Top Banner
Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina
43

Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Mar 16, 2020

Download

Documents

dariahiddleston
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Aprendendo com casos clínicos:Toxoplasmose adquirida

Dra. Jaqueline Dario CapobiangoUniversidade Estadual de Londrina

Page 2: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.
Page 3: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Albert Sabin (1941) – relato de criança: RH, 6 anos, de Cincinnati/OH. Menino assintomático, TCE no baseball, internado por cefaleia e convulsão, encontrado adenomegalias e esplenomegalia. Foi a óbito pelo quadro neurológico. Inoculado tecido cerebral em rato (suspeita de poliovírus) e isolado T. gondii. Em 1942, Sabin publica a eficácia da sulfonamida em murinos. Em 1948 Sabin e Feldman desenvolveram o primeiro teste sorológico.

A toxoplasmose tem ampla distribuição e taxa global de infecção humana de ∼30%

Page 4: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Jataizinho:• 2007• 6 – 10 anos

idade• IFA• n = 276• 46,4%

Transmissão: Adquirida - Ingestão de oocistos (água,

verduras, areia...) ou cistos (carne) Transplacentária

Page 5: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Toxoplasmose adquirida

Assintomática – 85 a 90% (surtos = 50% sintomáticos)

Sintomas leves – fadiga e discreta adenomegalia cervical posterior, febre baixa ou inexistente

Linfonodomegalia – cervical, submandibular, occipital, supraclavicular, axilar e inguinal

Ocular – uveíte, coriorretinite

Feigin and Cherry, 2018.J. pediatr. (Rio J.). 1999; 75 (Supl.1): S63-S67.

Formas clínicas Mononucleose-símile – febre, adenomegalia

cervical e em outras cadeias, febre, prostração, mialgia, sinais inflamatórios em orofaringe, exantema maculopapular, aumento de fígado e baço. Presença de linfócitos atípicos e elevação de enzimas hepáticas.

Outras – Miosite, Miocardite, Pneumonite, Hepatite, Encefalite (febre, alteração sensório, convulsão, sinais focais)

Page 6: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Pré-escolar, com 5 anos, sexo masculino.Mãe refere que notou ínguas no pescoço há 4 meses, sem outras queixas. Foi na UBS, médico orientou acompanhamento.Como não houve melhora, retornou na UBS solicitando exames de sangue e USG.Com os resultados foi encaminhado para a infectologia.Ao exame: corado, gânglios de tamanho normais em todas as cadeias, sem hepatomegalia ou esplenomegalia

Caso clínico 1

Page 7: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Exames:USG anterior: gânglios aumentados, com 1,5 a 2 cm de diâmetro, em cadeias cervical posterior e anterior bilateralmente.Hemograma = normal VHS = 35Sorologias:Toxoplamose IgG = 650 IgM = 3,2CMV IgG = 25 IgM = negativoEBV IgG = 96 IgM = 1,0 (VR < 1,0)

Repetido sorologias e encaminhado para oftalmologista.

Caso clínico 1

Page 8: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Foi no oftalmologista = exame de FO normal

Exames:Toxoplasmose: IgG = 830 IgM = 2,1EBV: IgG = 68 IgM = 0,4 (negativo)

Conduta = alta com orientações

Caso clínico 1

Page 9: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Escolar de 10 anos, encaminhado pela oftalmologia com diagnóstico de toxoplasmose ocular.Referia há 2 meses dificuldade para enxergar com olho direito. Nega febre e outros sintomas associados.Pré-natal sem intercorrências, com sorologias normais (SIC).Exame físico normal.Em uso de sulfametoxazol-trimetoprima e prednisona

Caso clínico 2

Page 10: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Solicitado exames:Hb=13 Leucócitos: 7.200 (seg 60% Linf 36% Mon 4% ) Plaquetas = 340.000Sorologia HIV = negativoToxoplasmose: IgG = 128 IgM = negativo

Trocado tratamento para sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico, mantido prednisona.Solicitado novo hemograma para 7 dias.

Caso clínico 2

Page 11: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Paciente evolui bem, retornou no oftalmologista em 15 dias com melhora da lesão e dos sintomas. Oftalmologista reduziu progressivamente a dose da prednisona.Retornou com seguinte hemograma:Hb = 12 Leucócitos = 2.000 (seg 34% - 748 células; Linf 60% Eo 4% Mon 2%) Plaq = 143.000

Aumentado a dose do ácido folínico, com novo hemograma em 7 dias

Caso clínico 2

Page 12: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Hemograma:Hb = 12,5 Leucócitos = 4.200 (seg 27% - 1.134 células; Linf 64 % Eo 3 % Mon 6 %) Plaq = 210.000.

Mantido tratamento, com 5 semanas de medicações o oftalmologista suspendeu o tratamento.

Caso clínico 2

Page 13: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Quadro clínico:

Visão borrada, escotomas, dor, fotofobia. Com melhora do processo inflamatório há melhora da visão. Freqüentemente sem completa recuperação da acuidade

visual. Pode inflamação grave e necrose: sequelas. Recidivas: comuns.

Feigin and Cherry, 2018.J. pediatr. (Rio J.). 1999; 75 (Supl.1): S63-S67.

Toxoplasmose ocular

Page 14: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

VitreíteDiagnóstico laboratorial Aguda: IgM reagente IgG anti- T. gondii não confirma a etiologia IgG anti- T. gondii negativa geralmente

descarta a possibilidade IgG anti- T. gondii pode persistir com altos

títulos por anos após a infecção aguda PCR de líquido vítreo e/ou sangue

Page 15: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Lesões satélites em estágios distintos (uma lesão ativa próxima de uma já cicatrizada).

Predileção pelo envolvimento macular e papilar.

PapiliteCoriorretinite

Park and Nam, 2013.

Page 16: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Não é possível distinguir se as lesões maculares são congênitas ou adquiridas.

A toxoplasmose ocular é mais grave nos extremos de idade. Congênita - estágio inicial do desenvolvimento da retina, que favorece oenvolvimento macular (antes de completar vascularização da retina periférica). Crianças pequenas – imaturidade imune, que pode levar a maior carga parasitária. Atividades específicas da idade levam à ingestão de mais parasitas com maior carga parasitária na retina.

Page 17: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Idoso- envelhecimento está associado a alterações na imunidade adaptativa e inata, que aumenta a prevalência e gravidade de muitas infecções. Pacientes idosos (> 50 anos) têm maior risco de desenvolver lesões oculares após uma infecção recentemente adquirida por T. gondii.

O tratamento deve ser ajustado com base na idade do paciente?

Page 18: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

RESULTADOS: 255 pacientes, mediana de acompanhamento = 13,7 meses. 30 pacientes (9,9%) tiveram apenas inflamação intra-ocular (sem retinocoroidite) = células da

câmara anterior e flare, reações inflamatórias vítreas, clareamento da retina. Tratamento inicial foi associado com menor envolvimento ocular posterior (p = 0,015). Infecção aguda em > 40 anos = risco 4,47 vezes maior retinocoroidite necrosante (p = 0,003). Incidência de retinocoroidite necrosante = 6,4 / 100 pacientes-ano. Incidência de retinocoroidite necrosante recorrente = 10,5 / 100 pacientes-ano.

CONCLUSÃO: Tratamento antitoxoplasmático pode proteger contra

envolvimento ocular

Page 19: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Incidência de doença ocular = 1% a 2% dos infectados EUA e Europa Erechim/RS (Brasil) = doença ocular em 20% das pessoas infectadas A maioria das doenças oculares é o resultado de infecções pós-natais O desenvolvimento e a severidade da doença oftálmica dependem do genótipo do

parasita = Brasil com cepas mais virulentas As lesões retinais podem ocorrer nos primeiros meses ou anos após as infecções

adquiridas (semelhante a congênita) Parasitas circulantes no sangue de pessoas cronicamente infectadas = podem causar

doença retiniana

Page 20: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Pacientes assintomáticos = níveis elevados de IL-12 e IFN-γ, Pacientes com lesões oculares = níveis elevados de IL-1 e TNF-α. Cepas sul-americanas = causam toxoplasmose ocular mais severa e com menor nível de

IFN-γ e IL-17 no humor aquoso. Profilaxia secundária com SMX – TMP a longo prazo reduz significativamente o risco de

toxoplasmose ocular recorrente. Sulfametoxazol (800 mg)/ trimetoprim (160 mg) – 1 cp três 3 X/ semana, reduziu a taxa de recorrência da retinocoroidite de 23,8 para 6,6%

Page 21: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Complicações oculares mais frequência em crianças = neovascularização da coroide, catarata, glaucoma, atrofia do nervo óptico,

descolamento da retina, sinequias.

Pacientes imunossuprimidos costumamapresentar doença bilateral

ou multifocal mais agressiva.

Page 22: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Opções de tratamento:1) pirimetamina, sulfadiazina e corticosteróides;2) clindamicina, pirimetamina e corticosteróides; 3) cotrimoxazole (trimetoprim e sulfametoxazol) e corticosteróides,Não mostrou diferença na resolução da atividade inflamatória.

Injeção intravítrea de clindamicina = pacientes que têm contra-indicação de terapia sistêmica.

Efeitos colaterais:Pirimetamina - trombocitopenia e leucopenia, apesar do ácido folínico associado.

Page 23: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Conclusões dos autores:Antibióticos provavelmente reduzem o risco de retinocoroidite recorrente,mas atualmente não há evidências que isso leva a melhores resultados visuais.No entanto, a ausência de evidência de efeito não é o mesmo que a evidência de nenhum efeito. Mais estudos são necessários.

Resultados principais: Quatro ensaios clínicos randomizados. n = 268 participantes. Nos quatro estudos, o antibiótico foi administrado por via oral.

Page 24: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Resultados principais: Não identificamos nenhum estudo completo ou em andamento que fosse elegível para essa revisão da Cochrane.

Conclusões dos autores: Embora a pesquisa tenha identificado uma ampla variação na prática com relação ao uso de corticosteroides, nossa revisão não identificou nenhuma evidência de ensaios clínicos randomizados a favor ou contra o papel dos corticosteroides no manejo da toxoplasmose ocular. Várias questões permanecem sem resposta por falta de estudos randomizados bem conduzidos,incluindo se o uso de corticosteróides como agente adjunto é mais eficaz do que o uso de terapiaantiparasitária isolada; se assim for, quando os corticosteróides devem ser iniciados no tratamento (precoce versus final) e qual seria a melhor dose e duração do uso de esteróides.

Page 25: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Lactente de 11 meses, proveniente de Rondônia, com febre há 15 dias (até 39,5º C e várias vezes ao dia) e diminuição do apetite.Ao exame: palidez cutânea, pouco hipoativo, FR = 40, FC = 120, ausculta cardiopulmonar normal, gânglios de 1,5 a 2 cm de diâmetro em cadeias cervicais e axilares. Fígado palpável a 4 cm do rebordo costal direito e baço palpável a 4 cm do rebordo costal esquerdo.Antecedentes/Epidemiologia:Nega intercorrências no pré-natal e no período neonatal.DNPM normal, hábitos fisiológicos normais, aleitamento materno até os 7 meses. Nega animais em casa, nega viagens, nega banho em rios e lagoas.Como tem familiares em Londrina, veio para Londrina e trouxe os exames:

Caso clínico 3

Page 26: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Caso clínico 3Hb=10,2 Leucócitos= 15.800 (Seg 60% Linf 30% Mon 5% Eos 5%) Plaquetas = 230.000ALT = 50 AST = 69 PCR = 74 (VR < 6,0) CKMB = 45 (<15)Pesquisa de Plasmodium em gota espessa = negativo

Sorologias: HIV = negativoCMV: IgG = 94 IgM = negEBV: IgG = negativo IgM = negativoChagas: IgG = negativo IgM = negativoToxoplasmose: IgG = 1.280 IgM = 4,6 (repetida a coleta e confirmado)

Page 27: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

RX Tórax = discreta cardiomegalia

Ecocardiograma = normal

Exame de FO = normal

Conduta: Iniciado tratamento com sulfadiazina, pirimetaminae ácido folínico. Após 4 dias paciente estava afebril, com melhora clínica. Completado 30 dias de tratamento.

Caso clínico 3

Page 28: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.
Page 29: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.
Page 30: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Caso clínico 4

Menina de 2 anos com diagnóstico de Aids desde Agosto /99; em uso de AZT + DDI, com CD4 = 292.Há 15 dias com febre e diarreia. Há 2 dias episódio súbito de hemiparesia à esquerda, poupando face.Ao exame: Sonolenta, placas esbranquiçadas em cavidade oral, taquicárdica, taquipneica, Sat O2 = 89%. BRNF s/s Pulmões: estertores finos difusos, raros sibilos. Fígado palpável a 7 cm do rebordo costal eBaço a 5 cm do rebordo costal.RX Tórax = cardiomegalia, infiltrado interstício alveolar difuso.

Page 31: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Caso clínico 4Conduta: Sulfametoxazol-trimetoprima (SMT) + Ceftriaxona Sorologia para Toxoplasmose TC crânioApresentou melhora clínica progressiva, sem melhora do déficit motorExames:Hemocultura = Streptococcus pneumoniaeToxoplasmose IgG = 1/256 IgM = negativoTC de crânio = hipodensidade lacunar temporal á direita (Cisto?)Trocado SMT por Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido folínico

Alta com TARV + terapia para Toxoplasmose

Page 32: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Sorologia: raramente IgG anti- T. gondii negativo.Porém, a sorologia negativa não exclui definitivamente o diagnóstico. IgG e/ou IgM reagente no LCR.Relação de IgG no LCR (ou humor aquoso)/IgG sangue ≥ 8 (IFI) em LCR acidentado.

Tomografia computadorizada (TC) do cérebro: múltiplas lesões, bilaterais, com anel, especialmente nos gânglios da base e na junção corticomedular cerebral.

As calcificações são mais comuns na toxoplasmose congênita.

Ressonância magnética (RM): mais sensível para confirmar as lesões dos gânglios da base.

PCR: amostras de LCR, sangue e tecido cerebral.

Histopatologia.

DiagnósticoNeurotoxoplasmose

Feigin and Cherry, 2018Mandel et al, 2010

Veronesi, 2007

Page 33: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

5 anos Lindonodomegalia cervicalParalisia facial FO = normal TC crânio = normal Sorologia: Toxo IgM reagentePCR sangue +Melhora com tratamento

Page 34: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Paralisia de par craniano

Page 35: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Os pacientes com infecção latente ou crônica não são tratados = os medicamentos para o tratamento agem somente nos taquizoítas.

Forma ganglionar = habitualmente não são tratados, a menos que apresentem, comprometimento visceral concomitante ou o quadro de linfadenite apresente-segrave e persistente.

Coriorretinite em atividade = tratamento sempre está indicado.

Imunodeprimidos = HIV, transplantados, imunossupressores...

Gestantes = prevenção da transmissão vertical e tratamento fetal. Congênita Feigin and Cherry, 2018.

Veronesi, 2007.J. pediatr. (Rio J.). 1999; 75 (Supl.1): S63-S67.

Toxoplasmose adquirida Tratamento

Page 36: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Feigin and Cherry, 2018.Veronesi, 2007.

J. pediatr. (Rio J.). 1999; 75 (Supl.1): S63-S67.

Toxoplasmose adquirida Tratamento

Duração do tratamento Imunocompetente: mínimo 2 semanas após a melhora Imunodeprimido: mínimo 4 semanas após a resolução dos sintomas, se recaída retratar HIV = no mínimo 6 meses de reconstituição imune (> 15% CD4)

Corticosteróides Forma ocular (com comprometimento de mácula ou nervo óptico), cardíaca e neurológica Objetivo: diminuir os fenômenos inflamatórios.Dose: 1 mg/kg/dia de 12/12 h (máx 75 mg de prednisona)

Ocular: até repigmentar a retina e sem novas lesões, quando então começa a redução lenta da dose

Page 37: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Toxoplasmose adquirida

Page 38: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Toxoplasmose adquirida e HIVProfilaxia secundaria

Esta indicada na encefalite por toxoplasma previa.Primeira escolha:Sulfadiazina 85-120mg/kg/dia, de 12 em 12 horas + pirimetamina1mg/kg/dia (máximo de 25mg) + acido folínico 5mg/dia, a cada três dias.

Alternativas:› Clindamicina 20-30mg/kg/ dia, quatro doses + pirimetamina1mg/kg/dia (máximo de 25mg) + acido folinico 5mg/dia, a cada três dias.› Atovaquona:» Crianças com um a três meses e acima de 24 meses: 30mg/kg, VO, uma vez ao dia;» Crianças de quatro a 24 meses: 45mg/kg, VO, uma vez por dia +pirimetamina 1mg/kg/dia (máximo de 25mg), associado ao acidofolinico 5mg/dia, a cada três dias.

Os critérios de suspensão serão avaliados caso a caso de acordo com as condições clinicas, supressão viral e contagem de LT-CD4+ (deve estar ≥ 15% por no minimo seis meses).

Prevenção de Recorrência: Apenas a combinação de pirimetamina+ sulfadiazina fornece proteção contra PCP também (AII).

Dados limitados suportam o uso de TMP-SMX para profilaxia secundária (CII)

Tratamento (até 6 sem após melhora):Sulfadiazina (75 - 100 mg/kg/dia 6/6 h) + pirimetamina (2 mg/kg/dia 3 dias,após 1 mg/kg/dia)+ ácido folínico (10 a 25 mg/dia) (AI)

Page 39: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Menino 11 anos: Deterioração aguda da DOCIgM + T. gondii

Menino de 14 anos:DOC logo após infecçãoIgM + T. gondii

Page 40: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

O cérebro e o olho estão entre os órgãos mais comumente

infectados na toxoplasmose humana.

Page 41: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Toxoplasmose adquirida

Aumento significativo de anticorpos IgG e / ou IgM para T. gondii em indivíduos com esquizofrenia em relação aos controles (3 metanálises relataram OR de 2,71, 1,81 e 1,68).

A esquizofrenia foi significativamente mais provável, quando na infância viveu em uma casa com gatos, aumentando assim a exposição à infecção por T. gondii.

A exposição ao T. gondii também foi associada a outras condições psiquiátricas: transtorno de ansiedade generalizada, tendências suicidas, declínio cognitivo em idosos.

Page 42: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Teoria do excesso de dopamina: Células da retina têm receptores de dopamina que podem ser ativados pelo T. gondii . Isso pode resultar em níveis aumentados de dopamina. O excesso de dopamina pode produzir uma percepção de cor hiperintensa e “maior sensibilidade ao contraste”.

Infecções oculares por T. gondii podem explicar algumas das distorções perceptivas experimentadas na esquizofrenia.

Culturas de células: cepas de T. gondii podem afetar a expressão de neurotransmissores (GABA, glutamato, serotonina e norepinefrina).

Toxoplasmose adquirida

Page 43: Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida · Aprendendo com casos clínicos: Toxoplasmose adquirida Dra. Jaqueline Dario Capobiango Universidade Estadual de Londrina.

Toxoplasmose adquirida

Ainda temos muito a aprender....