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ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA PARA
A IMPLEMENTAÇÃO DE UMA LAVANDERIA
INDUSTRIAL
Williany Marques Parreira Duarte (PUC)
[email protected]
BARBARA DOS ANJOS MOREIRA CAMPOS (PUC)
[email protected]
Jose Guilherme Chaves Alberto (PUC)
[email protected]
Adriano Cordeiro Leite (PUC)
[email protected]
O presente artigo propõe uma análise da viabilidade financeira para a
implementação de uma lavanderia industrial por meio dos indicadores
payback simples, valor presente líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR). A
pesquisa utilizada é classificada como descritiva e aplicada, uma vez que,
tem como finalidade observar, registrar e analisar os fenômenos numa
situação específica, contribuindo para fins práticos. Os resultados
encontrados referem-se a um período de retorno correspondente a 31,06
meses, de acordo com o indicador payback, VPL de R$ 123.825,17, TIR de R$
2,86% a.m. Analisando cada indicador, o projeto deveria ser rejeitado
quando avaliado o payback simples, pois, este apresenta um período superior
ao esperado pela empresa. No entanto o projeto é viável ao considerar o VPL
e a TIR, uma vez que o VPL obteve um valor maior que zero e a TIR uma taxa
superior a mínima exigida, atendendo os critérios da empresa. Dado o fato
exposto, os resultados obtidos através do levantamento de dados e
posteriores análises realizadas foram considerados satisfatórios pelo
empreendedor, e conclui-se que o projeto é econômica e financeiramente
viável.
Palavras-chave: Análise de viabilidade financeira, payback simples, valor
presente líquido, taxa interna de retorno.
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
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1. Introdução
Diariamente, gestores de empresas deparam-se com novos desafios e com a necessidade de
inovar e lidar com recursos escassos e com diversas opções para investimento. Por isso, fazer
uma análise de viabilidade econômica e financeira torna-se algo de grande importância; que
precisa ser realizada de uma maneira precisa, garantindo assim que o resultado do projeto seja
o mais próximo possível do desejado. Dessa maneira, os investimentos em ativos reais estão
classificados dentro das decisões mais significativas da economia, resultando na possibilidade
ou não de elevação do capital da empresa.
Os projetos de investimentos podem ser classificados em diversas formas como, por exemplo,
expansão, substituição, modernização, entre outros. Para se investir e não correr o risco de
perder o capital investido, tem-se a necessidade de se fazer uma análise detalhada.
A viabilidade de um projeto deve ser analisada minuciosamente, levando-se em conta várias
etapas que prolongue o conhecimento de cada ramo empresarial. As fases primordiais para
um bom planejamento de investimentos estão relacionadas aos gastos, onde é realizado um
levantamento de tudo o que vem a constituir custos ou despesas na formação empresarial em
questão. A avaliação de projetos engloba diversas técnicas que permitem analisar suas
viabilidades; serão abordadas no trabalho as seguintes técnicas: o payback simples, valor
presente líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR).
No contexto da estudado, devido à grande demanda e a necessidade de se obter enxovais
limpos em um curto prazo, a Empresa X optou por terceirizar esse serviço de limpeza. No
entanto, a qualidade está abaixo do padrão estipulado e algumas peças estão tendo que voltar
para serem relavadas, uma vez que, as lavanderias contratadas ganham por peça e deixam a
desejar na qualidade final do produto que será entregue. Diante dos fatos apresentados,
vislumbrou-se a possibilidade de construir uma lavanderia interna, com capacidade para
atender todas as necessidades em questão.
O projeto de investimento da lavanderia consiste em uma adaptação do local, aquisição de
equipamentos, maquinários, produtos químicos e mão de obra. Um estudo deverá ser feito
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para garantir a disposição de água, de modo que todas as máquinas estejam posicionadas
corretamente. Dado o fato exposto, o desenvolvimento desse trabalho foi direcionado para
responder a seguinte questão: Qual é a viabilidade do projeto para construir uma lavanderia
dentro de um motel, substituindo o serviço terceirizado utilizando como parâmetros o payback
simples, valor presente líquido e taxa interna de retorno?
Portanto, o objetivo desta pesquisa foi determinar a viabilidade econômico-financeira da
abertura de uma lavanderia dentro de um motel (Empresa X), para substituir o serviço
terceirizado, utilizando os indicadores: Payback simples, TIR e VPL.
2 Referencial Teórico
O referencial teórico foi elaborado a partir dos tópicos selecionados para sustentar as análises
dos dados.
2.1 Planejamento estratégico
É preciso planejar para se investir. Segundo Braga (1989, p. 228), “o planejamento
empresarial constitui um processo sistemático e contínuo de tomada de decisões no presente
com vistas à consecução de objetivos específicos no futuro”
Para Gitman (2010, p. 105), “o planejamento financeiro é um aspecto importante das
operações das empresas porque fornece um mapa para a orientação, a coordenação e o
controle dos passos que a empresa dará para atingir seus objetivos”.
Conforme Padoveze (2005, p. 49), “a decisão de investir é a mais complexa das decisões
financeiras, pois envolve incertezas em todo o seu processo, uma vez que trabalha com o
intervalo de tempo entre o investimento hoje para recuperação no futuro”.
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2.2 Fluxo de caixa
Segundo Salim (2004), o fluxo de caixa funciona como o instrumento que retrata todas as
entradas e saídas do caixa da empresa (receitas e despesas). O resultado mostrado pelo fluxo
de caixa é o saldo disponível no caixa da empresa a cada dia, semana ou mês.
De acordo com Segundo Filho (2005, p. 8), “a boa gestão de caixa é um dos fatores mais
importantes para a liquidez e rentabilidade da empresa”. O gestor deve maximizar essas duas
variáveis e controla-las de uma maneira eficiente, seja através da redução de gastos, seja
através da aceleração do capital a receber.
2.2.1 Fluxo de caixa direto
O fluxo de caixa pelo método direto é também denominado fluxo de caixa no
sentido restrito. Muitos se referem a ele como o verdadeiro fluxo de caixa, porque,
(...) nele são demonstrados todos os recebimentos e pagamentos que efetivamente
concorreram para a variação das disponibilidades no período. (MARION, 2003, p.
431)
Hoji (2003, p. 208) assinala que, “fluxo de caixa direto facilita a visualização e a
compreensão do fluxo financeiro, pois demonstra os recebimentos e pagamentos provenientes
das atividades operacionais”.
Para a sobrevivência e o sucesso de qualquer empresa, é fundamental que o Fluxo de Caixa
apresente liquidez, com ou sem inflação ou recessão, de forma a cumprir com seus
compromissos financeiros, e que suas operações tenham continuidade, pois, se a empresa tem
liquidez, ela pode gerar lucro. “A gestão dos fluxos financeiros é tão relevante quanto à
capacidade de produção e de vendas da empresa”. (SILVA, 2005, p. 1)
2.3 Métodos de análise e viabilidade
A avaliação de projetos de investimentos comumente envolve um conjunto de técnicas que
buscam determinar sua viabilidade econômica e financeira, considerando uma determinada
Taxa Mínima de Atratividade. Desta forma, para auxiliar na decisão de investimento existem
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alguns indicadores que ajudam a determinar a viabilidade de um projeto, entre eles estão o
Payback (prazo de retorno do investimento inicial), a TIR (Taxa Interna de Retorno) e o VPL
(Valor Presente Líquido) (CASAROTTO; KOPPITKE, 2000).
2.3.1 Taxa mínima de atratividade
A taxa mínima de atratividade (TMA) corresponde a uma determinada taxa mínima que a
empresa quer obter de retorno com o investimento. Na visão de Megliorini e Vallim (2009, p.
126), a Taxa Mínima de Atratividade “consiste na taxa mínima de retorno que cada projeto
deve proporcionar para remunerar o capital investido nele. E essa taxa deve corresponder ao
custo de capital do projeto”.
No mesmo sentindo, Assaf Neto e Lima (2011 p.756) complementam dizendo que a TMA “é
obtida de forma a remunerar adequadamente a expectativa de retorno definida pelos diversos
proprietários de capital".
Nas palavras de Gitman (2000, p.382):
O custo de capital pode ser definido como a taxa de retorno que a empresa precisa
obter sobre os seus projetos de investimento, para manter o valor de mercado de suas
ações. Ele pode ser também considerado como a taxa de retorno exigido pelos
fornecedores de capital do mercado, para atrair seus fundos para empresa.
2.3.2 Payback
Para Braga (1989, p. 283), o Payback “determina o tempo necessário para recuperar os
recursos investidos de um projeto”. Sob a concepção de Braga “quanto mais amplo for o
horizonte de tempo considerado, maior será o grau de incerteza nas previsões”. Deste modo,
propostas de investimento com menor prazo de retorno apresentam maior liquidez e,
consequentemente, menor risco.
Ao utilizar o payback como critério de decisão, Gitman (1997) afirma que se o período de
payback for menor que o período máximo aceitável de recuperação, o projeto deve ser aceito.
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Porém, se o período de payback for maior que o período máximo aceitável de recuperação, o
projeto deve ser rejeitado.
2.3.2.1 Payback Simples (PBS)
Para Kassai (2000), o payback original ou prazo de recuperação do capital, é encontrado
somando-se os valores dos fluxos de caixas negativos com os valores dos fluxos de caixa
positivos, até o momento em que essa soma resulta em zero.
Para analisar esse indicador, ele deve ser comparado com um período definido pelo
empreendedor, que servirá como parâmetro. Se o valor encontrado no payback exceder o
limite estabelecido, o investimento apresenta rejeição. A aceitação se revela quando o período
payback for menor que o parâmetro estabelecido (KASSAI, 2000).
A principal deficiência do período de payback reside no fato de que o período
apropriado de recuperação é apenas um número determinado subjetivamente. Não
pode ser especificado em vista do objetivo de maximização de riqueza porque não se
baseia no desconto de fluxos de caixa para determinar se acrescentam valor à
empresa. Uma segunda deficiência é que esse enfoque não leva integralmente em
conta o valor do dinheiro no tempo. A terceira deficiência do payback é a
incapacidade de considerar os fluxos que ocorrem depois da recuperação do
investimento (GITMAN, 2004, p. 340).
O cálculo do payback é demostrado pelo número de períodos com saldo negativo somados ao
resultado da divisão do saldo negativo obtido no período de retorno pelo fluxo de caixa do
período do retorno.
2.3.3 Valor presente líquido (VPL)
Conforme Correia Neto (2009, p. 160):
o valor presente líquido (VPL) consiste em trazer todos os fluxos financeiros do
projeto, tanto positivos como negativos, para um único período (o atual) e somá-los.
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Uma vez que todos os fluxos tenham sido ajustados à mesma referência no tempo,
pode-se obter seu valor líquido, que represente o resultado atual do projeto.
Na concepção de Gitman (2004), o VPL é obtido subtraindo-se o investimento inicial de um
projeto (FC0) do valor presente de suas entradas (FCt), descontadas a uma taxa igual ao custo
de capital da empresa (k). Essa taxa de desconto refere-se àquela em que o investidor poderia
aplicar o capital com baixíssimo risco (SALLES, 2004).
Segundo Gitman (2004), quando o VPL é usado para tomada de decisão de aceitação ou
rejeição, os critérios considerados são os seguintes: a) Se o VPL for maior que $ 0, o projeto
deverá ser aceito; b) Se o VPL for menor que $ 0, o projeto deverá ser rejeitado. Pois assim,
se o projeto for maior que $ 0, a empresa obterá retorno superior a seu custo de capital.
2.3.4 Taxa interna de retorno
A TIR representa a taxa de desconto que iguala, em um único momento, os fluxos de entrada
com os de saída de caixa. Em outras palavras, é a taxa que produz um VPL igual à zero
(CHING, 2007).
(1)
Gitman (1997) afirma que ao se utilizar a TIR como critério de decisão do tipo “aceitar-
rejeitar” deve-se considerar o seguinte raciocínio:
a) Se a TIR for maior que o custo de capital (TMA), o projeto deve ser aceito.
b) Se a TIR for menor que o custo de capital (TMA), o projeto deve ser rejeitado.
Esse critério assegura que a empresta esteja recebendo, ao menos, sua taxa requerida de
retorno. Dessa maneira, aumentando o valor de mercado da organização e a riqueza dos
proprietários.
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Segundo Damodaran (2002), uma limitação para a TIR é que ela não deve ser empregada em
fluxos de caixas não convencionais, pois quando não há investimento inicial ou existe mais de
uma saída no fluxo de caixa do projeto, o mesmo apresentará mais de uma taxa interna de
retorno, o que dificulta a decisão do investidor. Outra limitação refere-se ao fato da TIR ser
um indicador em percentual, sofrendo influência do valor inicial; o que pode causar distorção
na tomada de decisão.
3 Metodologia
A presente pesquisa é classificada como descritiva e aplicada. A finalidade da pesquisa
descritiva é observar, registrar e analisar os fenômenos ou sistemas técnicos, sem, contudo,
entrar no mérito dos conteúdos. Nesse tipo de pesquisa, deverá apenas descobrir a frequência
com que o fenômeno acontece ou como se estrutura e funciona um sistema, método, processo
ou realidade operacional. (GIL, 2010).
A pesquisa aplicada é aquela voltada à aquisição de conhecimentos com vistas à aplicação
numa situação específica. Contribuindo para fins práticos, visando à solução quase imediata
do problema encontrado na realidade. (GIL, 2010).
A pesquisa em questão assume o carácter de pesquisa de estudo de caso, para Gil (2010, p.
54): “Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que
permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros
delineamentos já considerados”.
A pesquisa também pode ser classificada como uma pesquisa bibliográfica. Gil (2010) afirma
que toda pesquisa acadêmica requer em algum momento a realização de trabalho que pode ser
caracterizado com pesquisa bibliográfica.
Ainda segundo Gil (2010), a pesquisa documental contempla a análise de documentos
internos à organização. Essa pesquisa possui também caráter documental, por reportar a
documentos internos da empresa.
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O universo amostral selecionado compreende um projeto para a construção de uma lavanderia
industrial dentro de um motel, de modo que, os enxovais que antes eram lavados por terceiros
com uma qualidade aquém do esperado, passariam a ser lavados dentro da própria
organização, que também passaria a fornecer esse tipo de serviço para outras empresas do
ramo.
O modelo em questão apresenta como limitações relativas associadas a confiabilidade das
estimativas de fluxo de caixa futuros e da taxa mínima de atratividade ajustada ao risco.
No que diz respeito ao fluxo de caixa, o fato de ser projetado utilizando valores constantes
previstos ao longo de um determinado período de tempo futuro, traz ao projeto incertezas
inerentes às previsões. Quanto à taxa mínima de atratividade, o reinvestimento dos fluxos
pressupõe a uma taxa i encontrada, ou seja, apresenta difícil execução prática e, o fato de que
nem sempre produz uma única taxa i real e positiva. Para um fluxo de caixa definido como
convencional (existe uma única inversão de sinal) há uma taxa interna de retorno.
Em suma, as principais limitações do estudo estão compreendidas em desprezar os fluxos de
caixa posteriores a recuperação do investimento e o risco de previsão que consiste na
possibilidade de erros na projeção dos fluxos de caixa.
4 Análise e discussão dos dados
A qualidade é algo que a empresa em estudo preza desde a sua fundação, em 2000. Já no que
diz respeito à implantação, visa dotar a cidade com serviços que se diferencie dos demais,
concentrando suas atenções no requinte, conforto, segurança e na qualidade dos serviços
prestados a seus clientes.
A princípio eram oferecidos apenas serviços de drive-in. De 2006 a 2010, a empresa
continuou crescendo, atualizando e melhorando o conforto de suas instalações, tendo sido
edificadas novas suítes, e melhorias constantes em todas as demais, a partir disso começaram
a oferecer serviços de Motel. Pensando sempre na qualidade dos serviços oferecidos este
trabalho foi proposto para analisar a viabilidade da aquisição de uma lavanderia própria, de
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modo que, os serviços de limpeza dos enxovais, que antes eram terceirizados e de qualidade
inferior à esperada, passariam a ser realizado dentro da própria empresa.
Como método de avaliação, o estudo baseou-se nas técnicas de cálculo do VPL (Valor
Presente Líquido), TIR (Taxa Interna de Retorno) e Payback Simples, através dos resultados
financeiros do projeto.
4.1 Fluxo de caixa do projeto
O projeto em estudo tem como objetivo reduzir o custo no processo de lavagem dos enxovais
da Empresa X. Para isso, sugere-se que ao invés de terceirizar o serviço, tenha sua própria
lavanderia, buscando não somente redução de custos, mas também melhor qualidade do
serviço. O custo do projeto será definido pelo investimento inicial, pelo qual é composto pela
compra das máquinas, mesas, prateleiras e a construção de um galpão, conforme Tabela 1
demonstra.
Tabela 1 – Investimento inicial do projeto
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DESCRIÇÃO DOS INVESTIMENTOS VALOR MENSAL
2 Máquinas de lavar Industrial ( C ) R$ 50.000,00
2 Secadoras Industrial (D) R$ 28.000,00
2 Calandra (E) R$ 22.000,00
2 Centrífuga (F) R$ 22.000,00
4 Mesas (G) R$ 1.200,00
1 Seladora (H) R$ 350,00
10 Prateleiras (I) R$ 500,00
7 Carrinhos para transportar roupas (J) R$ 4.000,00
Construção do Galpão (K) R$ 90.000,00
Custo para implantação Total
(CP=C+D+E+F+G+H+I+J+k)
R$ 218.050,00
Fonte: Elaborado pelos autores
As receitas do projeto serão as economias geradas pela eliminação do custo do serviço
terceirizado somado ao valor pago pelos clientes contratantes do serviço, o custo mensal para
o funcionamento da lavanderia (suprimentos e mão de obra) e o valor total para implementar a
lavanderia, desde a construção do galpão até a aquisição de maquinário e equipamentos,
conforme relatado na Tabela 2. As despesas, que antes eram oriundas dos enxovais que
precisavam ser relavados, tais como, falta de enxoval decorrente em perda de quarto, não
foram mensuradas uma vez que a empresa não realizava o controle em questão.
Tabela 2 – Previsão de receitas, custos e despesas do projeto.
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DESCRIÇÃO DAS RECEITAS E
DESPESAS/CUSTOS
VALOR
MENSAL
Economia do serviço terceirizado (A) R$ 11.000,00
Clientes contratantes do serviço (B) R$ 6.000,00
Economia do projeto (EP = A+B) R$ 17.000,00
Folha de pagamento(M) R$ 4.400,00
Vale transporte (N) R$ 450,00
Água e esgoto(O) R$ 1.815,00
Luz (P) R$ 2.100,00
Produtos (Q) R$ 800,00
Embalagens (S) R$ 180,00
Custo Mensal (CM= M+N+O+P+Q+S) R$ 9.745,00
Economia do projeto menos Custo mensal (EP-CM) R$ 7.255,00
Fonte: Elaborado pelos autores
Considerando a depreciação dos equipamentos, segundo as instruções normativas vigentes,
foi estimado para o maquinário uma vida útil de 10 anos. Estimou-se um valor residual de
10% a.a. do valor de aquisição, que será adicionado no fluxo de caixa no quinto ano, como
recuperação da metade do investimento. A Tabela 3 mostra os valores residuais após 5 anos.
Tabela 3 –Depreciação e Valor Residual.
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DESCRIÇÃO MAQUINÁRIO VALOR
TOTAL
VALOR
RESIDUAL
2 Máquinas de lavar Industrial (A) R$ 50.000,00 R$ 25.000,00
2 Secadoras Industrial (B) R$ 28.000,00 R$ 14.000,00
2 Calandra (C) R$ 22.000,00 R$ 11.000,00
2 Centrífuga (D) R$ 22.000,00 R$ 11.000,00
Custo Total (CT= A+B+C+D) R$ 122.000,00 R$ 61.000,00
Fonte: Elaborado pelos autores
Para montar o fluxo de caixa foi considerado que o crescimento da entrada seria proporcional
ao crescimento de saída, sem grandes oscilações durante todo período. De posse de todas
estas informações anteriores pode-se montar o fluxo de caixa para análise da viabilidade. O
fluxo de caixa anual pode ser visto na Tabela 4:
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Tabela 4 – Fluxo de Caixa do Projeto
Período Fluxo do Período Fluxo Acumulado
Mês 0 -R$ 218.050,00 -R$ 218.050,00
Mês 1 R$ 7.255,00 -R$ 210.795,00
Mês 2 R$ 7.255,00 -R$ 203.540,00
Mês 3 R$ 7.255,00 -R$ 196.285,00
Mês 4 R$ 7.255,00 -R$ 189.030,00
Mês 5 R$ 7.255,00 -R$ 181.775,00
Mês 6 R$ 7.255,00 -R$ 174.520,00
Mês 7 R$ 7.255,00 -R$ 167.265,00
Mês 8 R$ 7.255,00 -R$ 160.010,00
Mês 9 R$ 7.255,00 -R$ 152.755,00
Mês 10 R$ 7.255,00 -R$ 145.500,00
[...] [...] [...]
Mês 25 R$ 7.255,00 -R$ 36.675,00
Mês 26 R$ 7.255,00 -R$ 29.420,00
Mês 27 R$ 7.255,00 -R$ 22.165,00
Mês 28 R$ 7.255,00 -R$ 14.910,00
Mês 29 R$ 7.255,00 -R$ 7.655,00
Mês 30 R$ 7.255,00 -R$ 400,00
Mês 31 R$ 7.255,00 R$ 6.855,00
[...] [...] [...]
Mês 60 R$ 68.255,00 R$ 270.995,00
Fonte – Elaborado pelos autores
O fluxo de caixa do ano 0 representa o valor do investimento inicial já descrito no Tabela 1.
Além das outras despesas operacionais (Tabela 2). No final do ano 5 tem-se, além do já
descrito, o valor de recuperação dos investimentos por seu valor residual (Tabela 3). Já os
valores das entradas representam, conforme já salientado, o valor das receitas mensais geradas
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pela eliminação do custo do serviço terceirizado somado ao valor pago pelos clientes
contratantes dos serviços. Nota-se que o fluxo do projeto torna-se positivo após 31 meses, ou
seja, dois anos e sete meses, no entanto, o fluxo de caixa acima foi calculado para estimar o
valor residual correspondente a 60 meses, equivalente a 5 anos.
5 Cálculo dos indicadores de viabilidade
A partir do fluxo de caixa demonstrado foi calculado o payback simples, o VPL e a TIR do
projeto em estudo.
5.1 Payback simples
Este é um critério que avalia o tempo que um investimento leva para dar o retorno de seu
investimento. Obteve-se um payback de 31,055 meses. Este prazo é superior ao período
máximos estipulado pela Empresa X, que seria de doze meses.
31 +
(2)
31,06 meses
5.2 Valor Presente Liquido– VPL
Para o cálculo do VPL foi utilizada uma TMA de 15% a.a., ou seja, 1,17% a.m. A indicação
deste valor de taxa foi estabelecida dentro do mercado em que se encontra a empresa e acima
da taxa Selic de 14% aproximadamente. Este é um projeto que requer um valor de
investimento considerado alto pela empresa e se caracteriza por ser um projeto de redução de
custo.
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16
(3)
Como pode-se observar nos cálculos acima, o valor presente líquido do projeto R$123.825,17,
consideravelmente maior do que zero indica que se todas as entradas forem descapitalizadas
para a data 0 à 15% a.a. cobrem o investimento inicial de R$218.050,00 e gera um adicional
de R$ 123.825,17 tornando assim o projeto viável. Podemos concluir que sempre que o VPL
for positivo o projeto é considerável viável.
5.3 Taxa Interna de Retorno
Coma já era esperado, pois, o indicador do VPL já apresentou um valor positivo, logo o
projeto analisado possui uma taxa interna de retorno de 15% a.a ou 2,86% a.m. superior à taxa
mínima de atratividade adotada pela empresa de 1,17 a.m. A memória de cálculo se encontra
a seguir:
a.m. (4)
Como a TIR é maior que o custo de capital (TMA), o projeto pode ser aceito. A TIR assegura
que a empresa esteja recebendo, um valor superior a sua taxa requerida de retorno.
Analisando em conjunto os três indicadores infere-se que o projeto em estudo é viável, pois,
apesar do período de payback ser significantemente superior ao máximo estipulado para o
projeto, a TIR e o VPL que são indicadores considerados mais confiáveis, atendem os
critérios da empresa.
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“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
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6 Conclusão
Levando-se em consideração a conjuntura econômica atual do país e o aumento da
competitividade do mercado, as empresas precisam se destacar e levar ao consumidor um
produto/serviço diferenciado, mas ao mesmo tempo, precisam manter-se estruturadas no que
diz respeito as suas finanças. Ao término deste trabalho, percebe-se a importância em realizar
um estudo com base no planejamento de uma possível oportunidade de investimento, visando
às projeções futuras e os possíveis retornos financeiros.
O objetivo geral deste trabalho foi analisar a viabilidade econômico-financeira da implantação
de uma lavanderia industrial. De acordo com o objetivo geral, os objetivos específicos foram:
elaborar a projeção do fluxo de caixa, calcular os indicadores Payback, VPL e TIR e analisar
a viabilidade do projeto através destes cálculos. Com base nos objetivos específicos, foi
realizado o levantamento de todos os dados e desenvolvido algumas ferramentas e técnicas
necessárias para ajudar na tomada de decisão sobre investir ou não no projeto. É
extremamente importante em um estudo de viabilidade econômico-financeira, que a busca dos
dados aproximem ao máximo da realidade, para que os resultados do trabalho sejam
confiáveis.
No que diz respeito ao estudo realizado na empresa presente no ramo de hotelaria, foi
constatado que o investimento é consideravelmente alto para a empresa, tendo em vista os
resultados dos dados obtidos. Obtivemos a partir do fluxo de caixa projetado, que o
investimento tem um prazo de retorno relativamente alto, ou seja, um payback correspondente
a 31,06 meses, um VPL de R$ 123.825,17, TIR de R$ 2,86% a.m. Avaliando separadamente e
tomando como pressuposto cada indicador estudado, o projeto seria rejeitado uma vez que seu
período de retorno excedeu o prazo estipulado pela empresa, que seria 18 meses.
Em contrapartida, analisando os demais indicadores como o VPL e a TIR, o investimento
seria viável uma vez que, o primeiro obteve valor maior que zero e o segundo apresentou uma
taxa maior do que a mínima estipulada de acordo com a Selic. Ambos possuem peso maior ao
se analisar a viabilidade financeira do projeto, por apresentarem técnicas mais sofisticadas.
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Conclui-se, a partir do presente estudo, que as análises realizadas comprovam que o
empreendimento é viável e apresenta boa oportunidade de investimento, considerando a
rentabilidade apresentada nas projeções dos indicadores.
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