-
Rev Ter Ocup Univ So Paulo; jan.-abr. 2015;26(ed.
esp.):1-49.
http://dx.doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v26iespp1-49
Associao Americana de Terapia Ocupacional
Estrutura da prtica da Terapia Ocupacional: domnio &
processo
3 ed.
Traduo do original publicado pela American Occupational Therapy
Association (2014).
Occupational therapy practice framework: Domain and process (3rd
ed.). American Journal of
Occupational Therapy, 68(Suppl.1),
S1S48.http://dx.doi.org/10.5014/ajot.2014.682006.
Traduzido para o portugus por Alessandra Cavalcanti (UFTM),
Fabiana Caetano Martins Silva
e Dutra (UFTM) e Valria Meirelles Carril Elui (FMRP-USP);
autorizada para publicao em
portugus, acesso aberto na Revista de Terapia Ocupacional da
Universidade de So Paulo.
2015;26(ed. especial).
-
Estrutura da prtica da terapia ocupacional: domnio &
processo - 3ed
Comisso sobre as prticas: Deborah Ann Amini, EDD, OTR / L, CHT,
FAOTA - Presidente, 2011-2014 Kathy Kannenberg, MA, OTR / L, CCM -
Presidente-Eleito, 2013-2014 Stefanie Bodison, OTD, OTR / L Pei-Fen
Chang, PhD, OTR / L Donna Colaianni, PhD, OTR / L, CHT Beth
Goodrich, OTR, ATP, PhD Lisa Mahaffey, MS, OTR / L, FAOTA Mashelle
Painter, med, COTA / L Michael Urban, MS, OTR / L, CEAS, MBA, CWCE
Dottie Handley-More, MS, OTR / L - SIS Liaison Kiel Cooluris, MOT,
OTR / L - ASD Liaison Andrea McElroy, MS, OTR / L - ltimo ASD
Liaison Deborah Lieberman, MHSA, OTR / L, FAOTA - Sede AOTA
Liaison
Para
A Comisso sobre as prticas Deborah Ann Amini, EDD, OTR / L, CHT,
FAOTA - Presidente Adotada pela Assemblia Representante em dezembro
de 2013 CO11.
Este documento substitui a Estrutura da Prtica da Terapia
Ocupacional: Domnio e Processo (2 Ed). Traduo: Alessandra
Cavalcanti (UFTM), Fabiana Caetano Martins Silva e Dutra (UFTM),
Valria Meirelles Carril Elui (FMRP-USP).
Copyright American Occupational Therapy Association. (2014).
Occupational therapy practice framework: Domain and process (3rd
ed.). American Journal of Occupational Therapy, 68(Suppl.1),
S1S48.http://dx.doi.org/10.5014/ajot.2014.682006
Todos os Direitos Reservados 2014 pela Associao Americana de
Terapia Ocupacional.
http://dx.doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v26iespp1-49
-
SUMRIO
PREFCIO 1Definies 1Evoluo deste documento 1Viso para este
tabalho 2
Introduo 3Domnio 4
Ocupaes 4Fatores do Cliente 7Habilidades de Desempenho
7PadresdeDesempenho 8Contexto e Ambiente 9
Processo 10Viso Geral do Processo de Terapia Ocupacional
10Modelos de Prestao de Servio 12Processo de Interveno 15Resultados
Alvos 17
Concluso 19
Tabelas e FigurasTabela 1. Ocupao 19Tabela 2. Fatores do Cliente
23Tabela 3. Habilidades de Desempenho 25Tabela4.PadresdeDesempenho
27Tabela 5. Contexto e Ambiente
29Tabela6.TiposdeIntervenesdeTerapiaOcupacional 30Tabela 7.
Demandas da Atividade e da Ocupao 31Tabela 8. Abordagens para
Interveno 32Tabela 9. Resultados 33Quadro 1. Aspectos do Domnio da
Terapia Ocupacional 4Quadro 2. Processo de Terapia Ocupacional na
Prestao de Servios 14Quadro 3. Operacionalizao do Processo de
Terapia Ocupacional 18Figura 1. Domnio da Terapia Ocupacional
5Figura 2. Processo da Terapia Ocupacional 14Figura 3. Domnio e
Processo da Terapia Ocupacional 19
Referncias 36
Autores
Agradecimentos 36
Apndice AGlossrio 41
Apndice
BPreparaoeQualificaodosTerapeutasOcupacionaiseAssistentesdeTerapiaOcupacional
48
Rev Ter Ocup Univ So Paulo. 2015;26(Ed. Especial):1-49.
-
Rev Ter Ocup Univ So Paulo. 2015;26(Ed. Especial):1-49.
1
A Estrutura da Prtica da Terapia Ocupacional: Domnio e Processo,
3 Edio (aqui sendo referida como a
Estrutura),odocumentooficialdaAssociaoAmericanadeTerapiaOcupacional(AOTA).Destinadoaosprofissionaisdaterapiaocupacionaleaestudantes,outrosprofissionaisdasade,educadores,pesquisadores,compradoreseaconsumidores,a
Estrutura apresenta um resumo dos construtos inter-relacionados que
descrevem a prtica da terapia ocupacional.
Defi nies
Dentro da Estrutura, a terapia
ocupacionaldefinidacomoousoteraputicodeatividadesdirias(ocupaes)emindivduos
ou grupos com o propsito de melhorar ou possibilitar a participao
em papis, hbitos e rotinas em diversos
ambientescomocasa,escola,localdetrabalho,comunidadeeoutroslugares.Profissionaisdaterapiaocupacionalusamseuconhecimentosobrearelaotransacionalentreapessoa,seuenvolvimentoemocupaesimportantes,eocontextoemquese
insere para delinear planos de interveno - baseados na ocupao - que
facilitam a mudana ou crescimento nos fatores
docliente(funesdocorpo,estruturasdocorpo,valores,crenaseespiritualidade);ehabilidades(motora,processualedeinteraosocial)todosnecessriosparaumaparticipaobemsucedida.Profissionaisdeterapiaocupacionalpreocupam-secomoresultadofinaldaparticipaoe,assim,buscampossibilitaroenvolvimentoatravsdeadaptaesemodificaesnoambienteouemobjetosquecompemoambiente,quandonecessrio.Osserviosdeterapiaocupacionalvisamhabilitao,reabilitaoepromoodasadeedobemestaremclientescomnecessidadesrelacionadasounoaincapacidade.Taisserviosincluemaaquisioepreservaodaidentidadeocupacionalparaaquelesquetmounooriscodedesenvolveruma
enfermidade, leso, doena, desordem,problema, deficincia,
incapacidade, limitaode atividadeou
restrionaparticipao(adaptadodeAOTA,2011;verApndiceAparadefiniesadicionaisnoglossrio).
Quando o termo profi ssional de terapia ocupacional usado neste
documento, ele se refere tanto a terapeutas ocupacionais quanto a
assistentes(*) de terapia ocupacional (AOTA, 2006). Os terapeutas
ocupacionais so os responsveis por
todososaspectosdaprestaodeserviosdeterapiaocupacional:responsabilizam-sepelaseguranaeeficciadoprocessodeprestao
de servios de terapia ocupacional. J os assistentes de terapia
ocupacional prestam seus servios sob a superviso
eemparceriacomumterapeutaocupacional(AOTA,2009).InformaesadicionaissobreapreparaoeaqualificaodosterapeutasocupacionaiseassistentesdeterapiaocupacionalestodisponveisnoApndiceB.
Evoluo Deste Documento
A Estrutura foi originalmente desenvolvida para articular a
perspectiva distinta e a contribuio da terapia ocupacional
paraapromoodasadeeparticipaodepessoas,gruposepopulaesatravsdoenvolvimentonaocupao.Aprimeiraedio
da Estrutura surgiu a partir de uma anlise de documentos
relacionados aos Produtos de Terapia Ocupacional produzidos pelo
Sistema de Relatrios e Terminologia Uniforme para Relatrios de
Servios de Terapia Ocupacional
(AOTA,1979).Originalmenteumdocumentoquerespondeaumaexignciadogovernofederalparaodesenvolvimentodeumsistemadenotificaouniforme,otextogradualmentetornou-seimportanteparaadescrioeesboodosdomniosdeinteresse
da terapia ocupacional.
A segunda edio da Terminologia Uniforme da Terapia Ocupacional
(AOTA, 1989) foi adotada pela Assemblia de
RepresentantesdaAOTA(RA)epublicadaem1989.Odocumentotinhacomofocooesbooeadefinioapenasdasreasedoscomponentesdedesempenhoocupacionalabordadosnosserviosdiretosdaterapiaocupacional.Aterceiraeltima
*Notatradutores:Oassistentedeterapiaocupacionalumprofissionalregulamentopelalegislaoamericanaoquenoseaplicaaregulamentao
da terapia ocupacional no Brasil.
Prefcio
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Rev Ter Ocup Univ So Paulo. 2015;26(Ed. Especial):1-49.
2
reviso da Terminologia Uniforme para Terapia Ocupacional (AOTA,
1994) foi adotada pela RA em 1994 e expandida para
refletiraprticaatualeincorporaraspectoscontextuaisdodesempenho(p.1047).Cadarevisorefletiuasmudanasnaprticaeforneceuumaterminologiaconsistenteparausodaprofisso.
No outono de 1998, a Comisso de Prticas da AOTA (COP) embarcou
na jornada que iria culminar na Estrutura da Prtica da Terapia
Ocupacional: Domnio e Processo (AOTA, 2002b). Naquela poca, a AOTA
tambm publicou o Guia sobre a Prtica da Terapia Ocupacional
(Moyers,1999),quedispesobreaprticacontemporneadaprofisso.Combasenesse
documento e nos comentrios recebidos durante o processo de reviso
para a terceira edio da Terminologia Uniforme da Terapia
Ocupacional, a COP iniciou o desenvolvimento de um documento para
uma terapia ocupacional mais articulada.
A
Estruturaumdocumentoemconstanteevoluo.EnquantoumdocumentooficialdaAOTA,esterevisadoacada5anosparaatualizaoepossveisnecessidadesdeaperfeioamentosoualteraes.Duranteoperododereviso,aCOPcoletaaopiniodemembros,pesquisadoreseacadmicos,autores,profissionaiseoutraspartesinteressadas.Oprocessodereviso
garante que a
Estruturamantenhaasuaintegridadeaoresponderainflunciasinternaseexternasquedevemrefletiros
conceitos e os avanos emergentes na terapia ocupacional.
A Estrutura foi revista e aprovada pela RA em 2008. Mudanas no
documento incluram aperfeioamento da escrita
eoacrscimodeconceitosemergentesemudanasnaterapiaocupacional.Ajustificativaparaessasmudanasespecficasencontra-se
na Tabela 11 da segunda edio da Estrutura (AOTA, 2008, pp.
665-667).
Em 2012, o processo de anlise e reviso da Estrutura foi iniciado
novamente. Aps reviso e apreciao dos membros,
vriasmodificaesforamfeitasparamelhorarafluncia,ausabilidadeeoparalelismodeconceitospresentesnodocumento.AsprincipaisrevisesforamfeitaseaprovadaspelaRAdurantereunionooutonode2013:
Adeclaraogeralquedescreveodomniodaterapiaocupacionaldefineseupropsitocomoalcanarsade,bem-estareparticipaoemsituaesdevidaatravsdoenvolvimentoemocupaesincluindotantoodomnioquantoo
processo.
Clientessoagoradefinidoscomopessoas,gruposepopulaes.Arelaoentreterapiaocupacionaleorganizaesdeveaindasermelhordefinida.Demandas
da Atividade foram removidas do domnio e situadas na viso geral do
processo para subsidiar a discusso
dashabilidadesbsicasdoprofissionaldeterapiaocupacionalnaanlisedaatividade.reas
de ocupao agora so chamadas de ocupaes. Habilidades de
desempenhoforamredefinidaseaTabela3foirevistaemconformidade.Asseguintesalteraesforamfeitasnatabeladeintervenes(Tabela6):o
Consulta foi removida e includa em todo o documento como um mtodo
de prestao de servios. o Mtodos de interveno adicionais utilizados
na prtica foram acrescentados, e uma distino mais clara foi
feita
entreasintervenesatravsdeocupaes, atividades, mtodos
preparatrios e tarefas. o Auto-advocacia (self-advocacy) e grupo de
intervenes foram adicionados.o Uso teraputico de si mesmo foi
situado na viso geral do processo para assegurar o entendimento de
que usar a
sicomoumagenteteraputicoessencialparaaprticadaterapiaocupacionaleusadoemtodasasinteraescom
todos os clientes.
Vriasalteraesadicionais,aindaquemenores,foramfeitas,incluindoacriaodeprefcio,areorganizaoparaofluxodocontedo,almdemodificaesemdiversasdefinies.Taismudanasrefletemasopiniesrecebidasdemembros
da AOTA, de educadores e outros interessados.
Viso Para Este Trabalho
Embora esta reviso da Estrutura
representeosmaisrecentesesforosdaprofissonosentidodearticularclaramenteodomnioeoprocessodaterapiaocupacional,elasebaseiaemumconjuntodevaloresassumidospelaprofissodesdesuafundaoem1917.Talvisofundadoratinhacomobaseumacrenaprofundanovalordeprofisses
teraputicascomoformaderemediaradoenaemanterasade(Slagle,1924).Osfundadoresenfatizavamaimportnciadeseestabelecerumarelaoteraputicacomcadaclienteeaconcepodeumplanodetratamentocombaseemvariveiscomooambientedocliente,osvalores,asmetaseosdesejos(Meyer,1922).Defendiamaprticacientficabaseadanaobservaosistemticaeno
tratamento (Dunton, 1934). Parafraseando com o lxico atual, os
fundadores propuseram uma viso baseada na ocupao,
centradanocliente,nocontextoebaseadaemevidnciaavisoarticuladacomaEstrutura.
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Rev Ter Ocup Univ So Paulo. 2015;26(Ed. Especial):1-49.
3
INTRODUO
O propsito da Estrutura fornecer uma composio ou base sobre a
qual se constri um sistema ou um conceito (American Heritage
Dictionary of the English Language, 2003). A Estrutura da Prtica da
Terapia Ocupacional: Domnio e Processo descreve os conceitos
centrais que fundamentam a prtica da terapia ocupacional e constri
uma compreenso comumdos princpios bsicos e a visoda
profisso.AEstrutura no serve como uma taxonomia, teoria ou modelo
de terapia ocupacional.
Pelo desenho, a Estrutura deve ser utilizada para orientar a
prtica da terapia ocupacional em conjunto com
oconhecimentoeasevidnciasrelevantesparaocupaoe para a terapia
ocupacional dentro das reas de prtica e com os clientes
apropriados. Incorporado a este documento
estacrenacentraldaprofissonarelaopositivaentreocupao e sade e na
viso das pessoas como seresocupacionais. A prtica da terapia
ocupacional enfatiza a naturezado trabalhodos sereshumanosea
importnciada identidade ocupacional (Unruh, 2004) para uma vida
saudvel, produtiva e satisfatria. Como Hooper e Wood
(2014)afirmaram,
Umpressupostofilosficocentraldaprofisso,portanto, que em virtude
de nosso talento biolgico, pessoas de todas as idades e habilidades
necessitam de ocupao para crescer e prosperar; na busca pela
ocupao, os humanos expressam a totalidade do seu ser, uma unio
mente-corpo-esprito.Porqueaexistnciahumananopoderiaserdeoutraforma,ahumanidade,emessncia,ocupacionalpela
natureza (p 38.).
Os clientes de terapia ocupacional so normalmente
classificadoscomopessoas(incluindoaquelesenvolvidosno cuidado do
cliente), grupos (coletivos de pessoas, por exemplo, famlias,
trabalhadores, estudantes, comunidades),
epopulaes(coletivodegruposdeindivduosquevivemem um local
semelhante, por exemplo, cidade, estado, ou pas, ou compartilham as
mesmas caractersticas ou preocupaes).Os servios so fornecidos
diretamenteaos clientes atravs de uma abordagem colaborativa ou
indiretamente, em nome de clientes por meio de processos de
advocacia ou de consulta.
Organizao ou prtica em nvel de sistema uma parte vlida e
importante da terapia ocupacional por vrias razes. Primeiro, as
organizaes servem
comoummecanismoatravsdoqualosprofissionaisdeterapiaocupacional
proporcionam intervenes afimde apoiara participao daqueles que
somembros ou servem
organizao (por exemplo, programa de preveno de queda para
facilitar as habilidades da enfermagem, mudanas ergonmicas em uma
linha de montagem para reduzir leso
poresfororepetitivo).Emsegundolugar,asorganizaesapiamaprticadaterapiaocupacionaleosprofissionaisde
terapia ocupacional como membros articuladores auxiliam na
concretizao da misso da organizao. da
responsabilidadedosprofissionaisgarantirqueosserviosfornecidos aos
interessados da organizao (por exemplo, os pagadores, os terceiros,
e os empregadores) sejam de
altaqualidadeequesejamprestadosdeformaeficienteeeficaz.Finalmente,asorganizaesempregamprofissionaisde
terapia ocupacional em situaes emque eles usamseu conhecimento
sobre ocupao e terapia ocupacional.
Porexemplo,profissionaispodemserviremcargoscomoreitor,administradorelderempresarial;nestasposies,os
profissionais apiamemelhorama organizao,masno fornecem cuidados aos
clientes no sentido tradicional.
A Estruturadivididaemduasseesprincipais:(1) o
domnio,quedescreveascompetnciasdaprofissoe as reas nas quais
seusmembros tm um corpo deconhecimentos e competncias
estabelecidas, e (2)o processo, que descreve as atitudes tomadas
pelos
profissionaisduranteaprestaodeserviosvoltadosaosclientesefocadosnoenvolvimentocomasocupaes.Acompreensodoprofissionalsobreodomnioeoprocessoda
terapia ocupacional serve como guia na busca por suporte para a
participao dos clientes nas atividades dirias resultantes da
interseo dinmica entre clientes, seusenvolvimentos desejados,
contexto e ambiente (Christiansen & Baum, 1997; Christiansen,
Baum, & Bass-Haugen, 2005; Lei, Baum, & Dunn, 2005).
Embora o domnio e o processo estejam descritos separadamente, na
realidade eles esto intrinsecamente ligados em uma relao
transacional. Os aspectos que constituem o domnio e aqueles que
constituem o processo existem em interao constante uns com os
outros durante a prestao de servios de terapia ocupacional. Em
outras palavras, atravs da ateno simultnea s funes eestruturas do
corpo, habilidades, papis, hbitos, rotinas e contexto, combinada
com o foco no cliente como um ser
ocupacional,oconhecimentodesadedoprofissionaleamelhora do
desempenho decorrente do envolvimento em ocupaes, que resultam em
efetivao do
desempenhoocupacional,dacompetnciaempapisedaparticipaona vida
diria.
Alcanar a sade, bem-estar, e participao na vida por meio do
envolvimento na ocupaoaafirmaoabrangente que descreve o domnio e o
processo de terapia ocupacional em seu sentido mais amplo. Esta
declarao
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reconhece a crena de que o envolvimento ativo na ocupao
promove,facilita,apiaemantmasadeeaparticipao.Esses conceitos
inter-relacionados incluem:
Sade - um estado de completo bem-estar
fsico,mentalesocial,enosomenteaausnciade doena ou enfermidade
(Organizao MundialdaSade[OMS],2006,p.1).
Bem-estar - um termo geral que engloba o universo total de
domnios da vida humana, incluindo aspectos fsicos, mentais e
sociais (OMS, 2006, p. 211).
Participao - envolvimento em uma situao de vida (OMS, 2001, p.
10). A participao naturalmente ocorre quando os clientes esto
ativamente envolvidos na realizao das
ocupaesouatividadesdevidadiriaemqueencontrampropsito e
significado.Resultadosmais especficos de interveno da
terapiaocupacional so multidimensionais e apoiam o
resultadofinaldaparticipao.
Envolvimento em ocupao - desempenho das ocupaes como o resultado
da escolha,motivao e sentido dentro de um contexto de apoio e
ambiente. Envolvimento inclui
aspectosobjetivosesubjetivosdeexperinciasdos clientes e envolve a
interao transacional damente,docorpoedoesprito.Intervenes
da terapia ocupacional se concentram em criar ou facilitar
oportunidades de se envolver em ocupaes que levam participao
emsituaesdevidadesejadas(AOTA,2008).
Domnio
OQuadro1identificaosaspectosdodomnioeaFigura1ilustraainter-relaodinmicaentreeles.Todososaspectosdodomnio,incluindoasocupaes,osfatoresdosclientes,ashabilidadesdedesempenho,ospadresdedesempenho,
bem como contexto e ambiente, so de igual
valor;juntoselesinteragemparainfluenciaraidentidadeocupacional,asade,obem-estareaparticipaodoclientena
vida.
Os terapeutas ocupacionais so habilitados a avaliar
todososaspectosdodomnio,suasinter-relaes,eoclienteemseuscontextoseambientes.Almdisso,osprofissionaisdeterapiaocupacionalreconhecemaimportnciaeoimpactoda
conexo mente-corpo-esprito para a participao do cliente na vida
diria. O conhecimento da relao transacional
eosentidodasocupaessignificativaseprodutivasformamabaseparaousodeocupaescomoosmeioseosfinsdasintervenes
(Trombly, 1995).Este conhecimentodefineterapia ocupacional de
maneira singular, como um servio distinto e valioso (Hildenbrand
& Lamb, 2013) segundo o qual o foco no todo considerado mais
forte do que o foco em aspectos isolados da funo humana.
Quadro 1 - Aspectos do domnio da terapia ocupacional. Todos os
aspectos do domnio transitam para apoiar o envolvimento, a
participaoeasade.Estaexposionoimplicaumahierarquia
Ocupaes Fatores dos Clientes Habilidades de desempenho
Padres de desempenho
Contextos e ambientes
Atividades de Vida Diria (AVDs)* Atividades Instrumentais de
Vida Diria (AIVDs) Descanso e SonoEducao Trabalho Brincar
LazerParticipao Social
Valores, crenas e espiritualidade FunesdocorpoEstruturas do
corpo
Habilidades MotorasHabilidades de ProcessoHabilidades de Interao
Social
HbitosRotinasRituaisPapis
Cultural PessoalFsicoSocial Temporal Virtual
* Tambm conhecidas como atividades bsicas da vida diria (ABVDs)
ou atividades pessoais da vida diria (APVDs)
A discusso que se segue fornece uma breve explicao de cada
aspecto do domnio. As Tabelas includas
nofinaldodocumentofornecemdescriesmaiscompletaseasdefiniesdostermos.
Ocupaes
Ocupaes so fundamentais para identidade esenso de competncia de
um cliente (pessoa, grupo ou
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populao) e tem significado especial e valor para estecliente.
Vrias definies de ocupao so descritasna literatura e podem
acrescentar compreenso desteconceito central:
Atividadesdirigidasaobjetivosquenormalmentese
estendemaolongodotempo,tmsignificadoparaodesempenhoeenvolvemltiplastarefas(Christiansen
et al., 2005, p. 548).
Oqueaspessoasfazemqueocupamseutempoeateno;significativa,atividadecompropsito;as
atividades pessoais que os indivduos escolhem ou necessitam se
envolver e as maneiras pelas quais cada indivduo realmente as
experimenta(Boyt Schell, Gillen & Scaffa, 2014A, p. 1.237).
Quandoumapessoa se envolve ematividadescom propsito, no por
escolha pessoal e elas so valiosas, estas atividades intencionais
aglomeradas formamas ocupaes (Hinojosa,Kramer, Royeen, e Luebben,
2003). Assim, as ocupaes so nicas para cada indivduo eproporcionam
satisfao e realizao pessoal como resultado de sua prtica (AOTA,
2002b; Pierce, 2001) (Hinojosa & Blount, 2009, pp 1-2.).
Em terapia ocupacional, ocupaes se referem
s atividades dirias que as pessoas executamenquanto indivduos,
nas famlias e em comunidades para ocupar o tempo e trazer
significado e propsito vida. Ocupaesincluem o que as pessoas
precisam, querem e esto esperando fazer (Federao Mundial de
Terapeutas Ocupacionais, 2012).
Atividades... da vida cotidiana, nomeadas,organizadas e com
determinado valor e significado pelos indivduos e pela
cultura.Aocupao tudo o que as pessoas fazem para se ocupar,
inclusive cuidar de si mesmas... desfrutando a vida... e
contribuindo para a construo econmica e social de suas comunidades
(Law, Polatajko, Baptiste, & Townsend, 1997, p. 32).
Arelaodinmicaentreummodoocupacional,uma pessoa com uma estrutura
de desenvolvimento nico, significados subjetivos e propsito, e
odesempenho ocupacional resultante (Nelson & Jepson-Thomas,
2003, p. 90).
Ocupao usadapara significar tudoque aspessoas querem, precisam
ou devem fazer, seja de natureza fsica, mental, social, sexual,
poltica ou espiritual, incluindo sono e descanso. Refere-se a todos
os aspectos reais do fazer, ser e tornar-se humano e tambm ao de
pertencer.
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6
Meio prtico e cotidiano de auto-expresso, de fazer ou
experimentar sentido, a ocupao o elemento ativista da existncia
humana,sejamasocupaescontemplativas,
reflexivasemeditativasoubaseadasemaes(Wilcock& Townsend, 2014,
p. 542).
O termo ocupao, conforme utilizado na Estrutura
refere-sesatividadesdevidadirianasquaisaspessoasse envolvem.Ocupaes
ocorrem em contexto e soinfluenciadas pela interao entre fatores de
clientes, habilidades de desempenho e padres de
desempenho.Ocupaesocorremaolongodotempo;tmumpropsito,significado e
utilidade percebida pelo cliente; e podemser observadas por outras
pessoas (por exemplo, preparar uma refeio) ou ser percebida apenas
por pessoa em questo (por exemplo, a aprendizagem atravs da leitura
deumlivro).Ocupaespodemenvolveraexecuodemltiplasatividadesparasuaconclusoepodemresultarem
vrios efeitos. A
Estruturaidentificaumaamplagamadeocupaesclassificadascomo
atividades de vida diria (AVD), atividades instrumentais de vida
diria (AIVD), descanso e sono, educao, trabalho, brincar, lazer e
participao social (Tabela 1).
Quando os profissionais de terapia ocupacional trabalham com os
clientes, eles identificam os vrios
tiposdeocupaescomasquaisosclientesseenvolvemquando sozinhos ou com
outros. As diferenas entre as pessoas e as ocupaes com as quais se
envolvem so complexas e multidimensionais. A perspectiva do cliente
sobre uma ocupao categorizada variando de acordo com as
necessidades e interesses desse cliente, bem como seu contexto. Por
exemplo, uma pessoa pode perceber lavar roupa como um trabalho,
enquanto outra pode consider-la uma AIVD. Um grupo pode se envolver
em um jogo de perguntas e perceber sua participao como um brincar,
mas outro grupo pode se envolver no mesmo jogo de perguntas
eidentific-locomoeducao.
As maneiras pelas quais os clientes priorizam o envolvimento
emocupaes selecionadas podemvariarem diferentes momentos. Por
exemplo, os clientes de uma comunidade de reabilitao psiquitrica
podem priorizar ovoto durante o perodo de eleies e a preparao
derefeio durante datas festivas.As caractersticas nicasde ocupaes
so tomadas em notas e analisadas
porprofissionaisdeterapiaocupacional,queconsideramtodosos
componentes do envolvimento e os utilizam de forma
eficazcomoumaferramentateraputicaeumamaneiradealcanar os resultados
alvo da interveno.
medida em que uma pessoa se envolve em uma
ocupaoparticular tambm importante.Asocupaespodem contribuir para
um estilo de vida bem equilibrado e totalmente funcional assim como
para um estilo de vida que est em desequilbrio e caracterizado por
disfuno ocupacional. Por exemplo, o excesso de trabalho sem levar
em conta os outros aspectos da vida, como o sono ou
relacionamentos,expeosclientesaoriscodeproblemasdesade(Hakansson,Dahlin-Ivanoff,&Sonn,2006).
svezes, os profissionais de terapia ocupacionalusam os termos
ocupao e atividade indistintamente para descrever a participao em
atividades de vida diria. Alguns estudiosos tmproposto que os dois
termos sodiferentes (Christiansen & Townsend, 2010; Pierce,
2001; Reed, 2005). Na Estrutura, o termo ocupao denota envolvimento
na vida construdo
pormltiplasatividades.Tantoocupaesquantoatividadessousadascomointervenespelosprofissionais.Aparticipaoemocupaesconsideradaoresultadofinaldasinterveneseosprofissionaisutilizamocupaesduranteoprocessodeintervenocomoomeioparaofim.
Ocupaes frequentemente so compartilhadase realizadas com outros
indivduos. Aquelas que, implicitamente, envolvem duas ou mais
pessoas podem ser chamadas de co-ocupaes (Zemke&Clark, 1996).O
cuidar uma co-ocupao que envolve a participao ativa por parte tanto
do cuidador quanto de quem recebe os cuidados. Por exemplo,
co-ocupaes necessriasno cuidado da famlia, tais como as rotinas
socialmente interativas de comer, alimentar e dar conforto pode
envolver os pais, um parceiro, a criana, e outras pessoas
significativas(Olson,2004);asatividadesinerentesaessainterao social
so co-ocupaes recprocas, interativase conjuntas (Dunlea, 1996;
Esdaile & Olson, 2004). As consideraes sobre co-ocupaes apiam
uma visointegrada de envolvimento do cliente no seu contexto em
relaoaoutrosrelacionamentossignificativos.
A participao ocupacional ocorre individualmente ou com outros.
importante reconhecer que os clientes podem ser independentes na
vida, a despeito da quantidade de ajuda que recebem enquanto
completam atividades. Os clientes podem ser considerados
independentes quando
desempenhamoudirigemaesnecessriasparticipao,independentementedaquantidadeoudotipodeassistncianecessria,
caso estejam satisfeitos com o seu desempenho.
Emcontraste,comasdefiniesdeindependnciaque implicam um nvel de
interao fsica com o ambiente ou comobjetos no ambiente, os
profissionais de terapiaocupacional consideram os clientes
independentes seja por desempenharem os componentes das atividades
por si mesmo, seja por desempenharem a ocupao em
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um ambiente adaptado ou modificado, usando vrios dispositivos ou
estratgias alternativas ou ainda quando supervisionarem a concluso
da atividade por outros (AOTA, 2002a). Por exemplo, pessoas com
leso medular que dirigem um assistente de cuidados pessoais para
ajud-loscomsuasAVDsestodemonstrandoindependncianesteaspecto
essencial de suas vidas.
Profissionaisdeterapiaocupacionalreconhecemqueasadeapoiadaemantidaquandoosclientessocapazesde
envolver-se em casa, na escola, no local de trabalho e na
vidacomunitria.Assim,osprofissionaisestopreocupadosnoscomasocupaes,mastambmcomavariedadedefatores
que fortalecem e tornam possvel o envolvimento
eaparticipaodosclientesemocupaespositivasquepromovamsade(Wilcock&Townsend,2014).
Fatores do cliente
Fatores do cliente so capacidades especficas, caractersticas ou
crenas que consistem na pessoa e que influenciam o desempenho em
ocupaes (Tabela2). Fatores do cliente so afetados pela presena ou
ausnciadeenfermidade,doena,privao,incapacidadeeexperinciasdevida.Emboraosfatoresdoclientenodevam
ser confundidos com habilidades de desempenho tais fatores podem
afetar habilidades de desempenho. Assim, fatores do cliente podem
precisar estar presentes no todo ou em parte, para que uma pessoa
complete uma ao (habilidade) utilizada na execuo de uma ocupao.
Almdisso,osfatoresdoclientesoinfluenciadospelashabilidadesdedesempenho,pelospadresdedesempenho,contextos
e ambientes, e tambm pelo desempenho e pela participaoematividades
eocupaes. atravsdessarelao cclica que os mtodos de preparao,
atividades eocupaespodemserusadosparainfluenciarfatoresdocliente e
vice-versa.
Valores, crenas e espiritualidade influenciam
amotivaodeumapessoaparaseenvolveremocupaesedarosentidosuavida.Valores
so princpios, normas ou qualidades consideradas importantes pelo
cliente que os detm. Crenas so contedos cognitivos tidos
comoverdadeiros (Moyers & Dale, 2007). A espiritualidade
oaspectodahumanidadequeserefereformacomoosindivduosbuscameexpressosignificadoepropsitoe
a forma como eles experimentam sua conexo com o momento, consigo
mesmo, com outros, com a natureza,
ecomoquesignificanteousagrado(Puchalskietal.,2009, p. 887).
Funes do corpo e estruturas do corpo se referem funo fisiolgica
dos sistemas orgnicos
(incluindoasfunespsicolgicas)easpartesanatmicasdo corpo, tais
como rgos, membros e seus componentes,
respectivamente(WHO,2001,p.10).Exemplosdefunescorporais incluem
funo sensorial,msculo-esqueltica,mental (afetiva, cognitiva,
perceptiva), cardiovascular, respiratria e
funesendcrinas.Exemplosdeestruturasdo corpo incluem o corao e os
vasos sanguneos que
mantmafunocardiovascular(paraexemplosadicionais,consulteaTabela2).Estruturase
funesdocorpoestointer-relacionadas,eosprofissionaisdeterapiaocupacionaldevem
consider-las ao buscar promover a capacidade dos
clientesdeseenvolveremocupaesdesejadas.
Almdisso,osprofissionaisdeterapiaocupacionalentendemque, apesar
da sua importncia, a presena,
aausnciaoualimitaodasfunesdocorpoeestruturasdo corpo, no
necessariamente garantem o sucesso de um
clienteouadificuldadecomasocupaesdavidadiria.O desempenho
ocupacional e vrios tipos de fatores do
clientepodemserbeneficiadospelossuportesnoambientefsico ou social
que melhoram ou permitem a participao. atravs do processo de
observao dos clientes envolvidos
emocupaeseematividadesqueosprofissionaisdeterapiaocupacional so
capazes de determinar a transao entre os fatores do cliente e o
desempenho e, em seguida, criar adaptaesemodificaese,
selecionarasatividadesquemelhor promovam um aperfeioamento da
participao.
Fatores do cliente tambm podem ser entendidos como pertencente a
indivduos no nvel de grupo e de populao. Embora tais fatores possam
ser descritos de forma diferente quando aplicado a um grupo ou
populao, os princpios subjacentes no mudam substancialmente.
Habilidades de Desempenho
Vrias abordagens
tmsidousadasparadescrevereclassificarashabilidadesdedesempenho.Aliteraturadeterapia
ocupacional a partir de pesquisa e prtica oferece mltiplas
perspectivas sobre a complexidade e tipos dehabilidades utilizadas
durante o desempenho.
Habilidades de desempenho so aes dirigidasa objetivos observveis
como pequenas unidades de envolvimento em ocupaes da vida diria.
Elas soaprendidas e desenvolvidas ao longo do tempo e esto situadas
emcontextos e ambientes especficos (Fisher&Griswold, 2014).
Fisher e Griswold (2014) categorizaram as habilidades de desempenho
como habilidades motoras, habilidades de processos e habilidades de
interao social (Tabela 3). Vrias estruturas do corpo, assim como os
contextos pessoais e ambientais, convergem e emergem como
habilidades de desempenho ocupacionais. Alm
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disso, as funes do corpo, como amental,
sensorial,neuromusculareasfunesrelacionadascomomovimentosoidentificadascomoascapacidadesqueresidemdentroda
pessoa e tambm convergem para as estruturas e contextos ambientais
para emergir como habilidades de desempenho. Esta descrio
consistente com a da WHO (2001), Classificao Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Sade.
Habilidades de desempenho so habilidades demonstradas pelo
cliente. Por exemplo, a capacidade prxica, como imitar, sequenciar,
e construir, afeta as habilidades de desempenho motor do cliente.
Capacidades cognitivas, tais como a percepo, afetam as habilidades
de desempenho de processo de um cliente e sua capacidade
deorganizaraesemtempohbileseguro.Capacidadesde regulao emocional
podem afetar a capacidade de um
clienteemrespondereficazmentesexignciasdaocupao,comuma gama de
emoes. importante lembrar
quemuitasfunescorporaissosubjacentesacadahabilidadede
desempenho.
Habilidades de desempenho esto tambm intimamente ligadas e so
usadas em combinao com outras quando um cliente se envolve em uma
ocupao. A mudana em uma habilidade de desempenho pode
afetaroutrashabilidadesdedesempenho.Profissionaisdeterapia
ocupacional observam e analisam as habilidades de desempenho para
compreender as transaes entreos fatores do cliente, o contexto e o
ambiente, alm da atividade ou das demandas ocupacionais, que apiam
ou dificultamashabilidadesdedesempenhoeodesempenhoocupacional
(Chisholm & Boyt Schell, 2014; Hagedorn, 2000).
Na prtica e em algumas literaturas, as funescorporais
subjacentes so rotuladas como habilidades de
desempenhoesovistasemvriascombinaes, taiscomo habilidades
percepto-motoras e habilidades
scio-emocionais.Emboraosprofissionaispossamseconcentrarem
capacidades subjacentes tais como a cognio, as estruturas do corpo
e a regulao emocional, a Estrutura
defineashabilidadesdedesempenhocomoaquelasquesoobservveis e que so
aspectos chave para a participao
ocupacionalbemsucedida.ATabela3fornecedefiniesdas vrias habilidades
em cada categoria.
Pesquisas informando sobre a prtica da terapia ocupacional
relacionada com as habilidades de desempenho incluem Fisher (2006);
Polatajko, Mandich, e Martini
(2000);eFishereGriswold(2014).Informaesdetalhadassobre os modos
pelos quais as habilidades de desempenho so utilizadas na prtica da
terapia ocupacional podem ser
encontradasnaliteraturasobreteoriasemodelosespecficos,
tais como o Modelo da Ocupao Humana (Kielhofner, 2008); a
Orientao Cognitiva para o Desempenho Ocupacional Dirio (Polatajko
& Mandich de 2004); o Modelo de Processo de Interveno de
Terapia Ocupacional (Fisher, 2009); a teoria de integrao sensorial
(Ayres, 1972, 2005), e a teoria de aprendizagem motora e controle
motor (Shumway-Cook & Woollacott, 2007).
Padres de Desempenho
Padres de desempenho so os hbitos, rotinas, papis e rituais
usados no processo de se envolver em ocupaes ou atividades
quepodemapoiar oudificultaro desempenho ocupacional. Hbitos se
referem a
comportamentosespecficos,automticos;elespodemserteis,dominantesouempobrecidos(BoytSchell,Gillen,eScaffa,
2014b; Clark, 2000; Dunn, 2000). As rotinas so
seqnciasestabelecidasdeocupaesouatividadesquefornecem uma estrutura
para a vida diria; rotinas tambm podem promover ou prejudicar a
sade (Fiese, 2007;Koome, Hocking, & Sutton, 2012; Segal,
2004).
Papis so conjuntos de comportamentos esperados pela sociedade e
moldados pela cultura e contexto; eles podem ser aindamais
conceituados e definidos por umcliente (pessoa, grupo ou populao).
Os papis podem fornecerorientaesemocupaesoupodemserusadospara
identificar as atividades relacionadas com certas
ocupaescomasquaisoclienteseenvolve.
Aoconsiderarospapis,osprofissionaisdeterapiaocupacional esto
preocupados com a forma como os
clientesconstroemsuasocupaesparacumprirseuspapise a identidade
percebida, e se seus papis reforam seus valores e crenas. Alguns
papis conduzem a esteretipos e a padres de envolvimento restritos.
Jackson (1998a,1998b) advertiu que descrever pessoas por seus papis
pode ser limitante e pode promover segmentao em vez
deocupaesencerradas.
Os rituais so aes simblicas com significadoespiritual, cultural
ou social. Rituais contribuem para a identidade de um cliente e
reforam seus valores e crenas (Fiese, 2007; Segal, 2004).
Os padres de desempenho so desenvolvidosao longo do tempo e so
influenciados por todos os outros aspectos do domnio da terapia
ocupacional. Os
profissionaisqueconsideramospadresdedesempenhodoclientesomaiscapazesdecompreenderafrequnciae
a maneira pela qual as habilidades de desempenho e
ocupaessointegradasnavidadocliente.Emboraosclientes possam ter a
capacidade de se envolver em uma habilidade de desempenho, se eles
no incorporarem
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as habilidades essenciais em um conjunto produtivo de padres de
envolvimento, sua sade, seu bem-estar,e sua participao podem ser
afetados negativamente. Por exemplo, um cliente que tem as
habilidades e os recursos para se envolver adequadamente com
cuidados pessoais, banho e preparo de refeio, mas no incorpora tais
habilidades em uma rotina consistente pode ter que enfrentar uma
pobre nutrio e isolamento social. A Tabela 4
forneceexemplosdepadresdedesempenhoparaaspessoas,gruposoupopulaes.
Contexto e Ambiente
Envolvimento e participao na ocupao ocorrem dentro de um
ambiente social e fsico situado em um contexto. Na literatura, os
termos, ambiente e contexto so frequentemente intercambiveis. Na
Estrutura, os dois termos sousados para refletir a importncia de
seconsiderar a multiplicidade de variveis inter-relacionadas
queinfluenciamodesempenho.Compreenderosambientesecontextosemqueasocupaespodemeocorrem,fornecemaos
profissionais conhecimentos sobre a
abrangncia,subjacnciaeinfluncianoenvolvimento.
O ambiente fsico se refere ao natural (por exemplo, o
terrenogeogrfico,asplantas)eoconstrudo(porexemplo,edifcios,mobilirio)
ao redor dos quais as ocupaesda vida diria ocorrem. Ambientes
fsicos podem apoiar ou apresentar barreiras participao em
ocupaessignificativas.Exemplosdebarreirasincluemlargurasdeporta que
no permitem a passagem de cadeira de rodas ou a ausncia de
oportunidades sociais saudveis parapessoas que se abstenham do uso
de lcool. Por outro lado, os ambientes podem fornecer suporte e
recursos para a prestao de servios (por exemplo, comunidade,
unidade desade,casa).Oambiente social consiste na presena de
relacionamentos com, e as expectativas das pessoas, grupos e
populaes comas quais os clientes tm contato (porexemplo, a
disponibilidade e as expectativas de pessoas importantes, como
cnjuge, amigos e cuidadores).
O termo contexto se refere aos elementos que tanto
compemquantocircundamumclienteequemuitasvezesso menos tangveis do
que os ambientes fsicos e sociais, mas ainda assim exercemuma forte
influncia sobre odesempenho. Contextos, conforme descritos na
Estrutura so cultural, pessoal, temporal e virtual.
O contexto culturalincluicostumes,crenas,padresde atividade,
padres de comportamento e expectativasaceitas pela sociedade da
qual um cliente membro. O
contextoculturalinfluenciaaidentidadedoclienteeescolhade atividade,
e os profissionais devemestar cientes, por
exemplo,sobreasnormasrelacionadasformadecomerouasconsideraesdeprofissionaisdasadeaotrabalharcom
algum de outra cultura e nvel socioeconmico, por exemplo, ao
fornecer um plano de alta para uma criana e famlia. Contexto
pessoal se refere a caractersticas
demogrficasdoindivduo,taiscomoidade,gnero,statussocioeconmico e
nvel educacional, que no fazem parte
deumacondiodesade(WHO,2001).Contexto temporal inclui fase da vida,
a hora do dia ou do ano, a durao ou o ritmo da atividade e a
histria.
Porfim,ocontexto
virtualsereferesinteraesqueocorrememsituaessimuladas,emtemporeal,ouquaserealemquehausnciadecontatofsico.Ocontextovirtual
est se tornando cada vez mais importante para os clientes, bem como
para os profissionais de
terapiaocupacionaleoutrosprestadoresdeserviosdesade.Osclientes
podem precisar o acesso e a habilidade para usar a tecnologia, como
celular ou smartphones, computadores ou tablets e controles de
videogame para realizar suas rotinas diriaseocupaes.
Contextos e ambientes interferem no acesso de umcliente
aocupaese
influenciamnaqualidadeenasatisfaododesempenho.Umclientecomdificuldadesdedesempenho
em um ambiente ou contexto pode ter sucesso aps mudana nesse
ambiente ou contexto. O contexto em
queoenvolvimentoemocupaesocorreespecficoparacada cliente. Alguns
contextos so externos aos clientes (por exemplo, o virtual), alguns
so internos (por exemplo, o pessoal), alguns ainda apresentam tanto
caractersticas externas quanto crenas e valores internos (por
exemplo, o cultural).
Profissionaisdeterapiaocupacionalreconhecemquepara queos
clientes realmente alcancemuma
existnciaplenaemparticipao,significadoepropsito,osclientesdevem no
s ter funo, mas tambm se envolver confortavelmente com o seu mundo,
que consiste em uma combinaonicadecontextoseambientes(Tabela5).
Entrelaado em todos os contextos e ambientes est o conceito de
justia ocupacional,definidocomoumajustiaque reconhece o direito
ocupacional para a participao inclusiva nas ocupaes dirias de todas
as pessoas na
sociedade,independentementedaidade,capacidade,gnero,classe social
ou outras diferenas (Nilsson & Townsend, 2010, p. 58). Justia
ocupacional descreve a preocupao
porpartedosprofissionaisdeterapiaocupacionalcomosaspectos ticos,
morais e cvicos dos ambientes e contextos dos clientes. Como parte
do domnio da terapia ocupacional, osprofissionais
consideramcomoesses aspectospodemafetar a implementao da terapia
ocupacional e o resultado alvo da participao.
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Vrios ambientes e contextos podem apresentar
questesdejustiaocupacional.Porexemplo,umaescolacom educao
alternativa para crianas com desordens psiquitricas poderia
fornecer suporte acadmico eaconselhamento, mas limitaria as
oportunidades de participao em esportes, programas musicais e
atividades sociais organizadas. Uma instituio residencial pode
oferecer segurana e apoio mdico, mas proporciona poucas
oportunidades para envolvimento em atividades relacionadas aos
papis que antes representavam uma
fontedesignificadoparaseusmoradores.Ascomunidadescarentes sem
acessibilidade e recursos tornam a participao especialmente difcil
e perigosa para pessoas
comincapacidades.Profissionaisdeterapiaocupacionalpodem reconhecer
reas de injustia ocupacional e
trabalharparaapoiarpolticas,aeseleisquepermitamqueaspessoasseenvolvamemocupaesquefornecempropsitoesignificadoemsuasvidas.
Aocompreendereabordarasquestesespecficasde justia dentro do
ambiente de mudana de um cliente, os
profissionaisdeterapiaocupacionalpromovemresultadosteraputicosquevisamcapacitaoeauto-advocacia.Ofoco
da terapia ocupacionalnoenvolvimentoemocupaese justia ocupacional
complementa a perspectiva da OMS (2001) sobre a sade. Em um esforo
para ampliar
acompreensodosefeitosdadoenaedadeficinciasobreasade,aOMSreconheceuqueasadepodeserafetadapela
incapacidade de realizar atividades e participar de situaesdavida
causadas tanto por barreiras ambientais
quantoporproblemasqueexistemnasestruturasefunesdo corpo. A
Estruturaidentificaajustiaocupacionalemambos os aspectos dos
contextos e ambientes, e no resultado da interveno.
Processo
Esta seo operacionaliza o processo realizado por profissionais
de terapia ocupacional na prestaodeservios aos clientes.Oquadro 2
identifica os
aspectosdoprocesso,eaFigura2ilustraainter-relaodinmicaentre eles. O
processo da terapia ocupacional a entrega centrada no cliente de
servios de terapia ocupacional. O processo inclui a avaliao e a
interveno para alcanar
osresultadosvisados,eocorrenombitododomniodeterapia ocupacional, e
facilitada pela perspectiva distinta
deprofissionaisdeterapiaocupacionalaoseenvolverememraciocnioclnico,analisandoasatividadeseocupaes,e
colaborando com os clientes. Esta seo est organizada em quatro
grandes reas: (1) uma viso geral do processo conforme
aplicaodentrododomniodaprofisso,(2)o
processo de avaliao, (3) o processo de interveno, e (4) o
processo de resultado alvo.
Viso Geral do Processo de Terapia Ocupacional
Muitas profisses usam um processo semelhante deavaliao,
interveno e anlise dos resultados da
interveno.Noentanto,apenasosprofissionaisdeterapiaocupacionalfocamnousodeocupaesparapromoverasade,obem-estar,eaparticipaonavida.Profissionaisde
terapia ocupacional usam ocupaes e
atividadesselecionadasdeformateraputicacomomtodosprimriosde
interveno em todo o processo (Tabela 6).
Para ajudar os clientes a alcanar os resultados
desejados,osprofissionaisdeterapiaocupacionalfacilitamasinteraesentreocliente,seusambientesecontextos,easocupaesasquaisseenvolve.Estaperspectivabaseia-se
na teoria, no conhecimento e nas habilidades geradas e
utilizadasnombitodaprofissoecombaseemevidnciasdisponveis (Clark et
al, 2012;. Davidson, Shahar, Lawless, Sells, e Tondora, 2006;
Vidro, de Leon, Marottoli , e
Berkman,1999;Jackson,Carlson,Mandel,Zemke,&Clark,1998;
Sandqvist, Akesson, e Eklund, 2005).
A anlise do desempenho ocupacional requer a compreenso da
interao complexa e dinmica entreos fatores dos clientes, as
habilidades de desempenho, os padres de desempenho e os contextos e
ambientes,juntamentecomasexignciasdaocupaodaatividadeaserrealizada.Profissionaisdeterapiaocupacionalseatentamacadaumdessesaspectoseavaliamainflunciadeumsobreos
outros, individual e coletivamente. Ao compreender
comoessesaspectosinfluenciamentresi,osprofissionaispodem melhor
avaliar como cada aspecto contribui para
aspreocupaesrelacionadascomodesempenhodeseusclientese,potencialmente,contribuiparaintervenesqueapoiam
o desempenho ocupacional.
Para facilitar a explicao, a Estrutura descreve o processo de
terapia ocupacional como sendo linear. Na realidade, o processo no
ocorre de forma sequenciada, passo-a-passo. Pelo contrrio, fluido e
dinmico,permitindoqueosprofissionaisde
terapiaocupacionaleclientesmantenhamseufoconosresultadosidentificadosenquantorefletemcontinuamenteemudamoplanoglobalpara
acomodar novos desenvolvimentos e idias ao longo do caminho.
Adefiniomais ampla decliente includa neste documento traduz o
envolvimentocrescentedaprofissona prestao de servios no apenas a
uma pessoa, mas
tambmagruposepopulaes.Quandosetrabalhacomumgrupooupopulao,osprofissionaisdeterapiaocupacional
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Quadro 2 Processo de terapia ocupacional na prestao de servios.
O processo de prestao de servio aplicado dentro do domnio
daprofissoparaapoiarasadeeaparticipaodocliente
Avaliao
Perfi l
ocupacionalopassoinicialnoprocessodeavaliao,queproporcionaumacompreensodahistriaocupacionaleexperinciasdocliente,padresdevidadiria,interesses,valoresenecessidades.Soidentificadasasrazesdoclienteparaaprocuradeservios,ospontosforteseaspreocupaesemrelaoaodesempenhoocupacionaleasatividadesdevidadiria,asreasdepotencialrupturaocupacional,
os suportes e as barreiras, alm das prioridades.
Anlise do desempenho ocupacional o passo no processo de avaliao,
durante o qual os recursos e os problemas ou potenciais
problemasdosclientessomaisespecificamenteidentificados.Odesempenhoatualfrequentementeobservadoemcontextoparaidentificarsuportesebarreirasshabilidadesdedesempenhodocliente.Habilidadesdedesempenho,padresdedesempenho,contextoou
ambiente, fatores do cliente e demandas da atividade so todos
consideradas, mas somente aspectos selecionados podem ser
especificamenteavaliados.Resultadosalvosoidentificados.
Interveno
Plano de
intervenooplanoqueirguiarasaestomadasequedesenvolvidoemcolaboraocomocliente.Baseia-seemteoriasselecionadas,quadrosdereferncia,eevidncias.Estabelecem-seosresultadosalvoaseremalcanados.ImplementaodaintervenoAesemandamentovisandoinfluenciareapoiaramelhoriadodesempenhoedaparticipaodocliente.Asintervenessodirigidasparaoalcancedosresultadosidentificados.Arespostadoclientemonitoradaedocumentada.Reviso
da interveno - Reviso do plano de interveno e do progresso em direo
aos resultados alvo.
Resultados Alvo
Resultados-Determinantesdosucessoemalcanaroresultadofinaldesejadodoprocessodeterapiaocupacional.Avaliaodoresultadousadaparaplanejaraesfuturascomoclienteeavaliaroprogramadoservio(ouseja,aavaliaodoprograma).
consideram as habilidades de desempenho do trabalho coletivo dos
membros. Seja o cliente uma pessoa, grupo oupopulao, informaes
sobre desejos, necessidades,
pontosfortes,limitaeseriscosocupacionaisdoclienteso recolhidas,
sintetizadas, e enquadradas da perspectiva ocupacional.
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Modelos de Prestao de Servios
Profissionaisdeterapiaocupacionalprestamserviosaos clientes
tanto diretamente, em ambientes como hospitais, clnicas, indstrias,
escolas, lares e comunidades,quantoindiretamente, em nome de
clientes, atravs da consultoria.
Serviosdiretosincluemintervenesconcludasquandoemcontato direto com
o indivduo ou grupo de clientes. Estas
intervenessoconcludasatravsdevriosmecanismos,taiscomoencontrospessoaiscomocliente,sessesgrupais,interaescomosclienteseasfamlias,atravsdesistemasdetele-sade(AOTA,2013c).
Nos casos em que h prestao indireta de servios
emnomedosclientes,osprofissionaisoferecemconsultoriaa professores,
equipesmultidisciplinares e agncias deplanejamento da comunidade.
Profissionais de terapia
ocupacionaltambmoferecemconsultoriasorganizaescomunitrias,taiscomogruposdebairroeorganizaescivisque
podem ou no incluir pessoas com incapacidade. Alm disso, os
profissionais prestam servios empresas
comrelaoquestessobreambientedetrabalho,modificaesergonmicas e em
conformidade com o Americans with Disabilities Act de 1990 (Pub. L.
101-336).
Profissionaisdeterapiaocupacionalpodeminfluenciarindiretamente a
vida dos clientes atravs da advocacia. Exemplos comuns de advocacia
incluem conversa com os legisladores sobre como melhorar o
transporte para idosos oumelhoraros
serviosparaaspessoascomdeficinciasfsicasoumentaisafimdeauxiliaravidaeotrabalhonacomunidade
em que essas pessoas vivem.
Independentemente do modelo de prestao de servio, o cliente
individual pode no ser o foco exclusivo da interveno. Por exemplo,
as necessidades de uma criana em risco pode ser o impulso inicial
para a interveno, mas as
preocupaeseprioridadesdospais,parentes,eagnciasdefinanciamentotambmsoconsideradas.Profissionaisdeterapia
ocupacional compreendem e focam na interveno para incluir as
questes e preocupaes em torno
dasdinmicascomplexasentreocliente,ocuidadoreafamlia.Da mesma forma,
servios que abordam a habilidades de vida independente para os
adultos que lidam com doena mental
graveepersistente,tambmpodematendersnecessidadeseexpectativasdasagnciasdeserviosestaduaiselocais,bem
como de potenciais empregadores.
Raciocnio Clnico
Ao longodoprocesso, osprofissionais de terapiaocupacional esto
continuamente envolvidos em raciocnio clnico sobre o desempenho
ocupacional de cada cliente. O
raciocnioclnicopermiteaosprofissionais
Identificarasmltiplasdemandas,ashabilidadesnecessriaseopotencialsignificadodasatividadeseocupaese
Obterumacompreensomaisprofundadasinter-relaesentreosaspectosdodomnioqueafetamodesempenhoeapiamasintervenescentradasno
cliente e resultados.
Profissionais de terapia ocupacional usam princpios tericos e
modelos, o conhecimento sobre os efeitos das
condiesnaparticipao,easevidnciasdisponveissobrea eficciada
intervenoparaorientar seu raciocnio.Oraciocnio clnico garante a
seleo precisa e a aplicao de
avaliaes,intervenesemedidasderesultadocentradonocliente.Osprofissionaistambmaplicamseusconhecimentosehabilidadesafimdemelhoraraparticipaodosclientesnas
ocupaes e promover a sua sade e bem-estar,independentemente dos
efeitos da doena, da incapacidade, da interrupo ou privao da
ocupao.
Uso Teraputico de Si
Uma parte integrante do processo de terapia ocupacional o uso
teraputico de si, que permite queos profissionais de terapia
ocupacional desenvolvam e gerenciema sua relao teraputica comos
clientes pormeio da narrativa e do raciocnio clnico; da empatia; e,
uma abordagem centrada no cliente e colaborativa para a prestao de
servios (Taylor & Van Puymbroeck, 2013).
Empatiaatrocaemocionalentreosprofissionaisdeterapiaocupacional e os
clientes que permite uma comunicao mais
aberta,assegurandoqueosprofissionaisseconectemcomos clientes em um
nvel emocional para ajud-los em sua situao de vida atual.
Profissionaisdeterapiaocupacionalusamanarrativae o raciocnio
clnico para ajudar os clientes a darem sentido
sinformaesrecebidasnoprocessodeinterveno,paradescobrirosignificadoeparaconstruiraesperana(Peloquin,2003;Taylor&VanPuymbroeck,2013).Osclientes
tmidentificadoa relao teraputica como fundamentalparao resultado da
interveno da terapia ocupacional (Cole & McLean, 2003).
Profissionais de terapia ocupacional desenvolvemum
relacionamento colaborativo com clientes para entender
suasexperinciasedesejoscomainterveno.Aabordagemcolaborativa usada
em todo o processo valoriza as contribuiesdosclientes
juntoaosprofissionais.Atravsdo uso de habilidades de comunicao
interpessoal, os
profissionaisdeterapiaocupacionaltransferemopodernarelao para
permitir que os clientes tenham controle na
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tomada de deciso e resoluo de problemas, o que essencial
paraumaintervenoeficaz.
Os clientes trazem para o processo de terapia ocupacional seus
conhecimentos oriundos de suas
experinciasdevidaeassuasesperanasesonhosparaofuturo.Elesidentificamepartilhamassuasnecessidadeseprioridades.Profissionaisde
terapiaocupacional trazemoseu conhecimento sobre como o
envolvimento em ocupao afetaa sade,obem-estar, e
aparticipao;elesutilizamessasinformaes,juntamentecomperspectivastericaseraciocnio
clnico, para de forma crtica observar, analisar,
descrevereinterpretarodesempenhohumano.Profissionaise os clientes,
juntamente com os cuidadores, familiares, membros da comunidade e
outras partes interessadas
(conformeocaso),identificamepriorizamofocodoplanode interveno.
Anlise Atividade
Anlise da atividade um processo importante usado
pelosprofissionaisdaterapiaocupacionalparacompreenderasdemandasdeatividadesespecficasdeumcliente:
Anlise da atividade aborda as demandas tpicas de uma atividade,
a gama de habilidades envolvidas no seu
desempenho,eosvriossignificadosculturaisquepodemser atribudas a
ela. Anlise da atividade com base em ocupao coloca a pessoa em
primeiro plano. Ela leva em conta os interesses, objetivos,
habilidades e contextos da
pessoaemparticular,bemcomoasexignciasdaprpriaatividade.Estas
consideraesmoldamos esforos
doprofissionalparaajudar...apessoaaalcanarsuasmetasatravs da
avaliao e interveno cuidadosamente desenhadas (Crepeau, 2003, pp.
192-193).
Profissionais de terapia ocupacional analisam as demandas de uma
atividade ou ocupao para entender as estruturas especficas do
corpo, as funes do
corpo,habilidadesdedesempenhoepadresdedesempenhoqueso necessrios e
determinam as demandas genricas da atividade ou ocupao realizada
pelo cliente.
Atividade e demandas ocupacionais so as
caractersticasespecficasdeumaatividadeeocupaoqueinfluenciamoseusignificadoparaoclientebemcomootipoea
quantidade de esforo necessrio para nelas se envolverem. Atividade
e demandas ocupacionais incluem o seguinte (ver
Tabela7paradefinieseexemplos):
As ferramentas e os recursos necessrios para se envolver na
atividade - Quais objetos especficos sousadosnaatividade?Quais
sosuas propriedades, e que tipo de transporte, dinheiro ou outros
recursos so necessrios para
participardaatividade? Onde e com quem a atividade ocorre -
Quais so
os requisitos de espao fsico da atividade, e quais
soasdemandasdeinteraosocial?
Como a atividade realizada Qual processo utilizado para a
realizao da atividade,
incluindoasequnciaeocalendriodasetapas,procedimentosnecessrioseasregras?
Como a atividade desafia as capacidades do cliente -
Quaisaes,habilidadesdedesempenho,funes do corpo e estruturas do
corpo soexigidas do indivduo, grupo ou populao durante
arealizaodaatividade?
O significado que o cliente atribui a atividade
Quaisospotenciaissignificadossimblicos,inconscientesemetafricosqueoindivduoassociaatividade(porexemplo,dirigir
umcarro equivale a independncia, preparar umarefeio no feriado gera
vnculo com a tradio familiar, o
votoumritodepassagemparaaidadeadulta)?
Atividadeedemandasocupacionaissoespecficaspara cada atividade.
Uma alterao em uma caracterstica da atividade pode mudar a extenso
da demanda na outra
caracterstica.Porexemplo,umaumentononmeroounaseqnciadepassosemumaatividadeaumentaademandapor
habilidade de ateno.
Processo de Avaliao
O processo de avaliao est focado em descobrir o que o cliente
quer e precisa fazer; determinando o que um
clientepodefazeretemfeito;eidentificandofacilitadoresebarreirasparaasade,bem-estareaparticipao.Aavaliaoocorreduranteasinteraesiniciaisesubsequentescomocliente.
O tipo e o foco da avaliao diferem de acordo com
aconfiguraodeprtica.
Aavaliaoconsistenoperfilocupacionaledeumaanlisedodesempenhoocupacional.Operfilocupacionalinclui
informaes sobre as necessidades do cliente,problemas e preocupaes
relacionadas ao desempenho ocupacional. A anlise do desempenho
ocupacional est focadana coleta e na interpretao de informaes
paraidentificarmaisespecificamenteosfacilitadoreseasbarreirasrelacionadas
aodesempenhoocupacional e identificar osresultados que so alvo.
Embora a Estrutura descreva os componentes do processo de
avaliao separadamente e de forma sequencial a maneira exata em que
terapeutas ocupacionais coletam as informaesdo cliente
influenciadapelasnecessidadesdos clientes, pelos cenrios de prtica
e pelos quadros de
refernciaoumodelosdeprtica.Asinformaesreferentes
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aoperfilocupacionalsocoletadasduranteoprocessodeterapia
ocupacional.
Perfil Ocupacional
O perfil ocupacional um resumo da histria ocupacional e
experincias, dos padres de vida diria,interesses, valores e
necessidades de cada cliente. Desenvolver
operfilocupacionalproporcionaaoprofissionaldaterapiaocupacional uma
compreenso do ponto de vista do cliente e de seu passado.
Usando uma abordagem centrada no cliente, o profissional rene
informaes para entender o que atualmente importante e significativo
para o cliente
(ouseja,oqueeleouelaquereprecisafazer)eidentificarasexperinciaspassadas
e
interessesquepossamcontribuirparaacompreensodosproblemasedasquestesatuais.Duranteoprocessodecoletadeinformaes,ocliente,comaassistnciadoprofissionaldeterapiaocupacional,identificaas
prioridades e os resultados desejados que proporcionaro
seuenvolvimentoemocupaesqueapoiamaparticipaonavida.Apenasosclientespodemidentificarasocupaesquedosentidossuasvidaseselecionarasmetaseprioridadesimportantesparaeles.Aovalorizarerespeitarasinformaesdos
clientes, os profissionais ajudam a promover o
seuenvolvimentoepodemorientardeformamaiseficienteasintervenes.
Profissionais de terapia ocupacional coletam
informaesparaoperfilocupacionallogonocontatoinicialcom os clientes
para estabelecer resultados centrados no
cliente.Comotempo,osprofissionaiscoletaminformaesadicionais,refinamoperfil,egarantemqueasinformaesadicionaismotivamalteraesaosresultadosalvo.Oprocessode
completar e aperfeioar o perfil ocupacional varia
deacordocomadefinioeocliente.Asinformaesreunidasnoperfilpodemserconcludasemumasessoouduranteum
perodo mais longo, enquanto se trabalha com o cliente.
Paraclientescomdificuldadesdeparticipardesseprocesso,seusperfispodemsercompiladosatravsdainteraocomos
familiares ou outras pessoas importantes em suas vidas.
Aobtenodeinformaesparaoperfilocupacionalatravs de tcnicas
formais de entrevistas e conversas
informaisumamaneiradeestabelecerrelaoteraputicacomosclientesecomsuarededeapoio.Asinformaesobtidasatravsdoperfilocupacionallevamaumaabordagemindividualizada
nas fases de avaliao, planejamento de interveno e implementao da
interveno. A informao recolhida nas seguintes reas:
Porqueoclientesolicitaoservio,equaissoaspreocupaesatuaisdoclienteemrelaoaoseu
envolvimentoemocupaeseatividadesdavidadiria?
Em quais ocupaes o cliente se sente
bemsucedido,equaisbarreirasafetamoseusucesso?
Quaisaspectosdeseusambientesoucontextoso cliente v como
facilitadores a
participaoemocupaesdesejadas,equaisaspectosestoinibindoseuenvolvimento?
Qual a histria ocupacional do cliente
(porexemplo,experinciasdevida)?
Quaissoosvaloreseosinteressesdocliente?
Quaissoospapisdavidadiriadocliente?
Quaissoospadresdeenvolvimentodocliente
emocupaes,ecomoelesmudaramaolongodotempo?
Quaissoasprioridadesdoclienteeosresultadosalvo quanto ao
desempenho ocupacional,
preveno,participao,competnciaempapis,sade,qualidadedevida,bem-estaredajustiaocupacional?
Aps a coleta de dados de perfil, os terapeutasocupacionais
visualizam as informaes e
desenvolvemumahiptesedetrabalhosobreaspossveisrazesparaosproblemasepreocupaesidentificados.Asrazespodemincluirdeficinciasnosfatoresdocliente,nashabilidadesdedesempenhoepadresdedesempenhooubarreirasdentrodo
contexto e ambiente. Os terapeutas, ento, trabalham com os clientes
para estabelecer metas preliminares e medidas de resultado. Alm
disso, os terapeutas observam os pontos fortes e facilitadores em
todas as reas, porque estes podem informar o plano de interveno e
afetar os resultados futuros.
Anlise do Desempenho Ocupacional
Desempenho ocupacional a realizao da ocupao selecionada
resultante da transao dinmicaentre o cliente, o contexto e o
ambiente, e a atividade ou ocupao. Na anlise do desempenho
ocupacional, a queixa e os problemas ou potenciais problemas do
cliente so mais especificamente identificados por meio de
instrumentosde avaliao destinados a observar, medir e informar
sobre os fatores que facilitam ou impedem o desempenho
ocupacional.Resultadosalvotambmsoidentificados.Aanlise do
desempenho ocupacional envolve uma ou mais das seguintes
atividades:
Sintetizar informaes do perfil
ocupacionalparaentofocarnasocupaesespecficasenoscontextos que
precisam ser abordados
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Observar o desempenhode um cliente
duranteasatividadesrelevantessocupaesdesejadas,ressaltando a
eficcia das habilidades dedesempenhoepadresdedesempenho
Selecionar e usar avaliaes especficas
paramedirhabilidadesdedesempenhoepadresdedesempenho de forma
adequada
Selecionar e administrar informaes, senecessrio, para
identificar e avaliar maisespecificamente os contextos e
ambientes,demandasdeatividadesefatoresqueinfluenciamashabilidadesdedesempenho
eos padresdedesempenho do cliente
Selecionarasmedidasderesultados
Interpretarosdadosdeavaliaoparaidentificar
o que facilita e o que impede o desempenho
Desenvolvererefinarhiptesessobreospontos
fortes do desempenho ocupacional do cliente e suaslimitaes
Estabelecer em colaborao com o clienteobjetivos que gerem os
resultados desejados
Determinar procedimentos para medir osresultados da
interveno
Delinearumaabordagempotencialdeintervenoou abordagens baseadas
nas melhores prticas e evidnciasdisponveis.
Vrios mtodos frequentemente so utilizados durante o processo de
avaliao para analisar cliente, ambiente ou contextos, ocupao ou
atividade e desempenho ocupacional. Os mtodos podem incluir uma
entrevista com o cliente e outras pessoas importantes, observao do
desempenho e do contexto, reviso de dados e avaliao
diretadeaspectosespecficosdodesempenho.Podemserutilizados
instrumentos de avaliao formal e informal, estruturado e no
estruturado, com critrios padronizados ou no-referenciados. Quando
disponveis,
avaliaespadronizadastmprefernciaparafornecerdadosobjetivossobre
diversos aspectos do domnio que influenciam
oenvolvimentoeodesempenho.Ousodeavaliaesvlidase confiveis para a
obteno de informaes fidedignaspode tambm justificar e
colaborarparaanecessidadedeservios de terapia ocupacional (Doucet
& Gutman, 2013; Gutman, Mortera, Hinojosa, & Kramer,
2007).
Implcitos em qualquer avaliao utilizada por profissionais de
terapia ocupacional esto os sistemasde crenas dos clientes e as
premissas relativas ao seu desempenho ocupacional desejado.
Terapeutas ocupacionais selecionam uma avaliao pertinente s
necessidades eobjetivos dos clientes, congruentes com o modelo
terico deprticadoprofissionalecombasenoconhecimentodas
propriedades psicomtricas de medidas padronizadas ou ainda de
acordo com a lgica e os protocolos de medidas
nopadronizadas,estruturadaseasevidnciasdisponveis.Alm disso, a
percepo de sucesso do cliente ao envolver-se
comasocupaesdesejadasvitalparaqualqueravaliaode resultados
(Bandura, 1986).
Processo de Interveno
O processo de interveno consiste nos servios especializados
prestados por profissionais de terapiaocupacional em colaborao com
os clientes para facilitar
oenvolvimentoemocupaesrelacionadassade,bem-estar e participao. Os
profissionais usam os princpiostericos e as informaes sobre os
clientes acumuladasdurante a avaliao para dirigir a interveno
centrada na ocupao. A interveno ento fornecida para ajudar os
clientes a alcanar um estado de bem-estar fsico, mental e
social;paraidentificarerealizaraspiraes;parasatisfazeras
necessidades; e tambm para mudar ou enfrentar o
ambiente.Ostiposdeintervenesdeterapiaocupacionalso discutidos na
Tabela 6.
Aintervenosedestinaapromoverasade,obem-estar e a participao. A
promoo da sade o processo de capacitao da comunidade para melhorar
e aumentar o controle sobre a sade (WHO,1986).Wilcock
(2006)afirmou:
Seguindo uma abordagem de promoo da sadecom foco em ocupao para
o bem-estar abrange uma crena de que o potencial alcance do que as
pessoas podem fazer, ser, e se esforar para se tornar a
principalpreocupao,equeasadeumsubproduto.Um estilo de vida
ocupacional variado e completo coincidentemente manter e melhorar a
sade eo bem-estar, caso capacite as pessoas para serem criativas e
aventureiras fisicamente, mentalmente esocialmente (p. 315).
As intervenesvariamdeacordocomocliente -pessoa, grupo ou populao
- e com o contexto da prestao de servios (Moyers & Dale, 2007).
O prprio termo usado para clientes ou grupos de clientes que
recebem terapia ocupacional varia entre os cenrios de prtica e os
modelos de prtica. Por exemplo, quando se trabalha em um hospital,
a pessoa ou grupo pode ser nomeado de paciente ou pacientes, e em
uma escola, os clientes podem ser estudantes. Ao fornecer
consultoria a uma organizao, os clientes podem ser chamados de
consumidores ou usurios. O termo pessoa inclui outros que podem
ajudar ou serem atendidos indiretamente, como cuidador, professor,
familiares, empregador ou cnjuge.
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Asintervenesprevistasparaosgruposepopulaesso dirigidas a todos
os membros em conjunto e no de
maneiraindividualparapessoasespecficasdentrodogrupo.Profissionais
direcionamsuas intervenes em relao
acondiesincapacitantesatuaisoupotenciaiscomoobjetivodeaumentarasade,obem-estareaparticipaodetodosos
membros do grupo coletivamente. O foco da interveno
estematividadesdepromoodasade,autogerenciamento,servios
educacionais emodificaes no ambiente. Porexemplo, os profissionais
de terapia ocupacional podemfornecer orientao sobre preveno de
quedas e o impacto do medo de cair a um grupo de moradores em um
centro de vida
assistida,oupodemprestarapoioapessoascomalteraespsiquitricas
enquanto elas aprendem a usar a internet, isso
afimdeidentificarecoordenarrecursosdacomunidadequeatendamsuasnecessidades.Osprofissionaispodemtrabalharcomumagrandevariedadedepopulaesquevivenciamdificuldadesemacessareseenvolveremocupaessaudveispor
causade suas condies, tais comopobreza, faltademoradia, e
discriminao.
Oprocessodeintervenodivididoemtrsetapas:(1) plano de interveno,
(2) implementao da interveno, e (3) avaliao da interveno. Durante o
processo de interveno, a informao da avaliao integrada com a
teoria,osmodelosdeprticas,quadrosde
refernciaeasevidncias.Estainformaoorientaoraciocnioclnicodosprofissionaisde
terapiaocupacionalnodesenvolvimento,implementao e reviso do plano
de interveno.
Plano de Interveno
O plano de interveno, que direciona as aesdos profissionais de
terapia ocupacional, descreve as abordagens teraputicas
ocupacionais selecionadas e ostipos de intervenes a seremutilizados
no alcance dedeterminados resultados dos clientes. O plano de
interveno desenvolvido em colaborao com clientes ou com seus
procuradores e guiado por
Objetivos, valores, crenas e necessidadesocupacionais do
cliente;
Sadeebem-estardocliente; Habilidades de desempenho e padres
de
desempenho do cliente; Influncia coletivado contexto edo
ambiente,
demandas da atividade e os fatores do cliente sobre o prprio
cliente;
Contexto da prestao de servios em que ainterveno fornecida;
e
Melhorevidnciadisponvel.
A seleo e o delineamento dos objetivos e do plano de interveno
levam em considerao a situao atual e potencial dos clientes
relacionados ao envolvimento em
ocupaesouatividades.Planejamentodeintervenoincluias seguintes
etapas:
1. Desenvolvimento do plano, que envolve a seleo de: Metas e
objetivosmensurveis focados na
ocupao, alm de prazos estabelecidos; Abordagemou abordagens de
interveno
da terapia ocupacional, tais como criar ou promover, estabelecer
ou restaurar, manter, modificareprevenir(Tabela8);e
Mtodos para a prestao de servios,incluindo quem ir fornecer a
interveno, os tiposdeintervenes,emodelosdeprestaode servios a serem
utilizados.
2. Considerar potenciais mudanas nas necessidades e nos
planos.
3.
Fazerrecomendaesouencaminhamentosparaoutrosprofissionaisquandonecessrio.
Implementao da Interveno
Implementao da interveno o processo de colocaroplanode
intervenoemao.As
intervenespodemseconcentraremumnicoaspectododomnio,comoumaocupaoespecfica,ouemvriosaspectosdodomnio,taiscomocontextoeambiente,padresdedesempenhoehabilidades
de desempenho.
Tendo em vista que os aspectos do domnio esto
interligadoseseinfluenciammutuamente,emumprocessocontnuoedinmico,osprofissionaisdeterapiaocupacionalesperam
que a capacidade de um cliente para se adaptar, mudar e
desenvolver-se em uma rea afetar outras reas.Devido a esta
inter-relao dinmica, avaliao eplanejamento de interveno continuam
durante todo o processo de implementao.
Implementao da interveno inclui as seguintes etapas:
1. Determinar e executar a(s)
interveno(es)teraputica(s)ocupacional(is)aseremutilizadas(ver
Tabela 6), o qual pode incluir o seguinte:
OusoteraputicodeocupaeseatividadesMtodospreparatrios (por exemplo,
rteses,
tecnologia assistiva, mobilidade sobre rodas) e tarefas
preparatrias
EducaoetreinamentoAdvocacia (por exemplo, direito, auto-
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advocacia) Intervenesemgrupo.
2. O monitoramento da resposta do cliente em relao a intervenes
especficas, com baseem avaliao contnua e reavaliao de seu
progressoemdireosmetas.
Reviso da Interveno
Reviso da interveno o processo contnuo de reavaliao e reviso do
plano de interveno, de sua
eficcia,edoprogressorelacionadoaosresultados.Duranteo planejamento
da interveno, esse processo inclui a colaboraodo cliente, combase
emmetas identificadase nos progressos relacionados aos resultados
associados.
Reavaliaoerevisopodemlevaraalteraesnoplanodeinterveno.
A reviso da interveno inclui as seguintes etapas:
1. Reavaliao do plano e da maneira como ele implementado em
relao aos resultados propostos
2. Modificaodoplanoconformeademanda3. Avaliao de necessidade de
continuar ou
interromper os servios de terapia ocupacional e de
encaminhamento para outros servios.
Resultados Alvos
Os resultados alvos representam o resultado finaldo processo de
terapia ocupacional; eles descrevem o que os clientes podem alcanar
atravs da interveno da terapia ocupacional. Os benefcios da terapia
ocupacional so multifacetados e podem ocorrer em todos os aspectos
do domnio. Os resultados esto diretamente relacionados com as
intervenes previstas e ocupaes, os fatores docliente, as
habilidades de desempenho, os padres dedesempenho e com os
contextos e ambientes almejados. Os resultados tambm podem ser
acompanhados para a melhoria da relao transacional entre as reas do
domnio que resultam na capacidade dos clientes de se envolverem
emocupaesdesejadasquesosecundriasshabilidadesmelhoradas
relacionadas ao fator do cliente e as habilidades de desempenho
(Tabela 9).
Alm disso, os resultados podem estar associados a
impressessubjetivasdosclientesemrelaoametaaseralcanada,taiscomoamelhoriadasperspectivas,confiana,esperana,
diverso, auto-eficcia, sustentabilidade dasocupaes valorizadas,
resilincia e bem-estar percebido.Um exemplo de resultado subjetivo
de interveno a maior percepo dos pais sobre sua paternidade
atravs
deumanovacompreensodocomportamentodeseufilhoaps receber servios
de terapia ocupacional (Cohn, 2001; Cohn, Miller, &
Tickle-Degnen, 2000; Graham, Rodger, & Ziviani,2013).
As intervenes tambm podem ser projetadaspara cuidadores de
pessoas com demncia com o intuitode melhorar a qualidade de vida
tanto de quem recebe o cuidado quanto do cuidador. Os cuidadores
que receberam interveno relataram menor perda no desempenho
ocupacional, reforo na maestria e habilidade, maior senso
deauto-eficciaebem-estar,almdemenornecessidadedeajuda para
dispensar o cuidado (Gitlin & Corcoran, 2005; Gitlin, Corcoran,
Inverno, Boyce, & Hauck, 2001; Gitlin et al., 2003, 2008;.
Graff et al., 2007).
Resultados para grupos podem incluir melhora na interao social,
aumento da auto-conscincia atravs doapoio, uma maior rede social ou
o aumento da produtividade
nolocaldetrabalhocommenosleses.Osresultadosparaas populaes podem
incluir a promoo da sade, dajustia ocupacional e auto-advocacia,
assim como acesso a servios. O impacto dos resultados e a forma
como eles so
definidossoespecficosparaosclienteseparaoutraspartesinteressadas,
tais como os contribuintes e reguladores. Os
resultadoseadocumentaodessesresultadosespecficosvariamdeacordocomolocaldaprticaesoinfluenciadospelaspartesinteressadasemcadaconfigurao.
O foco nos resultados tecido ao longo do processo de terapia
ocupacional. Terapeutas ocupacionais e clientes colaboram durante a
avaliao para identificarresultados iniciais do cliente relacionados
ao envolvimento em ocupaes valorizadas ou atividades de vida
diria.Durante a implementao e reavaliao da interveno, os clientes,
terapeutas ocupacionais, e, quando apropriado, os assistentes de
terapia ocupacional podem modificaros resultados para acomodar as
mudanas necessrias, os contextos e as habilidades de desempenho. A
medida que anlises mais aprofundadas sobre o desempenho ocupacional
e sobre o desenvolvimento do plano de
intervenoocorrem,terapeutaseclientespodemredefiniros resultados
desejados.
A implementao do processo de resultados inclui os seguintes
passos:
1. Seleo dos tipos de resultados e medidas, incluindo, mas no
limitando o desempenho ocupacional, preveno, sade, qualidade
devida,participao,competnciapapel,bem-estare justia ocupacional
(ver Tabela 9).
As medidas dos resultados devem ser: Selecionadas no incio do
processo de
interveno (ver sesso sobre Processo de
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Avaliao); Vlidas, confiveis e com sensibilidade
adequada para detectar as mudanas no desempenho ocupacional dos
clientes;
Consistentescomosresultadosalvo;
Congruentescomosobjetivosdosclientes;
e Selecionadascombasenasuacapacidadereal
ou suposta para prever resultados futuros.2. Usando os
resultados para medir o progresso e
ajustarmetaseintervenesatravsde
Comparao do progresso em direo arealizao do objetivo para
resultados ao longo do processo de interveno e
Avaliao do uso dos resultados paratomadade decises sobre a direo
futurada interveno (por exemplo, prosseguir, modificar ou
interromper interveno, fornecer acompanhamento, encaminhar para
outros servios).
Os resultados e outros aspectos do processo de terapia
ocupacional encontram-se resumidos no Quadro 3.
Quadro 3 - Operacionalizao do Processo de Terapia
Ocupacional
Avaliao Interveno Resultados Alvo
PerfilOcupacional
Anlise do Desempenho Ocupacional Plano de Interveno
Implementao da Interveno
Reviso da Interveno Resultados
Identificaroseguinte:
Por que o cliente solicita o servio, e quais so
aspreocupaesatuaisdo cliente em relao ao envolvimento em
atividadeseocupaes?
Em quais ocupaoes o cliente se sente bem sucedido, e quais
barreiras esto afetando o seusucesso?
Que aspectos dos contextos ou ambientes oclientevcomofacilitador
e barreira no envolvimento em ocupaesdesejadas?
Qual a histria ocupacionaldocliente?
Quais so os valores e os interessesdocliente?
Quais so os papis da vidadiriadocliente?
Quaissoospadresdocliente de envolvimento emocupaes,ecomoeles
mudaram ao longo dotempo?
Quais so as prioridades do cliente e os resultados desejados com
relao ao desempenho ocupacional, preveno,participao, na
competnciadepapis,sade,qualidadedevida,bem-estar e da justia
ocupacional?
Sintetizarasinformaesdoperfilocupacionalparafocaremocupaesecontextosespecficos.
Observar o desempenho do cliente durante as atividades
relevantes para asocupaesdesejadas.
Selecionar e utilizar as
avaliaesespecficasparaidentificaremediroscontextos ou ambientes, a
atividadeeasexignciasda ocupao, os fatores do cliente e as
habilidades de desempenhoepadres.
Selecionar medidas de resultados.
Interpretar dados de avaliaoparaidentificarfacilitadores e
barreiras para o desempenho.
Desenvolvererefinarhipteses sobre os pontos fortes do desempenho
ocupacional do cliente. e suaslimitaes
Criao de metas em colaborao com o cliente que contemplem os
resultados desejados.
Determinar procedimentos para medir os resultados da
interveno.
Delinear uma interveno potencial com base nas melhores prticas e
evidnciasdisponveis.
1. Desenvolver o plano, que envolve a seleo de:Metas e
objetivos
mensurveis focados na ocupao, alm de prazos estabelecidos;
Abordagemouabordagens de interveno de terapia ocupacional, tais
como criar ou promover, estabelecer ou restaurar, manter,
modificarouprevenir; e
Mtodos para a prestao de servios, incluindo quem ir fornecer a
interveno, os tipos deintervenes,e modelos de prestao de
servios.
2. Considerar potenciais mudanas nas necessidades e planos.
3. Fazerrecomendaesou encaminhamentos para outros
profissionaisquandonecessrio.
1. Determinar e executar
a(s)interveno(es)teraputica(s)ocupacional(is) a ser(em)
utilizada(s) que podem
incluir:Ousoteraputicodeocupaeseatividades
mtodosetarefaspreparatrias
Educaoeterinamento
AdvocaciaIntervenesem
grupo2. Monitorar a resposta
do cliente atravs de avaliao e reavaliao em curso.
1. Reavaliar o plano e a implementao emrelaoobteno de
resultados.
2.Modificaroplanoconforme a demanda.
3. Determinar a necessidade de continuao ou interrupo dos
servios de terapia ocupacional e de encaminhamento.
1. No incio do processo de interveno, selecionar resultados e
medidas que sejam
vlida,confiveis,sensveis a mudanas, e consistentes com os
resultadoscongruentescomosobjetivos do
clienteBaseadosemsuacapacidade real ou suposta de prever resultados
futuros2. Aplicar os
resultados para avaliar o progresso e ajustar metas e
intervenes.Compararo
progresso em direo ao alcance do objetivo dos resultados ao
longo do processo de interveno.
Avaliarautilidade dos resultados para tomardecisessobre o futuro
direcionamento da interveno.
Contnua renegociao dos planos de interveno e dos resultados alvo
.Interao constante entre avaliao, interveno e resultados ocorre ao
longo do processo.
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Concluso
A Estrutura descreve os conceitos centrais que fundamentam a
prtica da terapia ocupacional e constri um entendimento comum sobre
os princpios bsicos e a
contribuiosingulardaprofisso.Odomnioeoprocessoda terapia
ocupacional esto intimamente ligados em uma relao transacional,
como ilustrado na Figura 3. A
compreenso desta relao apoia e orienta a complexa tomada de
deciso exigida na prtica diria da terapia ocupacional e
aumentaacapacidadedosprofissionaisparadefinirasrazespara as
intervenesdiretas a clientes (pessoas, grupos
epopulaes),familiares,membrosdaequipe,pagadoreseosformuladores de
polticas. A Estrutura destaca o valor distinto
daocupaoeterapiaocupacional,contribuindoparaasade,bem-estar e
participao do cliente.
Tabela 1 - Ocupao
Ocupao so os vrios tipos de atividades cotidianas nas quais
indivduos, grupos ou populaes se envolvem, incluindo AVD, AIVD,
descanso e sono, educao, trabalho, brinca, lazer, e participao
social.
Categoria Descrio
ATIVIDADES DE VIDA DIRIA (AVDs) Atividades orientadas para o
cuidado do indivduo com seu prprio corpo (adaptado de Rogers &
Holm, 1994). AVD tambm chamada como atividade bsica da vida diria
(ABVD) e atividades pessoais da vida diria (APVD). Estas
atividadessofundamentaisparavivernomundosocial;elaspermitemasobrevivnciabsicaeobem-estar(Christiansen&Hammecker,2001,
p.156).
Banhar, e tomar banho no chuveiro Obter e usar utenslios;
ensaboar, enxaguar e secar as partes do corpo; manter-se
naposiodebanho;transfernciadeeparaposiesdebanho.
Continua
-
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Continuao
Usar vaso sanitrio e realizar higiene ntima
Obter e usar utenslios, cuidado com roupas, manuteno da posio no
vaso,
transfernciadeeparaovasosanitrio,limpezadocorpo,cuidadosmenstruaisenecessidadescomacontinncia(incluindocatter,colostomiaeusodesupositrio),bem
como controle intencional do intestino e urinrio e, se necessrio,
utilizar equipamentos ou agentes para o controle da bexiga (Uniform
Data System For Medical Rehabilitation, 1996, pp. III-20,
III-24)
Vestir
Selecionar roupas e acessrios de acordo com a hora do dia, com o
clima e a ocasio; retirar as roupas dos locais em que esto
guardadas; vestir-se e despir-se adequadamente de maneira
sequencial; ajustar e fechar as roupas e sapatos, e colocar e
retirar dispositivos pessoais, prteses ou rteses.
Deglutir / comer Manter e manipular alimento ou lquido na boca e
engolir; engolir mover o alimento da boca ao estmago.
Alimentar Colocar, arranjar e trazer a comida (ou lquido) do
prato ou copo at a boca, algumas vezes nomeado auto-alimentao
Mobilidade funcional
Mover-se de uma posio ou lugar para outro (durante o desempenho
de atividades
dirias),comomobilidadenacama,mobilidadenacadeiraderodas,etransferncias(por
exemplo, cadeira de rodas, cama, carro, chuveiro, vaso sanitrio,
banheira, cadeira, piso). Inclui deambulao funcional e transporte
de objetos.
Cuidado com equipamentos pessoaisUsar, limpar, e manter itens de
cuidado pessoal, tais como aparelho auditivo, lentes de contato,
culos, rteses, prteses, equipamentos adaptativos, a aparelho de
medida dendiceglicmicoedispositivossexuaisecontraceptivos.
Higiene pessoal e (*)grooming
Nota tradutores:(*) cuidado com corpo, pelos, unha, dentes.
Obter eusarutenslios; removerpelosdocorpo (ex.,usode
lminadebarbear,tesouras,loes)aplicareremoverprodutosdebeleza,lavar,secar,pentear,modelar,escovar
e prender o cabelo; cuidar das unhas (mos e ps); cuidar da pele,
orelhas,
olhos,enariz,aplicardesodorante;limparaboca,escovarepassarfiodentalnosdentes;
ou remover, limpar, e recolocar rteses e prteses dentrias.
Atividade sexual Envolver-se em atividades que proporcionam
satisfao sexual e / ou satisfazer as necessidades relacionais ou
reprodutivas.ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DE VIDA DIRIA (AIVDs)
Atividadesdeapoiovidadiriadentrodecasaenacomunidade,que
muitasvezesnecessitamdeinteraesmaiscomplexasqueasutilizadasnasAVDs.Cuidar
de outros (incluindo seleo e superviso de cuidadores) Organizar,
supervisionar ou fornecer cuidado para outros.
Cuidar de animais Organizar, supervisionar ou prestar cuidados a
animais de estimao e animais de servio.Educar criana Fornecer
cuidado e superviso necessrios ao desenvolvimento de uma criana
Gerenciamento de comunicao
Enviar, receber e interpretar uma informao usando uma variedade
de sistemas e equipamentos, incluindo ferramentas para a escrita,
telefones (celulares ou smarthfones), teclados, gravador
udio-visual, computadores ou tablets, pranchas decomunicao, luzesde
chamada, sistemasde emergncia, escrita emBraille,dispositivos de
telecomunicao para surdos, sistema de comunicao aumentativa e
assistente pessoal digital
Dirigir e mobilidade na comunidade
Planejar-seemover-senacomunidadeeusarotransportepblicoouprivado,comodirigir,
caminhar, andar de bicicleta ou acessar e locomover-se atravs de
nibus, txis ou outros sistemas de transporte
Gerenciamento
financeiroUsarrecursosfiscais,incluindomtodosalternativosdetransaofinanceira,planejareusarfinanascomobjetivosemcurtoealongoprazo
Gerenciamento e manuteno da
sadeDesenvolver,gerenciaremanterrotinasparasadeepromoodebem-estar,taiscomo
condicionamento fsico, nutrio, diminuio dos comportamentos de risco
parasade,erotinasdemedicao
Estabelecimento e gerenciamento do lar
Obter e manter bens pessoais, da casa e do ambiente (ex. casa,
quintal, jardim, equipamentos, veculos), incluindo manuteno e
reparao dos bens pessoais (vesturio e itens da casa) e saber como
procurar ajuda ou com quem entrar em contato.
Categoria Descrio
Continua
-
Rev Ter Ocup Univ So Paulo. 2015;26(Ed. Especial):1-49.
21
Continuao
Categoria Descrio
Preparar refeies e limpeza
Planejar,preparareservirdeformaequilibradarefeiesnutritivaselimparalimentoseutensliosapsasrefeies.
Atividades e expresso religiosa e espiritual
Fazer parte
deumareligio,umsistemaorganizadodecrenas,prticas,rituaisesmbolos
projetados para facilitar a proximidade com o sagrado ou
transcendente (Moreira-Almeida e Koenig, 2006, p. 844), e
envolver-se em atividades que permitam uma sensao de conexo com
algo maior que si mesmo ou especialmente
significativo,talcomoreservarmomentosparabrincarcomumacriana,emvolver-seem
atividades na natureza, e ajudar os necessitados (Spencer,
Davidson, & White, 1997).
Segurana e manuteno emergencial
Conhecer e realizar procedimentos preventivos para manter um
ambiente seguro; reconhecer situaes perigosas repentinas,
inesperadas; e iniciar as aes
deemergnciaparareduziraameaasadeesegurana;exemplosincluemgarantiraseguranaaoentraresairdacasa,identificarosnmerosdecontatodeemergnciaesubstituiritenscomobateriasdealarmesdefumaaelmpadas.
Fazer compras
Preparar listas de compras (mercearias e outros); seleo, compra
e transporte de
itens;selecionarformasdepagamento;ecompletarastransaescomdinheiro;estoincludas
as compras pela Internet e uso de dispositivos eletrnicos
relacionados, como computadores, telefones celulares e tablets.
DESCANSO E SONO
Atividadesrelacionadasobtenodedescansoesonoreparadoresparaapoiarasadeeoenvolvimentoativoemoutrasocupaes.
Descansar
Envolver-seemaestranquilasesemesforoqueinterrompemaatividadefsicaemental,
resultando em um estado de relaxamento (Nurit & Michal, 2003, p
227.); est
includoaidentificaodanecessidadederelaxar;reduodonveldeenvolvimentoem
atividades fsicas, mentais ou sociais; e envolver-se relaxamento ou
outros esforos que restaurem a energia e a calma e renovem o
interesse nesse envolvimento.
Preparao para o sono
Nota tradutores:(*) cuidado com corpo, pelos, unha, dentes.
(1) Envolvimento em prtica de rotinas que preparam o indivduo
para um descanso confortvel, tais como
(*)groomingedespir-se,lerououvirmsicaparaadormecer,darboanoiteaoprximo,eseenvolveremmeditaoouoraes;determinarahora
do dia e o perodo desejado para dormir e o tempo necessrio para
acordar; e
estabelecerpadresdesonocondizentescomodesenvolvimentoesade(padresso
muitas vezes pessoalmente e culturalmente
determinados).(2)Apreparaodoambientefsicoparaperodosdeinconscincia,comofazeracama
ou preparar espao para dormir; garantindo proteo contra o calor ou
frio;
definirumdespertador;garantirseguranadacasa,comotrancarportasoufecharas
janelas ou cortinas; e desligar equipamentos eletrnicos ou
luzes.
Participao no sono
Cuidar das necessidades pessoais para o sono, como diminuir as
atividades para garantir o incio do sono, dormir e sonhar; manter
um estado de sono sem interrupo; e realizao de cuidados noturnos
como uso do vaso sanitrio e hidratao; inclui
tambmanegociaodasnecessidadesdeinteragireexignciasdeoutrosdentrodo
ambiente social, como crianas ou parceiros, incluindo a prestao de
cuidados noturnos, como o aleitamento materno e acompanhamento do
conforto e segurana de outras pessoas que esto dormindo.