ELEONORA JORGE RICARDO EDITORA ATLAS - 2013
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A intensa disseminação das tecnologias digitais na educação vem se dando
por força do computador e da internet no modelo da web 1.0; no entanto, já se
observa o avanço da chamada internet 2.0.
Recursos: wikis, blogs, twiters, soluções que admitem tanto a escrita
individual quanto a colaborativa, enriquecida com a presença de imagens,
vídeos, links e acesso remoto.
Segundo Tapscot (2010) há uma geração que
apresenta enorme facilidade em lidar com as mídias
digitais: é a geração internet ou geração y: criadores de
conteúdos que são compartilhados e encaminhados não
mais do computador, mas de seus iPods e celulares.
O uso de tanta tecnologia, interligando as pessoas e
promovendo mudanças comportamentais, está impactando
os modos de comunicar, criar, socializar e as próprias
estruturas de poder. Estamos vivenciando a Cibercultura.
Para Lévy (1999, p.17), a Cibercultura é definida como “o conjunto de
técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de
pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o
crescimento do ciberespaço”. Isso significa que este espaço tem seus
próprios códigos de conduta, com seus usos e costumes.
Pierre Lévy
Contribuições da Cibercultura para a EAD:
Uma nova ótica sobre as relações entre docentes e discentes,
bem como na própria produção do conhecimento.
Possibilidade de democratização da educação, uma vez que
as tecnologias, com suas interfaces interativas, potencializam
a participação conjunta de alunos e professores na
construção de conteúdos de aprendizagem. É, também, neste
universo que se destaca a questão da autoria.
.
Embora merecedora de atenção, a autoria é timidamente estudada na
Educação em geral, e particularmente, quando se trata de interfaces da
web 2.0 como elementos facilitadores para a EAD e seus atores.
A autoria é restrita a poucos professores. Os professores que são
autores de seus conteúdos didáticos produzem para editoras ou, por
encomenda, para instituições de ensino e empresas.
Luta por uma prática pedagógica original e criativa na atividade do
profissional da Educação.
A autoria, enquanto processo de criação, precisa ser uma forma
de libertação de modelos educacionais disciplinares, transgredindo a
ordem que aniquila a criatividade de alunos e professores. É nesta
direção que a EAD deve se apropriar criticamente das tecnologias de
informação e comunicação e, mais especificamente, da web 2.0.
De acordo com Castaño e Patiño (2010, p. 2), “qualquer programa
de formação e atualização de professores universitários precisa incluir a
escrita na prática docente como fator para o desenvolvimento do
pensamento” .
No campo da EAD percebe-se uma situação mais difícil, pois a
preparação de professores autores não se dá na formação inicial e nem
na continuada, direcionada especificamente para esta modalidade.
Esta pesquisa se propôs a investigar como se dá a
preparação/capacitação de professores para a autoria/produção de
textos didáticos para EAD no contexto da Cibercultura, tendo como
foco experiências realizadas na Espanha, em Portugal e no Brasil.
• explicitar como se dá a formação de autores, fora do campo da
Educação, destinada à produção de textos, tendo como referência a
experiência da Escola de Escritores ( Espanha/Madri);
• estabelecer contrapontos entre as diferentes experiências analisadas,
extraindo subsídios capazes de corporificar uma proposta para a
formação / capacitação de professores autores de textos didáticos para
EAD, tendo como “pano de fundo” a possibilidade de utilização das
tecnologias digitais na graduação.
• discutir a experiência brasileira dirigida à formação / capacitação de
professores para a autoria de textos didáticos para EAD, desenvolvida
tanto pelo Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (e-TEC Brasil), que
envolve a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), quanto o CEDERJ;
• analisar as formações / capacitações de professores para o processo
autoral de materiais didáticos para EAD, concretizadas no âmbito da
Universidade de Educação a Distância da Espanha (UNED) e da
Universidade Aberta de Portugal (UAb);
Objetivos Específicos
Procedimentos Metodológicos
Submissão ao Conselho de Ética - Conduta ética do pesquisador - Creswell (2007) Paradigma: o Construtivismo Social - interpretação do comportamento social, seus elementos e valores (ALVES-MAZZOTTI, 2000). Tratamento qualitativo dos dados (ALVES-MAZZOTTI, 2000; CORBIN; STRAUSS, 2008; CHIZZOTTI, 2003).
Da pesquisa quantitativa, nos beneficiamos do uso de dados numéricos
(GÜNTH , 2006, p. 207). Principais instrumentos de coleta de dados: - questionário - questões abertas e fechadas Ciribelli (2003). - entrevista semi-estruturada (BODGAN; BIKLEN, 1994) Conversa intencional (RIZZINI et al 1999). Tratamento dos dados qualitativos: Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011).
Triangulação dos resultados (ALVES-MAZZOTTI, 2000).
Total de professores que responderam aos questionários: 40
Instituições envolvidas: IFET/e-TEC - CEDERJ – UNED - UAb
Entrevistas realizadas com membros: UFMT e UFSC ( e-TEC) - CEDERJ – UNED - UAb e Escola de escritores .
Instituições públicas ( maioria) e apenas uma particular.
Países visitados: Espanha e Portugal
O livro : do manuscrito ao digital
O livro como um dos suportes para o registro de idéias da humanidade, material para a autoria (BERGUELMAN, 2003). Com o domínio das letras e de suportes materiais como o livro, o homem pôde registrar e propagar seus feitos, suas ideias e sua história. Livro manuscrito - em torno do século XIII – Livro impresso - século XV - Industrialização do livro – XVIII e XIX .
Século VI - produção e o registro do conhecimento nos monastérios.
A Bíblia foi o primeiro livro produzido em pergaminho e em série, durante o império romano de Constantino. Preocupação com a produção do livro . Vulgata Latina
São Jerônimo A técnica de produção do livro.
Apenas no século XVIII foi possível a produção industrial do livro impresso já no novo formato.
O livro digital - e-book O autor da era digital tem novos desafios, criar uma nova relação com a escrita, o texto e o leitor. Materialidade – papiro, pergaminho, o códex . Imaterialidade – digital - descorporificação do texto . Novas possibilidades para o autor e o leitor
O saber docente é um saber socialmente construído, que depende do reconhecimento social, das estruturas de
validação.
Saber do professor = identidade .
Freire ( 1997) - Professora sim, tia não . Profissionalização do professor .
Formação inicial e continuada de professores autores para EAD em tempos de Cibercultura
e-TEC Brasil foi criado em 2007 pelo Decreto no. 6.301 de 13/12/07- cursos técnicos de nível médio a distância . Centros Federais de Educação Tecnológica – Atualmente os IFETs (AYROZA, 2012). As metas para 2012 incluíram 104.933 vagas. Capacitação para produção de materiais didáticos no formato impresso.
O Consórcio de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ) foi um dos modelos de EAD que antecedeu à criação do e-TEC Brasil. Criado em 2.000 . Em 2012 havia 21.000 alunos ativos e a oferta de mais 10.000 vagas. Ênfase material didático impresso.
A Universidade Nacional de Educação a Distância (UNED) é a maior universidade da Espanha. Conta atualmente com mais de 250 mil alunos. Criada pelo Decreto 2.310/72, dotada de patrimônio e estatuto próprio. Ênfase no material didático impresso.
Universidade Aberta ( UAb) - Decreto-Lei 444/88 criou a Universidade Aberta (COSTA, 2007). Centros de Apoio a partir de instituições já existentes. modelo pedagógico é centrado no e-learning
Cenários dos campos de pesquisa
Escola de Escritores - inicio ano de 2000. Madri . Mestrado em Narrativas.
Coordenadores de Capacitação dos Professores – e-TEC Brasil, CEDERJ, UNED e professora renomada da UAb .
Pontos abordados: modelo de produção e de autoria dos textos didáticos; nas capacitações e contribuições da web 2.0.
Sìntese - Sistema de produção baseado no design instrucional.
Concentração da produção nas mãos da instituição.
CEDERJ – Projeto Piloto para web 2.0
Capacitação – e-TEC – Capacitação de curta duração
CEDERJ – Não há modelo estruturado.
UAb para o modelo pedagógico virtual.
UNED – Capacitação recente – EEES.
Quanto à tecnologia da web 2.0, ainda está sendo incorporada pelas
instituições. Uso do livro didático ( impresso ou digital).
Entrevistas
Com relação aos contrapontos entre as experiências analisadas, tendo como “pano de fundo” a possibilidade de utilização das tecnologias digitais na graduação
Os professores-autores necessitam dominar as tecnologias digitais e as linguagens da web 2.0.
Em comum, considerando as quatro instituições e o universo dos quarenta respondentes, podemos concluir que o fenômenos da Cibercultura ainda é pouco discutido por estes professores, o que nos remete a indicar a necessidade de estudos teóricos e de vivências educacionais que envolvam o a apropriação das tecnologias digitais.
A expressão professor-conteudista é contestada pelos sujeitos da pesquisa na medida em que marca o desprestigio do trabalho do professor, revelando o menosprezo à atividade docente criativa.
Investimentos em capacitação são tímidas.
O termo professor-conteudista - desvalorização docente.
Os professores-autores precisam ter a capacidade de aliar as novas linguagens, as novas formas discursivas, os novos suportes materiais e as práticas educacionais virtuais a esta mediação.