Page 1
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola Politécnica
Departamento de Engenharia Industrial
Engenharia de Produção
APLICAÇÃO DA ENGENHARIA DE PROCESSOS DE
NEGÓCIO NA ÁREA OPERACIONAL DE UMA
EMPRESA DE MATERIAIS COMPÓSITOS
Rafael de Almeida Costa Rego
Projeto de Graduação apresentado ao
Curso de Engenharia de Produção da
Escola Politécnica, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.
Orientador: Renato Flórido Cameira
Rio de Janeiro
Dezembro de 2017
Page 2
APLICAÇÃO DA ENGENHARIA DE PROCESSOS DE
NEGÓCIO NA ÁREA OPERACIONAL DE UMA
EMPRESA DE MATERIAIS COMPÓSITOS
Rafael de Almeida Costa Rego
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO
CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.
Examinado por:
________________________________________
Prof. Renato Flórido Cameira, D.Sc.
________________________________________
Profª. Maria Alice Ferruccio da Rocha, D. Sc.
________________________________________
Prof. Vinícius Carvalho Cardoso, D.Sc.
Rio de Janeiro
Page 3
iii
Dezembro de 2017
Rego, Rafael de Almeida Costa
Aplicação da Engenharia de Processos de Negócio
na área operacional de uma empresa de materiais
compósitos / Rafael de Almeida Costa Rego – Rio de
Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2017.
XI, 100 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Renato Flórido Cameira
Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Curso de
Engenharia de Produção, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 98-100
1. Engenharia de Processos de Negócio. 2.
Materiais Compósitos. 3. Planejamento e Controle da
Produção. 4. Fibra de Vidro.
I. Cameira, Renato Flórido II. Universidade Federal
do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia de
Produção. III. Titulo.
Page 4
iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço à minha família, em especial aos meus pais,
Ignácio e Claudia, e minha irmã, Juliana, por todo o apoio e todos os conselhos
dados durante todos esses anos. Sem eles não seria possível chegar aonde
cheguei.
Aos grandes amigos que me acompanharam durante essa trajetória,
Bernardo, Daniel, Fernanda, Henrique, Isabela, Miguel, Sthefanny e Zé entre
outros. Alguns presentes por mais tempo do que outros, mas que tiveram a sua
importância.
Aos meus colegas de curso por terem tornado esses anos de faculdade
inesquecíveis e por todas a ajuda nos momentos mais difíceis.
À todos na empresa estudada neste trabalho pela confiança, boa
vontade, paciência e por todos os ensinamentos.
Aos meus professores e aos funcionários da UFRJ, cujo trabalho
permitiu que eu estudasse e cresce pessoalmente e profissionalmente.
Finalmente, agradeço principalmente ao meu orientador, Renato
Cameira, que esteve presente durante boa parte dos meus anos de UFRJ e
que se dispôs a ajudar não só durante a execução deste trabalho, como em
todos os outros momentos necessários.
Page 5
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.
Aplicação da Engenharia de Processos de Negócio na área operacional de uma
empresa de materiais compósitos
Rafael de Almeida Costa Rego
Dezembro de 2017
Orientador: Renato Flórido Cameira
Curso: Engenharia de Produção
Este trabalho tem como objetivo fazer o mapeamento e a avaliação dos processos de
negócio da área operacional de uma empresa do setor de Materiais Compósitos
através das metodologias Business Process Model and Notation (BPMN) e
Metodologia de Identificação, Análise e Solução de Problemas (MIASP), gerando, ao
final deste processo, um Plano de Ação para a implementação de melhorias.
Além disso, também será feita uma revisão bibliográfica sobre as duas metodologias
usadas ao longo do trabalho para entender melhor suas aplicações na atualidade
Palavras-chave: Engenharia de Processos de Negócio, Materiais Compósitos.,
Planejamento e Controle da Produção, Fibra de Vidro
Page 6
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Industrial Engineer.
Application of Business Process Engineering in the Operational Area of a
Composite Material Company
Rafael de Almeida Costa Rego
December 2017
Advisor: Renato Flórido Cameira
Course: Industrial Engineering
This project has the objective to do the mapping e evaluation of the business
processes in the operational area of an industry of composite material using the
Business Process Model and Notation (BPMN) and QC-Story methodologies. In the
end of this process an Action Plan will be presented to implement the findings in this
paper.
Besides this, there will be done and Bibliographic Review of this two methodologies to
have a better understanding of its application in today’s world.
Keywords: Business Process Engineering, Composite Materials, Planning and Control
of the Production, Fiber Glass
Page 7
vii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
1.1. MOTIVAÇÃO E OBJETIVOS ......................................................................... 1
1.2. METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................... 2
1.3. LIMITAÇÕES ................................................................................................. 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 4
2.1. ENGENHARIA DE PROCESSOS DE NEGÓCIO .......................................... 4
2.1.1. Tipos de Processos ................................................................................. 5
2.1.2. Estrutura .................................................................................................. 5
2.1.3. Abordagem de Modelagem de Processos ............................................... 7
2.1.4. Estratégia de Modelagem ........................................................................ 7
2.2. BUSINESS PROCESS MODEL AND NOTATION (BPMN) ........................... 8
2.2.1. Elementos Gráficos ............................................................................... 11
2.3. MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
(MIASP) ................................................................................................................. 13
2.3.1. Diagrama de Árvore de Falhas .............................................................. 15
2.3.2. Diagrama de Pareto ............................................................................... 16
2.3.3. 5W2H ..................................................................................................... 17
2.3.4. Diagrama de Ishikawa (Causa-e-Efeito ou Espinha de Peixa) .............. 18
3. A EMPRESA X ................................................................................................... 20
3.1. SETOR OPERACIONAL .............................................................................. 20
3.1.1. Divisão de Escadas ............................................................................... 22
3.1.2. Divisão de Produtos ............................................................................... 22
3.1.3. Áreas funcionais dentro do setor Operacional ....................................... 22
3.2. A FÁBRICA .................................................................................................. 24
3.2.1. Pultrusão ............................................................................................... 24
3.2.2. Controles utilizados na Pultrusão .......................................................... 27
3.2.2.1. Sistema de Apontamento ................................................................ 27
3.2.2.2. MPPs – Monitoramento de Processo de Pultrusão ......................... 28
3.2.2.3. Sistema de Registro de Bateladas .................................................. 30
3.3. MONTAGEM ESPECIAL .............................................................................. 31
3.3.1. Setores Auxiliares à Montagem Especial .............................................. 31
3.3.2. Controles Implementados na Montagem ............................................... 32
Page 8
viii
4. MODELAGEM E ANÁLISE DOS PROCESSOS ESTUDADOS ......................... 33
4.1. CADEIA DE VALOR AGREGADO (VAC) .................................................... 33
4.2. MACROPROCESSO DE PROCESSAMENTO DE PEDIDOS ..................... 35
4.3. EMISSÃO DE ORDENS DE PRODUÇÃO ................................................... 37
4.3.1. Emissão de Ordem de Produção do Setor de Produtos ........................ 37
4.3.1.1. Comentários sobre o processo ....................................................... 40
4.3.2. Emissão de Ordens de Produção de Grades ........................................ 42
4.3.2.1. Comentários sobre o processo ....................................................... 43
4.3.3. Emissão de Relatório de Pedidos de Escadas em Aberto ..................... 44
4.3.3.1. Comentários sobre o processo ....................................................... 46
4.4. PROGRAMAÇÃO DA PULTRUSÃO ............................................................ 46
4.4.1. Comentários sobre o processo .............................................................. 47
4.5. MISTURA DE RESINAS .............................................................................. 48
4.5.1. Comentários sobre o processo .............................................................. 51
4.6. PULTRUSÃO DE PERFIS ........................................................................... 52
4.6.1. Comentários sobre o processo .............................................................. 54
4.7. MONTAGEM ESPECIAL .............................................................................. 55
4.7.1. Comentários sobre o processo .............................................................. 56
4.8. MONTAGEM DE ESCADAS ........................................................................ 57
4.8.1. Comentários sobre a Montagem de Escadas ........................................ 57
4.9. PRODUÇÃO DE GRADES INJETADAS ...................................................... 58
4.9.1. Comentários sobre o processo .............................................................. 59
4.10. LIBERAÇÃO DE PEDIDOS DE PRODUTOS .............................................. 61
4.10.1. Comentários sobre o processo .............................................................. 63
4.11. LIBERAÇÃO DE PEDIDOS DE ESCADAS .................................................. 63
4.11.1. Comentários sobre o processo .............................................................. 64
4.12. CONTROLE DE MATÉRIA-PRIMA .............................................................. 66
4.12.1. Comentários sobre o processo .............................................................. 68
4.13. SÍNTESE DOS COMENTÁRIOS ................................................................. 68
4.13.1. Síntese dos Comentários para a Linha de Produtos ............................. 69
4.13.2. Síntese dos Comentários para a Linha de Escadas .............................. 70
4.14. DEFINIÇÃO DO TEMA ESTUDADO ............................................................ 71
5. ANÁLISE E SOLUÇÃO DO PROBLEMA ............................................................ 72
5.1. ANÁLISE DAS CAUSAS .............................................................................. 72
Page 9
ix
5.1.1. Perspectiva de Planejamento de Operações ......................................... 72
5.1.2. Perspectiva de Planejamento do Suprimento de Matéria-Prima ........... 75
5.2. RELAÇÃO DE POSSÍVEIS PROJETOS DE MELHORIA ............................ 78
5.2.1. Perspectiva de Planejamento de Operações ......................................... 79
5.2.2. Perspectiva de Planejamento do Suprimento de Matéria-Prima ........... 80
5.3. ANÁLISE DE FIT DOS PROJETOS ............................................................. 82
5.4. PLANO DE AÇÃO ........................................................................................ 92
6. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 95
6.1. PRÓXIMOS PASSOS .................................................................................. 95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 98
Page 10
x
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Exemplo que descreve a estrutura de um processo..................................6
Figura 2 - Exemplo de modelagem de processo privado...........................................9
Figura 3 - Exemplo de modelagem de processo público...........................................9
Figura 4 - Exemplo de modelagem de Coreografia..................................................10
Figura 5 - Exemplo de modelagem de Colaboração.................................................10
Figura 6 - À esquerda conector de Conjunção e à direita de Disjunção...................16
Figura 7 - Exemplo de Diagrama de Árvore de Falhas.............................................16
Figura 8 - Exemplo de Diagrama de Pareto..............................................................17
Figura 9 - Diagrama de Ishikawa...............................................................................19
Figura 10 - Organograma da Empresa X..................................................................21
Figura 11 - Ilustração do processo de Pultrusão.......................................................25
Figura 12 - Cadeia de Valor Agregado......................................................................34
Figura 13 - Fluxograma do Macroprocesso...............................................................36
Figura 14 - Processo de Emissão de Ordens de Produção de Produtos..................38
Figura 15 - Processo de Emissão de Ordens de Produção de Grades.....................43
Figura 16 - Processo de Emissão de Relatório de Pedidos de Escada Em Aberto..45
Figura 17 - Processo de Sequenciamento e Emissão de Ordens de Pultrusão........47
Figura 18 - Processo de Produção de Mistura..........................................................50
Figura 19 - Processo de Produção – Pultrusão.........................................................53
Figura 20 - Processo de Montagem Especial............................................................56
Figura 21 - Processo de Produção de Grande Injetada.............................................60
Figura 22 - Processo de Liberação de Pedidos de Produtos....................................62
Figura 23 - Processo de Liberação de Pedidos de Escadas.....................................65
Figura 24 - Processo de Compra de Matéria-Prima...................................................67
Figura 25 - Diagrama de Árvore de Falhas................................................................73
Figura 26 – Gráfico Custo X Tempo X Complexidade dos Projetos..........................89
Figura 26 - Cronograma de Plano de Ação................................................................94
Page 11
xi
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Elementos da BPMN e sua representações gráficas................................12
Tabela 2 - Quadro resumido da Análise de Fit...........................................................91
Page 12
1
1. INTRODUÇÃO
Para introduzirmos o trabalho falaremos sobre a metodologia utilizada e
suas limitações. No segundo capítulo será feita uma pequena revisão bibliográfica
sobre as metodologias e ferramentas utilizadas. O terceiro capítulo trará uma
descrição da empresa abrangendo seu organograma, descrição de setores, de sua
estrutura física, dos produtos fabricados, do processo produtivo e explicação sobre
algumas das ferramentas chave utilizadas pela empresa. O quarto capítulo se
dedicará às modelagens e comentários dos processos que serão estudados ao
longo do trabalho. No quinto capítulo analisaremos o problema selecionado no
capítulo quatro e proporemos soluções, chegando à um plano de ação. No sexto, e
último, capítulo, será feita uma conclusão, acompanhada de uma proposta de
próximos passos à serem seguidos.
1.1. MOTIVAÇÃO E OBJETIVOS
O mercado de materiais compósitos tem tido grande expansão nas últimas
décadas no Brasil e no mundo, sendo considerado extremamente promissor,
desafiador e com grandes oportunidades devido a pouca consolidação do mercado,
à grande desconfiança dos potenciais clientes e ao pouco conhecimento técnico que
ainda existe dentro das empresas.
Nesse contexto, ter uma empresa que possui processos de negócios
estruturados, eficientes e capazes de gerar conhecimento sobre o material fabricado
pode ser um diferencial competitivo essencial para levar a empresa à liderança por
conta do pequeno desenvolvimento de boa parte dos seus concorrentes.
Tendo esse entendimento, o trabalho a seguir tem como objetivo estudar os
processos da área operacional da empresa X, uma das maiores fabricantes
brasileiras de fibra de vidro que usa o processo de Pultrusão, a fim de gerar
diagnósticos e redesenho de processos que solucionem, ou pelo menos mitiguem
alguns dos problemas enfrentados por eles hoje. Além disso, o autor trabalho na
trabalhou durante alguns anos em vários setores da empresa, o que faz com que ele
Page 13
2
esteja familiarizado com os assuntos tratados.
1.2. METODOLOGIA DE PESQUISA
O trabalho foi dividido em duas partes principais. Em um primeiro momento
foi feita uma revisão bibliográfica em periódicos e revistas científicas para a
formação de uma base teórica sobre a Engenharia de Processos de Negócio, BPMN
(Business Process Modeling Notation) e MIASP (Método de Identificação e Análise
de Problemas), que serão conceitos muito utilizados durante o trabalho.
Na segunda parte do trabalho será feito uma pesquisa qualitativa
exploratória do tipo estudo de caso onde as metodologias estudadas (CESAR, 2005)
acima serão aplicadas nos processos da área operacional de uma empresa
fabricante de fibra de vidro serão estudados. Esse estudo de caso será dividido em 4
etapas:
Caracterização da empresa e de sua área operacional
Modelagem dos processos atuais
Identificação e Análise de Problemas e Pontos de Melhoria
Proposta de Plano de Ação
Essas etapas serão elaboradas a partir de entrevistas com funcionários das
empresas e com os responsáveis tanto pela elaboração quanto pela execução dos
processos. Além disso, o autor do trabalho, por trabalhar na empresa estudada,
também acrescentará muitos conhecimentos adquiridos por ele ao longo do seu
período na empresa.
1.3. LIMITAÇÕES
O estudo de caso realizado será restrito aos processos essenciais de rotina
de processamento, planejamento e execução dos pedidos da empresa estudada
dentro da área operacional. Processos considerados de apoio não serão
considerados na análise, com exceção do processo de Compra de Materiais que
também será analisado por ser essencial ao bom funcionamento da empresa e por
seu planejamento ter sido reportado pelos gestores como uma das áreas mais
Page 14
3
problemáticas da operação. Os motivos que a tornam tão relevante serão
detalhados posteriormente.
Durante o desenvolvimento deste trabalho o autor deste trabalho, que
trabalhava na empresa, a deixou. Isso fez com que o alcance pleno dos resultados
finais e que alguns aspectos finais da análise não tenham sido validados
adequadamente.
Page 15
4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo será feita uma revisão sobre os principais conceitos que
suportam o trabalho. Além disso, serão explicadas as ferramentas que serão usadas
no estudo de caso.
2.1. ENGENHARIA DE PROCESSOS DE NEGÓCIO
O que é uma organização? Ela pode ser definida como a associação de
indivíduos que combinam seus esforços individuais para que, com a junção das
várias atividades realizadas, se chegue a um determinado objetivo pré-determinado.
Ao longo da história a humanidade produziu um número incontável de
organizações com os mais diversos objetivos e as organizou de muitas formas a fim
de se chegar a um arranjo que maximize o resultado obtido utilizando o menor
esforço possível. Com o passar do tempo, e o consequente aumento de
complexidade dos arranjos organizacionais criados, percebeu-se que a
especialização do trabalho poderia trazer diversos benefícios ao sistema e que
ações locais de melhoria poderiam aumentar a produtividade local de um
determinado sistema. Isso era feito com a ideia de que diversas melhorias locais na
organização poderiam produzir melhorias a nível global.
Essa ideia era amplamente aceita, pois, como as organizações da época
ainda eram pouco complexas, melhorias locais tinham grande chance de resultarem
em melhorias globais. Mas, com o passar do tempo, percebeu-se que esse
pensamento era extremamente equivocado, pois induzia os indivíduos envolvidos a
enxergarem sua tarefa como algo que possuía início e fim nele mesmo, sem a
consciência de que existiam outras atividades precedentes e posteriores às suas.
Essa necessidade de desenvolvimento de outro método para estudar como as
organizações funcionavam levaram ao surgimento do conceito de Processos que
pode ser definido como um conjunto de atividades ordenadas de maneira específica
no espaço e no tempo, com um início, um fim e um conjunto definido de inputs e
outputs (DAVENPORT, 1993). A grande vantagem da utilização desta metodologia,
Page 16
5
chamada de Visão Por Processo, é que ela força a visualização da tarefa como um
todo, colocando sempre o desempenho global, que é aquilo que deve ser melhorado
em última instância, como objeto de análise.
É claro que essa característica, que possibilita com que vários setores da
empresa sejam afetados, trás a necessidade de se estudar outros aspectos que
antes não eram considerados pelas organizações durante os estudos dos seus
processos. Alguns dos pontos que precisam ser avaliados são: Estratégia de
Produção, Benchmarking, Avaliação de Performance, Regras de Negócio,
Tecnologia da Informação, etc. O entendimento de como os processos afetam cada
uma dessas funções da organização são essenciais para que o objetivo global seja
definido com maior clareza possibilitando que as escolhas certas sejam tomadas.
A seguir serão explicados quatro conceitos que ajudam a caracterizar tanto
os processos como a forma de modelagem utilizada. São eles o tipo do processo, a
sua estrutura, a abordagem de modelagem e a estratégia de modelagem.
2.1.1. Tipos de Processos
Essa definição é importante, pois caracterizam a importância e o foco do
processo dentro da empresa. Segundo GARVIN (1998) existem basicamente três
tipos de processos:
Processos Essenciais – São aqueles que servem diretamente o
consumidor e efetivamente agregam valor ao produto
Processos de Suporte ou Apoio – Dão suporte aos processos
essenciais, não possuem contato com consumidores e não agregam
valor ao produto
Processos de Gerenciamento – São aqueles que controlam,
monitoram e mensuram as atividades da organização buscando
eficiência e eficácia. Planejam os processos essenciais e de suporte.
2.1.2. Estrutura
Page 17
6
É como os processos se organizam em níveis hierárquicos que descrevem a
quão detalhada ou abstrata é a representação do processo. Segundo
HARRINGTON ET AL. (1997) eles podem ser divididos em:
Macroprocessos – São aqueles que possuem descrição à nível global
da organização, que aportam maior valor à empresa. São compostos
de subprocessos.
Subprocessos – Aportam resultados parciais e são realizados por um
departamento ou grupo da organização. São compostos por
atividades.
Atividades – São as ações que são realizadas por, no máximo, duas
pessoas.
Tarefas – Nível mais baixo de ação, aquela realizada pelo indivíduo.
Abaixo temos uma ilustração que representa a relação entre essas
diferentes estruturas de processo.
Figura 1 - Exemplo que descreve a estrutura de um processo
Fonte: Elaboração Própria
Page 18
7
2.1.3. Abordagem de Modelagem de Processos
Diferentes formas de se abordar a modelagem de processo são necessárias,
pois existem várias formas diferentes, e corretas, de se representar uma mesma
realidade. Para isso, segundo KUENG ET AL. (1996), temos quatro tipos.
Orientada a Atividades: foca o estudo nas atividades exercidas. O
fluxo de informação, as unidades organizacionais envolvidas e dos
dados gerados são ignorados ou entendidos no contexto da descrição
das atividades. São muito utilizadas para descrição de processos em
alto nível. Em modelagens de baixo nível são bastante usadas para
simulações.
Orientada a Objetos: descrevem a estrutura e os métodos utilizados
São usados para o design e a implementação de sistemas. Utilizam
métodos com encapsulação, herança e especialização.
Orientada a Funções: objetivo é dar destaque às funções exercidas
por um indivíduo, equipe ou unidade.
Orientada a Speech-Act: papel central é a comunicação e a
linguagem exercida pelos diferentes agentes.
2.1.4. Estratégia de Modelagem
Estudar um processo de negócio em organizações muito grandes pode ser,
muitas vezes, uma tarefa bastante complexa. Devido ao grande número de agentes
e de processos de negócios que se cruzam e interferem com os mais diferentes
motivos e importância é preciso saber como abordá-los a fim de dar uma direção
mais especifica ao trabalho.
Temos abaixo algumas das diferentes estratégias para fazê-lo.
Top-Down – Começa com o detalhamento do macroprocesso e, a
partir dele (top), desce para o nível de maior detalhamento em tarefas
(down).
Bottom-Up – Começa com o detalhamento das tarefas em processos
Page 19
8
isolados (bottom) e depois sobe para os macroprocessos (up).
Inside-Out – Começa com o detalhamento de processos chaves
(inside) e então passa-se aos processos que estão ao redor deles até
se chegar ao macroprocesso.
Middle-Up-Down – Começa o detalhamento dos processos de nível
hierárquico intermediário, como subprocessos, passando após eles
aos níveis superiores (macroprocessos) e só então passa-se a fazer o
detalhamento de níveis hierárquicos inferiores (tarefas).
2.2. BUSINESS PROCESS MODEL AND NOTATION (BPMN)
É claro que o aumento de complexidade e de escopo desses estudos trás
dificuldades para a análise visto que os conhecimentos relacionados aos processos
geralmente não ficam explícitos nas organizações e dessa forma a análise se torna
pouco didática e complexa. Nesse cenário, o desenvolvimento de uma metodologia
de modelagem de processos se tornou necessária justamente para fornecer um
melhor entendimento do funcionamento das organizações, simplificando o seu
estudo e facilitando o controle e gestão destes. Além da capacidade de se
representar graficamente os processos, as ferramentas avançaram para a execução
de processos, criando aplicações. Não havia um jeito simples de se traduzir uma
linguagem gráfica para uma codificada. É verdade que em aplicações mais
complexas essa tarefa se torna não trivial e ajustes se tornam necessários, mas o
uso de padrões minimiza o tempo de desenvolvimento e implementação das
aplicações (GEIGER ET AL., 2017).
À essa metodologia criada deu-se o nome de Business Process Model and
Notation, mais conhecida pela sigla BPMN. Ela basicamente consiste de uma série
de ícones padrão usados para representar graficamente cada uma das etapas do
processo através de diagramas (Business Process Diagram; BPD), facilitando o
entendimento do usuário e fornecendo suporte lógico para uma linguagem chamada
WSBPEL (Business Process Execution Language for Web Services) que é usada
para execução de sistemas de Business Process Management (BPM). A BPMN foi
desenvolvida pela Business Process Management Initiative (BPMI), atualmente é
mantida pela Object Management Group (OMG) e está em sua versão 2.0.
Page 20
9
Segundo a OMG existem três tipos básicos de submodelos que podem
existir dentro de um modelo de processos em BPMN. São eles:
Processos (ou Orquestrações) – podem ser privados (quando estão
dentro de uma organização) e públicos (representam as interações
entre um determinado processo com outro processo ou participante).
Figura 2 - Exemplo de modelagem de processo privado
Fonte: https://www.devmedia.com.br/introducao-ao-business-process-modeling-
notation-bpmn/29892 (Acessado em 20/11/2017)
Figura 3 - Exemplo de modelagem de processo público
Fonte: Business Process Model and Notation (BPMN), v2.0.2, OMG (2013)
Coreografias – representam o comportamento esperado de um
Page 21
10
determinado participante
Figura 4 - Exemplo de modelagem de Coreografia
Fonte: http://blog.iprocess.com.br/2013/08/bpmn-2-0-novos-diagramas-e-elementos-
introducao-a-coreografia/ (Acessado em 22/11/2017)
Colaborações – representam um processo que contém Orquestrações
e Coreografias.
Figura 5 - Exemplo de modelagem de Colaboração
Fonte: Business Process Model and Notation (BPMN), v2.0.2, OMG (2013)
É importante notar que na representação de processos participantes
diferentes ocupam “Pools” diferentes. Ou seja, na Figura 5 temos um retângulo
Page 22
11
representando o participante “Patient” e outro representando o “Receptionist/Doctor”.
Essa diferenciação é importante para entendermos melhor quem é o agente em
cada um dos casos.
2.2.1. Elementos Gráficos
Como vimos nos exemplos acima, a notação BPMN está baseada em
elementos gráficos para representar cada uma das tarefas dentro dos processos
representados. Para isso a OMG (2013) estabelece um número bastante reduzido
de elementos gráficos que podem ser usados para modelá-los. Apesar desse
número ser bastante reduzido, podemos adaptá-los para representar desde
processos muito simples àqueles extremamente complexos.
Existem basicamente quatro categorias de elementos básicos usados na
modelagem em BPMN:
Objetos de Fluxo:
o Eventos
o Atividades
o Passagens (Gateways)
Objetos de conexão:
o Fluxo de Sequência
o Fluxo de Mensagem
o Associação
Raias (Swimlanes):
o Piscinas (Pools)
o Raias (Lanes)
Artefatos:
o Objetos de Dados
o Grupos
o Anotações de texto
Abaixo temos uma tabela que mostra a representação gráfica de cada um desses
Page 23
12
elementos da maneira que são usados nesse trabalho.
Elemento Descrição Notação Gráfica
Objetos de Fluxo
Eventos
Definem acontecimentos dentro do processo. Existem três tipos: Início, Intermediário e Fim. Eventos de Início e Fim indicam onde o processo começa e onde ele termina. Eventos Intermediários afetam o fluxo do processo, mas não podem iniciá-lo ou terminá-lo.
Atividades
É toda atividade que está dentro de um determinado processo e não pode ser subdividida em outras "subatividades"
Subprocesso Representa uma atividade composta que está detalhada em outro diagrama
Passagens (Gateways)
É usada para controlar a convergência e divergência de um fluxo múltiplo, gerando assim ramificações ou fusões.
Objetos de Conexão
Fluxo de Sequência
Usada para representar a ordem com que as atividades ocorrerão
Fluxo de Mensagem
Usada para representar o fluxo de mensagens entre dois ou mais participantes.
Associação Usada para ligar informações e artefatos com outros elementos gráficos do modelo.
Raias (Swimlanes)
Piscinas (Pools)
É a representação de um participante do processo em uma Colaboração.
Page 24
13
Elemento Descrição Notação Gráfica
Raias (Lanes)
É uma divisão vertical ou horizontal ao longo de todo o pool. Tem a função de categorizar as atividades dentro dele.
Artefatos
Objetos de Dados
Fornece informação sobre a atividade que precise ser executada e o que ela produz. Pode representar um único objetvo ou uma coleção deles
Grupos
São uma forma de categorizar graficamente os elementos representados. Não afetam o fluxo do processo
Anotações de Texto
Forma de o modelador oferecer maiores informações sobre determinadas partes do processo
Tabela 1 - Elementos da BPMN e sua representações gráficas
Fonte: Elaboração própria
2.3. MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
(MIASP)
Apesar de o problema de modelagem de processos ser complexo, ela não
trás muitos avanços sem uma metodologia que possibilite que os analistas
responsáveis por estes modelos consigam chegar a diagnósticos e soluções para os
processos estudados. Sem ferramentas que facilitem essa tarefa as ações das
organizações acabam sendo focadas na solução dos problemas pontuais
encontrados. Quando analisamos como as empresas mais eficientes do mundo
funcionam percebemos que elas investem mais o seu tempo e capital na
identificação e entendimento dos problemas encontrados (WOMACK ET AL,. 1990).
Se essa tarefa não for realizada de maneira satisfatória provavelmente a situação
voltara a acontecer cedo ou tarde, forçando a organização passar por todo o
processo de correção novamente, desperdiçando recursos e tempo valiosos que
poderiam ser aplicados de maneira mais inteligente em uma área que efetivamente
Page 25
14
esteja agregando valor à empresa e aos seus produtos.
Logo, tarefa tão importante quanto solucionar o problema é garantir que ele
não voltará a ocorrer. Nessa concepção está incluída o Controle Total da Qualidade
(traduzido do inglês Total Quality Control – TQC), que tem no método MIASP uma
abordagem sistêmica para a identificação, análise e solução de problemas. Ele
segue a lógica PDCA (Plan, Do, Check, Act), que é um dos métodos de trabalho
mais utilizados para gestão de processos e é conhecido por promover a “melhoria
contínua”.
Esse método propõe que a solução de problemas deve passar
necessariamente por quatro fases distintas de planejamento, execução, verificação e
de ação. A partir dessas fases é esperado que o objeto de estudo não só evolua e
atinja um novo patamar de performance e de qualidade como também na eliminação
de desvios durante a sua execução.
O MIASP é composto basicamente por quatorze etapas, como descrito por
JUSE (1991) que estão listadas a seguir:
1. Identificar os problemas, organizá-los e analisá-los de forma
preliminar separando-os por categorias e gravidade.
2. Selecionar o problema a ser abordado de acordo com a categorização
feita anteriormente. Usar critérios como custo/benefício e urgência
para fazê-lo.
3. Organizar um grupo de trabalho para estudar o problema.
4. Elaborar Plano de Ação com cronogramas de atividades, divisão de
responsabilidades, orçamento etc.
5. Entender circunstâncias atuais de funcionamento do sistema através
de coletas e análises de dados.
6. Estabelecer metas de melhoria.
7. Analisar as causas do problema selecionado a partir de relações de
causa e efeito.
8. Pesquisar melhorias que ataquem a causa do problema.
9. Executar o Plano de melhoria
10. Verificar os resultados comparando os dados anteriores à
implementação das melhorias com os posteriores.
11. Padronizar as melhorias implementadas a fim de que elas sejam
Page 26
15
mantidas nos patamares desejados.
12. Estabelecer controle total a partir da padronização e da manutenção
da estabilidade do sistema por um longo período de tempo.
13. Revisar as atividades realizadas e os resultados obtidos.
14. Selecionar novos tópicos para serem avaliados no futuro.
Cada uma das fases acima é relativa à uma determinada etapa do ciclo
PDCA. As etapas 1 a 8 são da etapa de planejamento, a 9 é da etapa de execução,
a 10 e a 13 são etapas de verificação e as 11, 12 e 14 são etapas de ação. É
importante notar que o ciclo total possui duas etapas de verificação e de ação.
Um ponto interessante, relativo ao uso do MIASP, é que existem diversas
técnicas usadas em todas as fases do ciclo PDCA, porém, ao contrário de outras
metodologias, não existem regras relativas a quando usar qual delas. É dada
liberdade para o analista/grupo de trabalho de usarem as ferramentas que acham
necessárias no momento em que acharem que elas são mais convenientes, caso a
caso. A seguir será feita uma caracterização de alguma delas.
2.3.1. Diagrama de Árvore de Falhas
É usada para ajudar na visualização da estrutura de um determinado
problema aumentando a cada novo nível o grau de detalhamento deste. É formado
através da escolha de um único problema de modo claro. A partir daí são feitas
sucessivas deduções de relações de causas prováveis para os problemas
encontrados até que seja encontrada a sua causa-raiz, ou seja, o motivo elementar
que causa esse problema. Causas-raiz são representadas por círculos, já outros
sintomas, que possuem outros fatos causadores associados, são representados por
retângulos.
Quando é preciso caracterizar a relação entre as diferentes causas de um
problema específico podem ser usados diferentes conectores que identificam o
operador lógico relacionado. Os principais utilizados são os de Conjunção (todas as
causas ocorrem juntas) e de Disjunção (pelo menos uma das causas ocorre). Isso
faz com que ela exige um conhecimento bastante íntimo do sistema que está sendo
utilizado.
Page 27
16
Figura 6 - À esquerda conector de Conjunção e à direita de Disjunção
Fonte: Elaboração Própria
Figura 7 - Exemplo de Diagrama de Árvore de Falhas
Fonte: http://www.fm2s.com.br/diagrama-de-arvore/ (Acessado em 21/11/2017)
2.3.2. Diagrama de Pareto
Segundo OLIVEIRA (2005), advêm da noção de que a maior parte dos
problemas é causado por um grupo restrito de causas. Para representar esse
entendimento é feito um gráfico de colunas que representa a frequência de
ocorrência de diferentes tipos de defeitos em um determinado processo a partir de
dados qualitativos. Ele é ordenado de maneira decrescente, possibilitando uma
visualização fácil dos problemas ou das causas mais importantes em um
determinado processo e uma alocação de recursos mais inteligente e focada na
correção dos tipos de defeitos mais frequentes.
Page 28
17
Figura 8 - Exemplo de Diagrama de Pareto
Fonte: http://www.portalaction.com.br/estatistica-basica/15-diagrama-de-pareto
(Acessado em 21/11/2017)
2.3.3. 5W2H
É uma ferramenta desenvolvida para aumentar a objetividade, agilidade e a
efetividade das ações tomadas. Segundo LISBOA (2012), ela é caracterizada pela
utilização de 7 perguntas que tem como objetivo esclarecer aos envolvidos todos os
aspectos relativos àquela atividade. São elas:
What? – Esclarece o que deve ser feito, quais as etapas necessárias.
Why? – Justificativa da tarefa.
When? – Quando ela deve ser executada?
Where? – Onde ela deve ser executada?
Who? – Por quem ela deve ser executada?
How? – Como ela será feita?
How much? – Quanto ela custará?
Page 29
18
2.3.4. Diagrama de Ishikawa (Causa-e-Efeito ou Espinha de Peixa)
O Diagrama de Ishikawa é, segundo OLIVEIRA (2005), um instrumento
utilizado para definição das causas possíveis para a ocorrência de um determinado
problema em um processo. Ele se baseia na premissa de que todas elas podem ser
classificadas em seis tipos diferentes de causas, todas começando com a letra “M”.
São elas:
Mão de Obra - engloba desde a falta de qualificação e
relacionamentos interpessoais à pressa na realização das tarefas.
Medida - é relacionada à efetividade dos instrumentos de medida
utilizados, sua calibração, os indicadores utilizados, frequência de
acompanhamento, etc.
Máquina – relativo aos instrumentos utilizados para a execução do
trabalho e se são adequados, ou não.
Materiais – tudo que envolve os materiais utilizados para a realização
do trabalho.
Meio Ambiente – relativo à toda causa de problema que envolve o
ambiente de trabalho (layout, ergonomia, dimensionamento do
espaço de trabalho etc.) e o meio ambiente (poluição, condições
climáticas, etc.).
Método – envolve o método de trabalho utilizado.
Com o levantamento delas, que geralmente é feio através de brainstorming,
é criado o diagrama a seguir, que se assemelha à uma espinha de peixe. Cada tipo
de causa é uma forma uma das “espinhas” do peixe e nela são escritas as causas
propriamente ditas, que podem também ter sub-causas, fazendo com que ele possa
ter um grande detalhamento.
Page 30
19
Figura 9 - Diagrama de Ishikawa
Fonte: https://www.citisystems.com.br/diagrama-de-causa-e-efeito-ishikawa-espinha-
peixe/ (Acessado em 20/11/2017)
Page 31
20
3. A EMPRESA X
Neste capítulo será feita uma caracterização da empresa objeto do estudo
de caso, a Empresa X.
Ela é uma das maiores e mais antigas na indústria nacional de perfis de fibra
de vidros fabricados a partir do processo de pultrusão. Sua estrutura organizacional
se divide em basicamente um Setor Administrativo, que engloba funções como
Recursos Humanos, Contabilidade, Financeiro e Tecnologia da Informação, e um
Setor Operacional, que será o objeto deste trabalho.
Foi elaborado um Organograma para ilustrar as relações hierárquicas que
pode ser visualizado na página seguinte.
3.1. SETOR OPERACIONAL
O Setor Operacional da empresa X possui diversas áreas que vão ser
detalhadas neste trabalho. Porém, antes de aprofundar a sua descrição é importante
ressaltar que, apesar de hoje não haver uma divisão formal dentro dele (esse
modelo já foi testado no passado), há, na prática, duas “Divisões Operacionais”
independentes que, apesar de compartilharem recursos e funcionários em algumas
áreas, possuem processos, estrutura de planejamento e características operacionais
distintas, que tornam essa divisão necessária e didática para o seu estudo. Elas
estão relacionadas às famílias de produtos produzidos por cada uma delas e são
chamadas de Divisão de Produtos e Divisão de Escadas.
Page 32
21
Figura 10 - Organograma da Empresa X
Fonte: Elaboração Própria
Page 33
22
3.1.1. Divisão de Escadas
A divisão de escadas é caracterizada por produtos padronizados, são 10
tipos de escadas oferecidos em tamanhos diferentes, totalizando 43 modelos. Eles
utilizam uma grande variedade de matérias-primas, predominantemente consomem
apenas tipos dois perfis em fibra de vidro em grande quantidade e têm pouca
ocorrência de pedidos especiais. Esses pedidos geralmente são escadas com
pequenas adaptações ou com componentes diferenciados. Apesar do número de
modelos reduzido não existem estudos de métodos ou mapeamento formal da
capacidade de produção diária.
Possui uma participação relevante no faturamento da empresa, apesar de
ser menos expressiva e ter menor margem. Seu mercado possui maior concorrência,
menos sazonalidade e está cada vez mais exigindo redução dos prazos de entrega
de modelos de linha.
3.1.2. Divisão de Produtos
A divisão de produtos é caracterizada por um conjunto de milhares de
produtos diferentes (com grande parte deles não estando padronizada e mapeada),
variabilidade muito grande no mix de produtos em carteira, grande ocorrência de
pedidos especiais personalizados feitos a partir de projetos externos e internos,
consumo de perfis de fibra de vidro extremamente variado resultando em grandes
flutuações no consumo de poucas matérias-primas.
Responde pela maior parte do faturamento da empresa e pelos produtos
com maior margem. É, portanto, onde estão as maiores oportunidades de ganho.
Também é importante notar que no setor de Produtos existem divisões
internas tanto em processos quanto em setores da fábrica focados em produtos
diferentes.
3.1.3. Áreas funcionais dentro do setor Operacional
O setor Operacional é dividido em diversas áreas interdependentes, porém
Page 34
23
com responsabilidades diferentes dentro do processo produtivo. Elas são:
Planejamento e Controle da Produção (PCP) – Responsável pelo
planejamento, controle e acompanhamento do processo de fabricação
de todos pedidos. No PCP é onde fica explícita a separação entre a
Divisão de Produtos e a de Escadas tendo processos e ferramentas
completamente separadas para cada um dos casos.
Laboratório – Responsável pela P&D e pela Gestão da Qualidade
Pultrusão – Setor da fábrica responsável pela produção de perfis em
fibra de vidro. Possui o setor de Misturas como uma subdivisão
interna responsável pela elaboração das bateladas (resinas) utilizadas
na fábrica.
Grade Injetada – Setor da fábrica responsável pela produção de
grades injetadas. Tem um funcionamento quase que completamente
independente do resto da fábrica. Geralmente essas grades são
produtos finais, porém são utilizadas esporadicamente com itens de
outros setores da fábrica.
Montagem Especial – Setor responsável pela montagem dos produtos
finais em fibra de vidro exceto escadas.
Montagem de Escadas – Responsável pela montagem das escadas,
sejam elas especiais ou de linha.
Inspeção – Responsável pela identificação, controle da qualidade de
todos os itens da família de Produtos e emissão de certificados.
Faturamento – Responsável pela comunicação com o cliente na fase
de entrega do pedido, cotação e escolha de transportadoras e
emissão de notas fiscais.
Expedição – Responsável pela conferência final, separação,
embalagem e liberação dos produtos. Além de recepção de
transportadoras e carregamento de caminhões.
Para analisarmos melhor o funcionamento dessas áreas precisamos
entender melhor como cada uma das áreas que compõem a fábrica já que essas
são as áreas que efetivamente produzem valor para a empresa e que determinam,
Page 35
24
mesmo que indiretamente, o funcionamento das outras.
3.2. A FÁBRICA
Fisicamente a fábrica é dividida em diversas estruturas. Existem dois
grandes galpões principais. No menor deles está a Montagem Especial e o maior
deles abriga os escritórios, Pultrusão, Montagem de Escadas, Estoque de Escada,
Setor de Grades, Manutenção e parte do Almoxarifado, que fica em um segundo
andar que abrande uma parte desse galpão e, por consequência, fica muito isolado.
Há uma grande área anexa ao lado do galpão principal que abriga a área de Mistura
de Resinas, o Laboratório, áreas específicas para manutenção e estoque de
pequenas máquinas, uma área com máquinas de corte de perfis e acabamento de
escadas e o refeitório. Além dela, também existe outra área em anexo menor onde
há uma pequena serralheria utilizada pela Manutenção e as áreas de estoque de
resinas, fios, mantas e véus, que ficam separados do local onde efetivamente
funciona o Almoxarifado, o que dificulta bastante o controle de retirada de material.
3.2.1. Pultrusão
A Pultrusão, como já dito anteriormente, é o setor responsável pela
produção dos perfis em vibra de vidro usados pelo resto da fábrica e também é o
gargalo para a maioria dos produtos fabricados. Apesar de ser possível descrever o
processo de maneira muito simples, o seu controle exige um acompanhamento
muito próximo do PCP e, principalmente, do Laboratório para que se garanta tanto a
eficiência quanto a conformidade do processo.
O processo de Pultrusão basicamente consiste na produção contínua de um
perfil em fibra a partir da junção de fios e/ou mantas de fibra de vidro com resinas
termofixas. Essa mistura, que acontece num banho de resina, é puxada por uma
máquina e passa por um molde de aço aquecido. Após sair do molde o material
final, endurecido, é então cortado no tamanho especificado. Pode-se adicionar
também um véu (tecido externo sem função estrutural) para dar melhor acabamento.
Page 36
25
Figura 11 - Ilustração do processo de Pultrusão
Fonte: http://ipr.ind.br/site/perfis-pultrudados/ (acessado em 19/8/2017)
Os fios, as mantas e o véu usado são todos comprados externamente. A
utilização de fios varia em quantidade e de véus e mantas em quantidade e largura
e, apesar de existirem padrões técnicos estabelecidos pelo Laboratório para cada
perfil, esses padrões não são necessariamente seguidos devido a adaptações feitas
pelo operador para melhorar a performance do processo (tal comportamento será
mais bem explicado adiante).
Já as resinas são compradas e misturadas na própria Empresa no setor de
mistura gerando as “bateladas”, nome que se dá às misturas finais de resina usados
na fabricação das peças. Existem diversos tipos de resina, cada um com
propriedades diferentes e, além disso, existem diversas formas diferentes de se
fazer a mesma batelada podendo variar em função das matérias-primas usadas, da
cor, do fabricante da resina utilizada, do número de catalisadores, do uso de aditivos
etc.
A complexidade do processo de Pultrusão se deve ao fato de que qualquer
alteração nas condições do sistema pode afetar a produtividade, as propriedades
físicas e a qualidade do produto final de maneira expressiva. Por isso é sempre
salientado pelo Encarregado do setor que era importante mapear e acompanhar o
processo de maneira sistemática a fim de se criar dados para análise técnica e
suporte da área já que são poucos os operadores capazes de ajustar as máquinas
às condições encontradas.
Page 37
26
A seguir estão algumas das variáveis citadas pelos responsáveis técnicos
que impactam o processo de maneira rotineira:
• Nº de fios e sua distribuição no perfil.
• Nº de mantas, sua gramatura, largura e posição.
• Nº de véus.
• Tipo de resina e tipo de mistura usada.
• Temperatura e humidade do ambiente.
• Temperatura da ferramenta.
• Velocidade de puxada da máquina (no momento da análise).
• Produtividade (velocidade média).
• Perdas e rejeitos.
• Viscosidade da resina.
• Densidade do perfil produzido.
• Dimensões especificadas.
É importante ressaltar que os processos das divisões de Produtos e
Escadas afetam a Pultrusão de maneira muito diferente, pois as necessidades de
fornecimento de insumos para consumo nesses dois setores é bem diferente.
Ao passo que a Divisão de Produtos consome uma variedade muito grande
de perfis em resinas, com quantidades e mix variados causando grandes tempos de
set-up e uma incidência muito grande de problemas que forçam correções,
adaptações e substituição de matérias-primas, a Divisão de Escadas consome
somente três tipos de perfis, sendo que um deles só é desmontado da máquina para
troca de ferramenta e manutenção e os outros são produzidos somente
esporadicamente e em pouca quantidade. Aproximadamente 10% da capacidade da
Pultrusão estão alocadas para a produção de perfis de escadas e ainda há
ociosidade ocasional nelas causadas por falta de capacidade no setor de montagem
para absorver essa produção.
Com isso, podemos dizer que a Pultrusão de perfis, apesar de essencial,
raramente afeta a montagem de escadas. Ao mesmo tempo, ela é a principal
causadora de atrasos e de problemas para a Divisão de Produtos, devendo ser
estudada com vistas a que seja possível planejar o seu fluxo de maneira eficiente.
Page 38
27
3.2.2. Controles utilizados na Pultrusão
Ao longo dos anos, com o desenvolvimento da forma de trabalhar da
empresa foram criados diversos controles a fim de facilitar o acompanhamento do
trabalho da Pultrusão. A seguir os detalharemos, pois são imprescindíveis para o
entendimento correto dos processos e de como eles podem ajudar o funcionamento
da empresa.
3.2.2.1. Sistema de Apontamento
Foi criado no começo de 2015 com o objetivo de eliminar a necessidade da
conferência manual da produção que era feito todo dia pelo Auxiliar de PCP devido à
grande exigência de tempo que essa tarefa demandava e a falta de segurança
desse método de apontamento. Foi relatado que durante períodos de grande
demanda essa atividade chegava a demandar todo o tempo de um dos funcionários
da empresa.
O objetivo era evoluir para um sistema mais complexo com controle das
ferramentas usadas, controle de eventos de produção de peças (com apontamento
de paradas, trocas de ferramentas, erros de processo etc.) e de bateladas que
possibilitasse ao próprio operador o cadastro de sua produção diária. Isso eliminaria
a necessidade de um acompanhamento manual do PCP através de contagens
diárias e comparação com a posição da carteira do dia anterior, que era como o
controle de produção acontecia normalmente. Essa tarefa o que ocupava algumas
horas do dia do único Assistente de PCP da empresa.
Apesar do potencial e do ganho que ele mostrou após o começo de sua
utilização, seu desenvolvimento acabou sendo abandonado logo depois de sua
implementação por mudanças na estrutura organizacional da empresa e hoje ele é
usado somente para acompanhar a evolução da produção na fábrica a partir do
apontamento de todas as peças produzidas ao final de cada turno.
O banco de dados usado por ele é bem rudimentar, com pouca segurança,
não possui integração com os bancos alimentados pelo ERP, a aplicação tem uma
performance bem ruim sendo criticada constantemente pelos operadores pela sua
Page 39
28
lentidão e, principalmente, a escolha das variáveis coletadas foi incorreta. Apesar
disso, não há resistência ao seu uso e há um entendimento muito grande dentro da
fábrica da importância dele para um melhor controle da produção e para o ganho de
escala no trabalho do PCP por conta da eliminação de atividades diárias de
conferência manuais de produção.
Apesar de suas limitações e erros de desenvolvimento detectados, ele é
extremamente útil para o PCP e pode informar dados suficientes para a
determinação da produtividade real de cada perfil se houver um acompanhamento
próximo do apontamento de produção e se o responsável por essas análises
dispuser de tempo o suficiente para fazê-las. Esse estudo, apesar de dispendioso no
modelo atual, pode gerar métricas que tornem possível um planejamento e um
acompanhamento minimamente adequado.
Uma de suas grandes qualidades que precisa ser ressaltada é a
simplicidade de uso que possibilitou a sua implementação e uso eficiente pelos
operadores, que muitas vezes têm dificuldade no uso de computadores. Ele funciona
inteiramente a partir do teclado numérico do computador com um número reduzido
de comandos e exibe somente o necessário para evitar dificuldades de uso. O
funcionário só precisa informar sua matrícula, senha, máquina usada, número da
Ordem de Pultrusão, número de batelada, a quantidade de peças feitas e a hora de
começo e fim da produção. Ainda assim, a incidência de alguns problemas com a
sua utilização causa um grande temor que a pouca familiaridade dos colaboradores
da fábrica com ferramentas desse tipo torne a implementação de sistemas melhores,
mais complexos e completos, mas que não apresentem a mesma facilidade de uso,
muito difícil ou impossível nos moldes do que é feito hoje, que é considerada
consistente e próxima do ideal por não necessitar de intermediários para dar entrada
de informações,.
3.2.2.2. MPPs – Monitoramento de Processo de Pultrusão
Durante muito tempo o Laboratório foi responsável por fazer inspeções
periódicas no setor a fim de levantar os parâmetros de funcionamento da pultrusão.
As inspeções ocorriam de maneira regular, porém não havia um método de registro
e análise dos dados levantados e menos ainda um meio de compartilhar essas
Page 40
29
informações com o resto da empresa, o que comprometia a eficácia das análises e a
efetiva aplicação dos resultados.
Por alguns meses, uma rotina mais ostensiva com 4 a 5 inspeções diárias
realizadas pelos estagiários de todas as áreas (cada um responsável por 2
inspeções semanais em horários fixos) foi criada e com os dados sendo registrados
em formulários no Google. O volume de dados coletado foi muito grande, mas o
método usado não foi o ideal e dificultou as análises por não criar um banco de
dados consistente que pudesse ser facilmente relacionado com o Sistema de
Apontamento antes mencionado e com outros dados operacionais importantes.
O baixo volume de produção durante o período em que essa ação foi
implementada fez com que a variabilidade de perfis produzidos fosse muito
pequena. Isso resultou em dados coletados em um espectro muito pequeno de
produtos limitaram a sua utilização.
Apesar de esta iniciativa ter sido válida e seu objetivo final ser extremamente
importante ela acabou sendo cancelada após alguns cortes de pessoal. A sua
execução falhou, pois não se conseguiu criar um processo sistemático e contínuo
que fornecesse as informações coletadas para aqueles que as usavam. Além disso,
os dados coletados só abrangiam as seguintes variáveis:
• Nº de fios e sua distribuição no perfil.
• Nº de mantas, sua gramatura, largura e posição.
• Nº de véus.
• Temperatura da ferramenta.
• Velocidade de puxada da máquina (no momento da análise).
• Densidade do perfil produzido.
• Dimensões especificadas.
É verdade que todos esses aspectos são relevantes, mas eles são mais
voltados para a área técnica e, como não houve integração dessa análise com
informações de apontamento e de ordens de produção, ele deu pouco insumo para
melhorias no planejamento e sequenciamento da produção.
Page 41
30
3.2.2.3. Sistema de Registro de Bateladas
A partir de 2017 começou o desenvolvimento de um sistema cujo objetivo
era de fazer uma verificação das quantidades de cada componente que estava
sendo misturado às bateladas à fim de garantir a conformidade delas. Além disso,
ele também foi preparado para dar suporte à rastreabilidade dos lotes a partir de
uma integração com o Sistema de Apontamento da Pultrusão (já mencionado
acima).
A criação de uma base de dados consistente pode levar a uma ferramenta
que consiga determinar de maneira mais precisa e sistemática quantos quilos de
batelada efetivamente produzem quantos metros de cada perfil. Existe uma
determinação teórica para esse número, mas ela não necessariamente reflete a
realidade do processo, pois não são levados em consideração fatores operacionais
e variações na utilização dos materiais.
Apesar dos possíveis problemas na sua implementação, esse é um trabalho
que já pode ser considerado bastante importante, pois pelo menos conseguiu fazer o
levantamento e consolidação de todas as opções de mistura disponíveis. Antes
estavam organizados em diferentes documentos do laboratório e nos procedimentos
de trabalho específicos do setor de mistura. Essa informação é de extrema
importância, pois torna possível o desenvolvimento de métodos de compra de
matéria-prima mais inteligentes, pois dependendo dos materiais disponíveis em
estoque e das matérias-primas cotadas com os fabricantes as quantidades
necessárias podem ser diferentes.
Por exemplo, esse levantamento expôs à boa parte do setor de PCP e de
compras que uma das resinas produzidas tinha dois tipos de mistura diferentes
(misturas X e Y) e que a resina X usava a proporção de 99% de Resina e 0,5% do
catalisador A enquanto que a Mistura Y usava a proporção de 70% de resina para
30% do catalisador B e que a escolha por cada uma das resinas dependia do
fornecedor dela. Se o responsável pela compra não possui essa informação em
mãos no momento da compra ele poderia comprar resinas com catalisador
incompatíveis e/ou em quantidade incompatível com a mistura usada, resultando em
possível parada de produção e/ou desperdício de matéria-prima.
Page 42
31
3.3. MONTAGEM ESPECIAL
É, com certeza, o setor da fábrica de maior complexidade para análise, pois,
apesar da Pultrusão ser governada por muitas variáveis que não estão sequer
mapeadas, na Montagem Especial existe uma interdependência de tarefas, fluxos
cruzados de material, ferramentas e pessoas, compartilhamento de recursos,
limitações de trabalho por parte de alguns montadores devido à complexidade e
precisão de alguns trabalhos e, além disso, um número muito grande de tarefas
executadas somente para um tipo de produto que não será repetido.
Essas características tornam a análise da capacidade extremamente difícil e
variável, de acordo com os pedidos em carteira. Existem itens que só exigem um
acabamento simples após sair da Pultrusão e outros com elevado grau de
dificuldade e um trabalho extremamente cuidadoso de um ou mais montadores.
Por isso, o PCP tomou a decisão interna de criar excesso de capacidade na
Montagem Especial, evitando a necessidade de fazer planejamentos para a maior
parte dos pedidos e deixando a Pultrusão ditar seu ritmo de trabalho. Assim é
desprendido menos tempo e esforço tentando controlar um ambiente instável,
variável e com pouca repetição de cenários.
O mais importante para facilitar o trabalho do PCP é um fácil
acompanhamento do que já foi feito. Como o espaço é grande, não é organizado de
maneira satisfatória e a variedade de peças é muito grande, é difícil fazer isso de um
modo primordialmente visual. Não é incomum que em pedidos muito grandes que
necessitem de acompanhamento diário os integrantes do PCP tenham que contar
peças diariamente, para obter o saldo real da produção e reportar aos clientes.
3.3.1. Setores Auxiliares à Montagem Especial
Por conta da complexidade das tarefas realizadas no setor, há dentro dele
diversas subdivisões que tem o objetivo de proporcionar uma melhor divisão e
especialização do trabalho. Esses setores são:
Pintura – Subordinada à Montagem Especial ela é utilizada
principalmente para dar acabamento aos materiais de projetos e aos
Page 43
32
itens feitos em resina fenólica (que são obrigatoriamente pintados).
Seu volume de trabalho é pequeno.
Laminação – Também subordinada à Montagem Especial, ela é
responsável por produzir peças usando o método de laminação em
fibra de vidro. São materiais auxiliares, utilizados na montagem de
algumas estruturas como guarda-corpos, escadas marinheiro,
degraus de escada isolados, entre outros.
Manutenção – Responsável por fazer a manutenção nas máquinas e
em toda a estrutura física da fábrica, além da adaptação e construção
de novas máquinas e gabaritos.
Serralheria de Escadas – Subordinada ao setor de Montagem de
Escadas, ela é responsável por fazer o corte dos perfis de degraus
para o tamanho final de uso.
3.3.2. Controles Implementados na Montagem
Existe um sistema de banco de dados em Access que foi desenvolvido
justamente para tentar facilitar o acompanhamento da montagem dos pedidos
podendo informar a evolução turno a turno. Para ele funcionar começou a ser
exigido dos encarregados responsáveis um apontamento da produção diária.
Apesar de ser útil, o responsável por supervisionar o andamento dos
pedidos não o utilizava com frequência devido ao baixo volume de produção da
fábrica na época e ao costume de fazer o acompanhamento visualmente na fábrica.
Já os encarregados faziam o apontamento com alguma frequência, mas ao
perceberem que não eram cobrados e que não estavam usando-o pararam de fazê-
lo, pois era um trabalho que podia ser demorado e distante da sua área de trabalho.
Com isso, hoje o processo não é mais considerado dentro do escopo do PCP,
apesar da estrutura de suporte para ele existir.
Page 44
33
4. MODELAGEM E ANÁLISE DOS PROCESSOS ESTUDADOS
Nesse capítulo será feita uma análise dos diferentes processos que são
utilizados no setor operacional que vão desde o recebimento do pedido até a sua
liberação ao cliente, o que faz com que os vários setores já descritos estejam
envolvidos.
A metodologia utilizada para realizar esse levantamento seguiu uma
estratégia Top-Down e foi orientada às funções. Todas as informações foram
levantadas através de entrevistas com os funcionários da empresa e de
conhecimentos pessoais do autor do trabalho, que desenvolveu diversos processos
descritos e ferramentas utilizadas. Primeiramente foi feito um detalhamento do
Macroprocesso e posteriormente de cada um dos processos que o compõe.
Para facilitar o seu entendimento, foi modelada a Cadeira de Valor Agregado
(VAC) da empresa e uma descrição do Macroprocesso de Processamento de
Pedidos do Setor Operacional. Nele será possível ver de maneira mais resumida a
sequência específica de cada uma das atividades que serão descritas
posteriormente.
O capítulo foi estruturado de forma com que cada processo fosse narrado e
desenhado de forma bastante direta e sem a intenção de oferecer qualquer forma de
julgamento sobre o seu funcionamento e performance. Após essa descrição serão
feitos, em seção separada, comentários sobre como aquele processo interage com a
organização, seja ela de forma positiva ou negativa. Com isso, ao final do capítulo
teremos uma síntese de sintomas que seriam passíveis de correção.
4.1. CADEIA DE VALOR AGREGADO (VAC)
A seguir, na Figura 12, temos a Cadeia de Valor Agregado (VAC) para a
empresa X estudada.
Page 45
34
Figura 12 - Cadeia de Valor Agregado
Fonte: Elaboração Própria
Nela vemos que as suas principais atividades estão contidas nas áreas
Comerciais, de Planejamento e Controle da Produção, de Faturamento, Expedição e
Pós-Venda. Elas são as áreas responsáveis por captar os pedidos, produzi-los e
entrega-los aos clientes. Além delas, as atividades de suporte técnico à produção e
desenvolvimento de novas soluções técnicas para os clientes também devem ser
vistas como atividades primárias, pois essa capacidade e a qualidade geral do
processo produtivo são aspectos extremamente valorizados e reconhecidos da
marca da empresa.
É importante lembrar que, dentre as atividades de suporte destacadas na
figura, destacam-se as de Manutenção, pois é o setor da empresa que, além de dar
suporte ao correto funcionamento de toda a estrutura de produção, possibilita a
implementação de algumas soluções de fabricação desenvolvidas pelo Laboratório.
Page 46
35
4.2. MACROPROCESSO DE PROCESSAMENTO DE PEDIDOS
O Macroprocesso de Processamento de Pedidos basicamente resume todas
as etapas necessárias para a produção dos pedidos da Empresa X. Nele estão
todos os processos analisados no trabalho, exceto o processo de Compra de
Matéria-Prima, que serão descritos em detalhe a seguir.
Como podemos ver a modelagem, que está na próxima página, o processo
possui duas ramificações, uma para a Divisão de Escadas e outra para a de
Produtos, tendo como única interseção os processos ligados à Pultrusão dos perfis.
Esse comportamento explicita as considerações feitas sobre o porquê dessa divisão
no Capítulo 3.
Além disso, podemos ver claramente que existem quatro fases diferentes
durante o processamento no Setor Operacional, cada uma responsável por um
grande subprocesso:
Pedidos emitidos pelo comercial são verificados e processados para
que virem Ordens de Produção
Sequenciamento da Pultrusão
Fabricação e Montagem dos produtos
Liberação dos pedidos
Os processos descritos ao longo deste capítulo detalharão todas elas,
dando subsídio à análise final.
Page 47
36
Figura 13 - Fluxograma do Macroprocesso
Fonte: Elaboração Própria
Page 48
37
4.3. EMISSÃO DE ORDENS DE PRODUÇÃO
A Ordem de Produção é o documento que informa para a fábrica qual o
produto final que foi solicitado pelo cliente e que deve ser produzido. Devido à
diversidade dos produtos oferecidos pela empresa e às suas peculiaridades existem
diferentes formas de se emitir ordens de produção variando pela família de produtos
que estão envolvidos e com o setor responsável pela sua produção.
As Ordens de Produção relacionadas ao Setor de Produtos são emitidas
pela Auxiliar de PCP responsável pela rotina de acompanhamento desses pedidos e
os relatórios relacionados ao Setor de Escadas são emitidos pela Trainee de PCP
que é responsável pelo acompanhamento e planejamento desses pedidos.
4.3.1. Emissão de Ordem de Produção do Setor de Produtos
Para o Setor de Produtos o processo, ilustrado na próxima página, pode
começar de duas formas diferentes: no começo do dia quando o Auxiliar de PCP,
que é responsável por ele, chega na empresa ou quando é identificada uma
divergência em algum pedido processado que precise de correção em sua Ordem
de Produção. Em ambos os casos a Carteira de Produtos deve ser atualizada e os
novos pedidos devem ser buscados. Se estes não forem encontrados o processo é
encerrado sem nenhuma Ordem de Produção emitida, se forem encontrados então
devemos repetir todas as etapas seguintes para cada novo pedido identificado.
Primeiramente, é preciso que a responsável identifique quais das três linhas
de produto existentes estão englobadas naquele determinado pedido. Eles podem
ser um Projeto Especial, um Produto Especial Padrão ou um Produto de Linha. Sua
separação é importante, pois em cada um desses casos a determinação das peças
necessárias para fabricação é feita de uma maneira diferente. Foi ressaltado durante
as entrevistas que podemos ter qualquer combinação desses casos no mesmo
pedido.
Page 49
38
Figura 14 - Processo de Emissão de Ordens de Produção de Produtos
Fonte: Elaboração Própria
Page 50
39
Começando pela opção mais simples, os Produtos de Linha, o responsável
deve emitir diretamente a Ordem de Produção daquele determinado pedido. A partir
dela ele lista para cada um desses itens quais os perfis necessários, suas
quantidades e tamanhos. Após a finalização dessa atividade para todo o pedido é
feita uma relação de todas as peças necessárias que, após uma análise mais
criteriosa, sofre alguns acréscimos em quantidade para evitar que possíveis erros de
estimativa causem retrabalho, pois não existe um método específico para a geração
dessa lista.
A análise em questão consiste na determinação da metragem total de perfil
necessária para a produção do pedido. Calculam-se então quantas peças de 3
metros seriam necessárias para a contabilização dessa metragem mínima, pois os
tamanhos padrão de perfil são de 3 e de 6 metros. Geralmente os perfis de 6 metros
são priorizados quando há necessidade de peças fora dessas medidas, pois elas
minimizam as possíveis perdas causadas pelo processo de corte. Ao final dessa
contabilização sempre são acrescentadas algumas peças para cobrir eventuais
descartes de perfis defeituosos e erros no processo de montagem.
Já nas outras duas linhas de produtos a geração da lista de materiais está
automatizada e utiliza uma única ferramenta desenvolvida internamente. Para a
linha de Projetos Especiais é necessário verificar o recebimento do desenho de
fabricação impresso e da lista de material em Excel via e-mail. Eles são enviados
pelos desenhistas que especificam os produtos juntamente com o cliente e o setor
comercial para todos os integrantes do PCP e para o Auxiliar de Qualidade
responsável pela inspeção final das peças. O tempo entre a entrada do pedido no
ERP e a liberação dos dados de fabricação geralmente leva algumas semanas para
o caso de Projetos Especiais. Após o recebimento desses arquivos o Auxiliar de
PCP deve criar uma pasta cujo nome é o Número do Desenho dentro de uma pasta
específica da rede e salvar todos os arquivos relacionados a este desenho nela.
Após isso a ferramenta utilizada para detalhamento de desenhos é aberta e ela
automaticamente gera um relatório de peças para produção.
De maneira semelhante, se o item for identificado como um Produto Especial
Padrão deve-se verificar a existência de código com os parâmetros do produto nos
comentários do item na Ordem de Produção. Se o código não for encontrado o
responsável deve cobrar que o setor comercial informe o código, se ele for
encontrado é informado à ferramenta o Número do Pedido e ela gera um Relatório
Page 51
40
de Cotas para fabricação e uma lista de material semelhante à recebida via e-mail
no caso de um item de Projetos Especiais.
Com essas informações as peças necessárias são agrupadas por tipo de
perfil, resina e tamanho. Nesse momento também são registradas TAGs individuais
geradas automaticamente para identificar cada um dos diferentes produtos
produzidos, pois o mesmo item cadastrado no sistema pode englobar produtos de
mesmo tipo, porém dimensões e características diferentes. Também é emitido um
documento chamado Plano de Corte Linear que otimiza o tamanho das peças
produzidas pelo setor de Pultrusão com o objetivo de deixa-las com o maior
tamanho possível, esse documento é a listagem intermediária de materiais
necessários. Também é necessário identificar se o pedido possui Grades, nesse
caso teremos um processo específico que será detalhado a seguir.
Após a determinação de todas as peças necessárias para o pedido o Auxiliar
de PCP responsável deve-se verificar o estoque para separar e descontar as peças
disponíveis da listagem final de peças necessárias que gerarão as Ordens de
Pultrusão na Carteira da Pultrusão. Ele também deve solicitar os acessórios
necessários ao Almoxarifado pelo ERP e, por último, entregar cada Ordem de
Produção ao Encarregado responsável por sua produção.
4.3.1.1. Comentários sobre o processo
Para a Emissão de Ordens de Produção há um grande problema que afeta
todo o fluxo e transformação de informação na área Operacional da Empresa. O
cadastro dos Itens disponíveis para venda no ERP da empresa foi inicialmente feita
de maneira errônea, excessivamente simplificada e foram oferecidas opções
genéricas para casos não mapeados. Isso acontece principalmente por diversos
motivos e podemos citar aqui alguns:
Grande variedade de produtos vendidos, na ordem de dezenas de
milhares.
Alto grau de customização dos Produtos de Linha, que o nome do
produto seja uma identificação genérica especificada através de
comentários nos itens.
Page 52
41
Pedidos de Projetos muitas vezes não possuem identificações
apropriadas e são identificados simplesmente como “Produtos
Especiais”. Esses itens foram criados no sistema justamente para
itens tão genéricos que não possuem equivalente no sistema.
Clientes fazem solicitações de compra que facilitam o trabalho deles.
São feitas junções de itens para evitar a replicação de diversos itens
aparentemente iguais, isso força adaptações no cadastro dos pedidos
no ERP, uso excessivo de comentários e inconsistência de
informações.
Há casos também em que contratos de fornecimento antigos forçam a
utilização de itens antigos que reproduzem os problemas citados
acima, por mais que os problemas já tenham sido selecionados para
esse determinado item.
Não foi feito um mapeamento da estrutura de quase todos os itens
vendidos e as customizações oferecidas tornam o problema mais
grave, pois gera variações nos componentes dos pedidos e, mesmo
que o mapeamento existisse, o ERP usado não possui ferramentas
para lidar com essas mudanças de estrutura.
Tais condições fazem com que um cálculo exato da lista de peças
necessárias seja impossível, pois a falta de padrão faz com que a quantidade e o
tamanho das peças finais utilizadas sejam definidas diretamente pelo Montador ou
Encarregado responsável, exceto em caso de itens de Projetos ou de Produtos
Especiais Padrão. Logo, a acurácia da estimativa depende exclusivamente do
conhecimento do Auxiliar de PCP responsável por essa análise e, para garantir que
não haverá falta de material, a lista gerada sempre possui quantidades e tamanho
de peças maiores do que as que serão efetivamente utilizadas.
Portanto, vemos nesse processo uma diferença clara entre os casos de
Projetos Especiais e de Produtos Especiais Padrão, que estão bem mais
estruturados e quase que totalmente automatizados, e o caso de Produtos de Linha,
que ainda não possui uma maneira determinística para cálculo das peças
necessárias e nenhuma ferramenta desenvolvida para auxiliar a realização das
tarefas relacionadas.
No caso de Produtos Especiais Padrão também há o problema adicional de
que a ferramenta que gera as listas de material de todos os itens funciona via Excel
Page 53
42
e existem pouquíssimos colaboradores capacitados para fazer o suporte necessário
ao seu funcionamento. Durante a sua implementação foi considerado o uso do ERP
para realizar esse trabalho de geração de lista de materiais, mas esse caminho foi
descartado ao se perceber que ele não possui as funcionalidades necessárias para
isso. Apesar de esse aspecto ser um problema muito sério, foi relatado pelo Gerente
Operacional que o caso mais preocupante é, de fato, o dos Produtos de Linha.
Por último, há o problema da falta de controle do estoque de perfis e peças
acabadas, o que dificulta o trabalho de contagem das peças disponíveis. Apesar de
existir uma área bem delimitada para estocagem de peças, muitas vezes elas ficam
espalhadas por outras áreas da fábrica em locais de difícil visualização, o que acaba
gerando erros de contagem e perda de peças. Esse problema vem sendo mitigado
nos últimos anos pelas restrições financeiras da empresa que fizeram com que
somente estoque de peças essenciais fossem autorizados.
4.3.2. Emissão de Ordens de Produção de Grades
Quando são encontradas grades entre os materiais necessários para a
fabricação de determinado pedido existe um processo especial para emissão de
Ordens de Produção específicas para elas, que está na próxima página. Elas
existem porque é um tipo de produto que pode estar presente nas três linhas
oferecidas e que, apesar de também ser personalizável, possui uma estrutura de
fácil modelagem a partir de suas dimensões e uma ferramenta para cálculo de peças
necessárias foi desenvolvida pelo antigo gerente de PCP para o cálculo da
quantidade e do tamanho ótimo dos perfis necessários.
O processo tem início na identificação de grades entre os itens de um pedido
ou nas listas de materiais necessários que compõem um determinado pedido. As
informações relativas ao modelo da grade, suas dimensões e as características de
sua resina e acabamento são identificadas no pedido ou na lista de material e
cadastradas na Carteira de Grades pelo Auxiliar de PCP responsável. Se a grade
em questão for uma Grade Injetada ela deve ser alocada à programação da uma
máquina que produza a malha especificada.
Page 54
43
Figura 15 - Processo de Emissão de Ordens de Produção de Grades
Fonte: Elaboração Própria
No caso da grade ser do tipo Montada o Plano de Corte das Grades
Montadas deve ser emitido. Esse documento basicamente resume todas as
informações necessárias para a fabricação e já informa ao responsável por esse
processo a quantidades, as dimensões e as especificações dos perfis necessários
para a montagem. Após isso a listagem de materiais que foi gerada deve ser
cadastrada na Carteira da Pultrusão e alocada em máquina apropriada. Por fim, os
documentos gerados são impressos e entregues ao encarregado responsável pela
produção das grades.
4.3.2.1. Comentários sobre o processo
O processo de Emissão das Ordens de Produção de Grades funciona com
uma total desvinculação dos pedidos e das listas de materiais emitidas pelo setor de
projetos com o ERP da empresa. Isso faz com que não se saiba exatamente se o
que está sendo pedido está correto e impossibilitando que movimentações de
matéria-prima sejam feitas por algum sistema de MRP II que venha a ser
implementado no ERP.
Além disso, apesar de haver na teoria uma programação para a produção de
Grades Injetadas, na prática não há nenhuma atividade que acompanhe a sua
execução de maneira sistemática. A programação é, na verdade, feita pelo
Page 55
44
Encarregado que prioriza a produção dos pedidos mais atrasados e apenas recorre
ao Auxiliar de PCP para tirar dúvidas e quando for constatado que haverá um atraso
a não ser que alguma ação seja tomada.
4.3.3. Emissão de Relatório de Pedidos de Escadas em Aberto
Diferentemente do que é visto na Divisão de Produtos, não existe dentro da
Divisão de Escadas ordens de produção emitidas para cada pedido. Ao invés disso,
se trabalha a partir de um relatório emitido diariamente pelo PCP que consiste
basicamente de uma matriz dos pedidos, organizados pelo prazo de entrega, e os
diferentes modelos. Ele é usado pelo encarregado para fazer o planejamento da
produção.
O processo, cuja modelagem está na próxima página, é feito
preferencialmente ao final do dia pelo Trainee, mas também pode ser feito no
começo dele em situações especiais, após o processo de liberação dos pedidos de
escadas. Também deve ser realizado após alguma divergência ser identificada tanto
nos pedidos quanto nos lançamentos de produção já feitos para atualizar o relatório.
A primeira tarefa a se fazer é atualizar a carteira de pedidos de escadas e
verificar se algum pedido apresenta divergências ou erro. Se houver deve-se
informar ao comercial e esperar um posicionamento. Após a correção os pedidos
novos são movimentados para o status “No PCP”. O Relatório de Pedidos de
Escadas em Aberto deverá ser atualizado, impresso e, caso haja pedidos de
escadas com acessórios estes deverão ser detalhados na folha impressa. Essa folha
será entregue ao encarregado.
Page 56
45
Figura 16 - Processo de Emissão de Relatório de Pedidos de Escada Em Aberto
Fonte: Elaboração Própria
Page 57
46
4.3.3.1. Comentários sobre o processo
Vemos que o processo descrito acima, que é realizado pelo PCP, é um
simples recebimento de informações relativas ao pedido da área comercial e o
processamento delas de modo a entregá-las no formato apropriado para o
encarregado da produção. Não há etapas de análise do perfil da carteira de pedidos
atual ou avaliação de ações que para otimização o processo de produção.
Na tentativa de tentar entender o porquê desse comportamento reativo e passivo, os
motivos levantados foram a falta de entendimento de como o processo produtivo das
escadas funcionam e que as ferramentas utilizadas não permitem a estimação da
capacidade da fábrica baseada em métodos determinísticos e não em experiência e
vivência do chão de fábrica. Não existe no momento nenhuma iniciativa na empresa
com o objetivo de estudar o processo de fabricação e o levantamento de parâmetros
e métodos de trabalho que permitam a elaboração de planos mestres de produção e
qualquer tipo de planejamento, que hoje fica a cargo do encarregado salvo na
necessidade de priorização de determinados pedidos.
O ideal seria que esse processo fosse substituído por um de emissão de
Plano Mestre de Produção (PMP). Desse modo, além de se ganhar um controle
muito maior sobre a produção, também seria possível um planejamento minucioso
de matéria-prima via implementação de sistema de MRP II.
Já foi mapeado no sistema ERP utilizado que ambas as funcionalidades, de
geração de PMP e de MRP II, estão disponíveis para implementação. Porém, como
foi explicitado anteriormente, atualmente não estão disponíveis na empresa
informações suficientes para que tal medida fosse implementada. Esse contexto
levaria à necessidade de muitos estudos preliminares para o entendimento do
sistema para uma correta implementação.
4.4. PROGRAMAÇÃO DA PULTRUSÃO
A atividade de Programação da Pultrusão, representada na próxima página,
é organizada de acordo com as ferramentas que estão montadas em cada máquina
e quais resinas estão sendo usadas. Ela tem começo quando alguma das máquinas
disponíveis se aproxima da liberação, abrindo espaço para que outro perfil seja
Page 58
47
produzido. Quando isso ocorre o responsável pela programação no PCP faz uma
análise das prioridades dentro da Carteira da Pultrusão, verifica se quais máquinas
estão disponíveis e quais as ferramentas que podem ser montadas.
Com essa análise decide-se qual perfil será montado em qual máquina.
Filtra-se na Carteira da Pultrusão todas as Ordens de Pultrusão em aberto desse
perfil específico e então elas são alocadas na máquina em que elas serão
produzidas.
Após isso as Ordens de Pultrusão são impressas e entregues ao
Encarregado do Setor.
Figura 17 - Processo de Sequenciamento e Emissão de Ordens de Pultrusão
Fonte: Elaboração Própria
4.4.1. Comentários sobre o processo
A atividade de Programação da Pultrusão não possui um processo formal de
planejamento. A única informação disponível para o planejador é o saldo de pelas
produzidas sem métricas mais refinadas. As decisões são tomadas pontualmente
sem a capacidade de se enxergar qual o desempenho esperado dela e se ela
atenderá, ou não, as necessidades da empresa. A ferramenta utilizada para a
atividade possui somente funcionalidades de registro de informações e impressão
das Ordens de Pultrusão utilizadas na fábrica.
Existe muito pouco conhecimento sobre como o processo de Pultrusão
realmente funciona. Não existe controle da produtividade que pode ser atingida em
cada um dos perfis produzidos, da eficiência do processo ou de qual é o tempo de
Page 59
48
setup de cada uma das ferramentas. Sem essas informações em mãos a
implementação de um processo de planejamento sistemático de médio prazo é
impossível.
Como a Pultrusão é o gargalo da maior parte dos produtos da fábrica, com
essas informações seria possível prever, com acurácia bastante satisfatória, como o
sistema se comportará durante a produção de todos os itens em carteira. A análise
de prazos reais de fabricação de cada um dos pedidos e do tempo de carteira em
aberto possibilitaria a antecipação de ações para evitar possíveis atrasos, um melhor
relacionamento com os clientes através de informações disponíveis mais facilmente
ao comercial e estimativas realmente realistas para pedidos novos.
Mesmo não estando relacionado diretamente com o processo de
planejamento é importante ressaltar que o controle mais refinado da Pultrusão,
condição necessária à implementação de um processo de planejamento eficiente,
também possibilitaria melhorias significativas para diversas áreas e processos da
empresa. Duas delas podem ser ressaltadas a seguir:
Dados relativos à eficiência e produtividade da Pultrusão poderiam
ser usados em estudos de marketing e de precificação a fim de
priorizar comercialmente perfis com melhor performance e de dar
suporte a decisões estratégicas mais alinhadas à realidade
operacional da empresa.
A identificação de perfis com pior performance pode indicar à área
técnica da empresa quais os pontos que merecem real atenção.
Ações de aumento de produtividade, padronização da produção e
treinamento de operadores passariam a ser analisadas com mais
critério e foco onde o retorno esperado for maior.
4.5. MISTURA DE RESINAS
O processo de Mistura de Resinas (ou de Produção de Bateladas) tem início
a partir de uma solicitação feita pelo Operador de Pultrusão ou pelo Supervisor da
Pultrusão. Ela ocorre, pois é necessário começar a produção de um determinado
Page 60
49
perfil em uma nova máquina, a resina utilizada em uma máquina está acabando ou
para trocar a resina que está sendo utilizada em uma das máquinas.
A partir dessa solicitação o operador responsável pela produção de misturas
checa quais as matérias-primas disponíveis no momento e, a partir delas, determina
qual das diferentes misturas disponibilizadas pelo laboratório preenchem os
requisitos do operador, que deve informar qual o tipo de resina, sua cor e
quantidade, informações que estão presentes na Ordem de Pultrusão. Após essa
determinação o operador deve abrir o Sistema de Registro de Bateladas e informar
nele qual a mistura utilizada e sua quantidade. O sistema então informa a
quantidade padrão de uso de cada um dos componentes da batelada que deve ser
seguida pelo operador. Enquanto ele faz a mistura em um barril as quantidades
efetivamente utilizadas e os lotes de cada um dos componentes deveriam ser
anotados em um papel ou na própria tela do sistema., porém, sabemos que há
diversos problemas com a aparição dos lotes no ERP (sistema funciona em Access,
mas obtém os lotes disponíveis através de uma consulta ao ERP) e com a
quantidade de cada item apontada pelos operadores no sistema que está, em quase
todos os casos, igual à quantidade padrão.
Após a finalização da mistura os dados são registrados no sistema e
liberados para o operador. O responsável pela produção da batelada deve fazer uma
verificação das matérias-primas utilizadas e caso seja identificado que alguma delas
está próxima de acabar ele deve comunicar ao Encarregado da Pultrusão para que
ele faça a solicitação de mais para o Almoxarifado.
Page 61
50
Figura 18 - Processo de Mistura de Resinas
Fonte: Elaboração Própria
Page 62
51
4.5.1. Comentários sobre o processo
O processo descrito é relativamente simples e os pontos que chamam maior
atenção são os pesagem, anotação e registro de dados. Durante a fase de
entrevistas o processo de mistura foi acompanhado diversas vezes e o que foi
observado é que os operadores não fazem pesagens precisas das quantidades
utilizadas para poderem realizar o trabalho de forma mais rápida. Ao serem
questionados sobre isso, os responsáveis pelo processo no Laboratório disseram
que isso não era necessário, pois essa tarefa ocupa uma parte muito pequena do
dia-a-dia do setor (estimado em 15 minutos para cada batelada feita e são feitas, no
máximo, 2 bateladas por máquina, por dia) e os operadores são sempre orientados
a realizarem esse trabalho com muito cuidado e calma.
Por mais que o processo não seja sensível a variações de pesagem e de
haver uma margem aceitável de 10% de erro para cima ou para baixo e que seja
garantido que toda a resina produzida é eventualmente utilizada, a qualidade da
informação gerada pelos operadores nesse processo é de suma importância para a
melhoria dos processos de produção. Foi relatado que durante o treinamento dos
funcionários para utilização do Sistema de Registro de Bateladas isso foi reforçado
para eles, mas que aparentemente isso não está sendo feito como especificado.
Outro problema sério relatado é que há um problema recorrente com os
lotes de matérias-primas cadastradas no ERP da empresa. Eles são cadastrados
errados (números ou símbolos faltando ou a mais, ordem trocada, cadastrados para
itens errados, etc.) isso faz com que esses lotes não estejam disponíveis para os
operadores dificultando e causando erros em quase todos os apontamentos. Logo,
seria interessante que a forma como esse cadastro é feito seja revisto. Não é
incomum que clientes receosos com a qualidade da fibra de vidro e das matérias-
primas utilizadas peçam registro dos lotes e certificados das resinas e aditivos
utilizados na fabricação dos seus produtos. Quando isso acontece geralmente o
Laboratório e o PCP gastam uma quantidade grande de tempo fazendo consultas
aos dados das bateladas e corrigindo os lotes errados pelos corretos manualmente.
Também foi identificado que durante o processo de solicitação de matérias-
primas (que não está descrito neste trabalho) ocorrem muitos problemas
relacionados ao layout do setor, que se encontra desmembrado em duas áreas
principais. Isso faz com que, em alguns momentos o único responsável não possa
Page 63
52
acompanhar a retirada de um determinado material e libera o acesso para que o
Encarregado a retire, o que pode causar um descontrole dos lotes que sofreram
baixa no sistema. O resultado é que não é incomum achar resquícios de lotes muito
antigos ainda disponíveis no sistema.
4.6. PULTRUSÃO DE PERFIS
O processo de Produção (Pultrusão) de Perfis, ilustrado na próxima página,
começa com o recebimento da Ordem de Produção pelo encarregado, que a inicia
verificando as condições da máquina escolhida pelo PCP para a produção. Se a
ferramenta apropriada não está montada na máquina determinada é feito o set-up
da máquina. Essa operação consiste basicamente do preparo da estante de fios de
acordo com o perfil que será puxado e o tipo de resina utilizada. Depois de a estante
estar preparada a ferramenta que será utilizada é separada e montada na máquina.
Finalizado essa operação, a Ordem de Pultrusão é passada para o
responsável pelo setor de misturas e ele a utiliza para a produção de uma batelada
de resina apropriada para o pedido. Se a durante a verificação das condições da
máquina for verificado que ela já está preparada para o início da produção, então o
setup é eliminado e passa-se direto para a fase de preparação da batelada.
Depois de finalizado o preparo, a batelada de resina é levada para a área da
Pultrusão onde ela será despejada no tambor da máquina selecionada e a produção
começará. Após o início da puxada é feito um gabarito do tamanho da peça de
acordo com a Ordem de Produção e peças são produzidas, cortadas e separadas
em sequência.
Durante a produção algumas coisas podem acontecer. Se a resina acabar
deve ser solicitada mais uma batelada para o setor de mistura. Se a Ordem de
Pultrusão for finalizada deve ser feito o apontamento da produção dela e verificar se
existe mais uma Ordem de Pultrusão daquele determinado perfil. Se for o caso a
produção continua com a nova Ordem de Pultrusão, em caso negativo deve-se parar
a máquina e verificar qual a programação do PCP para a máquina. Dependendo da
resposta a ferramenta pode ser desmontada ou pode ser mantida na máquina.
Page 64
53
Figura 19 - Processo de Produção – Pultrusão
Fonte: Elaboração Própria
Page 65
54
4.6.1. Comentários sobre o processo
O processo descrito acima é o de produção de perfis pultrudados, atividade
fim da empresa. A maior parte dele foi determinado pela área técnica da empresa,
mas podemos perceber que a inexistência de atividades de controle por parte do
PCP além da etapa de apontamento da produção. Não são feitas inspeções,
separação de amostras de produção, verificações de performance de processo etc.
A consequência disso é a completa falta de informações que os planejadores
enfrentam no dia a dia para determinar como será feita a programação da pultrusão.
Não existem controles para mensurar nenhum dos parâmetros do processo além do
saldo de peças produzidas.
Para piorar a situação, essa única informação, extremamente valiosa para o
PCP, está organizada por hora de começo e hora de fim de produção. Como os
operadores não possuem um controle exato dessa informação e muitas vezes erram
o seu lançamento no sistema, os dados imputados não conseguem produzir
informações sistemáticas de produção por turno sem uma análise minuciosa, o que
demanda um tempo desnecessário se o sistema tivesse sido planejado de maneira
mais inteligente.
Além disso, se ferramentas apropriadas fossem oferecidas poderia ser
implementado um acompanhamento técnico minucioso que gerassem informações
não só de performance da Pultrusão, mas de parâmetros de funcionamento que os
operadores impõem às máquinas, que não são conhecidos. É notório da equipe
técnica da empresa que, apesar de existirem especificações de processo para cada
um dos perfis produzidos, os operadores e o encarregado muitas vezes fazem
modificações em virtude das diversas peculiaridades que podem encontrar.
Mudanças de fornecedor ou tipo de matéria-prima, temperatura do ambiente,
humidade do ar, estado de conservação da ferramenta, dentre outros, influem
diretamente na qualidade e na performance do processo e podem exigir adaptações
nas configurações utilizadas para viabilizar a sua fabricação.
Muitas vezes são feitas escolhas de compra por parte do setor de
suprimentos que, geram acordos de fornecimento de matéria-prima muito barata. O
problema é que quando ela chega à produção muitas reclamações são feitas pelos
operadores e pelo encarregado por conta da dificuldade de se trabalhar com os
materiais comprados, apesar de o material ser, em tese, de muita qualidade. Tal
Page 66
55
problema se tornou muito mais recorrente nos últimos anos por necessidade de
corte de custos. Mas a verdade é que não é possível dizer se tais ações são
realmente benéficas financeiramente, pois não se sabe exatamente o que está
sendo usado em cada perfil e como, e quanto, cada matéria-prima atrapalha, ou
melhora, o processo.
Além de possibilitar essas análises, esse tipo de prática criaria um histórico
extremamente útil que poderia ser usado para criar especificações de processo
adaptadas às condições encontradas. Esse tipo de prática, além de gerar
conhecimento técnico que poucas empresas possuem à nível mundial, pouparia os
operadores mais experientes de um árduo trabalho de correção de durante o
começo da puxada e possibilitaria que os menos experientes também pudessem
fazê-lo.
Em resumo, existem várias ações que podem ser tomadas para aumentar o
controle sobre o processo, gerando métricas de avaliação e conhecimento técnico
do setor, que é o gargalo e o grande diferencial mercadológico da empresa, sem
prejudicar o seu funcionamento.
4.7. MONTAGEM ESPECIAL
O processo de Montagem Especial, como descrito a seguir, é a atividade
mais variável da empresa e, por consequência, o mais complexo de se controlar. O
esforço de se detalhar os processos específicos para cada um dos produtos
fabricados seria muito custoso e traria pouco benefício para esse trabalho, visto que
as tarefas realizadas são, em sua maioria, muito diferentes umas das outras. Com
isso, um detalhamento excessivo do processo não traria uma boa perspectiva para o
estudo realizado.
Com isso, o processo pode ser descrito de uma maneira extremamente
simples. Após ser verificado na etapa de Pultrusão que o material produzido para
determinado pedido é suficiente para o início da produção um montador é enviado
para separar os perfis que, quando necessário, são levados ao setor de corte para
ajuste de tamanho.
Page 67
56
Figura 20 - Processo de Montagem Especial
Fonte: Elaboração Própria
Após separar os perfis já no tamanho adequando o encarregado, ou, em
alguns casos, o montador, solicita ao almoxarifado todo o material necessário para a
montagem. O montador, então, começa a tarefa de montagem que pode abranger
outros cortes, furos, colagem, encaixe e pinturas dos mais diversos tipos e em
diversas ordens diferentes.
Ao final do turno a produção final de cada um dos montadores deveria ser
repassada para o encarregado que deveria fazer o apontamento da produção
daquele determinado dia, o que foi reportado que não acontece. Se a Ordem de
Produção foi finalizada ela é liberada para o PCP, caso contrário, as etapas de
montagem devem continuar no dia seguinte até que o pedido seja finalizado.
4.7.1. Comentários sobre o processo
Devido à complexidade das atividades exercidas no setor, que estão em
constante mudança devido às variações de mix em produção, devemos focar em
como melhorar as atividades a um nível macro.
O que é mais notável é que existe muito pouco controle por parte do PCP do
que acontece na montagem. Além do sistema de apontamento, que não é mais
usado com frequência, o único tipo de acompanhamento que é feito é visual, a partir
de contagens, e de conversas com o encarregado e os operadores. Fazer essa
tarefa sem suporte é algo que, além de ser desnecessário, é extremamente
trabalhoso e que consome muito tempo, pois a quantidade de material produzido
geralmente está na casa das centenas de peças e elas ficam espalhadas em uma
área muito grande da fábrica.
Page 68
57
Também não há um acompanhamento diário do número de montadores
trabalhando. Como a mão de obra utilizada na fábrica é muito flexível, é comum que
alguns setores “emprestem” colaboradores para outros em momentos de pico de
demanda. Como a capacidade da Montagem Especial é principalmente determinada
pela quantidade de montadores, essa movimentação deveria estar registrada para
um planejamento mais preciso das atividades por parte do PCP.
O fato desse setor geralmente não ser um gargalo ameniza as
consequências do mal planejamento que a falta de informação pode causar, porém
a experiência de alguns pedidos que tiveram grande escala e acompanhamento
próximo o suficiente para coleta de dados importante de produtividade provaram que
essas informações aumentam a qualidade do trabalho e diminuem a chance de
atrasos.
4.8. MONTAGEM DE ESCADAS
Apesar do setor de Montagem de Escadas funcionar sob uma rotina de
processos e de produção muito mais definida, não existe um processo formal para
sua execução ou planejamento e as tarefas do dia-a-dia são muito pontuais e mais
movidas de acordo com a necessidade do que por uma forma de trabalhar
especificamente. Não há rotina de planejamento, não há um método de trabalho
desenvolvido para o setor, não são usados documentos padrão para cálculo e
solicitação de matéria-prima, não existem rotinas para verificação de estoque na
área de trabalho.
Desse modo, foi preferido não realizar modelagem de processos devido à
inexistência de, como foi descrito durante a revisão bibliográfica, “um conjunto de
atividades ordenadas de maneira específica no espaço e no tempo, com um início,
um fim e um conjunto definido de inputs e outputs (DAVENPORT, 1993)”.
4.8.1. Comentários sobre a Montagem de Escadas
Apesar de não ter sido descrito nenhum processo, é interessante que seja
feita uma análise sobre como tal tarefa é gerenciada pelo PCP.
Page 69
58
Ele age na maior parte do tempo apenas como um facilitador de algumas
tarefas burocráticas, principalmente relacionadas ao fornecimento de matéria-prima,
do que como efetivamente um planejador. O encarregado do setor é responsável
tanto pela escolha das escadas efetivamente montadas diariamente quanto por
providenciar que todos os materiais necessários sejam separados.
Diferentemente do cenário encontrado com os outros produtos, o gargalo se
encontra na montagem devido ao volume de escadas vendidas, que não é o
suficiente para ocupar a Pultrusão em 100%. Os fluxos dentro da área de montagem
são muito interdependentes e variados o que dificulta uma análise quantitativa da
fábrica de modo que se consiga dizer quanto tempo é realmente necessário para
produzir um determinado mix de produtos. Por exemplo, pelo histórico de montagens
obtido é possível notar que para cada funcionário adicionado na área de montagem
a produção diária cresce em, em média, 7 unidades (supondo que o gargalo não se
mova), porém a mesma análise também demonstra que a produção de muitas
escadas de modelos especiais pode fazer a produção cair para menos de um terço
do esperado e que, em modelos mais simples, pode chegar ao dobro do esperado.
Como também existe muito pouco conhecimento no PCP sobre os métodos
de montagem utilizados no setor o levantamento de métricas para fabricação
utilizadas no planejamento se torna impossível. Um estudo nesse sentido precisaria
ser feito anteriormente ao desenvolvimento de novos processos de emissão de
ordens de produção, de elaboração de um plano mestre de produção e de
planejamento de matéria-prima para entender melhor a dinâmica do trabalho feito.
4.9. PRODUÇÃO DE GRADES INJETADAS
A Produção de Grades Injetadas começa a partir da definição, junto com o
PCP, de qual a próxima Ordem de Produção a ser produzida. A partir disso é
verificada se a fôrma para esse tipo de grade já está montada em alguma das
máquinas. Se estiver deve-se começar a produção, se não estiver deve-se
desmontar alguma das formas em uma das máquinas para então fazer a montagem.
Quando o set-up for concluído é produzida a batelada de resina adequada
para o pedido selecionado. Após a sua chegada ao Setor de Grades Injetadas
começa o processo de injeção e separação das grades produzidas. Após certa
Page 70
59
quantidade não determinada de grades serem produzidas elas são levadas para
serem lixadas e sofrerem acabamento e serem liberadas para o PCP. Se em algum
momento a batelada acabar é solicitado a produção de mais um barril e, se o turno,
acabar o encarregado do turno deve apontar tudo o que foi produzido, o que, como
no caso da Montagem Especial, não acontece frequentemente.
O processo está ilustrado na Figura 21, que se encontra na próxima página.
4.9.1. Comentários sobre o processo
Nesse processo vemos os mesmos problemas vistos anteriormente nos
processos de Pultrusão de Perfis e na Montagem Especial. Se por um lado o
ambiente é bem menos complexo, por outro, essa facilidade de gerenciamento
refletiu em um maior desleixo do PCP em desenvolver controles adequados para o
setor, que trabalha com supervisão muito frouxa.
Nos últimos anos houve pouco interesse do PCP em desenvolver
mecanismos de controle capazes de gerar métricas de produtividade. Assim como
na Pultrusão, não há históricos que permitam dizer quantas grades conseguem ser
feitas por dia em cada uma das máquinas, muito menos uma programação
sistemática do setor. Com o espectro de produtos sendo muito menor, e o número
de máquinas também, a adaptação do controle e do sistema de planejamento
sistemático que possa vir a ser implementado na Pultrusão para a Grade Injetada
provavelmente seria fácil.
De maneira parecida com a questão da produtividade, não há movimentação
para tomar medidas de controle do consumo e da composição da resina utilizada na
produção das grades. A falta de informações a esse respeito gera um problema
bastante considerável no controle de matéria-prima, pois é impossível fazer qualquer
tipo de previsão de consumo.
Page 71
60
Figura 21 - Processo de Produção de Grande Injetada
Fonte: Elaboração Própria
Page 72
61
4.10. LIBERAÇÃO DE PEDIDOS DE PRODUTOS
Após a liberação do pedido pelo PCP a Ordem de Produção e todos os
documentos secundários relativos ao pedido são entregues ao responsável pela
inspeção dos materiais, que começa o processo de Liberação de Pedidos de
Produtos (ilustrado a seguir). Ele então emite um documento chamado “Relatório de
Inspeção Final”, que lista todos os itens do pedido, e etiquetas de identificação para
cada um deles. Com a documentação em mãos para conferência do material e as
etiquetas o colaborador então vai à área em que o material está separado para
verificar se as peças estão conformes (fatores comuns verificados são tipo de perfis
utilizados, acabamento dentro do padrão, dimensões corretas e matéria-prima
apropriada). Se o pedido não estiver totalmente conforme a Ordem de Produção
volta para o PCP que avalia as peças e toma as providências necessárias, se o
pedido estiver conforme as pelas são identificadas com a etiqueta impressa
anteriormente, um certificado é gerado e o pedido é liberado para o setor de
Expedição que embala os produtos e determina as dimensões e peso dos volumes
que serão enviados aos clientes.
Após todos os itens estarem embalados e as informações necessárias para
cotação com as transportadoras estarem prontas o pedido é liberado para o setor de
Faturamento. Eles verificam qual a modalidade de transporte contratada,Cost,
Insurance and Freight (CIF), ou Free On Board (FOB) e entram em contato com o
cliente para informar que o pedido está aguardando a coleta. Se o pedido for FOB
são feitas cotações com diferentes transportadoras e é escolhida a melhor condição
de transporte (geralmente a mais barata, mas pode ser mudada mediante ordem de
alguma gerência), se o pedido for CIF é aguardada indicação de transportadora pelo
cliente. Com a transportadora selecionada são passadas à ela as informações
necessárias e a coleta é aguardada.
Quando a transportadora chega à empresa a nota fiscal é emitida, que é
liberada para o setor de Expedição. O material então é embarcado com a Nota
Fiscal e a transportadora é liberada
Page 73
62
Figura 22 - Processo de Liberação de Pedidos de Produtos
Fonte: Elaboração Própria
Page 74
63
4.10.1. Comentários sobre o processo
O processo de liberação de pedidos funciona, em geral, bem, apesar de ter
alguns problemas. A causa da maior parte dos seus problemas é consequência da
falta de integração do PCP com o ERP da empresa e de como a informação dos
pedidos se transforma e transita entre os setores.
Como já dito anteriormente, o cadastro dos produtos foi feito de maneira
incorreta no ERP e quando algum produto novo ou projeto é colocado no sistema o
seu cadastro geralmente reproduz esses erros. O último reflexo disso ocorre na
liberação do pedido, pois pode haver dificuldade em alocar qual peça produzida
pertence a qual item do pedido. Um exemplo que ocorre com frequência é haver
dois itens de algum item genérico no Pedido e eles serem, na verdade, compostos
de diversos guarda-corpos. Apesar de todos eles serem identificados
individualmente, não há um jeito de atribuir, via sistema, de qual item ele pertence.
Essa tarefa acaba ficando a cargo do responsável pela inspeção, que muitas vezes
não consegue fazer essa determinação e escolhe arbitrariamente em qual item
alocar cada um dos guarda-corpos.
Além disso, esse processo também precisa do desenvolvimento de controles
na etapa de contratação de fretes. Essa é uma pendência levantada principalmente
pela área comercial da empresa, pois, devido às características do produto, os
custos de frete geralmente são muito elevados, prejudicando a competitividade dos
produtos e chegando a impossibilitar a venda para mercados muito importantes no
Brasil, como as regiões Nordeste e Sul. Todo ano são feitas negociações com
diversas transportadoras a fim de diminuir os custos logísticos, mas, como
diagnosticado no mapeamento de processos, não é possível verificar se os acordos
estão sendo efetivamente cumpridos pelas transportadoras e nem avaliar qual é o
real custo logístico da empresa.
4.11. LIBERAÇÃO DE PEDIDOS DE ESCADAS
A Liberação dos Pedidos de Escada, ilustrado no a seguir, geralmente é feito
ao final do dia, quando o turno é finalizado e começa a partir do recebimento do
Apontamento de Produção do dia. Nele há uma relação de quantas escadas de cada
Page 75
64
modelo e com quais especificações foram produzidas. O Trainee de PCP
responsável pelos processos de Escada recebe esse relatório e aloca as escadas
produzidas de acordo com os pedidos em aberto com prazo de vencimento mais
próximo. Após a alocação de toda a produção do dia é feita uma verificação para
identificar os pedidos que já estão completos e um relatório com a produção do dia
anterior é emitido para a área de Expedição, que é responsável por embalar e
separar as escadas.
Certificados de Qualidade são emitidos para os pedidos finalizados e eles
são entregues ao setor de Faturamento após a finalização da conferência e
embalagem. A Auxiliar de Faturamento entra em contato com o cliente informando a
liberação do produto. Se o pedido tiver entrega modalidade FOB ela faz cotações
com algumas transportadoras parceiras e escolhe aquela que apresentar menor
preço e se a entrega for CIF ela aguarda indicação do cliente de qual transportadora
coletará o material. Após a escolha da transportadora são passadas as informações
referentes à coleta. Com a chegada do caminhão é emitida uma Nota Fiscal, o
material é liberado para que a Expedição faça o embarque e a transportadora é
liberada.
4.11.1. Comentários sobre o processo
Diferentemente do processo de Liberação de Pedidos de Produtos, este não
sofre dos mesmos problemas no que é relacionado à integração com o ERP, pois o
cadastro do pedido sempre corresponde ao que efetivamente está sendo entregue e
tem nível de detalhamento adequado. Mas, ao mesmo tempo, os erros descritos
anteriormente sobre o não registro das informações de transporte se repetem,
acarretando grande perda de informação útil para empresa e menor competitividade
para vendas fora do sudeste, que possuem uma parcela de custos logísticos muito
grandes.
Page 76
65
Figura 23 - Processo de Liberação de Pedidos de Escadas
Fonte: Elaboração Própria
Page 77
66
4.12. CONTROLE DE MATÉRIA-PRIMA
O processo de controle de estoque e matéria-prima (que está ilustrado
adiante) feito dentro do PCP é iniciado quando diariamente os níveis de estoque são
checados e são detectados que alguma MP está com saldo abaixo do ponto de
pedido. Quando isso é identificado o responsável no PCP deve fazer a solicitação da
compra de um novo lote no ERP. Nota-se que geralmente a quantidade comprada é
idêntica ao do último pedido, a não ser que se tenha o conhecimento de que ele é
insuficiente ou grande demais, e com data de necessidade que seja preferível (não
existe um controle ou método para saber lead-time dos fornecedores).
Com isso o setor de suprimentos identifica a nova solicitação, cota com os
fornecedores homologados as condições de compra, emite o pedido e envia-o para
o que melhor atender as necessidades da empresa.
Após enviar o pedido são feitas verificações periódicas sobre o andamento
do pedido com o fornecedor para antecipar possíveis atrasos e corrigir outros
problemas que possam ocorrer.
Quando o material chega à empresa o encarregado pelo almoxarifado é
responsável por receber o material e compará-lo com a nota fiscal enviada e o
pedido de compra emitido. No caso de algum erro ser identificado ele deve ser
informado ao responsável pelo pedido de compra no setor de suprimentos que
tomará as providências necessárias.
Se o material for aceito ele seguirá para armazenamento no almoxarifado e
a Nota Fiscal será enviada à Contabilidade para entrada no sistema, processo que é
feito pelo menos a cada dois dias.
Page 78
67
Figura 24 - Processo de Compra de Matéria-Prima
Fonte: Elaboração Própria
Page 79
68
4.12.1. Comentários sobre o processo
A maior crítica que pode ser feita nesse caso é a de que não existe um
método para se determinar qual a quantidade de material que deve ser comprado e
com qual antecedência isso deve ser feito. Não foi identificado algum método para o
cálculo do ponto de pedido ou do estoque mínimo, sendo eles puros reflexos de
níveis passados de estoque que não estão necessariamente de acordo com a
realidade atual da empresa.
O mais preocupante é que a natureza muito variável do processo de
fabricação responsável pelo consumo de MP dificulta a criação de métricas que
possam responder essa pergunta. Os resultados teóricos informados pela área de
engenharia da empresa não são consistentes com o histórico de produção e
consumo, sendo encontrados períodos onde há um consumo muito maior que o
esperado (mais de 50%) e períodos com consumo muito menor (menos de 50%).
Isso faz com que a implementação de qualquer sistema de previsão de consumo de
MP, como metodologias de MRP II, produza resultados não confiáveis que podem
levar à uma piora da confiabilidade da disponibilidade de MP para produção e como
as principais MP são comuns à quase todos os itens produzidos isso pode levar à
paralização de toda a produção.
Não existe levantamento do lead-time dos fornecedores e nem da
confiabilidade destes, o que faz com que não seja possível um planejamento
sistemático que evite falhas durante todo o processo de compras.
Não existe troca de informação entre o setor de suprimentos e o financeiro.
Não se sabe quais pedidos são prioritários e quais não são, quais dependem de
pagamento para a liberação e quais possuem crédito junto ao fornecedor. Isso
dificulta o planejamento financeiro da empresa em momentos de dificuldade de
equalização do fluxo de caixa.
4.13. SÍNTESE DOS COMENTÁRIOS
Como explicitado no começo do estudo de caso para um melhor
entendimento de como as operações da Empresa X funcionam devemos analisar os
casos da Linha de Produtos e da Linha de Escadas separadamente. Tendo essa
Page 80
69
necessidade em vista será feito abaixo uma síntese dos pontos centrais encontrados
nos processos descritos que afetam a sua operação.
4.13.1. Síntese dos Comentários para a Linha de Produtos
Resumindo os comentários apontados em todos os processos voltados à
Linha de Produtos, vemos que as principais características atuais do sistema podem
ser reunidas em poucos pontos que estão listados a seguir:
Falta de implementação do PCP com o ERP da empresa.
Utilização de muitos sistemas paralelos.
Implementação incorreta de alguns itens do ERP.
Utilização incorreta de alguns itens do ERP pelo setor comercial.
Não há ferramentas para estimar consumo de matéria-prima.
Não são feitas avaliações dos custos logísticos.
Falta de indicadores de performance.
PCP não planeja a produção.
Falta de conhecimento operacional da Pultrusão.
Falta de conhecimento operacional sobre o consumo de matéria-
prima para produção dos perfis.
Falta de conhecimento técnico sobre a estrutura de montagem dos
produtos.
Pouca comunicação entre o setor Operacional e o restante da
empresa.
Muitas ferramentas desenvolvidas internamente.
Ferramentas sem funcionalidades de análise.
Ferramentas de apontamento da produção não são usadas.
Ferramentas de apontamento de bateladas são utilizadas
erroneamente.
Estoque de perfis e produtos prontos é inadequado e desorganizado,
causando perda de peças e decisões operacionais erradas.
Falta conhecimento sobre as operações de montagem.
Layout do Almoxarifado com duas áreas separadas dificulta controle
Page 81
70
apropriado de matéria-prima.
4.13.2. Síntese dos Comentários para a Linha de Escadas
Resumindo as críticas apontadas em todos os processos voltados à Linha
de Escadas, vemos que as principais características atuais do sistema podem ser
reunidas em poucos pontos que estão listados a seguir:
Falta de implementação do PCP com o ERP da empresa.
Escadas de modelos especiais são cadastradas a partir de cópias de
modelos padrão e não tem estrutura corrigida.
Não existem controles sobre a montagem de escadas.
Não há ferramentas para estimar consumo de matéria-prima.
Não são feitas avaliações dos custos logísticos.
Falta de indicadores de performance.
PCP não planeja a produção.
Falta de conhecimento operacional sobre os processos de montagem
de escada.
Inexistência de um processo formal para montagem de escadas.
Falta de conhecimento operacional sobre o consumo de matéria-
prima para produção dos perfis.
Ferramentas de apontamento de bateladas são utilizadas
erroneamente.
Falta de conhecimento técnico sobre a estrutura de montagem de
escadas especiais.
Pouca comunicação entre o setor Operacional e o restante da
empresa.
Não há rotinas para controle de estoque de escadas prontas.
Muitas ferramentas desenvolvidas internamente.
Ferramentas sem funcionalidades de análise.
Layout do Almoxarifado com duas áreas separadas dificulta controle
apropriado de matéria-prima.
Page 82
71
4.14. DEFINIÇÃO DO TEMA ESTUDADO
Para que haja maior objetividade na proposta de melhorias à empresa a
definição de um dos problemas apresentados como o prioritário para o momento é
necessária.
Como a Divisão de Produtos é responsável pela maior parte do faturamento
da empresa, possui melhores margens, utiliza mais recursos da fábrica, tem mais
complexidade operacional e é um mercado menos saturado e os problemas
relacionados a ela foram priorizados. Isso não quer dizer que os efeitos na Divisão
de Escadas, sejam eles benéficos ou maléficos, da proposta de reformulação não
serão considerados, somente que eles não terão atenção diferenciada.
Entre os pontos levantados durante o estudo dos processos o sintoma mais
preocupante é a incapacidade de planejamento do PCP, pois este é um dos
principais motivos da sua existência. Essa deficiência prejudica diretamente a
utilização de todos os recursos da fábrica, a capacidade de dar prazos realistas, o
relacionamento com os clientes que não tem posições precisas sobre os seus
pedidos, decisões de compra de matéria-prima, entre outros aspectos.
Page 83
72
5. ANÁLISE E SOLUÇÃO DO PROBLEMA
Neste capítulo o problema escolhido, a incapacidade de planejamento do
PCP, analisado de maneira mais profunda a fim de discutir as suas causas. Após um
diagnóstico preciso será proposto uma proposta de melhoria a fim de resolvê-las.
5.1. ANÁLISE DAS CAUSAS
Para analisar as causas do tema estudado foi utilizado o Diagrama de
Árvore de Falhas que está na próxima página.
Toda tentativa de planejamento realizada pela empresa tem como ponto de
partida a Pultrusão e ele pode ter duas vertentes, uma operacional e outra de
suprimento de matérias-primas, que serão analisadas em separado. Ao final de cada
uma dessas vertentes serão listadas todas as causas raiz encontradas para haver
uma melhor síntese.
5.1.1. Perspectiva de Planejamento de Operações
Começando pela perspectiva operacional, a Pultrusão é o setor que, além de
ser o mais previsível da fábrica, é o gargalo da fábrica, salvo em raras exceções, e
dita o ritmo da produção. Levando em conta que ela também é o único setor da
fábrica que não pode ter seu horário estendido por já possuir três turnos de
produção e trabalhar durante os finais de semana, o que exige o máximo
aproveitamento dos seus recursos. Possíveis ampliações de capacidade, tanto
temporárias quanto permanentes, para lidar com picos de demanda também são
soluções mais simples e baratas de serem implementadas nos setores de
montagem, que exigem baixo investimento.
Page 84
73
Figura 25 - Diagrama de Árvore de Falhas
Fonte: Elaboração Própria
Page 85
74
Além disso, como já explicitado na caracterização do setor, a montagem é
um ambiente com muitas variações de funcionamento e onde o andamento das
atividades depende muito do mix produzido e de quais montadores estão fazendo
quais atividades. Essa característica tornaria o planejamento muito difícil sem
métodos de controle robustos e muitas informações disponíveis sobre a montagem
de cada um dos itens. Ambos os cenários são incompatíveis com a realidade atual
da empresa, então o setor foi planejado para trabalhar com excesso de capacidade.
Voltando ao processo de “Programação da Pultrusão” e às críticas feitas a
ele, foi relatado que não há um processo formal de planejamento das atividades
porque o PCP não possui informações e parâmetros operacionais para realizar
qualquer tipo de previsão de como o sistema irá se comportar durante a produção
dos itens em carteira. Isso faz com que a sequência de produção possa ser pré-
determinada, porém estimativas de tempo de produção, extremamente importantes
para avaliar se ações não programadas serão necessárias para evitar atrasos, não
sejam feitas. Essas informações sempre estiveram concentradas em poucas
pessoas com grande experiência e muito conhecimento empírico acumulado que
não estão mais na empresa. Como consequência, quase a totalidade das ações
tomadas no âmbito da produção são primordialmente reativas e ocorram, na maioria
dos casos, quando atrasos não poderão ser evitados.
Essa realidade acontece basicamente, porque para se controlar o
andamento da produção e registrar todos os apontamentos feitos pelos operadores
é usado um banco de dados desenvolvido internamente em Access que foi descrito
e analisado na seção 3.2.2.1 deste trabalho. Nela é destacada que há muitos erros
de apontamento causados por uma escolha equivocada dos parâmetros requeridos
pelo sistema durante o apontamento. A substituição dos parâmetros utilizados “Hora
de Início” e “Hora de Fim” de produção pelos parâmetros “Data” e “Turno”
permitiriam um acompanhamento muito mais simples e acurado da produção e
criaria um histórico consistente com dados essenciais em nível de planejamento,
pois poderia responder à pergunta de quantos metros de perfil são produzidos por
turno.
O segundo motivo é que, mesmo com o levantamento dessas informações a
ferramenta utilizada para fazer esse sequenciamento, uma planilha desenvolvida
internamente usada também para emitir as Ordens de Pultrusão e acompanhar o
saldo de peças produzidas, não possui a funcionalidade de analisar os dados dos
Page 86
75
apontamentos, determinar a velocidade média de cada perfil e utilizá-la para estimar
o tempo de produção das Ordens de Pultrusão em aberto. Além disso também seria
importante que ela pudesse avaliar se a produtividade real não está muito abaixo da
esperado para que, caso esteja, o PCP possa identificar o problema rapidamente e
tomar ações para resolvê-lo, minimizá-lo ou, em um caso extremo, reporta-lo o mais
rápido possível ao setor comercial da empresa que decidirá a estratégia apropriada
para lidar com o cliente minimizando consequências negativas ao relacionamento
com ele.
Abaixo temos um resumo das causas encontradas:
1. Conhecimento majoritariamente empírico concentrado em poucos
funcionários que deixaram a empresa.
2. Muitos erros de apontamento que contaminam os dados
3. Erro na escolha de parâmetros usados nos apontamentos
4. Dependência de extensa análise e uso de informações externas ao
controle para gerar informações de média qualidade
5. Ferramentas de planejamento não são capazes de gerar estimativas
de término de produção
5.1.2. Perspectiva de Planejamento do Suprimento de Matéria-Prima
Analisando os motivos de não haver um planejamento de suprimento de
matéria-prima nos remetemos à análise feita na seção 4.10 do trabalho, no processo
de “Controle de Matéria-Prima”. Nas críticas feitas a ele destaca-se o fato de não
haver nenhuma ferramenta ou método prático capaz de estimar o consumo de
matéria-prima ou mesmo de analisar qual é o tipo de resina e de outros
componentes mais adequados para aquisição de acordo com o que está disponível
em estoque.
Apesar da necessidade de se fazer uma estimativa do consumo de matéria-
prima ferramentas com essa funcionalidade nunca foram desenvolvidas, pois existe
muito pouco conhecimento sobre qual é o real consumo, principalmente de resina,
para os produtos utilizados. Essa previsão deveria ser feita por dois componentes,
um que analisa qual o consumo de resina, seus aditivos e fibras (engloba fibra de
Page 87
76
vidro, manta e véu) para a produção dos perfis e outro que analisa quantos metros
de cada perfil serão necessários para a produção.
Pode-se fazer uma previsão teórica a partir de alguns testes de laboratório,
densidade linear do perfil e da quantidade de fibras utilizadas durante a produção,
mas esses métodos ignoram as perdas de peças inerentes ao processo de
Pultrusão, que não são controladas. Foi relatado pelos responsáveis técnicos que
dificilmente variações entre a quantidade de fibra utilizada pelos operadores e a
especificada causará erros de previsão consideráveis, pois a variação costuma ser
percentualmente pequena. O ponto de preocupação relatado por eles é que esse
comportamento poderá implicar em materiais fora de especificação e com qualidade
comprometida. Com isso o método mais realista de se conseguir dados para fazer
essa previsão seria através da implementação de um controle que meça o total de
metros de perfil produzidos por massa de batelada de resina. O controle da
quantidade de fibra utilizada através de inspeções diárias nos moldes do que foi
relatado na seção 3.2.2.2 seria importante para o controle da qualidade do processo.
Ao se cruzar esse número, que informa a metragem de peças úteis de cada
perfil feito com cada batelada de resina, e o registro dos componentes da batelada
na ferramenta descrita na seção 3.2.2.3, que possui a massa de cada componente
utilizado naquela batelada, pode-se estimar quantos quilos de resina são utilizados,
em média, para cada metro de perfil e usar esse número como referência para
cálculos utilizando a metodologia de MRP II.
Seria possível parar nesse ponto e ter algum tipo de previsão de acordo com
as Ordens de Pultrusão em aberto na carteira, mas, se for desejado que essa
integração passe a ser calculada através do ERP será necessário fazer uma
reavaliação da estrutura de todos os itens de venda cadastrados nele. Essa tarefa
seria muito complexa e demorada de ser realizada, pois poucos itens possuem
cadastro de estruturas e, quando ela existe, geralmente está incorreto ou
incompleto. Abaixo listamos os quatro motivos encontrados dessa informação não
estar registrada.
A área da empresa que desenvolvia os projetos dos produtos não
possuía uma metodologia para guardar as suas especificações de
maneira organizada. Por conta disso, muitos dos produtos não
possuem especificações formais.
Page 88
77
Pela falta dessas especificações os encarregados e montadores são
os únicos que sabem a real composição deles produtos.
O número de produtos produzidos é extremamente grande, por isso
nunca houve o interesse real de se fazer esse mapeamento, pois as
ferramentas disponíveis não teriam como usar essas informações.
Muitos produtos são personalizáveis e com o ERP utilizado na
empresa não é possível criar variações na estrutura dos itens além de
um efeito multiplicador uniforme para todos os seus componentes.
Se todas essas questões forem solucionadas o trabalho do PCP boa parte
do processo de Emissão de Ordens de Produção poderia ser automatizado
eliminando todas as etapas de análise do material necessário para a produção de
cada item do Pedido de Compra.
Porém, esses não são os únicos problemas encontrados. Há também uma
grande deficiência de informações relacionadas à como substituir matérias-primas
em função de oportunidades comerciais, utilização ótima do estoque da empresa e
quaisquer adaptações necessárias na compra desta para suprir as necessidades da
fábrica. Esse problema é exclusivo dos compostos utilizados para a fabricação das
resinas utilizadas pela fábrica, pois nem todos eles podem ser substituídos sem
gerar a necessidade de adaptação da fórmula, o que já foi explicitado na seção
3.2.2.3. Isso pode causar sérios problemas, porque o Laboratório não divulga a
composição das fórmulas para o PCP e para o setor de Suprimentos, o que não
seria um problema se a gestão das fórmulas das bateladas fosse feita dentro do
ERP.
Os responsáveis pela área técnica relataram que o cadastro das resinas foi
feita da maneira mais simples possível, sem refletir a realidade intencionalmente.
Como não havia previsão para começo de utilização do módulo de PCP os
benefícios de sua utilização seriam marginais. Além disso, o controle de estoque
seria muito afetado, pois cada tipo de resina passaria a entrar no sistema com o seu
nome e características reais. Sem o apoio de um sistema robusto, isso causaria
muitos problemas ao almoxarifado, pois existem dezenas de especificações
possíveis para as resinas utilizadas que teriam que ser especificados no momento
da solicitação do material. Como o processo de solicitação é feito pelos
encarregados e operadores e eles muitas vezes não sabem exatamente o que está
Page 89
78
disponível, muitos erros acabam ocorrendo, causando muito retrabalho e erros
grosseiros na contabilização do estoque. O cenário ideal seria um em que esse tipo
de solicitação é enviada pelo PCP, que teria capacidade de dizer qual o tipo de
mistura que deveria ser usada, em que quantidade e quando. A realidade atual dos
processos e das ferramentas utilizadas, porém, não possibilita tal trabalho.
A seguir temos um resumo das causas-raiz encontradas (numeração segue
a da seção anterior):
6. Somente os encarregados e alguns montadores sabem a estrutura de
montagem de vários produtos.
7. Área responsável pelos projetos não possuía método para catalogar
projetos até poucos anos atrás.
8. Número de produtos diferentes é da ordem de milhares, tornando o
levantamento muito custoso.
9. Muitos produtos são personalizáveis e o ERP não dá suporte às
modelagens necessárias.
10. Não existe controle sobre a perda de matéria-prima na Pultrusão.
11. Não existem controles sobre consumo de matéria-prima por Ordem
de Pultrusão.
12. Laboratório não divulga composição das misturas
13. Ferramentas que utilizariam informações da estrutura de resinas não
são usadas e não são prioritárias
14. Cadastro muito preciso das matérias-primas geraria uma
complexidade muito grande no controle de estoque.
5.2. RELAÇÃO DE POSSÍVEIS PROJETOS DE MELHORIA
Podemos a partir do Diagrama de Árvore de Falhas montado mostrar muitas
soluções e projetos de melhoria para os problemas em questão. Iremos agora expor
cada uma delas.
Continuaremos a estruturar o texto a partir das duas perspectivas já
mencionadas na seção anterior do trabalho para organizar melhor as atividades e
porque as soluções descritas, por mais que possam ser parecidas, possuem
Page 90
79
finalidades de natureza diferentes que precisam ser expostos.
5.2.1. Perspectiva de Planejamento de Operações
A partir das causas expostas pode-se perceber que em geral elas passam
por uma dependência muito grande da experiência do indivíduo que está
executando o processo de planejamento, da falta de controles apropriados que
gerem dados acurados e precisos e da falta de ferramentas que possam analisar os
dados disponíveis e disponibilizar informações de maneira eficiente, contínua e
autônoma.
Todos esses fatores apontam principalmente para dois aspectos principais
que precisam ser atacados:
Controles inadequados para o processo em questão
Capacidade de análise de dados aquém do necessário para uma
geração eficiente de informação.
A dependência do fator humano em questão é uma causa importante dos
problemas estudados, mas que não deveria existir em um ambiente em que os
aspectos acima estão resolvidos.
As soluções para os problemas expostos acima passam necessariamente
pela modificação das ferramentas de controle da produção e de planejamento, mais
especificamente, o Sistema de Apontamento exposto na seção 3.2.2.1. deste
trabalho e da planilha utilizada para registro de todas as ordens de produção por um
sistema que, no mínimo, consiga captar os dados corretos de produção de maneira
confiável e disponibilizar informações de fácil análise. Levando em conta tudo que foi
exposto neste trabalho e, em especial, na seção 3.2.2.1. que discorre sobre o
sistema de controle atual, para fazer esse tipo de modificação na estrutura atual
temos duas possibilidades: a melhora dos sistemas atuais de controle a partir de
desenvolvimento interno, a implementação de um software para controle da
produção na fábrica. Nesse segundo caso temos duas soluções possíveis, a
implementação do módulo de produção do ERP utilizado pelo resto da empresa e a
utilização de alguma outra solução, que envolveria a substituição de todo o ERP da
Page 91
80
empresa. Nesse caso seria necessária uma fase preliminar para estudar o ERP
atual da empresa e as opções que o mercado oferece para optar pela que melhor se
adequa à empresa, o que levaria alguns meses.
5.2.2. Perspectiva de Planejamento do Suprimento de Matéria-Prima
Assim como no caso do Planejamento de Operações, grande parte dos
problemas causa pela dependência de pessoas que detêm informações essenciais
ao funcionamento da empresa e de falta de sistemas de controle que gerem dados
com qualidade para análise. Mas, além desses aspectos, também há problemas
relacionados à falta de um banco de dados minimamente estruturado que gere
informações para consulta para o resto da empresa.
Convergindo para as soluções apresentadas anteriormente, as ferramentas
utilizadas atualmente conseguiriam suprir algumas das funcionalidades necessitadas
relacionadas ao registro de misturas utilizadas, ao controle da quantidade de
matéria-prima utilizada e o volume de descarte da Pultrusão. Essa solução não
resolveria os problemas mais complexos relacionados ao controle de estoques e que
englobassem outros setores da empresa, mas poderia trazer algum ganho. Essas
ações seriam:
Um período de desenvolvimento interno de melhorias para melhorar a
performance, a usabilidade, a segurança e a confiabilidade do
sistema.
Treinamento intensivo dos funcionários habilitados para produção de
bateladas
Atitude mais proativa do Laboratório e do PCP na fiscalização da
execução dos processos, fazendo no mínimo uma análise básica dos
dados apontados.
Controle de peças descartadas da produção através da pesagem de
pedaços de perfil defeituosos ao final de cada turno.
Uma proposta mais robusta seria a finalização da implementação do ERP
usado pela empresa ou a substituição deste por outro que se adeque melhor à
estrutura de negócio da empresa. A integração da produção ao ERP é de extrema
importância, pois é nela onde os recursos da empresa são efetivamente produzidos
Page 92
81
e a informação de como isso está ocorrendo só consegue ser feita de maneira
realmente efetiva através das funções que ele pode vir a oferecer.
Porém, as principais funcionalidades esperadas de um sistema desses no
caso estudado softwares seria a de controlar a quantidade de matéria-prima utilizada
na realidade e de possuir estrutura de produtos parametrizável. Dessa forma, o
software deixaria de somente dizer o quanto deveria ser usado através de uma
lógica MRP II estática e pouco flexível, como geralmente ocorre. Essa
funcionalidade é extremamente importante, pois, pela natureza do produto, esse
cálculo pode ter uma variabilidade muito grande no dia-a-dia e ser baseado em uma
metodologia errada. Nesse aspecto, um sistema que não só possua parâmetros de
produção cadastrados, mas que verifique se eles estão sendo efetivamente
cumpridos e cujas dimensões sejam adaptáveis seria de grande valor para a
empresa na situação atual em que existe muito pouco conhecimento disponível.
Sobre a questão da divulgação das misturas de resina, o Laboratório
também poderia fazer um treinamento voltado aos setores de Compras e PCP, pois
estes são chaves na escolha de que matérias-primas serão compradas. Eles
precisam entender minimamente o que estão fazendo para que não acabem
adquirindo resinas, aditivos e outros componentes incompatíveis entre si, o que
paralisaria a produção.
Para a solução do problema da falta de estrutura para centenas de itens
produzidos não há soluções disponíveis que não sejam: fazer um levantamento
extensivo da real estrutura de produção dos produtos, fazer novos projetos para eles
ou parar de produzi-los. A última está fora de cogitação.
Além dessas soluções, outros pontos que não apareceram no Diagrama de
Árvores de Falhas, mas que são passíveis de causarem influência positiva no
planejamento de matérias-primas serão:
Análise e atualização de todas as informações de matérias-primas
através de um inventário minucioso.
Revisão do processo de recebimento e de entrada de matérias-primas
no ERP, com ênfase em garantir que não ocorram mais erros de
cadastro de lotes.
Uma mudança profunda do layout do Almoxarifado para que todo ele
esteja concentrado no mesmo local, evitando liberações de acesso às
matérias-primas que causam problemas de controle atualmente.
Page 93
82
5.3. ANÁLISE DE FIT DOS PROJETOS
Os projetos propostos acima são todos passíveis de implementação, porém,
isso não quer dizer que todos devam ser efetivamente levados a diante. Para que a
solução final ofereça o melhor resultado possível, é importante que eles tenham uma
integração harmoniosa ou que pelo menos não haja interferência negativa. Com o
objetivo de garantir isso, será feita uma Análise de Fit preliminar, que embasará o
Plano de Ação que será feito posteriormente.
Abaixo serão listados todos os projetos mencionados anteriormente e eles
serão analisados segundo quatro pontos. A complexidade de implementação, o
tempo necessário para a conclusão do projeto, o seu custo, criticidade, a sinergia
entre eles e o responsável pela sua execução. Eles foram escolhidos, pois as
maiores dificuldades encontradas pela Empresa X hoje são a pouquíssima
disponibilidade de capital para investimento, escassez de mão-de-obra
especializada com tempo para de dedicação à projetos de melhoria e a mudança de
cenários muito rápida, o que dificulta ações de longo prazo. É evidente que outros
fatores poderiam vir a ser estudados
1. Melhoria das ferramentas de apontamento e planejamento através de
desenvolvimento interno.
o Complexidade: Alta, pois envolve utilização de diversas
ferramentas em um nível avançado e conhecimentos
específicos de banco de dados e programação.
o Tempo: Em um período de um a dois meses poderiam ser
desenvolvidas soluções que permitiriam a avaliação da
produtividade de cada máquina em tempo real, possibilitando
um planejamento da produção muito mais detalhado que o
atual, e tornariam o programa atual mais seguro, organizado e
de uso mais fácil.
o Custo: Baixo, pois seria necessário dedicar somente um
funcionário especializado para isso em tempo quase integral
durante esse período.
Page 94
83
o Criticidade: Essencial para permitir a criação de um histórico
realista de produção e da implementação de um efetivo
planejamento das atividades da Pultrusão.
o Sinergia: Perderia uso após a implementação de um sistema
de controle da produção através do ERP atual ou de outro
contratado, mas diminuiria a criticidade de ambos e geraria
conhecimento sobre melhores formas de integração com o
ERP.
o Responsável: Planejamento e Controle da Produção
2. Implementação do módulo de PCP do ERP em utilização e correção
de todas as informações que possuem cadastros simplórios ou
errôneos.
o Complexidade: Muito alta, pois seria necessário estudar o
funcionamento do ERP utilizado, entender o que seria de fato
útil para a empresa, avaliar novamente a viabilidade do projeto,
recolher as informações necessárias (que não estão
organizadas ou disponíveis) e cadastrá-las. Só teria apoio da
empresa desenvolvedora do programa mediante contratação
de treinamentos e consultoria para a implementação.
o Tempo: Estimado em pelo menos seis meses estudando outras
soluções do mercado e no mínimo um ano para
implementação, duração total depende da quantidade de
recursos que poderão ser utilizados.
o Custo: Alto, pois envolve uma grande dedicação de
funcionários por um longo período de tempo. Também é
possível que se chegue ao meio do processo e ele seja
abortado.
o Criticidade: Essencial para permitir a criação de um histórico
realista de produção e da implementação de um efetivo
planejamento das atividades da Pultrusão e a integração da
produção com os outros setores da empresa para um melhor
controle financeiro, contábil e de materiais.
o Sinergia: Tornaria o sistema de apontamento da produção e o
sistema de registro de bateladas obsoleto. Além de dispensar a
Page 95
84
troca do ERP.
o Responsável: Planejamento e Controle da Produção e
Tecnologia da Informação
3. Troca do ERP utilizado por um que se adapte melhor à realidade
operacional da empresa.
o Complexidade: Muito alta, pois exigiria conhecimentos não só
sobre o sistema atual, como do novo e uma capacidade muito
grande de entender a melhor forma de estruturar essa nova
ferramenta de acordo com a realidade da empresa. Pelo
menos teria apoio da empresa desenvolvedora do programa.
o Tempo: Estimado em seis meses para a contratação do
software e pelo menos dois anos de implementação.
o Custo: Muito alto, pois além de envolver o tempo de diversos
funcionários de várias áreas da empresa resultaria na compra
de licença de um novo ERP para utilização conjunta com o
atual durante um período de transição. Além da possível perda
de eficiência de processos durante esse período de transição.
o Criticidade: Essencial para permitir a criação de um histórico
realista de produção e da implementação de um efetivo
planejamento das atividades da Pultrusão e a integração da
produção com os outros setores da empresa para um melhor
controle financeiro, contábil e de materiais.
o Sinergia: Tornaria o sistema de apontamento da produção e o
sistema de registro de bateladas obsoleto. Além de dispensar o
ERP atual.
o Responsável: Tecnologia da Informação com apoio de todas as
outras áreas da empresa.
4. Treinamento das equipes na fábrica para adequação aos processos
de produção de batelada e efetiva utilização do Sistema de Registro
de Bateladas
o Complexidade: Baixa, pois todo o conhecimento e ferramentas
já estão disponíveis.
o Tempo: Uma semana, com início imediato.
o Custo: Muito baixo, somente o tempo dos funcionários.
Page 96
85
o Criticidade: Alta, pois não a qualidade da produção não está
sendo afetada, mas informações valiosas estão sendo
perdidas.
o Sinergia: É importante que seja feito mutualmente com a
implementação de rotinas de verificação do processo de
Mistura de Bateladas.
o Responsável: Laboratório
5. Implementação de rotinas de verificação da execução do processo de
Mistura de Resinas pelo PCP e Laboratório.
o Complexidade: Baixa, pois o conhecimento já existe. Só é
preciso organizar como e quando será feito.
o Tempo: Uma semana
o Custo: Muito Baixo, equivalente ao tempo gasto pelo
responsável.
o Criticidade: Importante para garantir que a qualidade das
bateladas de resina e da informação no sistema.
o Sinergia: É importante que seja implementado em conjunto
com o treinamento dos funcionários responsáveis pela
preparação da batelada.
o Responsável: Planejamento e Controle da Produção e
Laboratório
6. Melhoria dos sistemas utilizados para controle das bateladas através
de desenvolvimento interno,
o Complexidade: Alta, pois envolve utilização de diversas
ferramentas em um nível avançado e conhecimentos
específicos de banco de dados e programação.
o Tempo: Período de um a dois meses.
o Custo: Baixo, pois seria necessário dedicar somente um
funcionário especializado para isso em tempo quase integral
durante esse período.
o Criticidade: Média, pois sistema atual funciona. Seria
importante para organizar e integrar melhor com as
informações de produção.
o Sinergia: Perderia uso após a implementação de um sistema
Page 97
86
de controle da produção através do ERP atual ou de outro
contratado, mas diminuiria a criticidade de ambos e poderia
gerar conhecimentos sobre a melhor forma de modelar o
sistema futuro. Tornaria a divulgação das misturas automática
através de consultas ao sistema.
o Responsável: Planejamento e Controle da Produção e
Laboratório
7. Divulgação das misturas de resinas utilizadas na produção através de
treinamento e de documento interno de orientação para setores de
PCP e Compras.
o Complexidade: Baixa, pois a informação já está organizada em
sistemas. Seria necessário somente o disponibilizá-la para as
pessoas adequadas.
o Tempo: Um dia.
o Custo: Muito baixo, somente o tempo do funcionário
responsável por disponibilizar a informação.
o Criticidade: Baixa, pois erros relacionados a esse problema são
pontuais e raros.
o Sinergia: Perderia uso após organização da estrutura de
matérias-primas no ERP, após a substituição do ERP de
maneira correta ou após a melhora do Sistema de Registro de
Bateladas.
o Responsável: Laboratório
8. Levantamento extensivo da estrutura dos produtos junto aos
encarregados e montadores.
o Complexidade: Muito alta, pois envolve a modelagem de
informações complexas e dispersas em grande quantidade a
partir do conhecimento de pessoas com pouca capacidade de
comunicação que podem não estar dispostas a colaborar.
o Tempo: Pelo menos de dois a quatro anos.
o Custo: Alto, pois envolve a alocação de funcionários
qualificados durante um período grande de tempo.
o Criticidade: Baixa, pois é possível estimar o consumo de
material de maneira aproximada.
Page 98
87
o Sinergia: Tornaria dispensável o desenvolvimento de novos
projetos para os produtos modelados. Impacto é limitado pela
modelagem extremamente deficiente de matérias-primas no
ERP.
o Responsável: Projetos
9. Desenvolver novos projetos para os produtos que não possuem os
seus atuais registrados.
o Complexidade: Muito alta, pois a quantidade é muito alta,
depende de ter funcionários com experiência, seria necessário
garantir compatibilidade com os produtos atuais e seria
necessário treinar novamente os montadores para que se
adequem aos novos projetos.
o Tempo: Pelo menos dois anos.
o Custo: Alto, pois envolve a alocação de funcionários
qualificados durante um período grande de tempo e período de
treinamento na montagem onde muitos erros serão esperados.
o Criticidade: Baixa, pois é possível estimar o consumo de
material de maneira aproximada.
o Sinergia: Tornaria o levantamento da estrutura de produtos
dispensável. Impacto é limitado pela modelagem
extremamente deficiente de matérias-primas no ERP.
o Responsável: Projetos
10. Melhoria de layout do almoxarifado.
o Complexidade: Muito alta, pois necessitaria da construção de
novas áreas dentro da fábrica.
o Tempo: Nove meses de planejamento e projeto. Três meses
para construção.
o Custo: Muito alto.
o Criticidade: Alta, pois a desorganização dificulta o controle de
matéria-prima.
o Sinergia: Não afeta e não é afetado pelos outros projetos.
o Responsável: Planejamento e Controle da Produção e
Suprimentos
11. Revisão do processo de recebimento de matérias-primas e cadastro
Page 99
88
de lotes relacionados no ERP.
o Complexidade: Baixa, pois o processo de recebimento e
cadastro é simples e envolve poucas pessoas.
o Tempo: Duas semanas a um mês.
o Custo: Baixo, relativo ao tempo gasto pelos funcionários.
o Criticidade: Baixa, pois afeta o controle dos lotes das matérias-
primas, mas poucas empresas exigem essas informações e há
alternativas.
o Sinergia: Não afeta e não é afetado pelos outros projetos.
o Responsável: Planejamento e Controle da Produção e
Suprimentos
12. Inventário de matérias-primas com lotes, seguida de uma análise e
correção das informações cadastradas no ERP.
o Complexidade: Baixa, pois é um processo rotineiro, mas que
deve ser feito com maior frequência.
o Tempo: Uma semana.
o Custo: Baixo, hora-extra de alguns funcionários, pois tem que
ser feito fora do expediente.
o Criticidade: Baixa, pois afeta o controle dos lotes das matérias-
primas, mas poucas empresas exigem essas informações e há
alternativas.
o Sinergia: Não afeta e não é afetado pelos outros projetos.
o Responsável: Suprimentos
O gráfico de bolhas abaixo foi concebido para ilustrar a relação entre os
fatores Tempo (eixo X, valor ilustrativo de 0 a 10), Complexidade (eixo Y, medido em
anos) e Custo (tamanho da bolha, valor ilustrativo de 0 a 10). Apesar de ser uma
representação muito resumida, ela abrange as variáveis mais relevantes para a
empresa no contexto atual e, por isso, se torna útil para análise.
Page 100
89
Figura 26 – Gráfico Custo X Tempo X Complexidade dos Projetos
Fonte: Elaboração Própria
Com essas informações é possível criar a tabela a seguir que sintetiza a
análise de maneira mais completa. Ela consiste numa relação de todos os projetos
propostos listados nas diferentes linhas da primeira coluna. Foi colocada uma coluna
correspondente a cada um dos fatores analisados individualmente.
Para ilustrar a Sinergia entre os projetos, foi adicionado também uma coluna
para cada um deles. Quando não há interferência, a interseção fica em branco.
Quando há, o efeito causado no projeto cujo nome está no título da coluna foi escrito
na célula.
Outro ponto a se ressaltar é que esses projetos, planejados com o objetivo
de capacitar o PCP e dar a ele as condições de planejar a produção, também
possibilitam melhorias em outros pontos listados na seção 4.13 deste trabalho. São
eles:
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 2 4 6 8 10 12
Custo X Tempo X Complexidade dos Projetos
Melhoria de Sistema de Apontamento deProdução
Implementação do ERP Atual na Produção
Troca de ERP
Treinamento de equipe p/ produção de batelada
Rotinas de verificação do processo de mistura
Melhoria do Sistema de Registro de Bateladas
Divulgação das misturas de resina utilizadas
Levantamento da estrutura de produtos
Desenvolvimento de novos projetos de produto
Melhoria de Layout do Almoxarifado
Revisão do processo de recebimento de matéria-prima
Invetário de matérias-primas com lote
Custo
Tempo (anos)
Page 101
90
Falta de implementação do PCP com o ERP da empresa
Utilização de muitos sistemas paralelos
Implementação incorreta de alguns itens do ERP
Utilização incorreta de alguns itens do ERP pelo setor comercial
Não há ferramentas para estimar consumo de matéria-prima
Falta de indicadores de performance
PCP não planeja a produção.
Falta de conhecimento operacional da Pultrusão.
Falta de conhecimento operacional sobre o consumo de matéria-
prima para produção dos perfis.
Falta de conhecimento técnico sobre a estrutura de montagem dos
produtos.
Pouca comunicação entre o setor Operacional e o restante da
empresa.
Muitas ferramentas desenvolvidas internamente.
Ferramentas sem funcionalidades de análise.
Ferramentas de apontamento de bateladas são utilizadas
erroneamente.
Layout do Almoxarifado com duas áreas separadas dificulta controle
apropriado de matéria-prima
Page 102
91
Tabela 2 - Quadro resumido da Análise de Fit
Fonte: Elaboração Própria
Complexidade Tempo Custo Criticidade Responsável
Melho
ria d
e Siste
ma d
e
Apo
ntam
ento
de
Pro
dução
Implem
enta
ção
do E
RP A
tual
na P
rodu
ção
Troca
de
ERP
Treinam
ento
de
equipe
p/
produ
ção
de b
atela
da
Rot
inas
de v
erificaç
ão d
o
proce
sso d
e mistu
ra
Melho
ria d
o Siste
ma d
e
Reg
istro
de B
atela
das
Divulgaç
ão das
mistu
ras de
resina
utilizad
as
Leva
ntam
ento
da e
stru
tura
de
produ
tos
Des
envo
lvim
ento
de n
ovos
proje
tos de
produ
to
Melho
ria d
e Lay
out d
o
Alm
oxar
ifado
Rev
isão
do pr
ocess
o de
rece
bim
ento
de m
atéria
-prim
a
Inve
tário
de
mat
érias-
prim
as
com
lote
Melhoria de Sistema de Apontamento de
ProduçãoAlta 1 a 2 meses Baixo Muito Alta PCP x Menos crítico Menos crítico
Implementação do ERP Atual na
ProduçãoMuito Alta 1 ano e meio Alto Muito Alta
PCP com apoio
do TIInutiliza x Inutiliza Inutiliza Inutiliza
Troca de ERP Muito Alta 2 anos e meio Muito Alto Muito AltaTI com apoio de
todas as áreasInutiliza Inutiliza x Inutiliza Inutiliza
Treinamento de equipe p/ produção de
bateladaBaixa 1 semana Muito Baixo Alta Laboratório x Complementar
Rotinas de verificação do processo de
misturaBaixa 1 semana Muito Baixo Alta
PCP e
LaboratórioComplementar x
Melhoria do Sistema de Registro de
BateladasAlta 1 a 2 meses Baixo Média
PCP e
LaboratórioMenos crítico Menos crítico x Inutiliza
Divulgação das misturas de resina
utilizadasBaixa 1 dia Muito Baixo Baixa Laboratório x
Levantamento da estrutura de produtos Alta 2 a 4 anos Alto Baixa Projetos x Inutiliza
Desenvolvimento de novos projetos de
produtoMuito Alta 2 a 3 anos Alto Baixa Projetos Inutiliza x
Melhoria de Layout do Almoxarifado Muito Alta 1 ano Muito Alto AltaPCP e
Suprimentosx
Revisão do processo de recebimento de
matéria-primaBaixa 2 a 4 semanas Baixo Baixa
PCP e
Suprimentosx
Invetário de matérias-primas com lote Baixa 2 a 4 semanas Baixo Baixa Suprimentos x
Legenda:
Implementação do projeto nesta linha inutiliza o projeto no título da coluna
Implementação do projeto nesta linha diminui criticidade do projeto no título da coluna
Implementação do projeto nesta linha complementa o projeto no título da coluna
Page 103
92
5.4. PLANO DE AÇÃO
Os resultados da Análise de Fit indicam qual é o caminho que deve ser
seguido para que uma solução ótima para o problema se torne realidade. Esse
caminho será descrito por meio de um Plano de Ação que indicará quando cada
projeto deverá ser iniciado.
Deverá ser dada a prioridade aos projetos que possuem previsão de
finalização em um prazo muito curto, mesmo que eles não sejam necessariamente
críticos. Essa recomendação é embasada no fato de que os projetos que não são
críticos seriam de responsabilidade de setores que não possuem outros projetos
previstos.
Além disso, optaremos por fazer as melhoras nos sistemas de Apontamento
da Produção e de Registro das Bateladas através de desenvolvimento interno no
curto prazo. Eles trarão um ganho muito grande na geração de informação sobre o
processo produtivo em um prazo curto e darão insumos para que a área de
Planejamento e Controle de Produção aja com mais racionalidade e gere previsões
de médio prazo sobre a capacidade de produção, o que pode ser crítico para
decisões principalmente na área Comercial e no dimensionamento de funcionários
na fábrica que podem ser decisivas para o resultado financeiro da empresa no
médio prazo que poderão ajudar a financiar os outros projetos. Além disso, ela
gerará dados importantes e experiências que poderão ser úteis para a fase de
estudos sobre o ERP da empresa, que também deverá começar em paralelo, com
prioridade mais baixa para não atrapalhar o andamento dos outros projetos. O
resultado desse estudos culminará na escolha entre a utilização do ERP atual da
empresa ou a substituição deste.
Com isso, os projetos escolhidos para início de execução imediata serão:
Melhoria das ferramentas de apontamento e planejamento através de
desenvolvimento interno.
Treinamento das equipes na fábrica para adequação aos processos
de produção de batelada e efetiva utilização do Sistema de Registro
de Bateladas.
Page 104
93
Implementação de rotinas de verificação da execução do processo de
Mistura de Resinas pelo PCP e Laboratório.
Divulgação das misturas de resinas utilizadas na produção através de
treinamento e de documento interno de orientação para setores de
PCP e Compras.
Fase preliminar de estudos sobre a Implementação do ERP.
Levantamento extensivo da estrutura dos produtos junto aos
encarregados e montadores.
Após a finalização dos primeiros projetos em uma a duas semanas, será
possível começar outros dois projetos por conta da liberação de funcionários do
PCP. Eles ocorreriam em sequência e são:
Revisão do processo de recebimento de matérias-primas e cadastro
de lotes relacionados no ERP.
Inventário de matérias-primas com lotes, seguida de uma análise e
correção das informações cadastradas no ERP.
Após a finalização das melhorias no Sistema de Apontamento da Pultrusão
poderá ser iniciada o projeto de melhorias do Sistema de Registro de Bateladas.
Eles serão feitos em sequência para garantir que a mesma pessoa seja a
responsável pelos dois projetos e consiga integrá-los minimamente.
Após a conclusão dos estudos será feita a opção por integrar o módulo de
produção do ERP atual ao PCP ou se será feita a troca do ERP de toda a empresa,
o que iniciará um dos projetos e cancelará o outro.
Por conta do custo que o projeto de melhoria do Layout do Almoxarifado terá
ele foi adiado para aproximadamente 2 anos após o início dos projetos. Esse
período de tempo também ajudará o PCP, que será um dos responsáveis por ele, a
finalizar esses outros projetos durante o período, e também possibilitará que o
mercado volte a se aquecer, o que evidenciará a demanda real do mercado e
ajudará no dimensionamento dos espaços.
O Plano de Ação apresentado derivará em um cronograma para
desenvolvimento desses projetos. Esse cronograma se encontra na próxima página.
Page 105
94
Figura 27 - Cronograma de Plano de Ação
Fonte: Elaboração Própria
Page 106
95
6. CONCLUSÃO
A partir do estudo feito foi possível contatar a efetividade na utilização das
metodologias estudadas no Capítulo 2. Além de ajudar a modelar o problema e
diagnosticar as causas-raiz dos diversos problemas relacionados às atividades do
Setor Operacional da Empresa X, elas ofereceram meios de identificar os pontos de
maior alavancagem e deram diretrizes que focaram os esforços na resolução de um
único problema, evitando a perda de objetividade das ações e ajudando no processo
de elaboração de possíveis ações que podem ser tomadas para a eliminação das
causas-raiz desses problemas.
O estudo posterior da aplicabilidade dessas ações, que gerou a Análise de
FIT, também foi essencial para a elaboração de um Plano de Ação que seja
efetivamente executável, factível e eficaz. Em momentos em que o mercado está se
recuperando de uma profunda crise os recursos, que geralmente já são limitados,
ficam ainda mais restritos e a priorização de tarefas eficiente se torna um fator tão
decisivo para a obtenção de melhores resultados quanto soluções eficientes.
Espera-se que a proposta apresentada seja levada à frente, pois são esperados
grandes benefícios.
6.1. PRÓXIMOS PASSOS
Apesar de termos confiança nos benefícios que o Plano de Ação sugerido
trará, sabemos que as circunstâncias mudam, que as ações podem não ter os
resultados esperados e que a realidade da empresa pode mudar e impossibilitar a
ações listadas no Plano de Ação. Por isso, recomenda-se a reavaliação continua
dos aspectos estudados nesse trabalho para verificar se a situação mudou e,
consequentemente, se os diagnósticos e ações sugeridos ainda são válidos.
Como destacado na Seção 5.4, que trata do Plano de Ação sugerido, alguns
dos problemas levantados pelos diagnóstico deverão ser resolvidos, ou ao menos
amenizados, pelo produto final deste trabalho. Alguns outros, porém, não serão
afetados de nenhuma forma. Portanto, para que essa informação, valiosíssima, não
seja perdida, é importante que o mesmo processo de análise e solução aplicado ao
Page 107
96
problema escolhido (PCP não planeja a produção) seja repetido para todos os
outros itens listados, dando início à um Ciclo de Melhoria Contínua.
Este, então, se torna um momento propício para retornarmos aos
comentários feitos na seção 4.13 deste trabalho que acabaram não sendo
abordados por não estarem diretamente relacionados com o problema específico
estudado. Analisando-os, pode-se relacionar quatro pontos principais que merecem
atenção.
O primeiro deles é um estudo profundo da montagem de escadas. Há muito
pouca, ou quase nenhuma, informação formal sobre o processo produtivo desse
setor da empresa, que possui faturamento relevante, grande valor de mercado para
a empresa e potencial de melhora se estudado apropriadamente. Nesse sentido, é
preciso fazer um trabalho completo, partindo desde a definição e revisão de Métodos
de Trabalho e Projetos de Produto. Vale lembrar que, diferentemente do cenário do
Setor de Produtos, o gargalo de sua produção está na montagem, um ambiente
extremamente complexo e cujo estudo envolve muito mais variáveis.
É preciso que seja feito um estudo extensivo de alternativas logísticas para
entrega de produtos e que sejam desenvolvidos novos meios de controlar e avaliar
os custos incorridos neste processo. É notório que ele é um dos fatores diferenciais
para que um preço competitivo seja alcançado, pois costuma ser responsável por
uma parte relevante do preço final dos produtos e que fica claro na dificuldade que o
setor Comercial relatou em se conseguir vendas fora do Sudeste.
Apesar de ter sido dito que a Montagem Especial possui um custo de
controle muito alto e que esta possui excesso de capacidade em alguns momentos
para que o gargalo esteja na pultrusão, é extremamente importante que esta não
seja esquecida. Por maiores que sejam as dificuldades, existem momentos em que
é necessário ter controles de montagem, tanto técnicos quanto operacionais,
extremamente precisos, que podem ser usados dependendo do cenário e do pedido
de clientes. Por isso, sistemas como o desenvolvido para Apontamento de
Produção, não podem ser esquecidos e o motivo do seu desuso precisa ser
estudado.
Há uma perda muito grande com o pouco controle de peças produzidas,
tanto de escadas, quanto de perfis, grades e produtos prontos. Eles estão
diminuindo devido à diminuição vertiginosa do volume de estoque nos últimos anos,
Page 108
97
mas ainda são relevantes. É preciso melhorar a estrutura de armazenamento, para
que seja possível organizá-las, torná-las mais visíveis e fáceis de serem
identificadas e contadas, além de protege-las de intemperes que, apesar de não
necessariamente causarem prejuízo às suas propriedades, deixam-nas com
aparência inapropriada e prejudicam a percepção de qualidade que os clientes da
empresa tem.
Page 109
98
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WOMACK, James P.; JONES, Daniel T.; ROOS, Daniel. Machine that changed the
world. Simon and Schuster, 1990.
LIARTE, J. B. Estudo Comparativo de Métodos de Modelagem de Processos de
Negócio: ARIS vs BPMN. Projeto Final de Graduação em Engenharia de
Produção. Rio de Janeiro: UFRJ, 2014
DAVENPORT, T. Process Innovation: Reengineering Work Through Information
Technology. Boston: Harvard Business School Press, 2013
DUARTE, Luiz Carlos da Silva. Abordagem Comparativa entre Métodos de Solução
de Problemas: MIASP e o Método das 6 Etapas. Foz de Iguaçu: XXVII Encontro
Nacional de Engenharia de Produção, 2007.
FIOL, M. B. Identificação de Problemas em Processos de Negócio Usando a
Modelagem de Processos em BPMN e a Árvore de Realidade Atual da TOC. Projeto
Final de Graduação em Engenharia de Produção. Rio de Janeiro: UFRJ, 2014
GARVIN, D., 1998, “The processes of organization and management”, Sloan
Management Review, v. 39, n. 4.
Geiger, M., Harrer, S., Lenhard, J., et al. BPMN 2.0: The state of support and
implementation. Future Generation Computer Systems, 2017.
HARRINGTON, H. J., ESSELING, E. K., & NIMWEGEN, H. V. (1997). Business
Process Improvement Workbook: documentation, analysis, design and management
of business process improvement. New York: McGraw Hill.
KUENG, Peter et al. How to compose an object-oriented business process model?.
In: Method Engineering. Springer US, 1996. p. 94-110.
Page 110
99
OMG. Business Process Model and Notation BPMN. Needham: OMG, 2013
TERNER, Gilberto Luís Kupper. Avaliação da aplicação dos métodos de análise e
solução de problemas em uma empresa metal-mecânica. 2008.
GARBAZZA VIEIRA, Danilo; BRITO ALVES LIMA, Gilson; PARRACHO
SANT’ANNA, Annibal. Método de solução de problemas na gestão de suprimentos:
utilização de regressão logística para análise das causas de atrasos no recebimento
de materiais. Exacta, v. 13, n. 1, 2015.
DOS REIS ALVAREZ, Roberto. Métodos de identificação análise e solução de
problemas: Uma análise comparativa. XVII Encontro Nacional de Engenharia de
Produção, 1997.
PAIM, Rafael; MANSUR CAULLIRAUX, Heitor; CARDOSO, Rodolfo. Process
management tasks: a conceptual and practical view. Business Process
Management Journal, v. 14, n. 5, p. 694-723, 2008.
GUIMARAES, Tor; PARANJAPE, Ketan. Testing success factors for manufacturing
BPR project phases. The International Journal of Advanced Manufacturing
Technology, v. 68, n. 9-12, p. 1937-1947, 2013.
CROWE, Thomas J.; ROLFES, Joseph D. Selecting BPR projects based on strategic
objectives. Business Process Management Journal, v. 4, n. 2, p. 114-136, 1998.
PERPÉTUO, Marco Antônio; TEIXEIRA, Francisco. Há espaço para métodos de
identificação, análise e solução de problemas (MIASPS) nas organizações, mesmo
diante da racionalidade limitada, da intuição e das heurísticas?. Organizações &
Sociedade, v. 8, n. 21, p. 159-174, 2001.
LISBÔA, Maria da Graça Portela; GODOY, Leoni Pentiado. Aplicação do método
5W2H no processo produtivo do produto: a joia. Iberoamerican Journal of
Page 111
100
Industrial Engineering, v. 4, n. 7, p. 32-47, 2012.
DE OLIVEIRA, Simone Espíndola; ALLORA, Valerio; SAKAMOTO, Frederico TC.
Utilização conjunta do método UP’–Unidade de Produção (UEP’) com o Diagrama de
Pareto para identificar as oportunidades de melhoria dos processos de fabricação-
um estudo na agroindústria de abate de frango. In: Anais do Congresso Brasileiro
de Custos-ABC. 2005.
CESAR, AMRVC. Método do Estudo de Caso (Case studies) ou Método do Caso
(Teaching Cases)? Uma análise dos dois métodos no Ensino e Pesquisa em
Administração. REMAC Revista Eletrônica Mackenzie de Casos, São Paulo-Brasil,
v. 1, n. 1, p. 1, 2005.