ultimo? Com a troca da
madeira pela pedra evidente que seria necessrio um maior
envolvimento naquele empreendimento. Seria necessrio um grupo de
operrios devidamente empenhados em beneficiar, transportar e
instalar um menir rochoso. Porem a foto anterior sugeri a atuao de
uma verdadeira "construtora" Neoltica. Considerando o menino como
referencial podemos estimar o volume rochoso representado por este
menir.
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Supondo sua altura igual a 1.2 m chegamos a um valor de 2.9 m
para o dimetro. Sendo assim a altura total do megaltico equivale
aproximadamente a 9.5 m. Imaginando que a parte enterrada seja pelo
menos 1/3 da altura para manter o equilbrio teremos algo em torno
de 3 m, aceitvel visto que no seria fcil escavar muito usando
ferramentas feitas com pedras, seria praticamente uma escavao
manual. Ento temos altura total de 12.5 m. Isto tudo resulta em um
volume aproximado de 80 m3 e, considerando o peso especfico do
granito equivalente a 2.6 tons./m3 chegaremos a incrveis 200 tons.
Ora considerando um feito realizado a seis ou sete mil anos atrs
podemos imaginar as dificuldades superadas para execut-la.
Varias perguntas surgem neste caso: Este bloco de rocha veio de
algum lugar? Como? Seria ele encontrado j neste formato? Ele j
estava prximo e foi necessrio apenas aprum-lo? Foi lapidado no
local de origem ou de instalao? Estas so perguntas difceis de
responder. certo que esses megalticos geralmente situam-se em zonas
planas, elevadas e distantes de lugares rochosos. A escolha do
local parece ser criteriosa evidenciando sua importncia. Outras
indagaes so igualmente intrigantes, como o material usado nas
cordas ou cordoalhas utilizadas. No podemos esquecer que esse
transporte, se houve, atravessou terrenos virgens, ngremes ou
alagados. Certamente milhares se envolveram nesta empreitada.
Em seguida surgem os alinhamentos caracterizado por vrios
menires locados paralelamente e com um distanciamento semelhante.
Os primeiros so de madeira para depois dar lugar aos blocos de
pedras. Alguns so em pequeno nmero. Outros se extendem por centenas
de metros. Geralmente odebecem aos pontos cardeais, principalmente
o caminho do sol no firmamento.
DURRINGTONWALLS Alinhamento usando madeira
CARNAC FRANA Alinhamentos usando blocos de pedra
A partir dos alinhamentos, cada vez mais extensos e numerosos,
fatalmente algo de novo surgiria. Com o passar do tempo os menires
so locados de forma aglomerada. No h modelos preservados entre os
alinhamentos e os montados de forma aglomerada. Este proceso pode
ter demorado centenas de anos.
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A partir desse conjunto o construtor primitivo pode ter sido
induzido a criar um espao vago no centro. evidente que este espao
viria a ser destinado a alguma celebrao em especial.
Obrigatoriamente circular, com o passar do tempo, os anis vo se
desmembrando dos restantes. Da tem origem aos "Cromlech"
caracterizados por uma sucesso de crculos concntricos.
Os "Cromlech", termo em ingls para cromeleque, acentuam a idia
de recinto sagrado e de culto como tambm podem estar relacionados
com a astronomia.
CROMELEQUE DOS ALMENDRES PORTUGAL
A partir desta nova configurao estes modelos exibem uma
expressiva evoluo. Diferindo das anteriores, caracterizam uma
expresso artstica. At ento as pinturas rupestres seriam as nicas
manifestaes dessa natureza. Evoluindo tecnicamente, as obras
bidimensionais se associam as tridimensionais que alem da
finalidade habitacional e de armazenamento adquirem um carter
mstico.
STENNES STONES ESCCIA
Comparando com as figuras humanas prximas aos menires percebemos
a grandeza desses monumentos cuja massa variam de 1 a 2 tons.
Sabe-se que so necessrios 18 pessoas para arrastar um bloco com
essas propores. Para esta tarefa, seriam utilizados troncos de
arvores como roletes, como tambm a trao animal, j que nesta poca,
eles eram domesticados. Se as ferramentas utilizadas eram feitas de
pedra e o material tambm, obvio que no seria possvel obter um bom
acabamento. Ento, o critrio de escolha das peas teria de ser
preponderante para se obter um bom resultado. No concebvel nesta
poca e existncia de um canteiro de obras, como ocorreu na construo
das Pirmides, j na Idade do cobre. Tendo a configurao de um
circulo, sobre um terreno devidamente preparado, cercado por um
fosso externo e somente uma entrada, juntamente com o n de pedras
(12), sugerem um planejamento quanto a sua execuo. Sendo assim uma
hierarquia se torna evidente, composta de idealizadores e
construtores, fruto de uma sociedade j organizada. A comunicao
entre os construtores tambm so fatores relevantes.
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Parece no haver erros construtivos ou se houve foi possvel
san-los. Sendo assim, os objetivos previamente idealizados foram
atingidos, sinalizando uma experincia adquirida ao longo de muitas
tentativas. H indcios que, antigamente, existia uma calada de
pedras ligando este monumento a outro prximo (1.2 km) conhecido
como Anel de Brodgar, maior e mais sofisticado. Em comparao, este
parece ser fruto de uma evoluo no lay-out e nas tcnicas
construtivas. O local parece especial, pois congrega vrias modelos
arquitetnicos interligadas. Quanto ao uso, ou seja, prtica fnebre
ou mstica, nada indica como sendo o principal objetivo de sua
construo, embora saibamos que fora utilisado com esta finalidade
por longo perodo em sua Historia. Nota-se tambm, com relao ao local
escolhido, sua amplido, no sendo possvel divisar zonas rochosas nas
proximidades. Conclumos ento que os blocos foram arrastados de
locais distantes e trazidos a este em especial. Podemos imaginar,
segundo o trajeto descrito, a abertura de caminhos adequados ao
transporte das peas, originando assim as primeiras "estradas".
Percebemos tambm, o envolvimento de muitos "operrios" nesta
empreitada considerando o porte das pedras, evidenciando um
trabalho em equipe.
RING OF BRODGAR ESCCIA
Nesta configurao percebemos uma evoluo devido ao arranjo dos
menires em forma de circulo, caracterizando um lay-out especial.
Como o anterior, a zona central por ser mais elevada, parece ter
sido aterrada com a inteno de dar maior destaque, assim como a
escavao de um fosso externo, delimitando o espao perifrico,
mantendo apenas uma entrada ao local. O diferencial est na rea
abrangida, chegando aos 400 m de dimetro, porem o porte das pedras
usadas semelhante, demonstrando ainda certa limitao quanto ao
transporte de peas maiores. interessante observar a semelhana entre
os blocos de rochas bem como o espaamento entre eles o que
demonstra ter havido um planejamento na sua execuo. Fato
compreensvel nos dias de hoje, mas admirvel h 6.000 anos.
CALLANISH STONES ESCCIA
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A foto anterior corresponde aos dias de hoje evidentemente, mas
comparando os blocos de rocha com os turistas, podemos imaginar uma
cena que possa ter ocorrido a milnios atrs. Mesmo que houvesse uma
diferenca para menos com relao envergadura, como mostra a
antropologia, os autores destes monumentos estariam ao seu lado
comparando o feito e se vangloriando de suas conquistas. Se antes
eram feitos com troncos de arvores, pela caracterstica humana de
encarar desafios, natural que na sequncia o material escolhido
seria a rocha. Quando o porte das rochas se torna maior claro que
seria necessrio uma soma de esforos para realizar a tarefa.
Deduzimos ento, o nascimento do trabalho em equipe. Ao encontrarmos
exemplares alinhados percebemos uma preocupao com a ordenao e
simetria, evidenciando assim o planejamento da execuo. Pena no
termos uma variedade de exemplares onde fosse possvel estabelecer
uma evoluo cronologica. Por esta razo e que Stonehenge (Inglaterra)
causa espanto por sua sofisticao, pelo formato e pelo porte.
Isoladamente instalado e numa condio impar, porem em rea densamente
povoada. No havendo comparaes com exemplares de fases anteriores,
temos a falsa impresso de que nasceu assim. Longe de suas origens,
Stonehenge representa o apogeu da Arquitetura Neoltica assim como
Luxor e Karnak esto para a Egpcia, no auge da idade dos metais.
Quanto aos menires executados em madeira, alinhados ou no, podemos
classific-los como ponto de partida desta atividade, servindo de
base, de anteprojeto para uma construo mais arrojada. difcil
aceitar que esses monumentos foram erigidos nesta configurao de
imediato, despido de uma evoluo esttica e construtiva. A sofisticao
que apresentam denota um embasamento adquirido de longa data.
transparente o processo de associao de figuras formadas por rochas
j erguidas, ou seja, adquiriram uma finalidade depois de prontas.
Como na Ilha de Pscoa, nem todos os moais tiveram como destino os
Ahu (altar) onde esto instalados, porem sua criao partiu das
esculturas finalisadas. Se havia o mesmo costume anteriormente,
usando madeira como material, isto originou esta nova
modalidade.
Consoladamente encontramos alguma variedade desses exemplares em
zonas, por sorte, desabitada e remota, como na Esccia. Certamente
inmeros foram demolidos quando da ocupao do Continente Europeu
pelos diversos povos que ali se suscederam ao longo da Historia. Se
houve uma migrao vinda da frica, ocupando toda a Europa, cuja
evoluo se deu paulatinamente, l que deveramos encontrar todas essas
manifestaes, facilitando o entendimento desta evoluo. O despertar
para o Restauro e preservao dos monumentos se deu em princpios do
seculo XIX, tentando com muita polemica, salvar monumentos
medievais e alguns poucos clssicos. natural que a Arquitetura
Neoltica j tinha sido varrida da Europa a tempos. O Coliseu Romano,
nesta data, j havia contribudo em muito como fonte de materiais de
construo, edificando outros prdios, sendo desmontado ao longo de
sua Historia. Com menos de dois mil anos e parcialmente demolido,
as interferncias visavam apenas estabilizar os macicos, mantendo o
que restava. O que dizer de monumentos com cinco ou seis mil anos?
Lembrando tambm que, na arquitetura egpcia, era comum a demolio de
edifcios para a construo de outros com seus materiais. H o caso
peculiar atribudo ao fara Akenaton, o nico monotesta dentre todos,
cujo sistema construtivo criado por ele era constitudo por blocos
de pedras menores, otimizando o ritmo de construo. Cr-se que esses
blocos menores viriam da fragmentao dos maiores j existentes. A
prtica de nomear obras j existentes tambm era comum naqueles dias.
Acredita-se que esse costume j era decorrente de tempos remotos
existindo tambm na Arquitetura Neoltica, onde as dificuldades eram
bem maiores. Quanto aos menires e s indagaes pelas quais foram
erigidos, ou seja, fertilidade da terra, fecundidade, podemos
associar outras: Por que no uma competio para demonstrar fora ou
posse da terra ou mesmo uma "obra mais bonita"? difcil entender seu
significado e facilmente poderamos imaginar varias utilidades,
porem pouco provvel que acertaramos, s tendo sentido para quem os
fez.
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CALLANISH STONES ESCCIA
Nesta configurao observamos uma formao circular com um
diferencial, ou seja, um bloco de rocha mais alto na regio central
da construo, tendo um papel de destaque. Este fato denota um local
restrito, especial, evidenciando alguma pratica mstica. Seria a
pedra central um altar? Foram encontrados fosseis humanos na rea
central, porem no se pode afirmar que teria esta finalidade, embora
fosse utilizado em alguma poca. Este modelo apresenta vrios
arruamentos delimitados por blocos menores que levam at o centro do
monumento, talvez servindo de trajeto para as "procisses" da poca.
Muitos acessos desses monumentos possuam alinhamentos baseados na
trajetria do Sol. No aspecto construtivo, observamos segundo os
registros histricos, a predominncia da pedra natural como material
de construo, destinada exclusivamente s obras importantes. Os meios
de transportes permanecem os mesmos valendo-se da fora humana e
animal, limitando o porte da obra. O material usado nas habitaes
provavelmente vinha da vegetao e no resistiram s intempries e ao
tempo. A notvel evoluo foi referente ao projeto, partindo de peas
isoladas, depois alinhadas, em seguida com formao circular, criando
um espao restrito. evidente que este novo "recinto" seria destinado
s ocasies especiais como rituais sagrados. A partir da a regio
central daquele empreendimento evolui e ganha peas em maior
destaque, evidenciando sua funo ritual mstica.
STONEHENGE ILUSTRAAO
Stonehenge o mais famoso monumento megaltico dado sua
sofisticao, tanto que merece um captulo a parte, porem sabido que
passou por vrias fases de construo, inclusive sendo inicialmente
construdo em madeira. A ilustrao mostra o propsito dos construtores
porem se isto se concretizou algum dia, pertence a Historia.
Independente disto numa fase mais evoluda recebeu as pedras
horizontais, precursoras das vigas que utilizamos hoje. H
evidencias que Stonehenge seja a mais antiga edificao feita pelo
Homem que evoluiu dos menires aos trlitos, passando por todas as
fases e preservada nos dias de hoje.
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STONEHENGE INGLATERRA
Se observarmos os templos egpcios, cujas razes se embasaram na
cultura neoltica, percebemos que a nica diferena entre os dois
recintos est na cobertura, inexistente nos cromlech. A similaridade
entre os cultos praticados nesses espaos no pode ser comprovada
pois, a cultura neoltica no est registrada documentalmente. A funo
nos dois ambientes exatamente igual, reverenciar o incompreensvel.
A medida que a tcnica construtiva evolui assim como os materiais de
construo, este recinto se torna cada vez mais sofisticado ao longo
da Historia. No exagero, nem ao menos profano dizer que os cromlech
atingiram o auge de sua ousadia esttica e tcnica, na idade mdia com
as catedrais gticas. Dizem os Pesquisadores que o Homem primitivo,
em sua evoluo ao longo da Historia, reservou as cavernas, que at
ento serviam como moradia, para cerimnias msticas e rituais
fnebres. E, a entrada destas que ele levantava a sua habitao.
Alguns modelos arquitetnicos desse perodo apresentam uma utilizao
similar as cavernas, ou seja, neles tambm so encontrados um aparato
fnebre. So chamados dlmen. Aparentemente no serviam de moradia nem
de culto e alguns parecem imitar as cavernas, pois tem a mesma
configurao. Outros partem do cho propriamente dito, compondo-se de
paredes e cobertura. Nesse caso so executados com lajes de pedras
lamelares, recebendo algum tratamento de alisamento, colocadas na
vertical sobre as quais se assenta outra laje formando uma cmara
circular. A finalidade deste novo recinto parece lgico a medida que
h um crecimento populacional. Mesmo que fossem destinados as
pessoas mais importantes dentro da comunidade esta demanda estaria
aquecida com o decorer do tempo. Em relao aos modelos semelhantes
as cavernas, com a dominao das tcnicas construtivas torna-se
possvel "reproduzi-las" de maneira a atender suas necessidades. Se
as cavernas e grutas so escassas por que no constru-las?
ANTA SO GERALDO PORTUGAL
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A foto anterior mostra uma construo semelhante a uma gruta,
gerando assim um recinto fechado, protegido e propcio s praticas
msticas. A finalidade parece ter sentido, pois o espao resultante
no parece ser suficiente para o numero de "operrios" envolvidos na
obra. possvel que algumas rochas existentes e naturalmente
encaixadas no terreno poderiam ser aproveitadas. Escavando suas
entranhas e criando espaos ocos, outras pedras completariam a
estrutura. De qualquer forma seria necessria a virtude de imaginar
as operaes de interferncias necessrias ao objetivo proposto.
ANTA CERQUEIRA COUTO ESTEVES PORTUGAL
Em outras situaes percebemos que houve uma edificao levantada do
cho propriamente dito, sinalizando uma evoluo tcnica. Em uma poca
to remota curioso imaginar qual seria a tcnica utilizada para
transportar blocos de rocha to pesados, sem equipamentos ou
ferramentas apropriadas. Quanto superposio de rocha servindo de
cobertura imaginamos que estes construtores serviam-se de rampas de
terra que, sendo verdade, seriam as primeiras que se tem noticia,
facilitando o arraste at o topo das rochas verticais, semelhantes
aos nossos pilares de concreto armado. Sem duvida esses elementos
deram origem s colunatas dos templos egpcios e gregos.
DOLMN FRANA
Neste exemplo existente na Frana nota-se um partido que se compe
de uma pea mais larga em um dos lados e outras duas mais estreitas
no lado oposto. O curioso que em outros modelos este partido se
repete, porem locados na Irlanda, hoje pases distantes 1.000 Km.
Isto expe claramente a tradio oral nesta continuidade construtiva,
pois no havia outra forma de comunicao, atestando um processo
milenar.
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Portugal e a Frana foram presenteados com esses monumentos,
verdadeiros tesouros arqueolgicos. Razoavelmente conservados, so
rotas indispensveis e preferenciais para os amantes dessa fase
inicial da Arquitetura. Vale ressaltar que grande parte ou talvez a
totalidade seja obras de culto fnebre, fazendo-nos pensar que a
habitao neoltica nestas paragens era construda com materiais
frgeis, como vegetao, no resistindo ao do tempo.
DOLMN PORTUGAL
freqente nessas edificaes a existncia de um "corredor" fazendo
parte do todo. Coberto ou no poderia ter a finalidade de antecmara
ou para alguma cerimnia em especial. Seria semelhante ao recurso
que usamos hoje como atrium, saguo, hall ou coisa parecida? Melhor
dizendo, ser que melhoramos um recurso criado na Arquitetura
Neoltica? Independente da utilizao deste corredor encontrado em
alguns dolmens, eles foram fundamentais na elaborao e construo dos
primeiros "edifcios" da Historia. Fazendo uma comparao entre os
modelos remanescente esta proposio transparece claramente. Os
dolmens simplesmente apoiados evoluem para os modelos "fechados".
Nessa configurao eles reforam a idia de recinto, apresentando um
acesso principal. So constitudos de rochas lamelares, semelhantes
em dimenso, locadas paralelamente e na vertical. Produz-se ento, um
fechamento como se fosse paredes, porem de pedras. Vale ressaltar
que nesta configurao demandaria um maior contingente humano para o
preparo, o transporte e a instalao. Como a preparao da pedra ainda
era muito limitada devido ao ferramental inadequado, a escolha das
peas era fundamental. Para encontrar blocos semelhantes em formato
demandaria um tempo considervel, tornando o tempo de construo muito
longo.
DOLMN PORTUGAL
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As ferramentas usadas no final do perodo neoltico, apesar de
rudimentares, j utilizavam metal em sua constituio. Conhecido como
idade do cobre, o calcoltico a fase onde este metal beneficiado e
transformado em ferramentas e utenslios domsticos. Em seguida a vez
do beneficiamento do bronze tambm nomeando o perodo subseqente.
Resultado disto a sensvel melhora no acabamento, bem como o porte
da obra. Apesar deste avano algo chama a ateno pelo fato de haver
"empreendimentos" diferentes na mesma poca. Essas diferenas so
marcantes no aspecto final e nos volumes apresentados. Isto denota
a utilizao de tcnicas construtivas diferenciadas, conseqncia da
demora na transmisso de informaes e avanos obtidos. Outro motivo
tambm est na disparidade da organizao social. Se compararmos
Stonehenge, na Inglaterra, e as primeiras pirmides, no Egito, obras
da mesma poca, verificamos a notoriedade do envolvimento macio de
trabalhadores no segundo exemplo. De qualquer forma, o porte
diferenciado no subestima a complexidade da obra, considerando os
recursos utilizados nas duas situaes. E por falar em pirmides,
estruturas enigmticas e que despertam admirao at os dias de hoje,
percebemos que elas representam o auge de uma evoluo arquitetnica
originada nos dolmens neolticos. Os modelos remanescentes conduzem
a esta afirmao. A comear pela funo, idntica nas duas situaes, torna
as pirmides um dlmen avantajado. Se o modelo original produzia um
espao reduzido, com as inovaes tcnicas e maior recurso de mo de
obra, certamente um novo lay-out seria criado. Tentando recriar o
caminho natural dos eventos poderamos imaginar, primeiramente, a
construo dos dolmens isoladamente, j de forma fechada. Com o
aumento da demanda e, conseqentemente, aumento na oferta de mo de
obra, eles seriam construdos em maior nmero. Se este novo arranjo
seguiu o mesmo caminho percorrido pelos menires, ou seja, a
princpio aleatrios depois alinhados e aglomerados, os dolmens tambm
teriam no curso da Historia, seguido o mesmo processo. Nesta
ordenao em conjunto os dolmens podem ter sido construdos as
centenas por longo perodo de tempo. Em dado instante, pelo curso
natural de evoluo, algo deveria ser acrescentado ao conjunto para
dar maior imponncia e importncia ao lugar. As ferramentas, mesmo
metlicas, permitiam somente aparar e aplainar blocos de pedra e,
preferencialmente, rochas calcarias, mais brandas. A tcnica at ento
mais exercitada estava na superposio das peas, mantendo o prumo com
o encaixe de pedras menores nas fendas resultantes e, dessa forma,
obter o equilbrio do conjunto. Ainda no havia nenhum tipo de
argamassa de ligao disponvel. Diante dessas alternativas somente
uma atitude daria ao conjunto uma imagem impactante: a cobertura
com pedras. Os modelos que se seguem nesta seqncia poderiam ser
classificados como os primeiros edifcios da Historia, at ento
inexistentes. So conhecidos como tumbas megalticas e alguns
exemplares ainda so preservados.
Este novo modelo arquitetnico surge em meados do quinto milnio
a.C. para ampliar as prticas rituais fnebres. Eles so constitudos
por um agrupamento de dolmens construdos como anteriormente. A
limitao no porte das pedras lamelares em virtude do transporte
determinou o recurso escolhido para dar imponncia ao conjunto com a
sobreposio de blocos menores. Com o encobrimento das cmaras
funerrias surgem os acessos com portal de entrada. Vale lembrar que
esta antecmara j era percebida em dolmens isolados. O formato
trapezoidal ou retangular inditos at ento, geram os primeiros
volumes arquitetnicos, chegando a ter altura de oito metros. A
finalidade de acondicionar um aparato fnebre presente mesmo em
modelos executados com tcnicas e materiais diferentes.
Este novo conceito arquitetnico revela tambm outros elementos
inditos alm do volume e formato. A criao da fachada emoldurada
pelos portais de entrada sendo todos do mesmo lado. Segundo os
pesquisadores, esses acessos obedeciam os pontos cardiais assim
como o desenvolvimento do conjunto.
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MONTE BARNENEZ FRANA
Tomando o Monte Barnenez como exemplo percebemos exatamente este
novo partido. Situado na baa de Morlaix, na Frana, ele comeou a ser
construdo por volta do ano 4.500 a.C. tendo inicialmente 5 cmaras.
Nota-se nesta primeira fase uma tcnica mais primitiva e o uso de
blocos pequenos em sua totalidade. Nas fases subseqentes foram
usadas pedras lamelares de ardsia e granito para as cmaras, porem a
cobertura ainda foi executado como inicialmente. Aps vrias
intervenes ao longo de 600 anos inclusive com novas camadas de
pedra, hoje se apresenta com 72 m de comprimento, por 25 m de
largura e mais de 8 m de altura. Estimado em 13.000 a 14.000
toneladas, o volume de pedras, acondiciona 11 cmaras com acesso por
passagens separadas. Contm fachadas ngremes e um perfil escalonado,
sendo que a existncia de vrias paredes internas sugere fachadas
anteriores ou serviam para estabilizar a estrutura. O monumento tem
vista para a baa de Morlaix, local de vista mpar e privilegiada
como comum em toda edificao construda neste perodo.
GAVRINIS - FRANA
Prximo ao Monte Barnenez, outro monumento megaltico merece
destaque. Situa-se em uma pequena e isolada ilha que, talvez por
este motivo, a edificao esteja melhor preservada. Conhecido como
Gavrinis ele foi construdo com a mesma tcnica do anterior com
algumas ressalvas e inovaes. Contm apenas uma cmara, mais ampla e
delimitada pelas lajes de ardsia e granito. O detalhe que inova a
construo so inscries esculpidas nas lajes de pedras que formam as
paredes. Composta por smbolos que representam linhas sinuosas
entrecortadas, essas gravuras no chegam a expressar nenhuma
linguagem. Podem ser consideradas como uma preocupao com a esttica,
a aparncia ou simplesmente, fazer algo diferente. Aqui como em
outras situaes, a interpretao e a razo dessas manifestaes pertence
a Historia e seus criadores.
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Contudo, Gavrinis representa uma evoluo pelo emprego de maior
quantidade de rochas mais duras, como granito. Os espaos produzidos
so melhores e o edifcio demonstra ser erigido de uma s vez e no em
camadas como anteriormente. Isto denota um domnio da tcnica
construtiva e, principalmente, a definio do modelo arquitetnico. O
contingente humano e mais expressivo e o cuidado na superposio de
peas sensvel. As inscries revelam o uso de ferramentas metlicas,
mais precisamente o bronze. A grande contribuio dessas edificaes de
culto fnebre no perodo neoltico est nos subsdios oferecidos aos
modelos desenvolvidos a seguir, j no limite da Historia escrita,
principalmente na iniciante cultura egpcia. As mastabas so
estruturas funerrias originadas nas tumbas megalticas e foram
amplamente utilizadas no Egito antigo. Estas por sua vez evoluram
no processo executivo, no lay-out interno e na esttica. Mais do que
isso as mastabas so consideradas os embries que originaram as
pirmides, iniciando um ciclo de 150 anos produzindo estruturas que
at os dias de hoje deslumbram pela magnitude e perfeio. Ao final da
pr-histria percebemos uma lenta porem importante evoluo que se
instala. As ferramentas de pedras em forma de machados, apesar de
rudimentares, foram teis. Com a chegada dos metais os avanos foram
significativos. Os meios de transporte usados foram a fora humana e
a animal. Os dispositivos, sobretudo artesanal, consistiam de
cordas feitas com cip ou outras fibras, tranados e troncos de
arvores para a rolagem dos materiais. Os materiais de construo
vinham da vegetao e basicamente eram usados nas moradias, no
sobrevivendo ao tempo. A pedra, material eterno, permanece como
testemunha desses "inventores" desconhecidos cuja grande contribuio
est nos espaos por eles produzidos que perduram at nossos dias.
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