O USO DO STORYTELLING NO DISCURSO DE STEVE JOBS UMA ANÁLISE DOS ASPECTOS E TÉCNICAS QUE FORAM USADOS NO LANÇAMENTO DO IPHONE THATIANA RACY DE OLIVEIRA 1 LEILA RABELLO DE OLIVEIRA 2 RESUMO O uso de técnicas de Storytelling estão sendo usadas pela área de comunicação corporativa. O Storytelling é a arte de como contar histórias com enredos que seguem características pré-definidas, usadas em roteiros, especialmente para o cinema. Existem especialistas em Storytelling no mundo, mas aqui vamos nos espelhar no trabalho de Richard House, jornalista inglês e atual coach para discurso de diversos presidentes de empresas globais e Nancy Duarte, americana especialista em comunicação que desenvolve mensagens para companhias globais. Será apresentada uma análise baseada na metodologia de Nancy Duarte do discurso de lançamento do iPhone, orquestrado por Steve Jobs, tido como um dos principais líderes mundiais que usaram esta técnica para influenciar, engajar e encantar o público. PALAVRAS-CHAVE: Storytelling . Steve Jobs . Discurso. Engajamento ABSTRACT Storytelling techniques are increasingly being used by the area of corporate communications. The Storytelling is the art of telling stories with plots that follow pre-defined characteristics, often used in scripts, especially in 1 Jornalista, estudante de MBA em Comunicação Corporativa da Universidade Anhembi Morumbi. E-mail: [email protected]2 Orientadora. Mestre em Ciência da Informação pela PUC-Campinas. Professora nos Cursos de Pós-Graduação da Anhembi Morumbi. e-mail: [email protected]1
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Análise do discurso de Steve Jobs no lançamento do iPhone
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O USO DO STORYTELLING NO DISCURSO DE STEVE JOBS
UMA ANÁLISE DOS ASPECTOS E TÉCNICAS QUE FORAM USADOS NO LANÇAMENTO DO IPHONE
THATIANA RACY DE OLIVEIRA1
LEILA RABELLO DE OLIVEIRA2
RESUMO
O uso de técnicas de Storytelling estão sendo usadas pela área de comunicação corporativa. O Storytelling é a arte de como contar histórias com enredos que seguem características pré-definidas, usadas em roteiros, especialmente para o cinema. Existem especialistas em Storytelling no mundo, mas aqui vamos nos espelhar no trabalho de Richard House, jornalista inglês e atual coach para discurso de diversos presidentes de empresas globais e Nancy Duarte, americana especialista em comunicação que desenvolve mensagens para companhias globais. Será apresentada uma análise baseada na metodologia de Nancy Duarte do discurso de lançamento do iPhone, orquestrado por Steve Jobs, tido como um dos principais líderes mundiais que usaram esta técnica para influenciar, engajar e encantar o público.
PALAVRAS-CHAVE: Storytelling . Steve Jobs . Discurso. Engajamento
ABSTRACT
Storytelling techniques are increasingly being used by the area of corporate communications. The Storytelling is the art of telling stories with plots that follow pre-defined characteristics, often used in scripts, especially in movies. There are some experts on Storytelling in the world, but here we will mirror the work of Richard House, English journalist and coach of various global CEOs, Nancy Duarte, the American communications expert who develops messages for global companies, and Annette Simmons, author of the book The Story Factor and speaker. Here we will analysis Steve Jobs speech launching iPhone based on the methodology of Nancy Duarte. Steve Jobs was a major world leaders who have used this technique to influence, engage and delight audiences.
KEYWORDS: Storytelling . Steve Jobs . Narrative. Engagement
INTRODUÇÃO1 Jornalista, estudante de MBA em Comunicação Corporativa da Universidade Anhembi Morumbi. E-mail: [email protected] Orientadora. Mestre em Ciência da Informação pela PUC-Campinas. Professora nos Cursos de Pós-Graduação da Anhembi Morumbi. e-mail: [email protected]
Escolheu-se o tema Storytelling por ser uma técnica que já é usada há mais de
10 anos na comunicação corporativa em países como Estados Unidos e
Inglaterra e que começa a ser usada no Brasil. Com a observação empírica,
nota-se que empresas de comunicação traduziram o tema de forma
equivocada no país e têm empregado mal o conceito, muitas vezes mudando a
cultura da empresa e colocando o presidente em um discurso como se fosse
um personagem de fábulas infantis, usando fantasias e fala do personagem,
por exemplo.
Segundo Mckee (2007), uma das referências em roteiro no mundo, “histórias
são a conversão criativa da vida em algo mais poderoso, claro, em uma
experiência mais significativa. Elas são a moeda do contato humano”. Tendo
isso como base, consegue-se ter noção do impacto de como as histórias são
contadas mudam o curso do dia a dia da humanidade.
A técnica de Storytelling está diretamente ligada a estrutura do discurso, ou
seja, como aquela pessoa ou empresa vai contar a história. A empresa pode
usar um herói com super poderes para enaltecer um fato? Ou pode usar a
questão de estar no chão, ter saído das cinzas para se tornar uma vencedora?
De repente, a história que ela quer contar é mais ligada a quem não tinha nada,
não teve oportunidade e trabalhou, conquistou e venceu? Este é o verdadeiro
Storytelling, que em cima de uma mensagem que já existe e precisa ser
disseminada, define como a mensagem será passada.
Para dar uma ideia de como o Storytelling pode ser usado, apresentar-se-á
aqui uma análise do discurso de Steve Jobs no lançamento do iPhone, onde
desde o discurso empregado até as palavras-chave usadas para definir o novo
produto, foram cuidadosamente selecionadas para envolver e engajar o
público. As reações que as pessoas têm a cada revelação no discurso foram
também analisadas para contextualizar o que um discurso bem montado com a
técnica de Storytelling pode gerar em uma plateia.
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1 DISCURSO E STORYTELLING
1.1 Steve Jobs
Steven Paul Jobs nasceu em São Francisco, Califórnia, em 24 de fevereiro de
1955 e viveu até 5 de outubro de 2011, aos 56 anos. Faleceu devido a um
câncer pancreático, sendo considerado um dos grandes influenciadores deste
século. Conhecido por revolucionar a indústria de informática nas áreas de
computação pessoal, filmes de animação, publicações digitais, música,
telefones e tablets, Steve Jobs, como era conhecido, foi um inventor e
empresário, tendo a empresa Apple, a qual era co-fundador, como grande
propulsora de duas ideias.
Durante o período que foi afastado da Apple, Steve Jobs comprou a Pixar, que
foi adquirida mais tarde pela The Walt Disney Company, e se tornou o maior
acionista individual da empresa, fato que exibia e citava com grande orgulho.
Jobs desenvolveu em parceria com Steve Wozniak e Mike Markkula uma das
primeiras linhas de computadores pessoais do mundo, a série Apple II, no fim
dos anos 70. No começo da década de 1980, ele estava entre os primeiros a
perceber o potencial comercial da interface gráfica do usuário guiada pelo
mouse, o que levou à criação do Macintosh. Sobre o mouse, muitos contam a
história que Jobs teria visto essa tecnologia na empresa Xerox e eles não
sabiam como usá-la, então ele pegou a “ideia emprestada” e criou o mouse
que usamos hoje em dia.
Após perder uma disputa de poder com a mesa diretora em 1985, Jobs
demitiu-se da Apple e fundou a NeXT, uma companhia de desenvolvimento de
plataformas direcionadas aos mercados de educação superior e administração.
A compra da NeXT pela Apple em 1996 levou Jobs de volta à companhia que
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ele ajudara a fundar, e ele serviu como seu CEO de 1997 a 2011, ano em que
anunciou sua renúncia ao cargo, recomendando Tim Cook como sucessor e
atual CEO da empresa.
Popular pelo seu extremo perfeccionismo era de conhecimento do mercado
que os produtos da Apple não podiam ter qualquer falha no acabamento: nem
um parafuso dos produtos poderia ficar à mostra, por exemplo. As reuniões
internas eram tensas pela extrema exigência de Jobs.
Além do fato com a Xerox, o iPod foi um projeto desenvolvido com outro nome
dentro dos laboratórios da Philips e a empresa não quis investir no projeto.
Então, ele foi apresentado para o visionário, que viu um grande potencial no
dispositivo e a Apple comprou a ideia, que revolucionou a forma como lidar
com a música digital no mundo.
Steve Jobs era o “garoto propaganda” da Apple e fazia todos os anúncios de
novos produtos da empresa. Foi um exímio orador, sabendo lidar com
discursos como poucos. Usava elementos da retórica e da construção de
histórias e mensagens de forma peculiar, sempre enaltecendo suas
descobertas, sucessos mercadológicos e lançamentos e diminuindo seus
concorrentes. Mas fazia isso de forma suave, usando muitas vezes a sátira
para fazer comparativos.
1.2 Discurso de lançamento do iPhone
O discurso de lançamento do iPhone foi escolhido por ter sido um dos menos
analisados de Steve Jobs. O discurso foi realizado em 9 de janeiro de 2007,
durante a Conferência do Macworld & Expo, realizada em Moscone West, São
Francisco, Califórnia.
O discurso tratou sobre um equipamento “mágico” e a reinvenção do telefone.
A plateia era composta por jornalistas e Apple maníacos, além de ter
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transmissão simultânea pela internet para todo o mundo. Após diversas
menções ao iPod, produto da empresa que revolucionou o mercado
fonográfico, o anúncio do iPhone foi feito e explicado em detalhes.
1.3 Análise baseada na metodologia de Nancy Duarte e Richard House
Nancy Duarte é uma reconhecida oradora, autora de livros e palestrante do
TED. Nancy desenvolveu uma metodologia própria chamada ™VisualStory que
transforma a forma de se comunicar. Para Nancy Duarte “o futuro não é um
lugar para ser visitado e sim um lugar para ser criado”. É com base neste
pensamento e na metodologia desta autora que vamos analisar o discurso de
Steve Jobs. A metodologia foi retirada da apresentação feita no TED.
Segundo uma compilação feita por Richard House, baseada em autores como
Christopher Booker e Joseph Campbell, e utilizada em palestras, podemos
dividir as formas de se contar histórias em sete tipos mais marcantes (gráfico
1), que seguem variações (gráficos 2 e 3) de acordo com a narrativa e os
acontecimentos da história, como sugerem os gráficos abaixo:
Gráfico 1: Eixo da História
O gráfico 1 trata sobre o que são as histórias. Por meio da identificação das
características de um roteiro, incluí-se cada narrativa em um desses pontos,
analisando a história de acordo com a metodologia dos autores que Richard
House usou. Não será detalhada cada tipo de narrativa aqui, pois seria uma
nova tese sobre Storytelling. A ideia é apenas mostrar quais foram os pontos
de partida para que a análise fosse realizada, pois a tese é sobre a análise de
um discurso específico.
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Fonte: Richard House
Gráfico 2: Eixo da Narrativa
O segundo gráfico trata sobre como as histórias influenciam a nossa emoção.
Fonte: Richard House
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Gráfico 3: Eixo do Acontecimento
Aqui o gráfico mostra porque as histórias levam as pessoas para certas ações.
Fonte: Richard House
Estes são os modelos clássicos para classificação de uma história. É
importante entendê-los para chegar à análise do discurso que será feita aqui,
detalhando os pontos e ênfases da história contada por meio do discurso de
Steve Jobs.
2. O discurso do iPhone
2.1 Análise do discurso
Usamos o discurso em inglês do vídeo do lançamento do iPhone na
conferência Macworld e a transcrição do discurso do site iPhone Buzz para
medir as interações da plateia com Steve Jobs. Esta análise detalhada está no
Anexo I. Optou-se por deixar o discurso em inglês, pois foram retiradas para
análise palmas, risos e surpresas da plateia, que não precisam de tradução.
Para atestar e conflitar com algumas partes do discurso, foram traduzidas
frases e colocadas diretamente no texto para exemplificar o porque das
interações do público com o orador.
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Como mencionado, foram separadas as interações por risos, palmas e Oh (que
seria a interação falada) e feitos gráficos para entender quando a plateia mais
interage com o orador.
2.1.1 Palmas
No início do discurso é quando a plateia mais interage e recebe Steve Jobs
para revelar o segredo do novo produto. O segundo momento de maior
interação é no meio da apresentação, quando Jobs cita as funcionalidades de
e-mail, Google Maps e wifi do aparelho. A primeira metade do discurso tem
mais interações de palmas, porém, elas são vistas do começo ao fim, o que
mostra que o orador não deixou a atenção do espectador cair até o fim da
apresentação, como demonstra o gráfico 4.
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Gráfico 4 – Palmas da plateia no discurso dado por Steve Jobs em 2007 na Conferência do Macworld & Expo
Fonte: autoria própria
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2.1.2 Risos
Steve Jobs faz piadas do começo ao fim de sua apresentação, especialmente
sobre concorrência e sobre as funcionalidades do novo produto, que define
como mágico. A todo o momento ele está perguntando e respondendo para a
plateia aspectos positivos do novo aparelho, como “Muito legal, não acham? A
gente apenas começou”, “Isto não é incrível? É, é realmente legal.”, “Querem
ver isso de novo?”, impactando em todas as expressões que citadas aqui.
Mais uma vez está no começo a maior interação da plateia, que é quando
todos estão na expectativa para saber o que é o novo produto e Steve Jobs
está quebrando o gelo com a audiência. Tem um espaço um pouco depois do
início e um pouco antes do fim da apresentação nos risos, que é quando as
pessoas estão prestando mais atenção no discurso. Porém, pode-se ver que o
palestrante não deixa a apresentação ficar chata e que ao longo dela as
pessoas estão interagindo e envolvidas na história, até o fim, conforme o
gráfico 5.
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Gráfico 5 – Risos da plateia no discurso dado por Steve Jobs em 2007 na Conferência do Macworld & Expo
Fonte: Autoria própria
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2.1.3 Oh (Surpresa)
A interação aqui é mais espaçada, pois se trata de momentos onde algo
realmente que surpreende é esboçado pela plateia. Toda vez que algo é
revelado ou que uma nova funcionalidade do iPhone é citada esse tipo de
interação acontece. As interações deste tipo ocorrem em maior quantidade na
primeira parte do discurso, que é quando ele revela mais detalhes sobre o novo
dispositivo, porém, ela ocorre até o fim do discurso. O gráfico 6 ilustra o
descrito.
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Gráfico 6 – Surpresa da plateia no discurso dado por Steve Jobs em 2007
na Conferência do Macworld & Expo
Fonte: autoria própria
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2.2 Análise geral
Sobrepondo os gráficos, nota-se um pico de exaltação no início do discurso,
por volta do minuto 2, que é quando Jobs fala que vai apresentar três produtos:
um iPod, um telefone revolucionário e dispositivo de internet e que na verdade
os três são um só produto. Ele repete as palavras diversas vezes, para dar
ênfase às suas ideias que são apresentadas como se fossem descobertas e
não olha fixamente nem para a câmera, nem para o público, ele fala com todos.
Durante todo o discurso existem picos de exaltação, pois a todo o momento ele
está brincando com o público e fazendo com que ele interaja no discurso. Isso
pode ser visto no gráfico 7.
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Gráfico 7 – Junção das palmas, risos e surpresas da plateia no discurso dado por Steve Jobs em 2007 na Conferência do Macworld & Expo
Fonte: autoria própria
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Dentro da análise de Richard House, Steve Jobs passeia pelas características
da estrutura do Storytelling não se atendo somente a uma estrutura, mas tendo
como principal característica o herói, que é perfeito, nunca erra e está acima do
bem e do mal. Porém, notamos muita sátira, celebração, convite para conhecer
o inesperado e vencer os desafios, trazendo algo realmente novo para o
mercado.
3. STEVE JOBS, STORYTELLING, LÍDERES E A COMUNICAÇÃO CORPORATIVA
É possível ver com essa breve análise que o público reage ao discurso de
acordo com a forma que dizemos as coisas, com as repetições, perguntas,
pausas, entonação, comparação e até palavras-chave distribuídas pelo
discurso. Até mesmo a forma como Steve Jobs se veste influencia na recepção
de informações pelo público.
Conseguimos medir por meio das risadas, palmas e reações de surpresa as
interações do público e ver que do começo ao fim a plateia prestou atenção e
“comprou” o discurso. Isso tem um porquê. A forma como a informação foi
passada, a estrutura do discurso e como a história foi contada influenciam de
forma decisiva na recepção da informação pelo receptor.
Simmonns (2006) definiu de forma brilhante o que é contar uma boa história,
dizendo que “A história dá às pessoas espaço suficiente para pensar nelas
mesmas. A história desenvolve e cresce na mente das pessoas que a ouvem.
Se ela for uma boa história, você não terá de mantê-la viva sozinho. Ela é
automaticamente contada e passada nas mentes de quem a ouve”.
A reputação de Jobs e toda a aura mítica que foi construída em torno dele, o
perfeccionismo e a certeza de que ele só aparece quando existe uma inovação
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real, dão à Fábula do Herói uma identidade autentica, sendo vestida do
começo ao fim pelo orador.
A junção da oratória, que segundo a Wikipedia é “...a arte de falar em público
de forma estruturada e deliberada, com a intenção de informar, influenciar, ou
entreter os ouvintes. A oratória refere-se ao conjunto de regras e técnicas
adequadas para produzir e apresentar um discurso e apurar as qualidades
pessoais do orador”, da retórica, que segundo a mesma fonte é “...a
«arte/técnica de bem falar», do substantivo rhêtôr, «orador») é a arte de usar a
linguagem para comunicar de forma eficaz e persuasiva” e do Storytelling em
uma construção coerente de narrativa faz com que o iPhone seja realmente
mágico, como define seu criador. A mágica está diretamente atrelada a quem
acredita que o produto tem esse atributo e para que ele possua isso, a pessoa
acreditou no que foi dito. Aí que está a grande diferença de Steve Jobs para
outros oradores: as pessoas acreditam nele.
Segundo Cornog (2004), “A essência da liderança presidencial norte-americana
e o segredo do sucesso presidencial está em contar histórias”. O autor faz
análises sobre os presidentes americanos, que são lideranças que acabam
extrapolando a localidade, e coloca o fator de como contar uma boa história no
eixo principal do sucesso da empreitada desses líderes. Steve Jobs conseguiu
agir como uma dessas lideranças, usando seu principal atributo: a história.
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Temos exemplo de líderes da área corporativa no Brasil como Abilio Diniz3,
Max Gehringer4, Romero Rodrigues5, mas, sem dúvida, o destaque brasileiro
do momento é Eike Batista6, pois executa muito bem o discurso e convence
investidores, governo, empresários, funcionários e parceiros a embarcar em um
sonho traçado por ele e vendido como realidade para todos. Ele usa também o
discurso do herói e tem elementos da fala de Steve Jobs, mas usa isso de
forma autentica, com o seu jeito o que é primordial para uma comunicação
efetiva e com identidade.
3 Abílio dos Santos Diniz (São Paulo, 28 de dezembro de 1936) é um empresário brasileiro, dono da Companhia Brasileira de Distribuição, que inclui as bandeiras de Varejo Alimentar, Pão de Açúcar e Extra, de Atacarejo, Assaí e de Eletro, Ponto Frio (Globex). Tornou-se também sócio majoritário das Casas Bahia, através da sua controlada Globex S/A.[1]
4 Max Gehringer (Jundiaí, São Paulo, 1949) dirigiu grandes empresas como Pepsi, Elma Chips e Pullman, Max Gehringer e em 1999 tomou uma decisão raríssima no mundo corporativo: abriu mão do poder e das mordomias de alto executivo para dedicar seu tempo a escrever e a fazer palestras pelo Brasil, ou seja, contar histórias.
5 Romero Rodrigues Filho (São Paulo, 1 de outubro de 1977) é um empresário brasileiro, formado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. É fundador e presidente do Buscapé, que agrega as empresas Bondfaro, Confiômetro, CortaContas, e-Behavior, e-bit, Lomadee, Pagamento Digital, FControl, Pista Certa, QueBarato! e SaveMe. Aos 21 anos, Romero criou o Buscapé com três colegas de faculdade, Ronaldo Takahashi, Rodrigo Borges e Mário Letelier. Em 2009, o Buscapé foi vendido para a empresa sul-africana Naspers por US$ 342 milhões.
6 Eike Fuhrken Batista (Governador Valadares, MG, 3 de novembro de 1956) é um empresário brasileiro com atuação em diversos setores, em especial petróleo, logística, energia, mineração, indústria naval e carvão mineral. É presidente do Grupo EBX, formado por seis companhias listadas no Novo Mercado da Bovespa, segmento com os mais elevados padrões de governança corporativa. Segundo a Forbes, Eike Batista é o homem mais rico da América do Sul, possuindo, em 2012, uma fortuna avaliada de 30 bilhões de dólares.
7 Luiz Inácio Lula da Silva (Garanhuns, PE, 27 de outubro de 1945), mais conhecido como Lula, é um político, ex-sindicalista, ex-metalúrgico e ex-presidente da República brasileiro. Ele foi o trigésimo quinto presidente da República Federativa do Brasil, cargo que exerceu de 1º de janeiro de 2003 a 1º de janeiro de 2011.
8 Bernardo Rocha de Rezende, conhecido como Bernardinho, (Rio de Janeiro, 25 de agosto de 1959) é um ex-jogador de voleibol brasileiro. Como treinador, Bernardinho é o maior campeão da história do voleibol, acumulando mais de 30 títulos importantes em vinte anos de carreira dirigindo as seleções brasileiras feminina e masculina. Desde 2001, é o técnico da seleção brasileira de voleibol masculino.
9 Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares (Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1907) é um arquiteto brasileiro, considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna internacional. Foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado.
10 Ivo Hélcio Jardim de Campos Pitanguy (Belo Horizonte, 5 de julho de 1926) é um cirurgião plástico e membro da Academia Brasileira de Letras. É considerado o mais renomado cirurgião plástico do Brasil, e um dos melhores do mundo.
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Apesar de termos esses exemplos no Brasil, ainda falta uma gama maior de
líderes inspiradores, que usem discurso estruturado e com base no Storytelling
para envolver, encantar e (con)vencer. Os atributos listados no discurso de
Jobs são vistos em poucas personalidades aqui e quando elas acontecem,
geralmente, são em líderes de áreas fora da corporativa, como o Lula7, na
política, Bernardinho8, no esporte, Oscar Niemeyer9, na arquitetura e Ivo
Pintanguy10, na medicina.
Apesar de este conceito ser relativamente novo no país, diversas empresas já
trabalham com metodologias baseadas em contar histórias, como a Nextar
Communications, empresa que o inglês Richard House é um dos sócios.
Petrobras, Philips, Epson e Icatu usaram ou usam o Storytelling para fazer
ações no Brasil, mas ainda falta certo caminho para a técnica influenciar o
discurso direto dos líderes, estando restrito à ações isoladas e eventos
realizados pelas companhias.
Talvez, com a breve análise aqui feita de Steve Jobs, seja possível mostrar a
importância de saber o que dizer e, principalmente, como dizer. Dessa forma,
os líderes brasileiros poderão alcançar patamares de alcance de informações
diferentes dos que existem hoje.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O discurso de Steve Jobs é muito rico, sendo impossível fazer uma análise
mais detalhada em tão pouco espaço e tempo. Porém, é possível notar a
riqueza de elementos usados para encantar e contar uma boa história para o
mercado corporativo, fazendo com que as pessoas se engajem e entrem na
história que está sendo proposta.
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Os elementos utilizados pelo orador e identificados aqui podem ser medidos
em qualquer discurso e a história pode ser modificada a cada vez que o líder
falar em público, uma vez que a medição dos risos, palmas e surpresas
comece a ser feita. Obviamente cada público tem suas particularidades e é
preciso um cuidado especial para não fazer uma piada que possa causar
desconforto em um grupo religioso ou uma empresa determinada, por exemplo.
Existem pontos que podem dar certo para um público e podem ser
catastróficos para outros.
A história de Jobs mostra que amar a sua empresa, falar um pouco mal dos
concorrentes e até chegar um pouco no nível da arrogância pode ser uma
saída para engajar pessoas e vender produtos. Mas isso só dá certo se o
produto que a empresa tem for realmente revolucionário, como o caso da
Apple.
REFERÊNCIAS
CORNOG, Evan. The Power and the Story: How the Crafted Presidential
Narrative Has Determined Political Success from George Washington to
George W. Bush. The Penguin Press, 2004.
DUARTE. Nancy’s Talk from TEDxEast: You Can Change the World. Disponível em http://blog.duarte.com. Acesso em 3 de maio de 2012.
MCKEE, Robert. Substância, estrutura, estilo e os princípios da escrita de roteiro. Curitiba : Arte & Letra, 2007.
NGUYEN, Vincent. Complete Transcript of Steve Jobs, Macworld Conference