A menor oferta de leite no campo, justificada pelo início da entressafra na região Sul do País, resultou em ligeira alta nas cotações do leite pago ao produtor em março, de acordo com levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Observando-se os 20 anos da série Cepea, constata-se que os preços ao produtor nunca recuaram de fevereiro para março, devido, justamente, ao início do período da entressafra no Sul. Porém, neste ano, o aumento dos preços ocorreu de forma mais amena devido, principalmente, ao enfraquecimento da demanda em algumas regiões do País. Na “média Brasil” (GO, MG, RS, SP, PR, BA e SC), o preço do leite recebido pelo produtor subiu 2,05% com relação ao mês anterior, fechando a R$ 0,8554/litro (valor líquido – sem frete e impostos) – este é o primeiro aumento após nove meses de quedas consecutivas. O preço bruto (inclui frete e impostos) pago ao produtor teve média de R$ 0,9376, alta de 1,63% (ou de 1,5 centavo por litro) frente ao mês anterior. Considerando-se a série histórica deflacionada do Cepea (pelo IPCA de fev/15), o preço médio líquido de março/15 é 14,6% inferior ao de março/14. O Índice de Captação do Leite (ICAP-L) de fevereiro sinalizou leve aumento de 0,62% em relação a janeiro, considerando-se os sete estados que compõem a “média Brasil”. Ainda assim, o volume produzido em fevereiro foi 14,6% superior ao do mesmo período de 2014. O avanço de 0,62% do ICAP-L em fevereiro foi obtido com o aumento de 8,02% da captação em Minas Gerais, de 2,82% em São Paulo e de 1,42% na Bahia, já que nos três estados do Sul e também em Goiás, houve diminuição do volume entre janeiro e fevereiro – recuo de 9,3% em Santa Catarina, de 7,41% no Rio Grande do Sul, de 0,3% no Paraná e de 0,1% em Goiás. Para abril, a expectativa é de que os preços do leite sigam em alta, impulsionados pela menor oferta da região Sul. Dentre os agentes (laticínios/cooperativas) consultados pelo Cepea, 67,5% dos entrevistados (que representam expressivos 92,6% do leite amostrado) acreditam em nova alta nos para o próximo mês. Outros 27,5% dos agentes (que representam 7,2% do volume de leite amostrado) têm expectativas de estabilidade nos preços. Apenas 5% dos agentes esperam queda para abril/15. A valorização da matéria-prima se refletiu no segmento de derivados, que teve influência também da interrupção do abastecimento causada pela greve dos caminhoneiros. No atacado paulista, os preços do leite UHT aumentaram 1,66% entre fevereiro e março, fechando o mês com a média mensal indo para R$ 1,8250/litro. Esse reajuste ocorre após cinco meses seguidos de queda. O queijo muçarela, que normalmente segue as ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - FEVEREIRO/15. (Base 100=Junho/2004) Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP | Ano 21 nº 239 | Abril - 2015 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP Demanda recua na segunda quinzena de março, mas preços seguem firmes Implantação de ferramenta APPCC reduz custos e perdas na produção leiteira MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA Crescimento das importações eleva déficit da balança geral pág. 05 pág. 06 pág. 07 PANORAMA APÓS NOVE MESES EM QUEDA, PREÇO PAGO AO PRODUTOR INICIA RECUPERAÇÃO tendências do UHT, também se valorizou, 1,5%, com o quilo na média de R$ 11,3576. Para o levantamento de preços de derivados, a equipe Cepea contata diariamente representantes de laticínios e atacadistas; essa pesquisa tem apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL).
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APÓS NOVE MESES EM QUEDA, PREÇO PAGO AO … · Camila Tolotti, Samara G. de Oliveira Débora Kelen P. da Silva e Rafaela Moretti Vieira Fonte: Cepea Fonte: Cepea
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A menor oferta de leite no campo, justificada pelo início da entressafra na região Sul do País, resultou em ligeira alta nas cotações do leite pago ao produtor em março, de acordo com levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Observando-se os 20 anos da série Cepea, constata-se que os preços ao produtor nunca recuaram de fevereiro para março, devido, justamente, ao início do período da entressafra no Sul. Porém, neste ano, o aumento dos preços ocorreu de forma mais amena devido, principalmente, ao enfraquecimento da demanda em algumas regiões do País.
Na “média Brasil” (GO, MG, RS, SP, PR, BA e SC), o preço do leite recebido pelo produtor subiu 2,05% com relação ao mês anterior, fechando a R$ 0,8554/litro (valor líquido – sem frete e impostos) – este é o primeiro aumento após nove meses de quedas consecutivas. O preço bruto (inclui frete e impostos) pago ao produtor teve média de R$ 0,9376, alta de 1,63% (ou de 1,5 centavo por litro) frente ao mês anterior. Considerando-se a série histórica deflacionada do Cepea (pelo IPCA de fev/15), o preço médio líquido de março/15 é 14,6% inferior ao de março/14.
O Índice de Captação do Leite (ICAP-L) de fevereiro sinalizou leve aumento de 0,62% em relação a janeiro, considerando-se os sete estados que compõem a “média Brasil”. Ainda assim, o volume produzido em fevereiro foi 14,6% superior ao do mesmo período de 2014. O avanço de 0,62% do ICAP-L em fevereiro foi obtido com o aumento de 8,02% da captação em Minas Gerais, de 2,82% em São Paulo e de 1,42% na Bahia, já que nos três estados do Sul e também em Goiás, houve diminuição do volume entre janeiro e fevereiro – recuo de 9,3% em Santa Catarina, de 7,41% no Rio Grande do Sul, de 0,3% no Paraná e de 0,1% em Goiás.
Para abril, a expectativa é de que os preços do leite sigam em alta, impulsionados pela menor oferta da r e g i ã o S u l . D e n t r e o s a g e n t e s (laticínios/cooperativas) consultados pelo Cepea, 67,5% dos entrevistados (que representam expressivos 92,6% do leite amostrado) acreditam em nova alta nos para o próximo mês. Outros 27,5% dos agentes (que representam 7,2% do volume de leite amostrado) têm expectativas de estabilidade nos preços. Apenas 5% dos agentes esperam queda para abril/15.
A valorização da matéria-prima se refletiu no segmento de derivados, que teve influência também da interrupção do abastecimento causada pela greve dos caminhoneiros. No atacado paulista, os preços do leite UHT aumentaram 1,66% entre fevereiro e março, fechando o mês com a média mensal indo para R$ 1,8250/litro. Esse reajuste ocorre após cinco meses seguidos de queda. O queijo muçarela, que normalmente segue as
ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - FEVEREIRO/15. (Base 100=Junho/2004)
Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP | Ano 21 nº 239 | Abril - 2015Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP
Demanda recua na segunda quinzena de
março, mas preços seguem firmes
Implantação de ferramenta APPCC reduz custos
e perdas na produção leiteira
MERCADO DE MILHO
E FARELO DE SOJA
Crescimento das importações eleva déficit
da balança geral
pág. 05 pág. 06 pág. 07
PANORAMA
APÓS NOVE MESES EM QUEDA, PREÇO PAGO AO PRODUTOR INICIA RECUPERAÇÃO
tendências do UHT, também se valorizou, 1,5%, com o quilo na média de R$ 11,3576. Para o levantamento de preços de derivados, a equipe Cepea contata diariamente representantes de laticínios e atacadistas; essa pesquisa tem apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL).
Sul / Sudoeste de Minas
1,0015
1,0271
0,9863
1,0042
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0,8459
0,8375
1,0436
0,7919
0,9983
0,9143
-1,15%
14,20%
2,70%
1,06%
3,19%
3,67%
0,92%
0,22%
-1,97%
4,51%
-6,46%
-1,35%
-0,97%
13,52%
2,98%
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0,5999
0,6750
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0,8301
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0,9921
0,7852
0,7602
0,7784
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0,8214
0,9118
1,0019
0,8975
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0,8768
0,8662
0,8466
0,9162
0,9124
0,8554
1,06%
-2,79%
0,47%
4,21%
0,82%
3,35%
0,31%
-0,30%
4,60%
-3,36%
-0,77%
2,85%
-2,44%
0,14%
0,71%
4,49%
-5,19%
1,71%
0,80%
8,99%
0,71%
6,63%
8,82%
7,24%
0,93%
-0,59%
-0,01%
1,63%
0,95%
-2,17%
0,40%
4,44%
0,54%
3,52%
0,07%
-0,32%
3,64%
-3,50%
-0,90%
2,99%
-3,55%
0,13%
1,33%
4,96%
-5,56%
1,71%
0,62%
8,23%
0,73%
7,22%
10,04%
9,72%
0,83%
-0,57%
-0,04%
2,05%
mar/fev mar/fev
MARÇO/15FEVEREIRO/15
Flávia Romanelli - Mtb: 27540
Equipe Leite:Wagner Hiroshi Yanaguizawa - Pesquisador Projeto LeiteIsadora Vieira, Marianne Tufani Batista, Natália Salaro Grigol, Ana Paula Negri eVitória Guereschi Lucas
Wagner Hiroshi YanaguizawaPesquisador Projeto Leite
Equipe Grãos:Lucilio Alves - Pesquisador Projeto GrãosAna Amélia Zinsly, André Sanches, Bárbara Oliveira, Camila Tolotti, Samara G. de OliveiraDébora Kelen P. da Silva e Rafaela Moretti Vieira
Fonte: Cepea
Fonte: Cepea
Preços em estados que não estão incluídos na ‘‘média Brasil’’ - RJ, MS, ES e CE
Ana Paula Silva Ponchio - Mtb: 27368
D
Flávia Romanelli - Mtb: 27540
EVOLUÇÃO DO CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (COE) E DO PREÇO DO LEITE EM
Por Rildo Esperancini Moreira e Moreira, analista de mercado, equipe Custos Pecuários Cepea
PREÇO DO LEITE SE RECUPERA, MAS MARGEM CONTINUA
PRESSIONADA PELOS CUSTOS EM ALTA
Após nove meses em queda, o preço líquido do
leite recebido pelo produtor reagiu 2,05% em
março na “média Brasil” (GO, MG, RS, SP, PR, BA
e SC), indo para R$ 0,8554/litro. Ainda assim,
esse cenário não significa alívio para o
pecuarista, pois os custos de produção seguem
em constante alta, puxados principalmente pela
alimentação.
Historicamente, a recuperação da rentabilidade
do produtor leiteiro se inicia nesta época do ano.
Porém, em 2015, tende a ser menos intensa e a se
distribuir por um período maior.
De fevereiro para março, os custos operacionais
efetivos (COE) e os custos operacionais totais
(COT) tiveram elevação de 1,12% e 0,99%,
respectivamente, também considerando a “média
Brasil”. Tais aumentos estão atrelados à alta de
8,2% nos gastos com silagem, forrageiras anuais,
manu tenção de forragei ras perenes e
concentrados, que representaram 62,9% do COE.
Isso porque o milho e o farelo de soja têm se
valorizado no mercado interno e são responsáveis
por cerca de 42% dos custos de produção.
A desvalorização do Real frente ao dólar
encareceu os insumos utilizados na produção de
silagem e manutenção de pastagens, já que a
matéria-prima desses produtos é importada. Além
disso, o grupo de suplementação mineral subiu
1,2%, de janeiro a março, pois também tem
relação com a moeda norte-americana.
Entre os estados acompanhados pelo Cepea,
Goiás foi o que apresentou a menor elevação do
COE, de 0,15%, na comparação com o mês
anterior. Diferente do ocorrido nos demais
estados, o grupo de silagem recuou 5,8% no
período, fator que limitou a alta dos custos.
Por outro lado, no Rio Grande do Sul, houve a
ma io r e l evação do COE, de 3 ,14%,
impulsionada pelos gastos com mão de obra. Na
sequência veio Minas Gerais, com custos 1,06%
superiores. Esse cenário resultou do aumento dos
gastos com manutenção de pastagens e
produção de silagem de 7,38% e 4,28%,
respectivamente.
(130g de Fósforo)
9,7 litros/frasco 10 ml
9,8 litros/frasco 10 ml
7,6 litros/frasco 10 ml
94,0 litros/sc 25 kg
94,7 litros/sc 25 kg
85,1 litros/sc 25 kg
57,1 litros/litro de herbicida
58,7 litros/litro de herbicida
55,7 litros/litro de herbicida
Jan/15
Fev/15
Mar/15
Jan/15
Fev/15
Mar/15
Jan/15
Fev/15
Mar/15
Jan/15
Fev/15
Mar/15
Jan/15
Fev/15
Mar/15
Jan/15
Fev/15
Mar/15
806,4 litros/tonelada
808,6 litros/tonelada
720,9 litros/tonelada
1747,7 litros/tonelada
1708,2 litros/tonelada
1534,6 litros/tonelada
14,7 litros/frasco 50 ml
14,8 litros/frasco 50 ml
14,2 litros/frasco 50 ml
CRESCIMENTO DAS IMPORTAÇÕES ELEVA DÉFICIT DA BALANÇA COMERCIAL
Ana Paula Negri, analista de mercado da equipe Leite Cepea
As importações de lácteos subiram expressivos 48% de fevereiro para março, totalizando 94,15 milhões de litros em equivalente leite, segundo dados da Secex. As exportações também cresceram fortemente no mesmo período (89%), atingindo 35,28 milhões de litros em equivalente leite. O aumento dos embarques, no entanto, não foi suficiente para impedir novo crescimento no déficit da balança comercial de lácteos, que teve saldo negativo de 58,87 milhões de litros em equivalente leite em março, 31% superior ao de fevereiro.
Esse cenário está atrelado à competitividade do leite em pó importado. De acordo com dados da Secex, o preço do derivado estrangeiro se desvalorizou 6% de fevereiro para março, a US$ 3,20/kg, em média. Com a valorização de 11% do dólar frente ao Real em março (média de R$ 3,14/US$), o leite em pó foi importado pelo Brasil a R$ 10,07/kg, valor 5% superior ao de fevereiro. Já a média do leite em pó nacional, segundo o Cepea, foi de R$ 13,34/kg em março, 25% acima do derivado importado.
De acordo com dados da Secex, o Uruguai aumentou em 76% as vendas de leite em pó de fevereiro para março, sendo responsável por 55,7% do total importado para Brasil no mês. A Argentina também se destacou nas vendas de derivados para o Brasil (42,5%).
Já quanto às expor tações, os principais compradores de lácteos brasileiros em março foram Venezuela (67,4%), Angola (6,8%), Arábia Saudita (6,5%), Emirados Árabes (2,4%) e Chile (2,3%). Os produtos com maior expressividade nas exportações brasileiras foram o leite em pó, o leite condensado e
os queijos, com participações de 68%, 21% e 5%, respectivamente. Mercado Internacional: De acordo com o USDA, o clima na Austrália está favorecendo a produção de leite naquele país. Entre os derivados, a produção australiana de leite em pó desnatado cresceu 11,1% em fevereiro e a de queijos, 10,6%. Já a produção do leite em pó integral e do soro de leite reduziram 31,9% e 5,4%, respectivamente, no mesmo período.
Na Nova Zelândia, os derivados que apresentaram queda nos preços em fevereiro em relação ao mês anterior foram leite em pó integral (-13,3%), leite em
pó desnatado (-9,9%) e manteiga (-7,6%). Na Europa, a produção de leite continua aumentando, como de costume para o período.
IPE-L/Cepea – O Índice de Preços de Exportação de Lácteos do Cepea (IPE-L) caiu 1,6% de fevereiro para março, com a média a US$ 4,62/kg (ou R$ 14,53/kg). Dentre os produtos acompanhados pelo Cepea, com exceção da manteiga que se desvalorizou 72%, todos os derivados apresentaram aumento nos preços em março: iogurte (378%), queijos (217%), leite condensado (108%), doce de leite (22%) e soro de leite (4%).
Tabela 3 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹
Mar/15 Participação no total imp. em Mar/15
²
94.151
81.897
11.827
0,14
1.831
48%
59%
1%
-99%
45%
-
87%
12,6%
0%
-
234%
397%
7%
7%
-29%
Total de janeiro a março/15 frente ao mesmo período de 2014: 70%
Tabela 2 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹
Fev/15 - Mar/15 (%) Participação no total exp. em Mar/15 Mar/14-Mar/15 (%)
35.275
23.826
7.545
1.900
519
89%
83%
112%
155%
-35%
-
68%
21%
5%
1%
29,7%
43%
49%
-37%
-38%
Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite;
(2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros.
Mar/15
Total de janeiro a março/15 frente ao mesmo período de 2014: -43%
Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite;
(2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litro.
Fev/15 - Mar/15 (%) Mar/15 - Mar/14 (%)
US$ 3.129
US$ 3.033
US$ 4.825
US$ 5.031,25
US$ 2.829
US$ 2.313
US$ 4.887,5
US$ 4.412,5
-31%
-38%
-41%
-49%
Os dados se referem à média entre 2 de março a 2 de abril de 2015; para 2014, foi considerado período semelhante.
2014 20142013 2013
Tabela 1 -
Gráfico 1. Preços médios de leite em pó integral importado e nacional
(em R$/kg) de março/11 a março/2015.
DEMANDA RECUA NA SEGUNDA QUINZENA DE MARÇO, MAS PREÇOS SEGUEM FIRMES
Por Vitoria Guereschi Lucas, graduanda em Gestão Ambiental e Isadora Trouva Vieira, graduanda em Ciências Econômicas
Os preços do leite UHT e da muçarela tiveram
balanços distintos no atacado do estado de São
Paulo em março, mas ambos se mantiveram
firmes. Até meados do mês, os valores estavam
em alta, sustentados pela paralisação dos
caminhoneiros e pelo início do período de
entressafra na região Sul. Porém, na segunda
quinzena, essas valorizações limitaram a
demanda.
Dessa forma, indústrias e laticínios começaram a
1,56
1,77
13,98
11,75
12,75
14,81
1,60
1,78
16,09
13,28
13,24
13,14
1,64
1,68
12,42
10,59
11,15
12,76
1,61
1,64
13,64
13,15
12,65
12,16
1,70
1,78
14,44
12,07
12,55
13,16
1,62
1,73
14,11
12,17
12,47
13,21
-0,7%
3,0%
1,1%
-0,2%
-0,6%
-3,3%
-1,6%
5,1%
0,0%
0,0%
-4,4%
-0,2%
0,6%
2,2%
4,5%
-0,8%
-7,2%
0,6%
-1,7%
0,2%
-3,5%
-7,2%
0,0%
-5,1%
-3,9%
3,1%
-2,8%
-1,7%
0,1%
-0,6%
-1,53%
2,8%
-0,3%
-2,2%
-2,4%
-1,8%
Fonte
: Cepea/ES
ALQ
-USP
Preços médios dos derivados praticados em FEVEREIRO e as variações em relação ao mês anterior
em Mar/15 Fev/15 Mar/14
R$ 2,0760/litro
R$ 11,5036/kg
12,27%
-0,03%
-9,07%
-13,27%Fonte: Cepea – OCB/CBCL.
Nota: Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período.
Tabela 1. Preços médios do leite UHT e da muçarela em março no atacado paulista
vender a preços menores, na tentativa de evitar
formação de estoques, como ocorreu no semestre
passado. Na média, a muçarela ficou
praticamente estável, enquanto o UHT teve forte
alta de 12,27% no mês.
De acordo agentes de mercado consultados pelo
Cepea, o leite UHT foi negociado, em média, a
R$ 2,0760/litro (inclui frete e impostos) no
atacado do estado de São Paulo, elevação frente
a fevereiro/15, mas recuo de 9,07% em relação
a março/14, em termos reais (deflacionado pelo
IPCA de março/15).
Para a muçarela, a média mensal foi de R$
11,5036/kg, estável em relação à fevereiro/15
e queda de 13,64% frente à de março/14, já
descontada a inflação do período. Esta pesquisa
é feita diariamente com o apoio da OCB
(Organização das Cooperativas Brasileiras) e da
CBCL (Confederação Brasileira de Cooperativas
de Laticínios).
IMPLANTAÇÃO DE FERRAMENTA APPCC REDUZ CUSTOS E PERDAS NA PRODUÇÃO LEITEIRA
Marianne Aline Tufani Batista, Graduanda em Ciências dos Alimentos
No cenário em que a cadeia leiteira se
apresenta, com produção em alta e preços
recuando, aumentar a competitividade e
diminuir perdas são essenciais para garantir
boas margens para todos os elos. E isso só se
consegue com investimentos na atividade. Para
auxiliar na gestão das propriedades e
laticínios, a ferramenta APPCC (Análise de
Perigos e Pontos Críticos de Controle) é uma
grande aliada. Isso porque possibilita
identificar, controlar e prevenir os pontos
críticos que podem afetar a qualidade e a
segurança do produto final e gerar riscos ao
consumidor.
Além disso, os gastos com o sistema de gestão
tendem a ser pequenos, já que refazer os
trabalhos depois de constatado algum
problema dobra os valores do custo de
produção e das análises microbiológicas.
Os danos à saúde humana que podem ser
identificados pela APPCC são classificados em
químicos, físicos e biológicos. Os primeiros
estão relacionados com defensivos agrícolas,
sanitizantes, antibióticos e micotoxinas,
enquanto os físicos se referem a objetos
estranhos como cacos de vidro ou fios de
cabelo. Já os biológicos verificam a presença
de bactérias, vírus e outros microorganismos.
Uma das atividades “dentro da porteira”
considerada como crítica é a ordenha, onde
podem ser identificados os três tipos de danos.
Para minimizar os riscos e garantir um produto
final de qualidade, é necessário investir na
profissionalização da mão de obra, no manejo
e na nutrição do gado. Os animais precisam ter
c o n d i ç õ e s i d e a i s p a ra o b t e r b o a
produtividade, desde o pasto até a ordenha.
Dessa forma, é necessário investir na atividade
para garantir a qualidade da matéria-prima,
com a utilização de utensílios higiênicos e
adequados para manter a sanidade do
produto e controlar a quantidade de bactérias
presentes no leite, respeitando a instrução
normativa nº 62, do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, define critérios para
garantir a qualidade do leite. Além disso,
devem ser preservadas as condições mamárias
das vacas, para que sejam evitadas a mastite e
outras doenças, assim como mantidos os
cuidados com os cascos dos animais.
Nas etapas seguintes, podem ser identificados
dois pontos críticos, o resfriamento do leite e a
pasteurização. No resfriamento, os riscos
podem ser biológicos e/ou químicos, uma vez
que a matéria-prima pode estar fora dos
padrões ou adulterada. A adulteração é
considerada fraude e além de punir o
fabricante, pode prejudicar a confiança do
consumidor no produto. Em relação à
pasteurização, apresenta perigos biológicos,
com possível elevada taxa de sobrevivência de
micorganismos no leite. Para estes, a realização
de análises laboratoriais evitam problemas
maiores na comercialização dos derivados.
Os dados da análise mensal de custos de
produção realizada pelo Cepea em parceria
com a CNA demonstram a importância da
aplicação da ferramenta APPCC para reduzir
possíveis gastos. Em Minas Gerais, por
exemplo, os concentrados, representam 44%
dos Custos Operacionais Efetivos (COE),
contemplando a nutrição do animal, enquanto
o material de ordenha, com 2% dos custos, tem
influência sobre a sanidade. Apesar destes
insumos apresentarem ponderações distintas,
têm grande importância sobre a produtividade
e rentabilidade da propriedade. Dessa forma,
identificar e sanar seus pontos críticos podem
evitar aumento nos gastos e gerar maior retorno
para o negócio.
Fonte
: Cepea/C
NA
*C
usto
Opera
cional E
fetivo
As cotações do milho seguiram em alta na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea, sustentadas pela valorização do dólar frente ao Real. O plantio da segunda safra do cereal avançou para o final, mas as negociações seguiram pontuais, com produtores mais atentos à comercialização da soja. Ao serem comparados os preços no Brasil com os internacionais, verificou-se um importante salto na competitividade do cereal brasileiro, reforçando as perspectivas de aumento nas exportações e, consequentemente, de alívio dos estoques finais da temporada e da pressão sobre os valores domésticos.
Os embarques de milho só devem começar a ocorrer em maior escala a partir do segundo semestre de 2015, quando as exportações de soja tendem a perder força. Até março, as vendas seguiam lentas. Conforme dados da Secex, em março, foram
exportadas 675,4 mil toneladas de milho, volume 38,9% inferior ao de fevereiro, mas ainda 16,6% superior ao de março/14, de 579,11 mil toneladas.
O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), se valorizou 1,5% no mês, fechando a R$ 29,38/saca de 60 kg no dia 31. Se considerados os negócios também em Campinas, mas cujos prazos de pagamento são descontados pela taxa de desconto NPR, o preço médio à vista foi de R$ 28,80/sc, com aumento de 1,2% no mesmo período.
Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, houve uma expressiva elevação de 4% no mercado de balcão (ao produtor) e de 2% no de lotes (negociação entre empresas).
MILHO: Sustentados pelo câmbio, preços sobem em março
FARELO DE SOJA: Exportação de farelo de soja é recorde para o mês
O farelo de soja esteve bastante disputado tanto no mercado doméstico quanto no internacional em março. Além disso, a fim de amenizar as limitações logísticas quanto ao escoamento do grão nos portos, algumas tradings que também possuem indústrias intensi ficaram o processamento da soja e aproveitaram o bom momento na comercialização de farelo.
Dessa forma, o Brasil exportou 1,33 milhão toneladas de farelo de soja em março – o maior volume já embarcado no mês, ficando expressivamente acima
das 685 mil toneladas embarcadas em abril e das 727 mil toneladas exportadas em março de 2014, segundo dados da Secex.
A forte valorização do dólar frente ao Real foi o grande fator de sustentação dos preços. Na média de março, a moeda norte-americana chegou a R$ 3,14, o maior valor desde março 2003. Com isso, na média das regiões brasileiras pesquisadas pelo Cepea, o farelo de soja teve elevação de 3,1% entre 27 de fevereiro e 31 de março.
Por Ana Amélia Zinsly Trevizam e Débora Kelen Pereira da Silva