Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis, 2014 ARMAÇÃO DO PÂNTANO DO SUL Monique O. Daniel
Universidade Federal de Santa CatarinaFlorianópolis, 2014
A R MAÇ ÃO D O PÂ N TA N O D O S U L
Monique O. Daniel
Sumário
1
2
3
44.1
4.2
4.3
4.4
Introdução
Localização da área de estudo
Breve histórico
Leitura urbana da área de estudo
Diretrizes de atuação
Uso e ocupação do solo
Hidrografia
Vegetação
Áreas de Preservação Cultural
Esboço da proposta
Conclusão
1.1
1.2
1.3
Escolha do tema e da área de estudo
Objetivo geral
Objetivos específicos
Referências
4.5 Desastre natural de maio de 2010
5
6
7
8
1.4 Metodologia
5.1 Potencialidades, problemáticas, demandas e diretrizes
5.2 Unidades de paisagem
3
4
5
8
9
12
13
14
15
21
23
25
26
27
21
1. INTRODUÇÃO
1.1 Escolha do tema e da área de estudo.
A imagem da cidade de Florianópolis costuma estar atrelada aos costumes herdados de sua
colonização, principalmente a açoriana — a imagem de um povo simples, acolhedor, que valoriza
tradições como a pesca da tainha, a relação com o mar, a confecção da renda de bilro e festividades
tradicionais como a Festa do Divino Espírito Santo e o Boi-de-Mamão. No entanto, se o poder público
e a própria população não tomar medidas que garantam a sobrevivência dessa cultura, é grande a
probabilidade de que esta imagem vá se esvaindo com o passar do tempo.
No que se refere à pesca, pode-se observar que, ano após ano, as comunidades pesqueiras
perdem seus membros mais antigos, levando consigo saberes valorosos que não são devidamente
registrados e que correm o risco de se perderem no tempo sem que sejam transmitidos às gerações
posteriores. Naturalmente, muitas dessas comunidades devem enfraquecer devido as alterações
no mercado de trabalho, que absorve os jovens em busca de melhores rendimentos salariais e
uma vida mais condizente com a realidade atual. Mas, em se tratando de uma ilha cuja economia
que gira em torno do turismo é considerável, as relações com o mar não se restringem à pesca, e
não devem estar fadadas a desaparecer. Pelo contrário, é provável que se invista cada vez mais no
turismo marítimo e em infraestrutura nas orlas, investimento este que deveria contribuir para a
preservação e valorização da cultura local.
3
Nesse contexto, optou-se por desenvolver uma proposta urbana que fosse capaz de tratar
da questão cultural relacionada à orla marítima, tendo como objeto de estudo o bairro Armação
do Pântano do Sul, que além de possuir uma associação pesqueira ativa, possui ainda atividades
relacionadas ao turismo marítimo, uma comunidade com grande número de moradores com
descendência açoriana que mantem suas tradições, um dos cenários mais esplendidos da cidade e
única localidade da Ilha de Santa Catarina a ter desenvolvido a caça da baleia, importante atividade
econômica do Brasil Colonial.
1.2 Objetivo Geral
Desenvolver uma proposta urbana para a Armação do Pântano do Sul, Florianópolis - SC.
1.3 Objetivos específicos
- Pensar a ocupação de modo a melhorar a relação do homem com o meio natural;
- Definir estratégias para valorizar e preservar os saberes locais, o patrimônio cultural e a
paisagem;
- Redesenhar as conexões viárias do bairro, de forma a qualificar o espaço para o pedestre
e o ciclista.
1.4 Metodologia
Levantar uma retrospectiva dos acontecimentos históricos e da evolução da ocupação
através de pesquisas literárias e fotos de satélites de diferentes datas.
Caracterizar a área quanto à vegetação, hidrografia, uso e ocupação do solo, plano diretor
e áreas de preservação cultural, através de dados documentais, mapeamentos e levantamento
fotográfico.
Levantar dados quanto ao desastre natural ocorrido em maio de 2010.
Realizar levantamentos em campo e em dados documentais para elaboração do diagnóstico
da área e diretrizes para atuação projetual.
Identificar unidades de paisagem e a partir delas estabelecer um recorte espacial para as
intervenções pretendidas.
Fig. 1 - Pescadores retiram barco do mar na Praia da Armação em dia nublado. Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Localizada na porção sudeste da Ilha de Santa Catarina, a Armação do
Pântano do Sul, originalmente chamada Armação da Lagoinha, é um bairro
pertencente ao distrito administrativo do Pântano do Sul. Limita-se ao norte
pelo Morro das Pedras, ao sul pela ponta das Campanhas, a oeste pela Lagoa
do Peri e a leste pelo Oceano Atlântico.
4Fig. 2 - Ilha de Santa catarina.Fonte: Geoprocessamento Coorporativo da PMF, 2014.
Fig. 3 - Distrito de Pântano do Sul.Fonte: Geoprocessamento Coorporativo da PMF, 2014.
Fig. 4 - Unidade Espacial de Planejamento (UEP)Armação do Pântano do Sul.Fonte: Geoprocessamento Coorporativo da PMF, 2014.
NN NLagoa do Peri
Ponta das Campanhas
Mor
ro d
as P
edra
s
UEP Armação do Pântano do Sul
Distrito Pântano do Sul
Oceano Atlântico
3. BREVE HISTÓRICO
A atividade baleeira e a povoação da Armação do Pântano do Sul
Localizada no sul da Ilha de Santa Catarina, a então conhecida como Armação da Lagoinha
começou a receber povoadores efetivamente a partir da segunda metade do século XVIII, com a vinda
de imigrantes açorianos para a região. Segundo CECCA (1996), os imigrantes chegaram ao período da
pesca da baleia, o primeiro ciclo econômico de Santa Catarina e única atividade considerada rentável
aos imigrantes, que naquela época trabalhavam no inverno nas armações de baleias, complementando
a mão-de-obra escrava fixa existente na área.
Segundo Althoff (2002) as povoações litorâneas catarinenses podem ser classificadas segundo
três tipos de iniciativas distintas: as fundações vicentistas e luso-brasileiras, as freguesias criadas a partir
do estabelecimento de contingentes de imigrantes açorianos e aquelas criadas para a exploração
econômico-produtiva, representadas pelas atividades da pesca da baleia, as chamadas armações de
baleias, caso da Armação da Lagoinha, em Florianópolis. As armações de baleia foram núcleos criados
com a finalidade de produção para abastecimento do mercado colonial e da metrópole. Estas localidades
se constituíam do espaço para a produção propriamente dita e a área de convívio, com residências,
templos, oficinas e armazéns.
A expansão geográfica desta produção ocorreu por volta de 1730, quando foram erguidas as
primeiras armações – nome dado às unidades de beneficiamento dos produtos da baleia a. Em Santa
Catarina estavam as armações mais produtivas do Brasil: Piedade (atual município de Governador Celso
Ramos), Sant’Anna da Lagoinha (na praia da Armação, em Florianópolis), Itapocoróia (ao norte do Rio
Itajaí, na região de Penha, litoral norte de Santa Catarina), Garopaba e Imbituba (ambas no litoral sul).
O período de maior produção baleeira foi em 1765 e 1789. Segundo Ellis (1969), o investimento de
capitais na ampliação, na construção de núcleos baleeiros, e na aquisição de instrumentos de trabalho,
embarcações e escravos caracterizam este momento de maior desenvolvimento do monopólio da
pesca da baleia no Brasil.Devido a uma Provisão Régia, de 09 de julho de 1772, foi fundada a Armação
da Lagoinha, vila habitada por imigrantes madeirenses e açorianos. Fundada, no mesmo ano, a Igreja
de Sant’Anna, foi o que sobrou do testemunho da atividade baleeira na Ilha de Santa Catarina. Sabe-se
que da igreja original, praticamente nada mais resta. A atual conserva somente muitas características
da reforma feita em 1838. A fachada foi toda modificada na reforma de 1948. As primeiras habitações
localizavam-se próximas a capela Sant’Ana e distribuíram-se, ao longo dos anos, nos arredores.
Segundo Ellis (1969), esta armação era composta pelas seguintes estruturas: casa dos tanques
(capacidade para 1697,50 m³ de óleo), engenho de azeite, casa-grande, armazém, senzalas, capela,
companhas dos baleeiros e engenho de farinha. A capela da armação, como era comum, possuía ao lado,
cemitério fechado com muro de pedra e cal. A casa-grande tinha duas frentes, uma voltada para o mar e
outra para o engenho e tanque. Esta dispunha de três salas, quatorze quartos, três corredores, varanda
e cozinha. Na Planta da Armação e Fazenda de Santa Anna da Lagoinha (FIG. 1), a casa do administrador
e o armazém estavam num mesmo prédio. A companha dos baleeiros foi construída em uma pequena
ilhota na ponta da armação - hoje interligada à praia por uma passarela sobre um molhe -, eram dez casas
com um armazém para lanchas que ocupavam uma área de 317m². Esta edificação estava na extremidade
da armação, pois os pescadores tinham que ficar o mais perto possível do mar, em um local de fácil
deslocamento.
Segundo Zimmermann (2006), havia duas senzalas na Armação da Lagoinha: uma na armação
próxima à estrutura de beneficiamento do azeite e uma na Ilha do Campeche. A primeira, maior, era
uma sequência de casas com quatrocentos palmos de frente e vinte e sete de fundo, levantada sobre
pilares assim como a capela, e dividida em treze casas para feitores e escravos, feitas de pau a pique,
pedra e cal. A segunda senzala, localizada na Ilha do Campeche, e de estrutura menor, consistia em uma
casa com trinta e quatro palmos de frente e trinta de fundo, formada sobre pilares com paredes de pau
a pique. Quarenta e seis escravos habitavam estas senzalas, em 1816.
Além desta estrutura, havia casas onde ficavam os baleeiros e as embarcações, o cais paredão
e o trapiche. Na Armação da Lagoinha, o paredão servia ao porto e à casa do engenho, formando
simultaneamente o cais em que atracavam as lanchas baleeiras.
Segundo Ellis (1969), a Ilha do Campeche serviu como posto de emergência, com um tanque e
provável engenho de frigir. O sítio da fazenda ocupava quase toda a Lagoa do Peri, incluindo os morros da
Cachoeira Grande, do Saquinho e do Peri de Cima. Era uma área que possuía uma reserva de água potável
e uma cobertura vegetal dos morros potencialmente utilizável para fazer lenha. Esta armação destacou-se
com a plantação de 7.000 pés de café.
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Fig. 5 - Planta da Armação e Fazenda de Santa Anna da Lagoinha. Fonte: Piazza (1983).
Como todas as demais armações, também a da Lagoinha esteve em pleno funcionamento até
1801, no entanto, em junho de 1816 continuava em uso.
A atividade baleeira representou uma forte relação da província com os grandes capitais
portugueses. Segundo CECCA (1996), entre 1771 e 1790 houve anos em que mais de 1000 baleias foram
pescadas. O fato desta atividade se concentrar em dois meses do ano, revela sua escala e intensidade.
A pesca da baleia se estabeleceu como uma grande produção manufatureiro-escravista que, associada à
pequena produção mercantil, se articulava aos interesses da acumulação primitiva de capital na Europa.
Esta produção possibilitou que alguns pequenos produtores constituíssem uma classe senhorial local.
Economia a partir do século XIX
No início do século XIX, a Armação da Lagoinha integrava uma das freguesias mais ativas na
produção de farinha de mandioca e outros gêneros alimentícios: a freguesia de Nossa Senhora da Lapa
do Ribeirão da Ilha.Não podendo desenvolver os seus tradicionais cultivos de trigo e linho, os açorianos,
tais como os vicentistas e todos os que passaram a viver da agricultura no Brasil, tiveram que se adaptar
ao cultivo agrícola herdado dos índios. A mandioca se tornaria a base alimentar dos açorianos e em
trinta anos já existiam 300 pequenos engenhos, sendo alguns de cana-de-açúcar. Dentre as atividades
desempenhadas na nova colônia, destacam-se a “construção naval e a marinharia, as técnicas de
construção de engenho, de carros de boi, a olaria de cerâmica utilitária e decorativa, a renda de bilro,
a manufatura de tecidos e um conjunto de festividades religiosas e profanas, proporcionando uma
riquíssima mitologia e literatura oral.” (CCECA, 1996; p.46). Continuando, o autor enfatiza que:
No final do século XVIII, por questões macroeconômicas, a pesca da baleia entrou em declínio, sendo o sistema do monopólio extinto através do Alvará de 18 de maio de 1798, podendo cada um ou por si ou em sociedade preparar a pesca da baleia em qualquer parte da costa e em alto mar. O fim do último contrato e o Alvará de 24 de Abril de 1801 deixou livre a pesca da baleia aos arrendatários interessados e permitiu a venda as armações (à vista ou a prazo), sem privilégio algum. (ELLIS, 1969, p. 160,161).
Em 1831, a Armação da Lagoinha foi arrematada por Veríssimo Mendes Viana e associados, mas nessa época as edificações já se encontravam arruinadas; no entanto, as atividades de pesca à baleia continuaram até meados do século XIX, quando houve a introdução de outros combustíveis, como o carvão de pedra e posteriormente o petróleo.” (AGENDA 21,2000, p. 70).
Segundo o Projeto Baleia Franca, desenvolvido na Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca localizada no sul do litoral catarinense, após um breve período de inatividade, no início do século XX, as povoações da Armação da Lagoinha, Garopaba e Imbituba retomaram a matança de forma rudimentar e esporádica, até a década de 1950 e a de Imbituba, até 1973. (PEREIRA, 2010, p. 30).
6
LEGENDA
Casa Grande ArmazemIgrejaSenzalas de NegrosTanquesEngenho de AzeitesChácara
1234567
Após a ocupação feita a partir da freguesia de Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão, ocorreu uma
ocupação mais diversificada originária do núcleo da Armação. Apesar de, originalmente, a atividade
básica ser pesca, atualmente já se identifica o comportamento típico de balneário. A Armação, é hoje
um dos principais núcleos de pesca artesanal da ilha de Santa Catarina, convivendo com o fluxo turístico
e com os praticantes do surfe.
A partir da segunda metade do século XIX, com a inserção da economia monetizada e o contínuo empobrecimento do solo – após 200 anos de plantio, a pesca deixa de ser uma atividade acessória. Desde o início, o ciclo da baleia (1801 – 1746) havia impulsionado os açorianos para o mar. Aprenderam com os carijós as práticas de captura da tainha, armadilhas e a fabricação de canoas de um pau só, e introduziram as técnicas de salgamento e defumação de pescado, típicas do Atlântico Norte. Embora fossem pastores em suas ilhas de origem, aqui poucas condições tiveram de sê-lo, uma vez que implantando o regime de pequena propriedade. Logo se estrutura uma indústria manufatureira para a produção da farinha; confecção do linho, tecidos e rendas; artefatos de barro, cestaria e madeira. Mesmo quando a atividade pesqueira cessa, a produção agrícola permanece, dada à sazonalidade da pesca e ao desenvolvimento dos mercados e feiras nas vilas. Esta formação econômica do homem açoriano vai caracterizar sua tripla identidade enquanto lavrador, pescador e artesão. (CECA, 1996, p. 65).
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4. LEITURA URBANA DA ÁREA DE ESTUDO
8
Fig. 6 - Feira de Cacarecos na Armação. Fonte: Arquivo pessoal, 06.07.2014.
4.1 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
Por meio da sequência de fotos, a seguir, é possível observar a
evolução da ocupação do solo na Armação do Pântano do Sul a partir do
início do século XX. Nota-se que as comunidades do interior da Ilha, como
é o caso da Armação, até final dos anos 70, encontravam-se relativamente
isoladas do centro da cidade. O acesso dava-se por estradas de barro e
seus visitantes de verão (no caso das comunidades que se encontravam
próximas às praias) eram antigos moradores da cidade que possuíam
uma segunda casa na praia. “Suas necessidades eram supridas em grande
parte na própria localidade e a mediação com a administração pública
para obtenção de serviços e melhorias dava-se através do intendente, o
representante local da Prefeitura.” (CECCA, 1996,p.172).
Nos anos 60 e 70, de acordo com Pereira (2010), a implantação de
infraestruturas estatais acentuou o desenvolvimento urbano e o estímulo ao
turismo caracterizou-se com a facilitação no acesso aos balneários localizados
em regiões afastadas da área central. As vias que já existiam, passaram a
receber investimento do Estado e com isso, beneficiaram a ocupação das
aéreas litorâneas da ilha, o que resultou numa ocupação mais intensa da
área. A evolução desta ocupação pode ser acompanhada pela sequência de
fotos a seguir, retratando o local de 1938 a 2012:
9
Fig. 7 - Imagem mosaico ano 1938,
Ocupação rural, predominando a
atividade pesqueira e agricultura doméstica.
Fonte: Geoprocessamento
Coorporativo da PMF, 2014.
1:35.000.
Fig. 8 - Imagem mosaico ano 1957, Até os anos 60, a área encontrava-se isolada das áreas centrais da cidade, sem receber investimentos em infraestrutura.Fonte: Geoprocessamento Coorporativo da PMF, 2014.
1:35.000.
Fig. 9 - Imagem mosaico ano 1977,
A partir dos anos 60, a implantação de infraestruturas estatais facilitou o acesso e a ocupação na Praia da Armação.Fonte: Geoprocessamento Coorporativo da PMF, 2014.
1:35.000.
Fig. 10 - Imagem mosaico ano 1994,
A ocupação ao longo da orla, das margens do Rio Sangradouro e ao redor da SC 406 se consolida.Fonte: Geoprocessamento Coorporativo da PMF, 2014.
1:35.000.
Fig. 11 - Imagem mosaico ano 2012,
A ocupação intensificou-se não apenas ao longo da SC 406, mas em praticamente toda a orla, nas margens do Rio Sangradouro e aos poucos avança para as encostas dos morros. Fonte: Geoprocessamento Coorporativo da PMF, 2014.
1:10.000.
Com a transformação dos distritos mais distantes do Centro em balneários, o processo de
ocupação estendeu-se também às áreas onde predominavam as populações que viviam da pesca.
Apenas mais recentemente este processo estendeu-se para o sul da Ilha. Segundo CECA/FNMA
(1996), algumas pessoas que habitavam o local antes de se tornar balneário turístico permaneceram
no próprio local, combinando a pesca artesanal e a produção artesanal com atividades como vigia
noturno, policial, faxinas e empregos domésticos, de modo a suprir as antigas e novas necessidades,
inserindo-se no mercado de consumo de forma marginal. Outros foram morar nas encostas do
centro urbano, buscando um lugar mais próximo do emprego. Alguns ainda deslocaram-se para o
Continente, em busca de regiões com custo de vida menor.
O uso e a ocupação da terra vem sendo feito de forma desordenada, com a ocorrência
de invasões em áreas de preservação permanente, principalmente na orla, onde deveria ter
sido preservada a restinga. Segundo CECCA (1996), além dos impactos causados pela ocupação,
fatores ainda pouco conhecidos referentes à hidrodinâmica local, ao balanço sedimentológico,
bem como uma possível elevação do nível do mar, sugerem cautela na elaboração de planos de
ocupação destes espaços costeiros.
O Plano Diretor dos Balneários, aprovado em 1985, presumia uma localidade predominante
residencial para a Armação do Pântano do Sul, prevendo apenas uma área mista central nos arredores
da Igreja Sant’Anna e áreas turísticas residenciais na orla, permitindo apenas a construção de dois
pavimentos, o que de modo geral se cumpriu nas três décadas seguintes.
Em 2014, a Câmara de Vereadores aprovou a Lei Complementar 482 que dispõe sobre o
Plano Diretor de Florianópolis, cuja principal diretriz para o planejamento do distrito de Pântano
do Sul foi garantir a manutenção do modo de viver e de se relacionar com a localidade existente na
região, preservando o caráter peculiar do lugar e que se mantém vivo ainda hoje. Foi preservado
o gabarito de dois pavimentos, assim como os usos previstos, com exceção da retirada da Área
Turística Residencial.
10
Fig. 12 - Plano Diretor dos Balneários – Lei Complementar 2193 Predomínio do uso residencial.Fonte: Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis.
/85
Fig. 13 - Plano Diretor de Florianópolis – Lei Complementar 482/ Aumento de áreas com possibilidade de uso misto.Fonte: Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis.
2014
A partir da elaboração do atual mapa de cheios e vazios (figura 14), fica evidente que a
ocupação do solo concentrou-se entre a margem do Rio Sangradouro e a orla marítima e ao longo
da rodovia SC 406, uma vez que estas são as únicas áreas planas do bairro. A ocupação em questão
não se preocupou em deixar afastamentos em relação às margens do rio e do mar. Nota-se ainda
que a ocupação tem avançado de forma rarefeita em direção às encostas dos morros, tanto no
Matadeiro quanto na margem oeste da rodovia SC406.
O mapa de usos (figura 15) foi elaborado a partir de levantamento de campo abordando
as principais vias do entorno da Igreja Sant’Ana, bem como a extensão da Avenida Antônio Borges
dos Santos, a ocupação ao longo do enrocamento na orla marítima e parte da rodovia SC406 no
trecho que concentra os usos institucionais de importância para o bairro, como a Escola Municipal
Dilma Lucia dos Santos, o posto de saúde e o Núcleo de Educação Infantil.
Este mapa deixa claro que o uso na Armação do Pântano do Sul ainda é predominantemente
residencial — cabe salientar que mesmo nas áreas cujos usos não foram apontados no mapa, o uso
residencial prevalece, principalmente ao longo das servidões, onde os demais usos praticamente
inexistem. O pouco comércio existente tem caráter vicinal e faltam serviços básicos como caixa
eletrônico e lotérica. A Avenida Antônio Borges dos Santos, apesar de possuir potencial para
aglutinar os usos comerciais e de serviços, em função do uso intenso de pessoas, não dispõe de
capacidade estrutural para tanto. Fica evidente que a hospedagem, principalmente de temporada,
é uma vocação que vem despontando no bairro. São inúmeras pousadas e casas para alugar na
temporada, considerando o tamanho reduzido do bairro.
É interessante notar que há três grandes áreas de estacionamentos privados que podem
viabilizar uma estratégia para melhorar o tráfego de veículos na orla, que hoje utilizam qualquer
espaço público como estacionamento, seja ao longo das vias, em frente à igreja e até mesmo na
areia da praia.
O
510
0
0
5
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Casa à venda.Antiga, semreparos,cercadae coberta devegetação
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Fig. 14 - Mapa de cheios e vazios.
Fig. 15 - Mapa de usos.
-Igreja Sant’Ana;
-Escola Municipal
Dilma Lucia dos
Santos;
-Posto de Saúde;
-Núcleo de
Educação Infantil;
-Rio Sangradouro;
-Rodovia SC 406;
-Avenida Antônio
Borges dos
Santos.
ResidencialMisto (residencial/comercial)Comercial/ServiçosPousada/aluguel de temporadaInstitucionalEstacionamentos privados
Legenda:
N
N
1
2
3
4
5
6
7
1
2
345
6
7
Na costa leste da Ilha de Santa Catarina não há presença de grandes rios. Os poucos rios ou
córregos da costa leste são formadores das bacias hidrográficas da Lagoa da Conceição e da Lagoa
do Peri, ficando, portanto, contidos nesses corpos d’água.
A Lagoa do Peri destaca-se por ser o maior manancial de água potável da Ilha e por ser
responsável pelo abastecimento de água na região. Já o saneamento básico é uma questão
preocupante, pois todo o distrito de Pântano do Sul não é servido com sistema de coleta de esgoto,
o que traz risco de contaminação aos lençóis freáticos, cursos d’água e mar.
Segundo Pereira (2010), a razão da denominação Armação da Lagoinha foi a proximidade
com a Lagoa do Peri, que se formou através de um processo similar ao da Lagoa da Conceição,
isolando-se do mar após a formação da restinga da praia da Armação. A lagoa está inserida numa
bacia hidrográfica de 20,3 km², sendo 5,2 km² a área da própria lagoa; com profundidade máxima
de 11m, suas águas não são afetadas pelas oscilações da maré, pois está cerca de 3m acima do
nível do mar, segundo estudo do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis, de 1978.
Assim, sua água é totalmente doce, fornecendo o maior habitat da Ilha para espécies de água
doce.
Atualmente, compreendida no Parque Municipal da Lagoa do Peri, criado pela lei municipal
nº 1829, de 1991, sua área destinada ao lazer é muito procurada, principalmente na alta temporada.
O único contato da lagoa com o mar é fruto da confluência entre o rio Sangradouro, que nasce na
Lagoa do Peri e serve para extravasar as águas fluvio-pluviais com o outro rio detectado na área de
estudo, o rio Quinca Antônio. Conhecido também como rio Quincas ou rio da Armação, ele drena a
planície do Pântano do Sul e deságua no oceano entre as praias da Armação e Matadeiro, após unir-
se ao canal do rio Sangradouro. Segundo CECCA (1996), o canal Sangradouro foi desastrosamente
retificado em 1975 pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento, retilinizado na maior
parte de sua extensão, para drenar os terrenos da região na restinga. Com a eliminação da maior
parte dos meandros originais, a velocidade de escoamento das águas da lagoa foi tal, que seu
nível baixou consideravelmente. Isto obrigou o DNOS a bloquear a saída da água da lagoa no
canal recém aberto, na tentativa de impedir o agravamento do problema.
4.2 HIDROGRAFIA
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Fig. 16 - Mapa de Declividade.Fonte: Geoprocessamento Coorporativo da PMF, 2014.
Fig. 17 - Mapa de Hidrografia.Fonte: Geoprocessamento Coorporativo da PMF, 2014.
Rio Sangradouro
Rio Quincas
N
N
A vegetação arbórea e arbustiva presente na Praia da Armação sofreu com o intenso processo
de ocupação associado às atividades agrícolas ao longo do Século XX, evidenciados pelos diversos
estágios de sucessão da cobertura vegetal secundária, hoje presente no local.
Em 1938, Caruso (1983) identificou toda extensão da Praia da Armação como área de
vegetação de praia, duna e restinga. Aos arredores observou zonas agrícolas abandonadas e áreas
totalmente desmatadas ainda sendo utilizadas pela agricultura. Já em 1978, Caruso (1983) retrata
o desenvolvimento e predomínio da zona povoada ou urbana em toda região central e sul da praia.
Ao norte, há ocorrência de Floresta Primária com desmatamento em quase todas as espécies e no
extremo norte, verifica a existência de vegetação de praias, dunas e restingas.
A importância ecológica e biológica da região é retratada pelas duas unidades de conservação
que circundam a Praia da Armação. O Parque Municipal da Lagoa do Peri localizado a oeste e o
Parque Municipal da Lagoinha do Leste , localizado a sul.
É importante ressaltar ainda, o papel de fixação do solo exercido pela vegetação de restinga,
inclusive na praia da Armação, apesar de, segundo CECA (1996) apresentar a menor região de
dunas da ilha de Santa Catarina, com área de 0,59km², tombada como patrimônio cultural e
paisagístico do município . Estas áreas apresentam problemas de preservação, em diferentes níveis
de gravidade, relacionados com processos de ocupação. A localização destas áreas junto ao mar
aumenta a pressão das invasões devido à especulação imobiliária, propiciada pela valorização dos
terrenos gerada pelo turismo.
1
1
2
2
___________________________O Parque Municipal da Lagoinha do Leste foi criado pela Lei Municipal nº 3701 de 07.01.92Tombada como patrimônio cultural e paisagístico do município através do Decreto nº 112 de 1985.
4.3 VEGETAÇÃO
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Fig. 18 - Vista da Ponta das Campanhas, com Praia da Armação à direita, Praia do Matadeiro à esquerda e planície do Pântano do Sul ao fundo. Observa-se a cadeia de montanhas com cobertura vegetal que cercam o bairro da Armação do Pântano do Sul. Fonte: alainfodilmalucia.blogspot
4.4 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO CULTURAL
A única área de preservação cultural presente na Armação do Pântano do Sul é a Praia
do Matadeiro, que foi sobrezoneada pelo Plano Diretor de Florianópolis, em 2014, como Área de
Preservação Cultural do tipo II, sendo ela subdividida em Área de Interesse Ambiental - Paisagístico
(APC2-). A decisão do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis – IPUF veio de uma
demanda dos moradores da Praia do Matadeiro, ou de cidadãos que possuem casa de veraneio na
área, numa tentativa de garantir sua permanência no local, que é Área de Preservação Permanente,
alegando que teriam direito à permanência por estarem na área há mais de 30 anos – igualando-
se a ocupação existente na Praia do Saquinho ou mesmo na Costa da Lagoa da Conceição.
O nome Matadeiro provém da época em que era permitido caçar baleias e serviu de apoio
à pesca até meados de 1970, quando passou a abrigar visitantes temporários, atraídos por suas
belezas naturais e por um atrativo natural notável, um conjunto de grutas. Localizada entre as
praias da Armação e Lagoinha do Leste, é inacessível para carros e ainda conserva seus morros
cobertos pela mata. No entanto, a praia, que tem acesso apenas por um caminho de pedestres, tem
sofrido na ultima década uma ocupação que contrasta com suas características paisagísticas e pode
comprometer seu potencial ambiental.
Apesar de possuir uma única Área de Preservação Cultural, na Armação do Pântano do Sul
há potenciais arquitetônicos ainda não tombados pelo poder público. É o caso da Igreja Sant’Anna,
que embora não conserve as características originais de sua construção em 1772, devido a reformas
ocorridas ao longo dos anos, é a única edificação arquitetônica que data da época de fundação
da vila e auge da pesca das baleias. Além da igreja, há no bairro outras edificações isoladas que
conservam as características da arquitetura colonial que precisam ser levantadas e protegidas pela
legislação cabível.
14
Fig. 19 - Detalhe da alvenaria original preservada na fachada da Igreja Sant›Ana. Fonte: Arquivo pessoal, 06.07.2014.
Fig. 20 - Primeira escola da comunidade da Armação do Pântano do Sul.Fonte: Arquivo pessoal, 06.07.2014.
Fig. 21 - Ocupação na Praia do Matadeiro, vista a partir da Ponta das Campanhas.Fonte: Arquivo pessoal, 19.04.2014.
Fig. 22 - Igreja de Sant›Ana, vista a partir da escadaria de acesso à praia.Fonte: Arquivo pessoal, 19.04.2014.
4.5 DESASTRE NATURAL DE MAIO DE 2010
Condicionantes naturais e antrópicas que levaram a fragilização do
ambiente praial da Armação do Pântano do Sul
O litoral catarinense é susceptível à ocorrência de fenômenos naturais
deflagradores de eventos de alta energia na zona costeira, decorrentes de
condições climático-meteorológicos. Em abril e maio de 2010, algumas
praias da costa leste da Ilha de Santa Catarina sofreram com a erosão
costeira em consequência da ocorrência sucessiva desses eventos. O auge
ocorreu durante o mês de maio, atingindo principalmente as praias da Barra
da Lagoa, Campeche e Armação.
As inundações costeiras provocadas pelas ressacas sempre se fizeram
presentes na ilha, entretanto no ano de 2010, segundo Pereira (2010), as
ressacas deflagraram processos erosivos intensos que culminaram em mais
de quarenta (40) milhões de reais em prejuízos somente na costa leste da
Ilha de Santa Catarina. A Praia da Armação foi a mais atingida, com mais de
vinte (20) milhões de reais de danos causados pelos episódios erosivos.
As ressacas de maio de 2010, encontraram um ambiente altamente
fragilizado com a grande quantidade de marés de tempestade que alcançaram
estas praias contribuindo com a retirada de sedimentos em ambiente
praial. No caso da Armação existem ainda condicionantes antrópicos, que
condicionaram o ambiente a alta fragilização diante de fenômenos de alta
energia, como a ocupação desordenada em área de dunas e restinga.
15
Fig. 23 - Praia da Armação em 1978, sendo estimados a p r o x i m a d a m e n t e 1 6 metros de largura de praia. Fonte: Pereira (2010).
Fig. 24 - Mar alcançando trecho sul da Praia da Armação no dia 8 de março de 2010. Fonte: noticias.terra
Fig. 25 - Praia da Armação em 9 de Abril de 2010.Fonte: noticias.terra
Diante da análise de fotografias aéreas de 1994 ,1977 ,1957 ,1938 e
2002 notou-se um grande recuo da linha de costa durante 1977 e 1994 no
trecho Sul. Segundo Pereira (2010) e Abreu de Castilhos (1995), analisando
fotografias aéreas verificou uma aceleração dessa tendência de recuo da
linha de costa neste mesmo período na parte Sul da praia. A intensificação
do recuo nesta época pode estar associados a pelo menos três aspectos:
- ocorrência de marés de tempestade em 1991 ,1990 e 1994 na praia da
Armação;
- ocupação altamente adensada em ambiente praial;
- aumento e/ou finalização do molhe no extremo Sul da praia.
De acordo com Pereira (2010), a ocorrência de marés de tempestade
traz ondas de alta energia e sobre-elevação do nível do mar que ao atingirem
a costa contribuem com a retirada de sedimentos em ambiente praial,
causando déficit sedimentar e consequente recuo da linha de costa. A Praia
da Armação sofreu com episódios erosivos intensos no primeiro semestre de
1991 ,1990 e 1994. Nos três episódios verificados por Simó (2003), a praia
perdeu sua extensão no trecho mais abrigado, o setor Sul.
Quanto às questões antrópicas, a ocupação humana surge como
um problema à erosão quando influencia o equilíbrio sedimentar da praia,
o que, segundo Pereira (2010), impede ou dificulta a troca de sedimentos
entre o mar e dunas frontais, vegetação litorânea e o pós-praia. Na Praia da
Armação, ainda que a ocupação tenha sua base em construções históricas,
com uma comunidade pesqueira, que existe desde o século XVIII localizada
no setor sul, a ocupação se adensou e avançou em direção à praia como
poder observado nas fotografias aéreas entre 1977 e 1994, principalmente.
Nas fotografias aéreas de 1994 percebe-se áreas que antigamente
eram ocupadas por dunas e vegetação litorânea, totalmente urbanizadas,
contando com construções inclusive no pós-praia. A ocupação humana
pode introduzir perturbações nos ambientes praiais e alterar a dinâmica
entre a antepraia, a praia e as dunas frontais. Conforme Castilhos (1995),
durante períodos de ondulações de baixa energia, os sedimentos da praia
são carregados da antepraia para a praia, onde mobilizados pelos ventos,
podem alimentar a construção de uma duna frontal. Na presença de
edificações esse sistema é interrompido e a troca de sedimentos entre o
sistema praial é comprometida.
16
Fig. 26 - Ocupação em ambiente praial sendo destruída durante episódio erosivo do dia 13 de maio de 2010. Fonte: ultimosegundo.ig
Fig. 27 - Danos provocados no extremo sul da praia em 1991. Fonte: Abreu de Castilhos (1995)
Durante a atuação de ondas de alta energia a troca entre as zonas da praia são intensificadas,
em resposta ao ataque ao pós-praia provocado pelas ondas. Caso esse balanço sedimentológico seja
alterado, processos erosivos podem ser iniciados ou intensificados.
Os perigos da ocupação desordenada, que causou o desaparecimento da duna frontal e a
destruição da faixa de restinga provocando a perda das defesas naturais da praia contra os eventos de
marés e ondas altas já havia sido alertado por Abreu de Castilhos (1995):
Atrelada a esta ocupação na orla, encontra-se outro tipo de intervenção antrópica: a estrutura
de enrocamento entre a Praia da Armação e a Ponta da Campanha, que interrompeu o processo de
transporte sedimentar orientado no setor de sul para norte. Abreu de Castilhos (1995) concluiu que
apesar de ser possível a influência dessa construção nos depósitos sedimentares o molhe não seria o
suficiente para promover a erosão costeira no setor centro-sul da praia, afetado pelas ressacas de 2010.
A interrupção das trocas entre o pós-praia e a praia levou a um maior aplainamento do estirâncio superior, resultando em diminuição do amortecimento das ondas durante o espraiamento e, consequentemente, em maior ingressão das ondas que arrebentam na área. Este quadro reduz o poder de dissipação de energia do perfil praial, o que, associado à menor permeabilidade do substrato em função do predomínio de areia fina, favorece a retirada de sedimentos da parte emersa da praia durante o refluxo das águas (ABREU DE CASTILHOS, 1995).
O principal efeito da construção dos molhes resume-se na interrupção no transporte de
sedimentos causando acumulação a montante da direção predominante da deriva litorânea e erosão a
jusante.
Na praia da Armação, a presença do molhe no trecho sul da praia é notada na fotografia aérea
de 1938. Na fotografia nota-se a presença de um pequeno espigão partindo da ilha da Campanha e
alcançando a extremidade de um pontal arenoso formado por depósitos sedimentares no extremo sul
da praia. O molhe, neste momento, parece não impedir o transporte de sedimentos oriundos de sul,
visto que o seu tamanho longitudinal é possivelmente insuficiente para barrar o transporte. A foz do rio
Sangradouro aparece alternada, ora na praia da Armação ora na Praia do Matadeiro.
Segundo Pereira (2010), de acordo com pescadores locais, o molhe teria sido construído para
facilitar os trabalhos da Companhia Baleeira da Armação ainda no século XVIII. Em notícia ao Diário
Catarinense de 30 de Junho de 2010, o presidente do sindicato dos pescadores de Santa Catarina afirma
que o molhe havia sido construído no final da década de 1970, em consequência da grande quantidade de
areia que se formava no extremo sul da praia em períodos de “mar ruim” evitando que o rio Sangradouro
alcançasse o mar.
17
Fig. 28 - A figura à esquerda reflete as condições do ambiente em ressaca de 2001. A figura à direita expressa o mesmo ambiente em outubro de 2010, com o enrocamento em obras. Foto 1: Simó (2003). Foto2: Pereira (2010).
Fig. 29 - A esquerda edificação abandonada da Associação Couto de Magalhães de Preservação da Ilha do Campeche e à direita, local de saída dos barcos de turismo para a Ilha do Campeche na Ilha das Campanhas. Fonte: Arquivo pessoal, 19.04.2014.
A retirada do molhe for realmente necessária, este processo deverá ser realizado a partir de
debates abertos na comunidade e de estudos concretos dos reais efeitos de sua ausência na costa
litorânea da ilha. É possível que a ausência dele durante os episódios erosivos de 2010, de acordo
com Pereira (2010, p. 120) “causariam ainda mais prejuízos econômicos, visto que as ondulações de
leste e sudeste poderiam alcançar o extremo sul da praia pela foz do rio Quincas, atingindo também as
construções que ficaram abrigadas pelo molhe”.
Durante as ressacas que alcançaram a Praia da Armação em 2010, houve tentativas rápidas de
contenção dos danos a fim de amenizar o grande prejuízo econômico da área afetada. Contudo, de
acordo com Pereira (2010) o desconhecimento da população sobre tais medidas e o despreparo do
poder público se fizeram presentes em ações práticas.
Medidas preventivas e mitigadoras devem ser empregadas quando há uma condição de risco.
Visto que a Praia da Armação estava sendo considerada área de risco em alguns estudos acadêmicos,
havia a necessidade iminente de serem realizadas obras de mitigação de impactos a possíveis ressacas.
Todavia não houve obras na área de estudo para prevenir o impacto de eventos extremos até
os episódios erosivos de 2010. Obras de mitigação do desastre natural foram realizadas durante os
episódios erosivos, e em grande parte, por iniciativa de moradores da comunidade que financiaram
materiais para conter a ação das ondas. Em outra medida emergencial, desta vez do exército brasileiro,
soldados retiraram areia da própria praia para encher sacos de areia na tentativa de colocá-los ao
longo da orla, a fim de conter a ação agressiva do mar.
Ainda de acordo com Pereira (2010), como medida emergencial, a prefeitura de Florianópolis
iniciou uma obra de enrocamento (muro de contenção) no mês de maio, com extensão de 1,75 km e
70.000 m³ de rochas. O enrocamento foi construído com rochas de diversos tamanhos, formas e pesos.
Entretanto, durante a construção de enrocamento em ambiente de alta hidrodinâmica, é indicada a
colocação de pedras angulares e bastante pesadas visando a facilitação no encaixe das mesmas e o
suporte à força destrutiva da ação marinha.
Outro problema gerado pelo enrocamento, mesmo que se faça o engordamento da faixa de areia,
será a dificuldade imposta aos banhistas no acesso da praia, como ocorre em outros praias brasileiras com
obras rígidas de fixação: Matinhos (PR), Marataízes (ES), Boa Viagem e Candeias (PE) (NEVES & MUEHE,
2008). Nas praias supracitadas a estrutura de enrocamento presente mesmo após o engordamento da
praia, oferece uma barreira física aos banhistas que desejam alcançar a praia, fazendo com que a praia
necessite de estruturas como escadas, rampas e outros meios de acesso em diversos pontos da praia.
18
Fig. 30 - Ponte de acesso à Ponta das Campanhas. Fonte: wikimapia
Fig. 31 - Exército faz barreira para evitar avanço do mar durante a ressaca de 2010.Fonte: notícias.terra
O enrocamento na Praia da Armação vem gerando discussões quanto
ao seu uso e função. O novo espaço formado na frente da praia tem sido
fruto de debates entre a comunidade, em especial, no conselho comunitário
local e nas oficinas referentes ao Projeto Orla que acontecem desde 2013 na
região.
O enrocamento, atualmente, possui uma extensão aproximada de
1.653 metros, sendo que a praia da Armação contem 3,5 Km de extensão.
Ainda em 2010, estudou-se a possibilidade da realização de uma obra de
engordamento da praia, com a distribuição de sedimentos arenosos em
toda orla da Armação. Esta medida teria como objetivo a prevenção de
novos desastres e o retorno do turismo de alta temporada. Segundo o então
secretário de obras de Florianópolis, José Nilton Alexandre, em entrevista
ao site Terra (2010), o maior obstáculo seria o trabalho de dragagem, já que
não existe no Brasil uma draga capaz de realizar esse serviço no mar, com
aquelas condições encontradas na Armação, o que oneraria a obra.
Em todo caso, uma intervenção antrópica como a obra de
engordamento deveria considerar as condições atuais, naturais e antrópicas,
das praias adjacentes, vide o impacto que poderá ser causado em outras
praias com a deposição da grande quantidade de sedimentos na Praia da
Armação. Portanto, deveria ser feito um estudo completo de viabilidade
social e econômica. No entanto, quatro anos após o evento, nada que
viabilizasse a obra de engordamento foi feito. Investiu-se na execução de um
projeto paisagístico e de calçamentos numa tentativa de tornar o passeio
público sobre o enrocamento mais agradável, confortável e passível de
utilização pelos moradores e visitantes do local.
19
Fig. 32 - Matinhos (PR).Fonte: paranaextra
Fig. 33 - Praia de Boa Viagem (PE).Fonte: anabeatrizneves
Fig. 34 - Praia de Candeias (PE).Fonte: tribunadonorte 3
___________________________Secretário José Nilton Alexandre, em entrevista ao site Terra (2010).
Situação da orla marítima após a intervenção da Prefeitura Municipal de Florianópolis com
construção de enrocamento , passeio e ciclovia:
20
Fig. 35 - Acesso principal à Praia da Armação. Fonte: arquivo pessoal, 0 6 . 0 7 . 2 0 1 4 .
Fig. 36 - Passeio construído ao longo da orla e rampa de acesso.Fonte: arquivo pessoal, 0 6 . 0 7 . 2 0 1 4 .
Fig. 37 - Rampa de acesso à praia, em madeira, ao lado de restaurante construído sobre a areia da praia.Fonte: arquivo pessoal, 0 6 . 0 7 . 2 0 1 4 .
Fig. 38 - Passeio, ciclovia e paisagismo ao longo da orla.Fonte: arquivo pessoal, 0 6 . 0 7 . 2 0 1 4 .
Fig. 39 - Usuários usufruindo de pequena área de estar criada na orla. Fonte: arquivo pessoal, 0 6 . 0 7 . 2 0 1 4 .
Fig. 40 - Trecho final do enrocamento na Praia da Armação.Fonte: arquivo pessoal, 0 6 . 0 7 . 2 0 1 4 .
5. DIRETRIZES DE ATUAÇÃO
5.1 Potencialidades, problemáticas, demandas e diretrizes
Durante o processo de elaboração do Plano Diretor de
Florianópolis, no ano de 2009, houve uma etapa que constava de
audiências públicas distritais a fim de coletar demandas comunitárias nos
mais diversos âmbitos. Analisando a listagem de demandas do distrito
do Pântano do Sul, no que tange ao bairro da Armação, foi possível
selecionar demandas pertinentes à projetos de urbanismo e arquitetura
afins ao tema deste trabalho de conclusão de curso, quais sejam:
- Preservação da paisagem natural e cultural;
- Recuperação dos cursos d’água;
- Construção de uma rede cicloviária, conectando o bairro com os bairros
vizinhos;
- Implantação de estacionamento fora da praia;
- Requalificar o centro histórico e revitalizar o entorno da igreja, valorizando
a cultura local;
- Mapear os pontos de interesse histórico, para preservar e viabilizar seu uso
público;
- Construir museu da pesca e centro de formação educacional em
marcenaria mecânica e naval, que poderia se localizar onde hoje há um
galpão abandonado nas Campanhas. O galpão também poderia servir para
manutenção dos barcos ou abrigo dos mesmos durante as ressacas;
- Implantação de teatro/anfiteatro;
- Local para feira de artesanato (poderia ser em frente ao mercado Sagás, no
entorno da escola ou da Igreja) e centro de exposição para artesãos;
- Propõe que haja um observatório da paisagem e da fauna;
- Local para cooperativa de artesãos (poderia ser em frente à escola);
- Promover esportes aquáticos;
- Cabeamento subterrâneo para preservação da qualidade cênica e paisagística;
- Qualificar a circulação na Rua Antônio Borges dos Santos;
- Transformação da rua que leva à Praia do Matadeiro em via para pedestres;
- Pontos de apoio e informação aos turistas;
- Ampliar a faixa de areia da praia;
- Planejamento turístico para o ano todo;
- Ranchos coletivos para pescadores cadastrados no distrito, com banheiro,
chuveiro, pia e balcão para limpeza de peixes;
- Molhe para proteção das embarcações (ancoradouro para barcos) e
abertura do Rio Sangradouro para abrigo de barcos.
Apesar dessas demandas terem sido coletadas há cinco anos, elas
continuam atuais, uma vez que nenhuma delas foi acatada. Porém, das
revindicações citadas, algumas merecem ressalvas. O galpão localizado
nas Campanhas trata-se de uma edificação que não contribui para a
paisagem e sua localização precisa ser melhor analisada ao longo do
desenvolvimento deste projeto. É possível que, por mais que seja um
museu dedicado à pesca, esta localização não seja a mais recomendada.
Quanto à ampliar a faixa de areia da praia e aumentar o calado do Rio
Sangradouro para abrigar os barcos, tais medidas não são interessantes
pois alteram a dinâmica natural do meio ambiente — a antropização
presente na Armação do Pântano do Sul já trouxe consequências
suficientes para as margens dos rios e para a orla marítima do bairro.
Estas demandas evidenciam as problemáticas do bairro e suas
potencialidades, que precisam ser melhor exploradas. Fica claro que apesar
da importância histórica e cultural existentes nesta localidade, da importante
atividade pesqueira desenvolvida, de possuir uma ocupação territorial
consolidada que conta com uma população fixa e presente na dinâmica do
bairro e de contar com um turismo em ascensão, que atrai turistas todos os
anos em busca dos parques municipais, do acesso à Ilha do Campeche e das
21
qualificadas. É preciso proteger os bens históricos, uma vez que nem mesmo
a Igreja é tombada; a ocupação desordenada da orla marítima e das margens
dos rios precisa ser avaliada pois está trazendo prejuízos, principalmente
no tocante à poluição dos rios; a infraestrutura básica e turística precisa
melhorar, pois apresenta uma precariedade que não atende as necessidades
dos usuários; e há um fator novo que não foi levantado pelas demandas
comunitárias pois o ocorrido foi em 2010, que é a descaracterização da orla
devido ao enrocamento construído a fim de proteger as edificações na orla
marítima da ocorrência de ressacas — a obra foi realizada e as pessoas têm
utilizado de maneira muito positiva o calçadão que foi criado, no entanto, as
pedras colocadas entre o calçadão e o mar cria uma situação de insegurança,
impede o contato com o mar e de modo geral cria um cenário um tanto agressivo.
Considerando as demandas, potencialidades e problemáticas
descritas acima, bem como as análises anteriormente apresentadas, foi
possível traçar as seguintes diretrizes:
1 — Redesenhar o entorno da Igreja a fim de enfatizar sua função como
espaço de encontro e valorizar o patrimônio cultural, bem como a paisagem;
2 — Resgatar a história do lugar através de espaços que tragam à tona
a memória e os saberes locais, como um museu dedicado a pesca e um
centro de formação em marcenaria naval;
3— Propor o tombamento da Igreja Santa Anna e fazer um levantamento
das demais edificações históricas do bairro que precisam ser protegidas;
4 — Valorizar os espaços que conectam o meio urbano com a natureza:
trilhas, parques municipais, orla marítima, rios e suas margens;
5 — Reordenar o sistema viário;
6 — Qualificar a infraestrutura turística, considerando a acessibilidade à
orla, os acessos à praia e estacionamentos de veículos, bem como prever
locais de apoio aos turistas e demais usuários;
7 — Projetar o entorno da associação de pescadores existente e a relação
da quadra em que ela está inserida e com a praia;
8 — Projetar a associação de pescadores, pois ela não atende a todas as
necessidades dos usuários deste espaço.
22
Fig. 41 - Detalhe da Associação de Pescadores.Fonte: arquivo pessoal, 0 6 . 0 7 . 2 0 1 4 .
Fig. 42 - Vista da Igreja Sant’Anna e deque de acesso ao largo da Igreja a partir da Ilha das Campanhas. No primeiro plano, redes de pesca estendidas na grama.Fonte: arquivo pessoal, 0 6 . 0 7 . 2 0 1 4 .
5.2 Unidades de paisagem
O termo unidade de paisagem foi criado por Le Corbusier (1946)
juntamente com unidades de habitação, trabalho, descanso e circulação.
Para ele, as unidades de paisagem não eram elementos urbanos isolados,
mas contribuiam na composição das demais unidades mencionadas,
como sendo um elemento plástico e sensível decisivo na cidade. As
unidades de paisagem são definidas pelo Projeto Orla do Ministério do
Meio Ambiente e Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (2002)
como um trecho que apresenta uma homogeneidade de configuração,
caracterizada pela disposição e dimensão similares dos quatro elementos
definidores da paisagem: suporte físico, estrutura/padrão de drenagem,
cobertura vegetal e mancha urbana.
A partir da leitura urbana da área de estudo foi possível distinguir
três unidades de paisagem, que serão melhor avaliadas na próxima etapa
do trabalho de conclusão de curso. São elas:
Praia do Matadeiro — Esta unidade de paisagem caracteriza-se por
uma praia relativamente isolada, a qual possui acesso apenas para pedestres
através de uma ponte com aproximadamente 1,5m de largura e trilhas.
Possui algumas edificações residenciais em áreas de preservação limitada
(APL) e área de preservação permanente (APP), além de bares na areia da
praia que atendem aos turistas. É um local muito procurado por surfistas e
pessoas que buscam um local simples e que preserva grande parte de suas
características naturais.
Ponta das Campanhas — A ligação da Ponta das Campanhas com a Praia da
Armação, que antes se dava através da dinâmica natural da maré e do leito do
Rio Sangradouro, ora mantendo a conexão de areia, ora sendo submergida
pelas águas, hoje encontra-se fixa por meio de uma ponte embaixo da qual
se mantém as pedras colocadas ao longo dos anos pelos pescadores a fim
de manter o nível da maré propício para as embarcações. Esta unidade
de paisagem configura-se pela predominância de um ambiente pouco
antropizado, apenas com a presença de dois trapiches, um do qual partem
os barcos de transporte para a Ilha do Campeche e um barracão pertencente
a Associação Couto de Magalhães de Preservação da Ilha do Campeche
Entorno da Igreja Sant’ana — A Igreja Sant’Ana é a única edificação
remanescente da ocupação existente entre o séc. VXIII e XIX que se
dedicava à caça da baleia. A Igreja é um testemunho da evolucão da
ocupação na Armação do Pântano do Sul; seu entorno é o local de encontro
dos moradores locais e o espaço que recepciona os turistas e descortina o
cenário de praia. Esta unidade representa a centralidade local.
Praia do Matadeiro Entorno da Igreja Sant›Ana
Ponta das Campanhas
23
Fig. 43 - Vista da Ponta das Campanhas.Fonte: arquivo pessoal, 0 6 . 0 7 . 2 0 1 4 .
Fig. 44 - Unidades de p a i s a g e m .Fonte: edição a partir de foto do arquivo pessoal.
1
2
3
1
2
3
1 - Entorno da Igreja Sant›Ana
2 - Ponta das Campanhas
3 - Praia do Matadeiro
Identificação das unidades de paisagem:
24
Fig. 45 - Unidades de paisagem.Fonte: edição a partir de imagem do google earth.
Fig. 46 - Unidades de paisagem em vista.Fonte: edição a partir de imagem retirada do site alainfodilmalucia
6. ESBOÇO DA PROPOSTA (ver anexos)
25
Fig. 47 - Estudo para propostas urbanas.
Diante do exposto neste caderno, as ações pretendidas para o TCC II
são:
a) Aprofundar a análise das unidades de paisagem;
b) Identificar as edificações que devem ser retiradas ao longo do
Rio Sangradouro e propor um tratamento para suas margens, preservando
os 30 metros de área de preservação permanente;
c) Fazer um levantamento das edificações históricas do bairro e
propor o tombamento das mesmas;
d) Pesquisar exemplos bem sucedidos de enrocamentos e tratamento
de orla;
e) Conversar com os pescadores da comunidade a fim de obter um
programa detalhado das suas necessidades;
f ) Realizar um levantamento detalhado da ocupação na orla,
principalmente entre a Igreja Sant’Ana e a Ponta das Campanhas, a fim de
identificar a melhor localização para a Associação de Pescadores/Museu
do Mar/Oficina de Marcenaria Naval;
g) Redesenhar os perfis do sistema viário local e propor partidos
arquitetônicos para a associação de pescadores, museu do mar e oficina
de marcenaria naval ;
h) Projetar os espaços de uso público: praça da Igreja, orla marítima
e espaços para feiras ao ar livre.
7. CONCLUSÃO
26
Fig. 48 - Vista da Igreja Sant›Ana.Fonte: arquivo pessoal, 0 6 . 0 7 . 2 0 1 4 .
ALTHOFF, Fátima Regina. Aspectos urbano-arquitetônicos dos principais núcleos luso-brasileiros do litoral catarinense. Núcleo de Estudos Açorianos - NEA, disponível em www.nea.ufsc.br. Acesso em 07/
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CARUSO, Mariléa Leal. O desmatamento da Ilha de Santa Catarina: de 1500 aos dias atuais. Florianópolis: UFSC, 1983.
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CECCA. Uma cidade numa ilha: relatório sobre os problemas sócio-ambientais da Ilha de Santa Catarina. Florianópolis: Insular, 1997.
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ZIMMERMANN, Fernanda. O Funcionamento da Armação da Lagoinha: Hierarquia do Trabalho e o Controle dos Escravos na Caça à Baleia (Ilha de Santa Catarina, 1825-1772). Monografia, Graduação em História/UFSC, Florianópolis, 2006.
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Wikimapia, disponível em: http://wikimapia.org/121437/Ilha-das-Campanhas. Acesso em: 11/
8. REFERÊNCIAS
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