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Profissão Professor Antonio Nóvoa
20

Antonio Novoa

Dec 21, 2014

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Education

Maristela Couto

 
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Page 1: Antonio Novoa

Profissão ProfessorAntonio Nóvoa

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"O educador que acaba de

se formar não pode ficarcom as piores turmas

nemser alocado nas

unidadesmais difíceis, semacompanhamento"

Page 3: Antonio Novoa

Manter-se atualizado sobre as novas metodologias de ensino e desenvolver práticas pedagógicas mais eficientes são alguns dos principais desafios da profissão de educador. Concluir o Magistério ou a licenciatura é apenas uma das etapas do longo processo de capacitação que não pode ser interrompido enquanto houver jovens querendo aprender.

Revista Nova Escola – 09/2008

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“Quando pensamos a profissão docente, não conseguimos omitir a realização de uma reflexão sobre vários assuntos, diversos conceitos e uma complexidade de concepções do “ser professor” que carregamos ao longo de nosso ofício docente. Assim, muitas questões permeiam a nossa profissão, sendo importante refletir sobre a imagem e a função do professor ao longo do tempo, e como elas se estabelecem hoje”.

Page 5: Antonio Novoa

1. "O passado e o presente dos professores"

2. "O educador e a ação sensata"3. "Consciência e ação sobre a prática

como libertação profissional dos professores"

4. "Mudanças sociais e função docente"5. "Aspectos sociais da criatividade do

professor" 6. "Ofício do professor: o tempo e as

mudanças"

Page 6: Antonio Novoa

Nóvoa salienta que na segunda metade do século XVIII, na Europa, ocorreu a estatização do ensino e o professor passou a ser laico e não mais religioso. Assim, buscou-se esboçar um modelo para o professor, o qual tinha um perfil próximo ao do padre. Os professores passaram a ter presença mais ativa e intensa na educação, produzindo um “corpo de saberes e de técnicas” e um “conjunto de normas e valores”. O Estado instituiu os professores como um corpo profissional, provocando a hierarquização, homogeneização e unificação dos profissionais docentes, tornando-nos funcionários com ações de forte intenção política, valorizando-nos devido à nossa relevância social. Dessa forma, ocorreu a profissionalização do professor e o trabalho docente passou a ser assunto de especialista, não mais sendo uma atividade secundária. Nesse momento, também ocorreu transformação na escola, que passou a ser a instituição de ascensão social. 

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No século XIX, segundo Nóvoa (1999), ocorreu a expansão da escola pela grande procura da sociedade devido à crença na superioridade social por meio desta instituição. Juntamente a este acontecimento, ocorreu a institucionalização da formação específica e especializada para o professor: as escolas normais, que consolidaram a imagem e o estatuto do professor, mas também oportunizaram um maior controle estatal. A partir da segunda metade do século XIX, a profissão docente passou a ser marcada por ambigüidades, pois os professores não são burgueses, não são do povo, não devem ser intelectuais, devem ter instrução e relacionar-se com todos os grupos sociais. Todas estas questões reforçam a feminização, o isolamento social e a indefinição do estatuto da nossa profissão, mas por outro lado também avigoram a solidariedade interna entre os profissionais e a formação de uma identidade decente. No começo do século XX iniciou-se um maior prestígio do professor devido às ações das Associações Profissionais de Professores e à adesão a um conjunto de normas e valores.

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Nóvoa (1999) salienta que os professores não são valorizados de forma íntegra e digna: nosso salário, muitas vezes, não serve nem para o sustento; nossa função é múltipla; as regras para entrada no curso de formação de professores são inadequadas; a formação inicial e continuada são, muitas vezes, ineficazes. Para Nóvoa (1999) os professores, há muito tempo, vêm sofrendo de uma situação de mal-estar na profissão, que causa desmotivação pessoal com a docência, abandono, insatisfação, indisposição, desinvestimento e ausência de reflexão crítica, entre outros sintomas que demonstram uma autodepreciação do professor. Esta situação abarca a crise da profissão docente, que vem sendo bastante analisada e discutida pelos teóricos contemporâneos.

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Daniel Hameline destaca que agir é um processo que requer um “desvendamento de nós”. Para Hameline (1999), não precisamos nem devemos tentar fazer o máximo na educação, pois excelência é diferente de maximização. Ele ressalta que os professores “práticos”, que produzem teses a partir da análise das suas escolas, suas práticas ou seus alunos, são questionados sobre a validade deste trabalho. Porém, na maioria das vezes estes docentes são os que mais se preocupam com a qualidade da educação de seus alunos. Há professores que buscam “modelizar” suas práticas, o que empobrece suas ações, pois as padronizam de forma sistemática e metódica. O ideal, segundo o autor, não é “modelizar”, mas sim “modalizar” as práticas, pois assim enriquecem as suas ações através de várias “modalidades”, ou várias maneiras de realizar o processo.

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"É no espaço concreto de cada escola, em torno de problemas reais, que se desenvolve a verdadeira formação"

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Gimeno Sacristán considera a definição cultural da função do professor, determinada pelas necessidades sociais que a educação deve dar resposta. Dessa forma, o autor destaca que o debate social sobre a educação constrói diferentes exigências em relação à função docente, pois a evolução em que a sociedade se encontra acarreta cada vez mais atividades e responsabilidades a serem cumpridas pela escola e mais aspirações educativas a serem assumidas pelos professores. 

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Tudo isso ocasiona a indefinição da real função do professor, pois as exigências frente à profissão abrangem aspectos de ensino-aprendizagem, de cuidados à infância, de higiene, de saúde, de administração escolar, de respeito e trabalho com os diferentes contextos sociais, econômicos e culturais, bem como com as diferentes estruturas familiares de hoje. Podemos considerar que os professores, em certos momentos, assumem o papel de psicólogos, médicos, enfermeiros, assistentes sociais, e mesmo de pai e mãe. Assumir a profissão docente hoje é um desafio, pois além desta indefinição em suas funções, Sacristán (1999) destaca que o professor não detém a exclusividade na responsabilidade de suas ações educativas, devido às influências políticas, econômicas, culturais e à desprofissionalização do professorado.  

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“Há práticas de caráter antropológico, práticas institucionalizadas e práticas

concorrentes (que são os mecanismos de supervisão). Esta diversidade de funções provoca a superabundância de saberes

docentes, pois cada tarefa exige conhecimentos específicos, sendo necessária uma consciência progressiva da prática, sem

a desvalorização da teoria”. 

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Ressaltando que as mudanças justificam a tentativa de reforma do ensino, pois embora a sociedade tenha sofrido tantas transformações, nosso sistema educacional permanece igual. Há um desgaste da imagem social do ensino e dos professores; com a passagem do sistema de ensino de elite para o sistema de ensino de massa, aumentou-se a quantidade de alunos, heterogeneizando as turmas; ensinar não é mais fácil como antigamente. Assim, encontramo-nos num ceticismo em relação à educação, pois a sociedade não acredita mais que esta pode ser melhorada ou pode melhorar o nosso futuro.  

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Os professores sentem-se perdidos frente ao novo cenário da educação e, as reações perante este desajuste, é o que conhecemos por “mal-estar docente”, que vem sendo muito discutido por grandes teóricos da contemporaneidade, pois pode ocasionar uma crise de identidade nos professores. Nesse mal-estar docente, há diferentes reações dos professores, apontadas por Esteve (1999), como: desajustamento e insatisfação perante os problemas reais da prática; pedidos de transferência para fugir das situações problemas; inibição de envolvimento pessoal; desejo de abandono da profissão; absentismo laboral; esgotamento; estresse; ansiedade; autodepreciação; reações neuróticas; depressões. No que se refere à formação dos professores perante todas estas transformações e os problemas ocasionados por elas, é preciso identificarmos erros e incorporarmos novos modelos na formação inicial para evitar o aumento de profissionais da educação desajustados às demandas sociais, bem como articularmos estruturas de apoio aos professores.  

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Cada situação de ensino é única, devido ao uso da criatividade, que pode ser produto de uma experimentação ou inesperada e repentina. Mas que, em ambas as maneiras, a criatividade proporciona a capacidade de o professor elaborar seu próprio trabalho e ter satisfação e realização pessoal e profissional. A criatividade docente pode ser uma forma muito eficaz para a libertação do profissional docente na contemporaneidade, pois uma vez desenvolvida nos professores pode trazer inovações, alargando fronteiras do convencional, introduzindo ou combinando novos fatores na prática docente.

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“Se a escola se organizar para acolher os novos docentes, abrindo o caminho para que possam refletir e ultrapassar de forma pertinente e ajustada as suas dificuldades, se assumir coletivamente a responsabilidade do seu encaminhamento através de projetos de formação profissional, talvez contribua para inverter, por essa via, a atual tendência para a descrença generalizada que se associa à desvalorização social da imagem do professor”. (Cavaco, 1999, p.168) 

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As escolas, juntamente com as instituições de formação de professores, têm grande poder para a transformação desta realidade em que se encontra a profissão docente, pois a parceria destas duas instâncias pode, sem dúvida, qualificar a formação do profissional para uma educação mais adequada e pertinente à sociedade contemporânea.

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“A escola deve estimular as crianças a aprenderem a estudar e pensar e também a aprenderem a se comunicar e a viver em conjunto. Aprender a estudar e a pensar é essencial no mundo marcado pelo excesso de informações e conhecimentos que envelhecem muito rapidamente, mas não é menos importante aprender a se comunicar e viver em conjunto, estimulando a criança a falar, ouvir, construir em conjunto”.

Antonio Novoa, Caderno de Empregos, JB de 03/06/99

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