UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes portugueses e umbundu MÁRIO VICOMO AFONSO Tese orientada pela Prof.ª Doutora Esperança Cardeira, especialmente elaborada para a obtenção do grau de Mestre em Linguística. 2020
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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS
Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes
portugueses e umbundu
MÁRIO VICOMO AFONSO
Tese orientada pela Prof.ª Doutora Esperança Cardeira, especialmente
elaborada para a obtenção do grau de Mestre em Linguística.
2020
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS
Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes
portugueses e umbundu
MÁRIO VICOMO AFONSO
DISSERTAÇÃO
MESTRADO EM LINGUÍSTICA
2020
I
ÍNDICE LISTAS DE FIGURAS ____________________________________________________ III
LISTAS DE TABELAS ____________________________________________________ IV SÍMBOLOS FONÉTICOS, CONVENÇÕES E DIACRÍTICOS ___________________ V
ABREVIATURAS _______________________________________________________ VII AGRADECIMENTOS ___________________________________________________ VIII
RESUMO ________________________________________________________________ IX ABSTRACT ______________________________________________________________ X
INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 1 CAPÍTULO I
BREVE RESENHA HISTÓRICA ____________________________________________ 3 Os Ovimbundu ______________________________________________________ 3
1.1. A origem dos Ovimbundu: teorias e história ____________________________ 3 1. Localização geográfica dos Ovimbundu __________________________________ 9
O Bié ______________________________________________________________ 13 2.1. A origem do Bié: lenda e história ____________________________________ 13
2.2. Localização geográfica do Bié _______________________________________ 18 A língua: umbundu __________________________________________________ 20
3.1. O alfabeto umbundu _______________________________________________ 28 3.2. Particularidades da língua umbundu _________________________________ 33
3.3. Particularidades dos nomes umbundu ________________________________ 42 As tradições ________________________________________________________ 48
4.1 Iniciação, casamento, nascimento e morte _____________________________ 48 4.2. Estrutura familiar e sucessão _______________________________________ 53
4.3. Atribuição dos nomes ______________________________________________ 56 CAPÍTULO II
ANTROPONÍMIA PORTUGUESA E ANTROPONÍMIA UMBUNDU ____________ 60 O sistema antroponímico português ____________________________________ 60
1.1. Elementos do nome (nome próprio, sobrenome, apelido) _________________ 63 1.2. Evolução do sistema _______________________________________________ 68
1.3. O sistema atual ___________________________________________________ 73
II
O sistema antroponímico Bantu _______________________________________ 77
2.1. O sistema umbundu _______________________________________________ 79 2.2. A escolha dos nomes _______________________________________________ 83
Influência europeia no sistema antroponímico de Angola __________________ 84 Caraterísticas e composição dos antropónimos do Bié _____________________ 92
CAPÍTULO III ___________________________________________________________ 99 ANÁLISE DOS DADOS ___________________________________________________ 99
3. APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS __________ 104 3.1. Resultados estatísticos ___________________________________________ 104 3.2. Constituição de nomes nos registos da Conservatória e da Igreja __________ 106 3.3. Constituição de nomes por década nos registos da Conservatória e da Igreja
Congregacional no Bié ___________________________________________ 109 3.4. Frequência dos nomes nos registos da Conservatória e da Igreja Congregacional
no Bié _________________________________________________________ 111 3.5. Frequência dos primeiros nomes dos registos da Conservatória e da Igreja
Congregacional no Bié ___________________________________________ 114 3.6. Frequência dos segundos nomes dos registos da Conservatória e da Igreja
Congregacional no Bié ___________________________________________ 116 4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ___________________________________ 117
5. SÍNTESE _________________________________________________________ 124 CAPÍTULO V
CONSIDERAÇÕES FINAIS _______________________________________________ 126 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________________ 128
APÊNDICES ____________________________________________________________ 136 Apêndice A- Etimologia e significados de alguns nomes em Umbundu _________ 136 Apêndice B- Assento de nascimento da Conservatória Civil do Bié ____________ 145 Apêndice C - Modelo de transcrição manual de nomes _____________________ 146 Apêndice D- Registo de batismo da Igreja Evangélica do Bié ________________ 147 Apêndice E - Lista de nomes do registo do Bié ____________________________ 148 Apêndice F - Composição dos nomes do Bié da década de 70 – 90 ____________ 185
ANEXOS _______________________________________________________________ 211 Anexo 1- Carta para autorização de recolha de dados _______________________ 211 Anexo 2- Carta de autorização de recolha de dados da Comissão Multissetorial __ 212 Anexos 3- Decreto-Lei n.º 10/85 de 18 de outubro sobre a composição dos nomes
A antroponímia em língua umbundu está relacionada com o nascimento e a morte. Em
princípio, trata-se de dois processos culturais em que as famílias procuram constituir epata (=
família) para a procriação e o anseio de conceber filhos, assim como entender os mistérios da
morte, o que implica a escolha de determinados nomes que traduzam o momento do seu
nascimento. Por outro lado, os Ovimbundu adotam também a nomes de um antepassado vivo
ou morto com a preocupação de se perpetuar a memória deste ente querido1. É comum
verificarmos neste sistema os seguintes nomes: Cassinda, Chilombo, Ngueve, António.
“Chamar pelo seu nome é evocar a pessoa naquilo que tem de mais íntimo. [...] E quem ouve
chamar pelo seu nome deve responder, eis-me aqui. Reconhece que existe uma relação entre
ele e o seu nome” Yambo (2003:28).
Este trabalho enquadra-se na área da antroponímia, baseada nos parâmetros da
antroponímia portuguesa e umbundu. Este estudo foi realizado com base nos dados do distrito
do Bié, na localidade de Cuíto. É um distrito histórico constituído por um vasto mosaico cultural
e multilinguístico. O trabalho tem como objetivo apresentar a constituição dos nomes do Bié,
bem como a frequência de nomes masculinos, femininos e nomes em português e umbundu e
refletir sobre a razão da escolha de nomes europeus, cristãos e umbundu, na antroponímia do
Bié.
Trata-se de um estudo pioneiro, posto que não há investigações anteriores sobre os
nomes do Bié nem na área da antroponímia angolana. Este trabalho poderá servir de apoio a
estudos futuros sobre a antroponímia angolana e na elaboração de dicionários onomásticos e
etimológicos dos nomes do Bié. Também poderá contribuir para o conhecimento dos critérios
de atribuição de nomes na cultura Ovimbundu.
Este trabalho está constituído por três partes essenciais. No capítulo I, apresentamos a
descrição genealógica, a caraterização geográfica e os principais reinos Ovimbundu. Apesar da
complexidade cultural, no distrito do Bié, os bienos são maioritariamente Ovimbundu.
Outrossim, procuramos também descrever a situação geolinguística, cultural, tradicional dos
1 Chamo-me Mário Vicomo Afonso, nome composto pelos prenomes Mário Vicomo, com origem no tio materno e Afonso, apelido paterno.
2
bienos. É de referir que os aspetos culturais são indispensáveis para a compreensão dos
processos de atribuição de nomes na antroponímia em língua umbundu no Bié.
O capítulo II refere-se ao sistema antroponímico português e em língua umbundu.
Considerando que se trata de dois modelos diferentes, achamos por bem especificar o
funcionamento de cada sistema de nomes. Nesse ponto procuramos descrever as caraterísticas
de cada sistema antroponímico, a legislação sobre a composição dos nomes completos, a
terminologia antroponímica e a evolução dos sistemas.
Relativamente ao Capítulo III, trata-se de uma apresentação dos dados e análise dos
resultados do registo de nascimento da Conservatória do Bié e do registo de batismo da Igreja
Congregacional do Bié.
Nesse ponto, testamos os resultados e comparamo-los de acordo com os registos
selecionados para o efeito. Analisamos também a frequência de cada elemento do nome e a
constituição dos nomes em língua umbundu, por meio de figuras e quadros estatísticos
devidamente legendados.
3
CAPÍTULO I
BREVE RESENHA HISTÓRICA
Os Ovimbundu
1.1. A origem dos Ovimbundu: teorias e história
Referimos neste ponto, a origem dos povos Bantu e Ovimbundu. De acordo com
Figueira (1938:11) “o termo Bantu foi utilizado pela primeira vez na Comparative Grammar of
South African Languages de Bleek em 1867”. Ainda o mesmo autor diz que em quicongo,
Bantu é o plural de muntu (pessoa), no umbundu - omanu é o plural de omunu (pessoa). O termo
Bantu é também utilizado para se referir a origem das línguas dos povos africanos que têm
como base a raiz ntu como designativo do ser, gente ou pessoa. Ainda Figueira (1938:11)
adianta que os Bantu são “habitantes da África Negra, desde as zonas de influência equatorial
ao Cabo da Boa Esperança - a Cape Town”.
Segundo a teoria, os ancestrais dos povos Bantu eram habitantes da confluência do rio
Benuê e Camarões que migraram para o Leste e Sul do continente africano. Silva (1996:449,
citado por Lopes, 2011:36) afirma que “os ancestrais dos povos que hoje habitam ao sul, a
sudeste e a sudoeste da confluência do rio Benuê e Níger, como iorubás, edos, nupês e ibos,
etc., vivem nessa região provavelmente há milhares de anos”. Redinha (1975:7) afirma que a
“composição étnica dos Bantos Ocidentais apresenta traços nigerianos e camaroneses na sua
zona noroeste, e fusões importantes de sangue etíope, e fortes marcas dos Camitas Orientais
nos Grupos do Sudoeste”. O movimento migratório Bantu aconteceu entre 1000 antes de Cristo
e 1100 depois de Cristo. Por conseguinte, há diferentes opiniões sobre a possível origem dos
Bantu, tal como se pode observar na figura 1.
4
Fonte: Andrade (2007:23)
De acordo com a figura 1, note-se que Jonhston (1919; 1923) e Philipson (1976; 1985)
concordam que o processo migratório tenha começado na Nigéria e Camarões ao oriente, Leste
e sul de África. Para Heine, Hoff e Vossen (1977) o processo migratório teria surgido na região
da Nigéria e estendeu-se até a África Central (Congo, Sudão e Uganda) e posteriormente para
o oeste e sul da África Austral. Guthrie (1962ab; 1971) e Oliver (1966) supõem que os povos
Bantu tenham vindo do sul da República do Congo, da Zâmbia a África oriental (Malawi e
Moçambique). Alguns autores afirmam que o limite dos povos Bantu parte da linha do equador
ao sul de África, tal como argumenta Lopes (2011):
[…] o povoamento da bacia do rio Congo e seus arredores, incluindo o antigo Zaire, Angola,
Congo, Gabão e Zâmbia, está ligado à longa e sucessiva migração dos bantos a partir dos atuais
Chade e Camarões. Entre 300 e 100 a.C., uma dessas levas de migrantes, vinda já do leste do
continente, da região dos Grandes Lagos, chega à região. (Lopes, 2011:52)
Este autor considera que a origem dos Bantu está relacionada com as sucessivas
migrações que partem do Chade e Camarões até a bacia do rio Congo e região dos Grandes
Lagos. Alguns migrantes vindos da zona leste de África, provavelmente da região dos grandes
Figura 1- Processo migratório dos povos Bantu
5
lagos teriam chegado a Angola, Congo, Zaire, Gabão e Zâmbia entre os anos 300 e 100 antes
de Cristo. Em contrapartida, o Dicionário Eletrónico Infopédia Porto Editora (2003) descreve
o seguinte:
[…] este povo, oriundo dos Camarões, iniciou por volta do ano 1000 a. C. um movimento
migratório que o levou para além dos seus assentamentos agrícolas e o trouxe até ao Centro, o
Este e o Sul da África, chegando até ao Sudoeste da Costa Sul Africana nos séculos III e IV d.
C.
Partindo deste pressuposto, os Bantu oriundos dos Camarões no ano 1000 a. C migraram
para o centro, este e sul de África à procura de melhores condições de vida entre os séculos III
e IV depois de Cristo. Segundo a tradição oral, a origem dos povos Ovimbundu está relacionada
com o processo migratório que parte da fronteira entre Nigéria e Camarões, África Central,
Oriental e Sul. Deste modo, a semelhança lexical entre os Ovimbundu e Igbo (Nigéria) é muito
próxima2.
Devido ao movimento migratório dos povos Bantu no centro, leste e sul de África, os
costumes têm a mesma origem e são idênticos. A título de exemplo, verifica-se a aproximação
lexical do Kiswahili e do umbundu3.
Para Petter (2015) as populações bantu teriam atingido a atual República dos Camarões
durante o segundo milénio a. C.. A expansão prosseguiu gradativamente para o leste e sudeste,
para se tornar um fenómeno maior: a expansão dos bantos. Alguns povos bantu progrediram
para a margem norte da floresta equatorial e atingiram a região dos grandes lagos, por volta do
primeiro milénio a. C.. Acredita-se que a expansão na floresta parece ter seguido os cursos da
água. Os Bantu teriam descido os afluentes da margem direita do rio Congo e subido para a
margem esquerda antes de atingirem as savanas ao Sul da floresta. Ainda Petter (2015:53) “a
partir dessa região e a partir da África oriental, a expansão prosseguiu para o Sul; os bantos
chegaram ao Sul do Zambeze no século IV e ao Limpopo, no Século seguinte”.
2 Veja-se, p. ex., em Igbo- Chukwu (Deus) e umbundu - Suku (Deus). 3 Por exemplo, em Kiswahili – ngombe (boi, vaca), nyoka (cobra), mume (marido), mbua (cão), mti (árvore), kulala (dormir), tal como em umbundu- ongombe (boi, vaca), onyoha (cobra), ombua (cão), mume (irmão mais velho), uti (árvore), okulala (dormir).
6
Por outro lado, as migrações dos povos bantu oriundos do Sul da África é considerada
como uma das possíveis origens dos povos Ovimbundu. Conforme a descrição de Petter, os
Benue-Congo ocupam uma área bastante extensa, desde a África ocidental, Central, oriental e
austral: Os Benue- Congo ocupam aproximadamente dois terços do Sul da Nigéria e da República dos
Camarões, a parte Sul da república Centro Africana e do Congo, grande parte da República
Democrática do Congo, Tanzânia, Uganda, Quênia, Ilhas comores, Moçambique, Angola
Pinto, seguindo a tradição oral, faz menção da existência de um caçador de elefantes
que fundou o distrito do Bié e de sua esposa Cahanda. Por outro lado, Keiling (1934:24)
comenta que “elegeram um chefe que, a partir deste momento, foi independente e deixou de
reconhecer o rei Humbe como soberano, formando uma nação, que se chamou Bié, derivado do
4 O mesmo que Bié. Em umbundu as letras b, d, g, j não aparecem isoladas. A letra b em “Bié” surge por adaptação portuguesa de Viyé. Outrossim, as letras b, d, j e g ocorrem sempre antecedidas de m ou n segundo o alfabeto umbundu.
15
nome da sua fundadora – Viyé- irmã de Galangue”. Para Keiling, a origem dos bienos está
relacionada com o nome de uma mulher, irmã do soba Galangue.
Por outro lado, Dias de Carvalho (1890, citado por Mcculloch, 1957) refere dois chefes,
“Quingúri e Schakambindi, dos antepassados do reino do Viyé, que teriam vindo das terras de
Moropu (Lunda) e que conquistaram o Songo e instalaram-se em Luanda”. Posteriormente,
estes chefes deslocaram-se para a margem sul do rio Cuquema, onde viviam os Ngangela, para
fundarem o reino do Viyé. Capello & Ivens (1882) reforçam a mesma ideia da seguinte forma:
continuando as conquistas para o oeste, estabeleceram diversos ramos, como o do Bié, que
parece ser originário de Muzumbo-Tembo, cuja filha ou neta se relacionou com um monarca do
Sul, dando como resultado os ganguellas, bienos, bailundos, que assim naturalmente, pouco a
pouco conquistaram as terras em que se acham. (Capello & Ivens 1882:173-174)
Os bienos seriam, pois, originários da união de um rei do Sul com uma filha ou neta de
Muzumbo-Tembo. O resultado deste relacionamento deu origem aos bienos, ganguelas e
bailundos. Segundo os mesmos autores, o soba N´Dembo-Tembo tomou para si ao Sul as terras
de Cassai, ao Oeste o Jombo, ao Norte o Mieji, ao poente o Songo. Cassanje-Tembo ocupou
para si as terras do Norte entre Cuango e Tala-Magongo. Segundo a tradição oral, os bienos são
descendentes dos quiôcos, que depois fundaram os seus próprios reinos e começaram a
relacionar-se com outras raças, o que veio a dar origem aos bienos. Veja-se na figura 4 a dinastia
dos sobas do reino Viye.
Fonte: Adaptado de Pinto (1881:141)
Figura 4- A dinastia do reino Viye
16
Pinto (1881) relata que da união de Bié e da formosa Cahanda nasceu um único filho
varão, que teve o nome de Jambi, e que sucedeu ao seu pai. Jambi teve dois filhos, dos quais o
primogénito se chamou Giraúl e o segundo Cangombi. Giraúl herdou o poder por morte do seu
pai. Com receio do seu irmão, que tinha grande influência no povo, fê-lo prender secretamente
de noite e vendeu-o como escravo, em Luanda. Cangombi foi comprado pelo governador-geral,
de quem foi escravo.
Sobre a fundação da capitania portuguesa, Santos (1986:347) assegura que “em 1769
foi fundada a capitania-mor do Bié pelo governador Dom Francisco Inocêncio de Sousa
Coutinho, passando desde então a ser habitada por sertanejos dedicados ao comércio de
escravos”. Ainda a mesma autora afirma que “em 1846, Rodrigues Graça descreve que esta
província se acha no centro das riquíssimas possessões dos potentados do Andulo, Bailundo,
Camexe, Bunda, Ambuelas, Quiboco, Mazaza, Cassaby e Lumbige”. Childs (1970, citado por
Santos, 1986: 347) considera que Bié (Viye) era um reino do povo Ovimbundu fundado no
princípio do século XVIII. Este grupo Bantu anexou vários grupos, muitos dos quais não eram
Ovimbundu, e alguns nunca foram assimilados.
Os bienos dedicavam-se ao comércio de longa distância, tal como destaca Santos
(1986:34): “a formação da base social deste comércio de longa distância, com centro no reino
umbundu do Bié (planalto central de Angola), começou após a criação daquela capitania-mor
em 1769, quando ali se fixaram sertanejos brancos, negros e mestiços dedicados ao comércio
de escravos”. Ainda segundo a mesma autora o primeiro capitão-mor do Bié foi Joaquim José
Rodrigues, nomeado em 1770 com a finalidade de dominar a desordem entre negociantes, que
havia naquele sertão.
Em síntese, há três teorias sobre a origem dos bienos segundo a tradição: (1) são
descendentes dos Mohumbes; (2) a irmã de Galangue é a fundadora do Viye (3) são
descendentes dos quiôcos e lundas.
A primeira teoria está associada à origem do caçador de elefante que fundou o distrito
do Bié. Capelo & Ivens (1886:161) afirmam que “um vasto distrito ou província se estendia
desde o Bié para além do Cuanhâma e era governado por um chefe conhecido pelo nome de
Humbi-Inêné”. Para Pinto (1881) os mohumbes estão difundidos em vários pontos, tais como
Namibe, Benguela e Bié. Hoje, a verdadeira raça mohumbe, no Bié, é representada pela nobreza
e gente rica do país. Pinto refere que os bienos são descendentes da raça Humbe:
17
os bienos são mohumbes, nome que na África Austral de oeste dão aos descendentes da raça do
Humbe, os quais não se encontram só no Bié, mas estão também espalhados em outros pontos,
sobretudo frente da costa entre Moçâmedes e Benguela, misturados com os Mundombes, que
são a verdadeira raça daquele país. (Pinto 1881:139)
Quanto à segunda teoria, Keiling (1934) afiança que a origem do Bié está relacionada
com a irmã de Galangue, que fundou o reino e difundiu o nome Viye. Contrariamente, a tradição
oral menciona apenas o caçador de elefante, o fundador do Viye.
A terceira hipótese, segundo Capello & Ivens (1882), Dias de Carvalho (1890) e
Mcculloch (1952), pretende que os bienos são descendentes dos Lundas Tchokwe.
Certo é que existem 11 grupos étnicos: 9 grupos Bantu: Kikongo, Kimbundu, Lunda-
Tchokwe, Ovimbundu, Nganguela, Helelo, Nyaneka- Lucumbi, Vambo, Oshindonga e 2
grupos não Bantu: Cuissis e Bosquímanos. O contacto linguístico e cultural entre povos
vizinhos é um fenómeno natural; por esta razão é normal encontrarmos regiões fronteiriças com
mais de uma língua nativa e com semelhanças culturais, como podemos observar no mapa
seguinte, que mostra os processos migratórios de povos vindos de vários pontos do continente
e que se instalaram em Angola.
Fonte: Martins (1993:37)
Figura 5- Mapa geográfico e etnográfico de Angola
18
O Bié é constituído por vários grupos étnicos, tais como: Ovimbundu, Nganguela,
Luimbe e Tchokwe e uma pequeníssima área de Kimbundu nas fronteiras entre Andulo, Cuanza
Sul e Malanje. A sua localização geográfica está na base da multiculturalidade e diversidade
linguística, devido às zonas fronteiriças entre as zonas 2, 3, 4 e 5 (vd. Figura 5). Os bienos são
oriundos de vários grupos étnicos que cruzaram o território angolano durante o período
migratório e a familiaridade cultural e linguística entre Lundas-Tchokwe, Kimbundu,
Bacongos, Nyaneka-Humbi, Ngangelas e Ovimbundu é tão próxima que evidencia
miscigenação dos povos bantu de Angola.
2.2. Localização geográfica do Bié
Angola é um país da costa ocidental da África, limitado a norte e a Nordeste pela
República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo Oceano
Atlântico. Angola é composta por 18 províncias: Luanda, Malanje, Cabinda, Zaire, Uíge,
Série VI- VŋV – /óŋõŋõ/ (corcunda), /ókútyẽŋã/ (torcer, enrolar).
Fonte: adaptado do Instituto Nacional de Línguas (1980:111-114)
Por outro lado, Schadeberg (1982:109) diz que “the most striking feature of Umbundu
phonology is provided by nasalized segments, both vowels and consonants”. Ainda segundo
Schadeberg (1990) o seguimento sistemático fonético do umbundu é constituído por 10
segmentos nasais: três consoantes verdadeiras (𝑣(, 𝑙$, ℎ"), duas semivogais (𝑦(, 𝑤5) e cinco vogais
(𝑎(, �̃�, 𝚤,̃ 𝑜(, 𝑢(). Ademais, as consoantes nasalizadas: labiodental [v(], lateral [l$] e a fricativa glotal
ou próximas [h"] são todas contínuas sonoras, à medida em que, as semivogais [y(] e [w5 ] ocorrem
frequentemente como variantes nmonossilábicas das vogais (i e u). Deste modo, ocorrem entre
alomorfes pré-vocálicos dos prefixos nominais oku (classe 15) e ovi- (classe 4), por exemplo,
/ókwamà/ (acompanhar), /óvyamé/ (ofertas).
11 V-vogal; C- consoante; SV- semivogal. 12 O (w) em umbundu tem valor da semivogal /u/. 13 Em umbundu o (y) é sempre antecedido de vogal. Funciona como consoante, como em: yalua, yange, otyeñga. Por outro lado, é semivogal quando seguido da vogal /i/: onalavãyi, pwãyi, ekãyi, olonõyi.
33
Para Schadeberg (1982) uma característica notável na fonologia umbundu está
relacionada com a propagação bidirecional da nasalidade (v�̃�v – 𝑣(�̃�𝑣(). Ao passo que, a
propagação unidirecional é a mais frequente nas línguas, com base num segmento nasal em
cada uma das duas posições periféricas da sílaba. Nas sequências (𝑣(�̃�𝑣() [+nasal], a ocorrência
de uma vogal nasal depende da nasalização da consoante seguinte. Por conseguinte, nos radicais
monossilábicos nasalizados os traços [+nasal] são inerentes a vogal particularmente em
segmentos nasalizados. De acordo com Schadeberg (1982) a nasalidade em umbundu estende-
se da esquerda para a direita em silabas iniciais e da direita para esquerda em silabas finais:
the nasalized consonants 𝑣", 𝑙%, ℎ', and less so 𝑦" are rare in the languages of the world. It is
extremely unusual to assign them phonemic status. Their highly marked status may explain
another unusual feature of Umbundu phonology: Generally, nasality spreads either left-to-right
(normally from syllable-initial nasals) or right-to-left (normally from syllable-final nasals). In
Umbundu, nasality spreads both ways from nasalized consonants.
(Schadeberg 1982:131)
Com efeito, a língua umbundu dispõe de seguimentos que permitem a propagação
bidirecional da nasalidade tanto em sílabas iniciais, bem como em sílabas finais. De outro
modo, verifica-se também a existência de cincos vogais nasais e orais a nível da estrutura de
superfície e cinco vogais orais e três nasais ao nível da estrutura subjacente. A nasalização
obrigatória ocorre sempre com as consoantes pré-nasais (mb, nd, nj, ng), enquanto a nasalização
especifica está relacionada com o seguimento sistemático fonético do umbundu.
3.2. Particularidades da língua umbundu
A língua umbundu apresenta estruturas gramaticais e lexicais semelhantes ao Tchokwe
e Nganguela, conforme argumenta Mcculloch (1952:9) “in general structure, however,
umbundu shows remarkable similarity in grammar and vocabular to Luena, Luchazi and other
Languages of the Ganguella [Nganguela] group”. Ainda Mcculloch (1952) descreve as
seguintes características da língua umbundu:
34
(i) Presence of nasal vowels before and after ‘l’, ‘h’, ‘v’ and ‘w’14.
(ii) In certain nasal compounds, subtraction occurs, involving the second consonant,
but not nasal, e.g. muntu is realized as omunu.
(iii) Compared with the Lunda-Luena Languages Umbundu exhibits an unusually large
number of defective verbs.
(iv) A vowel system of five vowels.
(Mcculloch 1952:9)
As observações feitas por este autor referem: (i) a presença de vogais nasais antes de (l,
h, v e w). Seguindo o mesmo ponto de vista, o Instituto Nacionais de Línguas faz também
menção à ocorrência da nasalização obrigatória; (ii) a semelhança fonológica e semântica entre
muntu = pessoa em kikongo e omunu = pessoa em umbundu; (iii) a existência de inúmeros
verbos defetivos; (iv) a existência de um sistema vocálico composto por cinco vogais. Note-se
que o alfabeto tchokwe é constituído por 31 grafemas e dígrafos: a, mb, c, nd, ndv, e, f, ng, h, i,
j, k, kh, l, m, n, ny, o, p, ph, s, t, th, tf, tv, u, v, w, x, y, z.
As principais semelhanças entre o umbundu e tchokwe têm que ver com: (i) a ocorrência
de consoantes pré-nasais no tchokwe (m e n). (ii) ocorrência de oclusivas sonoras pós-nasais
(mb, nd, ng); (iii) nasal palatal (ny); (iv) semelhança lexical. Observa-se no quadro 2 a
semelhança lexical entre o umbundu e tchokwe.
Quadro 2- Exemplos de semelhança lexical entre tchokwe e umbundu
14 Em Kikongo muntu (pessoa – singular) e em umbundu omunu (pessoa – singular). O sistema da nasalização em umbundu é motivado por mecanismos que desencadeiam a nasalidade. Isto é, a nasalização em umbundu não ocorre apenas com os grafemas (m e n). A nasalização surge quando o 'l', 'h', 'v', 'y' e 'w' surgem na posição intervocálica, por exemplo: /écélãlã/, /nõlã/, /kulíhã/, /ókútékãvã/, /ónálavãyi/, /pwãyi/. (cf. Instituto Nacional de Línguas 1980).
Tchokwe Umbundu Significado
Ngalo Ongalu Cesto, balaio
Ku kanga / hanga Okukanga Fritar
Kulu / ngulu Ongulu Porco
Phoko Omoko Faca
Ku jikúla Okuykula / okuyulula Abrir
Longa/nonga Elonga Prato
Kutonga Okutonga Coser a roupa
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Costa (2016:373) diz que “as línguas Bantu têm um sistema linguístico com
características próprias que as distinguem de outras línguas não bantu”. Ainda segundo a mesma
autora apresenta as seguintes caraterísticas do umbundu:
1. Não há oposição de género (masculino e feminino);
2. Não há especificação de sistema de classes;
3. Não existem as letras q, r, x e z e o som [r] é substituído por [l];
4. O diacrítico til é usado para representar o alofone velar [ñ] variante [n];
5. As letras f, h, k, l, m, n, p, s, t, v equivalem a um único fonema, ao passo que b nunca
aparece isolada, mas sim antecedida pela letra m 15;
6. A letra c tem valor sonoro [tʃ] como do [ch] em inglês16;
7. A letra d aparece sempre acompanhado da letra n 17;
8. A letra n aparece sempre ligada às letras g e j que formam o grupo consonântico ndj
e ng18.
As características do umbundu sugeridas por Costa (2016) apresentam algumas
controvérsias relativamente a não distinção de classes nominais, fonemas e grafemas.
Deste modo, sugerimos apresentar algumas características do umbundu, tais como: o
sistema de classes nominais, língua sintética aglutinante e língua tonal.
Podemos considerar que o sistema de classes da língua umbundu é constituído por
desinências que servem para marcar o número singular e plural. Melhor dizendo, a flexão dos
nomes é feita através da adição de um prefixo nominal singular ou plural (PN-S e PL) ao radical,
veja-se os exemplos 1 a, b e c:
1 (a) O - manu- a- manu
PN-S + radical. PN- PL + radical
(pessoa) (pessoas)
(b) I- mbo Ova-mbo/Ova + imbo
15 Ombolo “o pão”, ombembua “a paz”, Ocivimbi “o morto”. 16 Change, Choose, Ocivimbi, Ocali “de graça”, Calua “muito”. 17 Ondjala “a fome”, Ondjamba “o elefante”, Ñgala “Senhor, Deus”. 18 Ondjango “casa feita de pau e capim em forma redonda”.
36
PN-S+radical PN-PL + radical
(aldeia) (aldeias)
(c) Oci- mbundu Ovi- mbundu
PN-S + radical PN-PL + radical
(nevoeiro) (nevoeiros)
Malumbu (2006:68) assevera que a flexão do número plural é feita “por meio das
desinências (a-, ova-, olo-, ovo) em substituição dos radicais do singular (e, i, o e u)”. Tomemos
como exemplo os seguintes substantivos: elunda (aldeia abandonada) - alunda ou ovalunda
-Marcador do plural Apito (portas); assualali (soldados).
Oci- /Tchi- /Ci- (classe 7)
-Aumentativo; -Efeito da ação ou qualidade; -Marcador do singular
-Cimuku (rato grande); -Civinda (Ferreiro); -Cimunu (de omunu =ladrão)
47
Olo- / Lo- (Classe 10)
-Marcador de concordância (plural)
Olo/Lonamba (tubérculos); Olo/Longonjo (pernas)
OKa- (Classe 12)
-Diminutivo; -Designador de profissão; -Indicador de origem, naturalidade
-Kandimba (coelho pequeno); -kaluwongo (enfermeiro); -Kaputu (de Portugal)
Ku- (Classe 17)
-Locativo (=direção) -Kussenge (na mata)
Mu- (Classe 18)
-Locativo; (indicam interioridade depois de verbos de movimento);
Mussenge (no interior da mata); Mutunda (sair do interior).
Prefixos para a formação de nomes composto
Na- Ne No-
-Indica filiação; -Marcadores de género feminino e singular.
Navita (mãe de Vita); Neyala (mãe de Eyala); Nonjamba (mãe de Jamba)
Sa- Se- So-
-Indica filiação; -Marcadores do género masculino e singular
Savita (pai de Vita); Seyala (pai de Eyala); Sonjamba (pai de Jamba)
Ca- / Tcha- -Prefixo pré-radical que indica qualidade ou estado
Calepa (alto) Calenda (inflamado)
Podemos considerar que os prefixos para a formação de nomes compostos, na-, ne-, no-
(= mãe de) e sa-, se-, so- (= pai de) são utilizados exclusivamente para a formação de nomes
atribuídos aos progenitores segundo a circunstância do nascimento dos filhos. Os prefixos sa-,
se-, so- para além de serem utilizados na formação de nomes compostos, servem também como
marcadores de negação quando antecedem as formas verbais (cf. quadro 5). Os prefixos
nominais “olo-, o-, na-, tcha-/ca-” são subtraídos quando aportuguesados ou transformados a
nomes de pessoas, por exemplo, olonamba > namba, olomoko > moko, osoma > soma,
tchakuvala > kuvala. Podemos afirmar que os prefixos em umbundu podem ter várias
significações e a sua interpretação só é possível de acordo com o contexto em que ocorrem.
48
As tradições
4.1 Iniciação, casamento, nascimento e morte
Nesse ponto reportamos alguns aspetos da cultura dos Ovimbundu e a relação que existe
entre a tradição e a atribuição de nomes. É importante referir que muitos nomes em umbundu
surgem por influência de acontecimentos da vida como a iniciação, o casamento, o nascimento,
as doenças, a morte e problemas familiares.
O processo de iniciação para os homens e mulheres começa a partir dos 12 aos 15 anos.
Para os rapazes começa com a circuncisão e para as raparigas desde o aparecimento da primeira
menstruação, embora estas fases difiram de região para região. A circuncisão era um ritual
hereditário praticado apenas pelos membros pertencentes ao mesmo clã e era feita sem qualquer
anestesia, sem queixa e sem remédio.
Em relação à iniciação nas mulheres, Milheiros (1951:91) afiança que “nalgumas tribos
as raparigas ficam fechadas na Embala19 do soba, durante oito dias”. No decorrer desse período,
os pais fazem testes para confirmar se as filhas estão realmente virgens para o alembamento
(casamento tradicional)20, usando o desvirginamento artificial ou outras condições exigidas
pelo noivo.
Na perspetiva de Kakumba (2013:25) “a iniciação cultural é o rito da puberdade que
consiste na educação sociocomunitária e cultural dos indivíduos”. Os adolescentes aprendem
desde pequenos o hábito e o gosto pela sua cultura. Os valores culturais são passados nesta fase,
de acordo com a tradição de cada tribo. Segundo Kakumba (2013), transmitia-se a cultura de
geração em geração. Os conhecimentos obtidos nos ondjango21 não podiam ser revelados a mais
ninguém. Mcculloch diz que o processo de iniciação nos Ovimbundu também era realizado em
acampamentos:
tribal initiation for boys (okulisevisa evamba) and girls (uso wakãı) is carried on in camps or
“schools” in southern and southern-eastern Umbundu chiefdoms, especially in Kalukembe,
19 Habitação do soba, do chefe de uma tribo africana, cubata. 20 Tributo de honra que o homem presta à família do noivo. 21 Local de reuniões e de transmissão de costumes ou saberes da comunidade aos mais novos bem como histórias, provérbios e preparação para a vida conjugal (alembamento).
49
Kakonda and Ngalangi. Sporadic instances of individual camps have also occurred recently in
Viye, Bailundu, Sambu, Wambu, Cingolo and Cikuma”. (Mcculloch 1952:44)
Após o cumprimento do ritual de iniciação e circuncisão, os adolescentes começam a
frequentar as reuniões em ondjango com os restantes membros da tribo. Os ondjango são
instituições tradicionais onde os membros do clã se reúnem para discutirem assuntos da
comunidade, contar anedotas, advinhas, histórias e até mesmo para partilharem refeições. Para
Figueira (1930:110-111) “o onjango das aldeias é o local onde os adultos se reúnem. Os rapazes
só o podem frequentar uma vez atingida a maioridade”. Milheiros (1951:57) refere que “o
onjango é frequente nas sanzalas constituídas por uma palhota redonda com paus a toda a volta
e coberta de capim”. De acordo com Mcculloch (1952:26) “o onjango é constituído por um teto
em forma de viga, fixado em postes robustos de madeira e deixado em aberto para que todos
possam ver e ouvir o que acontece no interior”. Etimologicamente, ondjango é uma palavra que
deriva de ondjo (casa) + yo (de) ohango (capim) que significa “casa de partilha, de festas e de
resolução de problemas”.
O ondjango é o local onde se realizam os julgamentos tradicionais, a partilha alimentar
comunitária, a conversa, a narrativa das tradições, a solidariedade, a transição de valores
culturais, a educação e os ritos de iniciação. São considerados como escolas primárias da vida,
onde os jovens adquirem conhecimentos diversos. Kavaya (2006, citado por Kakumba,
2013:25) afirma que “onjango é uma realidade inspiradora para uma conceção pedagógica que
tem em conta o homem como ser aberto à vida e ao diálogo interpessoal”.
Childs (1949, citado por Mcculloch, 1952: 44-45) menciona o plano educativo dos
Ovimbundu, sobretudo: (i) no âmbito psicológico, o medo de perigos reais ou imaginários é
transmitido pela mãe, pelo irmão mais velho e pelos avós; (ii) no âmbito social, uma criança de
oito anos deve aprender tudo sobre etiqueta e uso social, principalmente os meninos; (iii)
treinamento de habilidades antes dos oito ou nove anos de idade, imitando atividades dos
adultos.
Os contos tradicionais baseados em provérbios e cânticos tradicionais transmitidos em
ondjango eram fundamentais para a vida social dos Ovimbundu, tal como descreve Kavaya
(2006):
50
[...] com os provérbios o homem muntu reforça os seus argumentos filosóficos seja para
solucionar um conflito, como para ensinar sábias sentenças, ou moralidade tirada de uma
história, e com a variedade das suas imagens comunicam-se os encantos poéticos, estéticos e
morais. (Kavaya 2006:152)
Os provérbios têm carácter pedagógico e fazem parte dos ensinamentos dos povos
africanos desde a adolescência até à fase adulta. Para Kavaya, os provérbios servem para
reforçar um argumento, ensinar lições da vida social. Os provérbios constituem outra fonte de
nomes nos Ovimbundu. Alguns nomes, para além de se referirem aos acontecimentos da vida,
também tinham caráter pedagógico, ou seja, todos os nomes na língua umbundu possuem
caráter educativo.
Em relação ao casamento, a escolha da noiva dependia de costumes familiares, bem
como do grau de parentesco. Quando a família tivesse fama de feitiçaria ou maus hábitos na
aldeia era motivo suficiente para a rescisão do alembamento. Figueira (1938) sustenta que na
união vital se respeita a consanguinidade. Não se permite o envolvimento de parentes diretos,
o que vai até ao segundo grau de parentesco não colateral. Tanto os homens como as mulheres
procuram união fora do elumbo (=tribo). Ainda o mesmo autor relata que, antigamente, os
Ovimbundu não casavam por qualquer sentimento, mas sim por simpatia ou por determinação
paterna da tradição secular. Aos oito anos de idade a rapariga ficava comprometida à primeira
pessoa que a tinha pedido aos pais em casamento.
O alembamento era uma festa que variava segundo as condições de cada família. No dia
do alembamento o noivo devia entregar, obrigatoriamente, à família da noiva os requisitos
exigidos na carta de pedido como lenços, panos africanos, fatos, vestidos, calçados, bebidas
fortes (garrafão de vinho, garrafas de aguardente, cerveja, refrigerantes) e valores monetários.
O não cumprimento era passível de uma coima estipulada pelos tios maternos da noiva.
Deste modo, quando alguém quisesse casar tinha de pedir opinião aos seus parentes
mais velhos para darem um parecer sobre os costumes e hábitos, como eram os seus óbitos,
alegrias, tristezas, doenças e só assim podiam escolher a futura esposa.
Para Mcculloch (1952:18) “the oluse and the oluina are both divided into male and
female sides: the oñele yohonji (the side of the bow) and the oñele yohumba (the side of the
basket)”. Segundo Kakumba (2013:40-41) o alembamento nos Ovimbundu ocorre em duas
fases:
51
1. A primeira fase tinha a duração de um ano sem nenhum contacto sexual. Atualmente,
nas zonas urbanas, este princípio deixou de ser cumprido e por consequência muitas
adolescentes ficam gestantes antes mesmo do alembamento. A família do noivo devia
entregar um litro de óleo de palma, uma missanga, uma enxada e um garrafão de
vinho;
2. A segunda fase tinha também a duração de um ano, que terminava com uma festa.
Kakumba afirma que o casamento era uma coisa sagrada e era precedido de três
rituais (okuvala, okulomba e okutambela22).
A união conjugal para os povos Bantu tem como objetivo fundamental a procriação. De
acordo com Yambo (2003:10) “o muntu considera a procriação como um dom inestimável que
Suku Kalunga, Ndala-Kalitanga ou Nzambi deu à humanidade”. No pensamento Bantu, espera-
se com ansiedade e alegria o surgimento de novos membros na família. Pelo contrário a morte
dos filhos, em especial de gémeos, ou a infertilidade são motivos para a realização de certos
rituais, por exemplo, os banhos com ervas aromáticas e adivinhos. Procura-se entender as
causas das mortes, doenças no lar, a morte de recém-nascidos e da infertilidade.
Na perspetiva de Yambo (2013:19) “os Ovimbanda ou Asakuli (Terapeutas
Tradicionais) e ocimbanda c'ongombo (adivinho) têm o poder de intercetar o mal que se abate
sobre uma família ou mesmo na Comunidade e como tal detêm também certos poderes
sobrenaturais”. Estes costumes são frequentes entre os Ovimbundu, e as tradições estão ligadas
aos processos de nomeação.
Cada família possuía um ocimbanda, membro da família ou da aldeia que era
especialista neste tipo de tratamentos espirituais por meio de adivinhos, plantas medicinais
fervidas e banhos terapêuticos com ervas aromáticas. Yambo (2003:17) diz que “para o muntu
a conceção humana é para gerar seres vivos e sãos continuadores da prole e do Clã, além da
Etnia”.
No que se refere à tradição oral, durante a gravidez a mulher é proibida de pegar ou
cruzar-se com certos animais. Acredita-se que o bebé pode nascer com alguma deficiência
22 Okuvala- consiste num acordo que se fazia entre os familiares do noivo e da noiva, mas o devido ritual fazia-se normalmente antes da idade da puberdade da futura noiva; Okulomba- o mesmo que alembamento, ou seja, a família do noivo deve trazer um casaco para o pai da noiva e um jogo de panos para a mãe; Okutambela- apresentação oficial do noivo aos restantes familiares da futura noiva, isto para fortalecer o desejo feito na primeira fase “Okuvala” (Cf. Kakumba, 2013:38-39).
52
corporal. Nas regiões de Chiumbe, Lundas e Luenas “é vedado a mulher grávida pegar em
certos animais para que os filhos não se pareçam com eles, ou comer determinados seres ou
alimentos” (Milheiros 1951:73). Nos últimos meses de gravidez, dão à mulher medicamentos
compostos de plantas trituradas e fervidas para fortificar a mãe e auxiliar o desenvolvimento do
feto. Figueira (1938:125) destaca que “a posição do feto é observada constantemente nos
últimos dias da gravidez. Deve-se evitar o encontro de animais feios, tais como cobras,
macacos, lobos, onças e certas aves”. Sempre que nasce um filho faz-se uma cerimónia com
batuques, danças tradicionais, comezainas, libações e caçadas.
Na conceção de Mcculloch (1952), durante o parto a mulher é sempre acompanhada
pelas anciãs da aldeia e pela família do marido, uma vez que o homem não pode se fazer
presente no momento do parto, ou seja, não é permitida a presença de um homem durante o
parto, a não ser que surjam complicações que impliquem a presença de um médico tradicional:
durante o primeiro parto, a mulher é assistida por mulheres mais velhas da vila. Geralmente,
parentes do marido. Nenhum homem deve estar presente, a menos que o atraso do parto
implique a presença de um médico ou de um ocimbanda. (Mcculloch 1952:40)
No tocante ao nascimento de gémeos, Childs (1949, citado por Mcculloch, 1952:40-41)
considera que “os gémeos são bem-vindos, mas são considerados prodígios. O nascimento
requer a consulta de um Ocimbanda”. Ainda o mesmo autor comenta que após o nascimento
dos gémeos, enquanto as crianças crescem, toda a vila participa de uma cerimónia para
preservar as suas vidas.
Em caso de morte de um dos gémeos, os pais são expressamente proibidos de chorar,
para que o outro gémeo não se aperceba da infelicidade do seu irmão. Segundo a tradição,
muda-se a casa do óbito para que o gémeo vivo não tome conhecimento do óbito. Este
pensamento é também apresentado por Kakumba (2013):
no funeral dos gémeos se transferia o óbito para uma outra casa. A mãe não podia chorar, para
não manifestar a angústia, evitando que o irmão vivo tivesse o mesmo destino. O funeral do
gémeo era feito no cruzamento de dois caminhos. (Kakumba 2013:40)
53
As crianças mortas em resultado de aborto espontâneo ou parto normal e que não tenham
chorado durante o nascimento devem ser enterradas em olonacas23. Muitos destes rituais
tradicionais já não são praticados nas áreas urbanas. Por exemplo, há regiões em que se faz a
substituição do gémeo morto criando uma estátua antropomórfica pequena com o mesmo traje
da roupa do gémeo vivo e que deverá sempre ser transportada pela mãe.
De acordo com esses aspetos tradicionais, os futuros filhos destes casais que tenham
sofrido ou experienciado tais acontecimentos serão nomeados consoante a circunstância
incomum do nascimento. A tradição é o principal recurso para a atribuição de nomes na cultura
Ovimbundu. Não se pode compreender o processo de nomeação dos Ovimbundu sem ter em
conta as tradições, sobretudo a vida e a morte.
4.2. Estrutura familiar e sucessão
As famílias africanas são constituídas por vários membros, ou seja, duas ou mais
famílias unidas por meio de um único homem. Aghassian, Augé, Grandin, Héritier, Marie &
Messiant (1975) distinguem família elementar ou restrita (constituída por um homem, esposa e
filhos) e família composta ou extensa (unidades familiares mais vastas). Ainda segundo
Aghassian et al. (1975:22) “o laço de filiação (social) é entre a mãe e o filho, o irmão da mãe
(tio materno) e o pai é apenas considerado como progenitor”.
O grau de consanguinidade e reciprocidade é frequente entre os Bantu, por exemplo:
Mãy (mãe biológica) em comparação com Mãy (irmã da mãe - tia materna), Tate (pai biológico)
em relação a Tate (irmão do pai - tio paterno). De acordo com Milheiros (1951:121) “a família
Ovimbundu é constituída pelo marido, mulher, sobrinhos, filhos e netos”.
De acordo com a figura 13, podemos dizer que a estrutura familiar dos Ovimbundu está
constituída por duas partes: família paterna (oluse) e família materna (oluina). Conforme
proposto por Aghassian et al. (1975), os filhos de dois irmãos são entre si primos e os filhos de
duas irmãs são irmãos.
Por outras palavras, “os filhos de dois irmãos ou de duas irmãs são uma variedade
particular de irmãos e irmãs entre si e os primos paralelos chamam pai ao irmão do pai e mãe à
irmã da mãe” (Aghassian et al. 1975:136-137).
23 Terreno húmido e fértil próximo ao rio utilizado para pequenas plantações em qualquer época do ano. Cf. José
Redinha (1974:40) “Onaca” agricultura laboriosa, cuidada, regada e estrumada.
54
Segundo Milheiros (1951:109) “os filhos pertencem à mãe, embora o verdadeiro poder
paterno pertença ao tio (irmão da mãe) da criança”. Veja-se na figura 14, a relação de tio
materno e sobrinho uterino.
Como se observa nas figuras 13 e 14, podemos dizer que há distinção entre tio paterno
e tio materno pelo facto de que os tios maternos têm uma relação muito próxima com os
sobrinhos uterinos (de pai para filho). A relação entre tio e sobrinho na linhagem patrilinear nas
famílias africanas consiste apenas numa relação de familiaridade de pai e sobrinho. Outra
Pakulu (avó)
Nhohonu (tio paterno)
Epalume (primo) Cepua (prima)
Sohãy (Pakãy)(tia paterna)
Makulu (avô)
Família paterna e materna
Tate (pai ou tio materno)
Mãy (mãe ou tia materna)
Onekulu (neto)Ocimumba(sobrinho uterino)
Pakulu (avó)
Nhohonu (tio paterno) Sohãy (Pakãy)
(tia paterna)
Makulu (avô)
Tate (pai ou tio materno)
Mãy (mãe ou tia materna)
Onekulu (neto)
Ocimumba(sobrinho uterino)
Tio mãe
Eu
Irmã (tia)
Irmão (tio)
Sobrinhos uterinosFilhos
Netos
Irmã Irmão
Figura 13- Estrutura familiar dos Ovimbundu
Figura 14- Relação familiar entre tios, tias, sobrinhos e netos
55
particularidade existente nas famílias Ovimbundu consiste na relação de fraternidade entre os
filhos do irmão e os filhos da irmã. Com base no quadro 4, entende-se que a estrutura familiar
dos Ovimbundu é constituída por parentes próximos e colaterais.
Quadro 6- Terminologia de consanguinidade dos Ovimbundu
Huvange / Kota Irmão mais velho Huvange / Kota Irmã mais velha
Nhohonu / Manu Tio materno Mãy Tia materna
Tate Tio paterno Sohãy / Pahãy /
Tatekãy
Tia paterna
Mandji Irmão mais novo Mandji Irmã mais nova
Epalume Primo Cepua Prima
Ocimumba Sobrinho Ocimumba Sobrinha
Onekulu Neto Onekulu Neta
Mbwale Meu senhor Mbwale Minha senhora
Sando-mbwa Noivo Ndombwa Noiva
Ndatembo Sogro Ndatembo Sogra
Nawa Cunhado Nawa Cunhada
Em relação à sucessão da herança, ela recai no irmão, ou primogénito dos filhos da irmã
mais velha. Em alguns casos, se uma tribo passou a pertencer a uma mulher, os sobrinhos desta
passam a ser os herdeiros de todos os bens. A título de exemplo, na sucessão de sobas24 herdam
os filhos mais velhos, caso não existam herda um neto ou sobrinho mais velho. Os tios são mais
considerados do que os pais biológicos. Nas sociedades africanas a herança transmite-se por
24 Típico dos povos africanos. Os sobas têm os mesmos poderes que um rei. Este governo é constituído por um sistema hierárquico: um Mwekalia (Vice); Epalanga (Assistente); Kaley (Porta-voz); Nganbole (Juiz); Komandanti (Conselheiro), entre outros.
56
via uterina (=filiação matrilinear). A herança recai sempre nos filhos mais velhos e na ausência
destes recai nos netos ou sobrinhos uterinos.
Adão (2010:145) reforça esse ponto, dizendo que “nas culturas bantu a herança e a
sucessão atende à consanguinidade e à idade, isto é, numa mesma família por via de regra herda
o primogénito”. O mesmo autor comenta que existem alguns critérios culturais a que os povos
Bantu obedecem, como por exemplo:
1. Herda o filho mais velho da irmã mais velha do de cujus.
2. Herda o irmão mais velho. Quando o de cujus é do sexo feminino, sucede-lhe a
filha mais velha, na falta, a irmã mais velha.
3. No caso do de cujus ser do género masculino e possuir várias mulheres, herda o
filho primogénito, qualquer que seja a sua mãe.
4. Um avô pode considerar como seu filho um neto natural e dar origem a nova
família com diferente forma de sucessão.
De acordo com Kakumba (2013:160) “o sobrinho, filho da irmã, é herdeiro de tudo o
que é do tio, assim como o filho”. Esta prática ainda é frequente entre os povos bantu de Angola.
Podemos afirmar que os processos de sucessão e atribuição de nomes em umbundu funcionam
da mesma forma. Por exemplo, se um neto ou sobrinho é herdeiro da gestão de bens dos avós,
ou tios maternos, o mesmo ocorre com o processo de atribuição de nomes. Existe uma relação
muito próxima entre netos e avós, sobrinhos uterinos e tios maternos.
Os primogénitos e secundogénitos herdam nomes dos avós maternos e paternos, e os restantes
filhos herdam nomes dos tios maternos. Este costume está presente no sistema de nomes em
língua umbundu até ao presente momento. De acordo com Adão (2010), os netos são
considerados como filhos naturais dos avós.
4.3. Atribuição dos nomes
A atribuição de nomes nos Ovimbundu pode ser da responsabilidade dos avós e dos
pais. Para Milheiros (1951: 81) “é a avó que escolhe o nome aos netos”. Por seu turno, Sayango
(1997: 34) diz que “é o pai, e não a mãe, que tem a prioridade na escolha do nome de um
57
membro da sua família para ser o sando25 do primeiro bebé, quer se trate dum menino ou duma
menina”. Ainda segundo o mesmo autor, se o pai não tiver a quem nomear, a mãe do bebé pode
escolher o nome dos seus pais ou irmãos. Em relação aos Kimbundu e Bacongo a
responsabilidade recai nos pais. Nos Kyokos a responsabilidade é da parteira e para os
Nganguelas é das anciãs pertencentes ao clã. Segundo Sayango (1997), seleciona-se o nome de
um parente vivo ou morto para se manter a linhagem:
escolhe-se o nome do bebé depois do parto, nunca antes. O casal pede conselhos aos pais, tias e
tios ou outros parentes sobre o familiar, vivo ou morto, que poderá ser o sando do recém-
nascido, dando-lhe o seu nome para assim manter a perpetuidade desse nome.
(Sayango 1997:33)
Por regra, a atribuição de nomes nos Ovimbundu é feita por meio do fenómeno xará que
consiste em atribuir o mesmo nome de um parente próximo para que seja lembrado vivo ou
morto. Atualmente, os nomes são escolhidos antes ou depois do nascimento, dependendo do
desejo dos progenitores.
Segundo os costumes previamente consignados no ponto anterior sobre a sucessão,
atribui-se obrigatoriamente o nome dos avós maternos ou paternos aos primogénitos. Aos
secundogénitos e restantes filhos atribuem-se nomes dos tios ou tias maternas e paternas,
embora não seja uma regra fixa. Os primeiros nomes são sempre do xará e os segundos refletem
o momento ou a circunstância de nascimento. Tomemos como exemplo as seguintes
circunstâncias: miséria, guerra, paz, acampamento, sofrimento, óbito, dias de semana, meses
do ano, doenças e queimaduras. As circunstâncias podem ser de natureza diversa e servem para
a formação de segundos nomes em língua umbundu.
Os nomes opcionais são originários de alcunhas e nomes de família. É comum registar
nomes de caráter pejorativo relacionados com a época ou momento do nascimento. Por
exemplo, se o individuo nasceu na época da colheita de feijão chamar-se-á Cipoke.
Ademais, muitos indivíduos optavam por alcunhas que designavam objetos ou coisas
incomuns tanto em português como em umbundu como: bacio, remendo, sabonete, quintal,
(mágoa, sofrimento), chilulu (fantasma, alma de outro mundo).
Na cultura africana a vida e a morte são processos extremamente importantes para a
constituição de nomes. Segundo Vasconcellos (1928:245) “os povos selvagens denominam os
seus filhos, segundo circunstâncias que acompanham o nascimento”. Com efeito, os nomes na
cultura Ovimbundu são na maior parte relacionados com nomes de objetos, nomes proverbiais,
nomes de acontecimentos, nomes de animais e de superstições.
Segundo os costumes tradicionais, os nomes em umbundu são reflexo de
acontecimentos históricos que marcam o início de uma nova vida. Os ocimbanda ou curandeiros
tradicionais eram detentores de poderes sobrenaturais. Influenciavam a atribuição de nomes
com base na consulta de espíritos e adivinhos, conforme declara Yambo (2003:19) “aquilo que
o adivinho ou o terapeuta disser não é matéria de discussão, é uma ordem que deve ser cumprida
sob pena de maiores calamidades”. Ainda segundo o mesmo autor, o consenso que se apurar
durante as consultas será determinante na escolha de um nome, para que os próximos filhos não
sejam levados à morte por espíritos malignos. Henderson (1990:70) assevera que “os
otulupokopoko, ou espíritos dos bebés já falecidos, representavam uma ameaça muito especial
para os bebés vivos, e, por conseguinte, os pais tentavam enganar os espíritos pondo aos seus
filhos nomes de animais tão desprezíveis como é o porco”. De modo a confundir os
otulopokopoko era frequente o surgimento de determinados nomes desprezíveis, quando numa
família os filhos anteriores tivessem todos morrido por causa destes espíritos. Filho (2008)
apresenta o mesmo ponto de vista que Henderson (1990), ao afirmar que os nomes depreciativos
confundiam os espíritos malignos que tentassem atacar as crianças:
acredita-se que os espíritos malignos têm uma preferência especial em atacar as crianças
pequenas. Um dos modos de evitar isto é retardar a nomeação, pois a falta de nome faz com que
essas entidades tenham dificuldade em reconhecer sua possível vítima, sendo assim uma das
formas usadas para ludibriá-los. Outra forma de enganá-los é atribuir nomes repulsivos às
crianças. (Filho 2008:10)
Muitas famílias retardam o processo de nomeação quando se registam antecedentes
infelizes, e de maneira a evitar que se repita a mesma situação atribuem nomes desagradáveis
para que estes espíritos não vitimizem os bebés recém-nascidos. Segundo a filosofia africana
59
acredita-se que os nomes com significados ruins podem afastar os espíritos malignos de se
apoderarem das almas como é o Cilulu (fantasma, alma do outro mundo). Atribuem-se também
nomes de animais ferozes e não ferozes, tal como Ondjamba (elefante ou gémeos), Hombo
(cabrito), Ngulu (porco). Os problemas do casal em gerar filhos são considerados como uma
das motivações para a atribuição de nomes, por exemplo, Yambo (2003:34) diz que “Canjika26
é o nome próprio que se dá a uma criança depois de muitos que precederam terem todos
falecidos”. Ainda segundo Yambo (2003) os ciclos da vida, tais como o nascimento, o
casamento e a morte têm grande influência no surgimento de nomes que indicam circunstâncias
incomuns. Por exemplo, Civimbi (quando uma criança nasce depois de muitos irmãos mortos),
Sapalo (nome que se dá às crianças que nascem no sábado); Tchilombo (criança que a mãe
concebeu sem ser iniciada e deu à luz quando ainda se encontrava na iniciação); Kapiñala
(herdeiro de tudo o que é dos mais velhos, desde o feitiço até aos bens), Mwenyo (criança que
sobrevive depois de muitos problemas de saúde).
Além disso, os nomes que surgem depois de muitas mortes na família são atribuídos
segundo a causa da morte. No nascimento de um novo membro realiza-se uma cerimónia
familiar que dá início ao processo de atribuição do nome. Yambo (2003) assegura que os nomes
não são atribuídos por acaso, há sempre uma razão por detrás de cada nome. Para Bastide (1981,
citado por Filho, 2008:9) a multiplicidade do indivíduo, com seus diversos laços de
pertencimento social, encontra expressão nos diversos nomes que ele recebe.
Presume-se que a criança deve herdar traços físicos ou comportamentais do xará. Por
exemplo, o provérbio ou sabedoria kikoongo: “otumbula o muntu kesokolola ezina ko”
significa que o filho tem sempre o mesmo comportamento que o xará (Damba, 2011)27. Para os
Ovimbundu: “Wa piñala ocipa cukongo, lolona viaco ale” – o herdeiro assume todas as
consequências da herança; “wa piñala ongunda, haeye o piñala akolokolo” – quem herda os
haveres, herda os deveres.
26 Canjika- de oka/ka (classe 12) + onjika. 1. Pau aguçado que se estaca na terra para assegurar a parede de uma casa; 2. Pau biforcado e espetado na terra; 3. Milho cozinhado com carnes e legumes.
27 Disponível em: http://www.mundamba.com/article-os-nomes-ou-cognominos-kikongos-82681091.html, acesso 15 de janeiro de 2020.
60
CAPÍTULO II
ANTROPONÍMIA PORTUGUESA E ANTROPONÍMIA
UMBUNDU
O sistema antroponímico português
O sistema antroponímico português no período medieval era constituído por nomes de
um único elemento. Para Santos (2003) durante o século X e meados do século XI a maioria
dos indivíduos possuía apenas um nome. Após a invasão germânica na península ibérica, os
nomes latinos foram substituídos por nomes germânicos. Segundo Rowland (2008:13) “a
natureza e a intensidade da penetração germânica em cada região, teve variações no grau e
rapidez da substituição de nomes latinos por nomes germânicos durante os primeiros séculos
da Idade Média”. Percebe-se que o surgimento de novos costumes e nomes de origem
germânica causou alterações no sistema português no período medieval. É importante realçar
que a influência germânica teve impacto sobre a antroponímia e toponímia, ao passo que a
influência islâmica foi a nível do léxico comum. Segundo Piel (1960) o léxico antroponímico
foi influenciado pela contribuição germânica, enquanto que o léxico comum foi influenciado
pela contribuição lexical árabe.
Os nomes germânicos consistiam na aglutinação de dois elementos. Segundo Piel (1942,
citado por Bobone 2017:21) a população ibérica “estava farta de chamar aos seus filhos Primus,
Secundus, Quintus, Septimus, etc., e quando ouviu os lindos nomes que os godos traziam, tão
sonoros, tão exóticos, não puderam resistir à tentação de se chamarem também como eles”.
Ainda segundo o mesmo autor, “fica assim caracterizada a natureza do fenómeno: a moda”. Na
obra “Arte Visigótica em Portugal” Fernando António de Almeida e Silva Saldanha fazem
menção ao uso dos nomes godos no período da Reconquista até ao século XIII:
praticamente a entrada do povo Visigodo só se verificou em 509 quando, depois da batalha de
Vouillé, foi arrasada Tolosa; mas, por outro lado, a tradição das suas qualidades, ficou. Por isso,
mais tarde, quando da Reconquista, era de bom tom ser-se ou pretender-se ser um rebento da
61
velha cepa germânica. Foi mesmo a moda, até ao séc. XIII, tomarem-se nomes godos.
(Almeida & Saldanha 1962:23)
Os nomes romanos eram opostos aos nomes germânicos por serem limitados e rígidos,
ao passo que os nomes germânicos disponham de uma diversidade semântica. Note-se que os
romanos tinham o costume de atribuir nomes de acordo com a ordem de nascimento. Bobone
(2017:21) diz que “pelo final do primeiro milénio cristão, quase toda a população tinha adotado
nomes germânicos”. Por esta razão, muitos nomes eram compostos por nomes romanos e nomes
germânicos.
Por outro lado, o surgimento do sistema de dois nomes deveu-se ao conselho da Igreja
que pretendia anexar o nome de um santo depois do nome pessoal, com o objetivo de difundir
os nomes cristãos no sistema medieval. A reconquista cristã no século XV possibilitou a
formação dos reinos peninsulares medievais das maiores regiões da Espanha a nível económico
e cultural. “Só nos finais do século XI começam a mesclar-se com estes os nomes dos santos
mais venerados: Pedro, João e Maria, num primeiro tempo, depois os nomes de apóstolos e
mártires como Vicente, Estevão, Lourenço e Bartolomeu” (Bobone 2017:23). José Mattoso
(1999, citado por Bobone, 2017:24) “já no final do século XII estes nomes já se tinham
estendido a todo o território Entre Douro e Minho”. Durante a contrarreforma da igreja Católica
e do Rituale Romanum de 1614, o Concílio de Trento de 1545 a 1563 estabeleceu normas sobre
como os párocos poderiam proceder para o registo de batismo, casamentos e óbitos.
De acordo com Santos (2003), o sistema antroponímico português passou a ser
constituído por dois e três elementos entre os séculos XII e XV. Para Gonçalves (1971), o
modelo mais comum no período medieval era constituído por um nome próprio e a este
juntavam-se outros elementos. Bobone (2017:59) afirma que desde o século XII se verificou o
alargamento do nome na sua forma carateristicamente medieval – uma composição de três
elementos: nome próprio, patronímico e apelido. Segundo Neves (2001), o aumento
populacional e o surgimento de homónimos originaram mudanças no sistema antroponímico
português:
à medida que as populações aumentavam, tornava-se difícil distinguir as pessoas por um só
nome que, por vezes, se teria de repetir. Os romanos foram obrigados a complicar o processo,
passando a nomear os cidadãos com três ou quatro vocábulos. (Neves 2001:7)
62
Em tempos remotos era costume repetir um mesmo nome, o que dificultava a
identificação de pessoas em centros mais povoados; o surgimento do patronímico ligado ao
nome de batismo fez com que as formas homónimas desaparecessem.
Considera-se rico o sistema antroponímico, quando composto por diferentes
combinações antroponímicas. Pelo contrário, considera-se pobre se for constituído por
homónimos. De acordo com Santos (2003:230) “na Idade Média, a evolução do antropónimo
de um só nome para uma forma constituída por dois elementos foi talvez, o marco mais
significativo do processo de formação do sistema antroponímico”.
Outro fator que também pode ser considerado é a semelhança da estrutura familiar dos
latinos e portugueses, como nos afirma Soledade (2012):
vincula-se ao sistema latino que, em princípio, refletia a estrutura familiar inserida na
organização social do patriciado romano. Mas, na língua do Lácio, a antroponímia foi sendo,
paulatinamente, reformulada pelos seus falantes, devido, entre outros fatores, à ascensão política
e social da plebe, à integração dos chamados bárbaros e à promoção do Cristianismo.
(Soledade 2012:324)
Neste sentido, as novas tendências provocadas pela influência dos povos germânicos a
nível político, social, cultural e religioso tiveram impacto sobretudo na antroponímia. E após
um longo período de transformações linguísticas e culturais, o sistema antroponímico português
passou a ser constituído por diversas combinações. Para Santos (2003) os nomes com um, dois,
três ou quatro elementos consistiam em diferentes combinações não fixas. Ainda segundo a
mesma autora, os nomes compostos por dois elementos eram os mais usados, geralmente
constituídos por um nome próprio seguido de um patronímico; na sua ausência figuravam
outros designativos como “Martim Negro” e “Estevão Sapateiro”. Quanto aos nomes
compostos por três e quatro elementos apresentavam semelhanças ao nome composto por dois
elementos. É importante reafirmar que não existia uma regra fixa para diferentes combinações
nominais, veja-se: Vasco Martins de Vilela, Domingos Eanes Calvo Mata Mouros. Para Bourin
(1990, citado por Franco, 1995:24), entre 1125 - 1130, o nome único entra em queda cedendo
a sua primazia ao novo sistema constituído por dois elementos: nome próprio e sobrenome. Esta
nova forma de identificar os indivíduos, a partir da segunda metade do século XII (1160),
abrange 80% das formas antroponímicas, enquanto que na França meridional ela atinge os 90%.
63
Segundo Câmara Jr. (1997, citado por Silva, 2012) os nomes eram constituídos por um
prenome, sobrenome ou apelido:
um indivíduo possuía dois ou mais nomes formados por uma locução constituída por um
prenome seguido de um sobrenome, ou apelido, que indica melhor a proveniência geográfica
ou toponímica, a profissão, a filiação, a particularidade física e moral ou a circunstância do
nascimento. (Silva 2012:34)
Ainda segundo o mesmo autor cada elemento desempenhava uma função especifica, tal
como indicar a proveniência geográfica, a profissão, a filiação e particularidades físicas, morais
ou circunstâncias do nascimento. Podemos afirmar que o sistema antroponímico português foi
evoluindo de acordo com a influência cultural de outros povos. Santos (2003) sugere que a
desagregação do sistema constituído por um nome e a sua substituição por um sistema
constituído por dois a quatro nomes foi a mais importante evolução que ocorreu durante a época
medieval. Segundo Monteiro (2008:52) “a regra da acumulação de morgados estimulou o
aumento do número dos nomes. [...] esta prática ficou reforçada quando a legislação pombalina
de 1769 baniu as restrições à acumulação de morgados”. Ainda segundo o mesmo autor, “era
normal que um primogénito e senhor de casa acumulasse uma apreciável quantidade de
apelidos, ao contrário daquilo que era anteriormente a prática corrente”.
1.1. Elementos do nome (nome próprio, sobrenome, apelido)
O nome é o conjunto de elementos portadores de significado que funcionam como
marcadores de identidade pessoal, geralmente atribuído no momento do batismo. Sobre este
ponto, Vasconcellos (1928:9) considera “nome completo, ou conjunto formado pela designação
individual propriamente dita, acompanhada de outra ou outras designações que de ordinário se
lhe juntam”. Ainda segundo o mesmo autor a palavra nome tem quatro aceções: (i) nome
próprio (nome de batismo, registo ou crisma); (ii) nome completo (conjunto formado pela
designação individual acompanhada de outras designações); (iii) elementos do nome (apelido
e sobrenome); (iv) alcunha. Diogo & Oliveira (2009) sustentam que o nome é um dos primeiros
atributos que um individuo recebe. Para Ainiala, et al. (2012) os nomes podem ser analisados
em duas perspetivas: (i) o nome como combinação de palavras; (ii) o nome como identificador
individual. Por outras palavras, o nome atribui identidade a uma pessoa após o nascimento. Em
64
função disso, um individuo sem nome é socialmente desconhecido. O nome exerce um papel
insubstituível na vida social do cidadão, ou seja, está diretamente relacionado com o sujeito.
O nome não pode ser concebido apenas como um conjunto de elementos sonantes, mas
como um sistema interligado de elementos que desempenham diferentes funções. Segundo
Rowland (2008) a função principal do nome consiste em identificar uma pessoa, destacando a
personalidade de cada indivíduo:
a função denotativa do nome serve em teoria apenas para marcar a identidade pessoal, ou a
individualidade, de cada um, distinguindo-o, tal como o número do bilhete de identidade, de
todas as restantes pessoas no interior de determinada população de referência. (Rowland 2008:2)
Os componentes do nome desempenham uma função importantíssima, ou seja, indicam
a linhagem ou a origem familiar. A motivação do nome varia consoante a cultura, a localidade,
os costumes e a época, e pode estar relacionada com a religião, o local de nascimento, a
profissão, a tradição familiar, a apropriação de nomes estrangeiros e a moda. Vasconcellos
(1928:141-143) afiança que os nomes podem ter várias motivações, tais como: “o nascimento,
o batismo, a devoção particular e o apadrinhamento”. Ainda segundo o mesmo autor os nomes
podem ter origem em apelidos do padrinho ou de um protetor, dos avós ou de outros parentes
ou apelidos adotados por circunstâncias especiais. Do ponto de vista de Santos (2003), a
atribuição de nomes está relacionada com nomes religiosos (nomes de santos), nomes de origem
familiar (pais, avós ou bisavós), nomes de personagens locais e nomes políticos ou militares.
Relativamente aos elementos do nome, Bobone (2017:71) assevera que “as palavras
apelido, sobrenome, cognome, alcunha e nome próprio são usadas indiferentemente, nos
autores clássicos para definir o conjunto dos nomes que aparecem depois do primeiro”.
O nome completo no período medieval era composto por nome próprio, sobrenome,
alcunhas e apelidos (Vasconcellos 1928). Segundo Nunes (1999), o prenome simples e
prenome composto correspondem a primeiros nomes e apelido ou sobrenome correspondem a
segundos nomes.
O nome próprio designa apenas um sujeito e pode variar segundo o género da pessoa.
Segundo Oliveira (2005), o nome próprio é um designador rígido por representar um indivíduo
de uma maneira única e direta.
Segundo a tradição cristã, o nome próprio é atribuído no batismo, conforme explica
Vasconcellos (1928:8) “o nome próprio é a designação que a pessoa recebe no batismo, no
65
registo, em crisma”. Para Cabral (2008:241) “o nome próprio é o “nome de pia” (batismal) que,
à luz da tradição cristã, transporta a sacralidade da pessoa humana, qualificando-a no que tem
de mais essencial. É o nome da alma”. Raposo & Nascimento (2013) consideram nomes
canónicos ou antropónimos os nomes de batismo e de família que funcionam semanticamente
como nomes próprios. Ainda segundo Raposo & Nascimento (2013:998) o nome próprio pode
ser entendido em três perspetivas: “(i) dimensão formal que consiste no número de elementos
que compõem o nome próprio; (ii) dimensão semântica baseada em critérios de obrigatoriedade
e motivação semântica; (iii) dimensão ontológica relacionada com a natureza do seu referente”.
Naidea Nunes, em Antroponímia Primitiva da Madeira (1999:27) afirma que “a atribuição dos
prenomes realiza-se com base nas influências externas: tradição religiosa, tradição literária e
tradição histórica. A preferência de determinado prenome em detrimento de outro varia com o
tempo, segundo a moda e a popularidade dos nomes”.
Existem nomes próprios simples quando constituídos de um único elemento e
compostos quando constituídos por mais de um elemento feminino ou masculino, geralmente
com ou sem a preposição de. Por exemplo: Maria João, João Maria, Ana Sofia, Maria das
Dores, Maria da Esperança, João de Deus, Maria da Ascensão, Maria do Carmo. Conforme
afirma Vasconcellos (1928:327) “do mesmo modo que o nome próprio e o sobrenome, também
o apelido pode ser simples ou composto: melhor certamente seria dizer complexo”. Vale
ressaltar que o nome próprio é indispensável para distinguir um ou mais indivíduos enquanto o
sobrenome insere o sujeito no contexto familiar.
Nessa sequência, podemos dizer que não há homem sem nome, nem nome sem
sobrenome. De acordo com Franco (1995:22) “o sobrenome era o segundo designativo de
identificação e tinha como função indicar o nome próprio do pai”. Durante o período medieval
os sobrenomes passaram a ser usados como apelidos, como se verá adiante sobre a transição
dos patronímicos a nomes de família. Segundo Bobone (2017:72) “a gramática de João de
Barros, em 1540, define o sobrenome como sinónimo de patronímico”. Vasconcellos (1928:11)
sustenta que “sobrenome é um patronímico, nome de pessoa, expressão religiosa ou outra, que
se junta imediatamente ao nome individual, com o qual como que forma corpo: Méndiz,
Augusto, César, da Conceição”.
Iria Gonçalves, em Amostra da Antroponímia Alentejana (1971), refere que o
patronímico podia ser constituído pelo nome próprio do pai, quer na forma genitiva, quer na
forma nominativa. Ao contrário do que se pensava sobre o período de desagregação do
patronímico na forma genitiva, Iria Gonçalves sugere que este processo em Portugal tenha
66
durado até ao século XVI. Para Carvalhinho (2007:5) “sobrenome é tudo aquilo que não pode
ser considerado nome de batismo”. Segundo Franco (1995:103) “o sobrenome faz com que o
indivíduo tenha consciência da sua existência ao evidenciar a sua família, ao esclarecer a sua
origem”. Ainda segundo a mesma autora, o sobrenome representa uma interpretação sobre o
passado e o presente do sujeito, "impondo" a presença da família a que pertence. Diante deste
pressuposto podemos dizer que o sobrenome, para além de estar relacionado com o nome do
pai, indica similarmente a relação existente entre o sujeito e seus antepassados. Na conceção de
Vasconcellos (1928:144) “o nome e sobrenome formam de certo modo um nome duplo ou
composto (nome próprio): José António, Maria da Conceição”. Ainda segundo o mesmo autor,
quando um nome se compõe por nome e sobrenome, sem apelido, o sobrenome deixa de ser
independente.
Por conseguinte, o sobrenome funciona como a segunda parte do nome que tem a função
de identificar a origem familiar de um sujeito. Antigamente muitos sobrenomes eram
transmitidos depois do matrimónio. Desta forma, no século XIX por influência da burguesia,
as mulheres passaram a acrescentar o sobrenome do marido ao seu nome depois do casamento.
Apelido é o designativo familiar que se transmite de geração a geração, e que vem a
seguir ao nome próprio. De acordo com Vasconcellos (1928:11) “apelido é designação de
família, transmitida ordinariamente de geração em geração”. Bobone (2017) considera os
apelidos como património familiar por serem intransmissíveis a qualquer sujeito que não
pertença à mesma família.
Os apelidos especificam a proveniência da linhagem do sujeito independentemente do
estrato social. Por outras palavras, o apelido é genérico, isto é, comum a toda a família ao passo
que o sobrenome é individual, conforme afirma Vasconcellos (1928), que o sobrenome pode
ser comum a vários irmãos, a alcunha é simplesmente nome não opcional, e o apelido é relativo
a toda família:
a diferença fundamental entre sobrenome e apelido, na nomenclatura atual, e mais corrente, está
em que aquele é individual, ou apenas comum a vários irmãos, embora às vezes transmissível a
filhos, e o apelido é genealógico, isto é, comum na essência á família toda. A alcunha é
adventícia. (Vasconcellos 1928:12)
67
Segundo Bobone (2017:51-52) “o apelido propriamente dito, nasce nos séculos XI e XII
nos reinos cristãos da Reconquista”; “os apelidos nasceram de alcunhas, dos nomes de terras
de onde as pessoas são naturais ou terras que possuem, dos nomes de profissão ou de invocações
religiosas”.
No decorrer da Idade Média, também o patronímico paterno passou a ser usado como
nome de família. A distinção entre sobrenome e apelido nem sempre foi clara, já que os
sobrenomes e alcunhas podem ser apelidos, conforme nos diz Vasconcellos (1928:13-14)
“encontramos, por exemplo, nos livros de Linhagens (sec. XIV, ou XIII-XIV), sobrenome, no
sentido de apelido, e bem assim no de alcunha”. Na época da reconquista cristã, entre o século
XI e XV, o sobrenome passou a ser usado como nome de família.
Segundo Vasconcellos, “hoje não falta quem por sobrenome entenda tudo o que se junta
ao nome, seja sobrenome propriamente dito, seja apelido, seja um e outro” (1928:14). Queiroz
e Moscatel (2016:167) afirmam que “a história dos apelidos em Portugal pauta-se pela ausência
de regras claras, embora possam ser identificados costumes, por vezes específicos de certos
estratos sociais, de certas épocas, e até de determinadas regiões”. Ainda segundos os mesmos
autores, a noção de apelido também foi entendida de modo diferente ao longo dos séculos. Para
Vasconcellos (1928:118) “o contacto de portugueses com os forasteiros fazia nascer apelidos
novos, e contribuía para modificar o antigo sistema de denominação, ainda que há apelidos de
fora, que se adaptaram aos que cá existiam, como Geraldes”.
De acordo com Bobone (2017) o termo apelido não apresenta correspondência
semântica com as línguas mais próximas:
a palavra “apelido”, que em português e espanhol significa nome de família, parece ser uma
criação original da Península Ibérica, pois não tem parentesco com os seus sinónimos nas
línguas mais próximas: cognomen em latim, cognome em italiano, surnom em francês.
(Bobone 2017:323)
Ivo Castro, em O nome dos portugueses (2001), diz que os nomes de família ocupam
sempre a posição final. Podem desempenhar funções conjuntivas, quando identificam todos os
sujeitos pertencentes a mesma família. E quando os distinguem de todos os que não pertencem
à mesma família desempenham funções separativas.
68
1.2. Evolução do sistema
O sistema latino era constituído por três nomes, isto é, nome de identificação pessoal,
nome de clã e de família. Vasconcellos (1928:101) afirma que “os cidadãos romanos
costumavam juntar ao praenomen, um nomen gentilicium, e um cognomen que era uma
designação de um ramo da gens”.
[...] no que tange ao Império Romano, a distinção das pessoas era feita através do prenomen,
gentílicum e cognomen. O primeiro representava o nome próprio de cada indivíduo; o segundo
repetia a designação do clã ou da gens a que ele pertencia e o último se referia à sua família ou
seu grupo familiar inserido na gens. (Câmara Jr. (1979, citado por Silva 2012:34)
As invasões germânicas do século V foram cruciais para a decadência do sistema
romano. Morlet (1972) salienta que a conquista da Gália pelos Bárbaros resultou no declínio
do sistema antroponímico latino composto por três designações que deu lugar ao sistema de um
único nome usado pelos invasores. Para Bobone (2017), o sistema tria nomen foi substituído
após os séculos V e VI pelo sistema germânico, que identificava as pessoas por meio de um
único nome. Em compensação, o sistema germânico, com uma ampla variedade onomástica,
aglutinava dois elementos, p. ex., Adefonso (Athal = nobre) + (funs = inclinado), Rodorigus
(Horths = fama) + (Riks = rei, poderoso).
De acordo com Bobone (2017:31) “desagregando-se o sistema romano que identificava
a pessoa, a linhagem e o ramo particular de que era originária, exploraram durante alguns
séculos a variedade e a riqueza luxuriante dos nomes bárbaros”. Deste modo, começou-se a
utilizar o patronímico, formado a partir do nome do pai associado a um sufixo latino que
designava filiação. Nas palavras de Vasconcellos (1928:11) “o patronímico é o nome de pessoa,
expressão religiosa ou outra, que se junta imediatamente ao nome individual”. João de Barros
(1541, citado por Bobone, 2017:65) adianta que “patronymico nome é aquelle que significa
filho, neto, ou descendente daquele que tem o nome donde o nós formámos ou derivámos: como
Ioam Fernandez, filho de Fernando, António Gonçalvez, filho de Gonçalo: Diogo Nunes, filho
de Nuno”. Para Bobone (2017:31) “o patronímico é o elemento identificativo que se situa entre
o nome próprio e o apelido”. Bobone (2017:32) sustenta que “nas línguas da Península Ibérica
os patronímicos formaram-se a partir da declinação latina dos nomes”.
69
Durante a Idade Média, o patronímico difundiu-se em toda a Península Ibérica, como
complemento do nome próprio. Além disso, “a exuberância germânica perdeu-se, passaram a
repetir-se com frequência os mesmos nomes, e o sobrenome cresceu em importância, pois
ajudava a distinguir pessoas homónimas” (Bobone 2017:41). De acordo com Gonçalvez
(1971:349) “durante os tempos medievais, a avassaladora maioria dos portugueses usava, como
identificativo pessoal, um patronímico”. Ainda conforme Gonçalves (1971:349) “o patronímico
começou por ser construído, em toda a parte, a partir do nome próprio do pai”.
Ora, “a estrutura do nome medieval gozou poucos séculos de estabilidade, pois começa
a desagregar-se no século XV” (Bobone 2017:63). Nos finais da Idade Média, o patronímico
entrou em declínio e passou a funcionar como nome de família. Vasconcellos (1928:117) diz
que “a decadência do patronímico principia depois dos meados do século XV, e que o sistema
já estava desorganizado no século XVI”. Para Nunes (1999:41) “em finais do século XV e
inícios do século XVI, os patronímicos teriam já perdido o valor como indicativo de filiação”.
Como resultado, os patronímicos perderam a significação original e difundiram-se como
apelidos ou nome de família. Bobone (2017:33) afirma que “Pelos finais da Idade Média os
patronímicos começam a perder o caráter mutável, tornando-se apelidos que perduram na
mesma família, embora alguns povos se tenham mantido fiéis à forma patronímica por alguns
séculos”. Queiroz e Moscatel (2016:167) afirmam que “nos finais do século XV, já alguns
patronímicos começavam a ser usados como apelido, ou seja, como forma de identificar uma
família”. Bobone (2017:63) declara que “os patronímicos começam a ser usados como apelidos,
a ser transmitidos por gerações sucessivas, em vez de serem derivados, a cada geração, do nome
próprio do pai” e Vasconcelos (1928:120): “depois de extinta a significação do patronímico, e
ele passar a apelido, continua este muitas vezes ainda agora a seguir-se regularmente ao nome
próprio”.
Ainda segundo Vasconcellos (1928:117) uma das principais razões do desaparecimento
do patronímico “devia estar na confusão que provinha de fazer de apelido um simples
patronímico” e (1928:328) “à medida que a função do patronímico se ia obliterando, este
tornava-se apelido, amiúde reforçado com a adjunção de alcunhas e apelidos geográficos: e
assim as gerações sucessivas acharam-se de posse de apelidos de várias espécies”.
70
As alcunhas estão relacionadas com as particularidades físicas ou morais, profissionais,
usadas em vez do nome próprio, ou seja, servem para especificar uma particularidade pessoal.
Segundo Nunes (1999:45) “as alcunhas ou sobrenomes são, inicialmente, atributos individuais
com pleno sentido que identificam socialmente os indivíduos”.
Para Vasconcellos (1928) a alcunha nasce de uma significação pejorativa ou generosa.
Na Idade Média as alcunhas começaram a ser usados como apelidos, conforme comenta Bobone
(2017), e algumas personagens poderosas adotaram alcunhas como apelidos, na época das
primeiras navegações ultramarinas, tal como João Gonçalves Zarco. Algumas alcunhas
passaram a nomes de família (Castro 1987).
Segundo Vasconcellos (1928:191), “nascem a cada passo alcunhas, e das alcunhas
apelidos”. Note-se que os patronímicos e apelidos são de caráter hereditário, transmitidos de
pais para filhos, enquanto as alcunhas são designações pessoais de caráter não hereditário.
Portanto, podem derivar de nomes geográficos, nomes de animais, de plantas, de
profissões, nomes de comida, de bebida, vestuário, nomes religiosos e outras circunstâncias.
Segundo Nunes (1999:42) “para designar melhor um individuo, juntava-se ao nome, ora a
indicação da sua terra, ora uma alcunha”. É oportuno referir que “a geografia gera apelidos por
vários modos: dando um nome próprio, ou comum, de lugar, sítio, região, etc., ou dando um
adjetivo, que pode chamar-se étnico” (Vasconcellos 1928:155). Nunes (1999:43) assevera que
“os nomes de origem geográfica ou toponímica indicam a naturalidade ou residência dos
indivíduos”. Após a decadência dos patronímicos, os nomes geográficos começaram a ser
usados como apelidos.
De acordo com Vasconcellos (1928:158) “os apelidos retirados diretamente de nomes
geográficos começaram, [...] por designar locais de nascimento, residência ou procedência, mas
também senhorios (honras, coutos, terras, simples quintas, etc.)”. Para Bobone (2017) as
alcunhas ou apelidos geográficos foram substituindo os patronímicos. Por conseguinte, os
apelidos geográficos perderam a sua função original de indicativo de procedência e
transformaram-se em simples nomes de família. A título de exemplo, “um individuo natural de
Sintra veio viver para Lisboa, e os vizinhos começaram a denominá-lo o Sintra, e a dizerem a
família do Sintra” (Vasconcellos 1928:173).
Segundo Nunes (1999:42) “com o tempo os patronímicos perderam a sua significação
primitiva e passaram à classe de meros apelidos de família; o mesmo aconteceu às designações
geográficas e às alcunhas”.
71
É importante apresentar nesta secção a distinção de sobrenome, apelido, alcunha e
cognome, conforme as seguintes aceções:
1. Sobrenome
“nome que se segue ao nome de batismo; apelido, nome de família; alcunha ou
cognome acrescentado ao nome próprio de uma pessoa ou família”.
(Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa, 2003 – 2020)
“datação: sXIV, nome de família, que se segue ao nome de batismo; apelido, nome
ou alcunha que se acrescenta ao nome próprio de uma pessoa ou família; palavra ou
frase que qualifica pessoa ou coisa”.
(Dicionário Eletrónico da Língua Potuguesa, 2001–2009)
“nome que se acrescenta ao nome de baptismo; nome de família. = apelido;
designação, geralmente distintiva e não ofensiva, que se se usa em vez do nome de
pessoas ou de certos grupos. = alcunha”.
(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008 – 2020)
2. Patronímico
“relativo ao nome dos pais; (antropónimo) que derivou do nome dos pais e que é
comum a todos os descendentes de uma pessoa; nome que designa uma filiação ou
uma linhagem de sangue ou de adoção”.
(Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa, 2003 – 2020)
“datação: 1540; diz-se de nome antroponímico formado do nome do pai ou de nome
de ascendente; etimologia: gr. Patronumikós, -ê, -ón, tirado do nome do pai, pelo
lat. Patronymicus, a, um”.
(Dicionário Eletrónico da Língua Portuguesa, 2001–
2009)
72
“do grego (patronumikós, -ê, -ón); relativo ao nome do pai ou do ascendente (ex.:
sufixo patronímico); diz-se de ou nome derivado do nome do pai ou do ascendente
e comum a todos os descendentes (e.: nome patronímico; Heráucidas [descendentes
de Hércules] são patronímicos). = patrónimo.
(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008–2020)
3. Apelido
“nome de família; sobrenome; denominação por qualidade ou característica ilustre;
cognome; Brasil: alcunha; Antiquado, ato ou efeito de convocar ou chamar;
chamamento”.
(Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa, 2003 – 2020)
“datação: 1055–1065, ato ou efeito de convocar, chamamento; nome de família,
sobrenome; qualificação ou titulação que aponta determinada característica peculiar
de alguém ou de algo; regionalismo: Brasil, o mesmo que alcunha (denominação ou
qualificativo). Ex.: Jerónimo, por apelido, o Careca”.
(Dicionário Eletrónico Houaiss da Língua Portuguesa, 2001–2009)
4. Alcunha
“nome de família. = sobrenome; designação particular que se usa em vez do nome
próprio de certas pessoas ou de certos grupos. = alcunha”.
(Dicionário Priberam, 2008 – 2020)
“datação: sXV, diacronismo: antigo. Epónimo (nome de animal, planta, topônimo
etc.) que se acrescentava ao nome próprio como um sobrenome; qualificativo
especial (p. ex., nobre, leal etc.) que os reis atribuíam às vilas e cidades denominação
ou qualificativo, por vezes depreciativo, que se usa em lugar do nome próprio de
alguém, ou em acréscimo deste, ou em lugar do nome designativo de um grupo de
pessoas, um povo etc.
(Dicionário Eletrónico Houaiss da Língua Portuguesa, 2001–2009)
73
“qualificativo, por vezes depreciativo, que se usa em lugar do nome próprio de
alguém, ou que é acrescentado a esse nome (geralmente derivado de uma
particularidade física ou moral); cognome, epíteto.
(Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa (2003 –2020)
5. Cognome
“datação: 1533, o mesmo que alcunha (denominação ou qualificativo)” (Dicionário
eletrónico Houaiss (2003–2009).
“epíteto; apelido; alcunha; nome de família” (Dicionário Infopédia da Língua
Portuguesa 2003–2020).
Como se pode confirmar nas aceções anteriores, o sobrenome, o patronímico, o apelido
alcunha e o cognome possuem significações diferentes em Portugal bem como no Brasil.
Em Portugal, o apelido refere-se ao nome de origem familiar, enquanto o patronímico
deriva do nome dos pais. Ao passo que, a alcunha resulta de características físicas ou morais de
um indivíduo. Geralmente, no interior de Portugal, os indivíduos são conhecidos pelas suas
alcunhas por serem mais notáveis. Pelo contrário, no Brasil, os indivíduos são conhecidos pelo
sobrenome ou apelido, muitas vezes originários de acontecimentos, de características físicas e
morais.
Deste modo, usa-se apelido ou nome de família, em Portugal e sobrenome ou apelido,
no Brasil. É importante relembrar que os apelidos podem derivar do nome próprio, do
sobrenome e de alcunhas.
1.3. O sistema atual
O sistema antroponímico português pode ser composto pelos seguintes elementos,
segundo (Gonçalves 1971): N- nome próprio; P- patronímico; A- Apelido ou alcunha; E-
qualquer outro elemento que se junta ao nome sem fazer parte dele.
Na verdade, o sistema antroponímico atual é resultado de um longo processo evolutivo
que teve início na Idade Média. Para Belo (1997:7) “o nome tal como hoje é usado, isto é, o
74
nome próprio ou de batismo ou prenome, acrescido do patronímico ou sobrenome ou nome de
família só se usa há quatro séculos”.
Recentemente, o sistema antroponímico português é constituído por diferentes
combinações nominais de origem latina, grega e hebraica, tal como nos afirma Neves (2001:9)
“no português, a maioria dos nossos nomes baseia-se nas línguas latina, grega, hebraica e nos
germanismos”. É importante realçar que no século XVI a reforma cristã definiu novos modelos
de nomeação.
De acordo com Rowland (2008:13), “o processo de nomeação em boa parte da Europa
deveu-se ao movimento da Contrarreforma católica e, mais especificamente, ao Concílio de
Trento (1545-1563)”. Ademais, a “atribuição de nomes estava muito ligada ao culto católico
dos santos e havia regras de transmissão de nomes (entre padrinhos e afilhados, entre avós e
netos, de pai para filho mais velho)” (Cabral 2008:243). Rowland (2008) observa a frequência
dos nomes masculinos e femininos nos processos de inquisição entre os séculos XVI – XIX,
figuras 15 e 16.
Fonte: Rowland (2008:24)
Como podemos observar na figura 15, os nomes masculinos mais frequentes eram: João
(século XVI), e Manuel (século XVII/XIX).
Figura 15- Nomes masculinos mais frequentes nos processos da inquisição de Lisboa entre o século XVI e XIX
75
Fonte: Rowland (2008:24)
Quanto aos nomes femininos mais frequentes, como se pode ver na figura 16, eram:
Isabel (século XVI) e Maria (séculos XVII-XIX).
Atualmente o sistema é regulado pela Lei n.º 131/95 de 06 de junho, no artigo 103º:
1- O nome do registando é indicado pelo declarante ou, quando este o não faça,
pelo funcionário perante quem foi apresentada a declaração.
2- O nome completo deve compor-se, no máximo, de seis vocábulos gramaticais
simples, dos quais só dois podem corresponder ao nome próprio e quatro a
apelidos, devendo observar-se, na sua composição, as regras seguintes:
a) Os nomes próprios devem ser portugueses, de entre os constantes da
onomástica nacional ou adaptados, gráfica e foneticamente, à língua
portuguesa, não devendo suscitar dúvidas sobre o sexo do registando;
Figura 16- Nomes femininos mais frequentes nos processos da inquisição entre os séculos XVI-XIX
76
b) São admitidos os nomes próprios estrangeiros sob a forma originária, se
o registando for estrangeiro ou tiver outra nacionalidade além da
portuguesa, desde que tais nomes sejam admitidos no respetivo país;
c) A irmãos não pode ser dado o mesmo nome próprio, salvo se um deles for
falecido;
d) Os apelidos são escolhidos entre os que pertençam a ambos ou só a um
dos pais do registando ou a cujo uso qualquer deles tenha direito,
podendo, na sua falta, escolher-se um dos nomes por que sejam
conhecidos;
e) Se a filiação não ficar estabelecida, pode o declarante escolher os apelidos
a atribuir ao registando e, se não o fizer, observa-se o disposto no artigo
108º.
3- As dúvidas sobre a composição do nome são esclarecidas por despacho do
diretor-geral dos Registos e do Notariado, por intermédio da Conservatória dos
Registos Centrais.
Recentemente, a escolha de nomes é responsabilidade dos pais, que procuram dar nomes
de estrelas mundiais, atores famosos ou de personagens bíblicas. Alguns nomes atuais são de
origem estrangeira, embora haja restrições na escolha de nomes, de acordo com os critérios
exigidos por lei. Os nomes de origem estrangeira são adaptados à fonética e à grafia portuguesa.
Belo (1997:9) comenta que “os nomes próprios obedecem a modas e, mais do que isso, a ciclos,
ou seja, são muito usados em determinadas épocas para depois entrarem em desuso e mais tarde
voltarem a estar na moda”.
Podemos afirmar que não há uma norma que estabeleça o uso ou desuso de sistemas de
nomes ou mesmo a frequência de nomes, pois variam de geração a geração. Note-se que os
nomes religiosos eram mais frequentes na Idade Média e menos frequentes na época moderna.
Atualmente os indivíduos procuram buscar nomes de diferentes línguas e origens como símbolo
de distinção.
77
O sistema antroponímico Bantu
O nome numa comunidade Bantu pode ser entendido de várias formas. Yambo
(2003:29) defende que “o nome é uma mensagem e não uma simples etiqueta posta sobre a
cabeça do indivíduo. E esta mensagem tem um sentido que convém captar e compreender”.
Ainda segundo o mesmo autor, na cultura Bantu a pessoa que dá o nome funciona como
emissor, o nome como mensagem que se dirige ao recetor, sendo a o suporte da mensagem a
criança a quem é atribuído o nome. No pensamento africano existe uma relação indissociável
entre o nome e a pessoa. Esse facto é verificado por Ainiala et. al (2012:138) “all over Africa,
a name’s meaning is traditionally quite significant and the relationship between a person and
his name is perceived as being nearly inseparable”.
Para os africanos, o nome é uma pessoa ao passo que no pensamento europeu o nome
refere-se a uma pessoa, conforme sugerem Ainiala et al. (2012:138) “according to European
thinking, a name refers to a person, a name in African thinking is a person”. Segundo Richard
Alford (1988, citado por Ainiala et al. 2012:125) “in the first place, they tell the other members
of the community who the individual in question is and secondly, they tell the community who
he is or who he is expected to be”.
Filho (2008:7), por seu lado, afirma que “nomear é fazer a individuação e assinalar uma
posição no sistema de relações sociais (a família, a linhagem, o clã, a localidade, a casta, o
estado)”. Ainda segundo Filho (2008), a perspetiva do prenome nas práticas de nomeação
europeias serve para identificar um sujeito dentro de uma localidade ou grupo familiar, ao
contrário dos nomes pessoais africanos que têm valor referencial e sempre relacionados com a
alma da pessoa.
É oportuno referir que, na antroponímia Bantu o número de nomes tem que ver com a
diferença cultural das comunidades africanas. O sistema antroponímico africano era,
geralmente, formado por um ou dois nomes. “The number of given names varies a great deal in
different communities. There is often one given, sometimes two, one of which can be a secret
name, the other public” (Ainiala et al. 2012:139).
Em relação ao número de nomes no sistema africano, José Leite de Vasconcellos
(1928:581), especifica o seguinte: “os que nas cidades desempenham serviços, ou não artífices,
usam nomes únicos, por exemplo, António, ou acompanham-nos de apelidos dos patrões”.
Ainiala et al. (2012) elencam um conjunto de fatores associados ao momento ou circunstância
do nascimento:
78
(…) a child may, for example, be given the name of the day of the week on which he was born
(‘Friday’). These weekday names are quite common in West Africa. Similarly, a child may be
given a name after the season or time of day at his moment of birth (‘dry season’, ‘night’). A
name may also convey a wide variety of events associated with his time of birth: the community
has suffered from hunger, it has been a rainy day or the child’s father had been hunting or at
war. (Ainiala et al. 2012:139)
De facto, os nomes Bantu são conexos a determinados princípios da cultura africana.
Partindo desse pressuposto, o sistema antroponímico Bantu é formado por nomes de
nascimento, nomes individuais, alcunhas e nomes coletivos, como se pode ver em Ainiala et al.
(2012:140-141):
1. Birth name (temporary names descriptive of the child or names according to the
time of birth, derogatory-protective names etc.).
2. Individual name (main name):
a) Names given in a name giving ceremony (namesakes, names according
to the time of birth, systematic names, names descriptive of the child,
names of aspiration, proverbial names etc.);
b) Names given/adopted later in life (initiation names, monarch names,
teknonyms etc.).
3. Bynames referring to an individual (nicknames, pejorative names, war names,
hunter names, wanderer names, monarch names, dance names, society names,
praise names, initiation names, ox names).
4. Collective names (clan names, soldier group names, initiation group names,
professional community names etc.).
Alford (1988, citado por Ainiala et al. 2012:128) refere que se usa, frequentemente, o
nome de um parente a fim de preservar a sua memória:
79
(…) namesakes quite often have common traits. Sharing the same name in many cultures also
concerns the notion of preserving the memory of an ancestor or even his reincarnation back
into the family. Sometimes, it is understood that namesakes will also fill the same place in the
network of relatives. It is clear, that name sharing in this kind of community emphasises the
common features of namesakes and draws attention away from their individuality.
(Ainiala et al. 2012:128)
Para concluir, podemos afirmar que algumas destas práticas de atribuição de nomes em
África ainda são frequentes, particularmente nas zonas rurais. Ademais, o sistema
antroponímico africano não é uniforme, na medida em que há uma diversidade cultural. No
sistema antroponímico Bantu os nomes são atribuídos de acordo com o momento ou a
circunstância relacionada com o dia, mês, ano, mortes, alcunhas, nomes sociais, nomes
ancestrais, nomes de dança e nomes de iniciação. José Leite de Vasconcellos (1928), também
relata a ideia de que os povos indígenas:
denominam os seus filhos, segundo circunstâncias que acompanham o nascimento: se na ocasião
deste se vê um animal, se se observa um fenómeno da Natureza, ou se se dá certo acontecimento,
escolhem o nome do acontecimento, do fenómeno, do animal. (Vasconcellos 1928:245)
Por outro lado, Filho (2008) diz que na antroponímia africana alguns nomes são dados
após o nascimento e outros nomes são adquiridos consoante o caráter, a idade e o cargo. Em
alguns povos é comum uma criança não ter nome fixo até uma semana, por causa das ameaças
à sobrevivência que, segundo a cultura, os espíritos malignos podem causar aos recém-nascidos.
2.1. O sistema umbundu
O sistema de nomes em língua umbundu depende de aspetos culturais que estão
diretamente relacionados com o processo de escolha do nome. Há uma forte conexão entre o
sistema antroponímico Ovimbundu e o sistema Bantu, no que diz respeito aos processos de
constituição de nomes. Segundo Filho (2008:108-109) “a prática mais comum para associar
alguém aos membros das gerações ascendentes do grupo de parentesco é dar à pessoa o nome
de um parente morto ou de um ancestral ou ainda que remeta a estes”. O modelo de Sayango
(1997:34-35) especifica três processos de constituição de nomes em língua umbundu:
80
1. Onduko yovomola ou yokucitiwa (nome de nascimento, ou de infância).
Trata-se de uma prática cultural, a qual designamos por fenómeno sando28 (xará) que
consiste na escolha do nome de um parente direto matrilinear ou patrilinear vivo ou morto.
Segundo o pensamento dos povos Bantu de Angola, acredita-se que o recém-nascido
apresentará as mesmas caraterísticas físicas ou emocionais do xará. Ainiala et al. (2012:139)
dizem que “it is believed – and hoped – that the features of a namesake will be passed on to a
child because, according to African thinking, the name may influence the bearer’s personality”.
“A característica extremamente difundida na África Ocidental é a dos nomes pessoais dizerem
respeito aos traços físicos ou da personalidade do nomeado” (Filho 2008:11).
No pensamento africano, dar o nome de um ancestral falecido permite que esse ancestral
retorne à família. Geralmente os primogénitos recebem o nome do avô paterno e as
primogénitas o nome da avó materna:
Giving a namesake, that is, naming a child after other individuals, such as relatives, friends or
deceased ancestors, is quite common. As a child is given a deceased ancestor’s name, this
ancestor is also thought to return amongst his family. Sometimes being named after family is
quite systematic. The tendency, for example, is that the first son will always be given his father’s
father’s name and the daughter will be given the father’s mother’s name whereas the next are
named after the mother’s parents and so on. (Ainiala et al. 2012:139)
Para a compreensão desse facto nos Ovimbundu, tenhamos em mente as seguintes
palavras de Yambo: “é o desejo de ver reincarnado na criança o ente querido defunto. E quantas
vezes não se ouviu “dizer em segredinho”: o fulano “voltou” através do filho do beltrano ou
sicrano” (Yambo 2003:22).
2. Okulisapa (elogiar-se), nome que vem depois do nome próprio. Geralmente, por
iniciativa própria ou sugerido por alguém, mas sempre relacionado com o momento do
nascimento:
28 O mesmo que xará (individuo com o mesmo nome que outro).
81
1- Nomes em umbundu que indicam circunstâncias particulares relacionadas
com o dia e o mês. É importante dizer que a atribuição de nomes referente
aos dias de semana está relacionada com a umbundização dos dias de semana
em português. Sapalo (criança que nasce no sábado), Sesa / Osesa (se nascer
na sexta-feira), Kaquarta (se a criança nascer na quarta-feira), Kaquinta
(criança que nasceu na quinta-feira), Lumingu (criança que nasceu num
domingo). Quanto aos meses do ano civil tem que ver com as estações do ano,
por exemplo, Susu (janeiro, mês de pobreza e fome), kayovo (fevereiro, mês
da salvação ou de pequenas colheitas), Elombo (março, mês de colheita de
muitos produtos como, batata doce, pepino, abobóra e outros), Kavambi
(junho, mês de frio e de preparação das nacas), Kanyenye (agosto, mês da
colheita de milho e feijão; mês de separar os grãos do sabugo e de descascar
o feijão).
2- Nomes que indicam circunstâncias relacionadas com o momento do
nascimento: Tchocovava (chuva torrencial) ou Tchitenha (estiagem),
quando um individuo tenha nascido numa época de fenómenos naturais;
Sandambongo (criança que nasceu quando o pai esteve em viagem de
negócio); Kamenga (cadeia) criança que nasceu quando o pai esteve na
cadeia, Vitangui (problema) quando a criança nasceu num período de
conflitos conjugais; Mbela (chuva) criança que nasceu num dia de chuva;
Vita (vida) se a criança nascer num período de guerra.
3- Nomes proverbiais ou sabedoria umbundu: Simwila- (hokandjupe tchange,
ñasi ale likalyange)29; Katulo- (lyanga otulo, hokalyange ovisokasoka)30;
Visoka- (ovisoka-soka vyovutima)31; Ohombo- (ya lia oluku; ocive ya telako
29 A uma viúva que cuida sozinha dos filhos, não lhe peça nada emprestado. 30 Durma antes e pensa depois, de contrário, o sono não vem. 31 O coração pensa em tudo e às vezes sem razão.
82
omõla)32; Cikola- (cikola citumala, chivola cifa)33; Onjila- (viosi vi lale;
miapia ka lale)34.
3. Cikambi - derivado de okukamba (faltar), nomes que indicam deficiência física:
Chitende de Ocitende (mudo) criança que nasce com afasia ou disfasia; Mbei (doente) criança
que nasceu com uma doença crónica ou prolongada; Mwenyo de omwenyo (vida) na infância
esta criança estive muito doente e a doença deixou sequelas. Os nomes de circunstâncias do
nascimento da criança são escolhidos depois da criança receber o nome do seu xará.
Na figura 17, apresentamos um modelo de constituição de antropónimos em língua
umbundu. Este sistema é constituído por: (1) nomes próprios: onduko yomãlã e okulisapa.
Como se pode ver, onduko yomãlã corresponde ao primeiro nome de nascimento que tem
origem em nomes ancestrais. Os okulisapa são os segundos nomes, que exprimem
circunstâncias históricas e nomes de iniciação; (2) nomes opcionais: ocikambi- alcunhas físicas
e morais. Ocikoti- nomes opcionais que funcionam como nome de família ou apelidos. Este
sistema tradicional é seguido até à atualidade, particularmente nas zonas rurais.
32 Tal mãe, tal filha. 33 Coisa madura demora a crescer, coisas frágeis morrem. 34 Dormem os filhos, mas a mãe não.
Figura 17- Origem dos nomes próprios e apelidos e alcunhas na antroponímia umbundu
83
2.2. A escolha dos nomes
No que respeita à escolha de nomes, ela tem que ver com os costumes dos povos
africanos, sendo o sistema umbundu semelhante ao sistema antroponímico Bantu. Yambo
(2003:22) salienta que o grupo de nome “o mais variado, vai das circunstâncias palpáveis em
que a criança nasce à preocupação de perpetuar a memória deste ou daquele ente querido
(Ociluke c´ange)”. Depois do nascimento “o casal pede conselhos aos pais, tias e tios ou outros
parentes sobre o familiar, vivo ou morto, que poderá ser o sando do recém-nascido, dando-lhe
o seu nome para assim manter a perpetuidade desse nome” (Sayango 1997:33). Chimbinda
(2009)35, por seu lado, sugere que o processo de seleção de nomes nos Ovimbundu consiste em
escolher o nome de um sando associado ao nome que exprime circunstância do nascimento.
Segundo os costumes, os pais chamam pai, mãe, irmão ou mano aos filhos primogénitos ou
secundogénitos pelo facto de ser xará dos avós, tios e tias.
De acordo com Chimbinda (2009), é comum os filhos serem chamados tate yange (meu
pai) ou ndatembo yange (meu sogro), por este ter os mesmos nomes que o xará. Yambo
(2003:23-24) enumera doze razões que estão na base da escolha de nomes:
1. A classe de nascença;
2. Os gémeos segundo o que nasce em primeiro, em segundo e aos que
nascem depois dos gémeos;
3. Os dias de semana;
4. O nome do progenitor;
5. Os traços físicos do recém-nascido;
6. As circunstâncias ligadas ao nascimento;
7. Coincidência com acontecimentos sociais
(viagens, prisões, falecimentos e festas);
8. Falecimento dos seus antecessores;
9. Relações sociais;
10. Nomes de mensagens (agradecimento a Deus,
pedido de proteção, lamentações, censuras,
35 Disponível em: https://www.voaportugues.com/a/angola-book-umbundu/1609814.html, acesso maio de 2019.
84
preocupações quotidianas);
11. Nomes teóforos;
12. Nomes teóforos e nomes de honra.
Os Ovimbundu tinham o costume de atribuir nomes de animais ferozes aos gémeos e
trigémeos. Em alguns reinos Ovimbundu como Wambu, Mbalundu, Ciyaka e Galange,
considera-se Jamba (elefante) o primeiro gémeo sem distinção do género; Ngueve
(hipopótamo) a segunda gémea; Hosi (Leão) o segundo gémeo. Assim sendo, nos reinos de
Ndulu e Viye, Njamba é o primeiro gémeo sem dissemelhança do género; Ngueve o segundo
gémeo, masculino ou feminino, e Hosi o terceiro gémeo, independentemente do género. Em
todos os reinos Ovimbundu, segundo os costumes, Kasinda (empurrar) é a criança que vem
após os gémeos ou trigémeos, sem distinção do género.
Por um lado, existem princípios que têm que ver com as regras de atribuição de nomes,
por exemplo, existem nomes masculinos que são transformados em nomes femininos sem terem
em conta o significado e o género do nome. Por outro lado, não se pode atribuir nomes em que
a circunstância está relacionada com o doador do nome e não com o herdeiro do nome. A título
de exemplo, o nome do xará Kamakangua (=queimadura) não pode ser transferido para o filho
por se tratar de eventos diferentes. Por consequência, os progenitores não obedecem, por vezes,
às regras de atribuição de nomes.
Influência europeia no sistema antroponímico de Angola
Na conceção de Cabral (2008:259) “os nomes de pessoas, tal como eles evoluíram na
Península Ibérica e, mais ou menos contemporaneamente, se espalharam pelo mundo através
do processo de expansão colonial, são um instrumento social para constituir pessoas com
características determinadas”. Segundo Richard (1988, citado por Ankumah, 2014:207), “antes
da colonização, os apelidos não eram comuns na África”. Este processo só foi possível depois
da colonização europeia e do domínio total dos territórios africanos. Conforme Ainiala et al.
(2012) o sistema antroponímico africano sofreu mudanças após a extensão da colonização
europeia e do cristianismo, nos finais do século XIX:
85
however, not until the extension of Christianity and European colonization did they truly begin
to revolutionize the African naming systems starting at the end of the 19th century – the same
as traditional cultures that otherwise ended up getting completely made over.
(Ainiala et al. 2012:141)
Outro ponto de vista encontramos em José Leite de Vasconcellos (1928:581) “por
nomes coloniais entendem-se aqui os nomes usados nas nossas colónias e os que se usaram em
territórios ultramarinos que já foram nossos e hoje o não são. Eles têm duas origens
fundamentais: indígena, e portuguesa”.
A introdução de nomes cristãos e europeus foi o início da transformação do sistema
africano. Conforme Ainiala et al. (2012:141) “the Europeans that had arrived in Africa favoured
the use of biblical and European names in the colonies because African names were difficult
for them to pronounce”. Por um lado, a adoção de nomes europeus e cristãos significava para
os africanos tornar-se assimilado. Por outro lado, os cristãos africanos mudavam de nomes
quando fossem batizados. “Um dos desdobramentos da implementação do Estado colonial em
África foi o esforço para domesticar as práticas de nomeação indígenas e adaptá-las às formas
europeias” (Filho 2008:12).
Segundo Figueira (1938:21) “alguns nomes se perderam devido à ação colonizadora da
Europa, à Civilização que substituiu muitos nomes nativos por europeus”. Leite de
Vasconcellos (1928) também faz referência à substituição de nomes africanos em Angola por
nomes de coisas, dias de semana e nomes vulgares:
os Pretos em Angola, quando vão trabalhar com os Portugueses, não declaram os seus nomes
nativos, mas substituem-nos por outros, iguais a nomes de coisas, como (no Lobito, planalto de
Chimbôa): Sapralo (=sobrado), Colungo «antilope»; candieiro, muito vulgar, e se há mais de
um, chamam-se Candieiro 1º, Candieiro 2º [...]; Carruagem, Cicleta (de bicicleta). Nomes de
Zerbo, J. K. (2010). História Geral da África: Metodologia e pré-história da África. Brasil:
Unesco. Vol. I.
136
APÊNDICES
Apêndice A- Etimologia e significados de alguns nomes em Umbundu
Assuelela s. Lágrima, pranto, choro.
Bunji s. (De ombunji). 1. Salalé. 2.
Diferente de ombunje = bola, esfera.
Chacusola adj. (De okusola). 1.
Amar, gostar, adorar, querer. 2.
Risonho, nome feminino. 3. Nome
dado às crianças que nasce num
período de alegria, paz, harmonia no
lar.
Chakusanga s. Nomes próprio que se
dá quando ocorrem acontecimentos
tristes a alguém ou a uma família.
Quando um individuo nasceu em
tempos de problemas. O mesmo que
Changuedela.
Chakuvala v. (De okuvala = doer).
Chambassuku s. (De okwimba). 1.
Deitar fora. 2. Aquilo que Deus rejeita,
proíbe.
Changuendela s. 1. Acontecimentos
tristes. 2. Nome de uma criança que
nasce em momentos de tristeza.
Capama v. (De okupama / capama) 1.
Fortificar, guarnecer/temperado. 2.
Forte rijo, consistente, compacto,
fortalecido.
Chatuloña v. (De okulõna = almejar).
1. Seguir para; dirigir-se para; ir em
direção de; ir para). 2. Nome dado a
alguém que nasce em momentos de
tristeza, problemas. 3. O mesmo que
Canguendela e Kusumua.
Chendovava s. (De okwenda = ir /
tchenda vai + ovava = água). 2. entrar
água.
Chicoca v. 1. (De cikoka = causar,
originar, provocar, incitar, induzir,
atrair). 2. Arrastar, aliciar, seduzir.
Chicomo adj. 1. Aquilo que mete
medo. 2. Perigoso, assustador.
Chicoti s. (De ocikoti). 1. Açoita,
chibata, chicote.
Chicuamanga s. (De ocikuamanga =
corvo, pássaro).
Chiengo s. (De ociyenjo = balde). 1.
Recipiente apoiado em uma corda,
utilizado para retirar água no tanque ou
poço.
Chihunga adj. 1. Embriagado, ébrio,
extasiado. 2. Adejado, flutuante,
revolitado.
Chihungulo s. (De ocihungulo =
coruja).
Chikembe adj. (De cikembe =
bondoso, comprazedor).
Chilanda v. (De okulanda = comprar).
Chilemo s. (De ocilemo = peso, carga,
fardo).
137
Chilingussumba s. (De okulinga =
fazer / dar + usumba = admirar, meter
medo, surpresa, atormentar,
preocupar, inquietar, desassossegar.
Chilova v. (De okulova = enfeitiçar,
fascinar, embruxar, seduzir).
Chilulo s. (De ocilulu). 1. Fantasma,
alma do outro mundo.
Chimbapo s. Nome próprio dado a
alguém que tem segredos ou vícios que
não pode deixar; que não pode
abandonar; que não pode desprezar.
Chimbungule s. (De ocimbungule). 1.
Fruta imatura, verde. 2. imaturo.
Chimela s. (De ci = grande + omela /
ocimela = boca.
Chimuco s. (Do prefixo ci = grande +
omuku). 1. Rato, rato grande;
ratazana.
Chinene adj. (De cinene). 1. Grande,
volumoso, enorme, largo, espaçoso,
amplo, vasto.
Chinguelessi s. (De ocingelesi =
inglês). 1. corruptela de Inglês. 2.
pessoa que fala a língua inglesa.
Chinossole s. Nome de alegria que
manifesta a satisfação de um desejo,
do esperado.
Chinumbi s. (De ci = grande +
onumbi). 1. Dúvida, incerteza,
hesitação, indecisão. 2. Informação,
indicação, diretriz. 3. Simplicidade,
credulidade, inocência, conselho,
parecer, opinião; 3. Mistério, enigma,
segredo.
Chipango s. (De epango =
deliberação, propósito, decisão).
Chipepe adv. (De ocipepi = perto,
próximo).
Chipessi s. (De ocipesi = cachimbo).
Chipilica v. (De okulipilika). 1.
Insistir, teimoso, perseverante.
Chipindo s. (De Ocipinduko
(profissão, ocupação, trabalho)
Chipuku s. (De ocipuku). 1. Casa de
espíritos. 2. Templo de adoração de
espíritos dos antepassados.
Chiquemala v. (De okukemalisa). 1.
Exprimir. 2. Cantar. 3. Engrandecer-
se, ilustrar-se, notabilizar-se, exaltar,
glorificar, dignificar-se, enobrecer-se.
Chiquemba v. (De okukemba). 1.
Mentir, enganar, aldrabar, impostor,
vigarizar.
Chissaluquila s. (De ocisalukila). 1.
Surpreender-se, inesperado,
imprevisível, repentino, súbito.
Chissapa s. (De ocisapa = ramo,
galho). 2. Aquele que nasceu na mata.
Chissingui s. (De ocisingi). 1. Tronco,
cepo, estirpe, lenho, resto de árvore
cortada.
Chissoca s. (Do prefixo ci+ okusoka =
pensar, cogitar, imaginar, refletir). 2.
Colocar cobertura de uma casa.
Chissolossi- s. (De osi = terra). 1.
Tudo o que se planta desenvolve.
138
Chissonde s. (De ocisonde formiga
brava).
Chitala v. (De okutala = ver,
observar).
Chiteculo adj. 1. Benfeitor; Bondoso;
2. Pessoa bondosa e prestável.
Chitende s. (De ocitende). 1. Mudo. 2.
Pepino com espinhos. 3. Desleixado,
negligente, descuidado.
Chitombi s. (De ocitombi). 1. Trança,
madeixa de cabelos entrelaçados.
Chitula s. (De ocitula / Utula). 1.
Aldeia, vila. 2. Nome dado a uma
criança que nasce numa casa
provisória em condições precárias.
Chitumba s. (De citumba). 1. Nome
próprio dado a uma pessoa que nasceu
em viagem ou no campo.
Chitunga v. (De okutunga). 1. Fazer,
construir, fabricar, produzir, criar. 2.
Residir, permanecer habitar, fixar-se,
estar.
Chivala adj. (De civala). 1.
Complicado, difícil de resolver,
trabalhoso árduo, complexo.
Chivinda s. m. (De ocivinda). 1.
Ferreiro, artífice. 2. Aquele que
trabalho com ferro.
Chohila adj. (De cohîla). 1. calado,
calmo, silencioso, tranquilo, quieto,
sossegado, sereno.
Chongolola adj. 1. Nome próprio. 1.
Suave, agradável, meigo, aprazível,
afável, Delicioso. 2. Nome de alguém
que congrega todos.
Culivela v. (De okulivela). 1.
Lamentar-se, queixar-se. 2. Desejar,
pretender, tencionar, ansiar.
Cussumua s. (De esumuo). 1.
Tristeza, aflição, mágoa, angústia. 2.
Nome dado a um individuo que nasce
depois de dois ou mais anos depois do
casamento devido a problemas
familiares ou mesmo em ter filhos.
Cuvanja v. (De okuvanja). 1. Olhar,
espionar, avaliar. 2. Verificar,
identificar, confirmar, provar.
Dungue s. (De olondungue = juízo,
discernimento, apreciação).
Efuqui adj. (De efuki (tristeza, tortura,
castigo mazela).
Ekuikui s. m. 1. Alcunha de bravura,
de majestade. 2. Nome de uma ave
rapinante que arranca as penas de
outras aves para fazer o seu ninho. 3.
Os chefes (reis) adotam este nome para
exprimir o seu domínio ou poder sobre
os outros.
Elavoco s. (De elavoko = o mesmo que
ekolelo). 1. Esperança, expectativa. 2.
Penitencia, abstinência. 3. Esperança,
por ter nascido na véspera do Natal, ou
por ser sobrevivente depois de muitas
tentativas do casal.
Elombo s. Estrume de animal; nome
dado a um bebé que fez cocó horas
depois de nascer.
139
Epalanga s. (De epalanga liange =
irmão mais novo). 1. Adjunto,
substituto. 2. Meu amigo e parceiro. 3.
Meu contemporâneo.
Epandi s. Persistência, perseverança,
teimosia, permanência.
Epesse s. (De epese). 1. Desperdício,
aventura, esbanjamento.
Epuco s. 1. Desprezo,
desconsideração, menosprezo; 2.
Onda, água que se agita.
Essanji adj. (De esangi). 1. Alegria,
prazer, satisfação. 2. Colar, gola.
Essanjo adj. (De esanju). 1. Alegria
júbilo, satisfação. 2. Festa, banquete,
comemoração.
Essoco s. (De esoko. Calunia,
difamação, maledicência).
Essokyo s. (De esukiyo. Fim, final,
conclusão, limite).
Essuvo s. (De esuvu = odio,
execração, inveja, cobiça, inimizade,
antipatia, sentimento de desgosto,
reservado).
Henda s. f. Caridade, bondade,
compaixão.
Hisse adv. (De hise = bom, melhor,
mais ou menos).
Hukui s. (De ohukui = pobre,
mendigo, necessitado).
Ulunga s. 1. Nome dado a uma criança
cujos predecessores foram sempre
morrendo. 2. Deriva de walunga =
castigo merecido).
Jamba s. (De onjamba = gémeos). 1.
Nome do primeiro gémeo a nascer sem
restrição do género.
Kachumbo s. m. (De ka = pequeno +
ocumbo = pomar).
Kafeca s. (Do prefixo ka = pequena +
ofeka = pais, terra, nação, região). 1. O
mesmo que safeka.
Kafundanga s. (De ka = pequena +
ofundanga = pólvora).
Kalala v. (De okukalala = ralar, moer,
triturar, peneirar).
Kalei s. Ministro, vice-ministro,
secretário de estado, o mesmo que
Kasoma.
Kaliata s. 1. Nome próprio. 2.
Segurança. 3. Guarda-costas de uma
entidade.
Kalima v. (Do prefixo ka = não +
okulima = cultivar, lavrar a terra). 2.
Ano passado.
Kalitangui v. (Do prefixo ka = não +
okulitanga = amarrar-se, atar-se,
acorrentar-se, prender-se, agarrar-se,
apegar-se).
Kalule s. (Do prefixo ka = não +
okulula = vestir, tirar a roupa, despir-
se) 2. Amargar, dissaborear.
Kalundungo s. 1. (De oludungu =
picante, produto que excita o paladar,
tempero). 2. Boa para uns e má para
outros.
140
Kalungo s. (De kalungulungu =
chama, centelha, faúlha, brasa,
labareda, fogo).
Kalongo s. Papagaio, loquaz,
palrador.
Kalungui s. (De okulunga). 1. Andar,
sair, marchar. 2. Tremer, ter medo,
admirar, abalar, assustar. 3. Nome
dado a uma pessoa teimosa que não
aprende).
Kalupeteka v. (Do prefixo ka =
pronome obliquo átono + okupeteka =
vergar, curvar, torcer, dobrar, inclinar,
converter-se, recostar).
Mungomba s. Músico, compositor.
Kambambi s. (Do prefixo ka =
pequeno + ombambi = cabra, cabrito).
Kambili s. (Do prefixo ka = pouca /
sem + ombili = rapidez, ligeireza, zelo,
celeridade, efémero). 2. Aquele que
está sem vontade.
Kamela s. f. (Do prefixo ka = pequena
+ omelã = boca, abertura, orifício).
Kamoli v. (Do prefixo ka = não +
okumola = ver, olhar, observar,
contemplar, reparar).
Kandimba s. m. (Do prefixo ka =
pequeno + ondimba = coelho, lebre,
láparo, lombelo).
Kandombua s. f. (Do prefixo ka
=pequena + ondombua =noiva,
nubente).
Kanganjo s. (De ngandjo). 1. Cubata,
senzala. 2. Nome dado as crianças que
nascem em condições modestas.
Namba s. f. 1. agulha de madeira. 2.
Enfeite de cabelos.
Kanguende s. m. (Do prefixo ka +
ungende = viagem). 1. Nome próprio.
2. Pessoa que nasceu em viagem ou no
campo. 3. Peregrino.
Kangulo s. m. (Do prefixo ka =
pequeno + ongulu = porco). 2. Carro
de mão.
Kanhanga v. (De okunyanga). 1.
Agilizar, tornar ágil, rápido,
habilidoso. 2. Andar de calcanhar,
andar despercebidamente.
Kanjeque s. m. 1. Saco pequeno. 2.
Sacola pequena.
Kanjundo s. (Do prefixo ka =
pequeno + onjundo = segurança,
recurso). 2. Marreta, maço de ferro
para martelar outros ferros.
Kapiñgala s. m. 1. Irmão mais novo;
Vice-presidente. 2. Adjunto;
substituto.
Kapitango s. m. 1. Capitão; oficial
superior do exército; oficial de justiça.
Kapitiya s. 1. Interprete, tradutor,
transmissor. 2. Mediador, conciliador,
intermediário.
Kapuca s. 1. Bebida fermentada feita
com cana de açúcar, aguardente,
bagaceira. O mesmo que owalende. 2.
Nome de planta, antidoto de veneno e
141
quem tiver sido envenenado come essa
planta e livra-se do veneno ingerido.
Kapule v. (Do prefixo ka = pronome
obliquo átono + okupula perguntar).
Kapussu s. m. General, comandante,
chefe do exército.
Kaputo s. m. (Do prefixo ka = origem
+ putu- corruptela de Portugal). 1.
Individuo português. 2. Boa vida. 3.
Tudo de bom. 4. Tudo vai bem
Kasapi s. m. 1. Pequeno. 2. Miúdo. 3.
Coisa de pouco valor. 4.
Insignificante. 5. chave pequena.
Kasinda s. 1. Aquele que nasce depois
dos gémeos independentemente do
género.
Kassanga v. (De ka = pronome de
obliquo átono = a, o, lhe + okusanga =
encontrar); não encontrar; não achar;
não descobrir; não deparar.
Kassicote s. m. (Do prefixo ka =
pequeno + osikote = açoite. 1. Açoite
pequeno, chibata pequena.
Kassoma s. m. 1. Vice-Ministro,
adjunto, substituto, pregador, orador,
anunciador.
Kassova s. (De okusoveka = alternar)
1. Dá-se este nome a criança do sexo
feminino que nasce depois de dois, três
ou mais do sexo oposto ao seu. 2.
Kasova ka alume (quando nasce uma
filha depois de vários rapazes). 3.
Kasova k´akãi (quando nasce um
rapaz depois de umas tantas raparigas).
Kataleco v. (De okutala = ver + Ko =
lá. 1. Vai ver.
Katanga v. (De ka = não + okutanga
= aprender). 1. Aquele que não estuda.
2. Aquele que não lê. 3. Aquele que
não aprende.
Kateia v. (De okuteya). 1. Partir,
quebrar; fragmentar, rachar.
Katiavala s. m. (Origem incerta). 1.
De Katyavala (soberano) + Bwila
(povos que vagam); 2. Rei dos povos
que vagam).
Kativa s. m. Moderador, regulador,
aquele que estabiliza.
Katihe adv. Referente a uma situação
grave (morte, guerra, doença).
Kawissi s. (De owisi). 1. Fumo
brando. 2. Moderado, prudente,
cauteloso.
Kayambo s. (De eyambo). 1. Túmulo,
sepulcro, tumba, esquife, féretro,
campa. 2. Burlador, enganoso, astuto,
mentiroso, corruptor.
Kayovo s. Referente ao mesmo de
fevereiro; segundo mesmo do ano.
Kopumi v. (Do prefixo ko = não +
okupuma = bater). 1. Bater, fustigar. 2.
Capinar, cortar o capim. 3. Dar
porrada, surrar.
Kulitalula v. (De okulitalula). 1.
Entreter-se, retardar-se, reter-se,
iludir-se, impedir.
Kunateque v. 1. (De okutateka =
impedir, impossibilitar, obstruir,
142
empatar). 2. Pessoa que nega uma
coisa que quer.
Londaca s. (De ondaka, olondaca =
palavra, termo, opinião).
Londovi s. f. (De olundovi = corda).
Longonjo s. f. (De olungonjo = perna).
Lumbungululu s. f. (De
olumbungululu =estrela, astro).
Lumingu s. m. corruptela de
Domingos.
Lupessi adv. (De olupesi, lolupessi
=depressa, velozmente, rapidamente).
Mbei s. f. (De ombei = doente,
enfermo, débil).
Mbueti s. (De ombueti = vara, bastão,
cajado, pau).
Mbumba v. Amassar, converter em
pasta ou massa, misturar, amolgar,
ensopar.
Mundombe s. f. túmulo feminino
construído de pedras assentadas.
Mussengue s. (Do prefixo mu =
interior, no meio de + usenge = mata).
Nacalumbo s. f. (Do prefixo na =mãe
de + elumbu = surpresa) 1. Kalumbuı
(nome dado a uma criança concebida
num período menstrual irregular). 3.
Gravidez inesperada. 4. Mistério.
Nalupale s. f. (Do prefixo na = mãe de
+ lupale = cidade, centro, urbe).
Nambi s. (Deriva de Onambi = óbito,
infelicidade, falecimento, passamento,
morte).
Nambissi s. f. (Deriva do prefixo na =
mãe de + ombisi = peixe).
Nambuete s. f. (Deriva do prefixo na
= mãe de + ombueti = vara, bastão,
cajado, pau). 1. Pessoa que anda com
bengala.
Nanga s. f. (De onanga = pano,
tecido).
Natcheia s. f. (De na = mãe de + weya
/ ceya =veio). 2. Algo que veio no seio
de uma família.
Ndatembo / Natembo s. Sogro, sogra.
Ndavoca s. m. (De okulavoka =
esperar, esperançoso).
Ndovala s. m. facto prometido.
Netossi s. f. (De etosi = gota, pingo,
lágrima.
Ngandu s. m. (De ongandu
=crocodilo, hemorroida).
Ngunja s. m. (De ongunja = força,
pessoa que trabalha muito). 1.
Lavrador, fazendeiro. 2. Rico,
milionário.
Nguenda v. (De okwenda = deslocar-
se; ir; mover-se; caminhar).
Nguendangolo s. m. (De okwenda =
andar + kongolo = joelho). 1. Girafa.
2. Robusto das larvas que estragam as
plantas semeadas.
Nguvulu s. m. (De onguvulu
(=governador, dirigente,
administrador, diretor).
143
Njila s. (Deriva de onjila = caminho,
trilho, trajeto). 2. (De onjila = pássaro,
ave).
Njivala v. (De okuvala =doer). 2.
Esquecimento.
Njolela s. m. (De onjolela, satisfação,
alegria). 1. Nome de alguém que tenha
nascido depois de situações
desagradáveis na família.
Nunda s. (De onunda (sobrinho,
sobrinha).
Nuñulo adj. De Nuñulu (primogénito;
o primeiro filho).
Sachilulu s. m. (Do prefixo Sa (pai de)
+ ocilulu (=fantasma, alma de outro
mundo).
Sachipia s. m. (Do prefixo Sa = pai de
+ okupia = queimar).
Sacussumba s. m. (De usumba =
medo, temor, pavor). 2. Pessoa
respeitada, venerada, honrada.
Safeka s. f. (Do prefixo sa = pai de +
ofeka = terra, pais, nação, região). 1.
Aquele que é nativo; nunca mudou.
Sahombo s. m. (Do prefixo sa = pai de
+ hombo = cabrito, chibato).
Sambo s. m. Nome de uma aldeia, no
distrito do Huambo.
Sandele v. (Do prefixo sa = não +
okwenda = ir). 1. Pessoa que nega
fazer alguma coisa.
Sandombua s. m. Indivíduo que está
para se casar, noivo, nubente.
Sanjala s. f. (De osanjala = bairro).
Sapuila v. (De okusapula = queixar,
denunciar). 1. anunciar, comunicar. 2.
Explicar, interpretar, exprimir,
explanar. 3. Comunicar algo
importante.
Savicolo s. m. (Do prefixo sa = pai de
+ ukolo, ovikolo = corda, amarra). 1.
Pessoa que prepara a corda.
Siandele v. (Do prefixo sa = não
+okwenda, (ir/caminhar).
Sikuete v. (Do prefixo si = não +
okukukuete = possuir, ter, dispor). 1.
Pessoa que não tem.
Silivondela v. (Do prefixo si = não +
okulivondela). 1. Apaziguar, acalmar.
2. Pedir favores, humilhar-se,
arrepender-se, submeter-se.
Sipopi s. f. (Do prefixo si = não +
okupopia = falar, dizer, proferir).
Sitaluka s. f. 1. nome dado a criança
que nasceu dum relacionamento
proibido. 2. Primeira filha de um
relacionamento com um homem de
idade avançada. 3. De okutala >
sitaluka (não vou olhar, observar,
aceitar). 4. Pessoa que não vacila ao
fazer alguma coisa.
Sõi s. f. (De osõi = vergonha,
opróbrio).
Songo s. m. (De osongo, osovo =milho
grelado e seco).
Tchali s. m. (De ocali = de graça,
oferta). 1. Sacrifício, oferenda. 2.
144
Esmola. 3. Pessoa que tem pena dos
outros.
Tchikola adj. Santo, sagrado, puro,
imaculado. Aquilo que é sagrado.
Tchimboto s. m. (Deriva de ocimboto
=sapo).
Tchissolossi- s. m. 1. O que se planta
desenvolve bem. 2. Aquilo que se
planta desenvolve.
Tchongolola v. (De okwongolola). 1.
Recolher, colher, abrigar, alojar.
Ulica s. m. (De ulika). 1. Solidão,
desamparo, desprotegido.
Ulombe s. m. (De okulombela orar). 1.
Coisa bem preparada ou desejada.
Umba s. (Doença que ataca as
crianças quando é bebé). 1. Nome
dado a um bebé que tenha adoecido; 2.
Bem-aventurança.
Veta v. (De okuveta = bater, dar surra).
1. Capar, extrair, castrar).
Vicomo s. m. (De ocikomo /
ocikomoho). 1. Maravilha, admiração,
prodígio, milagre, espanto,
contemplação).
Vihemba s. f. (De ovihemba =
remédio, medicamento).
Vimbuando s. f. (De ovimbuandu). 1.
sereia, sereiba, mangue.
Vissapa s. f. (De ocisapa, ovisapa =
ramos e folhagem da árvore); 1.
Durante a gravidez a mãe teve
tratamentos derivados em plantas
(fitoterapia).
Vissimilo s. m. (De ocisimilo /
ovisimilo = pensamento, opinião,
parecer).
Vitangui s. m (De ocitangi =
problema, dificuldade, obstáculo).
Vituñgayala s. m (De okutuñayala); 1.
Inquietar-se, estar perturbado, estar
distraído, olhar para todos os lados,
agitar-se; 2. Desconfiar, suspeitar,
recear, duvidar.
145
Apêndice B- Assento de nascimento da Conservatória Civil do Bié
146
Apêndice C - Modelo de transcrição manual de nomes
147
Apêndice D- Registo de batismo da Igreja Evangélica do Bié
148
Apêndice E - Lista de nomes do registo do Bié
Assento de Nascimento da Conservatória do Bié – Cuito
Nomes completos constituidos por dois (2) nomes 1994 Género
Anastácio Savicolo M Carlos Sapalo M Gregório Tchimbanjela M Frederico Chivala M Constantino Jamba M Eurico Tchicambi M Eliseu Chindumula M Valentina Jamba F António Kundjole M Fernanda Nachilila F Alberto Vissoca M
1995 Género Vitorino Chiúca M Mateus Bongue M Felix Cassanga M Guilhermina Umba F Marcelino Cachimbombo M Alberto Jamba M António Braga M Victor Chicoti M Julia Chilombo F Aurora Nachissomba F Celestina Chinossole F Rosalina Chova F Manuel Sacutalica M Domingas Vissuli F Mariana Nauaia F Teodora Sepalnga F Clementino Cambole M Rodrigues Dumba M Marta Nambunda F Higíno Satuala M Albertina Homba F Ana Nauape F Feliciano Sambimbi M Luís Muhongo M
149
Natália Umba F Paula Vihemba F Luzia Tchiconde F
1996 Género Julieta Uimbo F Marcolino Saiovo M Mariano Canguende M Albino Sandove M Carlos Silepo M Laurindo Cativa M Ernesto Canguenhe M Augusta Nunda F Laurinda Ulica F Judith Jamba F Estevão Chilingussumba M Marcelina Mone F Ruth Henda F Albertina Canhimongo F Cristina Feca F Manuel Vitangui M
1997 Género Mario Chali M Arão Sachilombo M Inácio Catende M Adelino Ngongo M Rodrina Henda F Loide Cayambo F Gabriel Sapalo M Luís Cavita M Paulo Malengue M Júlia Chilombo F Afonso Muila M Feliciano Mande F Isaias Cumba M
1998 Género Joaquim Munango M Idalina Moco F Maria Ndongua F Emídio Cassoma M Florindo Sepuca M João Chivinda M Piedoso Epandi M Rodé Cassova F
150
Rosalina Cambili F Domingos Bunji M Delfino Cassossi M Marta Tchissolossi F Rosalina Eiala F Madalena Catchova F Marcela Cassungo F
1999 Género Albino Sawanga M Francisco Samutavo M Estevão Chilova M Florindo Canganjo M Manuel Ecolelo M Marcolino Sandala M Felícia Sanjimbi F Beatriz Catihe F Laurindo Tchimbungo M José Tchaievala M Agostinho Tchilua M Rodrigues Camoli M António Nangongo M Tavita Natchissende F Maurício Nambelo M Isabel Vitungãiala F Priscila Vihemba F Nomes completos constituidos por três (3) nomes
1994 Género Camila Graça Tchihungulo F Simão Luvamba Tchiuende M Maria Cassova Cotetula F Firmino Chipindu Samuala M Alberto Vonguma Chinumbi M Margarida Nambuete Enoque F Daniel Choca Ndungo M Afonso Domingo Jamba M Coelho Ngongoiavo Cavando M Alex Vitungaiãla Salumbo M Flora Cassova Cassinda F Albina Bongue Nachulu F Ângelo Chindumbo Sassongo M Laurinda Dala Chilombo F Juliana Cambanda Nambundo F Amélia Chissapa Jamba F
151
Maurício Baptista Chicoca M Adelino Sandambongo Kanjengo M
1995 Género Mateus José Chilanda M Leonilde Wini Samalanga F Henriqueta Jamba Sahemba F Lucia Catihe Ngueve F Bartolomeu Camela Cassova M António Gambo Chivimbi M Madalena Nambaca Sembuangolo F Gomes Sanjala Caliata M Bonefácio Ndavoca Sanjala M João dos Santos Sandemba M Manuel Natal Nguendangolo M João Valério Feca M Abílio Calungo Canguende M José Maria Capusso M Lucas da Silva Mualunga M Paulino Chowana Essuvo M José António Ndala M Abel Catchapile Carvalho M Luciana Natchumbo Capule F Orlando Eurico Sieponde M Ana Catihe Calungulungo F Anastácia Luciano Mussengue F Rodrigues Feliciano Jamba M Avelina Nolundo Salumbuei F Paulino Mateus Simba M Paulina David Longuembia F Rufino Sanganjo Albano M Ana Cutala Samalinha F Florinda Chipangue Paula F Julieta Chilombo Ramos F
1996 Género Salomão Cangombe Chicumbo M Florença Nachilombo Fundi F Judith Laura Chitula F Maria Ngoi Nachiquete F Carlos Chimuco Saviombo M Inácio Chipongue Chissingui M Luís Muehombo Camalata M Henriqueta Laura Chipilica F Junior Jamba Chunjingi M
152
Leontina Cassinda Chipa F Celestina Bundo Sanjala F Romão Matias Bambi M Dêbora Crispino Tchovonga F Agostinho Chipasso Kussumua M Silvestre Chissingui Londaca M Claudeth Chipessi Rosária F Luísa Afonso Chissolossi F
1997 Género José Sipitali Chicapa M Francisco Mário Capingãla M João Baptista Ngolongo M Eduardo Elombo Caiangula M Benilde Marcolino Sachipipa F Mário Arão Dumba M André Ngueve Sassapi M Ernesto Ulombe Jembo M Leonor Preciosa Cândida F Júlia Scahipindo Jucelma F Paulo Eponde Ekuikui M Simão Njiluca Kanganjo M Adriana Tchongolola Mutito F Carlos Lemos Horácio M Palmira Wima Teresa F Delfino Fortuna Chivangue M Mayele Nguvulu Pedro M Irina Chilombo Augusto F Neira Feliciana Catalaio F
1998 Género Eduardo Martinho Canjamba M Judith Mário Cayovo F Débora da Conceição Munga F Idalina Lussinga Chiquemba F Adriana Felicia Chiwaia F Adelina Maurícia Lumingo F Manuel Junqueira Sambala M Adelina Chilombo Jamba F Anabela Rosa Chinossole F Donilde Felícia Ngueve F Claudeth Felizberta Wimbo F Valentina Jamba Chissapa F Mariana Nélia Sambaca F Moisés Capusso Chivala M
153
Antónia Cuvanja Nambi F Miguel Pascoal Jesus M Lídia Catihe Ekuikui F Justina Nangueve Cananga F Wilson Mbimbi Afonso M Piedade Longuenda Eyala F Elisa Francisca Alfredo F Jonas Sangueve Proença M Faustino Sanduva Chiuvila M
1999 Género Alexandre Chitumba Sacuandela M Ernesto Chiwila Sitongua M Jideão Adriano Canjili M Gertrudes Chitula Abílio F João Baptista Cassuque M Aurora Essanji Sequetali F Eugênia Maria Naviti F Verónica Nachiúca Sapalo F Aires Jorge Vipunda M Benita Cuvala Guilherme F Estevão Cachumbo Jorge M Teresa Chimela Elalo F José Capingãla Mbinga M Avelino Chipindo Safeca M Horácio Zaqueu Chivela M Alice Venâncio Siandele F Basto Vitato Calamua M Emília Nambovo Capamba F Adelino Sangandela Lunjunjo M Conceição Ngueve Chilemo F Osvaldo Arlindo Henda M Berta Ngueve Sõi F Benevides Laurindo Lamenhe M Evalina Setaca Savoli F Albertina Adelina Tchicongo F Nomes completos compostos por quatro (4) nomes
1994 Género Florbela Mussande Marcolino Chissapa F Abrão Jamba Bambi Muhongo M Joaquim Basto Tchinguelessi Tchimboto M Albertina Nangungo Simba Wanga F Domingas Sousa Pinto Caputo F
154
Marta de Aparição Vassuatala Chicungo F Aniceto dos Santos Ngueve Major M Gaspar Chitengui Miséria Chipenhe M Azenaide Mendes Jóia Kumba F Victória Sambundo Navemba Susso F Jucelma Chissacoa Clementina Sassoma F Evalina Caquele Nachilombo Augusto F Luciana Candombua Eurico Caliata F Teresa Capitia Netumo Catihe F Julino Sanende Chicapa Silili M
1995 Género Teresa Nangueve Bumba Pessela F Adelino Isaias Celestino Seliongo M Graça Lemos Soares Yambo M Alfredo Beatriz Dombe Cossengue M Uraca Ilde Manuel Cambuta F Arlete Miséria Massaco Dungo F Malaquias Chindembe Chipitica Cassinda M Victoria Rodrigues Jorge Capama F Cristina Suraia Mendonça Satula F Carla Elisa Mila Canjungo F Carlos Machado Fernandes Cassoma M Verónica Domingos Chimuma Hukui F Domicília da Conceição Nayuma Sachova F Marinela Beatriz Alice Canganjo F Edgar Vladmir Moisés Sachinguile M Carlitos Mutunda Nachipeio Massóia M Tertuliano Calupeteca Vissoka Ngando M Gracieth Numala Penina Tchimbungule F Leontina Nacalume Lopessa Tchingular F Maria Fátima Graça Silili F Eunice Edna Alice Cangajo F Aniceto Guilherme Cassinda Cangombe M
1996 Género Alcides Martinho Faustino Songuile M Adalberta Elizabeth Vissuli Chiungue F Marciana Henda Isabel Kalandula F António Estevão Domingos Ngunga M Cristina Natota Albino Chimbuenjo F Leovigildo Henda Eurico Sanguele M Belmiro de Oliveira Baptista Mualunga M Emanuel Fortunato Justino Longonjo M Augusta Antónia Calimbue Satumba F
155
1997 Género Feliciano Vitato Cassinda Canjundo M Escolástica Venâncio Justina Cambundo F Elizabeth Gabriel Nonjamba Silivondela F Juliana Catchambalele Ngoi Filipe F Julieta Chavaia Cuvala José F Alice chissanga Chipuco Chambuembue F Arlete Cuvanja Namussoca Martins F Ermelinda Satuala Candomba da Silva F Francisco Canjengo Belina Mundombe M Elina Domingas Arão Sananga F
1998 Género César Dorivaldo José Chicala M Augusta Claudina José Chicala F Inocência Costa Jonatão Chipitia F Laurindo Hisse Teresa Wanga M Samuel José Pedro Catihe M Maria Ana Menezes Chissaluquila F Estanislau Paciência Dinis Cossengue M Cornélio Sachilañele Sangambole Nambamba M Victor Capuca Sachitula Nelombo M Maria Soma Domingas Segunda F Teresa Cassinda Catembo Henda F Arlete Muenho Numbi Vitangui F Ermelinda Evalina Victória Sanjimbi F Palmira Madalena Chinengue Vissimilo F Mateus Gouveia Noloti Cossengue M Júlia Pedro Wimbo Zeferino F Fernando Jamba Troco Nachanga M Victória Nambi Júlia Isabel F Euraca Catiavala Catumbo Navombo F
1999 Género Victória Chissuvo Chivava Sayoano F Celestino Campos Secuva Lucamba M Laurinda Numala Naculusso dos Santos F Aderito Saturnino Ngueve Chimbondo M Inês Ngueve Beatriz Chipessi F Pedro Severino Catihe Sawendo M Cecília Chemba Chova Chinumbi F Laurinda Ana Ecundi Cachuco F Ilda Delfina Vissapa Tchingongolo F Jacinto Chipepe Januário Samba M Marcolino Henriques Sacuandela Satingo M
156
José Correia Muhongo Freire M Fávio Hermercim Paz Salongue M Ernesto Chiengo Tchilombo Tchimunga M Henriqueta Nonjamba Canjala Cayeye F Cecília Chipuco Nassinda Samessele F Avelino Jamba Cassova Tchitumba M Dulce Nanjinga João Nanga F Teresa Mimi Lucas Sachilulo F Adelaide Nelombo Lumbungululo Calamua F Laureta Vira Nangombe Chivalala F Augusta Jamba Tchimbotia Tchissala F Altino Tchissingui Jesus Camateli M Ana Augusta Cassanga Mbueti F Melba Viviana Hama Tchitangua F
Registo da Igreja Evangélica Congregacional em Angola
Nomes completos constituidos por (1) um nome 1977 Género
Maria F 1978 Género
Chissococua F Nomes completos constituidos por (2) dois nomes
1976-1980 Género Maurício Savili M Betualiana Salima F Eugénia Chimbotia F Ervim Sangambo M Valentina Mbimbi F Leopoldina Silepo F Eduardo Kupua M Vitorina Cassinda F Mariana Vissupe F Isabel Cafeca F Vitorina Cassinda F Augusta Navemba F Leonardo Cassinda M Alberta Epandi F Jacinto Henda M Victor Cambambi M Sebastião Calei M Fernando Canjamba M
157
Pedro Canjonjo M Beatriz Nassalala F Joaquina Cafeca F Laurinda Kafeca F Fernanda Cassova F Alvaro Chimbundo M Rodé Chinhañala F Rebeca Pindali F Domingas Nanduva F Isabel Nambali F Justina Chitula F Isaac Kanguende M Piedosa Sipitali F Joaquim Chilombo M Rosalina Henda F Paulo Samilongo M Jorgina Cassamua F Judith Nonjamba F Metuliana Nguelengue F Cecília Ingui F Enoque Sakunguka M Isaac Ngongo M Kindumbo Chombela M Guilherme Homba M Júlia Cassova F Alberto Muhongo M Natália Kepo F Mendonça Changala M Artur Viti M Esperança Sivala F Amélia Chinaossole F Marcolino Cambambi M Floriana Cassinda F Juliano Catchumbo M Florinda Nandindi F Lutero Nhime M Alberta Ngueve F Danisa Nangombe F Carlos Tchali M Vasco Tchivonde M Silva Chombo M Florinda Nacufa F Marcolino Chioca M
158
Adriana Nessingui F Abílio Cassoma M Doliana Nassando F Emilia Eyala F Augusto Chipipa M Diogo Cambinga M Jeremias Chissingui M Lúcio Ulica M Natália Nonjamba F Vasco Ngonguela M Marcelina Namango F Zaqueu Cambuta M Conceição Massanga F Isabel Nafundanga F Margarida Naheque F Teresa Chitula F Dinís Chipalavela M Natália Lussati F Alberta Wandi F Suzeth Vianga F Mariano Cassule M Celestina Vihemba F Bastos Cativa M Fernanda Nanjúlia F Berta Vimbundo F Amélia Nanjondo F
1977 Género Judtih Cayalo F Avelina Wima F Celestina Cafundi F Rosalina Nonjamba F Carlos Siquete M Verónica Kaquinda F Verónica Chilombo F Angelina Nangassole F Laurindo Chipati M Maria Cambundo F Celestina Vissapa F Emília Sinangui F João Layululo M Leonor Ngueve F Cristina Vihemba F Justina Nassenda F
159
Eduardo Camota M Albertina Kunateque F Emília Chilimbo F Oliveira Sanjila M Alice Najoão F Oliveira Jamba M Ermelinda Elombo F Martins Cambinda M Ana Essanjo F Abrantes Chimbili M Domingas Nangueve F Cristina Catihe F Delfina Chitula F Adriano Capata M Diamantino Chipongue M
1978 Género António Sacunganga M Maria Chambula F Berta Chohila F Julieta Nené F Armando Kuchina M Flora Hipálito F Violeta Nassapalo F Arminda Manhonga F Dêbora Sipopi F Margarida Serrado F Priscila Vihemba F Albino Chipango M Argentino Mimoso M Mélvire Cassova F Helena Henda F Miséria Tessuelela F Aurora Nessamba F Amélia Nacalumbo F Silva Chivavi M Miguel Fastudo M Francisca Ngongo F Joaquim Sangombe M Isaura Vihemba F Giné Nachiwika F Avelino Sapusso M Rocha Carvalho M Marcelina Ndola F
160
Albano Calassi M Ezequias Cambandi M Graciano Sacalandula M Alice Njivala F Deolinda Chitula F
1980-1982 Género Memória Sambo F Xavier Sambalundo M Leonor Chitula F Isabel Chapucula F Luca Lohango M Rosa Camuanhe F Adelino Sanjongo M Albina Wimbo F Priscila Kamala F Delfino Cassinda M Mário Capalua M Rosário Efuqui M António Calilossi M Dora Naviti F Ruth Chatuloña F Adolfo Muambungue M Armindo Chitende M Florença Wandi F Isaac Canguia M Camila Chiombo F Eunice Naquinta F João Chiuvila M Evalina Natembo F Cláudia Wimbo F António Wanga M Anito Henda M José Chinganda M Victoria Chipuku F Eugénia Nachova F Domingos Kulitalula M Solmé Katanga M Leonardo Chingangu M Severina chambula F Angelina Nguenda F Adelina Nachinhãngala F Abílio Salau M Laurentina Kambuinda F
161
Ernesto Chilemo M Armanda Kangupe F Merina Nassapa F Aida Essokiyo F Teresa Calumbo F Berta Napapa F António Epalanga M Alberto Catihe M Galatias Kapiñala M Antunes Essakalalo M Margarida Nachivela F Priscila Assuelela F Domingos Canjunju M Luciana Nakufa F Victorino sapalo M Domingas Susso F Alice Citula F Inês Boano F Emanuel Eiuva M Leonardo Veta M Filipe Chinguengue M Lucas Sachicombela M Dina Chinossole F Celeste Kanama F Eugénia Kaliña F Domingas Nachimanyo F Feliciana Humbe F Paulina Vicomo F Estefânia Jamba F Pedro Cossengue M Sara Chitula F Almeida Mussiva F Elisa Navitangui F Albertina Chilombo F Frederico Capitia M Domingos Eiambi M Adelaide Kayovo F Albertina Ekolelo F Miquelina Vikuata F Margarida Kassova F Adelina Caua F Lídia Nanjundo F Eduardo Kapessela M
162
Fernanda Chitula F Júlia katembo F Job Salongue M Rebeca Nassoma F Castro Muyeye M Avita Jamba F Florindo Samesse M Dolina Kumbelembe F Berta Nassoma F Eugénia Kasehua F Josefina Cafeca F Evalina Songo F Rodrigues Sanjungulo M Abel Catota M Rodrina Nangombe F Augusta Navemba F Verónica Cassinda F Joaquina Kassuvala F Faustino Chiteque M Laurinda Nacuta F Nicolau Jamba M Emília Kenga F Tavita Caiovo F Aurélio Elavoco M Abel Sopite M Laurindo Lussati M Judith Vihemba F Feliciana Catihê F
1983 Género António Chissingui M Efraim Calumolo M Isabel Vitória F José Kuica M Valéria Nacumba F Bernice Chitula F Joaquina Nacungungu F Suzana Natchilombo F Graça Silepo F Afonso Silili M Eurico Vissoca M Rodrigues Calupai M Marta Chilunguila F
163
1986 Género Francisco Chicuma M José Epesse M Julieta Vihemba F Teresa Goi F Sabina Caionda F Teresa Vatuca F Margarida Chiombo F Ana Malesso F José Sambali M Horácio Cassoma M Xavier Cassinda M Albertina Cassinda F Mariana Nawaya F Lurdes Jamba F Glória Nangombe F Venâncio Chissingui M Emílio Bumbuita M Delfina Wandi F Delfina Ngonja F Ernestina Nangueve F Aurélio Canjaia M Helena Chinene F Samuel Sandemba M Basto Jamba M Geovana Samba F Fernando Cassinda M Eduardo Jamba M Laurinda Cassova F Ernesto Socupia M Lídia Tchombela F Rodé Jambela F Antónia Nangongo F Laurinda Cassova F Maurício Mango M Ester Nandonuco F Delfina Chivi F Filipe Mbundo M Laurinda Vihemba F Ana Vassuelela F Antónia Chicomo F Luséria Cassinda F Leonor Nelombe F
164
Madalena Hisse F Victorina Vihemba F Rebeca Cafeca F Fadília Nassapalo F Emília Polonga F Feliciano Henda M Antónia Nonjamba F Isabel Sovangue F Domingas Chiemba F Juliana Cassinda F Laurinda Chimbotia F Domingos Gessuvi M Pedro Mango M Domingos Ulica M
1987 Género Horácio Sacossengue M Margarida Cambundo F Ana Malessu F Feliciano Essuvo M Adriano Chicuma M Joaquim Cambinda M Domingas Yombombo F Florindo Nangueve M Julieta Vihemba F Graça Catihê F Luís Monguende M Adelina Caluwawala F Nicolau Sahombo M Maria Nacolo F Laurinda Essanjo F Isaías Cachilenga M Eduardo Octávio M Efraím Catema M Armando Capusso M Aldino Essinde M
1989 Género Adriana Elombo F Dofilia Caiovo F Amélia Culembe F Ermelinda Cambundu F Daniel Chambala M Evalina Nambuende F Estefania Kuvanja F
165
Florinda Wimbo F Rosa Nangongo F Eduardo Molossonde M Alzira Ngueve F Domiana Cassissi F Linda Chitula F Cristina Miniha F Evalina Lissimo F Emília Nachilombo F Laurinda Cassinda F Donisa Namgumbe F Beatriz Calungui F José Tulumba M Rodrigues Cassinda M Alberta Jamba F Julieta Camana F Palmira Capumo F Salomão Cateua M Helena Wanjimba F Guilhermina Essoco F Alfredo Lussendo M Álvaro Chali M Adelaide Cassamua F Pedro Cussumua M Lucélia Jamba F Benilde Jamba F Maria Capumo F Bernarda Cassova F Eduardo Chitombi M Alberto Sanjila M
1992 Género João Savihemba M Edith Vissenga F Jacinta Noloti F Victória Napata F Adriana Cuvala F Paulino Catumbela M Felícia Chitende F Lucas Sanhanga M Idalina Canjala F Manuel Cassinda M Silvano Kachipui M Deolinda Nandenda F
166
Bernadeth Henda F Valentim Jamba M Aristóteles Cawaia M Rebeca Jamba F
1997-1998 Género Samuel Guerra M Paulino Chipondia M Helena Chicondo F Verônica Jamba F Laurinda Vissenga F Antónia Jamba F Fausta Mangui F Augusto Cussumua M Felizmina Cassinda F João Sauape M Angélica Lucamba F Isabel Lohuma F Ernesto Vitangui M Madalena Chipa F Albertina Cassinda F Sofia Chitunga F Inês Canjilo F Lucinda Elombo F
1999 Género Maria Jamba F Nunes Jamba M José Cassinda M Estevão Epamba M Bernarda Cassova F Albino Sachilombo M Pedro Canganjo M Adelina Canjuluca F Margarida Nachivela F Lucéria Ngola F Idalina Cambundo F Valentina Naluca F Isabel Ngueve F Palmira Cafeca F Emiraldina Nangueve F Ferreira Salohuma M Sara Nachilepa F Agostinho Sessoquele M Celestina Cuvanja F
167
Rosalina Nalussati F Geraldo Camela M Mateus Walima M Donana Vissapa F Eduardo Candimba M Domingas Sõi F António Cassinda M Rosalina Massela F
2001-2002 Género Domingas Capitango F Margarida Cossengue F Ruth Nassipitali F Felipe Sitaqui M Fernando Jamba M Deonilde Silepo F Belarmina Cassinda F Maria Chilombo F Abílio Copila M Raiumundo Chissingui M Tomar Lucusso M Mário Henda M Estevão Bilhete M Victor Lissimo M Laurinda Naiombo F Madalena Chitula F Augusto Chipongue M Graciano Cassicote M Eugénia Cawissi F Emília Chemba F
Nomes completos compostos por (3) três nomes
1976-1980 Género José Monteiro Nambi M Isaac Celestino Mbei M Guilhermina Chiquemala Lourenço F Job Bernando Cassinda M Esperança Nachilala Mimoso F João Chundumula M Artur Culivela Fuato M Julieta Wimbo Tiago F Rosa Isabel Chitula F Gabriel Luvumba Luciano M Carolina Fundi Feliciano F
168
Alfredo Maurício Capitango M Calmina Nambissi David F Valentim Maurício Capitango M Flora Pindali Salomão F Teodoro Cussumua Francisco M Aline Lucrécia Katuta F Arão Chivela Marques M Mário Carlos Sapembe M Esmeralda Simão Sambamgo F Eugénia Justino Ngueve F Fernando José Candele M Eliote Chindovi Gomes M Emília Nassululo Artur F Cacilda Arlete Silva F Maria Necandi Bartolomeu F Amélia Tinha Chambula F Guilhermina Chiquemala Cassinda F Jorge Chilulo Júlio M Eulínda Vita Luciano F Albertina Vissaqui Jacinto F Fernandes Euclides Canjondele M
1977 Género Angelina dos Santos Duva F João Baptista Chendovava M António Ekolelo Saiovo M Profírio Castro Chendovava M Oliveira dos Santos Maurpinia M Claudeth Rosa Henda F Elizabeth Nauanga Canjulo F Dadinho Bernardo Lungelo M Elinda Nassapalo Chitombi F Cláudio Paulino Canhanga M Helena Chalula Vitangui F
1978 Género Emídio Chicambi Daniel M Rosalina Moisés Chova F Antunes Chingololo Rufino M Madalena Epuco Samuel F Hélder Selombo Kalupeteka M Deolinda Eme Jacinto F António Sapalo Muhongo M Celestina Chipenhe Fernando F Eurico Bié Camarata M
169
Joaquim Ngueve Kapusso M Américo Francisco Songo M Américo Ecolelo Cabral M Guilhermina Capanda Samuel F Osvaldo Samuel Jila M Daniel Nuñulo Baio M José Custódio Wandangoi M Eveneces Ngueve José M Anabela Carlota José F Rosério Madaleno Vitangui M Margarida Jamba José F Madalena Calungo Joaquim F Domingos Alberto Epamba M Rafael Faiema Graça M Daniel Raimundo Savihemba M Freitas Lussenje Savihemba M Ernélio Teteiro Fernando M Aurélio Ngumbo António M Adélia Jinga Moroz F Daniel Navinlundo José M Feliciano Nachinalio José M
1980-1982 Género Jeremias Lucamba Bailundo M José dos Santos Ngongoiavo M Eduardo Morais Pavala M Sara Nanguengo Manuel F Fernanda Nandulo Manuel F Beatriz Wandy Manuel F Maria Glória Cassova F Vasco Fernando Chiteculo M Florindo Moisés Jamba M Alice Wimbu Leonardo F Fernanda Lessau Chissesso F Genoveva Ngombo Mariano F
1983 Género Calmira Nambissi David F Adélia Nanjala Adriana F Marcos Nunda Chihungulo M Cândida Epesse Walter F Zacarias Ecolelo Simão M Lucas Nuñulo Abílio M Marcelino Salufumo Abílio M Piedade Naqueia Domingos F
170
António Teixeira Salucamba M Verónica Natcheia Gomes F Ovídio Epandi Lucondo M Feliciano Sanhanga Nunda F Bernarda Muafeca Luís F Raúl Chissingui Afonso M Vanda Vitória Chiuavi F Donald Xavier Chitombi M Miradeth Natchissoquele Job F Augusta Miriame Nalissimo F Afrânio Eurico Calimã M Ester Chitula Simba F Rosalina Mbimbi Calongole F Maria Jambela David F Ngolar Charle Ndumba M Arminda Naivimbo Sandongue F José Chicalanga Sandemba M Rita Catihê Remendo F Osvaldo David Malanga M Baltazar Elias Capusso M
1986 Género Domingos da Glória Songuile M Ana Maria Cangombe F Antenor Brandão Capata M António Mateus Cassinda M Martinho Chipenye Jorge M Margarida Mangui Jorge F Fernando Henda Emídio M Lucas Domingos Viti M Cristovão Lourenço Vimbuando M Armindo Chipongue Mimoso M Amadeu Wanda Kassuki M Orlando Mimoso Ngunga M Daisy Yolanda Eurico F Armindo Capiñala Manuel M Maria Jamba Manuel F Felizberto Rodrigues Chihungulo M Wilson Cavamba Mendes M Cesaltino Sambowe Lilunga M Claudina Jamba Canjeque F Argentino Constâncio Savihemba M Almantina Miquilina Jamba F Priscila Yungui Cornélio F
171
Admison Edimo Jamba M Alfredo Sandombua Eurico M Justina Domingos Naviti F Adelina Massengo Colombo F Acolhedora Chipula Colombo F Teresa Vitangui Aurélio F Emília Ecandi Aurélio F Cristina Nambovo Victorino F Valdemar Epesse Sandemba M Dionísia Maria Chilombo F Afonso Chombo Capule M Betuliana Cassinda Cavindele F Eduardo Carlos Cauaia M Domingas Nahossi Chimo F Delfino Rosa Chingongo M Alberta Maria Chilombo F Filomena Nandulo Paulo F Luisa Namosso Lunganga F Estevão Lucas Lucamba M Bebé Nassoma Alexandre F Cornélio João dos Santos M Costa Sessongo Chicuavo M Nunes Silas Sanjimba M Rodrina Vimbuando Canganjo F Emanuel Mbambi Mucumba M Abílio Chipanga Sanders M Inês Jamba ferramenta F
1987 Género Lídia da Graça Sitaqui F Carlos Sachilombo Gabriel M Alice da Conceição Chimbotia F Severino Ecungungu Chacussola M Domingos Cauaia Sachipia M Raquel Sorte Epandi F Abel Osvaldo Samuto M Mário Vicomo Afonso M Graciana Ngueve Jacinto F Esmeralda Nambundo Cambuta F Lisdália Chocalie Leonardo F Louvivaldo Octávio Jamba M Moisés Lussenje Pedro M Afonso Pombal Cumba M Romeu Manuel Wanga M
172
Gabriel Ernesto Canengula M Isabel Francisco Cangombe F Angelina Jamba Costa F Rosa Arlete Chiwingui F Ana Paula Gonde F Onória Jangundo Dias F Clara Chissengo Cambimbia F Carlos David Sandongua M Amós José Chissingui M Antónia Laurinda Nassoma F Luciano Essanjo Gideão M Vitorino Elonle Nomboca M Albano Bernardo Nomboca M Jerónimo Catanha Sachipia M Nelson João Sahumo M Alzira Isabel Catumbela F Henrique Bom-Ano Yongamba M Imaculda Paula Caladissa F Madalena Cassova Mandume F Angelina Naule Daniel F Maria Alquímia Cauaia F Donald Savihemba Ilunga M Horácio dos Santos Chipilica M Caima Custódia Calungo F Albertina Natália Chitombi F Laura Canjila Daniel F Agnaldo Chitende Lena M Dionísia Cassinda Martinho F Alfredo Joaquim Chinguelessi M
1989 Género Arline Cecília Mucumba F Albino Calitangui Satanda M Feliciano Chimbungule Jeremias M Zebedeu Chilombo Cahissongo M Domingas Cohuma Juica F Luciano Sanhanga Mangolo M Florindo Manuel Chiteculo M Raimundo Avelino Wanga M Francisco Gedeão Augusto M Daniel Armando Bulica M Evalina Nassusso Lissimo F Holinda Namuhongo Cassova F Juliana Cassova Quintas F
173
Melina Esperança Jamba F Argentina Manuela Hinsse F Simão Izequias Sicuete M Helder Cassinda Calala M Odeth Domiana Necumbi F Joaquina Ngueve Capusso F Margarida Nambendo Catende F Laureta Chova Maria F Elsa Júlia Chipembe F Florentino Paulino Setila M Valentina Santos Chitula F Luzia Olimpia Nangassole F Sara Jungo Eliseu F Laurinda Elisa Ngueve F Rita Chimuma Divula F Amilcar Satumbo Marcolino M Delfina Namalinha Jamba F Alice Nachipango Vontade F António Jolela Gideão M Rebeca Cassinda Faustino F Rebeca Lupessi Capule F Luciana Nachumbo Afonso F Gabriel Silva Sapalo M Analberto Chalo Canjundo M Alcides Félix Cacupa M Pedro Sachiveto Sapanda M Angelica Cristina Chitula F Claudeth Rosalina Chitandula F Arlindo Lázaro Calundungo M Aurora Chapua Victor F
1992 Género João dos Santos Sandumba M Adelaide Flora Caveia F Esperança Naumbuco Musseno F Maria da Conceição Njinga F Carolina Vissupe Fernando F Justina Venâncio Chiquemba F António Mateus Cassinda M Oliveira Cavikolo Simão F Mendes Cossengue Nunda M Cristina Naheyo Chiungulo F Brígida Teresa Salvambe F Matelina Essenje Augusto F
174
Argentina Ume Doutor F António Celestino Cavili M Elisa Sandala Francisco F Isabel Chitalala Eduardo F Aldina Mágda Capamba F Fernanda Naquinda Gabriel F Costântino Chotando Viúme M Benedito Rosário Sacupalica M
1997-1998 Género Henriqueta Vanhali Siquete F Suzana Chimela Segunda F Maria Tumba Cativa F Madaleno Mateus Kuyela M Benilde Ester Candimba F Emília Francisco Wanga F Horácio Cassoma Luciano M Elisa Mungola Jorge F Celeste Chitula Colembi F Paulino Chilingutila Laurinda M Janice Adelina Nassoma F Vasco Mora Chipipa M Benjamim Cambambi Wanga M Teylher Soares Nongava M Natália Chitula Augusto F Imirene Leonardo Chicoca F Ester Nginga Sachocale F Leonardo Domingos Samuhongo M Amós Agnaldo Kachambelele M Arlete Leonor Dunduma F Efigénia Jambela Mendonça F Rebeca Essanjo Vita F Alberto Sapuila Saluma M
1999 Género Adélia Chiqueta Simão F Clarimundo Franklim Salumbongo M Valério Chipuco Buenanga M Joana Ngueve Miguel F Rosa Maria Canhanga F Henrique Chicumua Benguela M Zito Horácio Cussema M Adelina Odeth Chipilica F Gracinda Sara Ngueve F Edmilson Chilombo Cafundanga M
175
Victor Domingos Cambuta M João Marques Cussumua M Betuliana Vihemba Jamba F Félix Cacupa Chissamba M Aurora Isabel Sachilulo F Ivandra Eduardo Chissonde F Cecília José Sapilinjo F Ana Graça Lohuma F Eduardo Cahamba Gonçalves M Venceslau Lourenço Cutalela M Abrão Chilulo Massoli M Santos Caculo Londaca M Teodoro Artur Candimba M Palmira Luyako Cassinda F António Capitango Chipenhe M Teresa Natália Simbaluca F
2001-2002 Género Araújo Júlia Simba M Maurício Sanhimeni Afonso M Arminda Jaime Jamba F Alcina Judith Capusso F Beatriz Silonque Cândido F Alice Nambolovende Jimbi F Ruth Jamba Wanga F Rodrino Mucanda Caveia M Domingas Benvida Nandope F Jacinto Feca da Cruz M Paulo Cassinda Salussuva M Marlene Laurinda Ngueve F Adelino Sacongo Manguecha M Laureta Nassoma Manguecha F António Mateus Cassinda M Laureta Vita Chivala F Isaac Nambi Costa M Maria Jolela Bernardo F
Nomes completos compostos por (4) nomes
1976-1980 Género Dêbora Jamba Chiuaia Daniel F Florence Chova Enoque Soares F Edite Domingas Nanga Daniel F Aquilino Chovongo Rodrina Sanjala M Domingas Vimbuando Vicunga Cachimbango F
176
Adelaide Joaquina Chovongo Dopi F Santos Goss Rodília Chambassuco M
1977 Género Osmar Daniel Chissoca Chitungo M Lote Moisés Pereira Cassoma M Anacleto Clemente Canganjo Hulo M Ângelo dos santos Luciano Sassoma M Álvaro Moisés Santos Satumbuengue M Marcelina Clotilde Epandi Simão F Florentino Sachissoquele Paulino Setila M Óscar Ucelo Bambi Chipupa M Paulo Trindade de Cangongo Chicapa M Victorino Silvano Sacussumba Messele M Vlademiro Henda Francisco do Só-Teu M Florbela Esperança Sequessa Lusitano F Ana Augusta Chacussola Lusitano F Carlos Alberto Chimuco Lusitano M Isidora Vitóia de Campos Chissoca F Florindo Sicato Sachilulo Chacala M Eliseu Ecuicui Chambingo Catotola M
1978 Género Ovídio Quessongo Silvano Cambalanganja M Assunção Catihe Pedro Correia F Leopoldino Rosa Artur Chipangue M Joaquim Osvaldo Artur Chipangue M Emanuel Jorge Santos Samone M Nelson Azevedo Santos Samone M Danilo Mendes Elavoco Golusio M Isaura Vita Cassinda João F Claudina Bela Wimbo Nunes F Crispino Fernando Ngueve Canjungo M Lupertino Jamba Frederico Canjungo M Lígia Margarida Sicato Mário F Arlindo madaleno jamba Retrato M Velasco Chimbenjua Namundombe Luís M Engrácia Wimbo Scato Luís F Alice Preciosa Socola Jaime F Osória Ngueve Netossi Caieie F Nelson Maurício Jamba Stover M Angela Chipembe Jamba Ernesto F Osmir Bernardo Gregório Chingala M José Nelson Artur Chipangue M Agnalda Judith Artur Chipangue F
177
Suzana Nachilombo Kassuvala Sachipia F Augusta Chimbótia Ngueve Cateia F Emídio Junge Marcial Estevão M Florindo Copumi Jené Kapusso M Araújo Ngueve Luciano Stóver M Aristide Jamba Luciano Stóver M Aldinho Fernandes Casimiro Guilherme M Inocêncio Elias José Nomboka M Generosa Chilombo Marques Bango F Aguilpina Victória Cassova Cachimunho F Adelino Chisseva Faustino Moma M Graças Madalena Jamba Retrato F Nilton Calule Chilepa Mendonça M Octávio Carlita Feliciano Catumbaiala M Filomena Laura Dinís Cossengue F Dalva Malesso Alberto Fernando F Ludmila Chilombo Nassipitali Alfredo F Odeth Adelina Massengo Lungelo F Esmeralda Júlia Cassamua Savihemba F Kapassui Abel chandawima Canongue M Amilton Ruben Sicato Mário M Aristides Jamba Luciano Stóver M Araujo Ngueve Luciano Stóver M Osvaldo Samuel Chissaluquila Amós M Odete Lemba Domingos Corréia F Beatriz Sinai Basto Elamba F Ângelo Lutucuta Rufino Sacuandela M Beatriz Júlia Nessinda Savihemba F Angelina Namussili Nessinda Savihemba F Velasco Chimbenjua Namundombe Luís M Mariana Filomena Chitula Vieira F Salvador Santos Nanjando António M Arlindo Amós Nanjondo António M Aniceto Jamba Nanjondo António M Elvira Nené Nachilombo Inácio F Ermelinda Cassova Boio e Juliano F Orlando Avelino Capata Soares M
1980-1982 Género Judtih Tavita Chova Miguel F Maria Fernanda de Fátima Chitemo F Américo Francisco Chakuvala Chinjengue M
1983 Género Osvaldina Adriana Nanjembe David F
178
Matilde Neciva Cambundo Cambinga F Evaristo Eliote Abrão Copumi M Zita Sílvia Chilingutila Tayengo F Felicidade Tavita Raposo Valeriano F Argentino Francisco Namba Soares M Sandra Madalena Jamba Chiambo F Israel Alfredo Capitango Maurício M Belina Canimouji Ana Malengue F António Ernesto Dinís Cossengue M Augusto Nelson Calei Vicongue M João Francisco Abel Chicapa M Argentino Pessela Ume Doutor M Eduardo Pátini Ume Doutor M Suzete Elinda Estevão Chipepe F Victória Namechana Florindo Tomás F Celina Nachipati Florindo Estevão F Ireneu Fadário Máquina Chingala M Airosa Octávia Jamba Estevão F Rebeca Galo Nepuca Guilherme F Esperança Henda Mussungo Paiva F Altino Day Elavoco Emílio M Elina Tita Vinene Emílio F Eliseu Chipilica Mimoso Emílio M Margarida Nassinda Mimoso Emílio F Florbela Ermelinda Aurélio Lucondo F Ivo Eduardo Sicato Mário M Ancelmo Marcelino José Chombossi M Arlinda Luísa Nanunda Cambuta F Zacarias César Tibério Ngueve M Analdina Feia Ekuikui Catotala F Mariana Filomena Munga Ndovala F Castro Félix Ndumbi Sambone M Daniel Nongando Malheiro Chicapa M Adelaide Marta Albino Chicomo F Paulino Stranguay Chipilica Capumi M Osvaldo Paulino Selelo Lilunga M Alice Chinossole Canjungo Luciano F Olímpia Lima Chitala Vihemba F Amílio Aristoteles Cassinda Cangombe M Maria Jambela Justina Zeferino F Nildrita Jamba José Sanches F Graça Vilonda José Sanches F Laurinda Gulungo Sikuete Sandongua F
179
Anabela Leontina Germano Cangombe F Elisa Idalina Chissole Mussili F Arnaldo Chitombi Afonso Paulino M Metuliana Kaquinda Nangassole Job F Helena Ndembeleki Alberto Sopite F Lizandro Delfino Chimbalanha Dídimo M Almerina Wimbo Catema Rafael F Baltazar Adriano Chingala Milambo M Augusto Nelson Calei Vicomo M Evalina Jamba José Henriques F
1986 Género Belarmino Francisco Chingala Milambo M Benilde Henda Nalissimo Dias F Etelvina Henda Germano Cangombe F Filomena Jamba Mateus Saqui F Analdina Ngueve Mateus Saqui F Azevedo Fernando Cambambi Francisco M Evaristo Chongolola Cambambi Francisco M Armando Chissapa Vasco Miguel M Jaime Caunda Chingunji Segunda M Calvino Eduardo Baio Pataca M Ranel Silva Baptista Mualunga M Hélder Vando Baptista Mualunga M Aristides Paulo Jamba Longua M Rebeca Joia Artur Chipangue F Altino Daniel Artur Chipangue M Jorge Firmino Cavaleca Capusso M Demócrito Benardo Joaquim Caieie M Mário Epandi Calei Caiove M Adriana Anselmo Chitula Simba F Débora Evone Chitula Simba F Jerónimo Cangombe Afonso Huambo M Inês Baca António Warubu F Adalberto Eliseu Canganjo Cauaia M Armando Chombela Faca Lutero M Silvio Francisco Bernardo Lunjelo M Jerónimo Muenho Madaleno Matenda M Dembeleki Isaias Cumba Chipilica M Alice Alda Nangolo Jamba F Adérito Eliseu Major Essuvu M Isaac Nambi Natália Job M Geoveth Arão Chinguelessi Chitende M Florindo Novita Ume Doutor M
180
Celestina Ema Cambambi Francisco F Eunice Kamene João Tomás F Asmino Guiomar Cangunga Sousa M Benedita Águida Sangueve Jeremias F Elisa Chambanda Sangueve Jeremias F Alice Vissapa Cassinda Vicongue F Amilcar Celestino Sangueve Lumbombo M Juliana Graça Chilepa Vicongue F Wilma Ilda Essanjo Rafael F Analdeth Canjilo Marcolino Rodrigues F Florêncio Óscar Dinis Cossengue M Antunes Alfredo Nunda Chissole M Belinda Nassando Metuliano Martinho F Aida Jamba Augusto Domingos F Generosa Cassova Elinha Chiwawala F Celestina Ema Alberto Cambambe F Odete Florência Prego Coquilo F Jeorgina Chinossole Domingos Miguel F Miguel Feliciano Sanhanga Germano M Henriqueta Justina Nawanga Teodoro F Carlos Ulombe Esperança da Silva M Octávio Daniel Coquilo Jamba M Alberto Marcos Faria Canhanga M
1987 Género Fonseca Cassinda Nunda Guilherme M Elisa Idalina Chinengue Mussili F Delfina Nandumbo Nunes Sandande F Osvaldo Fonseca Sicato Cangombe M Canora Domingas Nguenda Ferreira F Cristina Evalina Job Cachota F Esmeralda Nanjango Calei Caiovo F José Graça Samone Fernando M Isaac Nelson Savihemba Zebedeo M Dália Jamba Eliseu Vihemba F Carlos Fernando Araújo Calundungo M Adérito António João Sahumba M Henriqueta Ngueve Elombo Chioca F Deolinda Divine Latino Elavoco F Armanda Silepo Leonardo Cataleco F Joelma Adelina Muali Chendovava F Mariana Segunda Deolinda Chinguelessi F Luciano Anastor Chivava José M Amihudi Chitalacumbi Vasco Miguel F
181
Maria Emília Chitula Yongamba F Raquel Nambovo Songo Teixeira F Elsa Domingas da Costa Matenda F Angelina Jamba Mucumba Nguendangolo F Felismina Lucusso Floriano Chissaluquila F Virgínia Mariza Canjungo Luciano F Edimárcia Leonor Capata Lumbo F Arlinda Jolela Nanganjo Simão F Silva Nuñulo Eurico Martelo M Maria Clara Cambambi Francisco F Gabriel Gati Ngongo Madaleno M Angelina Nachinonolo Sassapi Limbindo F Gilson Samba Chipembe Samucono M
1989 Género Victor Fernando Wanga Mussili M Azevedo Dionísio Brito Capepula M Benvinda Numélia Domingas Soneha F José Caputo Eduardo Chipindo M Ladislau Ticló Latino Elavoco M Constântino Cachilombo Chimbapo Domingos M Maria Antónia Nachipilin Fernando F Valentim Maurício Capitango M Deolina Chitula Maia Nguenda F Adelina Navita Nonjamba Ecavo F Bernardo Amiton Henrique Chitambi M Horácio Eliote Adelino Cauaia M Adélia Wimbo Maria Afonso F Silvestre Bento Tutuvala Chilulo M Estevão João Afonso Capamba M Analdeth Verônica Leonardo Vissoca F Lonilde Elizabeth Essanjo Capusso F Geni Luzia Cassenhe Pinto F Fernando Gangula da Costa Calungulungo M Hugo Dovala da Costa Vongula M Tiago Capoco Costa Fernando M Clara Isabel Avelino Chivaca Candomba F Esmeraldo José Chissonde Calundungo M Camussi Eduardo Chissonde Calundungo M Dembeleki Rosa Eduarda Chissonde M Elizabeth Nawanga Navita Cangulo F Celmira Chela Caputo Isaias F Ângelo Lutucuta Rufino Sacuandela M Cláudio Helena Palmira Wanga M
182
Balbina Estrela Nalupale Pessoa F Frederico Hermenegildo Nunda Chiambo M Anselmo Rodrino da Silva Sandande M Analtino Belita Chivava Candomba M Rosalina Mone Navita Cangoi F Abílio Anapaz Chandala da Silva M Balanche Miguel Capuca Chendovava M Cláudio Cutatela Candombua Sahuma M Leonel Eloi Chivaca Samukinda M Eduardo José Eurico Chitali M Arlindo Lázaro Chissonde Calundungo M Carlos Chicuamanga Cassinda João M Alcino Chiungue Domingos Chali M Daniel Mussueto Vissambe Cassoma M
1992 Género João Epalanga Henda Kefas M Laurinda Jamba Guilherme Castro F Margarida Ângela Lili Sassango F Aldina Leonilde Liyunga Jacinto F Nginga Luisa Elombo Luciano F Artur Chinguli Venâncio Menezes M Isaura Vihemba João Guido F Roland Rosa António Salvambe F Felisberta Orlanda Rosa Chissonde F Efigênia Singa Cassule Camila F Anastácia da Glória Catema Alfredo F Adelaide Saque Canjila Chitombi F Alda Adriana Joana Sandando F Alexandrina Essanju Marieiro Lunguena F Analide Melita Abílio Catimba F Leopoldina Rosa Artur Chipangue F Beatriz Numala Cassoma Artur F Gizelda Augusta Numala Chipilica F Celestina Chacussola Santos Miguel F Domília Jambela Cambundo Máquima F Anacleta Clotilde Chissonde Adelino F Elias Canganjo Correia Mango M
1997-1998 Género Mariana Filomena Chitula Vieira F Valdemiro Israel Jocob Cavita M João Sachissimile Laurindo Chindai M Azevedo Ngueve Chova Sacho M Alice Sungo Chatuala Samba F
183
Deolinda Clotilde Albino Chicomo F Aldemiro Valério Chitula Martinho M Adilson Eugénio Eduardo Chissonde M António Mandembue Felizberto Ngonga M Maria Fernanda Jorge Samuhongo F
1999 Género Edmilson Chingue Cafundanga M Serina Chipuco Domingas Cachanga F Gisilda Monzinho Dungue Paulino F Osvaldo Salomé Jamba Chimo M Olivia Natália Manuel Goveia F Anadir Maria Naule Cangombe F Ceísa Peregrino Elavoco Cangombe F Justino Cucuimba Pires Nguendangolo M Valente Fábio Mango Chitem M Edson Ventura Jesus Caieie M Adilson Calume Chivaca Luciano M António Oliveira Nené Ngungi M Edmilson António Salohembe Pedro M Ester Chissenda Belo Cumba F Evaristo Sitaque Mateus Calundungo M Dêbora Zenilda Isaias Cassoma F Ivalqueny Júlia Chiombo Sapalo F Ezequiel Luís Chissonde de Sousa M Alarilde Palmira da Glória Chilulo F Benita Chissi Canhenhe Missas F
2001-2002 Género Armando Chipopo Vasco Miguel M Axelson Paulo Jonatão Essuvo M Madureira Elombo Lilunga João M Adelaide Natália Chopecumbi da Silva F Edson Ladislau Felizberto Ngunga M Valdemiro Jaime Chissonde Saluambe M Constântino Sapalo José Justo M José Zeca António Chicoca M Perdeneiro Rosário Catema Rafael M Romualdo Augusto Natema Chitumba M Moisés LombungoNatema Chitumba M Costântino Vasco Cambole Eialo M Fernando Francisco Cussema Arão M Teresa Domingas Cussema Arão F Esperança Navitangui Chemba Capingala F Artur Eugénio Nina Wanga M
184
Ângelo Jamba Mateus Sake M Mariano Samutango Siquete Nessingui M Jonatão Chilende Ferramenta Cassapi M Total dos dois registos
Percentagem
Masculino Feminino M F 688 784 688 784
Total 1472 46,7 53,3 Total 1472 100
185
Apêndice F - Composição dos nomes do Bié da década de 70 – 90
Assento de Nascimento da Conservatória do Bié Nomes completos constituidos por dois (2) nomes
1994
Primeiro nome Segundo nome Terceiro nome Quarto nome Anastácio Savicolo