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Apostila DRS

Mar 02, 2018

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    Sumrio

    1. Histrico Evolutivo RSA ......................................................................................................... 31.1 Atividades Humanas e Impactos Socioambientais ............................................................. 3

    1.2 Sustentabilidade caminhos para a construo de um conceito ....................................... 5

    1.3 A dcada de 80: definindo o desenvolvimento sustentvel ................................................ 7

    1.4 Os anos 90: Rio 92 e Agenda 21 ........................................................................................ 9

    1.5 Incio do sculo XXI: Rio+10 e Rio+20..............................................................................12

    1.6 A mudana necessria ...................................................................................................... 14

    1.7 E o que aconteceria hoje em dia? ..................................................................................... 15

    2. A Sustentabilidade no Mundo dos Negcios ..................................................................... 162.1. Breve Histrico ................................................................................................................. 16

    2.2. Empresas e Ecoeficincia ................................................................................................ 20

    2.3. RSA Empresarial no Brasil ............................................................................................... 21

    2.4. Indicadores Ethos ............................................................................................................. 22

    2.5. RSA e Setor Financeiro .................................................................................................... 23

    2.5.1. Introduo .............................................................................................................. 24

    2.5.2. Mudanas Climticas e Protocolo de Kyoto .......................................................... 26

    2.5.3. Novos Desafios e Tendncias ............................................................................... 27

    2.5.4. Negcios na Base da Pirmide .............................................................................. 28

    3. RSA no BB ............................................................................................................................. 29

    3.1. Conceito e Carta de Princpios RSA do BB ..................................................................... 29

    3.2. Principais Compromissos Pblicos do BB com a Sustentabilidade. ............................... 31

    3.3. Agenda 21 do BB Plano de Ao em RSA. .................................................................. 41

    3.3.1. Agenda 21 - Eixo Negcios com Foco no Desenvolvimento Sustentvel ............. 43

    3.3.2. Agenda 21 - Eixo Prticas Administrativas e Negociais em RSA .......................... 54

    3.3.3. Agenda 21 Eixo Investimento Social Privado ..................................................... 63

    3.4. Programa gua Brasil. ..................................................................................................... 79

    3.5. Gesto da RSA no BB. ..................................................................................................... 83

    3.5.1. Instrumentos e Mecanismos de Gesto................................................................. 83

    3.5.2. Relato e Prestao de Contas ............................................................................... 87

    4.Referncias Bibliogrficas .................................................................................................... 93

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    1. HISTRICO EVOLUTIVO DE RSA

    Para conceituarmos responsabilidade socioambiental a resposta empresarial para a

    sustentabilidade dos negcios, do planeta, dos pases e das comunidades locais ,percorreremos alguns fatos histricos que nos ajudaro a compreender o mundo em

    que vivemos hoje.

    1.1 ATIVIDADES HUMANAS E IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS

    Desde o tempo das cavernas, a humanidade, para sobreviver, precisou transformar a

    natureza. No incio, praticava uma economia de subsistncia, explorando o seu

    territrio para satisfazer as suas necessidades bsicas: colhia os frutos das rvores,

    pescava os peixes dos rios e caava os animais da floresta.

    Em 8.000 a.C., inventou a agricultura e comeou a criar animais. A partir dessas

    tarefas sentiu a necessidade de se fixar num determinado lugar, geralmente s

    margens de rios e lagos. Abandonou as cavernas e passou a construir sua prpria

    moradia. Surgiram as primeiras comunidades organizadas: as aldeias.

    Nessa fase, a humanidade comeou a influenciar o equilbrio dos ecossistemas1.

    A descoberta do plantio como nova fonte de alimento desencadeou um crescimento

    populacional que ocasionou a conquista de novas reas de floresta para o cultivo.

    Quando a produo de alimentos foi maior do que as necessidades das antigas

    aldeias, surgiu o comrcio. Supe-se que nesse momento apareceram tambm as

    noes de propriedade e de produto excedente.

    As aldeias transformaram-se em cidades e a riqueza originada do trabalho sobre a

    terra incentivou o aparecimento do trabalho artesanal. O comrcio se intensificou,

    dada a existncia de excedentes na agricultura, na criao de animais, no artesanato,

    e passou a operar mediado pela moeda.

    1Ecossistema:conjunto de relacionamentos entre um determinado ambiente e os organismosque nele habitam (fauna, flora, microorganismos, minerais, etc.). Na abordagem holstica, outro

    componente do ecossistema a cultura humana.

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    E se anteriormente a produo girava em torno do consumo do dia-a-dia das famlias,agora atendia queles que tinham dinheiro para comprar o excedente de quemproduzia.

    No decorrer do sculo XV, surgem os estados nacionais e o que antes era pensado

    em nvel local, passa a ser considerado em um patamar mais complexo.O rei deixa de ser uma figura emblemtica e passa a governar com o suportefinanceiro da burguesia nascente.

    Manter uma nao exige mais recursos e esse ser um dos fatores que impulsionar

    pases como Portugal e Espanha a buscar novas rotas para expanso comercial.

    Nesse movimento, terminam por estabelecer colnias em reas que hoje formam os

    pases da Amrica do Sul.

    Esse processo de colonizao estabelecido pelos pases europeus teve um carter deexplorao das reservas naturais e ocasionou a extino de diversas civilizaes

    nativas. As matrias-primas extradas das colnias eram transformadas em capital,

    mas no em capital localmente aproveitado.

    Depois de alguns sculos em que a colonizao dos novos mundos descobertos gerou

    riquezas substanciais para as metrpoles europias e com o emprego da Cincia

    produo, chegamos Revoluo Industrial.

    Na segunda metade do sculo XVIII, um conjunto de grandes transformaes ocorreuno modo de produo ingls, que at ento era apenas artesanal e manufatureiro. O

    ritmo das mudanas foi vertiginoso, afetou todo o mundo, esse tornou conhecido como

    a primeira Revoluo Industrial, que pode ser caracterizada pela substituio:

    das ferramentas pelas mquinas;

    da energia humana pela energia motriz inicialmente o vapor;

    do modo de produo domstico pela produo em fbricas.

    A produo nas fbricas alterou a relao da humanidade com o produto do seu

    trabalho, intensificou a explorao dos bens naturais e ocasionou o aumento da

    populao em grandes centros industriais.

    No final do sculo XIX, a utilizao da energia eltrica e do motor a combusto

    proporcionou a segunda Revoluo Industrial do mundo, o que gerou aumento de

    produtividade seguido de impactos sociais e ambientais, sem considerar alteraes no

    equilbrio do ecossistema planetrio.

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    O sculo XX intensificou o modelo de desenvolvimento criado a partir da Revoluo

    Industrial. Surgiu uma nova lgica, via diferenciao de produtos para atender a um

    mercado de consumo cada vez maior e mais exigente.

    Uma caracterstica marcante do novo modo de produo a diminuio da vida tildos bens que, com a rapidez do surgimento de novas tecnologias, tornam -se

    rapidamente obsoletos. Conseqentemente, verifica-se um aumento expressivo da

    produo de resduos2, sem o tratamento adequado para reabsoro pela natureza.

    Chegamos ao incio do sculo XXI com o seguinte cenrio:

    avano econmico expressivo; concentrao de riquezas nas mos de poucos; crescimento demogrfico desmedido; destruio do patrimnio ecolgico mundial; mudanas significativas nas relaes de trabalho; estmulo ao consumo inconseqente; diminuio da mortalidade infantil; aumento da expectativa de vida; avanos tecnolgicos; polticas ambientais de preservao do planeta.

    1.2 SUSTENTABILIDADE CAMINHOS PARA A CONSTRUO DE UMCONCEITO

    Ao longo da histria da humanidade, as preocupaes com o processo de

    desenvolvimento e a degradao do meio ambiente sempre estiveram presentes.

    Embora a idia dos recursos naturais serem considerados inesgotveis por grande

    parte dos propulsores do desenvolvimento, vrios pensadores perceberam o conflito

    entre progresso e meio ambiente.

    A dcada de 70 foi marcada pela criao de diversas organizaes internacionais com

    o objetivo de discutir os problemas ambientais em mbito mundial e dos primeiros

    movimentos ambientalistas organizados. Tambm se registrou o comeo da

    preocupao ambiental por parte do sistema poltico, governos e partidos.

    2 Resduo: qualquer material considerado intil e/ou sem valor, gerado pela atividade humana, e que

    precisa ser eliminado. Podem ser: industriais, domsticos, hospitalares, comerciais ou agrcolas. Muitos

    resduos podem ser reutilizados, por meio da reciclagem, desde que adequadamente tratados, gerandofonte de emprego e renda, alm de contribuir contra a poluio ambiental. Outros, porm, no podem serreutilizados de nenhuma forma, como, por exemplo, o lixo hospitalar ou nuclear.

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    Em 1972, o Clube de Roma3 publicou o estudo Os Limites do Crescimento, com a

    seguinte concluso: mantidos os mesmos nveis de industrializao, poluio,

    produo de alimentos e explorao dos recursos naturais vigentes na poca, o limite

    de desenvolvimento do planeta seria atingido, no mximo, em 100 anos, provocando

    uma repentina diminuio da populao mundial e da capacidade industrial.

    No mesmo ano, representantes de 113 pases se reuniram na Conferncia das

    Naes Unidas sobre o Ambiente Humano ou Conferncia de Estocolmo, na Sucia.

    Esse encontro teve como objetivo definir princpios comuns de preservao e de

    melhoria do meio ambiente humano entre os 113 pases participantes.

    Desse evento resultou a Declarao de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano.

    Seus princpios constituram o primeiro conjunto de soft laws (leis internacionais

    apenas intencionais, sem aplicao obrigatria) para questes ambientais

    internacionais, que inspiraram vrias iniciativas, desde polticas e estratgias

    governamentais at projetos e intervenes de organizaes no governamentais

    (ONG).

    Princpios da Declarao de Estocolmo (1972)

    3 O Clube de Roma foi fundado em 1968. Instigados pelo economista e industrial Aurlio

    Peccei, trinta especialistas de diversas reas reuniram-se para debater a crise e o futuro dahumanidade. O Clube de Roma foi pioneiro no caminho para a conscincia internacional dosgraves problemas mundiais.

    1. Os direitos humanos devem ser defendidos; o apartheid e o colonialismo devem ser

    condenados.2. Os recursos naturais devem ser preservados.3. A capacidade da Terra de produzir recursos renovveis deve ser mantida.4. A fauna e a flora silvestres devem ser preservadas.5. Os recursos no-renovveis devem ser compartilhados, no esgotados.6. A poluio no deve exceder capacidade do meio ambiente de neutraliz-la.7. A poluio danosa aos oceanos deve ser evitada.8. O desenvolvimento necessrio melhoria do meio ambiente.9. Os pases em desenvolvimento requerem ajuda.10. Os pases em desenvolvimento necessitam de preos justos para as suas exportaes,

    para que realizem a gesto do meio ambiente.11. As polticas ambientais no devem comprometer o desenvolvimento.12. Os pases em desenvolvimento necessitam de recursos para desenvolver medidas de

    proteo ambiental.13. necessrio estabelecer um planejamento integrado para o desenvolvimento.14. Um planejamento racional deve resolver conflitos entre meio ambiente e desenvolvimento.15. Assentamentos humanos devem ser planejados de forma a eliminar problemas ambientais.16. Os governos devem planejar suas prprias polticas populacionais de maneira adequada.17. As instituies nacionais devem planejar o desenvolvimento dos recursos naturais dos

    Estados.18. A cincia e a tecnologia devem ser usadas para melhorar o meio ambiente.19. A educao ambiental essencial.20. Deve-se promover pesquisas ambientais, principalmente em pases em desenvolvimento.21. Os Estados podem explorar seus recursos como quiserem, desde que no causem danos a

    outros.22. Os Estados que sofrerem danos dessa forma devem ser indenizados.

    23. Cada pas deve estabelecer suas prprias normas.24. Deve haver cooperao em questes internacionais.25. Organizaes internacionais devem ajudar a melhorar o meio ambiente.26. Armas de destruio em massa devem ser eliminadas.

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    Ainda em 1972, por recomendao da Conferncia de Estocolmo, foi criado o

    Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) para ao e

    coordenao de questes ambientais no mbito das Organizaes das Naes Unidas

    - ONU.

    A misso do PNUMA prover liderana e encorajar parcerias no cuidado com o

    ambiente, inspirando, informando e capacitando naes e povos a aumentar sua

    qualidade de vida sem comprometer a das futuras geraes (ONU, 2007).

    1.3 A DCADA DE 80: DEFININDO O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

    Na dcada de 80, intensificaram-se, ainda mais, os debates sobre as questes sociais

    e ambientais, com nfase nos aspectos sociais.

    Lidar com a pobreza tornou-se um desafio fundamental, uma vez que o crescimento

    populacional nos pases em desenvolvimento no s continuou como, tambm, um

    nmero cada vez maior de pessoas carentes passou a residir em centros urbanos,

    comprometendo a infra-estrutura fsica das cidades.

    Essa dcada tambm presenciou uma srie de desastres ambientais como, por

    exemplo, o vazamento de gases letais na ndia, o desastre nuclear em Chernobyl, o

    derramamento de milhes de litros de petrleo no Alasca. Esses acontecimentos

    alertaram os estudiosos sobre a necessidade de repensar o modo de tratar o planeta e

    seus ecossistemas, ressaltando a irresponsabilidade e a fragilidade humana.

    Em 1982, como a interdependncia entre o meio ambiente e o desenvolvimento se

    tornava cada vez mais bvia, a Assemblia Geral das Naes Unidas adotou a Carta

    Mundial da Natureza, divulgando o princpio segundo o qual cada forma de vida

    nica e deve ser respeitada, independentemente de seu valor para a humanidade.

    Esse documento tambm chamou a ateno para a importncia de compreendermos

    nossa dependncia em relao aos ecossistemas naturais e para a necessidade de

    controlarmos a explorao danosa do ambiente pelo ser humano.

    Esses e outros eventos confirmaram que:

    as questes ambientais so sistmicas;

    lidar com elas requer a adoo de estratgias e aes integradas em longo

    prazo e a participao de todos os pases e de todos os membros dasociedade.

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    Em 1983, o PNUMA criou a Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e

    Desenvolvimento (CMMAD), tambm conhecida como Comisso Brundtland, com o

    objetivo de reexaminar os problemas crticos do meio ambiente e do desenvolvimento

    do planeta e formular propostas realistas para solucion-los.

    Em 1985, foram publicadas, pela primeira vez, as medies relativas ao tamanho do

    buraco na camada de oznio, realizadas por pesquisadores britnicos, causando

    surpresa tanto para os representantes do campo cientfico quanto para o poltico.

    Em 1987, como resultado da Assemblia Geral das Naes Unidas, o relatrio Nosso

    Futuro Comum, que ficou conhecido como Relatrio Brundtland, traduziu as

    preocupaes com o meio ambiente que j se instalavam na sociedade.

    Nele foi expresso, pela primeira vez, o seguinte conceito de desenvolvimento

    sustentvel utilizado at os dias atuais: Desenvolvimento sustentvel aquele que

    satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das geraes

    futuras de suprir suas prprias necessidades.

    Mais que um conceito, o termo desenvolvimento sustentvel um desafio lanado

    humanidade, pois sua busca requer um sistema:

    poltico que assegure a efetiva participao dos cidados no processo

    decisrio;

    econmico capaz de gerar excedentes e know how tcnico em bases

    confiveis e constantes;

    social que possa resolver as tenses causadas por um desenvolvimento no

    equilibrado;

    produtivo que respeite a obrigao de preservar a base ecolgica do

    desenvolvimento;

    tecnolgico que busque constantemente novas solues;

    internacional que estimule padres sustentveis de comrcio e

    financiamento;

    administrativo flexvel e capaz de se autocorrigir.

    A sustentabilidade do desenvolvimento implica uma mudana nas relaes

    econmicas, poltico-sociais, culturais e ecolgicas, nos nveis local e global.

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    Desse modo, o processo de desenvolvimento sustentvel compatibiliza trs

    dimenses intrnsecas _ a conservao ambiental, a incluso social e o crescimento

    econmico _ articuladas a partir da diversidade cultural.

    Veja no esquema a seguir essas trs dimenses:Dimenses do Desenvolvimento Sustentvel

    Ento, sustentabilidade a propriedade de um processo continuar existindo no tempo,

    conservando qualidade e autonomia na sua manuteno, interagindo com todas as

    suas dimenses sem privilegiar uma em detrimento da outra.

    Na perspectiva do desenvolvimento, esse processo deve ocorrer sustentando a vida

    da espcie humana e das demais que habitam o planeta, desde que isso assegure

    Terra continuar a sua trajetria com garantia da integridade planetria.

    1.4 OS ANOS 90: RIO-92 E AGENDA 21

    O movimento de resistncia s catstrofes ambientais dos anos 80, agregado

    conscincia emergente do agravamento da pobreza e da fome no mundo, exerceu

    forte presso para que se realizasse a Conferncia das Naes Unidas para o Meio

    Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD).

    Essa conferncia, tambm conhecida como Cpula da Terra, Eco-92 ou Rio- 92,

    ocorreu no Rio de Janeiro, em junho de 1992, com representantes de 179 pases e considerada a maior reunio do gnero j realizada.

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    Embora o conceito de desenvolvimento sustentvel tenha sido divulgado em 1987, no

    Relatrio Brundtland, que o reconheceu oficialmente e declarou o meio ambiente como

    um autntico limite de crescimento, somente na Eco-92 esse termo foi consolidado.

    Nesse evento foram estabelecidas, pela primeira vez, as bases para alcanar odesenvolvimento sustentvel em escala global, fixando-se direitos e obrigaes,

    individuais e coletivos, no mbito do meio ambiente e desenvolvimento.

    Os documentos oficiais aprovados foram: Agenda 21, Declarao do Rio de Janeiro

    sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, Conveno sobre Mudanas Climticas

    e Declarao de Princpios sobre Florestas.

    A Agenda 21 Global se destaca como um guia, uma agenda de trabalho para o sculo

    XXI, visando a promoo de aes que integrem o crescimento econmico, a justiasocial e a proteo ao meio ambiente.

    A Agenda 21 no apenas um documento. Nem um receiturio mgico, comfrmulas para resolver todos os problemas ambientais e sociais. umprocesso de participao em que a sociedade, os governos, os setoreseconmicos e sociais sentam-se mesa para diagnosticar os problemas,entender os conflitos envolvidos e pactuar formas de resolv-los, de modo aconstruir o que tem sido chamado de sustentabilidade ampliada e progressiva(Novaes, 2003).

    Como desdobramento da Agenda 21 Global, o Brasil, assim como outras naes,

    tambm elaborou a sua Agenda 21. Esse processo, que aconteceu de 1996 a 2002,

    teve o envolvimento de cerca de quarenta mil pessoas de todo o pas.

    A Agenda 21 Brasileira um compromisso da sociedade em termos de escolha de

    cenrios futuros sobre o papel ambiental, econmico, social e poltico, contendo as

    seguintes reas temticas:

    agricultura sustentvel;

    cidades sustentveis; cincia e tecnologia para o desenvolvimento sustentvel;

    gesto dos recursos naturais;

    infra-estrutura e integrao regional;

    reduo das desigualdades sociais.

    Como desdobramento dos compromissos estabelecidos na Agenda 21, pode ser

    criada a Agenda 21 Local, em diversos nveis: num estado, num municpio, num bairro,

    numa escola ou mesmo numa empresa, como veremos no tpico que aborda aAgenda 21 do BB.

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    Desse pacto, nasceu a Declarao do Milnio, documento que estabelece como

    prioridade eliminar a extrema pobreza e a fome do mundo at 2015.

    Foram acordados oito objetivos, chamados Objetivos de Desenvolvimento do

    Milnio, cada qual com suas metas e indicadores.

    A Agenda 21 e os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio so instrumentos que se

    conjugam para a realizao do desenvolvimento sustentvel, aprovados e adotados

    pelos estados-membros da Organizao das Naes Unidas. Em 2002, em

    Johannesburgo, na frica do Sul, ocorre a Cpula Mundial sobre DesenvolvimentoSustentvel (CMDS), tambm denominada Rio+10, uma vez que pretendeu verificar

    os avanos nas metas e nos acordos fixados na Rio-92, tendo como referncia a

    Agenda 21. A Declarao de Johannesburgo elegeu cinco prioridades: gua e

    saneamento, biodiversidade, energia, sade e agricultura.

    Eis algumas metas relacionadas com essas prioridades:

    saneamento e sade at 2015, reduzir metade o nmero de pessoas sem

    acesso a servios bsicos (gua e esgotos tratados);

    biodiversidade at 2010, reduzir significativamente as perdas em

    biodiversidade;

    estoque pesqueiro at 2015, restaurar a produo mxima;

    energia aumentar urgentemente o uso de energias de fontes renovveis,

    conforme Dias (2004).

    1.5 INCIO DO SCULO XXI: RIO+10 e RIO+20

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    Em 2002, 10 anos aps a realizao da Rio-92, foi realizada uma nova Conferncia, a

    Rio+10, em Joanesburgo, na frica do Sul, onde foram analisados os resultados

    alcanados desde a Rio-92 e o caminho ainda a ser percorrido. Com o nome oficial de

    Cpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel, o evento reuniu mais de 100

    chefes de Estado para reafirmar metas relativas erradicao da pobreza, expanso

    da rede de gua e de esgoto, promoo da sade, defesa da biodiversidade e

    destinao de resduos txicos e no txicos. A agenda da Rio+10 incluiu as temticas

    das energias renovveis e da responsabilidade ambiental das empresas. Foi criado

    um fundo mundial de combate pobreza e salientou-se a necessidade de fortalecer o

    conceito de parcerias, para tornar mais dinmicos e eficientes, os projetos de

    desenvolvimento sustentvel.

    Em 2012, ocorreu a Conferncia das Naes Unidas sobre DesenvolvimentoSustentvel, que foi sediada no Rio de Janeiro (RJ) e contribuiu para definir a agenda

    do desenvolvimento sustentvel para as prximas dcadas. Conhecida por Rio+20, foi

    assim chamada porque marcava os 20 anos de realizao da Conferncia das Naes

    Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). Seu objetivo foi renovar o

    compromisso poltico com o desenvolvimento sustentvel por meio da avaliao do

    progresso e das lacunas na implementao das decises adotadas pelas principais

    cpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.

    A Conferncia teve dois grandes temas principais:

    a) A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentvel e da

    erradicao da pobreza; e

    b) A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentvel.

    Considerado o maior evento j realizado pelas Naes Unidas, a Rio+20 contou com aparticipao de lideranas de 193 naes, que propuseram, sobretudo, no modo como

    esto sendo usados os recursos naturais do planeta.

    Ela foi composta por trs momentos. No primeiro, se reuniram representantes

    governamentais, que se reuniram para negociar e elaborar esboos dos documentos a

    serem examinados pelos presidentes e primeiros-ministros dos pases. No segundo

    momento, eventos foram realizados com a sociedade civil para que ela participasse de

    mesas de discusses para elaborar propostas com alternativas sobre polticas sociais

    associadas economia verde e ao desenvolvimento sustentvel. Na terceira e ltima

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    etapa da Conferncia, os presidentes e primeiros-ministros dos pases, alm dos

    dirigentes da Organizao das Naes Unidas (ONU, analisaram todos os

    documentos elaborados ao longo da conferncia e definiram um texto para a

    declarao final.

    Principais temas que foram debatidos na Rio+20:

    - balano do que foi realizado nos ltimos 20 anos em relao ao meio

    ambiente;

    - a importncia e os processos da Economia Verde;

    - aes para garantir o desenvolvimento sustentvel do planeta;

    - maneiras de eliminar a pobreza;

    - a governana internacional no campo do desenvolvimento sustentvel.

    Diferente da Conferncia de 92, a Rio+20 contou com a participao de grandes

    empresas nacionais e multinacionais. O setor empresarial liderou a realizao de

    compromissos voluntrios, reconhecendo o valor do capital natural e comprometendo-

    se a usar os recursos naturais de forma responsvel. Ao longo de quatro dias, mais de

    3 mil pessoas, representando cerca de 1500 empresas de 60 pases, participaram de

    eventos do Global Compact o brao da ONU para relao com a iniciativa privada

    e produziram 220 compromissos.

    O Banco do Brasil marcou sua presena apresentando suas aes de sustentabilidade

    e reforou, para a sociedade brasileira e internacional, o seu comprometimento com o

    tema. Os objetivos do evento convergiram com a misso institucional do BB, haja vista

    a sua condio de empresa pblica federal que adota os princpios do

    desenvolvimento sustentvel no planejamento de suas atividades, negcios e prticas

    administrativas, envolvendo os seus pblicos de relacionamento: funcionrios ecolaboradores, fornecedores, parceiros, clientes, acionistas e credores, concorrentes,

    comunidades, governo e meio ambiente.

    Considerando o protagonismo do Brasil, como segundo maior produtor de alimentos

    do mundo, e os desafios que se colocam para as prximas dcadas, dentre eles,

    conciliar a segurana alimentar mundial sob bases sustentveis de produo, o BB,

    maior financiador do agronegcio brasileiro, teve a oportunidade de divulgar as aes

    que vem empreendendo para apoiar a formulao e implementao de polticas

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    pblicas e a agricultura sustentvel. Nesse sentido, diversas iniciativas negociais e de

    responsabilidade social do BB foram apresentadas no evento.

    Portanto, a Rio+20 proporcionou um ambiente favorvel adoo de medidas

    estratgicas, estruturantes e de impacto para o desenvolvimento sustentvel do Brasile do mundo. O nmero total de compromissos voluntrios assumidos por empresas,

    governos e sociedade civil foi de aproximadamente 700 e somaram mais de 500

    bilhes de dlares.

    1.5 A MUDANA NECESSRIA

    Dada a gravidade dos problemas ambientais e sociais, faz-se necessrio construir

    novos padres de relacionamento, em todas as nossas reas de atuao. precisomudar: seja na famlia, no lazer, no trabalho, seja na interao com a natureza.

    Embora o esforo individual seja o elemento catalisador desse processo, a mudana

    deve traduzir-se e concretizar-se coletivamente.

    Na base desse novo padro de relacionamento est a tica, palavra que tem origem

    no vocbulo grego ethos que significa o modo de ser, o carter. E uma conduta tica

    antes de tudo uma tomada de posio, uma atitude.

    Os nossos comportamentos so construdos social e historicamente por meio das

    relaes estabelecidas no nosso ambiente durante a vida. Em perodos de

    transformaes profundas da sociedade, como o que vivenciamos agora, certamente

    ocorrero transformaes dos valores ticos vigentes.

    Nas empresas essas transformaes ganham espao. At pouco tempo, se uma

    empresa ao se estabelecer em determinado local derrubasse parte da mata nativa,

    desalojasse pessoas, construsse instalaes que comprovadamente trouxessem

    problemas de sade para a populao com possvel aumento da poluio ambiental,

    mas tivesse a perspectiva de trazer emprego e crescimento para a comunidade, no

    s no estaria enfrentando um dilema tico como tambm seria aplaudida pela

    comunidade local e poderia, inclusive, obter financiamento nacional e internacional.

    1.6 E O QUE ACONTECERIA HOJE EM DIA?

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    No estaria essa mesma opinio baseada numa nova tica de respeito ao meio

    ambiente, aos direitos humanos, participao na e da comunidade, na conquista da

    cidadania, na busca do desenvolvimento sustentvel, que se firma a cada dia?

    Nas relaes desse novo paradigma urgente o repensar de nossas condutas diantedo outro, desses diferentes outros em que ns nos reconhecemos, ou no, tendo em

    vista a diversidade humana.

    A revitalizao e a melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida de todos passa

    pela incluso com justia social e ambiental dos seres vivos, humanos ou no, em

    toda a sua diversidade.

    Em 2004, no IV Frum de Autoridades Locais para a Incluso Social de Porto Alegre,

    foi instituda a Agenda 21 da Cultura. O documento proclama a diversidade culturalcomo necessidade social bsica. Logo, a diversidade cultural relevante no debate do

    desenvolvimento sustentvel, como veremos mais adiante.

    Em todo o mundo, o patrimnio cultural deve ser considerado um fator integrante do

    modelo de desenvolvimento sustentvel, ou seja, seu uso no deve comprometer a

    habilidade das futuras geraes de satisfazerem as suas necessidades.

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    2. A SUSTENTABILIDADE NO MUNDO DOS NEGCIOS

    2.1. BREVE HISTRICO

    At o final da dcada de 80, o xito da administrao de um negcio era avaliado

    exclusivamente pelo seu balano patrimonial, um retrato esttico da gerao de valor

    para os acionistas. Sob essa viso os nicos pblicos relevantes para a gesto de

    uma empresa eram os acionistas e os clientes.

    Entretanto, a reduo da participao do Estado na economia e a conseqente

    restrio de sua capacidade de gesto das questes sociais passam a conferir ao

    setor privado parte dessa responsabilidade.

    Alm disso, as empresas constatam que, para garantirem o crescimento de seus

    negcios, necessitam se envolver diretamente com a educao e o bem estar social

    de sua fora de trabalho, atividades essas antes de responsabilidade nica do Estado.

    Esse diagnstico introduz nos sistemas de gesto empresarial o mapeamento dos

    pblicos de relacionamento ou stakeholders4e fomenta o desenvolvimento de planos

    de ao para administrar de forma eficiente as necessidades desses atores.

    Surge um conceito formal de responsabilidade empresarial, que inclui, nos pblicos de

    relacionamento, funcionrios, prestadores de servio, fornecedores, comunidade,governo e meio ambiente.

    Essa viso exige repensar o planejamento estratgico das empresas, direcionando

    parte do valor agregado para esses pblicos.

    A crescente discusso sobre o tema responsabilidade empresarial indica que no s o

    setor privado deveria incorporar esse novo formato de planejamento e de gesto.

    Empresas estatais ou de capital misto com foco e desempenho similar ao do setor

    privado tambm deveriam atualizar sua forma de administrar.

    Paralelamente a essa discusso, a ampliao da conscincia ambiental, fruto da

    constatao da crescente reduo de disponibilidade de recursos naturais, precipita

    uma demanda cada vez maior por transparncia em relao ao impacto ambiental do

    mundo empresarial e, por conseqncia, por medidas minimizadoras desse impacto.

    4 Stakeholders compreendem os segmentos que influenciam ou so influenciados pelas aes da empresa:acionistas, clientes, fornecedores, governo, funcionrios, prestadores de servio, comunidade e meio ambiente.

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    A noo de cidadania e os direitos coletivos foram redefinidos e ganharam novas

    formas de expresso, tendo como principal agente a sociedade civil organizada5.

    A fuso desses dois novos elementos estratgicos - o social e o ambiental surge

    como evoluo natural, uma vez que potenciais riscos ambientais em sua grandemaioria podem representar ameaas diretas a ecossistemas, bem como a

    comunidades deles dependentes.

    No possvel avaliar impactos ambientais adversos, sem questionar as suas

    conseqncias sociais. Da mesma forma, a correta gesto ambiental representar um

    valor agregado para grande parte dos pblicos de relacionamento de qualquer

    negcio.

    No novo contexto, a busca da excelncia pelas empresas precisa ter como objetivos aqualidade nas relaes e a sustentabilidade nos negcios considerando os aspectos

    econmicos, sociais e ambientais.

    Assim, chegamos ao conceito de responsabilidade socioambiental (RSA), tambm

    denominado pelo Instituto Ethos6como responsabilidade social empresarial (RSE).

    a forma de gesto que se define pela relao tica e transparenteda empresa com todos os pblicos com os quais ela se relaciona epelo estabelecimento de metas empresariais compatveis com o

    desenvolvimento sustentvel da sociedade, preservando recursosambientais e culturais para as geraes futuras, respeitando adiversidade e promovendo a reduo das desigualdades sociais(INSTITUTO ETHOS, 2007).

    E qual a diferena entre os conceitos de RSA e de filantropia empresarial?

    Filantropia empresarial , basicamente, uma ao social externa da empresa, que temcomo beneficiria principal a comunidade em suas diversas formas conselhoscomunitrios, organizaes no-governamentais, associaes comunitrias.

    Por sua vez, responsabilidade socioambiental um conceito mais amplo, focado na

    cadeia de negcios da empresa e que engloba preocupaes com um pblico derelacionamento maior, cujas demandas e necessidades a empresa deve buscarentender e incorporar aos negcios.

    Portanto, a filantropia empresarial est contida no conceito de responsabilidadesocioambiental, mas est longe de esgot-lo, pois se a filantropia envolve a relaoentre empresa e comunidade, a responsabilidade socioambiental, alm da

    5 Sociedade civil organizada:associaes e organizaes no governamentais, geralmente voltadas defesa da

    promoo social e proteo ambiental.6O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social uma organizao no-governamental criada com amisso de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negcios de forma socialmente responsvel,tornando-as parceiras na construo de uma sociedade sustentvel e justa4

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    comunidade, tambm diz respeito a uma relao tica da empresa com os seuspblicos de relacionamento.

    Veja alguns pontos fundamentais para a atuao de uma empresasocioambientalmente responsvel:

    zelar para que seus produtos e servios, alm de atenderem s expectativas

    dos clientes, dos colaboradores e dos acionistas, no agridam o meio

    ambiente ou a sade de seus consumidores;

    evitar, em sua produo, o consumo descontrolado e exagerado de recursos

    naturais e a explorao da mo-de-obra infantil ou forada;

    valorizar os seus trabalhadores e colaboradores, inclusive com polticas de

    eqidade de gnero e de incluso de pessoas com deficincia no mundo do

    trabalho;

    incentivar parceiros e fornecedores a assumirem compromissos

    socioambientais;

    relacionar-se com a concorrncia tendo presente a lealdade na competio.

    Desse modo, a organizao desperta para a necessidade de se engajar, junto com os

    demais atores sociais7 sociedade civil, governos, outras empresas na busca de

    solues em prol do desenvolvimento sustentvel das comunidades onde atua, tanto

    em funo da sua responsabilidade como membro dessas comunidades, quanto em

    funo da sade de seus negcios.

    Portanto, falar em sustentabilidade no meio empresarial falar na gerao de

    negcios em um mundo cada vez mais exigente, com pessoas que se conscientizam

    de que o planeta precisa ser conservado e de que necessria mais justia social e

    que o respeito diversidade cultural parte fundamental nas aes de

    desenvolvimento e implementao dos negcios.

    Um marco na discusso sobre responsabilidade socioambiental foi o desafio lanado

    pelo Secretrio-Geral das Naes Unidas, Kofi A. Annan. Por ocasio do Frum

    Econmico Mundial, realizado em Davos, em 31 de janeiro de 1999, Kofi Annan

    exortou os lderes empresariais mundiais a adotarem o Pacto Global8 (Global

    7Atores sociais: algum (pessoa, classe social, grupo) que representa, que encarna um papel dentro de um enredo, de

    uma trama de relaes. Um determinado indivduo um ator social quando ele representa algo para uma sociedade(para o grupo, a classe, o pas), encarna uma idia, uma reivindicao, um projeto, uma promessa, uma denuncia(SOUZA, 2004).8Pacto Global: uma iniciativa voluntria de cidadania empresarial, que tem como objetivo mobilizar a

    comunidade empresarial internacional com algumas agncias das Naes Unidas e atores sociais para apromoo da prtica de responsabilidade socioambiental corporativa, na busca de uma economia globalmais sustentvel e inclusiva (THE GLOBAL COMPACT, 2007).

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    Compact), tanto em suas prticas corporativas individuais, quanto no apoio a polticas

    pblicas apropriadas.

    O referido pacto tem por objetivo mobilizar a comunidade empresarial internacional

    para a promoo de valores fundamentais nas reas de direitos humanos, trabalho emeio ambiente. Defende dez princpios universais, que so derivados:

    da Declarao Universal de Direitos Humanos;

    da Declarao da Organizao Internacional do Trabalho (OIT) sobre

    Princpios e Direitos Fundamentais no Trabalho;

    da Declarao do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

    da Conveno das Naes Unidas Contra a Corrupo.

    Os Dez Princpios do Pacto Global

    Nesse contexto, a responsabilidade socioambiental empresarial torna-se tema de

    grande relevncia nos principais centros da economia mundial e passa a exigir uma

    nova postura das empresas. Nos Estados Unidos e na Europa proliferam os fundos de

    investimento formados por aes de empresas socioambientalmente responsveis.

    Por exemplo, o ndice Dow Jones de Sustentabilidade9 (Dow Jones Sustainability

    Index DJSI), da Bolsa de Valores de Nova Iorque, enfatiza a necessidade de

    integrao dos fatores econmicos, ambientais e sociais nas estratgias de negcios

    das empresas.

    9ndice Dow Jones de Sustentabilidade (Dow Jones Sustainability Index - DJSI): lanado em setembro de1999, o primeiro ndice global do mercado de capitais que considera, para a formao de sua carteiraterica, a performance socioambiental das empresas

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    Referncias, normas e certificaes socioambientais como AA1000 (dilogo com as

    partes interessadas), ISO 14000 (sistema de gesto ambiental), Selo FSC (selo verde

    para conservao ambiental e desenvolvimento sustentvel das florestas mundiais,

    que verifica o manejo florestal sustentvel), SA8000 (observncia de direitos humanos

    e direitos do trabalho), entre outros, passam a fazer parte da realidade empresarial.

    As certificaes socioambientais como a SA8000 e o Selo FSC so pr-requisitos para

    a entrada de produtos e servios no mercado europeu.

    2.2 EMPRESAS E ECOEFICINCIA

    De acordo com o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentvel

    (World Business Council for Sustainable Development - WBCSD), a ecoeficincia alcanada mediante o fornecimento de bens e servios a preos competitivos, que

    satisfaam s necessidades humanas e tragam qualidade de vida, ao mesmo tempo

    em que reduz progressivamente o impacto ambiental e o consumo de recursos ao

    longo do ciclo de vida, a um nvel, no mnimo, equivalente capacidade de

    sustentao estimada da Terra.

    Esse conceito sugere uma significativa ligao entre eficincia dos recursos (que leva

    produtividade e lucratividade) e responsabilidade ambiental.

    Portanto, ecoeficincia o uso mais eficiente de materiais e de energia, a fim de

    reduzir os custos econmicos e os impactos ambientais.

    Tambm se pode dizer que ecoeficincia saber combinar desempenho econmico e

    ambiental, reduzindo impactos ambientais; usando mais racionalmente matrias-

    primas e energia; reduzindo os riscos de acidentes e melhorando a relao da

    organizao consigo mesma e com a sociedade.

    Os critrios estabelecidos pela ONU, na Rio-92, definem ecoeficincia nas empresas

    como o resultado da implantao de um sistema de gesto ambiental, que adota a

    poltica dos trs erres.

    Reduzir repensar a vida, ver realmente o que essencial para a minha vida ediminuir o consumo.

    Reutilizar ser criativo, inovador, usar um produto de vrias maneiras e vriasvezes.

    Reciclar transformar, ter capacidade de imaginar, criar e renovar.

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    2.3 RSAEMPRESARIAL NO BRASIL

    As enormes carncias e desigualdades sociais existentes em pases emdesenvolvimento do responsabilidade socioambiental empresarial relevncia aindamaior.

    Nos anos 80 e 90, o Brasil registrava baixssimo crescimento, acompanhado dedesemprego e inflao crescentes, aprofundando a m distribuio de renda doplaneta. Na questo ambiental, o desmatamento na regio amaznica atingiu ndicesrecordes. No campo poltico, houve o encerramento do perodo da ditadura e aconsolidao do processo de redemocratizao.

    O pas passa a ter um perfil cada vez mais ativista, com projetos focados em temassociais, ambientais e de cidadania. A sociedade reivindica que as empresas cumpramum novo papel no processo de desenvolvimento como: agentes de uma nova cultura,atores de mudana social e construtores de uma sociedade melhor.

    Nesse contexto, o movimento de valorizao da responsabilidade socioambiental

    empresarial ganhou forte impulso na dcada de 90, por meio da ao de organizaes

    no-governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questo.

    Algumas referncias:

    o trabalho do Instituto Brasileiro de Anlises Sociais e Econmicas (IBASE) napromoo do Balano Social;

    a obteno de certificados de padro de qualidade e de adequao ambiental,como as normas ISO 14000, por diversas empresas brasileiras;

    a atuao da Fundao ABRINQ pelos direitos da criana e pela erradicaodo trabalho infantil com a adoo do selo Empresa Amiga da Criana;

    a criao do Conselho Empresarial Brasileiro para o DesenvolvimentoSustentvel (CEBDS) e do Instituto Ethos de Responsabilidade SocialEmpresarial, referncias na disseminao e no fomento do movimento deresponsabilidade socioambiental junto ao empresariado.

    2.4 INDICADORES ETHOS10

    Esses indicadores criados pelo Instituto Ethos de Empresas e ResponsabilidadeSocial compem um instrumento de diagnstico da empresa, indicando o grau de

    efetivao da responsabilidade socioambiental em suas atividades, alm de serem

    uma ferramenta de gesto e planejamento que indica prospectivamente - a partir da

    situao da empresa - polticas e aes voltadas para o aprofundamento de seus

    compromissos socioambientais.

    10Fonte: http://www.uniethos.org.br/docs/conceitos_praticas/indicadores/default.asp.

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    Ao mesmo tempo em que servem de instrumento de avaliao para as empresas,

    reforam a tomada de conscincia dos empresrios e da sociedade brasileira sobre o

    tema. A seguir, os temas que os indicadores abrangem.

    Valores e transparnciaValores e princpios ticos formam a base da cultura de uma empresa, orientando sua

    conduta e fundamentando sua misso social. A adoo de uma postura clara e

    transparente no que diz respeito aos objetivos e compromissos ticos da empresa

    fortalece a legitimidade social de suas atividades, refletindo - se positivamente no

    conjunto de suas relaes.

    Pblico interno

    A empresa socialmente responsvel no se limita a respeitar os direitos dostrabalhadores, consolidados na legislao trabalhista e nos padres da OIT

    (Organizao Internacional do Trabalho), ainda que esse seja um pressuposto

    indispensvel.

    A empresa deve ir alm e investir no desenvolvimento pessoal e profissional de seus

    empregados, bem como na melhoria das condies de trabalho e no estreitamento de

    suas relaes com os empregados.

    Tambm deve estar atenta para o respeito s culturas locais, revelado por um

    relacionamento tico e responsvel com as minorias e instituies que representam

    seus interesses.

    Meio ambiente

    A empresa relaciona-se com o meio ambiente causando impactos de diferentes tipos e

    intensidades. Uma empresa ambientalmente responsvel deve gerenciar suas

    atividades de maneira a identificar estes impactos, buscando minimizar aqueles que

    so negativos e amplificar os positivos, disseminando para outras empresas as

    prticas e conhecimentos adquiridos nesse sentido.

    Fornecedores

    A empresa socialmente responsvel envolve-se com seus fornecedores e parceiros,

    cumprindo os contratos estabelecidos e trabalhando pelo aprimoramento de suas

    relaes de parceria.

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    Consumidores e clientes

    A responsabilidade social em relao aos clientes e consumidores exige da empresa o

    investimento permanente no desenvolvimento de produtos e servios confiveis, que

    minimizem os riscos de danos sade dos usurios e das pessoas em geral. A

    publicidade de produtos e servios deve garantir seu uso adequado.

    Comunidade

    A comunidade em que a empresa est inserida fornece-lhe infra-estrutura e o capitalsocial representado por seus empregados e parceiros, contribuindo decisivamentepara a viabilizao de seus negcios.

    O investimento pela empresa em aes que tragam benefcios para a comunidade uma contrapartida justa, alm de reverter em ganhos para o ambiente interno e na

    percepo que os clientes tm da prpria empresa.O respeito aos costumes e culturas locais e o empenho na educao e nadisseminao de valores sociais devem fazer parte de uma poltica de envolvimentocomunitrio da empresa, resultado da compreenso de seu papel de agente demelhorias sociais.

    Governo e sociedade

    A empresa deve relacionar-se de forma tica e responsvel com os poderes pblicos,cumprindo as leis e mantendo interaes dinmicas com seus representantes, visando

    constante melhoria das condies sociais e polticas do pas.O comportamento tico pressupe que as relaes entre empresa e governos sejamtransparentes para a sociedade, acionistas, empregados, clientes, fornecedores edistribuidores.

    Cabe empresa manter uma atuao poltica coerente com seus princpios ticos eque evidencie seu alinhamento com os interesses da sociedade.

    2.5 RSAE SETOR FINANCEIRO

    2.5.1 Introduo

    Inicialmente, a preocupao das instituies financeiras com as questes ambientais

    ocorreu como forma de evitar a responsabilizao legal por danos ambientais

    produzidos por bens que eram recebidos como garantia de emprstimos.

    Como a administrao de riscos a essncia do negcio financeiro, a incorporao da

    anlise socioambiental como ferramenta de reduo de incertezas comea a tomar

    contornos de um segmento dentro das instituies financeiras.

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    As mais avanadas nesse processo so as seguradoras. A razo simples: os

    desafios representados pelo aumento da incidncia de desastres naturais, em sua

    maioria devido s mudanas climticas globais, tm impacto financeiro direto para

    elas11.

    No restante do setor financeiro, sobretudo nos bancos comerciais, o processo de

    incorporao da sustentabilidade , em grande parte, estimulado por presses da

    sociedade civil ou por perdas associadas a questes socioambientais.

    Assim, os riscos ambientais tornaram-se cada vez mais determinantes para o negcio,

    tendo em vista que a gesto inadequada das questes ambientais pode causar perdas

    financeiras irreparveis empresa, riscos na sua imagem.

    Gradativamente, os bancos comearam a acreditar que o que bom para o meio

    ambiente tambm bom para os negcios.

    Em 2003, so estabelecidos os Princpios do Equador, um conjunto de compromissos

    voluntrios que preconizam uma minuciosa anlise socioambiental, seguindo

    parmetros da International Finance Corporation (IFC), para operaes de project

    finance - grandes projetos financiados.

    Apesar de seu carter voluntrio, esse conjunto de compromissos tem-se mostradoum guia importante para a implantao de melhores prticas. Esses parmetros

    deixam transparecer o interesse dos bancos mundiais em termos de incorporao de

    novas tecnologias e de engajamento socioambiental, alm de procurarem garantir que

    grandes projetos financiados sejam desenvolvidos de forma socialmente responsvel

    e reflitam boas prticas de gesto ambiental.

    Atualmente, a discusso sobre finanas sustentveis no se restringe aos Princpios

    do Equador ou ao mercado de investimentos socialmente responsveis (SRI SociallyResponsible Investments12). Inicia-se um movimento que busca promover a atuao

    do sistema financeiro de forma economicamente vivel, socialmente justa e

    ambientalmente correta.

    11Os custos dos desastres naturais para seguradoras elevaram-se de forma surpreendente, saindo de umpatamarde US$ 10 bilhes nos anos 60 para US$ 60 bilhes no incio de 2000, segundo Evan Mills, doLawrence Berkeley National Laboratory.12A dcada de 60 inaugura o movimento de uso do poder fiducirio - forma de alocao de capital - comouma maneira de ativismo. O movimento comea com a criao de fundos de investimentos que,associados s organizaes religiosas, buscam administrar recursos de forma a colocar em prtica

    valores ticos. A excluso de aplicaes em indstrias com investimentos na frica do Sul (na poca sobuma poltica de apartheid), foi uma das primeiras modalidades de filtro (screening) inaugurando o quechamamos hoje de investimentos socialmente responsveis ou SR

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    Seja nos impactos diretos de sua atuao tais como reviso de princpios de

    compras e de relacionamento com pblicos internos, reduo de pegada ecolgica e

    criao de cdigos de conduta , seja nos impactos indiretos administrao de

    impactos potenciais de seus clientes e oportunidade de inovao.

    E como est acontecendo a incorporao da responsabilidade socioambiental pelo

    setor financeiro brasileiro?

    O movimento de ampliao da visibilidade do conceito de responsabilidade

    socioambiental no setor financeiro brasileiro tem como parte de suas razes a dinmica

    de conscientizao em relao ao tema, destacada no tpico anterior.

    Alm disso, esse setor sofreu outras influncias que aceleraram o processo de

    incorporao da temtica socioambiental ao seu contexto, como por exemplo:

    Necessidade de reduo de riscos

    De imagem associao da instituio a impactos socioambientais adversos

    causados por clientes, empresas e/ou projetos.

    De Crdito e Garantias

    Constatao da sociedade civil de que o setor financeiro tem um papel

    importante no movimento de responsabilidade socioambiental.

    Publicao crescente de Relatrios Sociais, aumentando a demanda por

    transparncia.

    Expanso de campanhas de ONG internacionais, antes focalizadas apenas em

    instituies multilaterais durante dcadas os maiores financiadores de infra-

    estrutura, projetos com maior impacto socioambiental potencial - para bancos

    privados, que aumentam sua participao em grandes projetos.

    Identificao de oportunidades de negcios

    Acesso a recursos de bancos e de agncias multilaterais (FMI, BIRD, BID, etc.)

    a gesto de riscos socioambientais hoje um condicionante para acesso a recursos

    internacionais.

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    Necessidade de diferenciao bancos podem se diferenciar ao demonstrarem

    conhecimento e capacidade de desenvolvimento de produtos associados a

    necessidades de adequao socioambiental por parte de seus clientes. O banco

    passa a ser um consultor para o cliente, difundindo melhores prticas e desenhando

    produtos especficos para adequao socioambiental, como reuso de gua, eficincia

    energtica e incluso de comunidades, por meio de financiamentos a fornecedores de

    menor porte garantidos por grandes empresas.

    Desenvolvimento de novos produtos a avaliao socioambiental pode auxiliar

    na detectao de oportunidades de negcios.

    Bancarizao ampliao do acesso a servios bancrios para populaes de

    baixa renda. Exemplos: microcrdito e crdito imobilirio comunitrio.

    Acesso a novos mercados (mercado de carbono, energia renovvel13)

    projetos estruturados com vistas reduo de impacto ambiental, como o

    desenvolvimento de tecnologias limpas. Veja o que se segue.

    2.5.2 Mudanas Climticas e Protocolo de Kyoto

    Um dos mais graves problemas ambientais deste sculo o aquecimento global. O

    Protocolo de Kyoto14 o instrumento legal que estabelece metas de reduo de

    emisso de gases de efeito estufa15 (GEE) para os pases que, historicamente,

    contriburam de forma mais intensa para o aumento da concentrao atmosfrica de

    GEE, em funo do seu nvel de industrializao.

    Alm das aes de carter nacional, os pases signatrios do protocolo podero

    utilizar algumas alternativas para auxili-los no cumprimento de suas metas,chamadas de mecanismos de flexibilizao: comrcio de emisses; implementao

    conjunta; mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL).

    13 Embora as atividades humanas provoquem inmeras alteraes no meio ambiente, as fontesrenovveis de energia (energia solar, gravitacional, associadas ou no ao movimento dos corpos, fluidos -energia das ondas, hidrulica - e gases - energia elica -, ou temperatura das substncias - energiageotrmica -, cuja transformao em outras formas de energia pode ser realizada em larga escala)parecem melhores opes para o futuro da humanidade. importante que essas fontes renovveis deenergia sejam fontes de energia limpa. A principal caracterstica da energia limpa a baixa ou nenhumaemisso de gs carbono e metano na atmosfera.14

    Um instrumento legal da Conveno sobre Mudanas Climticas, criada na Rio-92.15 Efeito estufa o aquecimento da superfcie terrestre provocado pelo aumento da concentrao decertos gases na atmosfera (gs carbnico e metano emitido basicamente nas plantaes de arroz, naspastagens de gados e nos lixes urbanos), o que altera o equilbrio termodinmico do planeta.

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    Para o Brasil16, o mecanismo de flexibilizao mais importante o MDL, que viabiliza

    projetos que reduzam emisses de GEE.

    Como? O MDL possibilita aos pases desenvolvidos que no atingirem suas metas aliberdade para investir em projetos MDL de pases em desenvolvimento.

    Assim, pases desenvolvidos podem comprar crditos de carbono17, equivalentes em

    tonelada de CO2, de pases em desenvolvimento responsveis por tais projetos.

    O nosso pas se beneficia deste cenrio como vendedor de crditos de carbono e

    tambm como alvo de investimentos em projetos engajados com a reduo da

    emisso de gases poluentes.

    Em 2007, com o reconhecimento internacional dos riscos associados s mudanas

    climticas, o setor financeiro brasileiro passa a buscar formas de ampliar seu

    entendimento dos riscos e oportunidades, participando, sobretudo, de projetos

    associados gerao de energia de menor impacto e ampliao de prticas de

    ecoeficincia.

    2.5.3 Novos Desafios e Tendncias

    So inmeros os desafios enfrentados pelo setor financeiro no tocante

    sustentabilidade.

    Nesse sentido, para ampliar a incorporao de melhores prticas em responsabilidade

    socioambiental e garantir que esse processo traga novas oportunidades de negcios,

    a indstria financeira precisa manter investimentos e foco. A seguir, temas

    estratgicos para o segmento.

    Inovao e reposicionamento reduo do consumo de energia; incluso de minorias;

    incentivar seu pblico interno no que tange inovao.

    Fundos de investimentos socialmente responsveis (SRI) segmentados fundos

    setoriais e de inovao (energia, construo sustentvel).

    16O pas, signatrio do Protocolo de Kyoto desde 2002, tem evitado a emisso de grandes quantidadesde gases de efeito estufa na atmosfera, tendo em vista o elevado peso de fontes renovveis na sua matrizenergtica, com destaque para a participao predominante de gerao hidreltrica, considerada maislimpa, e de programas como o Pr-lcool.17Crditos de carbono so certificados emitidos quando ocorre a reduo de emisso de gases do efeito

    estufa (GEE). Por conveno, uma tonelada de dixido de carbono (CO2) equivalente corresponde a umcrdito de carbono. no mercado nacional ou internacional. Disponvel emhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%A9ditos_de_carbono.

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    Produtos socioambientais estruturao de projetos de menor impacto ambiental,

    crdito imobilirio para projetos sustentveis.

    Private equity produtos de investimentos diretos de longo prazo em projetos com

    grande potencial de rentabilidade - etanol, renovveis, novos materiais, biodiversidade.

    Venture capital investimentos diretos institucionais de longo prazo em negcios

    sustentveis, projetos com grande potencial de rentabilidade - etanol, renovveis,

    novos materiais, biodiversidade.

    Project finance definio estratgica de mercado com potencial reduo de riscos

    ou especializao em gesto de projetos especficos, com potencial de gerao de

    negcios adicionais, como incluso de comunidades e integrao local com negciosfinanciados gerando novas necessidades financeiras.

    2.5.4 Negcios na Base da Pirmide

    Microfinanas ampliao de atuao para mercados de menor renda com

    crescentes necessidades de servios financeiros. Ressaltamos:

    a economia solidria uma forma de produo, consumo e distribuio de

    riqueza (economia) centrada na valorizao do ser humano e no no capital. Debase associativista e cooperativista, voltada para a produo, consumo e

    comercializao de bens e servios, de modo autogerido, tendo como finalidade

    a sustentabilidade18e

    o comrcio justo um dos pilares da sustentabilidade. Trata-se de um

    movimento social e de uma modalidade de comrcio internacional que busca o

    estabelecimento de preos justos, bem como de padres sociais e ambientais

    nas cadeias produtivas de vrios produtos. O movimento d especial ateno s

    exportaes de pases em desenvolvimento para pases desenvolvidos, comoartesanato, caf, cacau, ch, banana, mel, algodo, vinho, frutas in natura, e

    muitos outros. Nesse comrcio eliminam-se os intermedirios ao mnimo

    necessrio.

    Crdito imobilirio ampliao de acesso casa prpria, ampliando mercados

    para servios.

    181O Ministrio do Trabalho e Emprego possui a Secretaria Nacional de Economia Solidria. Para saber

    mais consulte: http://www.mte.gov.br/ecosolidaria/prog_default.asp.

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    3. RSA NO BB

    A responsabilidade socioambiental faz parte da tradio bicentenria do Banco do

    Brasil. Os itens a seguir permitem obter uma viso geral sobre os fundamentos e as

    principais iniciativas do BB no tema. Importante tambm consultar a pgina sobre

    sustentabilidade do Banco do Brasil na Intranet guia Banco do Brasil, opo

    sustentabilidade e na Internet (www.bb.com.br/sustentabilidade), alm do prprio

    relatrio anual do BB, disponvel na pgina de relaes com investidores

    (www.bb.com.br/ri) para obter informaes atualizadas.

    3.1 CONCEITO E CARTA DE PRINCPIOS DE RSA DO BB

    Para o Banco do Brasil. responsabilidade socioambiental ter a tica como

    compromisso e o respeito como atitude nas relaes com funcionrios, colaboradores,

    fornecedores, parceiros, clientes, credores, acionistas, concorrentes, comunidade,

    governo e meio ambiente.

    Responsabilidade Socioambiental no BB

    A responsabilidade socioambiental no BB um processo de aprendizado e de

    construo coletiva, que envolve todas as reas da empresa e cada um de seus

    pblicos de relacionamento e que reconhece que a sua sobrevivncia e o seu sucesso

    dependem dessa interao.

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    A Carta de Princpios de RSA, reproduzida a seguir, manifesta os compromissos do

    Banco em contribuir para o desenvolvimento de um novo sistema de alores para a

    sociedade, que tem como referencial maior o respeito vida humana e ao meio

    ambiente, condio indispensvel sustentabilidade da empresa e da humanidade.

    Atualmente tais princpios fazem parte do cotidiano organizacional, das polticas e dos

    documentos estratgicos do Banco do Brasil.

    Com a definio do conceito de responsabilidade socioambiental e da Carta de

    Princpios de RSA, evidenciou-se a inteno estratgica do Banco em conciliar o

    desenvolvimento de negcios social e ambientalmente sustentveis com o

    atendimento aos interesses dos seus acionistas, mediante a incorporao daqueles

    princpios a seus produtos, servios, negcios e rotinas administrativas.

    Carta de Princpios de Responsabilidade Socioambiental

    3.2 PRINCIPAIS COMPROMISSOS PBLICOS DO BB COM ASUSTENTABILIDADE

    Uma srie de compromissos pblicos amplia e refora a responsabilidade

    socioambiental do BB. A seguir, alguns exemplos relacionados ao tema.

    Protocolo Verde19

    Uma ao relevante foi o lanamento de um compromisso pblico pioneiro: o

    Protocolo Verde, em 1995. Em decorrncia da assinatura desse documento, o

    Banco do Brasil estabeleceu algumas medidas, como por exemplo:

    Vetou a realizao de operaes destinadas a financiar atividades que possam

    causar impacto ambiental.

    19O Protocolo Verde uma carta de princpios para o desenvolvimento sustentvel, firmada, em 1995,

    pelo Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amaznia, BNDES, Caixa Econmica Federal eBanco Central do Brasil, em que se obrigam a empreender polticas e prticas em harmonia com oobjetivo de promover um desenvolvimento que no comprometa as necessidades das geraes futuras.

    O BB se compromete a:

    1. Atuar em consonncia com Valores Universais, tais como: direitos humanos, princpios edireitos fundamentais do trabalho, princpios sobre meio ambiente e desenvolvimento.

    2. Reconhecer que todos os seres so interligados e toda forma de vida importante.

    3. Repelir preconceitos e discriminaes de gnero, orientao sexual, etnia, raa, credo oude qualquer espcie.

    4. Fortalecer a viso da responsabilidade socioambiental como investimento permanente e

    necessrio para o futuro da humanidade.5. Perceber e valer-se da posio estratgica da corporao BB, nas relaes com o governo,o mercado e a sociedade civil, para adotar modelo prprio de gesto da responsabilidadesocioambiental altura da corporao e dos desafios do Brasil contemporneo.

    6. Ter a transparncia, a tica e o respeito ao meio ambiente como balizadores das prticasadministrativas e negociais da empresa.

    7. Pautar relacionamentos com terceiros a partir de critrios que observem os princpios deresponsabilidade socioambiental e promovam o desenvolvimento econmico e social.

    8. Estimular, difundir e implementar prticas de desenvolvimento sustentvel.

    9. Enxergar clientes e potenciais clientes, antes de tudo, como cidados.

    10. Estabelecer e difundir boas prticas de governana corporativa, preservando oscompromissos com acionistas e investidores.

    11. Contribuir para que o potencial intelectual, profissional, artstico, tico e espiritual dosfuncionrios e colaboradores possa ser aproveitado, em sua plenitude, pela sociedade.

    12. Fundamentar o relacionamento com os funcionrios e colaboradores na tica e norespeito.

    13. Contribuir para a universalizao dos direitos sociais e da cidadania.

    14. Contribuir para a incluso de pessoas com deficincia.

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    Tornou obrigatria a apresentao de documentao do rgo ambiental

    competente para financiamento de:

    desmatamento, destoca ou custeio agropecurio, objetivando a incorporao

    de novas reas no processo produtivo;

    comercializao de produtos extrativos de origem vegetal e pescado in natura;

    operaes de investimento em atividades que utilizam recursos ambientais ou

    empreendimentos capazes de causar degradao ambiental;

    operaes de investimentos em atividades que requerem Estudo Prvio de

    Impacto Ambiental (EIA) e Relatrio de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA);

    operaes de investimento em atividades que utilizam recursos hdricos,

    inclusive, agricultura irrigada (outorga de gua).

    Em maio de 2008, a partir de discusses sobre os impactos do desmatamento na

    Amaznia envolvendo rgos governamentais e bancos pblicos federais, foi

    constitudo grupo de trabalho informal para avaliao e reviso do Protocolo

    Verde.

    O grupo foi constitudo por representantes do Ministrio do Meio Ambiente, Ministrio

    da Integrao Nacional, Ministrio da Fazenda, Banco do Nordeste do Brasil, Banco

    Nacional do Desenvolvimento Econmico e Social, Banco da Amaznia, CaixaEconmica Federal e Banco do Brasil.

    O resultado deste esforo foi a proposio de uma nova redao, defendendo que os

    bancos podem cumprir um papel indutor fundamental na busca de um

    desenvolvimento sustentvel, pressupondo a responsabilidade com a preservao

    ambiental e uma contnua melhoria no bem estar social. Para tanto, so previstos

    princpios que envolvem o compromisso dos bancos com:

    o fomento ao desenvolvimento sustentvel;

    a avaliao socioambiental dos empreendimentos a serem financiados;

    a ecoeficincia das prticas administrativas;

    a evoluo das polticas e prticas voltadas sustentabilidade; e

    a previso de mecanismos de monitoramento e governana dos compromissosassumidos pelos signatrios.

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    Em agosto de 2008, durante solenidade conduzida pelo Presidente Lula, na sede do

    BNDES, no Rio de Janeiro, os presidentes dos bancos oficiais aderiram ao novo

    Protocolo Verde.

    Pacto Global

    Conforme vimos anteriormente, o Pacto Global uma iniciativa que tem como objetivo

    mobilizar a comunidade empresarial internacional para a promoo de valores

    fundamentais nas reas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate

    corrupo.

    O Pacto Global foi criado para ajudar as organizaes a redefinirem suas estratgias e

    aes, a fim de que todas as pessoas possam compartilhar dos benefcios daglobalizao, evitando que esses sejam aproveitados por poucos.

    Em 2000, o Instituto Ethos conduziu um processo que resultou na adeso ao Pacto

    Global de 206 empresas brasileiras. Em 2003, foi criado o Comit Brasileiro do Pacto

    Global (CBPG), integrando o setor privado, a sociedade civil organizada, a academia e

    as Organizaes das Naes Unidas.

    Em novembro de 2003, o Conselho de Administrao do Banco do Brasil autorizou a

    adeso do Banco ao Pacto Global, por reconhecer a sua importncia tica.

    Pacto pela Erradicao do Trabalho Escravo20

    Desde agosto de 2004, utilizando relao divulgada pelo Ministrio do Trabalho e

    Emprego, o Banco do Brasil no concede novos crditos a clientes que submetem

    seus trabalhadores a formas degradantes de trabalho ou os mantm em condies

    anlogas ao trabalho escravo.

    A deciso abrangeu tambm vedaes a financiamentos a clientes envolvidos com

    explorao sexual de crianas e com o uso do trabalho infantil.

    A partir da conscincia de que a eliminao do trabalho escravo constitui condio

    bsica para o Estado Democrtico de Direito, o BB, juntamente com outras cinqenta

    20 Pacto pelo Combate ao Trabalho Escravo: documento proposto pelo Instituto Ethos, onde os

    signatrios acordam em incrementar esforos visando dignificar e modernizar as relacoes de trabalho nascadeias produtivas dos setores comprometidos no Cadastro de empregadores Portaria MTE 540/2004que tenham mantido trabalhadores em condies anlogas escravido.

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    e quatro empresas, aderiu ao Pacto pelo Combate ao Trabalho Escravo, em maio de

    2005.

    Princpios do Equador

    Conforme vimos no Captulo 2, os Princpios do Equador so um conjunto de polticas

    e diretrizes (salvaguardas) a serem observadas na anlise de projetos de investimento

    da modalidade project finance, de valor igual ou superior a US$ 10 milhes. Tendo por

    base critrios estabelecidos pelo International Finance Corporation, brao do Banco

    Mundial, as salvaguardas versam sobre:

    avaliaes ambientais;

    proteo a habitats naturais;

    gerenciamento de pragas;

    segurana de barragens;

    populaes indgenas;

    reassentamento involuntrio de populaes;

    propriedade cultural;

    trabalho infantil, forado ou escravo;

    projetos em guas internacionais e sade e segurana no trabalho.

    Em fevereiro de 2005, diante da preocupao com o impacto socioambiental de

    grandes projetos financiados com recursos creditcios, o Banco do Brasil foi o primeiro

    banco oficial a integrar o grupo de instituies financeiras brasileiras que aderiu aos

    Princpios do Equador.

    Pr-Equidade de Gnero

    O Banco pactuou, em outubro de 2007, a adeso segunda edio do Programa

    Pr- Equidade de Gnero, coordenado pela Secretaria Especial de Polticas paraMulheres (SPM), da Presidncia da Repblica. O objetivo desenvolver novas

    concepes na gesto de pessoas e cultura organizacional para alcanar a

    equidade de gnero no mundo do trabalho. As empresas participantes concorrem

    ao Selo Pr-Eqidade, se atingirem os objetivos do Programa e as metas traadas

    em seus planos de ao.

    A medida, que abrange mes gestantes e adotantes, vem ao encontro das

    polticas de gesto de pessoas e responsabilidade socioambiental do BB.

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    De acordo com as estatsticas internas, as mulheres ocupam em torno de 31% dos

    cargos comissionados do segmento gerencial, 35% do segmento tcnico e 45% do

    segmento operacional.

    As mulheres representam 41% do total de cargos da empresa. Este percentual

    diminui consideravelmente em cargos gerenciais mais elevados - posio de

    dezembro de 2009)

    Princpios de Empoderamento das Mulheres

    O Banco do Brasil aderiu em 30 de agosto de 2010, aos Princpios de

    Empoderamento das Mulheres.Trata-se de uma iniciativa conjunta do Fundo dasNaes Unidas para o Desenvolvimento das Mulheres UNIFEM com o Pacto

    Global das Naes Unidas, que prev, entre outras aes: estabelecer liderana

    corporativa de alto nvel para a igualdade de gnero; promover educao,

    treinamento e desenvolvimento profissional para mulheres; medir e publicamente

    relatar o progresso no alcance da igualdade de gnero.

    Resumo dos Princpios:1. Estabelecer liderana corporativa de alto nvel para a igualdade de gnero.

    2. Tratar todas as mulheres e homens de maneira justa no trabalho respeitar e

    apoiar direitos humanos e no-discriminao;

    3. Assegurar sade, segurana e bem-estar a todos, trabalhadoras e

    trabalhadores, mulheres e homens.

    4. Promover educao, treinamento e desenvolvimento profissional para as

    mulheres.

    5. Implementar desenvolvimento empresarial e prticas de cadeia de

    suprimentos e marketing que empoderem as mulheres.

    6. Promover igualdade atravs de iniciativas comunitrias e de defesa.

    7. Medir e publicamente relatar o progresso no alcance da igualdade de gnero.

    Frum Amaznia Sustentvel

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    Banco do Brasil aderiu ao Frum Amaznia Sustentvel, grupo composto por

    diversas entidades governamentais, empresariais e no-governamentais que

    discute os caminhos para o desenvolvimento sustentvel no bioma Amaznia.

    The CEO Water Mandate

    O Banco do Brasil aderiu ao The CEO Water Mandate. Trata-se de uma proposta

    da Organizao das Naes Unidas ONU, para que as empresas signatrias do

    pacto Global passem a abordar a questo da gua e o gerenciamento deste

    recurso em suas estratgias corporativas e assim contribuir positivamente no

    combate crise de gua emergente.

    Dentre as empresas fundadoras da iniciativa destacam-se a Coca-Cola, Pepsico,Nestl, Uniliver, Danone e Dow Chemical, que tm na gua um importante insumo

    em seus processos produtivos.

    A empresa Dow Qumica, cliente Corporate do BB, ciente das aes do Banco em

    prol da sustentabilidade, do lanamento do programa gua Brasil e da forte

    atuao no agronegcio, enviou convite ao Banco do Brasil para ser a primeira

    instituio financeira a se tornar signatria do compromisso.

    Grupo de Trabalho da Moratria da Soja

    O Banco do Brasil aderiu ao Grupo de Trabalho da Moratria da Soja- GTS. Os

    estudos produzidos pelo GTS tm por objetivo conciliar a preservao do meio

    ambiente com o desenvolvimento econmico por intermdio da utilizao

    responsvel e sustentvel dos recursos naturais brasileiros, atendendo aos

    anseios da sociedade.

    Com a adeso, o BB se compromete a no financiar a produo de soja em reas

    desmatadas dentro do bioma Amaznia ps-julho 2006.

    Alm de representantes das indstrias de leos vegetais e dos exportadores de

    cereais, o GTS conta com a participao de organizaes no governamentais, do

    Ministrio do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

    (INPE).

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    PRI Principles for Responsible Investment

    A BBdtvm aderiu ao PRI - Princpios para o Investimento Responsvel. O PRI

    consiste em seis princpios bsicos, que se desdobram em diretrizes, cujafinalidade viabilizar a incorporao das questes sociais, ambientais e de

    governana corporativa s prticas de anlise, deciso e gesto de investimentos.

    O pblico-alvo do PRI o conjunto dos investidores institucionais, proprietrios de

    ativos. Tambm podem ser signatrios os gestores externos de ativos e os

    prestadores de servios/consultores.

    Os princpios para o investimento responsvel so:

    Incluir temas como meio ambiente, desenvolvimento social e governanacorporativa (ESG) nas anlises de investimento e nos processos de tomada dedeciso.

    Sermos proprietrios ativos e incorporar os temas de ESG nas polticas eprticas de deteno de ativos.

    Buscar a transparncia adequada nas empresas em que investimos quanto squestes de ESG.

    Promover a aceitao e a implementao dos princpios no conjunto deinvestidores institucionais.

    Trabalhar juntos para reforar nossa eficincia na implementao dosprincpios.

    Divulgar nossas atividades e progressos em relao implementao dosprincpios

    ndice Carbono Eficiente ICO2

    O ICO2 da BM&F Bovespa composto pelas aes das companhias participantes

    do ndice IBrX-50 e considera em sua ponderao no apenas o free float das

    aes das empresas, mas tambm o grau de eficincia de emisses de gases de

    efeito estufa, identificado por meio de anlise dos inventrios de emisses.

    Como o BB recebe questionamentos de investidores, clientes, governos e

    organizaes da sociedade civil quanto as suas prticas em RSA, a Adeso a esse

    ndice e mais uma reposta do BB a esses questionamentos.

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    A adeso do Banco do Brasil ao ICO2 ocorreu em 17/06/2010 e demonstrou ao

    mercado o compromisso com a transparncia, bem como a disposio na busca

    pelo alinhamento s melhores prticas referentes ecoeficincia empresarial e a

    contribuio para uma economia de baixo carbono, coerente com o disposto emsua Estratgia Corporativa.

    Empresas pelo Clima - EPC

    A Plataforma EPC tem por objetivo a construo de um novo modelo econmico

    para o Pas baseado no equilbrio climtico. Um total de 25 empresas integra essa

    iniciativa, coordenada pela Fundao Getlio Vargas. Enquanto membro da

    plataforma, desde o seu lanamento em 08/10/2009, o BB participa ativamente dosdebates e posicionamentos com o objetivo de orientar o processo de adaptao da

    economia brasileira s mudanas climticas.

    No mbito da EPC so tratadas, entre outras, questes ligadas ao marco

    regulatrio, gesto das emisses de gases do efeito de estufa (GEE) e s

    prticas empresariais prprias de uma economia de baixo carbono.

    A plataforma prev a realizao de mesas redondas temticas envolvendo os

    setores mais poluentes, como: agronegcio, energia, florestas, indstria, servios e

    transportes.

    Alm disso, as Empresas pelo Clima assumem o compromisso de publicar seus

    inventrios de GEE de acordo com a metodologia do Programa Brasileiro GHG

    Protocol.

    O Protocolo uma ferramenta confivel, adotada por empresas e governos de

    todo o mundo para medio de emisses de gases indutores do aquecimento

    global.

    Ser uma EPC significa tambm desenvolver solues tecnolgicas para medio e

    reduo das fontes de efeito de estufa.

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    Em 30/11/2010, o Banco aderiu aos documentos Propostas empresariais pblicas

    para uma economia de baixo carbono no Brasil: Energia, Transportes e

    Agropecuria, reafirmando os compromissos assumidos com a Plataforma EPC.

    Caring for Climate

    Adotado pelo BB a partir de setembro de 2009, trata-se de uma plataforma

    adicional de compromissos do Pacto Global, lanada em parceria com o Programa

    das Naes Unidas para o Meio Ambiente e o Conselho Empresarial Mundial para

    o Desenvolvimento Sustentvel, para participantes que queiram avanar em

    solues sobre mudanas climticas. Ao adotar o Cuidado com o Clima (Caring

    for Climate) as Instituies se comprometem a:

    Desenvolver aes prticas para melhoria da eficincia energtica e para a

    reduo das emisses de carbono em seus produtos, servios e processos,

    com definio de metas voluntrias e divulgao anual dos avanos, mediante

    comunicao pblica.

    Identificar e entender as implicaes das mudanas climticas no negcio da

    empresa e definir uma estratgia coerente minimizando riscos e identificando

    oportunidades; Provocar aes para engajar o governo e a sociedade no desenvolvimento de

    polticas para uma economia de baixo carbono;

    Trabalhar em conjunto com empresas, em nvel nacional e setorial, ao longo da

    sua cadeia de valor, para o estabelecimento de normas e adoo de iniciativas

    conjuntas voltadas para a reduo de riscos e aproveitamento das

    oportunidades relacionadas s mudanas climticas.

    Programa Brasileiro GHG Protocol

    Em maio de 2008, foi lanado o Programa Brasileiro "GHG Protocol" com o

    objetivo de incrementar a capacidade tcnica e institucional de empresas no

    gerenciamento de suas emisses de gases de efeito estufa, atravs da

    disseminao da metodologia "GHG Protocol" para clculo e reporte.

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    O "GHG Protocol" uma das principais ferramentas para a identificao e clculo

    de emisses de gases de efeito estufa e suporte para o gerenciamento das

    mesmas, sendo utilizado pelas maiores empresas do mundo.

    Atento aos novos riscos e oportunidades relacionados s mudanas climticas o

    Banco do Brasil, juntamente com outras 16 empresas nacionais, apoiou a iniciativa

    brasileira como membro-fundador, comprometendo-se a realizar o inventrio de

    suas emisses a partir da metodologia que est sendo adaptada realidade

    brasileira.

    Sua utilizao apoiar a adoo de polticas e desenvolvimento de estratgias

    baseadas em um conhecimento consistente das emisses de gases de efeitoestufa decorrentes de suas atividades e de suas oportunidades de reduo.

    Os promotores do Programa Brasileiro "GHG Protocol" so o Centro de Estudos

    em Sustentabilidade da Escola de Administrao de Empresas de So Paulo da

    Fundao Getulio Vargas, o Conselho Empresarial Brasileiro para o

    Desenvolvimento Sustentvel, o Ministrio do Meio Ambiente, o World Resources

    Institute e o World Business Council for Sustainable Development, com apoio da

    Embaixada Britnica e da Agncia Norte-Americana para o DesenvolvimentoInternacional.

    Carbon Disclosure Project

    Em maro de 2005, Banco do Brasil, Brasilprev e Previ, juntamente com os

    principais investidores institucionais no mundo, manifestaram formalmente apoio

    ao pedido de abertura de informaes sobre a emisso de gases de efeito estufa

    CarbonDisclosure Project, enviado as 500 maiores empresas do mundo.

    O pedido de informaes resultado de projeto administrado pela Rockefeller

    Philanthropy Advisers, com recursos provenientes principalmente do Fundo de

    Carbono do Governo da Gr-Bretanha.

    Alm de coerente com a postura de responsabilidade socioambiental do Banco do

    Brasil, que prev ponderaes acerca dos impactos sociais e ambientais das

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    prticas administrativas e negociais considerados a os investimentos realizados -,

    o apoio iniciativa vem ao encontro dos interesses negociais do Banco.

    Segundo o Ministrio do Meio Ambiente, no Brasil, o aquecimento provocado pelo

    efeito estufa pode trazer como impacto a alterao do regime de chuvas e da

    temperatura, com conseqncias diretas sobre a agricultura e a biodiversidade.

    Em 2006, o Carbon Disclosure Project foi estendido para as 50 empresas com a

    maior liquidez listadas no ndice Brasil (IBrX) da Bovespa. Em coerncia ao apoio

    verso internacional do CDP e ao seu compromisso com a sustentabilidade o

    Banco do Brasil foi uma das 33 empresas que pioneiramente aceitaram responder

    ao questionrio brasileiro.

    Cdigo de Governana Corporativa

    Em novembro de 2007, alinhado com as melhores prticas de mercado, o Banco do

    Brasil divulgou seu Cdigo de Govern