HIDRÁULICA APLICADA 1- Consider ações gerai s Fluidos são todas as substâncias capazes de escoar e cujo volume toma a forma de seus recipient es. Quando em equilíbrio, os fluidos não suportam forças tangenc iais ou cisalhant es. Todos os fluidos possuem certo grau de compressibilidade e oferecem pequena resistência à mudança de forma. Os fluidos são divididos em Líquidos e Gases, sendo que as principais diferenças entre eles sã o: - os lí qu id os sã o pr aticamen te in co mp ress ív ei s, ao pa sso que os gases são compressíveis; - os líquidos ocupam volumes definidos e tem superfícies livres ao passo que uma dada massa de gás expande-se até ocupar todas as partes do recipiente. Devido a sua mobilidade, os fluidos não podem conservar a forma do seu volume ou de parte desse volume, como acontece com os sólidos. Caso um fluido seja posto em um determinado volume limitado, esse se deforma tomando a forma desse volume ou de parte desse volume, sendo que a duração dessa evolução depende do fluido em questão. Esta diferença de comportamento, que se verifica entre vários fluidos ou entre os fluidos e os sólidos, deve-se a sua estrutura. Os sólidos, de acordo com a estrutura, podem ser de dois tipos: cristalinos e amorfos. A estrutura cristalina é representada por uma distribuição regular dos átomos que podem oscilar em torno da sua posição de equilíbrio e por uma periodicidade espacial de todas as suas propriedades. Nos sólidos amorfos, os átomos oscilam em torno de pontos fixos, dispostos caotica mente no espaço . Em ambos os casos, as forças de atração intermoleculares, mantêm as molécu las ou os átomos que os constituem perto das suas posiç ões de equilíbrio, apesar do seu movimento térmico. Nos líquidos e gases a estrutura molecular é diferente; nos gases, as partículas que os constituem podem deslocar-se umas em relação às outras, não estando ligadas por forças intermoleculares de atração e tendem a ocupar uniformemente todo o volume que lhes é ofereci do, ou seja, não formam uma superfíci e de separaçã o ou superfície livre. Além disso, a distancia média entre as partículas é muito superior às suas dimensões. 1
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Fluidos são todas as substâncias capazes de escoar e cujo volume toma a forma de seus
recipientes. Quando em equilíbrio, os fluidos não suportam forças tangenciais ou cisalhantes.
Todos os fluidos possuem certo grau de compressibilidade e oferecem pequena resistência à
mudança de forma.
Os fluidos são divididos em Líquidos e Gases, sendo que as principais diferenças entre
eles são: - os líquidos são praticamente incompressíveis, ao passo que os gases sãocompressíveis; - os líquidos ocupam volumes definidos e tem superfícies livres ao passo que
uma dada massa de gás expande-se até ocupar todas as partes do recipiente.
Devido a sua mobilidade, os fluidos não podem conservar a forma do seu volume ou
de parte desse volume, como acontece com os sólidos. Caso um fluido seja posto em um
determinado volume limitado, esse se deforma tomando a forma desse volume ou de parte
desse volume, sendo que a duração dessa evolução depende do fluido em questão. Esta
diferença de comportamento, que se verifica entre vários fluidos ou entre os fluidos e ossólidos, deve-se a sua estrutura.
Os sólidos, de acordo com a estrutura, podem ser de dois tipos: cristalinos e amorfos.
A estrutura cristalina é representada por uma distribuição regular dos átomos que podem
oscilar em torno da sua posição de equilíbrio e por uma periodicidade espacial de todas as
suas propriedades. Nos sólidos amorfos, os átomos oscilam em torno de pontos fixos,
dispostos caoticamente no espaço. Em ambos os casos, as forças de atração intermoleculares,
mantêm as moléculas ou os átomos que os constituem perto das suas posições de equilíbrio,
apesar do seu movimento térmico.
Nos líquidos e gases a estrutura molecular é diferente; nos gases, as partículas que os
constituem podem deslocar-se umas em relação às outras, não estando ligadas por forças
intermoleculares de atração e tendem a ocupar uniformemente todo o volume que lhes é
oferecido, ou seja, não formam uma superfície de separação ou superfície livre. Além disso, a
distancia média entre as partículas é muito superior às suas dimensões.
A estrutura dos líquidos é caracterizada por determinada ordem na disposição das
moléculas vizinhas e esta ordem é alterada à medida que aumentam as distâncias que separam
as moléculas.
A existência de uma capacidade de ordenação determina as características dos líquidos
que ainda dependem das particularidades individuais das moléculas do liquido e dos
fenômenos decorrentes da sua posição de equilíbrio, durante um pequeno espaço de tempo.
Sob a ação de uma força exterior, a direção dessas mudanças bruscas pode alterar-se e passar
a ter uma mesma orientação para todas elas, verificando-se, então, um escoamento do liquido
no sentido em que a força exterior atua.
A principal característica dos fluidos é a sua capacidade de formar uma superfície livre
ou uma superfície de separação com um gás ou outro líquido, existindo, ao longo desta
superfície, forças de tensão superficial. Mesmo apresentando diferenças entre as estruturas
moleculares dos gases e dos líquidos, os movimentos de ambos apresentam grande
semelhança.
Observa-se que as fórmulas para mecânica dos fluidos, deduzidas para os fluidos
incompressíveis, são validas também para os gases, desde que a velocidade do movimento
não ultrapasse um certo limite. Como as propriedades físicas do fluido e os parâmetros do seu
escoamento são descritos por várias grandezas escalares, vetoriais e, por vezes tensoriais, a
propriedade da continuidade dos fluidos permite que se use, em mecânica dos fluidos, a teoriamatemática das funções contínuas, incluindo a teoria dos campos escalares e vetoriais.
Partindo da noção de continuidade de um fluido e da sua propriedade mobilidade, no
caso geral, pode-se considerar o escoamento de um fluido em torno de um obstáculo como
uma transformação da sua deformação continua, em que não há o fenômeno do choque do
fluido com o sólido.
As definições das propriedades básicas dos fluidos são apresentadas a seguir, sendo
que a maioria dos valores dessas propriedades para vários fluidos é apresentada em tabelas.Massa volumétrica ou massa específica (ρ)
A característica principal de um fluido é a sua massa especifica. No espaço ocupado
pelo fluido há um campo da densidade escalar. Um fluido cuja massa volumétrica varia de
ponto para ponto, isto é, em que ρ = f (x, y, z), é chamado fluido heterogêneo. A
heterogeneidade do campo de densidade da água, por exemplo, pode ser devida a impurezas
nela existente, a diferentes temperaturas em variadas regiões, etc.
A massa volumétrica de um fluido homogêneo é constante em todos os seus pontos e édada pela expressão: ρ = massa/ Volume.
A segunda característica importante de um fluido é o seu peso volumétrico γ que está
relacionado com a massa volumétrica por meio da expressão γ = ρ g (sendo g = 9,81 m/s2).
Viscosidade
Outra característica importante de um fluido é a viscosidade. Esta propriedade
determina o grau de sua resistência a força cisalhante.
A tendência de um fluido em escoar tem sido assunto desafiante e pesquisado durante
muito tempo. O primeiro cientista a pesquisar o assunto foi o famoso filósofo inglês Isaac
Newton, revelando que o fluxo é diretamente proporcional à força aplicada, definindo assim
uma classe de líquidos, conhecida como fluidos newtonianos. A água é o exemplo mais típico
dessa classe. Outros pesquisadores, mais tarde, estudaram fluidos mais complexos como
Schluber, em 1828, que incluiu nova constante física denominada “taxa de fluidez”. Poiseuille
estudou o escoamento de fluidos em tubos capilares, podendo ser considerado como um dos
precursores dos viscosímetros. George Gabriel Stokes consolidou o estudo de Poiseuille com
seu experimento sobre o escoamento de fluidos através de orifícios.
Pressão de vapor
Quando a evaporação ocorre dentro de um espaço fechado, a pressão parcial criada
pelas moléculas de vapor é chamada pressão de vapor. A pressão de vapor depende da
temperatura e sendo geralmente tabelada.Tensão superficial
Uma molécula no interior de um líquido é atraída por forças que estão em todas as
direções, e o vetor resultante destas forças é nulo; quando uma molécula na superfície de um
líquido, é “solicitada” para o interior do liquido, por uma força resultante de coesão, o vetor
resultante é perpendicular à superfície do mesmo.
Capilaridade
A elevação de um líquido em um tubo capilar é causada pela tensão superficial edepende das grandezas relativas da coesão do líquido e da adesão do liquido às paredes do
recipiente.
A superfície do líquido se eleva nos tubos, molhando as paredes (adesão > coesão) e
decresce quando não molha as paredes (coesão > adesão). A capilaridade é importante quando
se usam tubos menores que cerca de 3/8” em diâmetro, característicos dos caminhos
A pressão em um fluido é transmitida com igual intensidade em todas as direções e
atua normalmente a qualquer plano. Em um mesmo plano horizontal as intensidades de
pressão em um líquido são iguais. Medidas de unidade de pressão são acompanhadas pelo uso
de vários tipos de manômetros.
Densidade de um corpo
A densidade de um corpo é um número absoluto que representa a relação do peso de
um corpo para o peso de um igual volume de uma substância tomada como padrão. Sólidos e
líquidos tem como referência a água, enquanto que os gases são muitas vezes referidas ao ar
livre de CO2 ou hidrogênio.
2. HidrostáticaÉ a parte da Hidráulica que estuda os líquidos em repouso, bem como as forças que
podem ser aplicadas em corpos neles submersos.
Importante parâmetro é a Pressão que representa o quociente da intensidade da força
que se exerce uniformemente sobre uma superfície, e perpendicularmente a esta, pela área
dessa superfície, diferentemente fisicamente da tensão de cisalhamento.
Para definir o conceito da Pressão Hidrostática é necessário entender que um elemento
sólido, colocado no interior de um fluido em equilíbrio, experimenta, da parte desse fluido,forças perpendiculares às suas superfícies. Define-se pressão do fluido no ponto considerado,
o quociente do valor dessa força pela área do elemento de superfície considerado.
A força aplicada em um ponto de um objeto rígido, faz com que este “sofra” a ação
dessa força. Isto ocorre porque as moléculas (ou um conjunto delas) do corpo rígido estão
ligadas por forças que mantêm o corpo inalterado em sua forma. Logo, a força aplicada em
um ponto de um corpo rígido acaba sendo distribuída a todas as partes do corpo.
Em um fluido isto não acontece, pois a força entre as moléculas (ou um conjunto
delas) é muita menor. Um fluido não pode suportar forças de cisalhamento, sem que isto leve
a um movimento de suas partes, promovendo assim seu escoamento.
A pressão a uma mesma profundidade de um fluido deve ser constante ao longo do
plano paralelo à superfície. Supondo que a constante da gravidade local não varie
apreciavelmente dentro do volume ocupado pelo fluido, a pressão em qualquer ponto de um
fluido estático depende apenas da pressão atmosférica no topo do fluido e da profundidade do
ponto no fluido. Desse modo, a diferença de pressão entre dois pontos da massa de um
líquido em equilíbrio é igual à diferença de profundidade multiplicada pelo peso específico
do líquido, definindo assim o Teorema de Stevin (Figura 1). Isto é, a pressão aumenta com a
profundidade. Para pontos situados na superfície livre, a pressão correspondente é igual à
exercida pelo gás ou ar sobre ela. Se a superfície livre estiver ao ar atmosférico, a pressão
correspondente será a pressão atmosférica. Pontos situados em um mesmo líquido e em uma
mesma horizontal ficam submetidos à mesma pressão. A superfície livre dos líquidos em
equilíbrio é horizontal.
Figura 1- Teorema de Stevin.
O ar, como qualquer substância próxima à Terra, é atraído em função da força
gravitacional, caracterizando um peso desse fluido. Em virtude disto, a camada atmosférica
que envolve a Terra, atingindo uma altura de dezenas de quilômetros, exerce uma pressão
sobre os corpos nela mergulhados. Esta pressão é denominada Pressão Atmosférica.
Torricelli (1608-1647), físico italiano, realizou uma famosa experiência que, além de
demonstrar que a pressão existe realmente, permitiu a determinação de seu valor. Esse
pesquisador encheu de mercúrio (Hg) um tubo de vidro com mais ou menos 1 metro decomprimento, fechando em seguida a extremidade livre do tubo e emborcando numa vasilha
contendo o referido líquido manométrico. Quando retirou a tampa da coluna, o mercúrio
desceu, ficando o seu nível aproximadamente 76 cm acima do nível do mercúrio dentro da
Seja um fluido ideal de densidade r em escoamento estacionário numa tubulação sem
derivações. Durante um intervalo de tempo Dt, a mesma quantidade de fluido atravessa a
seção 1, de área A1, com velocidade de módulo v1, e a seção 2, de área A2, com velocidade de
módulo v2. Assim, em termos da massa:
r A1v1 Dt = r A2v2 Dt
ou:
A1v1 = A2v2
ou, ainda:
Av = constante
Esta é a equação da continuidade. A quantidade Q = Av = V / Dt é chamada vazão e
representa o volume (V) de fluido que escoa através de uma seção reta por unidade de tempo.
Uma aplicação imediata da equação da continuidade permite explicar o estreitamento de
um filete de água que sai de uma torneira na vertical. Por efeito da gravidade, a velocidade da
água aumentada enquanto cai, de modo que a área da seção reta do filete diminui. A mesma
equação permite explicar por que um estreitamento na extremidade de uma mangueira fazcom que o jato de água atinja uma distância maior.
Equação da Quantidade do movimento
A equação da quantidade de movimento é muito importante quando faz-se necessário
avaliar o escoamento não permanente (transientes) ou determinados casos específicos da
hidráulica como o estudo de blocos de ancoragem, ressaltos entre outros.
Equação da conservação da energia (Bernoulli)
Seja um fluido ideal de densidade r em escoamento estacionário numa tubulação semderivações e seja uma certa quantidade desse fluido, de volume V e massa m, que passa da
seção 1, onde tem energia E1, para a seção 2, onde tem energia E2. Como m = rV, tem-se:
Para calcular o trabalho W realizado pelo resto do fluido sobre essa quantidade de fluido
pode-se considerar, em vez do seu movimento da seção 1 para a seção 2, o movimento da
quantidade de fluido existente entre as seções 1’ e 2’ para a nova posição entre as seções 1 e
2. Assim:
W = P1 A1 Dx1 - P2 A2 Dx2
ou:
W = ( P1 - P2 ) V
Pelo princípio de conservação da energia, E2 - E1 = W. Assim, com as expressões acima
vem:
rgh2 + ½ rv22 - rgh1 + ½ rv1
2 = P1 - P2
ou:
P2 + rgh2 + ½ rv22 = P1 + rgh1 + ½ rv1
2
ou, ainda:
P + rgh + ½ rv 2 = constante
Equação da Resistência
Essa equação representa a forma direta para se determinar a perda de energia (carga)
de líquido em movimento permanente e uniforme em um conduto forçado ou livre. Pode-se
utilizar a equação universal chamada de Darcy-Weissbach ou demais equações empíricas.Visto que o uso respectivo dessas equações é intrinsecamente associado ao tipo de conduto,
essas serão vistas nos capítulos seguintes.
4. Hidrometria
A hidrometria é a ciência que mede e analisa as características físicas e químicas da
água, incluindo métodos, técnicas e instrumentação utilizados em hidrologia. Dentro da
hidrometria pode-se citar a fluviometria que abrange as medições de vazões e cotas de rios.
Os dados fluviométricos são indispensáveis para os estudos de aproveitamentos
hidroenergéticos, assim como para o atendimento a outros segmentos, como o planejamento
de uso dos recursos hídricos, previsão de cheias, gerenciamento de bacias hidrográficas,
saneamento básico, abastecimento público e industrial, navegação, irrigação, transporte, meio
ambiente e muitos outros estudos de grande importância científica e sócio-econômica.
Para um gerenciamento adequado dos potenciais hidráulicos disponíveis no mundo, é
fundamental conhecer o comportamento dos rios, suas sazonalidades e vazões, assim como os
regimes pluviométricos das diversas bacias hidrográficas, considerando as suas distribuições
espaciais e temporais, que exige um trabalho permanente de coleta e interpretação de dados,
cuja confiabilidade torna-se maior à medida que suas séries históricas ficam mais extensas,
envolvendo eventos de cheias e de secas.
Uma estação hidrométrica é uma seção do rio, com dispositivos de medição do nível
da água (réguas linimétricas ou linígrafas, devidamente referidas a uma cota conhecida e
materializada no terreno), facilidades para medição de vazão (botes, pontes, etc.) e estruturas
artificiais de controle, se for necessário.
Instalação e operação de postos fluviométricos
Na escolha do local de instalação das estações fluviométricas deve-se procurar um
local do rio onde a calha obedece a alguns requisitos básicos:
1. boas condições de acesso à estação;
2. presença de observador em potencial;
3. leito regular e estável (preferencialmente, que não sofra alterações);
4. sem obstrução à jusante ou seja, sem controle de jusante;
5. trecho reto, ambas margens bem definidas, altas e estáveis, e de fácil acesso durante
as cheias;
6. local de águas tranqüilas, protegidas contra a ação de objetos carregados pelas
cheias;7. relação unívoca cota x vazão.
Durante a instalação de uma estação fluviométrica, deve levar em consideração que, os
registros só produzirão resultados através de estudos e análises hidrológicas, depois de muitos
anos e que mudanças freqüentes de local, levam à necessidade de se repetir muitos trabalhos.
Deve ser observada, durante a instalação das réguas, uma distância da margem que
permita uma boa visibilidade. As réguas podem ser fixadas em suportes de madeira ou metal,
protegidas contra intempéries, enterradas, concretadas na base dos suportes das réguas ou presas a cavaletes, ou peças de pontes conforme as necessidade e facilidades do local.
A importância do leito ser fixo, consiste no fato de que se evitar que ocorra erosão,
depois de uma grande cheia, e conseqüentemente causando uma alteração na curva-chave.
Para tanto, torna-se importante conhecer bem a formação rochosa durante a escolha da seção,
uma vez que só poderá ter alterações na curva chave somente por deposição de sedimentos e
Em contrapartida, a grande desvantagem é a facilidade com que o observador pode
cometer enganos na leitura. Esse problema tem levado a varias instituições, a substituírem as
réguas denteadas de madeira por outros tipos menos sujeitos a erros de leitura, porque são
numeradas a cada duas divisões de escala, como é o caso das réguas de metal esmaltadas.
Evidentemente, independente do tipo de régua que é utilizada, as leituras estão sujeitas a uma
série de erros, entre os quais pode-se destacar os erros grosseiros (resultantes de imperícia ou
negligência do observador) e os sistemáticos, que em geral provém de mudanças casuais ou
mal documentadas do zero da régua.
Entre os erros grosseiros, o mais comum é o erro de metros inteiros, quando o
observador se engana com relação ao lance, ou então a invenção pura e simples do registro,
quando o observador não realizou a leitura. A comodidade de realizar a leitura à distância
(para não descer o barranco da margem do rio) também é uma fonte de erro freqüente. Já os
erros sistemáticos são as diferenças entre o nível de água correto e o registrado na régua. Têm
suas causas na instalação defeituosa da régua, independem do observador e são sempre de
mesmo valor. A causa mais freqüente desses erros nas réguas linimétricas reside no chamado
deslocamento do zero, isto é, a régua sofreu um deslocamento vertical, fazendo com que sua
origem não se situe mais na cota original. Outra causa comum de erro sistemático de leitura
nos níveis de água é o afastamento da régua da vertical causado pelo impacto de detritos e
barcos.Além dos problemas oriundos de observadores negligentes ou mal treinados, as réguas
linimétricas apresentam o inconveniente de fornecer apenas uma ou duas observações (em
geral as 7:00 e 17:00h), que podem não ser representativas da situação média diária. Pois é
possível que tenha ocorrido um máximo ou mínimo no intervalo entre as duas leituras. Este
problema é particularmente importante em cursos de água onde existem usinas hidrelétricas
em operação, que normalmente provocam variações rápidas nos níveis de água. Também no
caso de bacias hidrográficas pequenas e particularmente bacias urbanas. Para contornar este problema, costuma-se instalar em estações fluviométricas com variações rápidas de nível,
registradores contínuos, denominados linigrafos.
Assim como no caso dos pluviógrafos, em que sempre se instala um pluviômetro ao
lado, também linígrafo não dispensa a instalação da régua, que deve, sempre que possível, ser
lida normalmente as 7:00 e 17:00h ou, pelo menos uma vez por dia, permitindo os seus
registros :
detectar prontamente um defeito mecânico do linígrafo;
auxiliar na interpretação do diagrama (principalmente evitar que quem
examina o linigrama se perca nas chamadas reversões, e;
substituir registro do linígrafo no caso de avaria do aparelho.
Sob o ponto de vista funcional, distingue-se os linígrafos de bóia (Figura 4) e os de
pressão. Os linígrafos de bóia possuem um flutuador preso a um cabo ou uma fita de aço que
transmite o seu movimente, decorrente de uma variação de nível de água, a um eixo que
desloca um estilete munido de pena sobre um gráfico de papel. Ao mesmo tempo, um
mecanismo de relógio faz o gráfico avançar na direção perpendicular ao movimento da pena e
a uma velocidade constante.
Figura 4:Instalação de um linígrafo de bóia.
O linígrafo de pressão (Figura 5) apresenta a vantagem de permitir, em geral , períodosmais longos sem que haja a necessidade de troca de papel. O linígrafo de bóia, em geral exige
a troca do papel semanalmente. Outra desvantagem do linígrafo de bóia em relação ao de
pressão, consiste na instalação muito dispendiosa, a escavação do poço e da construção dos
condutos de ligação. Em locais onde há afloramento de rocha ou cobertura de solo muito
pequena essa escavação é muito cara e trabalhosa, exigindo o emprego de explosivos.
Entre os erros sistemáticos em fluviometria, os mais comuns são: mudança de zero da régua;
mudança do local;
influência de pontes ou outras obras no nível da água;
laços na curva de descarga, influência de remanso;
alterações do leito.
Já entre os erros fortuitos são:
ondas e oscilações de nível; variações inferiores à graduação da régua
escorregamento do cabo de aço na roldana
variações de nível mais rápidas que a inércia do linígrafo;
erros de paralaxe na leitura.
A análise de consistência extrai os erros mais grosseiros. A análise de consistência não
deve incorrer em erros que podem distorcer os dados. Ou seja, a análise de consistência pode
intervir demais na informação. Como exemplo, temos o que ocorre no Pantanal em que avazão pode diminuir à jusante e a análise de consistência tenta corrigir esse dado. No entanto,
existem indicadores que podem ser usados que fazem o cruzamento de dados de tal forma a
dar certeza sobre a verdade da informação .
Curva Chave
Curva-chave é a relação entre os níveis d´água com as respectivas vazões de um posto
fluviométrico. Para o traçado da curva-chave em um determinado posto fluviométrico, é
necessário que disponha de uma série de medição de vazão no local, ou seja, a leitura da régua
e a correspondente vazão (dados de h e Q). A curva chave usa modelo de seção com controle
local, ou seja, predominância da declividade do fundo sobre as demais forças do escoamento,
como por exemplo a pressão. Com isso, temos uma relação biunívoca entre profundidade e
vazão. Partindo-se desta série de valores (h e Q) a determinação da curva-chave pode ser feita
Entende-se por conduto forçado aquele no qual o fluido escoa a plena seção e sob
pressão. Os condutos de seção circulares são chamados de tubos ou tubulações. Um conduto édito uniforme quando a seção transversal não varia com o seu comprimento.
Tipos e Características dos Tubos
Existem diversos tipos de tubos, porém os mais empregados são os de ferro fundido,
Segue-se as principais características destes tubos.
O ferro fundido dúctil tem como principais características: alta resistência à pressão
(variável com a classe de pressão, indo, porém, até cerca de 4 MPa entre os comerciais); boa
resistência à choques; grande durabilidade; baixa elasticidade; custo de aquisição elevado;
baixa resistência química (oxidação) quando não revestido, embora o mais comum é obtê-los
com revestimento interno de argamassa aplicada por centrifugação e externo de zinco com
pintura betuminosa preta.
O aço galvanizado-zincado tem como características: boa resistência à pressão; boa
resistência à choques; boa resistência à oxidação se o processo de galvanização for adequado e
se no escoamento não for com materiais abrasivos em suspensão; baixa elasticidade; custo de
aquisição médio.
O “PVC” possuem baixa resistência à pressão (0,392 até 1,225 MPa); baixa resistência
à choques; grande durabilidade (40 anos) se não forem expostos ao sol; grande resistência
química; grande elasticidade; baixa rugosidade das paredes; custo de aquisição médio
(semelhante ao do aço galvanizado), porém, o custo com base anual é muito baixo se for
considerado sua durabilidade.
O “PRFV” advém de resinas Poliester ou Epoxi reforçados com fibra de vidro (PRFV
– Plástico Reforçado com Fibra de Vidro). As principais características são: boa resistência à pressão (até 2,0 MPa); baixa rugosidade (dependendo da fabricação); boa resistência térmica
(temperatura até 100 °C); boa resistência mecânica; leveza (densidade do PRFV = 1,8);
grande resistência química; grande durabilidade.
Os tubos de alumínio são utilizados quase que exclusivamente nas linhas laterais de
sistemas semifixos de irrigação por aspersão, devido a sua grande leveza e grande resistência
à corrosão, porém, possuem baixa resistência à pressão, baixa resistência à choques e custo de
aquisição elevado. Normalmente são comercializados em diâmetros que vão de 50 a 200 mmcom comprimento de 6 m cada tubo.
Os tubos de concreto armado são utilizados principalmente em bueiros, galerias de
águas pluviais, esgotos sanitários e menos freqüentemente em linhas adutoras. Possuem média
resistência à pressão e grande resistência química. Os diâmetros mais comuns vão de 300 a
1500 mm.
Os tubos de Fibrocimento são utilizados em redes coletoras de esgoto, redes de
distribuição e, menos freqüentemente, em linhas adutoras. Possuem grande resistência
química e sua resistência à pressão depende da classe de pressão de fabricação, que resiste de
cerca de 0,5 a 1,5 MPa. Os diâmetros comerciais mais freqüentes vão de 50 a 500 mm.
Além destes materiais, existem outros como o cobre e latão que são de uso muito
comum em instalações prediais de água quente; chumbo, que atualmente está em desuso; aço
inoxidável, que é utilizado para líquidos muito agressivos; e as manilhas cerâmicas que são
bastante utilizadas em instalações de esgotos de edificações rurais.
Perda de carga: natureza e classificação
Perda ao longo da tubulação ocasionada pelo movimento da água nos tubos que
compõem a tubulação. Admite-se que essa perda seja uniforme em qualquer trecho de uma
tubulação de dimensões constantes, independentemente da posição da mesma. Por isso,
também podem ser denominadas de perdas contínuas. Importante em nesse estudo avaliar as
linhas piezométricas e de energia, bem como destacar o regime de escoamento (Figura 8).
Perdas em peças especiais ou localizadas que são as perdas provocadas pelosacessórios e demais singularidades da tubulação. Essas perdas somente assumem valores
consideráveis quando a tubulação for muito curta e/ou existirem muitas peças na tubulação.
Nas tubulações longas com número reduzido de acessórios, o seu valor é desprezível.
Figura 8-Representação esquemática das linhas de cargas e perda de carga numescoamento permanente uniforme.
Tabela 3. Valores do fator de Christiansen (F) para cálculo da perda de carga em tubulação demúltiplas saídas eqüidistantes nas fórmulas Universal, Hazen-Williams e Flamant.
Caso a distância entre o início da linha da tubulação de múltiplas saídas eqüidistantes
o primeiro emissor seja inferior ao espaçamento entre os demais emissores, o fator de
Christiansen deve ser ajustado (Fa) pela equação:
sendo: x – razão entre a distância da primeira derivação ao início da tubulação e o
espaçamento regular entre derivações (0 ≤ x ≤ 1).
Perda de carga em peças especiais (localizadas) Método da equação geral
De um modo geral, todas as perdas provocadas pelas peças especiais podem ser
calculadas pela equação geral utilizando valores pré-determinados como apresentados na
Tabela 5. Valores do coeficiente K para alguns níveis de fechamento do registro de gaveta.
Figura 10. Tipos de entrada na tubulação: (a) reentrante ou de Borda, K=1,00; (b) normal,K=0,50; (c) forma de sino, K=0,05; (d) concordância com uma redução, K=0,10.
Método dos Comprimentos Equivalentes
A existência de peças na tubulação pode ser interpretada como um aumento de seu
comprimento correspondente à perda de carga provocada por estas peças, ou seja:
sendo: Lv – comprimento virtual da tubulação (m);L – comprimento da tubulação referente aos tubos (m);
Le – comprimento de tubulação que produz perda de carga equivalente a da peça (m),
Tabela 6. Comprimento equivalente (Le) em relação ao número de diâmetros da tubulação para peças metálicas, aço galvanizado e ferro fundido.
Há de se destacar o efeito do envelhecimento dos tubos na perda de carga e
conseqüentemente, a redução de vazão a partir do projeto hidráulico (Tabela 7).
Tabela 7. Capacidade de vazão da tubulação de ferro e aço (sem revestimento permanenteinterno) de diversos diâmetros nominais em função do tempo de uso (% em relação àtubulação nova = 100%).
O escoamento feito em um conduto livre ou canal é caracterizado pela atuação da
pressão atmosférica em pelo menos um ponto de cada seção de escoamento, podendo ser a
seção aberta ou fechada.
Os canais podem ser classificados em naturais, tais como córregos, rios e estuários, e
artificiais, de seção aberta ou fechada, tais como canais de irrigação, de navegação,
aquedutos, galerias e outros mais. Podem ser, também, prismáticos se possuírem
longitudinalmente seção reta e declividade de fundo constantes; caso contrário, são ditos não
prismáticos.
Os canais de pequenas vazões geralmente apresentam seção de forma circular. Os
grandes aquedutos a forma de ferradura é a mais utilizada. Os canais escavados em terra são,
geralmente, feitos na forma trapezoidal, sendo que a inclinação dos taludes depende das
condições de estabilidade do solo. Os canais construídos em rocha devem, sempre que
possível, apresentar a forma retangular, com a largura igual a duas vezes a altura da água no
canal. Finalmente, as calhas de madeira ou aço possuem, em geral, forma semicircular ou
retangular.
Do mesmo modo que nos condutos forçados, o escoamento ou movimento de um
líquido no canal pode ser permanente, se a velocidade local for constante no tempo (em
módulo e direção) em um ponto qualquer da seção transversal ao fluxo; e não permanente ou
variado quando isso não ocorrer (ex.: uma onda de cheia). O escoamento variado, por sua vez,é subdividido em gradualmente variado e bruscamente variado, embora a distinção entre
ambos não seja tão precisa. No primeiro caso se tem, por exemplo, o remanso, que
corresponde a uma elevação da água no canal devido a algum obstáculo (como uma barragem)
situado abaixo de onde se percebe o seu efeito. No segundo caso se tem, por exemplo, o
ressalto hidráulico, que corresponde a uma elevação brusca da superfície livre, produzida
quando uma corrente de alta velocidade encontra uma de baixa velocidade.
A velocidade não é a mesma em toda a seção do canal, pois a resistência oferecida pelas paredes reduz a velocidade. Na superfície livre a resistência oferecida pela atmosfera e
em que: hh – altura hidráulica ou altura média, que corresponde à relação: a área
molhada ÷ largura da seção na superfície livre. No caso de um canal retangular, corresponde à
própria altura da água no canal. Portanto, o escoamento será: fluvial se NF < 1; torrencial se
NF >1; e crítico se NF = 1.
Observando a fórmula de Manning (Eq.115), verifica-se que, para declividade de
fundo e rugosidade fixadas, a vazão será máxima quando o raio hidráulico adquirir o máximo
valor possível, o que ocorre quando o perímetro molhado for o mínimo compatível com a
área.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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