ANÁLISE DA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS EM UM DISTRIBUIDOR PARAENSE E PERSPECTIVAS COM APLICAÇÃO DO ECR Marcelo Leopoldo Sepeda Ferreira (PUC-Rio) [email protected]Luiz Felipe Roris Rodriguez Scavarda do Carmo (PUC-Rio) [email protected]Bruno Duarte Azevedo (PUC-Rio) [email protected]Apesar dos avanços tecnológicos e de gestão de processos na cadeia de suprimentos, o setor farmacêutico ainda sofre com problemas como erros de previsão de demanda, atrasos de entrega, falta de matéria- prima, rupturas, entre outros que assoolam suas cadeias, tornando-a menos eficiente. Deste modo, o presente artigo busca contribuir para o melhoramento da eficiência dos processos logísticos deste setor. Para tal intento, este trabalho se vale de um projeto-piloto para estudar, mapear e entender os processos logísticos da cadeia de suprimentos de um distribuidor farmacêutico paraense de forma a identificar os principais gargalos de sua gestão e contribuir com propostas de melhorias. Dentre os principais problemas encontrados, as rupturas ganharam maior atenção ao longo da pesquisa por se constituírem no maior deles. Como conseqüência, o projeto-piloto optou por trabalhar com a metodologia sugerida pelo ECR Brasil para rastrear e descobrir as causas que levavam a tais rupturas, utilizando, como objeto de estudo, uma lista com 50 produtos fármacos (remédios) que foram analisados durante um mês em uma das lojas pertencentes à empresa estudada. Além disso, com o mapeamento do ciclo do pedido entre um Fornecedor, o Centro de Distribuição (CD) e os Pontos de Vendas (PDV’s) e entrevistas com funcionários envolvidos com a gestão logística da cadeia, foi possível identificar os demais problemas que afetam a eficiência da cadeia de suprimentos da empresa focal. Como resultado, o presente trabalho elabora uma gama de sugestões de melhorias aos problemas de ruptura e demais problemas encontrados. Dentre as propostas de melhoria citadas, o ECR mereceu maior destaque por ter se apresentado como uma ferramenta que abrange a solução para grande parte dos problemas que a cadeia da empresa enfrenta (sobretudo na questão das rupturas). XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
14
Embed
ANÁLISE DA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DE …º63-Análise-da... · logística da cadeia, ... Este objetivo é chamado de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, ou, do inglês,
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Apesar dos avanços tecnológicos e de gestão de processos na cadeia de
suprimentos, o setor farmacêutico ainda sofre com problemas como
erros de previsão de demanda, atrasos de entrega, falta de matéria-
prima, rupturas, entre outros que assoolam suas cadeias, tornando-a
menos eficiente. Deste modo, o presente artigo busca contribuir para o
melhoramento da eficiência dos processos logísticos deste setor. Para
tal intento, este trabalho se vale de um projeto-piloto para estudar,
mapear e entender os processos logísticos da cadeia de suprimentos de
um distribuidor farmacêutico paraense de forma a identificar os
principais gargalos de sua gestão e contribuir com propostas de
melhorias. Dentre os principais problemas encontrados, as rupturas
ganharam maior atenção ao longo da pesquisa por se constituírem no
maior deles. Como conseqüência, o projeto-piloto optou por trabalhar
com a metodologia sugerida pelo ECR Brasil para rastrear e descobrir
as causas que levavam a tais rupturas, utilizando, como objeto de
estudo, uma lista com 50 produtos fármacos (remédios) que foram
analisados durante um mês em uma das lojas pertencentes à empresa
estudada. Além disso, com o mapeamento do ciclo do pedido entre um
Fornecedor, o Centro de Distribuição (CD) e os Pontos de Vendas
(PDV’s) e entrevistas com funcionários envolvidos com a gestão
logística da cadeia, foi possível identificar os demais problemas que
afetam a eficiência da cadeia de suprimentos da empresa focal. Como
resultado, o presente trabalho elabora uma gama de sugestões de
melhorias aos problemas de ruptura e demais problemas encontrados.
Dentre as propostas de melhoria citadas, o ECR mereceu maior
destaque por ter se apresentado como uma ferramenta que abrange a
solução para grande parte dos problemas que a cadeia da empresa
enfrenta (sobretudo na questão das rupturas).
XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
2
Palavras-chaves: Cadeia de Suprimentos; Setor Farmacêutico;
Rupturas; ECR
3
1. Introdução
Na tentativa de somar esforços, mitigar problemas, dividir responsabilidades e alcançar
objetivos em comum, as empresas aliam-se em forma de redes ou cadeias, ao longo das quais
o fluxo de matérias-primas e informações é transformado em produtos/serviços que servirão
para satisfazer a demanda do mercado. De maneira inversa, informações sobre demanda e o
faturamento das vendas percorrem a cadeia dando maior sustentabilidade à mesma e gerando
novas oportunidades de negócio. Não obstante, problemas que ocorrem dentro desta cadeia
também serão compartilhados e sentidos em todos os elos, o que tornam os fluxos citados
acima menos eficientes. E é isso o que ocorre na indústria farmacêutica e sua cadeia de
suprimentos.
O setor farmacêutico, no Brasil, enfrenta vilões bem conhecidos das demais cadeias: erros de
demanda, atraso de entrega, falta de matéria-prima e rupturas, sendo este último o de maior
impacto negativo ao setor. A falta de produtos nas gôndolas (rupturas) causa insatisfação do
cliente, perda de sua fidelidade e baixo faturamento.
Por conta dos grandes impactos que os erros logísticos causam a esta indústria (sobretudo as
rupturas), é justificável elaborar um estudo que viabilize o melhoramento da eficiência
logística desta cadeia. Visando tal intento, o presente artigo apresenta os resultados de um
estudo realizado na cadeia de suprimentos farmacêuticos de um distribuidor paraense
objetivando observar o funcionamento desta cadeia, identificar e estudar seus principais
gargalos logísticos e propor melhorias julgadas como necessárias para que uma melhor
eficiência da cadeia fosse alcançada. Este estudo foi realizado por meio de um projeto-piloto
aplicado à cadeia em questão com o auxílio da aplicação do ECR segundo metodologia
elaborada pelo ECR Brasil e com os subsídios dados pelo embasamento teórico apresentado
na revisão da literatura.
De maneira geral, este artigo encontra-se dividido, além desta seção introdutória, em outras
seis seções, sendo: Revisão da Literatura, Método de Pesquisa, O Setor Farmacêutico e Sua
Cadeia de Suprimentos, Diagnóstico e Cenário Atual, Propostas de Melhoria e Conclusões e
Considerações Finais.
2. Revisão da Literatura
A revisão da literatura apresenta inicialmente os conceitos e a ligação entre Logística, Supply
Chain Management e Rupturas. Após isso, os conceitos de Flexibilidade e Processamento do
Pedido serão elucidados para que então o ECR e a Tecnologia de Informação sejam
apresentados.
2.1. Logística, Supply Chain Management e Rupturas
Segundo Dias et. al (2003), com o acirramento da competitividade empresarial, as empresas
lançam seus esforços primordialmente para se manterem no mercado de forma competitiva.
Sendo assim, as empresas buscam soluções que as mantenham lucrativamente no mercado.
Diante isso, a logística se apresenta como grande aliada.
Novaes (2003) comenta que a logística agrega valor de lugar, de tempo, de qualidade e de
informação, não somente às empresas isoladamente, mas ao conjunto destas que estejam
engajadas na busca por um objetivo em comum. Elaborando atividades de movimentação e
armazenagem, a logística facilita o fluxo de produtos/serviços e informação desde o ponto de
aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, com o propósito de providenciar
níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável (BALLOU, 1993).
4
Assim, para Laugeni e Martins (2005), na busca pela satisfação de seus clientes, as empresas
se unem umas às outras de forma que fornecedores, clientes e provedores externos de meios
logísticos, compartilhem informações e planos necessários para tornar o canal mais eficiente e
competitivo (cadeia de suprimentos). Entretanto, estar integrado com sua cadeia, por si só,
não garante eficiência operacional e/ou estratégica às empresas. É necessário organizar e
gerenciar as políticas e processos internos da cadeia de forma a abranger o planejamento e a
gerência de todas as atividades encarregadas no fornecimento e aquisição, conversão, e todo o
gerenciamento das atividades logísticas. Este objetivo é chamado de Gerenciamento da
Cadeia de Suprimentos, ou, do inglês, Supply Chain Management (SCM). Em essência, este
Gerenciamento integra o fornecimento e gerencia as exigências dentro e entre companhias
(CSCMP, 2009).
É válido, sobretudo, que as cadeias tenham como foco, seus clientes. Assim, as cadeias devem
empregar todos os esforços possíveis para ofertar produtos certos e de qualidade adequada ao
mercado, pois a não oferta destes, gera grande insatisfação do consumidor. Este prejudicial
fenômeno é conhecido como Ruptura ou Stock-Outs, o qual Bowersox e Closs (1999)
conceituam como sendo “o termo usado quando uma empresa não tem produto disponível
para satisfazer a demanda do cliente”. Este problema tem tanto suas causas quanto suas
conseqüências sentidas por todos os elos (membros) da cadeia de suprimentos. Tomando-se
uma cadeia com um fornecedor, um centro de distribuição (CD) e um ponto de venda (PDV),
tem-se que as principais causas de ruptura estão no atraso na entrega do CD aos PDV e
gôndolas não reabastecidas nos PDV’s. Já entre suas principais conseqüências, estão a
desistência ou adiamento da compra pelo consumidor, perda de receita e fidelização dos
clientes dos PDV’s e perda de receita e de clientes varejistas por parte dos
fornecedores/fabricantes (ECR BRASIL, 2008).
2.2. Flexibilidade e o Processamento do Pedido
Segundo Francas et al. (2007), o aumento da competitividade entre empresas e as novas
práticas de gestão das organizações e cadeias são dirigidos segundo as exigências do mercado
e esse nível de exigência cresce a cada ano. Os consumidores anseiam por produtos
sofisticados, diversificados e de baixo ciclo de vida e lead time. Entretanto, as incertezas de
mercado (datas de entrega, volume de produção etc.) crescem a medida que o mercado se
diversifica, o que deixam as organizações a mercê de variabilidades das quais não eram
acostumadas a poucos anos. Diante de tais desafios, o conceito de flexibilidade se apresenta
como uma boa ferramenta para o alcance de uma produção mais eficiente. Vickery et al.
(1999), conceitua que flexibilidade pode ser entendida como um meio de se adequar às
mudanças de mercado; um meio reativo às variações decorrentes deste.
Apesar de possuir características de morosidade e necessitar que a cadeia e seus sistemas de
informação estejam integrados para sua implantação, segundo Stevenson e Spring (2007), a
flexibilidade trás grandes benefícios à cadeia de suprimentos. Dentre os benefícios, estão a
redução dos lead times da cadeia, melhor aproveitamento da capacidade de produção e
fornecimento de maior variedade de produto que cumprem as expectativas dos clientes. Outra
característica peculiar à flexibilidade é que esta pode se apresentar sobre diversas facetas
(dimensões). Entre as dimensões mais importantes a serem citadas, segundo Da Silveira
(1998) e Vickery et. al (1999), tem-se: Flexibilidade de volume, Introdução de novos
produtos (flexibilidade de lançamento), Flexibilidade no mix de produtos, Flexibilidade de
entrega e; Flexibilidade da força de trabalho.
5
De acordo com Chandra e Grabis (2009), alcançar um melhor gerenciamento nos processos
produtivos de forma a torná-los flexíveis parece ser uma tarefa bem complicada. Entretanto,
uma visão sistêmica da cadeia pode ser uma boa saída à implementação da flexibilidade, visto
que os conceitos desta podem ser paulatinamente inseridos em cada um dos setores ou
atividades das empresas participantes da cadeia.
Desta forma, uma das atividades que é afetada e afeta diretamente o “sucesso” da
flexibilidade na cadeia de suprimentos é o processamento do pedido. Segundo Ballou (1993),
o conceito de ciclo de pedido é o “lapso de tempo entre o momento em que o pedido do
cliente, o pedido de compra ou a requisição de um serviço é colocado e o momento em que o
produto é recebido pelo cliente.” Já o processamento do pedido diz respeito às atividades
realizadas durante o ciclo.
Para Alcântara (1997), a perspectiva do ciclo de pedido e seu processamento oferecem a
oportunidade de visualizar a empresa através dos olhos dos seus clientes e, a partir do
acompanhamento de cada passo do ciclo, é possível melhorar o serviço oferecido e detectar
onde a empresa satisfaz ou não seu consumidor. Em um ciclo do pedido pode-se identificar
atividades como a preparação de documentação do pedido, nível de estoque, checagem de
crédito do cliente, checagem de erros nos pedidos, comunicação com os clientes e com as
partes interessadas dentro da empresa, posição dos pedidos e disseminação da informação do
pedido para vendas, produção e finanças.
2.3. Efficient Consumer Response (ECR) e a Tecnologia de Informação (TI)
Para Marques e Alcântara (2004) e Ghisi e Silva (2006), o acirramento da competitividade do
mercado, a abertura econômica, a globalização e a estabilização monetária ocorrido no Brasil
no início da década de 90 do século passado, fez com que muitos empresários e gestores se
preocupassem em melhorar seus processos produtivos de forma a se manterem no mercado,
face à entrada de poderosas empresas com a livre concorrência para se manterem
competitivas. Dentre os setores que mais sentiram as mudanças está o setor varejista que, por
fazer parte da linha de frente da cadeia de suprimentos, sofre com boa parte dos problemas
logísticos desta. No meio de tantas ferramentas criadas para dar apoio a este setor, uma se
destaca: o Efficient Consumer Response (ECR) ou Resposta Eficiente ao Consumidor que,
segundo Marques e Alcântara (2004), visa melhorar a eficiência da cadeia de suprimentos
através da padronização e racionalização dos processos, obtendo com isso a redução do tempo
de entrega dos produtos adquiridos, a gestão das categorias de produto, o controle da demanda
dos produtos com a automação do sistema de venda, bem como a agilização na troca de
informações entre os supermercadistas e seus fornecedores.
O ECR é uma ferramenta que está dividida em quatro estratégias: Reposição Eficiente de
Produtos (visa a redução de tempo e custos na reposição de produtos), Sortimento Eficiente de
Produtos (visa a melhoria no mix de produtos e gerenciamento dos níveis de estoque nas
lojas), Promoção Eficiente dos Produtos (visa o melhor planejamento e gerenciamento das
promoções), e Introdução Eficiente de Produtos.
O ECR, se bem implantado, pode trazer grandes benefícios aos membros da cadeia. Entre
estes estão a redução nos níveis de estoque da cadeia, a melhor eficiência da mesma e, um dos
mais importantes, a diminuição das rupturas (Ghisi e Silva, 2006). Entretanto, para uma boa
implantação desta ferramenta, são necessários alguns elementos de apoio. Entre estes podem-
se citar o Gerenciamento por Categorias – GC – (que indica que os varejistas devem
gerenciar as categorias de produtos para maximizarem a eficiência e a lucratividade), a
Reposição Contínua e o emprego de diversas tecnologias de informação (TI).
6
Segundo Bandeia e Maçada (2008), a TI se constitui como uma ferramenta de grande auxílio
às empresas e suas cadeias, pois possibilita abreviar os tempos de processamento do pedido,
prazos de entrega, aumento da precisão no armazenamento e transmissão de informações,
diminuição dos estoques etc. Entre as TI’s que se destacam no auxílio a implantação do ECR,
estão o EDI (Eletronic Data Interchange – Intercâmbio Eletrônico de Dados), o Código de
Barras e o CAO (Computer Added Order – Pedido Assistido por Computador).
3. Método de Pesquisa
O método de pesquisa utilizado para a condução do projeto-piloto em uma cadeia de
suprimentos da indústria farmacêutica paraense foi dividido em três etapas como segue:
3.1. Coleta de Dados Para Diagnóstico
Esta etapa teve como objetivo elaborar um diagnóstico dos principais problemas na gestão da
cadeia estudada e foi obtido através de entrevistas com os Gerentes Geral, de Marketing e de
Compras do Centro Distribuidor (CD), entrevistas com três de seus funcionários (sendo dois
de compras e um de distribuição), entrevistas com membros posicionados à jusante (gerentes
de dois pontos de vendas - PDV - farmácias) e à montante (gerente de logística de um dos
fornecedores do Distribuidor em estudo) nesta cadeia, e com o mapeamento dos ciclos dos
pedidos entre os elos CD – Fornecedores e CD – PDV por meio de observações in loco de
seus processos.
3.2. Validação do Diagnóstico e Associação com ECR
Com os dados coletados, foi possível fazer um diagnóstico contendo os principais gargalos
logísticos observados na gestão da cadeia segundo as perspectivas de alguns atores da mesma
e dos autores deste artigo. Este diagnóstico serviu de base, junto com a revisão da literatura,
para a elaboração de uma proposta de melhoria principal, usando os conceitos do ECR, visto
que os problemas enfrentados pela empresa, e que serão apresentados posteriormente, podem
ser bem gerenciados a partir desta ferramenta. A validação desta proposta foi feita por
intermédio de entrevista junto a alta gerência do Distribuidor, tendo sua aceitação, como
feedback, comprovada por esses colaboradores.
3.3. Metodologia de Implantação da Reposição Eficiente no Elo CD – PDV
Com os problemas identificados e o diagnóstico validado, é apresentada a metodologia de
implantação da Reposição Eficiente (proposta pelo ECR Brasil, 2009) no elo CD – PDV que
foi utilizada na parte prática deste trabalho e está baseada em um passo-a-passo composto por
7 etapas que visam identificar quando os produtos sofrem ou estão sujeitos a sofrerem
rupturas e a busca da causa que os levou a tal estado. As etapas são:
1º Passo: Onde Medir: É preciso observar se o produto se encontra em seu local de venda
(gôndola do PDV) e a quantidade encontrada no momento da medição, de forma a comparar
com a quantidade que supostamente deveria existir.
2º Passo: Quem Deve Fazer a Medição: Segundo o ECR Brasil, a medição deve ser feita
com o maior grau de isenção possível. Deste modo, é preferível entregar esta tarefa a um
pesquisador independente que nada tenha a ver com a reposição das gôndolas para evitar
distorções e conflitos de interesse.
3º Passo: O Que Analisar/Medir: O ideal seria analisar/medir todos os itens que constituem
o sortimento de cada loja, mas isso é algo muito trabalhoso. Sendo assim, o ECR Brasil
aconselha uma cesta com 500 produtos para a análise.
7
4º Passo: Quando Realizar a Medição: O ideal seria fazer a medição todos os dias em que a
loja esteja aberta. Entretanto, caso isso não seja possível, o pesquisador pode realizar no
mínimo 3 (três) medições por semana e em horários diferentes, de forma a retratar um quadro
mais realista do momento em que os consumidores estão na loja ao longo do dia e da semana.
Outra precaução que se deve tomar é a de evitar que os repositores saibam em que momento e
dia o pesquisador vai fazer a medição para evitar que estes façam o reabastecimento da loja
antes da medição.
5º Passo: Como Realizar a Medição: O ECR Brasil sugere que a medição seja feita com o
auxílio de uma planilha construída por eles que deve ser montada levando em consideração
um cabeçalho com o nome e número da loja, o endereço desta, o dia, mês e hora em que o
pesquisador fez a medição e o nome deste pesquisador. Após isto, deve-se criar uma coluna
mencionando os dados cadastrais de todos os itens que compõe a cesta que será analisada e;
criar outras três colunas (uma para indicar produtos em promoção, outra para indicar a
presença do item e outra para indicar a falta).
6º Passo: Como Buscar a Causa-Raíz: Depois de identificados os produtos faltantes, deve-
se buscar a razão genuína que levou a falta destes, é o que se chama de causa-raíz. Para se
chegar a causa-raíz, utiliza-se o método do “Por que – Por que”, no qual a causa-raíz é
encontrada quando não houver mais perguntas a serem feitas quanto aos motivos da falta do
produto, ou seja, quando a resposta for satisfatória e irrefutável; a causa primária das faltas.
7º Passo: Como Calcular Seu Índice de Ruptura: Deve-se por fim calcular o índice de
ruptura da loja estudada, que se dá da seguinte forma: devem-se pegar todas as planilhas
preenchidas durante o estudo e contar quanto produtos faltaram. Multiplica-se este valor por
100 e dividir o resultado pelo total de itens analisados. O resultado destas operações indicará
o nível de ruptura na loja.
4. O Setor Farmacêutico e Sua Cadeia de Suprimentos
O setor farmacêutico é considerado uma das indústrias mais globalizadas e das mais antigas
no processo de difusão da produção e comercialização por todo o mundo. É responsável por
uma receita anual que ultrapassa US$ 363 bilhões, destinando mais de US$ 50 bilhões/ano a
estudos para a descoberta e produção de medicamentos (MORAIS, 2005; PINHEIRO, 2005).
Morais (2005) destaca em seu trabalho a importância que o setor possui para a economia do
país em termos de pagamento de impostos (segundo maior contribuinte com R$ 1 Bilhão
anuais) e de geração de empregos (diretos e indiretos). Quanto a sua cadeia de suprimentos, o
setor farmacêutico apresenta diversos membros que vão desde os fornecedores de matérias-
primas mais básicas, passando por laboratórios e órgãos da esfera estadual e federal e os
grandes distribuidores e varejistas até a chegada dos produtos aos consumidores finais.
No que tange a empresa em estudo, esta apresenta-se sediada na cidade de Belém e se
constitui como o segundo maior varejista farmacêutico do estado, atualmente com filiais nos
estados do Ceará e Maranhão. O cenário atual da empresa em Belém/PA é composto por um
grande centro de distribuição e mais 72 farmácias (PDV’s), sendo que este CD não somente
abastece com seus produtos (remédios, alimentos, bebidas, cosméticos, entre outros) suas 72
lojas (utilizando frota própria de veículos) como também a outros clientes (entre eles, os
pequenos estabelecimentos farmacêuticos e até mesmo seu principal concorrente neste setor
dentro do mercado paraense). Sua cadeia é composta também por diversos fornecedores,
entretanto, para o estudo deste artigo considerou-se apenas a cadeia composta por um de seus
fornecedores, seu CD e um PDV (apresentado a seguir). As lojas encontram-se presentes em
um mercado com características bem peculiares às demais regiões do país. As farmácias
8
belenenses apresentam-se com layouts luxuosos, que muitas vezes se assemelham às lojas de
departamentos, e oferecem uma gama muito grande de produtos aos seus consumidores