Controle Controle Microbiológico de Microbiológico de Produtos não Produtos não estéreis estéreis
Controle Microbiológico Controle Microbiológico de Produtos não de Produtos não
estéreisestéreis
“Produtos não estéreis são aqueles nos quais se admite conceitualmente a presença de carga microbiana, embora limitada, tendo em vista as características de sua utilização”.
Cosméticos, produtos farmacêuticos tópicos e orais
Contato com áreas portadoras de flora microbiana natural!!!
Atenção no CQ destes produtos deve assegurar que a carga microbiana presente (quali e quantitativo) não comprometa a sua qualidade final ou mesmo a segurança do paciente.
Altas cargas microbianas presentes no produto farmacêutico não estéril podem comprometer:
A segurança do paciente e/ou usuário que não esteja saudável, dependendo ainda das características de utilização de cada produto.
A estabilidade do mesmo, interferindo diretamente na sua qualidade intrínseca.
A qualidade microbiológica de um produto não estéril é proporcionada pela adoção e respeito às Boas Práticas de Fabricação, sendo necessário e complementar às BPF a adição de conservantes.
CQ tem como objetivo imediato – comprovar a ausência de microorganismos patogênicos e determinar o número de microorganismos viáveis, em função dos tipos de utilização do produto.
Risco ao consumidor: Risco ao consumidor:
Saprófitas – agentes infectantes oportunistas (deterioração de produtos) – TOLERA-SE CARGA MICROBIANA!!! Patogênicos (Salmonella, Pseudomonas, Staphylococcus) – risco de quadro clínico infeccioso – PROIBITIVO A PRESENÇA!!!
Ex. consumidor ser debilitado ou imunodeprimido; Cosméticos em pele sensível – bebê.
Cuidados quanto ao limite microbiano!!!
Estabilidade do produto: Estabilidade do produto:
Perda da eficácia terapêutica Perda da eficácia terapêutica – por degradação do PA:ou por alteração de parâmetro físico fundamental para sua atividade – ex. pH, ou alteração de propriedades físico-químicas – entre elas: produção de gases – odor desagradável, ação enzimática levando a degradação de tensoativos – quebra da emulsão ou alteração na viscosidade.
PREOCUPAÇÃO COM AS POSSÍVEIS FONTES DE CONTAMINAÇÃOPREOCUPAÇÃO COM AS POSSÍVEIS FONTES DE CONTAMINAÇÃO:
- DIRETAS: Fluidos gasosos, água e demais matérias-primas (principalmente origem natural).
- INDIRETAS: procedimentos de limpezas, instalações inadequadas, pessoal não paramentado, processos não validados...
Lembrar que a carga microbiana (CM) pode ser alterada durante o processo de fabricação ou mesmo durante o tempo de prateleira do produto, por diversos fatores:
Fórmula:Fórmula: presença de proteínas e carboidratos (cosméticos) se a concentração não for hiperosmótica – favorece a elevação de CM. em contrapartida, presença de etanol, sorbitol, sacarose, propilenoglicol tendem a favorecer CM mais baixas, nas concentrações normalmente utilizadas em líquidos. Conservantes: usados com critério – podem interagir com componentes da fórmula e ter sua atividade reduzida.
pH: pH: microorganismos crescem em pH neutro, com efeitos inibitórios em faixas extremas (ácidas ou alcalinas).
Atividade da água: Atividade da água: fundamental para sobrevivência de microorganismos. Portanto os produtos em água dependem de incorporação de conservantes. Recorrer quando possível às fórmulas extemporâneas!!!
Processo:Processo: altas temperaturas reduzem CM, já temperaturas próximas a 40ºC tem efeito oposto. Água de condensação nas paredes de reatores, ou mesmo vapor de água na tampa de frascos durante o resfriamento podem ocasionar a proliferação de microorganismos
Padrões Microbianos
As primeiras inclusões de limites microbianos aplicados a produtos farmacêuticos e seus insumos ocorreram de forma vaga, como a recomendação de “ausência de emboloramento”;
11ª e 12ª edições da USP:1936 e 1942, respectivamente;
No formulário Nacional de 1970 e na 18ª Edição da Farmacopéia, do mesmo ano, a expressão foi modificada para:
Padrões Microbianos
“Drogas vegetais e animais deverão estar, o máximo possível, isentas de microrganismos, sendo que os patogênicos não deverão estar presentes”;
Padrões Microbianos
Apesar do reconhecimento, há muitos anos, da importância do controle microbiano de produtos não estéreis, a implantação e aceitação dos padrões sanitários tem ocorrido lentamente;
Produtos cosméticos
Métodos de análises:Métodos de análises:
- Amostragem (coleta, transporte e preparação da amostra).
- Determinação numérica ou contagem de formas viáveis.
- Isolamento e identificação dos microorganismos indesejáveis para serem pesquisados.
Medicamentos não estéreis e cosméticos!!!
AmostragemAmostragem
A amostragem a ser efetuada para investigação quanto aos atendimentos aos padrões microbianos deve ser representativa.
-Barricas ou sacos de matéria-prima (pó) não estéril: coletar amostras na região inferior, mediana e superior na quantidade de √n + 1. Efetuar assepsia na área próxima à coleta de amostras, vedar em recipiente hermético a amostra.
- Em processos contínuos, a segmentação do processo deve estar contemplada na amostragem.
- Produto acabado – duplicata de amostra representando início, meio e fim do processo de enchimento e que após fechado a embalagem não existirá a introdução de contaminantes.
Coleta e Transporte das amostrasColeta e Transporte das amostras
- Fazer as amostragens em local limpo;
- Operador treinado;
- Recipientes, dispositivos auxiliares (espátulas, pipetas) estéreis;
- Temperatura adequada para trasnporte.
Preparação da amostraPreparação da amostra
- Verificar a presença de conservantes na fórmula.
- Os conservantes devem ser inativados – substâncias adequadas de acordo com natureza química.Ex. Sais de amônio quaternário 3% de polissorbato + 0,3% de lecitina.
-Ajuste do pH do produto diluído para a faixa de neutralidade.
- Homogeneização.
- Tratamento da amostra para permitir contato íntimo daamostra com o meio diluente.
- Produtos oleosos – adição de agente tensoativo.
Durante o preparo de amostras de produtos não estéreis para a contagem de microrganismos viáveis não patogênicos, é necessário o contato dessas amostras com diluentes biocompatíveis com as células microbianas.
Alguns possíveis diluentes:
- solução de NaCl à 0,9% estéril.- solução de NaCl à 0,9% e peptonada a 0,1% estéril.- solução tampão pH 7,0 estéril.- caldo lactosado estéril.
Exemplo de preparo de amostra para análise microbiológico de um cosmético em diluição decimal seriada:
A diluição 1:10 de uma amostra de cosmético pode ser obtida homogeneizando:
1 g de cosmético + 9 mL de diluente, ou10 g de cosmético + 90 mL de diluente, ou20 g de cosmético + 180 mL de diluente, ou25 g de cosmético + 225 mL de diluente, e assim por diante.
Em todos os exemplos acima, a amostra resultante é diluída a 1:10 (10-1), e consequentemente, em cada mL da diluição teremos uma quantidade de amostra correspondente a um décimo de mL (0,1 mL) e 0,9 mL de diluente.
Métodos de Contagem de MicrorganismosMétodos de Contagem de Microrganismos
Semeadura da amostra em profundidade (Pour Plate)Semeadura da amostra em profundidade (Pour Plate)
- Análise quantitativa.
- Alíquota de 1 a 2 mL da diluição da amostra para réplicas (triplicata) de placas de Petri estéreis.
- Meio de cultura não seletivo líquido, estéril, fundido e resfriado a temperatura (45-48°C), cerca de 20 mL é vertido sobre a placa contendo a amostra e homogeneização com movimento em 8 ou S.
- Incubação na posição invertida após solidificação.
8
Semeadura da amostra em profundidade (Pour Plate)Semeadura da amostra em profundidade (Pour Plate)
Pour Plate:
Segue-se incubação das placas, em estufa, na posição invertida;
Após 2 a 5 dias de incubação a 30 – 35°C, para bactérias e 5 a 7 dias para bolores e leveduras, a 20 – 25°C, as colônias são contadas;
Pour Plate:
Para contagem total de bactérias os meios oficialmente recomendados são principalmente ágar caseína-soja e ágar nutriente;
Para fungos, ágar Sabouraud-dextrose e ágar batata;
- Análise quantitativa.
- Meio de cultura não seletivo ou seletivo sólido, líquido ou semi-sólido preparado e distribuído previamente em placas de Petri ou tubos.
- As diluições são distribuídas por pipetas estéreis, com volumes de 0,1 a 0,5 mL na superfície do gel já solidificado, e espalha com movimentos cuidadosos com bastão de vidro em L ou alça de Drigalski.
-Incubar as placas invertidas.
- Esta metodologia não se aplica a amostras com cargamicrobiana inferior a 2 UFC/g (mL).
Semeadura da amostra em superfícieSemeadura da amostra em superfície
Semeadura da amostra em superfícieSemeadura da amostra em superfície
Meio líquido
Meio semi-sólido
Meio sólido inclinado
Meio sólido placa de Petri
Membrana FiltranteMembrana Filtrante
- Análise quantitativa.
- Alíquotas do produto ou suas diluições – filtradas em membranas apropriadas. - Membranas de 0,45μm ou 0,20 μm de poro e 47 mm de diâmetro.
- Coloca-se a membrana sobre placa contendo meio de cultura solidificado.
- Permite amostragem de volumes elevados.
Membrana FiltranteMembrana Filtrante
Stericup Unidade filtrante STERICUP com membrana express 0,22mm e PVDF 0,45 um, funil e frasco coletor.
Sterifil aseptic Suporte de
filtração a vácuo Sterifil em
polissulfona, composto de funil,
base e copo coletor.
Trasnferir a membrana para placa de Petri e incubar
INCUBAÇÃO DAS AMOSTRASINCUBAÇÃO DAS AMOSTRAS
- Colocar placas em estufa a 30-35° C por 2 a 5 dias na posição invertida, ou estante com tubos, paraverificar a presença de bactérias.
- Colocar placas em estufa a 20-25° C por 5 a 7 dias na posição invertida, ou estante com tubos, paraverificar a presença de fungos e leveduras.
- Contagem: à vista desarmada ou com auxílio de contadores.Transcorrido o tempo de incubação, considerar a contagem, somente das placas da mesma diluição que apresentarem de 30-300 colônias. Multiplica-se a média das mesmas pelorespectivo fator de diluição e se expressa o resultado em UFC/g de amostra.
Número Mais Provável (NMP)Número Mais Provável (NMP)
- Análise estimativa fundamentada em probabilidade.
- Indica o valor dentro de uma faixa que reflete o número de organismos presentes.
- Embora apresentando imprecisão maior – é oficilamente recomendado.
- Melhor revitalização de microrganismos estressados –perfeito contato com o meio de cultura.
-Recomendado para amostras pouco solúveis e translúcidas.
- Permite amostras com níveis elevados de concentração, mas éindicado para quando se espera valores baixos de contagem- caldo de dupla concentração
Número Mais Provável (NMP)Número Mais Provável (NMP)
- Emprega meios líquidos – diluições seriadas das amostras inoculadas nos mesmos.
- Uso de tabelas estatísticas.
- Número de réplicas de cada diluição pode variar - o mais comum : 3 ou 5 réplicas.
-As tabelas oferecem o número mais provável de microrganismos por mL ou g e os limites inferior e superior (limite de confiança de 95%)
- Leitura e obtenção dos resultados se dá por comparação com padrão de turvação de meios de cultura não seletivos.
Para a escolha da tabela na qual se verificará o NMP correspondente à combinação de tubos positivos, atentar para a quantidade (g ou mL) de amostra que foi realmente inoculada em cada tubo das diferentes séries e não o volume inoculado.
Inoculação de
1,0 mL da diluição 10-1 na 1ª série 0,1 g ou mL1,0 mL da diluição 10-2 na 2ª série 0,01 g ou mL1,0 mL da diluição 10-3 na 3ª série 0,001 g ou mL
Quantidade de amostra inoculada em cada série
Quando inoculamos mais de 3 diluições seriadas, selecionar a maior diluição na qual todos os tubos inoculados são positivos e considerar as 2 diluições seguintes maiores que a selecionada.
Exemplo 1: Amostra de medicamento líquido que foi inoculada nas diluições abaixo e apresentaram os seguintes resultados:
10-2 3 tubos positivos10-3 2 tubos positivos10-4 0 tubos positivos
O valor de NMP a ser lido na tabela correspondente seria 3/2/0, que corresponde ao valor 93 NMP/g ou mL. Como, neste caso a amostra estava diluída a 10-2, o resultado obtido na tabela deve ser multiplicado por 100 para a obtenção do valor do NMP real por grama ou mL do alimento em análise. Assim, o resultado final será: 9300 NMP/g ou mL.
Pesquisa de patogênicos específicos
Os microrganismos a serem pesquisados devido à sua presença indesejável nas formulações são:
Pseudomonas aeruginosa: formulações tópicas (próximas aos olhos)
Staphylococcus aureus: formulações tópicas em geral.
Escherichia coli: preparações orais.
Salmonela sp.: preparações orais.