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1
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PRESI DENTE DA REP ÚBLICA
Luiz Inác io Lula da Silva M INISTRO DA EDUCAÇÃO Fernando Haddad
GOV ERNA DOR DO ESTADO DO PIA UÍ José Wellington Bar roso de Araújo Dias
REITOR DA UNIV ERSI DADE FEDERAL DO PIAUÍ Luiz de Sousa Santos Júnior
SEC RETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO M EC Car los Eduardo Bielschow sky COORDENADOR GERAL DA UNIV ERSI DADE A BERTA DO BRASIL
Celso José da Cos ta DIRETOR GERAL DO C ENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA A DISTÂNCIA DA UFPI Gildás io Guedes Fernandes
DIRETOR DO C ENT RO DE CI ÊNCIAS DA NATUREZA Helder Nunes da Cunha
COORDENADOR DO CURSO DE QUÍM ICA NA M ODALIDADE Ea D Rosa Lina Gomes Pereira do Nasc imento da Silva
COORDENADORA DA P RODUÇÃO DO M ATERIAL DI DÁTICO DO C EAD/ UFPI/ UAPI Cleid inalva Mar ia Barbosa Ol iveira DIAGRAM AÇÃO
Giselle da Silva Cas tro REV ISÃO ORTOGRÁFICO-GRAM ATICAL Mar ia da Penha Feitosa
3
Apresentação Apresentação
Este texto tem o objetivo de preparar os alunos da disciplina
de Metodologia de Estudos Autônomos, do Curso de Licenciatura
em Química, para serem os agentes principais de sua formação.
Com este fim serão orientados para aprender a aprender, tarefa das
mais necessárias, nos dias de hoje, a estudantes, a profissionais das
mais diversas áreas e, principalmente, a professores.
Por simplicidade, o conteúdo apresentado está distribuído em
cinco unidades que correspondem às unidades do plano de ensino
da disciplina. Em cada uma delas, além dos textos que exploram os
conteúdos e das atividades de aprendizagem, sempre que
necessário, foram inseridas seções complementares.
A Unidade 1 trata do que é estudar, do que é aprender e da
necessidade de estudar para realizar uma aprendizagem
significativa. Em seguida, na Unidade 2, abordamos o estudo e a
Educação a Distância enfatizando a importância dos estudos
autônomos nesta modalidade de educação. Na Unidade 3, partindo
do ato de estudar, discorremos sobre o ambiente de estudo, os
fatores que favorecem a aprendizagem, o uso de recursos
mnemônicos, o planejamento de estudos e como estudar com novas
tecnologias de informação e comunicação.
A leitura como método de estudo é o assunto da Unidade 4.
Nela discutimos o ato de ler, níveis e tipos de leitura, técnicas de
análise e interpretação de texto e como fazer anotações,
fichamentos, resumos e resenhas. Por último, na Unidade 5,
apresentamos a pesquisa científica como um modo de construir
conhecimento, incluindo definição, finalidade, planejamento e tipos
de pesquisa e detalhamos as etapas da pesquisa bibliográfica e a
elaboração do relatório de pesquisa.
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Apresentação Sumário
UNIDADE 1 – ESTUDAR E APRENDER .................................................. 07
Mônica Maria Machado Ribeiro Nunes de Castro
1.1 O que é Estudar? .................................................................................. 09
1.1.1 Estudo e método ................................................................................. 10
1.1.2 Por que Estudar? ............................................................................... 11
1.2 O que é Aprender? ................................................................................ 12
1.3 A Importância de Estudar e Aprender na Atualidade............................ 14
1.4 Atividades de Aprendizagem ................................................................. 16
1.5 Referências Bibliográficas ..................................................................... 19
1.6 Web-Bibliografia ..................................................................................... 20
UNIDADE 2 – O ESTUDO E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ..................... 21
Ana Lúcia Nunes Falcão de Oliveira e Maria Rita de Morais Chaves
Santos
2.1 O que é Educação a Distância .............................................................. 23
2.2 O Estudo e a Educação a Distância ...................................................... 26
2.3 A importância dos Estudos Autônomos................................................. 28
2.4 Atividades de Aprendizagem ................................................................. 29
2.5 Referências Bibliográficas ..................................................................... 29
2.6 Web-Bibliografia ..................................................................................... 30
UNIDADE 3 – COMO ESTUDAR ............................................................... 32
Mônica Maria Machado Ribeiro Nunes de Castro
3.1 O Ato de Estudar.................................................................................... 34
3.1.1 Etapas para um Estudo Produtivo ...................................................... 35
3.2 O Ambiente de Estudo ........................................................................... 36
3.2.1 Condições para um bom Ambiente de Estudo................................... 37
3.3 Fatores que favorecem a Aprendizagem .............................................. 39
3.3.1 Motivação ............................................................................................ 39
3.3.2 Atenção ............................................................................................... 40
3.3.3 Hábito de estudo ................................................................................. 42
3.3.4 Associação de ideias .......................................................................... 43
3.3.5 Intercâmbio.......................................................................................... 43
3.3.6 Aceitação de críticas ........................................................................... 44
5
3.3.7 Estado de Saúde Física e Mental ...................................................... 44
3.4 Memória e Aprendizagem...................................................................... 45
3.4 1 Leis da Memória ................................................................................. 46
3.4.2 Problemas de Memória e Aprendizagem ........................................... 46
3.4.3 Recursos mnemônicos na Aprendizagem ......................................... 47
3.4.4 Cuidados com a memória................................................................... 44
3.5 Planejamento, Cronograma e Rotina de Estudo .................................. 49
3.5.1 Planejamento de Estudo .................................................................... 50
3.5.2 Cronograma de Atividades ................................................................. 52
3.6 Estudar com Novas Tecnologias de Informação e Comunicação........ 54
3.7 Atividades de Aprendizagem ................................................................. 56
3.8 Referências Bibliográficas ..................................................................... 58
3.9 Web-Bibliografia..................................................................................... 58
UNIDADE 4 – A LEITURA COMO MÉTODO DE ESTUDO ...................... 60
Ana Lúcia Nunes Falcão de Oliveira, Maria Rita de Morais Chaves
Santos e Mônica Maria Machado Ribeiro N. de Castro
4.1 O Ato de Ler........................................................................................... 62
4.1.1 A leitura como habilidade básica........................................................ 62
4.1.2 O processo de Leitura ........................................................................ 63
4.1.3 O bom leitor ........................................................................................ 65
4.2 Níveis e Tipos de Leitura ....................................................................... 67
4.2.1 Como ler livros didáticos? ................................................................. 68
4.3 Análise e Interpretação de Texto .......................................................... 73
4.3.1 Análise textual..................................................................................... 74
4.3.1.1 Como fazer um esquema? ............................................................. 75
4.3.2 Análise temática.................................................................................. 77
4.3.3 Análise interpretativa .......................................................................... 78
4.3.4 Problematização ................................................................................. 80
4.3.5 Síntese pessoal .................................................................................. 80
4.4 Anotações, Fichamentos, Resumos e Resenhas ................................. 81
4.4.1 A Documentação Pessoal .................................................................. 81
4.4.2 Anotações ........................................................................................... 83
4.4.3 Fichamentos ....................................................................................... 84
4.4.3.1 Fichamento para Documentação Temática .................................... 85
4.4.4 Resumos ............................................................................................. 87
6
4.4.4.1 Como fazer um Resumo Informativo? ............................................ 89
4.4.5 Resenhas ............................................................................................ 90
4.5 Atividades de Aprendizagem ................................................................. 92
4.6 Referências Bibliográficas ..................................................................... 93
4.7 Web-Bibliografia ..................................................................................... 95
UNIDADE 5 – COMPREENDENDO A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ...... 96
Maria da Conceição Sousa de Carvalho
5.1 O que é Pesquisa Científica? ................................................................ 98
5.2 Por que Pesquisar?................................................................................ 99
5.3 Como acontece o Processo de Pesquisa? ......................................... 101
5.4 Como Classificar Pesquisas? .............................................................. 103
5.4.1 Tipos de Pesquisa segundo os Objetivos ........................................ 104
5.4.2 Tipos de Pesquisa segundo as Fontes de Dados............................ 104
5.5 A Pesquisa Bibliográfica ...................................................................... 105
5.5.1 Passos da Pesquisa Bibliográfica .................................................... 105
5.5.2 Apresentação do Relatório ............................................................... 111
5.6 Atividades de Aprendizagem ............................................................... 114
5.7 Referências Bibliográficas ................................................................... 115
5.8 Web-Bibliografia ................................................................................... 116
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 117
WEB-BIBLIOGRAFIA................................................................................ 122
SOBRE OS AUTORES.............................................................................. 127
7
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Apresentação Sumário da Unidade
UNIDADE 1 – ESTUDAR E APRENDER .................................................. 07
Mônica Maria Machado Ribeiro Nunes de Castro
1.1 O que é Estudar? .................................................................................. 09
1.1.1 Estudo e método ................................................................................. 10
1.1.2 Por que Estudar? ............................................................................... 11
1.2 O que é Aprender? ................................................................................ 12
1.3 A Importância de Estudar e Aprender na Atualidade............................ 14
1.4 Atividades de Aprendizagem ................................................................. 16
1.5 Referências Bibliográficas ..................................................................... 19
1.6 Web-Bibliografia ..................................................................................... 20
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1.1 O que é Estudar?
Você já se perguntou por que estuda? A resposta mais óbvia é:
“para aprender”. Foi o que você respondeu?
Vamos primeiramente tentar responder a uma questão anterior
a esta: o que é estudar? Uma ida ao Novo Dicionário Básico da
Língua Portuguesa nos mostra que o verbete estudar tem vários
significados. Vamos citar alguns:
1. Aplicar a inteligência, para aprender.
2. Dedicar-se à apreciação, análise ou compreensão de;
examinar, analisar.
3. Observar atentamente.
4. Procurar fixar na memória; esforçar-se para saber de cor.
5. Frequentar o curso de; cursar.
6. Examinar ou observar atentamente.
7. Exercitar-se ou adestrar-se em.
8. Ensaiar previamente (uma atitude, um gesto, um acessório, a
posição de um objeto, etc.), para ter ideia do efeito.
9. Aplicar o espírito, a memória, a inteligência, para saber, ou
adquirir instrução ou conhecimentos.
10. Meditar; pensar; assuntar.
Se você prestar atenção a todas essas acepções do verbete
estudar pode até pensar que tudo o que fazemos é estudar! Na
verdade, não é muito diferente disso, é? Estamos sempre estudando
alguma coisa; não necessariamente na vida escolar, mas na vida em
geral, no cotidiano de nossa existência.
Porém, muitos estudantes se queixam de estudar, estudar e
estudar e, ao final, não aprenderem nada. Realmente, isso acontece.
Acontece com quem não aprendeu a estudar. E é por isso que
iniciamos nossa disciplina fazendo esta reflexão sobre estudar.
Estudar é um processo que só se realiza quando se aprende
algo ou alguma coisa. Envolve a intenção, o querer, a necessidade;
envolve o preparo, o treino, a disponibilidade; e, como toda atividade
Verbete -
quando relativo a um dicionário, glossário ou enciclopédia, conjunto de acepções de uma palavra.
Reflita!
Para você, o que é estudar?
10
humana, requer o uso de métodos e técnicas adequadas. Até a
atividade mais corriqueira como lavar um copo, por exemplo, pode
ser bem ou mal realizada. Ou seja, levar mais ou menos tempo, ser
desempenhada com desleixo, atenção, indiferença ou prazer.
Também é assim com o ato de estudar.
1.1.1 Estudo e Método
Estudar está para o jovem, o estudante, assim como trabalhar
está para o adulto, o trabalhador. Estudar é um dever do estudante,
mas a esse dever corresponde o direito de ser orientado. Muitos são
os estudantes que “queimam pestanas” às vésperas de provas;
outros que sacrificam lazer, amizades, o convívio em família,
dedicando horas e horas ao estudo, mas têm pouco êxito nos
exames e trabalhos escolares. Não sabem tirar proveito das
exposições dos professores, nem da leitura de livros, artigos de
periódicos ou outras fontes de consulta; não sabem fazer anotações,
fichamentos, resumos ou mesmo fazer uso destes. Para estes
muitos alunos o estudo sistemático é uma “tortura”, pois, como em
toda profissão, a falta de domínio das “ferramentas de trabalho” leva
ao insucesso.
Para dominar as ferramentas necessárias ao estudo ou à
busca do conhecimento, fazemos uso da metodologia científica. Ela
ensina a manejar os instrumentos adequados ao “trabalho de
estudar” de modo a torná-lo mais significativo, eficiente e prazeroso.
Matos (1994, p. 16) ensina que “O vocábulo metodologia vem
do grego „methodos‟ (meta + hodos = caminho), em latim
„methodus‟, e indica um caminho para chegar a um fim, ou a um
determinado resultado.” Assim, em sentido amplo, metodologia
científica é o estudo dos métodos de conhecer; em sentido mais
estrito, é o “conjunto de definições, procedimentos, rotinas, métodos
e técnicas utilizados para obtenção e apresentação das informações
desejadas” (MOURA, 2006).
11
Desse modo, a metodologia aplicada aos estudos visa a
encaminhar o estudante na busca do saber, no aprender a aprender,
através da orientação para a aquisição de capacidades,
desenvolvimento de estratégias e uso de métodos e técnicas que lhe
permitam se responsabilizar por seus próprios estudos, decidindo
com autonomia sobre suas prioridades e metas.
1.1.2 Por que estudar?
Assim, voltamos à questão inicial: por que estudar? Para
responder a esta questão olhe à sua volta. O mundo em que
vivemos é bem complexo e pode até ser bem hostil. Necessitamos
de conhecimentos sobre ele para que possamos viver. É assim
desde tempos imemoriais. De lá para cá, o conhecimento acumulado
pela humanidade sobre a natureza e o domínio e desenvolvimento
das técnicas nos proporcionou o tipo de vida que temos hoje. Esse
conhecimento é de tal monta e abrangência que o seu estudo ocupa
grande parte de nossas vidas, mesmo que só o estudemos de forma
superficial e o que nos é imprescindível para a vida em sociedade.
Hoje, seria impossível alguém reter todo o conhecimento produzido
em todas as áreas. Mesmo de uma só área, é uma tarefa homérica!
Agora, reflita um pouco. Desde quando você estuda?
Provavelmente há vários anos, décadas... Pois bem, tudo o que
você estudou até aqui é muito, mas muito importante mesmo para
sua vida e para a vida das pessoas que o cercam. Mas, ainda é
pouco e você tem consciência disso. Tanto que você quer mais e por
isso está aqui, agora, fazendo esse novo curso.
Então, é por isso que você estuda. Você ainda tem muito que
aprender!
Autonomia –
faculdade de se governar por si mesmo. Liberdade ou independência moral ou intelectual.
12
1.2 O que é Aprender?
Vamos então investigar o que é aprender. Novamente uma
consulta ao Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa nos
auxilia. Está ali que aprender é:
1. Tomar conhecimento de.
2. Reter na memória, mediante o estudo, a observação ou a
experiência.
3. Tornar-se apto ou capaz de alguma coisa, em conseqüência
de estudo, observação, experiência, advertência, etc.
4. Tomar conhecimento de algo, retê-lo na memória, em
consequência de estudo, observação, experiência, advertência, etc.
Você estuda para aprender algo que você só aprende se
estuda. Ou seja, estudar não é um fim; estudar é um meio pelo qual
passamos a ter conhecimento de algo. Esse algo quase sempre diz
respeito às relações existentes entre os homens e entre os homens
e a natureza. Aprender é compreender, assimilar, memorizar e
transpor o conhecimento adquirido para outras situações.
Assim, uma primeira constatação que pode ser feita, frente a
estas acepções para o que é aprender, é que o estudo nem sempre
leva à aprendizagem. Embora todos nós tenhamos capacidade para
aprender, existem diversos fatores que intervêm no aprendizado.
Estes fatores podem estar relacionados tanto com a pessoa que
quer aprender (interesse, estrutura cognitiva etc.) quanto com o
objeto de estudo (por exemplo, seu potencial significativo para o
estudante).
É sabido que todo “ser humano nasce com certos
comportamentos programados, inatos: são os reflexos e certas
tendências que se incorporam ao que ele vai aprendendo”
(OLIVEIRA; CHADWICK, 2001, p. 75). A cada dia, naturalmente,
incorporamos novos conhecimentos; tão naturalmente que não nos
damos conta do processo em si. A aprendizagem ocorre por
observação, ensaio e erro, com a ajuda de outras pessoas.
Capacidade – qualidade que uma pessoa ou coisa tem que possuir para um determinado fim. Habilidade; aptidão. Poder de receber, aceitar, apossar.
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Também é sabido que aprendemos mesmo fora do contexto de
utilização do conhecimento, devido às capacidades de abstração e
generalização. Isso permite aplicar um conhecimento aprendido em
um contexto em outros contextos totalmente diversos. O ensino
formal e a instrução, promovidos em nossa sociedade pelas escolas
em geral, são os responsáveis por este tipo de aprendizagem que se
quer mais eficiente, diferente das formas naturais anteriormente
referidas. Este tipo de aprendizagem é intencional, mais formal, mais
dirigida e menos lúdica.
De qualquer modo, para que a aprendizagem ocorra é
necessário que as novas informações e conhecimentos sejam
organizados, assimilados, confrontados e integrados aos
conhecimentos já existentes, de forma a serem, quando necessário,
utilizados em outras situações. O que é aprendido contribui para a
formação integral da pessoa e proporciona o seu amadurecimento.
Quando se aprende algo na verdade se aprende várias coisas. Nas
palavras de Bordenave e Pereira (2002, p. 25):
A aprendizagem é um processo qualitativo, pelo qual a pessoa fica mais bem preparada para novas aprendizagens. Não se trata, pois, de um aumento quantitativo de conhecimentos, mas de uma transformação estrutural da inteligência da pessoa.
Desta forma, pode-se dizer que “os saberes não se
acumulam, não constituem estoques que vão sendo agregados um a
um à mente; há sim a transformação da integração, da modificação,
do estabelecimento de relações e da coordenação entre esquemas
de conhecimento que já possuíamos em novos vínculos e relações a
cada nova aprendizagem conquistada” (ANTUNES, 2002, p. 29 e
31).
Convém, por último, ressaltar que na aprendizagem
promovida pela escola, onde o objeto de estudo são conteúdos
curriculares já elaborados que fazem parte da cultura e do
conhecimento, também há a construção de uma representação
Reflita! Como você faz para aprender algo novo?
“Nenhum professor pode „ensinar‟ um aluno a ser capaz, mas pode ajudá-lo a se descobrir capaz”
(ANTUNES, 2002).
14
pessoal por parte do aprendiz quando se tem uma aprendizagem
significativa. Neste caso, então, a construção de significados
realizada não deve ser individual, mas sim comparti lhada entre
professores e alunos.
1.3 A Importância de Estudar e Aprender na Atualidade
Tendo agora mais clareza sobre o que é estudar, o que é
aprender e, ainda, sabendo que tanto um como outro exigem
empenho e dedicação, é hora de refletir sobre a importância que têm
esses processos que, além de satisfação e crescimento pessoal, às
vezes trazem cansaços e decepções.
É bom lembrar, neste momento, dos objetivos da
aprendizagem. A pessoa que estuda e aprende torna-se capaz de
libertar-se da ignorância (no seu sentido estrito de ignorar, não
saber, desconhecer, ser incapaz de), de expressar-se por suas
próprias palavras e de pensar com sua própria cabeça. Isto significa
ter espírito crítico, saber ponderar as coisas e pessoas e avaliá-las
segundo seus próprios princípios e valores. Significa tornar-se uma
pessoa ciente de suas próprias opiniões – fundamentadas, sempre
que possível, em fatos e evidências –, mas que respeita as opiniões
de outras pessoas.
PARA SABER MAIS...
Vários cientistas formularam teorias sobre a aprendizagem. Estas teorias fundamentam a criação e o desenvolvimento dos métodos e técnicas utilizadas no processo de ensino-aprendizagem. Mesmo sem maiores detalhes, já que as teorias de aprendizagem serão assunto de uma disciplina específica do Curso, será interessante conhecer algo sobre o tema neste momento, pois sabendo como se aprende fica mais fácil entender como se estuda. Recomendamos, também, a busca de informações sobre as contribuições de Piaget, Skinner, Bruner, Gagné, Ausubel, Rogers,
Paulo Freire, Vygotsky e Gardner.
15
Desta forma, e por tudo isso, a sociedade hoje valoriza mais
do que nunca a formação de seus cidadãos, de modo que o
mercado profissional, em geral, remunera pela qualificação.
Pesquisas recentes do Banco Mundial e da Fundação Getúlio
Vargas demonstram que quanto maior o nível de escolaridade,
maiores são as chances de obter vaga no mercado de trabalho e
maior o salário obtido; e, ainda, que enquanto cai o número de
contratações de pessoal com menor escolaridade, aumentam as
chances de quem tem maior escolaridade.
Ou seja, nossa sociedade, por isso mesmo denominada de
“sociedade do conhecimento”, está cada vez mais seletiva mais
exigente e atribuindo maior importância às competências e ao saber
de cada um. Não ao saber pronto, acabado; mas ao saber que
confere prontidão para novos saberes. Como consequência, e diante
da rapidez com que ocorrem as transformações que nela se operam,
para esta sociedade, o melhor não é aquele que aprendeu ou pode
aprender no sentido de poder ser ensinado, mas aquele no qual tem
a autonomia de se planejar, se organizar, sabe estudar e aprendeu a
aprender.
O perfil do profissional exigido na atualidade é aquele das
pessoas capazes de refletir e agir criticamente sobre sua realidade,
buscando soluções e propondo mudanças inovadoras, capazes até
mesmo de se automodificarem. Esse quadro não deve ser visto por
você como desmotivador. Tome-o como desafiador. Ver o estudo e a
aprendizagem como importante é um elemento automotivador; deve
partir do próprio aluno.
Comece refletindo sobre a importância que você dá a seus
estudos, ao que você aprende. Você está iniciando este Curso para
aprender a ser professor de Química. Isso significa aprender muitas
coisas; significa apropriar-se de um conhecimento construído ao
longo de milênios e fazer sua transposição para outras pessoas. Isso
é importante para você? Para a sociedade?
Química – “É a
ciência que estuda as substâncias, sua estrutura, propriedades e as reações que as transformam em outras substâncias” (CHAGAS,1992).
16
Por ser um curso na modalidade de Educação a Distância, um
dos princípios que o fundamentam é o da auto-aprendizagem, que
será trabalhado sempre como um processo interativo e colaborativo.
Isso exigirá de você um grande investimento de tempo de estudo,
leitura e escrita. Esperamos que participe, se envolva, se
comprometa, se entusiasme e aprenda como se estuda e se
aprende a distância. Nesta disciplina temos o firme propósito de
ajudá-lo, instruindo-o para que se torne cada vez mais pró-ativo com
respeito aos seus objetivos e sua autonomia, tanto com respeito à
sua aprendizagem quanto com seu projeto de vida como um todo!
1.4 Atividades de Aprendizagem
1. Faça um breve resumo de sua pesquisa sobre as teorias da
aprendizagem.
2. Elabore um pequeno texto sobre a epistemologia
construtivista de Piaget ou Epistemologia Genética.
3. Visite os sites do Banco Mundial <www.obancomundial.org> e
da Fundação Getúlio Vargas <www.fgv.br> e pesquise o que são e
quais os objetivos destas instituições.
4. Para se conhecer melhor como estudante, responda na forma
solicitada, às questões apresentadas abaixo. A seguir, reflita sobre
seu modo de ser em cada aspecto questionado.
Parte I - Assinale com um X as alternativas que correspondem à
sua maneira de ser e/ou traduzam seu pensamento.
1. Em sala de aula sou:
( ) inquieto
( ) curioso
( ) sempre presente
( ) brincalhão
( ) participativo
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( ) sempre ausente
( ) questionador
( ) calmo e calado
2. Na hora das explicações:
( ) fico atento
( ) não presto atenção
( ) fico em silêncio
( ) logo me desinteresso
( ) sempre tomo notas
( ) converso com colegas
( ) absorvo bem tudo o que é dito
( ) acompanho a explicação pelo livro de texto
3. Na realização de tarefas prefiro:
( ) trabalhos individuais
( ) trabalhos em grupo
( ) atividades desafiadoras
( ) atividades de reforço iguais às mostradas em sala
( ) atividades que envolvam apenas leitura; nada de escrever
( ) atividades que levem a fazer algo prático
4. Na realização de tarefas costumo:
( ) ser lento
( ) ser rápido para terminar logo
( ) ser rápido e eficiente
( ) ser lento mas cuidadoso
( ) consultar apenas livros
( ) consultar apenas colegas
( ) consultar apenas as anotações feitas em sala de aula
( ) pesquisar em livros, revistas, enciclopédias, internet etc.
( ) pedir ajuda ao professor
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5. Estudo
( ) mas não sei o porquê.
( ) mas detesto estudar
( ) porque sou obrigado
( ) para atingir meus objetivos
( ) porque gosto
( ) para ter uma profissão digna
( ) porque preciso ajudar minha família
6. Às vezes não estudo quando devia porque
( ) preocupo-me demais com problemas pessoais
( ) sou tentado a fazer coisas mais interessantes
( ) distraio-me com coisas ao meu redor
( ) me envolvo demais com atividades extracurriculares
( ) tenho saúde precária
( ) não me interesso por todos os assuntos
( ) tenho tendência para adiar minhas tarefas
Parte II – Leia atentamente as perguntas abaixo e responda,
honestamente, sim ou não na margem esquerda.
1. Você sabe, de manhã, exatamente o que vai fazer durante o
dia?
2. Você estuda sistematicamente?
3. Costuma estudar sempre no mesmo lugar?
4. Há na sua mesa de estudo algo que possa distrair sua
atenção?
5. Quando estuda, pula os gráficos e tabelas que aparecem nos
livros?
6. Quando estuda, faz mapas simples ou diagramas que
representem pontos importantes da leitura?
7. Quando encontra, em suas leituras, palavras que não
conhece procura o dicionário?
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8. Costuma ler “por alto” um capítulo antes de lê-lo
minuciosamente?
9. Costuma ler o resumo ao final do capítulo, antes de ler o
capítulo propriamente dito?
10. Conserva reunidos os apontamentos sobre determinada
matéria?
11. Toma nota, durante as aulas, de forma esquemática?
12. Toma nota, sobre as leituras que faz, de forma esquemática?
13. Costuma fazer resumo de suas leituras?
14. Fica estudando até tarde da noite antes das provas?
15. Ao se preparar para uma prova, tenta memorizar o texto?
16. Tenta analisar seus trabalhos para descobrir os pontos
fracos?
17. Tenta uti lizar as noções que aprende em uma matéria para
aprender outra?
1.5 Referências Bibliográficas
ANTUNES, C. Novas maneiras de ensinar, novas formas de aprender. Porto Alegre: Artmed, 2002.
BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino-
aprendizagem. 23. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
CHAGAS, A. P. Como se faz Química, 2ª ed. Editora da UNICAMP, Campinas, SP, 1992.
FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário básico da língua portuguesa: Folha / Aurélio. São Paulo: Nova Fronteira / Folha de
São Paulo, 1988.
MATOS, H. C. J. Aprenda a estudar: orientações metodológicas para o estudo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
OLIVEIRA, J. B. A.; CHADWICK, C. Aprender a ensinar. São Paulo:
Global, 2001.
20
1.6 Web-Bibliografia
MOURA, Gercinaldo. Metodologia científica em conceito e método.
Gestão Universitária (periódico on-line), edição 118, 16/08/2006.
Disponível em:
<http://www.gestaouniversitaria.com.br/index.php?origem=opiniao&i
dsec=1&autor=gercinaldo+moura&assunto=metodologia+cient%EDfi
ca&conteudo=&submit.x=55&submit.y=16> Acesso em: 17/08/2007.
SANTOS, José Carlos Ary dos. Aprender e estudar. Disponível em:
<http://www.meio.tv/m/josemachado/ary/aae.html> Acesso em:
01/06/2007.
Introdução às Teorias da Aprendizagem. Disponível em:
<http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/RenatoMaterial/
teorias.htm> Acesso em: 17/08/2007.
Curso de Química. Disponível em:
<http://www.ufpi.br/ccn/departament.php> (perfil do profissional
licenciado em Química).
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA (publicação da Sociedade Brasileira
de Química). Disponível em:
http://sbqensino.foco.fae.ufmg.br/qnesc?secao=qnesc
www.sbq.org.br (site da Sociedade Brasileira de Química)
www.arscientia.com.br (site de divulgação de Ciência, Arte e
Tecnologia).
21
22
Apresentação Sumário da Unidade
UNIDADE 2 – O ESTUDO E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ..................... 21
Ana Lúcia Nunes Falcão de Oliveira e Maria Rita de Morais Chaves
Santos
2.1 O que é Educação a Distância .............................................................. 23
2.2 O Estudo e a Educação a Distância ...................................................... 26
2.3 A importância dos Estudos Autônomos................................................. 28
2.4 Atividades de Aprendizagem ................................................................. 29
2.5 Referências Bibliográficas ..................................................................... 29
2.6 Web-Bibliografia ..................................................................................... 30
23
2.1 O que é Educação a Distância?
Podemos iniciar esta unidade fazendo um paralelo entre os
conceitos de Educação a Distância e Ensino a Distância.
Segundo Aretio (citado por LOPES; NEWMAN; SALVAGO,
2003), a Educação a Distância tem como característica a
inexistência de distâncias e fronteiras para o acesso à informação e
à cultura, com aprendizagem independente, tornando o aluno capaz
de aprender e aprender a fazer, de forma flexível e autônoma, em
relação ao tempo, estilo, ritmo e método de aprendizagem, tornando-
o consciente de suas capacidades e possibilidades para a
autoformação.
A Educação a Distância é o processo de ensino-
aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos
estão separados espacial e/ou temporalmente. Na expressão
“Ensino a Distância” é dado ênfase ao papel do professor, que se
apresenta como alguém que ensina à distância (MORAN, 2002). Por
outro lado, a “Educação a Distância” é uma expressão que define
um processo mais amplo, mais abrangente, onde as tecnologias de
comunicação virtual são as ferramentas utilizadas.
As tecnologias interativas, sobretudo, vêm evidenciando, na
educação a distância, o que deveria ser o cerne de qualquer
processo de educação: a interação e a interlocução entre todos os
que estão envolvidos nesse processo de ensino-aprendizagem.
Cenário educacional em que instrutor e alunos estão
separados pelo tempo, posição, ou ambos os fatores. Os cursos de
educação a distância são levados a lugares remotos de forma
síncrona ou assíncrona, incluindo correspondência escrita, textos,
gráficos, áudio, fita de vídeo, CD-ROM, formação na linha de áudio e
videoconferência, rádio, televisão interativa e fax. A educação a
distancia não exclui a aula tradicional. A definição de educação a
distancia é mais ampla que a definição de e-Learning (modalidade
de educação a distância com suporte na internet, desenvolvida a
Síncrona -
permite a comunicação em tempo real. Assíncrona - permite a comunicação em tempos diferentes.
A Educação a Distância é um
desafio para alcançarmos os mais longínquos lugares, e você faz parte dele!
24
partir das necessidades de treinamentos de recursos humanos em
empresas com focos em recursos didáticos hipermediáticos).
A Educação a Distância é um processo educativo sistemático e
organizado que exige não somente a dupla via de comunicação,
mas também a instauração de um processo continuado, onde os
meios devem estar presentes na estratégia de comunicação. Assim,
a escolha do meio deve satisfazer o público alvo, nesse caso
estudantes de graduação, e deve ser eficaz na transmissão,
recepção, transformação e criação do processo educativo.
A Educação a Distância tem características próprias que
pressupõe uma grande ênfase no autoaprendizado. O aprendiz deve
ser incentivado a estudar e pesquisar de modo independente,
porém, um aprendizado colaborativo, dinamizado pela comunicação
e a troca de informação entre os alunos e professores, intensificados
de modo a consolidar a aprendizagem através de atividades
individuais ou em grupos virtuais. As atividades em grupos virtuais
podem ser feitas em espaços de reuniões on-line (chats) ou off-line
(e-mail) disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem.
A educação presencial é a dos cursos regulares, em qualquer
nível, onde professores e alunos se encontram sempre num local
físico, chamado sala de aula. É o ensino convencional. A semi-
presencial acontece em parte na sala de aula e outra parte a
distância, através do uso de tecnologias de informações.
A Educação a Distância pode ter ou não momentos
presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e
alunos separados fisicamente no espaço e ou no tempo, mas
podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação.
A Educação a Distância é mais adequada para a educação de
adultos, principalmente para aqueles que já têm experiência
consolidada de aprendizagem individual e de pesquisa, como
acontece no ensino de graduação e também no de pós-graduação.
25
Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação
virtual (que conectam pessoas distantes fisicamente como a Internet,
telecomunicações, videoconferência, redes de alta velocidade), o
conceito de presencialidade também se altera. Poderemos ter
professores externos compartilhando determinadas aulas, um
professor de fora "entrando", com sua imagem e voz, na aula de
outro professor. Haverá assim um intercâmbio maior de saberes,
possibilitando que cada professor colabore, com seus
conhecimentos específicos, no processo de construção do
conhecimento, muitas vezes a distância. Este é um processo
colaborativo.
Com a Internet em nossas vidas temos possibilidades de ter
um processo de ensino-aprendizagem diferenciado do sistema
tradicional, presencial, com tempo e espaço cada vez mais flexíveis.
Temos possibilidades cada vez mais acentuadas de estarmos
presentes em muitos tempos e espaços diferentes. Assim, tanto
professores quanto alunos estarão motivados, entendendo "aula"
como pesquisa e intercâmbio. Nesse processo, o papel do professor
vem sendo redimensionado e cada vez mais ele se torna um
supervisor, um animador, um incentivador dos alunos na instigante
aventura do conhecimento.
A Internet está caminhando para ser audiovisual, com
transmissão em tempo real de som e imagem (tecnologias
streaming, que permitem ver o professor numa tela, acompanhar o
resumo do que fala e fazer perguntas ou comentários). Assim, as
possibilidades educacionais que se abrem são fantásticas. Com o
alargamento da banda de transmissão, como acontece na TV a
cabo, torna-se mais fácil poder ver-nos e ouvir-nos a distância.
Nosso objetivo é oferecer um curso de Licenciatura em
Química de qualidade, integrando tecnologias de informação e
comunicação (TIC) e uma proposta pedagógica inovadora, ora com
momentos presenciais, ora de ensino on-line.
As Tecnologias de Informação e Comunicação contribuem para uma formação acadêmica atualizada, privilegiando a construção autônoma e crítica do conhecimento, por intermédio de variados meios de aprendizagem: impressos, áudios, vídeos, multimídia, Internet, correio eletrônico, chats, fóruns e videoconferência.
26
2.2 O Estudo e a Educação a Distância
Estudar na modalidade de Educação a Distância se apresenta
hoje como uma modalidade que possibilita a inovação dos
procedimentos de ensino, o desenvolvimento de uma educação que
se utiliza de diversos meios de comunicação, principalmente a
internet, que possibilita o acesso de públicos em locais geográfico e
temporalmente distantes (ZAMUDIO, 1997 citado por LEITE; SILVA,
2000).
O estudo através de um programa de Educação a Distância
exige que o aluno esteja consciente da necessidade de utilizar uma
metodologia individualizada e fundamentada em técnicas de estudo,
que o ajudará a desenvolver com mais racionalidade, sistematização
e aproveitamento os conteúdos que levam à construção do
conhecimento. Neste contexto, um cronograma de estudo
predeterminado com rigor no tempo e espaço, contribuirá de forma
efetiva para os resultados positivos. Assim, antes de iniciar seus
estudos questione sobre as possibilidades com as quais pode
contar, desde o tempo disponível às ferramentas de seu Ambiente
Virtual de Aprendizagem (AVA), para que seu processo de ensino-
aprendizado não seja interrompido.
Você, aluno de EaD, deverá ser capaz de desenvolver seus
estudos consciente de uma nova postura; valorizando a sua
interatividade com o professor-tutor, adquirindo hábitos
sistematizados, técnicas adequadas de estudos e com metodologia
individualizada, as quais são imprescindíveis ao sucesso deste
programa de Educação a Distância.
As ações devem ser correlatas, pontuais e estar direcionadas
para a produção do conhecimento, respeitando um guia de
orientações e cronograma de trabalho. Assim, tanto os alunos
quanto os tutores devem planejar suas ações de maneira criativa e
intuitiva, sabendo que as ferramentas de interação podem favorecer
as formas de conduzir o aprendizado. Assim também devem estar
27
conscientes de que a capacidade de síntese durante o processo de
trabalho a distância define muito do que se pretende quando se está
inserido num ambiente de aprendizagem de uso coletivo.
O aprendiz de um programa de Educação a Distância deverá
estar pronto para mudar paradigmas. Mesmo em cursos que
ofereçam sistema de tutoria, ele necessitará de uma nova postura,
diferente daquela adotada na maioria dos cursos ministrados em
sala de aula tradicional. Estará diante de uma nova possibilidade de
aprendizagem, onde será o ator principal, e isso exige o
desenvolvimento de atitudes imprescindíveis ao seu sucesso, como
adquirir hábitos de estudo sistemático e eficiente através da
utilização de métodos e técnicas adequadas.
É preciso estar consciente da necessidade de se utilizar uma
metodologia de trabalho especialmente voltada para o ensino
individualizado e fundamentada em técnicas de estudo. Essa atitude
ajudará a desenvolver estudos com mais racionalidade,
sistematização e aproveitamento.
Em programas de Educação a Distância, onde o seu processo
de aprendizagem ocorre, na maioria das vezes, de maneira solitária,
esta postura torna-se mais do que recomendável, é imprescindível,
no seu processo de construção de conhecimento.
De acordo com Matos (1994, p. 14),
Estudar é ir à procura da verdade. Trata-se de um processo dinâmico de saber, buscar, saber de novo e recomeçar para buscar ainda mais. A meta é chegar a aprender, a ver com os próprios olhos, a expressar-se com as próprias palavras.
As características comportamentais necessárias ao
desenvolvimento do aprendiz na Educação a Distância são: estar
motivado para aprender; ter constância, perseverança e
responsabilidade; ter hábito de planejamento; ter visão de futuro; ser
pró-ativo; ser comprometido e autodisciplinado.
28
2.3 A Importância dos Estudos Autônomos
A palavra “autonomia”, etimologicamente, é formada por dois
vocábulos gregos: autos (próprio, a si mesmo) e nomos (lei, norma,
regra). Para os gregos, significa a capacidade de se autogovernar,
de elaborar seus próprios preceitos e leis, dos cidadãos decidirem o
que fazer. Isto é, autonomia significa o pleno direito à liberdade
política e econômica, uma qualidade inerente à cidadania. Na
relação pedagógica significa reconhecer no outro sua capacidade de
ser, de participar, de ter o que oferecer, de decidir, uma vez que a
educação é um ato de liberdade e de participação.
No contexto educacional, autonomia pressupõe formação
contínua em busca do desenvolvimento pessoal e profissional,
que exige a capacidade de governar a si mesmo.
O processo de “aprender a aprender” no contexto
educacional presencial ou virtual requer do professor o
conhecimento de estratégias de ensino e o desenvolvimento de
suas competências de pensar. Assim, poderá ajudar os alunos na
construção de sua autoformação.
Na Educação a Distância, a autonomia deve ser compreendida
como um processo orientado para a autoaprendizagem. Os
processos de ensino e de autoaprendizagem devem basear-se na
participação ativa dos sujeitos e estar coerentes com seus objetivos
e metas.
Tanto a autonomia como as experiências de êxito contribuem
para aumentar a autoestima e o incentivo no prosseguimento dos
estudos das tarefas a serem executadas no processo de ensino a
distância. Em princípio, o aluno trabalha sozinho, porém, não
significa que esteja isolado, e sim que tem domínio do seu tempo e
espaço construindo uma autoaprendizagem com toda estrutura de
suporte e procedimentos do sistema Educação a Distância, para que
aconteça o ato educativo.
Autonomia – Capacidade/ liberdade de construir e reconstruir o saber ensinado (PAULO
FREIRE, 1997).
29
No campo da psicologia, Cerdeira (citado por PRETI, 2000)
enfatiza a relação da autonomia e o sucesso da aprendizagem
afirmando que:
Quando um estudante recebe informações que o levem a pensar que o seu sucesso se justifica pela conjugação das suas capacidades com o dispêndio de esforço, desenvolve a sua percepção de auto-eficácia, melhora a qualidade de sua execução e, de acordo ainda com a teoria cognitivo-social, eleva o seu estado de motivação.
Assim, você pode concluir conosco que a autonomia na EaD é
de extrema importância para o desenvolvimento do aprendiz,
devendo ser exercitada e praticada a cada dia, mesmo diante das
limitações deste processo de aprendizagem.
2.4 Atividades de Aprendizagem
1. Quais os fatores que diferenciam a Educação a Distância da
educação tradicional presencial?
2. Descreva os aspectos positivos e negativos do processo
ensino-aprendizagem a distância.
3. Como um aluno da modalidade de Ensino a Distância deve
proceder para aprender e consolidar todas as informações, de
maneira dinâmica e aproveitando todas as ferramentas do seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem?
4. Por que é importante a autonomia de um aluno na Educação
a Distância?
5. Como o processo de Ensino a Distância favorece ao
desenvolvimento da autonomia do aluno?
2.5 Referências Bibliográficas
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1997.
Autonomia –
Capacidade de autodireção no planejamento, monitoramento e avaliação de atividades de aprendizagem. (LITTLE citado por PAIVA; VIEIRA, 2005)
30
MATOS, H. C. J. Aprenda a estudar: orientações metodológicas para
o estudo. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
2.6 Web-Bibliografia
BRASIL. Ministério da Educação . Referênciais de Qualidade para
Cursos a Distância. Brasília, DF, 2003.
Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view
&id=62&Itemid=191>. Acesso em: 10/11/2006.
CHAVES, E. Ensino a Distância: conceitos básicos. Disponível em:
<http://www.edutec.net/Tecnologia%20e%20Educacao/edconc.htm#
Ensino a Distância> Acesso em: 30/08/07.
FERNANDES, C. M. B.; VIOLA, S. E. Autonomia e conhecimento -
algumas aproximações possíveis entre Antônio Gramsci e Paulo
Freire a partir da análise de práticas pedagógicas emancipatórias.
In.: Educação: Revista do Centro de Educação, Santa Maria. v. 29,
n. 2, p. 99 -108, 2004. Disponível em: <http://coralx.ufsm.br/revce/>
Acesso em: 30/08/07.
LEITE, L. S.; SILVA, C. M. T. da. A educação a distância
capacitando professores: em busca de novos espaços para a
aprendizagem. Revista Conecta, n. 2, set., 2000. Disponível em:
<www.revistaconecta.com> Acesso em: 13/08/2007.
LOPES, M. C. L. P.; NEWMAN, B. A.; SALVAGO, B. M. Autonomia
em contextos educacionais diferenciados: presencial e virtual .
Ciências Humanas (Revista da Universidade de Taubaté),
Universidade de Taubaté, v. 9, p. 55-59, 2003. Disponível em:
31
<http://www.unitau.br/scripts/prppg/humanas/download/autonomiaco
ntextos-N1-2003.pdf> Acesso em: 29/08/07.
MORAN, J. M. O que é educação a distância. Disponível em:
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm> Acesso em: 29/08/07.
NUNES, I. B. Noções de Educação a Distância. Disponível em:
<http://www.rau-tu.unicamp.br/nou-rau/ead/document/?view=3>
Acesso em: 30/08/07.
PAIVA, V. L. M. O. e; VIEIRA, L. I. C. A formação do professor e a
autonomia na aprendizagem de língua inglesa no ensino básico.
Disponível em: <http://www.veramenezes.com/enpuli2005.htm>
Acesso em: 30/08/07.
PRETI, O. Autonomia do aprendiz na EAD: significados e
dimensões. In: PRETTI, Orestes. Educação a distância: construindo
significados. Cuiabá: NEAD/IE; UFMT, 2000. Disponível em:
<http://www.nead.ufmt.br/documentos/Autonomia_-
_Oreste_I07.doc> Acesso em: 30/08/07.
http://www2.abed.org.br/eadfaq.asp
http://www.eca.usp.br/prof/moran/textosead.htm
32
33
Apresentação Sumário da Unidade
UNIDADE 3 – COMO ESTUDAR ............................................................... 32
Mônica Maria Machado Ribeiro Nunes de Castro
3.1 O Ato de Estudar ................................................................................... 34
3.1.1 Etapas para um Estudo Produtivo...................................................... 35
3.2 O Ambiente de Estudo........................................................................... 36
3.2.1 Condições para um bom Ambiente de Estudo .................................. 37
3.3 Fatores que favorecem a Aprendizagem .............................................. 39
3.3.1 Motivação............................................................................................ 39
3.3.2 Atenção ............................................................................................... 40
3.3.3 Hábito de estudo................................................................................. 42
3.3.4 Associação de ideias .......................................................................... 43
3.3.5 Intercâmbio ......................................................................................... 43
3.3.6 Aceitação de críticas........................................................................... 44
3.3.7 Estado de Saúde Física e Mental ...................................................... 44
3.4 Memória e Aprendizagem...................................................................... 45
3.4 1 Leis da Memória ................................................................................. 46
3.4.2 Problemas de Memória e Aprendizagem ........................................... 46
3.4.3 Recursos mnemônicos na Aprendizagem ......................................... 47
3.4.4 Cuidados com a memória................................................................... 44
3.5 Planejamento, Cronograma e Rotina de Estudo .................................. 49
3.5.1 Planejamento de Estudo .................................................................... 50
3.5.2 Cronograma de Atividades ................................................................. 52
3.6 Estudar com Novas Tecnologias de Informação e Comunicação........ 54
3.7 Atividades de Aprendizagem ................................................................. 56
3.8 Referências Bibliográficas ..................................................................... 58
3.9 Web-Bibliografia..................................................................................... 58
34
3.1 O Ato de Estudar
Estudar não é uma tarefa fácil, mas também não é
necessariamente uma obrigação desagradável. Nesta unidade
procuramos orientar você para que possa realizá-la de forma eficaz
e prazerosa. Apresentamos sugestões práticas advindas de
situações reais vivenciadas em nossa vida acadêmica ao longo de
muitos anos. Acreditamos que o – aprender – favorece a maturação
integral da pessoa, principalmente quanto ao seu desenvolvimento
cognitivo e buscamos, na metodologia, os instrumentos
necessários para garantir a obtenção de nossos objetivos.
Veja bem, as orientações aqui expostas pretendem não só
encaminhá-lo para o sucesso nos estudos relativos às disciplinas
desse Curso. Elas objetivam também e, sobretudo, ajudá-lo a ser, se
já não o é, um aprendiz autônomo, responsável por sua própria
aprendizagem.
Comecemos refletindo sobre a enorme variedade de pessoas
que existem no mundo. Podemos mesmo dizer que cada pessoa é
“um mundo”, não é mesmo? Pessoas diferentes têm vivências
diferentes, não só em função de seus contextos biológico, social,
político, religioso e cultural, mas também porque desenvolvem
estratégias distintas para percepção de si, do mundo e da vida.
Essas diferenças se refletem na educação formal, onde se nota a
presença de diversos estilos de aprendizagem. No entanto, mesmo
reconhecendo as diferenças, podemos fazer, de forma simplificada,
alguns encaminhamentos de ordem geral que certamente irão
contribuir para um melhor aproveitamento em seus estudos
acadêmicos. Os ajustes necessários ao seu esti lo, preferências e
ritmo de aprendizagem podem ser feitos por você.
Desenvolvimento cognitivo –
desenvolvimento associado à aquisi-ção de conheci-mento; isto inclui o desenvolvimento da memória, percepção
e julgamento.
Estilos de aprendizagem –
métodos que as pessoas usam para aprender alguma coisa durante a vida. Por exemplo: físico, interpessoal, linguístico, visual, musical etc.
35
3.1.1 Etapas para um estudo produtivo
Tomando como referência o ato de estudar intencional e
voluntário, identificamos em um estudo produtivo três etapas
distintas que, quando articuladas, podem levar o estudante a
aprender com mais eficiência (RIBEIRO, 2002). São as etapas
descritas em seguida.
1ª etapa (síncrese)
Nesta etapa o estudante deve buscar uma “visão de conjunto”
sincrética do conteúdo a ser estudado. Para isso deve:
Traçar objetivos, de modo a saber onde quer chegar;
Ler toda a matéria do estudo sem, no entanto, se prender a
detalhes;
Consultar o dicionário, para garantir o entendimento do
significado das palavras do texto ou do problema estudado;
Com base nas novas informações, separar o que sabia do
que não sabia;
Relembrar fatos que confirmem ou contradigam as novas
informações;
Compor uma estrutura lógica ou “quadro mental” do que foi
estudado.
2ª etapa (fase analítica)
Sem perder a noção do todo adquirida na primeira etapa, o
estudante deve procurar, em uma nova leitura, compreender todo o
conteúdo estudado fazendo um esquema analítico onde constem
todos os detalhes do assunto. Para isto pode utilizar-se de:
Diagramas e esboços, para facilitar a compreensão e fixação
através da visualização;
36
Desenhos esquemáticos com flechas, círculos e outras figuras
geométricas, onde sejam mostradas as relações entre as idéias
principais;
Transformação do texto em itens numerados e ordenados
numa sequência lógica.
3ª etapa (fase da síntese)
Após estudar o conteúdo e compreendê-lo em seus mínimos
detalhes, a aprendizagem precisa ser completada pela síntese.
Nesta etapa é eliminado, por abstração, tudo o que é acessório,
secundário. Aqui deve ser feita uma síntese, expressa por
conclusões, regras, princípios, esquemas, diagramas etc., onde só é
conservado o que é fundamental. Saber ler bem e resumir bem um
texto são habilidades básicas que quando adquiridas podem ajudá-lo
a atingir a fase de síntese.
Para saber se houve ou não aprendizagem, após estudar – ir
do sincrético, pelo analítico, para o sintético –, convém sempre fazer
um controle aplicando o que se pensa que foi aprendido em novas
situações. Isto pode ser feito ou por generalização, aplicando em um
caso mais difícil, ou por transferência, aplicando em um caso
diferente. Aquele que não é capaz de aplicar o que pensa que
aprendeu a situações novas, mais difíceis ou diferentes, realmente
não aprendeu.
3.2 O Ambiente de Estudo
Uma primeira decisão que o estudante precisa tomar quando
vai estudar é onde estudar. Se tiver disponível em casa um quarto
só para ele, pode fazer ali o seu “cantinho de estudo”. Se não tiver,
estudar em um quarto que divide com irmãos, no escritório de uso
comum ou na sala, pode ser algo complicado! Neste último caso
deve ser considerada a possibilidade do estudo regular em uma
37
biblioteca pública. Especificamente no seu caso, aluno de Educação
a Distância, talvez seja viável ir diariamente à sala de estudo de seu
Polo de Apoio Presencial.
3.2.1 Condições para um bom ambiente de estudo
Qualquer que seja o ambiente escolhido para estudo é
importante que o local atenda às seguintes condições:
Ser limpo e arejado – o que provoca uma sensação de bem
estar;
Ser sossegado – livre de interferências externas como o
trânsito de pessoas e animais, toque de telefones, campainhas etc.,
pois o silêncio relativo é essencial para a concentração;
Ser organizado – livre de objetos que possam causar
dispersão da atenção como, por exemplo, fotos, revistas e troféus;
Ter boa iluminação – ambientes mal iluminados tornam o
estudo mais cansativo, além de prejudicar a visão. Para destros, a
luz deve vir, de preferência, por trás e pela esquerda. À noite,
convém utilizar, além da luz no teto (lâmpada fluorescente, se
possível), uma luz mais suave na mesa de trabalho, posta de modo
a não fazer sombra nos textos;
Ter mobília adequada (uma mesa ou escrivaninha com
cadeira) – embora alguns se sintam confortáveis lendo na cama,
estudar numa posição reclinada propicia devaneios e até eventuais
cochilos. A mesa, se possível, deve ter tamanho suficiente para
acomodar o material de estudo.
Para o estudante da modalidade de Educação a Distância o
ideal é ter também, no local de estudo, um computador com acesso
à Internet e uma impressora. Neste caso, alguns cuidados adicionais
são necessários. Por exemplo, manter sempre o computador livre de
vírus e ter sempre cópias, em disquetes, CD‟s ou pen drives, de
seus arquivos. Na falta desses itens você deve montar um
Reflita! Qual o seu local de estudo? Ele atende a estas condições?
Silêncio relativo
– significa livre de barulhos que possam atrair a atenção do estudante; o som das músicas preferidas ou de música clássica como som ambiente, quando providenciado pelo próprio estudante, para alguns favorece
a concentração.
38
“esquema” para poder acessar diariamente o seu ambiente virtual de
aprendizagem e imprimir o material das aulas.
Independentemente de onde possa estudar, você deve
providenciar também um local para guardar apropriadamente o seu
material de estudo. Os livros, dicionários de línguas e técnicos,
pastas para arquivo de textos e artigos de periódicos, cadernos,
disquetes, CD‟s ou pen drives com os arquivos digitais, papel para
trabalhos e borrões, canetas, lápis, marcadores de texto,
grampeador etc., devem ter um lugar específico onde possam se r
colocados/encontrados facilmente quando não estiverem em uso.
Seria bom poder utilizar uma estante fechada para acondicionar
adequadamente todo o material. Além disso, um quadro (de cortiça,
isopor ou madeira) para colocar avisos e lembretes importantes seria
de grande valia.
De todo modo, se as condições citadas anteriormente forem
satisfeitas, qualquer lugar é um bom lugar para estudar. Supondo
que seja possível para você escolher como ambiente de estudo o
seu próprio quarto, a escrivaninha, a estante e o computador devem
compor o seu “cantinho de estudo”. Se a escolha recair em uma
biblioteca pública ou na sede do Polo de Apoio Presencial, ótimo!
Estabeleça um horário de estudo de acordo com o horário de
funcionamento do local e procure se familiarizar com o ambiente o
mais rapidamente possível. Afinal, não adianta ter o local adequado
se você não freqüentá-lo.
ATENÇÃO! Estes alertas valem também para seus estudos
no computador. Esse Curso é ambientado numa plataforma on-line,
a plataforma Moodle. Você já a conhece; ela foi estudada na
primeira disciplina cursada. Sendo assim, você sabe que sempre
que estiver estudando na plataforma deve atender às condições
colocadas para um bom rendimento na aprendizagem. E não
esqueça de manterem salvos e atualizados os seus arquivos digitais
com o material do Curso (registro das aulas, cronograma de
Lembrete!
É mais produtivo estudar sempre no
mesmo local.
39
atividades, participações em chats, fóruns, lista de discussão,
trabalhos escritos individuais e em grupo etc.) por disciplina.
3.3 Fatores que Favorecem a Aprendizagem
O modo como se estuda pode determinar o quanto se
aprende. Devido à importância da aprendizagem para nossa
sociedade, médicos, psicólogos e sociólogos, além de outros
profissionais, têm se dedicado ao seu estudo tentando desvendar os
mecanismos envolvidos no processo de aprender, com o fim de
torná-lo mais eficiente. Sabemos hoje que existem vários fatores que
interferem de forma positiva ou negativa na aprendizagem.
Conhecê-los pode ser muito útil, para aumentar o rendimento.
3.3.1 Motivação
Embora nem sempre a aprendizagem seja intencional,
estudar sempre é. Ou seja, para estudar a pessoa tem que ter
vontade, tem que querer. E, para querer, a pessoa precisa estar
motivada.
A motivação – disposição interior que leva o indivíduo a agir com dinamismo e empenho com respeito a algo – é um fator essencial ao estudo, pois por estar vinculada aos diversos aspectos da cognição humana, possibilita ao indivíduo motivado ficar mais atento e perceptivo ao meio. Isto lhe permite armazenar/memorizar uma maior quantidade de fatos e informações, quando relativas ao estímulo que deu origem ao processo motivacional (RIBEIRO, 2002).
Isto é, a motivação possibilita uma melhor aprendizagem.
Podendo originar-se de estímulos internos ou externos, a
motivação para o estudo pode ser de curto prazo, como estudar para
aprender ou estudar para tirar uma boa nota, ou de longo prazo,
como estudar para se formar e ter uma profissão desejada. De
qualquer forma, quanto mais motivado estiver o aluno, mais chances
Reflita!
Qual sua motivação para estudar Química?
40
ele tem de ser bem sucedido em seus estudos. Manter-se motivado
para aprender é, por assim dizer, o segredo do sucesso de muitos
estudantes e também de muitos profissionais.
Sem motivação o estudo parece uma coisa sem graça. Diante
das primeiras dificuldades vem o desânimo e a vontade de parar!
Por isso, é importante que o estudante sempre tenha em mente os
seus objetivos para o estudo, pois assim ele pode buscar a
motivação que necessita.
3.3.2 Atenção
Em nosso cotidiano estamos sempre usando a capacidade de
abstrair, de nos “desligarmos” de coisas que não nos interessam no
momento, para focar ou concentrar esforços em um determinado
objeto. O que permite esta seleção em meio a um ambiente onde
ininterruptamente ocorrem fenômenos que causam dispersão é o
denominado “mecanismo de inibição”, através do qual deixamos de
lado algumas coisas que não são de nosso interesse imediato,
enquanto consideramos outras para nós mais importantes naquele
momento. Quando estudamos é fundamental para a aprendizagem a
atenção – capacidade de concentração da mente em um só objeto.
Este mecanismo, no entanto, exige bastante energia. Isto
significa que quanto maior a desordem no ambiente, vale dizer,
quanto mais motivos para dispersão existem ao nosso redor, mais
energia gastamos para manter a atenção. Para o desenvolvimento
da atenção precisamos de:
Concentração – quanto mais dividida está nossa atenção
menor é nossa eficiência. Concentrar a atenção no objeto de estudo
aumenta o rendimento do aprender, a compreensão.
Intermitência – a atenção não se mantém fixa por longos
períodos de tempo. Há perda de eficácia. Um período de atenção
requer outro de relaxamento. Ou seja, entre um período e outro de
estudo você deve programar um passeio, por exemplo.
Eficácia –
qualidade daquele que produz o efeito desejado; que dá bom resultado.
Mente –
intelecto, entendimento, pensamento; alma, espírito.
Eficiência –
ação, força, virtude de produzir um efeito.
41
Interesse – quanto maior o interesse em um determinado
objeto de estudo, mais fácil será manter a atenção.
Cabe ao estudante, de modo particular, cuidar para que haja
a intermitência e criar e desenvolver seus interesses pessoais.
Quanto à atenção, no geral, podemos exercitá -la treinando a
capacidade de concentração. Isto pode ser feito através de jogos,
como o xadrez, e de testes como os exemplificados abaixo.
Exemplos de testes para treinar a concentração
(Adaptados de BASTOS; KELLER, 1993).
1. Teste das letras Riscar, no conjunto abaixo, todas as letras i e letras p. uomdnsdsfirsnslipalqpeurqprueijrdmalfadffjeraijdjfasjfasdfjasdkfndsdncmkjuhgvkmvxmnaçasfbnxccvxzxzsopaermwrychglsieqmsurpyodjdçamvntreeasnsfcxwqpfoutyuekdukgtenguisvsyfimupemjgytdrmnbesaoiumnbvtrgjhpolkiuwsaqzçkiugfrdsecxzmnblikjyopgrdwibgfihypgfresamkjxesokmjgytfdewqxzhgfrpkmjiutdserxzahbinfrdswqpmkjhdcxtrkihsfrpnbgptvfpedsaoimnvfdeswqaoinhyfdsapmbxmbvfcjhytomptvipmhtsysawqzjnbcfrdsomjnbhyftrecxkinjhyfdslmkjnhygvfdpmjnhpbgkmjnhbvxdpimnhfqaardeszyvgfrdjuhgbvfconmkptrfcdsljkimnhyasombcfreeingcboumikminhgpbczaiuytrpmjuhgvfdokmjupnvdygtdesavcxiunhgqauompoimny
OBSERVAÇÃO: Para este tipo de teste, pode ser usado um texto de jornal ou livro e variações como: circular todas as letras a e riscar as letras d.
2. Escrever um número de cinco algarismos. Inverter, mentalmente, a posição dos algarismos retendo o número resultante. A partir deste número, repetir a operação indefinidamente. Exemplo Número pensado: 34567 Inversão mental para 43567 43567 Inversão mental para 45367 45367 Inversão mental para 53674 e assim por diante.
42
3.3.3 Hábito de estudo
Você certamente já reparou que existem coisas que só se
aprende fazendo, não é? Andar, nadar, dançar... só se aprende
andando, nadando, dançando... Assim é estudar. Estudar se
aprende estudando. Isto significa que a prática é essencial para esta
atividade até a formação do hábito. Quanto mais estudamos mais
nos tornamos eficientes e eficazes na tarefa de estudar; mais
aprendemos a aprender.
Formar hábitos de estudo é algo que requer disposição,
determinação e autodisciplina e que traz muitos benefícios ao
estudante. Em geral, poupam tempo e esforços desnecessários.
Caso não tenha, adquira o hábito de estudar diariamente; este Curso
requer leitura e estudo sistemáticos.
São hábitos que podem melhorar a eficiência nos estudos:
Estudar sempre em um mesmo local;
Estudar diariamente e sempre nos mesmos horários;
Antes de iniciar o estudo ou pesquisa, providenciar todo o
material didático a ser uti lizado;
Antes de iniciar o estudo ou pesquisa, escrever seus
objetivos;
Fazer leitura antecipada do próximo assunto a ser abordado;
Ler fazendo anotações e resumos;
Terminar uma tarefa antes de começar outra;
Fazer, periodicamente, revisões integradoras do conteúdo
estudado;
Arrumar/guardar o material didático após o término dos
estudos;
Ser pontual na entrega de trabalhos.
São hábitos que devem ser evitados:
Adiar a realização de tarefas;
Hábito – qualidade estável, permanente, boa ou má e adquirida pela frequente repetição dos mesmos atos, que torna a ação mais
fácil.
43
Deixar as dúvidas se acumularem;
Estudar somente em véspera de prova.
3.3.4 Associação de ideias
Também é relevante para a aprendizagem a capacidade de
relacionar e evocar fatos e ideias – a associação de ideias. Esta
capacidade é muito subjetiva e tem suas bases em experiências
individuais. Podendo acontecer de modo independente de nossa
vontade, a associação de ideias pode ser controlada e, por isso, é
usada para favorecer a aprendizagem, uma vez que raciocinar é
associar conceitos e juízos de forma intencional.
Devemos, então, atentar para o fato da associação de ideias
fazer uso da afetividade, envolvendo também sentimentos e
emoções, e de relações, como por exemplo, de causa e efeito
(fumaça – fogo); semelhança (pessoa – apelido); contraste (alto –
baixo); substância e atributo (água – insípida) etc.
Uma vez que é mais fácil associar fatos e ideias com
experiências pessoais e que não há limite para o processo de
associação, consideramos que é uma vantagem, para quem estuda,
obter controle sobre esse processo. Em função de sua subjetividade,
recomendamos o desenvolvimento de técnicas pessoais.
3.3.5 Intercâmbio
Reunir-se com colegas, a intervalos regulares, para trocar
experiências de estudo, confrontar resultados de pesquisas,
preparar-se para exames, seminários etc., muito contribui para a
aprendizagem. Nestas ocasiões surgem sempre novas idéias,
dúvidas são esclarecidas, pontos de vista diferentes são discutidos.
É também uma oportunidade para situar-se no grupo. Para que a
reunião não se esvazie em bate-papo ou num simples passatempo
Melhor receber críticas construtivas que elogios feitos com o receio de ferir sua sensibilidade; estes só conduzem ao comodismo e à falta de empenho pessoal (MATOS,
1994).
44
entre amigos, convém planejar o encontro estabelecendo uma pauta
que deve ser obedecida na íntegra.
3.3.6 Aceitação de críticas
A crítica desempenha um papel importante na construção de
uma mente intelectual, e, em si, não tem nada de negativo. O
estudante autêntico que aspira a ser um verdadeiro intelectual deve
impor-se uma honesta autocrítica e acolher com atenção as críticas
de outros, principalmente dos mediadores de sua aprendizagem – os
tutores e professores. A crítica que parte da preocupação em fazer o
outro crescer contribui para o progresso nos estudos e para a
aprendizagem, pois incentiva o aprendiz a dar o melhor de si.
3.3.7 Estado de saúde física e mental
Problemas psicossomáticos afetam diretamente o ato de
estudar. Você não deve “deixar para amanhã o que pode fazer hoje”,
principalmente no que diz respeito à saúde. Às vezes são casos
relativamente simples, por exemplo, sonolência constante devido a
um defeito de visão; às vezes são casos mais sérios, como uma
depressão devido à perda de um ente querido. Em todos os casos a
ajuda profissional é o melhor caminho; somente sanando o problema
volta-se a ter as condições adequadas para o trabalho intelectual.
Psicossomáticos
– pertencentes ou relativos, simultaneamente, aos domínios orgânico e
psíquico.
Cuidados indispensáveis:
Alimente-se bem e durma pelo menos 7 horas por dia.
Descanse quando necessário, algumas pessoas precisam de um “soninho” (10 a 20 minutos) durante o dia.
Evite tomar pílulas, chás e bebidas semelhantes para vencer o sono.
Cuide rapidamente quando surgirem problemas de visão, audição, respiração, dor de dente etc. e muita atenção para tristezas e mudanças de humor sem motivos explícitos.
Reserve tempo para exercícios físicos e recreação (namorar, passear, estar com a família).
45
3.4 Memória e aprendizagem
A memória – capacidade de reter, conservar e lembrar ideias,
impressões e conhecimentos adquiridos – é uma faculdade
indispensável para nossa vida social e cultural, que está sempre
relacionada com o ser e sua circunstância. Sem ela a pessoa teria,
repetidas vezes, de reaprender coisas como falar, comer, andar, ler
etc., que são, no indivíduo normal, atividades automatizadas da
memória. É através dela que, segundo Bergson, o indivíduo mantém
sua própria identidade (citado por BASTOS; KELLER, 1993).
No processo ensino-aprendizagem a memória nem sempre foi
bem utilizada. Houve um tempo em que decorar era sinônimo de
aprender e, por isso, muitas vezes se fala pejorativamente dela nos
dias atuais. Na realidade a confusão acontece quando se ignora a
distinção entre decorar e memorizar. Enquanto a memorização
possibilita refrasear e reestruturar algo conhecido a partir de dados
da memória, o decorar possibilita apenas, e por tempo limitado, a
repetição do que foi decorado.
Ao estudar, tão importante quanto compreender o novo
conhecimento é reter na memória a interpretação particular que
se faz dele. Ou seja, a sua apropriação. E, ainda, ser capaz de
conservá-lo e recuperá-lo (lembrá-lo) quando necessário.
A memória varia, de indivíduo para indivíduo, tanto na
eficiência como no tipo. Há pessoas que lembram mais rapidamente
lugares do que nomes, perfumes do que fisionomias, números do
que palavras, e assim por diante (veja o Quadro 1). Este fato decorre
naturalmente das diferenças pessoais de cada um.
Quadro 1 – Tipos de memória
MEMÓRIA FACILIDADE EM EVOCAR
Visual Imagens
Auditiva Sons
Motora O que fez
Decorar – reter a „forma material‟ e não o conteúdo inteligível de determinado conhecimento. Memorizar – reter a „forma significativa‟ de um conteúdo inteligível, ou seja, reter sua compreensão (BASTOS;
KELLER, 1993).
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Afetiva Relações emotivas
Locativa Localização geográfica de objetos ou fatos
Nominativa Nomes ou palavras relacionadas
3.4.1 Leis da memória
Segundo Bastos e Keller (1993), todos os tipos de memória
podem ser desenvolvidos a partir da prática, pois observa-se o que
se denomina de leis da memória:
1. Repetição – quanto mais um fato ou impressão se repete
melhor é sua retenção na memória.
2. Atenção – a velocidade de retenção é diretamente
proporcional à atenção com que o fato é estudado.
3. Emoção – a facilidade de retenção de um fato ou impressão
depende da intensidade da emoção causada.
4. Interesse – a velocidade e a qualidade de retenção de um
fato ou impressão é diretamente proporcional ao nível de interesse
do indivíduo.
5. Estrutura – o relacionamento de fatos, impressões, situações
e números com outros conteúdos já retidos, facilitam sua retenção
na memória.
3.4.2 Problemas de memória e aprendizagem
É comum a ocorrência eventual de problemas de memória em
estudantes que apresentam distúrbios do sono, depressão, crise de
ansiedade ou fazem uso de drogas como, por exemplo, o álcool.
Estes problemas devem ter tratamento profissional específico. Se os
problemas de memória são persistentes e, seguramente, nada têm
com os fatores citados, podem estar relacionados com o excesso de
estímulos ou com dificuldades de concentração.
No primeiro caso, quando há excesso de estímulos, ou seja, a
quantidade de coisas a memorizar ultrapassa a capacidade da
“Ouço e esqueço. Vejo e recordo.
Faço e compreendo.” (CONFÚCIO)
47
memória, para sanar o problema o estudante deve estabelecer
prioridades entre os temas a serem aprendidos, selecionando
conteúdos indispensáveis à sua formação.
Para dificuldades de concentração que causem problemas de
memória e, por consequência, de aprendizagem, o psicopedagogo
Celso Antunes (2005) propõe o emprego de uma série de ações.
Entre elas citamos:
Buscar significação no que se quer aprender, pois o ser
humano tem dificuldade em guardar na memória informações sem
significado;
Fazer anotações de qualidade criando, por exemplo, mapas
conceituais;
Empregar habilidades operatórias diversas, induzindo o
cérebro a proceder de diferentes maneiras com respeito ao objeto de
estudo. Por exemplo, quando se conceitua, classifica e aplica, há
uma retenção maior do que quando simplesmente se conceitua;
Ministrar uma “aula” sobre o tema que se quer aprender
diante do espelho, guardando assim o conteúdo por repetição e
associação das linguagens visual, auditiva e cinestésica.
3.4.3 Recursos mnemônicos na aprendizagem
O emprego de estratégias que associam a memória à
emoção, a contextualização do tema estudado, o uso alternado das
linguagens visual, auditiva e cinestésica e o uso de recursos
mnemônicos, também são eficientes na superação de problemas de
concentração que prejudicam a aprendizagem.
Quanto a esta última estratégia de ação, ressaltamos que
existem controvérsias, pois enquanto as outras alternativas estão
associadas à significação, os recursos mnemônicos são utilizados
de forma puramente mecânica. Assim, enquanto alguns professores
os indicam apenas para uso eventual, outros não fazem nenhuma
restrição e até os utilizam como método auxiliar de ensino.
Mapas conceituais –
diagramas de significado indicando relações entre conceitos, ou entre palavras que usamos para representar conceitos.
Recursos mnemônicos –
técnicas que auxiliam a memória, tipicamente verbais e utilizadas, principalmente, para memorizar listas ou fórmulas.
48
São recursos mnemônicos palavras (mnemônicas) ou frases
construídas com as primeiras letras de palavras que se quer
memorizar. Por exemplo: SPA para significar Sócrates, Platão e
Aristóteles. Uma mnemônica utilizada para a Lei de Ohm é a palavra
RUI, onde R significa resistência elétrica, U significa a queda de
potencial e I significa corrente elétrica, expressa como na ilustração
a seguir.
U
R I
3.4.4 Cuidados com a memória
Para conservar e estimular sua memória, além dos cuidados
básicos com a saúde já referidos no item anterior desta Unidade,
você deve:
Exercitar sua mente jogando xadrez, fazendo palavras
cruzadas, aprendendo novas habilidades (pintura, música etc.) ou
mesmo praticando exercícios simples como recordar fatos do dia-a-
dia (o que comeu no almoço, o número de telefone de alguns
amigos, o que vestiu no último domingo, por exemplo);
Cultivar a atenção através de práticas como listar todas as
características de um objeto após observá-lo atentamente por
poucos minutos ou tentar identificar os ingredientes dos alimentos
pelo gosto e pelo cheiro;
Associar fatos a imagens ou a sons e procurar guardá-los na
memória;
Beber muita água, a hidratação favorece as funções
cerebrais;
Praticar técnicas de relaxamento como, por exemplo, inspirar,
prender a respiração por cinco segundos e soltar o ar bem
lentamente.
49
Além disso, recomendamos tentar identificar o seu tipo de
memória mais presente e usar isso a seu favor. Você deve, também,
tentar desenvolver os vários outros tipos de memória, para tornar
sua aprendizagem mais eficiente.
3.5 Planejamento, Cronograma e Rotina de Estudo
Por tudo que foi exposto até aqui, você já deve estar
convencido de que estudar é coisa séria; de que sua aprendizagem
depende, em grande parte, do seu envolvimento com o objeto de
estudo e com seu projeto de vida. No entanto, ninguém mais do que
você sabe que este Curso e tudo que dele demanda é apenas uma
parte de sua vida. Uma parte bastante significativa, mas uma parte!
Sendo assim, tratamos agora de orientá-lo para o planejamento de
seus estudos de modo que você possa desenvolvê-los,
satisfatoriamente, sem prejuízo de suas demais atividades.
Antes, porém, você deve entender e aceitar que o
planejamento e a organização são indispensáveis para se
estabelecer uma rotina de estudos que satisfaça, simultaneamente,
às suas necessidades e as do Curso. Em seguida você deve atentar
para:
Seu perfil de aluno – para isso, volte até a Unidade I e leia
suas respostas para as questões levantadas no item 4, partes I e II,
da Avaliação de Aprendizagem. Uma reflexão realista vai lhe indicar
se você precisará de muito ou de pouco tempo para dedicar aos
estudos requeridos pelas disciplinas deste Curso. Lembre-se de
considerar o seu estilo de aprendizagem, suas habilidades de leitura
e escrita, sua desenvoltura na resolução de problemas, na consulta
a fontes bibliográficas em bibliotecas e na Internet etc.
A forma como o Curso é organizado – veja como o Curso
está estruturado e procure conhecer o conteúdo de cada disciplina
que compõe o semestre letivo, para poder avaliar o grau de
Um curso na modalidade de Educação a Distância é tão ou mais exigente que um curso presencial. É preciso dispor de tempo para leituras, estudos e reflexões.
50
familiaridade que tem com os assuntos a serem abordados. Informe-
se sobre o calendário proposto, a dinâmica de funcionamento e a
duração de cada disciplina, e, ainda, qual a interatividade esperada
(por exemplo, frequência de acessos e número de atividades e
provas), com vistas a ter uma ideia do tempo e energia que lhe
serão exigidos. Quanto menos conhecido é o assunto, mais tempo
você deve dedicar ao seu estudo.
A forma como sua vida está organizada – reflita sobre cada
uma de suas ocupações, sejam elas advindas da família, do
trabalho, de suas obrigações sociais, religiosas etc. Se necessário,
reveja suas prioridades, afinal, o Curso tem férias e um tempo
limitado.
3.5.1 Planejamento de estudos
Após estas reflexões você já pode planejar seus estudos.
Comece por fazer um Quadro de Horários (ver modelo a seguir).
Primeiramente, preencha este Quadro com todas as atividades que
você faz habitualmente, aí incluídas as refeições, descanso e lazer.
Considere tudo, da hora em que você acorda à que vai dormir, todos
os dias da semana, hora por hora.
51
Modelo 1
QUADRO DE HORÁRIOS
HORA Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
Em seguida, de acordo com o que você necessita,
considerando a análise feita anteriormente (baseada no seu perfil,
na estruturação do Curso e na organização de seu cotidiano),
preencha os horários de estudo por disciplina. Neste momento,
atente para o fato de que o Curso é na modalidade de Educação a
Distância e que você tem liberdade na escolha de horários para
estudar. No entanto, lembre que estes horários devem ser
organizados da melhor forma possível, para evitar gastos
desnecessários de tempo e energia. Para isso, fazemos as
sugestões que seguem.
52
1. Se você tiver um computador com acesso à Internet, faça
acessos diários aos ambientes virtuais de aprendizagem das
disciplinas que estiver cursando.
2. Se for acessar os ambientes virtuais de aprendizagem no
Polo de Apoio Presencial, você pode programar estudos on-line três
vezes por semana.
3. Para disciplinas ofertadas em 15 semanas (semestre letivo),
disponibilize para estudo pelo menos 6 horas por semana para cada
disciplina de 60 horas e 9 horas por semana para cada disciplina de
90 horas, aí incluídas as horas de acesso à plataforma do Curso.
4. Para disciplinas ofertadas em um número diferente de
semanas, calcule o número de horas de estudo por semana usando
a proporcionalidade inversa.
5. Inclua em seu horário pelo menos uma hora por semana, para
tirar dúvidas com o tutor no Polo de Apoio Presencial.
6. Faça previsão de pelo menos uma visita por semana à
biblioteca.
Depois de colocar todas as atividades de estudo previstas no
seu Quadro de Horários, você pode fazer um quadro que contenha
somente os horários de estudo por disciplina. Neste, quando
possível, indique o tipo de atividade que vai ser realizada. Observe
que isto é apenas um “plano” e como tal deve ser tomado. Sempre
que necessário (por exemplo, quando houver introdução de novas
atividades), reveja e/ou reorganize o Quadro.
3.5.2 Cronograma de atividades
Uma outra sugestão que apresentamos a você é a confecção
de um Cronograma de Atividades para cada disciplina que estiver
em andamento. Neste cronograma você deve colocar as atividades
relativas à disciplina, que têm prazo especificado para entrega e/ou
data de realização/participação, como participação em chats e
Cronograma –
projeção ou plano que estabelece as diversas etapas e prazos de um trabalho a ser
executado.
53
fóruns, entrega de trabalhos, videoconferência, avaliação presencial,
entre outros. Veja o modelo abaixo.
Modelo 2
Disciplina: ________________________ Período: __/__ a __/__
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
DATA / PERÍODO E LOCAL ATIVIDADES
Claro que você pode criar Quadro de Horários e Cronograma
próprios; os modelos apresentados podem ser usados no formato
em que estão ou apenas serem uti lizados como fonte de inspiração.
O importante é que você estabeleça uma rotina de estudos e a
siga. Não adianta ter tudo organizado se não cumprir com o previsto.
Lembre-se: o grande responsável por seu aprendizado é você
mesmo!
Dicas importantes:
Ponha seu Quadro de Horários em um local bem visível.
Siga seu plano pelo Quadro até formar o hábito de estudo.
Não espere a vontade de estudar chegar; comece na hora marcada.
Use todo o tempo marcado para estudo, mesmo que, aparentemente, já tenha compreendido tudo.
Em períodos mais longos de estudo, a cada hora faça um intervalo de 10 minutos. Aproveite para relaxar fazendo exercícios de alongamento ou de respiração.
Estude alternadamente matérias com maior e menor dificuldade.
Utilize o dia de Domingo para descanso. Eventualmente, se necessário, use-o para pôr as leituras em dia.
54
3.6 Estudar com novas Tecnologias de Informação e
Comunicação
No processo ensino-aprendizagem estão comumente
envolvidos três componentes básicos: o aluno, o professor e o
conteúdo. Isso você sabe por experiência própria, não é mesmo? Na
Educação a Distância, dois outros componentes são indispensáveis:
o recurso tecnológico, que possibilita a interação entre aluno-
professor-conteúdo, e a infraestrutura, que dá condições para que
essa interação aconteça. Tratando especificamente dos recursos
tecnológicos, a pergunta agora é: o que muda no ato de estudar
quando nele estão envolvidas as novas tecnologias de informação e
comunicação (NTIC‟s)?
Por novas tecnologias de informação e comunicação
entendemos, hoje, o conjunto de tecnologias e métodos para
comunicação desenvolvidos a partir de meados da década de 1970,
propiciados pelo rápido desenvolvimento da eletrônica e surgidos no
contexto da chamada Revolução Informacional ou “Revolução
Telemática”. São exemplos os computadores pessoais, os telefones
celulares, a Internet, as tecnologias digitais de captação e
tratamento de imagens e sons e as tecnologias de acesso remoto
sem fio.
A convergência dessas tecnologias no processamento de
dados e textos e na comunicação de dados e de voz (correio
eletrônico, Internet, videoconferência etc.), tem contribuído para a
comunicação a distância, quebrando as barreiras de tempo e espaço
e possibilitando a formação de redes entre grupos de pessoas,
empresas e organizações, que interagem compartilhando e
produzindo informações. Na Educação, o uso das NTIC‟s vem
crescendo e evoluindo, principalmente em razão destas, de modo
geral, estarem associadas à interatividade e à superação do modelo
de comunicação unidirecional “um para todos”, ligado aos métodos
tradicionais de ensino.
Telemática - conjunto de tecnologias da informação e comunicação resultante da junção entre os recursos das telecomunicações (telefonia, satélite, cabo, fibras ópticas etc.) e da informática (computadores, periféricos, softwares e sistemas de redes), que possibilitou o processamento, a compressão, o armazenamento e a comunicação de grandes quantidades de dados (nos formatos texto, imagem e som), em curto prazo de tempo, entre usuários localizados em qualquer ponto do Planeta. (Wikipédia)
55
Em nosso Curso é usada uma abordagem de Educação a
Distância baseada na comunicação mediada por computador (CMC),
que utiliza o modelo de comunicação multidirecional, no qual os
integrantes da rede de aprendizagem participam tanto do envio
quanto do recebimento de informações, através do ambiente virtual
de aprendizagem Moodle. Esse tipo de ambiente, segundo Almeida
(2003, p. 335).
Permite romper com as distâncias espaço-temporais e viabiliza a recursividade, múltiplas interferências, conexões e trajetórias, não se restringindo à disseminação de informações e tarefas inteiramente definidas a priori.
Vemos então que neste modelo os papéis do professor e do
aluno foram redefinidos em relação ao processo de ensino-
aprendizagem. O professor não mais é visto como „o especialista‟
em sua área de saber, o detentor da verdade, mas como um
mediador do processo ensino-aprendizagem que objetiva dar
condições para que os alunos construam seu próprio saber. O
aluno, por sua vez, deixa de ser um simples receptor de informações
e passa a ter um papel ativo em seu processo de aprendizagem,
buscando identidade e autonomia enquanto pessoa e membro da
sociedade em que está inserido. Nessa perspectiva, “aprender é
planejar; desenvolver ações; receber, selecionar e enviar
informações; estabelecer conexões; refletir sobre o processo em
desenvolvimento em conjunto com os pares; desenvolver a
interaprendizagem, a competência de resolver problemas em grupo
e a autonomia em relação à busca, ao fazer e compreender ”
(ALMEIDA, 2003, p. 335).
Por isso, é importante que você, além de saber como estudar,
saiba adequar o seu estudo a esse novo contexto. Isto significa que,
além de poder acessar regularmente um computador que tenha
conexão com a Internet, ter familiaridade com o uso deste
equipamento para saber editar um texto, enviar e receber e-mails,
Rede de aprendizagem – grupo de pessoas que utiliza redes de comunicação mediadas por computadores para aprender juntas, no horário, no local e no ritmo mais adequados para elas mesmas e para a tarefa em questão (HARASIM et al, 2005).
56
inclusive com anexos, e navegar na Internet e em hipertextos, você
precisa:
Ser automotivado – ter disposição pessoal para aprender,
mesmo sem a cobrança regular do professor/tutor;
Ser autodisciplinado – ter a capacidade de administrar seu
tempo, estabelecer prioridades e cumprir os objetivos do curso e os
que estabeleceram para si próprio;
Assumir a própria aprendizagem – buscar informações em
diferentes fontes, para complementação e aprofundamento, sem se
restringir ao material fornecido no Curso; transformar as informações
obtidas em conhecimento; organizar seu material de estudo; estudar
de forma independente e autônoma;
Assumir uma postura participativa – ter iniciativa própria
para apresentar ideias, questionamentos e sugestões; trabalhar em
grupo de forma colaborativa e responsável; estar aberto a novas
ideias e perspectivas;
Ser capaz de compreender um texto escrito e se
comunicar escrevendo um – entender livros didáticos usados no
ensino superior e artigos científicos de comunicação e divulgação;
expressar de forma clara e concisa, por escrito, o que aprendeu;
identificar e comunicar, por escrito, qualquer questão que tiver.
Parece muito? Não esqueça que você não estará sozinho.
Para tanto você vai poder contar sempre com a equipe de
profissionais envolvidos neste Curso (coordenadores, professores,
tutores, técnicos etc.) de nossa Instituição de Ensino e com a infra -
estrutura montada na sede de seu Polo de Apoio Presencial.
De início você vai precisar mesmo é ter disposição, gostar de
estudar, de pesquisar, de aprender cada vez mais. O que falta pode
ser construído com boa vontade, dedicação e perseverança.
3.7 Atividades de Aprendizagem
1. Pesquise sobre os estilos de aprendizagem. Identifique o seu
estilo e descreva-o.
Hipertexto - é um
texto suporte que acopla outros textos em sua superfície cujo acesso se dá através dos links que têm a função de conectar a construção de sentido, estendendo ou complementando o texto principal.
(Wikipédia)
57
2. Faça um diagrama que represente o ato de estudar e discuta-
o com seus colegas.
3. Como podemos saber se um determinado conteúdo estudado
foi aprendido?
4. Relacione, em ordem decrescente de importância para você,
as condições que devem ser satisfeitas para que um determinado
ambiente seja apropriado para estudar. Justifique a escolha para as
duas primeiras posições.
5. Descreva seu local de estudo. Avalie se ele atende às
condições relacionadas na resposta anterior. Você diria que ele é
regular, bom ou ótimo? Justifique.
6. a) Relacione todos os fatores que favorecem a aprendizagem
citados no texto.
b) Marque com um X aquele(s) que é(são) problema(s) para
você.
c) Crie estratégias para superação dos problemas detectados.
7. Você tem bons hábitos de estudo? Quais?
8. Você tem maus hábitos de estudo? Quais?
9. Se for o caso, o que você pretende fazer para superar os
maus hábitos de estudo?
10. Você tem problema de aprendizagem que possa atribuir à
memória? Qual(is)?
11. Dentre os tipos de memória apresentados no Quadro 1, com
qual deles você mais se identifica?
12. Enuncie as leis da memória.
13. Você usa alguma estratégia para manter ou estimular sua
memória? Dentre as sugestões apresentadas no texto, qual você
achou mais interessante? Comente.
14. Crie um Quadro de Horário Semanal e preencha-o com todas
as suas atividades. Calcule o percentual destinado para:
a) Acesso ao ambiente virtual de aprendizagem;
b) Estudo de cada disciplina que está cursando.
58
15. Se for o caso, relacione os problemas que você está
enfrentando como aluno da Educação a Distância, tomando como
referência as condições citadas no item “Estudar com novas
tecnologias de informação e comunicação”. Reflita e apresente
alternativas de solução para superar esses problemas.
3.8 Referências Bibliográficas
BASTOS, C. L.; KELLER, V. Aprendendo a aprender: introdução à
metodologia científica. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.
FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário básico da língua
portuguesa: Folha / Aurélio. São Paulo: Nova Fronteira / Folha de
São Paulo, 1988.
HARASIM, L. et al. Redes de aprendizagem: um guia para ensino e
aprendizagem on-line. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005.
MATOS, H. C. J. Aprenda a estudar: orientações metodológicas para
o estudo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
RIBEIRO, M. A. de P. Como estudar e aprender: guia para pais,
educadores e estudantes. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
3.9 Web-Bibliografia
ALMEIDA, M. E. B. de. Educação a distância na internet:
abordagens e contribuições dos ambientes digitais de
aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 327-
340, jul./dez. 2003. Disponível em: <www.scielo.br> Acesso em:
26/06/2007.
59
ANTUNES, C. Xiiii, professora, deu um “branco” II. Publicado em
06/05/2005. Disponível em:
<www.educacional.com.br/articulistas/celso_bd.asp?codtexto=626>
Acesso em: 19/06/2007.
CARDOSO, S. H. Memória: o que é e como melhorá-la. Disponível
em: <www.cerebromente.org.br/n01/memo/memoria.htm> Acesso
em: 19/06/2007.
CAVELLUCCI, L. C. B. Estilos de aprendizagem: em busca das
diferenças individuais. Disponível em:
<http://www.iar.unicamp.br/disciplinas/am540_2003/lia/esti los_de_ap
rendizagem.pdf> Acesso em: 20/08/2007.
www.eca.usp.br/prof/moran/textos.htm (site com textos interessantes
do professor Moran).
WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org>
60
61
Apresentação Sumário da Unidade
UNIDADE 4 – A LEITURA COMO MÉTODO DE ESTUDO ...................... 60
Ana Lúcia Nunes Falcão de Oliveira, Maria Rita de Morais Chaves
Santos e Mônica Maria Machado Ribeiro N. de Castro
4.1 O Ato de Ler........................................................................................... 62
4.1.1 A leitura como habilidade básica........................................................ 62
4.1.2 O processo de Leitura ........................................................................ 63
4.1.3 O bom leitor ........................................................................................ 65
4.2 Níveis e Tipos de Leitura ....................................................................... 67
4.2.1 Como ler livros didáticos? ................................................................. 68
4.3 Análise e Interpretação de Texto .......................................................... 73
4.3.1 Análise textual..................................................................................... 74
4.3.1.1 Como fazer um esquema? ............................................................. 75
4.3.2 Análise temática.................................................................................. 77
4.3.3 Análise interpretativa .......................................................................... 78
4.3.4 Problematização ................................................................................. 80
4.3.5 Síntese pessoal .................................................................................. 80
4.4 Anotações, Fichamentos, Resumos e Resenhas ................................. 81
4.4.1 A Documentação Pessoal .................................................................. 81
4.4.2 Anotações ........................................................................................... 83
4.4.3 Fichamentos ....................................................................................... 84
4.4.3.1 Fichamento para Documentação Temática .................................... 85
4.4.4 Resumos ............................................................................................. 87
4.4.4.1 Como fazer um Resumo Informativo? ........................................... 89
4.4.5 Resenhas ............................................................................................ 90
4.5 Atividades de Aprendizagem ................................................................. 92
4.6 Referências Bibliográficas ..................................................................... 93
4.7 Web-Bibliografia..................................................................................... 95
62
4.1 O Ato de Ler
O curso superior exige uma postura diferenciada quanto ao
processo de ensino-aprendizagem. Aqui o aluno se quer, e em geral
é tomado, como um adulto em sua plenitude. Por seu lado, o
professor não mais se sente responsável por lembrá-lo, a todo
instante, de cada passo a ser dado ou de suas responsabilidades
para com o estudo, a aprendizagem, seu crescimento intelectual,
suas escolhas e questões pessoais. A ênfase do ensino superior
recai na formação profissional; o aluno é considerado uma pessoa
independente e autônoma, seja isso um fato ou não.
Um outro diferencial a ser considerado neste Curso é que,
enquanto na educação presencial os contatos entre professores e
alunos têm por base a oralidade, na Educação a Distância a
linguagem básica é a escrita, o texto. Isso faz com que a leitura
tenha mais destaque nesta modalidade de ensino.
O ato de ler está presente em tudo o que você faz, quando
entendido como o ato ou capacidade de reconhecer, perceber,
decifrar. Nesta perspectiva, mesmo em atividades como andar pelas
ruas, ver televisão ou fazer compras em um supermercado, você
está praticando a leitura. Neste momento do Curso o que nos
interessa, no entanto, é o ato de ler entendido como a “arte de
decifrar e fixar um texto”. Ele está presente no estudo deste material
impresso, no uso do ambiente virtual de aprendizagem, quer nas
aulas on-line, quer nos fóruns, chats etc., e em todos os outros
materiais de estudo comumente utilizados por você, como livros e
artigos de revistas e periódicos.
4.1.1 A leitura como habilidade básica
Ler bem é uma habilidade indispensável para o estudante
autônomo. Ler é algo que todo estudante está convencido de que
sabe fazer. Mas, ler bem... Ler bem é uma habilidade indispensável
Reflita!
O bom estudante deve saber: ler bem resumir pesquisar documentar comunicar
Uma das coisas que a educação superior deve fazer por você é alargar os limites das coisas que você lê (MORGAN;
DEESE, 1983)
63
para o estudante autônomo. Por isso, é importante que você se
pergunte: “Será que sei realmente ler bem?”
Para lhe ajudar em sua reflexão colocamos as seguintes
questões:
Você lê rápido?
Lembra do que lê?
Quantas vezes precisa ler para compreender?
Sabe decidir o que é importante num texto?
Sabe interpretar mapas, tabelas, gráficos, legendas etc.?
Que faz quando começa a ler um texto pela primeira vez?
Que faz quando acaba de lê-lo?
Lê livro didático da mesma forma que lê um romance?
Lê um texto de química como lê um de história? Se não, qual
a diferença?
Enquanto lê, toma notas?
Tem a sensação de que o professor lhe cobra nas avaliações
coisas que não estavam nos textos que leu?
Procura no dicionário as palavras novas que encontra?
Sabe a diferença entre termos gerais e termos técnicos?
Essas e outras questões, quando não respondidas
satisfatoriamente, precisam ser trabalhadas. Bons hábitos de leitura
favorecem o processo de aprendizagem e facilitam a execução de
trabalhos acadêmicos.
4.1.2 O processo de leitura
O processo de leitura inicia com o reconhecimento das
palavras impressas, que pode ocorrer sílaba por sílaba, palavra por
palavra, por conjunto de palavras ou pela percepção de frases
completas; continua com a interpretação do pensamento do autor e
a sua compreensão; segue com a retenção das ideias e, por último,
As pessoas que leem bem gostam de ler. As pessoas que não leem direito detestam a
leitura.
64
a reprodução destas ideias de modo pessoal, o que confirma sua
compreensão e apropriação.
O estudo desse processo permite as seguintes observações:
1. O reconhecimento do texto impresso não se dá pelo deslizar
dos olhos pelas letras que o compõem; quando lemos, os olhos se
movimentam por saltos e fixações, captando com clareza apenas
quando se fixam em algum ponto. A boa leitura depende do número
de fixações efetuadas.
2. Captar um grupo de palavras, ao invés de uma sílaba ou uma
única palavra a cada fixação, aumenta a velocidade da leitura e
também a sua compreensão.
3. As pessoas que leem movimentando a cabeça e se
posicionam muito próximas ou muito distantes do objeto que contém
o texto, em geral são maus leitores.
4. Os olhos, durante a leitura, também apresentam movimentos
regressivos ou regressões, que são movimentos efetuados em
sentido inverso ao da sequência do texto e que fazem com que
voltemos atrás na linha que estamos lendo. Esse tipo de movimento
é mais freqüente em pessoas que não estão habituadas a ler.
5. O movimento de retorno, ou seja, a passagem de uma linha
de texto para a próxima (abaixo), também determina deficiências na
leitura. Enquanto os bons leitores fazem um único movimento de
retorno, os maus leitores leem acima ou abaixo, tendo sempre que
fazer correções para encontrar o início da próxima linha de leitura.
6. O uso inconsciente da fala durante a leitura silenciosa, ou
seja, tentar acompanhar os olhos com movimentos labiais ou mesmo
articular a língua com a boca fechada “age como um freio sobre o
cérebro dificultando-lhe a leitura por unidade de pensamento”
(BASTOS; KELLER, 1993, p. 42).
65
4.1.3 O bom leitor
Para superar deficiências de leitura e tornar-se um bom leitor o
estudante primeiramente deve adquirir bons hábitos de estudo, já
que algumas dessas deficiências são provenientes da falta de
atenção, de motivação, de espírito crítico, ou mesmo da falta de pré -
requisitos para compreensão e consequente transformação do que
se lê em conhecimento.
Além disso, qualquer pessoa pode melhorar sua capacidade de
leitura se:
Preparar-se para ler – escolhendo um ambiente favorável e
criando uma expectativa positiva sobre o que vai ler e aprender na
leitura;
Construir um vocabulário abrangente que permita a
compreensão dos textos a serem lidos – prestando atenção tanto às
palavras novas quanto às palavras antigas aplicadas a um novo
contexto e fazendo uso de um bom dicionário;
Aumentar sua velocidade de leitura através de
autotreinamento – lembrando, porém, que diferentes tipos de textos
(livros didáticos, livros técnicos e científicos, revistas de divulgação,
jornais, romances etc.) são lidos a diferentes velocidades pelo bom
leitor;
Evitar a subvocalização ou uso inconsciente do aparelho
fonador enquanto lê – praticando exercícios de atenção ao sentido
das palavras e não à pronúncia;
Aumentar a área de fixação dos olhos – praticando
exercícios específicos, de forma a aumentar a velocidade da leitura
e, consequentemente, a compreensão do texto.
Veja o quadro a seguir e compare as habilidades e hábitos de bons
e maus leitores.
66
Quadro 2 – Habilidades e hábitos de bons e maus leitores
BOM LEITOR
(Lê rapidamente e entende o
que lê)
MAU LEITOR
(Lê lentamente e entende mal o
que lê)
1. Lê com objetivo
determinado.
1. Lê sem finalidade.
2. Lê unidades de pensamento. 2. Lê palavra por palavra.
3. Lê unidades de pensamento. 3. Só tem um ritmo de leitura.
4. Avalia o que lê. 4. Acredita em tudo o que lê.
5. Possui bom vocabulário. 5. Possui vocabulário limitado.
6. Tem habilidades para
conhecer o valor do livro.
6. Não possui nenhum critério
técnico para conhecer o valor do
livro.
7. Sabe quando deve ler um
livro até o fim, quando
interromper a leitura
definitivamente ou
periodicamente.
7. Não sabe decidir se é
conveniente ou não interromper
uma leitura.
8. Discute frequentemente o
que lê com colegas.
8. Raramente discute com
colegas o que lê.
9. Adquire livros com
frequência e cuida de ter sua
biblioteca particular.
9. Não possui biblioteca particular.
10. Lê vários assuntos. 10. Lê sempre a mesma espécie
de assunto.
11. Lê muito e gosta de ler. 11. Lê pouco e não gosta de ler.
12. É bom leitor porque
desenvolve uma atitude de
vida: é constantemente bom
leitor.
12. É constantemente mau leitor,
porque tem uma atitude de
resistência ao hábito de ler.
Adaptado de: Décio Vieira Salomon (1999).
67
4.2 Níveis e tipos de leitura
O conjunto de experiências vividas e acumuladas pela
espécie humana ao longo de sua evolução cultural, de modo geral,
encontra-se armazenado nos livros e demais repositórios das
diversas áreas do conhecimento: fi losofia, matemática, história,
física, antropologia, cosmologia, química etc. A apreensão deste
conhecimento se faz através da leitura, donde se depreende que as
leituras têm origens e objetivos diversos, podendo ser extremamente
complexas e variadas.
Segundo Marconi e Lakatos (2001), existem três espécies de
leitura:
De entretenimento – feita objetivando a diversão, o lazer;
De cultura geral – feita sem aprofundamento, apenas para
saber o que ocorre no mundo;
De aproveitamento – feita com o fim de aprender algo ou
aprofundar um conhecimento anterior.
Para esta última espécie, quando se lê para aprender,
diferentes autores apresentam diferentes classificações que, em
geral, estão associadas aos objetivos da leitura. Além dos já citados,
destacamos: descobrir do que trata um texto; extrair a idéia principal
ou detalhes importantes de um determinado texto; fazer avaliação de
algum conceito ou teoria; selecionar posicionamentos diversos sobre
um determinado assunto e ampliar conhecimentos.
Adler e Van Doren, em sua obra “Como ler um livro”, segundo
Medeiros (2004), propuseram os seguintes níveis de leitura:
Leitura elementar – básica ou inicial, feita rapidamente com
o fim de obter uma visão geral do texto;
Leitura inspecional – corresponde a um folhear sistemático
com o fim de captar a idéia geral da obra;
Leitura analítica – feita de forma minuciosa e completa tendo
por objetivo o melhor entendimento;
Há leituras de fundo que requerem docilidade; leituras de ocasião, que requerem maestria; leituras de estímulo ou de edificação, que requerem ardor; leituras de repouso, que requerem liberdade. (SERTILLANGES citado por MATOS; 1994)
68
Leitura sintópica – feita por especialistas ou críticos, com o
fim de comparar diferentes livros.
Por outro lado, vários autores, entre eles Medeiros (2004) e
Harlow (citado por MARCONI; LAKATOS, 2001), classificam as
leituras nos seguintes tipos:
Scanning – aquela em que se procura um certo tópico da
obra e é feita no sumário, nos índices, algumas linhas ou
parágrafos;
Do significado – busca uma visão ampla do conteúdo da
obra, principalmente dos seus aspectos principais, e é feita
rapidamente, de uma única vez, sem parar ou voltar atrás para
reflexões;
Skimming – feita para captação da essência ou tendência
geral da obra, usando títulos e subtítulos, ilustrações e alguns
parágrafos;
De estudo ou informativa – objetiva a absorção mais
completa possível do conteúdo e de todos os seus significados e
engloba o ler, o reler, fazer anotações, usar o dicionário, marcar ou
sublinhar palavras ou frases-chave, esquematizar e resumir;
Crítica – objetiva a formação de um juízo de valor sobre o
conteúdo e do texto como um todo; envolve reflexão, comparação
com outras obras, avaliação dos dados e informações apresentadas
no que se refere à correção, fidedignidade, completeza, atualização
etc.
Com base na comparação dessas duas últimas
classificações, você pode notar facilmente as equivalências entre
algumas delas. Assim também aconteceria se continuássemos a
apresentar as outras classificações existentes. Preferimos nos guiar,
a partir daqui, pelos objetivos das leituras e apresentar orientações
para aquelas que serão mais necessárias neste curso: a leitura de
livros didáticos, discutida a seguir, e a leitura para a pesquisa
bibliográfica, apresentada no próximo tópico desta Unidade.
Scan – esquadrinhar, perscrutar, examinar ponto por ponto; passar os olhos por (toda a área).
Skim – roçar, passar ou deslizar suave ou rapidamente (por sobre uma superfície); passar os olhos sobre.
69
4.2.1 Como ler livros didáticos?
Para a leitura de livros didáticos uma técnica bastante
utilizada é a denominada SQ3R (Survey, Question, Read, Recite,
Review). Esta técnica foi criada por Francis P. Robinson, segundo
Morgan e Deese (1983), e compreende várias etapas.
1ª etapa – Survey (examinar)
Nesta etapa o leitor procura obter a melhor visão possível do
que vai estudar. Examinar o que vai ler permite tomar decisões
sobre o tempo a destinar para a leitura, o que vai precisar como
material de apoio etc.
O exame de um livro-texto deve ser feito por partes, do geral
para o particular, aplicando os seguintes procedimentos:
Observe/leia título e subtítulo, autor(es), orelhas (extremidade
da capa do livro dobrada para dentro) e capa de trás; veja se
tem e onde se localizam o prefácio, o sumário, o índice
remissivo, o glossário, as referências e os anexos –
normalmente após este passo você terá elementos básicos
sobre a obra e seu autor ou autores;
Leia o prefácio – este elemento deve informar o objetivo do
autor ao escrever o livro, para quem esse é dirigido e até
mesmo que embasamento teórico é preciso ter para lê-lo;
Se houver, leia as mensagens do autor dirigidas ao professor
e ao estudante;
Observe pelo sumário a estrutura do livro, seus capítulos e
seções e o conteúdo abordado;
Folheie o livro para obter noções gerais sobre a estrutura dos
capítulos e a disposição e apresentação visual das seções
(fontes, cores, ilustrações, arranjos e tipos das atividades
etc.).
70
O exame de um capítulo de livro também deve ser feito do
todo para as partes. Aqui, os procedimentos citados
anteriormente devem se repetir, com as devidas adaptações.
Partindo do título do capítulo e seus objetivos, examine toda a
estrutura, lendo os títulos das seções que o compõem.
Somente após a visão global do capítulo você deve dar início
à leitura de cada seção.
Ao final desta etapa você deve ter uma boa idéia do grau de
dificuldade que terá para estudar o livro ou capítulo.
2ª etapa – Question (perguntar)
Esta etapa traz um único procedimento: fazer perguntas. Sua
importância, no entanto, se demonstra pelas seguintes observações:
Em geral as coisas mais lembradas são respostas a algum
tipo de pergunta;
As pessoas lembram mais daquilo que aprendem em resposta
a uma pergunta do que das coisas que apenas leram ou
ouviram;
As perguntas nos fazem pensar e formular possíveis
respostas, isso ajuda a criar expectativas quanto ao conteúdo
a ser lido;
As perguntas nos fazem pensar e formular objetivos para a
leitura, o que facilita a aprendizagem.
Mas, que perguntas fazer? Algumas perguntas são básicas.
Tomando para exemplo o estudo desta Unidade, ao ver o título “A
leitura como método de estudo” você pode se perguntar: “O que é
leitura?”; “O que é método de estudo?” e “O que já sei sobre isso?”.
Outras são bastante específicas e vão depender do seu próprio
modo de ser. Importam aqui a curiosidade, a criatividade, o
vocabulário, a experiência de vida etc.
A habilidade de interrogar a si próprio e aos outros alimenta o espírito crítico.
71
É importante notar que a capacidade de interrogar vai se
fortalecer com a prática. Essa vai fazer com que perguntar se torne
um hábito tão automático que você não terá nem mesmo que parar
para formular as questões cabíveis. Mas lembre sempre que o
objetivo das perguntas é direcioná-lo para a idéia principal da seção,
do capítulo, do livro, ou seja, da unidade textual que você estive r
estudando.
3ª etapa – Read (ler)
Embora seja a primeira e única etapa a ser cumprida por
aqueles alunos que pensam que estudar é correr os olhos pelo texto,
esta, como você já sabe, não é a primeira nem a última, e, talvez,
nem mesmo a mais importante das etapas dessa técnica. Ela tem o
objetivo de fornecer detalhes e completar o delineamento do texto
iniciado nas etapas anteriores. Aqui você deve:
1. Ler toda a unidade de leitura que estabeleceu para a sessão
de estudo;
2. Ler ativamente - o que significa explorar o conteúdo do texto
prestando atenção a cada passo, tendo em mente o objetivo da
leitura anteriormente estabelecido. Para manter a leitura ativa
convém questionar sempre se está acompanhando o que lê , qual a
idéia principal do último parágrafo lido e coisas assim;
3. Dar atenção às palavras e termos importantes - palavras
desconhecidas, palavras conhecidas usadas em um novo contexto
(por exemplo, em um livro de química, palavras como átomo, ácido,
base e solução têm significado específico) ou, ainda, termos
técnicos, precisam ser bem entendidas. As palavras e expressões
não entendidas deverão ser anotadas para consulta ao dicionário da
língua portuguesa ou ao dicionário técnico;
4. Dar atenção à leitura das ilustrações (gráficos, tabelas,
quadros, fotografias, desenhos, fórmulas, modelos etc.). Esses
elementos estão ali porque, possivelmente, as informações
Lembrete
É importante saber a grafia correta das palavras em geral e também dos nomes próprios dos químicos e outros personagens ilustres da História da Química.
72
apresentadas são mais fáceis de compreender usando estas
representações. Além disso, as ilustrações ajudam a tornar o texto
mais interessante e fazem com que você lembre dele mais
facilmente. Lembra do que estudou sobre a memória visual?
4ª etapa – Recite (repetir)
Esta etapa não constitui um passo isolado; na realidade a
repetição, segundo Morgan e Deese (1983), deve ser aplicada tanto
à leitura da etapa anterior quanto à da etapa de revisão (a próxima).
Aqui, repetir significa parar de vez em quando a leitura que está
sendo feita para, com suas próprias palavras, dizer o que leu. Esta
repetição visa à compreensão e ao controle do que foi apreendido
realmente e do que pode ser lembrado. Quantas vezes parar para
repetir ou qual o número de repetições a fazer, vai depender, entre
outras coisas, do grau de atenção na leitura, do conteúdo que se
está lendo e da organização do texto.
5ª etapa – Review (rever)
A etapa de revisão nesta técnica também se repete. A
primeira revisão deve ser feita logo após completado o estudo de
aprofundamento do capítulo. Pode ser bem rápida e constar,
principalmente, de repetições. Repetir antes de reler a seção lhe
orientará para a leitura; repetir depois lhe dirá o que aprendeu.
Dependendo do intervalo de tempo entre esta primeira revisão e a
avaliação da matéria pelo professor, você pode efetuar novas
Adicionalmente...
Numa interpretação particular para esta etapa da técnica SQ3R, propomos a modificação que segue. Após conseguir uma visão do texto em toda a sua extensão e detalhes (terceira etapa), é hora de você aprofundar sua compreensão fazendo uma primeira repetição da leitura do texto. Primeira porque você poderá fazer quantas repetições quiser ou precisar para a compreensão integral do conteúdo abordado. Ao repetir a leitura você já deve ter consultado o dicionário para entendimento das palavras ou termos anotados. Essa nova leitura, feita por parágrafos, deve permitir a construção de um esquema detalhado do capítulo estudado.
73
revisões. A revisão feita logo antes da prova, chamada de revisão
final, deve constar de repetições feitas de memória e englobar todos
os capítulos estudados.
Convém notar que, de modo geral, os livros didáticos da área
de química apresentam um texto de leitura bastante agradável, com
distribuição na forma de tópicos relativamente pequenos, bem
estruturados e encadeados, e um número razoável de ilustrações
(gráficos, figuras etc.), que facilitam o entendimento dos fenômenos
abordados.
4.3 Análise e Interpretação de Texto
Na academia os estudantes são levados a fazer muitas leituras,
com variados objetivos e nos mais diversos tipos de fontes. No
tópico anterior vimos uma técnica para leitura de livros didáticos,
talvez a fonte bibliográfica mais utilizada no início do Curso de
Química, onde o livro-texto é imprescindível. Apresentamos a seguir
uma outra técnica de leitura que lhe será muito útil, pois em nosso
curso, no processo ensino-aprendizagem, também são usados
muitos textos complementares como, entre outros, capítulos de
livros não didáticos, artigos de periódicos científicos, artigos de
revistas e jornais de divulgação científica e monografias, para
subsidiar o conteúdo de uma disciplina, a apresentação de
seminários, relatórios ou aulas demonstrativas, e realizar pesquisas
bibliográficas.
Os textos para as leituras acadêmicas são fundamentalmente
informativos e/ou técnicos e escritos na linguagem científica, que se
caracteriza pela clareza, precisão e objetividade. No entanto, por
apresentarem conceitos e teorias quase que inteiramente novos
para os estudantes e uma ordem de raciocínio com a qual ainda não
estão acostumados, tornam essa linguagem mais complexa do que
é realmente.
74
A princípio, no curso superior, esses textos são, em sua grande
parte, indicados pelos professores das disciplinas; à medida que o
aluno avança no curso, sua familiaridade com a área de
conhecimento trabalhada vai aumentando e sua habilidade em
selecionar bons autores/textos para estudo também aumenta. Até o
final do Curso é esperado que o estudante adquira competência
para fazer uma pesquisa bibliográfica que dê suporte ao seu
Trabalho de Conclusão de Curso. Assim, sem pretensão de um
aprofundamento maior, que fugiria ao escopo deste material, vamos
apresentar a técnica de leitura denominada análise de texto.
Segundo Salomon (1999, p. 74), pela análise podemos
detectar o que há de mais relevante no texto:
Sua estrutura e organização; as ideias principais e os detalhes importantes; o relacionamento entre as ideias existentes no corpo do discurso do autor; seu método de inferir, deduzir, generalizar, abstrair, demonstrar e comprovar; e se avaliam as conclusões com sua fundamentação.
Existem vários tipos de análise, mas vamos nos reportar
apenas às que consideramos ser mais úteis e aplicáveis no contexto
de nosso Curso. São elas: a análise textual, a análise temática, a
análise interpretativa, a problematização e a síntese. Estas podem
ser pensadas, inclusive, como parte de uma análise única.
4.3.1 Análise textual
Esta análise corresponde ao levantamento sistemático de
todos os elementos importantes para a compreensão do texto, feito
em busca de uma visão de conjunto do raciocínio do autor. Os
procedimentos básicos para sua execução são:
1. Leitura inicial atenta, corrida e completa do texto;
2. Levantamento e anotação de pontos que merecem maiores
esclarecimentos como: palavras e termos não compreendidos,
75
dúvidas quanto a ideias, argumentos, fatos históricos, referências a
outros autores, doutrinas etc.
3. Busca das informações adicionais sobre vida, obra e
pensamento do autor (ou autores), vocabulário e demais elementos
anotados. Esta busca deve ser feita em dicionários especializados,
manuais e outras obras de referência;
4. Esquematização do texto com o fim de apresentar uma visão
global da unidade estudada através do inter-relacionamento de
ideias e fatos.
4.3.1.1 Como fazer um esquema?
O esquema ajuda o aluno a organizar o conteúdo contido no
texto, estabelecendo um plano lógico que explicita as relações e
subordinações das ideias ali contidas e classifica os fatos dentro de
critérios de caracterização. Um bom esquema se caracteriza,
segundo Salomon (1999), por ser: fiel ao texto original, mostrando
sua estrutura lógica; adequado ao assunto estudado, seguindo sua
profundidade ou superficialidade; funcional, atentando para o fato de
que um esquema para revisar um assunto estudado é diferente de
um esquema para dar uma aula sobre esse assunto; útil e pessoal,
pois o esquema feito para uma pessoa raramente é úti l para outra.
Deste modo, para fazer um bom esquema você pode observar
os passos que seguem:
1. Utilize a própria estrutura do autor do texto, quer se trate de
livro, capítulo de livro, artigo científico etc. Para isso, tome os títulos
e subtítulos como indicadores e faça frases completas com eles.
2. Coloque os títulos mais gerais à esquerda e a partir daí,
deslocando-se para a direita, os subtítulos e as divisões possíveis.
3. Adote um sistema que seja adequado à estrutura do texto
para separar e indicar as divisões e subdivisões sucessivas. Por
exemplo:
Obras de referência – são
obras de uso pontual e recorrente, para consulta de pequenas parcelas de informação dentro do grande conjunto que normalmente esse tipo de obra contém. Exemplos: enciclopédias, dicionários temáticos, glossários, tabelas,
tesauros etc.
76
Chaves, colchetes, colunas etc.;
Numeração progressiva: 1, 1.1, 1.2, 1.2.1, 1.2.2, 2, 2.1 etc.;
Letras maiúsculas, letras minúsculas, símbolos gráficos etc.
4. Use símbolos convencionais e abreviaturas para poupar
tempo e facilitar a compreensão das relações entre ideias. Por
exemplo:
, , , , , ♀ (feminino) e ♂ (masculino);
5. Use caixas de texto para indicar estruturas, ideias derivadas,
relações etc.
Veja os exemplos a seguir:
Exemplo 1
Classificação de Bunge para Ciência
(LAKATOS; MARCONI, 1992, p. 23)
Lógica FORMAL Matemática Física CIÊNCIA NATURAL Química Biologia Psicologia Individual FACTUAL
Psicologia Social Sociologia CULTURAL Economia Ciência Política História Material História das Idéias
77
Exemplo 2
Etapas da concepção atual do método científico, segundo Bunge(LAKATOS; MARCONI, 1992, p . 47)
4.3.2 Análise temática
O objetivo da análise temática é a máxima compreensão do
conteúdo ou mensagem do autor. Ou seja, a identificação e
apreensão da ideia central e das ideias secundárias e suas
correlações. É a busca e reconstituição da lógica do pensamento do
autor quanto à ideia trabalhada no texto. O procedimento usual para
esta análise consiste em fazer uma nova leitura para responder a
algumas questões:
1. De que trata o texto? A resposta a esta pergunta nos dá o
tema ou assunto da unidade textual, porém, nem sempre é simples
de encontrar. Acontece que na maioria das vezes o tema tem uma
Problema ou lacuna
Explicação Não exp licação
Colocação precisa do problema
Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes
Tentativa de solução
Satisfatória Inútil
Invenção de novas ideias ou produção de novos dados empíricos
Obtenção de uma solução
Prova da solução
Satisfatória
Conclusão
Não satisfatória
Início de novo ciclo
78
estrutura, pois são mais comuns textos onde o autor fala das
relações entre vários elementos e não de um único objeto de estudo.
Além disso, é necessário captar qual a perspectiva do autor e o
âmbito ou limite de sua abordagem.
2. Qual o problema a ser solucionado? Aqui a busca é por
apreender a problemática que envolve o tema e preocupa o autor;
sua formulação, nos bons textos científicos, é quase sempre
explícita.
3. O que o autor sugere para solucionar o problema exposto?
Que ideia defende? O que quer demonstrar? As respostas a essas
indagações revelam a ideia central do texto ou a tese defendida pelo
autor na unidade textual. Em geral ela é explicitada através de uma
proposição, considerada inicialmente como hipótese geral.
4. Qual o raciocínio do autor e quais seus argumentos para
demonstrar sua tese? O raciocínio e os argumentos do autor são o
conjunto de ideias que, encadeadas, dão a estrutura lógica do texto
e demonstram sua tese.
5. O autor levanta outras ideias ou assuntos que não estão
associados à ideia central? A resposta a essa questão deve
explicitar as ideias secundárias. Estas são relativas a temas
paralelos e têm conteúdo próprio e independente; apenas
complementam o pensamento do autor.
Convém ressaltar que este é o tipo de análise que dá suporte
à elaboração do resumo ou síntese do texto. Ela também fornece a
base para a construção de um roteiro de leitura usado na orientação
de seminários e na construção do organograma lógico ou
representação geometrizada do raciocínio do autor.
4.3.3 Análise interpretativa
Nesta abordagem do texto o que se tem em vista é a tomada
de uma posição própria perante as ideias do autor. Aqui, além de
tentar ler nas entrelinhas e explorar todas as repercussões das
Proposição –
aquilo que se propõe; proposta. Expressão verbal de um juízo; asserção, asseveração. Enunciado verbal suscetível de ser dito verdadeiro ou
falso.
ATENÇÃO!
Quando se pede o resumo de um texto, o que se tem em vista é a síntese das ideias do raciocínio (do autor) e não a mera redução dos parágrafos (SEVERINO, 1996).
79
ideias expostas você deve compará-las com as ideias de outros
autores com o fim de criticar o texto com respeito à sua coerência,
profundidade, validade, alcance e originalidade. São passos para
esta análise:
1. Situar o pensamento exposto no texto no contexto da vida e
obra do autor e de outros autores.
2. Destacar os pontos comuns e originais do pensamento do
autor, situando-o no contexto mais amplo da sua área de
conhecimento (teorias, paradigmas e correntes de pensamento).
3. Buscar uma compreensão interpretativa do pensamento do
autor através da explicitação de seus pressupostos.
4. Estabelecer aproximações e/ou associações das ideias
expostas no texto com ideias semelhantes que tenham recebido
outras abordagens.
5. Formular um juízo crítico sobre o texto. Isto pode ser feito
tomando por base tanto sua coerência interna, quando se determina
até que ponto seus objetivos foram alcançados, a eficácia do seu
raciocínio na demonstração da tese formulada e a pertinência de
suas conclusões com respeito à fundamentação apresentada,
quanto sua relevância e contribuição para o estudo do tema,
avaliando seu grau de originalidade e de profundidade, e ainda, sua
validade e alcance.
É oportuno chamar a atenção para um fato que,
possivelmente, você já notou. Existe um nível crescente de
dificuldade para a execução dessas análises. Por exemplo, para
fazer este último tipo, a análise interpretativa, você vai precisar ter
feito várias leituras anteriores sobre o mesmo tema, não é? Assim,
como aluno iniciante, provavelmente suas primeiras leituras só
comportarão as análises textual e temática. Com o tempo, as
exigências das disciplinas e o fortalecimento do hábito de leitura,
você vai adquirir condições para efetuar a análise interpretativa e os
próximos dois tipos a serem apresentados.
80
4.3.4 Problematização
Após efetuar as análises já descritas e conhecer bem o texto,
agora o objetivo é sua problematização em sentido amplo. Assim,
são levantadas as questões explícitas e implícitas no texto, tanto
para reflexão quanto para discussão. Podem, também, ser
discutidas questões afins ao tema abordado, com base em outras
leituras do mesmo autor ou em obras de outros autores.
4.3.5 Síntese pessoal
Esta etapa da leitura analítica se apoia em todas as
anteriores. É a “leitura pessoal” que se faz do pensamento do autor
contido no texto. Na realidade, a síntese está mais ligada à redação
de um novo resumo, agora enriquecido pelas reflexões pessoais e
discussões efetuadas na problematização.
Cumpre ainda chamar atenção para o fato de que o trabalho
de síntese pessoal é muito exigido como atividade didática no curso
superior, não só como parte da análise e interpretação de textos,
exercício de raciocínio que propicia o amadurecimento intelectual,
mas também como parte de relatórios e outros tipos de trabalhos
científicos.
Os procedimentos para análise e interpretação de texto
apresentados podem e devem ser acompanhados dos registros
competentes: anotações, fichamentos, resumos e resenhas (ver
próximo tópico). Trabalhar suas leituras metodicamente, de início,
pode levar muito tempo, pois talvez você não esteja acostumado a
esses procedimentos. No entanto, ao estabelecer o hábito você
perde o medo, os passos tornam-se automáticos e você ganha em
segurança, autoconfiança, satisfação e eficiência. Sua organização
será recompensada quando tiver que trabalhar com um grande
volume de textos, como por ocasião do seu Trabalho de Conclusão
de Curso.
81
4.4 Anotações, Fichamentos, Resumos e Resenhas
Ciente do volume de leituras que serão necessárias no
decorrer do Curso, você pode estar pensando que vai ficar perdido
num “mar de informações”. Isto pode até acontecer, mas vai
depender de você. Para que isto não aconteça, você deve ser capaz
de organizar todas as informações obtidas à medida que elas forem
trabalhadas, fazendo isto de modo que possa relacioná-las e
recuperá-las facilmente sempre que necessário. Para orientá-lo
nesta tarefa, mais uma vez vamos nos valer da metodologia
científica, embora sem nos aprofundarmos nas técnicas mais
rigorosas de documentação pessoal.
4.4.1 A documentação pessoal
A documentação pessoal é uma consequência natural das
atividades intelectuais inerentes à vida do estudante universitário e,
também, do profissional que precisa estar sempre em dia com as
produções do pensamento humano. Tendo isso em vista, sugerimos
fortemente a você que reflita sobre sua utilidade e necessidade e
que a realize como etapa de seu método de estudo e hábitos de
leitura. Tendo tomado esta decisão, você poderá adotar um método
de organização que seja produtivo para sua documentação.
Na prática, sugerimos:
Considerar material de documentação o que for importante e
útil para sua vida acadêmica e também para sua futura vida
profissional;
Tomar para documentação leituras em diversos meios e
fontes bibliográficas, aulas, seminários, grupos de discussão, fóruns
e videoconferências;
Quando da efetivação de registros (tomada de anotações e
confecção de fichas), evitar longas transcrições, não transcrever
82
anotações de livros e outros materiais impressos próprios e guardar
as anotações em fichas ou pastas apropriadas;
Quando possível, fazer os registros em arquivos eletrônicos,
em diretórios específicos e de acordo com seus interesses.
É interessante notar que, assim como existem diferentes tipos
de leitura, também existem diferentes formas de documentação,
enquanto método pessoal de estudo. São elas: a documentação
temática, a documentação bibliográfica e a documentação geral.
A documentação temática tem como objetivo a reunião de
elementos para o estudo geral ou realização de um trabalho
específico dentro de uma determinada área de conhecimento. Esses
elementos são encontrados não apenas em leituras específicas, mas
também em aulas, seminários e conferências. No fichário, as fichas
relativas à documentação temática vêm em primeiro lugar, já que os
temas estruturam as diferentes áreas do saber. Severino (1996)
sugere que o estudante organize seu fichário de documentação
temática a partir da estrutura curricular do Curso; neste caso, cada
disciplina corresponderia a um setor documental.
A documentação bibliográfica, por sua vez, corresponde ao
registro de informações sobre livros, artigos e demais trabalhos
existentes da área de interesse do estudante, aos quais tenha
acesso diretamente ou dos quais tome conhecimento através de
publicações específicas. Deve ser feita sistematicamente, de modo a
se constituir em uma rica fonte de informação. Sua organização, em
geral, se dá de acordo com um critério de natureza temática.
A documentação geral é uma forma bem específica de
organização e guarda de documentos úteis, provenientes de fontes
perecíveis, cuja conservação seja importante. São, por exemplo,
recortes ou fotocópias de jornais e revistas e cópias impressas de
apresentações feitas em eventos (transparências ou slides), cujas
fontes nem sempre estão disponíveis. Também sob essa forma de
documentação é recomendado guardar as apostilas de cursos,
trabalhos didáticos, textos de seminários e conferências etc. Todos
Recortes de jornais e revistas devem ser colados em folhas de papel tamanho ofício, deixando-se margens suficientes para anotar a referência completa da fonte.
83
os documentos são arquivados em pastas classificadas segundo o
conteúdo e a área de interesse do estudante.
O registro para efetivação da documentação pode ser feito de
diversas formas. A seguir oferecemos algumas orientações para a
realização de anotações, fichamentos, resumos e resenhas.
4.4.2 Anotações
A leitura para estudo de um texto, na sua forma ativa, sempre
requer alguma forma de anotação. Se é feita em um livro ou
qualquer outro tipo de material impresso que seja do estudante, este
pode ser usado também para as pequenas anotações, marcações
ou destaques. Estas anotações poderão ser feitas nas primeiras
leituras contemplando palavras desconhecidas, dúvidas e/ou
questionamentos, indicação de informações relevantes etc., com
vistas à confecção de um esquema, e servirão para tornar as
próximas leituras mais fáceis e eficientes. Neste caso alguns autores
(SALOMON, 1999; AZEVEDO, 2001) sugerem a adoção de
pequenos sinais ou marcas, colocados à margem do texto, como por
exemplo:
Asterisco (*) para indicar ideias importantes;
Ponto de interrogação (?) para o que achar duvidoso;
Ponto de exclamação (!) para o que achar curioso ou
interessante;
Barra vertical (| ) na extensão de um trecho relevante;
Duas barras verticais (||) na extensão de um trecho ainda
mais relevante.
O uso de marca-texto de tinta colorida e do sublinhado deve
ser feito com muito critério e economia. Nunca na primeira leitura!
Esse tipo de marcação é conveniente para assinalar a ideia
principal, definições e detalhes realmente importantes, quando já
perfeitamente identificados. As anotações de textos que não são do
84
estudante devem ser feitas em separado, usando uma folha de
papel ou um Caderno de Anotações apropriado.
4.4.3 Fichamentos
O fichamento é um procedimento básico da documentação
pessoal e deve ser feito em função do tipo de documentação que se
quer realizar: temática, bibliográfica ou geral. De acordo com o
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, fichamento é o “conjunto
de dados relevantes de alguma coisa, geralmente anotados,
arrolados em fichas, folhas avulsas, etc.” Assim, ele tem como
objetivos: a identificação das obras consultadas, o registro do
conteúdo dessas obras e das reflexões delas originadas e a
organização das informações colhidas.
O tipo de fichamento mais simples é o de indicação
bibliográfica. Feito, em geral, para compor a documentação
bibliográfica, registra informações sobre livros e outras obras
relativas a uma disciplina, a um curso, ou mesmo a um assunto
específico de interesse. A ficha de indicação bibliográfica de um
livro, por exemplo, traz, simplesmente, sua referência bibliográfica.
Nesta constam nome do autor, título da obra e imprenta (local,
editora e data de publicação). Algumas informações adicionais,
como o nome do tradutor, se a obra é estrangeira, e o número de
páginas são muito úteis. Além disso, neste tipo de ficha deve -se
colocar onde encontrar a obra. Veja o exemplo a seguir.
Exemplo 3
FICHA DE INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
ATENÇÃO!
As referências devem ser elaboradas seguindo as normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (ver NBR
6023:2002).
INÁCIO FILHO, Geraldo. A monografia na universidade.
7. ed. Campinas, SP: Papirus, 2004. 200 p. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
(Biblioteca particular)
85
4.4.3.1 Fichamento para documentação temática
Aqui vamos enfatizar o fichamento para a documentação
temática. Este tipo de fichamento é muito útil e deve ser realizado
por você para registro dos conteúdos dos textos estudados nas
diversas disciplinas. Também será de grande valia quando da
realização do seu Trabalho de Conclusão de Curso.
O fichamento para documentação temática pode ser feito em
fichas no computador, em fichas de papel com ou sem pautas
adquiridas em papelarias ou confeccionadas manualmente, ou
mesmo em papel ofício, e deve ser precedido de uma leitura
criteriosa. Essa leitura deve levar o estudante ou pesquisador a
compreender o texto, separar as ideias principais e examinar as
ideias que se inter-relacionam, para que possa, com propriedade,
fazer um comentário, escolher um trecho a ser transcrito ou produzir
um resumo para constar na ficha de documentação.
As fichas de leitura são compostas basicamente de três
elementos: o cabeçalho, as referências bibliográficas e o corpo da
ficha. No cabeçalho tem-se o título genérico, o título específico e o
número de classificação da ficha. Para estas anotações deve ser
levado em conta o plano de trabalho que motivou o fichamento. As
referências bibliográficas, segundo elemento da ficha, devem ser
redigidas de acordo com as normas estabelecidas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (NBR 6023:2002). O corpo
da ficha é o elemento que, na realidade, determina o tipo da ficha.
Assim, segundo o texto exposto no corpo da ficha, podemos
ter:
Ficha de comentário – quando traz um comentário pessoal
que pode apresentar um parecer, uma crítica sobre o conteúdo lido
ou, ainda, a indicação de novas ideias derivadas das ideias do autor.
Ficha de citação literal ou direta – quando traz a transcrição
fiel de partes do texto lido. Esta transcrição deve ser feita entre
aspas e ter, logo ao lado, a página do texto de onde foi retirada.
86
Ficha de citação indireta – quando traz a ideia do autor
expressa com outras palavras, ou seja, por meio de uma paráfrase.
Ficha de resumo – quando traz uma síntese das principais
ideias do autor. Não se trata de apresentar o sumário da obra ou um
esquema de suas partes. Também não se faz uso de citações.
Em geral, as fichas têm o formato apresentado a seguir.
Exemplo 4
Redação
Forma de desenvolvimento do parágrafo
1.1
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 8.ed. Rio de Janeiro: FGV, 1980. 214p.
Biblioteca Mário de Andrade
A organização das fichas dependerá da capacidade de
organização de cada um. O fichário precisa ser funcional e prático;
se possível, deve ser digital, pois esta forma, além de não ter limite
de páginas é bem mais fácil de armazenar e recuperar.
O trabalho para elaboração e utilização de fichas de leitura
como método de estudo ou análise de uma obra encontra muita
resistência dos estudantes devido ao tempo gasto inicialmente,
Paráfrase –
ação de dizer o mesmo em outras palavras; tradução livre ou
desenvolvida.
Texto
Referência bibliográfica
Local onde se
encontra a obra
Título específico
Refere-se ao plano de
ideias (esquema, projeto) do
texto que o autor vai escrever.
Reservado para o
caso de as fichas serem
várias.
Use letras maiúsculas
A B.C...
Título genérico
Cabeçalho
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE UMA FICHA (MEDEIROS, 2004, p. 116)
87
como referido anteriormente. Enfatizamos, no entanto, que este
tempo é compensado pelo resultado (SALOMON, 1999).
4.4.4 Resumos
O que vem a ser um resumo escolar ou acadêmico? O resumo
é um instrumento que favorece a leitura e a escrita sendo, por isso,
bastante utilizado no processo ensino-aprendizagem. O leitor que é
capaz de fazer um resumo de um texto com suas próprias palavras
demonstra compreensão das ideias nele expostas (CARVALHO,
2002).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas, em sua norma
NBR 6028:2003, define o resumo como a “Apresentação concisa
dos pontos relevantes de um documento”. Nesta mesma norma, os
diferentes tipos de resumo são definidos como segue:
• Resumo crítico: Resumo redigido por especialistas com
análise crítica de um documento. Também chamado de resenha.
Quando analisa apenas uma determinada edição entre várias,
denomina-se recensão.
• Resumo indicativo: Indica apenas os pontos principais do
documento, não apresentando dados qualitativos, quantitativos etc.
De modo geral, não dispensa a consulta ao original.
• Resumo informativo: Informa ao leitor finalidades,
metodologia, resultados e conclusões do documento, de tal forma
que este possa, inclusive, dispensar a consulta ao original.
Por estas definições você pode ver que a elaboração de um
resumo atende a objetivos bem definidos. Observe que, enquanto o
resumo crítico (resenha ou recensão), por conter um julgamento, em
geral só é pedido a estudantes experientes e em casos bem
específicos, o resumo indicativo ou descritivo pode ser feito para
documentar o estudo de textos ou obras que pertencem ao
88
estudante. Veja, na seqüência, um exemplo de ficha de resumo
indicativo.
Exemplo 5
FICHA DE RESUMO INDICATIVO
(BASTOS; KELLER, 1993, p. 60)
Metodologia científica
Eficiência nos estudos --------------- 1
RUIZ, João A. Metodologia Científica. Guia para eficiência
nos estudos. São Paulo, Atlas, 1977, 168 p.
Destaca a importância do estudo e apresenta um
método para a eficiência. Apresenta indicações para o bom
aproveitamento da leitura trabalhada. Indica o modo como
elaborar trabalhos de pesquisa, destacando a pesquisa
bibliográfica em todas as suas etapas e apresenta normas
técnicas para a datilografia do trabalho.
Na parte teórica, aborda a natureza do conhecimento,
diferenciando conhecimento científico, filosófico, teológico,
comum. Discute questões relacionadas à verdade e
certeza, espírito científico, método científico, concluindo
com um estudo sobre a indução. Finaliza com um apêndice
referente às normas da ABNT.
Indicado para estudantes iniciantes do terceiro grau.
(Biblioteca particular)
Em geral, os resumos pedidos por professores para aferir o
estudo de um determinado texto ou obra é do tipo informativo.
Também deve ser deste tipo o resumo de textos ou obras que não
pertencem ao estudante (pois dispensa consultas posteriores) e que
sejam importantes para seus estudos ou parte integrante de um
89
trabalho específico como, por exemplo, a revisão bibliográfica do seu
trabalho de pesquisa. Estes últimos devem produzir fichas e integrar
a documentação temática do estudante.
4.4.4.1 Como fazer um resumo informativo?
Tratando, então, do resumo informativo, também chamado de
analítico, com base em vários autores (MEDEIROS, 2004;
SALOMON, 1999; MARCONI; LAKATOS, 2003), apresentamos a
seguir algumas orientações para sua elaboração com finalidade de
estudo.
Não tente fazer o resumo de um texto antes de compreendê-
lo; para isto, siga os passos da análise de texto apresentada
anteriormente.
Tome para guia suas anotações e o esquema elaborado
durante a leitura, selecionando somente as ideias principais.
Ainda antes de começar a escrever, verifique o tipo de relação
que existe entre as partes essenciais do texto e procure
formar um plano geral de seu resumo.
O texto do resumo deve ser precedido da referência completa
do documento e apresentar, na sequência, as palavras-chave.
O texto do resumo deve ser escrito em linguagem clara e
objetiva, sendo composto por uma sequência corrente de
frases concisas e afirmativas do próprio autor do resumo,
usando o verbo na voz ativa e na terceira pessoa do singular,
formando um parágrafo único.
O texto do resumo deve ser seletivo, ressaltando as principais
ideias do autor na mesma ordem em que se encontram no
texto original, sem fazer juízos de valor ou comentários
pessoais, e trazer o assunto e o objetivo do texto, a
articulação das ideias e as conclusões do autor.
90
A elaboração de resumos, seja para fichamento de leitura ou
para apresentação de determinado conteúdo como atividade do
processo ensino-aprendizagem, é uma prática eficiente de estudo
que deve ser construída ao longo do tempo. Acostume-se a ler
resumos de livros em revistas e publicações especializadas. Além de
proporcionar bons exemplos de resumos, é uma forma de manter-se
em dia com a produção científica e os avanços da área de
conhecimento que lhe interessa.
4.4.5 Resenhas
De maneira geral, podem ser feitas resenhas de todos os tipos
de trabalho: CD‟s de música, peças teatrais, filmes, livros didáticos,
livros técnico-científicos, livros literários etc., com o objetivo de
fornecer informações a respeito do seu valor e de sua utilidade para
um dado fim. Neste sentido, a resenha é um relato minucioso das
propriedades de um objeto, ou de suas partes constituintes; é um
tipo de redação técnica que inclui variadas modalidades de textos,
como narração, descrição e dissertação, que descreve as
propriedades da obra, as credenciais do autor, resume a obra,
apresenta-se com interpretação e crítica (ECO, 2003).
PARA SABER MAIS... A elaboração de resumos é parte integrante do cotidiano do pesquisador. As comunicações científicas em congressos, encontros, simpósios etc., os trabalhos monográficos na forma de dissertação ou tese, os relatórios técnico-científicos e os artigos de periódicos exigem sempre a apresentação de resumos informativos. Estes devem iniciar com uma frase que explicite o tema principal do documento e, na sequência, indicar sua categoria (pesquisa experimental, estudo de caso, revisão etc.). Devem, ainda, constar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões contidas no documento de publicação do trabalho. A NBR 6028:2003 da ABNT traz, também, como regra geral de apresentação, que o resumo deve ter de 50 a 100 palavras, quando se destinar a indicações breves; de 100 a 250 palavras se for de artigo de periódico; e de 150 a 500 palavras os de trabalhos acadêmicos (teses, dissertações etc.) e relatórios técnico-científicos.
91
No entanto, o tipo de resenha que convém ressaltar aqui é a
resenha científica. Como visto no item anterior, segundo a Norma
6028:2003 da ABNT, a resenha é um resumo crítico a ser escrito por
especialistas. Na academia, entretanto, a leitura e a redação de
resenhas fazem parte da formação desejada. O aluno deve iniciar-se
na prática da resenha com o objetivo de dominar sua estrutura,
desenvolver sua capacidade de síntese, interpretação e crítica,
adquirir habilidade para argumentar e saber fundamentar suas
críticas, ter bom-senso em seus posicionamentos e respeito para
com o trabalho de outras pessoas.
De forma bem simplificada são apresentadas, a seguir, as
partes constituintes de uma resenha científica:
Referência bibliográfica – indicação de autor(es), título da
obra, elementos da imprenta, número de páginas e formato. Por
exemplo:
Credenciais do autor ou autores – informações sobre o autor
ou autores, tais como: nacionalidade, qualificação acadêmica,
títulos, livros publicados, áreas de interesse e ocupação atual.
Resumo – resumo das principais ideias do texto. Traz
informações sobre o tema, a característica principal do texto, a
necessidade de conhecimentos prévios para o seu entendimento, a
descrição do conteúdo.
Conclusões da autoria – exposição das conclusões
explicitadas no texto.
Metodologia da autoria – indicação dos métodos e técnicas
utilizadas.
Quadro de referência da autoria – apresentação da teoria ou
modelo que fundamenta o estudo realizado.
Crítica do resenhista – julgamento do texto quanto à validade
e importância da contribuição para a área de conhecimento, a
Recomendamos a leitura de resenhas publicadas em jornais de grande circulação como a Folha de S. Paulo, em revistas de divulgação científica como Ciência Hoje e, também, em periódicos específicos da área de Ensino de Química, como a Revista Brasileira de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química.
CHAGAS, Aécio Pereira. Termodinâmica Química: fundamentos, métodos e aplicações. Campinas, SP. ed. Unicamp, 1999. 409 p. 22 x 28 cm.
A resenha é um trabalho crítico,
exigente e criativo
(MEDEIROS, 2004).
92
originalidade das ideias apresentadas, o esti lo do autor ou autores
etc. Os juízos de valor devem sempre ser fundamentados em fatos,
provas, argumentos consistentes e expostos de maneira clara, sem
ambiguidades.
Indicações do resenhista – para quem a obra é dirigida, a
que disciplina contempla, qual curso pode adotá-la etc.
4.5 Atividades de Aprendizagem
1. Após o estudo das observações feitas sobre o ato de ler, de
refletir sobre as habilidades e hábitos de bons e maus leitores e de
responder às questões propostas no primeiro tópico dessa Unidade,
você diria que sabe “ler bem”?
2. Mesmo que já saiba ler bem, tem algum ponto em que você
pode melhorar? Qual? O que você pretende fazer a respeito?
3. Ao ler livros, você costuma fazer:
Sim Não Às vezes
Leitura elementar ( ) ( ) ( )
Leitura inspecional ( ) ( ) ( )
Leitura analítica ( ) ( ) ( )
Leitura sintópica ( ) ( ) ( )
4. Faça uma breve exposição de como você costuma estudar
nos livros didáticos. Identifique e relacione os pontos de sua técnica
de leitura que se aproximam da técnica SQ3R.
5. Você pode citar alguma etapa da técnica SQ3R que possa ser
incorporada à sua técnica de leitura para livros didáticos? Qual?
6. Escolha um capítulo de um livro didático que você esteja
usando neste período letivo e aplique integralmente a técnica SQ3R.
Faça uma avaliação do resultado de sua aprendizagem.
ATENÇÃO!
Faça as
atividades pedidas
considerando as normas técnicas
da ABNT para referências e
citações.
93
7. Acesse o site <www.schwartzman.org.br/simon/arvore.htm> e
faça uma cópia do artigo “A árvore da ciência” de Simon
Schwartzman. Seguindo as orientações contidas nesta Unidade,
faça, para esse artigo, o que se pede abaixo.
a) Análise textual, inclusive elaborando um esquema.
b) Análise temática.
c) Resumo do tipo informativo.
d) Fichamento (fichas bibliográficas e de citação).
e) Resenha.
8. Escolha cinco livros na biblioteca do seu Polo de Apoio
Presencial e faça uma ficha bibliográfica para cada um deles.
9. Procure diferentes tipos de resumos em jornais e revistas e
identifique:
a) As diferentes formas de se mencionar os autores;
b) As partes que compõem o resumo;
c) Os verbos usados no resumo;
d) Os tipos de resumo encontrados.
10. Faça uma visita à página eletrônica da Sociedade Brasileira
de Química <www.sbq.org.br> e veja os periódicos que ela publica.
Escolha um artigo publicado no ano de 2007 na revista Química na
Escola e, para esse artigo, elabore uma ficha:
a) Bibliográfica;
b) De citação;
c) De resumo indicativo;
d) De resumo informativo.
4.6 Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520:
informação e documentação: citações em documentos:
apresentação. Rio de Janeiro, 2002.
94
______ . NBR 6023: informação e documentação: referências:
elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
______. NBR 6028: informação e documentação: resumos:
apresentação. Rio de Janeiro, 2003.
AZEVEDO, I. B. de. O prazer da produção científica: diretrizes para
a elaboração de trabalhos acadêmicos. 10. ed. rev. e atual. São
Paulo: Hagnos, 2001.
BASTOS, C. L.; KELLER, V. Aprendendo a aprender: introdução à
metodologia científica. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.
CARVALHO, M. C. M. (Org.). Construindo o saber: metodologia
científica; fundamentos técnicos. 13. ed. Campinas, SP: Papirus,
2002.
ECO, U. Como se faz uma tese. 18. ed. São Paulo: Editora
Perspectiva, 2003.
HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S.; FRANCO, F. M. de M. Dicionário
Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia científica. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 1992.
MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho
científico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
______. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2003.
MATOS, H. C. J. Aprenda a estudar: orientações metodológicas para
o estudo. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
95
MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos,
resumos, resenhas. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MORGAN, C. T.; DEESE, J. Como estudar. 11. ed. Rio de Janeiro:
Freitas Bastos, 1983.
SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. 9. ed. rev. São
Paulo: Martins Fontes, 1999.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 20. ed. rev.
ampl. São Paulo: Cortez, 1996.
4.7 Web-Bibliografia
www.ceteb.com.br/escolaberta/texto1.htm
www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=vestibular/dicas/doc
s/comoler
www.sbq.org.br
www.schwartzman.org.br/simon/arvore.htm
www.studygs.net/portuges/txtred2.htm
www.ucb.br/prg/comsocial/cceh/normas_leitura.htm
96
97
Apresentação Sumário da Unidade
UNIDADE 5 – COMPREENDENDO A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA...... 96
Maria da Conceição Sousa de Carvalho
5.1 O que é Pesquisa Científica? ................................................................ 98
5.2 Por que Pesquisar? ............................................................................... 99
5.3 Como acontece o Processo de Pesquisa? ......................................... 101
5.4 Como Classificar Pesquisas? .............................................................. 103
5.4.1 Tipos de Pesquisa segundo os Objetivos ........................................ 104
5.4.2 Tipos de Pesquisa segundo as Fontes de Dados ........................... 104
5.5 A Pesquisa Bibliográfica ...................................................................... 105
5.5.1 Passos da Pesquisa Bibliográfica .................................................... 105
5.5.2 Apresentação do Relatório ............................................................... 111
5.6 Atividades de Aprendizagem ............................................................... 114
5.7 Referências Bibliográficas ................................................................... 115
5.8 Web-Bibliografia................................................................................... 116
98
5.1 O que é Pesquisa Bibliográfica?
A palavra pesquisa é bastante conhecida e utilizada em
diversas situações. Por exemplo, quando vamos comprar algum
objeto relativamente caro, em geral fazemos primeiro uma pesquisa
de preços, ou seja, procuramos saber qual é o preço cobrado pelo
produto nos diferentes locais onde ele é vendido. Em época de
eleições, os meios de comunicação divulgam resultados de
pesquisas sobre a preferência do eleitorado em relação aos
candidatos. Na escola, os alunos fazem pesquisas sobre um tema
ou assunto indicado pelo professor, como por exemplo, a questão da
poluição ambiental.
Em todas estas situações, o termo pesquisa nos remete para a
ideia de indagação (Onde comprar tal produto mais barato? Qual
dos candidatos tem maiores chances de ganhar as eleições? Quais
as consequências da poluição ambiental para a saúde da
população?).
O termo pesquisa também está ligado à ideia de busca de
informações: precisamos saber qual o preço cobrado pelo produto
que procuramos em diversos estabelecimentos comerciais; é
necessário saber quais as intenções de voto dos eleitores,
entrevistando uma amostra da população; para saber quais as
consequências da poluição para a saúde precisamos ler sobre o
assunto, ouvir profissionais ligados à área de saúde e outros
estudiosos dos problemas ambientais, etc.
De fato, tomada em sentido amplo, pesquisa “é um conjunto de
atividades orientadas para a busca de um determinado
conhecimento” (RUDIO, 2000, p. 9). Mas será que em todos os
casos estamos falando de pesquisa científica? Certamente que não.
Embora possamos empregar este termo para diferentes tipos
de atividades, a pesquisa científica se diferencia das outras
modalidades de pesquisa.
De acordo com Rudio (2000, p. 9),
99
A pesquisa científica se distingue de outra modalidade qualquer de pesquisa pelo método, pelas técnicas, por estar voltada para a realidade empírica e pela forma de comunicar o conhecimento obtido.
A rigor, só podemos empregar a denominação de pesquisa
científica ao trabalho de produção de um conhecimento original, que
acrescente algo de novo ao que já é conhecido em determinada
área do saber. Este novo conhecimento, entretanto, não se refere
apenas às grandes descobertas da ciência. Sendo uma atividade
histórica e social, a ciência progride com os estudos de muitos
cientistas, que publicam suas pesquisas, dialogam, avaliam os
trabalhos uns dos outros, enfim, fazem um trabalho coletivo, mesmo
estando em países diferentes.
Assim compreendendo a pesquisa científica, parece que somos
levados a pensar que um estudante, mesmo universitário, não
poderia desenvolvê-la. Não é bem assim. Bastos e Keller (2000,
p.55) observam que a finalidade das pesquisas nos cursos de
graduação “é levar o estudante a refazer os caminhos já percorridos,
repensando o mundo”. Estes mesmos autores afirmam que a
diferença entre a pesquisa de um cientista e a de um estudante é
basicamente seu alcance e grau.
Dizendo de outro modo: a atividade de pesquisa desenvolvida
por um estudante não se equipara à do cientista, pois eles têm
níveis diferentes de maturidade e experiência. No entanto, o
estudante também pode e deve observar certos princípios e
procedimentos para que sua pesquisa não seja uma simples
repetição do conhecimento elaborado por outra pessoa.
5.2 Por que Pesquisar?
Inicialmente, vamos lembrar o seguinte: são diversas as
maneiras pelas quais buscamos explicar a realidade que nos cerca,
DNA
100
procurando com tais explicações dar conta da resolução de
problemas tanto práticos quanto teóricos.
Desta forma, todos nós convivemos e de algum modo
participamos de diversos tipos de conhecimento. Ora nos valemos
dos ensinamentos repassados para nós pela geração anterior, ora
nos valemos dos ensinamentos de uma dada religião para orientar
nossa conduta, ora nos apoiamos em explicações apresentadas pela
ciência. Entendemos que não há uma hierarquia de valor nestes
diversos modos de compreender a realidade.
O que distingue o conhecimento científico das outras formas de
conhecimento é, basicamente, o modo de produção das explicações.
Enquanto as demais formas de conhecimento se originam da
tradição e se fundamentam na autoridade e/ou na experiência
prática, a ciência tem origem na dúvida e se fundamenta na
convicção de que suas explicações são sempre provisórias, de que
suas conclusões só serão válidas até o momento em que novas
descobertas apresentarem outras explicações para o mesmo
fenômeno.
Assim, para dar conta da tarefa de estar sempre buscando
explicações sobre os fenômenos da realidade – seja do mundo físico
ou social – a ciência adota um modo próprio de construir
conhecimentos. Este modo é a pesquisa. Então, podemos dizer que
a finalidade de uma pesquisa é elaborar um conhecimento metódico,
sistemático, bem planejado, a respeito de uma dada questão
presente na realidade.
Alguns estudiosos de metodologia da ciência classificam a pesquisa, segundo sua finalidade, em pura e aplicada. Trujillo (apud MARCONI; LAKATOS, 1999, p. 19), apresenta a seguinte distinção: Pura. Quando melhora o conhecimento, pois permite o desenvolvimento da metodologia, na obtenção de diagnósticos e estudos cada vez mais aprimorados dos problemas ou fenômenos. Exemplo: teoria da relatividade. Aplicada. Quando realizada com determinado objetivo prático.
Exemplo: aplicações da energia nuclear.
A pesquisa nos ajuda a conhecer a realidade.
101
Cabe lembrar ainda que, enquanto trabalho acadêmico, a
atividade de pesquisa tem uma importância didática muito
significativa para o estudante. Empregando os procedimentos,
entendendo os métodos e as técnicas de pesquisa, o estudante
aprenderá a analisar de maneira crítica os resultados de pesquisas
realizadas no seu campo de estudos. Será capaz também de se
iniciar na atividade de pesquisa científica, sendo, ele mesmo, um
produtor de conhecimentos, e não um mero receptor do
conhecimento produzido por outros. O estudante ganha, portanto,
autonomia intelectual, desenvolvendo competências importantes
para sua vida como profissional e como cidadão.
5.3 Como Acontece o Processo de Pesquisa?
Moroz e Gianfaldoni (2002, p.14) observam que “todo processo
de pesquisa começa com um questionamento em relação a uma
dada área do conhecimento”.
Vamos compreender melhor o que significa este
questionamento.
Quando iniciamos um trabalho de pesquisa, temos apenas um
tema geral, uma ideia ainda vaga daquilo que vamos procurar saber.
Por exemplo: A teoria de Piaget. Este seria um tema. Mas somente o
enunciado deste tema não é suficiente para definir um caminho de
investigação que nos oriente sobre o que queremos, de fato, saber a
respeito da teoria de Piaget.
Então, é preciso que encontremos uma pergunta específica,
um questionamento. Chamamos a este processo de
problematização.
Para problematizar o tema precisamos ler, refletir, observar a
realidade, conversar com outros estudiosos do tema, enfim, fazer
todo um trabalho cuidadoso e meticuloso para definir com clareza
qual é o nosso problema de pesquisa, ou seja, nosso
questionamento central.
Toda pesquisa precisa ser cuidadosamente
planejada!
102
Continuando o nosso exemplo: se partirmos do tema geral (a
teoria de Piaget), diferentes problemas de pesquisa poderiam ser
formulados. Vamos supor o seguinte questionamento: _ Os
professores do ensino fundamental têm conhecimento da teoria de
aprendizagem de Piaget? Podemos observar que esta pergunta é
bem mais específica do que o tema geral. Por ser mais específica, a
pergunta nos permitirá: 1) definir os objetivos da pesquisa e 2)
decidir sobre a maneira como vamos buscar as informações
necessárias para responder à pergunta formulada como ponto de
partida.
Tendo um problema de pesquisa claramente formulado, o
estudante/pesquisador pode fazer o seu plano de pesquisa. Este
inclui, basicamente, as etapas de coleta de dados, análise e
interpretação dos dados e comunicação dos resultados.
Chamamos de coleta de dados o processo de busca das
informações pertinentes ao nosso problema de pesquisa, de forma
metódica, utilizando os procedimentos de pesquisa apropriados.
Existem diversos métodos de pesquisa, de que nos ocuparemos no
tópico seguinte.
Coletados os dados, ou seja, obtidas as informações
necessárias, passamos a analisar e interpretar estes dados, à luz de
uma teoria ou de um referencial teórico. Dito assim parece
complicado, mas se você estiver realmente empenhado na solução
de um problema de pesquisa, se tiver lido bastante e criticamente
sobre o tema e se os dados tiverem sido corretamente coletados,
você vai ver que a interpretação de seus achados será uma
atividade trabalhosa sim, porém, gratificante.
Por fim, é preciso comunicar os resultados da pesquisa. Há
vários meios de comunicação de resultados, mas aqui vamos nos
ocupar da forma mais usual como trabalho acadêmico: o relatório de
pesquisa (será tratado no último tópico deste capítulo).
103
Do que foi exposto até aqui deve ficar claro que:
Estamos tratando da pesquisa científica como um modo
peculiar de construir um conhecimento sobre a realidade.
A pesquisa acadêmica desenvolvida pelo estudante durante
seu curso universitário também deve adotar os princípios e
procedimentos de uma pesquisa científica, embora não possa ainda
ter o mesmo alcance desta.
O processo de pesquisa parte de um questionamento, de uma
pergunta formulada a respeito de um tema, requer um planejamento
cuidadoso para coletar, analisar e interpretar dados (informações), e
deve ter seus resultados comunicados.
5.4 Como Classificar Pesquisas?
Conforme comentamos anteriormente, o conhecimento
científico se diferencia das outras formas de conhecimento pelo
modo como são elaboradas suas explicações sobre a realidade. Por
esta razão, a pesquisa científica constrói maneiras muito peculiares
de conhecer o mundo, de entender seus fenômenos e significados.
Este caminho próprio da pesquisa científica é o que
costumamos chamar de metodologia. No processo da pesquisa, a
metodologia é a parte que se ocupa dos procedimentos e
instrumentos de pesquisa, ou seja, de como o pesquisador vai
organizar sua investigação para obter os dados que procura.
Em face da diversidade de áreas do conhecimento e da
especificidade de cada objeto de estudo, há muitos tipos de
pesquisa. Quando procuramos apresentar uma classificação desses
tipos de pesquisa, observamos que diferentes autores adotam
classificações até certo ponto semelhantes, mas também diferentes
em alguns aspectos.
O método científico
não é único.
104
Assim, a tipologia a seguir apresentada reorganiza algumas
ideias encontradas em Fachin (2001), Gil (2002), Moreira e Caleffe
(2006) e Santos (2004).
Adotando uma organização mais geral que nos permita uma
visão de conjunto, sem descer a detalhes, podemos classificar os
tipos de pesquisa quanto aos objetivos e quanto às fontes de dados.
5.4.1 Tipos de pesquisa segundo os objetivos
Segundo os objetivos, as pesquisas podem ser:
Exploratórias – constituem a primeira aproximação do
pesquisador com o tema de sua pesquisa. Fase preliminar, quando
são organizados os primeiros levantamentos bibliográficos e
localizadas outras possíveis fontes de informação.
Descritivas – objetivam descrever as características de
determinado fato ou fenômeno, analisando seus significados e
relações. Em geral adotam procedimentos de observação
sistemática da realidade. São predominantemente uti lizadas nas
áreas de ciências humanas e sociais.
Explicativas – procuram “identificar os fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos”
(MOREIRA; CALEFFE, 2006, p. 70). Buscam explicar as relações de
causalidade, isto é, a razão, o porquê dos fatos. No campo das
ciências naturais, as pesquisas explicativas recorrem
predominantemente ao método experimental.
5.4.2 Tipos de pesquisa segundo as fontes de dados
Campo – quando os dados são coletados no contexto onde o
fato pesquisado naturalmente ocorre, sem a interferência do
pesquisador.
A palavra bibliografia vem do grego biblio = livro; grafia = escrita, descrição.
105
Laboratório – quando o fenômeno a ser estudado é
reproduzido intencionalmente, em situação controlada, de modo a
permitir sua observação pelo pesquisador.
Bibliográfica – quando as fontes de informação são materiais
já elaborados – livros, artigos científicos, anais de congressos,
dentre outros.
O tópico a seguir traz mais esclarecimentos sobre a pesquisa
bibliográfica.
5.5 A Pesquisa Bibliográfica
Quando vamos iniciar uma pesquisa científica a primeira
providência a ser tomada consiste na procura do que já foi publicado
sobre o tema. Por esta razão dizemos que a pesquisa bibliográfica é
o passo inicial de qualquer tipo de pesquisa, quer seja de campo ou
de laboratório. Mas podemos também realizar uma pesquisa
exclusivamente bibliográfica.
Este tipo de pesquisa, amplamente utilizado como trabalho
acadêmico, procura estudar um determinado tema a partir do que já
foi publicado sobre ele.
Segundo Martins e Pinto (2001, p.41), a pesquisa bibliográfica
busca “conhecer e analisar contribuições científicas sobre
determinado tema”. Gonsalves (2001, p.34) considera que a
pesquisa bibliográfica caracteriza-se “pela identificação e análise dos
dados escritos em livros, artigos de revistas, dentre outros.”
Vamos nos ocupar a seguir da pesquisa bibliográfica como um
tipo de pesquisa, ou seja, quando realizada de forma exclusiva, e
não apenas como apoio a outro tipo de pesquisa.
5.5.1 Passos da pesquisa bibliográfica
De início é preciso ficar claro o que devemos entender por
“passos” de uma pesquisa (alguns autores usam o termo “fases” ou
106
“etapas”). Qualquer um destes termos vai nos remeter ao conceito
de “modo de fazer” a pesquisa.
Pois bem. Estes passos não representam um “modelo” a ser
seguido por quem vai pesquisar um determinado tema. Não são
receitas a serem copiadas. São apenas orientações organizadas a
partir da experiência acumulada por pesquisadores e estudiosos de
metodologia da pesquisa. Aqui, como em tudo o que diz respeito à
construção do conhecimento científico, é preciso ser criativo.
Feitas as observações acima, vamos analisar os passos da
pesquisa bibliográfica, conforme o esquema a seguir sugerido:
Olhando o lado esquerdo do esquema, que tem as palavras
escritas em maiúsculas, vemos: ESCOLHA DO TEMA,
PASSOS DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
ESCOLHA DO TEMA Localização das fontes
Seleção das fontes
Leitura preliminar
ORGANIZAÇÃO DO
ASSUNTO
Leitura e documentação
Organização do material coletado
REDAÇÃO DO TEXTO
PROBLEMATIZAÇÃO
107
PROBLEMATIZAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DO ASSUNTO e
REDAÇÃO DO TEXTO.
Do lado direito, com as palavras grafadas em letras
minúsculas, estão relacionados os caminhos a serem percorridos
para a realização desta modalidade de pesquisa. São eles:
localização e seleção de fontes de consulta, leitura preliminar, leitura
e documentação e organização do material coletado.
Para melhor compreensão, vamos comentar a seguir cada um
destes passos.
ESCOLHA DO TEMA - O tema pode decorrer da livre escolha
do estudante/pesquisador ou pode ter sido definido pelo professor
de determinada disciplina de um curso. Em qualquer dos casos, o
tema de uma pesquisa bibliográfica deverá sempre:
Ser relevante;
Corresponder ao nível de maturidade do estudante;
Ter fontes de consulta disponíveis e – principalmente
Despertar o interesse, a motivação de quem vai realizar a
pesquisa.
Escolhido o tema, é necessário localizar as fontes a serem
consultadas – em bibliotecas convencionais, em bases de dados ou
por sistemas de busca. Fontes são textos encontrados em
diferentes formatos e suportes. Podem estar em forma de livros,
artigos de periódicos, monografias, dissertações, teses, anais de
congressos, etc. Podem também estar disponibilizados em
impressos convencionais ou via web.
Além de localizar as fontes, e às vezes ao mesmo tempo, é
necessário selecionar estas fontes. Procurar selecionar aquelas que
realmente estão relacionadas ao tema escolhido e que são
confiáveis.
Mas o que são fontes confiáveis? Não dispomos de um padrão
objetivo para classificar uma fonte como confiável ou não. Existem
apenas alguns critérios gerais que, aliados à experiência do
pesquisador, vão facilitar este processo de seleção.
108
Assim, observe:
A autoria - quem é o autor do texto? A que instituição de
pesquisa está vinculado? Tem outros trabalhos?
O suporte - se for um artigo, está publicado numa revista
científica? Se for um livro, o que dizem as resenhas sobre
ele?
Este é um bom começo. À medida que você for lendo o
material, o processo de seleção contínua, muitas coisas serão
descartadas, outras serão reavaliadas.
PROBLEMATIZAÇÃO - A partir de uma certa compreensão
inicial do tema, resultante da leitura preliminar do material
localizado, é possível começar a problematizá-lo. Pergunte-se: - “O
que realmente quero saber sobre o tema escolhido?” O exercício da
reflexão, a compreensão dos aspectos relevantes do tema, a
curiosidade do aluno/pesquisador, vão contribuindo para a
construção deste processo de problematização.
Ao mesmo tempo, e como parte do processo de
problematização, é necessário definir com clareza quais são os
objetivos da pesquisa. Decida quais aspectos do tema serão
analisados e a perspectiva em que esta análise será feita.
Neste momento, será necessário fazer uma leitura mais atenta
do material, analisando cada texto, comparando idéias de diferentes
autores, fazendo anotações. É o que chamamos de leitura e
documentação ou fichamento.
Observe no esquema apresentado que a problematização
parte da leitura preliminar e leva a uma nova leitura do material,
agora associada à documentação, ou seja, anotações cuidadosas
do material lido.
Neste movimento, que é na verdade um trabalho de
descoberta, a problematização mesma pode ser, e geralmente é,
revista. Dito de outro modo: o questionamento central e os objetivos
da pesquisa vão ganhando mais definição e clareza.
Uma resenha
consiste no resumo crítico de uma obra publicada; o autor da resenha não é o mesmo autor do texto resenhado.
Sobre documentação ou fichamento leia a Unidade IV deste livro.
109
ORGANIZAÇÃO DO ASSUNTO – De posse de todo o material
coletado e com as anotações organizadas, é possível decidir sobre a
estrutura do trabalho: quais os tópicos (ou capítulos) principais e
sub-tópicos. É como se você estivesse montando o esqueleto do
texto a ser redigido. Este é o sumário do trabalho.
A lógica desta organização depende dos objetivos da
pesquisa, dos dados coletados e até mesmo do estilo de
exposição do pesquisador. A primeira montagem deste plano
ou organização de tópicos não é necessariamente definitiva. À
medida que o texto vai sendo redigido, tomando forma, o
pesquisador, sendo atento e cuidadoso, vai introduzindo as
mudanças pertinentes, refazendo o sumário.
Para Martins e Pinto (2001, p.45)
A construção lógica dos capítulos corresponde ao desenvolvimento do trabalho. É o momento em que o aluno-autor, usando seu poder de raciocínio e criatividade, expõe sua leitura da realidade enfocada pela pesquisa. Mostra sua reconstrução do tema sob a perspectiva escolhida, por meio da explicação, discussão e demonstração.
Na lógica expositiva do texto, portanto, a maior parte do
trabalho está no desenvolvimento.
Por outro lado, quando nos referimos à organização lógica do
assunto, isto é, ao modo como vamos expor os resultados de uma
pesquisa bibliográfica, precisamos ao mesmo tempo pensar na
redação do texto.
REDAÇÃO DO TEXTO – Em geral, redigir um texto não é uma
tarefa atraente para o estudante (às vezes também para os
professores...). Mas se o estudante/pesquisador estiver realmente
entusiasmado com sua pesquisa e se os dados tiverem sido
Adote um sistema de anotações que facilite a localização correta das fontes e das ideias necessárias à redação do texto.
110
corretamente coletados, então a escrita do texto final será uma
tarefa mais leve do que parece.
O texto resulta de um trabalho pessoal do
estudante/pesquisador, apoiado, é claro, na bibliografia consultada.
Assim, o texto deve expressar um trabalho de reflexão, de diálogo
com os autores consultados, de análise e síntese. Deve ser conciso
(usar apenas as palavras e expressões necessárias), objetivo e
claro.
A redação científica obedece a certas normas que são
definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Estas normas visam estabelecer um padrão de comunicação entre
pesquisadores. Nós não precisamos “decorá-las”. Com o tempo e a
repetição de seu uso, nós as empregamos com naturalidade.
Uma destas normas de redação científica diz respeito às
citações. É importante tratarmos deste assunto logo aqui porque a
pesquisa bibliográfica se apoia em textos elaborados por outros
autores. Sendo assim, as ideias dos autores que você consultou
serão em muitos momentos comentadas por você no seu texto.
Mas, Atenção!: o texto final de uma pesquisa bibliográfica
não pode ser uma “colcha de retalhos”, aonde você vai
juntando as anotações sobre o que os outros autores disseram.
Você vai se referir às ideias destes outros autores dentro do
seu próprio texto, para fundamentar seus argumentos, para
analisar, discutir, comparar, etc. Toda citação deve ter um
sentido, uma necessidade.
Desta forma, ao redigirmos nosso texto, nos reportamos a
estudos publicados por outros autores, trazendo ideias, resultados
de pesquisa ou outras informações disponíveis na literatura
consultada. Esta menção a informações extraídas de outra fonte é o
que chamamos de citação.
Na pesquisa bibliográfica a coleta de dados requer um bom nível de leitura do material e anotações bem organizadas.
111
De acordo com a NBR 10520/2002, da ABNT, as citações
podem ser diretas (transcrição textual de parte da obra do autor
consultado) e indiretas (texto baseado na obra do autor consultado,
mas sem transcrever as palavras do autor).
Nas citações deve ser indicado o nome de entrada
(sobrenome) do autor ou autores citados, o ano, e, no caso das
citações diretas, o número da página de onde foi retirada a citação.
Quando citamos um autor já citado por outro, fazemos uma
citação de citação. Na citação de citação usamos o termo apud,
uma expressão latina que significa “citado por”. Como neste
exemplo:
Há alguns outros detalhes que não serão aqui comentados.
Dúvidas futuras poderão ser esclarecidas com a consulta à norma
indicada acima. No momento, o que precisa ser enfatizado é o
cuidado em não nos apropriarmos indevidamente de ideias de outros
autores. Sempre que as necessidades do trabalho que estamos
elaborando exijam a citação de outras fontes, estas devem ser
incorporadas, mas com a devida indicação da autoria e sua
identificação.
5.5.2 Apresentação do relatório
Os resultados de uma pesquisa científica podem ser
apresentados ao público por diferentes formas: artigos,
comunicações em congressos, relatórios, monografias, dissertações
e teses. Podem também assumir formas não convencionais, como
textos simplificados, vídeos, ou outro suporte mais adequado ao
público-alvo.
Nesta parte nos ocuparemos especificamente do relatório de
pesquisa. Um relatório de pesquisa pode ser menos ou mais
Segundo Barbosa (2002 apud LEAL, 2006, p.4), “o estudo da
Didática é essencial para a formação do professor”.
Observe que neste capítulo há citações diretas e indiretas.
112
complexo, menos ou mais extenso, dependendo da finalidade a que
se destina.
Embora requeira uma estrutura de apresentação básica, há
variações no interior de cada relatório, ou seja, elementos presentes
ou não, divisões internas variáveis, ou outras diferenças ditadas pela
necessidade lógica da exposição das ideias contidas no relatório.
O padrão geral de apresentação de um relatório de pesquisa
contém partes pré-textuais, textuais e pós-textuais, conforme
explicadas a seguir:
Partes pré-textuais
Capa
Folha de rosto
Opcionais: dedicatória, agradecimentos e epígrafe
Lista de ilustrações (se necessário)
Lista de siglas (se necessário)
Sumário – exibe a estrutura geral do trabalho, com a
indicação da página inicial de cada parte, seguindo a mesma
apresentação do interior do trabalho, quanto a fontes e destaques.
Partes textuais - Correspondem ao corpo do trabalho. Do ponto
de vista da lógica expositiva, compreendem uma introdução, um
desenvolvimento e uma conclusão.
A introdução é a parte do trabalho em que o tema é
apresentado, oferecendo uma visão geral do que será tratado
no texto. Informa sobre o que será tematizado, porque o tema
foi escolhido, quais as contribuições esperadas da pesquisa e
sobre como o texto foi organizado. Se a introdução estiver
bem escrita, o leitor terá uma compreensão do conjunto do
trabalho, saberá do que trata e o que pode esperar de sua
leitura.
O desenvolvimento será feito de acordo com o sumário
elaborado (tópicos ou capítulos). Não é obrigatório utilizar no
Epígrafe –
citação de uma frase de outro autor, trazida para o nosso trabalho; destacada em uma folha.
113
texto o título desenvolvimento. Os títulos dos capítulos ou
tópicos indicam o conteúdo tratado em cada um, e o conjunto
destes tópicos constituem o desenvolvimento do trabalho.
A conclusão decorre das ideias que foram apresentadas e
analisadas no desenvolvimento. Segundo Severino (1998),
esta parte é a síntese para a qual caminha o trabalho. Na
conclusão retomamos sucintamente os resultados
encontrados, mostrando sua relação com os objetivos da
pesquisa.
Nesta parte podem ser incluídas também algumas sugestões e
recomendações. O título conclusão também pode ser substituído por
considerações finais.
Partes pós-textuais
Referências – relacionar todas as fontes consultadas para a
elaboração do trabalho, quer tenham sido dire tamente citadas
ou não, encontradas em qualquer tipo de suporte: material
impresso, fita, vídeo, cd-rom; conferências assistidas,
material obtido via on-line. As fontes devem estar
relacionadas em ordem alfabética, pelo nome de entrada do
autor, contendo todos os elementos necessários a sua
identificação, de acordo com a NBR 6023/2002, da ABNT.
Apêndices (textos ou documentos elaborados pelo autor) e
anexos (textos ou documentos não elaborados pelo autor) –
se houver necessidade.
Contra-capa: folha em branco que encerra fisicamente o
trabalho.
A seguir, estão relacionadas algumas orientações para a
apresentação física do relatório:
Usar papel A4, impresso de um só lado.
Fonte: Arial ou Times New Roman, tamanho 12 para o texto,
10 para as citações longas, notas de rodapé, legendas e numeração
114
de páginas; títulos gerais e de seções podem ser destacados em
negrito (bold), tudo em maiúscula; pode-se usar uma fonte maior
para os títulos de seções ou partes (14, por exemplo).
Margens: esquerda: 3 cm; direita: 2 cm; superior: 3 cm; inferior: 2
cm. (Na bibliografia a margem direita não é justificada).
Espaços: 1,5 cm no interior do texto e entre uma referência e a
seguinte; dois espaços entre o título de cada parte e o texto que
o segue; espaços simples nas citações longas (destacadas), no
interior das referências e legendas.
Numeração das páginas: as páginas são contadas a partir da
folha de rosto, mas o numeral só aparece a partir da primeira
folha da parte textual; o numeral arábico indicativo da folha fica a
2 cm da borda superior direita em fonte 10, alinhado com a
margem direita.
5.6 Atividades de Aprendizagem
Como você sabe, para estudar bem é necessário que o
estudante participe de modo ativo deste processo, sendo um
construtor de sua aprendizagem. Neste sentido, as atividades a
seguir propostas visam contribuir para que você interprete e fixe
melhor o tema tratado neste capítulo.
1. Faça um esquema deste capítulo.
2. Localize no mínimo duas outras fontes que tratem sobre
pesquisa bibliográfica (você pode localizar na biblioteca alguns dos
livros indicados na lista de referências deste capítulo, ou procurar na
Internet).
3. Faça uma comparação entre os três textos (este capítulo e
os dois outros textos localizados por você): em que diferem, onde se
complementam, em que coincidem.
4. Agora que você já compreendeu o que é a pesquisa
bibliográfica, aplique seus conhecimentos fazendo uma breve
pesquisa bibliográfica sobre um tema de sua escolha. Siga aqueles
115
passos indicados no item 5.1; redija um pequeno rela tório de sua
pesquisa seguindo as orientações do item 5.2. Bom trabalho!
5.7 Referências Bibliográficas
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informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação.
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metodologia científica. 14. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
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SOBRE OS AUTORES
Mônica Maria Machado Ribeiro Nunes de Castro
É professora do Departamento de Física do Centro de Ciências
da Natureza da Universidade Federal do Piauí. Graduada, por esta
mesma Universidade, em Licenciatura Plena em Ciências –
Habilitação em Física, fez Especialização em Física na Universidade
Federal do Ceará e mestrado em Ciência da Informação na
Universidade Federal de Minas Gerais (2001). Participou da
organização do livro Desafiando os domínios da informação e é
autora de um de seus capítulos. Tem se dedicado, nos últimos
quinze anos, principalmente à área de Ensino de Física, ministrando
disciplinas específicas da Licenciatura (Instrumentação para o
Ensino de Física e Evolução Histórica da Física) e orientando
Trabalhos de Conclusão de Curso. Atualmente é coordenadora do
Curso de Graduação em Física – modalidade presencial – da UFPI.
Ana Lúcia Nunes Falcão de Oliveira
Professora Adjunta III, do Departamento de Química da
Universidade Federal do Piauí. Graduada em Licenciatura em
Química pela Universidade Federal do Ceará (1988), mestrado em
Química Inorgânica pela Universidade Federal do Ceará (1994) e
doutorado em Química Inorgânica pela Universidade Federal do
Ceará (2004). Atualmente é Coordenadora do Curso de Química da
Universidade Federal do Piauí. Tem experiência na área de
Química, com ênfase em Química Inorgânica, atuando
principalmente nos seguintes temas: síntese e caracterização de
argilas pilarizadas, catalisadores e na área de Ensino em Química.
128
Maria da Conceição Sousa de Carvalho
Possui mestrado em Educação pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (1978). Atualmente é professora titular da
Universidade Federal do Piauí e Conselheira do Conselho Estadual
de Educação. Tem experiência na área de Educação, atuando
principalmente nos seguintes temas: ensino; ensino superior; alunos.
Maria Rita de Morais Chaves Santos
Professora Associada II, do Departamento de Química da
Universidade Federal do Piauí. Graduada por esta Universidade em
Licenciatura em Química, ano 1979, doutora em Ciências pela
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, ano 1992.
Publicou 15 artigos em periódicos especializados e participou de 46
comunicações em anais de congressos . Orientou 5 dissertações de
mestrado e co-orientou 2, além de ter orientado 15 trabalhos de
iniciação cientifica nas áreas de química e química de materiais
cerâmicos. Participou de 6 projetos de pesquisa com financiamento.
Atua na área de química, com ênfase em físico-química inorgânica e
na área de Propriedade Intelectual. Atualmente coordena o Núcleo
de Inovação Tecnológica da UFPI.