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Análise Estrutural: Nesta análise será avaliada a topologia estrutural definida para o navio que estará submetido a diferentes tipos de solicitações e carregamentos (internos e externos), indicando as possíveis regiões críticas de falha do material do casco (aço). Este processo será conduzido através de um programa de análise estrutural via elementos finitos (ANSYS 9.0). Material: Para o trabalho proposto, utilizaremos o aço doce (A36) com tensão de escoamento igual a 235 MPa, comumente aplicado na construção naval, considerando-o um material linear elástico isotrópico. A tabela 1 mostra as propriedades mecânicas do material: Propriedades Materiais do aço E 206000 MPa Poisson ( ) 0,3 Limite de tração 235 MPa Limite de Compressão 235 MPa Cisalhamento 110 MPa Tabela 1 – Propriedades mecânicas do aço. Critério para análise do aço: De acordo com a sociedade classificadora ABS [1], os critérios para aceitação de tensões em análises numéricas de aço doce na estrutura são:
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Nov 29, 2015

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Marcelo Cardoso
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Page 1: Análise Estrutural de estruturas navais.pdf

Análise Estrutural:

Nesta análise será avaliada a topologia estrutural definida para o navio que estará submetido a

diferentes tipos de solicitações e carregamentos (internos e externos), indicando as possíveis

regiões críticas de falha do material do casco (aço). Este processo será conduzido através de

um programa de análise estrutural via elementos finitos (ANSYS 9.0).

Material:

Para o trabalho proposto, utilizaremos o aço doce (A36) com tensão de escoamento igual a

235 MPa, comumente aplicado na construção naval, considerando-o um material linear

elástico isotrópico. A tabela 1 mostra as propriedades mecânicas do material:

Propriedades Materiais do aço

E 206000 MPa

Poisson ( ) 0,3

Limite de tração 235 MPa

Limite de Compressão 235 MPa

Cisalhamento 110 MPa

Tabela 1 – Propriedades mecânicas do aço.

Critério para análise do aço:

De acordo com a sociedade classificadora ABS [1], os critérios para aceitação de tensões em

análises numéricas de aço doce na estrutura são:

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Optou-se por adotar como critério para o aço a tensão combinada (Von Mises).

O Modelo Numérico:

O modelo constitui-se da região de meia nau do navio. Esta parte da embarcação engloba

o Moonpool e silos de carga, o que torna a região modelada a mais crítica em termos

estruturais. O modelo utiliza elementos de casca para a malha de elementos finitos e utiliza

simetria em relação ao plano diametral do navio, quanto as espessura aplicadas são as

mesmas adotadas para cada um dos elementos constituintes da topologia estrutural.

Unidades utilizadas:

Comprimento em milímetro (mm);

Pressão em 106 Pascal (MPa).

Eixo de coordenadas:

X – direção longitudinal, positiva da ré para vante;

Y – direção transversal, positiva para bombordo;

Z – direção vertical, positiva da linha de base para cima.

Modelação da geometria:

Na criação do modelo geométrico foram considerados todos elementos estruturais

definidos para a topologia (Costado, Anteparas, Conveses, Hastilhas, Longarinas, Sicordas e

Cavernas – Figura 1 e 2).

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Figura 1 - Áreas da geometria do Modelo.

Page 4: Análise Estrutural de estruturas navais.pdf

Figura 2 - Áreas da geometria do Modelo.

Malha de elementos finitos:

A malha de elementos finitos foi definida através de elementos de casca quadrados

procurando manter uma boa razão de aspecto aos elementos. A utilização de elementos

quadrados em vez de triangulares reduz o número de equações, e conseqüentemente o

trabalho computacional.

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Figura 3 – Elemento utilizado – 08 nós por elemento.

Figura 4 – Malha de elementos finitos.

Page 6: Análise Estrutural de estruturas navais.pdf

Figura 5 – Malha de elementos finitos.

Condições de Contorno:

As restrições de translação e rotação do modelo foram definidas de maneira a simular, da

maneira mais real possível, as deformações do casco provenientes do carregamento aplicado.

Para o plano diametral existe a condição de simetria, que restringe a translação em Y e a

rotação em X e Z, é feito também o engaste de alguns pontos relevantes e, aplicado em cada

bordo longitudinal do modelo as condições de contorno necessárias para o bom

funcionamento da análise.

Page 7: Análise Estrutural de estruturas navais.pdf

Figura 6 – Condição de Simetria.

Page 8: Análise Estrutural de estruturas navais.pdf

Figura 7 – Nós engastados.

Condições de Carregamento:

Quando o navio está em operação, as principais cargas atuantes nele são:

Peso

Pressão hidrostática e dinâmica devido às ondas

Peso dos equipamentos

Peso dos silos de Carga

Vento

Batida de proa na água (Slamming)

Forças induzidas pelo propulsor

Page 9: Análise Estrutural de estruturas navais.pdf

Dos itens de carga acima, foram representados no modelo apenas os quatros primeiros. Como

se observa, a maioria das forças tem caráter dinâmico, contudo, a análise realizada é estática

considerando apenas o regime elástico. Para representar as pressões dinâmicas foi adotado

um fator, recomendado pela regra da DNV [02], que depende basicamente da aceleração

vertical e das características principais do navio.

Pressão Externa

De acordo com a DNV, a pressão externa pode ser calculada a partir da soma da pressão

hidrostática com a dinâmica, isto através da seguinte formula:

Onde:

= Pressão dinâmica

= distância vertical da linha d’água até o ponto analisado

= distância horizontal da linha de centro até o ponto de carregamento

= Boca

= calado

= distância vertical da linha de base até o ponto de carregamento

Page 10: Análise Estrutural de estruturas navais.pdf

= menor valor entre T e f

= distância vertical da linha d’água até o topo do costado do navio na seção transversal

considerada

Coeficiente do carregamento de onda

Através desta formulação chega-se a seguinte equação para este modelo:

KN/m2

Onde:

KN/m2

Onde:

KN/m2

Portanto:

KN/m2

Como trabalhamos o modelo em milímetros e com pressão em MPa, vem:

MPa

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Figura 8 – Aplicação da função de pressão externa.

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Figura 9 – Pressões externas aplicadas ao modelo – Costado e Moonpool.

Carga dos Silos, Guindaste e Peso da estrutura:

Tendo em vista que a região modelada possui no convés principal um equipamento de

grande peso, um guindaste, e Silos para transporte de carga (Lama e Brine), estes devem ser

levados em conta na analise estrutural proposta. Na tabela 2 seguem os cálculos das pressões

aplicadas.

Onde:

g = aceleração da gravidade

Amplitude da Aceleração foi retirada do programa Seakeeper.

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Logo depois, também foi adicionada ao modelo a força gravitacional, isto, para que a

análise considere o peso dos elementos constituintes da estrutura modelada.

Tabela 2 – Cálculo das pressões provenientes da carga e do guindaste.

Figura 10 – Carregamento dos Silos aplicado ao modelo.

Page 14: Análise Estrutural de estruturas navais.pdf

Figura 11 – Carregamento Completo – Silos, Guindaste e Peso da estrutura.

Resultados:

Após a conclusão da modelação geométrica, definição do material, malha, condições de

contorno e carregamento adequadas, podemos prosseguir com o solver do programa, para

que finalmente possamos analisar as tensões geradas na estrutura. Abaixo seguem algumas

ilustrações (Figuras de 13 a 17) e logo após duas animações (Vídeo 1 e 2) do solver. Nas figuras

pode-se notar que a máxima tensão de Von Mises alcançada foi de 129,014 MPa e máximo

deslocamento, apesar do exagero visual de deformação do software, foi de apenas 3,786mm.

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Figura 12 – Modelo com todos contornos e carregamentos aplicados a malha.

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Figura 13 – Tensão de Von Mises – Visão geral.

Page 17: Análise Estrutural de estruturas navais.pdf

Figura 14 – Tensão de Von Mises – Zoom na região fundo duplo.

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Figura 15 – Tensão de Von Mises – Zoom na região inferior do Moonpool.

Page 19: Análise Estrutural de estruturas navais.pdf

Figura 16 – Tensão de Von Mises – Costado e Fundo.

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Figura 17 – Tensão de Von Mises – Zoom na região do fundo.

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Figura 18 – Tensão de Von Mises – Visão geral.

Page 23: Análise Estrutural de estruturas navais.pdf

Vídeo 2 - Dê um click na imagem para ver a animação.

Avaliação da estrutura:

Observou-se que toda a carga de pressão externa é bem suportada pelo chapeamento do

fundo, do costado, cavernas e anteparas do Moonpool.

O carregamento devido ao guindaste também não gerou problemas e foi suportado

pelo chapeamento do convés principal, sicordas e cavernas.

O efeito das pressões internas provenientes da carga dos Silos foi o mais agravante dentre as

regiões tencionadas, contudo, ainda foi bem suportada pelo chapeamento do fundo duplo,

hastilhas e longarinas.

Como dito anteriormente, a máxima tensão de Von Mises alcançada no modelo foi de

129,014 MPa e máximo deslocamento de 3,786mm. Como o critério de avaliação é a obtenção

de uma tensão máxima de Von Mises de 188 Mpa, conclui-se que a topologia estrutural

ficou bem dimensionada, pois não ultrapassou e nem ficou tão abaixo do critério estipulado.