-
0
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DO ESPRITO SANTO FACULDADE DO
ESPRITO SANTO - UNES CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUO
CSSIO RIGO ALTO
ANLISE DO PROCESSO PRODUTIVO DAS ROCHAS ORNAMENTAIS EM BUSCA DE
UMA SOLUO PARA OS IMPACTOS GERADOS
CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM 2013
-
1
CSSIO RIGO ALTO
ANLISE DO PROCESSO PRODUTIVO DAS ROCHAS ORNAMENTAIS EM BUSCA DE
UMA SOLUO PARA OS IMPACTOS GERADOS
Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao curso de Engenharia
de Produo na Faculdade do Esprito Santo, como requisito parcial
para obteno do grau de Bacharel em Engenharia de Produo.
Orientador: Prof. Dr. Edison Thaddeu Pacheco
CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
2013
-
2
CSSIO RIGO ALTO
ANLISE DO PROCESSO PRODUTIVO DAS ROCHAS ORNAMENTAIS EM BUSCA DE
UMA SOLUO PARA OS IMPACTOS GERADOS
Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao curso de Engenharia
de Produo na Faculdade do Esprito Santo, como requisito parcial
para obteno do grau de Bacharel em Engenharia de Produo.
COMISSO EXAMINADORA
__________________________________________________ Prof. Dr.
Edison Thaddeu Pacheco
Orientador
__________________________________________________ Prof. Dr.
Iouri Kalinine
__________________________________________________ Prof. Me.
Sharinna Venturim Zanuncio
-
3
Dedico a minha famlia.
-
4
AGRADECIMENTOS Agradeo primeiramente a Deus que iluminou minha
mente durante todo esse tempo e poder concluir mais essa conquista
na minha vida. A minha famlia que sempre me apoiou durante essa
caminhada. Aos amigos conquistados na Faculdade, que estaro
eternamente guardados em minha memria. Aos meus professores,
principalmente meu orientador Edison Thaddeu Pacheco.
-
5
[...] ns somos conhecedores ativos, no recipientes passivos,
vtimas cognitivas,
de tudo o que o mundo atira bem casualmente em nossa direo.
Dennis Senchuk
-
6
ALTO, Cssio Rigo. Anlise do processo produtivo das rochas
ornamentais
em busca de uma soluo para os impactos gerados. 2013. Trabalho
de
Concluso de Curso Graduao em Engenharia de Produo Faculdade
do
Esprito Santo, Cachoeiro de Itapemirim, 2013.
RESUMO
A indstria de rochas ornamentais muito importante para a
economia brasileira,
especialmente para a do Esprito Santo. O setor encerrou o ano de
2011 com R$1,3
bilhes em exportao no Estado, responsvel por 7% do PIB capixaba.
Possui
cerca de 1.700 empresas e geram aproximadamente 20 mil empregos
diretos. Essas
indstrias causam vrios impactos ao meio ambiente e aos seus
trabalhadores,
sendo esses acarretados tanto no processo de lavra quanto no
beneficiamento. O
objetivo deste trabalho relatar como realizado o processo
produtivo das rochas
ornamentais do incio ao fim, destacando os danos gerados ao meio
ambiente e nas
pessoas que esto ao seu redor, buscando alternativas sustentveis
ou que diminua
o impacto no meio ambiente e medidas que promovam uma diminuio
dos riscos
em que os trabalhadores ficam expostos. Para realizao deste
trabalho a
metodologia adotada foi primeiramente a reviso de bibliografias
e a prtica de
visitas em lavras (pedreiras) e beneficiamento (serrarias e
marmorarias),
responsveis pela produo completa das rochas ornamentais,
buscando analisar
os principais impactos gerados. Portanto, sero buscadas melhores
formas de
diminuir os danos causados ao ser humano e ao meio ambiente
durante o processo
produtivo. Afinal uma empresa com responsabilidade deve adotar
medidas de
compromisso com o meio ambiente e com a sociedade.
Palavras-chave: Rochas ornamentais. Impactos. Meio ambiente.
-
7
ALTO, Cssio Rigo. Anlise do processo produtivo das rochas
ornamentais
em busca de uma soluo para os impactos gerados. 2013. Trabalho
de
Concluso de Curso Graduao em Engenharia de Produo Faculdade
do
Esprito Santo, Cachoeiro de Itapemirim, 2013.
ABSTRACT
The dimension stone industry is very important for the Brazilian
economy, and
especially for Esprito Santo. The stone sector in the state
ended the year 2011 with
$ 1.3 billion in exports, accounting for 7% of GDP of Esprito
Santo. It has about
1,700 businesses and generates about 20,000 direct jobs. These
industries generate
various impacts on the environment and the human being, and
these caused both
the mining process as milling. The aim of this paper is to
report how is the production
process of ornamental rocks from beginning to end, highlighting
their impacts on the
environment and the people who are around you, seeking
sustainable alternatives or
reduce the impact on the environment and measures promote a
reduced risk in which
workers are exposed. To carry out this work the methodology
adopted was first
reviewing bibliographies and practice visits in mines (quarries)
and processing
(sawmills and marble), responsible for the complete production
of ornamental rocks,
trying to analyze the main impacts. Therefore, this work will be
sought the best ways
to reduce the impacts to humans and the environment caused. For
a company with
responsibility to adopt measures of commitment to the
environment and society.
Keywords: Ornamental. Impacts. Environment.
-
8
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
AEDRIN Associao das Empresas Depositantes de Resduos Industriais
de
Mrmore e Granito
CIPA Comisso Interna De Preveno De Acidentes
DNPM Departamento Nacional de Produo Mineral
DORT Distrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EPC Equipamento de Proteo Coletiva
EPI Equipamento de Proteo Individual
IEMA Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hdricos
NBR Norma Brasileira
NR Normas Regulamentadoras
NRM Normas Reguladoras de Minerao
PIB Produto Interno Bruto
PPRA Programa De Preveno De Riscos Ambientais
RIMA Relatrio de Impacto Ambiental
SEDES Secretaria de Estado de Desenvolvimento
SINDIMRMORE - Sindicato dos Trabalhadores do Mrmore e Granito do
Esprito
Santo
SINDIROCHAS Sindicato das Indstrias de Rochas Ornamentais
-
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Impactos causados na lavra
........................................................................
28
Figura 2 Poeira gerada na perfurao
.......................................................................
29
Figura 3 Condies de trabalho na perfurao
......................................................... 30
Figura 4 Lama abrasiva aps secagem no filtro prensa
............................................ 33
Figura 5 Casqueiros de rocha
...................................................................................
34
Figura 6 Caqueiros de rocha acumulado
...................................................................
34
Figura 7 Acabamento nas rochas cortadas
...............................................................
35
Figura 8 Arrumao das chapas aps serragem (tear multilminas)
....................... 36
Figura 9 Trabalhador movimentando chapa de granito
............................................. 37
Figura 10 Modelo de sistema de tratamento de efluentes (lama
abrasiva) .............. 44
Figura 11 Aterro de lama abrasiva
............................................................................
45
Figura 12 Muro de arrimo usando casqueiros de rocha
............................................ 51
-
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais funes e EPIs de uso eventual ou de rotina na
pedreira .......... 42
Tabela 2 Traos da confeco dos tijolos e resultados a resistncia
e compresso
simples
..........................................................................................................................
48
Tabela 3 Tipo, dimenso, uso e exemplo de tijolos ecolgicos
................................. 49
-
11
SUMRIO
1 INTRODUO
...........................................................................................................
12
2 REVISO DE LITERATURA
......................................................................................
14
2.1 Conceitos de Rochas Ornamentais
.........................................................................
14
2.2 Caractersticas e Importncias do Setor
.................................................................
15
2.3 Ciclo Produtivo
........................................................................................................
16
2.4 Conceituaes de Lavra
..........................................................................................
16
2.4.1 Formas de lavra para macios rochosos
..............................................................
17
2.4.2 Formas de lavra para mataces
...........................................................................
20
2.5 Conceituaes do Beneficiamento das Rochas Ornamentais
................................. 20
2.5.1 Desdobramento
....................................................................................................
21
2.5.2 Flameado, apicoado, levigado e polido
................................................................
23
3 IMPACTOS
CAUSADOS............................................................................................
26
3.1 Impactos Causados na Lavra
..................................................................................
26
3.1.1 Impactos Causados ao Meio Ambiente na Lavra
................................................. 26
3.1.2 Impactos Causados ao Ser Humano na Lavra
..................................................... 29
3.2 Impactos Causados no Beneficiamento
..................................................................
32
3.2.1 Impactos causados ao meio ambiente no beneficiamento
................................... 32
3.2.2 Impactos causados ao ser humano no beneficiamento
....................................... 35
4 FORMAS DE AMENIZAR OS IMPACTOS
.................................................................
38
4.1 Redues dos Impactos na Lavra ao Meio Ambiente
............................................. 38
4.2 Redues dos Impactos na Lavra ao Ser Humano
................................................. 40
4.3 Redues dos Impactos no Beneficiamento ao Meio Ambiente
.............................. 43
4.4 Redues dos Impactos no Beneficiamento ao Ser Humano
................................. 46
4.5 Reutilizaes dos Resduos
....................................................................................
47
5
CONCLUSO..........................................................................................................
... 53
6
REFERNCIAS........................................................................
.................................. 54
-
12
1 INTRODUO
As rochas ornamentais comearam a serem usadas nas construes h
milhares de
anos, suas vantagens em relao aos outros materiais (como a
madeira, por
exemplo) eram de ter uma maior resistncia e durabilidade com o
passar do tempo.
Essa caracterstica foi percebida facilmente por grandes povos da
antiguidade e
seus vestgios se encontram at hoje em nosso meio, como o caso
dos templos
gregos, das gigantes pirmides egpcias, e das grandes construes
incas, astecas
e maias nas Amricas. Mas apesar das rochas serem utilizadas h
vrios anos, o
volume explorado era pequeno e geravam poucos impactos.
Segundo os dados do site do Sindirochas, as rochas comearam a
ser extradas no
Esprito Santo no ano de 1957 pelos empreendedores pioneiros
Horcio
Scaramussa e Og dias de Oliveira. Logo aps, muitos homens tambm
aderiram a
esse trabalho, e no final da dcada de 70 houve a descoberta de
imensas reservas
de mrmore e granito, o que propiciou um grande crescimento nas
extraes de
rochas e nas outras etapas de seu beneficiamento no estado do
Esprito Santo.
Por muito tempo essas operaes foram realizadas sem preocupao com
o meio
ambiente e com a sade e segurana do trabalhador desses locais.
Muitas pedreiras
foram abertas em locais imprprios, como na beira de rios e
lagos, assim como
tambm muitas serrarias eliminavam seus resduos sem cuidado
algum, devastando
o ambiente, podendo contaminar at mesmo o lenol fretico. O que
deixou um
imenso dano a fauna e flora. Com a falta de conscientizao, a
preocupao com o
trabalhador tambm era a mnima possvel, por isso o ndice de
acidentes era
constante.
Nessas ltimas dcadas comeou a surgir uma preocupao maior com o
meio
ambiente em todo o mundo, principalmente sobre a escassez de gua
potvel, e no
Brasil no foi diferente. Comearam vrias campanhas para preveno
ambiental.
Desde ento os problemas ambientais passaram a chamar cada vez
mais ateno.
Por isso, a cada dia novas leis so criadas para um maior
controle, alm disso,
novos institutos e rgo esto sendo formados com propsito de
fiscalizar cada vez
mais os infratores. Os alvos dessa fiscalizao podem ser tanto
pessoas fsicas ou
-
13
jurdicas, mas o foco principal so as empresas que trabalham com
a explorao de
produtos no renovveis e que utilizam gua no seu sistema
produtivo, como por
exemplo, as indstrias de lavra e beneficiamento de rochas
ornamentais.
Essa preocupao tambm teve efeito sobre as formas de trabalho
nessas
indstrias. Devido grande quantidade de acidentes no setor,
comearam a ocorrer
fiscalizaes constantes por rgos governamentais e pelo sindicato
da categoria,
chamado de Sindimrmore (Sindicato dos Trabalhadores do Mrmore e
Granito do
Esprito Santo).
No processo de lavra, os maiores problemas gerados que afetam o
meio ambiente
so devido ao mau planejamento no incio das atividades, com isso
ocorre um
empobrecimento do solo, risco de assoreamento de rios e crregos
e retirada da
vegetao nativa, afetando a fauna e a flora do local. Na extrao
encontramos os
problemas que causam danos ao trabalhador, eles esto
relacionados poeira
gerada pelas perfuraes, movimentos de veculos e mquinas, o alto
ndice de
barulho produzido pelos equipamentos e o fator ergonmico que o
trabalhador fica
exposto.
J na etapa do beneficiamento os maiores problemas esto
relacionados poluio
da gua e do solo. Isso acontece pela lama abrasiva gerada no
processo produtivo
que se descartada de forma incorreta, contamina o solo e os
recursos hdricos.
Nesse ambiente o impacto que o ser humano fica exposto so os
rudos provocados
pelas mquinas, ao ar impuro causado pelas lixadeiras na fase de
acabamento e ao
risco de acidente devido necessidade de manuseio e transporte da
rocha.
Portanto, este trabalho tem como objetivo investigar o processo
produtivo das rochas
ornamentais e analisar os impactos gerados seja eles ao meio
ambiente ou ao ser
humano. Buscando encontrar solues para reduzir os danos e os
rejeitos
produzidos na lavra e no beneficiamento, e se possvel utilizao
desses como
matria prima para outra cadeia produtiva. E estudar mtodos para
diminuir o mal
causado as pessoas que esto inseridas nesses processos.
-
14
2 REVISO DE LITERATURA
2.1 Conceitos de Rochas Ornamentais
Segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), as
rochas
ornamentais so caracterizadas por serem um material rochoso
natural, submetidas
a diferentes graus de aperfeioamento e utilizada para exercer
uma funo de
esttica.
De acordo com a Associao Brasileira de Rochas Ornamentais
(Abirochas), as
rochas ornamentais e de revestimentos, conhecidas tambm como
pedras naturais,
rochas lapdeas, rochas dimensionais e materiais de cantaria, so
os tipos litolgicos
que podem ser extrados tanto em blocos quanto em chapas,
cortados de formas
variadas e depois beneficiadas por esquadrejamento, polimento,
lustro, entre outros.
No ambiente das rochas ornamentais, blocos so pedaos da rocha
extrada em
uma forma planejada no formato de paraleleppedo retangular, de
dimenses
variadas e volume geralmente entre 5m a 10m.
Para Mendes et al (2002) em termos de classificao, as rochas
ornamentais foram
divididas em duas categorias comerciais, a classe dos granitos e
dos mrmores.
Nessa primeira, relaciona a famlia das rochas silicticas,
incluindo as gneas cidas,
intermedirias e bsicas, que podem ser de origem plutnica,
sub-vulcnica a
vulcnicas. Ainda sobre os granitos, possuem rochas metamrficas e
sedimentares
com diagnese alta, representada comercialmente por quartzitos,
arenitos,
conglomerados e rochas migmatticas. J a classe dos mrmores,
formada tanto
de forma sedimentar quanto metamrfica. Os mrmores so rochas
carbonatadas,
onde se inclui calcrios dolomitos e outros correspondentes
metamrficos. O
calcrio formado principalmente por calcita (carbonato de clcio)
enquanto os
dolomitos so basicamente dolomita (carbonato de clcio e
magnsio).
As demais rochas ornamentais compreendem aos quartzitos, as
ardsias, os
serpentinitos, os esteatitos, os arenitos e os conglomerados.
Alguns desses
materiais possuem o beneficiamento muito parecido com o do
mrmore e do granito,
por isso, frequentemente so comercializados com esse nome.
-
15
2.2 Caractersticas e Importncia do Setor
Segundo a pgina na internet do governo do Esprito Santo (2010,
acesso em 22 de
abr. 2013), as rochas capixabas atraem grandes negcios nacionais
e
internacionais. O estado o maior produtor, processador e
exportador do Brasil,
alm de estar localizada mais da metade das indstrias desse setor
no pas.
responsvel por 80% das exportaes brasileiras no segmento,
contribuindo para o
saldo da balana comercial. Cristina Santos, atual secretaria de
Estado e
Desenvolvimento, ressalta que o Espirito Santo referncia mundial
no setor e lder
na produo de rochas, possui um grande potencial geolgico e
investimento em
pesquisas de extrao e beneficiamento.
Dados tirados do site do governo do estado do Esprito Santo
(acesso em 22 de abr.
2013) mostraram que com a extrao e beneficiamento o setor gera
em torno de 130
mil empregos, onde cerca de 20 mil so diretos e 110 mil so
indiretos. O Espirito
Santo contm 57% das instalaes de equipamentos instalados no
Brasil,
aproximadamente 900 teares em operao. E responde por 7% do PIB
capixaba.
Ainda segundo o governo do estado, a extrao nas jazidas de
mrmores
concentrada em Cachoeiro de Itapemirim enquanto a extrao de
granito Nova
Vencia referncia. O principal polo de beneficiamento de rochas
fica localizado na
regio sul do estado, porm, a regio da grande Vitria vem
registrando crescimento
de empresas de grande porte, e o seu produto caracterizado por
ter um maior valor
agregado (ESPRITO SANTO, acesso em 22 de abr. 2013).
Para auxiliar na divulgao das novas descobertas o setor conta
com duas feiras
internacionais, uma que acontece em Cachoeiro de Itapemirim
(Cachoeiro Stone
Fair), geralmente no ms de agosto, e outra em Vitria (Vitria
Stone Fair) em
fevereiro. Elas possibilitam que os empresrios fiquem por dentro
das novas
tecnologias de beneficiamento alm de divulgar seus materiais aos
visitantes que
veem de diversas regies do pas e do exterior.
-
16
2.3 Ciclo Produtivo
So destacadas trs importantes fases no processo de produo das
rochas
ornamentais, a lavra ou extrao, o beneficiamento primrio e o
beneficiamento
secundrio ou final.
Na lavra ocorre a retirada da matria prima, o produto dessa
lavra so os blocos de
formato retangulares e medidas variadas. No beneficiamento
primrio, segunda
etapa, conhecida como serragem ou desdobramento, o processo em
que o bloco
transformado em chapas, essa fase marca a primeira etapa do
beneficiamento. A
terceira etapa, do beneficiamento final onde o beneficiador dar
o ltimo acerto de
acordo com a necessidade do cliente, podendo ser polida, cortada
e trabalhada aos
detalhes.
2.4 Conceituaes de Lavra
Para o Ministrio de Minas e Energia (2010, acesso em 22 de abr.
2013), o processo
de lavra definido como um conjunto de operaes coordenadas com o
objetivo do
aproveitamento industrial da jazida, desde a extrao de
substncias minerais teis
at o beneficiamento das mesmas. Contudo, antes da aprovao da
lavra a jazida
dever estar pesquisada com relatrio aprovado pelo DNPM
(Departamento
Nacional de Produo Mineral) e a rea de lavra dever ser adequada
conduo
tcnico-econmico dos trabalhos de extrao e beneficiamento
respeitando os
espaos limites da rea de pesquisa.
Para a extrao do mineral necessrio que o empreendedor esteja
regularizado de
acordo com as normas do DNPM, que concede a ele licenas para
exercer tal
atividade. Caso contrrio, estar sujeito a algumas punies, como
por exemplo,
pagamento de multa e apreenso dos equipamentos de trabalho que
estiverem no
local.
Nessa etapa importante fazer a anlise de qual forma de lavra ser
adotada na
extrao. Esse estudo mostra qual melhor maneira de trabalho reduz
os custos e os
impactos no meio ambiente e proporciona uma boa
produtividade.
-
17
De acordo com Cabello et al (2012) a forma de como a lavra vai
ser feita depende da
caracterstica da rocha, condies topogrficas, afloramento,
fratura, tipo e
espessura da cobertura, entre outros. As pedreiras esto em busca
de um sistema
de produo em que haja maiores recuperaes e melhor qualidade do
produto com
menores taxas de resduos. Mas infelizmente, devido ao alto custo
da consultoria,
vrias empresas no fazem esse estudo, assim no sabem qual tcnica
e forma de
lavra melhor para seu beneficiamento.
Reis (2003) nos mostra que as rochas ornamentais podem ser
lavradas de dois
modos, em macios rochosos ou em mataces. Os mtodos de lavra um
conjunto
de planejamento, dimensionamento e execuo de tarefas, onde haja
harmonia
entre as tarefas e os equipamentos dimensionados. Deve-se tambm
observar se o
material est ideal para ser lavrado, observando se existem
impurezas, trincas, entre
outros.
Giaconi (1998) finaliza dizendo que um projeto bom deve se
escolher o melhor
mtodo de lavra e o uso de tecnologias adequadas para realizao do
trabalho,
indicando a quantidade que se deseja produzir, levando em
considerao cada
detalhe da jazida. Jugasse o melhor mtodo o que proporcionara
melhor custo
benefcio.
2.4.1 Formas de lavras para macios rochosos
a) Lavra subterrnea
Pelo fato de se ter grande quantidade de rochas na superfcie,
muito raro
encontrar uma lavra subterrnea, ela usada quando se tem o
intuito de aproveitar
ao mximo os materiais provenientes da jazida quando eles possuem
alto valor
agregado. Assim como aconteceu na principal mina subterrnea de
rochas
ornamentais localizada nos Estados Unidos, no estado de Vermont,
sua atividade
comeou em 1870 com extrao a cu aberto, porm, em 1907 passou a
ser
subterrnea, trata-se de uma camada horizontal de mrmore com
profundidade de
500m (DUARTE, 1998, apud REIS; SOUSA, 2003).
-
18
Essa forma de lavra marcada pelo fato de agredir pouco o meio
ambiente. O difcil
manter a estabilidade da mina, por isso, o risco de acidentes
srios muito
grande.
b) Lavra por desabamento
Nesse mtodo a rocha separada do macio por meios de explosivos,
so
fragmentados vrios pedaos, grandes e pequenos, ambos de formas
irregulares.
Segundo Chiodi Filho (1998) esse mtodo pode ser utilizado em
locais acidentados
com rochas valorizadas, mas com fraturamentos complexos. A
energia resultante da
detonao elevada, o que pode gerar desmoronamentos incontrolveis.
Por isso
nesse processo a quantidade de refugo produzido muito grande.
Nos granitos de
Palma (Itlia) algumas detonaes chegam a desmontar 5.000m de
rocha.
Reis e Souza (2003) concluem que esse mtodo exige pouco
conhecimento tcnico
e seu custo de operao e investimento inicial baixo. Seu custo
comparado ao
da lavra por mataces, entretanto, esse exige maiores
equipamentos de limpeza
para a grande quantidade de refugo.
c) Lavra por tombamento
Para Chiodi Filho (1998) esse processo indicado para terrenos
menos
acidentados, onde o macio fatiado horizontalmente ou
verticalmente. As fatias
horizontais so indicadas quando o terreno possui inclinao de at
40, enquanto
na vertical o terreno no abundante e o relevo muito inclinado.
Esse tipo de lavra
dividido de duas formas: bancadas baixas e bancadas altas.
- Bancadas baixas:
De acordo com Matta (2003), essa forma de extrao usada para
jazidas ditas
homogneas, e a altura da bancada corresponde ao tamanho do bloco
que ser
-
19
comercializado posteriormente, e conclui que a extrao dessa
pedreira pouco
seletiva.
Muitas vezes essas bancadas so utilizadas por pedreiras que esto
na fase inicial,
pois elas no conseguem no incio de suas atividades lavrarem
bancas com mais de
3 metros de altura. Tambm so usadas quando no possvel lavrar
em
profundidade.
- Bancadas altas:
Chiodi Filho (1998) mostra que geralmente as lavras por bancadas
altas so para
produo em grande escala desdobrando blocos primrios, secundrios
e tercirios.
Segundo ele, o bloco primrio possui entre 6 a 8 metros de
altura, ou mais
amplamente 4 a 16 metros, espessura entre 3 a 6 metros e largura
de 15 a 40
metros. Podendo atingir at 2.000m.
Segundo Reis e Souza (2003) so vrias as tecnologias de corte
disponveis, mas a
mais utilizada a do fio diamantado. Tambm afirmam que esse
processo
marcado pela grande quantidade de perfuraes que so feitas no
bloco primrio e
no secundrio at chegar ao tercirio, bloco ideal para se
comercializar.
d) Lavra em poo e em fossa:
Para Matta (2003) essas formas de lavra so variaes da lavra em
bancadas, ela
caracterizada pela depresso formada no terreno, esse mtodo
geralmente
aplicado em jazidas que se encontram em plancies, e suas
depresses so
limitadas ao nvel do lenol fretico, por isso inundaes so
frequentes e s vezes
necessrio o uso de bomba dgua para continuar o processo de
produo.
Reis e Souza (2003) afirmam que essa lavra causa uma mnima
poluio visual, pois
s possvel v-las de nveis mais elevados. O acesso ao fundo da
lavra feito por
escadas ou guindastes. Na do tipo poo, as laterais so ainda mais
inclinada, e com
pouco espao para manobras, o que torna o ambiente ainda mais
propcio a
-
20
acidentes srios, frequentemente associados a quedas e
atropelamentos, por isso
essa forma de lavra deve ser a ltima opo.
Chiodi Filho (1998) lembra que a evoluo da lavra em fossa e poo
pode se tornar
uma lavra subterrnea pelas aberturas de galerias a partir do
piso da lavra. Porm,
devido ao aumento do custo, essa forma deve ser adotada somente
por materiais
excelentes.
2.4.2 Formas de lavra para mataces
Os mataces so partes dos macios que se desprenderam com o passar
do tempo
por causa das aes de intemperes em suas fraturas, sua forma
geralmente
arredondada devido esfoliao concntrica, eles foram deslocados
dos macios
atravs do rolamento (CHIODI FILHO, 1998).
A lavra de mataces consiste em um mtodo menos trabalhoso e
arriscado, pois
apresenta baixo custo de produo e mo-de-obra pouco
especializada.
Em sua lavra o enquadramento dos blocos feito com cunhas manuais
ou
pneumticas, para cunhas manuais aconselham mataces de at 100m,
no
segundo caso ocorre utilizao de explosivos em furos coplanares e
paralelos, suas
vantagens so: rpida inicializao do trabalho, baixo investimento
inicial, mo-de-
obra pouco especializada, equipamento simples e custo
operacional baixo (REIS;
SOUZA, 2003).
2.5 Conceituaes do Beneficiamento das Rochas Ornamentais
O beneficiamento das rochas ornamentais a etapa que acontece
depois do
processo de lavra. E so divididos em beneficiamento primrio, se
refere ao
desdobramento ou serragem, e o secundrio, que na maioria das
vezes se refere ao
polimento, mas tambm pode ser flameado, apicoado, escovado ou
jateado.
As etapas de beneficiamento so referentes s etapas de produo que
o bloco
sofre aps ser extrado. Para Sousa (2007) a etapa que acontece
depois da lavra,
-
21
onde comea o trabalho visando comercializao dos materiais
produzidos,
ajustando as dimenses, o acabamento e produto final. Por isso
esse processo
dividido em duas etapas: o beneficiamento primrio e
beneficiamento secundrio
(final).
2.5.1 Desdobramento
O processo ocorre geralmente da seguinte maneira: a matria prima
(bloco) levada
por meio das rodovias at a serraria, onde o bloco descarregado
pelo prtico,
estrutura de ferro com guincho capaz de levantar e armazenar o
bloco. O
desdobramento ou serragem o primeiro beneficiamento que acontece
aps o
material chegar da pedreira.
Nessa etapa o bloco processado em chapas, na maioria das vezes,
de dimenses
2,85 metros de comprimento por 1,80 metros de altura. A
espessura varia de acordo
com a necessidade do cliente, mas a medida padro de dois
centmetros para
atender o mercado nacional e trs centmetros para atender o
mercado
internacional.
Essa parte do corte do bloco costuma ser realizada por teares
multilminas, que
composto por lminas de ao que trabalham com um movimento
pendular e com o
uso de granalha para auxiliar o corte na abraso ou com lminas
diamantadas que
trabalham com movimento horizontal para no quebrar os diamantes,
elas so muito
utilizadas para serrar mrmores; ou corte com discos diamantados
(conhecido como
talha-bloco), um aparelho que corta com auxlio de discos de
grande dimenso; ou
por fim corte com tear de fio diamantado (multifio diamantado),
maior tecnologia
atualmente quando se trata de serragem de rochas
ornamentais.
Teares Multilminas:
uma mquina composta por um quadro, sustentado por quatro
pilares, em que so
colocadas as lminas, e realiza movimento pendular (caso esteja
usando lminas de
ao) ou movimento horizontal (caso esteja usando lminas
diamantadas). Esse
movimento exercido por um motor eltrico, que por correias ligado
a um
-
22
volante, uma roda de ferro com cerca de trs metros de dimetro,
esse sistema cria
uma inrcia que atravs de um brao transmite o movimento ao quadro
onde se
encontra a lmina.
O bloco colocado debaixo do tear por meio de um carro
transportador, que desce o
quadro de lminas em movimento sobre o bloco, iniciando o corte
por meio do atrito.
Esse trabalho todo feito em contato com a lama abrasiva,
geralmente composto de
gua, granalha de ao, cal e p de pedra. Alm de refrigerar o
atrito gerado, essa
lama que circula no processo, ajuda no corte, transportando a
granalha at a
superfcie inferior da lmina. Por isso esse processo apresenta um
sistema de
abraso onde h trs corpos, a lmina, a lama e a rocha.
Corte Com Discos Diamantados ou Talha-blocos:
uma mquina composta por diversos discos diamantados de grande
dimetro,
capaz de cortar grande profundidade do bloco em um pequeno
tempo. As
quantidades de materiais produzidos por eles so insignificativos
perto do que
produzido pelos outros teares. O talha bloco utiliza blocos de
tamanhos inferiores,
com altura de 0,45 metros at no mximo 1,2 metros, fazendo assim
um
aproveitamento dos materiais que seriam descartados nas
pedreiras, por isso
consegue uma matria prima de primeira qualidade a um preo mais
acessvel.
Tear Multifios Diamantado:
Atualmente, no que diz respeito serragem de rochas ornamentais,
os teares
multifios diamantados so as tecnologias do momento, suas
vantagens so vrias se
comparadas ao tradicional multilminas.
O tear a fio diamantado basicamente uma estrutura de ferro com
vrios rolos
cilndricos de tamanhos diferentes por onde passa o fio
diamantado. Esses rolos so
independentes, por isso cada fio mantm sempre uma tenso prpria e
giram pelo
torque de um motor eltrico. O bloco de rocha colocado debaixo da
mquina, os
fios, j em movimento, descem sobre o bloco, comeando assim a
serragem, que
tambm utiliza gua para refrigerar o sistema. Esse sistema compe
uma abraso a
-
23
dois corpos, apenas o abrasivo e a rocha, diferente dos teares
tradicionais como
citado anteriormente.
De acordo com Reckelberg (2011), esses novos teares devem mudar
a estrutura das
empresas, eles podem ser instalados ao ar livre, e sua operao
pode ser feita por
apenas duas pessoas, uma operando a mquina e outra movimentando
os
materiais, assim tendo um custo fixo menor. Ainda cita que os
teares multifios
possuem uma grande facilidade de montagem, podendo, dependendo
do caso, ser
transportado de um local para outro por caminho trucado. Alm de
produzir um
resduo mais fcil de ser reaproveitado e que polui menos o meio
ambiente.
Se compararmos com um tear multilminas, a principal vantagem
observada que o
tear a fio diamantado teve foi reduo quase total do consumo de
gua, pois aps
uma simples decantao possvel separar os slidos maiores,
retornando a gua
limpa para o processo; diminuio dos gastos com energia eltrica
em 40% e 15%
em materiais de insumo (como cal, lmina e granalha), diminuio do
impacto ao
meio ambiente, pois so basicamente gua e p de pedra, e por fim,
a capacidade
de produo maior em um curto espao de tempo e a qualidade da
superfcie da
chapa aps a serrada (Pedras do Brasil, 2003 apud Ribeiro,
2005).
Por fim, Martignoni (2013), finaliza dizendo os teares multifios
a realidade do setor
de rochas ornamentais quando se fala em modernidade e
produtividade, e a
tendncia que todas as empresas substituam seus teares
tradicionais. Tambm diz
que essa tecnologia o presente, e que nenhum empresrio deve
adquirir um
produto que no seja tecnologia de ponta.
2.5.2 Flameado, apicoado, levigado e polido
A etapa de beneficiamento secundrio ou final se refere
principalmente ao processo
de acabamento da superfcie da chapa. Outra etapa que vem logo
depois e tambm
se encaixa aqui sua etapa de corte, recorte e acabamento.
O processo de flamagem e apicoamento faz com que a chapa tenha
uma
caracterstica diferente, deixando-a com uma superfcie irregular
com pequenos
-
24
buraquinhos. Isso acontece, no primeiro caso, pelo uso de um
maarico, gs,
oxignio e gua juntos, a chapa submetida a um calor intenso
derretendo e
estourando pequenos minerais, dando a superfcie caracterstica. J
no segundo
caso, a chapa submetida a pequenos choques fsicos feitos por
marteletes que
fazem pequenos buracos na chapa, tornando-a assim apicoada.
O levigamento e polimento so as formas que mais acontecem no
mercado para o
acabamento superficial da chapa. O levigamento desgrossamento,
ele tira as
irregularidades maiores, porm continua spera, faz o uso de
abrasivos mais
grossos. Depois de levigada a chapa polida, ocorre o fechamento
dos minerais por
meios dos abrasivos mais finos, tornando lisa a superfcie. Por
fim temos os lustro,
abrasivo muito fino, que tem a funo de deixar a superfcie
brilhando, quanto mais
espelhada a chapa, melhor foi seu lustre (Sousa, 2007).
Essas etapas de levigamento, polimento e lustro feito por uma
polideira, que pode
ser: manual de bancada fixa; de ponte mvel com bancada fixa ou
por uma polideira
multicabeas. Para realizao dessas atividades, elas possuem uma
ou mais
cabeas que possui um satlite, onde so colocados os rebolos
abrasivos
necessrios. Esse satlite gira os abrasivos e lana gua no seu
interior para
refrigerar abraso e retirar os resduos produzidos.
De acordo com Azeredo et al. (2008), para realizar o polimento
das rochas
ornamentais necessrio o uso de coroas abrasivas, que so
colocadas no
cabeote giratrio (satlite). A partir desse processo possvel
obter uma superfcie
lisa e plana. Ressalta ainda que nessa etapa necessrio o fluxo
de gua constante
para promover a limpeza e refrigerao do sistema. Segue abaixo as
mquinas mais
usadas para fazer o polimento:
A politriz manual de bancada fixa uma polideira muito simples,
contm apenas
uma cabea, seu trabalho quase todo manual, possui uma baixa
produtividade e a
qualidade do acabamento depende da percepo do operador, ele
tambm quem
vai definir quanto tempo, qual presso e quais movimentos ir
fazer sobre a chapa.
-
25
A politriz por ponte mvel com bancada fixa uma polideira
semiautomtica, uma
ponte que anda em cima de trilhos, possibilitando movimentos
transversais e
longitudinais manuais ou automticos, assim, conseguem ter uma
maior produo e
qualidade. Elas podem ter uma ou mais cabeas.
A politriz de multicabeas uma polideira automtica, indicada para
produo em
grande quantidade e com alta qualidade. Ela funciona como uma
esteira que
movimenta as chapas longitudinalmente em seu interior, enquanto
isso seus
cabeotes fazem os movimentos transversais. Muitas vezes quem faz
o
abastecimento e descarga dessa esteira so robs, preservando o
trabalho humano.
Elas podem ter vrios cabeotes, sendo que as mais comuns no
mercado tm 12, 16
ou 24 cabeas.
Segundo Silveira (2007) a etapa de polimento busca conferir
brilho ao material, alm
de fechar seus poros superficiais impedindo a infiltrao de gua,
que impede que a
rocha sofra alterao pelo processo de hidrlise.
Esse processo feito por uma polideira, onde a chapa submetida ao
atrito giratrio
com abrasivos de diferentes granulaes, do gro grosso at o mais
fino, buscando
sempre deixar a superfcie a mais lisa possvel.
Por fim, aps essas etapas temos o corte e acabamento das chapas.
Esse processo
feito a partir da finalidade da pea e da necessidade do cliente.
Os equipamentos
mais comuns para fazer o corte da chapa so: a cortadeira
longitudinal, transversal e
cortadeira de fresa semiautomtica, ambas utilizam um disco e faz
o uso da gua
para realizar o corte. J para realizao do acabamento possvel ser
manual com
lixadeiras, acabamento com fresadoras de borda e com mquinas
automticas,
todas essas utilizam lixas e algumas usam gua para evitar a
poeira e ajudar na
qualidade do acabamento. E tambm, quando necessrio, h a
furadeira de
bancada no caso de pias.
-
26
3 IMPACTOS CAUSADOS
A indstria mineral uma rea muito importante da economia do
Brasil. preciso
conciliar o meio ambiente e a vida humana nessa atividade para
garantir um futuro
melhor para as prximas geraes. Com as evolues possvel planejar e
utilizar
cada vez mais esse recurso no renovvel de forma sustentvel. Em
todas essas
etapas da produo das rochas ornamentais so vrios os impactos
causado, seja
ele na lavra ou no beneficiamento, no meio ambiente ou nos
trabalhadores.
3.1 Impactos Causados na Lavra
Como toda atividade mineradora a lavra de rochas ornamentais
causa diversos tipos
de desequilbrios ambientais. Aguiar (2008) define o impacto
ambiental como sendo
de carter determinstico, uma vez que caracterizada como qualquer
mudana das
propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente,
provocada por
qualquer modo de matria ou energia provocada por atividades
humanas que, de
forma direta ou indireta, afetam: I a segurana, a sade e o
bem-estar da
populao; II - as atividades econmicas e sociais; III - a biota;
IV - as condies
sanitrias estticas e do meio ambiente; V - a qualidade dos
recursos ambientais.
Dessa forma, separaremos os impactos notificando sua
interferncia no meio
ambiente ou no na vida do ser humano.
3.1.1 Impactos causados ao meio ambiente na lavra
Fabri (2008) constatou que para a extrao do bloco os principais
problemas so: a
desordem da superfcie, retirada da vegetao, remoo do solo, gerao
e
acomodao de rejeitos de forma imprpria, criao de estradas sem
planejamento,
degradao do ao redor da lavra, principalmente em terrenos
arrendados, aumento
do ndice de poeira e a poluio sonora.
Um estudo feito pela Secretaria de Cincia e Tecnologia do Estado
de So Paulo
(1987), realizado pelo Instituto de Pesquisa Tecnolgica do
Estado de So Paulo
IPT, sobre os problemas da minerao, apontou como os impactos
principais da
atividade de minerao a alterao de lenol de gua subterrneo,
poluio sonora,
-
27
visual, da gua, ar e solo, danos na fauna e a flora local,
assoreamento, eroso,
mobilizao de terra, instabilidade de taludes, encostas e
terrenos em geral, gerao
de fragmentos e vibraes no ambiente.
Pra uma organizao iniciar a atividade de lavra ela deve estar
provida de todas as
licenas exigidas pela legislao. Os impactos causados nas lavras
so inevitveis,
porm a empresa extrativista deve trabalhar buscando deteriorar o
menos possvel o
meio ambiente e promover a recuperao da rea sempre que possvel
visando
minimizar os estragos causados.
Sousa (2007) mostra que logo aps a liberao de extrao, na
preparao da lavra,
ocorre um aumento no fluxo de carros, caminhes e mquinas que
produzem rudos
e poeira em grandes propores, agravando com vibraes quando
inicia a
extrao, geradas pelas exploses e mquinas de perfurao, alm de
cascalhos de
pedras, que so acomodados em depsitos de rejeitos, esses
depsitos quando
esto cheios so instveis e formam um montante contendo solo,
pedra e
vegetao, no perodo de chuva ele no consegue segurar seus
componentes que
vo para regies mais baixas ou em rios e lagos.
A imagem abaixo (figura 1) mostra alguns dos problemas
encontrados na lavra, o
impacto visual da mina visvel a quilmetros de distncia, a perda
da vegetao
nativa devido sua retirada, que estava sobre a rocha e sobre o
solo que ser
usado como ptio da pedreira, movimentao do solo devido a
raspagem da terra,
tendo grande chance de causar eroso e assoreamento de rios e
lagos vizinhos e a
destinao inadequada dos resduos, em sua grande parte pedaos de
pedra de
formas e tamanhos irregulares que no possuem interesse comercial
para a
pedreira, dificultado a reabilitao do solo pela vegetao aps o
trmino das
atividades.
-
28
Figura 1 - Impactos causados na lavra
Fonte: Pesquisa do autor.
Dessa forma fcil perceber que os principais impactos no meio
ambiente
provocado pelo processo de lavra das rochas ornamentais, causam
alteraes nos
seguintes itens:
Na gua: assoreamento dos rios e lagos provocado pelo depsito
de
sedimentos gerados nas minas e alterao do lenol fretico devido a
grande
quantidade de gua usada na perfurao e corte da rocha.
No solo: contaminao por substncias txicas, raspagem da cobertura
de
solo que cobre a rocha, insere no terreno fragmentos de rocha
que so
liberados da extrao do bloco e eroso devido ao acomodamento
imprprio
de rejeitos e at mesmo do prprio solo que so movimentados para a
lavra.
Na fauna e flora: Devido retirada da vegetao nativa no local da
lavra
destruindo o habitat de diversos seres e a intensa movimentao
de
mquinas e pessoas provoca a migrao de diversos animais.
-
29
3.1.2 Impactos causados ao ser humano na lavra
Assim como no meio ambiente o processo de lavra tambm causa
danos nas
pessoas que esto ao redor. Muitas vezes esses impactos alteram a
vida do
trabalhador vagarosamente tirando sua sade.
No que se refere qualidade do ar, de acordo com Arajo Neto
(2006),
considerado poluente toda substncia que est presente no ar que
pode prover um
mal as pessoas ou a faunas e flora.
Na gravura abaixo (figura 2), pode-se observar como a poeira
intensa no momento
da perfurao da rocha. Isso ocorre, pois o ar que gira a broca na
perfurao
tambm promove a limpeza do furo, liberando assim micros
partculas da rocha que
forma a poeira mineral. Considerada altamente prejudicial sade
humana.
Figura 2 Poeira gerada na perfurao.
Fonte: Mineracan, acesso em: 05 de ago. 2013.
Goelzer e Handar (2000) mostram que em jazidas extrativas de
rochas ornamentais
onde h grande concentrao de poeira e slica livre no ar, seja na
minerao
-
30
subterrnea ou a cu aberto, em que haja perfurao de rocha que
contenha silcio,
os trabalhadores tem srio risco de adquirir a silicose, uma
doena pulmonar crnica
e incurvel, que leva o operrio a invalidez ou incapacidade do
trabalho, ela
causada pela inalao de poeira que contenha pequenas partculas de
slica livre
cristalina.
Mechi e Sanches (2010) dizem que o processo de minerao provoca a
poluio do
ar por partculas lanadas no processo de lavra, na etapa de
beneficiamento e no
transporte ou at mesmo pela queima de combustveis fsseis. Afirma
ainda que
outro impacto que interfere na sade do trabalhador na lavra so
os rudos,
subpresso acstica e vibraes causadas por equipamentos ou por
exploses.
Segundo eles o prejuzo sade humana pode ser causado pelo efeito
sonoro, do
ar, da gua e do solo.
Figura 3 Condies de trabalho na perfurao.
Fonte: Mineracan, acesso em: 05 de ago. 2013.
Na representao acima (figura 3), possvel notar os trabalhadores
operando o
martelo pneumtico, principal disseminador de rudo dentro da
lavra de rochas
-
31
ornamentais. Tambm possvel reparar na postura de trabalho,
devido m
posio em que ficam sujeitos podem surgir problemas de
ergonomia.
Araujo Neto (2006) explica que em diversas etapas dos servios na
pedreira tem a
propagao de altos rudos. De incio causado por caminhes e mquinas
que
fazem a limpeza da rocha e do terreno, posteriormente se da pela
utilizao de
perfuratrizes que fazem furos de forma ordenada na rocha para
sua diviso, seja por
meio de cunhas de presso ou de explosivos. A detonao tem um
poder sonoro
muito elevado propagando alto nvel de presso sonora a uma grande
distncia.
Ainda afirma que essa presso causa danos mecnicos ao ouvido, e
quando essa
exposio conciliada com vibraes o dano ainda maior.
Sendo assim, conclui-se que o processo de extrao de rochas
ornamentais causam
alguns impactos na qualidade de vida do ser humano, sendo que os
principais so
os seguintes:
Atmosfrico: o ambiente de lavra possui muita poeira, geradas
pelo intenso
fluxo de carros e mquinas no local e perfuratrizes, por isso a
qualidade do ar
baixa, alm de pode provocar doenas respiratrias nos
trabalhadores, essa
poeira causa incmodos aos moradores da regio que ficam com
seus
imveis sujos.
Sonoro: a pedreira um local de propagao de vrios rudos, causados
por
seus equipamentos de extrao, como compressores,
perfuratrizes,
mquinas, explosivos, entre outros. Esses rudos diariamente podem
provocar
srios danos ao trabalhador e incmodo aos moradores da
redondeza.
Ergonmico: o trabalho nas pedreiras afeta ergonomicamente os
trabalhadores pelo fato de muitas vezes necessitar do manuseio
de
ferramentas e materiais pesados, principalmente no trabalhador
que opera
perfuratriz pneumtica, ela uma ferramenta pesada que exige
manuseio e
longos perodos de trabalho, a vibrao constante nessa
atividade.
-
32
3.2 Impactos Causados no Beneficiamento
Na etapa de beneficiamento, primrio e secundrio, vrios so os
impactos
observados, entre eles: os rudos decorrentes do atrito das
mquinas com a rocha,
poeira na atmosfera por pequenas partculas, descarte inadequado
de pequenos e
grandes pedaos de rocha sem valor, lama abrasiva, entre outros.
Dessa forma, os
impactos gerados no beneficiamento sero separados entre impactos
gerados no
meio ambiente e no ser humano.
3.2.1 Impactos causados ao meio ambiente no beneficiamento
Em toda etapa de beneficiamento usa-se a gua para auxiliar no
trabalho, e nesse
processo gera lama, que pode estar composta de diversos
componentes.
Moura e Leite (2011) mostra que a obteno de chapas pode ser
feita atravs da
serragem pelo fio diamantado ou usando a lama abrasiva. E que a
maioria das
indstrias utiliza a lama abrasiva, que tem por objetivo
lubrificar o corte, refrigerar as
lminas, evitar a oxidao das chapas e servir de veculo abrasivo
que transporta a
granalha.
Ao contrrio dos teares de multilminas os teares de fios
diamantados possuem uma
lama abrasiva muito menos prejudicial ao meio ambiente, pois seu
rejeito apenas
p de rocha e gua. Mas preciso tomar cuidado no seu descarte,
pois pode causar
grande impacto visual igual ao dos outros tipos de lama.
De acordo com Prezotti (2003) apud Babisk (2009), na serrada de
um bloco de
granito em um tear multilminas so usados em media 500 kg de
granalha de ao. E
nessa serrada 25% a 30% do bloco transformado em p. Um bloco
pesa em mdia
30 toneladas. Somente em granalha e rocha so gerados cerca de
8,5 toneladas de
resduos por serrada. Como um tear realiza em media 10 serradas
por ms so 85
toneladas mensais por tear. Segundo dados do site do governo do
Estado existem
cerca de 900 teares em operao no Esprito Santo.
-
33
A atividade de polimento tambm produz lama, que alm de ser
produzida em menor
escala se comparado ao processo de serragem, contm maiores
quantidades de
resduos txicos que prejudicam o meio ambiente. Eles esto
presentes nos
abrasivos magnesianos, resinoides, nas resinas que so usadas nas
chapas, entre
outros. Por isso deve-se ter muito cuidado na sua destinao. Na
fotografia abaixo
(figura 4) pode-se ver a lama abrasiva aps a secagem no filtro
prensa.
Figura 4 Lama abrasiva aps secagem no filtro prensa.
Fonte: Pesquisa do autor.
Palds (2009) explica que o beneficiamento das rochas ornamentais
tambm gera
muito desperdcio sobre a matria prima usada, esses chamados de
cacos ou lixo
industrial. Ele explica que um bloco vem da pedreira com suas
superfcies
irregulares devido ao corte com martelos pneumticos sem uso de
esquadro e
prumo. Depois do beneficiamento essas superfcies irregulares
geram perdas, tanto
na rea til da chapa quanto nas laterais no serradas do
bloco.
Souza (2007) tambm menciona esses cacos de pedra resultante do
beneficiamento
como um material de forma irregular, que por no ser utilizado na
prxima etapa do
beneficiamento descartado ao uso comercial. Ainda afirma que
esses fragmentos
-
34
de rochas so produzidos desde a serragem do bloco at o corte das
chapas. Na
imagem abaixo se pode observar os casqueiros, laterais do bloco
que sobram aps
a serragem (figura 5), e uma montanha composta desse casqueiro
acumulado no
ptio da empresa aguardando um destino (figura 6).
Figura 5 Casqueiro de rocha. Figura 6 Casqueiros de rocha
acumulado.
Fonte: Pesquisa do autor.
Portanto na etapa do beneficiamento os impactos que interferem
no meio ambiente
esto ligados principalmente a:
gua: tanto no processo de serragem, polimento e de corte a gua
utilizada,
com isso ela contaminada pelos abrasivos usados produzindo a
lama
abrasiva, que se descartada de forma incorreta pode afetar o
solo e um lenol
fretico.
Solo: o solo afetado pela lama abrasiva, que pode o contaminar,
e tambm
por fragmentos de rocha gerados na serragem e no corte, que se
descartados
em grande quantidade pode impedir o crescimento da vegetao alm
de
causar um desagradvel impacto visual.
-
35
3.2.2 Impactos causados ao ser humano no beneficiamento
Na atividade de beneficiamento de rochas ornamentais os
trabalhadores ficam
expostos a vrios agentes que podem prover danos a sade, em que
se destaca a
poeira que contm slica podendo causar cncer, rudos que podem
provocar perdas
auditivas, e riscos ergonmicos e de acidentes (FUNDACENTRO,
2008).
Para Santos (2005) um dos principais riscos que o trabalhador
fica exposto no
trabalho so as poeiras que podem gerar vrias complicaes ao
sistema
respiratrio, sendo a Silicose a pior delas, ela uma doena
causada pela inalao
de poeira contendo slica, incurvel e irreversvel. Essa poeira
encontrada
principalmente nas marmorarias que fazem acabamento. Logo abaixo
(figura 7),
pode-se observar como feito o acabamento na rocha aps o
corte:
Figura 7 Acabamento nas rochas cortadas.
Fonte: Pesquisa do autor.
Os rudos ocorrem principalmente nos equipamentos de corte e
polimento, ele
provocado pelos motores que do movimento ao sistema e pelo
atrito que as
-
36
mquinas causam com a rocha. Na maioria das vezes esse atrito
supera 90db. Em
uma escala de 8 horas dirias, que praticada pelas maiorias das
empresas, a
tolerncia mxima permitida de 85db (MINISTRIO DO TRABALHO E
EMPREGO,
2011).
Nos locais de beneficiamento de rochas ornamentais so constantes
os acidentes
envolvendo quedas de chapas causados durante o transporte ou
manuseio pela
inadimplncia do funcionrio ou obstculos no caminho (FUNDACENTRO,
2008).
Na imagem abaixo (figura 8), mostra funcionrios arrumando a
carga de chapas que
acabou de ser serrada em um tear multilminas. Aps a serragem
necessrio
escorar todas as chapas para que no caiam ao serem retiradas do
tear.
Figura 8 Arrumao das chapas aps serragem (tear multilminas).
Fonte: Pesquisa do autor.
Dessa forma percebe-se que os trabalhadores que esto em contato
com o
beneficiamento das rochas ornamentais ficam sujeitos a vrios
impactos, sendo os
principais relacionados a:
-
37
Acidentes: nas indstrias de beneficiamentos das rochas
ornamentais
necessrio o manuseio humano em diversos equipamentos para a
movimentao de blocos e chapas, o que aumenta a chance de
acontecer
acidentes. Essa movimentao feita por prticos e pontes
rolantes
respectivamente, fazendo com que o risco de queda seja
frequente. Na
imagem abaixo (figura 9) um trabalhador com auxlio da ponte
rolante
transporta um pacote de chapas.
Figura 9 Trabalhador movimentando chapas de granito.
Fonte: Pesquisa do autor.
Rudo: o sistema produtivo das rochas marcado pela abraso das
mquinas
com a rocha, seja na serragem, no polimento ou no corte, por
esse motivo a
gerao de rudos intensa podendo causar problemas de audio no
trabalhador.
Ar: no processo de beneficiamento o atrito em que a rocha
submetida acaba
produzindo uma poeira mineral. Essa poeira gerada pelo tear,
pela politriz,
pela cortadeira e, principalmente, pela lixadeira que faz o
acabamento em
materiais recortados.
-
38
4 FORMAS DE MINIMISAR OS IMPACTOS
importante que todos tomem conscincia sobre a importncia do
homem ter uma
relao sustentvel com o meio ambiente e a sociedade. Para
garantir isso
necessrio produzir e preservar o meio ambiente da melhor forma
possvel
buscando medidas realistas para cada setor e com as pessoas que
ali se encontram.
Dessa forma sero discutidas algumas formas de como os impactos
causados na
produo das rochas ornamentais podem ser amenizados para reduzir
os danos
gerados na etapa da lavra e do beneficiamento.
4.1 Redues dos Impactos na Lavra ao Meio Ambiente
A quantidade de resduo produzido na extrao das rochas
ornamentais
proporcional quantidade de material produzido, de acordo com a
demanda do
mercado. Por isso para diminuir os resduos seria necessrio
diminuir a produo,
coisa que no interessante a nenhuma indstria, que busca sempre
aumentar a
sua produo (SOUSA, 2007).
Como foi mostrado anteriormente o processo de lavra causa
diversos impactos,
sendo que os principais so de efeito na gua, no solo e na fauna
e flora. No existe
uma forma ideal para acabar de vez com esses impactos, existem
formas de
ameniz-los.
Os sedimentos que saem da lavra principalmente pela gua podem
afetar rios e
crregos que esto ao redor causando assoreamento. Para diminuir
esse problema
podem ser feitas escavaes de lagoas em locais estratgicos para
conter os
sedimentos dispersos. Deve-se tambm evitar a modificao da rea
durante a
minerao e construir terraos ou banquetas com solo compactado ao
p das
escavaes ou da minerao, isso diminui a velocidade das enxurradas
e contm os
sedimentos carregados pela gua (AMBIENTE BRASIL, 2000).
Essas lagoas construdas podem servir tambm para a reutilizao da
gua usada
na perfurao, nos martelos pneumticos, e no corte, no fio
diamantado. Criando
-
39
assim um ciclo da gua, minimizando a necessidade da captao por
meio de poos
artesianos ou de alguma outra fonte ao redor.
Quanto ao uso do solo, o art. 1 do Decreto n 97.632, de 10 de
abril de 1989, que
regulamenta o art. 2, VIII, da Lei n 6.938/81 prev a insero do
dever do
minerador em recuperar a rea degradada. Essa recuperao deve
constar no
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e no Relatrio de Impacto
Ambiental (RIMA) que
ser aprovado pelo rgo ambiental responsvel (FERREIRA, 2011).
Com isso, o minerador fica limitado ao uso temporal do solo, ou
seja, somente
enquanto estiver com a atividade de minerao ativa, aps o trmino
da minerao
preciso recuperar o local degradado colocando-o em bom estado de
conservao,
possibilitando o seu uso futuro.
Uma forma de manejo para reutilizao do solo rico em material
orgnico, que ser
retirado do local da minerao, remover esse solo e armazen-lo
junto com a
vegetao do mesmo local, esse solo pode ser armazenado com at 1,5
metros de
altura por 3 a 4 metros de largura e o comprimento que for
necessrio. importante
que esse solo fique protegido do sol por uma cobertura de palha
vegetal.
Posteriormente o local que for utilizar o solo, dever ser
escarificado (movimentado o
solo) em curvas de nvel com pelo menos 1 metro de profundidade,
para tornar
menos compacto. Depois da aplicao do solo dever ser feito outra
escavao.
Assim o solo estar pronto para o cultivo de gramneas, arbustos e
at mesmo
rvores. No caso de um reflorestamento, essa escolha deve-se
levar em conta a
composio da vegetao da regio as espcies pioneiras e secundrias
devero
ter prioridade na seleo das espcies (AMBIENTE BRASIL, 2000).
Percebe-se ento que todas essas medidas no so surpresa ao
minerador, com um
bom planejamento possvel saber todas as aes que agridem e
preservam o meio
ambiente mesmo antes de comear as atividades. sempre
aconselhvel
orientao de um especialista sobre o assunto, seja um gelogo,
engenheiro ou
tcnico do meio ambiente, para obter assim um melhor rendimento
da mina e evitar
problemas futuros.
-
40
4.2 Redues dos Impactos na Lavra ao Ser Humano
Para a lavra funcionar corretamente necessrio que seus operrios
estejam com
sade e dispostos ao trabalho. Por isso importante conhecer e
buscar maneiras de
reduzir os riscos que podem alterar a sua sade e integridade
fsica. Como visto
anteriormente, os principais riscos que podem afetar os
trabalhadores esto ligados
atmosfera com poeira mineral (slica), sonoros e ergonmicos.
Segundo norma do DNPM, item 9.1 (Preveno de Poeiras Minerais),
nos locais da
minerao onde existe a gerao de poeira preciso ser feito um
monitoramento
peridico do trabalhador e analisar sua exposio. Quando esse nvel
elevado e
ultrapassa os limites de tolerncia estabelecidos pela NRM
(Normas Reguladoras de
Minerao) necessria tomada de medidas tcnicas ou administrativas
para
eliminar, reduzir ou neutralizar esse efeito sobre a sade do
trabalhador.
Dessa forma, as mineradoras precisam tomar algumas medidas para
diminuir a
poeira, produzida principalmente pelos martelos pneumticos de
perfurao. Existe
um EPC (equipamento de proteo coletiva) disponvel no mercado que
acaba com
este problema, uma adaptao que faz com que o martelo pneumtico
injete gua
e ar na perfurao, erradicando assim a poeira.
Caso esse mecanismo umidificado venha a falhar, para a produo no
ser
interrompida, necessrio fornecer, controlar e cobrar a utilizao
de equipamentos
de proteo respiratria individual, o EPI (equipamento de proteo
individual). Os
responsveis pela escolha dos EPIs, integrantes do SESMT (Servio
Especializado
em Engenharia de Segurana e Medicina do Trabalho) e da CIPA
(Comisso Interna
de Preveno de Acidentes) devem estar sempre atentos s mudanas e
novidades
dos equipamentos disponveis no mercado e nas mudanas do processo
produtivo,
analisando se a eficincia do equipamento procede (BELTRAME,
2010).
Outro risco que afeta a sade do trabalhador a qualidade sonora
do ambiente da
minerao. Portanto, devem ser tomadas medidas para que esse risco
no cause
um problema maior no futuro.
-
41
Uma forma de diminuir os impactos sonoros sobre o trabalhador da
minerao
analisar o local de trabalho, verificar os maiores causadores de
rudos e achar uma
forma de que chegue ao trabalhador provocando menor efeito
possvel respeitando
a legislao.
Araujo Neto (2006) explica que para reduzir os rudos de exploses
gerados na
minerao ao trabalhador e as comunidades vizinhas, algumas
medidas pode ser
tomadas, como iniciar detonao pelo fundo do furo, evitar, e se
possvel eliminar,
desmontes secundrios e implantar uma barreira entre a mina e a
comunidade
(plantao de rvores).
Outras medidas de diminuir os rudos da minerao de forma coletiva
(EPC)
organizando os equipamentos, por exemplo, manter afastado o
mximo possvel o
compressor de ar do setor de extrao, realizar a manuteno
preventiva e corretiva
de todos os maquinrios existentes, manter a manuteno dos
martelos
pneumticos e nas mquinas recomendado a instalao de cabine
climatizada.
Para amenizar outros rudos recomendado o uso obrigatrio do
protetor auditivo
de uso individual (EPI) para todos os empregados expostos a
nveis de rudo acima
do nvel de ao (80,0 db). Palma (1999) ressalta que os EPIs
servem apenas
quando a soluo para o controle do rudo no est disponvel de
imediato, o uso de
protetores auriculares no deve ser considerado como soluo
definitiva, a soluo
do problema deve ser resolvido na fonte por um meio de produo
mais silencioso.
Na tabela abaixo se pode observar as principais funes dentro de
uma minerao e
os principais EPIs utilizados. possvel observar tambm qual a
regularidade do uso
do mesmo, se o uso rotineiro ou se eventual.
-
42
Tabela 1 Principais funes e EPIs de uso eventual ou de
rotina.
Funo / EPI
Ave
nta
l d
e P
VC
Bo
tin
a d
e c
ou
ro
Bo
ta d
e B
orr
ac
ha
Blo
qu
ea
do
r s
ola
r
Cap
ac
ete
Cap
a p
ara
Ch
uva
Cin
to d
e S
eg
ura
na
Lu
va
de
Ras
pa
c
ulo
s d
e p
rote
o
Pr.
Au
d.
Plu
g
Pr.
Au
di.
co
nc
ha
Res
pir
ad
or
Manobreiro R E R R E E R R R
Enc. Geral R E R R E E R R
Op. de Fio R E R R E E R R R E E
Marteleteiro R R R R E E R R R R R
Aux. Serv. Gerais E E E R R E E E E R R R
Op. P Carregadeira R R R R E E E R R
Blaster R R R R E E R R R R R
Almoxarife R R R R
Chefe de Equipe R E R R E E R
Gerente de Minerao
R E R R E R R
Aux. Manobreiro R E R R E E R R R
Motorista R R R R R
Op. Escavadeira R R R R E E E R R Legenda: R = Uso de Rotina e E
= Uso Eventual
Fonte: Pesquisa do autor.
Medidas administrativas tambm podem ser adotadas para controlar
os rudos,
como realizar e monitorar os exames audiomtricos dos empregados,
tornar
obrigatrio o uso dos EPIs de proteo auditiva em toda rea da
extrao,
desenvolver um trabalho de conscientizao do uso do protetor
auditivo e realizar
treinamentos peridicos de utilizao, conservao, higienizao e uso
obrigatrio
dos EPIs para proteo auditiva.
A ergonomia tambm um risco que afeta o operrio da minerao. Com
uma
postura incorreta na execuo de um trabalho, esforos repetitivos
e contnuos que
exigem fora e vibrao, o trabalhador pode acabar contraindo um
Distrbio
Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT) e ficando assim
impedido de fazer
suas atividades laborais.
-
43
Iramina et al (2009) mostra que na minerao os problemas
ergonmicos acontecem
devido s ms posturas, principalmente relacionados aos motoristas
de caminho,
operador de carregadeira e operador da perfuratriz. E sugere
como medida de
controle mudanas nos processos evitando a m postura e pausa
durante a jornada
para alongamento e mudana na posio sentada.
Iramina et al (2009) termina dizendo que o maior problema para
implantao de
medidas de controle e investimentos na rea de sade e segurana do
trabalhador
o custo considerado alto pelo empregadores, entretanto, se os
trabalhadores
estiverem conscientes sobre os riscos e estiver um envolvimento
da gerncia os
custos so relativamente baixos se comparados as consequncias de
um acidente
do trabalho.
4.3 Redues dos Impactos no Beneficiamento ao Meio Ambiente
Na etapa de beneficiamento a lama abrasiva devido a sua composio
a
substncia que mais afeta o meio ambiente, contaminando o solo e
a gua.
Uma maneira de diminuir essa contaminao do solo e da gua fazendo
com que
a gua da produo seja reciclada, sendo utilizada novamente pelo
sistema, e sua
lama, sendo destinada a um local legalizado preparado para o
recebimento. Para
isso acontecer a lama deve ser filtrada para retirada da gua. O
modo mais prtico
para esse trabalho a implantao de um filtro-prensa.
Peyneau (2004) informa que o filtro-prensa tem a funo de separar
substncia
lquida e slida. A lama lanada em um tanque que fica na beira do
filtro. Dai
bombeada ao topo do tanque de decantao onde lanado um produto
floculante
para ajudar a decantao. medida que a gua decantada ela retorna
para o
tanque de gua que abastece o tear, e a lama agora ainda mais
concentrada
lanada aos poucos ao filtro prensa, onde prensada e transformada
em placas
desidratadas e gua retorna para o tanque que abastece o
tear.
Esse sistema de tratamento de efluentes tem crescido muito. Ele
faz o
reaproveitamento da gua e gera resduo com menor impacto ao meio
ambiente e
-
44
de descarte mais prtico. Para funcionamento completo desse
tratamento, alm do
filtro-prensa, preciso um agitador de lama, um dosador de
floculante, um silo de
decantado e desidratadores, conforme mostrado abaixo (figura
10). Neste esquema
a economia de gua pode chegar a 95% para reutilizao (Grupo
Ventowag, 2011).
Figura 10 Modelo de sistema de tratamento de efluentes (lama
abrasiva)
Fonte: Grupo Ventowag, acesso em: 17 de set. 2013.
Depois desse processo a lama desidratada transportada por
basculantes at o
aterro, seu destino final. Freire (2012) explica que a
reutilizao desses resduos
vivel ao descarte, porm no h iniciativas por parte das empresas
para isso.
Dessa forma, a quantidade de rejeitos descartados nos aterros to
grande que os
rgos ambientais esto com dificuldades de aprovao de novos
aterros e
pressionando os empresrios a sua utilizao.
Os teares multifios geram uma lama abrasiva muito menos
agressiva ao ambiente
do que a do tear multilminas visto que apenas p de rocha e o
material que
desgasta do fio, muito pouco se comparado ao desgaste da lmina.
Enquanto um
-
45
tear de fio serra dezenas de blocos, um tear de lmina serra em
mdia trs blocos.
Por isso seu descarte poderia ser muito mais fcil, mas
infelizmente as maiorias das
serrarias tambm realizam polimento, e a lama da serragem
misturada com a do
polimento na hora da secagem, acrescentando outros componentes
em sua frmula.
Figura 9 Aterro de lama abrasiva
Fonte: Pesquisa do autor.
A imagem acima (figura 9) o aterro da Aedrin (Associao das
Empresas
Depositantes de Resduos Industriais de Mrmore e Granito),
localizado no
municpio de Vargem Alta, representa um aterro licenciado para o
depsito da lama
abrasiva. A Aedrin foi criada por vrios empresrios do municpio
de Vargem Alta
visando atender as exigncias do Iema (Instituto Estadual do Meio
Ambiente e
Recursos Hdricos) sobre as destinaes dos resduos industriais.
Toda essa rea
foi planejada para evitar gerar problemas ao meio ambiente. Alm
disso, o local
recebe periodicamente fiscais ambientais para averiguar o
correto funcionamento.
-
46
4.4 Redues dos Impactos no Beneficiamento ao Ser Humano
Conforme falado anteriormente os principais impactos que afetam
o ser humano no
beneficiamento das rochas ornamentais esto ligados a acidentes,
rudos e poeira.
De acordo com a NR 11, anexo I ao item 11.4.1, a movimentao,
armazenagem e
manuseio de chapas de mrmore, granito e outras rochas devem
seguir uma srie
de procedimentos tcnicos para evitar acidentes, entre eles se
destacam o uso de
fueiros (pea metlica em forma de L), que protege as laterais das
chapas serradas
ainda debaixo do tear; o carro transportador (que transporta as
chapas serradas do
tear at o ptio) deve estar em perfeita condio de uso e com
indicao do
fabricante, responsvel tcnico e carga mxima de trabalho do
mesmo; o ptio de
estocagem deve ter piso plano, resistente, sem salincias e no
ser escorregadio;
Outra norma que tambm busca diminuir o ndice de acidentes nas
empresas a
NR 5, conhecida como Cipa (Comisso Interna De Preveno De
Acidentes). Ela
tem a funo de prevenir acidentes e doena do trabalho promovendo
a sade do
trabalhador. Seus membros so eleitos pelos empregados e
indicados pelo
empregador. Eles so treinados para estudar o ambiente, as
condies de trabalho
e os riscos presentes no processo produtivo. feito uma reunio
mensal onde
colocadas sugestes de como pode ser diminudo os riscos de
acidente na
instituio.
De acordo com a NR 9 (Programa De Preveno De Riscos Ambientais),
tambm
chamada de PPRA, o rudo um agente fsico que o trabalhador fica
exposto ao
trabalho. Por isso, essa norma obriga a todos os empregadores
que admitam
empregados como trabalhadores a implementar esse programa, que
tem como
objetivo a preservao da sade e integridade fsica do
trabalhador.
Para a FACTS (Agencia Europeia Para a Sade e Segurana no
Trabalho, 2010),
existe uma hierarquia a ser respeitada quando se fala em reduzir
os nveis de rudos
ao trabalhador, sendo as principais formas: eliminao da fonte de
rudo (aquisio
de mquinas que produzem menos barulho), controle de rudo na
fonte (isolamento
da fonte com cabine ou materiais de borracha, usar correias em
vez de
-
47
engrenagens, manuteno preditiva, entre outros), medidas de
controle coletivo
(organizao do trabalho diminuindo a exposio ou rudo e os
equipamentos de
trabalho sua instalao e localizao pode influenciar a exposio do
trabalhador ao
rudo) e medida de controle individual (deve ser usado em ltimo
caso aps no
conseguir eliminar o rudo de outra forma, utilizando protetores
auriculares do tipo
concha e protetores auriculares de insero).
Em referncia as marmorarias onde outro problema encontrado a
intensa gerao
de poeira por causa dos acabamentos nas bordas das peas
cortadas, uma
alternativa encontrada a adoo do processo de acabamento mido com
lixadeiras
pneumticas, o que reduz para 0,1% a probabilidade do ndice de
poeira tornar-se
inalvel (SANTOS, 2005).
4.5 Reutilizaes dos resduos
A reutilizao dos resduos gerados na produo das rochas
ornamentais
importante para diminuio do impacto causado no meio ambiente de
duas formas.
A primeira que reutilizando esses como insumo para outra cadeia
produtiva
possvel poupar outros materiais que seriam explorados para fazer
esse papel. A
segunda que esse material no ser descartado no ambiente evitando
possveis
contaminaes.
Mota et al (2011) explica que o descarte da lama abrasiva est
cada vez mais difcil
para as empresas e uma preocupao para sociedade e
ambientalistas. Por isso
ele mostra que os resduos oriundos do beneficiamento das rochas
ornamentais
podem ser reciclados na confeco de tijolos ecolgicos, visando
antes de tudo uma
reduo no impacto ambiental.
Para Lima (2011) com o grande dficit habitacional brasileiro o
tijolo ecolgico pode
ser usado para construo de casas populares, reduzindo o custo e
mantendo a
segurana e qualidade da obra. E esses recursos naturais faria
com que a
construo civil adquira novos conceitos e adote tcnicas
visando
sustentabilidade.
-
48
Para a produo do bloco ecolgico Mota et al (2011) utilizou solo
do tipo massame
que atende a ABNT, cimento CPII-F-32, lama abrasiva (composta
por gua, cal,
granalha e p de granito) e gua potvel. Para chegar ao resultado
ideal foi feito 4
propores de cimento, solo e resduo grantico sendo 1:7:2, 1:6:3,
1:5:4 e 1:4,5:4,5
respectivamente, tambm foram feitas 3 propores diferentes na
relao
gua/cimento chamados de T1, T2 e T3 sendo 1; 0,86 e 0,72
respectivamente. Os
tijolos foram confeccionados com 25 centmetros de comprimento
6,5 centmetros de
altura e 12,5 centmetros de largura. Foram feitos com 7, 28 e 60
dias de cura, testes
de absoro de gua, onde o corpo ficou 24 horas em uma estufa a
110 C e depois
ficou 24 horas submersa e pesados novamente conforme NBR
10836/94.
Tabela 2 Traos da confeco dos tijolos e resultados de resistncia
a compresso simples
Fonte: Mota et al. 2011.
Lima (2011) revela que o processo de produo dos tijolos
ecolgicos com resduos
de granito bem simples. Basta uma mistura dos ingredientes:
cimento, solo e dos
resduos nas propores adequadas. No Brasil eles so feitos por
prensas em
variadas formas e tamanhos de acordo com o projeto. Na tabela
abaixo (tabela 3)
possvel observar quais os tipos, as dimenses, forma de uso e um
exemplo de
como so.
-
49
Tabela 3 Tipo, dimenses, uso e exemplo de tijolos ecolgicos.
Fonte: Lima, 2011.
Mota et al (2011) constatou de acordo com a tabela (tabela 2)
que as maiores
resistncias a compresso simples aconteceu em T2, ou seja na
relao de 0,86 de
gua para cada 1 de cimento. O tijolo aumenta a sua resistncia
com o tempo,
principalmente com 40% da adio de resduo de rocha (trao 1:5:4),
onde a
resistncia chegou a 7,6 Mpa com 60 dias de cura, sendo que a NBR
exige
resistncia mnima de 2 Mpa aos 28 dias. E conclui que o tijolo
ecolgico trata-se de
uma excelente alternativa para o aproveitamento desses
resduos.
Segundo os estudos de Lima (2011) os melhores resultados foram
obtidos com 30%
de resduo de granito e 70% de solo. Verificou tambm que a
resistncia, absoro e
-
50
durabilidade do tijolo de solo-cimento melhoraram com a adio do
resduo. At o
quarto dia de molhagem e secagem o tijolo apresentou tendncia a
melhorar sua
resistncia compresso, e aps o quinto dia comeou a perceber o
envelhecimento da pea.
Um estudo realizado por Moreira et al (2005) props outra maneira
de
reaproveitamentos da lama abrasiva decorrente do beneficiamento
das rochas
ornamentais. Ele mostrou que os resduos gerados no corte das
rochas ornamentais
podem ser usados como matria prima na formao da massa argilosa
nas
indstrias de cermica vermelha. Em seu estudo foi utilizado 20%
de resduos de
rochas ornamentais para ser preparado com a cermica. Verificou
tambm que o
resduo e composto basicamente com SiO2, Al2O3, Fe2O3 e outros
xidos
fundentes. Aps anlise na queima do material foi constatado que a
temperatura
ideal, de custo e benefcio, 950C, onde os valores de retrao
lineares obtidos
(0,91 e 7,63%) ficaram entre a faixa usual para fabricao de
cermica.
Moreira et al (2005) conclui que o resduo de rocha um material
no plstico, em
que a slica e o feldspato so as principais fazes cristalinas.
Alm de possuir
materiais que ajudam na fundio, como o K2O e Na2O. E os corpos
cermicos
contendo 20% de resduo de rochas ornamentais apresentaram bons
resultados
quanto retrao linear, absoro de gua e resistncia mecnica para
serem
utilizados na produo de tijolos macios, blocos cermicos e
telhas.
Moth Filho et al (2005) tambm analisaram a caracterstica do
resduo de uma
rocha ornamental conhecida como granito rosa bavena da regio de
Castelo, no
Esprito Santo, buscando criar um material cermico. Foram feitos
corpos de prova
com os rejeitos do beneficiamento desse material, colhidos em
uma indstria de
Cachoeiro de Itapemirim, Esprito Santo. Observou-se que a absoro
de gua e a
porosidade aparente diminuram com o aumento da temperatura de
queima,
chegando a ser nula a 1.125C.
Moth Filho et al (2005) explica que o rejeito da rocha estudada
uma fonte para
criao de um material cermico, sendo que sua resistncia
proporcional a
temperatura de queima, altas temperaturas geram maior
resistncia, deixando-o
-
51
muito semelhante a rocha natural usada (granito rosa bavena). E
conclui que a
qualidade do material produzido torna promissor o uso dos
rejeitos para produo de
cermicos, e apresenta vantagem de diminuir a quantidade de
rejeito que seria
descartada no meio ambiente agregando valor ao resduo
indesejvel.
Outro rejeito proveniente do beneficiamento das rochas
ornamentais so os
fragmentos de rocha que sobram nas laterais dos blocos aps a
serrada, conhecidos
como casqueiros. Uma maneira de utilizar esse material de forma
sustentvel com
a construo de muros de arrimo conforme mostrado abaixo (figura
12).
Figura 12 Muro de arrimo usando casqueiros de rocha.
Fonte: Pesquisa do autor.
Quando os casqueiros esto em excesso na empresa e est
comprometendo a
utilizao de algum lugar, ele pode ser doado para a prefeitura,
empresas ou at
mesmo pessoas que os usam na maioria das vezes para criao de
muros ou
caladas.
-
52
Menezes et al (2002) mostra que ao reutilizar um resduo como
matria prima para
outra cadeia produtiva so encontradas vrias vantagens, em que se
destaca a
reduo do volume de extrao de matrias-primas, diminuio do consumo
de
energia, menores emisses de poluentes e melhoria na sade e
segurana da
populao. Sendo que a vantagem mais visvel a preservao dos
recursos
naturais, preservando sua vida til e diminuindo a destruio da
paisagem, fauna e
flora.
-
53
5 CONCLUSO
Tendo em vista os aspectos observados, foram identificados os
principais riscos do
processo produtivo das rochas ornamentais sobre o ser humano e o
meio ambiente,
foram propostas algumas alternativas de melhoria que podero ser
adotadas pelas
empresas que esto nesse ramo e que buscam novos avanos nos seus
trabalhos.
Foi constatado que na lavra, para amenizar os impactos no meio
ambiente,
necessrio um bom planejamento inicial com criao do EIA, RIMA e
promovendo
reutilizao da gua utilizada no processo e do solo orgnico
disponvel no incio da
lavra. Para reduo dos danos sobre o ser humano foram indicadas a
utilizao de
martelos pneumticos que usam gua na perfurao, manuteno e
organizao
dos maquinrios e monitoramentos dos trabalhadores promovendo
utilizao dos
EPIs em alguns casos.
J na rea do beneficiamento foi apresentada a necessidade de um
filtro para
separao da gua presente na lama abrasiva, que poder ser levada
para um
aterro devidamente legalizado ou usado como matria prima para
outra cadeia
produtiva, como na confeco de tijolos ecolgicos e fabricao de
cermica. Os
grandes fragmentos de rochas, chamados de casqueiros, podem ser
usados na
construo de muros de arrimo. Em relao aos impactos sobre os
trabalhadores foi
indicada a criao da CIPA e uso do programa PPRA para preveno dos
riscos.
Todo dia possvel ver programas que visam respeito ao meio
ambiente e aos
trabalhadores, seja por meio de palestras, simpsios ou at mesmo
nos jornais e
revistas. Essas maneiras citadas neste trabalho tm por
finalidade conscientizar e
propor melhores formas de trabalho. Portanto recomendvel que as
empresas
adotem essas maneiras respeitando o ambiente e seus
colaboradores, pois a
tendncia s aumentar as preocupaes e fiscalizaes relacionadas a
eles,
exigindo assim que haja mudanas na maneira de produzir compatvel
com as
regras atuais.
-
54
6 REFERNCIAS ABIROCHAS Associao Brasileira de Rochas
Ornamentais, Conceitos e definies. Disponvel em: . Acesso em: 15
abr. 2013. ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas. 1995.
Catlogo ABNT. Rio de Janeiro. 360p. AMBIENTE BRASIL. Atividades de
Minerao: a intensidade desta degradao depende do volume, do tipo de
minerao e dos rejeitos produzidos. A recuperao destes estreis e
rejeitos deve ser considerada como parte do processo de minerao.
2000. Disponvel em: . Acesso em: 11 de set. 2013. ARAUJO NETO, Tito
Luiz de. Problemas gerados pela extrao de rochas e propostas para
mitigao do impacto sonoro. Rio de Janeiro, 2006. Disponvel em: <
http://teses.ufrj.br/COPPE_M/TitoLuizDeAraujoNeto.pdf >. Acesso
em : 26 de ago. 2013. AZEREDO, S. R. de et al. Desenvolvimento de
um novo compsito abrasivo de desbaste de rochas ornamentais,
Revista Matria, v. 13, n. 1, pp. 203 208, 2008. Disponvel em: .
Acesso em: 30 de abr. 2013. BABISK, Michelle Pereira.
Desenvolvimento de vidros sodo-clcicos a partir de resduos de
rochas ornamentais. Dissertao de Mestrado. Rio de Janeiro, 2009.
Disponvel em: <
http://www.ime.eb.br/arquivos/teses/se4/cm/MICHELLE_P_BABISK.pdf>.
Acesso em: 25 de jul. 2013. BELTRAME, Andr Lomonaco et al. Efeitos
da alterao do limite de exposio ocupacional slica cristalina no
processo de seleo de respiradores. Rev. Esc. Minas, Ouro Preto,
v.63, n.4, Oct./Dec. 2010. Disponvel em: . Acesso em: 13 de set.
2013. BRASIL. MINISTRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Nr 15 - atividades e
operaes insalubres. Anexo n. 1. Portaria SIT n. 203, de 28 de
janeiro de 2011. Disponvel em: <
http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812DF396CA012E0017BB3208E8/NR-15%20(atualizada_2011).pdf>.
Acesso em: 08 de set. 2013. CHIODI FILHO, C. Aspectos tcnicos e
econmicos do setor de rochas ornamentais. Rochas e Equipamentos,
Lisboa, n. 51, p. 84-139, 1998. Disponvel em: . Acesso em: 15 de
jun. 2013.
-
55
ESPIRITO SANTO. Portal do Governo do Estado do Espirito Santo.
Rota do mrmore e do granito, uma rota de bons negcios. Disponvel: .
Acesso em 22 de abr. 2013. ESPRITO SANTO. Portal do Governo do
Estado do Esprito Santo. Governo debate desenvolvimento do setor de
rochas ornamentais nesta quinta. Disponvel: . Acesso em 22 de abr.
2013. ESPRITO SANTO EM AO. Arranjos Produtivos. Rochas. Disponvel:
. Acesso em 22 de abr. 2013. ESPRITO SANTO - SEDES, Secretaria de
Estado de Desenvolvimento. Governo do ES e Setor de Rochas
Ornamentais Firmam Parcerias. Notcias. Disponvel em: <
http://www.sedes.es.gov.br/index.php/noticias/201-governo-do-es-e-setor-de-rochas-ornamentais-firmam-parcerias-fiscais-e-ambientais
>. Acesso em: 30 mar. 2013. FABRI, rika Silva; CARNEIRO, Maurcio
Antnio; LEITE, Mariangela Garcia Praa. Diagnstico dos processos de
licenciamento e fiscalizao das pedreiras de rochas ornamentais na
regio centro-sul de Minas Gerais. Rem: Rev. Esc. Minas, Ouro Preto,
v.61, n.3, July/Sept. 2008. Disponvel em: . Acesso em: 15 de jun.
2013. FACTS. Agencia Europeia Para a Sade e Segurana no Trabalho.
Ficha tcnica 58. Reduo e controle do rudo. Abril 2010. Disponvel
em: . Acesso em: 21 de set. 2013. FERREIRA, G. L. B. Vidrih. Meio
ambiente e minerao na constituio federal. Cadernos de Direito,
Piracicaba, v. 11, n. 20, p.111-124, jan.-jun. 2011. Disponvel em:
Acesso em: 10 de ago. 2013. FREIRE, L. Cattabriga. Aproveitamento
dos resduos de lavra e beneficiamento de rochas ornamentais.
Jornada do Programa de Capacitao Interna CETEM. 2012. Disponvel em:
. Acesso em: 17 de set. 2013 FUNDACENTRO. Manual de referncia,
recomendaes de segurana e sade no trabalho. So Paulo, 2008.
Disponvel em: . Acesso em: 08 de set. 2013. GIACONI, W. J. Perfil
atual da indstria de rochas ornamentais no municpio de Cachoeiro do
Itapemirim (ES). Dissertao de Mestrado em Administrao e
-
56
Poltica de Recursos Minerais. Universidade Estadual de Campinas.
1998. Campinas, So Paulo. Disponvel em: <
http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=vtls000132298>.
Acesso em: 20
jul. 2013. GOELZER, Berenice; HANDAR, Zuher. Programa nacional
de eliminao da silicose. Fundacentro. Disponvel em: Acesso em: 27
ago. 2013. GRUPO VENTOWAG. Tratamento de Efluentes Industriais -
Otimizando custos e ajudando a natureza. 2011. Disponvel em: .
Acesso em: 17 de set. 2013. IRAMINA, W. S.