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APRESENTAÇÃO
Este documento visa atender a demanda referente a elaboração das
diretrizes gerais de planejamento e gestão ambiental da Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão, localizada nos municípios
de Macau e Guamaré, litoral setentrional do estado do Rio Grande do Norte. O
desenvolvimento sustentável só pode ser alcançado por meio do profundo
conhecimento das relações que se estabelecem entre a sociedade e a natureza em
um dado território e das relações deste território com o meio externo. Envolve a
necessidade de se reconhecer o meio ambiente como um todo integrado, onde as
relações sociais e naturais se entrelaçam como uma teia e, dependendo dos
direcionamentos que são dados, pode-se levar a caminhos seguros ou a desordem
socioambiental. Pensar os mecanismos que possam garantir a sustentabilidade
natural, econômica, social e institucional, constitui o âmago deste Plano de Manejo.
Mesmo reconhecendo a complexidade da questão em tela, acredita-se que o
trabalho participativo, onde se pode ouvir a comunidade, seus desejos e desafios,
assegura um terreno estável para o caminhar investigativo e para a definição dos
melhores trajetos para os anos vindouros.
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EQUIPE TÉCNICA
FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE -
FUNCITERN
Equipe Função Formação Rodrigo Guimarães de
Carvalho Coordenador
Técnico/CientíficoAnálise Ambiental Integrada
Doutor em Geografia
Ramiro Gustavo Valera Camacho
Pesquisador - Botânica Doutor em Botânica
Maria Betânia Ribeiro Torres Pesquisadora – Sociedade e Cultura
Doutora em Ciências Sociais
José Elesbão de Almeida Pesquisador - Econômia Doutor em Economia
Guelson Batista da Silva Pesquisador –Biodiversidade e Economia Pesqueira
Doutor em Engenharia de Pesca
Diego Nathan do N. Souza Pesquisador - Botânica Doutor em Botânica
Dweynny Rodrigues Filgueira Gê
Pesquisador - Socioeconômia Mestrando em Ciências Naturais
Samylle Ruana Marinho de Medeiros
Pesquisadora - Socioeconômia Mestre em Ciências Naturais
Joilson Marques Ferreira Filho Pesquisador – Impactos Ambientais
Mestrando em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Luiz Tavernard de Souza Neto Pesquisador - Geoprocessamento
Mestre em Ciências Naturais
Ismael Fernandes de Melo Pesquisador – Comunicação e Meio Ambiente
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Antonio Queiroz de Alcantara Neto
Apoio Técnico – Revisão Textual Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Pedro Teófilo Silva de Moura Pesquisador - Fauna Mestre em Ecologia e Conservação
Camilo Vinícius Trindade Silva Pesquisador – Estudo da Orla Mestrando em Manejo de Solo e Água
Diego Ezaú Pereira de Araújo Pesquisador – Legislação Ambiental
Tecnólogo em Gestão Ambiental; Bacharel em Direito
Antonio Inacio Neto Iniciação Científica / Apoio Técnico
Graduação em Gestão Ambiental
Francisco Hiályson Fidelis Medeiros
Iniciação Científica / Apoio Técnico
Graduando em Gestão Ambiental
Larissa Bezerra Calado Iniciação Científica / Apoio Técnico
Graduanda em Gestão Ambiental
Lizandra Evylyn Freitas Lucas Iniciação Científica / Apoio Técnico
Graduanda em Gestão Ambiental
Louize Nascimento Iniciação Científica / Apoio Técnico
Graduanda em Gestão Ambiental
Geraldo Braz Iniciação Científica / Apoio Técnico
Graduando em Gestão Ambiental
Virton Rodrigo Targino de Oliveira
Iniciação Científica / Apoio Técnico
Graduando em Ciências Biológicas
Damião Hugo Maia Iniciação Científica / Apoio Técnico
Graduando em Ciências Biológicas
Flávio José de Lima Silva Colaborador Biólogo. Doutor em Comportamento Animal
Aline da Costa Bomfim Colaborador Bióloga/Mestre em Ciências Biológicas
Daniel Solon Dias de Farias Colaborador Biólogo/ Mestre em Ciências Biológicas
Ana Emília B. de Alencar Colaborador Bióloga, Mestre em Geociências
Ana Bernadete Lima Fragoso
Colaborador Bióloga, Doutora em Zoologia
Simone Almeida Gavilan Colaborador Bióloga/Doutora em Psicobiologia
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Leandro da Costa
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE – IDEMA
Equipe Função Formação
Pedro Henrique Sabino de Pereira Leitão
Coordenador do Núcleo de Gestão de Unidade de
Conservação
Biólogo, mestre em Ecologia e Gestão Ambiental – Bolsista
FUNDEP
Aida Gisella Veras Mazzolini Núcleo de Gestão de Unidade de Conservação
Bióloga, especialista em Gestão Ambiental Costeira - Bolsista
FUNDEP
Rafaela Machado Feitosa Núcleo de Gestão de Unidade de Conservação
Bióloga, mestra em Gestão de Áreas Protegidas na Amazônia –
Bolsista FUNDEP
Ana Maria Teixeira Marcelino Assessora Técnica Arquiteta e Urbanista, especialista em Planejamento e
Gestão Costeira e Desenvolvimento Regional
Lívian Rafaelly Santana Gomes Assessoria Técnica Geóloga - Bolsista FUNDEP Mestre em Ciências Climáticas
Bruno César Pereira da Costa Assessoria Técnica Biólogo - Bolsista FUNDEP Doutor em Ciências e Engenharia
do Petróleo
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localização e limites da RDS Estadual Ponta do Tubarão. ................................. 19 Figura 2- Mobilização para a criação da RDS Estadual Ponta do Tubarão: A – Passeata com faixas e cartazes; B – Abaixo-assinado solicitando a criação de uma unidade de conservação para a área. .................................................................................................... 24 Figura 3 - Áreas prioritárias para a conservação segundo o Ministério do Meio Ambiente. A RDSEPT está situada em uma área classificada como de prioridade extremamente alta a muito alta para a conservação. ............................................................................................ 29 Figura 4 - Divisão do estado do Rio Grande do Norte em 04 mesorregiões e a localização da RDSEPT. ............................................................................................................................. 30 Figura 5 - Divisão do estado do Rio Grande do Norte em 19 microrregiões e a localização da RDSEPT. ............................................................................................................................. 31 Figura 6 - Campos de centralidade e integração do Pólo Costa Branca. ............................. 33 Figura 7 - Unidades de conservação criadas pelo governo do estado do Rio Grande do Norte. ................................................................................................................................... 36 Figura 8 - Esboço geológico do estado do Rio Grande do Norte. Destaque para o litoral oriental e o litoral setentrional onde está localizada a RDSEPT. .......................................... 37 Figura 9 - Precipitação anual média do estado do Rio Grande do Norte. ............................. 38 Figura 10 - Atuação da Petrobrás no entorno da RDSEPT. A – Unidade da Petrobrás no município de Guamaré, Sudeste da RDSEPT. B – Unidade da Petrobrás em Macau, Noroeste da RDSEPT. ......................................................................................................... 39 Figura 11 - Troncos na superfície da faixa de praia marítima da RDSEPT, evidenciando uma antiga área de mangue. ....................................................................................................... 40 Figura 12 - Área em hectares dos principais depósitos geológicos continentais da RDSEPT. ............................................................................................................................................ 43 Figura 13 - Aspecto da vegetação de mangue após a abertura de uma nova passagem de água do mar para o estuário. ............................................................................................... 47 Figura 14 - Área em hectares das unidades geomorfológicas da RDSEPT. ........................ 47 Figura 15 - Fluxos litorâneos que integram os ecossistemas de restinga, manguezal e dunas. .................................................................................................................................. 48 Figura 16 - Localização e características dos campos de dunas. Imagem aérea de 2006. .. 48 Figura 17 - Falésias da RDSEPT, apresentando significativos sulcos de erosão pluvial. ..... 49 Figura 18 - Pluviometria anual nos municípios da região da RDSEPT em gráfico. .............. 51 Figura 19 - Pluviometria anual média nos municípios da região da RDSEPT considerando os anos com registro de chuvas entre 2002 e 2015. ................................................................. 51 Figura 20 - Comunidade de Lagoa Doce no ano de 2009, Figura A (com elevada precipitação) e no ano de 2016, Figura B (depois de 06 anos de chuvas abaixo da média). 53 Figura 21 - Mapa Síntese das Ações Prioritárias e Áreas de Importância Biológica no Bioma Caatinga, Localização da Área de Estudo (nº14). Os números indicam às áreas prioritárias identificadas para pesquisa. ................................................................................................. 61 Figura 22 - Unidade geomorfológica do tabuleiro litorâneo e as espécies de Caatinga na RDSEPT durante os trabalhos de campo. ........................................................................... 63 Figura 23 - Diferentes visões das dunas móveis na RDSEPT. ............................................. 67 Figura 24 - Distintas feições das dunas fixas na RDS, onde a vegetação apresenta diferentes dominâncias e espécies. ..................................................................................... 69 Figura 25 - Vegetação associada ao campo dunar: Quixabeiras (Bumelia sartorum) e Carnaúbas (Copernicia prunifera). ....................................................................................... 71 Figura 26 - Fotografias do sistema estuarino e tipos de mangues presentes na RDSEPT. .. 73 Figura 27 - Espécies de mangue na RDSEPT: Rhizophora mangle, Laguncularia racemosa, Avicennia shaueriana e Conocarpus erectus.. ..................................................................... 75 Figura 28 - Diferentes formações no cordão de areia que formam a “costa” e restingas na RDSEPT. ............................................................................................................................. 78
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Figura 29 - Siris Callinectes danae (siri-azul) carregando ovos. Esquerda: fase inicial, caracterizada por ovos alaranjados. Direita: fase final, próximo da liberação dos ovos na água, caracterizada pela coloração escura dos ovos. .......................................................... 90 Figura 30 - Caranha (Lutjanus cyanopterus), proveniente da pesca com linha e anzol no manguezal da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão. ................... 102 Figura 31 - Jovem exemplar de mero (Epinephelus itajara), capturado por pescadores com tarrafa e arpão entre as raízes de mangue vermelho no manguezal da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão (exemplar com 87 cm de comprimento total) . ................................................................................................................................ 103 Figura 32 - Cavalos-marinhos (Hippocampus reidi) utilizando as raízes de mangue vermelho (Rhizophora mangle) como substrato de apoio, no manguezal da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão. .............................................................. 104 Figura 33 - Registro do peixe-lua encalhado na RDSEPT (Praia de Barreiras, Macau/RN) em 13 de agosto de 2012. Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA).110 Figura 34 - A) Registro de uma tartaruga-verde encalhada na Restinga de Diogo Lopes, Macau/RN, em de outubro de 2014. B) Registro de uma tartaruga-de-pente encalhada na Restinga de Diogo Lopes, Macau/RN, em 30 de dezembro de 2014. C) Registro de uma tartaruga-oliva encalhada na Restinga de Diogo Lopes, Macau/RN, em 19 de março de 2014. ................................................................................................................................. 111 Figura 35 - A) Registro de interação com a pesca (rede de pesca amarrada a nadadeira anterior esquerda) em tartaruga-verde encalhada na Costa da Ponta do Tubarão, Macau/RN, em 13 de outubro de 2015. B) Registro de interação com a pesca (rede de pesca amarrada ao pescoço) em tartaruga-verde encalhada na Restinga de Diogo Lopes, Macau/RN, em de outubro de 2015. .................................................................................. 111 Figura 36 - A) Registro de uma tartaruga-verde com fibropapilomas (setas) encalhada na Restinga de Diogo Lopes, Macau/RN, na data de 19 de julho de 2014. B) Registro de uma tartaruga-verde com fibropapilomas (setas) encalhada na Costa da Ponta do Tubarão, Macau/RN, na data de 12 de dezembro de 2014. .............................................................. 113 Figura 37 - A) Registro de filhotes de tartaruga-de-pente na Costa da Ponta do Tubarão, Macau/RN, na data de 14 de julho de 2015. B) Registro de filhotes de tartaruga-oliva na Costa da Ponta do Tubarão, Macau/RN, na data de 23 de março de 2014. ...................... 114 Figura 38 - Registro de peixe-boi marinho (Trichechus manatus) na Restinga de Diogo Lopes, Macau/RN, na data de 14 de novembro de 2010. .................................................. 116 Figura 39 - Mapa de localização dos registros de cetáceos e peixe-boi marinho na RDSEPT e áreas adjacentes entre 2010 e 2015. .............................................................................. 118 Figura 40 - Faixada de quatro estabelecimentos comerciais de Diogo Lopes, 2016. ......... 151 Figura 41 - Faixada de quatro estabelecimentos comerciais de Barreiras, 2016. ............... 153 Figura 42 - Acompanhamento das pescarias na zona estuarina da RDSEPT. ................... 176 Figura 43 - Embarcações da RDSEPT: a) Barco motorizado de pequeno porte; b) Bote motorizado; c) Bote à vela; d) Canoa motorizada; e) Canoa “iole”; f) Catraia. .................... 182 Figura 44 - Pescaria de linha e anzol no canal do rio Tubarão, em frente à comunidade de Diogo Lopes. ..................................................................................................................... 184 Figura 45 - Pescaria com rede tarrafa no canal do rio Tubarão, em frente a comunidade de Diogo Lopes. ..................................................................................................................... 185 Figura 46 - Catadores de siri da comunidade de Diogo Lopes na RDSEPT. ...................... 189 Figura 47 - Marisqueiras catando búzios no manguezal da RDSEPT, no ponto conhecido como Morro Branco. .......................................................................................................... 190 Figura 48 - Pescadores despescando a rede tainheira na zona de praia da RDSEPT. ...... 194 Figura 49 - Pescadores durante pescaria com rede de tresmalhos. Esquerda: pescadores na catraia estendendo a rede; Direita: pescadores puxando uma das extremidades da rede. Inferior: vista geral dos pescadores puxando a rede. ......................................................... 196 Figura 50 - Seqüência de imagens da pescaria com rede de tresmalhos, desde o recolhimento até a colocação do pescado na canoa. ......................................................... 197 Figura 51 - Pescadores organizando as redes sardinheiras no rancho de pesca em Barreiras. ........................................................................................................................... 200 Figura 52 - Produção da pesca de tresmalhos em samburá (esquerda) e no rancho de palha (direita) após pescaria. ...................................................................................................... 209
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Figura 53. Disposição do pescado salgado (peixe-voador) ao sol próximo à margem do rio Tubarão, na comunidade de Diogo Lopes, RDSEPT. ........................................................ 210 Figura 54. Conchas de búzio descartadas ao lado da casa de uma marisqueira da comunidade de Sertãozinho, na RDSEPT. ........................................................................ 211 Figura 55. “Remessa” descartada na praia após pesca com rede de tresmalhos na zona costeira da RDSEPT. ......................................................................................................... 212 Figura 56 - Igreja N. Sra. dos Navegantes, Sertãozinho. ................................................... 237 Figura 57 - Casas de Sertãozinho...................................................................................... 238 Figura 58 - Casas de Barreiras. ......................................................................................... 238 Figura 59 - Secagem do peixe Avoador, Diogo Lopes, RDSEPT. ...................................... 240 Figura 60 - Mostra da culinária da RDSEPT. ..................................................................... 240 Figura 61 - Mensageiros do vento, 2016. ........................................................................... 241 Figura 62 - Rendeira – Renda de Bilro, 2011. .................................................................... 241 Figura 63 - Curso de artesanato, Projeto Tecendo ideias de cidadania com o manguezal. 242 Figura 64 - Produção Vegetal na Comunidade de Barreiras. ............................................. 281 Figura 65 - Caprinocultura entre as comunidades de Sertãozinho e Lagoa Doce na RDSEPT. ........................................................................................................................... 283 Figura 66 - Disposição de efluentes em área de estuário. ................................................. 284 Figura 67 - Disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos na RDSEPT. ................. 285 Figura 68 - Disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos na RDSEPT. ................. 286 Figura 69 - Indício de caça de animal silvestre na comunidade de Sertãozinho. ................ 287 Figura 70 - Lavagem de veículos na comunidade de Diogo Lopes. ................................... 288 Figura 71 - Tratamento das sardinha em área de estuário. ................................................ 289 Figura 72 - Construção em área de estuário com descarga de efluente doméstico. .......... 290 Figura 73 - Parque eólico na RDSEPT............................................................................... 291 Figura 74 - Índícios da atividade de carcinicultura na RDSEPT. ........................................ 293 Figura 75 - Manutenção de embarcação em área de estuário. .......................................... 293 Figura 76 - Retirada de fragmentos de mangue na comunidade de Sertãozinho. .............. 294 Figura 77 - Indícios da atividade salineira em área próxima à comunidade de sertãozinho. .......................................................................................................................................... 295 Figura 78 - Abate de animais na comunidade Mangue Seco II. ......................................... 296 Figura 79 - Zonas de Proteção Ambiental de Acordo com o Plano Diretor do Município de Macau. ............................................................................................................................... 301 Figura 80 - Manguezal na RDSEPT. .................................................................................. 305 Figura 81 - Animais soltos em área de dunas na RDSEPT ................................................ 309 Figura 82 - Extração da mata nativa do mangue para uso diversos usos. ......................... 309 Figura 83 - Extrativismo sendo realizado RDSPET. ........................................................... 310
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Evolução do PIB total dos municípios litorâneos do RN entre os anos de 2000 e 2010. ................................................................................................................................... 32 Gráfico 2 - Histograma mostrando a distribuição de comprimento da concha (mm) do búzio Anomalocardia brasiliana (N = 252 indivíduos). ................................................................... 91 Gráfico 3 - Distribuição de tamanho da tainha Mugil curema em quatro diferentes pescarias monitoradas no manguezal da RDSEPT. ............................................................................. 94 Gráfico 4 - Distribuição de tamanho do ariacó Lutjanus synagris em duas diferentes pescarias monitoradas no manguezal da RDSEPT. ............................................................ 94 Gráfico 5 - Distribuição de tamanho do canguito Orthopristis ruber em duas diferentes pescarias monitoradas no manguezal da RDSEPT. ............................................................ 95 Gráfico 6 - População Total, Rural/Urbana – Pedro Avelino, Jandaíra, Porto do Mangue, Carnaubais, Pendências, Galinhos, Macau e Guamaré – RN, censos 2000 e 2010. ......... 123 Gráfico 7 - Saneamento – Guamaré/RN. Dados em (%). ................................................... 132 Gráfico 8 - Saneamento – Macau/RN. Dados em (%). ....................................................... 133 Gráfico 9 - Destinação dos resíduos sólidos – Guamaré/RN. Dados em (%). .................... 134 Gráfico 10 - Destinação dos resíduos sólidos – Macau/RN. Dados em (%). ...................... 134 Gráfico 11 - Abastecimento de água – Guamaré/RN. Dados em (%). ................................ 135 Gráfico 12 - Abastecimento de água – Macau/RN. Dados em (%). .................................... 136 Gráfico 13 - Disponibilidade de energia elétrica – Guamaré/RN. Dados em (%). ............... 136 Gráfico 14 - Disponibilidade de energia elétrica – Guamaré/RN. Dados em (%). ............... 137 Gráfico 15 - Situação dos domicílios amostrados nas comunidades da RDSEPT. ............. 142 Gráfico 16 - Receitas de royalties em Mossoró, Macau e Guamaré entre 2004-2014 R$ (valores correntes) ............................................................................................................. 146 Gráfico 17 - Local de nascimento da população residente na RDSEPT. ............................ 156 Gráfico 18 - Sexo dos entrevistados nas comunidades pesquisadas. ................................ 157 Gráfico 19 - Distribuição etária dos entrevistados. ............................................................. 158 Gráfico 20 - Nível de escolaridade dos entrevistados. ....................................................... 158 Gráfico 21 - Tempo de residência dos entrevistados na RDSEPT. .................................... 159 Gráfico 22 - Número de residentes por domicílio. .............................................................. 160 Gráfico 23 - Ocupação profissional dos entrevistados na RDSEPT. .................................. 161 Gráfico 24 - Situação ocupacional dos entrevistados. ........................................................ 161 Gráfico 25 - Tipo de ocupação dos entrevistados. ............................................................. 162 Gráfico 26 - Condições de trabalho da população empregada. .......................................... 163 Gráfico 27 - Tempo que o entrevistado está desempregado. ............................................. 163 Gráfico 28 - Rendimento familiar mensal aproximado em salários mínimos - SM. ............. 164 Gráfico 29 - Participação dos entrevistados em programas sociais. .................................. 165 Gráfico 30 - Pessoas beneficiadas por tipo de programas sociais. .................................... 166 Gráfico 31 - Residências ligadas à rede pública de abastecimento de água na RDSEPT. . 167 Gráfico 32 - Principais fontes de água do consumo humano na RDSEPT. ........................ 168 Gráfico 33 - existência de rede de esgoto nas comunidades pesquisadas na RDSEPT. ... 169 Gráfico 34 - Avaliação da segurança pública nas comunidades da RDSEPT. ................... 172 Gráfico 35 - Produção total anual de pescado na RDSEPT no período entre 2005 e 2014. .......................................................................................................................................... 204 Gráfico 36. Participação relativa dos principais recursos na produção pesqueira da RDSEPT no período entre 2005 e 2014. ........................................................................................... 205 Gráfico 37. Variação dos principais recursos na produção pesqueira da RDSEPT no período entre 2005 e 2014. ............................................................................................................. 206 Gráfico 38. Variação na participação relativa dos principais recursos (sardinha e voador) na produção pesqueira da RDSEPT no período entre 2005 e 2014. ...................................... 206 Gráfico 39. Gráfico box-plot da variação mensal nas produções de sardinha (a) e peixe voador (b) na RDSEPT no período entre 2005 e 2014. ...................................................... 207 Gráfico 40 - Participação em atividade religiosa. ............................................................... 246 Gráfico 41 - Religião dos entrevistados.............................................................................. 246 Gráfico 42 - Participação em atividades comunitárias, segundo os entrevistados. ............. 251
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Gráfico 43 - Obras públicas realizadas pela prefeitura para melhoria da qualidade de vida local. .................................................................................................................................. 252 Gráfico 44 - Três setores mais importantes para melhorar a qualidade de vida da população local. .................................................................................................................................. 253 Gráfico 45 - Principais problemas ambientais da RDS Ponta do Tubarão, segundo os Entrevistados. .................................................................................................................... 254 Gráfico 46 - Principais responsáveis pelos problemas ambientais da RDS Ponta do Tubarão, segundo os entrevistados. ................................................................................................. 254 Gráfico 47 - Conhece ou já ouviu falar do Conselho Gestor?............................................. 257 Gráfico 48 - Conhece as regras e normas da RDSEPT? ................................................... 258 Gráfico 49 - Sexo dos conselheiros. .................................................................................. 265 Gráfico 50 - Faixa etária dos conselheiros. ........................................................................ 265 Gráfico 51 - Escolaridade dos conselheiros. ...................................................................... 266 Gráfico 52 - Renda mensal individual dos conselheiros. .................................................... 266
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LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Mapa Geológico da RDSEPT................................................................................ 42 Mapa 2 - Modelo Digital de Elevação (MDE) da RDSEPT. .................................................. 44 Mapa 3 - Mapa Geomorfológico da RDSEPT. ..................................................................... 45 Mapa 4 - Mapa de solos da RDSEPT. ................................................................................. 55 Mapa 5 - Mapa de vegetação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão. ......................................................................................................................... 60 Mapa 6 - Mapa de localização dos registros de peixes peixes (Osteichthyes e Chondrichthyes) registrados na RDSEPT e áreas adjacentes entre 2010 e 2015. Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA) ............................................... 109 Mapa 7 - Mapa de localização dos registros de tartarugas-marinhas na RDSEPT e áreas adjacentes entre 2010 e 2015. ........................................................................................... 112 Mapa 8 - Mapa de localização dos registros reprodutivos de tartarugas-marinhas na RDSEPT e áreas adjacentes entre 2010 e 2015. ............................................................... 115 Mapa 9 - Mapa com a distribuição espacial das comunidades da RDSEPT. ..................... 141 Mapa 10 - Mapa das Áreas de Preservação Permanente na RDSEPT. ............................. 304 Mapa 11 - Mapa do uso e ocupação do solo na RDSEPT. ................................................ 308 Mapa 12 - Mapa de Sistemas Ambientais na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão. .............................................................................................. 313 Mapa 13 - Mapa de Ecodinâmica dos Sistemas Ambientais na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão. ........................................................................... 314
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Acesso e distância da RDSEPT para os dois maiores municípios do RN: Natal e
Mossoró. ................................................................................................................................... 20
Quadro 2 - Parques eólicos instalados em Macau e Guamaré – 2015 (em negrito os que estão
dentro dos limites da RDSEPT). ............................................................................................ 148 Quadro 3 - Resumo das informações acerca dos sistemas de pesca praticados na zona
estuarina pelos pescadores da RDSEPT. ................................................................................ 192 Quadro 4 - Resumo das informações acerca dos sistemas de pesca praticados na zona
marítima costeira pelos pescadores da RDSEPT. ................................................................... 198 Quadro 5 - Resumo das informações acerca dos sistemas de pesca praticados na Zona
Marinha costeira pelos pescadores da RDSEPT..................................................................... 203 Quadro 6 - Calendário de atividades pesqueiras e disponibilidade de alguns pescados
explorados e/ou desembarcados na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do
Tubarão. Fonte: GT de Pesca, Prefeitura de Macau (2002) e Dias (2006)............................. 219
Quadro 7 - Resumo da situação atual, necessidades e propostas de melhorias e de capacitação
acerca da pesca estuarina na RDSEPT. .................................................................................. 223 Quadro 8 - Resumo da situação atual, necessidades e propostas de melhorias e de capacitação
acerca da pesca na área marinha costeira (costa) e na área marinha oceânica adjacente à
RDSEPT. ................................................................................................................................ 225
Quadro 9 - Resumo da situação atual, necessidades e propostas de melhorias e de capacitação
sugeridas pelo GT de Pesca acerca dos beneficiadores e rancheiros da RDSEPT. ................ 227 Quadro 10 - Resumo da situação atual, necessidades e propostas de melhorias sugeridas pelo
GT de Pesca acerca dos proprietários de embarcações da RDSEPT. ..................................... 228 Quadro 11 - Calendários de eventos e festas da RDSEPT. .................................................... 244
Quadro 12 - Instituições comunitárias da RDSEPT. .............................................................. 250 Quadro 13 - Participação em atividades comunitárias, segundo os entrevistados. ................ 251 Quadro 14 - Composição atual do Conselho Gestor da RDSEPT. ......................................... 263
Quadro 15 - Motivação para fazer parte do Conselho Gestor da RDSEPT. .......................... 267
Quadro 16 - Atividades / Ações e alguns dos impactos ambientais negativos potenciais
identificados na RDSEPT. ...................................................................................................... 276 Quadro 17 - Atividades / Ações e alguns dos impactos ambientais positivos potenciais
identificados na área de estudo. .............................................................................................. 280 Quadro 18 - Esboço descritivo dos meios ecodinâmicos, segundo Tricart. ........................... 311
Quadro 19 - Caracterização dos Sistemas Ambientais (Quadro Diagnóstico) na Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão. ................................................... 315 Quadro 20 - Metodologia de análise socioambiental para o plano de manejo de unidades de
conservação. ........................................................................................................................... 318 Quadro 21 - Quadro de pontos fortes e oportunidades da RDSEPT. ..................................... 319
Quadro 22 - Quadro de pontos fracos e ameaças da RDSEPT. .............................................. 320
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Área dos biomas brasileiros protegidos por unidades de conservação federais em
2009. ......................................................................................................................................... 35 Tabela 2 - Pluviometria anual nos municípios da região da RDSEPT. .................................... 50
Tabela 3 - Dados fitossociológicos das parcelas amostradas realizadas no levantamento
vegetacional da RDSEPT. ........................................................................................................ 64 Tabela 4 - Estatística descritiva do comprimento total (cm) das espécies mais abundantes
registradas na pesca com rede tarrafa. N = número de indivíduos analisados; CT =
comprimento total; DP = desvio padrão (N = 501). ................................................................. 91
Tabela 5 - Estatística descritiva do comprimento total (cm) das espécies mais abundantes
registradas na pesca com linha e anzol. N = número de indivíduos analisados; CT =
comprimento total; DP = desvio padrão (N = 340). ................................................................. 92 Tabela 6 - Estatística descritiva do comprimento total (cm) das espécies mais abundantes
registradas na pesca com rede de arrasto. N = número de indivíduos analisados; CT =
comprimento total; DP = desvio padrão (N = 285). ................................................................. 92 Tabela 7 - Estatística descritiva do comprimento total (cm) das espécies mais abundantes na
pesca com rede de tresmalhos. N = número de indivíduos analisados; CT = comprimento
total; DP = desvio padrão. ........................................................................................................ 92 Tabela 8 - Informações gerais acerca das espécies cujos comprimentos foram monitorados nas
principais pescarias no estuário da RDSEPT. CT = comprimento total. .................................. 97
Tabela 9 - Informações gerais acerca das espécies mais abundantes capturadas nas pescarias
com rede de tresmalhos na RDS Ponta do Tubarão. CF = comprimento furcal; CT =
comprimento total. .................................................................................................................... 99 Tabela 10 - Avaliação ambiental das principais espécies desembarcadas na RDSEPT. ........ 101 Tabela 11 - Nome científico e popular das espécies de peixes (Osteichthyes e Chondrichthyes)
registrados na RDSEPT e áreas adjacentes entre 2010 e 2015............................................... 108 Tabela 12 - PIB/per capita/Total (2013) dos municípios de Macau, Guamaré e demais
municípios do entorno da RDSEPT........................................................................................ 126 Tabela 13 - Produto Interno Bruto de Guamaré – período de 2010 a 2013 – série revisada.
Valores (R$). .......................................................................................................................... 127 Tabela 14 - Produto Interno Bruto de Macau – período de 2010 a 2013 – série revisada.
Valores (R$). .......................................................................................................................... 127 Tabela 15 - Educação – Rede escolar, docentes e matrículas – Guamaré-RN, 2012 ............. 128
Tabela 16 - Educação – Rede escolar, docentes e matrículas – Macau-RN, 2012. ................ 129 Tabela 17 - Saúde – Estabelecimentos de saúde em Guamaré-RN, 2005, 2009. ................... 129 Tabela 18 - Saúde – Estabelecimentos de saúde em Macau-RN, 2005, 2009. ....................... 131 Tabela 19 - Estrutura de preços e importância comercial das principais espécies de peixes
capturadas na pesca da RDSEPT. ........................................................................................... 217
Tabela 20 - Contribuição da criação da RDS Ponta do Tubarão para a melhoria da qualidade
de vida da população local...................................................................................................... 255
Tabela 21 - Motivos que contribuem para a vida da população local. ................................... 255 Tabela 22 - Motivos que não contribuem para a vida da população local. ............................ 256 Tabela 23 - Como avalia a moradia na RDS Ponta do Tubarão? ........................................... 259 Tabela 24 - Cuidados com o ambiente da RDSEPT*. ............................................................ 260 Tabela 25 - Expectativas da atuação do Conselho Gestor da RDS Ponta do Tubarão. .......... 267
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
2 CARACTERIZAÇÃO DA RDSE PONTA DO TUBARÃO........................................ 17
2.1 Ficha técnica .................................................................................................... 18
2.2 Localização e acessos ..................................................................................... 19
2.3 Histórico da RDS Ponta do Tubarão: da criação aos dias atuais .................... 21
2.4 Declaração de significância ............................................................................. 27
2.5 Contexto regional ............................................................................................. 29
2.6 Caracterização ambiental ................................................................................ 34
2.6.1 Cobertura geológica e relevo .................................................................... 39
2.6.2 Clima e recursos hídricos .......................................................................... 49
2.6.3 Solos ......................................................................................................... 53
2.6.4 Síntese Físico-Natural ............................................................................... 56
2.6.5 Cobertura vegetal ...................................................................................... 56
2.6.6 Caracterização da fauna ........................................................................... 83
2.7 Indicadores socioeconômicos municipais: Macau, Guamaré e os municípios do
entorno da RDSEPT ............................................................................................ 120
2.7.1 Aspectos demográficos ........................................................................... 122
2.7.2 Aspectos econômicos ............................................................................. 125
2.7.3 Aspectos sociais de Macau e Guamaré .................................................. 127
2.8 Caracterização e situação fundiária das comunidades da RDS Ponta do
Tubarão ............................................................................................................... 137
2.9 Contexto socioconômico na RDS Ponta do Tubarão ..................................... 143
2.9.1 Surgimento e impactos da exploração de petróleo e energia eólica na
região da RDSEPT ........................................................................................... 144
2.9.2 Agropecuária, turismo e pesca ................................................................ 149
2.9.3 Atividades comerciais na RDSEPT ......................................................... 150
2.9.4 Contexto socioeconômico da pesquisa domiciliar realizada na RDSEPT
......................................................................................................................... 154
2.9.5 O panorâma econômico da pesca na RDSEPT ...................................... 173
2.9.6 Sociedade e cultura na RDSEPT ............................................................ 235
3 IMPACTOS, LEGISLAÇÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL INTEGRADO ..... 271
3.1 Impactos ambientais ...................................................................................... 271
3.1.2 Proposição de medidas mitigadoras ....................................................... 296
14
3.2 Legislação aplicada, áreas de preservação permanente e uso e ocupação do
solo ...................................................................................................................... 299
3.2.1 Uso, ocupação e recursos naturais (atividades agrossilvipastoris) ......... 305
3.3 Sistemas ambientais, ecodinâmica e planejamento ...................................... 310
4 PRINCIPAIS DESAFIOS PARA O PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL DA RDSEPT. ................................................................................ 317
4.2 Quadro de planejamento da RDSEPT ........................................................... 318
REFERENCIAS ....................................................................................................... 322
APÊNDICE A – Lista de trabalhos publicados sobre a Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Ponta do Tubarão ................................................................................ 333
APÊNDICE B – Lista florística da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do
Tubarão ................................................................................................................... 339
APÊNDICE C - Lista de espécies de aves com ocorrências na Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do tubarão e áreas próximas
pertencentes aos municípios de Macau e Guamaré. .............................................. 347
APÊNDICE D - Lista da fauna de repteis com ocorrências na Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do tubarão e em áreas de Caatinga no
Rio Grande do Norte. .............................................................................................. 358
APÊNDICE E - Lista da fauna de anfíbios com ocorrências na Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do tubarão e em áreas de Caatinga no
Rio Grande do Norte. .............................................................................................. 361
APÊNDICE F - Lista da fauna de mamíferos com ocorrências na Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do tubarão e em áreas de Caatinga no
Rio Grande do Norte. .............................................................................................. 363
APÊNDICE G – Lista dos recursos pesqueiros explorados na RDSEPT e indicação
da pescaria onde a espécie é capturada ................................................................. 364
APÊNDICE H – Foto-índices dos impactos ambientais na RDSEPT. ..................... 370
APÊNDICE I – Fotos de aves. ................................................................................. 373
15
1 INTRODUÇÃO
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão
(RDSEPT), criada em 18 de julho de 2003 pelo Governo do Estado do Rio Grande
do Norte, representa uma iniciativa de importância significativa para a preservação
dos ecossistemas costeiros (manguezais, dunas, restinga) e para a proteção dos
modos de vida das populações tradicionais que possuem uma forte inclinação
econômica para a pesca artesanal.
Essa iniciativa se articula, em nível nacional, aos esforços que vem sendo
empregados para o gerenciamento costeiro no Brasil. Um longo caminho vem sendo
trilhado com especial destaque para a criação da Lei Federal 7.661 de 1988 que
trata do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, onde, um dos seus
instrumentos é a criação de unidades de conservação na zona costeira. Menciona-
se também, os esforços para a gestão ambiental no Brasil e a criação da Lei Federal
9.985 de 18 de julho de 2000 que trata da criação do Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza (SNUC).
O litoral brasileiro, e em especial o litoral do estado do Rio Grande do Norte,
vem passando por profundas transformações ao longo das últimas décadas. O
Brasil, em similaridade a outros estados costeiros no mundo, apresenta uma elevada
densidade na ocupação dos espaços litorâneos com destaque para os vetores
relacionados a urbanização, industrialização e ao turismo (MORAES, 2007).
Aassociação de ecossistemas fortemente dinâmicos e instáveis (MEIRELES, 2012)
ao processo de ocupaçãoacelerada com atividades de alto impacto, determina a
necessidade de uma ação efetiva do estado brasileiro no sentido de amenizar os
efeitos negativos desses vetores de ocupação e uma estratégia que se mostra com
grandes possibilidades de sucesso é a criação de unidades de conservação.
No Rio Grande do Norte, podem-se destacar como principais atividades
impactantes no litoral, a urbanização, as indústrias salineira e petrolífera, a
carcinicultura e o turismo. Mais recentemente, a pulverização de usinas eólicas nos
ambientes litorâneos vem apresentando uma diversidade de impactos
socioambientais, como já foi demonstrado por estudos realizados em outros estados
onde ocorre o mesmo fenômeno (MEIRELES, 2012;LOUREIRO; GORAYEB;
BRANNSTROM, 2015; GORAYEB; MENDES; MEIRELES; BRANNSTROM; SILVA;
FREITAS, 2016).
16
Nesse sentido, o Rio Grande do Norte vem ampliando suas unidades de
conservação litorâneas e a criação da RDSEPT foi uma ação concatenada a essa
racionalidade. No caso, esta unidade de conservação se originou a partir de uma
demanda social onde populações tradicionais situadas entre os municípios de
Macau e Guamaré (litoral setentrional do RN), que tinham seus modos de produção
ancestralmente ligados a pesca artesanal, em meados da década de 1990 sentiram-
se ameaçadas com a chegada de especuladores interessados em instalar um
empreendimento turístico nas terras utilizadas pela comunidade. Esse foi o gatilho
para a articulação comunitária que ao longo de mais alguns anos, resultou na
criação da RDSEPT em 2003.
Apesar de os trabalhos para a formulação do plano de manejo da RDSEPT
terem sido iniciados em 2004 com o desenvolvimento de estudos socioeconômicos,
ambientais e sobre a gestão da reserva e seu zoneamento, os mesmos ainda não
haviam sido efetivamente aprovados pelo conselho gestor no ano de 2015, quando,
a partir de um recurso financeiro proveniente de uma medida compensatória de
empreendimentos eólicos situados na área, os estudos puderam ser retomados e
devido ao transcurso do tempohouve a necessidade de revisão, atualização e
ampliação.
Alguns dos fatores importantes que merecem ser mencionados é o fato de a
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão contar com
um Conselho Gestor deliberativo e atuante desde a sua criação em 2003 e, também,
de ser uma área alvo para vários estudos acadêmicos que vem sendo produzidos
em diversas áreas do conhecimento como a sociologia, engenharia de pesca,
geografia, geologia, biologia, entre outras, o que resulta em uma vasta produção
científica entre dissertações de mestrado e teses de doutorado especialmente na
última década.
A função básica desse documento é apresentar as informações essenciais
para a condução do processo de planejamento e gestão da RDSEPT, de modo a
abordar dados ambientais, sociais, econômicos, culturais e analisa-los de forma
integrada para possibilitar a formulação do zoneamento e dos programas de gestão,
que integram o Plano de Manejo da unidade.
17
2 CARACTERIZAÇÃO DA RDSE PONTA DO TUBARÃO
A caracterização da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual
Ponta do Tubarão foi elaborada como ponto de partida para o processo de
planejamento. Apresenta dados e informaçõesda RDSEPT, desde os
acontecimentos históricos que ensejaram o embrião da luta comunitária pala defesa
do território tradicional, até as abordagens técnicas e científicas relacionadas a
relação sociedade e natureza.
O levantamento e análise dos dados socioeconômicos e ambientais
remetem a compreender o estado atual da unidade de conservação sob o ponto de
vista dos fatores e dinâmicas que se desenvolvem ao longo dos anos e na vida
cotidiana das comunidades tradicionais, ou seja, revela o cenário presente para que
se possa pensar os programas de gestão e planejamento visando a construção de
um cenário futuro mais sustentável.
Como é a Reserva
Ponta do Tubarão?
18
2.1 Ficha técnica
Nome da Unidade de Conservação: Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do
Tubarão (RDSEPT)
Grupo: Uso Sustentável
Categoria: Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS)
Órgão gestor: Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte
Unidade gestora responsável: Núcleo de Unidades de Conservação (NUC)
Diretor geral do IDEMA: Rondinelle Silva Oliveira
Responsável pela Unidade: Aida Gisella Veras Mazzolini
Endereço do IDEMA: Av. Almirante Alexandrino de Alencar, S/N – Tirol – Natal/RN
Telefone: (84) 3232-2118
Site: www.idema.rn.gov.br
Endereço da
Unidade/Responsável:
Quilômetro 10 da RN 403, Macau/RN
Área da UC: 12,9 km2
Perímetro da UC (km): 52.640 km
Superfície da UC (ha): 12.960 ha
Bioma: Costeiro
Estado que abrange: Rio Grande do Norte
Municípios que abrange e
percentual:
Macau e Guamaré.
Coordenadas geográficas: A RDSEPT está inserida no polígono delimitado pelas seguintes
coordenadas: latitude 5º2‟ S e 5º16‟ S e de longitude 36º23‟ WGr e
36º32‟ WGr
Data de criação e número
daLei:
18 de julho de 2003. Lei 8.349 de 2003.
Outras informações
Infra-estrutura: Ecoposto, com três prédios, sendo uma sede administrativa, uma
casa do pesquisador e uma casa para o alojamento da Companhia
Independente de Proteção Ambiental – CIPAM.
Recursos humanos: 02 funcionários do IDEMA
Principais projetos e
programas:
Educação ambiental, capacitação técnica da comunidade, atratores
de pesca para melhorar a produtividade.
Principais pressões e
ameaças:
Salinicultura, carcinicultura, exploração de petróleo em terra e mar.
19
2.2 Localização e acessos
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão
(RDSEPT), localiza-se entre os municípios de Macau e Guamaré, região norte do
estado do Rio Grande do Norte (Figura 1). O município de Macau compreende uma
área de 788 km² (sendo 83,41 km² ou 10,58% localizado dentro da RDS) e uma
população estimada em 31.592 habitantes em 2016(IBGE, 2016a). Guamaré
compreende uma área de 259,18 km² (13,04 km² ou 5,03% na RDS) e uma
população de 14.975 habitantes (IBGE, 2016b).
Figura 1 - Localização e limites da RDS Estadual Ponta do Tubarão.
Fonte: IDEMA (2007).
A distância da RDSEPT (Comunidade de Diogo Lopes) até a capital do Rio
Grande do Norte, a cidade de Natal, é de 182 km com acesso pela BR 406. Já a
distância da RDSEPT (Comunidade de Diogo Lopes) a Mossoró, a segunda maior
cidade do RN com, aproximadamente,250 mil habitantes, é de 150 km pela BR 110
e RNs 011, 221, 404 e 118, passando pelos municípios de Areia Branca, Porto do
Mangue e Alto do Rodrigues. Esse mesmo percurso também pode ser feito pela BR
20
304 e RN 118, passando pelos municípios de Açu, Ipanguaçu e Alto do Rodrigues,
porém com uma distância maior, de aproximadamente 168 km. (Quadro 1).
Quadro 1 - Acesso e distância da RDSEPT para os dois maiores municípios do RN: Natal e Mossoró.
Acesso e distância da RDSEPT para Natal
Acesso e distância da RDSEPT para Mossoró – opção 1
Acesso e distância da RDSEPT para Mossoró – opção 2
21
Fonte: Google Maps (2016).
2.3 Histórico da RDS Ponta do Tubarão: da criação aos dias atuais
A história da criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual
Ponta do Tubarão se dá a partir da organização de comunidades tradicionais
pesqueiras no sentido de oferecer resistência a entrada de grandes
empreendimentos privados em suas terras, sendo o ponto de partida o ano de 1995.
Neste ano, moradores da comunidade de Diogo Lopes identificaram técnicos da
Gerência Regional do Patrimônio da União (GRPU/RN) realizando
mediçõestopográficas da restinga, atividade essa relacionada a um pedido de
aforamento solicitado pela PPEParticipações e Administração LTDA., empresa de
capital estrangeiro sediada na cidade do Rio deJaneiro. O objetivo do pedido seria a
construção de umhotel com grandes dimensões. (VIANA; SALES, 2006).
Este fato gerou indignação nos moradores de Diogo Lopes, pois os mesmos
não foram nem mesmo informados sobre o que estava acontecendo. Passado algum
tempo, no dia 20 de março de 1996 moradores da comunidade de Diogo Lopes
acordaramalarmados, pois viram fumaça na área da restinga aparentando
aocorrência de um incêndio.Um grupo de pessoas foi até a restinga e detectou que o
rancho de pesca de “Dona Lelé e Ribinha” havia sido queimado. (SILVA, 2015).
22
Esse fato resultou em uma primeira mobilização da comunidade contra a invasão
das suas terras. Nas palavras de Silva (2015):
Quando a comunidade tomou conhecimento dos incêndios revoltou-se e passou a fazer rejeição à presença de estranhos, acreditando que se tratava de pessoas de fora e que seriam italianos pintou-se muros e fizeram cartazes com os dizeres: “fora italianos”, “a costa é nossa”, entre outras frases que indicavam a aversão a qualquer indivíduo com interesse em privatizar a costa. (SILVA, 2015, p.13).
O fato ganhou visibilidade com a publicação de uma matéria no Jornal de
Natal em 25 de março de 1996 com a chamada: “Violência e destruição contra
pescadores”. A matéria enfocou a queima dorancho de Lelé e Ribinha,
provavelmente praticado a mando do grupo de empresáriositalianos, pois,
segundodepoimento de Lelé, a mesma havia recebido um recado do italiano que
dava um prazopara desocupação da costa.
A mobilização continuou com a criação da Comissão Comunitária de Diogo
Lopes que, entre outras ações, requereu a Câmara de Vereadores do município de
Macau participação natribuna na sessão do dia 10 de abril de 1996 para
pronunciamento em defesada preservação da Ponta do Tubarão e contra o interesse
de grupo estrangeiro, vistoque a comunidade se encontrava em estado de
intranquilidade. (SILVA, 2015). Com a pouca representação dos moradores de Diogo
Lopes, foi solicitada outra sessão para discutir a questão com a presença de mais
moradores. Dessa forma, optou-se por realizar uma sessão da Câmara de
Vereadores em 11 de abril de 1996 na própria comunidade de Diogo Lopes.
Estiveram presentes moradores da comunidade, lideranças políticas e religiosas e o
Gerente Regional do Patrimônio da União.Segundo Silva (2015),
Este foi um fato histórico com o ambiente completamente lotado pela população, presença de lideranças políticas e religiosas do município e o Sr. Ângelo, gerente da Gerência Regional do Patrimônio da União foi questionado, pois naquela ocasião, apopulação ainda era tímida em falar em público e sua voz apesar do uso de som, por vezes tornava-se inaudível. Os protestos e os questionamentos da população tirava a tranquilidade do Sr. Ângelo e pela sua expressão notava-se que tudo que ele mais queria era que aquele momento terminasse e ele pudesse retornar. Na sessão dos vereadores realizada na comunidade grande era a participação e a revolta, a presença maciça deixou assustado o gerente do Patrimônio da União.(SILVA, 2015, p.17).
O segundo importante conflito que ensejou a mobilização comunitária na
defesa do seu território se deu em 1999, quando moradores perceberam novamente
23
fumaça na região da restinga e do manguezal. A queimade quatro hectares de
mangue em uma das ilhas do manguezal do rio Tubarão, conhecida como Ilhados
Cavalos, novamente mobilizou a comunidade. Esse incidente é relatado no texto de
Viana e Sales (2006) da seguinte forma:
Apesar de alguns moradores terem suspeitado da presença de alguns homens estranhos na comunidade de Diogo Lopes, só tiveram a certeza de que algo errado estava acontecendo quando um dos moradores admitiu que estava apoiando um grupo de forasteiros que tinha a intenção de implantar um projeto de carcinicultura na Ilha dos Cavalos. Os moradores ameaçaram-no, dizendo que se ele continuasse, ateariam fogo em seu barco. Entretanto, em seguida, a comunidade de Diogo Lopes se deu conta de que um incêndio consumia a vegetação da ilha, determinando que se organizassem e, armados de pedras e pedaços de madeira, fossem ao local para controlar o fogo e expulsar os forasteiros. Na seqüência, foram realizadas denúncias da situação às autoridades competentes, para as quais foi também solicitado que tomassem providências para evitar outras agressões. (VIANA; SALES, 2006, p. 37).
Após tentativas de exploração irregular da área por italianosem 1995 e da
queima do manguezal visando projetos de carcinicultura em 2000, as comunidades
perceberam a necessidade ter apoio institucional e legal para a proteção do território
que já ocupavam por gerações e de onde extraiam seu sustento. Esse conflito
também contou com uma boa cobertura da imprensa, tendo sido publicadas quatro
matérias em importantes jornais: “Crime ambiental abala Diogo Lopes” – O Vale,
Macau, Janeiro de 2001, p. 7.“Crime ambiental em Diogo Lopes” – Diário de Natal,
Natal, 11 de janeiro de 2001.“Ibama fiscalizará mangues de Diogo Lopes” – Tribuna
do Norte, Natal, 12 de janeiro de 2001.“Devastação em mangue é denunciada” –
Diário de Natal, Natal, 20 de janeiro de 2001, p.3. (VIANA; SALES, 2006).
Desta maneira, promoveram intensa campanha (Figura 2) para a criação de
uma unidade de conservação, onde desenvolveram um conjunto de ações, entre as
quais: inúmeras passeatas, entrevistas em jornais e rádios, abaixo assinados
enviados ao IDEMA com cerca de 2000 assinaturas, articulações com diferentes
órgãos governamentais e Universidades, realizações de encontros anuais na
comunidade de Diogo Lopes (“I, II e III Encontro Ecológico” em 2001, 2002 e 2003
respectivamente).
24
Figura 2- Mobilização para a criação da RDS Estadual Ponta do Tubarão: A – Passeata com faixas e cartazes; B – Abaixo-assinado solicitando a criação de uma unidade de conservação para a área.
Fonte: IDEMA: 2007.
A primeira ideia de categoria de unidade de conservação para a região da
Ponta do Tubarão foi a área de Proteção Ambiental (APA). NoI Encontro Ecológico
de Diogo Lopes e Barreiras “Em defesa do nosso futuro” foi elaborada a moção do
próprio evento com mais de 400 assinaturasdos presentes solicitando ao IDEMA a
criação da APA. Já no II Encontro Ecológico de Diogo Lopes e Barreiras pensou-se
em uma categoria de unidade de conservação que não impedisse a atividade
tradicional de explorar os recursos naturais, como, por exemplo, a pesca artesanal.
Foi discutida a experiênciada RDS de Mamirauá/AM, de modo que a população
escolheu mudar o pedido de uma APA, referendandoa escolha de Reserva de
Desenvolvimento Sustentável para Diogo Lopes, Barreiras indo até o início de
Guamaré. (SILVA, 2015).
A moção retirada deste II Encontro obteve apoio com 232 assinaturas dos
presentes solicitando agilidade na criação da reserva. As recomendações deste
Encontro foram retiradas apartir de uma discussão com representantes das
comunidades e de cada entidade e órgãoambiental presentes ao evento. Os
participantes e os palestrantes homologaram asrecomendações por aclamação. Este
II Encontro foi realizado por 19 entidades e mais umavez teve o apoio da Petrobras
e da Prefeitura de Macau. (SILVA, 2015).
A pressão social pela criação da Reserva continuou com acompanhamento
das sessões do CONEMA e da Assembleia Legislativa Estadual, até que finalmente,
durante o III Encontro Ecológico de Diogo Lopes e Barreiras a Governadora assinou
a Lei 8.349 de 18 de julho de 2003criando a RDS Estadual Ponta do
Tubarão.(IDEMA, 2007).
25
Os objetivos de criação da RDS Ponta do Tubarão foram:
Disciplinar os procedimentos e utilização de equipamentos de pesca
artesanal ecologicamente corretos; procurando arranjos produtivos
que resultam na melhoria das condições sócio-econômicas das
populações;
Incentivar a realização de pesquisas científicas para o conhecimento
dos ecossistemas existentes visando o uso sustentável da área;
Desenvolver na comunidade local, nos empreendedores e nos
visitantes, uma consciência ecológica e conservacionista sobre o
patrimônio natural e os recursos ambientais;
Compatibilizar as atividades econômicas instaladas na Reserva com o
uso sustentável dos recursos naturais;
Disciplinar os novos usos a serem implantados em consonância com a
sustentabilidade ambiental, econômica e social da área;
Harmonizar o desenvolvimento local com a preservação dos valores
culturais;
Estimular a realização de parcerias para a viabilização da implantação
e gestão da Reserva. (RIO GRANDE DO NORTE, 2003).
A área delimitada para a implantação da Reserva compreende um território
com 12.960 ha, abrangendo áreas dos municípios de Macau e Guamaré nas quais
se localizam as comunidades de Barreiras, Diogo Lopes, Sertãozinho, Chico Martins,
Cacimba da Baixa, Baixa do Grito, Pau Feito, Soledade, Canto da Imburana,
Mangue Seco I e II e Lagoa Doce, contendo manguezais, extenso campo dunar,
área representativa da caatinga, e área marinha que se estende por 2 km da linha
da costa. A principal forma de subsistência dos cerca de 10.000 moradores
(WWF/Brasil, 2007) é a Pesca, sendo que mais de 90% dos habitantes da RDS
estão envolvidas de alguma maneira com esta atividade. (IDEMA, 2007).
Relatos dos moradores que participaram do processo de discussão da
delimitação da RDSEPT demonstram que houve uma preocupação em deixar fora
da unidade de conservação atividades de médio e alto impacto ambiental que já
estavam instaladas e consolidadas. O entorno próximo a RDSEPT apresenta desde
a atividade de produção de sal marinho até a carcinicultura e exploração de petróleo
26
em terra e mar, o que preocupa devido à fragilidade natural dos ecossistemas
litorâneos. O texto de Viana e Sales (2006) traz o seguinte relato sobre esse
aspecto:
No que diz respeito à definição das dimensões da RDS e seus limites, diversas reuniões foram realizadas na comunidade de Diogo Lopes com a participação de representantes de entidades envolvidas no processo de criação da RDS e dos moradores das comunidades de Diogo Lopes, Barreiras e Sertãozinho. Inicialmente, a RDS estava mais voltada para a conservação da área estuarina (rio Tubarão), da restinga e da parte marinho-costeira, em função da pesca e das especulações imobiliárias que ameaçavam a restinga. [...]Pensou-se também em estender a RDS para englobar os estuários dos rios Casqueira e Conceição,localizados mais a oeste, em direção ao centro de Macau. [...] apesar da importância desses estuários, alguns fatores foram apontados comoimpedimentos para que essa área fosse incorporada:- Dificuldade de fiscalização por parte da comunidade, por se tratar de uma área relativamente distantedas comunidades mais próximas;- Presença de segmentos econômicos que causariam muitos conflitos e resistência à criação da RDS;- O próprio fato de ser área de ocorrência de variadas atividades impactantes, como projetos decarcinicultura, exploração de petróleo e exploração de sal. (VIANA; SALES, 2006, p. 39).
Desde a sua criação, em 2003, várias ações já foram executadas no sentido
de implementar a RDSEPT, como, por exemplo, os estudos ambientais para o plano
de manejo que tiveram inicio em 2004 e perduraram até 2007 com a elaboração de
vários documentos técnicos dos diagnósticos socioeconômico e ambiental, dos
programas de manejo associados a pesca, ao ordenamento da orla, a comunicação,
a fiscalização, ao monitoramento, ao uso público e a educação ambiental. Merece
destaque também o processo de elaboração do zoneamento ecológico-econômico
participativo que encerrou suas discussões em 2012 com a elaboração de um mapa
de zoneamento e de uma minuta de lei. Do ponto de vista das ações do poder
público, embora estes trabalhos tenham sido iniciados, os mesmos não foram
concluídos e, portanto, a RDSEPT permanece sem um documento formal de
orientação das ações de planejamento e gestão, inclusive sem o zoneamento.
Muitos eixos de desenvolvimento sustentável que deveriam promover uma
melhoria nas condições de vida das comunidades como, por exemplo, a unidade de
beneficiamento do pescado, o centro de beneficiamento para as mulheres
marisqueiras, o apoio ao desenvolvimento do turismo e o ordenamento do uso e
ocupação do solo, não foram implementados e isso vem gerando um
descontentamento generalizado nas comunidades que fazem parte da RDSEPT.
27
Um fator que tem contribuído para a sustentabilidade e resolução de
conflitos na RDSEPT é a sua gestão por meio de um conselho gestor deliberativo e
com uma representação superior das entidades da sociedade civil. Criado em
dezembro de 2003, o conselho já ultrapassou a marca das 78 reuniões ordinárias e
68 extraordinárias e mantém uma atividade continuada.
A partir de 2009, um novo fato que vem gerando conflitos entre os
moradores é a instalação de usinas eólicas dentro dos limites da RDSEPT. Ao todo,
são quatro usinas eólicas operando nas unidades morfológicas da restinga, nas
dunas móveis e no tabuleiro costeiro. A falta de um documento que regule o uso do
solo fragiliza as relações sociais dentro da RDSEPT e dissemina um clima de
desmotivação e desesperança com relação aos objetivos que ensejaram sua
criação.
Portanto, acredita-se que a elaboração, aprovação e aplicação do plano de
manejo pode ser um ponto de partida para a retomada da credibilidade na ideia de
uma reserva criada para as comunidades, com efeito prático e imediato na melhoria
das condições de vida e no fortalecimento dos laços comunitários.
2.4 Declaração de significância
A RDSEPT localiza-se na região costeira de domínio do estuário Piranhas-
Açu, onde predominam as formações de mangues e restingas na costa, e caatinga
hiperxerófila nos tabuleiros, vegetação esta que tanto pode estar separada da costa
por cordões dunares cobertos ou não por vegetação halófita, como se estender até
ela e encontrar o mar. Estas diferentes formações associadas criam condições
únicas de significativa diversidade biológica e oportunidades para ações de
conservação. (IDEMA, 2007).
Várias pesquisas e artigos foram publicados envolvendo a RDSEPT.
OApêndice A lista todos aqueles que puderam ser localizados através do registro no
IDEMA, informação pelos autores ou Internet. Constam na lista publicações que tem
mais de 10 anos e as publicações dos últimos 10 anos. Pode-se perceber que a
RDSEPT é alvo científico de várias áreas da ciência com destaque para a geologia e
geodinâmica, a sociologia, a engenharia de pesca, a biologia e o planejamento
ambiental. Essa densidade de estudos pode ser explicada devido ao valor ecológico
da área que ainda resguarda um bom grau de conservação e pela história de luta
comunitária nadefesa do seu território. Além disso, chama a atenção de
28
pesquisadores o planejamento e a gestão da RDSEPT que ocorre de forma
participativa e que busca impulsionar os vetores de desenvolvimento e geração de
renda local, em especial o turismo de base comunitária e a pesca artesanal.
Durante a série de workshops realizados pelo Ministério do Meio Ambiente,
pelo PROBIO para definição de áreas prioritárias nos biomas brasileiros (1998-
2000), a região onde se localiza a RDSEPT foi citada como prioritária no que diz
respeito à conservação da biodiversidade dos estuários e manguezais nas áreas
entre Aracati –CE e Galinhos-RN, e especificamente do sistema estuarino de Macau.
No caso da conservação dos mamíferos marinhos, foi também indicada como
prioritária toda a região das Salinas no RN e toda zona oceânica do Nordeste
(Estados do AL, PE, PB e RN, na região compreendida entre as latitudes de 5° S e
10° S, estendendo-se da borda do talude –isóbata de 200 metros até 100 milhas
náuticas da costa). Diante destas indicações, o complexo estuarino de Macau (RN)
onde se localiza hoje a RDSEPT foi então indicado como área prioritária para a
criação de novas Unidades de Conservação. A RDSEPT foi criada em consonância
com estas indicações.(IDEMA, 2007).
Já entre os anos de 2003 e 2004, as áreas prioritárias para a conservação
são novamente atualizadas e apresentadas no mapa “Áreas Prioritárias para a
Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade
Brasileira”, publicado pelo Ministério do Meio Ambiente em novembro de 2003 e
reeditado em maio de 2004. Com isso, é reforçada a necessidade de conservação
da região onde está situada a RDSEPT. A área específica da RDSEPT está definida
como de prioridade extremamente alta para a conservação na sua parte da restinga,
estuário e marinha e de prioridade muito alta para a conservação nos demais
ecossistemas, conforme esboçado na Figura 3.
29
Figura 3 - Áreas prioritárias para a conservação segundo o Ministério do Meio Ambiente. A RDSEPT está situada em uma área classificada como de prioridade extremamente alta a muito alta para a conservação.
Fonte: Adaptado de MMA (2003).
2.5 Contexto regional
Os municípios de Macau e Guamaré, onde está inserida a RDSEPT, fazem
parte da Mesorregião Central Potiguar (Figura 4). Essa Mesorregião possui 37
municípios e abrange grande parte da maior bacia hidrográfica do RN, a bacia do rio
Piranhas-Açu. Nesta bacia situa-se o maior reservatório do estado, a barragem
Armando Ribeiro Gonçalves que tem a capacidade de acumulação de água de 2,4
bilhões de metros cúbicos. A foz da bacia está situada no litoral do município de
Macau, a jusante da RDSEPT, considerando a predominância da deriva litorânea de
leste para oeste. É uma área de intensa atividade econômica com a agricultura
irrigada, a exploração de petróleo, produção de sal e carcinicultura.
30
Figura 4 - Divisão do estado do Rio Grande do Norte em 04 mesorregiões e a localização da RDSEPT.
Fonte: Modificado de IDEMA (2008).
Na divisão do estado do Rio Grande do Norte em microrregiões (Figura 5),
os municípios de Macau e Guamaré fazem parte da microrregião Macau que possui
05 municípios, quais sejam: Macau; Guamaré; Galinhos; Caiçara do Norte e São
Bento do Norte. Esses municípios se identificam por serem municípios costeiros do
Rio Grande do Norte, porém, Macau e Guamaré se destacam em termos de
atividades econômicas conduzidas especialmente pela produção de petróleo e sal
marinho.
No estudo conduzido por Carvalho et al. (2015), verificou-se que entre os 23
municípios defrontantes ao mar, com exceção do município de Natal, Macau possuía
o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) no ano de 2000, ficando atrás de
Parnamirim e Areia Branca, e Guamaré estava na quinta colocação (CARVALHO et
al., 2015). Já em 2010, Parnamirim se manteve a frente e Guamaré passou ao
segundo lugar alcançando um PIB de R$ 1.197.835.000,00 (mais de um bilhão de
reais), com um aumento percentual de 1203,4%, deixando Macau em quarto lugar
(Gráfico 1). Este aumento pode ter relação com a implantação da refinaria de
Petróleo no município e o recebimento de roaylties.
31
Figura 5 - Divisão do estado do Rio Grande do Norte em 19 microrregiões e a localização da RDSEPT.
Fonte: Modificado de IDEMA (2008).
Do ponto de vista do desenvolvimento turístico, os municípios de Macau e
Guamaré fazem parte do Pólo Costa Branca. Este é formado por 17 municípios e
tem por objetivo desenvolver o turismo aproveitando as potencialidades e
oportunidades do mercado. Compõem esse Pólo os seguintes municípios: Areia
Branca, Assú, Caiçara do Norte, Galinhos, Grossos, Guamaré, Itajá, Macau,
Mossoró, Porto do Mangue, São Bento do Norte, São Rafael, Tibau, Carnaubais,
Pendências, Serra do Mel e Apodi.
O Ministério das Cidades – em um estudo elaborado pelo Observatório das
Metrópoles em 2008 - classificou os municípios do Polo Costa Branca como do Tipo
03 (microrregiões de renda média e pequena dinâmica no PIB) e nas classes D (com
exceção de Assú e Macau, na classe B) o que indica a formação de médio estoque
de riqueza acumulada e por uma variação positiva de intensidade média ou baixa do
PIB, com padrões tradicionais de pobreza municipal. Pela classificação do
Observatório das Metrópoles, o Polo Costa Branca apresenta um desenho de
sociedade relativamente homogêneo com baixo padrão socioeconômico. (MTUR,
2011). Evidentemente, deve-se levar em conta que essa é uma classificação
32
nacional, o que justifica municípios como Mossoró, Assu, Macau e Guamaré serem
considerados como de baixo padrão socioeconômico.
Gráfico 1 - Evolução do PIB total dos municípios litorâneos do RN entre os anos de 2000 e 2010.
Fonte: Modificado de Carvalho e Pimenta (2015)
A Figura 6 apresenta a situação do Pólo em termos de centralidade e
integração entre os municípios componentes. Percebe-se que a relação de
centralidade e integração de Macau e Guamaré está associada a Oeste com o
município de Porto do Mangue e a Leste com os municípios de Galinhos e Caiçara
do Norte. Entre estes municípios, o município de Galinhos é o que apresenta uma
melhor estrutura turística, além de uma visibilidade maior nos meios de comunicação
e agências de turismo, o que pode favorecer o desenvolvimento do turismo na
RDSEPT.
No tocante aos atrativos turísticos do polo 31,8% são manifestações e usos
populares, 26,8% são atrativos naturais, 18,8% são atrativos históricos culturais,
17,9% são acontecimentos programados e 4,7% são realizações técnicas e
científicas contemporâneas (MTUR, 2011). Dentro deste cenário turístico, a
RDSEPT se destaca por sua versatilidade, pois todos os aspectos (naturais,
históricos, culturais, eventos e realizações técnicas e científicas) podem ser
visualizados/desenvolvidos na área.
33
O fluxo da atividade turística acompanha a disponibilidade de infraestrutura e
a consolidação da rede urbana, pois depende do suporte destas, uma vez que sua
ausência torna-se um significativo fator de impedimento ao processo de
transformação dos atrativos locais em produtos turísticos. A análise da rede urbana
é reflexo da ponderação de três setores: População, Socioeconomia e o IDH.
Destarte os municípios de Guamaré e Macau se destacaremno setor econômico,
alavancados pela extração mineral (sal e petróleo), carecem de investimentos em
infraestrutura e rede urbana, e este é um dos fatores que dificulta uma maior
participação do setor de turismo na economia local, deixando esses municípios
ocupando a quarta e quinta posições, respectivamente, no que se refere a qualidade
da rede urbana no Pólo Costa Branca, ficando atrás dos municípios de Mossoró,
Assú e Areia Branca (MTUR, 2011).
Figura 6 - Campos de centralidade e integração do Pólo Costa Branca.
Fonte: RIO GRANDE DO NORTE (2011)
34
2.6Caracterização ambiental
A caracterização ambiental da Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT), visa reconhecer o meio de suporte para o
desenvolvimento sustentável das comunidades humanas e o ambiente onde se
adaptam os seres vivos. Em termos gerais, não se pode perder de vista que os
recursos naturais explorados na RDSEPT são fundamentais para as comunidades,
assim como, a forma de exploração desses recursos vai repercutir na qualidade de
vida da sociedade local em curto, médio e longo prazos.
Portanto, compreender a dinâmica da natureza é fundamental para
estabelecer as políticas locais e o manejo dos recursos naturais na medida em que
possibilita a compreensão dos limites de exploração dos ecossistemas. A
manutenção de uma exploração dos recursos naturais, adequada a capacidade de
carga dos ecossistemas, é o próprio fundamento que justifica a necessidade das
Unidades de Conservação da categoria “Reserva de Desenvolvimento Sustentável.
A RDSEPT encontra-se situada entre o bioma caatinga e o bioma marinho,
apresentando unidades geoecológicas tradicionalmente ocupadas e/ou utilizadas por
comunidades pesqueiras, entre elas, praias, planície de maré com manguezal,
dunas,tabuleiro costeiro com mata de caatinga, além do próprio ambiente marinho.
Do ponto de vista das unidades de conservação federais, o bioma caatinga e o
bioma marinho apresentam uma baixa proteção por unidades de conservação como
pode ser visto na Tabela 1, onde a caatinga apresenta apenas 4,03% de área com
unidades de conservação. Já no bioma marinho não há uma estimativa percentual,
mas em área absoluta, as unidades de conservação criadas representam um espaço
total inferior a metade do espaço total das unidades de conservação existentes no
bioma caatinga.
Dos 3.399.941,47 hectares das 30 unidades de conservação federais do
bioma caatinga, 698.068 ha correspondem a UCs de proteção integral e 2.701.873
ha correspondem a UCs de uso sustentável. No caso das UCs exclusivamente
marinhas, tem-se 09 UCs com área total de 156.264 ha, sendo 06 de proteção
integral e 03 de uso sustentável. Existem ainda 1.384.623 ha de UCs no bioma
marinho compartilhadas com outros biomas como, por exemplo, os biomascaatinga
e mata atlântica. (DRUMMOND; FRANCO; OLIVEIRA, 2011).
35
Tabela 1 - Área dos biomas brasileiros protegidos por unidades de conservação federais em 2009.
Fonte: Drummond, Franco e Oliveira (2011).
Já o governo do Rio Grande do Norte criou até o momento 09 unidades de
conservação estaduais (Figura 7). Destas, 06 estão contemplando o ambiente
costeiro/marinho, sendo 05 no litoral oriental e apenas uma, a RDSEPT, no litoral
setentrional. Quanto à categoria, 04 UCs são de uso sustentável, sendo 03 Áreas de
Proteção Ambiental (APAs) e uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS),
e 02 são de proteção integral, da categoria Parque.
Destarte a complexidade que envolve o processo de gestão das unidades de
conservação, infere-se que, de modo geral, as unidades de conservação
pertencentes ao grupo de proteção integral apresentam um melhor resultado para a
preservação ambiental uma vez que possuem mais restrições ao uso do que as
categorias ligadas ao grupo de uso sustentável.
36
Figura 7 - Unidades de conservação criadas pelo governo do estado do Rio Grande do Norte.
Fonte: IDEMA (2016)
É importante mencionar que existem profundas diferenças físico-naturais no
ambiente costeiro/marinho do litoral oriental e no litoral setentrional do estado do Rio
Grande do Norte, merecendo destaque os aspectos geológicos e climatológicos.
Essa subdivisão do litoral potiguar foi descrita por Vital (2006) quando afirmou que a
localização geográfica do litoral oriental e setentrional assumem direções
preferenciais Norte-Sul e Este-Oeste, respectivamente, com notórias diferenças
tectônicas e climáticas que repercutem em condições ambientais particulares. Já em
1996, a Lei Estadual (RN) 6.950, que tratava do Plano Estadual de Gerenciamento
Costeiro, já definia em seu artigo 3o os municípios pertencentes ao litoral setentrional
e àqueles pertencentes ao litoral oriental, totalizando 29 municípios costeiros.
O estado do Rio Grande do Norte apresenta em todo o seu litoral uma
predominância de ambientes sedimentares conforme o esboço geológico
apresentado na Figura 8. Contudo, enquanto o litoral oriental encontra-se recoberto
pela Formação Barreiras e por coberturas sedimentares Cenozoicas, no litoral
setentrional é marcante a influência da Bacia Potiguar (Formação Jandaíra e
37
Formação Açu), de idade Mesozóica, na morfologia litorânea com destaque para os
estuários com extensas áreas inundáveis.
Figura 8 - Esboço geológico do estado do Rio Grande do Norte. Destaque para o litoral oriental e o litoral setentrional onde está localizada a RDSEPT.
Fonte: SEMARH (2016).
O clima também ajuda a aprofundar as diferenças ambientais entre o litoral
oriental e o setentrional. Como pode ser notado na Figura 9, o regime pluviométrico
no litoral oriental apresenta médias entre 1.000 e 1.400 mm, enquanto no litoral
setentrional esses valores ficam entre 600 e 800 mm. Isso repercute diretamente na
resposta fitoecológica, havendo uma predominância no litoral setentrional de dunas
não vegetadas e morfologias recobertas com vegetação de caatinga. Já no litoral
oriental predominam fitofisionomias dotadas de maior biomassa, inclusive com
enclaves de mata atlântica, não sendo raros os ambientes dunares vegetados com
espécies de porte arbóreo. As lagoas costeiras também manifestam um
comportamento particular em cada um dos litorais mencionados, sendo comum no
litoral setentrional as lagoas intermitentes sazonais, enquanto que no litoral oriental
predominam as lagoas permanentes.
38
Figura 9 - Precipitação anual média do estado do Rio Grande do Norte.
Fonte: EMPARN [200-?].
O jogo de relações que se estabelece nos sistemas naturais costeiros
assume uma intensa dinâmica em função dos processos atuantes e mobilidade
estrutural dos materiais. Por exemplo, as praias, restingas, manguezais, dunas e
falésias estão em constante movimento e as mudanças morfológicas podem ser
notadas até mesmo em algumas semanas. Essa dinâmica amplia sua complexidade
a partir da interação dos sistemas naturais costeiros com os sistemas
socioeconômicos, pois cada ação que interfere diretamente nas estruturas e
processos dos sistemas naturais costeiros adiciona variáveis e muitas vezes acelera
o processo de mudanças, rompendo com a evolução natural das paisagens.
A caracterização terá seu inicio com a apresentação dos aspectos
geológicos-geomorfológicos como estruturas de suporte dos sistemas naturais
costeiros. O clima e os recursos hídricos representam o envoltório que interage
diretamente com a superfície da Terra contribuindo significativamente para a
organização ambiental. Os solos representam a cobertura resultante do processo
interativo entre suporte e envoltório, onde se desenvolvem as plantas e as atividades
agrícolas especialmente. O meio biológico é descrito em detalhes, com o
levantamento e distribuição da vegetação e da fauna.
39
2.6.1 Cobertura geológica e relevo
Do ponto de vista geológico regional, o litoral onde está inserido a Reserva
de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT), apresenta
uma configuração sedimentar com influência da Bacia Potiguar de idade Mesozóica,
com duas Formações de grande importância econômica: a Formação Jandaíra
(Calcário); e a Formação Açu (Arenito). Essa característica justifica uma intensa
atuação da Petrobrás no entorno terrestre e marítimo da RDSEPT, com plataformas
e unidades de armazenamento, beneficiamento e distribuição de subprodutos do
petróleo (Figura 10).
Figura 10 - Atuação da Petrobrás no entorno da RDSEPT. A – Unidade da Petrobrás no município de Guamaré, Sudeste da RDSEPT. B – Unidade da Petrobrás em Macau, Noroeste da RDSEPT.
Fonte: Trabalho de campo em 09 de abril de 2016.
Esse litoral tem como características marcantes a baixa altitude e a
semiaridez. Soma-se a isso a primazia de depósitos sedimentares facilmente
transportados pelos processos dinamizadores das paisagens litorâneas, em especial
a ação marinha (ondas, correntes e maré), a ação dos ventos, a precipitação e a
circulação de água superficial e subterrânea. A baixa altitude e a semiaridez também
são fatores decisivos para o bom desempenho da produção de sal marinho, que no
estuário do rio Piranhas-Açu assume uma importância nacional. Por outro lado, essa
atividade também ocorre no entorno próximo da RDSEPT e preocupa do ponto de
vista dos impactos ambientais.
As paisagens da RDSEPT certamente vêm passando por profundas
modificações desde o final do Pleistoceno (18.000 ano AP. - final da última era
glacial) e Holoceno, com movimentos eustáticos de origem glacial e/ou isostática.
Uma rápida apreciação de campo na área revela o afloramento de raízes e troncos
40
de mangue em faixas de praia (Figura 11) e até submersos em meio marinho,
grande volume de sedimentos flúvio-marinhos sem a existência de uma rede de
drenagem atual que justifique esse transporte, falésias mortas, etc.
Figura 11 - Troncos na superfície da faixa de praia marítima da RDSEPT, evidenciando uma antiga área de mangue.
Fonte: Trabalho de campo em 09 de abril de 2016.
O contexto geológico atual apresenta uma primazia de Depósitos Eólicos
Litorâneos com e sem vegetação, o que vai significar diferentes estágios evolutivos,
considerando a disponibilidade e transporte desses sedimentos e a fixação da
vegetação (Mapa 1). Apresentam sedimentos arenosos quartzosos de diferentes
calibres, mas com grande participação de areias finas, facilmente mobilizadas pelo
vento. Esses depósitos recobrem a parte da costa que pode ser classificada como
uma restinga que cumpre a função de estabilizar o manguezal adjacente. Por outro
lado, recobrem a porção continental sobrepondo em sua maior parte a Formação
Barreiras e se diferenciando em morfologias de dunas móveis, fixas e planícies de
deflação eólica. Os Depósitos Eólicos Litorâneos representam, aproximadamente,
35% da área total da RDSEPT (Figura 12).
Os Depósitos de Mangue ocupam, aproximadamente, 15% da área da
RDSEPT. São compostos por material mineral de baixo calibre como a argila e por
matéria orgânica proveniente do ecossistema manguezal. A Formação Barreiras
ocupa o setor Sul da RDSEPT, com, aproximadamente, 17% da área total da
41
RDSEPT. Apresenta uma sedimentologia variada desde areias e argilas e uma idade
Terciária, sendo a unidade geológica aflorante mais antiga da RDSEPT.
No setor oeste da RDSEPT, uma unidade geológica foi identificada como
Formação Barreiras / Depósitos Eólicos Litorâneos Vegetados, pois há uma
coexistência dessas unidades na superfície de maneira que só um estudo
sedimentológico mais aprofundado poderia identificar exatamente os locais de
afloramento. Um fator que torna importante essa questão é que as dunas fixas são
normativamente consideradas Áreas de Preservação Permanente e o Tabuleiro
Costeiro não, portanto, do ponto de vista da gestão, deve-se considerar essa
unidade como uma área com um maior nível de restrição ao uso, até que esse
estudo seja feito, acompanhando o princípio jurídico da precaução. É nesse setor
que a Formação Barreiras chega até a maré formando falésias vivas que estão
submetidas a ação marinha de abrasão, a erosão pluvial e aos impactos provocados
pela ação humana como a circulação de pessoas, retirada de materiais e
construções no topo das falésias. As falésias de Chico Martins são monumentos
geológico-geomorfológico de elevada beleza cênica que podem ser utilizados como
atrativo para o desenvolvimento de atividades turísticas ou científicas.
43
Figura 12 - Área em hectares dos principais depósitos geológicos continentais da RDSEPT.
O relevo da RDSEPT guarda estreita relação com os aspectos geológicos. A
estrutura sedimentar e os processos atuantes vão modelar o relevo local, com
rápidas mudanças em curto espaço de tempo. O Mapa 2 apresenta o Modelo Digital
de Elevação (MDE) que denota com certa clareza as linhas que separam as
morfologias emersas (dunas, tabuleiro costeiro) das morfologias submetidas a uma
ação marinha mais intensa (planície de maré, restinga). De antemão, percebe-se a
grande vulnerabilidade desses ecossistemas, especialmente os que estão na área
de influência marinha direta, considerando os cenários de antropização do entorno
da RDSEPT com interferências no transporte sedimentar longitudinal (deriva
litorânea) e as previsões de elevação do nível do mar frente às mudanças climáticas
globais, que indicam possíveis aumentos de temperatura média no nível do mar
entre 2,0o C e 4,5o C em função da duplicação da concentração de CO2 na
atmosfera (MARENGO, 2006).
Os compartimentos de relevo estão distribuídos entre o mar e as terras
continentais (Mapa 3), iniciando pela restinga que se caracteriza como um aporte de
sedimentos areno-quartzosos que estão dispostos paralelamente ao continente e
participa ativamente da dinâmica ecossistêmica protegendo o manguezal do contato
direto com a água do mar.
46
Por vezes, ao longo dos últimos 10 anos, ocorreram aberturas e
fechamentos de canais de maré entre o estuário e o mar, pois a restinga apresenta
uma intensa dinâmica sedimentar com ação permanente da deriva litorânea e do
transporte eólico, que já foi demonstrado nos estudos de Souto (2004) e Rios
(2015). Sempre que abre uma nova passagem narestinga, próxima a áreas de
mangue, rapidamente os mangues sofrem ressecamento devido ao aumento da
salinidade e da sedimentação (Figura 13). Nesse aspecto, é importante mencionar
registros de erosão em muitos trechos do litoral do RN provenientes, entre outros
fatores a: reduzido aporte fluvial de sedimentos; perda de sedimentos para o
continente com a formação de campos dunares (VITAL, 2006). Meireles (2012),
acrescenta que a influencia da ação humana tem desencadeado uma aceleração no
processo erosivo das praias, pois interfere diretamente no balanço sedimentar, o que
vem causando diversos problemas socioeconômicos e ambientais especialmente em
áreas densamente ocupadas.
A planície de maré ocupa cerca de 1.000 ha, aproximadamente, 15% da
área da RDSEPT (Figura 14). Por apresentar altitude no mesmo nível do mar,
permite diariamente a circulação das águas marinhas que vão interagir com outros
componentes para sustentar o ecossistema manguezal. A principal relação que se
estabelece é entre as águas marinhas e a água doce que desce das dunas e que
circula pelo meio subterrâneo, o que propicia a diluição da salinidade e,
consequentemente, a sobrevivência da flora do manguezal. A Figura 15 apresenta
um esquema com os fluxos litorâneos que integram os ecossistemas restinga,
manguezal e dunas. Os processos de transporte sedimentar por deriva litorânea
promovem uma estabilidade dinâmica aos sedimentos da restinga, protegendo o
manguezal. Já o fluxo de maré permite a entrada de nutrientes e passagem da biota
marinha para as áreas de mangue. E a água doce proveniente das dunas interage
com as águas marinhas diminuindo sua salinidade.
47
Figura 13 - Aspecto da vegetação de mangue após a abertura de uma nova passagem de água do mar para o estuário.
Fonte: Trabalho de campo em 09 de abril de 2016.
Figura 14 - Área em hectares das unidades geomorfológicas da RDSEPT.
O campo de dunas apresenta estágios evolutivos diferenciados, com dunas
já fixadas ou em processo de fixação por meio do desenvolvimento vegetal e dunas
móveis. Esse último tipo de dunas apresenta dois campos barcanóides, um mais a
leste e outro mais a oeste na RDSEPT (Figura 16). Essa unidade geomorfológica
abrange aproximadamente 32% da área da RDSEPT e tem uma importância
significativa para a manutenção do manguezal com a captação e redistribuição das
águas pluviais. A captação de água das chuvas é um serviço ambiental que vem, ao
longo do tempo, sendo prestado às comunidades da região e já chegou até mesmo
a abastecer de água o município de Macau. Atualmente, parte da população da
RDSEPT ainda utiliza água de poço para o consumo humano.
48
Figura 15 - Fluxos litorâneos que integram os ecossistemas de restinga, manguezal e dunas.
Fonte: Imagem de Ronaldo Diniz, ano 2006. Modificado por Carvalho (2016).
Figura 16 - Localização e características dos campos de dunas. Imagem aérea de 2006.
Fonte: Imagem de Ronaldo Diniz, ano 2006. Modificado por Carvalho (2016).
O tabuleiro costeiro apresenta uma superfície plana sustentada pela
Formação Barreiras e está presente em 20,8% do espaço territorial da RDSEPT. O
afloramento em superfície dessa unidade geomorfológica ocorre em toda a parte sul
da RDSEPT e se constitui como uma unidade mais estável que as demais
49
observadas, pois os processos dinâmicos são mais lentos e a própria conformação
plana do relevo contribui para a redução dos processos morfodinâmicos.
As falésias são exposições do tabuleiro costeiro a ação abrasiva do mar, e
podem era ativas (vivas) ou inativas (mortas). No caso da RDSEPT, as falésias
situam-se na parte oeste e mantém contato com a planície de maré, estando sujeitas
a ação erosiva do mar (Figura 17). Contudo, observou-se em campo uma erosão
pluvial bastante acentuada, inclusive, suavizando a escarpa da falésia e fragilizando
a estrutura com a incisão de vários sulcos erosivos.
Figura 17 - Falésias da RDSEPT, apresentando significativos sulcos de erosão pluvial.
Fonte: Trabalho de campo em 21 de abril de 2016.
2.6.2 Clima e recursos hídricos
O clima é na região da RDSEPT é “semiárido quente (clima tropical
equatorial de Nimer 1972; clima muito quente e semiárido do tipo BSW‟h de Koppen)
onde predominam estações secas com 7 a 8 meses de duração (junho a janeiro),
uma estação chuvosa de fevereiro a maio. Nos meses mais frios a temperatura
média do ar é de cerca de 24ºC entre os meses de junho e julho, sendo o mês de
novembro o que marca melhor a estação quente, com temperaturas máximas
ultrapassando 40ºC. A amplitude térmica diária normalmente está entre 8° e 10°C. A
umidade relativa do ar pode sofrer uma variação anual de 20%, permanecendo com
média em torno de 68%. A insolação neste litoral é dos mais elevados do Brasil, com
50
médias anuais em torno de 2600 horas/ano e 7,22 horas/diárias, medidas na
Estação Meteorológica de Macau-RN entre 1961-1990. (IDEMA, 2007).
Os aspectos climáticos e hídricos da RDSEPT apresentam uma importância
fundamental para a compreensão do uso e ocupação e da dinâmica dos
ecossistemas. Nessa perspectiva, o principal elemento climático que deve ser
discutido é a precipitação, pois representa o input de água doce nos sistemas
ambientais, possibilitando também o uso humano para múltiplas finalidades.
A Tabela 2 apresenta os dados da série histórica pluviométrica de 07(sete)
municípios da região da RDSEPT entre os anos de 2002 e 2015. Contudo, destaca-
se a impossibilidade de preencher toda a tabela devido a ausência de dados oficiais
em alguns anos. Apenas os municípios de Assu e Pedro Avelino apresentam todos
os dados do período.
Tabela 2 - Pluviometria anual nos municípios da região da RDSEPT.
Fonte: Dados extraídos de www.emparn.rn.gov.br
A Figura 18 mostra que a variação da precipitação anual na região da
RDSEPT fica entre 200 mm e 1.200 mm. De uma forma geral, tem-se o ano de 2009
como o mais chuvoso do período, onde municípios como Pedro Avelino, Pendências
e Macau ultrapassaram os 1.000 mm de chuva, sendo esse um valor expressivoem
se tratando de uma região semiárida. A partir de 2010 tem-se uma sequencia de
anos de poucas chuvas, com vários registros de chuvas abaixo dos 300 mm nos
municípios em questão.
51
Figura 18 - Pluviometria anual nos municípios da região da RDSEPT em gráfico.
Fonte: Dados extraídos de www.emparn.rn.gov.br
Na Figura 19, percebe-se que a média pluviométrica da série entre 2002 e
2015, nos municípios da região da RDSEPT, varia de pouco mais de 400 mm em
Jandaíra, até pouco mais de 700 mm em Macau. São chuvas que se concentram
entre os meses de janeiro e maio, portanto, com uma má distribuição anual, o que
amplia os efeitos da semiaridez.
Figura 19 - Pluviometria anual média nos municípios da região da RDSEPT considerando os anos com registro de chuvas entre 2002 e 2015.
Fonte: Dados extraídos de www.emparn.rn.gov.br
Do ponto de vista dos recursos hídricos da RDSEPT, destacam-se os canais
de maré, que mantém uma hidrodinâmica diária de acordo com os movimentos das
52
marés. Essa condição possibilita a planície de maré uma destacada capacidade de
depuração de poluentes e renovação das águas que diminui gradualmente no
sentido dos setores mais interiores e afastados do mar.
As lagoas sazonais e interdunares representam o movimento de oscilação
das águas subterrâneas e costumam aparecer nos anos mais chuvosos. São
espaços de lazer das comunidades da RDSEPT que o utilizam para tomar banho e
praticar atividades de lazer e esportes. As águas subterrâneas prestam um
importante serviço na oferta de água doce para as comunidades da RDSEPT, tendo
sido, inclusive, muito utilizada para abastecer a cidade de Macau em décadas
passadas. Certamente que a ausência de saneamento ambiental prejudica a
qualidade das águas, mas como trata-se de uma aquífero livre, as possibilidades de
recuperação são amplas e dependem dos investimentos em rede coletoras de
esgoto e estação de tratamento de efluentes.
No caso das áreas de recarga, tem-se uma estimativa de 4.242ha de área
com uma superfície amplamente favorável a recarga dos aquíferos, sendo esta
equivalente a32% da área total da RDSEPT. Correspondem aos campos dunares,
tanto móveis como cobertos por vegetação. A cobertura arenosa proporciona uma
elevada taxa de infiltração da água e presta relevantes serviços ambientais para as
comunidades, entre os quais: disponibilidade de água doce; controle da intrusão
salina; regulação das funções ecológicas dos manguezais e da produtividade
marinha associada; formação de lagoas intermitentes sazonais que funcionam como
área de lazer e recreação para a comunidade e podem ser atrativos para o turismo.
Contudo, a função das dunas enquanto zonas de recarga depende da
manutenção deste ambiente como zona não edificante, pois a construção e
urbanização em ambiente dunar promove a impermeabilização do solo e reduz as
possibilidades de infiltração e recarga dos aquíferos. Também depende diretamente
da distribuição das chuvas ao longo dos anos. A Figura 20 mostra a situação das
lagoas situadas nas proximidades da comunidade de Lagoa Doce em dois
momentos diferentes, um ano de muitas chuvas e um ano de estiagem. Como pode
ser percebido, o clima modifica completamente o cenário ambiental e
socioeconômico, com especial efeito nas comunidades rurais da RDSEPT que
possuem uma relação mais estreita com a produção agrícola e criação de animais.
Atualmente, depois de seis anos com chuvas abaixo da média, os relatos
dos moradores de comunidades como Baixa do Grito, Lagoa Seca e Mangue Seco I,
indicam a escassez de água com o racionamento nas comunidades que possuem
53
abastecimento pela rede geral e de falta de água nas comunidades abastecidas com
carro pipa.
Figura 20 - Comunidade de Lagoa Doce no ano de 2009, Figura A (com elevada precipitação) e no ano de 2016, Figura B (depois de 06 anos de chuvas abaixo da média).
Fontes: Figura A – Ronaldo Diniz (06/07/2009); Figura B – Google Earth Pró (2016).
2.6.3 Solos
Os solos existentes na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual
Ponta do Tubarão estão fortemente relacionados com os componentes geológico-
geomorfológicos. Na planície litorânea predominam os neossolos quartzarênicos,
recobrindo a restinga e os campos dunares dispostos estratigraficamente por sobre
a Formação Barreiras. Na planície de maré ocorrem, marcadamente, os gleissolos,
54
associados aos sedimentos finos, areias, silte e argila, que sustentam o manguezal.
Nas planícies lacustres predominam os neossolos flúvicos e no tabuleiro costeiro,
ocorrem os latossolos vermelho amarelo. (Mapa 4).
De um modo geral, os solos da RDSEPT apresentam um baixo potencial
produtivo devido a características como, por exemplo: baixa fertilidade natural devido
a pouca quantidade de macro e micronutrientes; perfil arenoso sendo bem drenados
e com muita lixiviação; nos gleissolos as características estruturais e físico-químicas
inviabilizam seu uso agrícola devido ao hidromorfismo e a alta salinidade;
inundações periódicas devido a elevação do lençol freático.
Os solos com melhor potencial produtivo recobrem aproximadamente 18%
da RDSEPT no setor do tabuleiro costeiro, são os latossolos. Os latossolos vermelho
amarelos são constituídos por material mineral, apresentando horizonte B latossólico
imediatamente abaixo de A (EMBRAPA, 1999). São muito profundos, de textura
média, às vezes argilosa, porosos, muito intemperizados, comumente situados nas
áreas sedimentares (PEREIRA; SILVA, 2007). Na área em questão, estão
associados aos sedimentos da Formação Barreiras, ocorrendo na porção sul da
RDSEPT. A vegetação natural associada é a caatinga hiperxerófila. Segundo o
IDEMA [entre 2000 e 2010] estes solos poderiam ser intensamente aproveitados
para agricultura desde que fosse resolvido o problema da falta d‟água, que é um
fator limitante muito forte. Isso em virtude do longo período de estiagem, da grande
evaporação e da intensa perda por infiltração.
De um modo geral, os solos da RDSEPT apresentam um baixo potencial
produtivo devido a características como, por exemplo: baixa fertilidade natural devido
a ausência de macro e micronutrientes; perfil arenoso sendo bem drenados e com
muita lixiviação; nos gleissolos as características estruturais e físico-químicas
inviabilizam seu uso agrícola devido ao hidromorfismo e a alta salinidade;
inundações periódicas devido a elevação do lençol freático.
Os solos com melhor potencial produtivo recobrem aproximadamente 18%
da RDSEPT no setor do tabuleiro costeiro, são os latossolos.
2.6.4 Síntese Físico-Natural
Os componentes do meio abiótico na RDSEPT apresentam, de modo geral,
uma forte dinâmica em função dos processos que atuam e modelam o ambiente
litorâneo. As mudanças na paisagem, especialmente no Holoceno, deixaram marcas e
evidências do grande dinamismo geoambiental, resultado de processos de
transgressão e regressão marinhas e dos processos costeiros relacionados aos fluxos
gravitacionais, fluxo de deriva litorânea, fluxo eólico, fluxo estuarino, fluxo flúvio-lagunar
e fluxo subterrâneo. (MEIRELES, 2012).
A primazia de ambientes sedimentares, com a permanente circulação de água,
seja da maré ou água doce subterrânea, conferem ao ambiente físico da RDSEPT uma
importância significativa do ponto de vista ecológico e socioeconômico, contudo,
permeado por uma tênue fragilidade natural. Os sedimentos que hoje compõem a
restinga arenosa e os campos dunares cumprem a importante função de estabilizar o
ecossistema manguezal, portanto, são ambientes onde se deve ter um monitoramento
permanente e rígido controle no uso e ocupação dentro da RDSEPT e no seu entorno
próximo.
Ao longo do tempo, a exploração biológica e as populações tradicionais que
habitam a região, se adaptaram às rápidas mudanças geoambientais impostas pela
natureza. Nesse cenário, é importante mecionar que qualquer ocupação ou uso dos
sistemas de suporte a vida devem ser pensados com cautela, e, principalmente,
verificados os limites impostos pela legislação ambiental vigente.
Portanto, o conhecimento científico, atrelado a sabedoria popular, podem
indicar os rumos para a exploração sustentável do ambiente físico-natural da RDSEPT,
que deve ser pensado em conjunto com os demais fatores, biológicos, antrópicos e
legais.
2.6.5 Cobertura vegetal
O universo dos espaços ecológicos do Nordeste sertanejo é considerado
semiárido pelo fato de possuir uma estação chuvosa curta (4 meses), alternada com
uma estação muito seca longa (8 meses) (OLIVEIRA et al.1999). O caráter intermitente
sazonal dos cursos de água autóctones da regiãoreflete, mais do que qualquer outro
fato, o ritmo tropical das chuvas de verão variando entre 300-800 mm e temperaturas
57
medias anuais de 27 a 28 oC, contrapostas pelo inverno seco, e traduzidas por uma
periodicidade marcante das correntes fluviais.(OLIVEIRA et al.1999).
Extensos períodos com chuvas abaixo da média, de ocorrências normais e
cíclicas, são ocasionados por uma série de variantes, tais como, a circulação geral da
atmosfera, os fenômenos “El Niño” e “La Niña”, as temperaturas do Atlântico Sul, as
chamadas “correntes perturbadas” do N, S, W e E, os alísios do SE que parecem provir
da Massa tépida Kalahariana, a influência da Massa Polar Atlântica, até mesmo o ciclo
de manchas solares nos anos de intensa atividade solar (REIS, 1976). O
desmatamento contribui para o agravamento desse estio prolongado, mas está bem
claro que é apenas uma de suas causas.
Uma simples análise do mapa das precipitações anuais do Nordeste não é
suficiente para uma afirmação de que a caatinga é estreitamente ligada ao regime de
chuvas, pois algumas zonas de caatinga têm precipitação igual à de algumas zonas de
mata da parte meridional do Brasil. Porém, analisados os valores da evapotranspiração
que aí atingem os mais elevados patamares do país, sendo, na maioria dos casos, o
dobro dos valores encontrados para região Sul, chega-se a conclusão de que a
caatinga expressa o resultado do conjunto dos elementos climáticos e das condições
morfoestruturais associadas, sendo este, portanto, um fenômeno dotado de elevada
complexidade.
O Nordeste, segundo Ab‟Saber (1996), é um complexo fisiográfico, climático,
hidrológico e ecológico, tipicamente semiárido. Não há desertos, nem tampouco
eolização atual, ou marcas de arreismo regional ou subregional. Não ocorrem ali, nem
mesmo feições endorreicas, peculiares a outras regiões semiáridas rústicas do globo.
Por essa mesma razão, as terras sertanejas constituem um mosaico de solos de
regiões semiáridas quentes, não sujeitas a processos areolares de salinização ou fortes
concrecionamentos cálcicos. A combinação de fatores físicos, geoecológicos e
fitogeográficos apresentados pelo domínio morfoclimático do semiárido brasileiro,
demonstra um caso muito especial de evolução integrada de fatos físicos e bióticos, no
conjunto das grandes regiões paisagísticas brasileiras. O Nordeste, apesar de sua
posição subequatorial, constitue uma exceção no que diz respeito aos climas zonais
peculiares às faixas de latitudes similares. Ocupando uma área de 935 mil km2, sendo
297 mil com Caatinga hiperxerófila, 247mil com Caatinga hipoxerófila, 169 mil com
Caatinga mesclada com Florestas subperenifólias, subcaducifólias ou caducifólias, 110
mil com Caatinga mesclada com Cerrado, 101 mil com mistura de Caatinga, Floresta e
58
Cerrado e 22 mil km2 de Caatinga e Campos de altitude, estes valores correspondem a
áreas de ocupação potencial, sendo grande parte delas já perturbadas ou muito
antropizadas. A quantificação atual da cobertura vegetal nas unidades geoambientais,
infelizmente não se dispõe. Para se dissertar sobre a vegetação nordestina, é
necessário consultar a vasta bibliografia de Dárdano de Andrade Lima, complementada
por Luetzelburg (1922/1923), Duque (1953) e Rizzini (1963) para então se concluir
sobre a dispersão da flora nordestina atual.
A classificação das caatingas feitas por Andrade-Lima (1981) utiliza critérios,
sobretudo fisionômicos, além de geológicos, geográficos, climáticos e antrópicos para
separar as 06 grandes unidades vegetacionais de caatinga sem delimitá-las. Na
classificação da vegetação da caatinga duas questões são inegavelmente claras,
primeiro de que as diferenças vegetacionais resultam da integração clima-solo
resultando em várias comunidades vegetais e em segundo, as informações sobre a
relação vegetação - fatores físicos não são suficientemente conhecidas. Assim a
proposta de classificação é muito mais ecológica, onde a vegetação (flora e fisionomia)
tem um papel importante.
A vegetação da RDSEPT é caracterizada basicamente pelas formações de
mangue, vegetação da restinga, das dunas móveis, domínio das quixabeiras e caatinga
(Mapa 5). A localização da Reserva é justamente na região do Rio Grande do Norte
onde o semiárido alcança o litoral, portanto, os mangues fazem limite com as
formações de caatinga características do semiárido. Em levantamento da
biodiversidade do nordeste pelo PPBIO (2010), foi gerada uma série de mapas (Figura
21) síntese, podendo ser notada a região de estudo no nº14 como uma área de
proteção integral e alta importância biológica (BIODIVERSITAS, 2001).
O estudo da vegetação e da flora da RDSEPT teve como principal objetivo,
caracterizar as principais comunidades vegetacionais, suas estruturas e através da lista
florística conhecer e identificar as espécies componentes dos principais ambientes:
Coleta de plantas em área de Caatinga no tabuleiro litorâneo da RDSEPT.
Foram as comunidades mais detalhadas pela densidade e representatividade
na UC, tendo sido realizada uma divisão das parcelas, onde se coletou em 06
parcelas (cada parcela tem uma área de 100m² com distanciamento de uma
para outra de 50m) estabelecidas no campo para se fazer um levantamento
vegetacional e florístico da área, formando assim um diagrama de perfil da
unidade em estudo.
59
Coleta de plantas em área de restinga. Foi realizada a coleta de espécie
no local para o reconhecimento e catalogação com fins de fazer um
levantamento florístico da área.
Coleta de plantas em área de mangue na planície de maré. Foi realizada
uma coleta de barco por toda a área de mangue da RDSEPT, houve uma
parada na Ilha dos Cavalos, Ilha da Missa, ilhas em geral e nas gamboas, a fim
de fazer um reconhecimento da área e coletar espécies de mangue para o
levantamento florístico da área.
Com base no levantamento das unidades geomorfológicas, foram conduzidas
avaliações com enfoque nos seguintes ambientes identificados na RDS Ponta de
Tubarão e entorno imediato: I – Fisionomias de Caatinga e associações; II –
Fisionomias de Dunas e Restingas; III – Vegetação de Mangues; IV – Lagoas naturais e
V – Áreas antrópicas.
Os dados de vegetação indicados neste documento foram levantados
preliminarmente sob a coordenação do prof. Ramiro Gustavo Valera Camacho, através
de visitas técnicas nos meses do primeiro semestre de 2016. Para o inventário
florístico procedeu-se por etapas: coletas aleatórias das espécies vegetais de cada
unidade geomorfológica, estudo do material/identificação e incorporação aos Herbários
determinados. Para as coletas do material botânico utilizou-se a metodologia usual na
taxonomia vegetal. O material fértil (com flores e/ou frutos) foi coletado aleatoriamente,
nas diversas áreas, tratado pelas técnicas usuais de herborização (PEIXOTO et al.,
2013), registros e tombamento foram no acervo do Herbário Dardado de Andrade Lima,
da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA).
61
Figura 21 - Mapa Síntese das Ações Prioritárias e Áreas de Importância Biológica no Bioma Caatinga, Localização da Área de Estudo (nº14). Os números indicam às áreas prioritárias identificadas para pesquisa.
Fonte: ModificadodeBiodiversitas (2001).
A identificação das espécies foi realizada através da análise morfológica dos
caracteres vegetativos e reprodutivos, consultas à bibliografia especializada,
comparação com exsicatas depositadas no Herbário Dardado de Andrade Lima, da
UFERSA e Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). O processo de identificação
foi realizado no Laboratório de Ecologia e Sistemática Vegetal (LESV) da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), resultando na elaboração
62
de uma lista florística que se encontra no Apêndice B, seguindo o sistema de
classificação filogenético segundo APG III (2009) e Silva et al. (2014), além dos
especialistas dos principais grupos consultados.
Os setores pesquisados na RDSEPT estão descritos a seguir:
Tabuleiro litorâneo: Caatinga
Esta unidade apresenta morfologia geralmente de plana a levemente
ondulada, forma de relevo constituída por arenitos e paleossolos (Formação
Barreiras) e depósitos de sedimentos arenosos recentes (coberturas fluviais,
cascalheiras e outros). As transformações morfológicas mais comuns referem-se às
modificações de abrangência em área, e são decorrentes da migração de dunas
móveis em direção a esse compartimento e a ampliação da ocupação por áreas
agrícolas, crescimento de comunidades e novos assentamentos.
Na RDSEPT, o tabuleiro litorâneo localiza-se logo após os campos dunares,
na porção sul (Figura 22). A vegetação no tabuleiro é do tipo caatinga hipoxerófila,
também conhecida como caatinga arvóreo-arbustiva, que apresenta características
fitofisionômicas bastante heterogênea, de pequenas árvores esparsas. Os indivíduos
chegam até próximo de 5 m de altura média, com baixa freqüência de áreas de
bosque, com grossos troncos e cascas espessas, e um intensivo esgalhamento
ramificado, geralmente providos de espinhos; são decíduas na época desfavorável.
À medida que as espécies se aproximam da praia, diminuem o porte. O estrato
arbustivo é abundante, formando clareiras, sendo que o estrato herbáceo possui
numerosas espécies semi-lenhosas.
A diversidade de espécies é alta se comparada aos outros tipos de
vegetação da RDSEPT. De uma maneira geral, as espécies mais representativas
são: “catingueira” (Caesalpinia pyiramidalis Tul.), “algaroba” (Prosopis juliflora (SW)
D. C), “jurema preta” (Mimosa tenuiflora Benth.), “quixabeira” (Bumelia sartorum
Mart.), espécie dominante neste ambiente, “velame” (Croton rhamnifolioides),
“marmeleiro” (Croton sonderianus Muell. Arg.), “Catanduva” (Piptadenia
moniliformis), “mufumbo” (Combretum leprosum Mart.), “olho de boi”
(Pavoniacancelata), “joazeiro” (Ziziphusjoazeiro Mart.), Calotropis procera Ait.,
“favela” Cnidosculus phyllacanthus (Muell. Arg.) Pax et K. Hoffman, entremeadas por
algumas cactáceas como o “facheiro” (Pilosocereus sp), “mandacaru” (Cereus
63
jamacaru DC.) e a “palma” (Opuntia sp), esta última margeando cercas, além de um
denso estrato herbáceo de espécies espinhosas como “bamburral” Hyptis
suaveolens(L.) Poit , Mimosa sensitiva L., “mata-pasto” Cassia tora L. “jitirana
peluda” Merremia aegyptia(L.) Urban. espécies espinhosas.
Figura 22 - Unidade geomorfológica do tabuleiro litorâneo e as espécies de Caatinga na RDSEPT durante os trabalhos de campo.
Fotos: LESV – UERN.
Especificamente nas áreas ocupadas pelas comunidades, a vegetação conta
ainda com espécies introduzidas decorrentes da ocupação humana de longa data.
Entre as espécies mais freqüentes estão: “mangueira” (Mangifera indica L.)
“bananeira” (Musa paradisiaca L.), “macaxeira” (Manihot sp), “azeitona” (Sizigium
sp), “cajá” (Spondias lutea L.), “goiba” ( ), “Acerola” ( ), “coqueiro” ( ), “caju” ( ), .
Segundo observações feitas em campo e o levantamento e análise da
vegetação com a identificação das espécies coletadas, foram encontradas 193
espécies, distribuídas em 08 gêneros e 04 famílias botânicas. A diversidade em
espécies do local pode ser comprovada pelo numero de espécies apresentadas na
64
Tabela 3, mesmo depois da região já ter sido extremamente alterada pela ação
antrópica. A análise dos dados através dos parâmetros fitossociológicos e
levantamento de dados como altura, diâmetro da base do caule e identificação dos
indivíduos, são dados importantes para falar em densidade, dominância e frequência
das espécies amostradas.
Das espécies que foram identificadas, as que apresentaram a maior
Frequência Relativa (FR) na área estudada foram: Piptadenia moniliformis Benth
(Catanduva) da família Fabaceae, Croton Sonderianus(Marmeleiro) da família
Euphorbiaceae, com 30% e 25% respectivamente. Com relação aos valores de
Densidade Absoluta (DA) encontrados, novamente para os indivíduos identificados
ao nível de espécie, a Catanduva ocupa a primeira posição, sendo a espécie com
maior densidade, com aproximadamente 22,4 indivíduos por m². Em seguida está o
Marmeleiro com aproximadamente 11,6 ind/m². Em terceiro está a Mimosa
Tenuiflors, espécie vulgarmente chamada de Jurema com aproximadamente 3
ind/m². As espécies que apresentaram os maiores valores de Dominância Absoluta
(DoA) foram: Catanduva (15,23 m²), Jurema (454,94 m²) e o Marmeleiro (425,60).
Dentre as identificadas, foram essas três espécies as que revelaram as maiores
áreas basais.
As espécies identificadas que apresentaram os maiores Valores de
Importância (VI) foram: Catanduva (148,78%), Marmeleiro (72,02%) e Jurema
(35,92%). sob o ponto de vista ecológico estas espécies são, extremamente
importantes na comunidade florestal estudada por serem dominantes e mesmo com
a ação antrópica causada pela instalação dos geradores de eólicos ainda
apresentam um bom percentual.
Tabela 3 - Dados fitossociológicos das parcelas amostradas realizadas no levantamento vegetacional da RDSEPT.
Espécie Ocorr. Nº ind.
A.B. A.M. Fabs. Dabs. Do abs.
FR% DR% DoR% V.I.
Caatingueira 1 1 76,1 2,1 0,2 0,2 15,2 5,0 0,5 0,6 6,1
Marmeleiro 5 58 2.128,0 1,8 1,0 11,6 425,6 25,0 30,0 17,0 72,0
Jurema 2 15 2.274,7 3,3 0,4 3,0 454,9 10,0 7,8 18,1 35,9
Imburana 2 2 296,2 5,0 0,4 0,4 59,2 10,0 1,0 2,4 13,4
Catanduva 6 112 7.616,8 1,7 1,2 22,4 1523,3 30,0 58,0 60,7 148,8
Pinhão 2 2 120,6 1,3 0,4 0,4 24,12 10,0 1,0 1,0 12,0
Trepadeira 1 1 1,0 1,3 0,2 0,2 0,2 5,0 0,5 0,01 5,5
Fabaceae 1 1 2 24,1 4,0 0,2 0,4 4,8 5,0 1,0 0,2 6,2
TOTAL 20 193 12.537,4 4 38,6 2507,5 100 100 100 300
65
A partir das observações em todas as parcelas que foram realizadas às
coletas, os resultados mostram uma representatividade de espécies arbórea-
arbustiva de 09 espécies. Este valor elevado esta relacionado com seus valores
representativos de Densidade e Dominância destas espécies que apresentaram um
número maior de indivíduos por parcela amostrada e correspondem a uma área
basal de porte arbóreo.
A que é lembrada por ser pioneira e por resistir a ambientes com grandes
impactos é o Marmeleiro, oCroton sonderianus é o mais abundante dos marmeleiros
nordestinos encontrados nacaatinga. Segundo Matos (2001), fornece boa lenha
para queima, sendo bastante utilizada como material para cercas de varas e
preparação de gaiolas para pesca da lagosta. Na medicina popular é utilizado via
oral, para inchaço (FRANCO; BARROS, 2006), hemorragia uterina, hemoptise, dor
de estômago, vômitos e diarréia (MATOS, 2001). Croton sonderianus também
apresenta importância na criação de ovinos, apresentando um alto valor nutritivo e
boa digestibilidade para o uso em forragens para suplementação animal (ARAÚJO
et al., 1996).
Outra espécie que cabe relatar sua importância na caatinga é a Piptadenia
moniliformis (Catanduva). É uma espécie arbórea melífera, de crescimento rápido,
característica da caatinga do nordeste brasileiro, onde é muito abundante e com
dispersão contígua e irregular. Seus ramos finos, junto com as folhas, servem como
alimento para animais, suas sementes apresentam dormência por impermeabilidade
do tegumento à água, espécie pioneira, rústica e de rápido crescimento, indicada
para reflorestamentos heterogêneos com fins preservacionistas(LORENZI, 2002).
Podemos destacar, ainda, a Mimosa tenuiflora (Willd. Poir), trata-se de uma
espécie de grande importância no domínio da caatinga no semiárido nordestino,
popularmente conhecida como Jurema-preta, é uma espécie ocorrente na caatinga
do nordeste brasileiro e considerada uma planta pioneira. Possui porte arbustivo,
atingindo até 7 m de altura. É decídua, perdendo as folhas ao fim da estação
chuvosa, seu tronco é tortuoso e não atinge grandes diâmetros. Tem por
característica boa capacidade de rebrota em qualquer época do ano.
Comercialmente, é usada na forma de lenha, devido ao seu alto poder calorífico,
além de ser utilizada para alimentação animal. É uma espécie indicadora de
sucessão secundaria progressiva ou de recuperação, quando é praticamente a única
espécie lenhosa presente, porem a tendência ao longo do processo é de redução
66
numérica drástica (ARAÚJO et al, 1996). É uma arvore de usos múltiplos e coloniza
abundantemente sítios desfavoráveis, incluindo aqueles com severo déficit hídrico.
Campo de dunas: Vegetação de dunas móveis e Domínio das quixabeiras.
A RDSEPT apresenta extenso e significativo campo dunar, formado tanto
por campo de dunas móveis quanto dunas cobertas por vegetação (Figura 23). A
vegetação, por sua vez, é variada, adequada às situações muitas vezes extremas de
temperatura, salinidade, ventos e solos pouco férteis.
67
Figura 23 - Diferentes visões das dunas móveis na RDSEPT.
Fotos: LESV – UERN.
Os campos de dunas fixas da RDSEPT são recobertos por vegetação
rasteira a arbustiva, sendo por isso menor a migração de sedimentos arenosos
(Figura 24). Para estas unidades é importante ressaltar o constante transporte eólico
dos campos de dunas e sua importante função como área de recarga pluvial do
aqüífero. Morfologicamente, estes tipos de dunas apresentam relevo ondulado, com
feições de cordões praticamente isolados (em forma de grampo de cabelo) ou
sobreposições de cordões (forma de língua) com orientação dominante de sudeste e
68
noroeste, coincidente com a direção dos ventos mais constantes. Nota-se que as
dunas fixas, em forma de cordões isolados, ocorrem dominantemente na área
mapeada, paralela ao tabuleiro litorâneo.
Silveira (2002) afirma que as origens dos campos dunares estão
relacionadas às condições climáticas, às variações do nível do mar e ao controle
estrutural. O referido autor afirma ainda que as dunas fixadas por vegetação,
provavelmente se desenvolveram a partir de regressões marinhas coincidentes com
períodos de clima árido a semiárido, deixando expostas superfícies de areia, as
quais foram remobilizadas pelos ventos em direção ao continente, constituindo deste
modo os campos de dunas. O surgimento de condições mais úmidas favoreceu o
desenvolvimento de vegetação estabilizadora das areias das dunas.
Podem-se observar planícies nos campos dunares, as quais são
caracterizadas como planícies de deflação eólica ou interdunares. Segundo IDEMA
(2002), estas planícies compreendem comumente as áreas entre a zona de praia e
os campos de dunas, com relevo plano com ondulações suaves e declividade
dominantemente para o oceano, e cotas altimétricas entre dois a cinco metros. A
origem dessa feição está relacionada a processos de remoção e transporte de
sedimentos médios a finos pela ação dos ventos, resultando na formação de
depressões extensas, definindo esta planície como uma faixa de transição de areias
e, portanto, sujeita a intensas modificações temporárias (IDEMA, op cit).
A vegetação que recobre o campo dunar na RDSEPT é extremamente
variada, desde formações de caatinga arbóreo-arbustiva, exclusivamente de árvores
esparsas, até formações exclusivamente herbáceas.
69
Figura 24 - Distintas feições das dunas fixas na RDS, onde a vegetação apresenta diferentes dominâncias e espécies.
Fotos: LESV - UERN
As dunas mais próximas ao litoral apresentam cotas elevadas e terrenos
suavemente ondulados, cobertos por um campo de vegetação pioneira formada por
ervas baixas com altura inferior a 30 cm e cobrindo em até 75% do solo durante a
época chuvosa. A fisionomia é marcada pela presença de plantas que se
caracterizam pelo desenvolvimento de estruturas adaptativas a ambientes inóspitos,
de vegetação rala, onde podemos destacar “bredo da praia” Sesuvium
portulacastrum L., “pirrixiu” Blutaparon portulacoides L., além de “salsa da praia”
Ipomoea pes-caprae (L.) R. Br., “xibiu-de-nega” Canavalia obtusifolia DC.,
“fedegoso” Heliotropium lanceolatum Ruiz. & Pav. Essas plantas apresentam
características especiais, estoloníferas ou rizomatosas, capazes de formar um
sistema radicular extenso, mas de crescer para cima e para os lados através de
depósitos recentes de areia, elevando-se de acordo com as necessidades. São
tolerantes a exposição contínua aos fortes ventos e intensa salinidade. Durante o
70
período de estiagem as ervas podem morrer e o solo tornar-se praticamente
descoberto, o que facilita a movimentação da areia pelos ventos fortes e
predominantes de nordeste. Esse tipo de vegetação é comum, cobrindo as dunas
entre as comunidades de Diogo Lopes e Barreiras e na extremidade noroeste da
RDSEPT. Na porção nordeste da Reserva, nas áreas mais baixas, o campo cobre
totalmente o solo, apresentando uma altura de cerca de 10 cm e tem em Blutaparon
portulacoides a halófita mais abundante.
Além das dunas móveis, em direção ao sul, encontra-se um campo de dunas
fixas arrasadas associado a corredores deflacionais antigos que se elevam alguns
metros acima do tabuleiro litorâneo. A vegetação que as recobre apresenta uma
fisionomia bastante particular, cobrindo em até 90% do solo. Dominando a
paisagem, em termos de porte, com 5 a7 metros de altura, são comuns as
quixabeiras (Bumelia sartorum), distanciadas cerca de 10 a20 metros na maior parte
da área. De porte menor (2 a 3m), porém mais abundantes, são as catingueiras
(Caesalpinia gardneriana), que se encontram abundantemente floridas durante o
período de inverno. Entre as árvores observa-se também o marmeleiro (Croton
blanchetianus), a maniçoba(Manihot speudoglaziovii), o pereiro (Aspidosperma
pyrifolium) e o espinheiro (Chloleucon foliolosun). São comuns ainda o pinhão-de-
folhas-miúdas (Jatropha gossypifolia), o facheiro (Pilosocereus sp.), o mandacaru
(Cereus jamacuru) e o xique-xique (Pilosocereus gounelei), além de uma malvácea
de grandes flores amarelas, bastante freqüente. Entre as ervas são comuns
Richardia grandiflora, Diodia sp.,quipá, velame (Croton sp.), Waltheria sp. A
fisionomia dessa vegetação sobre as dunas fixas é bastante variável. Na porção
ocidental a vegetação herbácea domina o campo de dunas e as quixabeiras
desaparecem. Na porção oriental a vegetação diminui de porte, com o domínio das
ervas e a presença, entre as arbóreas, apenas de quixabeira, logo atrás das
comunidades de Sertãozinho e Diogo Lopes.
O domínio das quixabeiras (Figura 25)se destaca de forma expressiva no
campo dunar, com seus ramos armados, espinhos agudos, rígidos. Elas têm um
papel fundamental na reserva, pois seus galhos e folhas contribuem na alimentação
de animais, os troncos fornecem madeira para a construção de barcos e a casca é
ainda usada como remédio caseiro. É ainda uma planta da flora brasileira, comum
da caatinga, que se encontra seriamente ameaçada de extinção, principalmente pelo
extrativismo da casca para comercialização.
71
Figura 25 - Vegetação associada ao campo dunar: Quixabeiras (Bumelia sartorum) e Carnaúbas (Copernicia prunifera).
72
Foto: LESV UERN.
Ainda, no campo dunar, há uma única e pequena formação distinta,
caracterizada pela dominância de carnaúbas (Coperniciaprunifera), ocorrendo em
densas populações em áreas encharcadas (várzeas) ou em associações com outras
espécies entre dunas móveis e afloramentos de água do lençol subterrâneo. Os
sedimentos que constituem essa unidade são predominantemente marinhos nas
proximidades da foz e fluviais continentais a montante em trechos mais elevados
(ondulações suaves e pequenos terraços fluviais). Nessas áreas há o
desenvolvimento de carnaúbas e outras plantas típicas da caatinga.
É digna de nota a completa diversidade dessa vegetação dunar quando
comparada com a vegetação dunar da porção oriental do Rio Grande do Norte.
Nesse ambiente a estação chuvosa mais prolongada favorece o desenvolvimento
das espécies da Província Fitogeográfica Atlântica, enquanto na RDSEPT, o clima
semiárido permite que as espécies da Província Fitogeográfica das Caatingas se
instalem sobre os solos arenosos até bem próximo ao litoral. Mesmo com uma
composição de espécies tão diferente, não existe dúvida que essas dunas arrasadas
e aquelas cobertas pelos campos, constituem-se em dunas fixas, já que a
mobilidade de suas areias é muito baixa.
Planície de maré: Mangue No contexto da RDSEPT, o manguezal e a Planície de Maré ocorre na
porção norte de seu território. Os manguezais ocupam a zona de intermaré com
altitude até 2,5 metros e declividade baixa, com substrato composto por argilas
orgânicas e sedimentos areno-siltosos com intensa bioturbação e ampla
biodiversidade (Figura 26). O sistema estuarino na RDSEPT é constituído por um
canal principal, cuja profundidade varia de 1 a8 m, e associado a ele, dezenas de
gamboas e outros canais menos profundos. Esta formação ocupa cerca de 536
hectares, ou aproximadamente 4% da área da RDS. Sua importância em termos
estaduais é significativa, uma vez que corresponde a aproximadamente 18% do total
do Estado, além de localizar-se na região costeira entre o estuário do rio Açu
(Macau) e o complexo estuarino Guamaré/Galinhos, que representam 77% dos
mangues do Estado.
73
Figura 26 - Fotografias do sistema estuarino e tipos de mangues presentes na RDSEPT.
Fotos: LESV UERN.
A vegetação de mangue da RDSEPT tem um porte de cerca de 3 a 6m de
altura e é constituída basicamente por mangue sapateiro ou vermelho (Rizophora
74
mangle) e mangue branco (Laguncularia racemosa), apresentando ainda alguns
exemplares de mangue manso (Avicennia shaueriana / A. germinans) e mangue de
botão, bolinha ou mangue ratinho (Conocarpus erectus) (Figura 27) ilustrando a
coleta das 04 espécies presentes nos mangues da RDS.
Associados ao ecossistema de manguezal estão outros biótopos submersos
que exercem papel fundamental na manutenção de espécies marinhas e estuarinas
(NAGELKERKEN et al., 2000). São eles: aglomerados de rochas, terrenos arenosos
com pouca vegetação, bancos de macroalgas, emaranhados de raízes de mangue
vermelho e os prados de fanerógamas marinhas (seagrass beds). Além desses
biótopos submersos, existem crôas ou bancos arenosos ou areno-lodosos que são
importantes áreas de pesca na RDSEPT. Todos os ambientes mencionados acima
são áreas de pesca potenciais para o desenvolvimento das diversas atividades
pesqueiras caracterizadas adiante. A biota do manguezal inclui centenas de
espécies de peixes, crustáceos, moluscos, cnidários, equinodermos, macroalgas e
plantas vasculares, entre outros. Só entre os peixes, mais de 80 espécies podem ser
encontradas no manguezal da RDSEPT (DIAS, 2006).
75
Figura 27 - Espécies de mangue na RDSEPT: Rhizophora mangle, Laguncularia racemosa, Avicennia shaueriana e Conocarpus erectus..
Fotos:LESV/UERN.
Além da importância biológica, os manguezais da RDSEPT têm uma
significativa importância social e econômica uma vez que as comunidades de
Barreiras, Diogo Lopes e Sertãozinho utilizam recursos pesqueiros e marisqueiros
do mangue para sua sobrevivência. A vegetação do manguezal é ainda
tradicionalmente utilizada como complemento alimentar para a alimentação de
bovinos, caprinos, em sistema de desbaste da vegetação, onde parte das folhas
externas de várias plantas é cortada periodicamente como sistema de poda. Toda a
área de mangue é reconhecidamente frágil, e com sua supressão intensifica-se o
assoreamento na costa, aumentando ainda mais a dinâmica da costa existente na
RDSEPT.
Os manguezais sempre geraram recursos naturais primários para as
populações locais, principalmente as de baixa renda. As explorações de vários
desses recursos é, ainda hoje, a principal fonte de rendimentos para as populações
pobres dos litorais dos trópicos. O produto do mangue mais largamente utilizado é a
76
madeira, empregada na construção de habitações de famílias de baixa renda.
Devido à resistência da madeira do mangue à decomposição e a sua rigidez, esta
serve ainda de matéria prima para a construção de pontes, ancoradouros, postes e
dormentes. As árvores de Avicennia sp. são também utilizadas para a construção de
canoas de tronco único.
Outro uso importante da madeira do mangue é como fonte de combustível
sob forma de lenha e carvão, e recentemente tem sido empregada na produção de
álcool de madeira, com algum sucesso, em certos países da Ásia (LEMOS;
MARTINS, 2007). O carvão obtido das madeiras de mangue possui características
de combustão similares às do carvão mineral, por possuir alto valor calórico, o que
aumenta sua procura, causando infelizmente o desmatamento de áreas extensas
(SCHAEFFER-NOVELLI,1995).
Há exemplos também do uso de manguezais para forragem, pois as folhas
de mangue são amplamente utilizadas como alimento animal em algumas regiões
áridas (por ex., Paquistão, Egito e Eritréia), onde Avicennia marina é a espécie
preferida, mas Rhizophora mucronata também fornece forragem adequada para
camelos, cabras e gado (MACINTOSH; ASHTON, 2004).
Um subproduto muito procurado do mangue, especialmente do mangue
vermelho (Rhizophora mangle), é o tanino, obtido das cascas das árvores. Servem
para proteger as redes de pesca e as velas das embarcações, cuja fibras naturais
tornam-se mais resistentes aos microorganismo responsáveis pelo decomposição
destes materiais nas áreas úmidas e alagadas. O alto teor de tanino possibilita ainda
seu emprego na indústria de curtição de couros (LEMOS; MARTINS, 2007).
Na medicina natural possui importância no tratamento de erupções da pele.
É utilizada pelas conhecidas “curandeiras” que aproveitam os vegetais do mangue
para a cura de diversas moléstias, através de suas propriedades bactericidas e
adstringentes (LEMOS; MARTINS, 2007).
Outra utilização da vegetação de mangue na RDSEPT é a confecção de
esteiras com galhos finos, servindo de estrutura suspensas para a secagem do
peixe aberto e salgado, no beneficiamento de pescado conhecido como
“escalagem”.
O uso do mangue como recurso natural para as populações tradicionais da
RDSEPT deverá passar por uma regulamentação específica a partir de estudos
77
aprofundados para que sejam determinados modelos sustentáveis de exploração
considerando a capacidade de regeneração natural e os impactos sinérgicos.
Restinga
No caso da RDSEPT, a restinga (conhecida localmente também como
“costa”) apresenta diferentes feições, com áreas planas, pequenas dunas, e largura
variável de acordo com a dinâmica das marés e ventos (Figura 28).
A cobertura vegetal nesta unidade ambiental quando existente, corresponde
àquela típica das formações arenosas, já descritas para o campo dunar. Cabe
ressaltar ainda que toda esta unidade é área de ocorrência de tartarugas-verde
(Chelonia mydas), sendo utilizada para desova e reprodução desta espécie. As
tartarugas-verde estão globalmente ameaçadas de extinção (IUCN, 2006), na
categoria “em perigo”, que significa que a espécie corre um alto risco de extinção na
natureza.
a b c d
78
Figura 28 - Diferentes formações no cordão de areia que formam a “costa” e restingas na RDSEPT.
Fotos: LESV/UERN.
2.6.5.1 Utilização da vegetação da RDSEPT
As quixabeiras têm um papel fundamental tanto com os produtores de
animais quanto com os pescadores da RDSEPT. No primeiro caso elas contribuem
com a alimentação de caprinos e no segundo, contribuem com o fornecimento de
madeira para a construção de barcos (IDEMA, 2006).
A bibliografia especializada cita diversos usos das quixabeiras em diferentes
regiões do semiárido brasileiro. Almeida et al (2006) identificaram a utilização da
79
quixabeira como uma das espécies utilizadas na alimentação do gado no semiárido
pernambucano, assim como Silva et al, (2004) e Trovão et al (2004) verificaram na
Paraíba. Para Vieira(2005), a utilização de espécies forrageiras arbustivas e
arbóreas existentes na região do semiárido é uma das formas de minimizar o
problema de escassez de forragem durante o período seco do ano. Embora a
Quixabeira tenha muitos espinhos duros, os rebanhos alimentam-se de suas folhas
e frutos (PE-AZ, 2007), sendo citado que o bode que com estes se alimentam é
luzidio, gordo, bonito e de carne gostosa (SILVA et al, 2004).
Outro uso muito citado das quixabeiras é o medicinal. Sua casca tem
propriedades adstringente, tônica, anti-diabética e cicatrizante, sendo aplicada na
medicina doméstica como anti-diabética, onde o chá faz desaparecer em poucos
dias o açúcar da urina do diabético que o usa; é tônica, pois quem faz uso dela se
sente renovado e se torna corado e forte; é adstringente por ser rica em tanino, e é
cicatrizante (SILVA et al, 2004). É utilizada ainda no tratamento de pancada, gripe,
gastrite, dor nos rins e inflamações (FERRAZ et al, 2007).
Descrição do uso da quixabeira na RDSEPT:
i) Na alimentação de animais:
Dentre os quatro tipos de manejo usados na criação de animais, na região
da RDSEPT, utilizam a vegetação encontrada nos campos de dunas para a
alimentação animal por pastagem, seja somente no período de chuva ou durante
todo o ano. Dentre as vegetações encontradas nesta região, a quixabeira se
destaca, por ser uma árvore de grande porte, com produção de frutos, chamados
quixaba, e sendo altamente resistente à escassez hídrica da região.
O uso da quixabeira para a alimentação animal se faz sempre através da
pastagem direta dos animais sobre a mesma, segundo os criadores, sem o corte de
galhos e folhas para alimentação em currais. Os criadores citam que esta vegetação
não é cortada para alimentar os animais em períodos de estiagem porque são
encontradas muito longe da cidade, com dificuldades no transporte.
Há uma diferenciação do uso da quixabeira em função do animal. As
ovelhas não se alimentam diretamente das folhas da quixabeira e sim do fruto que
cai no chão. A produção deste fruto se dá de novembro a janeiro. As cabras
alimentam-se das folhas, inclusive subindo na árvore, e o gado alimenta-se das
80
folhas e dos frutos. Muitos citam que embaixo da quixabeira há o desenvolvimento
de gramíneas que também alimentam estes animais.
Os locais citados, pelos moradores de Diogo Lopes/Sertãozinho, onde os
animais se concentram, em função da disponibilidade de melhor vegetação, foram o
“Alto do Sertãozinho”, “Boi Véio”, “Pau feito” e “São Bento”, locais com concentração
de quixabeiras. Alguns criadores de Barreiras dizem que os animais não chegam a ir
até os locais onde há quixabeira por ser muito longe, pastando somente sobre as
gramíneas do local.
ii) Fabricação de embarcações
A partir de informaçõesde carpinteiros navais é verificado que esta é uma
atividade tradicional de suas famílias, sendo o ofício passado entre as gerações.
Aparentemente as gerações mais novas não tem o interesse em continuar esta
tradição.
Dentre as diversas madeiras usadas na fabricação de embarcações, a
quixabeira é citada como a melhor por ser boa de trabalhar, mais barata e ser da
região, além da grande resistência a água do mar, durando até 30 anos, segundo os
entrevistados. Esses senhores tem consciência de que é uma árvore que demora
muito para crescer, como visto em um exemplar na qual foi registrado o tempo de
crescimento, com cerca de 15 anos e que ainda não está em um tamanho
satisfatório para ser usada em construção de barcos. Sabem que é uma madeira
protegida por lei e dizem usar muito pouco, mesclando seu uso com outras
madeiras, tais como louro, pinho, sucupira, catanduva, gororoba, jataí, imburana,
cabacú e algaroba, sendo esta última muito boa e muito rápida no crescimento,
porém muito dura, com problemas no processo do corte por danificar as cerras.
Quanto à quantidade de madeira necessária para construir uma embarcação
deste porte, se fosse totalmente feita da madeira da quixabeira, as informações são
contraditórias, variando de 12 a 45 troncos para um barco de 6 m de comprimento.
Quanto às particularidades da madeira, há o conhecimento popular que diz que a
quixabeira deve ser tirada na lua nova para não “pegar bichos”. Muitas vezes são
tiradas quixabeiras ocas, que não servem para construção de barcos e são perdidas.
Outra dificuldade do uso da quixabeira é que está ficando mais difícil encontrar boas
árvores e não há mais quixabeiras grandes.
81
iii) Como remédio caseiro
É citado o uso da casca da “Quixabeira Branca” para a produção de remédio
caseiro contra dores em geral, tal como dores na coluna e nos rins, e inflamações. A
Quixabeira Branca é descrita como aquela que não tem espinhos, chamada por eles
de árvore fêmea, sendo mais difícil de encontrar na região do que a “Quixabeira
comum”. Citam que a casca não pode ser tirada em volta de toda a árvore senão
esta morre. A árvore demora uns 10 anos para repor a casca.
iv) Produção de carvão
Apenas uma senhora confirmou a utilização da quixabeira para a fabricação
de carvão, juntamente com a vegetação do mangue. Utiliza os galhos secos, as
árvores que morrem e restos de árvores cortadas por outras pessoas. Faz somente
na estação seca, com o recolhimento da lenha seca com a ajuda de jumentos para o
transporte. São necessários 10 sacos de lenha seca para produzir 1 saco de carvão.
v) Conflitos existentes na utilização deste recurso
Dentre os conflitos verificados, o mais citado foi que, com o aumento de
terrenos cercados, muitas vezes por posseiros, há uma diminuição da área
disponível para os animais pastarem e transitarem. Muitas vezes, quando estes
animais entram nestas propriedades são feridos pelas cercas, por cachorros ou
mesmo por pessoas que maltratam os animais para espantá-los. Os criadores mais
antigos reclamam que atualmente há muitos animais, provocando um sobrepastoreio
o que causa uma competição pelo pasto disponível.
vi) Sugestões para um melhor manejo deste recurso
A lenta regeneração e baixas taxas de crescimento da vegetação de
quixabeira, quando aliadas a um esforço de exploração superior ao limite de
sustentabilidade, podem ocasionar o desaparecimento desta espécie do
ecossistema, sendo assim imprescindíveis à adoção de técnicas de manejo florestal
e de sistemas agroflorestais para que isso não ocorra juntamente à preservação da
biodiversidade em áreas especialmente protegidas.
82
Projetos de recuperação de áreas degradadas, recomposição de matas
ciliares, contenção de erosão e paisagismo de áreas urbanas e rodovias encontram
problemas de implantação devido à pequena produção de mudas de espécies
arbóreas, principalmente nativas. Sendo assim é necessário mais estudos e
investimentos na produção de mudas desta espécie para replantio.
Para a RDSEPT, o uso das quixabeiras como vegetação de pastagem de
animais não causa problemas. Para o uso na fabricação de carvão e para serem
utilizadas como lenha, deveria ser permitido somente o uso de galhos secos, sem a
retirada de toda a árvore. Para a utilização como matéria prima na fabricação de
barcos o controle deveria ser maior, com a aplicação de técnicas silvoculturais, tais
como cadastro das árvores disponíveis, programação de cortes e replantio de
mudas de quixabeira para uso a longo prazo. Para tal é necessário maior
fiscalização e educação das pessoas envolvidas nesta atividade.
O uso da casca da quixabeira como remédio caseiro deveria ser incentivada,
com o repasse de técnicas corretas de retirada da casca para não prejudicar a
árvore, de confecção do remédio e do tempo de validade deste remédio.
Com as cascas do caule do angico, prepara-se um decocto usado
externamente no tratamento de afecções uterinas, coceira, como cicatrizante de
ferimentos e anti-inflamatório. O lambedor da casca é usado no tratamento de
tuberculose, constipação, gripe, tosse e bronquite ou como expectorante. O chá das
cascas é usado na cura de bronquite, catarro, gripe e tosse. O chá das flores é
usado na cura da tosse. O lambedor das folhas é utilizado no tratamento de
verminoses.
Com as cascas do caule da aroeira, prepara-se um decocto usado
externamente no tratamento de coceiras, como cicatrizante de ferimentos e anti-
inflamatório e, internamente, para inflamação do dente, da garganta (gargarejo),
inchaço no pé, verminoses, úlceras, gastrite, infecções urinárias, como anti-
inflamatório, para afecções hepáticas e renais. O molho das cascas é empregado
externamente no tratamento de coceiras, infecções e também como cicatrizante de
queimaduras.O chá das folhas é usado como cicatrizante e para dor nas pernas.
Com a casca do caule da caatingueira, prepara-se o decocto usado
externamente no tratamento de reumatismo e inchaço e pode-se beber para tratar
gastrite, tosse, congestão, diarreia e reumatismo. O lambedor é usado no tratamento
de tosse, catarro e gripe. O molho das cascas é usado no tratamento de infecções
83
urinárias. Com a flor, pode-se preparar um chá ou um lambedor empregado no
tratamento de gripe e hepatite ou como expectorante. O chá das folhas pode ser
utilizado no tratamento de gripe ou como analgésico.
2.6.6 Caracterização da fauna
Por estarem localizadas em uma área que apresenta marcante
heterogeneidade ambiental e com dinâmicas ecológicas exclusivas, as unidades
ambientais que compões a RDSEPT proporcionam um ambiente favorável ao
estabelecimento de comunidades biológicas distintas. Aqui apresentamos os dados
preliminares da fauna com ocorrência na unidade de conservação (UC) e/ou em
áreas com características similares no estado do RN.
2.6.6.1Aves
A riqueza de aves da Caatinga é quantificada em 510 espécies (Silva et al.
2003). Pouco mais de 50% desse número (262 espécies) já foram registradas no Rio
Grande do Norte (SILVA et al. 2012). Áreas com grande diversificação de hábitats
como é o caso da possuem grande importância na manutenção desta comunidade
de aves, sendo capazes de sustentar alta riqueza de espécies.
O levantamento da comunidade de aves da RDSEPT ocorreu no dia 24 de
abril de 2016 com esforço amostral de 8 horas distribuídas entre os ambientes de
planície de maré, manguezal, restinga, dunas fixas e tabuleiros costeiros. As
espécies foram identificadas por meio de registro visual e/ou auditivo. Além do
presente trabalho de campo foram consideradas ainda espécies registradas em um
esforço pretérito na UC (IDEMA 2007), além daquelas registradas em áreas
pertencentes aos municípios de Macau e Guamaré (SILVA et al. 2012).
Considerando ainda os dados do Banco de Dados produzidos pelo Projeto de
Monitoramento Ambiental de Praias do Litoral do Rio Grande do Norte e Ceará
(PMP-BP) entre os anos de 2010 e 2015 para a unidade e áreas do entorno. As
espécies listadas foram agrupadas seguindo a ordem taxonômica proposta por
Piacentini et al. (2015). As espécies listadas tiveram seus status de conservação
verificado com base na ultima Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna
Ameaçadas de Extinção (MMA 2014).
84
Listou-se 201 espécies de aves distribuídas em 53 famílias Apêndice C. A
família Tyrannidae foi mais numerosa com 22 espécies como ocorre na maioria das
áreas onde a caatinga é influente, em seguida as famílias Thraupidae (19 espécies)
e Scolopacidae (12 espécies).
O número de espécies listadas é um reflexo do vasto repertório
paisagístico local. Desde a vegetação de caatinga nos tabuleiros costeiros até a
restinga, sobre influência do oceano atlântico, constituindo uma grande variedade de
hábitats para a avifauna local. A planície de maré com e sem manguezal, juntamente
com a restinga abrigam uma comunidade de aves própria, oferecendo alimento
abrigo e locais de reprodução para uma gama de espécies como maçaricos, garças
e gaivotas. Além de manter populações residentes, estas unidades ambientais são
de estrema importância para espécies migratórias (sobretudo as que passam pela
rota Atlântica), recepcionando espécies como Tringa flavipes, T. melanoleuca,
Limnodromus griséus, Pluvialis squatarola, Charadrius semipalmatus, Arenaria
interpres, Limnodromus griseus e as do gênero Calidris (CEMAVE/ ICMBio 2014).
Os tabuleiros costeiros, dunas fixas e áreas de transição com manguezal e
outras áreas vegetadas comportam uma comunidade característica da caatinga
potiguar do litoral, incluindo as espécies Picumnus limae, Eupsittula cactorum,
Sakesphorus cristatus, Thamnophilus capistratus, Pseudoseisura cristata,
Sporophila albogularis, Paroaria dominicana, Icterus jamacaii e Agelaioides
fringillarius,endêmicas da caatinga (PACHECO 2004, OLMOS 2005). Destaca-se
também nestas áreas a ocorrência de Zenaida auriculata, espécie que apresenta
uma dinâmica migratória própria dentro da caatinga (CEMAVE/ ICMBio 2014), bem
como outras espécies de padrões migratórios também conhecidos no bioma, como
Coccyzus melacoryphus, Cnemotriccus fuscatus, Turdus amaurochalinus e
Sporophila lineola (OLMOS, 2005).
De acordo com MMA (2014) as espécies Charadrius wilsonia, Stigmatura
napensis e Sterna dougalliisão listadas como vulnerável, Calidris pusilla é descrito
como em perigo, já Limnodromus griseus e C. canutus estão enquadrados na
categoria de criticamente ameaçados. Também foram registradas espécies exóticas,
como Passer domesticus e Estrilda astrild, ocorrendo principalmente nas zonas
urbanizadas, e Bubulcus ibis ocorrendo desde áreas de atividades silvipastoris até
as planícies de maré.
85
A riqueza de espécies de aves da RDSEPT registrada aqui confirma sua
importância e potencial para a conservação, sobretudo pela diversidade ambiental e
dinâmica própria da unidade. No entanto, tendo em vista que nosso desenho
amostral não contempla aspectos da sazonalidade e seus efeitos na composição da
comunidade, é possível que 201 espécies de aves ainda seja uma subestimativa da
real riqueza local.
2.6.6.2 Répteis
Nas ultimas décadas o conhecimento acrescentado a respeito da
herpetofauna da Caatinga tem se distanciado da falsa impressão de baixa riqueza e
endemismo. Considerando área de Caatinga stricto sensu são listadas 47 espécies
de lagartos, 10 espécies de anfisbenídeos, 52 espécies de serpentes, quatro
quelônios e três crocodilianos, entre as quais pelo menos 27 são endêmicas
(RODRIGUES, 2003).
Para compor a lista de répteis não marinhos (sendo estes considerados na
descrição de fauna aquática) da RDSEPT, foram usados dados de registros de
campo diretos e indiretos de trabalho pretérito na UC (IDEMA 2007). Considerando
ainda dados publicados a respeito da fauna de répteis em ambientes de Caatinga no
RN (RODRIGUES, 2003; MMA, 2004;FREIRE et al., 2009;COELHO et al.,
2013;VENTICINQUE et al., 2015;CALDAS et al., 2016). As espécies listadas tiveram
seus status de conservação verificado com base na última Lista Nacional Oficial de
Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção (MMA 2014).
Reunimos um conjunto de 38 espécies, sendo duas espécie de anfisbênia,
16 espécies de lagartos, 18 de serpentes, um crocodiliano e ainda um quelônio de
água doce (Apêndice D). Apesar de a maioria das espécies listadas estarem
relacionadas a diversos tipos de ambientes de caatinga crescendo sobre os solos
arenosos dos tabuleiros costeiros e algumas formações rochosas, assim como nas
áreas de manguezal e restinga, espécies como Caiman latirostris e Mesoclemmys
tuberculata possuem maior dependência de ambientes aquáticos, como as lagoas
sazonais e interdunares.
As espécies Phyllopezus periosus e Tropidurus semitaeniatus estão listadas
como endêmicas da caatinga (RODRIGUES, 2003). Tropidurus semitaeniatus é
especialista em colonizar fendas de superfícies rochosas na caatinga, enquanto P.
86
periosus é característico de áreas mais sombreadas e ambas podem ser
encontradas em ambientes urbanos.
Apesar de serem consideradas apenas espécies com ocorrência em
ambientes similares aos verificados na RDSEPT, as informações aqui apresentadas
são dados genéricos da herpetofauna da UC, podendo apresentar limitações. E
ainda, não contornam o fato de a RDSEPT consistir em uma lacuna para o
conhecimento da fauna de répteis das outras regiões litorâneas do RN. Os
inventários mais completos registrados através de coleções científicas e listagens de
espécies do estado estão concentrados no interior do estado ou em áreas de
ecótono com Floresta Atlântica ou restingas úmidas (RODRIGUES, 2003; MMA,
2004;FREIRE et al., 2009;COELHO et al., 2013;VENTICINQUE et al., 2015;CALDAS
et al., 2016).
2.6.6.3 Anfíbios
A Caatinga está entre os domínios morfoclimáticos brasileiros com a fauna
de anfíbios mais bem conhecida (RODRIGUES, 2003). Em termos numéricos a
riqueza de anfíbios do bioma se aproxima de 48 anuros e três Gymnophionas
(RODRIGUES, 2003). No entanto, áreas com características excepcionais e com
influências de outros biomas, como a RDSEPT, podem significar importantes
adições ao conhecimento da fauna de anfíbios da Caatinga no RN.
A composição da lista de anfíbios apresentada aqui para a RDSEPT trata-se
de uma compilação dos dados registrados na UC (IDEMA 2007), juntamente com
informações publicadas de listagens de espécies de anfíbios em áreas de caatinga
no estado do RN (MMA, 2004;SANTOS; VAZ-SILVA,2012;MAGALHÃES et al.,
2013;CALDAS et al., 2016). As espécies listadas tiveram seus status de
conservação verificado com base na ultima Lista Nacional Oficial de Espécies da
Fauna Ameaçadas de Extinção (MMA 2014).
As 32 espécies de anfíbios listados integram cinco diferentes famílias de
anuros: Leptodactylidae com 15 espécies; Hylidae com 10 espécies; Bufonidae com
três espécies; Microhylidae com duas espécies e; Odontophrynidae e Ranidae
ambas com uma espécie representante (Apêndice E).
Devido a sua dependência características, sobretudo no período reprodutivo,
de locais úmidos os anuros são mais facilmente encontrados em corpos d‟água doce
87
perene ou sazonais, como as lagoas sazonais e interdunares na RDSEPT, e na
vegetação do entorno. Nos corpos d‟agua sazonais a fauna de anfíbios também
pode apresenta uma clara sazonalidade, assim como em áreas de mata que sofrem
ressecamento.
Apesar dos atuais esforços em compreender a fauna de anfíbios da
Caatinga e em especial no Rio Grande do Norte, ainda existem lacunas a serem
preenchidas. A RDSEPT possui um conjunto de ambientes lacustres que podem
abrigar as espécies listadas aqui. Portanto, os investimentos futuros em esforço de
campo na tentativa de inventariar a fauna de anfíbios e seus aspectos ecológicos,
dentro dos limites da UC, são necessários.
2.6.6.4 Mamíferos
Atualmente a caatinga conta com uma riqueza de 143 espécies de
mamíferos, entre pequenos mamíferos terrestres e voadores arte aqueles de médio
e grande porte (OLIVEIRA et al 2003). Ainda são muitos os lugares a ser amostrado,
o que dificulta a compreensão da distribuição e conectividades entre as populações
de mamíferos no bioma.
A elaboração da lista de espécies mastofauna terrestre da RDSEPT (sendo
os táxons aquáticos abordados no tópico da fauna aquática) se deu a partir da
utilização de dados pretéritos obtidos em campo na UC (IDEMA 2007) e dados
publicados para áreas com características geoambientais similares (a Área de
Proteção Ambiental Dunas do Rosado e no município de Caiçara do Norte -
VENTICINQUE et al., 2015). As espécies listadas tiveram seus status de
conservação verificado com base na ultima Lista Nacional Oficial de Espécies da
Fauna Ameaçadas de Extinção (MMA 2014).
Um total de oito espécies de mamíferos de oito famílias diferentes tiveram
ocorrência registrada na RDSEPT e áreas adjacentes (Apêndice F). As espécies
Callithrix jacchus, Cerdocyon thous e Procyon cancrivorus apresentam uma menor
sensibilidade a distúrbios de origem antropica, podendo ser encontrados com certa
facilidade em nas margens de perímetros urbanos. Euphractus sexcinctus,
Tamandua tetradactyla, Leopardus tigrinus, Conepatus semistriatus, Mazama
gouazoubira apresentam maior sensibilidade as ações humana e maior dependência
88
de áreas de vegetação melhor conservadas. Um destaque maior pode ser dado a
espécie L. tigrinus, listada como em perigo de extinção pelo MMA (2014).
O presente inventário da mastofauna da RDSEPT, apesar de contribuir com
o entendimento da importância da UC e da conservação das suas distintas unidades
ambientais, apresenta apenas uma subamostragem da riqueza total deste grupo,
tendo em vista a ausência de representantes da fauna de quirópteras e de pequenos
mamíferos não voadores. Tais grupos apresentam forte participação nos processos
ecológicos (sobretudo na dispersão de sementes) e conhece-los é um passo adiante
na conservação destes e dos processos aos quais estão vinculados.
2.6.6.5 Fauna aquática
A grave situação da pesca extrativa marinha e estuarina é o resultado do
comprometimento da renovação dos estoques ou da sobre-explotação dos principais
recursos pesqueiros nacionais, como a lagosta no nordeste, a sardinha no sudeste-
sul e o caranguejo em toda a sua distribuição geográfica (IBAMA, 2002).
Embora não haja nenhuma análise aprofundada acerca dos estoques
pesqueiros da RDSEPT, algumas espécies capturadas pela pesca artesanal da
Reserva podem estar em perigo de sobre-explotação devido ao crescente aumento
do esforço de pesca, aliado ao uso de apetrechos em condições inadequadas, e,
sobretudo, devido à captura de indivíduos muito pequenos.
Os trabalhos de campo foram realizados porThelma Dias e Rodrigo Salles
entre os anos de 2003 a 2006, os quais acompanharam os desembarques das
principais pescarias na RDSEPT, sendo realizada a identificação e o registro dos
nomes científicos e vulgares das mesmas.
As pescarias com rede de tresmalhos foram monitoradas entre maio e
agosto de 2004, abril e julho de 2005 e abril de 2006 em horários entre cinco e 14
horas, que representa o tempo em que as atividades estão sendo realizadas. Para
cada lance de rede monitorado foram anotadas as seguintes informações: todas as
espécies presentes no lance, espécies visualmente mais abundantes em cada lance,
espécies aproveitadas pelo dono da rede, e espécies descartadas em cada lance.
Para as espécies de peixe visualmente mais abundantes (aproveitadas e
descartadas), foi coletada uma subamostra para caracterização morfométrica
(comprimento total - CT). Para as espécies aproveitadas nas pescarias, os peixes
89
medidos eram devolvidos após a medição. Adicionalmente os donos das redes de
tresmalhos foram entrevistados e perguntados sobre dados acerca da rede, dos
pescados, das pescarias, dos canais de comercialização, dos problemas
enfrentados e dos possíveis prejuízos que ela poderia causar à fauna de peixes.
Ainda na região da costa, entre os meses de abril e junho de 2005 e em abril de
2006, o mesmo procedimento metodológico foi efetuado para as pescarias com rede
tainheira e caiqueira.
Para inferir informações acerca das espécies em perigo de sobre-
explotação na RDSEPT, foram comparados os dados morfométricos obtidos
durantes as pescarias monitoradas aos dados de comprimento de primeira
maturação de algumas espécies disponíveis na literatura. Além disso, informações a
respeito do habitat das principais espécies foram obtidos por meio de consulta a
mídia eletrônica especializada, a saber, FISHBASE (2016).
Também foi realizado um levantamento sobre a situação das principais
espécies junto a lista de espécies ameaçadas de extinção daInternational Union for
the Conservation of Nature (IUCN, 2016), bem como se as mesmas possuem ou não
legislação específica de proteção de estoques.
Foi constatada uma grande diversidade, principalmente pelos peixes,
representados por 54 famílias, seguido pelos crustáceos e moluscos, com 3 famílias
cada. Os principais recursos pesqueiros observados na RDSEPT estão listados no
Apêndice G.
i) Crustáceos
Entre os crustáceos, destacam-se as lagostas espinhosas (Panulirus sp.) e o
caranguejo-uçá (Ucides cordatus) como produto de comercialização. Os siris são
apenas eventualmente vendidos, geralmente sob encomenda.
Recursos pouco comercializados, mas que podem estar em perigo de sobre-
explotação são os siris Callinectes sapidus (siri-lodo) e Callinectes danae (siri-azul).
Ambos são pegos em pequenos tamanhos, durante o ato de acasalamento e fêmeas
carregando ovos também são capturadas freqüentemente (Figura 30). As medidas
de ordenamento devem contemplar um tamanho mínimo de captura para estas
espécies, além de normas que limitem apetrechos de pesca e período de atividade
ao longo do ano respeitando as características reprodutivas das espécies.
90
Figura 29 - Siris Callinectes danae (siri-azul) carregando ovos. Esquerda: fase inicial, caracterizada por ovos alaranjados. Direita: fase final, próximo da liberação dos ovos na água, caracterizada pela coloração escura dos ovos.
Fonte: IDEMA (2007)
ii) Moluscos
Entre os mariscos, apenas uma espécie predomina do ponto de vista
comercial: a búzio (Anomalocardia brasiliana). O búzio grande (Lucina pectinata) e o
sururu (Mytella guyanensis) são capturados em alguns períodos do ano, mas não
são comercializados continuamente como o búzio
Para alguns recursos como o búzio grande (Lucina pectinata) e o sururu
(Mytella guyanensis), as capturas são realizadas em áreas de lama, entre as raízes
de mangue vermelho ou sapateiro (Rhizophora mangle).
iii) Peixes
Não resta dúvida que os peixes representam juntos os principais recursos
explotados pela atividade pesqueira na RDSEPT, tanto em termos de biomassa,
quanto em diversidade. Dentre as principais espécies de importância comercial,
podemos destacar a sardinha (Ophistonema oglinum), o peixe-voador (Hirundichthys
affinis) e a tainha (Mugil sp.)
Análises de estrutura de tamanho de algumas espécies monitoradas em
diferentes pescarias indicam que alguns sistemas de pesca podem estar capturando
indivíduos muito pequenos, podendo comprometer a sustentabilidade destes
recursos na RDSEPT.
Entre os mariscos, foram medidos 252 exemplares do búzio mais consumido
na RDSEPT, Anomalocardia brasiliana, que foram obtidos com as marisqueiras
durante suas atividades pesqueiras. Os exemplares capturados para consumo e
91
comercialização medem, em média, 21,74 ± 2,23 mm (variação: 14,53-27,92 mm) de
comprimento da concha. O Gráfico 2 mostra que a maioria dos indivíduos coletados
para consumo mede entre 20 e 24 mm.
Gráfico 2 - Histograma mostrando a distribuição de comprimento da concha (mm) do búzio Anomalocardia brasiliana (N = 252 indivíduos).
Em termos de tamanho dos indivíduos capturados nas pescarias com rede
tarrafa, os maiores indivíduos registrados foram de tainha, enquanto a menor foi de
uma espécie de carapeba (Tabela 4).
Tabela 4 - Estatística descritiva do comprimento total (cm) das espécies mais abundantes registradas na pesca com rede tarrafa. N = número de indivíduos analisados; CT = comprimento total; DP = desvio padrão (N = 501).
Espécie N Média ± DP Mín. (CT) Máx. (CT)
Tainha 119 21,78 ± 4,11 17 32
Carapicú 58 14,01 ± 0,82 13 16
Vermelho 80 18,16 ± 3,42 15 25
Cabocla 72 15,56 ± 1,76 13 19,1
Carapicú 72 14,3 ± 0,82 13 16
Carapeba 50 13,97 ± 5,05 10,1 25,2
Salema 50 18,95 ± 1,13 17,5 20,2
Com relação ao tamanho dos indivíduos capturados com linha e anzol, os
maiores exemplares registrados foram de vermelho e cabocla, enquanto os menores
indivíduos registrados foram de vermelho e coró branco (Tabela 5).
92
Tabela 5 - Estatística descritiva do comprimento total (cm) das espécies mais abundantes registradas na pesca com linha e anzol. N = número de indivíduos analisados; CT = comprimento total; DP = desvio padrão (N = 340).
Espécie N Média ± DP Mín. (CT) Máx. (CT)
Vermelho 104 20,31 ± 3,68 12 29,5
Cabocla 65 19,38 ± 1,45 17,3 23,7
Tainha 58 21,78 ± 1,11 20 23,5
Coró branco 58 14,56 ± 1,46 13 17
Canguito 55 17,2 ± 1,33 15,5 19
Nas pescarias com rede de arrasto, os maiores exemplares registrados
foram de tainha e voador do rio, enquanto os menores foram de cabocla e coró
branco (Tabela 6).
Tabela 6 - Estatística descritiva do comprimento total (cm) das espécies mais abundantes registradas na pesca com rede de arrasto. N = número de indivíduos analisados; CT = comprimento total; DP = desvio padrão (N = 285).
Espécie N Média ± DP Mín. (CT) Máx. (CT)
Tainha 57 22,88 ± 1,03 18 29
Cabocla 134 14,26 ± 3,85 10 19
Voador do rio 49 23,53 ± 1,71 20,5 27
Canguito 45 15,72 ± 0,92 14 17,5
Em termos de tamanho dos indivíduos aproveitados, os maiores valores de
comprimento total foram registrados para de peixe espada e cururuca, enquanto os
menores indivíduos aproveitados foram das duas espécies de galo. Entre as
espécies que são descartadas, os maiores valores de comprimento total foram
registrados para a bicuda guarana e boca mole, enquanto que os menores
tamanhos foram registrados para galo e bicuda guarana (Tabela 7).
Tabela 7 - Estatística descritiva do comprimento total (cm) das espécies mais abundantes na pesca com rede de tresmalhos. N = número de indivíduos analisados; CT = comprimento total; DP = desvio padrão.
Espécie N Média Mín. (CT) Máx. (CT) DP
Galo 515 13,45 12 17 1,26
Bicuda guarana 115 31,20 24 41 5,96
Pomba de mulata 115 20,62 16 25,2 2,33
Galo 507 14,28 13 17 1,60
93
Pescada branca 65 22,09 16,5 25,5 2,96
Boca mole 1039 20,54 16 27 2,47
Espada 1928 85,47 70 100 11,08
Cururuca 160 32,90 22 43 6,30
Barbudo 120 19,95 17,5 25 1,55
Boca mole 2.686 14,65 8,5 23,0 2,51
Coró branco 2.662 10,7 6,2 16,5 1,46
Galo 1.030 13,03 5,5 16,0 1,88
Galo 1.048 11,77 3,5 17,0 3,14
Sardinha-bandeira 1.053 13,69 8,0 17,0 2,96
Ginga 1.016 9,0 1,5 10,6 2,08
Ginga 1.516 8,44 6,0 11,6 1,73
Bagre 511 13,31 12,0 19,0 1,92
Bicuda guarana 315 19,62 5,0 28,0 7,12
Pomba de mulata 459 15,61 10,3 21,5 2,56
Palombeta 310 14,8 13,5 17 1,03
A estrutura de tamanho da cabocla (Lutjanus apodus) foi obtida em três tipos
de pescarias, enquanto os tamanhos do vermelho (Lutjanus synagris) e do canguito
(Orthopristis ruber) foram registrados em duas pescarias.
As pescarias com rede tainheira monitoradas capturaram
predominantemente as tainhas da espécie Mugil curema (75% do total registrado;
N=114; =19,66 ± 1,64 cm de CT; variação: 17-23,5 cm). Dentre todas as espécies
de peixe medidas, a estrutura de tamanho da tainha (Mugil curema) foi obtida nas
quatro principais pescarias de peixe: linha e anzol, tarrafa, arrasto e tainheira
(Gráfico 3).
Os histogramas (Gráficos 4 e 5) mostram de forma comparativa, a
distribuição de tamanho do ariacó e do canguito, respectivamente.
94
Gráfico 3 - Distribuição de tamanho da tainha Mugil curema em quatro diferentes pescarias monitoradas no manguezal da RDSEPT.
Gráfico 4 - Distribuição de tamanho do ariacó Lutjanus synagris em duas diferentes pescarias monitoradas no manguezal da RDSEPT.
95
Informações acerca da distribuição geográfica, comprimento máximo,
comprimento de primeira maturação e período reprodutivo das principais espécies
visualmente mais abundantes nas pescarias praticadas no estuário e com redes de
tresmalhos estão sumarizadas nas Tabelas 8 e 9, respectivamente.
Quando comparado o comprimento de primeira maturação e o tamanho de
captura no manguezal da RDSEPT, os dados sugerem que a tainha (Mugil curema),
a cabocla (Lutjanus apodus) e o vermelho (Lutjanus synagris) podem estar em sério
perigo. Em todas as pescarias em que foi monitorada, a média de tamanho em que
a tainha está sendo capturada é inferior ao comprimento de primeira maturação da
espécie, que é de 23 cm (Tabela9). Isto significa que pode haver mais capturas do
que desovas, tendo em vista que os indivíduos estão sendo capturados antes da
maturidade sexual. O mesmo pode ser atribuído a cabocla e ao vermelho. É
importante lembrar que os dados de primeira maturação utilizados para comparação
provém de pesquisas realizadas em diversas partes do mundo, de modo que, para
que se estabeleça um tamanho mínimo de captura para estas espécies na RDSEPT,
é preciso conhecer a reprodução das espécies no contexto local. Entretanto, para
fins de comparação, os dados devem ser considerados.
No caso específico da tainha, relatos de pescadores da Reserva indicam
que houve uma grande diminuição no volume e tamanho de tainhas no manguezal
da Reserva nos últimos 10 anos. Há algumas décadas, famílias de pescadores
viviam exclusivamente da pesca da tainha. Atualmente, com a escassez do recurso,
Gráfico 5 - Distribuição de tamanho do canguito Orthopristis ruber em duas diferentes pescarias monitoradas no manguezal da RDSEPT.
96
alternativas de renda estão sendo buscadas para complementar a renda familiar.
Para alguns pescadores, houve até a troca de pescaria, em busca de uma forma de
pesca mais rentável. Os pescadores atribuem essa diminuição da tainha a alguns
fatores como: (a) aumento do número de pescadores de tainha, (b) assoreamento
do rio Tubarão e (c) utilização de redes com malhas muito “apertadas”.
2.6.6.5.1 Avaliação de Risco Ambiental dos principais recursos pesqueiros.
Nesta seção pode se observar que são desembarcadas espécies tanto de
hábitos costeiros, quanto oceânicos, demersais ou pelágicos. Quanto ao status dos
estoques pela avaliação da Red List IUCN, podemos observar que os mesmos vão
desde não avaliados, como é o caso da sardinha, passando por estoques em que
ainda estão em situação menos preocupante, como o voador, a tainha, o dourado, a
serra e a cavala, até estoques em situação de risco, como os agulhões e tubarões,
os quais são altamente vulneráveis a pressão por pesca. Quanto a legislação o
principal instrumento de ordenamento consiste no permissionamento, instituído pela
IN 10/2011 MMA/MPA. Porém convém ressaltar as instruções normativas IN
12/2005 MPA e IN 14/2012, as quais proíbem a captura e comercialização de
agulhões e a prática de “finning” com nadadeiras de cações, respectivamente
(Tabela 10).
Vale ressaltar que no Brasil, tem sido criado uma polêmica entorno da
Portaria Nº 445/2014 do Ministério do Meio Ambiente, que reconhece como espécies
ameaçadas de extinção aquelas constantes na “Lista Nacional Oficial de Espécies
da Fauna Ameaçadas de Extinção – Peixes e Invertebrados Aquáticos”, sendo
alterada pela Portaria nº 98/2015 por pressão do setor pesqueiro. Entretanto,
recentemente, em Junho de 2016, a portaria voltou a vigorar após decisão da
Justiça Federal.
97
Tabela 8 - Informações gerais acerca das espécies cujos comprimentos foram monitorados nas principais pescarias no estuário da RDSEPT. CT = comprimento total.
Espécie/Nome popular local
Distribuição de profundidade (m)
Distribuição geográfica Comprimento de 1ª.
maturação
Comprimento máximo
Atividade reprodutiva
Referência (s)
Anomalocardia brasiliana
Búzio
0-8 m Desde as Índias Ocidentais até o Uruguai, ocorrendo ao longo de toda a costa brasileira.
1,5 cm CT 4,0 cm CT Durante todo o ano
Grotta & Lunetta, 1980; Araújo, 2001
Mugil curema
Tainha
0-15 m No Atlântico ocidental: da Nova Escócia (EUA), Bermudas, Golfo do México ao Brasil. No Atlântico leste: de Senegal a Namíbia. No Pacífico leste: do Golfo da Califórnia ao Chile.
23 cm CT 90 cm CT Março a setembro, podendo
ocorrer ao longo de
todo o ano
Froese & Pauly, 2006
Lutjanus synagris
Vermelho
10-400 m Atlântico Ocidental, das Bermudas e Carolina do Norte (EUA) ao Brasil,
incluindo o Golfo do México e o mar do Caribe. Mais abundante nas Antilhas e na costa norte da América do Sul.
15-31 cm CT 60 cm CT Março a setembro, podendo
ocorrer ao longo de
todo o ano
Froese & Pauly, 2006
Lutjanus apodus
Cabocla
2-63 m Atlântico Ocidental, das Bermudas a Massachussets (EUA) ao Brasil, incluindo o Golfo do México, Antilhas, Bahamas e Trinidad.
30 cm CT 67,2 cm CT Abril a junho Froese & Pauly, 2006
98
Tabela 8 - Continuação
Espécie/Nome popular local
Distribuição de profundidade
(m)
Distribuição geográfica Comprimento de 1ª.
maturação
Comprimento máximo
Atividade reprodutiva
Referência (s)
Orthopristis ruber
Canguito
1-70 m De Honduras ao Brasil. 15,6 cm CT 40 cm CT Ao longo do ano, com picos de
setembro a dezembro
Vianna & Verani, 2002; Froese & Pauly, 2006
Pomadasys corvinaeformis
Coró branco
25-50 México e costas do Caribe, Antilhas e Brasil.
10,8 (fêmeas) – 10,6 (machos)
cm de CT
25 cm CT Não evidenciado
Froese & Pauly, 2006; Silva et al., 2003
Diapterus rhombeus
Carapeba
9-70 m Atlântico Ocidental, desde o sul do Golfo do México, América Central, Antilhas e Brasil.
11,5-12,5 cm CT 40 cm CT Ao longo de todo o ano
Froese & Pauly, 2006
Archosargus rhomboidalis
Salema
1-12 m Atlântico Ocidental, de Nova Jérsei (EUA), Golfo do México ao Rio de Janeiro, Brasil, incluindo as Índias Ocidentais. Ausente nas Bahamas e registrada para a Argentina.
8 cm CT 33 cm CT Outubro a maio
Froese & Pauly, 2006; Humann, 1994
Dactylopterus volitans
Voador do rio
1-100 m Atlântico leste: do Canal Inglês a Angola, incluindo o Mediterrâneo, Ilhas Madeira e Açores. Atlântico Ocidental: de Massachussets (EUA), Golfo do México a Argentina.
17,3 (fêmeas) – 19,2 (machos)
cm CT
90 cm CT Novembro e fevereiro
Machado et al., 2003; Froese & Pauly, 2006
99
Tabela 9 - Informações gerais acerca das espécies mais abundantes capturadas nas pescarias com rede de tresmalhos na RDS Ponta do Tubarão. CF = comprimento furcal; CT = comprimento total.
Espécie/Nome popular local
Distribuição de profundidade
(m)
Distribuição geográfica Comprimento de 1ª.
maturação
Comprimento máximo
Atividade reprodutiva
Referência (s)
Caranx hippos
Xaréu
1-350 No Atlântico leste: de Portugal a Angola, incluindo o Mediterrâneo ocidental. No Atlântico ocidental: Nova Escócia, Canadá e norte do Golfo do México ao Uruguai, incluindo as grandes Antilhas.
55 - 66 cm CF 124 cm CT Abril a maio Froese & Pauly, 2006
Trichiurus lepturus
Espada
0-400 Mares tropicais e subtropicais ao redor do mundo
60,5 cm CT 234 cm CT Setembro a maio
Froese & Pauly, 2006
Larimus breviceps
Boca mole
0-60 Atlântico ocidental, das Antilhas a Costa Rica, ao Rio de Janeiro, incluindo Honduras.
Não encontrado 31 cm CT Froese & Pauly, 2006
Anchoviella lepidentostole
Ginga
1-50 Atlântico ocidental, do Delta do rio Orinoco, na Venezuela a Ponta da Cotinga, no estado do Paraná, Brasil.
Não encontrado 11,6 cm CP Maio a junho Froese & Pauly, 2006
Chirocentrodon bleekerianus
Ginga
0-60 Atlântico ocidental, nas costas de Cuba, Haiti, Jamaica, Porto Rico, Venezuela, Guiana, Suriname, Panamá e Trinidad a Ubatuba, Brasil.
4,8 cm (machos) - 7,2 cm (fêmeas)
CP
11 cm CT Não encontrado
Froese & Pauly, 2006
Conodon nobilis
Coró amarelo
0-100 Atlântico ocidental, do Texas e leste da Florida (EUA), Jamaica ao Brasil, incluindo o Golfo do México, pequenas Antilhas e Porto Rico, e a costa da América Central.
Não encontrado 33,6 cm CT Não encontrado
Froese & Pauly, 2006
100
Tabela 9 - Continuação
Espécie/Nome popular local
Distribuição de profundidade
(m)
Distribuição geográfica Comprimento de 1ª.
maturação
Comprimento máximo
Atividade reprodutiva
Referência (s)
Menticirrhus americanus
Pomba de mulata
0-40 Atlântico ocidental, de Nova Iorque ao Texas (EUA), e da Baía de Campeche (México) a Argentina. Ausente no sul da Florida e nas Antilhas.
13,7 cm (machos) - 22,2 cm (fêmeas) CT
50 cm CT Junho a novembro
Froese & Pauly, 2006
Opisthonema oglinum
Sardinha-bandeira
0-5 Golfo de Maine (EUA), Bermudas, Golfo do México, Caribe e Índias Ocidentais ao Brasil, até Santa Catarina.
11,5 (machos) – 22,2 (fêmeas) cm
de CF
38 cm CT Maio a junho Froese & Pauly, 2006
Polydactylus virginicus
Barbudo
0-55 Flórida e Bermudas (EUA) ao Uruguai.
Não encontrado 32 cm CT Não encontrado
Froese & Pauly, 2006
Pomadasys corvinaeformis
Coró branco
25-50 México e costas do Caribe, Antilhas e Brasil.
10,8 (fêmeas) – 10,6 (machos)
cm de CT
25 cm CT Não evidenciado
Froese & Pauly, 2006; Silva et al., 2003
Selene setapinnis
Galo
1-53 Atlântico ocedental: da Nova Escócia (Canadá), Índias Ocidentais, Golfo do México e costa da América do Sul, do Brasil a Mar Del Plata, na Argentina. Ausente nas Bahamas.
Não encontrado 48,3 cm CT Não encontrado
Froese & Pauly, 2006
Selene vomer
Galo
0-55 Atlântico ocidental: de Maine a Flórida (EUA), América Central, incluindo Bermudas e Golfo do México, e América do Sul, do Brasil ao Uruguai.
Não encontrado 60 cm CT Não encontrado
Froese & Pauly, 2006
101
Tabela 10 - Avaliação ambiental das principais espécies desembarcadas na RDSEPT.
Espécie Nome Cientifico Status IUCN
Sardinha Ophistonema oglinum Não avaliado pela IUCN
Voador Hirundichthys affinis Menos Preocupante: População Estável
Tainha Mugil curema Menos Preocupante: Status Populacional desconhecido
Dourado Coryphaena hippurus Menos Preocupante: População Estável
Agulhão Negro Makaira nigricans Vulnerável: População com tendência de decréscimo
Cações Carcharhinus sp., Sphirna sp., Rizoprionodon sp., etc.
Diversas populações com status vulnerável ou com dados inconsistentes.
Albacoras Thunnus sp. Maioria das espécies com populações estáveis
Ariacó Lutjanus synagris Não consta na lista.
Caranha Lutjanus cyanopterus Vulnerável: Necessita de atualizações
Cioba Lutjanus analis Vulnerável: Necessita de atualizações
Cavala Scomberomorus cavalla Menos Preocupante: População Estável
Serra Scomberomorus brasiliensis Menos Preocupante: População Decrescente
Guarajuba Caranx crysos Menos Preocupante: Status Populacional desconhecido
Mero Epinephelus itajara Criticamente ameaçada/ Status populacional desconhecido
Cavalo-marinho Hippocampus reidi Dados insuficientes / Status populacional desconhecido
Muito embora diversos recursos pesqueiros, tais como moluscos bivalves,
caranguejos e algumas espécies de peixe não tenham uma representatividade tão
alta na produção local, os mesmos podem ser considerados extremamente
relevantes como meio de subsistência de diversas famílias nativas da reserva.
Aparentemente o principal recurso pesqueiro da RDSEPT passa por uma
situação de decréscimo acentuado da produção, requerendo por parte das agências
regulamentadores e da academia a realização de estudos mais aprofundados para
avaliar se o mesmo se deve a condição do estoque ou por própria tendência do
mercado provocada pelo baixo preço obtido com o mesmo.
A caranha (Lutjanus cyanopterus) (Figura 31) é uma espécie comumente
capturada nas pescarias com linha e anzol na RDSEPT, mas provavelmente não há
conhecimento por parte dos pescadores, da situação global de ameaça de extinção
desta espécie. De acordo com a IUCN (2006), a situação de ameaça da caranha na
102
categoria “vulnerável” significa que a espécie enfrenta um alto risco de extinção na
natureza a médio prazo. A caranha é a maior espécie da família Lutjanidae no
Atlântico Ocidental, podendo atingir uma massa de 57 kg e comprimento de 1,60 m
(ALLEN, 1985). Os indivíduos adultos geralmente habitam áreas recifais, ao passo
que os jovens utilizam os manguezais durante parte do seu ciclo de vida
(LINDEMAN; DEMARIA, 2005). Na RDSEPT, a caranha pode ser vista tanto na fase
jovem quanto adulta (DIAS, 2006).
Foto: Thelma Dias © 2004.
A caranha torna-se particularmente vulnerável devido ao seu habitat quando
jovem e reprodução quando adulto. Quando jovem, a espécie é vítima da destruição
de seu habitat berçário, que são as raízes de mangue, que estão sendo
gradativamente devastadas. A reprodução da caranha acontece durante grandes
agregações reprodutivas, onde 10.000 indivíduos podem se reunir em uma área de
1.000 m2 para o evento da desova (HEYMAN et al., 2005). A destruição do hábitat
natural dos jovens, as capturas indiscriminadas dos adultos durante ou fora das
agregações reprodutivas e a pesca desordenada são os principais fatores que
ameaçam esta espécie (HEYMAN et al., 2005; IUCN, 2016).
O mero (Epinephelus itajara) (Figura 32) é capturado nas pescarias com
rede tarrafa e também através de arpões, por pescadores da RDSEPT. O mero é a
maior garoupa do Oceano Atlântico e uma das duas maiores espécies de garoupa
do mundo, excedendo 2 m de comprimento e 400 kg de peso (SADOVY; EKLUND,
1999).
Figura 30 - Caranha (Lutjanus cyanopterus), proveniente da pesca com linha e anzol no manguezal da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão.
103
Foto: Thelma Dias © 2004.
O mero é extremamente vulnerável à sobre-pesca devido a uma combinação
de fatores ligados a sua história de vida (BULLOCK et al., 1992), tais como
crescimento lento, vida longa (3 ou 4 décadas), maturidade sexual tardia (a partir
dos 5 anos de vida), forte fidelidade ao habitat e formação de agregações
reprodutivas (BULLOCK et al., 1992; SADOVY; EKLUND, 1999; NMFS, 2006). Em
1994, depois de decretada a extinção comercial do mero, a espécie foi incluída na
lista da IUCN (1994) na categoria “criticamente ameaçada”, que significa que a
espécie corre risco extremamente alto de extinção na natureza em um futuro
próximo. Epinephelus itajara é uma espécie dependente do mangue, cujos
indivíduos jovens são encontrados exclusivamente associados às raízes de mangue
vermelho (Rhizophora mangle) (SADOVY; EKLUND, 1999).
No Brasil, o mero é legalmente protegido desde 2002 através da Portaria No.
121 de 20 de setembro de 2002, a qual proíbe a captura em águas jurisdicionais
brasileiras, o transporte, a comercialização, o beneficiamento e a industrialização de
mero proveniente de pesca proibida. Da mesma forma como ocorre para a caranha,
o conhecimento dos pescadores e moradores em geral acerca do estado de ameaça
do mero e da Portaria supra mencionada é limitado ou inexistente.
O cavalo-marinho (Hippocampus reidi) é uma espécie bastante comum nos
manguezais da RDSEPT, sendo encontrado associado às raízes de mangue
Figura 31 - Jovem exemplar de mero (Epinephelus itajara), capturado por pescadores com tarrafa e arpão entre as raízes de mangue vermelho no manguezal da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão (exemplar com 87 cm de comprimento total) .
104
vermelho (Figura33) e mangue manso, macroalgas marinhas, esponjas e ascídias,
entre outros organismos (ROSA et al., 2002; DIAS; ROSA, 2003, DIAS, 2004).
Figura 32 - Cavalos-marinhos (Hippocampus reidi) utilizando as raízes de mangue vermelho (Rhizophora mangle) como substrato de apoio, no manguezal da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão.
Fotos: Thelma Dias © 2005.
A biologia dos cavalos-marinhos os torna particularmente vulneráveis à
sobre-explotação, principalmente devido ao seu modo de vida e comportamento.
Eles apresentam um prolongado cuidado parental, o qual, somado à pequena prole,
limita as taxas reprodutivas; sua estrutura social pode ser facilmente quebrada, uma
vez que eles são fiéis a um único parceiro durante toda a vida; possuem pequenos
territórios de vida e baixa mobilidade, o que dificulta sua recolonização em áreas
degradadas; a gravidez significa que a prole também é removida quando o macho é
capturado e a baixa taxa de mortalidade natural do adulto significa que a pesca
exerce uma pressão seletiva substancial (VINCENT, 1996; LOURIE et al., 1999). Os
cavalos-marinhos são legalmente protegidos na RDSEPT através da Lei Estadual
No. 8.349 de 18 de julho de 2003, onde sua captura para qualquer fim é proibida. As
capturas desta espécie na RDS pode ser considerada ocasional, tendo em vista que
a situação de ameaça da espécie já foi amplamente divulgada na Reserva durante a
pesquisa de DIAS (2002; 2004).
105
As espécies ameaçadas capturas na pesca com rede de tresmalhos (cação,
raia bico de remo, raia pintada e tartaruga-verde) são incidentalmente pegas durante
as pescarias, de modo que elas não são o alvo principal. Isto torna mais fácil o
delineamento de medidas de conservação destas espécies, tendo em vista que elas
não importantes comercialmente, nem são consumidas.
É preciso visualizar as particularidades destas espécies ameaçadas, assim
como de outras espécies localmente importantes, para que medidas de conservação
e manejo contemplem não apenas as espécies, mas seus habitats naturais. Com
exceção da caranha e do mero, as demais espécies ameaçadas de extinção
capturadas na RDSEPT, são pegas incidentalmente, sem uma pescaria alvo. Isso
sugere que a situação de perigo para estas espécies não é tão alarmante. No
entanto, torna-se urgente a tomada de medidas para evitar a captura (incidental ou
não) da caranha e do mero, tendo em vista a situação de ameaça destas espécies e
o fato delas serem alvo de algumas pescarias.
Uma estratégia de divulgação das espécies ameaçadas e da legislação que
protege estas espécies precisa ser delineada, para estas espécies não sejam pegas
ou sejam devolvidas vivas ao ambiente, caso sejam capturadas incidentalmente. A
retirada de ovos de tartarugas dos ninhos ainda é uma prática na RDSEPT,
especialmente por parte das pessoas de mais idade. Essa prática deve ser
combatida através de oficinas e conversas diretas com os responsáveis.
2.6.6.5.2Habitats essenciais para a manutenção dos recursos pesqueiros da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão
Um habitat essencial consiste em uma área particular cujas condições
permitem a sobrevivência em longo prazo e saúde dos peixes e outros organismos
aquáticos. Essas áreas são fundamentais para que as espécies possam se
desenvolver e reproduzir em condições favoráveis a esses processos. Na última
década, muita atenção tem sido dada aos habitats essenciais para os peixes,
particularmente aos habitats utilizados pelos peixes e outros organismos marinhos
durante a fase inicial do seu ciclo de vida, os chamados, hábitat berçário (BECK et
al., 2001). A manutenção dos habitats berçário é um fator crucial para a
sustentabilidade pesqueira, visto que esses ambientes berçários favorecem a
proteção e alimentação dos peixes durante a fase mais difícil do seu ciclo vital, que a
fase jovem. Pesquisas realizadas no Caribe por MUMBY et al. (2005) indicam que os
106
recifes de coral adjacentes a manguezais possuem uma biomassa de peixes muito
superior àqueles recifes distantes de manguezais. Segundo estes autores, a
proteção e o alimento fornecidos pelos manguezais permitem uma maior
sobrevivência dos indivíduos jovens, e, conseqüentemente, maior biomassa de
adultos.
Na RDSEPT, foi constatado durante observações subaquática, a presença
de microhabitats submersos que são globalmente reconhecidos como importante
hábitat berçário para os peixes (NAGELKERKEN et al., 2000, 2001). São as raízes de
plantas de mangue (Rhizophora e Avicennia), os bancos de fanerógamas marinhas
(seagrass beds) e os bancos de algas. Além desses habitats essenciais, outros
ambientes submersos são essenciais para os peixes, como as áreas arenosas e
areno-lodosas com pouca vegetação, aglomerados de pedras e galhos de plantas
mortas, crôas areno-lodosas e áreas com substrato lamacento.
Em bancos de algas da RDS, por exemplo, é possível observar centenas de
guaiúbas (Ocyurus crysurus), caboclas (Lutjanus apodus) e salemas (Archosargus
rhomboidalis), entre outros importantes recursos pesqueiros tanto para a pesca
estuarina quanto para a pesca de alto mar. Como mencionado anteriormente, as
raízes de plantas de mangue são críticas para espécies como o mero e os cavalos-
marinhos. Os aglomerados de pedras fornecem tocas para as lagostas, peixes como
as moréias e os cangulos pintados e servem de sítio de alimentação para tartarugas-
marinhas. As áreas arenosas são importantes para a alimentação de peixes como o
coró amarelo e os bancos de fanerógamas marinhas são utilizados por dezenas de
peixes e outros organismos como refúgio contra predadores, sítio alimentar e área
de descanso para peixes maiores. Todos esses ambientes submersos estão
interligados e possuem uma função específica no ambiente. Cada local mencionado
abriga uma fauna específica e em uma fase específica. Qualquer medida de
ordenamento, conservação e manejo visando a manutenção da fauna e a
sustentabilidade da pesca precisa contemplar os habitats essenciais dos recursos
pesqueiros, caso contrário, a efetividade de algumas dessas medidas poderá ser
comprometido.
107
2.6.6.5.3Monitoramento dos vertebrados marinhos na faixa de praia da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão e áreas do entorno
A região litorânea em que se insere a Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT) possui uma elevada diversidade
de vertebrados marinhos, englobando espécies de peixes (Osteichthyes e
Chondrichthyes), tartarugas marinhas, aves marinhas, cetáceos e peixes-boi, que
utilizam a área da reserva principalmente para reprodução e alimentação.
Os resultados e informações apresentados no presente diagnósticos foram
baseados em relatórios, planilhas e Banco de Dados produzidos pelo Projeto de
Monitoramento Ambiental de Praias do Litoral do Rio Grande do Norte e Ceará
(PMP-BP) entre os anos de 2010 e 2015.
O PMP-BP é uma Condicionante Ambiental exigida pela Coordenação Geral
de Petróleo e Gás/Diretoria de Licenciamento/Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis (CGPEG/DILIC/IBAMA) para as atividades de
Exploração e Produção de Petróleo e Gás da PETROBRAS na Bacia do Potiguar
(Rio Grande do Norte e Ceará).
O PMP-BP é executado pelo Projeto Cetáceos da Costa
Branca/Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (PCCB/UERN) em praias
de oito municípios no Estado do Rio Grande do Norte (Caiçara do Norte, Galinhos,
Guamaré, Macau, Porto do Mangue, Areia Branca, Grossos e Tibau) e cinco
municípios no Estado do Ceará (Icapuí, Aracati, Beberibe, Cascavel e Aquiraz).
Em toda região de abrangência do PMP-BP, que inclui a área da RDSEPT, é
realizado o monitoramento diário das praias registrando-se os animais encalhados
vivos e mortos. O monitoramento diário é realizado por equipes constituídas por um
Técnico de Campo (Biólogo, Médico Veterinário e afins) e um morador da
comunidade, que percorrem com quadriciclos toda extensão litorânea da área.
Em caso de animais vivos realiza-se o resgate e reabilitação. Em se tratando de
animais mortos realizam-se análises e coleta de material biológico que possibilitem
determinar a causa da morte. Todos os registros são georeferenciados para
elaboração de mapas e bancos de dados.
O acesso e uso de todos os dados do PMP-BP foi autorizado pela
CGPEG/DILIC/IBAMA, mediante solicitação específica. Os resultados do diagnóstico
108
da Biota Marinha incluem ainda registros nas áreas adjacentes à RDSEPT, como
forma de identificar a diversidade de espécies das zonas de influência da Reserva.
i) Peixes (Osteichthyes e Chondrichthyes)
Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão
(RDSEPT) e áreas adjacentes foi registrada quatro espécies de peixes ósseos
(Osteichthyes) e três espécies de peixes cartilaginosos (Chondrichthyes) (Tabela 11
e Mapa 6).
Tabela 11 - Nome científico e popular das espécies de peixes (Osteichthyes e Chondrichthyes) registrados na RDSEPT e áreas adjacentes entre 2010 e 2015.
Osteichthyes
Espécie Nome popular
Batrachoides surinamensis Pacamão-liso
Archosargus rhomboidalis Salema
Pomadasys corvinaeformes Coró-branco
Masturus lanceolatus Peixe-lua
Chondrichthyes
Espécie Nome popular
Dasyatis guttata Arraia-manteiga
Prionace glauca Tubarão-azul
Ginglymostoma cirratum Tubarão-lixa
Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA)
Entre os registros de peixes destaca-se a ocorrência do encalhe de um
exemplar de peixe-lua (Masturus lanceolatus), que é um animal raro, considerado o
maior peixe-ósseo existente atualmente, tendo sido registrado menos de 10
exemplares em toda costa brasileira (Figura 34). Também merece destaque o
registro de exemplar imaturo de tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum), o que
comprova a caracterização da região como berço reprodutivo para a espécie.
109
Mapa 6 - Mapa de localização dos registros de peixes peixes (Osteichthyes e Chondrichthyes) registrados na RDSEPT e áreas adjacentes entre 2010 e 2015. Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA)
110
Figura 33 - Registro do peixe-lua encalhado na RDSEPT (Praia de Barreiras, Macau/RN) em 13 de agosto de 2012. Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA).
Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA).
É importante ressaltar que os registros de peixes na RDSEPT foram
associados principalmente aos descartes de pesca. Sabe-se que, além das espécies
economicamente viáveis, são capturadas espécies de baixo valor econômico ou
ainda exemplares de pequeno porte, os quais são rejeitados a bordo ou descartados
na areia da praia, que Helfman et al., (2009) conceituam como captura acidental.
Segundo Bellido et al., (2011), isto acontece porque a pesca artesanal faz
uso de apetrecho com baixa seletividade como, por exemplo, a rede de arrasto, que
captura um volume de peixes que normalmente supera aquele da espécie-alvo, o
que gera uma captura incidental que em sua maior parte é descartada (CHAVES et
al.,2003).
O Rio Grande do Norte possui uma costa com extensão de
aproximadamente 400 km e caracteriza-se por apresentar expressiva atividade
pesqueira, sendo 76,5% representada pela pesca artesanal (IBAMA, 2003). Esta
situação aplica-se particularmente as pescarias multiespecíficas, como são aquelas
de pequena escala praticadas no litoral setentrional do estado.
ii) Tartarugas marinhas
Foram registradas 227 tartarugas marinhas encalhadas entre as praias de
Barreiras e a Restinga de Diogo Lopes, município de Macau/RN. Desse total, cerca
de 70% pertencia a espécie tartaruga-verde (Chelonia mydas) com o predomínio de
indivíduos juvenis (que não atingiram a maturidade reprodutiva).
111
Foram registrados ainda indivíduos da espécie Tartaruga-de-pente
(Eretmochelys imbricata) e Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea), contemplando
assim três das cinco espécies que ocorrem no litoral brasileiro (Figura 35 e Mapa 6).
De acordo com a Lista Vermelha da União para a Conservação da Natureza
(IUCN, 2015) e a lista de espécies ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente
(MMA, 2014) todas as cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil
encontram-se ameaçadas de extinção, em diferentes níveis.
Uma das principais ameaça a esses animais é a atividade pesqueira, que
esteve diretamente relacionada com os encalhes de tartarugas marinhas na região
da RDSEPT no período. Foram registradas evidências de rede de pesca, corda e
marcas de faca em animais durante todos os anos (Figura 36).
Figura 34 - A) Registro de uma tartaruga-verde encalhada na Restinga de Diogo Lopes, Macau/RN, em de outubro de 2014. B) Registro de uma tartaruga-de-pente encalhada na Restinga de Diogo Lopes, Macau/RN, em 30 de dezembro de 2014. C) Registro de uma tartaruga-olivaencalhada na Restinga de Diogo Lopes, Macau/RN, em 19 de março de 2014.
Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA).
Figura 35 - A) Registro de interação com a pesca (rede de pesca amarrada a nadadeira anterior esquerda) em tartaruga-verde encalhada na Costa da Ponta do Tubarão, Macau/RN, em 13 de outubro de 2015. B) Registro de interação com a pesca (rede de pesca amarrada ao pescoço) em tartaruga-verde encalhada na Restinga de Diogo Lopes, Macau/RN, em de outubro de 2015.
Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA).
112
Mapa 7 - Mapa de localização dos registros de tartarugas-marinhas na RDSEPT e áreas adjacentes entre 2010 e 2015.
Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA).
113
A predominância de indivíduos juvenis de tartaruga-verde na área é
justificada pela região da Bacia Potiguar ser caracterizada como área de
alimentação e desenvolvimento de indivíduos juvenis da espécie (FARIAS, 2014).
Dessa forma esses animais estão buscando na região da RDSEPT melhores
condições para o seu desenvolvimento e alimentação.
Ainda com relação à tartaruga-verde foi observado o acometimento desses
animais pela fibropapilomatose, que é uma doença caracterizada pela presença de
tumores na pele que podem também afetar órgãos internos. Embora a natureza da
doença não seja totalmente conhecida, a presença de tumores tem sido associada a
um vírus (herpes-vírus), e sua ocorrência é mais frequente em locais com altos
índices de poluição (Adnyana et al., 1997; Herbst, 1994; Aguirre; , Aguirre, 2004;
Foley et al., 2005).
Foi observado um índice crescente da doença com o decorrer dos anos,
sendo, para o ano de 2015, um percentual de quase 60% dos casos dos animais
encalhados na área da RDSEPT acometidos pela fibropapilomatose (Figura 37).
Figura 36 - A) Registro de uma tartaruga-verde com fibropapilomas (setas) encalhada na Restinga de Diogo Lopes, Macau/RN, na data de 19 de julho de 2014. B) Registro de uma tartaruga-verde com fibropapilomas (setas) encalhada na Costa da Ponta do Tubarão, Macau/RN, na data de 12 de dezembro de 2014.
Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA).
iii) Atividades reprodutivas de Tartarugas Marinhas
Além de área de alimentação, aReserva de Desenvolvimento Sustentável
Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT) tem sido utilizada pelas tartarugas marinhas
como sítio reprodutivo. Durante os últimos seis anos foram registradas 442
114
ocorrências de atividades reprodutivas, que se concentraram entre os meses de
dezembro a agosto (Mapa 8)
A área se torna ainda mais importante por ser utilizada por duas espécies de
tartarugas marinhas, que utilizam o mesmo nicho reprodutivo de maneira sincrônica
Entre os meses de dezembro e abril ocorrem, predominantemente, as desovas de
fêmeas da espécie tartaruga-de-pente, que corresponde a 73,8% do total dos
registros. A partir de maio até agosto registrou-se o predomínio de desovas de
fêmeas de tartaruga-oliva, representando um percentual de 26,2% (Figura 38).
Figura 37 - A) Registro de filhotes de tartaruga-de-pente na Costa da Ponta do Tubarão, Macau/RN, na data de 14 de julho de 2015. B) Registro de filhotes de tartaruga-oliva na Costa da Ponta do Tubarão, Macau/RN, na data de 23 de março de 2014.
Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA).
115
Mapa 8 - Mapa de localização dos registros reprodutivos de tartarugas-marinhas na RDSEPT e áreas adjacentes entre 2010 e 2015.
Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA).
116
iv) Peixe-boi marinho (Trichechus manatus)
Entre 2010 a 2015 foram registrados dois indivíduos de peixe-boi marinho
(Trichechus manatus) encalhados na área da Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT), sendo um deles classificado
como filhote (Figura 39). Um terceiro indivíduo encalhou em área adjacente a
RDSEPT, no município de Guamaré.
Os registros de encalhes desses animais nas praias da RDSEPT e áreas
adjacentes, juntamente com os dados de encalhes de filhotes nos últimos seis anos
no Rio Grande do Norte, indicam a região da Bacia Potiguar e do Ceará, como a de
maior ocorrência de encalhes da espécie no Brasil.
Figura 38 - Registro de peixe-boi marinho (Trichechus manatus) na Restinga de Diogo Lopes, Macau/RN, na data de 14 de novembro de 2010.
Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA).
A maioria dos encalhes de peixe-boi marinho está relacionada a filhotes.
Borges et al (2007) associaram encalhes de filhotes de peixes-boi marinhos no
Brasil (Aracati-CE, Baía da Traição-PB e Praia do Mosqueiro-SE) ao tráfego de
embarcações, resultando na separação do filhote de sua mãe. Segundo Lima et al
(2011), os rios, barras e estuários da Costa Branca do Rio Grande do Norte
encontram-se assoreados, descaracterizados por salinas e tomados por barcos
117
motorizados lagosteiros e assentamentos urbanos (Areia Branca, Macau, Galinhos e
Guamaré, no RN e Icapuí, no CE), o que também contribui para os encalhes desses
animais.
v) Cetáceos
Com relação aos cetáceos foram registrados o encalhe de dois botos-cinza
(Sotalia guianensis) na área da RDSEPT e mais quatro encalhes da mesma espécie
em áreas adjacentes à Reserva (Mapa 40).
O predomínio dos registros de Sotalia guianensis foi devido aos hábitos
costeiros da espécie, favorecendo as interações com atividades antrópicas e o
aparecimento de carcaças nas praias, quando comparado às espécies que ocorrem
em áreas mais distantes da costa (Jefferson et al, 1993; Medeiros, 2006; Attademo,
2007).
2.6.6.5.4 Ameaças a Fauna
Entres as grandes ameaças a biodiversidade mundial estão a fragmentação
e perda de hábitat, além da caça predatória e captura para o abastecimento da
comercio ilegal de animais silvestres (PRIMACK; RODRIGUES, 2001). No Nordeste
semiárido brasileiro a situação não é diferente, a Caatinga se mantém como um
ecossistema fragilizado pelas perturbações proporcionadas pelo uso indevido dos
recursos naturais (CASTELLETTI et al., 2003). Segundo o MMA (2007) promover a
conservação da biodiversidade da Caatinga não é uma ação simples, sendo um dos
grandes problemas a falta de um sistema eficiente de áreas protegidas em contraste
com a alta porcentagem de áreas alteradas. Além disso, a deleção direta dos
indivíduos de uma população causada pela caça com superconsumo e/ ou captura
pode reduzir as populações a tamanhos críticos para sua persistência (PRIMACK;
RODRIGUES, 2001). É preciso considerar ainda aspectos intrínsecos a biologia de
alguns táxons, como é o caso das populações de migrantes sazonais que dependem
de dois ou mais tipos de hábitat para persistirem. Qualquer alteração em um desses
hábitats ou surgimento de alguma barreira que impeça a migração expõe as
espécies à extinção (REMSEN, 2001; FRASER et al., 2012).
118
Figura 39 - Mapa de localização dos registros de cetáceos e peixe-boi marinho na RDSEPT e áreas adjacentes entre 2010 e 2015.
Fonte: PMP-BP/PCCB-UERN (Autorizado CGPEG/DILIC/IBAMA).
119
Na RDSEPT foram observadas e relatadas atividades que ressaltam a
preocupação com a conservação da biodiversidade local. A caça de animais
silvestres é uma realidade que afeta muitas populações (sobretudo de aves e
mamíferos) no semiárido e no bioma costeiro/marinho, seja pra fins de subsistência,
comercial ou simplesmente um traço culturalmente arraigado nos costumes locais
(ALVES et al., 2012; BEZERRA et al., 2012). Atividades de caça foram relatadas
pelos moradores locais e presenciada por membros da equipe do diagnóstico em
questão. Além da caça, a captura de aves silvestres para a utilização como animais
ornamentais e de canto foi observada. Em sua maioria as espécies utilizadas são as
mais comumente encontradas nas áreas locais pela acessibilidade, entre elas
Eupsittula cactorum, Sporophila albogularis, Paroaria dominicana e Icterus jamacaii,
que são endêmicas da Caatinga.
A pesca também apresenta, ao longo da história ambiental da RDSEPT,
uma atividade geradora de impactos a biodiversidade aquática. Isso ocorre
especialmente pela desinformação sobre o manejo adequado de espécies e uso de
apetrechos de pesca pouco seletivos.
Outra problemática gira em torno da crescente demanda pela exploração de
recursos energéticos. O potencial petrolífero e eólico local e no entorno, ameaçam a
biodiversidade pela fragmentação gerada no processo de instalação dos
empreendimentos e pela alteração da paisagem, sobretudo para as espécies de
aves migratórias que utilizam a UC como ponto de apoio em suas rotas migratórias e
considerando a ação direta dos aero geradores o risco de colisão é eminente.
2.6.6.5.5Considerações finais sobre a fauna da RDSEPT
Os dados apresentados confirmam a importância da UC na conservação de
diversos grupos animais. A área abriga uma grande quantidade de espécies de
aves, incluindo espécies migratórias, endêmicas e algumas ameaçadas de extinção.
Um grande número de anfíbios e répteis também tem ocorrência na RDSEPT e
áreas do entorno, o que torna vital a conservação das suas caraterísticas naturais,
incluindo a dinâmica natural das linhas de drenagem que mantem abastecidos os
corpos d‟água dulcícolas quer sejam sazonais ou perene. Com relação a
mastofauna listada, apesar de alguns táxons de alta relevância para a conservação
da UC, esses dados ainda estão longe do ideal para que tenham o devido valor no
120
direcionamento de uma gestão voltada para a conservação desse grupo. No entanto
a maior lacuna sobre o conhecimento da fauna da RDSEPT esta na ausência de
dados robustos para invertebrados, sobretudo terrestres. Esse grupo é sem dúvida
um dos maiores e sustentam uma infinidade de processos ecológicos e serviços
ecossistêmicos como a polinização de plantas nativas e até mesmo de cultivos
agrícolas, além de estarem na base de muitas cadeias tróficas.
Apesar de haverem algumas questões a serem resolvidas, o diagnóstico
atual é suficiente para permite a detecção de alguns problemas no que diz respeito a
conservação da fauna local, como a presença de caça e captura ilegal de animas
silvestres e a alteração da paisagem pelos processos inerentes ao desenvolvimento
dos núcleos habitacionais e por meio das instalações de empreendimentos
relacionados ao setor de exploração energética. Nesse sentido, medidas que visem
a implantação de projetos de conscientização, educação ambiental e fiscalização
são importantes para coibir problemas futuros além da maior participação
comunitária e dos interesses ecológicos do modelo de gestão da UC no processo de
tomada de decisão no que diz respeito a instalação destes empreendimento.
2.7 Indicadores socioeconômicos municipais: Macau, Guamaré e os municípios do
entorno da RDSEPT
Inicialmente, para efeito de contextualização local, foram considerados os
municípios circunvizinhos à Macau e Guamaré para caracterização socioeconômica.
Os municípios em análise são: Pedro Avelino, Jandaíra, Galinhos, Porto do Mangue,
Carnaubais e Pendências. É importante conhecer aspectos sociais e econômicos
dessas localidades para melhor compreensão da formação socioeconômica de
Macau e Guamaré, obtendo uma visão geral e local do contexto da área do entorno
aos municípios que compõem a área da Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT), Macau e Guamaré.
A descrição dos dados dos municípios circunvizinhos à RDSEPT é analisada
em consonância com os números e dados dos municípios de Macau e Guamaré,
enfocando, principalmente os censos dos anos 2000 e 2010.
Em termos de contextualização histórica, o local onde, atualmente, situa-se
o município de Guamaré, no litoral setentrional do Rio Grande do Norte, é conhecido
desde 1605, quando o Capitão Pero Coelho, acompanhado da mulher, filhos e dos
121
últimos soldados fiéis que haviam abandonado a tentativa de colonizar o Ceará. De
acordo com uma lenda, o português João Francisco dos Santos, construiu a Capela
de Nossa Senhora da Conceição, em 1783, em sinal de reconhecimento, por ter sido
salvo, juntamente com a tripulação de seu barco colhido por uma tempestade e
aportado no local, topônimo que se origina de ÁGUA MARÉ (IBGE, 2010).
Em 1837, os moradores pleitearam, junto à Assembleia Legislativa, a criação
da Vila Imperial de Guamaré, mas não foram atendidos. O desenvolvimento local,
em termos de povoamento, proveio em função da pesca abundante e das salinas
naturais. O município de Guamaré foi desmembrado de Macau pela lei estadual nº
2.744 de 07 de maio de 1962 (IBGE, 2010). O município está localizado nas
coordenadas geográficas: latitude 5º 06‟ 27” Sul; longitude: 36º 19‟ 13” Oeste,
ocupando 259,18 km², equivalente a 0,49% da superfície estadual (IDEMA, 2008). O
Índice de Desenvolvimento humano Municipal (IDHM) é 0,626, considerado médio, a
densidade demográfica é de 47,82 hab/km² (PNUD, IPEA, FJP 2013).
Com relação a história do município de Macau, seu povoamento possui
raízes históricas no contexto socioeconômico vivenciado pelo estado do Rio Grande
do Norte já no século XVIII. Documentos datados deste período ressaltavam as
riquezas das salinas do estado e a excelência do sal existente (IBGE, 2016).
A primeira área do município de Macau esteve situada em uma ilha a
noroeste da Ponta do Tubarão, a qual foi explorada pelo sesmeiro Manoel
Gonçalves. Esta área inicial abrangia as ilhas do rio Açu, Guamaré e o interior de
Pendências – incluindo as ilhas de Manoel Gonçalves e Alagamar. Em meados de
1820, os primeiros habitantes do local, que em sua maioria eram portugueses,
dedicados à exploração e comércio do sal,tiveram que migrar para a ilha de
Alagamar onde está localizada, atualmente, a cidade de Macau (PREFEITURA DE
MACAU, 2016).
Conforme o IBGE (2016), os fundadores do povoado de Macau foram os
portugueses: Capitão Martins Ferreira, seus quatro genros – José Joaquim
Fernandes, Manuel José Fernandes, Manuel Antônio Fernandes e Antônio Joaquim
de Sousa – e ainda João Garcia Valadão e o brasileiro João da Horta.A migração
para a nova área favoreceu o crescimento da economia, cuja principal atividade era
a exploração das salinas, conjugada à fabricação de velas com cera de carnaúba,
queijos e esteiras. Apesar do desenvolvimento da ilha, foi somente após 27 anos
122
que a povoação local tornou-se Viladesmembrando-se de Angicos, através da Lei n.
158 de 2.10.1847 (PREFEITURA DE MACAU, 2016).
A comarca foi instituída pela resolução nº 644, de 14 de dezembro de 1871.
A elevação à categoria de cidade veio posteriormente, em 1875. A partir de então a
cidade começou a crescer tendo a sua evolução econômica marcada pela
exploração das salinas. A princípio, a Comarca de Macau, desligada de Açu, foi
criada pela Lei Provincial nº 644 de 14 de dezembro de 1871 compreendendo os
povoados de Guamaré, Alagamar, Mangue Seco, Barreiras, Diogo Lopes, Pedrinhas
e Tabatinga. Apenas em 1953 desmembrou-se de Pendências e Guamaré, os quais
constituíram novos municípios (IBGE, 2016; PREFEITURA DE MACAU, 2016).
O município de Macau está localizado entre as coordenadas 5º 06‟ 54‟‟ de
latitude sul e 36º 38‟ 04‟‟ de longitude oeste, abrange uma área territorial de 788,02
km2, correspondente a 1,49% da superfície estadual. O IDHM é de 0,665,
considerado um valor médio, assim como o de Guamaré. A densidade demográfica
do município é de 36,64 hab/km² (PNUD, IPEA, FJP 2013).
2.7.1 Aspectos demográficos
De acordo com o Gráfico 6, o município de Guamaré apresenta no ano de
2010 crescimento populacional de 52,21% em relação ao ano 2000, representando
aumento de 4.255 pessoas durante a década em questão. No entanto, a população
urbana sofreu queda, pois em 2000 era representado por 44,16% e em 2010 o
percentual constatado foi de 35,53%. Ao mesmo tempo a população rural cresceu,
quando no ano 2000, 55,84% da população era rural, em 2010 esse nicho
populacional era 64,47%.
123
Gráfico 6 - População Total, Rural/Urbana – Pedro Avelino, Jandaíra, Porto do Mangue, Carnaubais, Pendências, Galinhos, Macau e Guamaré – RN, censos 2000 e 2010.
Fonte: PNUD, IPEA, FJP, 2013 (adaptado).
No que diz respeito aos dados populacionais do município de Macau,
percebe-se quenos anos entre 2000 e 2010, foi registrado o crescimento médio
anual de 1,20%, enquanto no Brasil o percentual foi de 1,17%. A taxa de
urbanização do município neste período passou de 72,42% para 75,87% (PNUD,
2013). O ano de 2000 registrou população total de 25.700 habitantes, enquanto o
ano 2010 contabilizou quantitativo maior, de 28.954 residentes. Já em 2015, a
população de Macau foi estimada em 31.318 habitantes (IBGE, 2015).
Já no município de Jandaíra, entre o ano 2000 e 2010, a população total
cresceu de 6.124 para 6.801 habitantes. A população urbana e rural também
cresceu entre 2000 e 2010. Porém, a taxa de urbanização nesta década reduziu de
61,92% para 58,14% em 2010, esse fenômeno também ocorreu no município de
0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000
PEDRO AVELINO - 2000
PEDRO AVELINO - 2010
JANDAÍRA - 2000
JANDAÍRA - 2010
GALINHOS - 2000
GALINHOS - 2010
Porto do Mangue - 2000
Porto do Mangue - 2010
Pendências - 2000
Pendências - 2010
Carnaubais - 2000
Carnaubais - 2010
Macau - 2000
Macau - 2010
Guamaré - 2000
Guamaré - 2010
Rural
Urbana
População total
124
Pedro Avelino, atestando que a população rural cresceu em maior número que a
urbana entre o ano 2000 e 2010 (Gráfico 2).
Seguindo o panorama de avaliação na década que compreende o ano 2000
e o ano 2010, o município de Galinhos teve crescimento na população total, urbana,
rural e na taxa de urbanização. Com relação a população total o município em 2000
possuía 1.767 habitantes e em 2010 esse número passou para 2.159 pessoas. A
população urbana em 2000 era de 1.001 e em 2010 chegou a 1.238, representando
pequeno crescimento da taxa de urbanização do município de 56,65% em 2000 para
57,34% em 2010. A população rural em Galinhos cresce de 766 pessoas em 2000
para 921 pessoas em 2010 (PNUD, IPEA, FJP 2013).
No tocante aos aspectos quantitativos da população, o município de Porto
do Mangue obteve um crescimento de 1.153 pessoas entre os anos 2000 e 2010.
Em 2000 a população era de 4.064 habitantes e em 2010 eram 5.217. O número de
pessoas residentes na área urbana seguiu a tendência de crescimento passando de
2.285 em 2000 para 3.027 em 2010, referente a taxa de urbanização que passou de
56,23 em 2000 para 58,02 no ano 2010. Entre essas décadas a população rural
também cresceu.
A população total do município de Carnaubais equivale a praticamente o
dobro da população do Porto do Mangue, em 2000 o IBGE registrou 8.192
habitantes, já em 2010 foram contabilizados 9.762 (IBGE, 2000; IBGE, 2010). Nesse
período houve um aumento da população que reside na área urbana, enquanto a
população rural diminuiu. Em 2000, 2.104 habitantes residiam no perímetro urbano,
já em 2010 esse número duplicou, registrando 4.757 habitantes. A população rural
passou de 6.088 para 5.005, uma diminuição de 23,05% na sua taxa média de
crescimento.
O município de Pendências, em termos populacionais, é relativamente maior
que Carnaubais, em 2000 a população foi contabilizada em 11.401 pessoas, deste
total, 8.944 residiam na área urbana e 2.457 residiam na área rural. Já em 2010, a
população total era de 13.432 habitantes, 10.574 moravam na zona urbana e 2.858
na zona rural. Tanto a população urbana como rural cresceram nesse período, no
entanto a taxa de urbanização passou de 78,45 para 78,72, enquanto a taxa de
crescimento rural apresentou uma leve queda.
125
2.7.2 Aspectos econômicos
De acordo com Brasil (2004) para a realização do cálculo do Produto Interno
Bruto (PIB) deve-se estimar o Valor Adicionado – VA das atividades econômicas –
Agropecuária, Indústria e Serviços – o dummy financeiro, os impostos e o PIB,
medido a preço corrente por município.
O IBGE (2013) traz em seus levantamentos estatísticos que o PIB do
município de Pedro Avelino é de R$ 5.906,31 por pessoa; Em Jandaíra, o PIB
alcança a marca de R$ 6.060,92; O município de Galinhos que possui 2.159
habitantes tem um PIB com valor de R$ 18.522,87; Porto do Mangue apresenta o
Produto Interno Bruto de R$ 22.998,94 per capita; em Carnaubais esse valor é de
R$ 25.405,08 por pessoa; e o maior PIBper capita dos municípios circunvizinhos
analisados é o de Pendências, correspondente a R$ 41.582,94. Já nos municípios
onde está localizada a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do
Tubarão (RDSEPT), Macau apresenta o PIB per capita de R$ 30.072,61 enquanto o
município de Gumaré apresenta R$ 3.794,42. Com relação ao Produto Interno Bruto
Total Macau registra R$ 924.703,00e Guamaré R$ 52.826,00 (Tabela 12).
Aprofundando a análise nos municípios de Guamaré e Macau sobre a
compartimentação do PIB nas áreas produtivas, o município de Guamaré apresenta
a soma de todos os bens divididos pela quantidade de habitantes (PIB per capita)
atingindo em 2010 o valor de R$ 50.802,31. No entanto, em 2013, o valor do PIB per
capita correspondeu a R$ 3.794,42, demonstrando uma diminuição significativa ao
longo dos anos (IBGE, 2016). A queda acentuada identificada em 2013 pode ser
justificada pelo aumento do preço do petróleo (principal matéria-prima da indústria
de refinaria) que se deu a partir de 2011. Apesar do acréscimo, os preços dos
derivados do petróleo permaneceram estáveis e com isso a receita obtida com os
produtos da indústria petrolífera se manteve praticamente inalterada (IBGE, 2013).
126
Tabela 12 - PIB/per capita/Total(2013) dos municípios de Macau, Guamaré e demais municípios do entorno da RDSEPT.
Município PIB/per capita (R$) PIB TOTAL(R$)
Pedro Avelino 5.906,31 42.443,00
Jandaíra 6.060,92 42.948,00
Galinhos 18.522,87 56.255,00
Porto do Mangue 22.998,94 236.565,00
Carnaubais 25.405,08 194.323,00
Pendências 41.582,94 365.884,00
Guamaré 3.794,42 52.826,00
Macau 30.072,61 924.703,00
Fonte: IBGE, 2013.
Cabe ressaltar que em Guamaré a indústria de refino de petróleo é uma
atividade bastante relevante e qualquer alteração no mercado petrolífero interfere na
economia do município. Em virtude desse contexto, os anos de 2011, 2012 e 2013
registram um desempenho negativo da indústria (Tabela 13). No tocante ao PIB
total, a preços correntes, referente ao preço dos produtos no ano de produção e
comercialização, 2010 obteve o valor de R$ 631.524,00 e em 2013, o valor de R$
52.826,00, apontando, mais uma vez, a discrepância existente entre esses dois
períodos. Os valores do PIB e a contribuição de cada setor podem ser visualizados
no quadro 2.1, onde se observa que em 2010, durante o ano de maior PIB, o setor
industrial foi o que mais contribuiu para o valor adicionado total. Nos anos
posteriores, quando a indústria apresentou valores negativos, o setor de serviços foi
o que manteve os valores mais representativos.
No município de Macau o panorama do PIB se difere do contexto de
Guamaré e apresenta valores mais equilibrados ao longo do período entre 2010 e
2013 (Tabela 14). O PIB per capita alcançou em 2010 o valor de R$ 22.491,49, já
em 2013, o valor aumentou, obtendo-se R$ 30.072,61. Quanto ao PIB total, a preços
correntes, em 2010 obteve-se R$ 651.668,00 e em 2013 o valor obtido foi de R$
924.703,00 (IBGE, 2016). Os dados analisados apontam uma evolução gradativa no
PIB do município, apresentando um crescimento nos valores monetários. Em
Macau, foi possível evidencia que não houve desempenho negativo da indústria,
pelo contrário, este setor desenvolve um papel significativo na composição do PIB,
seguido do setor de serviços e agropecuário. Todavia, é importante destacar que a
127
indústria do município de Macau se caracteriza pela sua diversidade, o território local
é beneficiado com a produção da indústria salineira, da energia eólica, e dos
campos de petróleo situados em suas mediações.
Tabela 13 - Produto Interno Bruto de Guamaré – período de 2010 a 2013 – série revisada. Valores (R$).
Produto Interno Bruto de Guamaré – RN
Ano
Valor Adicionado Impostos,
líquidos
de
subsídios
sobre
produtos
PIB total (a
preços
correntes)
PIB per
capita Agropecuár
ia
Indústria
Serviços
Total
2010 14.961 340.620 219.210 574.791 56.732 631.524 50.802,31
2011 15.164 -100.547 263.311 177. 927 67.649 245.576 19.289,62
2012 17.191 -398.646 309.875 -71.579 82.651 11.072 848,60
2013 21.746 -398.172 366.130 -10.297 63.123 52.826 3.794,42
Fonte: IBGE, 2016 (adaptado). Tabela 14 - Produto Interno Bruto de Macau – período de 2010 a 2013 – série revisada. Valores (R$).
Produto Interno Bruto de Macau – RN
Ano
Valor Adicionado Impostos,
líquidos de
subsídios
sobre
produtos
PIB total
(a preços
correntes)
PIB per
capita Agropecuária Indústria Serviços Total
2010 18.549 369.630 228.268 616.447 35.221 651.668 22.491,49
2011 18.693 456.459 265.684 740.837 36.909 777.746 26.631,49
2012 23.120 568.492 300.465 892.078 43.437 935.515 30.770,52
2013 27.663 535.829 324.628 888.120 36.583 924.703 30.072,61
Fonte: IBGE, 2016 (adaptado).
2.7.3 Aspectos sociais de Macau e Guamaré
No tocante a educação dos municípios de Macau e Guamaré, o Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) no ano de 2012, apresentou
que o município de Guamaré registrou o número de 4.096 matrículas realizadas,
sendo 2.710 em escolas de ensino fundamental; 748 matrículas no ensino médio e
638 matrículas em instituições que ofereciam o ensino pré-escolar. Nos três níveis
de ensino a maior parte das matrículas foi realizada em instituições de ensino
públicas. Ainda em 2012, o município contava com 37 instituições dentre as quais,
30 eram públicas e 7 privadas. Sobre o corpo docente presente no município, o
128
número colhido pelo INEP, foi de 257 docentes sendo 24 docentes prestando
serviços para instituições privadas e outros 233 trabalhando em unidades escolares
vinculadas ao poder público (Tabela 15).
Com relação ao panorama da educação no município de Macau, o INEP em
2012 registrou um número de estabelecimentos, docentes e matrículas superior a
Guamaré. A cidade realizou 6.888 matrículas em 2012, deste total, 4.627 foram
efetuadas no ensino fundamental, 1.495 no ensino médio e 776 no ensino pré-
escolar. Nos três níveis de escolaridade observou-se que as escolas públicas
obtiverem um maior quantitativo de matrículas. Quanto a quantidade de
estabelecimentos de ensino, o nível fundamental apresentou um maior número de
escolas, foram contabilizadas 26 escolas de nível fundamental, 5 escolas de ensino
médio e 20 escolas de ensino pré-escolar(Tabela 16).
Tabela 15 - Educação – Rede escolar, docentes e matrículas – Guamaré-RN, 2012
Instituições de ensino (Escolas) N°
estabelecimentos
N°
Docentes Matrículas
ENSINO FUNDAMENTAL 21 162 2.710
Ensino fundamental – privada 4 20 116
Ensino fundamental - pública estadual 2 23 374
Ensino fundamental - pública federal Não existente - -
Ensino fundamental – pública municipal 15 119 2.220
ENSINO MÉDIO 1 35 748
Ensino médio - privada 0 0 0
Ensino médio - pública estadual 1 35 748
Ensino médio - pública federal Não existente - -
Ensino médio - pública municipal 0 0 0
ENSINO PRÉ-ESCOLAR 15 60 638
Ensino pré-escolar - privada 3 4 36
Ensino pré-escolar - pública estadual 0 0 0
Ensino pré-escolar - pública federal Não existente - -
Ensino pré-escolar - pública municipal 12 56 602
Fonte: MEC, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional, 2012 citado por IBGE, 2016.
No âmbito do ensino médio destaca-se a presença do Instituto de Federal de
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), o qual além de oferecer
cursos técnicos integrados ao ensino médio oferece cursos técnicos subsequentes,
de graduação, de especialização e cursos técnicos integrados a Educação
Profissional e Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos
129
(PROEJA).Quanto aos docentes que atuam no município, foram contabilizados 245
na rede de ensino fundamental, 99 no ensino médio e 51 no ensino pré-escolar.
O município de Guamaré, no tocante a saúde, apresenta grande evolução
que pode ser constatada na Tabela 17, onde em 2005 o município contava com 2
estabelecimentos de saúde e em 2009 esse número saltou para 12
estabelecimentos. Importante ressaltar que dos 12 estabelecimentos de saúde
elencados em 2009, 11 estabelecimentos são públicos e mantidos pelo poder
público municipal.
Tabela 16 - Educação – Rede escolar, docentes e matrículas – Macau-RN, 2012.
Instituições de ensino (Escolas) N°
estabelecimentos
N°
Docentes Matrículas
ENSINO FUNDAMENTAL 26 245 4.617
Ensino fundamental – privada 5 61 1.225
Ensino fundamental - pública estadual 6 57 943
Ensino fundamental - pública federal Não existente - -
Ensino fundamental – pública municipal 15 127 2.449
ENSINO MÉDIO 5 99 1.495
Ensino médio - privada 2 26 190
Ensino médio - pública estadual 2 31 1.023
Ensino médio - pública federal 1 42 282
Ensino médio - pública municipal Não existente - -
ENSINO PRÉ-ESCOLAR 20 51 776
Ensino pré-escolar - privada 5 10 204
Ensino pré-escolar - pública estadual Não existente - -
Ensino pré-escolar - pública federal Não existente - -
Ensino pré-escolar - pública municipal 15 41 572
Fonte: MEC, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional, 2012 citado por IBGE, 2016.
Tabela 17 - Saúde – Estabelecimentos de saúde em Guamaré-RN, 2005, 2009.
Guamaré – Serviços de saúde 2005 2009
Estabelecimentos de Saúde total 2 12
Estabelecimentos de Saúde público total 2 11
Estabelecimentos de Saúde público federal 0 0
Estabelecimentos de Saúde público estadual 0 0
Estabelecimentos de Saúde público municipal 2 11
Estabelecimentos de Saúde privado total 0 1
Estabelecimentos de Saúde privado com fins lucrativos 0 1
Estabelecimentos de Saúde privado SUS 0 1
Estabelecimentos de Saúde com internação total 1 1
Estabelecimentos de Saúde sem internação total 1 10
Estabelecimentos de Saúde com apoio à diagnose e terapia total 0 1
Estabelecimentos de Saúde com internação público 1 1
130
Guamaré – Serviços de saúde 2005 2009
Estabelecimentos de Saúde sem internação público 1 10
Estabelecimentos de Saúde com apoio à diagnose e terapia privado 0 1
Estabelecimentos de Saúde total privado/SUS 0 1
Estabelecimentos de Saúde com apoio à diagnose e terapia privado/SUS 0 1
Estabelecimentos de Saúde especializado sem internação total 0 1
Estabelecimentos de Saúde com especialidades com internação total 1 1
Estabelecimentos de Saúde com especialidades sem internação total 0 1
Estabelecimentos de Saúde geral sem internação total 1 9
Estabelecimentos de Saúde com especialidades com internação público 1 1
Estabelecimentos de Saúde com especialidades sem internação público 0 1
Estabelecimentos de Saúde geral sem internação público 1 9
Estabelecimentos de Saúde especializado sem internação privado 0 1
Estabelecimentos de Saúde especializado sem internação privado/SUS 0 1
Estabelecimentos de Saúde SUS 2 12
Estabelecimentos de Saúde plano de terceiros 0 1
Estabelecimentos de Saúde particular 0 1
Estabelecimentos de Saúde único total 2 12
Estabelecimentos de Saúde único público 2 11
Estabelecimentos de Saúde único privado 0 1
Estabelecimentos de Saúde único privado/SUS 0 1
Leitos para internação em Estabelecimentos de Saúde total 25 33
Leitos para internação em Estabelecimentos de Saúde público total 25 33
Leitos para internação em Estabelecimentos de Saúde público municipal 25 33
Estabelecimentos de Saúde com atendimento ambulatorial total 2 11
Fonte: IBGE, Assistência Médica Sanitária, 2005. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. IBGE, Assistência Médica Sanitária 2009. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
Sobre a saúde do município de Macau, cabe destacar que a quantidade de
estabelecimentos de saúde entre o período de 2005 a 2009 quase que dobrou. No
ano de 2005 foram registrados 12 estabelecimentos, já em 2009 foram
contabilizados 21. Conforme os dados disponíveis pelo IBGE (2006; 2010), o
município dispõe de 10 estabelecimentos públicos de saúde, os quais são
administrados pelo município, não havendo instituído hospitais/postos de saúde
estaduais/federais (Tabela 18).
131
Tabela 18 - Saúde – Estabelecimentos de saúde em Macau-RN, 2005, 2009.
Macau – Serviços de saúde 2005 2009
Estabelecimentos de Saúde total 12 21
Estabelecimentos de Saúde público total 8 10
Estabelecimentos de Saúde público federal 0 0
Estabelecimentos de Saúde público estadual 0 0
Estabelecimentos de Saúde público municipal 8 10
Estabelecimentos de Saúde privado total 4 11
Estabelecimentos de Saúde privado com fins lucrativos 1 8
Estabelecimentos de Saúde privado SUS 3 8
Estabelecimentos de Saúde com internação total 2 2
Estabelecimentos de Saúde sem internação total 8 16
Estabelecimentos de Saúde com apoio à diagnose e terapia total 0 3
Estabelecimentos de Saúde com internação público 0 0
Estabelecimentos de Saúde sem internação público 0 10
Estabelecimentos de Saúde com apoio à diagnose e terapia privado 0 3
Estabelecimentos de Saúde total privado/SUS 3 8
Estabelecimentos de Saúde com apoio à diagnose e terapia privado/SUS 0 3
Estabelecimentos de Saúde especializado sem internação total 0 7
Estabelecimentos de Saúde com especialidades com internação total 0 2
Estabelecimentos de Saúde com especialidades sem internação total 2 3
Estabelecimentos de Saúde geral sem internação total 8 9
Estabelecimentos de Saúde com especialidades com internação público 0 0
Estabelecimentos de Saúde com especialidades sem internação público 1 1
Estabelecimentos de Saúde geral sem internação público 7 9
Estabelecimentos de Saúde especializado sem internação privado 0 7
Estabelecimentos de Saúde especializado sem internação privado/SUS 0 4
Estabelecimentos de Saúde SUS 11 18
Estabelecimentos de Saúde plano de terceiros 0 7
Estabelecimentos de Saúde particular 0 7
Estabelecimentos de Saúde único total 12 21
Estabelecimentos de Saúde único público 8 10
Estabelecimentos de Saúde único privado 4 11
Estabelecimentos de Saúde único privado/SUS 3 8
Leitos para internação em Estabelecimentos de Saúde total 75 59
Leitos para internação em Estabelecimentos de Saúde público total 0 0
Leitos para internação em Estabelecimentos de Saúde público municipal 0 0
Estabelecimentos de Saúde com atendimento ambulatorial total 12 18
Fonte: IBGE, Assistência Médica Sanitária, 2005. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. IBGE, Assistência Médica Sanitária 2009. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
De acordo com Philippi Júnior, Roméro e Bruna (2004, p. 25) “Saneamento
pode ser entendido como controle dos fatores do meio físico do homem, meio esse
132
que pode exercer um efeito deletério sobre o seu bem-estar físico, mental e social,
ou seja, sobre sua saúde”. Conforme a lei 11.445/2007, o saneamento básico
compreende o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: 1.
abastecimento de água; 2. esgotamento sanitário; 3. limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos; 4. drenagem e manejo de águas pluviais urbanas (BRASIL, 2007).
Para caracterizar o saneamento dos municípios brasileiros, o IBGE
estabelece que, se todos os serviços básicos supracitados forem adequados, o
saneamento é adequado; se pelo menos um destes serviços básicos for adequado,
o saneamento é semi-adequado; e se não houver rede geral de água, esgotamento
sanitário e coleta de lixo, o saneamento é inadequado.
No município de Guamaré, na zona rural é observado que 89,6% das
residências possuem a oferta de saneamento, porém essa estrutura oferecida
encontra-se em estado semi-adequado. Na zona urbana do município 83% das
residências possui sistema de saneamento adequado (IBGE, 2010) (Gráfico 7).
Gráfico 7 - Saneamento – Guamaré/RN. Dados em (%).
Fonte: IBGE, 2010.
Quanto ao município de Macau, os dados de saneamento apontaram que
74,6% dos domicílios da zona rural dispõem de serviços de saneamento semi-
adequado (Gráfico 8). Já na zona urbana a maioria dos domicílios (83%) dispõe de
serviço adequado (IBGE, 2010).
6,5 4
89,683
0,1 16,9
34,1
2,6
63,4
0102030405060708090
100
adeq
uad
o
inad
equ
ado
sem
i-ad
equ
ado
adeq
uad
o
inad
equ
ado
sem
i-ad
equ
ado
adeq
uad
o
inad
equ
ado
sem
i-ad
equ
ado
Rural Urbano Total
133
Gráfico 8 - Saneamento – Macau/RN. Dados em (%).
Fonte: IBGE, 2010.
Sobre os resíduos Braga et. al. (2005, p. 147) relata que "os resíduos sólidos
de uma área urbana são constituídos por desde aquilo que vulgarmente se
denomina 'lixo' [...] até resíduos especiais, e quase sempre mais problemáticos e
perigosos, provenientes de processos industriais e de atividades médico-
hospitalares".
A destinação adequada dos resíduos sólidos municipais é de suma
importância para a qualidade de vida da população local e do meio ambiente, uma
vez que ao ser descartado em local inadequado o “lixo” pode gerar inúmeros
problemas sociais e ambientais. A coleta de resíduos deve ser realizada com
frequência necessária, considerando que o acúmulo excessivo de resíduos pode
aumentar os riscos para o meio ambiente e saúde pública.
Os veículos que realizam a coleta devem ser escolhidos de acordo com a
quantidade de resíduos, o tipo de resíduos transportado, as características
topográficas da região e a qualidade da malha viária a ser atendida. Os horários e
itinerários devem ser devem ser selecionados de modo a minimizar o incômodo à
população pelo ruído, por exemplo, quando são empregados na coleta os
caminhões compactadores (PHILLIPI JUNIOR, 2005).
De acordo com IBGE (2010) a destinação dos resíduos sólidos dada pelos
moradores do município de Guamaré, pode ser observada no Gráfico 9, onde se
destaca que 94% do lixo gerado nas residências é coletado por serviço de limpeza,
7,4 18
74,6
86,9
0,9 12,2
68,7
4,826,5
0102030405060708090
100
adeq
uad
o
inad
equ
ado
sem
i-ad
equ
ado
adeq
uad
o
inad
equ
ado
sem
i-ad
equ
ado
adeq
uad
o
inad
equ
ado
sem
i-ad
equ
ado
Rural Urbano Total
134
4,15% é queimado na propriedade, além de outros percentuais que denotam o
descarte dos resíduos em terrenos baldios, enterrados na propriedade, coletado por
caçamba de serviço de limpeza e outros destinos.
Em Macau, 88% dos moradores destinam seu lixo à coleta pública do
serviço de limpeza; 5,9% queimam o lixo em sua própria propriedade; 4,6%
destinam o lixo nas caçambas de serviço de limpeza, os demais percentuais
refletem o descarte do lixo em terrenos baldios e logradouros, e o descarte em rios,
lagos e mares, entre outros (Gráfico 10).
Gráfico 9 - Destinação dos resíduos sólidos – Guamaré/RN. Dados em (%).
Fonte: IBGE, 2010.
Gráfico 10 - Destinação dos resíduos sólidos – Macau/RN. Dados em (%).
Fonte: IBGE, 2010.
1,08 0,33 0,034,15
94,08
0,330,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
Coletado em caçamba de serviço de
limpeza
Jogado em terreno
baldio ou logradouro
Outro destino Queimado (na
propriedade)
Coletado por serviço de
limpeza
Enterrado (na propriedade)
4,6 1 0,1 5,9
88
0,3 0,10,00
10,0020,0030,0040,0050,0060,0070,0080,0090,00
100,00
Coletado em caçamba de serviço de limpeza
Outro destino Coletado por serviço de limpeza
Jogado em rio, lago ou mar
135
O serviço de abastecimento de água potável é constituído pelas atividades,
infraestruturas e instalações, que atuam desde a captação de água até as ligações
prediais e respectivos instrumentos de medição (BRASIL, 2007). Com relação ao
abastecimento de água no município de Guamaré, verifica-se no Gráfico 11, que
89% das residências do município possuem abastecimento de água realizado pela
Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), de acordo com a
empresa o abastecimento de água à população é realizado através da exploração
do Rio Assú, pertencente à Bacia Hidrográfica Piranhas/Assú.
A unidade da empresa responsável pela produção e distribuição de água
para consumo humano é a Regional Assu, já a Vigilância da Qualidade da Água é
realizada pela Secretaria Municipal de Saúde (CAERN, 2016).
Gráfico 11 - Abastecimento de água – Guamaré/RN. Dados em (%).
Fonte: IBGE, 2010.
Em Macau o cenário do abastecimento de água é semelhante a Guamaré.
De acordo com o IBGE (2010), 88% dos domicílios permanentes possuem acesso a
rede de abastecimento de água da CAERN, porém 12% não tem esse serviço
disponível (Gráfico 12). Para a população que não dispõe da rede de abastecimento
de água o acesso se dá a partir das seguintes opções: acúmulo de água da chuva
em cisternas; abastecimento por carro pipa; dispõe de poço ou nascente fora da
propriedade; dispõe de poço ou nascente na propriedade; o abastecimento se dá
através da água de açude/rio/lago; o abastecimento se dá de outra forma.
No município de Macau, o abastecimento de água é realizado pela CAERN,
através da exploração do Rio Assú, pertencente à Bacia Hidrográfica Piranhas/Assú.
Não tinham11%
Tinham89%
136
A empresa responsável pela produção e distribuição de água para consumo humano
é a Regional Assu. Já no que diz respeito à função de fiscalizar a qualidade da água,
esta é atribuída ao programa de Vigilância da Qualidade da Água, desenvolvido pela
Secretaria Municipal de Saúde (CAERN, 2016).
Gráfico 12 - Abastecimento de água – Macau/RN. Dados em (%).
Fonte: IBGE, 2010.
A iluminação pública constitui um dos aspectos básicos de infraestrutura do
lote urbano previsto na lei 6.766 de 1979, que dispões sobre o parcelamento do solo
urbano (BRASIL, 1979). O censo 2010, realizado pelo IBGE, revela que em relação
à disponibilidade de energia elétrica nas residências do município de Guamaré, 98%
da população possuía energia elétrica para utilização em sua residência, enquanto
apenas 2% das residências não possuíam (IBGE, 2010) (Gráfico 13).
Gráfico 13 - Disponibilidade de energia elétrica – Guamaré/RN. Dados em (%).
Fonte: IBGE, 2010.
Não Tinham12%
Tinham88%
Não tinham2%
Tinham98%
137
No município de Macau 99% das residências possuem energia elétrica e
apenas 1% não tem disponível a oferta desse serviço (Gráfico 14).
Gráfico 14 - Disponibilidade de energia elétrica – Guamaré/RN. Dados em (%).
Fonte: IBGE, 2010.
2.8 Caracterização e situação fundiária das comunidades da RDS Ponta do Tubarão
A RDSEPT apresenta um conjunto de comunidades que se estabelecem, ou
integralmente, ou parcialmente, dentro dos seus limites. Estas comunidades estão
dispostas de maneira espalhada (Mapa 6), porém, com dois espaços de maior
adensamento e proximidade entre algumas comunidades, como é o caso do espaço
que congrega as comunidades de Barreiras, Diogo Lopes e Sertãozinho, onde a
ocupação é intrinsecamente ligada a maré e aos recursos pesqueiros (estima-se que
80% dos 10.000 habitantes da RDSEPT residam nessas comunidades), todas estas
situadas no município de Macau, e o espaço que reúne as comunidades de
Guamaré, sendo estas Lagoa Doce, Mangue Seco I e Mangue Seco II (estima-se
que 15% dos habitantes da RDSEPT residam nessas comunidades), todas
afastadas da maré e ocupando um ambiente entre as dunas e o tabuleiro, com um
uso do solo bastante ligado a pequena produção agrícola e a criação de animais,
especialmente, bovino e caprino.
Outras comunidades identificadas são:
i) Chico Martins – uma pequena ocupação que reúne casas de veraneio sobre as
falésias e pequenas casas de padrão mais simples no tabuleiro;
Não tinham1%
Tinham99%
138
ii) Cacimba da Baixa –situada próximo a Barreiras, apresenta poucos domicílios
margeando a RN 403;
iii) Baixa do Grito – situada próximo a Cacimba da Baixa. Vem crescendo na direção
do tabuleiro e das dunas móveis, possuindo casas de padrão variado;
iv) Soledade – Comunidade a oeste da RDSEPT situa-se parcialmente na reserva e
tem forte ligação com a atividade salineira e com a pesca;
v) Pau Feito – Comunidade com poucas residências situada em área isolada entre o
tabuleiro e as dunas. Tem difícil acesso.
vi) Canto da Imburana – Situada no encontro das RNs 403 e 221, apenas uma casa
está dentro dos limites da reserva. O restante das casas fica nas imediações.
As 12 comunidades apresentam uma infraestrutura precária. É comum as
ocupações não possuírem documento dos terrenos, a energia por vezes chega as
ruas e as casas, mas em algumas comunidades chega só as casas e não as ruas, o
abastecimento de água acontece por rede geral em parte das comunidades, porém,
muitas comunidades são abastecidas por carro pipa, inexiste o saneamento nas
comunidades, a coleta de lixo acontece em quase todas as comunidades, mas,
ainda se observa a queima de lixo em alguns setores, os serviços educacionais e de
saúde estão restritos às comunidades maiores como, por exemplo, Barreiras, Diogo
Lopes, Mangue Seco I e Mangue Seco II.
Quanto ao trabalho e renda, muitos moradores estão envolvidos com a
pesca, trabalho em salinas e fazendas de camarão, serviços na construção civil,
criação de animais e agricultura. A falta d‟água que se estabelece com 5 anos de
chuvas abaixo da média agrava a situação socioeconômica dos moradores,
dificultando a plantação e criação de animais. Mesmo nas comunidades que
possuem rede geral de abastecimento pode-se observar que já se estabelece um
racionamento de água.
Uma questão importante é que, em termos de sentimento de pertencimento
a reserva, nas comunidades situadas próximo a maré, os moradores demonstram
um maior conhecimento e consciência sobre a reserva, já nas comunidades do
interior, poucos moradores sabem que estão em uma reserva e muitos dos que
sabem não reconhecem e relatam que todas as questões relativas a RDSEPT são
discutidas em Diogo Lopes e Barreiras, não chegando nada em comunidades como,
por exemplo, Lagoa Doce e Mangue Seco I.
139
Um ponto positivo demonstrado nas entrevistas com moradores foi o baixo
índice de violência em todas as comunidades da RDSEPT. Mesmo que em muitas
comunidades a polícia faça apenas uma ronda esporádica, a violência não é uma
preocupação dos moradores. Contudo, muito foi relatado sobre o abuso do álcool e
o aumento no consumo de drogras, que podem em um curto prazo, promover um
aumento da violência. Portanto, é fundamental que existam políticas públicas para
prevenir a violência nas comunidades da RDSEPT.
Quanto à situação fundiária da RDSEPT, cabe inicialmente mencionar as
características descritas na Lei 9.985/2000(SNUC) sobre o domínio das terras nas
RDSs:
Art. 20 § 2o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é de domínio
público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser, quando necessário, desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. Art. 20 § 3
o O uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais
será regulado de acordo com o disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentação específica. Art. 23. A posse e o uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais nas Reservas Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável serão regulados por contrato, conforme se dispuser no regulamento desta Lei. (BRASIL, 2000) (Grifo Nosso).
Os artigos 20 e 23 do SNUC emanam a compreensão de que as RDSs são
de domínio público e devem ser destinadas ao uso das populações tradicionais, que
devem estabelecer um contrato com o ente federativo responsável pela criação. Já
as áreas privadas devem ser “quando necessário” desapropriadas. O termo “quando
necessário” pode ensejar muitas dúvidas no âmbito de um projeto de
desapropriação, especialmente em um panorâma nacional de pouco investimento
nas políticas ambientais. Sobre o assunto, o relatório da WWF (2007) afirma que há
uma falta de comprometimento dosvirtuais proprietários com a gestão da RDSEPT e
parca participação do órgãogestor para resolução do problema.
Nesse sentido, existem dois grandes desafios para a RDSEPT: o primeiro é
avaliar as áreas privadas que desenvolvem atividades cujos objetivos são
conflitantes com a conservação ambiental e sustentabilidade das populações
tradicionais; o segundo é levantar quais moradores realmente podem ser
caracterizados como “tradicionais”, como forma de viabilizar o contrato de concessão
de direito real de uso junto ao poder público estadual. Uma dificuldade para a
segunda questão colocada é o enquadramento da população no conceito de
“população tradicional”. O Decreto 6.040/2007 (BRASIL, 2007) que institui a Política
140
Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais,
define em seu artigo 3o:
I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição;
De fato, no caso da RDSEPT, desde a sua criação em 2003, muitas
mudanças já ocorreram no âmbito das ocupações humanas, não sendo incomum a
presença de novos moradores que não estão alinhados aos critérios mínimos para
se enquadrar como tradicionais. Isso decorre da ausência do estado no controle do
processo de ocupação; contribui também a falta de um plano de manejo e, a
proximidade da RDSEPT e o fácil acesso à cidade de Macau, o que facilita a
mobilidade de pessoas.
Segundo estudo da WWF (2006) sobre a RDS Ponta do Tubarão,
[...] a situação fundiária é bastante complexa e polêmica, havendo uma série de pessoas jurídicas e físicas que declaram ser proprietárias de terras na área da reserva, e que também declaram, de antemão, não concordar em acatar as regras de um futuro plano de manejo. Além disto, cinco empresários, que se dizem proprietários de imóveis no interior da RDS, entraram com ações na justiça reivindicando a implantação de empreendimentos de carcinocultura na área, atividade considerada impactante e inadequada pelo órgão gestor (IDEMA / RN) e pelo conselho gestor deliberativo da unidade. (WWF, 2006, p. 16).
O relatório do IDEMA (2007) apresenta dados de pesquisa realizada em
2910 unidades habitacionais da RDSEPT, onde o conjunto das comunidades de
Barreiras, Diogo Lopes, Sertãozinho, Lagoa Doce e Manque Seco 1 e 2 formam
90% das unidades habitacionais existentes. Quando levantada a situação fundiária
das unidades habitacionais pesquisadas, 1.900 unidades indicaram situação como
sendo “própria”, o que representa 65,3% do total. Quando indagados a respeito de
documentação do imóvel, verificou-se que cerca de 50% daqueles informados como
situação “própria”, diziam respeito ao imóvel construído, mas que o lote em si era um
terreno de posse.
Cabe ainda ressaltar que em 27,7% das unidades pesquisadas não foi
possível se identificar a condição da situação fundiária, devido ao fato de não existir
nenhum individuo na unidade habitacional para responder questões fundiárias no
momento da pesquisa.
Em 2016, as pesquisas para o Plano de Manejo foram atualizadas e o
Gráfico 15 destaca a situação dos 252 domicílios amostrados localizados na
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão.
Gráfico 15 - Situação dos domicílios amostrados nas comunidades da RDSEPT.
Como bem demonstram os dados do gráfico acima, dos 252 domicílios
selecionados para a pesquisa, 225 pertencem aos próprios moradores, equivalente
a 89%. Os que estão em situação alugadas somam 18, representando 7% do total.
Os que responderam morarem em casas emprestadas representam apenas um total
de 6, o que equivale 2,4% das residências pesquisadas na RDSEPT. Convém
ressaltar, que apesar de se declararem donos dos imóveis, boa parte dos mesmos
se encontram em situação irregular. A diferença de percentual referente aos imóveis
declarados próprios entre a pesquisa do IDEMA (2007) e o levantamento atual
(65,3% na primeira e 89% na última) decorre do fato de que a primeira considerou
27% de domicílios que não responderam e a última teve 100% de respostas na sua
amostra.
O relatório do IDEMA (2007) aponta que, de uma maneira geral, a maioria
dos terrenos localizados na área da RDSEPT foi adquirida por meio de doação e ou
cedidos por proprietários de terras. Em Diogo Lopes e Sertãozinho os terrenos das
famílias foram adquiridos em sua maioria via posse, como presente de políticos,
herança de família, doação de familiares, empréstimos, e ou aluguel. Os terrenos
com documentação (escritura em cartório) são poucos, em sua maioria são
Diogo Lopes
Barreiras
Sertãozinho
Mangue Seco I
Soledade
Chico Martins
RDSEPT
123
56
21
10
11
4
225
10
7
1
18
3
2
1
6
3
3
Casa própria Casa alugada Casa emprestada Outra
143
contratos de gaveta, vendas de terceiros que adquiriram por meio de sistema de
posse ou invasão.
Em Barreiras a maioria das terras pertence aos donos das salinas: não
foram invadidas, foram cedidas. Os habitantes que moram no centro são posseiros e
algumas áreas do centro pertencem ao Dr. Petit. As famílias já moram nesses locais
há mais de 30 ou 40 anos.
Nas comunidades do interior a situação é diferenciada. Em Lagoa Doce as
terras pertencem à família de Manoel Xavier da Cunha e Francisco Pinheiro. Os
terrenos foram cedidos para a moradia de famílias e os moradores não se
consideram donos das terras, apenas donos das casas que construíram, mesmo
morando pacificamente há anos. Em Mangue Seco I e II as terras pertencem ao Sr.
Zeca Pinheiro e Sr. José Chagas de Queiroz. Também nestes casos os moradores
não se consideram donos das terras, apenas donos das casas que construíram.
2.9Contexto socioconômico na RDS Ponta do Tubarão
No Nordeste, o Rio Grande do Norte (RN) é um dos poucos estados que
apresenta um grande potencial em termos de recursos naturais, vegetais e minerais
ainda pouco explorado. Já no século XIX, o estado se destacava como pioneiro na
localização de reservas de jazidas de hidrocarbonetos, cuja exploração só se
concretizaria em meados do século XX e, sobretudo, depois da primeira grande crise
do preço petróleo em 1973. Na década de 1940, outro papel importante foi
reservado ao estado potiguar com sua inserção produtiva na história da indústria
extrativa mineral do país, como o primeiro produtor de gipsita, maior produtor
nacional de concentrado de scheelita e de sal marinho.
Atualmente o estado norte-rio-grandense destaca-se no cenário nacional
como o primeiro produtor de sal marinho do país, primeiro produtor de petróleo em
terra e quarto em mar, colocação esta ocupada também na produção de gás natural.
Na região nordestina é também o maior produtor de telhas e grande produtor de
minerais e rochas industriais, notadamente feldspato, caulim, mica, calcário e
gemas, destacando-se a água-marinha e a turmalina.
Nesse contexto, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta
do Tubarão (RDSEPT), situada na Microrregião de Macau, apresenta grandes
potencialidades econômicas, como na exploração de petróleo, gás, piscicultura,
144
turismo, esporte, além da produção de sal marinho, colocando o estado do Rio
Grande do Norte na primeira posição como produtor de sal do país, cuja participação
em termos percentuais é de cerca 90% em relação à produção nacional. O sal é
usado não somente como um complemento alimentar, mas também na indústria
química e na agricultura para alimentação animal. O município de Macau é o
principal produtor de sal no estado potiguar.
A carcinicultura é outra atividade econômica que exerce um papel importante
na composição da economia regional. O estado norte-rio-grandense destaca-se
como um grande produtor de camarão em nível nacional, tendo o município de
Guamaré uma significativa importância nesta produção.
2.9.1 Surgimento e impactos da exploração de petróleo e energia eólica na região da RDSEPT
As duas grandes crises dos preços do petróleo, ocorridas em 1973 e 1979,
respectivamente, fez com que a cotação do barril de óleo explodisse no mercado
internacional, causando sério retrocesso em economias dependentes do ouro negro,
como a brasileira, que na época importava aproximadamente 80% do petróleo que
consumia. Essa crise fez com que a exploração petrolífera em terras potiguares se
tornasse viável economicamente. Assim, a partir daí, foram realizados grandes
investimentos pela Petrobrás na exploração de jazidas em todo território brasileiro.
No Rio Grande do Norte, os investimentos se intensificaram e em 1973 se deu a
primeira descoberta do campo marítimo de Ubarana, na costa marítima do município
de Guamaré/RN, cuja produção começou três anos depois. Em 1974, outra grande
descoberta de jazidas petrolíferas ocorreu em Macau/RN, cujas perspectivas
indicavam que as reservas nacionais dobrariam com aquele achado (ALMEIDA,
2014).
O crescimento da produção de petróleo no estado norte-rio-grandense fez
com que a estatal elevasse seus investimentos no território potiguar nos anos 1980,
dando início à instalação do Polo Industrial de Guamaré/RN, em 1983 e, dois anos
depois, colocando em operação a primeira Unidade de Tratamento e Processamento
de Gás Natural e o Gasoduto Nordestão. Este empreendimento conta atualmente
com três unidades de processamento de gás natural, uma de tratamento de óleo,
uma de produção de diesel, uma de querosene de aviação, uma de produção de
145
biodiesel, além de estações e subestações de tratamento de água e é responsável
pelo recebimento de todo o escoamento da produção proveniente dos campos
terrestres e marítimos. A consolidação desses investimentos no estado impactou
positivamente tanto na base produtiva da economia potiguar como em sua estrutura
econômica e social, principalmente com a instalação de várias empresas ligadas à
atividade petrolífera no interior do estado, repercussão que também se fez sentir na
geração de emprego e renda nos municípios localizados nas áreas produtoras de
petróleo (ALMEIDA, 2014).
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP, 2014), dentre os 11 estados
produtores de petróleo e gás, o Rio Grande do Norte ocupa a primeira posição na
produção de petróleo em terra atualmente, ficando à frente dos estados da Bahia,
Amazonas e Sergipe. Já na produção em mar, o estado ocupa a terceira posição,
perdendo para os estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro.
No estado do Rio Grande do Norte, os municípios de Macau e Guamaré
colocam-se na segunda e terceira posição (a primeira é Mossoró) na produção de
petróleo e gás natural, tendo uma importante participação nas receitas de royalties
provenientes da exploração da indústria petrolífera em território potiguar. Além disso,
Guamaré conta ainda com o polo Industrial onde a produção do diesel tem se
transformado no carro chefe da atividade petrolífera.
Para a economia dos municípios localizados nas áreas de reservas de
jazidas petrolíferas, a exploração do “ouro negro” tem contribuído para inflar as
finanças municipais, com as receitas oriundas do pagamento dos royalties. Essas
receitas representam uma fonte extra de recursos colocada à disposição dos
gestores públicos para investimentos no desenvolvimento de seus municípios, na
melhoria da infraestrutura urbana e da qualidade de vida da população local.
No estado norte-rio-grandense mais de noventa municípios são beneficiados
com recursos advindos da exploração de petróleo, embora apenas dezesseis sejam
produtores. Os três maiores produtores em terra em 2014, por ordem decrescente
foram Mossoró, Macau, Guamaré. Por extensão, estes também são os municípios
que mais recebem recursos de royalties, como forma de compensação pelas
reservas de hidrocarbonetos localizadas em seus territórios, cuja receita total gerada
pela exploração de petróleo e gás vem constituindo uma importante fonte de
recursos em seus orçamentos nos últimos anos. Além dos repasses aos municípios,
146
os proprietários de terras também são beneficiados como recompensa pela
disponibilidade de petróleo em suas propriedades (ALMEIDA, 2014).
No Gráfico 16 pode-se constatar o volume de recursos provenientes das
receitas de royalties repassadas aos referidos municípios.
Gráfico 16 - Receitas de royalties em Mossoró, Macau e Guamaré entre 2004-2014 R$ (valores correntes)
No que se refere ao município de Macau, conforme demonstram os dados
do gráfico acima, entre 2004 e 2014, o volume de repasse de royalties mais que
dobrou, passando de um total de R$ 18.159 milhões para 37.474. Em relação a
Guamaré, o salto foi igualmente significativo, evoluindo de R$ 18.607 milhões para
34.745, em valores correntes. Esse montante de recursos sem vinculação direta
com suas aplicações coloca à disposição dos agentes públicos municipais
possibilidades extraordinárias de realização de políticas públicas e de obras de
infraestrutura no sentido de propiciarem a melhoria da qualidade de vida da
população e, inclusive, do desenvolvimento econômico local sustentável. Não
obstante, convém ressaltar que um desenvolvido por Almeida (2014) sobre essa
matéria permite constatar que não se vislumbra uma correlação entre a volumosa
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Mossoró 29.4 32.0 28.8 21.9 30.3 18.8 19.7 25.7 33.9 37.6 37.3
Macau 18.1 22.3 22.3 19.0 23.6 16.5 22.3 28.1 33.5 32.5 37.4
Guamaré 18.6 22.3 22.3 18.1 23.3 15.7 20.9 20.9 31.3 31.7 34.7
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
40.000.000
Mossoró
Macau
Guamaré
147
bateria de recursos recebidos e a melhoria da qualidade de vida das pessoas
residentes nos referidos municípios.
Além das atividades econômicas acima citadas, a economia da região
depende diretamente da produção pesqueira, e sua importância é mais crucial ainda
quando avaliada como principal fonte de subsistência de grande parte da população.
Em síntese, pode-se dizer que a RDSEPT está cercada por poços de petróleo e gás
natural, razão pela qual seu perímetro foi amplamente debatido no processo de
criação e a decisão adotada foi justamente excluir os pontos de produção como
estratégia para evitar conflitos com a indústria petrolífera no processo de
desenvolvimento sustentável das populações tradicionais.
Outro potencial que tem colocado o RN na dianteira é o setor de energia
renovável, sobretudo solar e eólica. Embora a intervenção governamental em
investimentos na ampliação e diversificação da matriz elétrica brasileira tenha
iniciado nos anos 1970, com a grande crise dos preços do petróleo, as recentes
preocupações com as questões ambientais e a busca pela mitigação das mudanças
climáticas levaram a uma corrida pelo desenvolvimento de novas tecnologias e a
inclusão de energias renováveis na matriz elétrica brasileira.
Nesse contexto, a energia eólica e solar foram as que maiores êxitos
obtiveram nos anos recentes, tanto em termos de investimentos como na
capacidade de geração. Os desenvolvimentos tecnológicos recentes, como os
sistemas avançados de transmissão, melhor aerodinâmica, estratégias de controle e
operação das turbinas, entre outros, têm contribuído decisivamente para reduzir os
custos, melhorar o desempenho e a confiabilidade dos equipamentos, razão pela
qual os investimentos no setor se expandiram a partir do início dos anos 2000.
Nesse particular, mais uma vez o RN tem deixado para traz alguns estados mais
ricos e pioneiros no Nordeste no referido segmento, como Bahia e Ceará, por
exemplo, tornando-se o primeiro estado brasileiro a alcançar 3GW de potência
instalada em energia eólica, em 2016, número que representa mais de um terço de
toda potência instalada no país.
O Atlas do Potencial Eólico Brasileiro (2001) coloca a região Nordeste em
posição privilegiada, relativamente ao restante do país, com potencial capaz de
gerar mais energia do que as quatro regiões brasileiras restantes juntas, sendo o RN
o estado com maior capacidade, tendo em vista sua localização geográfica
privilegiada, cuja velocidade dos ventos é mais favorável e prolongada.
148
Um levantamento realizado recentemente junto ao Centro de Estratégias em
Recursos Naturais e Energia (CERNE), comprova que até maio de 2016 o RN tinha
ultrapassado a marca de 100 parques eólicos em operação comercial. Essa
estrutura coloca o RN na liderança como o principal produtor brasileiro de
eletricidade através dos ventos, cuja participação percentual dessa fonte é de mais
de 80%, com produção superior à de vários países europeus e de todos os sul-
americanos, com exceção do Brasil.
A propósito dos empreendimentos eólicos, vale enfatizar que nas áreas da
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão, tem se
verificado a localização de grandes projetos eólicos, nos últimos anos, causando
impactos econômicos, sociais e ambientais, inclusive gerando conflitos com as
comunidades da RDSEPT.
Ressalta-se que os estudos relativos aos impactos dessas atividades são
escassos e ainda estão em fase de desenvolvimento, não sendo possível tirar
conclusões mais consistentes. OQuadro 2 apresenta a relação dos parques eólicos
em operação na RDSEPT e no entorno próximo até 2015, com a potência instalada
e as empresas responsáveis.
Quadro 2 - Parques eólicos instalados em Macau e Guamaré – 2015 (em negrito os que estão dentro dos limites da RDSEPT).
Município Parque Empresa Potência Ano Macau Macau Petrobrás 1,8MW 2003
Guamaré Alegria I Multiner 51,1MW 2010
Guamaré Miassaba II Bioenergy 14,4MW 2011
Guamaré Mangue Seco I Petrobrás 26MW 2011
Guamaré Mangue Seco II Petrobrás 26MW 2011
Guamaré Mangue Seco III Petrobrás 26MW 2011
Guamaré Mangue Seco IV Petrobrás 26MW 2011
Guamaré Alegria II Multiner 100,6MW 2012
Guamaré Aratuá I Bioenergy 14,4MW 2012
Macau Miassaba III Brasventos 68MW 2014
Fonte: ABEEÓLICA (2915).
Convém ressaltar, que a despeito dos problemas ambientais gerados por
esses segmentos, a energia do vento é considerada uma das mais limpas e
sustentáveis. Além disso, também há geração de externalidades positivas, com a
geração de postos de trabalho, oportunidades de serviços especializados e
pagamentos de royalties aos proprietários de terras onde se localizam os parques
eólicos.
149
2.9.2 Agropecuária, turismo e pesca
No que tange à agropecuária, pode-se verificar claramente que esse tipo de
atividade econômica é voltada para a subsistência de algumas comunidades da
RDSEPT. Pelas suas características geográficas, excluindo-se as comunidades de
Diogo Lopes, Barreiras e Sertãozinho, as mais habitadas, apenas Mangue Seco I,
Mangue Seco II e Lagoa Doce apresentam alguma vocação para esse tipo de
empreendimento econômico. No entanto, sua participação em termos de produção,
geração de emprego e renda é pouco representativa para impulsionar o
desenvolvimento local das comunidades.
O turismo é a mais nova atividade econômica que está sendo implantada na
região. De acordo com a política governamental de “Polos de Desenvolvimento”, a
região pertence ao “Polo Costa Branca”, que tem como objetivo buscar o
desenvolvimento do turismo através de obras e ações que possam dotar os
municípios de infraestrutura necessária para o fortalecimento dessa atividade e para
a geração de emprego e renda para a população dos municípios localizados nas
áreas com grande potencial para o turismo.
A pesca é também a principal atividade econômica da RDSEPT e, portanto,
deve ser levada em conta no desenvolvimento da região. As comunidades da
Reserva têm uma significativa participação na produção, sendo a comunidade de
Diogo Lopes a principal delas.
Dos 25 municípios litorâneos do estado do Rio Grande do Norte, Macau
representa a segunda maior produção de pescados do estado, perdendo apenas
para Natal tendo em vista a capital dispor de uma pesca industrial mais avançada. A
atividade pesqueira na região costeira também é bastante intensa e inclui uma frota
constituída de pequenas embarcações à vela, motor e remos que operam na captura
de tainhas, serra, garajuba, bagres, dentre outras.
A frota pesqueira da cidade de Macau é constituída principalmente de
embarcações a vela (canoas e botes), representando mais de 70% da frota total do
município. Principalmente canoas a remo ou vela, operam nas regiões estuarinas. Já
os botes-vela operam na região costeira, até o limite do talude continental.
O Município de Guamaré possui uma atividade pesqueira bastante intensa.
A pesca ocorre na região estuarina e também na região mais costeira do município,
onde a frota de pequenas embarcações a vela e remo opera na captura de tainhas,
150
sardinhas, peixe-agulha, dentre outras. A pesca é uma das principais fontes de
emprego e renda da mão-de-obra local e constitui a base alimentar da população,
sendo um dos componentes mais significativos da renda familiar, imprescindível
para a dinâmica da economia municipal e das comunidades localizadas na
RDSEPT.
2.9.3 Atividades comerciais na RDSEPT
Relativamente às atividades comerciais, foi realizada a aplicação de um
questionário junto aos estabelecimentos existentes com a finalidade de traçar um
perfil dos referidos empreendimentos econômicos. A amostra envolveu dez
estabelecimentos em cada uma das comunidades de Diogo Lopes e Barreiras, as
quais concentram a maior quantidade dessas unidades na RDSEPT. Foram
selecionados diferentes tipos de atividades comerciais com o intuito de perceber a
dimensão e relevância dos mesmos na dinâmica da economia local.
Um aspecto observado foi que a despeito do rigor dos agentes
governamentais e da fiscalização nas esferas federal, estadual e municipal, muitos
dos estabelecimentos comerciais localizados na comunidade de Barreiras ainda
funcionam na informalidade, tendo em vista que dos dez pesquisados apenas três
informaram possuir o CNPJ. Ou seja, 70% das unidades econômicas operam
informalmente, situação esta que também é extensiva às relações de trabalho. Em
Diogo Lopes, pôde-se perceber que há uma maior presença de atividades
regularizadas. Dentre dez os que responderam à pesquisa, apenas dois informaram
não possuírem os CNPJs.
i) Estabelecimentos de Diogo Lopes
Quanto ao tempo de existência dos estabelecimentos, foi possível observar
que em Diogo Lopes (Figura 41), dos dez pesquisados, dois têm mais de 25 anos de
instalação na comunidade, um tem idade que varia de 17 a 20 anos, dois têm entre
5 e 6 e outros três têm menos de 1 ano. Observa-se que as unidades econômicas
com mais tempo estabelecida na comunidade representam apenas 20% do total
pesquisada.
151
Em Diogo Lopes, dos dez estabelecimentos pesquisados, oito deles
informaram que o prédio onde funciona a atividade comercial é próprio, não gerando
despesas com pagamentos de alugueis. Dos dois restantes, um é utilizado em forma
de empréstimo e o segundo é alugado, cujo pagamento mensal informado foi de R$
350,00.
Figura 40 - Faixada de quatro estabelecimentos comerciais de Diogo Lopes, 2016.
Em relação à existência de funcionários permanentes contratados,
observou-se que cinco das unidades comerciais instaladas na comunidade de Diogo
Lopes têm funcionários contratados e os cinco restantes informaram que não têm
funcionários empregados no estabelecimento, sendo as funções desempenhadas
pelos próprios proprietários. Dos cinco que informaram contratação de operários
permanentes, três declararam que possuem dois trabalhadores empregados. Dos
trabalhadores contratados permanentes, apenas 2 indicaram que têm Carteira de
Trabalho assinada, ou seja apenas 20% dos operários têm seus direitos trabalhistas
152
assegurados em lei, revelando que a ilegalidade nas relações de contratações
patronais ainda persistem na comunidade.
Dos cinco trabalhadores permanentes de Diogo Lopes, três informaram
jornadas de trabalho de até 8 horas diárias, um trabalha mais de 8 horas por dia e
apenas um tem jornada trabalhista que varia de 2 a 4 por dia.
Também foi possível perceber a baixa remuneração dos funcionários
permanentes contratados pelos estabelecimentos comerciais de Diogo Lopes, tendo
em vista que três unidades informaram gastos individuais com operários de até um
Salário Mínimo, cujo valor de referência no mês da pesquisa era de R$ 880,00.
Apenas um informou gastos entre 5 e 6 Salários Mínimos e outro informou gastar de
1 a 2 Salários.
Dois estabelecimentos informaram contratar mão de obra temporária para
desenvolver algumas atividades trabalhistas adicionais e oito declaram que não
contratam esse tipo de serviço em Diogo Lopes.
Em relação ao faturamento mensal bruto dos estabelecimentos pesquisados
em Diogo Lopes, um dos entrevistados declarou faturamento de até R$ 40.000,00
mensais, dois disseram faturar mais de R$ 20.000,00, quatro informaram que os
valores variavam entre R$ 3.000,00 e 5.000,00. Os demais comentaram que o
faturamento entre 600 e 2.000,00 mensais brutos. Observa-se, portanto, uma
concentração dos rendimentos em um terço dos estabelecimentos, oriundos da
exploração de atividades comerciais.
Relativamente à origem das compras dos produtos/mercadorias, dos dez
empresários entrevistados em Diogo Lopes, sete informaram que faziam suas
compras principais em Natal e três disseram que geralmente compravam em
Mossoró e cidades circunvizinhas como Macau e até mesmo no estado da Paraíba.
Em síntese, pode-se inferir que a despeito da importância das atividades
econômicas instaladas na comunidade, os impactos em termos de geração de
emprego e renda são de pequena importância, tendo em vista a pequena
quantidade de empregos gerados, baixa remuneração e presença de informalidade
dos empregos. Interessante observar, que mesmos em estabelecimentos de médio
porte, considerando a média de faturamento mensal, não se percebe uma
correlação em termos de internalização do efeito renda/emprego.
ii) Estabelecimentos comerciais de Barreiras
153
No que tange ao tempo de instalação dos empreendimentos comerciais na
comunidade de Barreiras (Figura 42), dos dez estabelecimentos pesquisados,
apenas um tem mais de 25 anos de instalação, representando apenas 10% do total
de unidades pesquisadas, dois têm de 13 a 16, um tem idade variante de 9 a 12,
quatro têm entre 3 e 4 anos e os demais informaram que o tempo de instalação
variava entre 1 e 2 anos.
Figura 41 - Faixada de quatro estabelecimentos comerciais de Barreiras, 2016.
Em relação às condições dos imóveis onde funcionam as unidades
comerciais, do total de entrevistas na comunidade de Barreiras, 9 informaram que os
mesmos são próprios, dispensando o pagamento de despesas com alugueis dos
prédios. Apenas um declarou pagamento de aluguel do referido imóvel, cujo valor
mensal informado foi de R$ 300,00. Um indicador importante nesse aspecto é que
90% dos estabelecimentos funcionam em locais próprios.
154
Das dez unidades comerciais pesquisadas em Barreiras, apenas duas
informaram que têm funcionários contratados permanentemente, com Carteira de
Trabalho assinada, sendo declarado apenas um operário por estabelecimento, cuja
jornada variava entre oito e mais de oito horas diárias. Nesse caso em particular,
evidencia-se não somente um descumprimento à legislação trabalhista, mas
também as condições de precariedades das relações de trabalho existentes na
comunidade.
O valor de gastos com funcionários que foi informado variou de um a dois
Salários Mínimos em Barreiras. Isto é, em que pese a dimensão de alguns
empreendimentos, seus efeitos em relação à geração de renda em emprego são de
pequena significância.
Quanto ao valor aproximado do faturamento bruto foram informados os
seguintes valores: apenas um declarou que o valor variava entre R$ 16.000,00 e
20.000,00 mensais, um informou variação de valores entre R$ 3.000,00 e 5.000,00,
outros quatro disseram que o faturamento variava entre R$ 1.500 e 2.000,00, dois
disseram que o faturamento estaria em torno de R$ 1.000,00 a 1.500,00 e o restante
ficaria entre 200,00 e 500,00 mensais brutos. Pode-se verificar que apenas um dos
estabelecimentos comerciais pesquisados (correspondente a 10% do total) chega a
faturar dez vezes mais do que 60% das outras unidades entrevistadas.
Relativamente ao local de compra das mercadorias/produtos, os
empresários informaram que geralmente compravam em Natal, indicação de 3 dos
dez entrevistados. Outros três declaram que adquirem seus produtos em Mossoró,
dois disseram que compram em Fortaleza e cidades próximas e os demais efetuam
suas compras em cidades próximas ou até mesmo em outros estados como Paraíba
e Pernambuco.
Em suma, igualmente à situação verificada na comunidade de Diogo Lopes,
a importância dos empreendimentos comerciais instalados em Barreiras, segunda
unidade da RDSPT em termos de estabelecimentos econômicos, no que tange aos
efeitos externalizantes, sobretudo em relação à geração de emprego e renda, sua
importância é relativamente insignificante.
2.9.4 Contexto socioeconômico da pesquisa domiciliar realizada na RDSEPT
155
A pesquisa domiciliar fez um levantamento dos principais indicadores
socioeconômicos da população residente na Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT), localizada entre os municípios
de Macau/RN e Guamaré/RN, sendo aproximadamente 75% da área pertencente ao
primeiro município e 25% ao segundo. Foi realizada uma amostra mediante coleta
de dados nas comunidades de Diogo Lopes, Barreiras, Sertãozinho, Mangue Seco I,
Soledade e Chico Martins. Essas seis comunidades juntas concentram mais de 80%
da população, sendo que apenas Diogo Lopes representa mais de 50% do
contingente populacional da Reserva.
A pesquisa envolveu uma amostra de 252 domicílios, correspondente a
17,4% do total existente nas seis comunidades, representando 801 habitantes,
equivalente a 08% em relação à população total de RDSEPT. Foram compilados
dados referentes às características populacionais. Para a contabilização
populacional, levamos em conta a mesma metodologia utilizada pelo IBGE, que
considera uma média de 3,18 habitantes por domicílio. Foi feita uma divisão por
zonas e contabilizadas as residências através das imagens do Google Earth, com
data de 2013.
A amostra se deu proporcionalmente em ordem decrescente, com maior
participação das comunidades mais habitadas, sendo que na comunidade de Diogo
Lopes foram entrevistos 136 domicílios, em Barreiras 68, Sertãozinho 21, Mangue
Seco I foram 11, Chico Martins 5 e 11 em Soledade. Vale salientar que embora parte
desta última comunidade esteja localizada fora da Reserva, boa parte dos
moradores residem na área pertencente à RDSEPT e dependem de serviços
oferecidos por Barreiras e/ou Diogo Lopes ou desempenham atividades inerentes às
mesmas, razão pela qual foi incluída na amostra.
O desenvolvimento da pesquisa foi subdividido em quatro eixos que
nortearam o levantamento de dados. O primeiro detalha descritivamente os
resultados das análises estatísticas do levantamento sobre os aspectos relativos às
características dos entrevistados nas comunidades da Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Estadual Ponta do Tubarão. O segundo eixo refere-se à caraterização
do trabalho e rendimento. O terceiro trata da infraestrutura básica. O quarto dedica-
se aos serviços públicos.
156
2.9.4.1 Descrição dos dados coletados nas entrevistas realizadas na comunidade da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Ponta do Tubarão – RDSEPT/RN.
Dentre as 252 pessoas entrevistadas na comunidade da Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta de Tubarão, 73% (equivalente a 184
pessoas) nasceram no município de Macau, 4,7% em Guamaré (12) e 2,8% em
Natal, tendo o restante nascido em várias unidades municipais localizadas nos
estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco, conforme
demonstra o Gráfico 17.
Gráfico 17 - Local de nascimento da população residente na RDSEPT.
No que diz respeito ao sexo dos entrevistados, a maioria é constituída de
mulheres, representando 68% do total (Gráfico 18). Certamente, a discrepância se
dá pelo fato de que as mulheres passam a maior parte do tempo em casa nos
afazeres domésticos e, portanto, estavam mais disponíveis para responder aos
entrevistadores. A comunidade de Diogo Lopes tem a maior participação de pessoas
do sexo feminino, tanto em termos proporcionais como relativo, respondendo por
71%, com um total de 97 entre as 136 pessoas entrevistadas, enquanto Sertãozinho
com 44 entre 68 pesquisados, responde por 66,7%. Em seguida vem Barreiras com
64,7%, Mangue Seco I com 63,6%, Soledade com 36,4% e em Chico Martins
apenas mulheres responderam ao questionário, representando 100%.
157
Gráfico 18 - Sexo dos entrevistados nas comunidades pesquisadas.
Em relação à cor da população na RDSEPT, observa-se que 67% dos
entrevistados são formados por pardos e pretos, 20,6% são brancos e 7,1% são
amarelos. Diogo Lopes (com 56,6%) e Barreiras (40%) figuram com as maiores
participações de pardos, tanto em termos proporcionais como relativos. Enquanto
Mangue Seco I e Chico Martins apresentam maioria de pessoas brancas.
O Gráfico 19 demonstra a faixa etária de idade das pessoas domiciliadas
nas comunidades da RDSEPT, cujo envelhecimento segue tendência registrada
nacionalmente nas últimas décadas.Os indicadores relativos à idade revelam que
mais de um terço (35%) dos pesquisados na RDSEPT estão com acima de 53 anos,
sendo que destes 11% têm mais de 70 anos. Apenas 62 entrevistados, equivalente
a 24% estão na faixa de 18 a 32 anos. Em nível intermediário se encontram as
pessoas com idade entre 33 e 47 anos, representando 28% do total. Pode-se
observar uma tendência de envelhecimento da população residente na referida
comunidade, fenômeno que vem se manifestando em nível nacional e estadual nas
últimas décadas e está relacionado ao decréscimo das taxas de natalidade e
fecundidade. Esse fato constitui uma sinalização de que é urgente uma política
pública para esse contingente populacional. Por um lado, isso abre um sinal de
alerta para a Previdência Social, com o aumento de aposentadorias e a subsequente
diminuição da relação contribuinte/aposentado, e por outro lado, indica que o
mercado de trabalho no longo prazo também será afetado, tendo em vista a redução
da População Economicamente Ativa (PEA) e o encarecimento da mão-de-obra.
158
Gráfico 19 - Distribuição etária dos entrevistados.
No que se refere ao nível de escolaridade (Gráfico 20) da população
pesquisada na RDSEPT, constata-se que o mesmo é de baixa qualificação, tendo
em vista que 44% (equivalente a 110 pessoas) tem apenas o ensino fundamental
incompleto. Se a esse indicador acrescentarmos aqueles que são analfabetos o
percentual chega a 56%. Os que informaram possuir ensino médio completo somam
19% e os que têm nível superior completo são apenas 2,4% dos entrevistados.
Esses dados revelam nitidamente que há uma necessidade de incentivo à
qualificação educacional e profissional por parte dos residentes na Reserva.
Gráfico 20 - Nível de escolaridade dos entrevistados.
De acordo com os dados do Gráfico 21, dentre as 252 pessoas que
responderam ao questionário, 73 (correspondente a 29% do total pesquisado)
informaram que residem da comunidade da RDSEPT há mais de 40 anos. Do total,
159
21% afirmaram que o tempo de residência varia entre 31 e 40 anos, enquanto 22,2%
disseram que habitam na comunidade entre 21 e 30 anos. Isso demonstra que
apesar da vida simples a maioria das pessoas gosta do lugar, caso contrário
poderiam ter se deslocado para outros municípios. Essa inferência foi claramente
percebida no decorrer da aplicação do questionário.
Gráfico 21 - Tempo de residência dos entrevistados na RDSEPT.
De acordo com os dados coletados na RDSEPT, pode-se observar que em
mais de 50% dos domicílios existem entre três e quatro pessoas morando na mesma
casa (Gráfico 22). Em pelo menos 55 domicílios, correspondente a 22% das
residências, foi registrada a existência de quatro pessoas. Em pelo menos 16% das
unidades familiares da Reserva verificou-se a existência de cinco pessoas por
residência. A comunidade de Diogo Lopes responde pelo maior número de pessoas
por domicílio, com 15% e 13% das residências indicando a existência de três e
quatro pessoas respectivamente. Os domicílios com mais de seis pessoas somam
apenas 5 no conjunto das comunidades, equivalente a 2% do total e os que moram
sozinhos somam apenas 9, representando apenas 3,5% do total de entrevistados
nas comunidades.
160
Gráfico 22 - Número de residentes por domicílio.
Como podemos observar no Gráfico 23, as profissões de pescador, no caso
dos homens e do lar, em relação às mulheres são predominantes na RDSEPT. A
comunidade de Diogo Lopes responde pela maior participação de pescadores em
termos proporcionais, tendo em vista ser a mais habitada. Em termos relativos,
Sertãozinho tem o maior percentual de pescadores, com 33,3% do total da referida
comunidade, enquanto Diogo Lopes responde por 14%. Esta última comunidade
também apresenta a maior parcela de mulheres que informaram trabalhar apenas no
lar, cujo percentual foi de 25,7% do total pesquisado. Somando-se pescador e
marisqueiro totalizam 55 pessoas, equivalente a 22% do total entrevistado na
Reserva. Infere-se, portanto, que a pesca desempenha um papel importanto na
composição da renda das famílias instaladas nas comunidades pesquisadas na
RDSEPT, bem como nos hábitos alimentares. A percentagem de aposentados e
pensionistas encontrada nas comunidades também não chega a ser despresível,
tendo sido encontrado um coeficiente de 13% entre os entrevistados.
Conforme se observa, a profissão “do lar” representa 17,5% do contingente
populacional pesquisado. A categoria denominada de outro comprende diversos
tipos de profissões, que vão desde os níveis menos qualificados até os mais
especializados.
161
Gráfico 23 - Ocupação profissional dos entrevistados na RDSEPT.
No que diz respeito à situação ocupacional dos entrevistados na RDSEPT
33,7% responderam que estão trabalhando, ao passo que 51,6% afirmaram não
estarem desenvolvendo nenhuma atividade ocupacional no momento da
pesquisa(Gráfico 24). Dos entrevistados, 14% não respoderam ao questionário.
Como de praxe, a comunidade de Diogo Lopes, responde pela maior participação
dos ocupados, seja em nível proporcional ou absoluto. Barreiras vem em seguida,
com um percentual de 22% dos ocupados em relação à propria comunidade e 6%
quando comparado com a Reserva. As demais comunidades têm pequena
participação no que se refere às ocupações.
Gráfico 24 - Situação ocupacional dos entrevistados.
162
Como podemos observar no Gráfico 25, os autônomos são maioria entre os
entrevistados na pesquisa, representando 23% do total da RDSEPT. Somente a
comunidade de Diogo Lopes responde por 18% desse total. Em relação à população
pesquisada nesta última comunidade os autônomos somam 33%. A ocupação do lar
comparece como a segunda fonte de emprego, notadamente para as mulheres da
Reserva, respondendo por 13,9% do emprego. O emprego público municipal
aparece em terceira colocação, com 11% entre os empregados na RDSEPT. Por
serem as mais povoadas, as comunidades de Diogo Lopes e Barreiras respondem
pelas maiores participações. Os que não souberam opinar ou não responderam ao
questionário somam 167 do total de 252, o que corresponde a 66,3%.
Gráfico 25 - Tipo de ocupação dos entrevistados.
Os dados constantes no Gráfico 26 revelam as condições de trabalho da
população empregada na RDSEPT. Os empregados em regime estatutário somam
8% do total. Os que trabalham, mas não têm Carteira de Trabalho assinada
equivalem a 11%, já os que trabalham e estão com Carteira de Trabalho assinada
representam 7% do total de entrevistados na Reserva. Os que trabalham por conta
própria correspondem a 8,3% do total pesquisado. Os casos em que o entrevistado
não respondeu ou que não se aplica representam 65,5% dos entrevistados na
Reserva.
163
Gráfico 26 - Condições de trabalho da população empregada.
Nota: TRA_CCTA - Trabalha e está empregado com Carteira de Trabalho assinada; TRA_SCTA - Trabalha, mas não tem Carteira de Trabalho assinada; TRA_CPRO - Trabalha por conta própria, não tem Carteira de Trabalho assinada; NA/NR – Não se aplica/Não respondeu.
Os dados do Gráfico 27 revelam que do total de entrevistados nas seis
comunidades da RDSEPT, 18,7% informaram que estão desempregados há mais de
dois anos. As comunidades de Diogo Lopes e Barreiras respondem por 78,7% das
pessoas desempregadas há mais de dois anos. Esse é um problema que merece
ser observado pelos agentes políticos locais, no sentido de buscarem alternativas de
geração de emprego e renda para a população jovem, que não vislumbra
perspectivas de emprego na comunidade.
Gráfico 27 - Tempo que o entrevistado está desempregado.
Nota: NS/NR – Não sabe ou não respondeu; NA – Não se aplica.
164
Do total de pessoas que informaram rendimento nas seis comunidades
pesquisadas na RDSEPT, mais da metade, o que corresponde a 52,8%, disseram
ganhar até um salário mínimo (Gráfico 28). Se a este valor acrescentarmos os que
ganham até dois salários mínimos, o total sobe para 203 pessoas, ou seja mais de
80% dos entrevistados têm rendimentos que variam entre um e dois salários
mínimos. A comunidade de Diogo Lopes comparece com quase metade (44,8%) das
pessoas com rendimento de até dois salários.
Gráfico 28 - Rendimento familiar mensal aproximado em salários mínimos - SM.
Nota: SM = Salário mínimo (R$ 880,00)
As informações ainda indicam que 192 pessoas dentre as 252 entrevistadas
(equivalente a 76%) nas seis comunidades da RDSEPT informaram que o
rendimento familiar aproximado varia de um a dois salários mínimos. Em que pese o
número reduzido de pessoas que informaram rendimento familiar com variação entre
oito e dez salários mínimos e acima deste último, é possível perceber uma
concentração de renda, tendo em vista que menos de 1% tem rendimento igual aos
40% que recebem apenas um salário mínimo de rendimento familiar na RDSEPT.
Os que recebem entre dois e três salários mínimos de rendimento familiar
representam apenas 13%. Vale ressaltar que essa realidade não foge ao que se
observa em nível estadual e regional.
Os dados constantes no Gráfico 29 indicam que o número de beneficiários
de programas sociais do governo federal é representativo, revelando que 26,6% dos
entrevistados nas seis comunidades da RDSEPT são contemplados pelas políticas
165
sociais do governo federal. As comunidades de Diogo Lopes e Barreiras, por serem
as mais habitadas, são as que apresentam maior participação de assistidos, seja em
termos proporcionais ou relativos. Os que não recebem benefícios correspondem a
65% do total pesquisado nas seis comunidades.
Gráfico 29 - Participação dos entrevistados em programas sociais.
Com fica evidente no Gráfico 30, o Bolsa Familia é o programa social mais
presente nas seis comunidades pesquisadas na RDSEPT, respondendo por 34,5%.
Programas como o Garantia Safra e Minha Casa Minha Vida não estão presentes na
comunidade em virtude de duas particularidades, a primeira é que a maior parte da
área da Reserva não é propícia à agricultura e a segunda é que tendo em vista a
não legalização dos lotes residenciais os donos não podem ter acesso ao crédido do
segundo programa.
Um indicador que chama à atenção é o fato de poucos beneficiários com o
programa Seguro Defeso, tendo em vista que a pesca é uma atividade marcante na
comunidade. O Programa Cisternas também tem pouca representação entre os
domicílios entrevistados, respondendo apenas por 25% do total de pesquisados na
RDSEPT.
166
Gráfico 30 - Pessoas beneficiadas por tipo de programas sociais.
A maioria das residências dispõe dos itens básicos para as necessidades
essenciais das pessoas. O item Televisor, por exemplo, foi constatado em quase
todas as residências pesquisadas, aparecendo em 97,6% dos domicílios. Em
seguida vem fogão, presente em 95% das residências, geladeira com 92%, DVD
com 70%. A existência de aparelho de celular foi registrada em 136 domicílios dos
252 pesquisados, o que representa 54% das residências da RDSEPT.
A operadora Claro figura com a maior participação de clientes na RDSEPT,
cujo percentual de preferência é de 43,7% em relação ao total pesquisado. As
operadoras Oi, Tim e Vivo ficam com a segunda, terceira e quarta colocação, com
31%, 26,6% e 24,6%, respectivamente, nas escolhas dos consumidores da Reserva.
Na comunidade de Diogo Lopes, a operadora Claro é preferida por 45,6% dos 136
consumidores entrevistados, enquanto a Oi, Tim e Vivo ficam em segunda, terceira e
quarta colocação respectivamente. Em Barreiras, a preferida dos consumidores é a
operadora Vivo, com 70,6% dos 68 entrevistados, seguida pela Oi com 35,3%, Claro
e Tim. A Claro também é indicada como preferência dos consumidores entrevistados
na comunidade de Soledade, com 63,6% dos pesquisados.
Na opinião dos entrevistados na RDSEPT, os serviços prestados pelas
operadoras de telefonia móvel são considerados bons para 25,8% dos
consumidores. Os pesquisados que definiram os serviços como regular somam 30%
e os que classificaram os serviços como ruins correspondem a 17,5% do total de
167
entrevistados. Dentre os consumidores pesquisados na RDSEPT, apenas 2,3%
consideram os serviços das operadoras como ótimo. Essas informações sugerem
que as empresas de telefonia precisam urgentemente fazer investimentos na
melhoria da qualidade dos seus serviçoes na Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Estadual Ponta do Tubarão.
De acordo os dados constantes no Gráfico 31, pouco mais da metade
(52,4%) dos domicílios pesquisados estão interligados à rede pública de
abastecimento de água, sendo que 47,2%, de um total de 252 residências não têm
água encanada na RDSEPT. Apenas 0,4% dos entrevistados não souberam ou não
responderam. Esse indicador revela o descaso do poder público para com a
comunidade RDSEPT e sugere a urgência de uma política pública no sentido de
corrgir essa situação, tendo em vista que a comunidade, em pleno século XXI, ainda
não dispõe de um bem essencial, que é o acesso á água em suas residências,
obrigando-se a adquirir a água advinda de poços ou mesmo água mineral.
Gráfico 31 - Residências ligadas à rede pública de abastecimento de água na RDSEPT.
Na comunidade de Diogo Lopes apenas 42,6% das residências têm água
instalada. Em Barreiras 67,6% dos domicílios estão ligados à rede pública e em
Sertãozinho somente 23,8% das residência têm água instalada. Apenas as
comuidades de Soledade, Mangue Seco I e Chico Martins, com respectivamente
168
90%, 73% e 100% dos domicílios ligados à rede pública de abastecimento de água,
se encontram em situação mais favorável.
NoGráfico 32 indicam-se as fontes principais de abastecimento de água para
as necessidades do consumo humano dos moradores da Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão.
Gráfico 32 - Principais fontes de água do consumo humano na RDSEPT.
De acordo com as informações contidas no Gráfico 32, as principais fontes
de abastecimento de água utilizadas para o consumo humano dos moradores
residentes na RDSEPT são obtidas por ordem decrescente através de poços,
CAERN e aquisição de água mineral. Os poços são responsáveis pelo
abastecimento de 37,7% das residências, enquanto a CAERN responde por 34% e a
compra de água mineral representa 25% do abastecimento domiciliares da Reserva.
Na comunidade de Diogo Lopes a aquisição de água mineral chega a superar a
água fornecida pela CAERN.
Sobre a qualidade da água, na percepção dos entrevistados, a classificação
considerada como ótima foi atestada por apenas 8,7% e a boa foi respondida 44,4%
dos entrevistados na RDSEPT. As classificações de regular, ruim e péssima foram
respondidas por 43,7% dos pesquisados. A comunidade de Barreiras foi apontada
como a pior em termos de qualidade da água, cujo percentual considerando-a com
péssima foi de 17,6%, em relação ao total de pesquisado na referida unidade. Deve-
169
se enfatizar que essas informações colocam mais um agravante que demonstra a
completa ineficácia da administração pública para com a população residente nas
comunidades da RDSEPT.
O problema do saneamento básico na RDSEPT é grave, pois de acordo com
os dados constantes no Gráfico83,33% dos entrevistados afirmaram que não há
rede de esgoto nas comunidades. Além disso, existe apenas uma pequena rede que
beneficia parte das ruas, cujo percentual é de apenas 8% dos domicílios
entrevistados na Reserva. Apenas nas comunidades de Diogo Lopes e Barreiras
existem algumas ruas com rede de esgoto compreendendo toda a rua, sendo o
percentual de 5,8% e 7,4% do total de residências das referidas comunidades, muito
baixo, portanto. No conjunto, as ruas com rede de esgoto somam apenas 5% na
RDSEPT. Esse é outro fator que clama por uma ação do poder público municipal,
notadamente de Macau, tendo em vista que a maior parte da Reserva está
localizada na área pertencente àquele município.
Gráfico 33 - Existência de rede de esgoto nas comunidades pesquisadas na RDSEPT.
A fossa foi indicada como o destino dos fluidos do banheiro da maioria dos
domicílios pesquisados nas comunidades da RDSEPT, cujo percentual de
informante dessa opção foi de 95,6% em relação ao total pesquisado. Das pessoas
entrevistas nas comunidades de Barreiras, Mangue Seco I e Chico Martins, todas
declararam destinarem às fossas os fluidos dos banhieiros residenciais. Em Diogo
Lopes o percentual foi significativo, de 136 domicílios pesquisados 95,6%
informaram que os fluidos são destinados às fossas.
170
O tipo de fossa mais indicado pelos moradores das comunidades da
RDSEPT foi a fossa negra. Vale salientar que esse tipo de recipinte é uma
escavação realizada sem revestimento protetor e apesar de ter um custo reduzido
pode trazer sérios problemas, tendo em vista que os dejetos entram diretamente em
contato com o solo. Quando entram em decomposição o material é absorvido pelo
solo e/ou exposto na superfície podendo causar danos à saúde das pessoas e,
inclusive, ao meio ambiente e aos reservatórios hídricos. A alternativa existente
atualmente mais indicada é a fosse séptica, que embora tenha obtido menor
indicação dos moradores, parece já haver uma conscientização por parte dos
moradores no sentido de evitar maiores danos à saúde e ao meio ambiente natural.
Esta foi encontrada em 31% das residências existentes na RDSEPT. Em termos
relativos, a comunidade de Barreiras foi a que mais declarou a existência de fossas
sépticas, com 38% dos domicílios, enquanto em Diogo Lopes somente 26,5% das
residências pesquisadas naquela comunidade atestaram a existência do referido tipo
de recipiente.
Sobre a coleta de lixo, os números indicam que, para 72,6% domicílios
pesquisados, a frequência da coleta ocorre pelo menos três vezes por semana, o
que parece estar dentro das necessidades normais da realidade das comunidades.
A menor frequência apresentada, em que a coleta realizada pela prefeitura ocorre
apenas uma vez por semana, como na comunidade de Chico Martins, pode estar
relacionada à distância ou ao pequeno número de moradores instalados naquela
unidade.
Em relação ao destino dos resíduos produzidos pelas comunidades da
RDSEPT foi possível observar que a maior parte tem como destino a coleta
realizada pela prefeitura municipal, cujo percentual registrado foi de 97,6% do total
pesquisado. Nas comunidades de Sertãozinho, Mangue Seco I e Chico Martins a
totalidade dos moradores confirma essa informação. Na comunidade de Barreiras
98,5% afirmaram que o destino tem sido a coleta municipal. Na sequência vem
Diogo Lopes com 98%. Em todas as comunidades pesquisadas a queima do lixo
tem sido a opção de um número reduzido de pessoas.
No que diz respeito à avaliação dos moradores sobre a coleta de lixo, pode-
se perceber que a maioria das pessoas residentes nas seis comunidades
pesquisadas na RDSEPT está satisfeita com a coleta realizada pela prefeitura,
sendo considerada como boa por 65,5%, regular por 17% e ótima 10,7%. A
171
classificação boa foi observada pela maioria dos entrevistados de Diogo Lopes,
Barreiras, Sertãozinho, Mangue Seco I e Soledade. A comunidade de Chico Martins
mesmo sendo localizada mais distante em relação às demais, ainda assim os
entrevistados aprovaram os serviços de coleta realizados pelo poder público
municipal.
Verifica-se que 49,6% das pessoas entrevistadas afirmaram que possuem
meios próprios de transportes para locomoção, enquanto 51,4% não possuem. Nas
comunidades de Barreiras, Sertãozinho, Mangue Seco I, Soledade e Chico Martins,
as pessoas que declaram possuírem meios próprios são maioria em relação aos que
não possuem.
Os tipos de transportes particulares mais informados pelos moradores das
comunidades da RDSEPT que declararam possuírem meios de locomoção foram
por ordem decrescente a motocicleta com 31,7%, seguido de carro com 19,8%,
bicicleta com 10% e carroça com apenas 1,6% dos entrevistados. Apenas 4,8% não
souberam ou não responderam ao questionário.
A oferta de serviços de atendimento médico na RDSEPT, embora precários,
foi confirmada pelos moradores das comunidades, exceto em Soledade. Para 45,6%
dos entrevistados, o atendimento ocorre mais de três vezes por semana, enquanto
para 7% os serviços ocorrem três vezes e 12,3% afirmaram que a atendimento se
dá de uma a duas vezes por semana. Nas comunidades de Soledade e Chico
Martins, pelo que se observa, ou as pessoas desconhecem a presença de médicos
ou não souberam responder, tendo em vista que os referidos serviços são
concentrados em Diogo Lopes e Barreiras.
Relativamente à presença de agentes de saúde nas comunidades da
Reserva, dentre o total de pessoas entrevistas 74,2% confirmaram a visita regular
dos referidos profissionais. Todavia, os que contestaram a visita dos profissionais de
saúde somam 25,8% do total pesquisado. Vale salientar que em todas as
comunidades foi confirmada a presença dos agentes. Em termos relativos o maior
percentual de confirmação de agentes de saúde foi na comunidade de Mangue Seco
I com 100%, seguido por Soledade com 90,9%, Barreiras com 70,6%, Sertãozinho
com 66,7%, Diogo Lopes com 40,5% e Chico Martins com 40%.
As doenças mais presentes na Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Estadual Ponta do Tubarão são viroses e dengue, com confirmação de 37,3% e
33,3% dos entrevistados, respectivamente. As demais doenças com registros
172
encontrados nas comunidades da RDSEPT foram consideradas em outras
categorias, cujo percentual foi de 35,7%, seguidas de pressão alta com 25,8%,
diabetes com 12,7%, diarreias com 8,3% e presença de cardíacos com 7,5% em
relação ao total de pessoas entrevistadas.
No que toca à questão da segurança pública na RDSEPT, pode-se verificar
a existência de posto policial em Diogo Lopes. A avaliação da qualidade da
segurança pública na referida unidade também foi objeto da pesquisa, cujo sentido
foi verificar a opinião dos entrevistados. O Gráfico 34 apresenta os indicadores da
avaliação da comunidade em relação à qualidade dos serviço de segurança pública .
Gráfico 34 - Avaliação da segurança pública nas comunidades da RDSEPT.
Relativamente à avaliação da segurança pública existente na RDSEPT,
pode-se observar que os resultados não são positivos, tendo em vista que apenas
4,8% dos entrevistados definiram como ótima. Mesmo os que consideraram como
boa também teve um percentual relativamente baixo, sendo o respondido por 19,4%
das pessoas pesquisadas. Os que avaliaram como ruim e péssima correspondem a
33,7% do total pesquisado. Apesar desse dado, nos trabalhos de campo e
entrevistas a equipe verificou que existe um baixo índice de criminalidade na
RDSEPT, sendo raros os relatos de casos de violência.
O tráfico de drogas figura como um dos principais fatores geradores de
violência nas comunidades pertencentes à RDSEPT, conforme atestam 43,7% dos
entrevistados nas seis comunidades pesquisadas. Outros fatores também têm
motivado o aumento da violência na região, como a falta de segurança pública
173
(13,9%), assim com de perspectivas para os jovens (13%), segundo afirmação dos
próprios moradores.
Para 35% dos residentes na RDSEPT, o aumento do efetivo policial
representa uma das principais medidas a serem tomadas. Essa medida deve ser
acompanhada, conforme posicionamento das pessoas entrevistadas, de uma
política de prevenção ao uso de drogas, cujo percentual de pessoas que fizeram
essa proposição foi de 16% em relação ao total de pesquisados na Reserva. Outra
medida apontada foi o combate ao tráfico, além de geração de novas oportunidades
de empregos para os jovens, sem as quais qualquer ação nesse sentido poderá ser
inócua.
2.9.5 O panorâma econômico da pesca na RDSEPT
As pescarias artesanais são amplamente conhecidas por serem uma
importante fonte de renda e emprego para muitos países (PANAYOTOU, 1982), e
estima-se que elas sejam responsáveis por, pelo menos, 40% da produção mundial
de peixes (FAO, 2002). Estas pescarias, caracterizadas por serem de pequena
escala e envolverem organizações comerciais e familiares, exercem um papel
fundamental na manutenção do sustento e garantia da segurança alimentar de um
grande número de comunidades pesqueiras em todo o mundo (ALLISON; ELLIS,
2001).
No Brasil, assim como em outras partes do mundo, as pescarias artesanais
passam por diversos problemas de condições de trabalho, comercialização,
disponibilidade de recursos e, sobretudo, manejo das espécies exploradas. E apesar
de termos como “manejo participativo” ou “manejo de base comunitária” já serem
conhecidos em algumas comunidades pesqueiras, ainda permanecem pouco
compreendidos. De acordo com Diegues (1999), a falta de atenção a prioridades
sociais e de sustentabilidade local, está ainda levando a rejeição de medidas de
manejo, por parte de determinadas comunidades. Por isso, é de fundamental
importância conhecer profundamente as comunidades e espécies sujeitas à
implantação de medidas de manejo e conservação.
Sabe-se que a cadeia produtiva da pesca na ZEE do Nordeste, de modo
geral, caracteriza-se pela predominância da pesca artesanal sobre a industrial;
disponibilidade de espécies de valor comercial elevado em baixa densidade;
174
descentralização dos desembarques; emprego de tecnologia pouco desenvolvida;
falta de assistência técnica e carência de infraestrutura em toda a cadeia, da
produção à comercialização (LESSA et al., 2004). Nesse contexto, no litoral do Rio
Grande do Norte a produção de pescado é proveniente em grande parte da pesca
artesanal, geralmente desembarcada por embarcações que em sua maioria, são de
pequeno e médio porte (inferior a 12 metros de comprimento), abaixo de 20
Toneladas de Arqueação Bruta (TAB), com propulsão a remo, vela ou motor.
(FUNDAÇÃO PROZEE, 2005).
Segundo dados da Food and Agrigulture Organization (FAO, 2016), a
produção da pesca extrativa tem se mantido estável no patamar de 90 milhões de
toneladas no período entre 2007 a 2012. Já no Brasil, segundo dados do extinto
Ministério de Pesca e Aquicultura, a pesca extrativa marinha contribuiu com 553.670
mil toneladas de pescado, correspondendo a 38,7% do pescado produzido no país
(MPA, 2013)
Segundo dados apresentados em Lessa et al.(2004), o estado do RN se
mantém na terceira posição dentre os maiores produtores de pescado da região
nordeste, com sua produção variando entre 7.000 a 13.000 kg de pescado entre os
anos de 1991 a 2001. Podemos, portanto, deduzir que esta posição se deve em
grande parte em função da alta produção pesqueira proveniente do alto-mar
representada pela sardinha-bandeira (Opisthonema oglinum) e pelo peixe-voador
(Hirundichthys affinis), principais recursos dos municípios de Caiçara do Norte e
Macau (onde está inserida maior parte da RDSEPT), conferindo-lhes a 2ª e 3ª
posição no ranking dos principais municípios produtores de pescado do RN (IBAMA,
2007). Além disso, outras espécies de relativo valor econômico como os lutjanídeos,
carangídeos e atuns, porém, a ausência de iniciativas de melhor aproveitamento do
que é pescado, agregação de valor ao produto e mercado consumidor competitivo,
torna a grande produção pesqueira da Reserva, algo de baixo valor comercial (DIAS,
2006).
A captura incidental (bycatch) de organismos marinhos é reconhecida como
um sério problema no manejo pesqueiro e na conservação marinha em todo o
mundo (JENNINGS; KAISER, 1998; HALL et al., 2000). A mortalidade incidental de
espécies que têm vida longa e possuem taxas reprodutivas baixas é um problema
conservacionista que afeta mamíferos marinhos, aves marinhas, tartarugas-
marinhas, tubarões e outros grupos (HALL et al., 2000). Embora as capturas
175
marinhas incidentais ocorram desde níveis locais, como em arrastões de praia até
pescarias industriais, os principais estudos de caracterização e quantificação destas
capturas foram realizados através do acompanhamento de pescarias de arrasto
motorizado de camarão (ANDREW; PEPPERELL, 1992; BAUM et al., 2003;
AMBROSE et al., 2005).
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual de Ponta do Tubarão,
criada pela lei estadual nº 8.349 de julho 2003, tendo como objetivo a preservação
da natureza e, ao mesmo tempo assegurar as condições e os meios necessários
para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos
recursos naturais pelas populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e
aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente desenvolvido por
sua população (IDEAMA, 2016).
Entretanto, para que a RDSEPT possa alcançar tais objetivos, se faz
extremamente necessária a criação de um plano de manejo que possibilite que as
instituições responsáveis tenham uma referência que irá guia-las na tarefa de
manutenção da mesma. Desta forma o presente trabalho consiste em um
diagnóstico da produção de pescado na RDSEPT, o qual servirá de subsídio para a
criação do referido plano de manejo.
A área de abrangência da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta
do Tubarão (RDSEPT) constitui-se em uma dessas áreas litorâneas brasileiras, das
quais pouco se sabe acerca dos sistemas de exploração de recursos marinhos e
estuarinos, da importância socioeconômica da pesca artesanal, e, sobretudo, da
biodiversidade marinha que habita os manguezais hipersalinos que
extraordinariamente são encontrados na área.
Nesse sentido, este documento, que subsidiará, em parte, a elaboração do
Plano de Manejo da RDSEPT, apresenta um diagnóstico da pesca, contemplando a
composição da frota, dos sistemas de pesca, da produção de pesqueira e do
processamento e comercialização do pescado.
2.9.5.1 Metodologia
2.9.5.1.1 Coleta dos dados
176
Este documento foi elaborado em duas etapas distintas, a partir de
diferentes fontes de informação: Primeiramente foi elaborado um documento a partir
de (1) pesquisa de doutorado desenvolvida pela pesquisadora da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB), Thelma Lúcia Pereira Dias, realizada entre março de
2003 e abril de 2006, acerca dos peixes, da pesca e dos pescadores da RDS Ponta
do Tubarão (Dias, 2006); (2) pesquisa de campo realizada na RDS Ponta do
Tubarão, entre 17 e 27 de abril de 2006, visando complementar os dados já obtidos
por Dias (2006); (3) reunião com pescadores da RDS realizada no dia 26 de abril de
2006 na Escola Estadual Isolada de Diogo Lopes; (4) documento elaborado pelo
Grupo de Trabalho da Pesca da RDSEPT, intitulado “Diagnóstico do GT da Pesca”,
atualizado em 03 de abril de 2006; Já recentemente, por meio de convênio entre o
IDEMA e a Universidade do Estado do Rio grande do Norte (UERN), docentes do
curso de Gestão Ambiental, Ciências Biológicas e Economia, contando com a
parceria de pesquisadores do curso de Engenharia de Pesca da Universidade
Federal Rural do Semiárido (UFERSA), atualizaram o documento que teve
incorporado o (5) Dados estatísticos do banco do programa ESTATPESCA (IBAMA).
i) Dados obtidos através da pesquisa de Dias (2006).
A caracterização das pescarias e o levantamento dos recursos pesqueiros
explorados no manguezal da Reserva foram realizados através do acompanhamento
in loco das atividades pesqueiras (Figura 43). Para a caracterização das pescarias e
dos apetrechos de pesca, foram utilizadas as definições da classificação estatística
(IBAMA, 2007). Com relação aos recursos pesqueiros, durante o acompanhamento
das pescarias, foram anotados o nome científico e o nome popular local.
Figura 42 - Acompanhamento das pescarias na zona estuarina da RDSEPT.
Fotos: Luis Carlos Damasceno (esquerda) e Thelma Dias (direita) © 2004.
177
Para as espécies de peixes mais abundantes foi obtido o comprimento total
(CT) em cm, e para o molusco bivalve da espécie Anomalocardia brasiliana, foi
obtida a medida comprimento da concha (CC) em mm, que corresponde à distância
entre a extremidade anterior e posterior da concha. Para os peixes, a medida CT
corresponde à distância da ponta do focinho até a ponta da cauda. Os peixes foram
medidos com régua, paquímetro ou trena, enquanto os bivalves foram medidos com
um paquímetro digital com precisão de 0,01 mm. Os peixes foram identificados e
medidos na própria embarcação dos pescadores, ao passo que os bivalves foram
obtidos junto as marisqueiras e levados para posterior medição. Após a medição, os
bivalves foram devolvidos ao manguezal. Os peixes cuja identificação in loco não foi
possível foram levados e/ou fotografados para posterior identificação com auxílio de
especialistas e literatura. Informações adicionais foram obtidas com os pescadores,
acerca da importância local dos recursos explorados, espécies economicamente
mais importantes, preços dos principais pescados, entre outros aspectos.
As pescarias com rede de tresmalhos foram monitoradas entre maio e
agosto de 2004, abril e julho de 2005 e abril de 2006 em horários entre cinco e 14
horas, que representa o tempo em que as atividades estão sendo realizadas. Para
cada lance de rede monitorado foram anotadas as seguintes informações: todas as
espécies presentes no lance, espécies visualmente mais abundantes em cada lance,
espécies aproveitadas pelo dono da rede, e espécies descartadas em cada lance.
Para as espécies de peixe visualmente mais abundantes (aproveitadas e
descartadas), foi coletada uma subamostra para caracterização morfométrica
(comprimento total - CT). Para as espécies aproveitadas nas pescarias, os peixes
medidos eram devolvidos após a medição. Adicionalmente os donos das redes de
tresmalhos foram entrevistados e perguntados sobre dados acerca da rede, dos
pescados, das pescarias, dos canais de comercialização, dos problemas
enfrentados e dos possíveis prejuízos que ela poderia causar à fauna de peixes.
Ainda na região da costa, entre os meses de abril e junho de 2005 e em abril de
2006, o mesmo procedimento metodológico foi efetuado para as pescarias com rede
tainheira e caiqueira.
Para inferir informações acerca das espécies em perigo de sobre-exploração
na RDSEPT, os dados morfométricos obtidos durantes as pescarias monitoradas
foram comparados aos dados de comprimento de primeira maturação de algumas
espécies disponíveis na literatura.
178
Também foi realizado um levantamento sobre os nomes científicos das
principais espécies desembarcadas na RDSEPT, verificando sua situação junto a
lista de espécies ameaçadas de extinção da International Union for the Conservation
of Nature (IUCN, 2016) e/ou na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção (MMA, 2003).
ii) Dados obtidos durante pesquisa de campo na Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Estadual de Ponta do Tubarão (17 a 27/04/2006)
Foram realizadas entrevistas livres com pescadores das comunidades de
Diogo Lopes e Sertãozinho, onde eles foram perguntados sobre apetrechos de
pesca, embarcações, métodos de operação no mar, estuário e costa, tamanho das
malhas das redes, pescados mais valiosos, canais de comercialização, problemas
enfrentados e perspectivas, contemplando pescadores de diferentes pescarias
realizadas e desembarcadas na RDSEPT.
Foi realizada uma reunião com a presença de atores sociais de diferentes
setores da pesca, desde pescadores do estuário e do alto mar, a atravessadores e
pessoas envolvidas na problemática da pesca, como representantes de ONGs
locais. Durante a reunião foi entregue aos participantes um documento orientado
para a obtenção de informações acerca da situação atual de cada pescaria, das
sugestões de melhorias e das necessidades de capacitação para busca de
soluções. Os participantes foram organizados em grupos de acordo com o ambiente
de pesca onde trabalham. Foi escolhido um líder para cada grupo, o qual ficou
responsável de reunir o máximo de pescadores possível, a fim de preencher o
documento durante o prazo de 15 dias e devolver à coordenação. Os grupos foram
divididos da seguinte maneira: grupo 1 – pescadores de sardinha; grupo 2 –
pescadores de voador; grupo 3 – pescadores do estuário e grupo 4 – marisqueiras.
Os dados fornecidos pelo GT da Pesca relatam a realidade e necessidades
da pesca e dos pescadores da RDSEPT no tocante a materiais e embarcações de
pesca, disponibilidade de pescados, problemas de beneficiamento e comercialização
dos pescados, estrutura de armazenamento do produto, higiene de ranchos de
pesca e necessidades de capacitação, entre outras questões.
179
iii) Dados obtidos do banco de monitoramento pesqueiro-IBAMA
Os dados foram obtidos junto ao banco de dados do IBAMA, os quais foram
gerados a partir do Boletim estatístico da pesca marítima e estuarina do Nordeste do
Brasil (ESTATPESCA) e do Projeto de Monitoramento do Desembarque Pesqueiro
Regional da Bacia Potiguar (PMDP) realizado pela Petrobrás como medida de
compensação ambiental. Convém ressaltar que nos anos de 2005 e 2006 não houve
amostragem integral, sendo amostrados apenas 5 meses e 9 meses no ano de
2007. Além disso, nos anos iniciais o monitoramento era realizado apenas na
localidade de Diogo Lopes, com os dados das demais localidades sendo obtidos
através de extrapolação, porém a partir de 2012 foram adicionados mais dois
coletores nas localidades de Barreiras e Sertãozinho. Foram identificados os
principais recursos pesqueiros desembarcados na RDSEPT, e suas respectivas
participações na produção total. Informações complementares foram obtidas a partir
de referências disponíveis na literatura.
Para verificar a existência de diferenças entre as produções dos principais
recursos em relação ao período (mês) de captura, foi utilizado o teste não-
paramétrico de Kruskal-Wallis (H). Todas as análises foram realizadas por meio do
Software R (2015)
2.9.5.2 Resultados – Economia da Pesca.
i) Composição da frota pesqueira
As embarcações são ancoradas ao longo de toda a margem esquerda do
braço de mar que beira a porção urbana da RDSEPT, geralmente próximas aos
ranchos e moradias dos pescadores, não existindo um porto específico para
desembarque do pescado. Esta condição proporciona segurança às embarcações e
facilita o embarque e o desembarque de cargas. No entanto, dificulta a saída e o
retorno das embarcações à vela, que dependem das condições de maré e vento
para se deslocaram por entre os canais de mangue do porto de ancoragem aos
locais de pescaria, no mar aberto.
Alguns pescadores sugerem a abertura mecânica, por meio de dragagem,
de um outro canal na porção leste da costa, alegando que uma medida como essa
180
poderia influenciar diretamente na qualidade do pescado em função da redução do
tempo de retorno ao porto. Esta situação se observa em outros estuários da Região
Nordeste do Brasil e a priori a abertura de um canal poderia trazer maiores
problemas que benefícios como, por exemplo, o soterramento de mangues e a
necessidade de constantes dragagens, sendo a utilização adequada de gelo uma
alternativa simples e indicada para a conservação do pescado.
A frota pesqueira da região é constituída principalmente por embarcações
artesanais, construídas de madeira, com propulsão à vela e a vara, como botes,
canoas e catraias e por embarcações motorizadas de pequeno porte, tais como as
lanchas motorizadas e os botes motorizados também estão presentes na região,
porém em menor quantidade.
Segundo dados do monitoramento pesqueiro (IBAMA, 2007), no município
de Macau, no ano de 2005, as maiores quantidades de pescado foram
desembarcadas principalmente por barco motorizado pequeno, com 605,2 ton (39%)
e o bote a vela, com 579,8 ton (37,6%). Já para o município de Guamaré, a
embarcação com maior representatividade foi a canoa, com 179,4 ton (63%) do
total.
Barco Motorizado de Pequeno Porte
Embarcação movida a motor ou motor e vela, com casco de madeira,
convés fechado ou semi-fechado, com ou sem casaria, comprimento entre 8 e 11,99
metros, conhecida vulgarmente como barco motorizado de pequeno porte (IBAMA,
2007). Não possui muita autonomia de mar, sendo utilizada para pescarias de peixe
e lagosta de no máximo 8 dias, nas imediações da RDSEPT (Figura 44a).
Bote motorizado
Embarcação motorizada, com casco de madeira, quilha, convés fechado e com
comprimento inferior a 11 m (IBAMA, 2007). Geralmente possui uma pequena
cabine localizada na popa da embarcação. Pode utilizar a vela para auxiliar na
navegação (Figura 44b).
181
Bote à vela
Embarcação movida à vela, com casco de madeira, quilha, convés fechado, sem
cabine e com comprimento inferior a 11 m (IBAMA, 2007)(Figura 44c).
Canoa Motorizada
Embarcação movida a motor ou motor a vela com ou sem convés, com ou sem
casaria, comprimento até 7,99 metros, conhecida vulgarmente como canoa
motorizada, bastardo ou lancha (IBAMA, 2007) (Figura 44d).
Canoa (Iolé)
Embarcação movida à vela e, quando utilizada no estuário, principalmente através
de impulsão manual por uma longa vara de madeira. Possui casco chato de
madeira, sem quilha, sem cabine, convés aberto e com comprimento inferior a 4
metros (IBAMA, 2007)(Figura 44e).
Catraia
Embarcação de madeira, sem cabine, com pouca arqueação e fundo chato (IBAMA,
2007). Semelhante à jangada, porém mais larga e sem banco de vela, sendo
impulsionada manualmente por uma longa vara de madeira. Possui comprimento de
aproximadamente 4 metros, sendo largamente utilizada na costa para lançamento
das redes de arrasto de praia (tresmalhos)(Figura 44f).
182
Figura 43 - Embarcações da RDSEPT: a) Barco motorizado de pequeno porte; b) Bote motorizado; c) Bote à vela; d) Canoa motorizada; e) Canoa “iole”; f) Catraia.
Fotos: a) Luís Tavernard © 2016; b) Rodrigo de Salles © 2006; c) Thelma Dias © 2005; d) Luís Tavernard © 2016; e) Rodrigo de Salles © 2006; f) Thelma Dias © 2003.
ii) Sistemas de pesca utilizados na RDSEPT
a) A pesca na Zona Estuarina
Uma porção considerável das pescarias artesanais realizadas no Brasil
concentra-se nos estuários e manguezais e são mantidas pelas chamadas
“civilizações do mangue”, nas quais existe um conhecimento aprofundado do
c)
183
ecossistema natural, tratando-se de um verdadeiro “modo de vida” dessas
comunidades, onde as atividades econômicas, sociais e culturais dependem
fundamentalmente da existência do mangue. Entretanto, a degradação de estuários
e mangues do litoral brasileiro, decorrente de uma ação conjunta de várias causas e
fatores resultantes de um modelo econômico de ocupação desordenada do espaço
litorâneo, têm levado a uma desarmonia dessas comunidades com seu meio. E
mesmo diante da importância socioambiental e cultural dos mangues e estuários, da
importante contribuição das pescarias artesanais para a produção pesqueira
brasileira e do conhecimento dos pescadores acerca do manguezal e dos seus
recursos biológicos, informações detalhadas acerca dos aspectos supra
mencionados, ainda são escassas e/ou inexistentes, dada a imensa extensão do
litoral do Brasil e a não priorização destes problemas (DIEGUES, 2001).
Na RDSEPT, embora a pesca de alto mar e a pesca marinha costeira
contribuam significativamente com a renda obtida pelas comunidades, a pesca
estuarina é a base da subsistência dos moradores da Reserva. A pesca realizada no
manguezal não é apenas uma fonte de renda para as comunidades, mas ela é,
sobretudo, uma fonte de alimento disponível e acessível a qualquer momento. Os
recursos do manguezal são a principal fonte de subsistência para os pescadores e
moradores em geral.
Foram identificados 11 sistemas de pesca principais realizados na RDSEPT:
(1) pesca através de mergulho livre, (2) pesca com linha e anzol, (3) pesca com rede
tarrafa, (4) pesca com rede de arrasto, (5) pesca com rede tainheira, (6) pesca com
rede caiqueira, (7) pesca com rede de cerco, (8) catação manual de mariscos, (9)
catação manual de caranguejo, (10) catação manual de siris e (11) pesca de
lâmpada. A seguir temos as descrições destes sistemas e ao final temos um resumo
das principais informações (Quadro 3).
Pesca através de mergulho livre (snorkeling)
Ocorre ao longo de todo o manguezal, principalmente nos canais centrais do
rio, que são áreas mais profundas, entre 4 e 5 m de profundidade. O equipamento
utilizado consiste em nadadeiras, máscara de mergulho e snorkel. O alvo principal
deste da pescaria é a captura de peixes, onde o instrumento de pesca utilizado é o
arpão. Nas pescarias através de mergulho, os pescadores deslocam-se aos pontos
184
de trabalho por meio de canoas de madeira ou simplesmente seguem nadando
desde a margem do rio mais próxima de casa. Este tipo de pescaria geralmente
envolve de dois a quatro pescadores por embarcação. A pesca de mergulho só
ocorre durante as marés de vazante e na baixa.
Pesca com linha e anzol
Normalmente ocorre nos canais do rio, visando a passagem de peixes que
entram e saem do sistema estuarino durante as mudanças da maré. Ocorre também
em pesqueiros de pedras ou aglomerados de raízes mortas, distribuídas ao longo do
manguezal, geralmente nos canais do rio. Nos pontos de pescarias de linha, o
substrato é predominantemente arenoso, nos quais os aglomerados de pedras e
raízes servem de atratores para algumas espécies de peixes. Os pescadores de
linha e anzol deslocam-se para os pontos de pesca por meio de canoas de madeira
impulsionadas manualmente com varas de madeira. Geralmente, as pescarias de
linha envolvem de um a dois pescadores por embarcação (Figura 45).
Foto: Thelma Dias © 2004.
O material utilizado, como o próprio nome já diz, é a linha de náilonde
tamanhos e espessuras variados e anzóis de aço, também de tamanhos diversos.
Figura 44 - Pescaria de linha e anzol no canal do rio Tubarão, em frente à comunidade de Diogo Lopes.
185
As melhores marés para este tipo de pescaria são as marés baixas e durante a maré
de vazante e enchente. O alvo principal desta pescaria são os peixes. Os
pescadores acreditam que “na paração da maré” (na virada da maré), devido ao
menor volume de água, ocorre uma maior concentração dos peixes dentro do rio. Na
fala dos pescadores, “o peixe fica menos espalhado”.
Pesca com rede tarrafa
As pescarias com tarrafa são realizadas nos mais diversos ambientes ao
longo do manguezal, desde o canal do rio, nas margens até aglomerados de pedras
localizados nos canais do rio. Entretanto, é mais freqüente este tipo de pescaria nas
áreas rasas marginais e ao redor de pedras ou aglomerados de raízes. Nos canais
do rio, o fundo é tipicamente arenoso, com pequenos aglomerados de pedras, algas
(Halymenia sp., Caulerpa spp.) e fanerógamas marinhas (Halodule wrightii). São
áreas fortemente influenciadas pelas marés, sofrendo fortes correntezas durante as
marés de enchente e vazante. Assim como nas pescarias de linha, os pescadores
de tarrafa deslocam-se para os pontos de pesca por meio de canoas de madeira. A
pescaria com tarrafa envolve de uma a duas pessoas por embarcação. Quando o
pescador de tarrafa está sozinho, ele deixa a canoa à deriva enquanto lança e
recolhe a rede (Figura 46).
Foto: Thelma Dias © 2005.
Figura 45 - Pescaria com rede tarrafa no canal do rio Tubarão, em frente a comunidade de Diogo Lopes.
186
Quando há duas pessoas, uma joga e recolhe e a outra auxiliar na retirada
do pescado da rede e na condução da canoa. É comum este tipo de pescaria ser
realizada por casais, onde a esposa fica responsável pelo recolhimento do pescado
e pela evisceração do mesmo durante o retorno para casa. A pesca com tarrafa
acontece durante as marés baixas e altas. O alvo principal são os peixes, mas
ocasionalmente ocorre a captura de lagostas e siris.
Pesca com rede caiqueira
Ocorre principalmente nos canais do rio, nas camboas e em alagados de
maré preferencialmente durantes as marés de vazante, baixa e enchente. A
embarcação utilizada é a canoa de madeira. A rede caiqueira é estendida no local
de pesca em profundidades que variam de poucos centímetros a cerca de 3 m. A
pesca com caiqueira geralmente envolve dois pescadores, dos quais um guia a
canoa e o outro trabalha com a rede. Enquanto a rede está estendida, o pescador
responsável pela pescaria bate na água com a vara em direção à rede no sentido de
“espantar” o peixe para a rede. Feito esse processo, a rede começa a ser recolhida
e os pescados vão sendo retirados da rede com ajuda do pescador que conduz a
canoa. O alvo principal da pesca com caiqueira são pequenos peixes denominados
localmente de caícos. Os caícos são peixes de pequeno porte como as carapebas,
anchovas, sardinhas e xiras, mas incluem também indivíduos jovens de espécies
que podem atingir grande porte, como alguns vermelhos, garoupas, pescadas, entre
outros. As redes caiqueiras utilizadas na Reserva são artesanais ou de fábrica. Elas
variam em tamanho, mas podem atingir 300 m de comprimento. As malhas utilizadas
variam de 3,0, 3,5, 5,2 ou 5,4 cm entre nós.
Pesca com rede tainheira
Assim como a pescaria de caiqueira, a pescaria de tainheira ocorre
principalmente nos canais do rio e nas camboas preferencialmente durantes as
marés de vazante, baixas e de enchente. A embarcação utilizada também é a canoa
de madeira. O procedimento de pesca também é semelhante à pescaria com
caiqueira, com a rede sendo estendida e os peixes “espantados” através da batida
da vara sobre a água. Entretanto, o alvo principal da pescaria é a tainha, a saúna e a
187
samungueira (todas Mugil spp.). Diferentemente da caiqueira, a rede tainheira
geralmente tem malha e comprimento maior. As redes tainheiras observadas tinham
de 400 a500 mde comprimento, com malha de 5,5 ou 6,0 cm. A profundidade que a
rede tainheira atinge é de cerca de 2-3 m. A pesca com tainheira envolve
normalmente duas pessoas, seguindo-se o mesmo procedimento descrito
anteriormente para a pesca com caiqueira.
Pesca de cerco
Ocorre ao longo de todo manguezal, principalmente na entrada de camboas.
A rede de cerco é a mesma rede caiqueira, entretanto, ela é estendida e permanece
no local presa em varas de madeira. Ela pode ficar estendida no local da pescaria
por horas, sendo posteriormente recolhida pelos pescadores. Normalmente a rede
de cerco fica estendida de uma maré para outra, geralmente da maré de enchente
para a de vazante. Esta pescaria geralmente envolve um ou dois pescadores que se
deslocam através de uma canoa de madeira. Os pescados capturados são caícos
como tainhas de pequeno porte, vermelhos, carapebas e carapicús, entre outros.
Pesca com rede de arrasto
Ocorre nas áreas marginais ao longo do manguezal, geralmente próximo a
raízes de mangue. Atinge uma profundidade de cerca de 2 m, e pelo caráter pouco
seletivo da rede, captura diversos tipos de pescados, sem um alvo determinado. A
rede utilizada para o arrasto geralmente constitui-se em um pedaço de rede utilizada
na pesca de sardinha, que não esteja mais sendo utilizado. Os pescadores,
geralmente dois a quatro, dirigem-se aos locais de pesca por meio de canoas de
madeira e ao chegarem no local, efetuam o arrasto caminhando pela margem do
local de pesca. Dos quatro pescadores, apenas um pescador permanece na canoa
para recolher a rede e em seguida, retirar o pescado da mesma. Os demais realizam
o arrasto pela margem do mangue. Este tipo de pescaria ocorre durante as marés
baixas. As pescarias de arrasto ocorrem esporadicamente, não havendo uma
freqüência sistemática desta atividade.
188
Catação manual de caranguejo
Ocorre dentro do manguezal, entre as raízes, em diversos pontos ao longo
da área. A espécie alvo é o caranguejo-uçá, Ucides cordatus, que é capturado
através do bracejamento, ou seja, introduzindo-se o braço na toca e capturando-se o
caranguejo com a mão. Alguns catadores afirmam que há pessoas que utilizam
redinhas para aprisionar o caranguejo antes de capturá-lo, técnica considerada ilegal
nesta atividade (ver Portaria IBAMA no 034/03 – N, de 24 de junho de 2003). Os
pontos mais utilizados para a captura de caranguejo são ilhas de mangues. Os
catadores saem sozinhos ou em grupos de até dez homens. Eles utilizam canoas de
madeira para o deslocamento até a área de trabalho. A catação do caranguejo é
realizada durante a maré baixa.
Catação manual de siris
A catação de siris ocorre ao longo de toda a área marginal do manguezal,
em alagados que se formam durante a baixa-mar e em canais de água que
interligam camboas com os canais principais do rio. Os catadores de siri vão
sozinhos em busca do recurso ou em pequenos grupos de dois ou três (Figura 47).
As espécies alvo são Callinectes danae (siri-azul) e Callinectes sp. (siri-lodo). Além
da catação manual, que ocorre com a ajuda de um pedaço de pau, algumas
pessoas utilizam uma redinha conhecida como jereré (semelhante a um puçá) para
a captura dos siris. Não há uma freqüência definida de idas ao manguezal para
captura de siris. A atividade ocorre esporadicamente e pode ser desenvolvida por
qualquer um dos moradores locais. É comum a captura de fêmeas ovadas e de
casais no momento do acasalamento.
189
Foto: Thelma Dias © 2004.
Catação manual de mariscos
Os principais pontos de captura dos búzios são as áreas localmente
conhecidas como morro branco, porto do fede, crôas da camboa do inferno, crôa em
frente à caixa d‟água de Barreiras, crôas próximas à costa (restinga da Reserva) e
nas margens do rio próximas às casas das comunidades. Os pontos de exploração
consistem em bancos de lama ou areia, alguns com presença de ostras.
Normalmente esses bancos ou crôas localizam-se próximos a florestas de mangue.
Para alguns recursos como o búzio grande (Lucina pectinata) e o sururu (Mytella
guyanensis), as capturas são realizadas em áreas de lama, entre as raízes de
mangue vermelho ou sapateiro (Rhizophora mangle).
Os búzios são capturados de diversas formas. A forma mais comum é a
catação manual, sem auxílio de nenhum apetrecho (Figura 48). Entretanto,
dependendo do local de coleta, podem ser utilizados os seguintes objetos: colheres,
baldes, facas, quengas de côco, panelas e ciscadores. Os processos de exploração
são variados, mas independente da forma de captura, as marisqueiras praticam
alguma forma de manejo do recurso, como demonstrado nas falas:
Figura 46 - Catadores de siri da comunidade de Diogo Lopes na RDSEPT.
190
“A gente agôa pra descobrir e apanha. Aí coloca no monobloco, escolhe só
os graúdo e deixa os pequenos”.
(Severina, marisqueira da comunidade de Sertãozinho)
“Não agôa. Rapa com a panela, junta num canto, coloca no monobloco e
balança pra cair os miúdos. Depois cata as cascas do monobloco e bota no
saco”.
(Maria, marisqueira da comunidade de Sertãozinho)
“Pego a colher, sento na lama ou fico de cócora e raspo ou tiro com a mão”.
(Elenir, marisqueira da comunidade de Diogo Lopes)
“Passo o ciscador, agôo e começo a tirar; alguns lugares é só tirar da areia
com as mãos”.
(Sebastiana, marisqueira da comunidade de Sertãozinho)
“Cato com a mão, ou então rapo com a quenga ou com a colher”.
(Rosimeire, marisqueira da comunidade de Diogo Lopes)
Fotos: Thelma Dias © 2004.
As marisqueiras passam de 1 a 6 horas no manguezal catando búzios
(média de 4 horas), durante 2 a 7 dias na semana (média de 4,8 dias/semana). As
capturas ocorrem preferencialmente nas marés de sizígia (lua nova ou cheia). A
catação de búzios acontece no período entre a vazante e a enchente da maré. É
nesse intervalo que as crôas começam a aparecer, permanecem expostas por 2 a 3
horas e começam a ser cobertas novamente. Considerando-se a preferência para
catação do búzio nas marés de sizígia, estimamos que a exploração deste recurso
Figura 47 - Marisqueiras catando búzios no manguezal da RDSEPT, no ponto conhecido como Morro Branco.
191
aconteça, pelo menos, durante 15 dias por mês, correspondendo às semanas de lua
cheia e nova.
Alguns locais de catação dos búzios são próximos às casas das
marisqueiras, mas os melhores locais de captura, como o morro branco e a costa,
ficam distantes das comunidades, requerendo a utilização de uma embarcação para
deslocamento até o local de trabalho. Nenhuma das marisqueiras entrevistadas
possui embarcação própria. As ioles ou canoas de madeira utilizadas por algumas
delas, são pegas emprestadas com amigos/vizinhos ou são alugadas. Uma família
que contém quatro marisqueiras (a mãe e três filhas) paga um aluguel de R$ 20,00
(vinte reais) por semana para utilizar uma canoa durante 6 a 7 dias.
Pesca de „Lâmpada‟
Eventualmente, outras pescarias ocorrem no manguezal da RDSEPT, como
a pescaria de lâmpada, que é realizada à noite, para a captura de agulha
(Hemirhamphidae) e tainha (Mugilidae), na qual os pescadores vão sozinhos em
canoas de madeira e utilizam apenas um jereré para capturar os peixes. Segundo os
pescadores, a lâmpada utilizada serve para atormentar os peixes e para que os
mesmos possa visualizar o local de pesca.
192
Quadro 3 - Resumo das informações acerca dos sistemas de pesca praticados na zona estuarina pelos pescadores da RDSEPT.
Tipo de pescaria Embarcação Recursos-alvo Aparelhos de
pesca - malha
Locais de pesca Condições
de maré
No. de
pessoas
Período
de pesca
Sistemas de pesca praticados na zona estuarina
Linha e anzol
Canoa
Peixes (pescada branca,
caranha, cabocla,
vermelho, entre outros)
Linha de mão e
anzóis: 10 e 12
Aglomerados de
pedras, raízes de
mangue e canal do rio
Vazante,
baixa e
enchente
1-2 Ao longo
de todo o
ano
Tarrafa
Canoa
Peixes (tainha, saúna,
carapeba, salema, entre
outros)
Rede tarrafa –
malha: 3,5 a4,5
cm
Canais principais,
alagados de maré,
aglomerados de
pedras, base das
raízes de mangue e
camboas
Vazante e
enchente
1-2 Ao longo
de todo o
ano
Arrasto Canoa Peixes (tainha, canguito,
voador do rio, cabocla,
entre outros)
Rede de arrasto –
malha: 2,0cm
Áreas marginais dos
canais e camboas
Baixa 2-4 Ao longo
de todo o
ano
Tainheira
Canoa
Peixes (tainha, saúna,
samungueira)
Rede-de-espera
tainheira malha:
5,0 a6,0 cm
Canais principais do
rio e camboas
Vazante e
enchente
2 Ao longo
de todo o
ano
Caiqueira
Canoa
Peixes de pequeno porte
ou caícos (coró, tainha,
saúna, samungueira,
carapicú, cabocla,
vermelho, salema, entre
Rede-de-espera
caiqueira –
malha: 3,0 a5,0
cm
Canais principais do
rio, camboas e
alagados de maré
Vazante e
enchente
2 Ao longo
de todo o
ano
193
outros)
Lâmpada Canoa Peixes (agulha, tainha,
saúna)
Jereré – malha:
3,5 a4,5 cm
Margens do mangue e
camboas
Cheia 2 Ao longo
de todo o
ano
Catação de
mariscos
A pé, canoa
Búzios (búzio, búzio
grande, sururu)
Manualmente ou
c/ ciscadores,
quenga de côco,
colheres, facas
ou baldes
Crôas arenosas ou
areno-lodosas
Baixa 1-4 Ao longo
de todo o
ano
Catação de siris
A pé, canoa
Siri-lodo e siri-azul Manual, jereré ou
com um pedaço
de pau c/
forquilha
Alagados de maré,
margens dos canais e
camboas
Baixa e
enchente
1-2 Ao longo
de todo o
ano
Catação de
caranguejos
Canoa
Caranguejo-uçá Manual Entre as raízes de
mangue (vermelho,
ratinho e manso)
Baixa 1-4 Ao longo
de todo o
ano
Pesca de
mergulho
Canoa Lagosta vermelha Manual ou
bicheiro
Canais principais Baixa 1-3 Ao longo
de todo o
ano
194
b) A pesca na Zona Marítima Costeira
A frota pesqueira sediada na RDSEPT atua na zona marítima costeira
operando com os seguintes sistemas de pesca: (1) a pesca com rede tainheira; (2) a
pesca com rede caiqueira e; (3) a pesca de arrasto de praia com rede de
tresmalhos. A seguir temos as descrições destes sistemas e ao final temos um
resumo das principais informações (Quadro 4).
Pesca com rede tainheira
A pesca com rede tainheira é realizada a cerca de 100-500 m de distância
da praia, a uma profundidade de aproximadamente 4 m. A rede tainheira utilizada
pode atingir os 500 m de extensão, e as malhas variam entre 5,5, e 6,0 cm. A
embarcação utilizada é a canoa de madeira com propulsão à vara, que é operada
por 2 pescadores. A pesca com tainheira na costa ocorre apenas em um certo
período do ano, geralmente nos meses de inverno (abril a julho), quando a
disponibilidade de pescados é maior na costa (Figura 49). A maré baixa é a melhor
para a pesca com tainheira, devido a calmaria do mar nessas condições.
Foto: Thelma Dias © 2006.
Figura 48 - Pescadores despescando a rede tainheira na zona de praia da RDSEPT.
195
Pesca com rede caiqueira
A pesca com rede caiqueira é realizada desde a praia até uma distância de
cerca de 100 m mar adentro, atingindo profundidade de aproximadamente 3 m. A
rede caiqueira utilizada mede de 250-300 m de comprimento e possui malha de 3 e
3,5 cm. A embarcação utilizada é a canoa de madeira com propulsão à vara, que é
operada por 2 pescadores. Assim como a pesca com tainheira, a pesca com
caiqueira na costa ocorre apenas em um certo período do ano, geralmente entre
abril e julho, quando a disponibilidade de pescados é maior na costa. A maré baixa é
a melhor para a pesca com caiqueira, devido a calmaria do mar nessas condições.
Pesca com rede de tresmalhos
Este tipo de pescaria normalmente envolve oito pessoas, mas, normalmente,
12 pessoas é o número ideal para trabalhar com uma rede. Consiste em estender a
rede tresmalhos inicialmente a partir da praia até cerca de 100-200 m mar adentro.
Cada ida da rede ao mar, chama-se “lance”. A disposição da rede de tresmalhos é
feita por 1-2 pescadores a bordo da embarcação utilizada. As duas extremidades da
rede ficam seguras por pescadores de apoio. Em seguida, após toda a colocação da
rede, que fica a cerca de 2-8 m de profundidade, a mesma começa a ser
vagarosamente puxada de volta em direção à praia (Figura 50).
Ao chegar na areia da praia, a rede é desenrolada e o pescado é despejado
no chão para que ocorra a triagem do material. Enquanto um grupo de pescadores
escolhe os pescados que serão aproveitados do lance, um outro grupo sacode a
rede a fim de limpá-la para em seguida, ser novamente lançada ao mar. A rede de
tresmalhos, como o nome diz, é constituída por três panos com diferentes malhas
que vão diminuindo das extremidades em direção à parte central, denominada de
copo. A malha mais externa ou manga tem 10,1 cm, a porção entre a manga e o
copo, chamada de encontro tem malha de 5,0 cm, e a parte central, que concentra o
pescado, chamada de copo, tem malha de 3,7 cm.
196
Fotos: Thelma Dias © 2005.
A pesca com rede de tresmalhos ocorre apenas em um determinado período
do ano, sendo normalmente iniciada no mês de abril, caso já se “tenha notícia” de
peixe nos locais de pesca. De acordo com os pescadores, a disponibilidade de
peixes na costa está diretamente relacionada com o período de chuvas. Segundo
um dos donos de rede entrevistados, “quando o inverno é bom a pesca é boa”. Os
pescadores indicam que o primeiro peixe que começa a “descer pela costa” é a
espada (Trichiurus lepturus) e a partir daí, outros pescados começam a aparecer,
como o boca mole (Larimus breviceps) e o xaréu (Caranx hippos). O período de
término da pesca com tresmalhos nromalmente é julho ou agosto, época em que o
vento aumenta, a água suja e o pescado diminui na costa. A Figura 51 mostra uma
seqüência de imagens ilustrando diferentes momentos da pescaria com tresmalhos.
As melhores marés para este tipo de pescaria são as marés baixas, tanto de
quadratura quanto de sizígia. De acordo com os donos de rede, o número de lances
por dia pode variar de acordo com a disponibilidade de pescado, normalmente
Figura 49 - Pescadores durante pescaria com rede de tresmalhos. Esquerda: pescadores na catraia estendendo a rede; Direita: pescadores puxando uma das extremidades da rede. Inferior: vista geral dos pescadores puxando a rede.
197
sendo de um a cinco. Atualmente, cinco redes atuam na pesca de tresmalhos na
zona marinha da Reserva, entretanto, dificilmente as cinco redes estão trabalhando
ao mesmo tempo. Ocasionalmente, redes de outras localidades como da cidade do
Natal (RN), desenvolvem esta atividade na área marinha da RDSEPT.
Fotos: Thelma Dias © 2004.
Figura 50 - Seqüência de imagens da pescaria com rede de tresmalhos, desde o recolhimento até a colocação do pescado na canoa.
198
Quadro 4 - Resumo das informações acerca dos sistemas de pesca praticados na zona marítima costeira pelos pescadores da RDSEPT.
Tipo de pescaria Embarcação Recursos-alvo Aparelhos de
pesca - malha
Locais de pesca Condições
de maré
No. de
pessoas
Período de
pesca
Sistemas de pesca praticados na zona marinha costeira (costa)
Tresmalhos
Catraia
Peixes (xaréu, camurim,
espada, pescada ticupá,
entre outros)
Rede de
tresmalhos –
malhas: manga
(10,1 cm),
encontro (5,0 cm)
e copo (3,7 cm)
Área marinha
costeira desde a
praia até cerca de
500 m mar adentro
Vazante,
baixa e
enchente
6-12
Abril a
agosto
Caiqueira
Canoa
Peixes (Barbudo, boca
mole, tainha, espada,
samungueira, entre
outros)
Rede caiqueira:
3,5, 4,5 ou 5,5 cm
Área marinha
costeira desde a
praia até cerca de
150 m distante da
linha de praia
Vazante e
baixa
2
Abril a julho
Tainheira
Canoa
Peixes (tainha, caícos –
ex. boca mole)
Rede tainheira –
malha: 5,5 ou 6,0
cm
Área marinha
costeira entre 100
m e 500 m distante
da linha de praia
Vazante e
baixa
2
Para caícos:
abril a julho
Para tainha:
março a
dezembro
199
c) A pesca realizada na zona marítima oceânica (alto mar)
Uma parte considerável da produção pesqueira registrada para as
comunidades da RDSEPT provém da pesca realizada em alto mar. São pescarias
realizadas em áreas distantes da costa, fora dos limites territoriais da reserva, em
áreas sobre a plataforma continental, como a pesca da sardinha e de espécies de
peixes demersais, mas também em águas profundas, fora da plataforma continental,
onde ocorre a pesca do peixe voador e de outros grandes peixes pelágicos. A pesca
em mar aberto podem durar entre 1 e 8 dias, sendo realizada por pequenas
embarcações motorizadas e também de propulsão a vela.
A pesca em mar aberto geralmente exige maior experiência dos pescadores,
principalmente no que diz respeito à escolha de áreas, pois os recursos encontram-
se, de certa forma, associados a alguma estrutura, seja natural, como os diversos
tipos de substratos marinhos, seja artificial, no caso de plataformas petrolíferas. Em
ambos os casos a localização da área é feita pelo mestre da embarcação, que
através de acidentes geográficos visualizados em terra encontra os locais de pesca
no mar.
A frota pesqueira sediada na RDSEPT atuante na zona marítima oceânica
operando com os seguintes sistemas de pesca: (1) a pesca de sardinha com rede;
(2) pesca de peixe voador com jereré; (3) pesca de lagosta com rede caçoeira; (4)
pesca de caico com armadilha; (5) pesca com linha e anzol. A seguir temos as
descrições destes sistemas e ao final temos um resumo das principais informações
(Quadro 5).
Pesca da sardinha
A sardinha é um recurso largamente explorado pelos pescadores da
RDSEPT, que durante todo ano efetuam pescarias entre 2 e 3 dias em torno das
plataformas e cabeças de poços desativados. A pesca é realizada com rede-de-
espera de superfície, por 3 pescadores, geralmente em uma pequena embarcação
motorizada; podendo também ser realizada em embarcação a vela. A embarcação
fica ancorada, em relação à correnteza, à montante da estrutura escolhida para
realizar a pescaria, de modo que a rede fica presa à embarcação e sua outra
extremidade muito próxima da estrutura, formando uma cortina perpendicular à
200
estrutura onde os peixes habitualmente nadam em circulo. A rede permanece na
água o tempo necessário para que um volume considerável de sardinhas se
emalhem na rede.
A rede-de-espera utilizada possui cerca de 20 metros de comprimento,
sendo confeccionada com náilon que varia entre 0,25 a 0,35 mm de diâmetro,
malhas com cerca de 6,0cm entre nós opostos e possuindo 110 malhas de altura (12
a13 metros de altura). Os pescadores realizam entre 4 e 15 lances durante o
período diurno (Figura 52).
O sistema de pesca direcionado a este recurso é extremamente seletivo,
capturando apenas o estoque adulto, tendo como parâmetro divisor entre os
estoques juvenil e adulto o comprimento de 11,5 cm de comprimento zoológico,
definido por Alves (1975) como sendo o comprimento de 1° maturação sexual para
ambos os sexos. Outra característica positiva é a baixa ocorrência de fauna
acompanhante.
Fonte: Silva, 2015.
Pesca do peixe-voador
Este sistema de pesca representa um das mais tradicionais formas de pesca
praticadas na região. A pesca é realizada por 3 pescadores, que utilizam como meio
flutuante pequenas embarcações motorizadas ou a vela. As viagens de pesca duram
entre 1 e 3 dias de mar e ocorrem durante os períodos da manhã e noite.
Figura 51 - Pescadores organizando as redes sardinheiras no rancho de pesca em Barreiras.
201
São utilizados 2 tipos de aparelhos de pesca: (1) Jereré – equipamento
manual de madeira em forma de triângulo e revestido por uma rede de náilon 0,60
mm, com malha de aproximadamente 3 cm entre nós opostos. Neste caso o
pescador tritura e lança pequenos fragmentos de peixe “engodo” e fica apoiado
sobre a lateral da embarcação capturando os peixes voadores que se aproximarem
da embarcação; (2) rede para voador – rede-de-deriva utilizada na superfície, com
aproximadamente 25 metros de comprimento, 2,5 metros de altura, malhas de 2,5
cm entre nós opostos (90 a 110 malhas) e confeccionada com náilon 0,35 mm. A
rede fica presa à embarcação derivando a sabor das correntes superficiais. Este
sistema de pesca pode ser utilizado simultaneamente com a pesca de jereré, para
aumentar o poder de captura do peixe voador, ou com a pesca de linha, capturando
peixes voadores para serem utilizados como isca na pesca de peixes maiores.
Pesca com rede caçoeira para lagosta
Os pescadores da RDSEPT perderam o interesse pela pesca da lagosta
devido à significativa queda de produção, embora ente as décadas de 60 e 90 tenha
sido uma importante fonte de renda local. Inicialmente era realizada por pescadores
artesanais de embarcações a vela, que utilizavam o jereré circular como aparelho-
de-pesca. Com a valorização do crustáceo iniciou-se a pesca realizada por
embarcações motorizadas, com casco de madeira, que passaram a utilizar a
armadilha (manzuá) como principal instrumento de captura. Atualmente esta pesca é
inexpressiva na região, sendo realizada por poucos pescadores, que utilizam a rede-
de-espera caçoeira de náilon como aparelho-de-pesca.
O jereré utilizado no início da pesca da lagosta consistia em uma estrutura
circular, revestida por “saco” cônico de náilon. Os pescadores colocavam uma isca
no centro do círculo e lançava ao fundo para atrair o crustáceo. Após um certo
tempo o equipamento era içado para a embarcação quando se processava a
retirada das lagostas capturadas. As pescarias ocorriam próximo da costa, em
águas de pouca profundidade.
O manzuáapresentava a forma de um retângulo, sendo confeccionado com
armação de madeira e revestido com tela de arame. Em um dos lados possuía uma
abertura em formato cônico para a entrada das lagostas. As operações de pesca
202
ocorriam em até 50 metros de profundidade e uma embarcação podia utilizar até
400 manzuás.
A rede-de-espera caçoeira de náiloné confeccionada com náilon
monofilamento 0,35 ou 0,40 mm, malhas de 8 a13 cm entre nós opostos e 12
malhas de altura. Assim como todos os sistemas de pesca voltados à captura da
lagosta, são lançadas no final da tarde e recolhidas na alvorada do dia seguinte.
Pesca com linha e anzol
As pescarias são realizadas sobre embarcações motorizadas e a vela, onde
são realizadas pescarias de ir-e-vir, como também de dormida de até 9 dias, em
águas de 12 a70 metros de profundidade. O número de pescadores depende do
tamanho da embarcação, podendo variar de apenas 1 nas canoas que pescam
dentro do estuário, até 7 nas embarcações motorizadas.
O aparelho-de-pesca consiste basicamente em linha de náilon, anzol e
chumbada. Pode ser utilizado na superfície ou no fundo, controlando-se a
profundidade com a quantidade de peso (chumbada). A espessura do náilon e o
tamanho do anzol variam conforme o local e o peixe a ser capturado. Cada pescador
pode trabalhar com até 3 linhas simultaneamente. Um dos principais recursos
capturados é o dourado (Coryphaena hippurus). Geralmente são utilizados
camarões e pequenos peixes para isca, também chamados de caicos (coró amarelo,
xira, etc.).
Pesca com armadilha para caíco (covo)
Armadilha de madeira, semelhante ao manzuá para lagosta, revestida de
tela de plástico escuro e direcionada para peixes demersais de pequeno porte,
principalmente lutjanídeos como o ariacó (L. synagris) e haemulídeos tais como
Haemulom steindachneri e H. parra.
203
Quadro 5 - Resumo das informações acerca dos sistemas de pesca praticados na Zona Marinha costeira pelos pescadores da RDSEPT.
Tipo de
pescaria
Embarcação Recursos-alvo Aparelhos de
pesca - malha
Locais de pesca Condições
de maré
No. de
pessoas
Período de
pesca
Sistemas de pesca praticados na zona marinha oceânica (alto mar)
Pesca de
sardinha
Bote a vela ou
lancha
motorizada
Sardinha
Rede-de-espera
malha: 6,0 cm
Próximo às estruturas
petrolíferas existentes
a plataforma
continental
Independe
da maré
3
Ao longo de
todo o ano
Pesca do peixe-
voador
Bote a vela ou
lancha
motorizada
Peixe-voador
Jereré – malha: 3,5
a4,5 cm e
Rede-de-deriva
malha: 2,5 cm
Mar aberto, fora da
plataforma continental
Independe
da maré
3
Ao longo de
todo o ano
Caçoeira
lancha
motorizada
Lagosta vermelha e
lagosta verde
Malha: 9,0 a12,0
cm
Sobre a plataforma
continental c/
presença de cascalho
Independe
da maré
2-5
Ao longo de
todo o ano
Linha
Bote a vela ou
lancha
motorizada
Peixes (cavala, cioba,
sirigado, beijupirá,
dourado caranha,
vermelho, entre outros)
Linha de mão e
anzóis: 5, 6, 7 e 8
Sobre estruturas
rochosas, canais
submarinos e próximo
à quebra da
plataforma continental
Independe
da maré
2-6
Ao longo de
todo o ano
Covo de caíco Lancha
motorizada
Peixes (saramonete,
caraúna, guaiúba, etc)
Armadilha de
madeira revestida
c/ tela de plástico
Sobre a plataforma
continental
Independe
da maré
4-5 Ao longo de
todo o ano
204
iii)Produção de pescado na RDSEPT
No período entre 2005 e 2014 foi registrada na RDSEPT uma produção total
de 9.834,5 toneladas de pescado. As maiores produções foram registradas nos anos
de 2009 a 2011, girando em torno de 1500 toneladas. As menores produções foram
observadas nos anos de 2005 a 2007, porém, convém ressaltar que nos referidos
anos o acompanhamento estatístico não foi integral. Entretanto, a partir do ano de
2012 pode-se observar um declínio na produção local com uma breve recuperação
nos anos seguintes (Gráfico35).
Fonte: ESTATPESCA/PMDP/IBAMA (2016).
Os principais recursos pesqueiros, em ordem de importância,
desembarcados na RDSEPT foram a sardinha, o peixe voador, o dourado, a tainha,
a serra, a gaiuba, a biquara e a garajuba. Na categoria caicos, são desembarcadas
diversas espécies de pequeno porte pertencentes as familias Gerreidae, Clupeidae,
Haemulidae, bem como indivíduos juvenis de algumas famílias que atinge grande
porte como Lutjanidae, Serranidae e Sciaenidae. Já na categoria outros, são
desembarcadas diversas espécies, porem com menor importância relativa na
produção total tais como os atuns, a cavala, o ariacó, os bagres, lagostas, agulhões,
dentre outras (Gráfico 36).
Gráfico 35 - Produção total anual de pescado na RDSEPT no período entre 2005 e 2014.
205
Fonte: ESTATPESCA/PMDP/IBAMA (2016).
Ao observar a variação anual na produção dos principais recursos
pesqueiros, podemos verificar que a sardinha, principal recurso pesqueiro da
RDSEPT, apresentou uma tendência crescente até o ano de 2009, com mais de
1000 ton desembarcadas, passando a apresentar uma tendência decrescente, com
uma produção pouco superior a 100 ton. Já o peixe-voador, segundo principal
recurso, apresentou oscilações com tendência crescente até o ano de 2011, com um
leve decréscimo no ano seguinte e se mantendo aparentemente estável próximo das
200 ton. A categoria outros tem mostrado um crescimento relativamente acentuado,
provavelmente em função do decréscimo da sardinha. Já os demais recursos têm
mantido uma tendência estável na produção, com valores abaixo de 50 toneladas
anuais (Gráfico 37).
Ao analisar a participação relativa dos dois principais recursos pesqueiros
desembarcados na da RDSEPT, verificamos que a sardinha já chegou a representar
80% da produção no ano de 2007, apresentando tendência decrescente no ano
seguinte, com uma leve recuperação no ano de 2009, porém passando a declinar ao
ponto de representar apenas 20% da produção no ano de 2012, com leve
recuperação no ano seguinte, porém voltando a cair novamente em 2014. Já o
peixe-voador apresentou três picos nos anos de 2005, 2008 e 2012, onde chegou a
Gráfico 36. Participação relativa dos principais recursos na produção pesqueira da RDSEPT no período entre 2005 e 2014.
206
representar cerca de 30% da produção, mantendo-se estável nos últimos anos de
acompanhamento (Gráfico 38).
Fonte: ESTATPESCA/PMDP/IBAMA (2016).
Fonte: ESTATPESCA/PMDP/IBAMA (2016).
Gráfico 37. Variação dos principais recursos na produção pesqueira da RDSEPT no período entre 2005 e 2014.
Gráfico 38. Variação na participação relativa dos principais recursos (sardinha e voador) na produção pesqueira da RDSEPT no período entre 2005 e 2014.
207
Ao verificar a variação mensal na produção de sardinha, podemos observar
que este recurso é capturado ao longo de todo ano, porém as maiores produções
são obtidas nos meses de julho a outubro (Gráfico 39a). Entretanto, o teste de
Kruskal-Wallis revelou não haver diferença significativa entre as produções mensais
(H = 14,95; p-valor = 0,185). Enquanto isso, para o peixe-voador também podemos
observar que este recurso é capturado ao longo de todo ano, com as maiores
produções são observadas para os meses de maio a julho (Gráfico 39b). O teste de
Kruskal-Wallis revelou haver diferença significativa entre as produções mensais (H =
66,39; p-valor = 5,19 x 10-9).
Fonte: ESTATPESCA/PMDP/IBAMA (2016).
iv) Processamento do pescado na RDSEPT
Em termos de processamento preliminar da produção, os pescados recém
capturados no estuário são colocados dentro de monoblocos plásticos dentro da
canoa ou ficam simplesmente espalhados no convés da embarcação. Não há
nenhum tratamento especial que possibilite uma melhor conservação do produto até
que ele chegue ao local de comercialização. A seguir são apresentadas as
características do beneficiamento dos principais tipos de pescado.
a)
b)
Gráfico 39. Gráfico box-plot da variação mensal nas produções de sardinha (a) e peixe voador (b) na RDSEPT no período entre 2005 e 2014.
208
Crustáceos
Os siris capturados são colocados em baldes ou sacos plásticos e levados
para casa. Quando o consumo não é imediato, os siris são conservados em
geladeira. No caso dos caranguejos, após a captura, os indivíduos permanecem
com lama do mangue dentro de sacos de náilon. É fundamental não haver contato
com água doce, que, segundo os catadores, faz com que os animais morram mais
rapidamente.
Moluscos
Normalmente os mariscos são retirados da casca (a concha) no mesmo dia
da coleta, mas algumas pessoas preferem fervê-los no dia seguinte, alegando que
fica mais fácil de “descascar” e que “rende” mais. De um modo geral, as condições
de processamento dos búzios são bastante precárias. Em média, são gastas 5,6
horas de trabalho para retirar os búzios da concha, mas esse tempo varia de acordo
com a produção diária e com o número de pessoas que estão trabalhando, de modo
que esse tempo pode variar de 2 a 12 horas. Após a retirada da concha, a carne
(parte mole do molusco) é processada de forma variada. Normalmente a produção é
vendida no mesmo dia, mas quando a venda não ocorre (parcial ou totalmente), por
falta de comprador ou devido ao horário, os búzios são acondicionados em
geladeira, em freezer, são consumidos ou jogados fora. 37,5% das entrevistadas
possuem geladeira própria e 62,5% utilizam geladeira de vizinhos pelo menos por
um dia.
Embora o processo de beneficiamento seja extremamente simples, apenas
uma das entrevistadas realiza o seguinte processo de beneficiamento da carne do
marisco:
Fervura da carne em água com suco de limão secagem da carne em escorredor
embalagem da carne em sacos plásticos de 500g Congelamento em geladeira
Venda do produto na própria casa.
“Chegando da maré, a gente lava com água doce, bota pra ferver pra abrir a
casca e depois começa a descascar”.
209
(Severina, marisqueira da comunidade de Sertãozinho)
Peixes
As pescarias de curta duração, como a da sardinha e do peixe-voador não
costumam utilizar gelo, o pescado fica exposto ao sol sobre o convés por longos
períodos de tempo e o acondicionamento é feito a granel, sem a utilização de
monoblocos para evitar a compressão do pescado.
No caso da pesca com rede tresmalhos, uma parte dos pescadores se
dedica a separar os pescados que serão aproveitados daqueles que serão
desprezados. Após a triagem, a produção pesqueira aproveitada é colocada em
cestos de madeira, os samburás, e levada para canoas de madeira ou são deixados
nos ranchos de palha situados na praia. Quando os peixes da pescaria anterior
estão no samburá, os pescadores costumam cobri-los com algas, popularmente
denominadas de cisco, para amenizar a ação do sol sobre o pescado (Figura 53).
A pescaria só termina quando as condições de maré já dificultam o trabalho
ou quando a produção está muito baixa. Em algumas ocasiões, pescadores
começam a eviscerar o peixe ainda na costa, para levá-los já tratados. Mas na maior
parte dos casos, o peixe não passa por nenhum processamento prévio, sendo
levado inteiro para os ranchos.
Fotos:Thelma Dias © 2004, 2006.
Figura 52 - Produção da pesca de tresmalhos em samburá (esquerda) e no rancho de palha (direita) após pescaria.
210
Quanto a pesca da sardinha, Silva (2015) observou por meio de entrevista a
30 pescadores, que 60% utilizam o gelo como técnica de conservação, enquanto
12% utilizam gelo e sal e 28% não utilizam nenhum procedimento.
No caso da pesca do peixe-voador, parte do pescado é eviscerada, escalado
(aberto ao meio) e salgado na própria embarcação. O restante é trazido fresco para
terra, onde geralmente também passa pelo mesmo processo. Em terra os peixes
são dispostos sobre um modelo de quarador, construído com varas de madeira
(Figura 54). Os peixes ficam expostos ao sol sem nenhuma proteção contra insetos.
Próximos aos peixes circulam animais domésticos, pessoas e veículos, favorecendo
a contaminação. Depois de salgados os peixes são agrupados em fardos contendo
1.000 unidades, que são dispostos sobre o chão dos ranchos de pesca, também
sem nenhuma proteção, a espera da comercialização.
Foto: Rodrigo de Salles © 2006.
O pescado oriundo das pescarias de linha é conservado em gelo na
embarcação. Em terra são mantidos em freezer até a comercialização. Geralmente
os peixes capturados com linha durante a pesca do peixe-voador também são
salgados, acarretando uma considerável desvalorização do produto, haja vista que
são peixes nobres como o dourado e a albacora.
Em terra, além dos cuidados da casa e filhos, as mulheres assumem papel
importante ao longo da cadeia produtiva do peixe salgado, muitas vezes são elas
que lavam, evisceram, salgam e cuidam do processo de secagem dos peixes ao sol.
Figura 53. Disposição do pescado salgado (peixe-voador) ao sol próximo à margem do rio Tubarão, na comunidade de Diogo Lopes, RDSEPT.
211
v) Subprodutos gerados no processamento do pescado
Crustáceos
O caso dos crustáceos é o que causa menor preocupação, tendo em vista
que apenas poucos recursos são explorados. Os restos dos siris consumidos nas
comunidades são enterrados nas próprias moradias, procedimento considerado
satisfatório para estes subprodutos. Para os caranguejos praticamente não há
geração de subprodutos, tendo em vista que a produção é inteiramente enviada para
o estado do Ceará.
Moluscos
O subproduto gerado da catação do marisco é a concha calcária (Figura 55).
As conchas são predominantemente descartadas e desperdiçadas. Para cada quilo
de carne de búzio retirada, 16 kg de conchas são descartados. Considerando-se
uma produção média mensal estimada em 459,8 kg, estima-se que há um descarte
mensal de aproximadamente 7,3 toneladas de conchas, que são jogadas nos
quintais, ruas e até mesmo em terrenos baldios. Apenas duas marisqueiras vendem
esporadicamente as conchas por R$ 0,50 a 1,00 um saco com 80 kg de material. Os
compradores desse produto geralmente utilizam-no para fazer pisos de casas em
construção.
Foto: Thelma Dias © 2004.
Figura 54. Conchas de búzio descartadas ao lado da casa de uma marisqueira da comunidade de Sertãozinho, na RDSEPT.
212
Peixes
O principal subproduto gerado da produção de peixe é a víscera. Como a
pesca estuarina acontece ao longo de toda o estuário do rio Tubarão, não se sabe
ao certo o destino final das vísceras de todo o pescado capturado. Os pescadores
as jogam no próprio estuário, enterram no quintal de casa ou nas dunas. Os
problemas já ocorridos e possíveis de acontecer novamente devido a essa atividade
são: (1) poluição da água do rio Tubarão, (2) excesso de matéria orgânica na água,
(3) diminuição do oxigênio dissolvido na água, (4) mau cheiro intenso, (5) atração de
organismos que podem causar doenças, (6) poluição visual e (7) contaminação de
organismos aquáticos, especialmente os filtradores como os mariscos.
O principal subproduto da pesca na Zona Marinha costeira é a remessa, ou
seja, os peixes que não são aproveitados (Figura 56). Embora haja o subproduto
das vísceras, o volume retirado do pescado aproveitado não chega a ser um grande
problema, tendo em vista que a pesca na costa é periódica e a produção não é tão
alta quanto a produção de sardinha e peixe-voador de alto mar.
Foto: Thelma Dias © 2004.
A remessa descartada nas pescarias com rede de tresmalhos é apontada
por moradores e pessoas ligadas à problemática da pesca, como sendo um grande
Figura 55. “Remessa” descartada na praia após pesca com rede de tresmalhos na zona costeira da RDSEPT.
213
problema para a pesca na costa. Os pescadores de tresmalhos acreditam que não
há problema quanto a isso, pois “outros peixes vem e come”. De certa forma isso
está correto. O pescado que fica na praia, quando retorna ao mar, contribui para a
cadeia alimentar marinha, sendo fonte de proteína para outras espécies costeiras.
Entretanto, para aquelas pessoas indiretamente ligadas, trata-se de uma pescaria
muito predatória. Nesse sentido, algumas perguntas nos levam a pensar:
Será que se todo esse pescado que é descartado fosse aproveitado para
comercialização ou consumo, ainda seria considerada uma pesca predatória?
Por que o grande volume de xaréu e peixe espada capturado na pesca de
tresmalhos não é apontado como predatório? Por que é aproveitado?
Se a ginga descartada fosse um dos grandes atrativos nos bares locais junto
ao turismo (como prato típico denominado “iscas de peixe”), a captura deste
pescado ainda seria um ato predatório? Ou seria uma nova fonte de renda?
E se toda essa remessa virasse farinha de peixe, seria ainda uma pesca
predatória, ou uma fonte alternativa de renda para as comunidades?
Por que a pesca de tresmalhos que acontece durante 5 meses ao ano é
considerada predatória e a pesca de marisco que acontece ao longo de todo
o ano não é assim classificada?
Será que o grande problema da pesca de tresmalhos é mesmo a captura
incidental de peixes ou é o não aproveitamento de todo esse pescado?
Será que seria mais interessante para a RDSPT aumentar a malha dos
tresmalhos para diminuir as capturas ou aproveitar todo esse pescado e gerar
mais renda e trabalho para as comunidades?
Segundo pesquisa desenvolvida por Tischer (2003), junto a pescadores de
arrasto de camarão em Sirinhaém (PE), o volume de peixes descartados chega a
6.578 kg/mês. Entretanto, todo esse peixe que seria jogado fora, é aproveitado por
mulheres localmente chamadas de tratadeiras, que negociam esse pescado com
atravessadores. A venda da remessa em Sirinhaém rende cerca de R$
44.644,20/mês para as 50 tratadeiras que trabalham nessa atividade, o que
representa um ganho mensal de cerca de R$ 892,00.
214
É provável que um dos maiores desafios para resolver o problema do
descarte na pesca de tresmalhos não seja apenas encontrar uma forma de se
capturar peixes maiores, mas, sobretudo, de se encontrar uma forma de aproveitar
esse pescado de modo a trazer alternativas de renda para pessoas das
comunidades da RDSPT. O caso estudado por Tischer (2003) é um exemplo claro
de que é possível agregar valor a esse produto e gerar renda ao invés de
desperdício.
O principal subproduto gerado da pesca de alto mar são as vísceras,
principalmente da sardinha e do peixe voador. Estima-se que 30% do volume de
produção é retirado de vísceras, que são jogadas no estuário, no mar ou nas dunas
da RDSPT. Ou seja, para cada 1.000 kg de sardinha, cerca de 300 kg são de
vísceras, que são descartadas. No período do estudo realizado por Dias (2006), um
barco contratado pela Prefeitura Municipal de Macau joga tambores com vísceras no
mar, a cerca de 3 km mar adentro, a partir da Zona Marinha costeira da RDSPT,
portanto esta informação necessita ser checada para verificar se esse serviço teve
continuidade até os dias atuais.
vi)Comercialização de pescado na RDSEPT
Crustáceos
Nãohá nenhum processo de beneficiamento da lagosta. As lagostas maiores
são descabeçadas e apenas a cauda é vendida. As lagostas menores (ou miúdas)
são vendidas inteiras, com cabeça e cauda. As caudas grandes são vendidas por R$
55,00/kg, enquanto as lagostas pequenas são vendidas com cabeça por R$
10,00/kg. A lagosta é vendida a poucos moradores locais e trata-se de uma
comercialização de escala muito pequena.
Moluscos
De um modo geral, não há nenhum processo de beneficiamento da carne do
búzio antes da comercialização. Poucas são as marisqueiras acompanhadas que
realizam uma fervura da carne após a retirada da concha.
215
A marisqueira que o realiza obtém o maior lucro registrado para a venda de
mariscos na RDS, que é de R$ 6,00/kg. O quilo da carne de búzio é vendido em
média por R$ 3,53, variando de R$ 2,50 a 6,00. O lucro médio diário por pessoa é
de cerca de R$ 11,30, o que representa uma renda média de aproximadamente R$
108,00 por mês. No entanto, esse lucro mensal pode variar de R$ 45,00 a 158,00
pessoa/mês. Considerando-se a renda mensal média, a comercialização de búzios
na Reserva movimenta cerca de R$ 1.620,00, podendo variar de R$ 675,00 a
2.370,00, por mês.
A comercialização do búzio é feita através de crianças que oferecem o
produto em pratos, de casa em casa, nas comunidades de Barreiras, Diogo Lopes e
Sertãozinho. Algumas marisqueiras informaram já terem vendido búzio para pessoas
de Guamaré (município vizinho) e Recife (capital do Estado de Pernambuco).
Apenas uma marisqueira vende o búzio na própria casa, onde os compradores é
que vão a procura do produto. Geralmente são as filhas das marisqueiras (entre 8 e
15 anos) que oferecem o búzio, mas três das marisqueiras estudadas contratam
meninas da vizinhança para venderem o produto. As crianças recebem R$ 0,50 por
cada prato de búzio vendido. Apenas duas marisqueiras da mesma família vendem
o produto a um atravessador, que compra o búzio apenas esporadicamente,
pagando R$ 2,00 por quilo. Quando o atravessador não compra o produto, o
processo de venda é igual ao das outras marisqueiras.
Peixes
Ao retornarem da maré com a produção pesqueira, os pescadores vão
imediatamente entregar o pescado aos compradores ou atravessadores, que são
localmente conhecidos como “rancheiros”. Os rancheiros são os donos de pequenos
armazéns e geralmente compram a produção pesqueira proveniente do manguezal.
Normalmente o pescador é o próprio dono da embarcação, mas quando há a
participação de um ajudante ou mais, geralmente a divisão do valor arrecadado
ocorre de forma eqüitativa, ou seja, em partes iguais para cada um dos pescadores.
O preço do pescado comprado dos pescadores varia de acordo com as espécies
capturadas. A Tabela 19 mostra os pescados mais valiosos comercialmente e os
respectivos preços de venda do pescador.
216
Uma pequena parcela dos rancheiros vende o pescado em feiras nas
cidades de Ceará-Mirim, João Câmara e Natal. A maior parte deles, repassa o
pescado para outro atravessador, geralmente pessoas que não residem na
comunidade. Antes de repassar o pescado, os rancheiros processam o pescado de
duas formas básicas: (1) acondicionam as espécies de maior porte e mais valiosas
em gelo ou (2) conservam em sal, as espécies pequenas, os caícos. Não há
nenhuma outra forma de beneficiamento do pescado nem por parte dos pescadores,
nem dos atravessadores (rancheiros).
Já o pescado capturado pelas redes de tresmalhos é entregue a rancheiros
locais. Inclusive há donos de redes que tem sociedade com rancheiros, na qual
ambos são donos da rede. Não há venda do pescado para mercados externos por
parte dos donos de rede. A produção é dividida entre os pescadores e os donos de
rede, onde os pescadores (geralmente 12) ficam com 50% do valor arrecadado e o
dono da rede fica com os outros 50%. A comercialização para o mercado externo
ocorre quando o pescado está nas mãos dos rancheiros.
Segundo os pescadores, as espécies mais valiosas são o camurim, a cavala
e a pescada ticupá, cujos preços do quilo variam de R$ 10,00 a 12,00 . No caso do
camurim, os pescadores alegam que a espécie atinge esse valor por que é
exportada. Mas apesar do camurim e da pescada ticupá serem as mais valiosas,
não são abundantes nem freqüentes. Outras espécies que estão entre as mais
valiosas são o serra, pescada branca e xaréu.
Os peixes aproveitados na pesca de tresmalhos são divididos em categorias,
sendo classificados em peixes de primeira, de segunda e de terceira qualidade. Os
peixes de primeira incluem, além do camurim e da pescada ticupá, o serra e a
cavala. Os de segunda incluem a pescada branca, a cururuca e a bicuda guarana.
Os peixes de terceira são aqueles conhecidos como “caícos”. São geralmente
peixes de pequeno porte ou peixes jovens de espécies maiores. Os peixes de
terceira incluem o boca mole, barbudo, pomba de mulata e a espada.
Os caícos são vendidos por R$ 0,30 a 0,60 o quilo. O peixe espada, que no
início da pesca de tresmalhos é vendido por R$ 1,50 a 2,00 o quilo, perde valor ao
longo do período de pescaria. O mesmo ocorre com o xaréu. Os pescadores alegam
que quando a produção de uma dada espécie, como espada e xaréu, está muito
alta, os compradores pagam preços muito baixos. De acordo com os pescadores, a
produção dos tresmalhos é vendida para compradores nas cidades de Natal, João
217
Câmara, Ceará-Mirim e Baixa Verde, todas no estado do Rio Grande do Norte.
Apenas o camurim é levado para a cidade do Recife (PE).
Tabela 19 - Estrutura de preços e importância comercial das principais espécies de peixes capturadas na pesca da RDSEPT.
Espécie Nome popular local Importância comercial
Categoria Preço pago ao pescador (R$)
Cynoscion acoupa Pescada ticupá Alta Primeira 10,00
Centropomus undecimalis
Camurim Alta Primeira 12,00
Caranx hippos Xaréu Alta Segunda 8,00
Trichiurus lepturus Espada Média Segunda 2,00
Scomberomorus brasiliensis
Serra Alta Primeira 8,00
Scomberomorus cavala Cavala Alta Primeira 12,00
Opistonema oglinum Sardinha Média Terceira 1,50
Hirundychties affinis Voador Baixa Terceira 2,00
Larimus breviceps Boca mole Baixa Terceira 2,00
Diversas espécies Caícos Baixa Terceira 2,00
Mugil curema Tainha Alta Primeira 5,00
Centropomus undecimalis
Camurim Alta Primeira 10,00
Cynoscion leiarchus Pescada branca Média Segunda 4,00
Archosargus rhomboidalis
Salema Média Segunda 4,00
Lutjanus synagris/L. apodus
Vermelho/cabocla Média Segunda 10,00
Mugil liza/Mugil sp. Saúna roia ou samungueira
Média Segunda 4,50
Diapterus rhombeus/Eugerres brasilianus
Carapeba Baixa Terceira 2,00
Espécies de pequeno porte (e.g. Eucinostomus spp.) ou jovens de espécies maiores (e.g. Lutjanus spp.)
Caícos Baixa Terceira 2,00
Os pescadores informaram também, que alguns pescados são menos
valiosos por não terem um mercado comprador na comunidade nem em outras
cidades. Os peixes que não tem nenhum valor para a pesca de tresmalhos são o
bagre, baiacú, cachimbo e sôia. Estes peixes não são vendidos nem consumidos
pelos pescadores. Quando perguntados sobre o por que de tantos peixes serem
descartados, os pescadores alegam que isso acontece por que “os pescadores não
querem juntar” e “não tem quem compre a remessa”.
218
O canal de comercialização mais utilizado pelos pescadores e donos das
embarcações da RDSPT consiste em vender o produto aos atravessadores locais -
“rancheiros”, que garantem o escoamento imediato do pescado. O preço pago ao
produto varia de acordo com a espécie e a oferta de pescado durante o período.
O peixe-voador é comercializado principalmente salgado, cujo milheiro é
vendido ao rancheiro ao valor de mercado, podendo variar entre R$ 60,00 e R$
200,00. A sardinha é comercializada fresca ou salgada e apresenta um preço de
aproximadamente R$ 1,50 / kg. Em ambos os casos os lucros são repartidos em ½
para o dono da embarcação e do aparelho-de-pesca e ½ para os 3 pescadores. Os
peixes de grande porte como cavala, sirigado, dourado, dentão, cioba e pargo são
os mais valorizados, atingindo o valor de aproximadamente R$ 4,00 / kg. A partilha
dos lucros segue uma divisão semelhante às pescarias citadas anteriormente,
porém cada pescador recebe o equivalente ao que produzir individualmente.
Os rancheiros repassam o pescado para outros atravessadores do interior
do Rio Grande do Norte e Paraíba, principais consumidores de peixe salgado. O
outro canal de escoamento consiste em vender o pescado diretamente ás grandes
empresas de pesca com sede em Natal. Geralmente isto só ocorre durante o
período da safra da sardinha. De um modo geral o pescado vai para os rancheiros,
que por sua vez repassam para as empresas e outros atravessadores. Verificou-se
que as margens de lucro obtidas entre as etapas de comercialização são baixas,
sendo o lucro puro obtido em função do grande volume de pescado comercializado.
Isto se deve à baixa qualidade do pescado e a inexistência de agregação de valor ao
longo da cadeia produtiva. A Quadro 6 ilustra o período de safra ou de captura dos
principais tipos de pescado capturados pela frota da RDSEPT.
219
Quadro 6 - Calendário de atividades pesqueiras e disponibilidade de alguns pescados explorados e/ou desembarcados na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão. Fonte: GT de Pesca, Prefeitura de Macau (2002) e Dias (2006).
MESES DO ANO
Pescados e
Atividades
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Cioba
Voador
Dourado
Serra
Tresmalhos
Tainha
Sardinha
Búzio
Siri
Legenda:
Período de safra de cioba (Lutjanus analis)
Período de safra de peixe-voador (Hirundichthys affinis)
Período de safra de dourado (Coryphaena hippurus)
Período de safra de serra (Scomberomorus brasiliensis)
Período de safra de sardinha-bandeira (Opisthonema oglinum)
Período da pesca com rede de tresmalhos (pico da produção de xaréu, espada e
boca mole, entre outros)
Período de safra de tainha (Mugil spp.)
Período de captura de búzios (Anomalocardia brasiliana)
Período de catação de siris (Callinectes sp. e Callinectes danae)
220
Após a figura básica do pescador, tem-se a figura do proprietário da
embarcação, que pode ou não ser pescador. Em seguida, destaca-se a figura do
atravessador ou rancheiro, que vai comprar a produção do pescador. A figura do
atravessador também é extremamente importante, pois ela está em uma das etapas
mais delicadas da cadeia produtiva da pesca. É desse setor que depende a renda
do pescador. Entretanto, o papel do atravessador também não é tão privilegiado
como se pensa. Muitos atravessadores se sujeitam a outros atravessadores e
também trabalham, muitas vezes, em condições precárias. Por fim, nessa cadeia,
vem o mercado consumidor, que pode ser informal ou institucional. A definição
desses atores sociais representa um ponto-chave para o diagnóstico da pesca na
RDS, pois eles serão a base das informações fornecidas no tópico a seguir.
A atual estrutura geral da cadeia produtiva da pesca artesanal na RDSEPT é
considerada insatisfatória segundo o diagnóstico realizado e, principalmente,
segundo os atores sociais envolvidos na pesca e moradores em geral. Um
diagnóstico realizado pelo Grupo de Trabalho da Pesca da RDSEPT, apontou
diversas dificuldades e sugestões para melhorias no tocante à problemática da
pesca artesanal da RDS. Adicionalmente, uma reunião realizada no dia 26/05/2006
com pescadores da Reserva, também buscou identificar os problemas da pesca e
possíveis alternativas de resolução desses problemas.
De acordo com os atores envolvidos, uma das principais alternativas para
melhorar a situação da pesca na RDSEPT é a criação e fortalecimento de uma
cooperativa que agregue todos os segmentos viáveis do pescado, incluindo peixes,
crustáceos e mariscos, e que contemple todos os atores sociais envolvidos na
cadeia produtiva da pesca na RDSEPT, desde pescadores até atravessadores,
incluindo proprietários de embarcações, e que abranja atores sociais que atuam nos
diferentes ambientes de pesca: estuário, costa e alto mar.
Embora os problemas da pesca sejam bastante semelhantes para os
diferentes ambientes de exploração, algumas reivindicações são comuns a todos os
pescadores, como por exemplo, melhor valor dos pescados, maior capacidade de
estocagem e conquista de mercados externos. Entretanto, no caso específico da
pesca estuarina, um dos principais problemas enfrentados pelos pescadores é a
diminuição na disponibilidade de pescados. A Tabela 7 aponta aspectos da atual
realidade da cadeia da pesca estuarina e algumas soluções apontadas pelos atores
sociais envolvidos para viabilizar a resolução desses problemas.
221
Pesca na costa
O pescado na costa é abundante. E embora o número de pescadores
envolvidos seja menor do que àquele das pescarias do manguezal ou do alto mar, a
pesca na costa é a fonte de renda de diversas famílias, e por isso, a pesca de
tresmalhos pode ser considerada um importante segmento da pesca artesanal da
RDSEPT. O pescado da costa geralmente tem um destino certo: os atravessadores.
Mas as reivindicações de melhoria de preços também são feitas pelos pescadores
da costa. Entretanto, dois pontos são mais críticos nesse sistema de pesca: a falta
de capacidade de transporte e estocagem, e o desperdício de pescados que não
são comercializados. A Tabela 8 mostra as sugestões dos atores sociais acerca da
pesca na costa.
Pesca no alto mar
A situação da pesca de alto mar pode ser apontada como um dos pontos
mais críticos da pesca na RDSEPT, especialmente devido à situação da pesca da
sardinha e do voador. É alarmante a discrepância entre o volume de produção e o
preço de comercialização desses pescados. Para se ter uma idéia, em época de
safra, o kg da sardinha chega a R$ 0,30. Isso significa que se o pescador se esforça
para capturar 500 kg de sardinha em uma pescaria, ele terá um retorno financeiro de
R$ 150,00 para dividir com o dono da embarcação e ainda tirar algumas despesas
da viagem. Considerando que uma embarcação de sardinha pesque com 2
pescadores, tem-se um lucro subestimado de R$ 37,50 para cada pescador, fora
algumas despesas que ainda podem ser descontadas. Nesse contexto,
considerando que um kg de sardinha contém 12 indivíduos e é vendido por 0,30 na
safra, estima-se que cada unidade de sardinha sai por R$ 0,025 (metade de 5
centavos)! A situação do peixe voador não é diferente. A desvalorização do produto
é alarmante. A Tabela 9 mostra os principais problemas associados a pesca de alto
mar.
222
Beneficiadores e rancheiros
Entre os beneficiadores e rancheiros, destacam-se os problemas de falta de
estrutura e localização dos ranchos e o desconhecimento do mercado externo. Além
disso, a falta de capacitação para manuseio dos produtos e a infra-estrutura
inadequada dos ranchos, leva a falta de agregação de valor aos produtos. A Tabela
9 mostra as principais reivindicações destes atores e suas sugestões de melhorias.
Proprietários de embarcações
A situação dos proprietários de embarcações, desde canoas até barcos
motorizados, tem contribuído para a precariedade geral da cadeia da pesca na
RDSEPT. A falta de condições financeiras para compra/melhoria de embarcações e
apetrechos de pesca, aliada a ausência de um programa de incentivo do óleo diesel
para embarcações motorizadas, tem contribuído para o agravamento do problema. A
falta de condições de conservação do pescado durante o transporte também tem
contribuído para a desvalorização dos pescados. Na verdade, as deficiências
encontradas em cada segmento da cadeia produtiva da pesca na RDSEPT geram
uma “bola de neve”, que resulta na crise do setor pesqueiro que a Reserva vem
enfrentando há algum tempo. É irônico observar que a grande problemática mundial
no tocante à pesca é a escassez de recursos, e que na RDSEPT, o grande
problema é saber o que fazer com tanto recurso que é gerado e ter estrutura para
isso! A Tabela 10 resume a situação dos proprietários de embarcações da RDSEPT.
223
Quadro 7 - Resumo da situação atual, necessidades e propostas de melhorias e de capacitação acerca da pesca estuarina na RDSEPT.
PESCA ESTUARINA
Situação atual Necessidades Propostas de capacitação/assessoria
- Diminuição do pescado no estuário e redução no tamanho dos peixes.
- Desenvolver acordo de pesca a partir de um trabalho de sensibilização e educação ambiental.
- Contratação de assessoria técnica para elaboração e implantação de um programa de sensibilização dos pescadores. - Tendência para redução da malha da pesca da tainha
ao longo dos anos.
- Embarcações em estado precário; dificuldade para restauração das mesmas, só sendo possível através de empréstimo.
- Desenvolvimento de um projeto de financiamento para restauração das embarcações existentes e compra de outras, se necessário. - Que o projeto de financiamento contemple ainda, a aquisição de material de pesca, como redes, náilon, anzóis, entre outros.
- Contratação de assessoria para elaboração de uma proposta de financiamento; - Curso de capacitação em carpintaria, mecânica, pesca artesanal e instrumentos de navegação – público-alvo: jovens das comunidades da RDS.
- Falta de recursos para compra de material de pesca.
- Baixo preço do pescado in natura. - Identificar formas que possibilitem a agregação de valor aos pescados do estuário.
- Contratação de assessoria técnica para a elaboração de um plano de mercado para os pescados do estuário; - Contratação de assessoria técnica para a elaboração de um programa de comercialização de pescado que agregue os diversos tipos de pescados capturados no estuário; - Contratação de assessoria técnica para identificação de estratégias de beneficiamento dos pescados mariscos e peixes; - Contratação de assessoria técnica para elaboração de um projeto visando a estruturação física da cooperativa; - Capacitação dos cooperados nos diferentes setores de trabalho (administração, beneficiamento de pescado, embalagem e comercialização).
- Abundância de mariscos, mas baixo preço de venda. - Identificar formas de beneficiamento que possibilitem a agregação de valor aos mariscos.
- Não existe comércio externo para os pescados (peixes e mariscos).
- Viabilização de condições estruturais para o beneficiamento do pescado através da cooperativa; - Conquista de um mercado externo informal ou institucional.
- Produção de mariscos vendida apenas no mercado interno.
- Condições precárias de conservação, processamento e comercialização da produção.
- Desenvolvimento de um projeto que viabilize a aquisição de equipamentos necessários para o processamento inicial dos mariscos pós-captura, como frízeres, fogões a gás e utensílios de cozinha; - Agregar os mariscos à cooperativa para possibilitar uma melhor comercialização.
- Falta de alternativa de beneficiamento dos mariscos; venda somente in natura.
- Viabilizar condições mínimas de estocagem / congelamento dos mariscos, que atualmente são vendidos imediatamente após a retirada das conchas.
- Ainda não existe interação entre marisqueiras e - Viabilizar a inserção dos mariscos nos - Incluir as marisqueiras em
224
pescadores com pousadas e restaurantes locais para dar maior visibilidade aos pescados do estuário.
cardápios de bares, restaurantes e pousadas locais, através da maior interação entre os grupos da pesca e do turismo.
oficinas/seminários/feiras do GT de Turismo para possibilitar maior interação entre marisqueiras e donos de estabelecimentos de alimentação na RDSEPT.
- Destino final inadequado para os subprodutos da catação de mariscos – as conchas.
- Aproveitamento das conchas através da venda e/ou produção de artesanatos.
- Oficina de artesanato para capacitar pessoas da comunidade na preparação de artesanatos de conchas.
- Destino final inadequado para manuseio dos resíduos sólidos e efluentes (lixo).
- Reaproveitamento integral do resíduo no processo do beneficiamento e desenvolver programa de sensibilização e educação ambiental. - Instalar saneamento básico na área da Reserva, tendo como prioridade a área que afeta o manguezal.
- Contratação de assessoria técnica para identificação de estratégias de aproveitamento dos resíduos sólidos; - Requisitar aos representantes da Prefeitura de Macau que incorpore a área da Reserva ao plano de saneamento básico do município.
- Inexistência de dados precisos sobre o número de pescadores do estuário, embarcações, apetrechos, capacidade de transporte por embarcação e produção anula de cada tipo de pescado.
- Levantamento dessas informações junto aos atores sociais envolvidos.
- Contratação de assessoria técnica para elaborar metodologia de trabalho e acompanhar o levantamento; - Capacitação de pessoal para realização desse levantamento, preferivelmente, pessoas ligadas ao GT de Pesca;
225
Quadro 8 - Resumo da situação atual, necessidades e propostas de melhorias e de capacitação acerca da pesca na área marinha costeira (costa) e na área marinha oceânica adjacente à RDSEPT.
PESCA MARINHA COSTEIRA
Situação atual Necessidades Propostas de capacitação/assessoria
- Pesca predatória. - Desenvolver acordo de pesca para a RDSEPT a partir de um trabalho de sensibilização e educação ambiental com assessoria de um técnico a ser contratado.
- Necessidade urgente de uma assessoria técnica para o grupo da pesca.
- Declínio do pescador da costa.
- Malha apertada.
- Baixo valor no produto.
- Inexistência de dados sobre o número de pescadores da costa, tipo de jangada, grau de alfabetização, capacidade de transporte por barco e produção anual.
- Realizar levantamento acerca destes dados.
PESCA MARINHA OCEÂNICA
Situação atual Necessidades Propostas de capacitação/assessoria
- Precariedade no manuseio do pescado na embarcação durante os processos de captura e armazenamento em mar aberto.
- Sensibilização e capacitação para melhoria na qualidade do produto (público alvo: pescadores, beneficiadores e rancheiros).
- Contratação e/ou parcerias técnico/científica que possibilite a solução das necessidades e demandas levantadas pelo grupo da pesca e pescadores da RDSEPT.
- Inexistência de agregação de valor ao pescado de baixo valor: sardinha e peixe-voador.
- Desconhecimento do mercado externo. - Conquistar os mercados institucionais (CONAB, SEAP, Prefeituras) sem perder de vista o mercado formal (supermercado, mercadinho, hotel etc.).
- Insuficiência do produto no mercado interno.
- As organizações institucionais relacionadas à pesca (colônia e cooperativas) não possuem outra fonte de renda a não ser a contribuição dos associados.
- Fortalecimento das instituições através de projetos conjuntos em busca de financiamento para infra-estrutura e capacitação dos atores sociais.
- Contratação e/ou parcerias técnico/científica que possibilite a solução das necessidades e demandas levantadas pelo grupo da pesca e pescadores da RDSEPT. - Ausência de uma política de segurança e educação
alimentar.
- Incorporar pescados e produtos alimentares a base de peixe na merenda escolar e conscientizar a população sobre os benefícios da boa alimentação.
- Inexistência de um programa de relações humanas voltado aos pescadores de alto mar.
- Disponibilizar informações aos pescadores sobre segurança do trabalho, tecnologias alternativas p/ a pesca, alfabetização p/ adultos, educação ambiental, assistência médica específica (perda de visão, baixa estima, câncer de pele etc).
226
- Desrespeito às leis de pesca em vigor, excesso de esforço de pesca e uso de aparelhos de pesca predatórios (arrasto tresmalhos, redinha p/ caranguejo, redes pouco seletivas), ocasionando a sobre-exploração dos recursos pesqueiros (lagosta, tainha, siri e caranguejo).
- Desenvolver acordo de pesca, medidas locais de ordenamento e pesquisas para o maior conhecimento da realidade da pesca na RDSEPT e áreas adjacentes.
- Contratação e/ou parcerias técnico/científica que possibilite a solução das necessidades e demandas levantadas pelo grupo da pesca e pescadores da RDSEPT.
- Inexistência de medidas locais de ordenamento da pesca (tamanho de malha, período de defeso, proteção de áreas).
- Não há período de defeso para a pesca da sardinha e do voador.
- Coleta e comercialização da ova do peixe-voador.
- Depósito de resíduos sólidos, oriundos do processamento do pescado efetuado em terra, em locais inapropriados, como duna e rio.
- Reaproveitamento das vísceras dos peixes como forma agregar valou e/ou minimizar os impactos ao meio ambiente.
- Requisitar aos representantes da Prefeitura de Macau que incorpore a área da Reserva ao plano de Saneamento Básico do município.
- Inexistência de dados sobre o número de pescadores do alto mar existentes na reserva, tipo de barco, tipo de apetrecho, grau de alfabetização, capacidade de transporte por barco e produção anual.
- Realizar levantamento de número de pescadores existentes na reserva, tipo de rancho existente, capacidade de beneficiamento por rancho, produção anual.
- O Grupo da pesca deverá requisitar ao IBAMA e a Prefeitura de Macau as informações disponíveis sobre a pesca na RDSEPT e iniciar levantamento das informações complementares de acordo com a orientação de uma assessoria técnica.
- Existência do EJA, porém o cronograma é incompatível com a realidade dos horários dos pescadores.
- Sensibilizar os pescadores da importância do EJA e implementar um cronograma compatível com o horário de trabalho desses profissionais.
- O Grupo de pesca deverá fazer contato com a coordenação do EJA com o objetivo de buscar desenvolver um programa que atenda a realidade do pescador e realizar um trabalho de sensibilização de Educação básica.
- Dificuldade do acesso para o alto mar. Os pescadores sugerem a abertura de um outro canal de saída que aproveite melhor as condições locais de vento e distância.
- Acompanhar efetivamente o monitoramento que está sendo realizado pela UFRN na zona costeira da RDSEPT.
- O grupo da pesca deverá participar efetivamente do monitoramento que está sendo realizado na costa pela UFRN, junto ao grupo de Diretoria Técnica.
- Dificuldade para a compra de peças de madeira p/ construção de mastro, emenda e tranca das embarcações à vela.
- Desenvolver projetos com a colônia a ser encaminhado para a SEAP/RN na busca do incentivo
- Busca de assessoria técnica para auxiliar na elaboração de documentos.
227
Quadro 9 - Resumo da situação atual, necessidades e propostas de melhorias e de capacitação sugeridas pelo GT de Pesca acerca dos beneficiadores e rancheiros da RDSEPT.
BENEFICIADORES E RANCHEIROS
Situação atual Necessidades Propostas de capacitação/assessoria - Existência de ranchos distribuídos ao longo do estuário (Sertãozinho, Diogo Lopes e Barreiras).
- Melhoria da estrutura dos ranchos existentes e condições de higiene, trabalho e segurança.
- Contratação de assessoria que desenvolva projetos de melhoria dos ranchos existentes.
- Infra-estrutura inadequada dos ranchos, no tocante a condições de segurança, higiene e trabalho.
- Ausência de capacidade de estocagem dos pescados.
- Na produção da sardinha, existência de um meeiro entre o rancheiro e o beneficiador.
- Conquistar os mercados institucionais (p. ex. CONAB, SEAP, Prefeituras).
- Contratação de assessoria técnica para o GT da Pesca.
- Desconhecimento do mercado externo pela maior parte dos rancheiros.
- Ausência de uma política de segurança alimentar. - Garantir beneficiamento do pescado através de uma cooperativa. - Boa produção ao longo do ano, porém, com baixa
rentabilidade por falta de agregação de valor aos pescados.
- Falta de capacitação no manuseio e na gestão do produto. - Capacitação dos atores envolvidos em manuseio, gestão, higiene e qualidade dos produtos.
- Insuficiência do produto no mercado interno. - Garantir, através da cooperativa, que uma parte da produção seja destinada ao mercado interno.
- Inexistência de dados sobre o número de beneficiadores e rancheiros existentes na Reserva, características de cada rancho e capacidade de beneficiamento por rancho.
- Levantamento dessas informações junto aos atores sociais envolvidos.
- Contratação de assessoria técnica para elaborar metodologia de trabalho e acompanhar o levantamento; - Capacitação de pessoal para realização desse levantamento, preferivelmente, pessoas ligadas ao GT de Pesca;
- Destino final inadequado para manuseio dos resíduos sólidos e efluentes (lixo).
- Reaproveitamento integral do resíduo no processo do beneficiamento e desenvolver programa de sensibilização e educação ambiental. - Instalar saneamento básico na área da Reserva, tendo como prioridade a área que afeta o manguezal.
- Contratação de assessoria técnica para identificação de estratégias de aproveitamento dos resíduos sólidos; - Requisitar aos representantes da Prefeitura de Macau que incorpore a área da Reserva ao plano de saneamento básico do município.
- Desconhecimento da produção pesqueira de alto mar desembarcada na Reserva (sardinha, voador e demais pescados oceânicos).
- Que o IBAMA e Prefeitura monitorem detalhadamente essa produção (por mês) de cada pescado capturado.
- Requisitar ao IBAMA essa produção detalhada mensalmente por espécie capturada, apetrecho e embarcação.
228
Quadro 10 - Resumo da situação atual, necessidades e propostas de melhorias sugeridas pelo GT de Pesca acerca dos proprietários de embarcações da RDSEPT.
PROPRIETÁRIOS DE EMBARCAÇÕES
Situação atual Necessidades Propostas de capacitação/assessoria
- Dificuldade para compra de equipamentos de propulsão das embarcações (mastro, emenda, tranca, etc).
- Desenvolvimento de projeto com a Colônia de Pescadores a ser encaminhado para a SEAP/RN na busca do incentivo.
- Contratação de assessoria técnica para o GT da Pesca.
- Desconhecimento dos custos de produção.
- Ausência de um programa de incentivo do óleo diesel. - Inclusão da Reserva no programa de incentivo a óleo diesel através da SEAP/RN.
- Destino final inadequado para o manuseio de resíduos sólidos e efluentes.
- Reaproveitamento integral dos resíduos no processo do beneficiamento, descarte adequado durante pintura de embarcações. - Desenvolvimento de programa de educação ambiental na Reserva. - Intalação de saneamento básico na Reserva, prioritariamente na área próxima ao manguezal.
- Contratação de assessoria técnica para o GT da Pesca. - Requisitar aos representantes da Prefeitura de Macau que incorpore a área da Reserva ao plano de saneamento básico do município.
- Inexistência de dados acerca do número de embarcações e proprietários, capacidade de transporte de cada tipo de embarcação, grau de alfabetização dos atores e produção anual total e por embarcação.
- Realização de levantamento geral sobre o número de embarcações na Reserva, proprietários, capacidade de transporte de cada barco, produção média, etc.
- O GT de Pesca deverá iniciar este levantamento de acordo com orientação de assessoria técnica.
229
vii)Entidades e organizações ligadas à pesca
Na RDSEPT, diversas entidades e organizações estão direta ou
indiretamente ligadas à pesca. A principal entidade representativa dos pescadores é
a Colônia de Pescadores Z-41, a qual conta com aproximadamente 360 associados
(SILVA, 2015) e tem atuado principalmente na viabilização de documentos de
pescadores, requisição de aposentadorias, seguro desemprego, cadastramento e
pescadores, viabilização de empréstimos, entre outros. Através desta atuação, a
Colônia tem mantido intercâmbios com a Marinha do Brasil, Ministério do Trabalho,
IBAMA, SEAP e PRONAF. Trata-se de uma entidade importante do ponto de vista
estratégico, e, sobretudo, na prática. No entanto, a participação da Colônia nas
questões ligadas à implantação da Reserva tem deixado muito a desejar. Sua
participação nas diversas atividades de implantação da RDS tem sido incipiente. É
de fundamental importância que a Colônia de Pescadores Z-41 se fortaleça
enquanto associação de classe e se integre às iniciativas de implantação da
Reserve, sobretudo, no que diz respeito à gestão pesqueira.
Uma outra organização representativa da pesca é o Grupo de Trabalho (GT)
da Pesca, que se trata de uma organização informal ligada às atividades de
implantação da Reserva e com função principal de agregar pessoas e articular
ações visando a melhoria da cadeia produtiva da pesca na Reserva. O GT da Pesca
tem um papel fundamental em todo esse processo, por que ele pode e deve ser um
dos articuladores principais junto à órgãos e entidades, juntamente com a Colônia.
Também é preciso ficar bem claro, que o GT de Pesca não deve estar ligado a
questões político-partidárias, o que pode levar ao desinteresse de alguns e a
insatisfação de outros. É interessante que o GT de Pesca seja um grupo neutro,
agregador, articulador e voltado a um único propósito principal: melhorar e fortalecer
o arranjo da pesca na RDSEPT.
Em fase de legalização e fortalecimento, a Cooperativa denominada
COOPESCATE constitui-se em uma nova iniciativa de moradores das comunidades
visando melhorias na cadeia produtiva da pesca na RDSEPT. Subsidiada pelos
princípios do cooperativismo, a COOPESCATE tem tudo para ser ajudar o
fortalecimento dos trabalhadores da pesca na RDS, desde pescadores, proprietários
e rancheiros, até pessoas indiretamente dependentes da pesca. Atualmente, a
COOPESCATE tem utilizado as dependências da Comissão de Justiça e Paz de
230
Macau (CJP) e Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP). Estas entidades citadas
tem sido fortes aliados nas questões pesqueiras e ambientais da RDSEPT e tem
importante papel no fortalecimento da COOPESCATE e de ações voltadas para o
ordenamento pesqueiro na Reserva.
É importante lembrar que COOPESCATE não é a mesma coisa que GT de
Pesca, e que essas duas organizações tem objetivos e papéis diferentes, embora
devam ser fortes aliadas. Por fim, não podemos perder de vista, as
responsabilidades das Prefeituras de Macau e Guamaré através das secretarias
ligadas à pesca e meio ambiente, que devem ser aliados indispensáveis na
condução de políticas públicas e promoção de infra-estrutura para a pesca na
RDSEPT.
viii) Avaliação da base de conhecimento para o ordenamento da pesca na RDSEPT.
A pesca praticada pelos pescadores da RDSEPT apresenta características
exclusivamente artesanais e de pequena escala, podendo ser classificada de
acordo com a região de atuação nas seguintes zonas de pesca: estuarina,
marinha costeira e marinha oceânica.
A pesca realizada na zona estuarina apresenta características artesanais,
onde os pescadores utilizam diversos aparelhos de pesca para capturar uma
grande quantidade de recursos disponíveis no rio, camboas e manguezais da
reserva. Os recursos explorados garantem uma baixa fonte de renda para
homens e mulheres que através da pesca sustentam suas famílias. No
entanto, o maior benefício observado está diretamente relacionado com a
segurança alimentar da população local, que tem nesses recursos uma fonte
disponível e acessível de proteína animal. Os principais recursos explorados
são os peixes (cabocla, vermelho e tainha), os crustáceos (caranguejo e siri)
e os moluscos bivalves (búzio e sururu).
A pesca realizada na zona marinha costeira também resguarda
características artesanais. Os pescadores utilizam esta região
predominantemente durante o período chuvoso, entre os meses de abril e
agosto, quando aumenta a abundância de pescado próximo à costa. Os
principais pescados da costa são o xaréu, espada, camurim e o boca mole.
231
Alguns sistemas de pesca utilizados no estuário também são utilizados na
costa, como as redes tainheira e caiqueira. Outros são específicos desta zona
de pesca, como a rede de tresmalhos.
A pesca realizada na zona marinha oceânica ocorre fora dos limites da
Reserva, apresentando características artesanais e de pequena escala. Os
principais recursos capturados no alto mar são a sardinha e o peixe voador,
cuja produção chega a atingir aproximadamente 700 e 250 toneladas/ano,
respectivamente.
Um dos principais problemas da cadeia da pesca na RDSEPT é o baixo valor
dos pescados, fato atribuído à baixa qualidade do produto, baixa capacidade
de estocagem e falta de um mercado externo para escoar a grande produção
de algumas espécies.
Acredita-se que uma das principais alternativas para melhorar a situação
econômica da pesca é a agregação de valor aos principais recursos
explorados, capacitação dos atores envolvidos para obtenção de melhor
qualidade do pescado e implantação de uma estrutura de beneficiamento e
comercialização de pescado ligada à Cooperativa de Pesca que está sendo
legalizada na RDSEPT.
Um dos grandes desafios para consolidar a Cooperativa consiste em recrutar
pescadores, proprietários, rancheiros e moradores em geral para juntar-se a
esta iniciativa visando melhorar a rentabilidade da cadeia produtiva da pesca
local.
A falta de condições para comprar e melhorar embarcações e apetrechos de
pesca é um dos problemas estruturais enfrentados pelos pescadores,
refletindo na produção e qualidade do pescado, e, conseqüentemente na
renda familiar.
Alguns pescadores e moradores da RDSEPT levantaram a hipótese sobre
possíveis impactos prejudiciais aos recursos dessas regiões, causados pelos
seguintes sistemas de pesca: pesca com rede de tresmalhos na costa, pesca
de cerco de camboas e pesca com redes de malhas pequenas (tipo
caiqueira), utilizadas no rio Tubarão e camboas.
Um dos maiores desafios da gestão pesqueira na RDSEPT é aproveitar a
remessa descartada da pesca com rede de tresmalhos, descaracterizando-a
232
como pesca predatória e caracterizado-a como fonte alternativa de renda,
especialmente para mulheres das comunidades pesqueiras. Essa experiência
já é realidade para comunidades pesqueiras de outros estados, como a
comunidade de Sirinhaém (PE).
Mesmo havendo períodos de maior produtividade ao longo do ano (safras),
verifica-se que os principais recursos pesqueiros explorados pelos
pescadores da RDSEPT oferecem possibilidade de captura ao longo de todo
o ano, com uma produção estimada acima de 1.000 toneladas/ano.
A falta de um destino apropriado para as vísceras do pescado beneficiado em
terra representa uma relevante potencialidade de impacto ambiental na
reserva. Atualmente esse subproduto é descartado no mar aberto, próximo à
costa, ou despejado nas dunas adjacentes às comunidades.
As conchas de búzios são um subproduto da catação de mariscos que
atualmente é descartado ou utilizado na construção de moradias. Uma
alternativa para reaproveitamento desse subproduto sem o emprego de
nenhuma tecnologia é a confecção de artesanatos de conchas, que poderá se
constituir numa fonte de renda alternativa para algumas pessoas das
comunidades.
ix)Pesquisas necessárias para subsidiar o ordenamento da pesca naRDSEPT
Pesquisas de apoio à gestão da pesca
Sendo a pesquisa a base essencial para a tomada de decisões políticas e para o
ordenamento da pesca, sugere-se a adoção de estudos que incorporem o
conhecimento tradicional, e sejam voltados a soluções de hipóteses relacionadas ao
desenvolvimento sustentável da Reserva. Parcerias com as universidades, através
de seus departamentos, devem ser priorizadas, haja vista a disponibilidade de
conhecimento e pessoal qualificado. Segue abaixo sugestões de pesquisas
prioritárias que poderão auxiliar a gestão da pesca na RDSEPT.
233
Pesquisa no campo da biologia pesqueira
Estudo sobre reprodução, alimentação, idade e crescimento são importantes
para o conhecimento do ciclo vital das espécies exploradas pela pesca. Tais estudos
de biologia complementam as informações sobre a estrutura da população
capturada, obtida através do controle do pescado desembarcado. Este arcabouço de
conhecimentos possibilita o acompanhamento da situação dos estoques pesqueiros,
indicando os caminhos para se manejar adequadamente os recursos explorados.
Todas as espécies, exploradas direta ou indiretamente (fauna
acompanhante), merecem estudos desta natureza, entretanto as espécies que
apresentam grande participação do total capturado no Município de Macau ou
relevante importância ambiental devem ser priorizadas. Como forma de orientar
linhas de pesquisa destacam-se os seguintes recursos pesqueiros:
Sardinha - Opisthonema oglinum
Peixe voador - Hirundichthys affinis
Tainhas - Mugil curema, Mugil liza e Mugil sp.
Espada - Trichiurus lepturus
Coró branco - Pomadasys corvinaeformis
Vermelho – Lutjanus synagris
Cabocla – Lutjanus apodus
Xaréu – Caranx hippos
Caranguejo - Ucides cordatus
Siris - Callinectes danae e Callinectes sapidus
Búzio - Anomalocardia brasiliana
Pesquisa no campo da tecnologia de pesca e do pescado
Neste campo de pesquisa a participação dos profissionais da pesca é, mais
do que nunca, imprescindível nos estudos voltadas à criação de alternativas
tecnológicas viáveis economicamente e responsáveis do ponto de vista
socioambiental. A tecnologia é também uma manifestação da cultura, passada pelas
gerações como forma adaptativa às condições do meio. Desta forma, as inovações
234
só serão incorporadas se construídas coletivamente. A tecnologia pesqueira visa
criar e modificar os aparelhos de pesca para que se tornem mais eficientes e
seletivos, enquanto a tecnologia do pescado busca formas de melhorar a qualidade
do pescado, além de agregar valor por meio de inúmeras técnicas, desde a mais
simples, como a salga, até as mais complexas, como a elaboração de produtos à
base de pescado.
Iniciativas desenvolvidas por professores da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, através do programa Petrobras Fome Zero tem proporcionado
avanços neste sentido (Projeto Em Torno da Mesa). Como forma de
encaminhamentos, aconselha-se o desenvolvimento dos seguintes estudos:
Experimentos com redes de espera de fundo para a captura de xaréu e
camurim, como alternativa de aparelho de pesca para substituição da rede de
tresmalhos.
Estudo de seletividade de rede para definição de um comprimento de malha
que evite a captura de indivíduos jovens ou em tamanho inferior ao de
primeira maturação.
Estudo de viabilidade econômica para os diversos sistemas de pesca.
Estudos de tecnologia do pescado com o objetivo de diversificar e agregar
valor aos recursos considerados de segunda categoria, como a sardinha e o
peixe voador, entre outros.
Estudo que vise o aproveitamento dos resíduos (vísceras e conchas) oriundos
do beneficiamento do pescado feito em terra para elaboração de subprodutos.
Pesquisa no campo da socioeconomia e meio ambiente
Estudos de socioeconomia e meio ambiente têm como contribuir não só na
gestão da pesca, mas também de forma central na gestão da Reserva e,
dependendo do objetivo que se pretenda alcançar, podem ser realizados por
profissionais de diversas formações. Dos aspectos importantes para a gestão da
pesca indica-se a realização dos seguintes estudos:
Estudo socioeconômico dos pescadores e marisqueiras, objetivando o
conhecimento das condições de vida, escolaridade, atividades profissionais,
235
poder aquisitivo, condições de saúde, perspectivas atual e futura da pesca,
entre outros.
Estudo de mercado consumidor disponível e viabilidade econômica para o
pescado e demais produtos a base de pescado produzidos na Reserva.
Zoneamento e caracterização das unidades geoambientais existentes na
Reserva e como as atividades pesqueiras estão agindo nesse ambientes.
Importância econômica, cultural e ambiental do sistema manguezal para as
comunidades litorâneas da Reserva.
Estudo de valoração do manguezal para se ter noção dos benefícios
econômicos e ambientais que o manguezal proporciona à Reserva como um
todo.
Pesquisas etnobiológicas para avaliar as relações homem-ambiente.
2.9.5.3 Considerações finais
O manejo de recursos pesqueiros tem sido tentado em todo o mundo,
especialmente nos sistemas de pesca oceânica. Curiosamente, essas tentativas de
manejo geralmente não funcionam. Manejar recursos pesqueiros que envolvem
pescarias multiespecíficas e comunidades diretamente dependentes destes recursos
representa um desafio que requer sensibilidade, agilidade e, sobretudo, criatividade,
especialmente na tomada de decisões. É interessante que as ações de manejo
sejam tão variadas quanto flexíveis, o suficiente para se adequarem à realidade das
pessoas e dos recursos, e às mudanças constantes dos ambientes explorados.
Dessa forma, as propostas de ordenamento acima listadas são uma tentativa de
começar a se pensar em manejo da pesca na RDSEPT, para que no futuro, a pesca
continue sendo a base da subsistência das comunidades de Diogo Lopes, Barreiras
e Sertãozinho. Para que no futuro, a pesca da tainha volte a sustentar centenas de
famílias de pescadores, como já aconteceu um dia.
2.9.6 Sociedade e cultura na RDSEPT
Os costumes e hábitos culturais dos moradores da RDSEPT passaram por
modificações quando da criação e instituição da Reserva. Um aspecto bastante forte
236
foi a adaptação da vida familiar e comunitária desde que se mora numa Unidade de
Conservação. Como descrevem Souza e Melo (2012, p. 5):
A RDS Ponta do Tubarão configura-se uma importante conquista do Rio Grande do Norte na luta em prol do desenvolvimento sustentável. Tal conquista deveu-se a participação ativa das populações residentes, no planejamento e gestão da RDS. No entanto, se por um lado a população da comunidade conseguiu a preservação dos ecossistemas da Ponta do Tubarão, por outro tiveram que se adaptar as regras incorporadas a uma reserva de desenvolvimento sustentável. Desse modo, procurando fontes alternativas de renda para as comunidades, composta principalmente por agricultores, pescadores e funcionários públicos, a população está desenvolvendo junto a entidades credenciadas o ecoturismo de base comunitária.
Os processos de adaptação estão relacionados aos limites e proibições de
uma Unidade de Conservação. Assim, há limites para construção, para instalação de
negócios, para atividades econômicas. Todavia, esses limites devem ser
ponderados no sentido de que garantem por mais tempo as condições de vida na
região, seja para a pesca, a alimentação, o turismo, a qualidade de vida da
população local.
Então, nesse processo de desenvolvimento sustentável, ter-se-ão aspectos
socioculturais a serem incentivados e outros a serem desencorajados tanto por parte
do poder público, do Conselho Gestor quanto da própria população local.
a) Aspectos histórico-culturais
O documento do Programa de Uso Público (IDEMA, 2007) destaca que as
construções, patrimônio material das comunidades, mais por sua representatividade
social (e centralidade) do que por seus valores arquitetônicos, são aspectos
histórico-culturais importantes da RDS Ponta do Tubarão.
As igrejas de Barreiras e Diogo Lopes, e as capelas de Barreiras e de
Sertãozinho, bem como a igreja de Navegantes são citadas pela expressividade
arquitetônica local (Figura 57).
237
Figura 56 - Igreja N. Sra. dos Navegantes, Sertãozinho.
Foto: Élio Souza, 2015.
O documento do IDEMA (2007) destaca as construções observadas pelas
ruas principais da RDSEPT, as tipologias das moradias (Figuras 58 re 59). Mameri
(2011) destaca que as residências em Barreiras e Diogo Lopes são conjugadas e
em grande parte tem alpendre e terraço, são muito estreitas e próximas às calçadas.
Já as moradias de Sertãozinho são, em sua maioria, do tipo isoladas e com
pequenos recuos laterais e cercadas no fundo dos lotes, que servem para plantio de
subsistência e criação de animais de pequeno porte. Esta autora destaca também
que a localização de muitas residências estão situadas em áreas regulamentadas
pela legislação ambiental, consideradas áreas de preservação permanente (APPs),
em margens de canais, daí alerta para os cuidados a serem tomados no processo
de expansão da RDSEPT.
As igrejas e as festividades promovidas por essa instituição são centrais
nessas comunidades. A construção da igreja católica de Barreiras teve início em
1917, sendo concluída em 1918, se aproximando dos 90 anos de festejos, já que a
primeira celebração foi em 1917, para angariar fundos para a continuação da
construção. No início somente sua base era de alvenaria, sendo suas paredes de
taipa. A capela presente em Barreiras é também do padroeiro São Francisco a
238
exemplo de Diogo Lopes, cuja igreja foi construída na década de 1950 (SOUZA;
MELO, 2012).
Figura 57 - Casas de Sertãozinho.
Figura 58 - Casas de Barreiras.
239
Os portos principais de desembarque de pescado, em Diogo Lopes e
Barreiras também são atrativos culturais já que são resultado dos traços culturais, da
vida cotidiana dessas comunidades onde a pesca é marcante. As próprias
embarcações também o são. Essa paisagem cultural é rica e merece destaque, de
tal modo que a dinâmica urbana da RDSEPT siga construindo sua identidade
preservando a memória arquitetônica característica do lugar.
Outro aspecto cultural a se destacar é a culinária da RDSEPT, característica
de comunidades pesqueiras, as variações existentes em torno dos frutos do mar,
abundantes na região.
b) Culinária
As comunidades que formam a RDSEPT basicamente sobrevivem da pesca
artesanal realizada tanto no mar quanto na costa e no estuário, tendo como principal
destaque a pesca marítima da sardinha e do avoador (Figura 60). A atividade
pesqueira feita no estuário é principalmente de marisco e de tainha. No entanto,
poucos moradores também praticam agricultura de subsistência e criações de
animais (NOBRE, 2011).
Como a pesca da sardinha é a atividade econômica mais expressiva da
região, dificilmente a culinária local estaria dissociada desta atividade. Assim há uma
profusão de pratos associados à sardinha, sendo o mais tradicional a sardinha de
panela de pressão, que já foi tema de programa de audiência nacional (IDEMA
2007).
Existe ainda o caldo de mariscos e de búzios; escabeche (ou como é dito
popularmente “escambeche”); carneiro; buchada; mugunzá; siri no coco; farofa de
umbigo de tainha; galinha caipira; cocada; tapioca, beiju; pastel de peixe; suspiro;
rosca de goma; bolos de batata e de milho e bolo preto; grude; quarenta; xibel;
omelete de búzios; hambúrguer de sardinha; creme e linguiça de voador e de
sardinha; voador na pressão; ovas de peixe; caranguejada; sururu; farofa de coco e
arroz de coco (IDEMA, 2007).
240
Figura 59 - Secagem do peixe Avoador, Diogo Lopes, RDSEPT.
Foto: Ana Luíza Bezerra, 2016.
Essa expressão culinária se materializa para além do cotidiano das famílias
dos moradores da RDSEPT (Figuras61), dos bares e dos restaurantes. Ela é motivo
de evento gastronômico e turístico, como uma forma de atrair turistas e visitantes
para a região e de um conteúdo simbólico aliado a partilha e a união, bastante
comum nas comunidades pesqueiras. Conforme Nobre (2005) a culinária, o
conhecimento das ervas, o manuseio com os apetrechos da pesca e outras
expressões culturais, como o lazer, por exemplo, constituem o quadro social dos
saberes tradicionais de um povo.
Figura 60 - Mostra da culinária da RDSEPT.
Foto: Élio Souza, 2015.
241
Da tradição da culinária da Reserva derivou o Festival Gastronômico dos
Pescados da RDSE Ponta do Tubarão, que está na sua III edição e faz parte do
Calendário de Eventos da localidade.
c) Artesanato
O artesanato produzido na RDSEPT é composto basicamente de arte com
búzios, com linhas diversas (crochês, rendas, tricôs etc.) e madeira, misturando e
transformando em peças bem diversificadas. Como exemplo do que é produzido de
forma ainda pontual, podemos citar: búzios, redes, macramé, fibra de coqueiro,
pinturas, linhas, arte com material reciclado, renda de bilros, bonecos de pano,
labirinto, miniaturas de barcos (Figuras 62 e 63).
O artesanato tem recebido certo incentivo para o seu desenvolvimento na
RDSEPT. Em 2012, o Projeto Rede Cidadã no Barco Solidário1 promoveu o Curso
de Artesanato Com Rejeitos de Pesca à RDSEPT, com o objetivo de qualificar o
artesanato local; caracterizar o artesanato local; facilitar o negócio através do centro;
1 Fonte: https://sites.google.com/site/redecidadanobarcosolidario/projeto-rede-cidada-no-barco-
solidario/curso-de-artesanato-com-rejeitos-da-pesca.
Figura 61 - Mensageiros do vento, 2016.
Fonte: Élio Souza, 2016.
Figura 62 - Rendeira – Renda de Bilro, 2011.
Fonte:
http://pontadotubaraoemrede.blogspot.com.b
r/.
242
parcerias (Petrobras-Regatas, Visitas Institucionais). Recentemente, foram
realizados cursos de artesanato, como parte do Projeto Tecendo ideias de cidadania
com o manguezal, coordenado pelo GT de turismo da RDSEPT, voltado para o
grupo de marisqueiras. A intenção dessa ação foi fortalecer/profissionalizar a
produção artesanal local (Figura 64).
Figura 63 - Curso de artesanato, Projeto Tecendo ideias de cidadania com o manguezal.
Foto: Élio Souza, 2016.
d) Eventos e Festas Tradicionais
Os eventos e festas da RDS Ponta do Tubarão é uma constante da
RDSEPT. Nestes eventos destaque-se os festejos católicos, em que os padroeiros
são parte das festas, cortejos e procissões. Entretanto, ocorrem também outras
festividades na vida cultural local, como pode ser visto a seguir. Essas atividades
culturais e de lazer são fontes alternativas de renda para as comunidades,
compostas principalmente por agricultores, pescadores e funcionários públicos
(SOUZA; MELO, 2012).
Os eventos e festas, além dos aspectos sociais e religiosos têm também
uma importância política, pois foram nas realizações dos Encontros Ecológicos que
questões importantes da Reserva foram decididas, apoios e parcerias consolidadas.
O movimento em prol da Reserva teve inicialmente que vencer os incêndios dos
ranchos, a ameaça dos italianos, a voracidade da criação de camarão. Os Encontros
Ecológicos têm assim um papel fundamental para a organização e consolidação da
Reserva.
O Encontro Ecológico nasceu da busca por conhecimento e apoio de
pessoas que pudessem acelerar o processo de criação da APA e ao mesmo tempo
243
esclarecer para as pessoas que as promessas de melhores condições de vida eram
pura ilusão, que a riqueza do lugar estava no próprio lugar: a pesca artesanal. Neste
momento, expôs seu dilema e desejo, e foi decidido que iriam lutar pela criação de
uma Área de Proteção Ambiental (APA)2.
Foi no 2º Encontro Ecológico que as comunidades locais tomaram
conhecimento a respeito do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
e resolveram que o tipo de Unidade de Conservação mais adequado para a
realidade de Ponta do Tubarão seria a criação de uma RDS (Reserva de
Desenvolvimento Sustentável) e não uma APA, e decidiram lutar por uma RDS. A
minuta de decreto da criação da Reserva foi encaminhada ao Conselho Estadual do
Meio Ambiente - CONEMA para ser apreciado e votado dia 30 de abril de 2003.
Nesse momento, as comunidades estavam presentes com mais de 120 pessoas e
de forma inédita o CONEMA aprovou um decreto posto em pauta no mesmo dia e
por unanimidade (NOBRE, 2005).
Foi no 3º Encontro, realizado no dia 05 de junho de 2003, que a governadora
Wilma de Farias, assinou o Projeto de Lei da Criação da Reserva e encaminhou à
Assembleia Legislativa. E em 18 de julho o Projeto de Lei foi posto para aprovação
pela Assembleia Legislativa e aprovada por unanimidade, sendo então criada a
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão, a primeira do
Rio Grande do Norte e a terceira do Brasil. Nesta ocasião, estavam presente cerca
de 150 moradores da RDSEPT e representantes de 23 entidades de Macau/RN
(NOBRE, 2005). Esses Encontros já estão na 15ª edição, constituindo-se em espaço
relevante de participação e de organização social, política e de trocas de
conhecimento entre o científico e o popular das comunidades que compõem a
Reserva.
Segundo Souza e Melo (2012) nas comunidades de Diogo Lopes, Barreiras
e Sertãozinho, os tesouros culturais e folclóricos estão centralizados nos eventos de
Carnaval, São João e nas Festas da Padroeira onde convergem a maioria dos
folguedos populares. Como contam os antigos moradores das comunidades, os
festejos tradicionais eram muito mais característicos da comunidade, os quais
atualmente vêm passando por um processo de perda de identidade.
2https://sites.google.com/site/redecidadanobarcosolidario/historia-da-rds-estadual-ponta-do-tubarao.
244
Como depõe na entrevista, uma moradora muito antiga de Diogo Lopes, a Professora Marlete Araújo, de 69 anos, afirma que o carnaval era animado e saudável. Há cerca de cinquenta anos, surgiam os blocos carnavalescos, onde jovens de ambos os sexos se juntavam para organizar as fantasias e as músicas. Eles costumavam se apresentar em Barreiras e Diogo Lopes, durante o dia. À noite, dançavam o baile à luz de lamparinas no bar de Zé Ribeiro e nos atuais clubes de Diogo Lopes (SOUZA; MELO, 2012, p. 4).
De maneira geral, o calendário de eventos e festas da RDSEPT está assim
constituído (Quadro 11):
Quadro 11 - Calendários de eventos e festas da RDSEPT.
Mês Evento
Janeiro A procissão de São Sebastião na comunidade de Barreiras.
Fevereiro Carnaval.
Março A procissão de São José na comunidade de Lagoa Doce.
Abril Semana Santa
Maio
As comemorações relativas ao mês de maio, por exemplo são realizadas na primeira quinzena de maio em Barreiras e no último final de semana de maio em Diogo Lopes, e são chamadas de Rosa de Maio e Festa das Flores, respectivamente. Ocorre também o Festival Gastronômico da RDS Estadual Ponta do Tubarão/RN está na sua 3ª edição e reúne donos de restaurantes e lanchonetes, pescadores e marisqueiras, visitantes, moradores locais, parceiros dos projetos da Reserva em torno dos sabores e temperos tradicionais do lugar, onde sardinha tem o seu destaque merecido.
Junho
As comemorações juninas, repletas de apresentações de quadrilhas. Há ainda registro de reisado e pastoril em Chico Martins e Barreiras
Julho
O Encontro Ecológico é um evento realizado anualmente, reúne pessoas das comunidades da Reserva, da comunidade universitária, Ongs e órgãos públicos, de alguma forma ligados às temáticas ambientais, sociais e econômicas. Palestrantes são convidados de toda parte do Brasil para discutir temas de relevância para a Reserva, oficinas são realizadas em todas as comunidades num sistema rotativo e ao final dos quatro dias são elaboradas moções indicando as necessidades e diretrizes para o real desenvolvimento sustentável na Reserva. A sua realização no mês de julho está relacionada ao aniversário da criação da Reserva, 18 de julho de 2003, pela Lei nº 8.349.
Agosto
A comemoração de Nossa Senhora dos Navegantes, em Sertãozinho, vai de 6 a 15 de agosto, com festividades e celebrações diversas. Essas festividades reúnem as populações das comunidades próximas. Nelas é comum a prática de leilões, para os quais os participantes e/ou devotos oferecem pratos e esses são leiloados entre os presentes, com fins de arrecadação para as paróquias.
Setembro
A Regata de Veleiros de Diogo Lopes (FIGURA XXX). A regata é também um evento anual realizando no mês de setembro, e que reúne uma grande concentração de pessoas na RDSEPT e grande número de velejadores de toda a cercania, de outros municípios e estados. Este evento tradicional está no seu XXX ano. A Regata é uma iniciativa do grupo de jovens JUSC de Diogo Lopes, conta com o apoio da Petrobras, Prefeitura de Macau realizada pelo JUSC, Comissão de Justiça e Paz de Macau, Colônia de Pescadores e a COOPESCAT (SOUZA & MELO, 2012).
Outubro
A Festa do Padroeiro de Diogo Lopes, São Francisco de Assis. Este festejo dura nove dias. É uma festa de quermesse e de festejo brincante popular.
245
Além destes eventos, existem outros como a vaquejada, abrangendo as comunidades do interior da Reserva (Lagoa Doce, Mangue Seco I e II). Ela geralmente é realizada no meio do ano, sem data fixa, na comunidade de Mangue Seco I.
Novembro A Noite da Lamparina, realizada na Pousada do Élio, na comunidade de Diogo Lopes/Sertãozinho, premia a lamparina mais original. A Ação Ecológica e de Cidadania da RDS Ponta do Tubarão, reúne diversas instituições na sua realização e abrange as comunidades de Diogo Lopes, Sertãozinho, Barreiras, Mangue Seco I e II, Lagoa Doce (FIGURA XXX).
Dezembro Festas natalinas.
Fonte: IDEMA (2007).
e) Cultura em Geral
Souza e Melo (2012) afirmam que nas comunidades de Diogo Lopes,
Barreiras e Sertãozinho, os festejos culturais e o folclórico estão centralizados nos
eventos de Carnaval, São João e nas Festas da Padroeira onde convergem a
maioria dos folguedos populares. Segundo a pesquisa destes autores, os mais
antigos moradores das comunidades, contam que os festejos tradicionais eram
muito mais característicos da comunidade, os quais atualmente vêm passando por
um processo de perda de identidade.
Durante os meses de abril a junho como também nas proximidades do Natal, também se dançava o pastoril. Esse, denominado “Flor das ondas” surgiu em 1955 em Diogo Lopes, influenciado pelos pastoris de Macau, que naquela época era difundido na região. Essa dança era considerada uma atração festiva, de grande respeito e admiração do povo e as apresentações ocorriam próximo dos festejos da padroeira de Diogo Lopes e da Festa das Flores. Em Barreiras também tinha um pastoril concorrente. Ambos disputavam pra quem tinha a melhor performance, as pastoras mais atraente e belas vozes [...] hoje, os pastoris desapareceram de Diogo Lopes e Barreiras. Os centros comunitários tentam resgatar essa tradição bastante popular, uma vez que tal dança era amplamente apreciada inclusive por pessoas de outras regiões (SOUZA; MELO, 2012, p. 4).
Além das expressões culturais das comunidades, existem narrativas do
folclore, denominadas de “causos”. Os causos tratam de um acontecimento
fantástico, cheio de mistério. Um dos causos mais populares que amedrontavam o
povo da Ponta do Tubarão era o Homem da Barra (SOUZA; MELO, 2012).
246
92 44 12 7
95
169
42 24 9 4
1
80
3 3
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Diogo Lopes Barreiras Sertãozinho Mangue Seco I
Soledade Chico Martins
TOTAL
SIM NÃO NS/NR
f) Religião
No quesito da vida religiosa, os dados da pesquisa de campo indicam que
existe uma expressão religiosa significativa dos entrevistados e que a religião
católica é predominante seja nas comunidades (Gráficos 40 e 41).
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
Gráfico 41 - Religião dos entrevistados.
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
Diogo Lopes
BarreirasSertãozinh
oMangue
Seco ISoledade
Chico Martins
TOTAL
NS/NR 15 1 0 1 1 0 18
ESPÍRITA 5 0 0 0 0 0 5
EVANGÉLICA 30 15 3 3 3 2 56
CATÓLICO(A) 86 41 16 7 7 3 160
0
50
100
150
200
250
300
Gráfico 40 - Participação em atividade religiosa.
247
g) Participação da população nas atividades comunitárias: “o canto das
senhoras”
Promover o desenvolvimento sustentável é gestar, socialmente, uma nova
forma de desenvolvimento que compatibilize crescimento econômico e preservação
do meio ambiente, ao mesmo tempo em que diminua as distâncias e desigualdades
sociais, respeite a diversidade cultural e garanta condições e qualidade de vida para
as gerações futuras. E a participação social é uma chave para a sustentabilidade de
longo prazo. Todavia, a participação da população na elaboração, gestão,
fiscalização e monitoramento de projetos de sustentabilidades, muitas vezes são
vistas como entraves, seja pelos custos financeiros e de tempo que a gestão
democrática requer, seja porque os conflitos decorrentes da participação de atores
sociais diversos são considerados como ponto negativo, quando poderia ser vista
como um processo de interação indissociável da vida social3. Ademais, a gestão
ambiental, indicando a gestão de um patrimônio coletivo não existe sem a efetiva
participação da comunidade, salientando-se que esta participação no processo de
tomada de decisão não pode se limitar ao consultivo e ao legitimador de uma
decisão “construída de fora” da coletividade (LIMA, 2001).
Lima (2001, p. 15) ressalta que: “vencer a resistência tecnocrática, a
hierarquização dos discursos competentes e os interesses de grupos políticos e
econômicos parece não bastar. É preciso assegurar condições que materializem o
discurso da importância do envolvimento da sociedade em uma prática consistente”.
De modo a compreender que a construção de consensos não passa somente pela
eliminação de conflitos, passa também pela revelação das questões não
consensuais.
Na década de 1990, um pescador que não era natural da região, mas residia
ai, construiu um rancho na restinga e mudou-se para lá com a família. Em 1995, este
pescador começou a falar para os moradores da comunidade que a restinga tinha
dono e ele era o vigia (espécie de guardião da propriedade privada). Em 1996, foi
registrado um incêndio na costa, onde dois ranchos foram queimados: o de Dona
Lelé e o de Ribinha. No local do incêndio, havia marcas de pneus de carro. Algumas
pessoas de Diogo Lopes atribuem este sinistro à ação criminosa de “uns italianos”,
3 Lima (2001) discute o conflito social sob o ponto de vista da sociologia alemã de Georg Simmel
(1983), desconstruindo a visão puramente negativa e espúria dos conflitos sociais.
248
que haviam passado pela comunidade no dia anterior. O crime revoltou a população
que se rebelou, criando forte rejeição a esses “italianos”. Através de várias
manifestações de protesto, entre elas a manipulação de cartazes em passeatas,
onde se liam palavras de ordem de combate à ação do incêndio. Neste período,
alguns moradores pintaram muros da cidade com frases contra a presença desses
estrangeiros naquela comunidade, dificultando, ao máximo, o que essas pessoas
queriam fazer. Este fato foi noticiado pela mídia (GOULART, 2007, pp. 60-61)
Os avanços sociais ocorridos a partir das lutas das comunidades de Diogo
Lopes, Barreiras e Sertãozinho evidenciaram conquistas demonstrando o
surgimento de um caminho direcionado ao novo modelo de sobrevivência (MELO,
2013).
A trajetória de organização/mobilização social propiciou a criação da
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão pela Lei Nº
8.349 de 18 de julho de 2003, como resposta à intensa pressão das comunidades da
região para criação de uma unidade de conservação que tanto protegesse os
recursos naturais em Ponta do Tubarão, quanto assegurasse seu uso e o modo de
vida tradicional das comunidades moradoras da área em questão (IDEMA, 2007).
Segundo Nobre (2005) o movimento pela defesa do patrimônio ambiental
das comunidades da RDS Ponta do Tubarão e de seus modos de vida, começou
com a disseminação da notícia de que a empresa Participações e Administração
Ltda., solicitou em 05 de janeiro de 1995, à Delegacia do Patrimônio da União
(DPU), o aforamento de uma área de mais de 1300 hectares, localizada na restinga
da Ponta do Tubarão, em decorrência da compra daquelas terras por italianos.
Goulart (2007) chama-nos a atenção para o papel das mulheres na luta pela
criação da RDS Ponta do Tubarão, sobretudo das mulheres mais velhas, a quem a
autora denominou no seu trabalho de “O canto das senhoras”, ressaltando o papel
expressivo das mulheres no “rito social” pela criação da Reserva, compreendendo o
grande repertório de vida dessas mulheres, todo o engajamento político, comunitário
e de construção de afetos familiares. Na sua narrativa, Goulart se refere as senhoras
com mais de 60 anos e com representativa vida comunitária.
Segundo Goulart (2007, p. 63):Dona Lelé, uma senhora de 62 anos,
conhecida na região por sua liderança na comunidade e atuação solidária,
convenceu os indecisos e registrou um boletim de ocorrência, na Delegacia de
Polícia Civil, denunciando o ataque aos ranchos. A população buscou a Delegacia
249
do Patrimônio da União, a Capitania dos Portos, o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e a imprensa escrita, na
tentativa de ser ouvida para proteger sua sociedade e cultura.
A reação da população a essa notícia, se deu pela mobilização de entidades
comunitárias e de lideranças da paróquia local. Assim, esta trajetória histórica, que
vai de 1995 a 2003, quando é criada pelo governo do estado a Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão, e o que segue posterior a esse
contexto, decorrem uma série de eventos, encontros, seminários, viagens,
articulações em torno do objetivo da proteção socioambiental da região (NOBRE,
2005).
Dessa forma, através de um abaixo assinado organizado pelos moradores
contendo mais de quinhentas assinaturas, solicitou-se ao Instituto de
Desenvolvimento Ambiental no dia 10 de janeiro de 2000 a instituição do local como
uma unidade de conservação, que culminou em 18 de julho de 2003 na sanção da
Lei Estadual nº 8.349 que instituiu oficialmente a Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Estadual Ponta do Tubarão (FONSECA, 2015).
Os anos seguintes a 2003, foram para articulação e consolidação da
sustentabilidade econômica e social das comunidades, com recomendações ao
IDEMA e ao Conselho Gestor, entre outras medidas, do levantamento fundiário da
área da Reserva, preservação das áreas que integram o patrimônio público da
União, além de uma agenda ambiental em todas as escolas da RDS Ponta do
Tubarão (NOBRE, 2005).
Todavia, parece existir o consenso de que a criação da RDSE – Ponta do
Tubarão,contada por vários atores sociais que participaram direta e indiretamente do
rito de criação, é uma conquista de muitos atores sociais internos e externos à
Reserva.
No contexto atual, observa-se, a existência de instituições e projetos
comunitários (Quadro 12) na RDSEPT. Por outro lado, os resultados da pesquisa de
campo, revelaram um certo arrefecimento da participação da população nas
atividades comunitárias (Quadro 13; Gráfico 42). É como se tivesse ocorrido uma
força social nos anos iniciais da criação da RDS Ponta do Tubarão, e agora os
caminhos a serem trilhados pelos atores sociais locais impelem à novas estratégias
mobilizadoras das comunidades locais no sentido de garantir a preservação
ambiental da Reserva aliada à melhoria da qualidade de vida da população local.
250
Quadro 12 - Instituições comunitárias da RDSEPT.
Instituição Situação Atual
Associação Augusto Ribeiro (AAR) Contribui nos eventos da comunidade, não participa do atual Conselho Gestor.
Associação de Mulheres Luiza Gomes (AMLG) Participa do atual Conselho Gestor.
Associação de Desenvolvimento Comunitária de Barreiras (ADECOB)
Participa do atual Conselho Gestor.
Associação de Desenvolvimento Comunitária de Diogo Lopes (ADECODIL)
Não Participa do atual Conselho Gestor.
Associação Comunitária de Mangue Seco (ASCOMAS)
Não identificada.
Centro Social Pio XI Participa do atual Conselho Gestor.
Centro Amagoa de Cultura e Meio Ambiente Participa do atual Conselho Gestor.
Comissão de Justiça e Paz de Macau (CJP) Participa do atual Conselho Gestor.
Colônia de Pescadores Z-41 Contribui apenas na Regata de Veleiros e não participa do atual Conselho Gestor.
Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) Participa do atual Conselho Gestor.
Escola Estadual de Diogo Lopes (EEDL) Contribui nos eventos da comunidade, não participa do atual Conselho Gestor.
Escola Municipal Alferes Cassiano Martins (EMACM) Contribui nos eventos da comunidade, não participa do atual Conselho Gestor.
Escola Municipal José Ribeiro da Costa (EMJRC) Contribui nos eventos da comunidade, não participa do atual Conselho Gestor.
Escola Municipal Luzia Bonifácio de Souza (EMLBS) Contribui nos eventos da comunidade, não participa do atual Conselho Gestor.
Escola Municipal Maria Salete Martins (EMMSM) Contribui nos eventos da comunidade, não participa do atual Conselho Gestor.
Grupo Ecológico Ponta do Tubarão (GEPT) Não identificada.
Igreja Metodista Wesleyana Contribui nos eventos da comunidade, não participa do atual Conselho Gestor.
Associação Potiguar de Apoio aos Jovens do Meio Popular (ILEAÔ)
Participa do atual Conselho Gestor.
Jardim Escola Amiguinhos do Saber (JEAS) Contribui nos eventos da comunidade, não participa do atual Conselho Gestor.
Jovens Unidos a Serviço de Cristo (JUSC) Contribui nos eventos da comunidade, não participa do atual Conselho Gestor.
Paróquia de Macau Contribui nos eventos da comunidade, não participa do atual Conselho Gestor.
Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) Contribui nos eventos da comunidade, não participa do atual Conselho Gestor.
Programa de Criança Petrobras de Macau Situação desativada sem previsão de retorno.
251
Fonte: Tiago Ezequiel da Silva, 2016.
Quadro 13 - Participação em atividades comunitárias, segundo os entrevistados.
COMUNIDADE SIM NÃO NS/NR TOTAL
Diogo Lopes 11 82 43 136
Barreiras 5 63 - 68
Sertãozinho 5 16 - 21
Mangue Seco I 1 10 - 11
Soledade 1 10 - 11
Chico Martins - 5 - 5
TOTAL 23 186 43 252
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
Gráfico 42 - Participação em atividades comunitárias, segundo os entrevistados.
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
h) A atuação do poder local na RDSEPT
A percepção dos entrevistados sobre as obras públicas realizadas pela
Prefeitura nas comunidades onde moram denotam a ausência de investimentos
municipais para a melhoria da qualidade de vida da população local e uma
insatisfação que pesquisas já evidenciaram.
Melo (2013) entrevistou 100 moradores da comunidade de Diogo Lopes no
ano de 2013 e eles demonstraram-se indignados e insatisfeitos com a atuação dos
gestores públicos, considerados, pelos entrevistados, como principais responsáveis
pelos intensos problemas existentes, pois não tomam decisões adequadas para
atender as reivindicações da população e nem promover melhoria na comunidade
de Diogo Lopes.
9%
74%
17%
SIM
NÃO
NS/NR
252
Aliada a essa insatisfação, a pesquisa de campo, componente deste
documento, identificou que parcela significativa dos entrevistados não visualizavam
nenhuma obra do governo local na sua comunidade (Gráfico 43).
Gráfico 43 - Obras públicas realizadas pela prefeitura para melhoria da qualidade de vida local.
Fonte: Pesquisa de campo, 2016. *Os dados acima contabilizam frequência sobre respostas múltiplas. Portanto o resultado é maior do que o número de entrevistados.
Para Ladislau Dowbor (2001, p.8):
Colocar o desenvolvimento social e a qualidade de vida como objetivo, como finalidade mais ampla da sociedade, tem repercussões profundas, na medida em que o social deixa de ser apenas um setor de atividades, para se tornar uma dimensão de todas as nossas atividades, englobando inclusive a dimensão da sustentabilidade em geral.
Ao buscarmos referências acerca dos três setores principais para
investimentos na RDS Ponta do Tubarão, os entrevistados, por ordem de maior e
menor frequência, apontaram: saúde, educação e segurança (Gráfico 44). Três
áreas primordiais, considerando que a melhoria da qualidade de vida da população é
elemento essencial para o desenvolvimento sustentável da região.
432
8 15 15 16
191
0
50
100
150
200
250
253
Gráfico 44 - Três setores mais importantes para melhorar a qualidade de vida da população local.
Fonte: Pesquisa de campo, 2016. *Os dados acima contabilizam frequência sobre respostas múltiplas. Portanto o resultado é maior do que o número de entrevistados.
A integridade dos ecossistemas na RDSEPT e sua biodiversidade
dependem de diversos fatores sociais, econômicos e ambientais. De uma maneira
geral o uso e ocupação do espaço na RDS são desordenados e sem regras claras
estabelecidas e algumas vezes desrespeitando a legislação existente. Desta
maneira, o crescimento da população local e a continuidade dos usos devem passar
por um processo de ordenamento criterioso, principalmente para tentar aproximar-se
dos objetivos de desenvolvimento sustentável, próprios de uma RDS e objeto de sua
criação (IDEMA, 2007).
Os principais problemas ambientais apontados pelos entrevistados (Gráfico
45) e os principais responsáveis por esses problemas (Gráfico 46), se inter-
relacionam, quando o lixo e a falta de cuidado com o ambiente local e a população,
aparecem com a maior frequência, respectivamente.
Diogo Lopes
Barreiras
Sertãozinho
Mangue Seco I
Soledade
Chico Martins
TOTAL
SEGURANÇA 96 42 15 0 5 4 162
EDUCAÇÃO 91 52 15 1 7 3 169
SAÚDE 130 64 18 0 10 5 227
0
100
200
300
400
500
600
254
Gráfico 45 - Principais problemas ambientais da RDS Ponta do Tubarão, segundo os Entrevistados.
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
Gráfico 46 - Principais responsáveis pelos problemas ambientais da RDS Ponta do Tubarão, segundo os entrevistados.
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
j) Importância da RDSEPT
Na Tabela 20, observamos que os entrevistados estão praticamente
divididos quanto a contribuição da Reserva para a melhoria da vida da população
local, apresentando desafios para a sua gestão. Para os que responderam que a
Reserva contribui para a melhoria de vida local, os resultados indicam como fator
principal a conservação da natureza (Tabela 21).
112
81
169 4 8
25
0
20
40
60
80
100
120
255
Tabela 20 - Contribuição da criação da RDS Ponta do Tubarão para a melhoria da qualidade de vida da população local.
COMUNIDADE SIM NÃO NS/NR TOTAL
Diogo Lopes 49 68 19 136
Barreiras 33 31 4 68
Sertãozinho 12 8 1 21
Mangue Seco I 4 6 1 11
Soledade 1 7 3 11
Chico Martins 3 2 - 5
TOTAL 102 122 28 252
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
Tabela 21 - Motivos que contribuem para a vida da população local.
COMUNIDADE CONSERVAÇÃO
DA NATUREZA
OPORTUNIDADE
DE EMPREGO
ATIVIDADES
ECONÔMICAS
NS/NR TOTAL
Diogo Lopes 42 6 5 19 72
Barreiras 17 14 7 8 46
Sertãozinho 8 4 6 1 19
Mangue Seco I 5 2 2 - 9
Soledade 1 - - 4 5
Chico Martins 1 2 - 3 6
TOTAL 74 28 20 31 157
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
Para os que responderam que a Reserva não contribui para a vida da
população, a falta de emprego aparece com maior frequência, seguida do fato de
haver limites para construções dentro da área da RDS Ponta do Tubarão (Tabela
22). Neste aspecto, vale considerar que foi a população local os responsáveis pela
manutenção do espaço da RDS até ela se tornar uma Unidade de Conservação, de
tal modo que é de suma importância considerar a cultura local, nos seus hábitos,
costumes e modos de vida.
256
Tabela 22 - Motivos que não contribuem para a vida da população local.
COMUNIDADE/ MOTIVO
Diogo Lopes
Barreiras Sertãozinho Mangue Seco I
Soledade Chico Martins TOTAL
Falta emprego 21 20 2 4 2 - 49
Lixo nas ruas 2 3 - 1 - - 6
Desmatamento manguezal 4 2 - 1 - - 7
Falta educação e saúde 4 4 1 - - - 9
Falta segurança 5 1 - 1 1 1 9
Não se pode Construir
15 8 3 - 2 1 29
Beneficia a poucos 1 1 - - 1 - 3
Comunidade não colabora 2 1 - - - - 3
NS/NR 22 8 3 - 4 3 27
TOTAL 76 48 9 7 10 5 155
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
257
O meio ambiente compreende os aspectos naturais e os aspectos
socioculturais de um povo, formando um elo indissociável entre os processos
naturais e sociais. Assim, é imprescindível o conhecimento do quadro de vida e da
dinâmica cultural, de modo a que possamos compreender a dinâmica
socioambiental do lugar.
k) Relação da população entrevistada com o Conselho Gestor (CG)
Os resultados da pesquisa de campo indicam que os entrevistados
praticamente desconhecem a existência do CG. Dos 252 entrevistados, 111
afirmaram desconhecer a existência do Conselho Gestor (Gráfico 47), 4 (quatro)
casos não responderam ou não sabem. O que implica na necessidade do CG se
fazer mais conhecido na Reserva.
Gráfico 47 - Conhece ou já ouviu falar do Conselho Gestor?
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
Estudos anteriores já apontavam as dificuldades existentes na relação entre
conselho gestor e residentes. Segundo Bezerra (21010) a falta de comunicação, a
insuficiência da participação dos órgãos públicos e o não seguimento das
disposições presentes no regimento interno, provocando um enfraquecimento dos
interesses da população tradicional e afetando como um todo a dinâmica da reserva,
são pontos que remetem para a análise desses resultados.
7442
8 8 3 2
137
62
24 13 3 7 2
111
0
50
100
150
200
250
300
NÃO
258
No que diz respeito às normas, parte significativa dos entrevistados (200
pessoas) informou desconhecê-las (Gráfico 48). Tal fato, remetem-nos a importância
de projetos de Educação Ambiental voltado para o conhecimento das normas que
regem a vida numa Unidade de Conservação.
Gráfico 48 - Conhece as regras e normas da RDSEPT?
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
Os resultados da pesquisa nos reportam ao documento do IDEMA (2007, p.
100), segundo o qual a gestão participativa da RDSEPT demandará questões
complexas e desafiadoras, tais como:
I. Os conflitos de ocupação, que envolvem desde a discussão dos limites e da
forma de crescimento das comunidades, a regularização fundiária, a
recuperação atual do espaço público, até o ordenamento futuro das
comunidades.
II. Um segundo desafio é desenvolver as atividades tradicionais com melhor
distribuição dos benefícios e infraestrutura decorrentes das mesmas para
todos os moradores, e não apenas para alguns. Este desafio implica tanto em
desenvolver a pesca como atividade econômica e ambientalmente
sustentável, quanto implantar turismo de base comunitária, conforme decisão
local.
16 11 1 2 232
10457
18
8
9
4
20016
21 1
20
0
50
100
150
200
250
300
SIM NÃO NS/NR
259
III. O terceiro grande desafio, diretamente vinculado ao anterior, é estabelecer
acordos específicos locais para os diversos usos dos recursos naturais, o que
deve envolver amplo processo de negociação e corresponsabilidade de todos.
IV. Um quarto desafio é justamente conseguir que os moradores da reserva
compreendam que este processo leva tempo e que as novas regras somente
trarão benefícios se, além da compreensão e participação comunitária nas
decisões, houver efetiva adesão às mesmas. Apesar da criação da Reserva
ser vinculada à solicitação popular, uma vez criada, muitos moradores
passaram a demonstrar descontentamento, na medida em que sua
implantação implicou em mudanças de comportamento e numa forma “mais
coletiva” de ser. Verifica-se na RDS um processo de luta “pelos direitos” (de
morar, de pescar, de estar...), mas dificuldade em assumir os “deveres”
associados a estes próprios direitos (cuidar bem dos recursos naturais,
negociar e seguir as regras, participar, etc.).
l) Vínculo da população entrevistada com a RDSEPT
A identidade e o vínculo com a Reserva se expressam de diversas maneiras.
Seja pelo trabalho com a pesca, com os mariscos, o artesanato, o comércio, etc,
seja com as relações de convivência, no apego à terra. Dos 252 entrevistados na
pesquisa de campo, 221 avaliou como ótima ou boa a moradia na Reserva (Tabela
23).
Tabela 23 - Como avalia a moradia na RDS Ponta do Tubarão?
COMUNIDADE ÓTIMA BOA REGULAR RUIM
/PÉSSIMA
TOTAL
Diogo Lopes 48 69 18 - 135
Barreiras 26 37 4 1 68
Sertãozinho 3 15 3 - 21
Mangue Seco I 5 5 1 - 11
Soledade 3 5 2 1 12
Chico Martins 3 2 - - 5
TOTAL 88 133 28 2 252
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
260
Aliados ao vínculo à lugar, representado na luta pela permanência na
Reserva, existem os cuidados. Se o discurso dos entrevistados se traduzir
concretamente no que foi respondido, o ambiente da RDSEPT, será mais aprazível
para se viver e se visitar (Tabela 24).
Tabela 24 - Cuidados com o ambiente da RDSEPT*.
COMUNIDADE
NÃO JOGA
LIXO NAS
RUAS
CUIDA DA
CALÇADA E
FRENTE DA CASA
ORIENTA
FAMÍLIA
PARA NÃO
JOGAR LIXO
NAS RUAS
NÃO
DESPERDIÇA
ÁGUA
TOTAL
Diogo Lopes 106 85 53 91 335
Barreiras 45 44 23 42 154
Sertãozinho 18 13 10 15 56
Mangue Seco I 11 5 3 7 26
Soledade 8 - - - 8
Chico Martins 3 3 1 4 11
TOTAL 191 150 90 159 590
Fonte: Pesquisa de campo, 2016. *Os dados acima contabilizam frequência sobre respostas múltiplas. Portanto o resultado é maior do que o número de entrevistados.
m) O Conselho Gestor da RDSEPT
Com a criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC
(Lei Federal Nº 9.985 de 2000), a gestão das Unidades de Conservação passou a
contar com instâncias participativas, além de reconhecer a necessidade de um
sistema público de conservação descentralizado onde união, estados, municípios e
os diversos setores da sociedade participem ativamente de maneira integrada
(IDEMA, 2007).
Os Conselhos Gestores surgem assim como instância oficial na gestão das
Unidades de Conservação, e são regulamentados pelo Decreto 4.340 de 2002 que
regulamenta o SNUC Lei 9.985 de 2000. De uma maneira geral, os Conselhos
Gestores têm oito competências:
261
I. Elaborar seu regimento interno;
II. Acompanhar a elaboração, implementação e revisão do Plano de
Manejo da Unidade de Conservação (UC), garantindo seu caráter
participativo, quando for adequado;
III. Buscar a integração da UC com as demais UCs e seu entorno;
IV. Procurar compatibilizar os diversos interesses dos diversos atores
sociais relacionados às UCs;
V. Avaliar o orçamento da Unidade de Conservação e o Relatório
Financeiro Anual da Unidade Executora em relação aos objetivos da
UC;
VI. Ratificar a contratação e os dispositivos do termo de parceria com
OSCIP, se houver gestão compartilhada da UC, e acompanhá-la.
VII. Manifestar-se sobre obra ou atividade potencialmente causadora de
impacto na UC, sua zona de amortecimento, mosaicos ou corredores
ecológicos;
VIII. Propor diretrizes e ações para compatibilizar e otimizar a relação com a
população de entorno ou do interior da UC.
Ainda de acordo com o Decreto de 2002, a composição dos Conselhos
Gestores deverá ser sempre que possível paritária entre a representação dos órgãos
públicos e da sociedade civil. A representação dos órgãos públicos deve contemplar
os órgãos ambientais nas três esferas, além de órgãos afins como educação,
turismo, cultura, arquitetura, etc. Já a representação da sociedade civil deve
contemplar a comunidade científica, as organizações não governamentais
ambientalistas de comprovada atuação na UC, populações, residentes e do entorno,
proprietários rurais de imóveis na UC, etc.
A RDSEPT conta com um Conselho Gestor instituído através da própria Lei
de criação da Unidade (Lei Nº 8.349 de 18 de julho de 2003). É constituído por 19
entidades (Quadro 14), sete representantes do Poder Público (IDEMA; SPU; IBAMA;
Poder Executivo dos Municípios de Guamaré e Macau; Poder Legislativo dos
Municípios de Guamaré e Macau), um representante do setor produtivo (Petrobras),
um representante de instituição de ensino superior (UERN/IFRN) e nove
representações da sociedade civil.
262
A entidade de ensino e pesquisa, a representação do setor produtivo e as
dez entidades da sociedade civil são eleitas por voto direto em pleito que envolve
período de candidatura, votação, eleição e posse, para mandato de dois anos.
O Conselho Gestor da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual
Ponta do Tubarão – CGRDSEPT possui seu próprio Regimento Interno (RIO
GRANDE DO NORTE, 2004) que trata da composição, da competência e do
funcionamento interno deste colegiado.
A renovação dos conselheiros após gestão de dois anos é feita por
indicação, para os órgãos governamentais, e por eleição, para as não
governamentais. Neste último caso, a renovação é feita por etapas, isto é, 50% das
cadeiras por ano são mantidas, para se evitar problemas de descontinuidade.
O Conselho Gestor deve manter regularidade nas suas atividades e ser a
instância de decisão soberana da Reserva. Para alcançar estas qualidades deve
realizar um esforço prioritário na formação dos conselheiros para assumirem seus
papéis no funcionamento do organograma e na divulgação das deliberações
realizadas.
O Conselho Gestor da RDSEPT, é composto também por Grupos de
Trabalhos (GT), na perspectiva de uma gestão compartilhada pode ser melhor
exercida. Estes GTs atuam de maneira independente e se reúnem quando têm
demandas.
Grupo da Pesca
Grupo de Turismo
Grupo de Uso e Ocupação do Solo
Espera-se dos GTs que os conflitos de setores específicos sejam melhor
discutidos. Eles têm um papel político de fórum de discussão e formulação das
diretrizes e acordos específicos de um setor para serem levadas ao Conselho
Gestor. É nos GTs que a corresponsabilidade da população local moradora da
reserva pode ser mais livremente exercida, uma vez que todos os moradores podem
participar e votar, diferente do Conselho Gestor onde apenas os conselheiros votam.
Cabendo ainda aos GTs conhecer experiências de outras comunidades e discutir
sua adequação à Reserva.
263
A missão conferida aos GT impõe que devam atuar de maneira ativa e que
mantenha uma rotina de atividades para envolver os moradores da reserva que têm
interesse direto no setor que o GT atua. A coordenação de cada GT tem o dever de
facilitar as discussões e reuniões, solicitar apoio técnico quando necessário e
encaminhar as decisões para o Conselho Gestor. No Conselho Gestor as decisões,
diretrizes e acordos aprovados no GT devem ser discutidos com os representantes
de todos os setores da Reserva e, se aceitos, devem ser aprovados oficialmente e
divulgados na reserva.
Considera-se que os Grupos de Trabalho seja um braço do Conselho
Gestor, com atuação vinculada a este, devendo suas decisões ser colocadas em
pauta, nas reuniões ordinárias, para serem apreciadas. Os GTs são instâncias
criadas por ato normativo, sendo especificados a composição, sua competência e
seu cronograma de funcionamento.
De acordo com o SNUC, o Conselho Gestor é a instância máxima de
deliberação para uma RDS e as decisões tomadas devem ser oficialmente
deliberadas e divulgadas pelo Conselho. Assim todo o processo de zoneamento e
gestão pode ser instituído através de deliberações específicas do Conselho Gestor.
No entanto, no caso específico da RDSEPT, conforme sua Lei de Criação, o
Zoneamento deverá ser aprovado pelo CONEMA e Assembleia Legislativa,
tornando-se uma Lei específica.
Quadro 14 - Composição atual do Conselho Gestor da RDSEPT.
Nº Instituição
1 Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (IDEMA)
2 Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
3 Superintendência do Patrimônio da União do Rio Grande do Norte (SPU/RN)
4 Prefeitura Municipal de Macau
5 Prefeitura Municipal de Guamaré
6 Câmara Municipal de Macau
7 Câmara Municipal de Guamaré
8 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN)/
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)
9 Petróleo Brasileiro S/A (PETROBRAS)
10 Comissão de Justiça e Paz (CJP)
11 Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP)
264
12 Associação de Mulheres Luiza Gomes (AMLG)
13 Associação Potiguar de Apoio à juventude do Meio Popular (ILEAÔ)
14 Associação Cultura e Meio Ambiente (AMA-GOA)
15 Associação de Desenvolvimento Comunitário de Barreiras (ADECOB)
16 Associação Guamareense de Proteção e Educação Ambiental – ASPAM
17 Igreja Assembleia de Deus
18 COOPESCAT – Cooperativa de Pesca Artesanal e Beneficiamento de Pescado Ponta do
Tubarão
Fonte: Conselho Gestor da RDSEPT, 2016.
O Conselho Gestor não possui um fundo de investimento. Os recursos
existentes são de medidas compensatórias advindos de empreendimentos
instalados na área da RDSEPT, que são repassados a instituições do conselho
gestor e aplicados em projetos deliberados por este colegiado.
n) Perfil do Conselho Gestor (CG) da RDSEPT
A construção do perfil dos membros da atual composição do CG foi
realizada por meio de uma pesquisa online na plataforma do SurveyMonkey4, no
limite de 10 perguntas/questionário, com perguntas fechadas e semiabertas.
Buscou-se entrevistar todos os conselheiros independente de titular ou suplente, de
modo, que enviamos o questionário para 32 membros, no período de 19/04/2016 a
15/05/2016, e 21 responderam à pesquisa.
O Conselho Gestor da Reserva é composto atualmente por conselheiros
com um perfil majoritariamente masculino (Gráfico 49). Todavia, a sua presidência
está sob a incumbência De uma representante do IDEMA.
4 Ver link: https://pt.surveymonkey.com/.
265
Gráfico 49 - Sexo dos conselheiros.
Fonte: Pesquisa online, 2016.
Quanto a idade, os resultados apontam que a composição dos membros do
CG encontra-se mais acentuada entre 30 e 59 anos de idade (Gráfico50).
Gráfico 50 - Faixa etária dos conselheiros.
Fonte: Pesquisa online, 2016.
No quesito escolaridade, observa-se o predomínio de um perfil com
formação escolar elevada: 61,9% dos conselheiros entrevistados cursaram pós-
graduação (Gráfico 51).
8
13
38,10% 61,90%
0
2
4
6
8
10
12
14
Feminino Masculino
Nº %
4
7
4
6
0
19,05%
33,33%
19,05%
28,57%
00
1
2
3
4
5
6
7
8
21 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 ou mais
%
Nº
266
Gráfico 51 - Escolaridade dos conselheiros.
Fonte: Pesquisa online, 2016.
A renda mensal individual dos entrevistados, membros do Conselho Gestor,
encontra-se no intervalo entre 2 e 3 salários mínimos e acima de 10 salários
mínimos (Gráfico 52).
Gráfico 52 - Renda mensal individual dos conselheiros.
Fonte: Pesquisa online, 2016.
A composição do Conselho Gestor da RDS Ponta do Tubarão envolve
diversos aspectos institucionais, políticos, acadêmicos e socioambientais, de acordo
com os resultados da pesquisa (Quadro 15). A participação inicial com a criação da
Reserva se amplia com a participação nos espaços de decisão, como é o caso do
Conselho.
2
3
3
13
9,52%
14,29%
14,29%
61,90%
Ensino médio completo
Ensino superior incompleto
Ensino superior completo
Pós-graduação
% Nº
14
6
3
1
6
4,76%
19,05%
28,57%
14,29%
4,76%
28,57%
0 1 2 3 4 5 6 7
0 a 1 salário mínimo
< 1 a 2 salários mínimos
< 2 a 3 salários mínimos
< 3 a 5 salários mínimos
< 8 a 10 salários mínimos
Acima de 10 salários mínimos
% Nº
267
Quadro 15 - Motivação para fazer parte do Conselho Gestor da RDSEPT.
Fazer parte de uma instituição que compõe o Conselho e ter atribuições e demandas na área ambiental;
Contribuir para o desenvolvimento das atividades da RDS;
A possibilidade de contribuir de forma mais efetiva para a educação e preservação ambiental e o desenvolvimento de atividades sustentáveis, juntamente com o aumento do conhecimento sobre a RDSEPT por parte das comunidades que dela fazem parte;
O Conselho Gestor é um espaço de discussão e deliberação de ideias;
Participação efetiva e contínua em todo processo de discussão e criação da Reserva e a responsabilidade de dar continuidade ao trabalho;
Aprender como funciona e contribuir com a permanência;
Para conhecer melhor as atribuições do Conselho Gestor;
Integrar conhecimento e fomentar a gestão participativa;
Contribuir com as comunidades de forma participativa;
Representar minha comunidade e defender a RDSEPT;
Contribuir por meio do conhecimento técnico na área ambiental;
Afinidade com a RDSEPT e a indicação da instituição da qual faço parte;
Contribuir como acadêmico fazendo a ponte com as comunidades e contribuindo com a preservação dos recursos naturais da RDS.
Fonte: Pesquisa Online, 2016.
Junto aos fatores acima mencionados, têm-se as expectativas individuais
dos membros do CG (Tabela 25):
Tabela 25 - Expectativas da atuação do Conselho Gestor da RDS Ponta do Tubarão.
Expectativas Nº %
Garantir uma melhor gestão ambiental da RDSEPT com maior participação e
auxílio dos moradores
18 85,71%
Desenvolvimento de ações contínuas de educação ambiental - -
Promover amplos debates quando se tratar da apreciação de projetos que
envolvam conflitos socioambientais
1 4,76%
Fiscalizar e monitorar os projetos - -
Outros 2 9,52%
Total 21 100,00%
Fonte: Pesquisa online, 2016.
Os Conselhos Gestores são instância oficial na gestão das Unidades de
Conservação, e são regulamentados pelo Decreto 4.340 de 2002, que regulamenta
o SNUC Lei 9.985 de 2000. De uma maneira geral, os Conselhos Gestores têm oito
competências (IDEMA, 2007):
I. Elaborar seu regimento interno;
268
II. Acompanhar a elaboração, implementação e revisão do Plano de Manejo da
Unidade de Conservação (UC), garantindo seu caráter participativo, quando
for adequado;
III. Buscar a integração da UC com as demais UCs e seu entorno;
IV. Procurar compatibilizar os diversos interesses dos diversos atores sociais
relacionados às UCs;
V. Avaliar o orçamento da Unidade de Conservação e o Relatório Financeiro
Anual da Unidade Executora em relação aos objetivos da UC;
VI. Ratificar a contratação e os dispositivos do termo de parceria com OSCIP, se
houver gestão compartilhada da UC, e acompanhá-la.
VII. Manifestar-se sobre obra ou atividade potencialmente causadora de impacto
na UC, sua zona de amortecimento, mosaicos ou corredores ecológicos;
VIII. Propor diretrizes e ações para compatibilizar e otimizar a relação com a
população de entorno ou do interior da UC.
As competências acima regulamentadas pela Lei 9.985 de 2000, remetem-
nos ao papel atribuído ao CG a partir do ponto de vista dos conselheiros
entrevistados, conforme síntese abaixo:
Legitimar e formular todas as decisões sobre Uso/Gestão;
Gerir a unidade de conservação junto ao IDEMA;
Fortalecer e garantir o desenvolvimento da Reserva com sustentabilidade e
preservação ambiental;
De instância deliberativa, o CG da RDSEPT é responsável pelo planejamento
estratégico e gestão do desenvolvimento sustentável da Unidade. É dever do
conselheiro, atuar, manifestar seu pensamento, criticar, apresentar
sugestões, usar seus direitos de conselheiro para pedir vista dos processos,
pedir informações, reivindicar participação em comissões técnicas, fazer
relatórios;
Garantir o desenvolvimento sustentável da RDS Ponta do Tubarão;
O conselho debate situações que podem gerar impactos positivos ou
negativos para a RDSEPT, elabora e delibera projetos e atividades para a
269
melhoria da qualidade de vida da comunidade através do uso sustentável dos
recursos naturais disponíveis;
Apreciar e aprovar, ou não, as demandas apresentadas ao CG;
Garantir a defesa da Reserva de interesses contrários à sua natureza;
O órgão norteador de todas as tomadas de decisões e manejo dentre da
RDS;
Contribuir na gestão da RDS por sua condição de ser deliberativo e
consultivo;
Fomentar o desenvolvimento sustentável, se posicionar diante das situações
e necessidades da Reserva e envolver os moradores nas discussões da
mesma;
A gestão participativa da RDS com vistas à promoção do seu
desenvolvimento com sustentabilidade;
Repassar para os moradores da Reserva a importância desta;
O Conselho é um parlamento de discussões e deliberações sobre a vida
coletiva da RDS;
Acredito que o de articular e desenvolver ações e projetos contínuos na RDS;
Defender ações que desenvolva e ao mesmo tempo preserve o ambiente e a
cultura local;
Direcionar a população para correta decisão no que se faz sentido a gestão
socioambiental da reserva, levando a discutir com entendimento técnico e
cientifico;
Deliberar, discutir e promover a espacialização das questões socioambientais
relativas à RDS;
Fórum de discussão das principais questões da RDS onde todos os
representantes tem contribuições importantes para a RDS, por isso a
importância da representatividade dela.
o) Recomendações Finais
I. Considerar a participação das populações locais no processo criador da RDS,
uma vez que foram elas os verdadeiros responsáveis pela manutenção do
270
espaço merecedor de proteção especial. Devendo-se levar em conta os
problemas e os direitos dessas populações.
II. Ter como princípio que a participação é realizável e possível, embora nem
sempre seja satisfatória.
III. Valorização das formas de organização social e comunitária da RDSEPT.
IV. Adaptação é uma palavra-chave para os moradores à realidade de viver
numa Reserva de Desenvolvimento Sustentável. Se antes, as normas não
eram visíveis, com a criação da RDSEPT, as normas para construção,
instalação de empreendimentos, desenvolvimento das atividades econômicas
implicam no conhecimento e obediência às normas que regem uma Unidade
de Conservação.
V. A adaptação deve expressar a realidade e corresponder as necessidades
locais, de modo a obter o apoio e a tutela das populações locais.
VI. Fomentar os eventos e festejos locais, por compreender que essas atividades
fortalecem os vínculos de pertencimento ao lugar e à identidade cultural da
população que vive na reserva, além de possibilitar o respeito dos visitantes
diante da força da expressão cultural local.
VII. Outro aspecto, este relacionado à gestão da Reserva, considerar a
participação dos moradores nas decisões que envolvam tanto os
investimentos advindos dos empreendedores internos quanto dos
empreendedores externos.
VIII. Fomentar as atividades culturais locais, por meio de um cadastro das
expressões culturais nas mais diversas linguagens – música, artes plásticas,
literatura, dança, artesanato, canto, audiovisual, entre outros.
IX. Resguardar as expressões arquitetônicas locais como traço da cultura local.
271
X. Divulgação massiva do que é uma RDS, as normas que regem a Reserva.
XI. Divulgação massiva das ações e deliberações do Conselho Gestor, além de
reuniões em locais diferenciados do Ecoposto.
XII. Promoção de processos contínuos de capacitação dos membros do Conselho
Gestor.
XIII. A prática da EA nas UCs desenvolve importante papel no auxílio da
construção da cidadania e melhor qualidade de vida por permitir relacionar
ações cotidianas com a sustentabilidade. O conceito de EA pressupõe uma
visão mais ampla e intrínseca sobre a relação sociedade e ambiente. Assim, a
EA permeia as mais diversas áreas do conhecimento e setores da sociedade
(MELO, 2013).
3 IMPACTOS, LEGISLAÇÃO E PLANEJAMENTO AMBIENTAL INTEGRADO 3.1 Impactos ambientais
Conforme indicado no Artigo 1º da Resolução CONAMA-001, impacto
ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o
bem-estar da população; as atividades econômicas; a biota; as condições estéticas
e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais.
De acordo com a Deliberação CECA (RJ) nº1078/87 apud TOMMASI, 1994,
existem 13 tipos de impactos: 1. Impacto positivo ou benéfico – quando a ação
resulta na melhoria da qualidade de um fator ou parâmetro ambiental (ex.:
deslocamento de uma população residente em palafitas para uma nova área
272
adequadamente localizada e urbanizada); 2. Impacto negativo ou adverso – quando
a ação resulta em um dano à qualidade de um fator ou parâmetro ambiental (ex.:
lançamento de esgotos não tratados em um lago); 3. Impacto direto – resultante de
uma simples relação de causa e efeito (ex.: perda de diversidade biológica pela
derrubada de uma floresta); 4. Impacto indireto – resultante de uma reação
secundária em relação à ação, ou quando é parte de uma cadeia de reações (ex.:
formação de chuvas ácidas); 5. Impacto local – quando a ação afeta apenas o
próprio sítio e suas imediações (ex.: mineração); 6. Impacto regional – quando o
impacto se faz sentir além das imediações do sítio onde se dá a ação (ex.: abertura
de uma rodovia); 7. Impacto estratégico – quando o componente ambiental afetado
tem relevante interesse coletivo ou nacional (ex.: implantação de projetos de
irrigação em áreas como o Nordeste brasileiro, flageladas pela seca); 8. Impacto
imediato – quando o efeito surge no instante em que se dá a ação (ex.: mortandade
de peixes devido ao lançamento de produtos tóxicos); 9. Impacto a médio ou longo
prazo – quando o impacto se manifesta certo tempo após a ação (ex.:
bioacumulação de contaminantes); 10. Impacto temporário – quando seus efeitos
têm duração determinada (ex.: vazamento de óleo no mar); 11. Impacto permanente
– quando uma vez executada a ação, os efeitos não cessam de se manifestar num
horizonte temporal conhecido (ex.: derrubada de um manguezal); 12. Impacto cíclico
– quando o efeito se manifesta em intervalos de tempo determinados (ex.: anoxia
devido à estratificação da coluna da água no verão e reaeração devido à mistura
vertical no inverno, num corpo hídrico costeiro que recebe esgotos municipais); 13.
Impacto reversível – quando o fator ou parâmetro afetado, cessada a ação, retorna
às suas condições originais (ex.: poluição do ar pela queima de pneus).
Segundo Santos (2004), os impactos podem ser caracterizados de acordo
com um conjunto de outros critérios que estipulam uma ordem de grandeza ao seu
valor, tais como o estado evolutivo, a fonte, o sentido, a distribuição, a origem, a
extensão, o desencadeamento, a temporalidade, a duração, a reversibilidade, a
frequência, a acumulação e a sinergia. De acordo com a autora, a reflexão sobre
este conjunto de critérios permite definir as propriedades maiores do impacto, ou
seja, sua magnitude e importância: a) magnitude: representa a grandeza de um
impacto ou a medida da mudança de um valor de um ou mais parâmetros
ambientais. Ex.: quantidade de óleo diesel lançado em um curso d´água; b)
importância: refere-se ao grau de significância de um impacto em relação ao fator
273
ambiental afetado. Ex.: contaminação de um curso d´água que abastece uma
cidade. Sobre essa proposta de classificação, a autora efetua duas ressalvas: a)
primeira: os critérios são oriundos de trabalhos voltados a estudos de Impacto
Ambiental cuja construção tem como objeto um empreendimento a ser instalado,
visando a classificar impactos futuros e potenciais; b) segunda: seu somatório não é,
na realidade, uma medida exata, mas uma forma de comparar os impactos entre si e
definir uma hierarquia de gravidade (ou de grandeza).
De acordo com a Resolução CONAMA 001/1986, os estudos de Impacto
Ambiental devem efetuar a análise dos impactos ambientais do projeto e de suas
alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da
importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos
e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo
prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades
cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.
Os procedimentos metodológicos adotados neste trabalho estão voltados
para a identificação dos impactos ambientais das atividades (ações) realizadas na
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT),
cujos limites territoriais estão inseridos dentro dos municípios de Macau e Guamaré
no Estado do Rio Grande do Norte. Este levantamento está sendo realizado com
base na identificação e caracterização qualitativa dos possíveis impactos ambientais
e na definição e proposição de sugestões de medidas mitigadoras para os impactos
negativos e potencializadoras para os positivos.
Está sendo utilizada neste primeiro momento, a ferramenta listagem de
controle check-list (SÁNCHEZ, 2013), através da qual foi gerada uma listagem
descritiva das atividades e suas interfaces com os respectivos aspectos e impactos
ambientais. Check-list é uma técnica de identificação de impactos simples e fácil de
ser aplicada, constituindo-se em uma forma concisa e organizada de relacionar os
impactos. Porém, elas não evidenciam as inter-relações entre os fatores ambientais
(IBAMA, 1995, 2001). Segundo Silva (2001), o método em questão consiste no
vislumbramento e na listagem de consequências (impactos ambientais) quando se
considera a capacidade transformadora do ambiente físico, biótico e antrópico, sob
os prismas positivo e negativo, de causas (atividades impactantes) conhecidas.
Segundo Christofoletti (1999), as check-lists são listagens padronizadas que expõem
um quadro da gama dos impactos associados com determinada categoria de projeto
274
ou atividade. Essas listas conseguem até oferecer um panorama sobre o espectro
dos impactos, sendo mais gerais e unidimensionais.
As listagens de controle consistem na relação de fatores ambientais
(podendo ser associados a parâmetros) e das ações (atividades), sendo um método
útil para a análise de impactos ambientais, evitando-se, assim, omissões de
impactos ambientais relevantes. É uma simples listagem padronizada dos
indicadores do meio natural e do meio antrópico. É útil como guia para o
levantamento dos dados e informações necessárias ao estudo, podendo ou não ser
acompanhadas de uma caracterização de cada indicador listado.
Os resultados relativos à identificação dos impactos ambientais potenciais
das atividades comumente empregadas na RDSEPT e no entorno próximo, foram
listados e estão sendo discutidos com o objetivo de perceber e compreender os
conflitos existentes na área de estudo. As atividades impactantes são as ações
desenvolvidas no sentido de implantar e conduzir o empreendimento impactante
(SILVA, 2001). A análise e identificação dos impactos ambientais são tarefas árduas.
Ressalte-se que a participação de um maior número de perfis profissionais, aliada à
uma análise interdisciplinar das informações, permite, em verdade, a identificação
mais detalhada de aspectos afeitos a cada área de conhecimento e sua relação com
as demais áreas.
Atualmente a área de estudo é local de funcionamento de várias atividades
altamente impactantes do ponto de vista ambiental. As atividades vão desde a
existência e expansão de projetos de carcinicultura, que estão instalados no entorno
da RDSEPT, o acúmulo de vários tipos de resíduos, sejam eles sólidos ou
provenientes da construção civil, o que pode ser percebido durante todo o trajeto da
orla estuarina e no leito do “rio Tubarão”, nas dunas e por todas as comunidades
pertencentes a reserva; despejo de esgotos no estuário, uma vez que toda a reserva
não possui sistema de saneamento básico, lançando desta forma todo seu efluente
cinza no ambiente estuarino; o assoreamento de áreas de mangue com a disposição
inadequada de resíduos da construção civil; a destruição de áreas de mangues por
meio da retirada de espécies de fauna e flora nativas; o despejo de vísceras por toda
orla estuarina e as construções desordenadas em dunas, áreas de caatinga e
restinga e principalmente na orla do estuário do “Rio Tubarão”; fabricação de gelo e
produção de larvas de camarão com lançamento de efluente no estuário; produção
vegetal as margens do estuário. Até o presente momento identificou-se 14
275
atividades/ações, perfazendo um total de 128 impactos ambientais negativos
potenciais.
Isto posto, para uma melhor compreensão e organização das informações
obtidas, os resultados relativos à identificação das atividades/ações e dos impactos
ambientais negativos e positivos potenciais que ocorrem na área de estudo são
apresentados, em forma de listagem (check-list), nos Quadros 16 e 17 .
276
Quadro 16 - Atividades / Ações e alguns dos impactos ambientais negativos potenciais identificados na RDSEPT.
Atividades / Ações Impactos Ambientais Negativos Potenciais
1
Produção Vegetal as margens do estuário (Capim Elefante e Milho)
Redução da diversidade de espécies
Erosão, compactação, redução da fertilidade dos solos, com salinização e desertificação de áreas
Contaminação dos solos, ar, água, fauna e flora por agrotóxicos e fertilizantes
Poluição do ar por fumaça e material particulado, devido às queimadas
Aumento da velocidade do vento, devido ao desmatamento
Contaminação do agricultor, devido à utilização incorreta de agrotóxicos
2
Produção Animal
Bovina; Suína; Equina; Caprina.
Eliminação e/ou redução da fauna e flora nativas, como consequência do desmatamento de áreas para o cultivo de pastagens
Deterioração da fertilidade e das características físicas do solo, devido à eliminação da vegetação pelo superpastoreio e à compactação do solo pelo pisoteio intensivo
Redução na capacidade de infiltração da água no solo devido à compactação
Contaminação dos animais e alimentos, devido ao uso inadequado de produtos veterinários
Contaminação das áreas e dos animais, devido ao uso inadequado de agrotóxicos e fertilizantes
Utilização inadequada da água, para a dessedentação dos animais
Degradação da vegetação e do solo próximo às fontes de água
Os animais servem de vetor de difusão das sementes de espécies invasivas
Riscos de contaminação do ar, das águas e dos solos no sistema de confinamento
3
Disposição inadequada de efluentes domésticos
Modificação do equilíbrio hidrológico do estuário da RDSEPT
Alterações no habitat da flora e fauna aquática
Produção de odores desagradáveis
Comprometimento do solo, culturas agrícolas ou águas subterrâneas e/ou proliferação de vetores transmissores de doenças
Riscos de contaminação e comprometimento da saúde pública
4
Despejo de vísceras na área do estuário
Poluição da água do rio Tubarão;
Atração de organismos que podem causar doenças;
Poluição visual;
Contaminação de organismos aquáticos, especialmente os filtradores.
Excesso de matéria orgânica na água;
Diminuição do oxigênio dissolvido na água
Mau cheiro intenso
Degradação estética
277
Atividades / Ações Impactos Ambientais Negativos Potenciais
5
Construções desordenadas as margens do estuário
Eliminação da camada fértil do solo
Eliminação da biodiversidade
Alteração da topografia
Compactação do terreno
Alteração da infiltração de água
Aumento do escoamento superficial
Processos erosivos
Alteração da recarga do lençol freático
Assoreamento
Supressão da vegetação
Deposição de particulados sobre vegetação adjacente
Emissão de gases e ruídos
Geração de resíduos sólidos
Vazamento de combustíveis
Afugentamento de animais
Alteração na rotina das comunidades
6
Disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos
Obstrução de galerias de drenagem
Degradação estética
Redução do valor da terra e do entorno
Queima a céu aberto gerando fuligem e gases irritantes
Proliferação de vetores transmissores de doenças
Falta de cooperação dos moradores em relação ao acondicionamento e à colocação dos resíduos de forma inadequada
Geração de odores indesejáveis provenientes dos resíduos depositados
7
Caça de animais silvestres
Ameaça às populações dos animais capturados, com risco de extinção de espécies
Alteração da cadeia alimentar, prejudicando a alimentação de outros animais
Redução da dispersão de sementes, diminuindo a diversidade das florestas
Transmissão de doenças e zoonoses
Desequilíbrio ecológico
Redução da biodiversidade de animais e plantas
Poluição e/ou contaminação do solo
Poluição e/ou contaminação da agua do estuário
278
Atividades / Ações Impactos Ambientais Negativos Potenciais
8 Lavagem de veículos Alteração da qualidade do ar
Incômodo da vizinhança pelos ruídos e odores
Esgotamento de recursos naturais
Riscos à saúde pública
Modificações estéticas e paisagísticas
Introdução de poluentes nos compartimentos ambientais
Aumento do número de acidentes
Contaminação da água da rede de drenagem pluvial
9
Parques Eólicos
Degradação estética
Eliminação da camada fértil do solo
Alteração da topografia
Compactação do terreno
Alteração da infiltração de água
Aumento do escoamento superficial
Processos erosivos
Alteração da recarga do lençol freático
Supressão da vegetação
Deposição de particulados sobre vegetação adjacente
Emissão de gases e ruídos
Geração de resíduos sólidos
Vazamento de combustíveis
Afugentamento de animais
Alteração na rotina das comunidades
10
Carcinicultura
Degradação da flora e da fauna na área de construção dos tanques
Construção de viveiros em locais inadequados, do ponto de vista ambiental
Destruição e ocupação das áreas costeiras alagáveis, principalmente manguezais
Alteração do fluxo da água, sendo que em locais com poucos recursos hídricos, pode-se diminuir a quantidade de água para outros fins, gerando conflitos de uso
Lançamento de efluentes poluentes provenientes dos viveiros que deteriorem a qualidade dos ecossistemas aquáticos naturais
Contaminação do meio ambiente com produtos químicos e drogas usadas no manejo dos cultivos
279
Atividades / Ações Impactos Ambientais Negativos Potenciais
Riscos de processos de competição e até destruição de espécies nativas, pela introdução de espécies exóticas e patógenos associados
Sobrecarga por incremento do nível de carbono, nitrogênio e fósforo
11 Salinas
Poluição e/ou contaminação do solo
Poluição e/ou contaminação da agua do estuário
Alteração da qualidade do ar
Incômodo da vizinhança pelos ruídos e odores
Esgotamento de recursos naturais
Riscos à saúde pública
Modificações estéticas e paisagísticas
Introdução de poluentes nos compartimentos ambientais
Aumento do número de acidentes
Compactação do solo
Introdução de espécie exótica no ambiente
12
Manutenção de embarcações em área de estuário
Poluição e/ou contaminação do solo
Poluição e/ou contaminação da agua do estuário
Alteração da qualidade do ar
Incômodo da vizinhança pelos ruídos e odores
Esgotamento de recursos naturais
Riscos à saúde pública
Modificações estéticas e paisagísticas
Introdução de poluentes nos compartimentos ambientais
Aumento do número de acidentes
13
Retirada de fragmentos de mangue
Degradação estética
Diminuição da capacidade da planta de realizar fotossíntese
Abertura de acessos
Contribuição para o efeito estufa
Perda de habitat para diversos organismos aquáticos e terrestres;
Diminuição dos recursos naturais disponibilizados pelo manguezal;
Perda de áreas de reprodução de organismos aquáticos e terrestres;
Comprometimento da função de proteção da costa exercida pelo manguezal.
Alteração com perda de perfil do solo e da flora, com modificação dos recursos naturais
280
Atividades / Ações Impactos Ambientais Negativos Potenciais
14
Abate de animais
Contaminação das águas pela descarga de efluentes e resíduos sólidos
Contaminação do ar por partículas suspensas e a geração de incômodos pelos gases e odores indesejáveis e
Risco à saúde e segurança dos trabalhadores, sujeitos a ruídos, poeira, manejo de materiais, efluentes e resíduos sólidos
Fonte: Elaborado pela equipe técnica do plano de manejo, 2016.
Quadro 17 - Atividades / Ações e alguns dos impactos ambientais positivos potenciais identificados na área de estudo.
Atividades / Ações Impactos Ambientais Positivos Potenciais
1
Produção Vegetal
(Capim Elefante e Milho)
Fonte de nutrição a animal
Geração de empregos
Prestação de serviços e produtos à população
Crescimento de padrões econômicos
2
Produção Animal (Bovina e Suína)
Geração de empregos
Prestação de serviços e produtos à população
Crescimento de padrões econômicos
3
Abatedouros
Geração de empregos
Prestação de serviços e produtos à população
Crescimento de padrões econômicos
4
Lavra
Geração de empregos
Prestação de serviços e produtos à população
Crescimento de padrões econômicos
5
Lavagem de veículos
Geração de empregos
Prestação de serviços e produtos à população
Crescimento de padrões econômicos
Arrecadação de impostos e taxas públicas fiscais
6
Atividade de retirada de fragmentos
de mangue
Uso sustentável dos recursos renováveis
Geração de empregos
Prestação de serviços e produtos à população
Crescimento de padrões econômicos
Fonte: Joilson Marques Ferreira Filho, 2016.
281
As plantas formam parte dos ecossistemas e são fator decisivo para a
conservação do meio ambiente. Métodos de cultivo inadequados geralmente
causam impactos negativos para o meio ambiente, no qual a atividade está inserida
(DIAS, 1999). No que se refere à produção vegetal existente na RDSEPT, pode-se
citar o cultivo de capim elefante (Pennisetum purpureum) e milho (Zea mays), como
pode ser visto na Figura 65. A supressão da vegetação da reserva para o plantio
dessas espécies, reduz o espaço do ecossistema local, contribuindo para diminuição
de espécies vegetais e animais, bem como para erosão dos solos, ocasionada
devido às práticas incorretas de manejo dos solos. Ainda segundo o mesmo autor, a
erosão dos solos afeta as águas com o aporte de sedimentos, carregados de
nutrientes, provocando a eutrofização, o assoreamento de corpos hídricos, bem
como a contaminação por resíduos de agroquímicos os quais produzem impactos
sobre a saúde humana, poluindo as águas, o solo e o ar, prejudicando a flora e a
fauna (DIAS, 1999).
Figura 64 - Produção Vegetal na Comunidade de Barreiras.
Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
O sistema de irrigação das áreas de cultura encontradas na RDSEPT é
realizado através de bombeamento da água de poços artesianos, o que pode
ocasionar, dentre outros possíveis impactos negativos, a emissão de ruídos, a
contaminação do solo e a alteração no nível de água do lençol freático. Segundo
282
Lima e Valarini (1996), constituem-se impactos ambientais intrínsecos da agricultura
irrigada: o risco à degradação do solo, a alteração microclimática, que podem
favorecer a incidência de pragas e doenças e a alteração das propriedades químicas
e físicas dos corpos da água sujeitos à poluição. Constituem-se em impactos
ambientais extrínsecos da agricultura irrigada: a poluição e contaminação por
agroquímicos, implicando risco de intoxicação humana e animal, além da alteração
da cobertura vegetal, provocada pela expansão da área irrigada, com consequentes
reduções de biodiversidade, alterando o valor dos recursos naturais e a qualidade de
vida de agricultores e consumidores.
Os impactos ambientais positivos potenciais identificados na atividade de
produção vegetal foram: o que é produzido serve de fonte nutricional para os
animais que são criados na área de estudo; a geração de emprego e renda e de
produtos e serviços para a comunidade interessada em milho e capim elefante.
No que se refere à produção animal bovina, suína, equina, caprina
atualmente, na RDSEPT, é praticada em sua grande maioria no sistema exploração
extensivo (Figura 66). Um dos impactos ambientais negativos mais expressivos da
produção animal é gerado pelo superpastoreio que provoca, a partir do pisoteio
excessivo, alterações significativas na estrutura da camada superficial do solo e na
composição das espécies vegetais. O superpastoreio intensifica a compactação dos
solos e a subtração da cobertura vegetal, favorecendo o processo de erosão. A
intensidade dos impactos depende da espécie, porte e carga animal das unidades
produtivas, bem como da topografia e do tipo do solo da área (DIAS,1999).
No tocante aos impactos ambientais positivos, entende-se que, no caso
específico da produção animal realizada na RDSEPT, ela favorece empregos diretos
e indiretos e a obtenção de renda, uma vez que os animais e a carne, caso sejam
abatidos, podem ser comercializados na região sob uma forma de prestação de
serviços e produtos.
283
Figura 65 - Caprinocultura entre as comunidades de Sertãozinho e Lagoa Doce na RDSEPT.
Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
A ausência de saneamento básico na RDSEPT oportuniza que a população
encontre meios inadequados para destinação de seus efluentes domésticos. A
maioria das casas destina seus efluentes sanitários para sumidouros e as águas
cinzas são destinadas para locais a céu aberto ou para via pública que acaba sendo
levado para o estuário por meio das canaletas artesanais construídas para essa
finalidade (Figura 67). Os impactos ambientais provenientes dessas ações podem
causar a modificação do equilíbrio hidrológico do estuário da RDSEPT, alterações
no habitat da flora e fauna aquática, a produção de odores desagradáveis, além do
comprometimento do solo, de culturas agrícolas, a proliferação de vetores
transmissores de doenças e contaminação das águas subterrâneas, uma vez que
grande parte das comunidades estão sobre dunas, o que facilita a infiltração destes
efluentes o que pode aumentar os riscos de contaminação e comprometimento da
saúde pública local.
284
Figura 66 - Disposição de efluentes em área de estuário.
Lançamento de efluentes domésticos nas comunidades de Diogo Lopes (a) e Barreiras (b) em área de estuário. Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
A disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos (RSU), quando não
são tratados adequadamente, constitui uma permanente ameaça à saúde pública e
ao meio ambiente, limitando as potencialidades econômicas locais. Mediante contato
de pessoas e animais domésticos com o lixo, nas áreas de depósito, pode ocorrer a
disseminação de enfermidades. Também o vento pode ser um veículo de transporte
de elementos patogênicos e materiais perigosos. Depósitos de RSU foram
encontrados por quase toda a RDSEPT, em especial nas comunidades Barreiras e
Diogo Lopes por serem as mais populosas e com características urbanas.
Dias (1999) afirma que os gases gerados no processo de biodegradação dos
“lixões”, além do odor desagradável, podem conter gases orgânicos voláteis, tóxicos
e potencialmente cancerígenos, a exemplo da benzina, do cloro vinil e dos
subprodutos típicos (metano, dióxido de carbono e gás sulfídrico). A fuligem gerada
pela queima dos resíduos a céu aberto pode causar problemas respiratórios. Ainda
segundo Dias (1999), os recursos naturais que mais sofrem efeitos negativos da
disposição inadequada dos resíduos sólidos são os solos, as águas (subterrâneas e
superficiais) e o ar, resultantes, em sua grande maioria, da localização e operação
inadequada de depósitos de lixo. Os solos são diretamente afetados com o
285
espalhamento dos resíduos em áreas clandestinas e abertas, causando a
degradação visual da paisagem. Tanto nos “lixões” quanto nos aterros sanitários, os
solos podem ser contaminados por microrganismos patogênicos, metais pesados,
sais e hidrocarbonetos clorados, contidos no “chorume” (líquido resultante da
decomposição do lixo).
O grau de contaminação dos solos depende fundamentalmente da sua
porosidade, capacidade de troca de íons e capacidade de absorver e precipitar os
sólidos dissolvidos. Os ânions como cloro e nitrato passam com facilidade na maioria
dos solos. Na Figura 68 é possível perceber amontoados de resíduos sólidos
urbanos dispostos na RDSEPT.
Figura 67 - Disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos na RDSEPT.
a) moradora da comunidade de Sertãozinho dispondo de forma inadequada resíduos sólidos urbanos na orla do estuário; b) Resíduos da construção civil dispostos na orla do estuário da comunidade de Diogo Lopes; c) Resíduos sólidos urbanos dispostos em via pública na comunidade de Barreiras; d) animal errante se alimentando de resíduos sólidos urbanos na comunidade de Diogo Lopes. Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
Os resíduos são dispostos de maneira inadequada em praticamente todas
as comunidades da RDSEPT. Na Figura 69 é possível visualizar outros locais de
disposição.
286
Figura 68 - Disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos na RDSEPT.
a) Disposição de resíduos domésticos na comunidade Mangue Seco I; b) Resíduos sólidos urbanos na orla do estuário na comunidade Sertãozinho; c) Resíduos inertes em área de estuário na comunidade de Diogo Lopes e; d) Formação de um pequeno lixão de resíduos urbanos nas dunas fixas próximo a comunidade de Sertãozinho. Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
Em se tratando da atividade de caça de animais silvestres, é possível
visualizar por toda a RDSEPT moradores circulando com gaiolas e diversos tipos de
pássaros silvestres, como pode ser visualizado na Figura 70. A caça de animais
silvestres ameaça às populações dos animais capturados, com risco de extinção de
espécies, causando dentre outros impactos ambientais negativos, a alteração da
cadeia alimentar, prejudicando a alimentação de outros animais, a redução da
dispersão de sementes, diminuindo a diversidade das florestas, a transmissão de
doenças e zoonoses, o desequilíbrio ecológico e a redução da biodiversidade de
animais e plantas.
287
Figura 69 - Indício de caça de animal silvestre na comunidade de Sertãozinho.
Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
A lavagem de veículos (Figura 71) na RDSEPT é altamente impactante,
sendo realizada dentro dos limites da área de estudo sem a menor preocupação
com o meio ambiente. Funciona em um dique de lavagem, sem canaletas de
contenção de líquidos, onde o efluente é lançado diretamente para o estuário. Os
potenciais impactos ambientais negativos identificados no processo relacionam-se à
contaminação do solo, dos corpos d‟água superficiais e subterrâneos e das
emissões atmosféricas com compostos derivados do petróleo, constituindo-se em
riscos à saúde das comunidades expostas, além do perigo de acidentes
ocasionados por incêndios e explosões. Além dos óleos tipicamente utilizados na
lavagem de veículos, os sabões e detergentes também causam diversos impactos
ambientais negativos.
Segundo Martins (1998), os sabões e detergentes sintéticos praticamente
não sofrem modificações químicas nos processos de lavagem com água (salvo
formações de sais de cálcio, magnésio e outros, quando se usam as chamadas
águas duras) e encontram-se, portanto, presentes nas águas residuais de
escoamento das operações de lavagem, incorporando-se ao esgoto doméstico e, no
caso da área de estudo, eles acabarão sendo lançados no “Rio Tubarão”, local
utilizado para pesca e lazer. O lançamento desses efluentes, dentre outros impactos
288
ambientais, causa a eutrofização, ou seja, o aumento da fertilidade das águas
devido aos fosfatos, o que favorece o crescimento excessivo de algas em águas
receptoras de efluentes, provocando a redução acentuada do oxigênio dissolvido
nas águas. (FAIRBANKS,1989).
A Resolução CONAMA nº 357, de 2005, que estabelece as condições e os
padrões de lançamento de efluentes no seu artigo 34º, determina que dos efluentes
de fontes poluidoras com óleos e graxas minerais só poderão ser lançados, direta ou
indiretamente, 20 mg/L do referido poluente. Geração de emprego e renda são os
impactos positivos desta atividade.
Figura 70 - Lavagem de veículos na comunidade de Diogo Lopes.
Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
A produção de sardinha da Reserva é a maior do estado do Rio Grande do
Norte. Diariamente são capturadas toneladas de sardinha capturada em alto mar por
barcos motorizados. Nas comunidades de Barreiras, Diogo Lopes e Sertãozinho,
essas toneladas de sardinha são tratadas e as vísceras não são reutilizadas ou
reaproveitadas, sendo assim, de maneira incorreta, despejadas em área de estuário
(Figura 72). Diante dessa prática, surge a possibilidade de ocorrer diversos impactos
ambientais negativos, como por exemplo: a poluição da água do estuário; atração de
organismos que podem causar doenças; poluição visual; contaminação de
organismos aquáticos, especialmente os filtradores; excesso de matéria orgânica na
água; diminuição do oxigênio dissolvido na água e mau cheiro intenso.
289
Figura 71 - Tratamento das sardinha em área de estuário.
Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
As construções desordenadas (Figura 73) é outro problema enfrentado pela
RDSEPT cujos impactos provenientes destas, afetam diretamente a qualidade
ambiental da área. Os potenciais impactos ambientais negativos da construção civil
podem ser divididos nas fases de planejamento da urbanização e da construção
propriamente dita. A construção civil em área de estuário e em área de dunas pode
causar vários impactos ambientais negativos, dentre os quais: a degradação
estética; a eliminação da camada fértil do solo; a eliminação da biodiversidade do
local; alteração da topografia; compactação do terreno; alteração da infiltração de
água no solo; o aumento do escoamento superficial, causando processos erosivos e
alterações na recarga do lençol freático; assoreamento; supressão da vegetação;
deposição de particulados sobre vegetação adjacente; emissão de gases e ruídos; a
geração de resíduos sólidos; afugentamento de animais; poluição do estuário por
meio da descarga de efluentes doméstico e em alguns casos sanitários e a alteração
na rotina das comunidades.
290
Figura 72 - Construção em área de estuário com descarga de efluente doméstico.
Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
A atividade eólica na RDSEPT (Figura 74) é uma atividade bastante
polêmica e que causa impactos ambientais negativos como a degradação estética; a
eliminação da camada fértil do solo; alteração da topografia e compactação do
terreno; alteração da infiltração de água no solo; aumento do escoamento
superficial, seguido por processos erosivos; alteração da recarga do lençol freático;
supressão da vegetação, com consequente perda de biodiversidade faunística e
florística; deposição de particulados sobre vegetação adjacente; emissão de gases e
ruídos; geração de resíduos sólidos; vazamento de combustíveis; afugentamento de
animais e a alteração na rotina das comunidades. A reserva atualmente possui 03
parques eólicos Miassaba II, Miassaba III e Alegria II.
291
Figura 73 - Parque eólico na RDSEPT.
Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
A atividade de carcinicultura é um ramo da Aquicultura (criação de
organismos aquáticos) que corresponde à criação de camarões em tanques
produtores escavados geralmente em ecossistemas estuarinos (MELLO, 2007). Os
principais impactos ambientais estão relacionados à ocupação de áreas de
preservação permanente pelos viveiros de engorda, aos conflitos pelo uso da água
em região semiárida, a contaminação de corpos hídricos, o aumento de doenças
entre os trabalhadores rurais pela manipulação inadequada de produtos químicos
durante o cultivo.
A alimentação em demasia pode acarretar a elevação dos nutrientes e
matéria orgânica do efluente final, o estuário da RDSEPT, o que contribui para a
eutrofização do mesmo. Os processos de aclimatação e engorda também são
responsáveis pela geração de resíduos sólidos provenientes dos sacos que
transportaram as PLs e das embalagens de ração, fertilizante e calcário, uma vez
que essas são comumente queimadas, pela inexistência no meio rural de coleta
pública de lixo. Outro aspecto ambiental importante na etapa de engorda está
relacionado ao armazenamento de fertilizantes, calcário e ração utilizados. Em
muitos viveiros, esses insumos são depositados em locais inadequados, acarretando
292
o desgaste das embalagens e vazamentos que contribuem para a poluição
ambiental.
A espécie mais cultivada, a L.Vannamei, é exógena no litoral brasileiro,
sendo que, sua introdução, por ocasião da despesca ou desmoronamento do talude
de viveiros, acarreta alterações nos ecossistemas aquáticos, modificando a cadeia
trófica. Além destes, outros impactos podem ocorrer, são eles: a degradação da flora
e da fauna na área de construção dos tanques; a construção de viveiros em locais
inadequados, do ponto de vista ambiental; a destruição e ocupação das áreas
costeiras alagáveis, principalmente manguezais; a alteração do fluxo da água, sendo
que em locais com poucos recursos hídricos, pode-se diminuir a quantidade de água
para outros fins, gerando conflitos de uso; o lançamento de efluentes poluentes
provenientes dos viveiros que deteriorem a qualidade dos ecossistemas aquáticos
naturais ; a contaminação do meio ambiente com produtos químicos e drogas
usadas no manejo dos cultivos; os riscos de processos de competição e até
destruição de espécies nativas, pela introdução de espécies exóticas e patógenos
associados e a sobrecarga por incremento do nível de carbono, nitrogênio e fósforo.
Na comunidade de Barreiras existe uma empresa especializada na produção
de larvas de camarão, cujo efluente da atividade é lançado em área de estuário
(Figura 75b). Na Figura 75a e no Apêndice H é possível visualizar indícios da
atividade de carcinicultura próximo a comunidade de Sertãozinho.
Outra atividade bastante comum realizada em área de estuário na RDSEPT
é a manutenção de embarcações (Figura 76). A utilização de tintas, graxas e
combustível nesses ambientes pode causar diversos impactos ambientais negativos.
A contaminação da água e do solo, perda da biodiversidade local são só alguns que
merecem ser citados. É algo bastante corriqueiro, após essas manutenções serem
encontrados frascos de tintas, buchas, solventes e peças dispostas e abandonadas
no ambiente estuarino.
293
Figura 74 - Índícios da atividade de carcinicultura na RDSEPT.
a) indícios da atividade de carcinicultura próximo a comunidade de Sertãozinho; b) efluente proveniente da produção de larvas de camarão na comunidade de Barreiras. Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
Figura 75 - Manutenção de embarcação em área de estuário.
Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
A retirada de fragmentos de mangue é uma prática realizada na RDSEPT,
principalmente nas comunidades que são banhadas pelo estuário. Os fragmentos
são utilizados sobretudo para alimentação de animais criados na reserva. Na Figura
294
77(a e b) é possível perceber indícios dessa prática. A retirada desses fragmentos
dentre outros impactos ambientais negativos, pode favorecer a degradação estética
dos manguezais, a diminuição da capacidade da planta de realizar fotossíntese, a
abertura de acessos, possibilitando a abertura de clareiras, contribui para o efeito
estufa, facilitando a perda de habitat para diversos organismos aquáticos e
terrestres, sem falar na diminuição dos recursos naturais disponibilizados pelo
manguezal. Outro fator importante a ser observado é a perda de áreas de
reprodução de organismos aquáticos e terrestres, o que interfere no
comprometimento da função de proteção da costa exercida pelo manguezal.
Figura 76 - Retirada de fragmentos de mangue na comunidade de Sertãozinho.
a) Fragmentos de mangue transportados por meio de barco até a orla estuarina; b) Fragmentos de mangue sendo levados para o armazenamento. Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
Próximo a comunidade de Sertãozinho, existem indícios da atividade
salineira (Figura 78). No Apêndice H – Ponto 09, é possível visualizar por meio de
imagem de satélite os desenhos característicos da atividade. As salinas, quando
realizadas em áreas de estuários, ou próximas a elas, podem provocar a poluição
e/ou contaminação do solo, a poluição e/ou contaminação da agua do estuário,
alterações da qualidade do ar, Incômodo da vizinhança pelos ruídos e odores,
favorece o esgotamento de recursos naturais, riscos à saúde pública, modificações
estéticas e paisagísticas, a introdução de poluentes nos compartimentos ambientais,
o possível aumento do número de acidentes, compactação do solo e a introdução de
espécies exóticas no ambiente.
295
Figura 77 - Indícios da atividade salineira em área próxima à comunidade de sertãozinho.
a) Estruturas típicas da atividade salina; b) Indícios da formação de sal; c) Acúmulo de água salina. Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
As comunidades Lagoa Doce, Mangue seco I e II, também foram visitadas e
foi possível constatar em campo que as comunidades apresentam atividades e
ações que possibilitam impactos ambientais negativos. Dentre as atividades
impactantes, o abatimento de animais em locais impróprios é realizado em todas as
comunidades visitadas. Na Figura 79 é possível visualizar essa atividade na
comunidade Mangue seco I.
O abate de animais em áreas impróprias e sob condições higiênico
sanitárias inadequadas pode causar dentre outros impactos ambientais negativos a
alteração com perda de perfil do solo e da flora, com modificação dos recursos
naturais, contaminação das águas pela descarga de efluentes e resíduos sólidos,
contaminação do ar por partículas suspensas e a geração de incômodos pelos
gases e odores indesejáveis e risco à saúde e segurança dos trabalhadores, sujeitos
a ruídos, poeira, manejo de materiais, efluentes e resíduos sólidos.
Para uma melhor compreensão da localização das atividades/ações e de
seus respectivos impactos ambientais levantados na RDSEPT, elaborou-se os
Apêndices A, B e C, por meio dos quais é possível obter uma visão holística da
realidade ambiental presente nas comunidades Barreiras, Diogo Lopes e
Sertãozinho.
296
Figura 78 - Abate de animais na comunidade Mangue Seco II.
Fonte: Equipe técnica do plano de manejo, 2016.
3.1.2 Proposição de medidas mitigadoras
Assim como a identificação de impactos ambientais, a proposição de
medidas mitigadoras requer um conhecimento técnico interdisciplinar que possibilite
uma análise criteriosa, embasada em diversos temas, conceitos e metodologias
relativas às interações dos fatores físicos, biológicos e antrópicos do meio ambiente.
Isto posto, no intuito de complementar a pesquisa que está sendo realizada e
abordar possíveis soluções mitigadoras, para os impactos negativos, e
potencializadoras para os impactos positivos, sugeriu-se algumas medidas
ambientais preliminares, para algumas das atividades/ações identificadas. Tendo
como critério a recorrência da prática das mesmas, elencou-se as seguintes: a
produção vegetal e animal, os matadouros, a extração de areia lavada e argila, a
disposição inadequada de efluentes domésticos e RSU, a atividade de venda de
combustíveis e a lavagem de veículos.
i) Produção Vegetal
Caso seja realmente indispensável a prática da produção vegetal, a escolha
do tipo de cultura adequada é de extrema importância para minimização de impactos
no ecossistema da RDSEPT, assim como a utilização de práticas de cultivo de
297
acordo com as características naturais do lugar. A erosão, compactação, redução
da fertilidade dos solos, com salinização e desertificação de áreas são outros
impactos ambientais negativos potenciais identificados na área de estudo. A
cobertura do solo, cuja finalidade é manter o solo protegido de fatores externos é
uma ótima opção, podendo no revestimento deste solo ser utilizada a cobertura
vegetal de plantas cultivadas (cobertura viva), ou mortas (cobertura morta) aliada
aos cultivos integrados, com a utilização de diversas culturas (rotação de culturas) e
pousio. Outras medidas importantes são o reflorestamento das áreas de solo
exposto com espécies nativas, a adubação orgânica para a conservação e o
incremento dos níveis de matéria orgânica no solo, além do tratamento correto do
solo, assegurando sua estrutura, seus processos químicos e biológicos e sua
fertilidade. A não utilização da prática de queimadas, especialmente em grandes
dimensões, é uma medida para mitigar a poluição do ar por fumaça e material
particulado.
ii) Produção Animal
Com a finalidade de conservar a biodiversidade das unidades produtivas, o
planejamento e a implementação de estratégias de manejo, nas áreas de pastoreio,
são essenciais para reduzir os impactos negativos sobre a fauna e a flora silvestres.
Outra medida seria estabelecer refúgios compensatórios para a fauna, minimizando
assim a eliminação ou redução das referidas espécies. A execução de medidas
como a rotação de pastos – limitando o número de animais por área, controlando a
duração do pastoreio, mesclando espécies para otimizar o uso da vegetação,
implementando o replantio e a produção de forragem, restringindo o acesso de
animais às áreas instáveis como, por exemplo, as margens da Ilha da Coroa e os
seus carnaubais, além da adoção de medidas para o controle da erosão –
colaboraria para atenuar a deterioração da fertilidade e das características físicas do
solo, contribuindo assim para a recuperação da qualidade ambiental da RDSEPT.
No que se refere aos riscos de contaminação do ar, das águas e dos solos,
no sistema de confinamento, a localização adequada dos estábulos (especialmente
com a adoção de distâncias adequadas de núcleos populacionais), bem como a
adoção de medidas de armazenamento, tratamento, utilização e disposição
adequada dos resíduos líquidos e sólidos gerados com a concentração de
298
excrementos, aliadas à adoção de medidas de higiene, como a desinfecção, podem
ser uma forma eficiente de mitigar este impacto ambiental negativo.
iii) Matadouros de animais
Realizar esta atividade em locais adequados, devidamente licenciados, e
distantes de áreas úmidas e outros habitats frágeis e ecologicamente importantes,
como é o caso da área de estudo, é uma importante estratégia para reduzir e
concentrar os efeitos ambientais potenciais negativos, atuando de forma eficaz na
conservação de recursos naturais. Uma maneira de atenuar a contaminação do solo
e dos recursos hídricos, pela descarga de efluentes e pela disposição inadequada
dos resíduos sólidos, é controlando a qualidade dos efluentes e destinando os
resíduos de forma adequada para locais apropriados como aterros controlados,
empresas devidamente licenciadas e, caso seja viável, para associações de
catadores de materiais recicláveis. A saúde e a segurança dos trabalhadores,
sujeitos a ruídos, poeira, manejo de materiais, efluentes e resíduos sólidos é um
ponto indispensável, que demanda a provisão de programa de segurança e saúde
ocupacional.
iv) Disposição inadequada de efluentes domésticos e RSU
A criação de projetos que visem a eficiência de sistemas de saneamento
básico promove o desenvolvimento local e possibilita a adequação da área urbana,
favorecendo, dentre outras atividades, a pesca, o lazer e o turismo. A concentração,
a localização e o volume dos efluentes e dos resíduos são informações essenciais
para se planejar o tratamento e as medidas mitigadoras dos possíveis impactos
ambientais negativos. Com essas informações é possível estabelecer programas de
monitoramento e manutenção, sistemas de limpeza e a execução de planos e ações
para sensibilizar a comunidade sobre os impactos ambientais negativos
provenientes do lançamento de RSU e efluentes domésticos. Medidas importantes
são: estabelecer um serviço eficiente de coleta e transporte de resíduos, adaptado
às especificidades da RDSEPT, a aplicação do código de obras e posturas do
município e o aumento da fiscalização ambiental e urbanística.
299
3.2 Legislação aplicada, áreas de preservação permanente e uso e ocupação do solo
A aplicação da legislação aos sistemas ambientais da RDSEPT consiste no
cumprimento dos instrumentos jurídicos emanados pelas esferas municipal, estadual
e principalmente federal. As legislações provenientes da esfera municipal, referentes
ao município de Macau e que denotam importante relevância ao contexto ambiental
da RDSEPT são as seguintes: Lei Nº 576 de 31 de dezembro de 1.984, Lei Nº 883
de 13 de Novembro de 2003 e Lei Complementar Nº 005 de 22 de dezembro de
2011.
A Lei Nº 576 de 31 de Dezembro de 1.984 trata-se do Código de Postura da
cidade de Macau. Legislação contendo um conjunto das normas municipais de todas
as áreas de atuação do poder público municipal. Neste código estão estabelecidas
regras que tratam de soluções para diferentes problemas da cidade, tais como:
queimadas, lixo, higiene, venda de animais, estabelecimentos comerciais,
segurança, ordem pública, arborização, de uma maneira geral, estabelece regras
referentes a questões de interesse local.
A Lei Nº 883 de 13 de Novembro de 2003 refere-se ao Código de Meio
Ambiente do Município de Macau, onde estão inseridos os temas relacionados a
politica ambiental municipal, a ação do município quanto ao controle da ocupação do
solo e melhoria na qualidade ambiental, o Zoneamento Ambiental no qual existe a
previsão das áreas de preservação permanente no município dentre outros temas. A
supracitada legislação estabelece como área de preservação permanente (app) o
Estuário do Rio Piranhas-Assu, vertentes dos rios Tubarão e Treme-Treme, cordões
dunares de Diogo Lopes, de Barreiras, de soledade e da praia de Camapum, mas
não há delimitação da área de preservação permanente estipulada pelo referido
código. Ou seja, mesmo sendo um ato declaratório do município que encontra
aderência no novo Código Florestal brasileiro (Lei 12.651/2012), é necessário que o
município apresente o memorial descritivo com as poligonais das áreas declaradas.
A Lei complementar Nº 005 de 22 de dezembro de 2011 versa sobre o Plano
Diretor do Município de Macau, que é o instrumento básico da política de
desenvolvimento municipal norteando a ação dos agentes públicos e privados. No
instrumento jurídico anteriormente citado, são tratados os seguintes assuntos, dentre
outros: politica urbana, dos instrumentos da politica urbana; das operações urbanas
consorciadas; da Habitação; do meio ambiente; das diretrizes de preservação do
300
meio ambiente; do patrimônio cultural e paisagístico, da mobilidade, dos objetivos e
diretrizes gerais; do sistema viário.
Na abordagem do Zoneamento Urbano e Ambiental configura-se uma
divisão do território do município em quatro zonas: urbana, de expansão urbana,
rural e zonas de Proteção Ambiental, em que esta última é classificada em três
subzonas: subzona 1, subzona 2 e a subzona 3 (Figura 80) que constitui a área da
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão estabelecida
pela lei nº 8.349 de julho de 2003. É vedado pela legislação municipal em tela,
qualquer edificação nas áreas de preservação permanente.
A lei Complementar Estadual Nº 272 dispõe sobre a Política e o Sistema
Estadual do Meio Ambiente, as infrações e sanções administrativas ambientais, as
unidades estaduais de conservação da natureza e institui medidas compensatórias
ambientais. A legislação estadual estabelece que o objetivo do Zoneamento
Ambiental é de harmonizar as políticas públicas com o equilíbrio do meio ambiente,
orientando o desenvolvimento socioeconômico para a consecução da qualidade
ambiental e distribuição dos benefícios sociais. As Unidades de Conservação da
Natureza são divididas em dois grupos: as unidades de proteção integral e as
unidades de uso sustentável, onde, nesta última enquadra-se a RDSEPT.
301
Fonte: Lei complementar Nº 005 de 22 de dezembro de 2011 do município de Macau-RN.
Procurando a unificação e a organização das categorias de áreas protegidas
no Brasil, foi estabelecido no ano de 2000 o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza através da Lei 9.985 de 18 de Julho de 2000, onde foi
estabelecido critérios e normas para a criação, implantação e gestão das Unidades
de Conservação no âmbito nacional, estadual e municipal. Onde unidade de
conservação é conceituada como sendo o espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais
relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação
e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção.
A lei do SNUC dispõe sobre as unidades de conservação que integram o
sistema de unidades de conservação, dividindo-o em dois grupos, com
características específicas, compondo-se das unidades de proteção integral e de
uso sustentável. As primeiras visam preservar a natureza sendo compostas por:
Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e o
Refúgio de Vida Silvestre. As de uso sustentável visam compatibilizar a conservação
Figura 79 - Zonas de Proteção Ambiental de Acordo com o Plano Diretor do Município de Macau.
302
da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais sendo
compostas pelas seguintes categorias: Área de Proteção Ambiental, Área de
Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de
Fauna, Reserva Particular do Patrimônio Natural e Reserva de Desenvolvimento
Sustentável.
De acordo com o referido diploma legal Reserva de Desenvolvimento
Sustentável é uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência
baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais,
desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e
que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na
manutenção da diversidade biológica, destaca-se que a Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão está inserida nessa categoria.
Pelo supracitado instrumento jurídico o Plano de Manejo da Reserva de
Desenvolvimento Sustentável definirá as zonas de proteção integral, de uso
sustentável e de amortecimento e corredores ecológicos, e será aprovado pelo
Conselho Deliberativo da unidade. Deve ser ressaltado que a definição dos
corredores ecológicos somente existirão quando for conveniente.
Pela lei 12.651 de 25 de maio de 2012 foi instituído o novo Código Florestal.
Onde ocorreu uma inovação na ampliação das áreas de preservação permanente,
nas alterações no âmbito da reserva legal. As áreas de preservação permanente são
definidas pelo novo Código Florestal como sendo: área protegida, coberta ou não
por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. É
configurado crime qualquer modificação nessas áreas, estando tipificadas tais
condutas na lei de crimes ambientais (Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998).
As áreas de preservação permanente que ocorrem na RDSEPT são assim
definidas pela especificidade do ecossistema da área e delimitadas de acordo com o
Art. 4º do novo Código Florestal, sendo assim estabelecidas: Restinga, Manguezal,
Borda de Tabuleiro e Lagoas, como também pelo Art. 3º da Resolução CONAMA nº
303/2001: Dunas Móveis e Superfície Mista. O Mapa 10 identifica essas áreas de
preservação permanente na RDSEPT.
A Restinga é conceituada de acordo com o inciso XVI do Art 3º da lei
12.651/2012, como sendo depósito arenoso paralelo à linha da costa, de forma
303
geralmente alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se
encontram diferentes comunidades que recebem influência marinha, com cobertura
vegetal em mosaico, encontrada em praias, cordões arenosos, dunas e depressões,
apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e
arbóreo, este último mais interiorizado.
A Restinga na RDSEPT é cercada ao norte pelo oceano Atlântico e ao sul
pelo manguezal possuindo cerca de 15 km juntamente com a faixa de praia, pela
análise do Mapa 10 percebe-se a fundamental importância da restinga na
estabilização do mangue na RDSEPT e no desenvolvimento de atividades
pesqueiras.
O manguezal é denominado ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos
baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou
arenosas, às quais se associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida
como mangue, com influência fluviomarinha, típica de solos limosos de regiões
estuarinas segundo o inciso XIII do Art. 3º da lei 12.651/2012. O novo Código
Florestal considera área de preservação permanente os manguezais em toda sua
extensão. A preservação do manguezal na RDSEPT (Figura 81) além da relevância
ambiental, é de vital importância para a comunidade local em decorrência do
desenvolvimento de atividades como ecoturismo, pesca e a extração de mariscos.
Outro tipo de app com ocorrência na RDSEPT são as bordas dos tabuleiros
ou chapadas, em projeções horizontais até a linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 (cem) metros, assim como as áreas no entorno dos lagos e
lagoas naturais.
305
Fonte: Trabalho de campo em 13 de fevereiro de 2016.
As Dunas Móveis presentes na região têm forma de barcanas, ou meia-luas
e migram no sentido sudoeste. O vento se desloca com velocidade média anual de
20km/h deixando para trás a planicie de deflação, com os sedimentos mais grossos
que não migraram (MIRANDA apud SOUTO, 2004).
As Dunas Móveis existentes na RDSEPT possuem função fundamental na
dinâmica da zona costeira e no controle dos processos erosivos, não estando
coberta por vegetação e são consideradas APPs de acordo com a Resolução
CONAMA nº 303/2001.
A Superfície Mista de planície de deflação eólica com dunas fixas presente
na RDSEPT caracteriza-se pela cobertura de vegetação de superfícies inclinadas,
que se estendem desde o limite da maré alta até a base dos campos de dunas, com
um maior controle vegetal do transporte eólico por meio do desenvolvimento de
neossolos quartzarênicos e de vegetação herbácea e arbustiva.
3.2.1 Uso, ocupação e recursos naturais (atividades agrossilvipastoris)
Conforme a Resolução CONAMA nº 458/2013, as atividades
agrossilvopastoris são ações realizadas em conjunto ou não, relativas à agricultura,
à aquicultura, à pecuária, a silvicultura e demais formas de exploração e manejo da
Figura 80 - Manguezal na RDSEPT.
306
fauna e da flora, destinadas ao uso econômico, à preservação e a conservação dos
recursos naturais renováveis.
A Resolução CONAMA nº 369/2006 dispõe sobre os casos excepcionais, de
utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a
intervenção ou supressão de vegetação em área de preservação permanente.
Pelo que preconiza a resolução anteriormente citada, o órgão ambiental
competente somente poderá autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em
APP, devidamente caracterizada e motivada mediante procedimento administrativo
autônomo e prévio, e atendidos os requisitos previstos na resolução e noutras
normas federais, estaduais e municipais aplicáveis, bem como no Plano Diretor,
Zoneamento Ecológico-Econômico e Plano de Manejo das Unidades de
Conservação, se existentes, nos casos de interesse público e social.
No caso de interesse social será permitida a supressão de vegetação em
APP no manejo agroflorestal, ambientalmente sustentável, praticado na pequena
propriedade ou posse rural familiar, que não descaracterize a cobertura vegetal
nativa, ou impeça sua recuperação, e não prejudique a função ecológica da área e
na regularização fundiária sustentável de área urbana.
Será permitido também a intervenção ou supressão de vegetação eventual e
de baixo impacto ambiental nos seguintes casos: na abertura de pequenas vias de
acesso interno e suas pontes e pontilhões, na implantação de corredor de acesso de
pessoas e animais para obtenção de água, na implantação de trilhas para
desenvolvimento de ecoturismo, na construção de rampa de lançamento de barcos e
pequeno ancoradouro, na construção e manutenção de cercas de divisa de
propriedades dentre outras.
Pelo novo Código Florestal, nas áreas de preservação permanente, as
atividades agrossilvopastoris, de turismo rural e ecoturismo que já existiam até 22 de
julho de 2008, poderão continuar e serão consideradas áreas consolidadas, desde
que não estejam em áreas de risco e sejam observados critérios técnicos de
conservação do solo e da água estabelecidos no Programa de Regularização
Ambiental.
É permitida pelo novo Código Florestal a manutenção de atividades
florestais, culturas de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo e infraestrutura
de atividades agrossilvipastoris desenvolvidas em: encostas ou parte destas com
declividade superior a 45°, em topo de morros, montes, montanhas com inclinação
307
média maior que 25° e em áreas com altitude superior a 1.800 metros qualquer que
seja a vegetação.
No Mapa 11 identifica-se como é realizado o uso e a ocupação do solo na
RDSEPT. A presença marcante dos aerogeradores na região é facilmente
reconhecida, isso se deve ao potencial natural da região propício ao
desenvolvimento da energia eólica, atualmente três parques eólicos estão instalados
na área da RDSEPT.
Denota-se que a prática da agricultura, o extrativismo e área de pastagem
para animais estão inseridas em APP e são consideradas atividades
agrossilvipastoris pelo que estabelece o novo Código Florestal.
As atividades agrossilvipastoris que predominam e são realizadas na
RDSEPT são as seguintes: agricultura familiar de subsistência com o plantio de
feijão, milho dentre outras culturas, atividade da pecuária de subsistência com a
criação de galinhas, porcos, cabras, ovelhas e bois e no extrativismo (captura do
caranguejo, goiamum, ostra, marisco) dentre outras atividades. Ressalta-se que
raramente a agricultura é realizada com a finalidade comercial.
Na Figura 82 a área de pastagem natural sendo utilizada como fonte de
alimentos pelos animais da pecuária de subsistência na RDSEPT e mais ao fundo a
presença de dois aerogeradores produzindo energia eólica. Destaca-se que a
utilização de área de pastagem natural como fonte de alimentos para animais é uma
prática que diminui o custo para o criador, além de ser uma atividade sustentável,
porém, podem gerar impactos ambientais de baixa magnitude e importância,
dependendo da quantidade de animais.
Na Figura 83 a população nativa da RDSEPT retira vegetação do mangue
para uso doméstico. Essa extração muitas vezes é para lenha, carvão, alimento para
animais, construção de ranchos para pescadores, medicinal, retirada da casca da
planta para tingimento, construção e reparo de embarcações, reparo de tetos ou até
mesmo na construção de casas. Como a mata de Caatinga também ocorre na
RDSEPT, o extrativismo da carnaúba, da quixabeira e da catingueira também são
realizados pela população local.
309
Fonte: Trabalho de campo em 09 de abril de 2016.
Fonte: Trabalho de campo em 09 de abril de 2016.
Na Figura 84 a extração de marisco é realizada por um morador residente na
RDSEPT, essa atividade envolve na maioria das vezes todos os membros das
famílias dos pescadores possuindo grande importância econômica, social e cultural
para região. Predomina a prática artesanal dessa atividade. A captura do caranguejo
e do siri são realizadas às margens do estuário quando a maré está em nível baixo.
Figura 81 - Animais soltos em área de dunas na RDSEPT
Figura 82 - Extração da mata nativa do mangue para uso diversos usos.
310
Fonte: Trabalho de campo em 09 de abril de 2016.
3.3 Sistemas ambientais, ecodinâmica e planejamento
A compreensão da estrutura dos componentes ambientais e dos processos
que atuam e dinamizam os fluxos de energia e matéria permite a apreciação dos
sistemas ambientais da RDSEPT. Essa abordagem deriva da introdução do
paradigma sistêmico na análise ambiental e visa enfocar as propriedades da
unidade ambiental a partir das interrelações que se estabelecem entre os
componentes bióticos e abióticos e destes com o meio socioeconômico. O termo
“unidade” expressa tudo que pode ser considerado individualmente, não
significando, porém, que seja algo simples. Pode ser composta por agrupamentos
de componentes que mantenham relações mútuas. Sendo assim, as unidades
espaciais são entidades particulares, únicas e que representam uma configuração
estrutural e funcional que as diferencie do seu entorno (CHRISTOFOLETTI, 1999).
Um passo importante para a interpretação dos sistemas ambientais é definir
qual o critério que deve ser utilizado para sua delimitação. Souza (2007) admite
como base para a delimitação dos sistemas ambientais as características
geomorfológicas, considerando que os limites do relevo e as feições do modelado
são passíveis de uma delimitação mais precisa. No estudo de áreas territoriais
menores, variáveis como vegetação, uso e ocupação dos solos ou recursos hídricos
Figura 83 - Extrativismo sendo realizado RDSPET.
311
podem assumir uma maior importância na identificação e mapeamento dos sistemas
ambientais.
No caso da RDSEPT, considerou-se o relevo como critério norteador da
delimitação dos sistemas ambientais (Mapa 12). Destarte, outros fatores foram
considerados secundariamente, especialmente a cobertura vegetal, como no caso
da diferenciação entre as dunas móveis e fixas e da planície de maré com e sem
mangue e a condição do ambiente costeiro/marinho e do ambiente oceânico.
Já a ecodinâmica (TRICART 1977) busca estudar a organização do espaço
para determinar como uma ação humana se insere na dinâmica natural com a
finalidade de corrigir certos aspectos desfavoráveis e para facilitar a explotação
sustentável dos recursos naturais que o meio oferece. Segundo a ecodinâmica, os
sistemas ambientais podem ser enquadrados em três tipos de meios
morfodinâmicos em função das suas características estruturais e funcionais atuais,
quais sejam: meios estáveis, meios intergrades (transição) e meios fortemente
instáveis (QUADRO 19).
Ainda segundo o autor retromencionado, existe uma antinomia entre a
morfodinâmica e o desenvolvimento da vida, sendo que um dos objetivos da
administração e ordenamento do meio ambiente deve ser diminuir a instabilidade
morfodinâmica.
Quadro 18 - Esboço descritivo dos meios ecodinâmicos, segundo Tricart.
CLASSIFICAÇÃO ECODINÂMICA DOS SISTEMAS AMBIENTAIS
MEIOS ESTÁVEIS MEIOS DE TRANSIÇÃO MEIOS FORTEMENTE INSTÁVEIS
Atividade morfogenética fraca ou nula. Equilíbrio entre os componentes bióticos e abióticos. Cobertura vegetal suficientemente fechada para opor um freio ao desencadeamento dos processos mecânicos da morfogênese. Predominância da pedogênese frente à morfogênese. Dissecação moderada do relevo, sem incisão violenta dos cursos d‟água e vertentes de lenta evolução.
Transição entre os meios estáveis e fortemente instáveis, podendo tender tanto a um quanto a outro. Interferência permanente da pedogênese e morfogênese, exercendo-se de maneira concorrente sobre um mesmo espaço.
Morfogênese muito ativa, comandando a evolução do ambiente. Cobertura vegetal ausente ou muito aberta, permitindo a conformação de processos mecânicos de desgaste de rochas e transporte de sedimentos. Relevos fortemente dissecados, podendo estar ou não associados a solos rasos. Condições bioclimáticas agressivas.
Fonte: TRICART (1977).
312
No que diz respeito à perspectiva de mensuração dos fluxos de energia e
matéria, Tricart (op. cit.) considera que não poderia elaborar um sistema de gráficos
das várias interações existentes, considerando muitas medições “dificílimas” de
fazer em função da complexidade inerente ao conjunto de variáveis que estão
constantemente reagindo umas sobre as outras. Contudo, destaca que o conceito de
sistema permite aplicar avaliações já com dados qualitativos.
Dessa forma, os sistemas ambientais da RDSEPT foram classificados como
ambientes estáveis, de transição e fortemente instáveis, de acordo com a disposição
e estrutura de elementos como as rochas, as formas do relevo, o clima, a influência
dos recursos hídricos na dinâmica sedimentar, os tipos de solos e as características
da cobertura vegetal natural. A importância desse detalhamento reside na
possibilidade de análise, a partir do grau de estabilidade, de áreas submetidas a
algum tipo de uso ou pressão incompatível com a sustentabilidade dos recursos
ambientais, que podem estar impactando nas condições de equilíbrio dos sistemas
ambientais.
O Mapa 13 apresenta a distribuição das unidades ecodinâmicas, os
ambientes fortemente instáveis onde predominam os processos morfodinâmicos
dificultando a fixação vegetal e o desenvolvimento dos solos, os ambientes estáveis
onde a morfidinâmica é fraca e os solos apresentam potencial de desenvolvimento e
os meios de transição (intergrades) onde o balanço entre a morfogênese e a
pedogênese é equilibrado, não havendo imposição de um processo ou de outro.
O Quadro 19 apresenta as principais características dos sistemas
ambientais definidos enquanto unidades de planejamento básicas para a elaboração
do zoneamento ecológico econômico. São definidas as condições naturais e a
ecodinâmica, as potencialidades e as limitações ao uso dos seguintes sistemas
ambientais: Restinga; Planície de Maré; Planície de Maré com Mangue; Dunas
Móveis; Dunas Fixas / Deflação Eólica; Tabuleiro / Dunas; Tabuleiro Costeiro;
Ambiente Costeiro/Marinho; Ambiente Oceânico.
313
Mapa 12 - Mapa de Sistemas Ambientais na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão.
314
Mapa 13 - Mapa de Ecodinâmica dos Sistemas Ambientais na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão.
315
Quadro 19 - Caracterização dos Sistemas Ambientais (Quadro Diagnóstico) na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão.
Sistema Ambiental
Características naturais e ecodinâmica
Características da fauna Características da economia local
Características sócio-culturais
Potencialidades ao uso e ocupação Limitações ao uso e ocupação
Restinga Superfície arenosa disposta de forma aproximadamente paralela ao continente. Apresenta um recobrimento vegetal herbáceo em alguns setores. Submetida a uma forte dinâmica pelos processos marinhos (correntes, ondas e maré) e por processos eólicos. A morfogênese comanda a evolução do ambiente. Ambiente fortemente instável.
Costumam ocorrer inumeras espécies de aves, sobretudo aquelas que se alimentam na planície de maré que usam a área como local de descanso. Lagartos e mamíferos potencialmente ocorrem na área.
Ponto de apoio da pesca. Os ranchos de pesca instalados propiciam um meio de suporte ao desenvolvimento da pesca. Atualmente a exploração de energia eólica ocorre no Parque Miassaba II com 07 aerogeradores.
Uso nos finais de semana para atividades de lazer das comunidades da RDSEPT.
- Uso para apoio aos pescadores (ranchos de pesca rudimentares); - Potencial para o uso turístico sustentável; - Visitação científica; - Educação ambiental; - Conservação e reprodução de tartarugas; - Banho de mar; - Esportes de baixo impacto: kite surf.
- Forte dinâmica sedimentar; - Variações da maré e ondas; - Abertura de novas entradas de água do mar ao longo do tempo; - Limitação para a ocupação, construção ou desenvolvimento de atividades industriais e geradores de energia; - Terrenos de Marinha sob administração federal; - Áreas de Preservação Permanente segunda a Lei 12.651/2012.
Planície de maré Ambiente de inundação periódica das marés. Apresenta intensa dinâmica e os gleissolos encontram-se desprovidos de vegetação, salvo alguns enclaves isolados. Ambiente fortemente instável.
Local usado como área de alimentação de aves marinhas. As áreas de deposição de sedimento, mesmo instáveis proporcionam áreas de descanso, alimentação e reprodução para a avifauna.
Meio de exploração de diversos recursos vivos (fauna aquática). Exploração para o desenvolvimento do turismo, mergulho, balneabilidade, passeio em barcos e observação da fauna.
Uso para atividades de lazer das comunidades da RDSEPT. Regatas, corridas de barcos, banho, esportes.
- Uso para a pesca controlada; - Coleta de mariscos; - Cultivo de ostras; - Potencial para o uso turístico sustentável; - Pesca esportiva; - Passeio de barco; - Visitação científica; - Educação ambiental; - Banho na maré; - Esportes de baixo impacto: kite surf, Stand Up Paddle e Wind Surf.
- Forte dinâmica marinha; - Risco de cortes nos mariscos; - Sobrepesca; - Navegabilidade em função da maré e falta de sinalização dos canais; - Áreas de Preservação Permanente segunda a Lei 12.651/2012; - Salinas e carcinicultura devem ser proibidas.
Planície de maré com mangue
Ambiente de inundação periódica das marés. Apresenta intensa dinâmica e os gleissolos encontram-se, em sua maior parte, revestidos por floresta de mangue. As gamboas que se posicionam mais afastadas das marés mantém condições favoráveis a reprodução da fauna aquática. Ambiente fortemente instável.
Predominantemente visitada por aves marinhas e limícolas tanto residentes como migratórias. Uma das áreas mais importantes no que diz respeito a manutenção da identidade da composição faunística da UC.
Contempla as comunidades de Sertãozinho, Diogo Lopes e Barreiras cujas principais atividades de geração de renda consistem na pesca artesanal, turismo ecológico. Exploração da fauna aquática e da vegetação do manguezal. Empreendimento privado de produção de larvas de camarão. Empreendimento privado de produção de sal nas proximidades de sertãozinho.
Uso para atividades de lazer das comunidades da RDSEPT. Regatas, corridas de barcos, banho, esportes.
- Uso para a pesca controlada; - Potencial para o uso turístico sustentável; - Exploração de produtos silvícolas pela comunidade de forma controlada; - Pesca esportiva; - Passeio de barco; - Visitação científica; - Educação ambiental; - Banho na maré; - Esportes de baixo impacto: kite surf, Stand Up Paddle e Wind Surf; - Conservação da fauna aquática.
- Forte dinâmica marinha; - Risco de cortes nos mariscos; - Sobrepesca; - Navegabilidade em função da maré e falta de sinalização dos canais. - Áreas de Preservação Permanente segunda a Lei 12.651/2012. - Salinas e carcinicultura devem ser proibidas.
Duna móveis Superfície arenosa com altura variável entre 5 e 30 metros. Formação de dunas barcanas e barcanóides, com cobertura vegetal herbácea e rarefeita. Morfodinâmica muito ativa comandando a evolução do ambiente. Ambiente fortemente instável.
Fauna composta principalmente por espécies em transito para outras áreas. Apesar de ser um ambiente hostil para muitas espécies devido o nível de exposição aos elementos, merece atenção em ações futuras de investigação da sua fauna própria.
Uso econômico vinculado a atividade turística por meio de trilhas. Uso de uma área ampla para a geração de energia elétrica por meio dos ventos (energia eólica). Encontra-se instalado o Parque Eólico Alegria II.
Uso para atividades de lazer das comunidades da RDSEPT. Esportes e lazer.
- Potencial para o uso turístico sustentável; - Visitação científica; - Educação ambiental; - Pesquisa arqueológica; - Trilha para o pôr do sol; - Atividades de lazer para a comunidade e visitantes: futebol, sandboard, banho nas lagoas sazonais; - Recarga do lençol freático; - Controle da intrusão salina.
- Forte dinâmica sedimentar; - Limitação para a ocupação, construção ou desenvolvimento de atividades industriais e geradores de energia; - Tráfego de veículos automotivos, motos e quadricíclos; - Ambiente que exige preparo físico para a realização de caminhadas e trilhas; - Áreas de Preservação Permanente segunda a Resolução CONAMA 303/2002; - Limitação para a expansão da exploração de energia eólica.
Dunas fixas / deflação eólica
Superfície arenosa com altura variável entre 5 e 20 metros. Superfície apresenta dunas de menor altura e coberturas arenosas que evidenciam uma antiga planície de deflação eólica. Apresenta uma vegetação bem desenvolvida variando entre herbácea e estratos arbustivos isolados. A morfodinâmica tem seus efeitos atenuados pela cobertura vegetal. Área fortemente sujeita a inundações sazonais. Ambientes de transição.
Área de grande importância como unidade ambiental de fauna própria de ambientes predominantemente abertos (característica local) e como ambiente de transição que apresenta uma fauna fortemente influenciada pelos ambientes circunvizinhos e do seu nível de isolamento.
Uso econômico vinculado a atividade turística por meio de trilhas, pastoreio extensivo, agricultura e silvicultura.
Uso para atividades de lazer das comunidades da RDSEPT. Esportes e lazer.
- Agricultura familiar controlada; - Pecuária extensiva; - Potencial para o uso turístico sustentável; - Visitação científica; - Educação ambiental; - Pesquisa arqueológica; - Recarga do lençol freático; - Controle da intrusão salina. - Conservação das quixabeiras; - Exploração sustentável de produtos silvícolas.
- Limitação para a ocupação, construção ou desenvolvimento de atividades industriais e geradores de energia; - Tráfego de veículos automotivos, motos e quadricíclos; - Ambiente que exige preparo físico para a realização de caminhadas e trilhas; - Áreas de Preservação Permanente segunda a Resolução CONAMA 303/2002. - Limitação para a expansão da exploração de energia eólica.
316
Sistema Ambiental
Características naturais e ecodinâmica
Características da fauna Características da economia local
Características sócio-culturais
Potencialidades ao uso e ocupação Limitações ao uso e ocupação
Tabuleiro / Dunas Superfície tabular com algumas dunas isoladas. Cobertura vegetal herbácea predominante. Solos variando entre neossolos quartzarênicos e latossolos. Morfodinâmica mais acentuada apenas nos campos dunares e na falésias vivas de Chico Martins. Ambiente de transição.
Assim como ocorre nas dunas móveis a área apresenta desafios a uma fauna permanente. Mesmo assim pode comportar espécies em deslocamento entre hábitats e em atividade de forrageio nas áreas minimamente vegetadas.
Contempla as comunidades de Chico Martins, Cacimba da Baixa e Soledade, cujas atividades econômicas giram em torno da agricultura de subsistência e da pecuária.
Ocupações para veraneio. Comunidade composta por poucas casas.
- Potencial para o uso turístico sustentável; - Visitação científica; - Educação ambiental; - Lazer e balneabilidade nas praias e falésias de Chico Martins; - Agricultura familiar controlada; - Pecuária extensiva; - Construção de moradias em setores distantes das dunas;
- Limitação para a ocupação, construção ou desenvolvimento de atividades industriais e geradores de energia próximo as falésias; - Dinâmica de dunas.
Tabuleiro Costeiro
Superfície tabular com algumas lagoas isoladas. Cobertura vegetal de caatinga arbustiva. Solos variando entre neossolos quartzarênicos e latossolos. Morfodinâmica pouco expressiva e solos em franco processo pedogenético. Ambiente estável.
Abriga espécies típicas das caatingas do litoral e algumas do interior do estado, incluindo espécies exclusivas do bioma caatinga, até mesmo algumas espécies em vias de extinção.
Fazem parte as comunidades de Canto imburana Lagoa seca e mangue seco, onde há o predomínio de atividades agrossilvipastoris. Encontra-se em funcionamento o Parque Eólico Miassaba III.
Uso e ocupação ligado a terra. Comunidades não mantém uma relação estreita com o mar.
- Agricultura; - Pecuária extensiva; - Geração de energia eólica; - Expansão de moradias, urbanização; - Manejo da caatinga; - Água subterrânea.
- Manutenção de Reservas Legais; - Recursos hídricos.
Ambiente Marítimo/Costeira
Zona de forte influência das marés, ondas e ventos; Correntes de deriva litorânea comandam os fluxos sedimentares.
Diversas espécies de peixes e crustáceos (camarões e lagostas) com forte importância econômica.
Meio de exploração de recursos vivos como insumo fundamental da economia comunitária.
Relações de respeito e afetividade da população, especialmente das famílias ligadas a pesca.
Prospecção de recursos pesqueiros alternativos; Desenvolvimento de tecnologias de captura de baixo impacto.
Conflitos com frotas de outras localidades; Impactos gerados pela atividade pesqueira.
Ambiente Oceânica
Zona sob forte influência de ventos, ondas e correntes.
Diversas espécies de peixes com hábito pelágico (peixe-voador; dourado; atuns; etc.)
Meio de exploração de recursos vivos como insumo fundamental da economia comunitária.
Relações de respeito e afetividade da população, especialmente das famílias ligadas a pesca.
Desenvolvimento da pesca com dispositivos atratores. de peixes (DAPs)
Distância da costa; autonomia de embarcações artesanais; Regularização junto a Capitania dos Portos da Marinha do Brasil.
317
4 PRINCIPAIS DESAFIOS PARA O PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA RDSEPT.
O diagnóstico apresentado possibilita uma série de conclusões acerca dos
desafios para o planejamento e desenvolvimento sustentável da RDSEPT. Esses
desafios devem ser considerados no processo de gestão da unidade de
conservação e compartilhados entre o poder público (órgão gestor e demais órgãos
competentes) e a sociedade local.
Considera-se o horizonte de 05 (cinco) anos como um período adequado
para o estabelecimento de ações de curto, médio e longo prazos que tenham como
objetivo resolver as questões prioritárias que podem ser enquadradas como pontos
fracos para a sustentabilidade da RDSEPT, e fortalecer os processos existentes que
se configuram como pontos fortes. Concluídos os 05 anos, o plano de manejo deve
ser completamente revisado e adaptado àss novas realidades estabelecidas na
RDSEPT.
Entre os desafios estruturais e organizacionais, podem-se listar as seguintes
questões principais:
- Cadastro e avaliação participativa dos empreendimentos privados existentes na
RDSEPT. No caso de existir conflito com os interesses da RDSEPT, os
empreendimentos devem ser indenizados, tendo em vista que a RDSEPT é de
domínio público;
- Cadastro das populações tradicionais utilizando o enquadramento segundo o
Decreto 2.040/2007;
- Com o cadastro das populações tradicionais, deve ser realizado o controle do fluxo
imobiliário nas comunidades da RDSEPT. Percebe-se que estão sendo ocupadas
novas áreas devido à comercialização de terrenos na Baixa do Grito e em outras
comunidades;
- Formalização do contrato de Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) entre o
poder público estadual e as populações tradicionais. O contrato de CDRU é um
documento que legitima o uso sobre a terra, dando direito à moradia e utilização dos
recursos conforme plano de uso, mas não possibilita a venda da mesma, sendo
transmitido apenas por caráter hereditário.
- Garantia de recursos públicos para a manutenção da RDSEPT (ecoposto,
funcionários, fiscalização, monitoramento, capacitação);
318
- Investimentos básicos no setor da pesca, como a construção de uma unidade de
beneficiamento do pescado, organização da atividade das marisqueiras e linha de
crédito para investimento no turismo (adaptação de casas para receber visitantes);
- Resgaste da história e importância da RDSEPT como forma de diminuir os conflitos
internos nas comunidades da RDSEPT para, assim, promover a unidade interna;
- Investimento para o saneamento ambiental das comunidades, especialmente as
que estão assentadas em dunas e/ou próximas a maré;
- Educação ambiental com os moradores e, especialmente, com os pescadores para
reduzir os impactos ambientais observados na atividade pesqueira;
- Reassentamento dos moradores que estejam ocupando áreas de uso comum,
terrenos de marinha ou áreas de risco.
4.2 Quadro de planejamento da RDSEPT
A partir da análise dos dados ambientais, sociais, econômicos, culturais e
institucionais, foi gerado um quadro geral constandoos pontos fortes/oportunidades e
os pontos fracos/ameaças (Quadro 20), conforme a metodologia do IBAMA (2002).
As informações que seguem nos Quadros 21 e 22 são a base de informações para a
elaboração dos instrumentos de planejamento da RDSEPT, quais sejam, o
zoneamento ecológico econômico e os programas de manejo.
Quadro 20 - Metodologia de análise socioambiental para o plano de manejo de unidades de conservação.
Cenário interno Cenário externo
Pontos positivos Pontos Fortes ou Forças Atuantes: fenômenos ou condições inerentes à UC, que contribuem ou favorecem para o seu manejo.
Oportunidades: fenômenos ou condições externas à UC, que contribuem ou favorecem o alcance de seus objetivos.
Pontos negativos Pontos Fracos ou Fraquezas: fenômenos ou condições inerentes à UC, que comprometem ou dificultam o alcance de seus objetivos.
Ameaças: fenômenos ou condições externas à UC, que comprometem ou dificultam o alcance de seus objetivos.
Fonte: IBAMA 2002
319
Quadro 21 - Quadro de pontos fortes e oportunidades da RDSEPT.
Pontos Fortes ou Forças Atuantes Oportunidades
A RDSEPT ter sido criada por motivação
comunitária.
A geração de renda por meio da pesca
artesanal.
Percepção do cenário econômico e novas
possibilidades de geração de renda com a
pesca. Ex. a pesca da ova do voador que
tem se mostrado como uma alternativa de
melhor rentabilidade para as comunidades
da RDSEPT.
O bom estado de conservação dos
ecossistemas.
A possibilidade de fortalecimento do
aproveitamento indireto dos ecossistemas
por meio do ecoturismo e do turismo
científico.
A atuação contínua desde 2004 do conselho
gestor deliberativo totalizando,
aproximadamente, 150 reuniões ordinárias e
extraordinárias.
Continuidade do processo participativo e
controle na entrada de empreendimentos
externos.
Existência de 20 associações comunitárias
atuando na RDSEPT.
Captação de recursos por meio de editais
externos. Investimentos. Terceiro Setor.
Atuação das universidades com pesquisas e
projetos de extensão.
Parcerias com as comunidades, captação
de recursos e capacitação de pessoal.
Geração de dados ambientais. Sistema de
informações ambientais.
Produto Interno Bruto elevado dos
municípios de Macau e Guamaré.
Boa capacidade de investimentos
municipais na RDSEPT.
Baixo índice de violência nas comunidades
da RDSEPT.
Turismo, visitação e lazer.
Presença de uma diversidade de espécies
de aves e de tartarugas com área de desova
na restinga.
Turismo, visitação e lazer.
Restinga com 11 km de praias desertas. Turismo, visitação e lazer.
Navegabilidade pelo manguezal. Turismo, visitação e lazer.
Área de recarga de água doce nos campos
de dunas.
Beleza cênica. Turismo, visitação e lazer.
320
Quadro 22 - Quadro de pontos fracos e ameaças da RDSEPT.
Pontos Fracos ou Fraquezas Ameaças
Apesar da motivação comunitária para a
criação da unidade de conservação, existe
uma forte divergência entre os moradores
sobre a necessidade e importância da
RDSEPT.
Interesses de empreendedores externos em
ocupar a área da RDSEPT (salinas,
carcinicultura, usinas eólicas, postos de
combustíveis).
Existência de propriedades privadas no
interior da RDSEPT.
Precedente para a instalação de novos
empreendimentos na RDSEPT.
Ausência de cadastro oficial das populações
tradicionais.
Oportunidade para a especulação externa
nas terras da RDSEPT. Chegada de novos
moradores. Ocupações.
Ausência do contrato de Consessão Real de
Direito de Uso entre o estado e as
populações tradicionais.
Oportunidade para a especulação externa
nas terras da RDSEPT. Chegada de novos
moradores. Ocupações.
Ausência de orçamento adequado para a
manutenção dos equipamentos
institucionais da RDSEPT.
Crise econômica e diminuição do orçamento
do estado do Rio Grande do Norte.
Ausência de orçamento adequado para
investimentos na RDSEPT.
Crise econômica e diminuição do orçamento
do estado do Rio Grande do Norte.
Ausência de uma fiscalização adequada por
meio do órgão ambiental estadual.
Atividades impactantes relacionadas a
pesca e a caça de animais silvestres.
Ocupações em áreas irregulares.
Ausência de monitoramento ambiental. Poluição e contaminação advinda de
atividades que ocorrem no entorno da
RDSEPT como a carcinicultura, as salinas e
a exploração de petróleo.
Atividades de alto impacto e risco ambiental
no interior e entorno da RDSEPT.
Plataforma exploração de petróleo,
oleodutos, refinaria.
Parques eólicos situados em área de uso
comum (praia) e sobre os campos de dunas
móveis.
Expansão de projetos de energia eólica no
Nordeste.
Expansão descontrolada das ocupações em
Diogo Lopes, Sertãozinho, Barreiras, Baixa
Compra e venda de terrenos, ocupações
irregulares.
321
Pontos Fracos ou Fraquezas Ameaças
do Grito, Lagoa Doce, Mangue Seco I e
Mangue Seco II.
Ocupação de áreas de uso comum, terrenos
de marinha e áreas de risco na orla.
Risco de fiscalização pelos órgãos
competentes. Conflitos comunitários.
Ausência de saneamento ambiental. Oferece limites para o turismo e problemas
de saúde pública.
Poluição do lençol freático nos aquíferos
livres da Formação Barreiras e Campo
Dunar.
Período longo de seca no bioma caatinga (6
anos). Em 2016 as comunidades sentem os
efeitos da falta de água e a poluição
aumenta o problema.
Baixa escolaridade da população.
Problemas de conexão (celular e internet) Oferece limites para a exploração turística.
Falta de credibilidade do órgão ambiental e
do estado quanto ao compromisso para a
implantação da RDSEPT.
Descrédito da população e aumento da
insatisfação com a reserva.
Ausência de uma política de gerenciamento
de resíduos sólidos.
Oferece limites para o turismo e problemas
de saúde pública.
Resíduos da atividade de pesca no estuário
e no mar.
Oferece limites para o turismo e problemas
de saúde pública.
Existência de apenas 3 pousadas em
atividade na RDSEPT, com pouca
infraestrutura.
Oferece limites para o turismo.
Dificuldades de acesso a RDSEPT devido a
sinalização ineficiente e muitos buracos nas
rodovias.
Oferece limites para o turismo.
Expansão descontrolada de
empreendimentos comerciais (padarias,
restaurantes, lanchonetes, depósitos).
População muito grande na RDSEPT,
10.000 habitantes.
Falta de controle cadastral das populações
tradicionais.
Existência de comunidades que não estão
concatenadas com as atividades de pesca,
com perfis de exploração de recursos entre
a agricultura e a criação de animais
322
Pontos Fracos ou Fraquezas Ameaças
(caprino, bovino).
Pouco apoio dos municípios de Macau e
Guamaré para o desenvolvimento
sustentável da RDSEPT.
Crise econômica e diminuição do orçamento
do estado do Rio Grande do Norte.
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339
APÊNDICE B –Lista florística da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão
Nome popular ou morfoespécie Espécie Família Hábito Tipo da vegetação
Bredo da praia Sesuvium portulacastrum L.
Aizoaceae Herbácea Restinga
Caju Anacardium occidentale L.
Anacardiaceae Árvore Herbácea/antrópica
Manga Mangifera indica L. Anacardiaceae Árvore Herbácea/antrópica Cajá Spondias lutea L. Anacardiaceae Árvore Herbácea/antrópica
Ciriguela Spondia purpurea L. Anacardiaceae Árvore Herbácea/antrópica
Amaranthus spinosus L. Amaranthaceae Herbácea Caatinga Pirrixiu Blutaparon
portulacaoides L. Amaranthaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Cabeça de velho Gomphrena sp. Amaranthaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Amaranthaceae 1 Amaranthaceae Herbácea Herbácea/antrópica Pereiro Aspidosperma
pyrifoliumMart. Apocynaceae Árvore Caatinga
Espirradeira Nerium olander L. Apocynaceae Árvore Herbácea/antrópica
Apocinacea 1 sp. Apocynaceae Árvore Herbácea/antrópica
Catharantus roseus(L.) Don
Apocynaceae Herbacea Herbácea/antrópica
Carnaúba Copernicia prunifera(Mill.) H. Moore
Arecaceae Árvore Dunas móveis
Coco Cocos nucifera L. Arecaceae Árvore Restinga Palmeira imperial Roystonea oleraceae L.H.
Bailley Arecaceae Árvore Herbácea/antrópica
Aloe vera ( L.) Brum. f. Asphodelaceae Herbacea Herbácea/antrópica Flor de cera Calotropis procera Ait. Asclepiadaceae Árvore Herbácea/antrópica
Bidens sp. Asteraceae Herbácea Caatinga Delilia 2? Delilia sp. Asteraceae Herbácea Herbácea/antrópica/D.Quixabeiras
340
Serralhinha Emilia sonchifolia (L.) DC. Asteraceae Herbácea Herbácea/antrópica
Asteraceae 1 Asteraceae Herbácea Restinga
Tridax sp. Asteraceae Herbácea Herbácea/antrópica Mangue preto Avicenia germinans (L.)
Stearn. Avicenaceae Árvore Mangue
Bredo do mangue Batis maritima L. Bataceae Herbácea Mangue Arrabidea Arrabidea sp. Bignoniaceae Arbusto Dunas móveis/Caatinga Craibeira Tabebuia aurea (Silva
Manso) Benth. & Hook. F. ex S. Moore
Bignoniaceae Árvore Herbácea/antrópica
Crista de galo Heliotropium sp. Boraginaceae Herbácea Herbácea/antrópica Sete sangrias Euploca polyphylla
(Lehm.) J.I.M. Melo & Semir
Boraginaceae Herbácea Herbácea/antrópica/Restinga
Brassicaceae 1 Brassicaceae Herbácea Herbácea/antrópica Macambira Encholirium spectabile
Mart. Ex Schult. F. Bromeliaceae Herbácea Caatinga
Imburana Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.
Gillett
Burseraceae Árvore Caatinga
Palma com espinho da flor amarela grande
Opuntia sp. Cactaceae Arbusto Herbácea/antrópica/Restinga
Mandacaru Cereus jamacaru DC. Cactaceae Árvore Caatinga Coroa de frade Melocactus zehntneri
(Britton & Rose) Lutzelb. Cactaceae Herbácea Caatinga
Facheiro Pilosocereus piauhiensis (Guerke) Byl. Et Rowl
Cactaceae Árvore Caatinga
Xique-xique Pilosocereus gounellei (F.A.C. Weber) Byles &
G.D. Rowley
Cactaceae Arbusto Caatinga
Quipá Tacinga inamoena (K. Schum.) N.P. Taylor &
Cactaceae Arbusto Domínio Quixabeira
341
Stuppy
Feijão de porco Capparisflexuosa (L.) L. Capparaceae Arbusto Caatinga Mofumbo Combretum leprosum
Mart Combretaceae Arbusto Caatinga
Mangue branco Laguncularia racemosa(L.) Gaert
Combretaceae Árvore Mangue
Mangue bolinha Conocarpus erectus L. Combretaceae Árvore Mangue Erva-de-Santa-Luzia; traperoaba Commelina obliquaVahl Commelinaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Evolvulus glomeratus Nees & Mart.
Convolvulaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Ipomoea asarifolia (Desr.) Roem. & Schult.
Convolvulaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Ipomoea bahiensis Willd. ex Roem. & Schult.
Convolvulaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Ipomea sp. Convolvulaceae Herbácea Herbácea/antrópica Salsa de praia Ipomoea pes-caprae (L.)
R. Br. Convolvulaceae Herbácea Restinga
Jitirana Jacquemontia hirsuta Choisy
Convolvulaceae Herbácea Caatinga
Jacquemontia gracillima (Choisy) Hallier f.
Convolvulaceae Herbácea Caatinga
Jitirana peluda Merremia aegyptia (L.) Urban.
Convolvulaceae Herbácea Caatinga
Maxixe Cucumis anguria L. Cucurbitaceae Herbácea Herbácea/antrópica Melão de São Caetano Momordica charantia L. Cucurbitaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Pé de galinha Cyperus ligularis L Cyperaceae Herbácea Dunas móveis
Rhynchospora sp. Cyperaceae Herbácea Domínio Quixabeira
Cyperus maritimus Poir Cyperaceae Herbácea Domínio Quixabeira
Cyperus sp. Cyperaceae Herbácea Restinga
Bernardia sidoides Euphorbiaceae Herbácea Domínio Quixabeira Urtiga Cnidoscolus urens (L.)
Muell. Arg. Euphorbiaceae Arbusto Caatinga
342
Faveleira Cnidosculus phyllacanthus(Muell.
Arg.) Pax et K. Hoffman
Euphorbiaceae Arbusto Caatinga
Marmeleiro Croton blanchetianus Baill.
Euphorbiaceae Arbusto Caatinga
Velame Crotonrhamnifolioides Pax & K. Hoffm.
Euphorbiaceae Subarbusto Caatinga
Croton 3 Croton sp. Euphorbiaceae Subarbusto Caatinga
Pinhão bravo Calotropis procera Ait. Euphorbiaceae Arbusto Caatinga Pinhão roxo Jatropha gossypifolia L. Euphorbiaceae Arbusto Domínio Quixabeira
Pinhão vermelho Jatropha mutabilis (Pohl) Baill.
Euphorbiaceae Arbusto Domínio Quixabeira
Dedinho/ Aveloz Euphorbia tirucalli L. Euphorbiaceae Arbusto Caatinga Maniçoba Manihot pseudoglaziovii
Pax & K. Hoffm. Euphorbiaceae Árvore Caatinga
Chamaesyce hiyssopifolia (L.) Small
Euphorbiaceae Herbacea Caatinga
Chamaesyce hirta (L.) Millsp.
Euphorbiaceae Herbacea Caatinga
Mamona Ricinus communis L. Euphorbiaceae Arbusto Herbácea/antrópica
Aeschynomene cf. paniculata
Fabaceae Herbácea Caatinga
Angico Anadenanthera columbrina (Vell.) Brenan
Fabaceae Árvore Caatinga
Caesalpinia pulcherrima (l.) Sw.
Fabaceae Arbusto Herbácea/antrópica
Catingueira Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz
Fabaceae Árvore Caatinga
Mata pasto Cassia tora L. Fabaceae Herbácea Caatinga
Chamaecrista sp. Fabaceae Herbácea Caatinga
Crotalaria spectabilis Roth.
Fabaceae Herbácea Herbácea/antrópica
343
Centrosema brasilianum (L.) Benth.
Fabaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Espinheiro Chloroleucon foliolosum (Benth.)
Fabaceae Árvore Caatinga
Desmanthus virgatus (L.) Willd.
Fabaceae Suarbusto Herbácea/antrópica
Indigofera suffruticosa Mill.
Fabaceae Subarbusto Herbácea/antrópica
Indigofera microcarpa Desv.
Fabaceae Herbacea Herbácea/antrópica
Indigofera blanchetiana Benth.
Fabaceae Herbacea Herbácea/antrópica
Libidibia ferrea (Mart.) L.P. Queiroz
Fabaceae Arvore Caatinga
Macroptilium panduratumMarechal &
Baudet
Fabaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Jurema preta Mimosa tenuiflora Benth. Fabaceae Árvore Caatinga
Jurema branca Piptadenia stipulaceae (Benth.) Ducke
Fabaceae Árvore Caatinga
Sensitiva Mimosa sensitiva L. Fabaceae Herbácea Caatinga Sabiá Mimosa caesalpiniifolia
Benth. Fabaceae Árvore Caatinga
Cina-cina Parkinsonia aculeata L. Fabaceae Árvore Herbácea/antrópica Catanduva Piptadenia moniliformis
Benth. Fabaceae Árvore Caatinga
Algaroba Prosopis juliflora (SW) DC Fabaceae Árvore Herbácea/antrópica
Senna sp. Fabaceae Herbacea Herbácea/antrópica
Senna occidentalis (L.) Link
Fabaceae Subarbusto Herbácea/antrópica
Stylosanthes sp Fabaceae Herbácea Caatinga
Stylosantes viscosa (L.) Sw.
Fabaceae Herbácea Restinga
344
Tephrosia purpurea (L.) Pers.
Fabaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Zornia sp. Fabaceae Herbácea Herbácea/antrópica Jucá Libidibia ferrea (Mart.)
L.P. Queiroz Fabaceae Árvore Caatinga
Flor amarela pegajosa Arachis sp. Fabaceae Herbácea Herbácea/antrópica/Caatinga Bamburral Hyptis suaveolens (L.)
Poit. Lamiaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Erva de passarinho Loranthaceae Hemiparasita Herbácea/antrópica
Herissantia tiubai (K. Schm.) Brizicky
Malvaceae Herbacea Caatinga
Olho de boi Pavonia cancellata Mart. Malvaceae Herbacea Caatinga
Sida cordifolia L. Malvaceae Arbusto Caatinga Vassoura Sida rhombifolia L. Malvaceae Arbusto Caatinga
Sida galheirensis Ulbr. Malvaceae Herbacea Caatinga
Walteria sp. Malvaceae Herbacea Caatinga Flor amarela com base vermelha Lembra a flor da Pavonia Malvaceae Subarbusto Herbácea/antrópica
Mollugo verticillata L. Molluginaceae Herbácea Herbácea/antrópica Pega-pinto Boerhavia coccinea Mill. Nyctaginaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Ameixa do mato Ximenia americana L. Olacaceae Arbusto Caatinga Flor Amarelinha; trifoliolada Oxalis psoraleoides
Kunth. Oxalidaceae Subarbusto Herbácea/antrópica
Oxaliseuphorbioides A. St.-Hil.
Oxalidaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Piriqueta guianensis Passifloraceae Herbácea Caatinga
Turnera diffusa Passifloraceae Herbácea Herbácea/antrópica
Xanãna Turnera subulata Passifloraceae Herbácea Caatinga
Passiflora 1 Passifloraceae Trepadeira Caatinga
Passiflora 2 Passifloraceae Trepadeira Caatinga
Passiflora 3 Passifloraceae Trepadeira Restinga quebra-pedra Phyllanthus sp. Phyllanthaceae Herbácea Herbácea/antrópica
345
Bacopa monnieri (L.) Edwall
Plantaginaceae Herbácea Dunas móveis
Stemodia maritima L. Plantaginaceae Herbácea Dunas móveis Carrapicho Cenchrus echinatus L. Poaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Capim gordura Digitaria ciliaris (Retz.) Koeler
Poaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Capim Panicum sp. Poaceae Herbácea Herbácea/antrópica Capim Eragrostis sp. Poaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Poaceae 1 sp Poaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Poaceae 2 sp Poaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Asemeia ovata (Poir.) J.F.B. Pastore & J.R.
Abbott
Polygalaceae Herbácea Caatinga
Portulaca umbraticola Portulacaceae Herbácea Caatinga
Portulaca halimoides Portulacaceae Herbácea Caatinga Juazeiro Ziziphus joazeiro Mart Rhamnaceae Árvore Caatinga
Mangue vermelho ou caneta Rhizophora mangle L. Rhizophoraceae Árvore Mangue
Cabeça de nego Borreria verticilata (L.) G.Mey.
Rubiaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Revanço Richardia grandiflora (Cham. & Schltdl.) Steud.
Rubiaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Mitracarpus sp Rubiaceae Herbácea Herbácea/antrópica Mata pasto Diodia teres Walter Rubiaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Quixaba Bumelia sartorum Mart. Sapotaceae Árvore Domínio Quixabeira Quixabeira Sideroxylon
obtusifolium(Humb. ex Roem. & Schult.) T.D.
Penn.
Sapotaceae Árvore Domínio Quixabeira
Nicotiana glauca Solanaceae Arbusto Dunas móveis Douradinha Waltheria indica L. Sterculiaceae Herbácea Herbácea/antrópica
Bredo Talinum triangulare Talinaceae Herbácea Caatinga
346
(Jacq.) Willd.
Gervão Stachytarpheta sp. Verbenaceae Herbácea Caatinga
Lippia alba Verbenaceae Arbusto Caatinga Flor branca zigomorfa Hybanthus sp. Violaceae Herbácea Caatinga
Testa de touro Tribulus terrestris L. Zygophyllaceae Herbácea Herbácea/antrópica Flor lilás pequena das dunas Esperando informação
de especialista* Dunas móveis
Flor lilás das dunas móveis Esperando informação de especialista*
Dunas móveis
347
APÊNDICE C - Lista de espécies de aves com ocorrências na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do tubarão e áreas próximas pertencentes aos municípios de Macau e Guamaré.
Espécie Nome popular Tipo de Registro
Referência
Tinamiformes Huxley, 1872 Tinamidae Gray, 1840 Crypturellus tataupa (Temminck, 1815) inhambu-chintã - Silva et al. 2012
Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) inhambu-chororó A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Nothura boraquira (Spix, 1825) codorna-do-nordeste - Silva et al. 2012
Nothura maculosa (Temminck, 1815) codorna-amarela - Silva et al. 2012
Anseriformes Linnaeus, 1758 Anatidae Leach, 1820 Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766) irerê A,V IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) pé-vermelho A,V IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Anas bahamensis Linnaeus, 1758 marreca-toicinho A,V **; Silva et al. 2012
Sarkidiornis sylvicola Ihering & Ihering, 1907 pato-de-crista - Silva et al. 2012
Netta erythrophthalma (Wied, 1832) paturi-preta - Silva et al. 2012
Suliformes Phalacrocoracidae Reichenbach, 1849 Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) biguá - Silva et al. 2012
Podicipediformes Fürbringer, 1888 Podicipedidae Bonaparte, 1831 Tachybaptus dominicus (Linnaeus, 1766) merguhão-pequeno V IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Podilymbus podiceps (Linnaeus, 1758) mergulhão-caçador - Silva et al. 2012
Procellariiformes Fürbringer, 1888
Procellariidae Leach, 1820
Calonectris borealis(Cory, 1881) bobo-grande - PMP-BP
Puffinus puffinus (Brünnich, 1764) bobo-pequeno; pardela- PMP-BP
348
sombria
Pelecaniformes Sharpe, 1891 Ardeidae Leach, 1820 Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783) socó-boi - Silva et al. 2012
Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) savacu - Silva et al. 2012
Nyctanassa violacea (Linnaeus, 1758) savacu-de-coroa V,F **
Butorides striata (Linnaeus, 1758) socozinho V,A **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) garça-vaqueira V,F **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Ardea alba Linnaeus, 1758 garça-branca-grande V,F **;PMP-BP; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Egretta thula (Molina, 1782) garça-branca-pequena V,F **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Egretta caerulea (Linnaeus, 1758) garça-azul V,F **;PMP-BP; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Cathartiformes Seebohm, 1890 Cathartidae Lafresnaye, 1839 Cathartes aura (Linnaeus, 1758) urubu-de-cabeça-vermelha V,F **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Cathartes burrovianus Cassin, 1845 urubu-de-cabeça-amarela V **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Coragyps atratus (Bechstein, 1793) urubu-de-cabeça-preta V **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Accipitriformes Pandionidae Pandion haliaetus (Linnaeus, 1758) águia-pescadora
Silva et al. 2012
Accipitridae Vigors, 1824 Gampsonyx swainsonii Vigors, 1825 gaviãozinho V IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Rostrhamus sociabilis (Vieillot, 1817) gavião-caramujeiro - Silva et al. 2012
Geranospiza caerulescens (Vieillot, 1817) gavião-pernilongo - Silva et al. 2012
Heterospizias meridionalis (Latham, 1790) gavião-caboclo - Silva et al. 2012
Urubitinga urubitinga (Gmelin, 1788) gavião-preto - Silva et al. 2012
Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) gavião-carijó V,A PMP-BP; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
349
Parabuteo unicinctus (Temminck, 1824) gavião-asa-de-telha - Silva et al. 2012
Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816) gavião-de-rabo-branco - Silva et al. 2012
Buteo nitidus (Latham, 1790) gavião-pedrês - Silva et al. 2012
Gruiformes Bonaparte, 1854 Aramidae Aramus guarauna (Linnaeus, 1766) Carão - Silva et al. 2012
Rallidae Rafinesque, 1815 Aramides cajanea (Statius Muller, 1776) saracura-três-potes - Silva et al. 2012
Porzana albicollis (Vieillot, 1819) sanã-carijó - Silva et al. 2012
Rallus longirostris Boddaert, 1783 saracura-matraca A IDEMA 2007
Gallinula galeata (Linnaeus, 1758) frango-d'água-comum V IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Gallinula melanops (Vieillot, 1819) frango-d‟água-carijó - Silva et al. 2012
Porphyrio martinica (Linnaeus, 1766) frango-d‟água-azul - Silva et al. 2012
Cariamiformes Cariamidae Cariama cristata (Linnaeus, 1766) Seriema - Silva et al. 2012
Charadriiformes Huxley, 1867 Charadriidae Leach, 1820 Vanellus chilensis (Molina, 1782) quero-quero V,A,F IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Pluvialis squatarola (Linnaeus, 1758) batuiruçu-de-axila-preta V,F **
Charadrius semipalmatus Bonaparte, 1825 batuíra-de-bando V,F IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Charadrius wilsonia Ord, 1814 batuíra-bicuda V,F IDEMA 2007
Charadrius collaris Vieillot, 1818 batuíra-de-coleira V,A,F IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Haematopodidae Bonaparte, 1838 Haematopus palliates Temminck, 1820 piru-piru V,F **
Recurvirostridae Bonaparte, 1831
Himantopus mexicanus (Statius Muller, 1776) pernilongo-de-costas-negras V,A,F IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Scolopacidae Rafinesque, 1815
350
Limnodromus griseus (Gmelin, 1789) maçarico-de-costas-brancas V,A,F **
Numenius phaeopus (Linnaeus, 1758) maçarico-galego V,F,A IDEMA 2007
Actitis macularius (Linnaeus, 1766) maçarico-pintado V,F **; Silva et al. 2012
Tringa solitaria Wilson, 1813 maçarico-solitário - Silva et al. 2012
Tringa semipalmata (Gmelin, 1789) maçarico-de-asa-branca V,F **
Tringa melanoleuca (Gmelin, 1789) maçarico-grande-de-perna-amarela - Silva et al. 2012
Tringa flavipes (Gmelin, 1789) maçarico-de-perna-amarela - Silva et al. 2012
Arenaria interpres (Linnaeus, 1758) vira-pedras V,F **
Calidris canutus (Linnaeus, 1758) maçarico-de-papo-vermelho V **; IDEMA 2007
Calidris alba (Pallas, 1764) maçarico-branco V **; IDEMA 2007
Calidris pusilla (Linnaeus, 1766) maçarico-rasteirinho V **;PMP-BP; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Calidris minutilla (Vieillot, 1819) maçariquinho
PMP-BP; Silva et al. 2012
Jacanidae Jacana jacana (Linnaeus, 1766) Jaçanã - Silva et al. 2012
Laridae Rafinesque, 1815 Chroicocephalus cirrocephalus (Vieillot,
1818) gaivota-de-cabeça-cinza V,F **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Sternidae Vigors, 1825 Phaetusa simplex (Gmelin, 1789) trinta-réis-grande - Silva et al. 2012
Gelochelidon nilotica (Gmelin, 1789) trinta-réis-de-bico-preto V,F **; IDEMA 2007
Sterna hirundo Linnaeus, 1758 PMP-BP
Sterna dougalliiMontagu, 1813 trinta-réis-róseo - PMP-BP
Columbiformes Latham, 1790 Columbidae Leach, 1820 Columbina passerina (Linnaeus, 1758) rolinha-cinzenta V,A **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Columbina minuta (Linnaeus, 1766) rolinha-de-asa-canela V,A,F **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
351
Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa
**; Silva et al. 2012
Columbina picui (Temminck, 1813) rolinha-picui V,A **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) asa-branca V **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) avoante V IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 juriti-pupu - Silva et al. 2012
Cuculiformes Wagler, 1830 Cuculidae Leach, 1820 Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato - Silva et al. 2012
Coccyzus melacoryphus Vieillot, 1817 papa-lagarta-acanelado V IDEMA 2007
Crotophaga ani Linnaeus, 1758 anu-preto V,A IDEMA 2007
Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco V,A IDEMA 2007
Tapera naevia (Linnaeus, 1766) Saci
Silva et al. 2012
Strigiformes Wagler, 1830 Tytonidae Mathews, 1912 Tyto furcata (Scopoli, 1769) coruja-da-igreja V IDEMA 2007
Strigidae Leach, 1820 Megascops choliba (Vieillot, 1817) corujinha-do-mato V IDEMA 2007
Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-buraqueira V IDEMA 2007
Caprimulgiformes Ridgway, 1881 Nyctibiidae Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) mãe-da-lua - Silva et al. 2012
Caprimulgidae Vigors, 1825 Hydropsalis albicollis (Gmelin, 1789) bacurau - Silva et al. 2012
Hydropsalis parvula (Gould, 1837) bacurau-chintã - Silva et al. 2012
Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789) bacurau-tesoura - Silva et al. 2012
Chordeiles pusillus Gould, 1861 bacurauzinho - Silva et al. 2012
Antrostomus rufus Boddaert, 1783 joão-corta-pau V IDEMA 2007
Chordeiles acutipennis (Hermann, 1783) bacurau-de-asa-fina V IDEMA 2007
352
Apodiformes Peters, 1940 Apodidae Olphe-Galliard, 1887 Streptoprocne biscutata (Sclater, 1866) taperuçu-de-coleira-falha - Silva et al. 2012
Tachornis squamata (Cassin, 1853) andorinhão-do-buriti V IDEMA 2007
Trochilidae Vigors, 1825 Glaucis hirsutus (Gmelin, 1788) balança-rabo-de-bico-torto - Silva et al. 2012
Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura V **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Chrysolampis mosquitus (Linnaeus, 1758) beija-flor-vermelho V, IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) besourinho-de-bico-vemelho V,A,F **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Polytmus guainumbi (Pallas, 1764) beija-flor-de-bico-curvo
Silva et al. 2012
Amazilia leucogaster (Gmelin, 1788) beija-flor-de-barriga-branca V,F **; Silva et al. 2012
Coraciiformes Forbes, 1844 Alcedinidae Rafinesque, 1815 Megaceryle torquatus (Linnaeus, 1766) martim-pescador-grande V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Chloroceryle americana (Gmelin, 1788) martim-pescador-pequeno V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Chloroceryle amazona (Latham, 1790) martim-pescador-verde - Silva et al. 2012
Galbuliformes Fürbringer, 1888 Bucconidae Horsfield, 1821 Nystalus maculatus (Gmelin, 1788) rapazinho-dos-velhos V,A IDEMA 2007
Piciformes Meyer & Wolf, 1810 Picidae Leach, 1820 Picumnus limae Snethlage, 1924 pica-pau-anão-da-caatinga V,A **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Melanerpes candidus (Otto, 1796) pica-pau-branco - Silva et al. 2012
Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766) pica-pau-pequeno V,F **; Silva et al. 2012
Piculus chrysochloros (Vieillot, 1818) pica-pau-dourado-escuro - Silva et al. 2012
Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) pica-pau-verde-barrado - Silva et al. 2012
Falconiformes Bonaparte, 1831 Falconidae Leach, 1820
353
Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758) acauã - Silva et al. 2012
Falco sparverius Linnaeus, 1758 quiriquiri - Silva et al. 2012
Falco femoralis Temminck, 1822 falcão-de-coleira - Silva et al. 2012
Falco peregrinus Tunstall, 1771 falcão-peregrino - Silva et al. 2012
Caracara plancus (Miller, 1777) caracará V,A,F IDEMA 2007
Psittaciformes Wagler, 1830 Psittacidae Rafinesque, 1815 Eupsittula cactorum (Kuhl, 1820) periquito-da-caatinga V,A **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) tuim V,A **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Passeriformes Linné, 1758 Thamnophilidae Swainson, 1824 Myrmorchilus strigilatus (Wied, 1831) piu-piu - Silva et al. 2012
Formicivora melanogaster Pelzeln, 1868 formigueiro-de-barriga-preta V,A,F,G IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Sakesphorus cristatus (Wied, 1831) choca-do-nordeste - Silva et al. 2012
Thamnophilus capistratus Lesson, 1840 choca-barrada-do-nordeste A **; Silva et al. 2012
Taraba major (Vieillot, 1816) choró-boi - Silva et al. 2012
Dendrocolaptidae Lepidocolaptes angustirostris (Vieillot, 1818) arapaçu-de-cerrado - Silva et al. 2012
Furnariidae Gray, 1840 Pseudoseisura cristata (Spix, 1824) casaca-de-couro A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788) curutié - Silva et al. 2012
Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 petrim - Silva et al. 2012
Tityridae Gray, 1840 Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818) caneleiro-preto - Silva et al. 2012
Pachyramphus viridis (Vieillot, 1816) caneleiro-verde V IDEMA 2007
Xenopsaris albinucha (Burmeister, 1869) tijerila - Silva et al. 2012
Rhynchocyclidae Berlepsch, 1907 Tolmomyias flaviventris (Wied, 1831) bico-chato-amarelo - Silva et al. 2012
354
Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) ferreirinho-relógio V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012 Hemitriccus margaritaceiventer (d'Orbigny &
Lafresnaye, 1837) sebinho-de-olho-de-ouro V,A,F,G IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Tyrannidae Vigors, 1825 Euscarthmus meloryphus Wied, 1831 barulhento - Silva et al. 2012
Elaenia spectabilis Pelzeln, 1868 guaracava-grande V,A,G IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) guaracava-de-barriga-amarela - Silva et al. 2012
Elaenia cristata Pelzeln, 1868 guaracava-de-topete-uniforme - Silva et al. 2012
Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817) guaracava-de-crista-alaranjada - Silva et al. 2012
Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) risadinha A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Stigmatura napensis Chapman, 1926 papa-moscas-do-sertão A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Phaeomyias murina (Spix, 1825) bagageiro - Silva et al. 2012
Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) lavadeira-mascarada V,A **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Fluvicola albiventer (Spix, 1825) lavadeira-de-cara-branca - Silva et al. 2012
Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) suiriri-cavaleiro V,F **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Myiozetetes similis (Spix, 1825) bentevizinho-de-penacho-vermelho V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Empidonomus varius (Vieillot, 1818) peitica V,F IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 suiriri V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Tyrannus savana Vieillot, 1808 tesourinha - Silva et al. 2012
Casiornis fuscus Sclater & Salvin, 1873 caneleiro-enxofre - Silva et al. 2012 Myiodynastes maculatus (Statius Muller,
1776) bem-te-vi-rajado - Silva et al. 2012
Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776) maria-cavaleira-de-rabo-enferrujado V IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) filipe - Silva et al. 2012
355
Sublegatus modestus (Wied, 1831) guaracava-modesta - Silva et al. 2012
Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831) guaracavuçu - Silva et al. 2012
Vireonidae Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) pitiguari - Silva et al. 2012
Hylophilus amaurocephalus (Nordmann, 1835) vite-vite-de-olho-cinza - Silva et al. 2012
Corvidae Leach, 1820 Cyanocorax cyanopogon (Wied, 1821) gralha-cancã V,A **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Hirundinidae Rafinesque, 1815 Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) andorinha-serradora - Silva et al. 2012
Progne tapera (Vieillot, 1817) andorinha-do-campo - Silva et al. 2012
Tachycineta albiventer (Boddaert, 1783) andorinha-do-rio V IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Progne chalybea (Gmelin, 1789) andorinha-doméstica-grande V,F IDEMA 2007
Tachycineta leucopyga (Meyen ,1834) andorinha-chilena - Silva et al. 2012
Hirundo rustica Linnaeus, 1758 andorinha-de-bando - Silva et al. 2012
Troglodytidae Swainson, 1831 Troglodytes musculus Naumann, 1823 corruíra V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Cantorchilus longirostris Vieillot, 1819 garrinchão-de-bico-grande V,A,F IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Polioptilidae Baird, 1858
Polioptila plumbea (Gmelin, 1788) balança-rabo-de-chapéu-preto V,A,F IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Turdidae Turdus rufiventris Vieillot, 1818 sabiá-laranjeira - Silva et al. 2012
Turdus leucomelas Vieillot, 1818 sabiá-barranco - Silva et al. 2012
Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 sabiá-poca - Silva et al. 2012
Mimidae Bonaparte, 1853 Mimus gilvus (Vieillot, 1807) sabiá-da-praia V,A,F **; Silva et al. 2012
Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo V,A,G IDEMA 2007; Silva et al. 2012
356
Motacillidae Horsfield, 1821 Anthus lutescens Pucheran, 1855 caminheiro-zumbidor V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Passerellidae Cabanis & Heine, 1850 Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) tico-tico V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) tico-tico-do-campo A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Icteridae Vigors, 1825 Icterus pyrrhopterus (Vieillot, 1819) encontro - Silva et al. 2012
Icterus jamacaii (Gmelin, 1788) corrupião V IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) graúna - Silva et al. 2012
Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) garibaldi V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Agelaioides fringillarius (Spix 1824) asa-de-telha-pálido - Silva et al. 2012
Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) vira-bosta V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Sturnella superciliaris (Bonaparte, 1850) polícia-inglesa-do-sul V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Thraupidae Cabanis, 1847 Compsothraupis loricata (Lichtenstein, 1819) tiê-caburé - Silva et al. 2012
Paroaria dominicana (Linnaeus, 1758) cardeal-do-nordeste V,A IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tiziu A,V IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Conirostrum speciosum (Temminck, 1824) figuinha-de-rabo-castanho - Silva et al. 2012
Conirostrum bicolor (Vieillot, 1809) figuinha-do-mangue A,V **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Lanio pileatus (Wied, 1821) tico-tico-rei-cinza A,V,F **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento - **; Silva et al. 2012
Tangara palmarum (Wied, 1823) sanhaçu-do-coqueiro - Silva et al. 2012
Tangara cayana (Linnaeus, 1766) saíra-amarela - Silva et al. 2012
Schistochlamys ruficapillus (Vieillot, 1817) bico-de-veludo - Silva et al. 2012
Tersina viridis (Illiger, 1811) saí-andorinha - Silva et al. 2012
Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica V,A **; IDEMA 2007; Silva et al. 2012
Sporophila albogularis (Spix, 1825) golinho V,A **; IDEMA 2007
Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) canário-da-terra-verdadeiro - Silva et al. 2012
357
Sicalis luteola (Sparrman, 1789) tipio - Silva et al. 2012
Emberizoides herbicola (Vieillot, 1817) canário-do-campo - Silva et al. 2012
Sporophila lineola (Linnaeus, 1758) bigodinho - Silva et al. 2012
Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823) baiano - Silva et al. 2012
Sporophila bouvreuil (Statius Muller, 1776) caboclinho - Silva et al. 2012
Cardinalidae Cyanoloxia brissonii (Lichtenstein, 1823) azulão - Silva et al. 2012
Fringillidae Leach, 1820 Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim V,A **; IDEMA 2007
Estrildidae Estrilda astrild (Linnaeus, 1758) bico-de-lacre - Silva et al. 2012
Passeridae Rafinesque, 1815 Passer domesticus (Linnaeus, 1758) pardal V,A IDEMA 2007
358
APÊNDICE D - Lista da fauna de repteis com ocorrências na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do tubarão e em áreas de Caatinga no Rio Grande do Norte.
Espécie Nome vulgar Referência
Squamata
Amphisbaenia
Amphisbaenidae
Amphisbaena alba Linnaeus, 1758
cobra-de-duas-cabeças Freire et al. 2009
Amphisbaena vermicularis Wagler, 1824 cobra-de-duas-cabeças Freire et al. 2009
Sauria
Gekkota
Gekkonidae
Hemidactylus agrius Vanzolini, 1978 -
MMA 2004; Freire et al. 2009; Venticinque et al. 2015; Caldas et al. 2016
Hemidactylus brasilianus (Amaral, 1935)
Freire et al. 2009
Lygodactylusklugei (Smith, Martin & Swain, 1977) Bribinha MMA 2004; IDEMA 2007; Freire et al. 2009; Venticinque et al. 2015; Caldas et al. 2016
Gymnophitalmidae
Micrablepharus maximiliani (Reinhardt & Lütken, 1862)
- Freire et al. 2009
Vanzosaura multiscutata (Amaral, 1933) - Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Iguanidae
Iguana iguana (Linnaeus, 1758) iguana MMA 2004
Phyllodactylidae
Phyllopezus pollicaris (Spix, 1825) Bribinha MMA 2004; Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Phyllopezus periosus Rodrigues, 1986 - MMA 2004; Freire et al. 2009; Caldas et
359
al. 2016
Gymnodactylus geckoides Spix, 1825 - MMA 2004; Freire et al. 2009; Venticinque et al. 2015; Caldas et al. 2016
Polychrotidae
Polychrus acutirostris Spix, 1825 - MMA 2004; Freire et al. 2009
Scincidae
Brasiliscincus heathi (Schmidt & Inger, 1951) lagarto MMA 2004; Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Teiidae
Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758)
calango-bico-doce MMA 2004; Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Ameivula ocellifera (Spix, 1825) calanguinho MMA 2004; Freire et al. 2009; IDEMA 2007; Venticinque et al. 2015; Caldas et al. 2016
Salvator merianae (Duméril & Bibron, 1839) teju, tejú-açu MMA 2004; Freire et al. 2009; IDEMA 2007; Caldas et al. 2016
Tropiduridae
Tropidurus hispidus (Spix, 1825) lagartixa MMA 2004; Freire et al. 2009; IDEMA 2007; Venticinque et al. 2015; Caldas et al. 2016
Tropidurus semitaeniatus (SPIX, 1825) calando-de-lagedo MMA 2004; Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Serpentes
Boidae
Boa constrictor Linnaeus, 1758 jibóia ou cobra-de-veado
MMA 2004; Freire et al. 2009
Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) salamanta ; Freire et al. 2009
Colubridae
Drymarchon corais (Boie, 1827) papa-ovo MMA 2004
Dipsadidae
Boiruna sertaneja Zaher, 1996
Freire et al. 2009
Erythrolamprus viridis (Günther, 1862) cobra-verde MMA 2004; Freire et al. 2009
360
Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758)
Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Lygophis dilepis (Cope, 1862) casaco listrado Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Oxybelis aeneus (Wagler, 1824) cipó-bicuda Freire et al. 2009 Oxyrhopus trigeminus Duméril, Bibron & Duméril,
1854 coral falsa
Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Philodryas nattereri Steindachner, 1870 corre-campo MMA 2004; Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) cobra-verde IDEMA 2007
Pseudoboa nigra (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) cobra-preta, boiúna
MMA 2004; Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Thamnodynastes almae Franco & Ferreira, 2003 corre-campo Coelho et al. 2013
Thamnodynastes sp2. (almae ?) - Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Elapidae
Micrurus ibiboboca (Merrem, 1820) coral verdadeira Freire et al. 2009
Leptotyphlopidae
Epictia borapeliotes (Vanzolini, 1996)
Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Viperidae
Bothrops erythromelas Amaral, 1923
Freire et al. 2009; Caldas et al. 2016
Crotalus durissus Linnaeus, 1758
Freire et al. 2009
Crocodylia Alligatoridae
Caiman latirostris (Daudin, 1801)
jacaré-de-papo-amarelo IDEMA 2007
Testudines
Chelidae
Mesoclemmys tuberculata (Lüderwaldt, 1926) cágado-do-nordeste Caldas et al. 2016
361
APÊNDICE E - Lista da fauna de anfíbios com ocorrências na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do tubarão e em áreas de Caatinga no Rio Grande do Norte.
Espécie Nome popular Referência
Anura
Bufonidae
Rhinella schneideri Werner, 1894 sapo-cururu MMA 2004; IDEMA 2006
Rhinella jimi (Stevaux 2002) sapo-cururu Magalhães et al. 2013; Caldas et al. 2016
Rhinella granulosa (Spix, 1824) sapo-granuloso MMA 2004; Magalhães et al. 2013; Caldas et al. 2016
Odontophrynidae
Proceratophrys cristiceps (Müller, 1884 "1883")
sapinho-da-caatinga Magalhães et al. 2013; Caldas et al. 2016
Hylidae
Corythomantis greeningi Boulenger, 1896 perereca-de-capacete MMA 2004; Magalhães et al. 2013; Caldas et al. 2016
Dendropsophus minutus (Peters, 1872) perereca-rajada Magalhães et al. 2013
Dendropsophus nanus (Boulenger, 1889) pererequinha-do-brejo MMA 2004; Magalhães et al. 2013; Caldas et al. 2016
Dendropsophus soaresi (Caramaschi & Jim, 1983)
perereca-reticulada Magalhães et al. 2013
Hypsiboas raniceps Cope, 1862 perereca MMA 2004; Magalhães et al. 2013; Caldas et al. 2016
Phyllomedusa nordestina Caramaschi, 2006 perereca MMA 2004; Magalhães et al. 2013; Caldas et al. 2016
Scinax ruber (Laurenti, 1768) perereca-de-banheiro MMA 2004
Scinax fuscomarginatus (A. Lutz, 1925) perereca-de-banheiro, raspa-cuica
Magalhães et al. 2013
362
Scinax nebulosus (Spix, 1824) - Magalhães et al. 2013
Scinax x-signatus (Spix, 1824) perereca-de-banheiro Magalhães et al. 2013; Caldas et al. 2016
Leptodactylidae
Leptodactylus caatingae Heyer & Junca, 2003 - Magalhães et al. 2013
Leptodactylus fuscus(Schneider, 1799) rã-assobiadora Magalhães et al. 2013; Caldas et al 2016
Leptodactylus macrosternum Miranda-Ribeiro, 1926
pererequinha-bicuda MMA 2004; IDEMA 2006; Magalhães et al. 2013; Caldas et al. 2016
Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) - MMA 2004
Leptodactylus mystaceus (Spix, 1824) rã-estriada Magalhães et al. 2013
Leptodactylus natalensisLutz, 1930 - Magalhães et al. 2013
Leptodactylus troglodytes Lutz, 1926 gia MMA 2004; Magalhães et al. 2013; Caldas et al. 2016
Leptodactylus vastus Lutz, 1930 rã-cachorro Magalhães et al. 2013; Caldas et al 2016
Physalaemus albifrons (Spix, 1824) - Magalhães et al. 2013; Caldas et al 2016
Physalaemus cicada Bokermann, 1966 - Caldas et al. 2016
Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 rã-cachorro
MMA 2004; Magalhães et al. 2013; Caldas et al. 2016
Physalaemus sp. - Caldas et al. 2016
Pleurodema diplolister (Peters, 1870) sapinho-da-areia Magalhães et al. 2013; Caldas et al 2016 Pseudopaludicola pocoto Magalhães,
Loebmann, Kokubum, Haddad & Garda, 2014 - Caldas et al. 2016
Pseudopaludicola falcipes (Hensel, 1867) - Magalhães et al. 2013
Microhylidae
Dermatonotus muelleri (Boettger, 1885) rã-manteiga Magalhães et al. 2013; Caldas et al. 2016 Elachistocleis cesarii (Miranda-Ribeiro,
1920) - Magalhães et al. 2013
Ranidae
Lithobates palmipes(Spix, 1824) - Santos & Vaz-Silva 2012; Magalhães et al. 2013
363
APÊNDICE F - Lista da fauna de mamíferos com ocorrências na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do tubarão e em áreas de Caatinga no Rio Grande do Norte.
Espécie Nome popular Referência
Cingulata
Dasypodidae
Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Tatupeba Venticinque et al. 2015
Pilosa
Myrmecophagidae
Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) Tamanduá-mirim IDEMA 2007; Venticinque et al. 2015
Primates
Cebidae
Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758) Sagui IDEMA 2007
Carnivora
Felidae
Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) Gato-do-mato IDEMA 2007; Venticinque et al. 2015
Canidae
Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) Cachorro-do-mato Venticinque et al. 2015
Mephitidae
Conepatus semistriatus (Boddaert, 1785) jaritataca Venticinque et al. 2015
Procyonidae
Procyon cancrivorus (Linnaeus, 1758) Guaxinim IDEMA 2007
Artiodactyla
Cervidae
Mazama gouazoubira Fischer, 1814 Veado-catingueiro Venticinque et al. 2015
364
APÊNDICE G –Lista dos recursos pesqueiros explorados na RDSEPT e indicação da pescaria onde a espécie é capturada (T = tarrafa; L
= linha e anzol; A = arrasto; AR= Armadilha; LP = lâmpada; TN = tainheira; J = jereré; CM = catação manual; M = mergulho) e hábitos (B=
Bentônico; D= Demersal; P=pelágico) habitat predominante (E= Estuarino; C= Costeiro; O= Oceânico).
PEIXES
Família Espécie Nome popular local Habitat Hábito Pescaria
ACANTHURIDAE Acanthurus chirurgus Caraúna E,C D T, AR
ACHIRIDAE Trinectes paulistanus Sôlha C B T
ALBULIDAE Albula vulpes Ubarana focinho de rato
E,C D T
ARIIDAE Ariidae sp. 1 Bagre amarelo C B T
ARIIDAE Bagre marinus Bagre cinza C B T
ARIIDAE Ariidae sp. 2 Bagre papo amarelo C B T
ATHERINIDAE Atherinella brasiliensis Piaba Cascuda C D T
BALISTIDAE Balistis vetula Cangulo C,O P L, AR
BATRACHOIDIDAE Amphichthys cryptocentrus
Pacamão E D L, T
BELONIDAE Strongylura marina Agulhão zambaia E,C P L,T
BELONIDAE Ablennes hians Agulhão C P T
BOTHIDAE Bothus lunatus Soia E B T
CARANGIDAE Alectis ciliaris Galo do Alto C P L
CARANGIDAE Caranx latus Garaximbora E P A
CARANGIDAE Caranx hippos Xaréu C P T
CARANGIDAE Carangoides bartholomei Garajuba C P T
CARANGIDAE Carangoides ruber Garajuba preta C,O P L
365
CARANGIDAE Chloroscombrus chrysurus
Palombeta C P T
CARANGIDAE Selar crumenophtalmus Garapau C P T
CARANGIDAE Oligoplites saurus Timbiro C P T
CARANGIDAE Selene setapinnis Galo E P T
CARANGIDAE Selene vomer Galo E P T
CARANGIDAE Seriola dumerilii Arabaiana C, O P L
CARANGIDAE Trachinotus carolinus Pampo C P T
CARANGIDAE Trachinotus falcatus Pampo C P T
CARCHARHINIDAE Rhizoprionodon sp. Cação Rabo Seco C D T
CARCHARHINIDAE Carcharrhinus acronotus Focinho Preto C D L
CARCHARHINIDAE Carcharrhinus falciformis Lombo Preto C D L
CENTROPOMIDAE Centropomus undecimalis Camurim, robalo E D T, A
CLUPEIDAE Anchovia clupeoides Arenque E P A
CLUPEIDAE Chirocentrodon bleekerianus
Ginga C P T
CLUPEIDAE Harengula clupeola Sardinha Cascuda C P T
CLUPEIDAE Opisthonema oglinum Sardinha Bandeira C P T, R
CORYPHAENIDAE Coryphaena hippurus Dourado O P L
CORYPHAENIDAE Coryphaena equiselis Dourado Palombeta O P L
DACTYLOPTERIDAE Dactylopterus volitans Voador do rio E P T, L, A
DASYATIDAE Dasyatis guttata Raia Bico de Remo E,C B T,L
DASYATIDAE Dasyatis americana Raia de Pedra C B L
ECHENEIDAE Echneis naucrates Piolho, Rêmora E,C P L
ELOPIDAE Elops saurus Ubarana C D T
ENGRAULIDAE Anchovia clupeoides Arenque C P T
366
ENGRAULIDAE Anchoviella lepidentostole Ginga C P T
ENGRAULIDAE Cetengraulis edentulus Sardinha manteiga C P T
EPHIPPIDAE Chaetodipterus faber Parú branco E,C D T
EXOCOETIDAE Hirundichthys affinis Peixe Voador C,O P J
FISTULARIIDAE Fistularia tabacaria Trombeta E,C P A,T
GERREIDAE Diapterus rhombeus Carapeba E,C D L
GERREIDAE Eucinostomus argenteus Carapicú E,C D T
GERREIDAE Eucinostomus gula Carapicú E,C D T
GERREIDAE Eucinostomus lefroyi Carapicú E,C D T, A
GERREIDAE Eucinostomus melanopterus
Carapicú E,C D T
GERREIDAE Eugerres brasilianus Carapeba E,C D T
GYMNURIDAE Gymnura micrura Raia Borboleta C B T, A
GINGLOMOSTOMATIDAE Gingyimostoma cirratum Cação Lixa C B L
HAEMULIDAE Conodon nobilis Coró Amarelo C D T
HAEMULIDAE Haemulon aurolineatum Xila C D L,A,AR
HAEMULIDAE Haemulon parra Cambuba E,C D T, A, AR
HAEMULIDAE Haemulon steindachneri Sapuruna E,C D L, AR
HAEMULIDAE Orthopristis ruber Canguito E D L, T, A
HAEMULIDAE Pomadasys corvinaeformis
Coró branco E D L, T, A
HEMIRAMPHIDAE Hemiramphus brasiliensis Agulha E,C P LP
HEMIRAMPHIDAE Hiporhamphus roberti Agulhinha C P T
HOLOCENTRIDAE Holocentrus ascensionis Mariquita C D L
ISTIOPHORIDAE Istiophorus albicans Agulhão de Vela O P L
LUTJANIDAE Lutjanus apodus Cabocla E D T, L, A
367
LUTJANIDAE Lutjanus cyanopterus Caranha E D L
LUTJANIDAE Lutjanus jocu Dentão E D T, L, A
LUTJANIDAE Lutjanus synagris Vermelho, ariacó E D T, L, A
LUTJANIDAE Ocyurus chrysurus Guaiúba E D T
MONACHANTIDAE Stephanolepis setifer Cangulo C P T
MUGILIDAE Mugil curema Tainha, saúna E,C D T, L, A, TN
MUGILIDAE Mugil liza Saúna rôia E,C D T, L, A, TN
MURAENIDAE Gymnothorax funebris Moréia verde E,C B L
MYLIOBATIDAE Aetobatus narinari Raia Pintada C D T, L
NARCINIDAE Narcine brasiliensis Raia Treme-Treme C B T
OGCOCEPHALIDAE Ogcocephalus vespertilio Morcego E B A
PARALICHTHYIDAE Etropus crossotus Solha C B T
PARALICHTHYIDAE Paralichthys isosceles Solha C B T
PARALICHTHYIDAE Syacium micrurum Sôia E,C B T, L, A
POLYNEMIDAE Polydactylus virginicus Barbudo E,C D T, L
PRIANCANTHIDAE Priacanthus arenatus Olho de Boi C D T
RHINOBATIDAE Rhinibatus sp. Raia Viola C B RC
SCARIDAE Sparisoma axillare Budião batata E, C D T, AR
SCIAENIDAE Cynoscion acoupa Pescada Ticupá C D T
SCIAENIDAE Cynoscion leiarchus Pescada branca E D L
SCIAENIDAE Bairdiella ronchus Cangauá C D T
SCIAENIDAE Larimus breviceps Boca Mole C D T
SCIAENIDAE Menticirrhus americanus Pomba de mulata, judeu
E D T, L
SCIAENIDAE Ophioscion punctatissimus
Corvina C D T
368
SCIAENIDAE Micropogonias furnieri Cururuca C D T
SCIAENIDAE Paralonchurus brasiliensis
Pescada amarela C D T
SCIAENIDAE Isopisthus parvipinnis Pescadinha C D T
SCIAENIDAE Nerophis microps Pescada Sete Buchos C D T
SCIAENIDAE Stellifer rastrifer Cabeça Dura C D T
SCOMBRIDAE Scomberomorus brasiliensis
Serra PC P L
SCOMBRIDAE Scomberomorus cavalla Cavala PC P L
SCOMBRIDAE Acanthocybium solandri Cavala ipinge PO P L
SCOMBRIDAE Euthynnus alletteratus Bonito PC P L
SCOMBRIDAE Thunnus albacares Albacora, avalcora PO P L
SERRANIDAE Epinephelus niveatus garoupa DC D L
SERRANIDAE Epinephelus fulva piraúna DC D L
SERRANIDAE Epinephelus adscensionis Gato E D T
SERRANIDAE Epinephelus itajara Mero E D T
SPARIDAE Archosargus rhomboidalis Salema E,C D T, L
SPHYRAENIDAE Sphyraena barracuda Bicuda E,C P T, A
SPHYRAENIDAE Sphyraena guachancho Bicuda guarana E,C P T
SPHIRNIDAE Sphirna sp. Cação Martelo C,O D,P L
STROMATIDAE Peprilus paru Peito de Moça C D T
SYNGNATHIDAE Hippocampus reidi Cavalo-marinho E B T, A
SYNODONTIDAE Synodus intermedius Traíra do rio E B L
TETRAODONTIDAE Lagocephalus laevigatus Baiacú garajuba E,C D A
TETRAODONTIDAE Chilomycterus antillarum Baiacú de Espinho C D T
TETRAODONTIDAE Sphoeroides testudineus Baiacú E,C D A
369
TRIAKIDAE Mustelus canis Cação Boca Vermelha C D L
TRICHIURIDAE Trichiurus lepturus Espada C P T
TRIGLIDAE Prionotus punctatus Voador do rio E D A
CRUSTACEOS
PORTUNIDAE Callinectes sp. Siri-azul E B CM, T
PORTUNIDAE Callinectes danae Siri lodo E B CM, T
OCYPODIDAE Ucides cordatus Caranguejo uçá E B CM
PALINURIDAE Panulirus argus Lagosta vermelha C B M
MOLUSCOS
VENERIDAE Anomalocardia brasiliana Búzio E B CM
LUCINIDAE Lucina pectinata Búzio grande E B CM
MYTILIDAE Mytella guyanensis Sururu E B CM
370
APÊNDICE H – Foto-índices dos impactos ambientais na RDSEPT.
Fonte: Elaborado pela equipe técnica do plano de manejo, 2016.
373
APÊNDICE I – Fotos de aves.
Chroicocephalus cirrocephalus na planície de maré.
Egretta caerulea na planície de maré com manguezal.
374
Pluvialis squatarola e Arenaria interpres na planície de maré.
Haematopus palliatus na planície de maré.
375
Numenius phaeopus na planície de maré.
Chroicocephalus cirrocephalus seguindo embarcações na planície de maré.
377
Calidris pusilla na planície de maré.
Pluvialis squatarola com plumagem intermediaria pós nupcial na planície de maré.
378
Gelochelidon nilotica com plumagem de descanso reprodutivo na planície de maré.
Charadrius semipalmatus se alimentando na planície de maré.
389
Calidris pusilla e Charadrius semipalmatus se alimentando na planície de maré.
Charadius wilsonia na restinga.
392
Bandos mistos com predomínio de Arenaria interpres e Pluvialis squatarola na planície de maré.
Bandos mistos com predomínio de Arenaria interpres e Pluvialis squatarola na planície de maré.